Grande Consumo N.º 52-2018

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Alianças de compradores: contornar as regras da concorrência ‘voando’ abaixo do radar

Pedro Pimentel, diretor geral da Centromarca

Vimos assistindo no sector do retalho alimentar, semana após semana, a uma multiplicação de fusões, de aquisições e, muito especialmente, à constituição de inúmeras alianças de compradores, o que está a provocar uma forte transfiguração deste mercado a nível internacional e mesmo a nível nacional. Fusões e aquisições de um lado, alianças de compradores, configuradas como centrais de compras ou centrais de negociação, por outro, têm a óbvia perspetiva de reforçar as respetivas posições competitivas no mercado, construídas em cima do reforço do poder negocial junto dos respetivos fornecedores. Estes movimentos não se confinam apenas ao retalho físico, um jogo de metros quadrados e das melhores localizações, um jogo de competição com as lojas vizinhas e de conquista de penetração e fidelização em cada comunidade em que cada espaço comercial se insere. Estas movimentações são hoje, cada vez mais, uma mistura de físico e digital, sendo este último o ‘entrante’, aquele que coloca desafios aos operadores instalados, aquele que desafia o formato e as circunstâncias do ato de compra, aquele que introduz uma dimensão global numa compra - até aqui - local, aquele que pretende conquistar um lugar cimeiro na preferência do consumidor. No fundo, em mercados muito amadurecidos, a competição é hoje feita, excessivamente, em cima de preços e promoções e a ideia destas alianças é aumentar a dimensão da

entidade compradora e, dessa forma, aumentar exponencialmente as exigências e a capacidade de extrair novas contrapartidas junto dos fornecedores. Mas há um outro racional que na atualidade motiva a constituição destas alianças: a tentativa de se oporem aos megaoperadores digitais Amazon, Alibaba, JD, Google, Facebook ou eBay. Por isso mesmo, estas empresas tornaram-se incontornáveis no retalho, mesmo na área do grande consumo, fazendo com que um simples rumor de aquisição ou de aliança com um parceiro do retalho alimentar envolvendo, por exemplo, a Amazon seja o suficiente para gerar – nesses mercados - uma série de movimentos de potenciais parceiros e assumidos rivais no sentido de um melhor posicionamento competitivo. Apenas para referir os movimentos mais recentes, podemos localizar o “pontapé de saída” desta mais recente vaga na compra pela Amazon da cadeia americana Whole Foods, em junho do ano passado. Desde então, as novidades têm-se sucedido a um ritmo vertiginoso. Desde logo, com os anúncios dos acordos da Amazon com operadores locais de dimensão relevante (por exemplo, a Dia em Espanha ou a Monoprix, insígnia do Casino, em França), mas também com os rumores de uma possível compra de um grande operador no mercado europeu. Direta ou indiretamente associada ao fenómeno do comércio eletrónico, também podemos lembrar a falência recente do


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