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n. º5 2/ 20 18
Quando os gigantes caminham de
TEXTO Carina Rodrigues FOTOS Shutterstock
mãos dadas
A partir de 20 de outubro, estará plenamente operacional uma aliança histórica no sector do retalho. Histórica porque envolve dois atores que, no seu conjunto, representam 120 mil milhões de euros, 20 vezes mais que o valor da portuguesa Sonae, por exemplo. Envolvendo a Tesco, líder do retalho britânico, e o pesopesado da distribuição francesa Carrefour, a parceria estratégica e de longo prazo irá abranger as relações de ambos com os fornecedores. Em conjunto, irão negociar a compra de produtos para mais de 19 mil lojas, numa clara estratégia para garantir melhores preços, mas a aliança irá afetar também as suas marcas próprias e serviços. Uma pressão adicional para os fornecedores, numa altura em que os grandes operadores de retalho procuram, de todos os modos, elevar a sua competitividade face à ascensão do discount e do “bicho-papão” do momento, a Amazon, cada vez mais omnipresente em todos os canais de distribuição.
Dizem os analistas que, quando Alexandre Bompard assumiu as rédeas do Carrefour, em julho de 2017, a Tesco estava já no seu horizonte. Contratado para devolver àquele que já foi o maior retalhista europeu o caminho da rentabilidade, o gestor enveredou, desde logo, por uma estratégia de parcerias com outras organizações, convicto de que esta era a melhor forma de reduzir custos e recuperar o terreno perdido no online. Alexandre Bompard encontrou, do lado de lá do Canal da Mancha, o aliado perfeito. Anterior executivo da Unilever, Dave Lewis, que estava à frente da líder do retalho britânico desde setembro de 2014, tinha já conseguido estabilizá-la no rescaldo do escândalo contabilístico por que tinha passado. A rentabilidade era também o seu foco, uma vez que a guerra de preços com os alemães Aldi e Lidl estava a ter efeitos penalizadores neste indicador. E, dizem também os analistas, as negociações entre Carrefour e Tesco começaram de imediato. O resultado está agora à vista. Na mesma semana em que a Auchan
Retail, a Metro, o Casino e o Schiever Group anunciavam a criação de uma central de compras com o nome de Horizon, com o objetivo de manter uma operação conjunta, era conhecido o “casamento” entre estes dois líderes de mercado nos seus respetivos países. Através de um acordo de longo prazo e revisto em ciclos de três anos, a britânica Tesco e o francês Carrefour deram um passo estratégico para blindar a sua competitividade, num mercado que está em clara mutação, com os “shoppers” crescentemente hiperconectados e a caminharem cada vez mais no sentido da omnicanalidade na sua jornada de compras. O mercado As estimativas assim o indicam. De acordo com a Kantar Worldpanel, a quota de mercado dos super e hipermercados, a nível mundial, irá diminuir para 48,4%, em 2020. Os três canais com o maior crescimento das vendas serão o comércio eletrónico (+15%), o discount (+5,2%) e os cash & carries (+4,4%). Nos super e hipermercados, as vendas crescerão ao ritmo bem mais lento de 0,8%.