Experimentar - A anônima mais conhecida

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Grazi grazimancini.blogspot.com

Experimentar: conhecer, testar algo que,sob o julgamento e memórias de uma pessoa, seja novo.

Apesar de ter pensado e procurado por muitas horas uma palavra que carregue o mesmo sentido, conteúdo, força e significado para a palavra experimentar, cheguei à conclusão de que apenas ela é capaz de nos despertar os cinco sentidos (talvez até o sexto) e nosso banco de lembranças.

Não há nada melhor do que experimentar. Na verdade, não apenas o seu significado nos deixa eufóricos, mas a sua sonoridade nos deixa excitados pelo novo que vem em seguida. A junção de chiados com a pronúncia de três vogais e o grunhir de dois erres nos transforma em gatos manhosos prontos para se deliciar com uma maravilhosa perseguição em busca do novelo de lã mais macio que houver.

Experimentar rima com lembrar. Lembrar de uma experiência parecida, lembrar de uma quase experiência que poderia ter sido fantástica, lembrar das lembranças que há muito não lembrávamos, lembrar que lembrar é contagiante, lembrar da exata sensação de adrenalina do experimentar, lembrar.

E apesar de experimentar não rimar com descobrir, estes são parceiros em todos os momentos. Descobrir que é gostoso, descobrir que é quente, descobrir que é diferente, descobrir que é colorido, descobrir que fica perto, descobrir que é possível, descobrir que é difícil e que vale à pena, descobrir que o que já fora descoberto pode ser redescoberto, descobrir que é fundo, descobrir que experimentar é sentir, descobrir que experimentar é lembrar, descobrir que experimentar é descobrir, descobrir que descobrir é para todas as idades e épocas, descobrir que descobrir é fazer tudo de novo e encontrar algo diferente, descobrir que o novo pode ser velho e vice-versa, descobrir.

É engraçado ver como mesmo sabendo o quão maravilhoso é experimentar, tanta gente se priva de ter este prazer. Vamos nos limitando à fazer aquilo que estamos habituados e nos negligenciamos o direito de experimentar.

Talvez, experimentar, seja uma das únicas coisas que não dependam exclusivamente de nós, que possui certa autonomia e que consiga mudar uma escolha ou ação apenas pela casualidade. Mas, ao mesmo tempo, depende da nossa vontade e sensibilidade de experimentar aquilo que o experimentar nos oferece.

Mas o fato é que foi por causa desta palavra única, polissílaba, tônica por natureza, verbo transitivo aos fatores externos e inseparável de seu sentido que eu estou escrevendo este texto, a princípio monótono. No entanto, é importante lembrar que até mesmo a monotonia faz parte do processo experimental.

Porque tudo é experimentar, inclusive ler estas palavras e juntá-las a fim de achar o seu sentido, mesmo que este processo experimental seja automático e, por nós, imperceptível no rápido passar do cotidiano.


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