Cena de um cotidiano real - A anonima mais conhecida

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A menina, de uns 7 ou 8 anos, ficou me encarando. De repente, sussurrou para a mãe “Esse é o uniforme daquela escola que eu vou estudar”. Não pude evitar e olhei para elas. A mãe, meio que sem jeito, disse “É sim. Mas só se você passar. E para isso, tem que estudar bastante”. Enfim, entendi: ela iria fazer a prova para entrar na escola. Era que nem um vestibular, só que para o ensino fundamental. A menina olhou para mim e perguntou “É muito difícil a prova?”. A mãe ficou abismada com a filha, mas achei um ato corajoso, de sua parte, ter feito aquela pergunta para alguém que ela nem conhecia. Sorri e disse “Se você estudar bastante e estiver calma, consegue fazer a prova com as mãos nas costas”. Ela ficou tão animada, que assustava a mãe, já envergonhada. De súbito, lembrei que, naquele dia, recebera um panfletinho falando da escola e que as inscrições para os vestibulinhos (como era chamada a prova para entrar na escola), estavam abertas. Abri minha mochila, peguei o panfleto e entreguei àquela menina. “Assim você já vai se preparando e vê o que a escola tem para te oferecer”. Mãe e filha agradeceram. Fiquei mais um pouco de tempo observando a menina decidindo seu futuro através de um simples panfleto. Em seguida chegou meu ônibus. Despedi-me e entrei no ônibus. De longe, ainda podia ver a menina acenando feliz por ter recebido a chave para abrir uma pequena porta de oportunidades. Talvez, a primeira de muitas.

Grazi grazimancini.blogspot.com


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