Salvador - Bahia - Alto das Pombas | Novembro de 2022
Dandara vive!
Cada jovem negro(a) é sujeito da sua história. O protagonismo na narrativa de cada um, vem acompanhada também das vozes das famílias, da escola e das comunidades que estão inseridos. O Grupo de Mulheres do Alto das Pombas GRUMAP, ao decorrer destes 40 anos de história, vem acompanhando a juventude do nosso bairro a fim de enfrentar o racismo e as violências. A juventude negra historicamente vem seguindo os passos ancestrais, construindo alternativas na luta antirracista. No Alto das Pombas, a juventude tem uma contribuição impar à luta do povo negro. É possível resgatar a memória do protagonismo do Grupo de Jovens do Alto das Pombas GRUJAP (Dunga, Silvio, Ana Lúcia, Fernando, Lídia, Marize, Marizete, Marinalva, Nelson, Jorge, Cacau, Ritinha, Edson, Cacau Preto, Ana Rita, Galileu, Antônio Pires... ), que na década de 80, trouxe a marca do fortalecimento e capacidade da juventude de se reinventar e de sonhar com uma sociedade de promoção da igualdade étnico racial de oportunidades para todos. Neste sentido, lembramos da mobilização da juventude na defesa de direitos humanos essenciais como: moradia, saneamento, saúde e educação. A lembrança viva das gincanas, que além de levar lazer para os jovens, abordava importantes pautas sociais para a construção da solidariedade. A campanha “O povo tem direito a Água Filtrada”, por exemplo, distribuiu 3.000 filtros de barro em nosso bairro, negociados com a Legião Brasileira de Assistência - LBA, instituição governamental extinta em 1995. Na década de 90, tivemos a juventude do GRUCAP – Grupo de Cultura do Alto das Pombas (Dinho, Luis, Lacerda, Lia , Tarry, Anselmo, Tatiana, Marx, Reidalva, Ivana...), com a contribuição do Cineclube na Praça com debates propiciando a reflexão social, cultural e econômica na sociedade brasileira. Com a chegada dos anos 2000, a juventude se apresenta na comunidade como Panteras Negras (Tiago, Elaine Nadja, Akin, Lilio Elaine Regina, Wellington, Jackson ...). A juventude do Alto das Pombas, tem como prioridade o estudo do racismo institucional e a consolidação de uma articulação de jovens do contexto popular, dialogando com as comunidades de São Lázaro, Gamboa de Baixo, Bairro da Paz, Alto do Coqueirinho dentre outras.Também, houve uma interlocução com a campanha “Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta”.
Lembramos também do Instituto Fatumbi – Aquele que me Faz Renascer, entidade gerada e administrada por jovens que um dia foram adolescentes envolvidos em ações comunitárias, por esse motivo teve como prioritariamente a defesa dos direitos das crianças, adolescentes e jovens, pensando no desenvolvimento de atores sociopolíticos enquanto sujeitos de direitos. O GRUMAP reconhece o protagonismo atual (2022) das meninas e meninos na atualidade participando das diversas oficinas CineArte, Teatro e Literatura (Sarah, Ester, Mariana, João Pedro, Vitória, Cauãn, Yasmim, Luan, Maria Luiza, Ana Vitória...), implementada pelo GRUMAP e pelo Grupo de Pesquisa GRIÔ/ FACED-UFBA na comunidade. A juventude que continua seguindo os passos ancestrais de resistência, sobrevivência e existência diante do racismo estrutural. Com estes jovens, o GRUMAP ecoa os slogans: “Parem de nos matar!", “Vidas negras importam!” e “Minha mãe não dorme, enquanto eu não chegar”.
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O Grupo de Mulheres do Alto das Pombas - GRUMAP, neste mês de novembro, onde celebramos o mês da Consciência Negra, traz à memória duas figuras que representam a resistência negra no Brasil: Zumbi e Dandara do Quilombo dos Palmares. É importante dizer, que desde o início da década de 70, os brasileiros têm comemorado o dia da Consciência Negra, em 20 de novembro. A data foi escolhida, justamente, por ter sido o dia em que Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo de Palmares, foi assassinado no ano de 1695. Zumbi e Dandara estão na lista dos nomes mais importantes da história do nosso país. Talvez você só tenha escutado falar sobre a atuação de Zumbi, já o nome de Dandara dos Palmares, até os dias atuais, entretanto, é provável que lhe seja desconhecido. Tão importante quanto a figura de Zumbi, Dandara ajudou a liderar o Quilombo de Palmares, e ao lado de seu esposo e do seu povo, lutou pela libertação dos escravizados no Brasil. Liderando mulheres e homens, tinha objetivos que iam às raízes do problema e, sobretudo, não se encaixava nos padrões de gênero que ainda hoje são impostos às mulheres. Apesar de sua atuação, também na caça e luta armada, Dandara não tem sua história destacada como a de Zumbi. Estudiosos, ainda hoje, têm dúvida se a imagem que ficou conhecida de Dandara, realmente está associada ao seu rosto, além das dúvidas quanto a origem da sua família. De um lado, o machismo, que embora conte com o trabalho árduo das mulheres negras, não lhes oferece posição de destaque e voz de decisão. Do outro, o racismo, que só tem memória para mulheres brancas. Nossa missão é resgatar a força dos homens e mulheres de Palmares e seguir em frente, fazendo o movimento do “SANKOFA”, seguindo o conceito de Abdias do Nascimento: “retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro”.
Juventude do Alto das Pombas viva, livre e ativa
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EDITORIAL
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