Revista GPS Brasilia 43

Page 1


MAYARA ROCHA

A primeira-dama da vida real

Arquitetura MARCÍLIO MENDES E SEU MEMORIAL

BRUTALISTA DAS SUPERQUADRAS

Cinquentenário PaulOOctavio

RUMO A MIL EDIFICAÇÕES NO DISTRITO FEDERAL

Poesia e espanto

SIRON FRANCO E ANTONIO VERONESE: OS OLHOS DA REALIDADE SURREAL

Você, única como Brasília

AS LINHAS, AS CURVAS, A ELEGÂNCIA.

O ESTILO BRASÍLIA É SER ÚNICA.

E O MEU ESTILO É SER BRASÍLIA, EU MESMA E ÚNICA.

Diretora de Conteúdo

Paula Santana

Editora-chefe

Marcella Oliveira

Diretora de Criação

Chica Magalhães

Editor de Fotografia

Celso Junior

Fotografia

Rayra Paiva e Vanessa Castro

Produção Executiva

Karine Moreira Lima

Pesquisa de Imagens

Enaile Nunes

Reportagem

Caio Barbieri, Débora Oliveira, Eric Zambon, Fernanda Moura, Hédio Ferreira Júnior, Jorge Eduardo Antunes, Juliana Eichler, Larissa Duarte, Victor Fuzeira e Yumi Kuwano

Colaboradores

Adriana Nasser, André Rochadel, Isadora Campos, Maurício Lima e Patrícia Justino

Revisão

Jorge Avelino de Souza

Diretor Executivo

Rafael Badra

Gerente Executivo de Contas

Will Madson

Contato Publicitário

José Roberto Silva

Tiragem

30 mil exemplares

Circulação e Distribuição

EDPRESS Transporte e Logística

GPS|Brasília Editora LTDA. www.gpsbrasilia.com.br

Sócios-diretores

Rafael Badra

Paula Santana

Brasília Shopping – Torre Sul, salas 1313/1314

SCN quadra 5, bloco A – Asa Norte

CEP: 70.715-900 – Brasília-DF

Tel.: (61) 3364-4512

Acesse nosso Instagram

Descubra benefícios que apenas o cliente Iguatemi One tem.

SOMOS IGUATEMI. SOMOS O QUE VIVEMOS.

Baixe o App e aproveite os benefícios

Colaboradores

Fernanda Moura
Chica Magalhães
Celso Junior
Enaile Nunes
Caio Barbieri Jorge Eduardo Antunes Will Madson
Rayra Paiva
Vanessa Castro
Marcella Oliveira Karine Moreira Lima
Débora Oliveira Eric Zambon
André Rochadel Hédio Ferreira Júnior
Victor Fuzeira
Yumi Kuwano
Juliana Eichler Larissa Duarte

# jul-ago-set/2025

18

A cidade que respira pelas frestas

O legado do arquiteto Marcílio Mendes Ferreira na capital

26 Meio século construindo Brasília A história e as obras das Organizações PaulOOctavio

32 A capital em movimento Os investimentos do GDF em obras e programas sociais

36 Novos traços no mapa do DF PDOT chega à Câmara Legislativa

38 BRICS: a união que tenta fazer a força A nova influência estabelecida pelas potências mundiais

42 Um erudito na pós-contemporaneidade Entrevista com o comunicador e escritor Samer Agi

46 Uma Matarazzo sem cerimônia Claudia Matarazzo fala sobre etiqueta e estranhezas do mundo novo

48 Colecionador de pódios O talento de Enzo Elias, o jovem piloto da Stock Car

50 Erguido na poeira, firmado na história O centenário do fundador da Pioneira da Borracha, Hely Walter Couto

52 Artigo por Fernando Cavalcanti Gestão como patrimônio, legado como destino

Anel em ouro amarelo, esmeralda e brilhantes, Silvia Badra – preço sob consulta

54 Artigo por Isabella Campos Paz Musicoterapia: uma terapia de vanguarda

56 Da saúde ao mercado imobiliário Atuação da Private Broker em negociações de alto padrão

58 Cirurgia sem fronteiras Médico Rodrigo Lima ensina a técnica de cirurgia robótica na coluna

60 Geely Jornal-ev estreia em Brasília O novo EX5 com autonomia de 413 km e recarga rápida

62 O show não para Grupo R2 celebra vinte anos de entretenimento

64 Entre balões e memórias Casa&Festa inaugura nova loja no Jardim Botânico

A primeira-dama do DF, Mayara Noronha Rocha, foi fotografada por Celso Junior

68 Mayara Rocha

A primeira-dama da vida real

74 Cozinha, Rochadel por André Rochadel A desgourmetização do mercado gastronômico

76 O ordinário com alma e tradição Os botecos raiz que movimentam a gastronomia da cidade

80 Dicas da Dri por Adriana Nasser As novidades do universo das bebidas

82 Seis Marias e um pintor entre dois mundos

A nova obra do artista ítalo-brasileiro Antonio Veronese

84 Entre o fascínio e o espanto Um mergulho na arte do hiper realista Siron Franco

87 Coletivo marginal A escola-ateliê idealizada pelo artista visual Dalton Paula

88 Arte por Maurício Lima Marina Camargo e a representação do espaço

90 A nova casa da arte Casa da Moldura inaugura galeria no Lago Sul

92 Território afetivo As ilustrações da artista brasiliense Arielle Martins

94 De Brasília para Os Vingadores Tiago Palma é o primeiro artista da capital a ilustrar uma HQ oficial da Marvel Comics

96 SPFW: a moda, o mercado, o manifesto Os trinta anos da semana de moda paulistana

100 As armas da rainha Regina Guerreiro, a publisher que redefiniu a moda nacional

102 Quando as cidades sussurram O cotidiano sob as lentes do veterano Bob Wolfenson

112 Entre Nós por Patrícia Justino As tendências da temporada

114 Ícones por Isadora Campos Palhares A intrépida surrealista: a inconfundível narrativa da designer Paola Vilas

116

Entre o deserto e o mar de concreto Uma imersão pela multifacetada Dubai

120 O silêncio de pertencer O quiet luxury da Soho House São Paulo completa um ano

122 Explora por Marcella Oliveira Dicas gastronômicas e turísticas para colocar na wishlist

124 Social Os eventos que mobilizaram a capital federal

Brincos em ouro amarelo, cornalina, esmeralda e topázio, Silvia Badra - R$ 4.290

Paula Santana e Rafael Badra

Sócios-fundadores

ELEGÂNCIA NA ESSÊNCIA

Entramos no décimo quinto ano do GPS|Brasília . Começamos como website segmentado aos anseios e vislumbres da economia criativa com olhar apurado para as pessoas. Desde o primeiro post, nos tornamos sucesso. Éramos novidade. Exibíamos na primeira plataforma digital de Brasília o universo do luxo, envolvendo gente e experiências. A posse da primeira presidente mulher do Brasil, Dilma Rousseff, a morte de Amy Winehouse, o casamento real de William e Kate Middleton. Época em que o Instagram tinha como fundamento apenas o compartilhamento de fotos. No ano seguinte, fizemos o percurso contrário. Contraventores do flow digital , incrementamos ao nosso portfólio esta revista impressa. Estreamos com Sabrina Sato.

Anos vindouros e fomos construindo o nosso posicionamento e conquistando reputação. Com transparência e coragem. Fizemos pontes prestigiosas, criamos laços fortes com o mercado. E expandimos. Neste percurso, veio a Like, a agência digital que a pandemia levou. Mas fortalecemos a nossa verve social com a GPS|Foundation, atualmente presente em 49 instituições do DF.

Restabelecidos dos anos colapsantes enclausurados em casa, ganhamos tração para seguir. E no design estratégico traçado, surgiu o ecossistema de inteligência, relacionamento e conteúdo: Grupo de Comunicação GPS . Chegamos ao hoje. Portal com 7,8 milhões de usuários

mensais, presença digital em todas as plataformas e revista impressa trimestral com tiragem de 30 mil exemplares.

Aliados aos nossos valores inegociáveis com o jornalismo, a busca tem sido antecipar cenários, inovar com intenção e fazer crescer com sentido. Nesta edição, trazemos na capa Mayara Noronha Rocha, a primeira-dama da vida real. Sua legítima naturalidade a tornou uma das figuras públicas mais influentes da capital da República. Brasiliense, criada em Taguatinga, tão logo o marido, governador Ibaneis Rocha, assumiu o GDF, Mayara aliou formação jurídica e sensibilidade social a políticas públicas de forte impacto em comunidades vulneráveis. E Mateus, seu adorável filho de seis anos, nascido e criado em meio aos dois mandatos, ativo em toda a sua agenda oficial.

No dissertar da revista, celebramos a arte local e universal com Siron Franco, Antonio Veronese, Arielle Martins, Tiago Palma. Viajamos a mundos distantes, analisamos a semiótica da moda e do design. Para reverenciar nossa estima por Brasília, mergulhamos no universo brutalista de Marcílio Mendes, arquiteto que nos convoca à compreensão profunda do design na invenção das instigantes Superquadras. Este é o GPS de Brasília . Com a benção da nossa audiência nestes quinze anos de existência, nos consolidamos líderes no que exercemos diante das convicções que sustentamos.

Obrigada por chegarmos juntos até aqui!

A CIDADE QUE RESPIRA PELAS FRESTAS

O arquiteto Marcílio Mendes Ferreira traduziu Brasília em blocos que sublimam luz e convivência. Seu legado de discreta robustez revela a face humana da capital, muito além dos palácios monumentais

Todo visitante que chega à capital do Brasil corre para ver os cartões-postais. Mas Brasília, a cidade do dia a dia, não está só nos palácios de Oscar Niemeyer. Ela se revela nos blocos residenciais, nas superquadras, nos pilotis onde crianças brincam e vizinhos com seus cachorros puxam conversa no fim da tarde. E poucos arquitetos traduziram essa alma cotidiana com tanta precisão quanto Marcílio Mendes Ferreira, mineiro de Rio Pomba que trocou a poesia das montanhas de Minas pela geometria rigorosa do Plano Piloto.

Marcílio não desenhou edifícios para posar em revistas internacionais de arquitetura. Projetou para gente real: servidores públicos recém-chegados à nova capital, famílias de classe média, funcionários da Caixa Econômica Federal, onde trabalhou por mais de duas décadas. Foram mais de vinte projetos de blocos residenciais espalhados pela Asa Sul e Asa Norte, alguns com painéis de azulejos e todos com cobogós criados por ele mesmo. Prédios que se confundem com a paisagem da cidade, mas que, se olhados com atenção, revelam uma lógica arquitetônica precisa e uma beleza silenciosa.

O poeta dos cobogós

Se os palácios de Niemeyer são a retórica da arquitetura, os prédios de Marcílio são seus poemas curtos e diretos – com a abertura de parênteses aqui para lembrar que, além da arquitetura, ele tinha o dom da poesia, com poemas reproduzidos em um livro sobre sua arte: Marcílio Mendes Ferreira – Vida, Poesia, Arquitetura, organizado por Pedro Grillo e Gabriela Tenório, com lançamento previsto para 2026. Formado em Arquitetura pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1963, mudou-se para Brasília em 1968 onde teve quatro filhos e dois netos. Atuou até 1993 na Caixa Econômica Federal, no departamento de engenharia. Morou e trabalhou intensamente em Brasília, deixando obra física marcante nas superquadras do Plano Piloto e na UnB.

O arquiteto acreditava que a forma deveria seguir a função – mas sem abrir mão da delicadeza. Por isso, suas fachadas são sempre marcadas por cobogós e brises. E vale uma pausa para explicar: o cobogó não nasceu em Brasília, mas no Recife dos anos 1920. Foi inventado por três engenheiros: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis – daí o nome formado pelas iniciais Co-Bo-Gó dos sobrenomes. O objetivo era permitir ventilação e iluminação natural, sem sacrificar a privacidade nem a proteção contra o sol escaldante do Nordeste. Brasília, com seu clima seco e quente, abraçou o cobogó como solução quase natural. E Marcílio fez disso uma assinatura. Em blocos como os da SQN 206 e da SQS 210, ele usou cobogós em composição com pilotis generosos e brises bem desenhadas.

O arquiteto morreu em março de 2011. Porém, inspirou muitos discípulos. Um deles, Pedro Grillo, fundador da CoDA Arquitetura, transformou a paixão pelo mestre em método e realiza reformas em apartamentos projetados por Marcílio, batizados de “Pivô Marcílio” com numeração romana – até agora, foram nove intervenções (IX). O respeito à obra é tamanho que cada projeto funciona como um mergulho arqueológico – reinterpretando, mas nunca apagando o traço original. “Ao reformar apartamentos, a gente mede as partes [por cômodos] e depois o todo. Nos prédios construídos pelo Marcílio, o fascinante é que, ao transformar em planta, as partes e o conjunto se encaixam com perfeição. Não tem corte, não tem emenda. É uma maestria mesmo da medida, do detalhe minucioso”, conta Grillo.

Entre a sisudez e a poesia

Para quem o conhecia na intimidade, Marcílio era um homem de perfil sisudo, reservado, meticuloso até os ossos. O neto Renan Mendes, único arquiteto da família e conviveu com ele até os 21 anos, lembra dele como um avô carinhoso, porém reservado, que parecia mais encantado em falar dos seus projetos com os alunos do que em conversas de família. “Meu avô nunca teve um escritório [de arquitetura] particular, toda a sua trajetória foi dentro da Caixa.

206 Norte
“Por sorte do destino, ou propósito, ele chegou a Brasília justamente no momento em que a cidade tinha toda a área habitacional para fazer”

Renan Mendes, neto de Marcílio

Por sorte do destino, ou propósito, ele chegou a Brasília justamente no momento em que a cidade tinha toda a área habitacional para fazer. Aproveitou uma leva de oportunidades para mostrar seu talento nesse tipo de construção. Hoje, quando um arquiteto entra por concurso na Caixa, geralmente acaba projetando agências do banco, o que ele também fez muito, mas não foi o que marcou sua história”, ressalta Renan.

Na sala de aula da UnB, ele se transformava. Professor de projeto arquitetônico entre 1993 e 2006, conquistava pelo rigor técnico e pelo olhar clínico. Era descrito por alunos e colegas como modesto, rigoroso, poético e atento aos detalhes técnicos – alguém que extraía “caráter” das estruturas. Essa ética também guiava sua vida pessoal. Diferentemente de muitos colegas, Marcílio jamais pediu um apartamento da Caixa projetado por ele próprio. Viveu em outros endereços, mas nunca habitou os quase 25 blocos que saíram de sua prancheta.

Ainda assim, suas criações se tornaram parte da memória afetiva da cidade. É nos pilotis de seus blocos que gerações aprenderam a andar de bicicleta, vizinhos socializaram e Brasília se revelou menos monumental e mais humana. Talvez resida aí a contradição bonita de sua trajetória: um homem fechado que projetou espaços abertos; um arquiteto austero que deu à cidade ambientes de convivência. “Ele era muito discreto. Nunca contou ou mostrou para mim os edifícios que projetou. Eu só fui saber da importância do meu avô como arquiteto ao entrar na Faculdade de Arquitetura, anos depois de ele ter morrido”, acrescenta o neto.

“Nos prédios construídos pelo Marcílio, o fascinante é que, ao transformarmos em planta, as partes e o conjunto se encaixam com perfeição”

Pedro Grillo, arquiteto

Legado discreto, mas essencial

O nome de Marcílio não figura nas listas internacionais ao lado de Niemeyer e Lucio Costa. Mas, em Brasília, sua obra é tão essencial quanto. Ele não desenhou o Palácio do Planalto, mas pensou na varanda do apartamento onde o morador observa o pôr do sol sobre a Esplanada. Não concebeu a Catedral, mas se preocupou com a sombra no pilotis onde alguém se senta para esperar a filha voltar da escola.

Marcílio é autor daquilo que chamamos de arquitetura do cotidiano. Sua obra não é sobre monumentalidade, mas sobre permanência. Talvez essa seja a chave para revisitarmos Brasília em 2025: perceber que a cidade só existe de fato quando se respira por seus cobogós, quando se vive nos espaços de encontro que Marcílio projetou com tanta disciplina e poesia. O roteiro que a GPS|Brasília propõe é mais do que um passeio urbano. É uma aula viva de arquitetura e uma homenagem à cidade que pulsa muito além dos palácios.

Cobogós, brises e pilotis são características dos prédios idealizados por Marcílio Mendes Ferreira

“Na minha vida de arquiteto e professor, sempre admirei a simplicidade e a clareza e rejeitei o luxo e a ostentação. Sempre acreditei que a solidariedade é mais importante do que a competição, que o produto do trabalho é mais atraente do que a busca do poder. Sempre considerei que o aluno é mais importante que o professor e que arquitetura não se aprende só com os ouvidos, mas principalmente com os olhos e com as mãos, é no fazer que um aluno se transforma em arquiteto e é na consciência política e ética que se transforma em cidadão.”

Marcílio Mendes Ferreira

Obras de Marcílio Mendes Ferreira para conhecer

• SHCGN 708 (Bloco K) – Primeiro prédio projetado pelo arquiteto. É simples, de três andares, mas já é possível identificar elementos característicos do arquiteto na fachada e nos cobogós

• SQN 206 (Blocos A a K) – Edifícios residenciais emblemáticos, cobogós marcantes e brises bem preservados. Projetado em parceria com Takudoo Takada e reconhecido com selo CAU/DF. Todos os blocos da quadra são projetados por ele, inclusive a parte urbanística da quadra.

• SQN 205 (Blocos I e J) – Emblema do modernismo: fachadas ventiladas e integração ao entorno.

• SQS 203 (Bloco K) – Destaque de cobogós e brises, marca registrada do seu estilo.

• SQS 210 (Blocos C,D e I) – Outro conjunto de cobogós e fachadas contínuas, revisitado em reformas modernas. O bloco C tem um painel de azulejos do Marcílio e recebeu um selo CAU pelo valor histórico e conservação. É o mais bem conservado e mantido como original.

• SQS 309 (Bloco B) – Fachada marcada por grelha de concreto em ritmo geométrico e varandas posteriores que garantem ventilação e privacidade.

• SQS 311 (Bloco F) – Modulação racional e uso de elementos vazados como cobogós, mantendo a linguagem funcional e elegante das superquadras.

• SQS 312 (Bloco C e F) – Parte da mesma família arquitetônica dos 210 e 203 Sul, com cobogós bem característicos. O Bloco F, com apartamentos de 303 m², é tido como o mais lindo e criativo.

• Instituto de Química – Campus da UnB

Detalhes do Bloco D da 210 Sul
Os blocos I e J da 205 Norte foram projetos pelo arquiteto
Fachada do Bloco C da 210 Sul, que recebeu selo CAU pelo seu valor histórico

MEIO SÉCULO CONSTRUINDO BRASÍLIA

Brasília, 1975. No coração jovem e vibrante da capital brasileira, ainda cercada de expectativa e em fase de consolidação, devido aos seus 15 anos, surgia uma empresa com um objetivo central: participar da construção do futuro da cidade, consolidando os espaços urbanos e transformando-os em moradias, centros comerciais e espaços de convivência.

Essa era a missão da PaulOOctavio, que surgiu como imobiliária e, cinco décadas depois, transformou-se em

Do pioneirismo à inovação, cada obra da PaulOOctavio se transformou em um marco do Distrito Federal. A história da empresa reflete a evolução de uma cidade que não para de crescer

sinônimo de grupo empresarial de sucesso, com construtora de grande porte, shopping centers, hotéis, rede de concessionárias, seguradora, empresas de comunicação, geração de energia limpa e manutenção predial e de grandes estruturas. Tal como Brasília, somou desenvolvimento, inovação e compromisso com o Distrito Federal, resultando na continuidade do sonho de Juscelino Kubitschek. Fundada pelo empresário que leva seu nome, na época com 25 anos, a empresa mirou, em seu primeiro momento, no planejamento e comercialização de imóveis justamente no momento que o Plano Piloto se estendia para a Asa Norte

Brasília Shopping

e as primeiras cidades do DF ganhavam forma. Assim, a primeira sede, localizada no Edifício Mariana, na 504 Norte, já era reflexo da ocupação progressiva da cidade.

A coragem, ainda inspirada nas ações dos pioneiros dos anos 1950, conduziu Paulo Octávio Alves Pereira a uma visão estratégica: começar modestamente, mas com parcerias sólidas, ao lado de grandes construtoras da época, como Eldorado, Emosa, Irfasa, Sersan e Via.

Foi assim que a empresa se destacou logo nos primeiros anos, como na comercialização de 820 apartamentos na QNL de Taguatinga, em 1977, e na implantação de 12 empreendimentos no Gama, durante 15 anos – época em que a célebre campanha “Quem ama mora no Gama” ficou marcada na memória da população.

Outro dos primeiros marcos foi o Residencial Rio de Janeiro, em Taguatinga, lançado em 1980, em parceria com a construtora Emosa. Com cinco torres, 297 apartamentos e uma inédita área de lazer com piscina, o empreendimento sinalizou a chegada de um novo padrão de moradia. Um ano depois, o Del Rei surgia no Guará II, tornando-se o primeiro edifício residencial daquela cidade. Paralelamente, a empresa planejava e comercializava centenas de unidades no Gama.

Os anos 1980: da inovação ao primeiro apart-hotel

Entre 1980 e 1990, a PaulOOctavio abriu uma era de crescimento e se destacou pela diversidade dos empreendimentos e pela introdução de conceitos modernos de moradia e uso misto. Em 1981, surgia na cidade o St. Paul, primeiro apart-hotel de Brasília, com estrutura completa que incluía restaurante, piscina, sauna e um clube – a Corte, point da vida noturna brasiliense da época.

O crescimento seguiu vigoroso ao longo dos anos seguintes, com entregas em diversas regiões administrativas e uma crescente contribuição para a urbanização do DF. A empresa ampliou seu pioneirismo na Asa Norte, Cruzeiro, Guará, Sobradinho, Ceilândia, Samambaia, Núcleo Bandeirante e Águas Claras, sempre com foco em qualidade, inovação e atendimento à população.

A década também viu nascer um projeto inovador e que ditaria tendências para os próximos anos: o Centro Empresarial Number One, com lajes corporativas e um icônico painel em vidrotil de Tomie Ohtake – chegava a Brasília da era dos prédios inteligentes. Ao mesmo tempo, a empresa mantinha sua vocação para os empreendimentos residenciais inteligentes, entregando milhares de unidades em diversas regiões administrativas.

Wilma Pereira, Nelson Marchezan e Paulo Octávio na inauguração da sede no Edifício Mariana, na 504 Norte
Inauguração da sede da PaulOOctavio na 504 Norte, em 1975
Fotos: Divulgação

Os anos 1990: memória, ação social e shopping centers

O respeito à cultura brasiliense e à memória da cidade sempre foi uma constante na história da empresa. Prova disso são os empreendimentos que homenageiam artistas, pioneiros e personalidades locais, como Athos Bulcão, Glênio Bianchetti, Francisco Carneiro e Hely Walter Couto. Um dos maiores marcos foi, sem sombra de dúvida, o Residencial Israel Pinheiro, no Sudoeste, lançado em 1991, que homenageia o engenheiro que liderou a construção de Brasília.

Foi também nessa década que a PaulOOctavio iniciou seus programas sociais inovadores, como a alfabetização de operários em seus canteiros de obras, projeto que transformou a vida de mais de 2.500 trabalhadores. “Os pagamentos eram semanais e muitos empregados tinham de usar almofadas de carimbo para assinar os contracheques. Isso me deixava angustiado e tive a ideia de promover a alfabetização nos próprios canteiros de obras”, conta Paulo Octávio.

A ideia era extremamente funcional: diariamente, os trabalhadores paravam uma hora mais cedo, lanchavam e iam para as salas de aula, com professores patrocinados pela empresa. O projeto foi um sucesso extraordinário e copiado por muitas empresas e sindicatos pelo Brasil. Paralelo a isso, a segurança no trabalho também rendeu à empresa a Medalha do Mérito Internacional de Segurança do Trabalho, em 1993.

Na década de 1990, o negócio se consolidaria como um dos maiores do setor, concluindo empreendimentos icônicos como o Brasília Business Center, o Number One e o Manhattan Plaza, primeiro flat da cidade e hoje um dos hotéis mais procurados da capital.

O grande marco do diferencial da PaulOOctavio viria em 1997. Um projeto ousado do saudoso e inesquecível arquiteto Ruy Ohtake marcou de vez a paisagem da W3 Norte. Usando curvas e cores inéditas, o Brasília Shopping, inaugurado em 21 de abril, tornava-se símbolo da modernidade e do potencial de consumo da capital. E abria para a empresa um novo e pujante segmento: o de shopping centers.

Antes mesmo do novo século, o setor ganharia mais duas unidades no grupo: o Terraço Shopping (1999) e o Taguatinga Shopping (2000), este em sociedade com a JC Gontijo. Mais adiante, a rede teria outros três projetos de porte: Iguatemi Brasília (2010), no Lago Norte; JK Shopping, entre Taguatinga e Ceilândia (2013); e o Manhattan Shopping, em Águas Claras, que será inaugurado neste ano.

A atuação em múltiplos setores abriu caminho para mais inovação, nascendo a rede Bali de concessionárias de automóveis, inicialmente comercializando veículos da Fiat, mas que abriria portas para negócios com mais empresas do Grupo Stellantis, como RAM e Jeep, e com a BYD, marca de veículos eletrificados.

Os anos 2000: grandes obras e um legado histórico

A expansão de novas atividades consolidou as Organizações PaulOOctavio como uma das mais importantes e reconhecidas do Distrito Federal e do Brasil. Assim, a construtora começou a colecionar premiações de porte, como o Prêmio Master Imobiliário, cuja primeira vitória viria com o Brasília Shopping. Mas a que desperta mais carinho no empresário Paulo Octávio foi a que ele ganhou em 2006, com a recuperação do histórico Brasília Palace Hotel.

O prédio foi o primeiro a ser construído e inaugurado em Brasília, para não só acomodar o presidente Juscelino Kubitschek, mas também para receber delegações internacionais que queriam conhecer a epopeia de uma capital que ficaria pronta em mil dias. Com projeto de Oscar Niemeyer, o hotel era ainda mais inovador, mas um incêndio nos anos 1980 deixou a história em ruínas.

Após a abertura de uma licitação, a PaulOOctavio se habilitou para recuperar e administrar o hotel, e o fez com a supervisão do próprio Oscar Niemeyer e de Carlos Magalhães, um dos mais ferrenhos e conhecidos defensores do legado do mais reconhecido arquiteto brasileiro. Assim, após uma década de trabalhos, a capital voltou a contar com seu histórico e pioneiro hotel, com suas características originais totalmente preservadas.

Paulo Octávio e Carlos Magalhães em visita ao Brasília Palace Hotel degradado, que depois foi revitalizado pela construtora
Educação de operários, projeto em atividade desde 1991 Fotos: Divulgação

Paralelo à restauração minuciosa do Brasília Palace, a PaulOOctavio também investiu em um novo modelo de hotelaria: os resorts urbanos. Da prancha de Ruy Ohtake, mais uma vez, nasceu outra obra-prima da arquitetura: o Brasília Alvorada Hotel, hoje administrado em conjunto com a Rede Louvre, sob as bandeiras Golden e Royal Tulip. A chegada dos dois hotéis elevou o padrão de hospitalidade da cidade, e os dois renderam Prêmios Master Imobiliário, do total de oito expostos na galeria da PaulOOctavio.

Nesta fase, as empresas do grupo começaram também a ocupar lugar privilegiado na memória do consumidor. Assim, desde o surgimento do Prêmio Top of Mind, a construtora venceu todas as edições da premiação, com larga margem sobre a segunda colocada. O mesmo ocorreu com a Bali, na categoria Concessionária Fiat. Neste ano, além das duas, foram mais três vitórias: PaulOOctavio Aluguel (imobiliária), Royal Tulip (hotel) e Taguatinga Shopping. A empresa também recebeu o reconhecimento do setor produtivo como uma das maiores contribuintes de ISS e ICMS por quase duas décadas.

Além de ampliar a construção e entrega de edifícios residenciais, a atuação da empresa se expandiu em outra área: a construção de edifícios públicos, como a sede da Promotoria de Justiça, o Instituto Rio Branco e as obras para a Infraero no Aeroporto do Galeão (RJ), além do Complexo Brasil XXI e do Centro Empresarial José Alencar. Obras que demonstraram a capacidade do grupo de liderar empreendimentos de grande porte e complexidade técnica.

A família prestigia a inauguração do Residencial Marcia Kubitschek
Paulo Octávio e Oscar Niemeyer na inauguração do restaurante Oscar, no Brasília Palace, em 2008
Residencial Ilhas do Lago
Com o presidente Fernando Henrique Cardoso, na inauguração da sede do Instituto Rio Branco
Fotos:
Divulgação

Os anos 2010: cresce a demanda por tecnologia e sustentabilidade

A segunda década do milênio demandou novos desafios para a construção civil. Conforto, segurança e sustentabilidade começaram a ser exigidos por autoridades e consumidores. Desta forma, a PaulOOctavio passou a apostar em empreendimentos de alta eficiência energética e design arrojado.

O primeiro deles foi inaugurado nos primeiros anos, o Centro Empresarial Parque Brasília, um marco por ser a obra número 600 da empresa. Mas nada se igualou ao PO 700, no Setor de Rádio e TV Norte. Construído de acordo com as metas ambientais da certificação Green Building, o edifício conquistou prêmios, como o Master Imobiliário e o Smacna Brasil

Em Águas Claras, a empresa lançou o Península, um projeto de condomínio resort com torres modernas, áreas de lazer completas e paisagismo integrado, em parceria com a Poupex/FHE e a Via Engenharia. À cidade, a empresa entregou vários empreendimentos diferenciados, como os Residenciais Anna Christina Kubitschek, Vilarindo Lima, Uno Residence, Evolution, Ilhas do Lago, e dezenas de edifícios homenageando pioneiros e personalidades do DF, o que reforça a preocupação com arquitetura de classe, urbanismo de ponta e memória histórica.

Em termos de investimentos em seus funcionários, a empresa consolidou dois importantes programas: a inserção digital dos funcionários dos canteiros de obras, preparando-os para os desafios do futuro, e a distribuição de kits escolares a filhos, netos e aos trabalhadores matriculados em escolas públicas e privadas, um incentivo ao estudo e ao progresso não só dos empregados, mas também de seus familiares – hoje, por exemplo, há um engenheiro nos quadros da PaulOOctavio que recebeu os kits escolares quando criança.

A década do legado social e da construção do futuro

A transição entre os anos 2010 e 2020 exigiu esforços extras em termos de investimentos e obras com responsabilidade social. Em 2020, após a eclosão da pandemia de Covid-19, a empresa criou protocolos de segurança rigorosos para proteger seus trabalhadores, com excelentes resultados. Uma das estratégias foi o incentivo à vacinação, com campanhas internas e permanentes de imunização frente a doenças, em parceria com entidades classistas, sindicatos e todas as esferas de governo.

Em termos de ações sociais, a PaulOOctavio entregou dois equipamentos públicos às comunidades do Sol Nascente e Pôr do Sol: a Escola JK, espaço de 4.500 m² com salas de aula, ginásio coberto e estrutura completa; e a Creche Sarah Kubitschek, reforçando o compromisso com a educação e o desenvolvimento humano.

A obra número 600 da empresa, o Centro Empresarial Parque Brasília, foi entregue em 2011
A inauguração do Brasília Shopping contou com a presença de Cristovam Buarque
O governador Joaquim Roriz e o vice-presidente Marco Maciel prestigiaram a abertura do Brasília Alvorada Hotel, atual Royal Tulip
Escola JK, no Sol Nascente, com 4.500 m2, 16 salas de aula, pátios internos, ginásio poliesportivo coberto, construída e doada pela PaulOOctavio, em 2020
Fotos: Divulgação

Em termos de preservação do meio ambiente, além de cumprir as medidas mitigadoras e a recomposição florestal com rigidez, a PaulOOctavio promoveu o plantio de 1,4 mil árvores no Parque Ecológico de Águas Claras; revitalizou o Parque do Cortado, em Taguatinga; e trocou toda a sinalização interna do Parque Olhos D’Água, com foco na educação ambiental dos frequentadores.

Com mais de cinquenta milhões de horas-homem trabalhadas sem acidentes, a PaulOOctavio celebra cinquenta anos com 850 empreendimentos entregues, mais de 55 mil apartamentos comercializados e 54 mil carteiras de trabalho assinadas.

Além da construtora, imobiliária, concessionárias, seguradora, hotéis, shoppings, emissoras de rádio e TV e da associação com a GPS|Brasília , a empresa vem investindo pesadamente em um novo setor, o de energia limpa, com a PO Energy, braço que administra usinas de geração solar próprias e de terceiros e que realiza, em conjunto com a Principal Manutenções, a instalação de carregadores veiculares em pontos estratégicos da capital.

Em seu 50º ano de fundação, a PaulOOctavio entregou uma série de empreendimentos, como o Residencial Márcia Kubitschek, no Noroeste; duas torres do Oceania Residence, em Águas Claras; ingressa no mercado de habitações populares com parcerias estratégicas; e prepara a inauguração do complexo mix use Manhattan Shopping, que une centro de compras, hotel, escritórios e residência. Além disso, dois shoppings estão saindo da fase de planejamento, em Planaltina e em Samambaia.

Em um País em que 60% das empresas fecham as portas nos primeiros cinco anos de operação, segundo dados do IBGE, o segredo da longevidade da PaulOOctavio está na combinação entre tradição e inovação, com crescimento sustentável. Seu fundador nunca teve pressa para crescer, mas soube enfrentar inúmeras crises com serenidade e visão de futuro. “Usar seus próprios recursos permite um crescimento planejado”, receita. “Além disso, ter calma diante dos desafios, que são diários, faz com que possamos vislumbrar saídas e entradas estratégicas em segmentos e novos mercados”, avalia.

Ao mesmo tempo em que preserva a memória da cidade, homenageando personalidades e valorizando a arquitetura modernista, a empresa aposta em tecnologias verdes, novas formas de morar e em um urbanismo mais sustentável e humano. “Construir, gerar empregos e atender às demandas de moradia da população são metas nossas e confirmam que fazermos parte do passado, do presente e do futuro de Brasília”, conclui Paulo Octávio.

Operários na construção do Manhattan Plaza Hotel
O governador Ibaneis Rocha, na inauguração da Creche Sarah Kubitschek Foto: Rayra
Paiva

Investimentos em obras e programas sociais estão mudando a realidade do Distrito Federal. Infraestrutura, mobilidade e serviços essenciais estão entre as melhorias realizadas nos últimos meses

A CAPITAL EM MOVIMENTO

Há seis anos e meio, o Governo do Distrito Federal (GDF) trabalha para recuperar a capital, tirando-a do ostracismo e viabilizando projetos estratégicos. Esse esforço fez com que, em 2024, o DF alcançasse o mais alto índice de qualidade de vida do Brasil. Desde 2019, melhorias vêm sendo realizadas em todas as regiões administrativas, com obras estruturantes, avanços no transporte coletivo, ampliação dos serviços sociais e ações nas áreas de saúde, educação, segurança, cultura e lazer.

Entre as intervenções de maior impacto está a transformação do Sol Nascente, que deixou de ser considerada a maior “favela a céu aberto” do País. Foram mais de R$ 690 milhões aplicados em pavimentação, drenagem, saneamento e implantação de equipamentos públicos. Hoje,

a região conta com creches, restaurantes comunitários, terminal rodoviário, centro de referência da mulher e conselho tutelar, além de ter 95% dos moradores atendidos com água tratada e rede de esgoto, realidade impensável até pouco tempo. Novas unidades de saúde, segurança e educação ainda serão entregues nos próximos meses.

O programa Drenar DF também se destaca como o maior projeto de drenagem já realizado na capital, com investimento de R$ 180 milhões para atender as quadras iniciais da Asa Norte, com previsão de expansão para outros bairros.

Vicente Pires passou por ampla transformação, com investimento superior a R$ 500 milhões. Obras também beneficiaram o Guará, Itapoã e, de forma especial, o bairro

Santa Luzia, na Estrutural, uma das áreas mais carentes do centro de Brasília, que passou a receber obras de saneamento, drenagem e pavimentação.

Um marco

Nos últimos anos, a mobilidade urbana ganhou novo fôlego, tanto no transporte público quanto nas vias. Entre as entregas mais emblemáticas está o Túnel Rei Pelé, em Taguatinga, concluído após quatro décadas de espera. Com aporte de R$ 300 milhões e a participação de quase oitocentos trabalhadores, a obra beneficia diariamente cerca de 140 mil motoristas e moradores. Na mesma região, o Boulevard de Taguatinga revitalizou uma das áreas mais importantes da cidade.

A pavimentação em concreto da Estrutural – com vida útil estimada em vinte anos –, a duplicação da DF-140, o terceiro acesso de Águas Claras e a reforma de mais de 500 km de calçadas também saíram do papel na atual gestão do GDF.

Novos viadutos em pontos estratégicos, como Jardim Botânico, Itapoã/Paranoá, Sobradinho e Sudoeste, completam o pacote de obras realizadas até agora. Há ainda avanços para o novo acesso ao Noroeste e estudos aprofundados que poderão subsidiar a criação de mais duas pontes no Lago Paranoá, além das quatro já existentes, planejadas para agilizar o tráfego e reduzir o tempo de deslocamento entre o Lago Sul e outras regiões de Brasília.

Além disso, iniciativas como o Vai de Graça – que garante tarifa zero aos domingos e feriados – e o congelamento dos preços até 2026 ampliaram e democratizaram o acesso ao transporte público. O Metrô estendeu o funcionamento dominical, novas rodoviárias foram inauguradas em diferentes regiões e o Passe Livre passou a contemplar mulheres com medida protetiva. A retirada do pagamento em dinheiro a bordo aumentou a segurança e reduziu o tempo de viagem.

Serviços ampliados

Na área social, os restaurantes comunitários reduziram o valor do almoço para R$ 1 e passaram a oferecer café da manhã e jantar por R$ 0,50. Atualmente, mais de 1,4 milhão de refeições são servidas por mês.

Programas como Prato Cheio, Cartão Gás e Cartão Material Escolar atendem centenas de milhares de famílias e colaboram para a dignidade e a segurança alimentar. Na capacitação profissional, por sua vez, os programas RenovaDF, QualificaDF e QualificaDF Móvel já formaram mais de 110 mil pessoas desde 2021.

Reforço na saúde

Desde 2019, a rede pública de saúde foi reforçada com mais de oito mil novos servidores, incluindo 3.072 médicos. Durante o período, foram realizadas mais de 550 mil cirurgias, entregues sete UPAs e 12 UBSs, e ampliada a entrega domiciliar de medicamentos de alto custo, que hoje beneficia mais de nove mil pessoas por mês.

Programas sociais como o Saúde Mais Perto do Cidadão , com mais de 115 mil atendimentos itinerantes, e o Um Piscar de Olhos , que já garantiu exames e óculos a mais de 56 mil estudantes, também contribuíram para ampliar o acesso aos serviços na rede pública do Distrito Federal.

Educação e segurança

Com 16 creches inauguradas e outras nove em construção, o DF reduziu filas de espera por matrículas e criou mais de 23 mil novas vagas. O resultado diminuirá a espera de famílias, o que poderá incentivar os responsáveis, especialmente as mães solteiras, a garantir renda extra, já que poderão ingressar ou retornar ao mercado de trabalho.

A Universidade do Distrito Federal foi criada, e três escolas técnicas foram inauguradas, em Brazlândia, Santa Maria e Paranoá, beneficiando mais de três mil alunos. Na segurança, as delegacias 24 horas foram reativadas e novas unidades especializadas reforçaram o atendimento, contribuindo para que Brasília fosse reconhecida como a segunda capital mais segura do País, segundo o Atlas da Violência

Mais proteção, mais futuro

A rede de proteção à mulher foi ampliada com novas unidades da Casa da Mulher Brasileira e reforço nas Delegacias da Mulher.

Na habitação, mais de 36 mil famílias receberam a casa própria, e o programa Morar DF facilitou o acesso a imóveis populares. No esporte, novos campos sintéticos, as reformas de centros olímpicos e paralímpicos, além da entrega de pista de skate e patinação de padrão internacional marcaram a gestão.

A reabertura do Museu de Arte de Brasília, a reforma e reinauguração do Teatro Nacional, com a Sala Martins Pena, e a recuperação da Concha Acústica simbolizam uma nova fase para a cultura brasiliense.

O acesso gratuito ao Zoológico e Jardim Botânico aos domingos e feriados devolve a sensação de pertencimen -

to dos equipamentos públicos presentes na memória afetiva dos brasilienses.

Não menos importante, na zona rural, mais de 100 km de canais de irrigação foram reformados ou construídos. Essas intervenções, aliadas à pavimentação de vias e à melhoria de acesso, garantem melhores condições de produção e escoamento para outras localidades, favorecendo a distribuição e o desenvolvimento de tudo o que é produzido dentro do Distrito Federal.

Assim, nos últimos anos, o Distrito Federal tem apresentado avanços relevantes em infraestrutura, mobilidade, serviços sociais e áreas essenciais como saúde, educação e segurança.

Embora ainda haja demandas antigas a serem atendidas, os investimentos realizados nas diversas áreas e regiões administrativas integram um esperado movimento consistente em direção à melhoria das condições de vida da população, de 2019 até agora, com equilíbrio entre obras de infraestrutura e investimento em programas para integrar desenvolvimento urbano e inclusão, para mirar o crescimento estruturado e sustentável nos próximos anos.

Foto Anderson Parreira / Agência Brasília
Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

PDOT: LINHAS DE UM NOVO TEMPO

Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) chega à Câmara Legislativa do DF com promessas de regularização, infraestrutura e planejamento até 2035. Presidente da Casa, Wellington Luiz, abre caminho para aprovar mudanças que vão impactar a vida em todas as regiões

Brasília e suas regiões são um mosaico em constante movimento, onde cada rua, cada lote, cada endereço e condomínio desenha o cotidiano de quem vive sob o céu amplo do Planalto Central. Agora, esse cenário começa a ganhar novos elementos e contornos oficiais com a possível aprovação pela Câmara Legislativa (CLDF) do novo Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal (PDOT), o qual já foi validado pelo Conselho de Planejamento Urbano do DF (Conplan).

Caso seja referendada pelos deputados distritais, a decisão pode sinalizar um futuro redesenhado à capital, com novas regras para crescer, preservar e acolher suas múltiplas vozes e características.

O PDOT é o documento que define como o território do Distrito Federal será organizado e planejado até o ano de 2035. Em outras palavras, ele determina onde e como as cidades podem crescer, quais áreas devem ser protegidas, onde serão incentivadas novas densidades urbanas e como o espaço público deve se relacionar com a vida dos moradores de cada localidade.

Atualizado pela última vez em 2009, o plano precisava de uma nova revisão oficial, que sofreu atrasos por conta da pandemia e desafios técnicos e políticos. “É um dos projetos mais relevantes da Casa. É quase um Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), só que mais gigantesco e fora da área tombada, o que exige ainda mais responsabilidade”, destaca o presidente da CLDF, deputado Wellington Luiz (MDB).

Recentemente, o Conplan aprovou o anteprojeto com 32 votos favoráveis e uma abstenção, validando o texto plane-

“A lei dará dignidade a famílias que precisam da atuação do poder público”
Deputado Wellington Luiz (MDB) Presidente da CLDF

jado pelo governo de Ibaneis Rocha (MDB). O texto percorre a tramitação na Câmara Legislativa e a expectativa é que o projeto seja discutido, aprimorado e votado até o fim do ano.

Uma das grandes novidades do novo PDOT é a abertura para a regularização fundiária de 28 regiões, que reúnem aproximadamente vinte mil famílias. Destas, 13 são definidas como Áreas de Interesse Social, como o Sol Nascente, onde a vida transcorre entre o improviso e o sonho de ver ruas asfaltadas e direitos garantidos.

Outras áreas, como o Altiplano Leste e a Colônia Agrícola 26 de Setembro, também estão incluídas, embora não pertencentes a essa classificação. A regularização não é automática, mas o plano abre o caminho para que as ocupações consolidadas recebam diretrizes claras, alinhadas a critérios urbanísticos para efetivar o direito à moradia com infraestrutura adequada.

Além disso, o PDOT estabelece diretrizes para a expansão urbana, a proteção ambiental e o fortalecimento de novas projeções urbanas e comunitárias, esforços que visam desafogar serviços públicos e reduzir a pressão sobre o Plano Piloto.

Foto: Divulgação

Impacto direto

Para quem vive no Distrito Federal, o PDOT pode significar mudanças palpáveis e até muito aguardadas: a possibilidade de ter a casa regularizada, com acesso à infraestrutura básica, como água, luz, esgoto e transporte público; a criação de novas áreas comerciais e serviços mais próximos, como centros de saúde e escolas; a garantia de que áreas ambientais sensíveis não serão invadidas sem planejamento; e a ampliação da rede de mobilidade, diminuindo deslocamentos longos e desgastantes.

“O PDOT é um dos projetos mais relevantes da Casa. É quase um PPCUB, só que mais gigantesco e fora da área tombada”

Para o presidente da Câmara Legislativa, o PDOT é uma pauta de peso e merece atenção especial. “Sem dúvida, é um projeto que impactará o urbanismo local e a experiência como presidente da Codhab [Companhia de Habitação do DF] ampliou a minha visão quanto às necessidades que as cidades pedem urgentemente. Por isso, os deputados estarão mergulhados na análise do texto, contribuindo ainda mais para construir uma versão mais aprimorada, que resulte em melhorias rápidas e necessárias para o cidadão e para a melhor qualidade de vida de todos nós do DF”, afirma.

Wellington ressalta que o projeto será enviado pelo Palácio do Buriti e a ideia é garantir que a votação ocorra até o fim do ano. “O desenvolvimento urbano é muito dinâmico e, por isso, daremos prioridade total para a revisão do PDOT. Os moradores necessitam, o GDF reconhece e a Câmara Legislativa está pronta para essa atualização”, destaca.

Um exemplo é o das famílias do Sol Nascente e Ponte Alta do Gama, que podem, finalmente, ter acesso a pavimentação, iluminação pública e postos de saúde mais próximos, conforme adiantou Wellington Luiz.

Já moradores do Altiplano Leste poderão ter maior segurança jurídica para seus imóveis, o que abre portas para investimentos, financiamentos e melhorias no entorno da região.

“Tenho visitado muitas cidades, assumi compromisso com várias delas, como a Ponte Alta e Sol Nascente, nas áreas de infraestrutura, saneamento e equipamentos públicos. É bom lembrar que o PPCub cumpriu o papel na preservação da área tombada de Brasília. Agora, o PDOT, além da preservação, mergulha nas entranhas dos problemas reais das outras cidades, no que é relevante para o dia a dia, terá um impacto direto na vida do cidadão que faz Brasília realmente acontecer. A lei dará dignidade a famílias que precisam da atuação do poder público, além de também contribuir para a vida dos moradores que estão em fase mais avançada da realidade urbana”, explica Wellington Luiz.

Segundo o presidente da CLDF, movimentos sociais participaram de forma constante dos debates e audiências públicas, para que o plano não se perca apenas como um desenho no papel, mas seja um projeto vivo, capaz de respeitar as diversidades e garantir direitos a todas as cidades.

O novo PDOT representa a tentativa de reconciliar o sonho original da capital com as necessidades atuais. Caso sancionado pelo governador Ibaneis Rocha, mais do que redesenhar limites urbanos e econômicos por todo o DF, o PDOT provoca um novo cenário de possibilidades de convivência e lazer dentro das regiões administrativas que abrigam brasilienses que as chamam de lar.

Com 11 integrantes, o BRICS hoje reúne cerca de 45% da população mundial. Apesar da falta de metas e do discurso genérico, a busca por influência global desafia a ordem estabelecida pelas potências ocidentais

BRICS: A UNIÃO QUE TENTA FAZER A FORÇA

Guerras e crises globais serviram de gatilho para a formação de pactos e alianças geopolíticas ao longo da história. O G7 surgiu da reunião das economias mais ricas do planeta durante a Guerra Fria. A OTAN foi criada pouco após o fim da Segunda Guerra como resposta à expansão soviética. Moscou reagiu com o Pacto de Varsóvia em 1955.

A própria ONU foi fundada em 1945 com o objetivo de reorganizar o mundo após a derrota do Eixo. Nesse contexto, uma sigla mais recente colocou o Brasil entre os protagonistas: o BRICS.

Criado como conceito em 2001 pelo economista britânico Jim O’Neill, então presidente do Goldman Sachs, o termo BRIC agrupava Brasil, Rússia, Índia e China como

países emergentes com alto potencial de crescimento. A ideia foi adotada como base para reuniões diplomáticas e comerciais a partir de 2006. Em 2011, a África do Sul foi incorporada oficialmente, adicionando o “S” à sigla. O que começou como análise econômica passou a representar uma articulação política.

Desde 2009, o grupo se reuniu em cúpulas anuais, criou um banco de desenvolvimento próprio – uma alternativa ao FMI e ao Banco Mundial – e buscou ampliar seu peso global. No entanto, permaneceu com os mesmos membros por mais de uma década. De 2011 a 2023, nenhuma nova adesão foi efetivada, apesar do interesse da China e da Rússia em expandir o bloco.

Segundo o professor Haroldo Ramanzini Júnior, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), a demora para aceitar novas nações ocorreu pela necessidade de o bloco se consolidar antes de iniciar uma expansão. “Mesmo assim, sempre houve diálogo com outros países. Por isso, mesmo após a expansão de 2023, um novo processo de consolidação é necessário. Ou seja, uma reorganização pós-expansão, que ocorre em um contexto global instável e de muitas pressões. É claro que com as adesões recentes, fica mais desafiador chegar a consensos em determinados temas. Mas, ao mesmo tempo, isso amplia o peso e a capilaridade política do BRICS e não deixa de evidenciar que ele tem funcionado. Se não funcionasse, outros países não iriam ter interesse em se somar ao grupo”, explica.

Em 2024, o grupo anunciou a entrada de seis novos países: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia – esta última oficializada apenas em janeiro de 2025. Foi a maior expansão desde a criação da sigla. Com a nova configuração, o BRICS passou a abranger cerca de 45% da população mundial e mais de 30% do PIB global ajustado por paridade de poder de compra.

A atualidade

O Brasil sediou a 17ª cúpula do BRICS em julho de 2025, no Rio de Janeiro, sete meses após assumir a presidência do bloco, em 1º de janeiro. Sob o lema Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável, o País tem atuado em dois eixos principais: Cooperação do Sul Global e Parcerias BRICS para o Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental.

A reunião deste ano voltou ao centro dos debates internacionais com o ressurgimento da proposta de criar uma moeda comum para transações comerciais entre os membros, com o objetivo de reduzir a dependência do dólar. A ideia havia sido levantada em 2022, com apoio declarado de China e Rússia, e encontrou adesão de países como Irã e Emirados Árabes. A discussão ganhou força após o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impor novas tarifas a diversos países.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Os Estados Unidos, com apoio de parceiros do G7, se posicionaram contra a proposta. Trump, em publicação nas redes sociais, afirmou que “não existe qualquer chance de o BRICS substituir o dólar americano no comércio internacional” e declarou que “não podemos deixar ninguém brincar conosco”.

Para o professor Ramanzini, não há razões objetivas para essas resistências, uma vez que o BRICS se caracteriza como uma das principais forças defensoras do multilateralismo, da estabilidade e da governança global. Ele observa, ainda, que a questão da moeda está mais ligada a uma tentativa

Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil

de reduzir custos de operações comerciais e financeiras entre os países do que criar ameaças a outros agrupamentos geopolíticos . “Há convergência entre os países do bloco no sentido de trabalhar para a construção de uma ordem mundial menos desigual, mais multipolar e multilateral. Esse é um grande elemento de amálgama e que se traduz em uma agenda propositiva. A necessidade urgente de reforma na governança global fica cada vez mais evidente pela dificuldade que a atual estrutura das principais instituições internacionais enfrenta para oferecer respostas aos problemas de hoje em dia”, avalia.

Nem todos, porém, acreditam no potencial do bloco. O próprio criador da sigla, Jim O’Neill, afirmou em 2024 que o BRICS se tornou uma “reunião simbólica” e uma “alternativa sem sentido” ao G7 ou ao G20. Criticou a falta de metas objetivas, a ausência de coordenação prática e o excesso de discursos genéricos.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O grupo, todavia, segue ativo. Além dos 11 membros atuais, o BRICS mantém uma rede de países parceiros, entre eles Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia e Nigéria, que participam de eventos e fóruns estratégicos. Embora ainda opere de forma informal, sem estrutura permanente ou tratados vinculantes, o bloco começa a assumir funções diplomáticas, comerciais e financeiras de maior densidade.

As cúpulas anteriores revelam o processo gradual dessa construção. A primeira reunião formal ocorreu em 2008, na cidade russa de Ecaterimburgo, em meio à crise econômica global. Em 2010, o encontro em Brasília reforçou o papel do Brasil como articulador do Sul Global. Em 2019, a capital federal voltou a receber os líderes. A cúpula de 2025 ocorreu em um cenário de tensões geopolíticas, com conflitos ativos, reaproximações entre países emergentes e debates crescentes sobre a multipolaridade.

O BRICS ainda está distante de se consolidar como um contraponto pleno às estruturas lideradas pelo Ocidente. Mas, após anos de estagnação, apresenta movimentos que provocam reações visíveis do outro lado da mesa.

Saiba mais

• Desde 2009, os líderes do BRICS se reúnem anualmente. O Brasil já sediou três cúpulas: em Brasília (2010 e 2019) e Fortaleza (2014). A próxima reunião está prevista para 2026, na China.

• O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), criado em 2014, tem sede em Xangai e já financiou mais de USD 30 bilhões em projetos de infraestrutura e energia nos países do bloco.

• Além dos 11 membros, o BRICS mantém diálogo com nações como Argentina, Cuba, Nigéria, Cazaquistão, Tailândia e Bangladesh. Esses países participam de fóruns e discussões estratégicas.

Quem são os BRICS?

• Brasil: Na presidência rotativa do BRICS desde 1º de janeiro de 2025, é o único membro fundador localizado nas Américas. É considerado um parceiro estratégico pelo bloco devido à sua abundância de riquezas naturais, produção agrícola e tradição diplomática, como demonstrado em períodos como membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU. A declaração final da cúpula do BRICS de 2025 endossa o retorno do Brasil ao Conselho, bem como a inclusão da Índia. Com uma população de aproximadamente 215 milhões de habitantes, o País mantém um papel de mediação em crises internacionais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, procurando se posicionar com neutralidade e reforçando a cooperação Sul-Sul entre os membros do bloco.

• Rússia: Membro fundador e maior país do mundo em extensão territorial, com mais de 17 milhões de km², exerce influência significativa nas decisões políticas e econômicas do BRICS. Moscou busca consolidar alianças estratégicas com economias emergentes e ampliar sua presença em mercados internacionais fora do eixo ocidental, especialmente diante das sanções impostas por países do G7. A Rússia contribui significativamente nas áreas de energia e recursos naturais entre os países do bloco, e seu comércio bilateral com China, Índia e Brasil vem crescendo continuamente nos últimos anos, refletindo a estratégia de fortalecer canais de cooperação financeira e tecnológica dentro do BRICS.

• Índia: Com cerca de 1,45 bilhão de habitantes, é membro fundador e representa um importante polo demográfico e econômico do bloco. O país tem usado

sua posição no BRICS para impulsionar parcerias comerciais, tecnológicas e industriais, além de reforçar sua diplomacia no Sul Global. Nova Delhi equilibra sua relação com países emergentes e com economias do G7, mantendo autonomia estratégica em decisões multilaterais. A Índia responde por cerca de 7% do PIB global em paridade de poder de compra e continua a registrar crescimento econômico anual acima de 5%, reforçando seu peso dentro do grupo.

• China: Integrante desde a criação, é a maior economia do BRICS, respondendo por aproximadamente 18% do PIB global em paridade de poder de compra, e lidera iniciativas de investimento em infraestrutura e financiamento do bloco, como o Novo Banco de Desenvolvimento. Pequim tem promovido mecanismos que buscam reduzir a dependência do dólar em transações internacionais e fortalecer a cooperação comercial entre os membros. Por meio de uma política externa que alia ambição econômica e diplomacia estratégica, a China contribui para consolidar o BRICS como fórum de diálogo e ação conjunta entre economias emergentes, especialmente em áreas de tecnologia, comércio e desenvolvimento sustentável.

• África do Sul: Última a ser incorporada ao BRICS, em 2011, trouxe representação continental e acesso a mercados africanos estratégicos. Com uma população de cerca de 62 milhões, o país atua como mediador regional, incentivando investimentos – sobretudo em infraestrutura – que fortaleçam o comércio e a conectividade com outros membros do bloco. A entrada sul-africana também visa equilibrar a composição geográfica do grupo e ampliar a voz do continente africano em debates globais, consolidando seu papel diplomático e econômico tanto na África quanto em fóruns multilaterais internacionais.

Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil

UM ERUDITO NA

PÓS-CONTEMPORANEIDADE

Com forte pensamento crítico, o escritor

Samer Agi deixou a magistratura para dedicar-se à educação em plataformas digitais. Sua contribuição para a cultura e comunicação tem transformado mentes

Entusiasta da literatura, propagador dos saberes da filosofia, questionador da era pós-contemporânea, defensor da moral e dos bons costumes, idealista da inovação. Samer Agi é o que se considera fenômeno nas redes sociais. Sua comunidade digital engajada o encorajou a deixar a magistratura. Goiano, casado, pai de duas filhas, ele desembarcou em Brasília há pouco mais de uma década para cumprir o ofício de juiz de direito. Também foi delegado em sua jornada profissional.

Na pandemia, suas considerações analíticas sobre a vida cotidiana em áreas diversas o levaram a milhões de seguidores. “Eu escrevia o que pensava, sem pretensão, de forma independente. Havia autenticidade, e isso gerou uma forte conexão”, explica. Atualmente, Samer mobiliza em sua empresa, Ser Mais Criativo, cerca de oitenta pessoas entre produtores e estrategistas para disseminar conteúdos e cursos que cria, especialmente na área de comunicação.

Além das aulas de oratória, escrita, gestão do tempo e da energia, dentre outras, Agi ainda tem um clube de leitura e o recém-lançado IAgi, uma inteligência artificial que auxilia com inúmeras temáticas – de discursos personalizados a roteiros segmentados. Não satisfeito, nesta mesma plataforma, criou um conselho composto por ele próprio e grandes escritores, como Platão, Shakespeare, Machado de Assis, Clarice Lispector, Gustave Flaubert. Juntos, eles auxiliam os alunos a esclarecer questões da vida.

Atualmente, do que as pessoas se ressentem?

Existe de fato a busca por propósito?

As pessoas compraram a ideia de que é preciso ter uma vocação. E há uma visão romantizada, porque ninguém vai bater na porta e dizer: “seu chamado é esse”. Quando, na verdade, é da própria experiência que nasce a compreensão. Eu acho que é uma busca de sentido, porque sem isso não se alcança efetivamente felicidade.

E qual é a sua fala em mentorias e cursos?

É preciso lançar-se à experiência. Ninguém aprende a dirigir lendo o livro do Detran. A pessoa, às vezes, teoriza demais. Vá e faça. Outro ponto é muito delicado, especialmente na nossa geração: o de resiliência. Porque quem faz a promessa é diferente de quem cumpre a promessa. Nós trocamos o homoconstrutor pelo homoconsumidor. Hoje, o homem quer consumir. Ele está em um relacionamento,

mas acredita que o melhor virá, ainda que ele esteja bem com o que tem. Então, ele sempre vai se deparar com uma insatisfação. Ele vai trocando de trabalho, de relacionamento, de cidade e não constrói nada. Porque ele sempre está começando a vida. Há uma frase de Fernando Pessoa no livro Desassossego que diz assim: “...trago em mim as feridas das guerras que eu não travei. São elas as que mais me doem”. Não há mais disposição para o sacrifício. E esse é o perfil do homem hiperconectado.

Ex-delegado, ex-juiz e agora professor e mentor digital. Foi difícil deixar para trás uma carreira sólida?

Eu me vi diante de uma encruzilhada. E tomei uma decisão. Foi difícil porque, ao deixar de ser juiz, perde-se prestígio, poder e segurança. São credenciais maravilhosas a serem consideradas. Quando pedi exoneração, eu tinha um milhão de seguidores. Existem certas decisões que não são certas nem erradas, são só difíceis. Se eu saio e me torno bem-sucedido? ‘Nossa, gênio, o cara deixou a magistratura’. Se o negócio der errado? ‘O cara é louco, quem que deixa o concurso de juízes?’. Meu papel é tornar a decisão assertiva e fazer com que seja a melhor da minha vida.

Na comunicação, você ensina, especialmente, técnicas de persuasão, oratória, linguagem corporal?

A linguagem corporal é uma confissão. Você cala, mas as pontas dos dedos vão te entregar, caso esteja nervoso. Ou seja, o corpo confessa. Pela linguagem corporal, pela postura. A boca cala, o corpo fala. E desenvolver a capacidade de comunicação é a maior arma que nós temos. A maior habilidade do homem. ‘É a comunicação que faz o não se transformar em sim e o sim se transformar em não.

E qual a importância das gestões do tempo e da energia?

As pessoas têm vontade de fazer muitas coisas, mas elas são péssimas gestoras do seu tempo e acabam fazendo poucas. São pequenas decisões como morar perto do trabalho ou o que comer no café da manhã. São escolhas estratégicas e que vão devolvendo duas, três horas no seu dia. E que mudam a vida. Por exemplo: duas, três horas por dia, você lê vinte páginas por hora. Cinquenta páginas em duas horas e meia em vinte dias úteis no mês são mil páginas. Mil páginas são cinco livros de duzentas páginas. Então, eu consigo ler sessenta livros no ano com essa pequena decisão. Se um livro muda a pessoa, imagine sessenta. Na gestão da energia, o pensamento humano funciona assim: pare de focar no que é limitado, o tempo. Comece a focar na energia. Física, emocional, espiritual. Em vez de colocar na rádio que vai trazer notícias bombásticas, eleja uma música relaxante, clássica ou da sua infância. A chegada em casa é com outro espírito. Descansar, dormir, tudo isso vai mudando o nível de rendimento ao longo do dia. Vão surgindo ideias e vem a mudança do padrão.

O brasileiro que sobrevive conseguiria agir desse modo?

O brasileiro é culturalmente indisciplinado. Isso vem do tempo da escola. A prova é sexta, estuda-se na quinta. Se estudar na quarta, é nerd. Na terça, é louco. Só que quando ele vai para a vida como ela é, a disciplina passa a ser um problema.

Você faz críticas ao sistema educacional. Por quê?

Porque está posto. As pessoas não leem, 84% da população nunca comprou um livro e 30% é analfabeto funcional, aquela pessoa lê o parágrafo e não entende o que está escrito. Isso é uma tragédia. Porque, afinal, como é que ela decide as coisas complexas da vida? E como é que ela toma boas decisões? Então, o nosso sistema educacional é um fracasso.

E a revolução chamada Inteligência Artificial?

Daqui dois anos tudo, tudo, estará mudado. Se antes havia seis pessoas para fazer um trabalho, em breve será necessário apenas uma. É simplesmente aprender e desenvolver. Exemplo: por ano, a China forma quatro milhões de programadores. Os Estados Unidos, seiscentos mil. O Brasil, sessenta mil. Qual é o ponto? Nosso País está fora da briga. Antigamente, a pessoa não tinha um carro chinês nem coragem para ter um carro chinês.

Quem seria o nosso melhor mentor para os dias atuais? A virtude e a ética de Aristóteles ou o pragmatismo e a eficácia que Maquiavel?

Eu prefiro a ideia da virtude como decisão de vida. Mas o estudo de Maquiavel mostra muito de como a vida é e como a política funciona ou deve funcionar. Você percebe erros políticos por falta de conhecimento. O sujeito não leu Maquiavel. Se tivesse lido, não faria o que ele está fazendo. O livro de cabeceira do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso era O Príncipe. De lá para cá, nós temos presidentes que não leem. Com exceção de Michel Temer, é uma sequência de desastres culturais.

Quais as suas impressões deste Brasil atual?

Você tem dois Lulas, o de 2002 e o de 2022. São pessoas diferentes. O de 2002 é um homem pragmático, o de 2022 é um homem ideológico. Quando coloca a ideologia na frente, as decisões se tornam antirrepublicanas, equivocadas. Nas nomeações no Supremo Tribunal Federal, Lula expulsou as mulheres. Era para termos

três neste momento, temos uma. Toda negociação por cargo, ele excluía uma mulher. Ele tirou do Ministério do Turismo, ele tirou uma mulher do Ministério do Esporte, do Ministério da Saúde, da Presidência da Caixa Econômica Federal.

Você se ressente também da conduta da imprensa?

Cadê a imprensa? Existe uma inclinação pacífica para a esquerda, porque o jornalista é forjado na faculdade. Neste governo, eu vejo machismo, eu vejo misoginia, eu vejo uma despreocupação com desigualdade social, eu vejo sigilo. O líder vive do exemplo. Então está tudo errado.

E quanto ao Judiciário. Você diria que este poder quer ter o controle do Estado?

Se estivesse querendo, era uma coisa. Ele tem o controle do Estado. Eu tenho o maior respeito pelo Judiciário. O que eu acho é que é preciso retomar uma autocontenção. O Judiciário não pode participar do jogo esquerda, direita. Torço para que os ânimos arrefeçam. Para que a gente volte a ter uma normalidade institucional.

Vamos falar de Deus? Alguém O explica?

Deus é provável. Josef Ratzinger, que depois se tornaria o Papa Bento XVI, dizia: “provar que Deus existe é fácil. Acreditar que Deus existe é fácil. O difícil é acreditar que eu existo para Deus”. São Tomás de Aquino revela, por cinco diferentes vias, a existência de Deus. Então, basicamente, tudo que é criado tem que ter um Criador. No início era nada. Era breu. E de repente houve uma explosão. Eu não tenho dúvidas quanto à existência de Deus.

Você andou um tempo ensimesmado com a Igreja Católica?

Eu sou batizado na Igreja Ortodoxa por minha origem árabe. Mas me converti ao protestantismo aos 12 anos e sigo como praticante. E todo protestante tem preconceitos relativos à Igreja Católica. O principal deles é a idolatria, a que coloca o santo no lugar de Deus, especialmente Maria. A minha esposa é católica e, antes de eu conhecê-la, já ia a uma vigília na Paróquia do Perpétuo Socorro. Então sempre fui além. Fiz amizade com alguns padres e passei a tirar minhas dúvidas. De maneira que cada um desses preconceitos foram caindo por terra. Sobre diferenciação, o protestante tem conhecimento de Bíblia infinitamente superior. Mas o católico tem respeito infinitamente superior às coisas de Deus. Por exemplo, o católico não aceita a ideia de ligar a igreja a dinheiro. No final, todos convergem para o mesmo lugar.

Uma frase que te define?

O melhor lugar para estar é no centro da vontade de Deus. @sameragi

De origem nobre, Claudia Matarazzo transformou a sua natural expertise em negócio bem-sucedido. Mentora empresarial, ela aplica etiqueta clássica às estranhezas deste mundo novo

Jornalista, escritora, apresentadora de rádio e televisão, e autora de dezoito livros sobre etiqueta e comportamento, Claudia Matarazzo desbravou sua vida e construiu a sua própria caminhada em meio ao frenesi nos anos 70. Terceira geração da mais influente família de industriais da história do Brasil, ela foi moldada pelos costumes e regras da aristocracia paulistana.

Com os avós Francesco e Filomena vindos da Itália, ela cresceu observando familiares florescerem negócios nos setores bancário, madeireiro, petrolífero, alimentício, têxtil, naval, siderúrgico, ferroviário e hidrelétrico. Atualmente, o legado dos Matarazzo se estende pela política, artes, magistratura, medicina, empresariado e comunicação. Claudia começou escrevendo para as revistas Claudia, Vogue , Playboy .

UMA MATARAZZO SEM CERIMÔNIA

Foto: Divulgação
“Eu vivia pedindo desculpa por ser quem eu era”

Assinou colunas em jornais impressos, teve quadros na Band News, Rede Globo, TV Cultura. Cantou e atuou. Foi Chefe de Cerimonial do Governo do Estado de São Paulo. E, atualmente, dedica-se a sua empresa de consultoria, palestras e workshops. “Passei décadas pedindo desculpas por ser quem eu era, e querer trabalhar”.

Em Brasília, durante evento da Maison Revolta, de Rog Vasques, a convite da empresária Maria da Graça Miziara, ela conversou com a revista GPS|Brasília e afirmou que os pilares da etiqueta jamais serão violados, seja em que século for: afetividade, naturalidade e bom senso.

Como se constrói uma boa reputação?

Com muito trabalho. Eu comecei com 17 anos e já fiz muitas coisas. Eu sou jornalista. Fui produtora, colunista, apresentadora de tevê. Eu trabalhava muito e com muito prazer. Sempre me superando. Ao longo do tempo, isso se torna credibilidade.

Quais valores você considera que são inegociáveis?

Comprometimento e convicção. Seja por paixão ou talento. Caso contrário, não gera valor. É uma caminhada. Vejo as novas gerações, que escolhem a profissão por dinheiro e sucesso. Não se evita viver os processos que a vida oferece. É um erro.

Você lida com comportamento. Acha que as pessoas e o mundo estão estranhos?

Eu acho que é um mundo agressivo cercado de perigos. Isso deixa as pessoas inseguras e instáveis. Elas vivem com medo de se entregar. Elas querem tudo, mas sem se comprometer com nada. É o famoso “nem-nem”. Neste caso, nem profissionalmente, nem afetivamente. Não temos mais um mundo amigável, infelizmente. Como você acha que podemos contribuir para um mundo melhor?

E eu vejo dois mundos, não sei se caminhando paralelamente ou se confrontando. O mundo da estrutura familiar, dos valores das gerações, da religiosidade. E o outro que não acredita mais no casamento, na maternidade, no outro e que prefere viver sozinho. Precisamos encontrar um modo para que essa convivência seja harmônica e longeva.

Em aulas de etiqueta empresarial, o que as pessoas querem aprender?

Elas buscam ter mais segurança para poder transitar nos grupos. A etiqueta empresarial nada mais é do que uma comunicação mais eficiente, mais clara, mais transparente.

As regras de etiqueta são diferentes hoje?

As regras de etiqueta serviram ao longo do século XX. Aí veio a internet, a comunicação, a distância. Mudou muito em trinta anos. O meu primeiro livro, Etiqueta Sem Frescura, que saiu em 1992, teve de ser reescrito em 2015. Mas os pilares da etiqueta clássica se mantêm. Quando você recebe em sua casa ou na sua empresa, por exemplo, primeiro é o conforto físico e depois vem o conforto afetivo: o que eu posso fazer pra te agradar? Me conte?

As pessoas hoje estão melhor educadas?

Menos educadas, e é muito triste. Estranhamente, elas ficaram individualistas, sozinhas. Elas se bastam.

Você vem de uma família tradicional e rica. Sentiu dificuldade em construir a sua jornada profissional?

Atrapalhou, mas por erro meu de estratégia. Eu ouvia coisas do tipo: ela é bem-nascida, ela é viajada, ela nasceu em berço de ouro. Hoje é muito claro, mas eu vivia pedindo desculpa por ser quem eu era. Até que um dia eu parei e pensei: peraí, eu tenho orgulho da minha família, que industrializou este País, eu não tenho que pedir desculpa por isso. Foi o ponto de virada.

E o fato de ser mulher?

Ainda não é fácil. Mas depois dos sessenta você passa a ser uma mulher meio assexuada, então também já vira uma outra coisa, você vai para a prateleira da referência, do respeito, o que é bom. As mulheres têm sim que prestar atenção na forma de se comunicar para alcançar o equilíbrio entre a firmeza e a feminilidade. Eu tive que provar que tinha autoridade, não é mais por aí.

Você acredita em etiqueta em gestão mais horizontal, sem a hierarquia instalada?

Eu posso ser autêntica, eu posso falar não. Mas tem que ser discreto, tem que ter sobriedade. Valores e postura são determinantes. Porque toda empresa tem estratégia e precisa de resultado. Não acredito muito nessa democracia empresarial. Até porque o jogo de poder existe.

Que conselhos você recebeu na sua vida e que você leva adiante?

Eu cantei com o maestro Benito Juarez, por vários anos, no coral da USP. E ele dizia: “a única coisa que não nos trai é o trabalho”. Eu guardei para sempre.

@claumatarazzo

“A Stock Car é uma categoria que você só entende a profundidade quando entra”

Da brincadeira no kart à Stock Car, Enzo Elias construiu uma trajetória consistente em uma década. As pistas velozes tornaram-se profissão. Aos 23 anos, coleciona vitórias, participa de provas mundo afora e tem Brasília como refúgio

COLECIONADOR DE PÓDIOS

No clima árido de Brasília, Enzo Weisheimer Elias cresceu sob a influência silenciosa do automobilismo que sempre rondou a capital, cidade com talentos da F1 como Nelson Piquet e Felipe Nasr – nomes com quem já dividiu a pista –, mas o despertar para o esporte veio de forma inesperada, durante uma brincadeira em família nas férias de 2013. “Eu fui num kart indoor com a família e gostei muito”, relembra Enzo, hoje um dos nomes mais promissores do automobilismo nacional.

Foto: Rayra Paiva

Com 11 anos à época, pediu ao pai um pacote de vinte aulas de kart, o suficiente para transformar curiosidade em paixão. Logo veio o Kartódromo do Guará, e o cheiro de combustível passou a ter gosto de futuro. “Um dos maiores problemas foi o apoio financeiro para dar sequência na carreira. É um esporte sabidamente caro, e no começo é muito difícil gerar interesse para patrocinadores e apoiadores”, analisa. Ainda assim, ele seguiu. Teve uma breve passagem pelo kart, com dois títulos nacionais, dois Super Kart Brasil e um vice-campeonato paulista. Pela Fórmula 3, na qual permaneceu por um ano, foram três vitórias na categoria rookie, para pilotos com pouca experiência.

A F3 é a porta de entrada no “mundo das fórmulas”. Ayrton Senna e Nelson Piquet, tricampeões do mundo na Fórmula 1, passaram por ela. Os motores respondem com 240 cavalos de potência e os pneus são mais estreitos. Já na F2 são carros maiores, com pneus mais largos e 620 cavalos, que atingem 300 km/h. Na F1, os pilotos usam um monoposto, em que é preciso interagir com as várias funções pelos comandos instalados no volante.

Na Porsche, Enzo conquistou cinco títulos em cinco anos. “Entre eles, dois títulos Sprint, dois títulos Overall e um Endurance. Fui duas vezes o representante brasileiro no programa Júnior mundial da Porsche”, lembra. Em 2019, aos 17 anos, tornou-se o campeão mais jovem da Porsche Cup no mundo. “Foi um momento muito especial e que virou a chave. Quando a gente tem aqueles saltos de maturidade, isso nos faz evoluir muito de um ano para o outro”, diz.

O passo seguinte veio em 2023: a estreia como piloto titular na Stock Car. “É uma categoria que você só entende a profundidade quando entra. Fiz a melhor preparação que pude, mas na primeira etapa percebi o quão competitivo é”, conta. Em 2024, surgiram os pódios e a primeira vitória, no autódromo Velocitta, em São Paulo, com a equipe Scuderia Bandeiras, liderada por Átila Abreu. “Átila acreditou no meu projeto, assim como eu acreditei no projeto dele, quando este ainda era uma ideia”, diz.

Filho de advogada e empresário, Enzo passou a infância em Brasília, onde vive até hoje, mas “parcialmente”, como brinca. A capital federal é seu ponto de apoio. “Sempre que volto, é muito especial, porque fico com a minha família. Gosto de encontrar os amigos, descontrair e relaxar”, confessa. Longe dos motores e dos treinos, Enzo também se entrega a outras paixões: música, gastronomia e aventura. “A música talvez seja a minha segunda paixão depois das corridas”, revela.

Aos 23 anos, Enzo não é só um piloto rápido. Ele alia talento e inteligência de corrida. “Tento ler a corrida ao máximo, mas sem perder a agressividade”. Com treinos no Kartódromo do Guará, musculação, corridas, pedaladas e acompanhamento psicológico, mantém corpo e mente preparados. “Sempre estou fazendo o necessário dentro e fora da pista para conseguir lidar melhor e performar melhor sob pressão”, garante.

A preparação inclui ainda reuniões e viagens. Com apoio do Banco BRB e da Scuderia Bandeiras, mira as competições internacionais de endurance, como World Endurance Championship e 24 Horas de Le Mans. “É a corrida dos meus sonhos. Fazer parte dela na categoria principal seria como achar o pote de ouro”.

Ao lado do “banco do automobilismo”, como gosta de dizer, e da equipe que o viu nascer, Enzo Elias não é mais uma promessa. É uma realidade, que atinge grandes feitos de forma rápida. “Tento todos os dias acordar e buscar ser melhor, evoluir dentro do esporte, para, um dia, poder deitar no travesseiro tranquilo e saber que eu alcancei tudo que eu sonhei”, conclui.

@enzoelias

Fotos:
Divulgação

Fundador da Pioneira da Borracha, Hely Walter Couto fez da nova capital o palco do seu legado. Com quase cem anos de vida, celebra mais de seis décadas de resistência no comércio da W3

ERGUIDO NA POEIRA, FIRMADO NA HISTÓRIA

Por Larissa Duarte

Fotos Rayra Paiva

Enquanto aguarda o demorado semáforo da W3 abrir para pedestres, Hely Walter Couto contempla, silenciosamente, a fachada da sua primeira loja na avenida na quadra 511 Sul. À distância, o olhar quase centenário passeia sem pressa de ponta a ponta do estabelecimento, parecendo reverenciar sua dimensão. Hely aponta para o letreiro que anuncia “Pioneira da Borracha” e diz, com orgulho: “ali vende de tudo”.

Nascido em 3 de novembro de 1925, é justo que o mineiro de Carmo do Paranaíba e ex-alfaiate ainda se maravilhe com o negócio que há mais de seis décadas concretizou sua coragem. No ano de 1958, foi esse sentimento que o fez partir de Belo Horizonte, onde já vivia com a esposa Helenice, para desbravar as oportunidades que a nova capital prometia.

Com o incentivo do amigo e ex-companheiro de quarto Vicente, que havia chegado a Brasília há poucos dias, Hely desembarcou na Cidade Livre, ocupação que acolhia os candangos durante a construção da cidade e que depois ficaria conhecida como Núcleo Bandeirante. “Quando cheguei lá, só tinha barraco de madeira. E o irmão do Vicente, Afonso, já havia separado um para mim também”, lembra. Naquela paisagem árida de poeira vermelha, o cenário era impreciso, mas Hely pressentia: havia ali uma chance de começar algo grande.

Diante de uma demanda crescente e carente de suprimentos, o tino empreendedor de Hely logo falou mais alto. “Transformei o barracão e comecei a vender todo o tipo de mercadoria que os candangos buscavam, como capas, botas, luvas, mangueiras…”, conta. Para batizar o negócio recém-nascido, pensou inicialmente em chamar de “Casa da Borracha”. Mas se era o primeiro do ramo na cidade, por que não “Pioneira”? Assim ficou.

Na esquina da W3

Após quase um ano conciliando as idas e vindas para rever a esposa na capital mineira, Hely decidiu: era hora de fincar raízes. Trouxe a família para Brasília e, com ela, o desejo de fazer crescer o que havia começado. Saiu da Cidade Livre e escolheu a W3 Sul como novo endereço. A avenida ainda engatinhava como polo comercial do Plano Piloto, mas já prometia ser o coração pulsante da capital que nascia. Ali, na altura da 511 Sul, estabeleceu a nova sede da Pioneira da Borracha e deu início a uma história de permanência.

Ao longo das décadas, Hely não apenas acompanhou o florescimento do comércio local como também se engajou ativamente em seu fortalecimento. Quando a W3 começou a perder força com o avanço dos shoppings e centros comerciais na cidade, ele foi uma das principais vozes em defesa da avenida. Inconformado com o abandono do principal eixo comercial da capital, mobilizou lojistas, participou de debates com o poder público e buscou alternativas para recuperar a vitalidade do setor.

Do lado de fora, a megaloja de esquina é como um cartão-postal da avenida. Mesmo com eventuais repaginações na fachada, ela impõe presença. Há mais de sessenta anos resiste ali, firme, sob o olhar de gerações inteiras. Por dentro, os corredores oferecem de tudo: utensílios domésticos, colchões, brinquedos e, claro, uma infinidade de itens de borracha. E se o tempo trouxe modernidade à operação, é na sobreloja, entre arquivos e memórias na ala administrativa, onde a loja revela com mais força o peso da sua história.

Um escritório silencioso, mas que mais parece um relicário, guarda, em cada canto, sinais do tempo e da trajetória do homem que ajudou a erguer um império a partir de um barracão. Entre as dezenas de fotografias penduradas na parede, são poucas as coloridas. Mas o que faz vibrar o cômodo são as histórias por trás de cada um daqueles registros preto e branco.

Além de muitas medalhas e condecorações, tem foto com Oscar Niemeyer, políticos de renome, personalidades que marcaram as primeiras décadas da capital e tamém retratos da família. Em uma das suas imagens favoritas, Hely aparece ao lado de Juscelino Kubitschek, seu grande exemplo. “Ele se comunicava com todo mundo. Era formidável em todos os aspectos”, compartilha. “Mudar a capital do Brasil… Só Juscelino tinha essa coragem!”, comenta, com brilho nos olhos.

Comodoro

Entre 1975 e 1979, Hely ocupou o posto de Comodoro do Iate Clube de Brasília, um dos espaços mais prestigiados da sociedade brasiliense. Por lá, organizou bailes e eventos que marcaram época, sempre recebendo autoridades, empresários e personalidades com a elegância de quem sabia acolher. “Era um local muito bem frequentado. E meus carnavais eram os melhores! Vinha gente de todo o País para participar da festa”, lembra, saudoso.

Foi no Iate onde Hely e JK, conterrâneos, tiveram um encontro que o pioneiro guarda com carinho na memória. Certa vez, durante o último evento que Juscelino prestigiaria no clube, o ex-presidente pediu um lugar para descansar e se recolheu com o empresário em um aposento mais reservado, onde bateu um bom papo com os pés para cima, todo à vontade. “Era um homem muito simples”, define.

Legado

Prestes a completar um século de vida, Hely não esconde a serenidade de quem sabe ter cumprido sua missão. “Eu tenho orgulho de muita coisa que realizei na minha vida, mas uma das maiores é o meu título de Cidadão Honorário de Brasília”, diz, com a certeza de quem ajudou a construir muito mais que uma loja.

De barracão empoeirado à famosa loja da W3, ergueu um legado que vai além das prateleiras onde se acha tudo que precisa. “Brasília mudou a minha vida. Eu era um alfaiate”, resume. “É impressionante o número de pessoas que eu trouxe para cá. Meus amigos, primos, tios… Tantos se mudaram para a capital por minha causa”.

Hoje, eventualmente, Hely visita sua criação, que segue nas mãos de dois filhos, Bráulio e Eduardo, e de um dos netos, Guilherme. Seu olhar tranquilo parece atravessar o tempo com gratidão e ainda repousa, vez ou outra, na fachada da Pioneira da Borracha, como quem reencontra um velho amigo. Um clássico de Brasília e da W3 que nasceu do sonho de Hely e se tornou história da cidade.

Fernando Cavalcanti

Sócio-fundador da Valestrá

GESTÃO COMO PATRIMÔNIO, LEGADO COMO DESTINO

Tratar a gestão como patrimônio separa empresas resilientes das que ficam pelo caminho – e muda a conversa sobre competitividade, risco e futuro.

No Brasil, muitas companhias ainda sucumbem menos por falta de mercado e mais por fragilidades de gestão: planejamento raso, finanças desorganizadas, decisões tributárias sem visão de longo prazo e governança que não acompanha o ritmo do crescimento. Em um ambiente regulatório complexo, isso consome recursos, reduz competitividade e compromete aquilo que sustenta investimentos: a confiança.

Tratar a gestão como patrimônio estratégico muda essa equação. Quando processos, finanças, governança e decisões regulatórias são pensados como arquitetura de valor – e não como custo – a empresa ganha previsibilidade, reduz volatilidade e amplia sua capacidade de escolher caminhos de crescimento. É o tipo de obra que não aparece na vitrine, mas sustenta o edifício inteiro.

“Gestão não é custo; é arquitetura de valor.”

Essa arquitetura começa pela inteligência tributária e regulatória, que organiza a relação da empresa com o Estado, evita desperdícios, dá segurança às operações e aproveita incentivos de forma responsável. Avança pelas finanças corporativas e pelas transações: capitalização, reestruturações societárias e M&A deixam de ser eventos pontuais e passam a compor uma estratégia integrada, com avaliação de riscos, governança do processo e foco na criação de valor no pós-negócio. E se completa com soluções patrimoniais e sucessórias que asseguram continuidade (especialmente em empresas familiares) ao alinhar estrutura societária, governança e o preparo da próxima geração.

“Legado se constrói com decisões que sobrevivem ao ciclo.”

Há ainda um elemento decisivo: a leitura das particularidades setoriais. Em vetores de grande peso – como o agronegócio, o varejo e o consumo, o transporte e a logística, a engenharia e a construção, por exemplo –, variam métricas, marcos regulatórios e dinâmicas competitivas. Quando estratégia, governança e operação dialogam com essa gramática, eficiência deixa de ser episódica e se converte em resultados consistentes.

Brasília, onde a política pública dialoga diariamente com a iniciativa privada, conhece bem o valor da previsibilidade. Para gestores e formuladores, a agenda é comum: reduzir ineficiências, elevar produtividade e dar longevidade aos negócios. Elevar o padrão da assessoria, unindo profundidade técnica, visão estratégica e compromisso com a implementação é parte dessa resposta.

“Arquitetura de gestão: proteger caixa, reduzir risco, ampliar escolhas.”

A Valestrá nasce dessa convicção: transformar gestão em legado. Atuamos para converter vulnerabilidades em vantagem competitiva, fortalecer estruturas e preparar companhias para ciclos mais exigentes. No fim, o que diferencia empresas resilientes é um ativo que não aparece no balanço, mas determina todos os demais.

www.valestra.com.br

Foto: Emerson Lima e Gabriel Rocha
Chef do Nino Cucina
Marco Renzetti

Isabella Campos da Paz

MUSICOTERAPIA: UMA TERAPIA DE VANGUARDA

Você sabia que a musicoterapia pode ajudar na reabilitação física e motora, e no tratamento de pessoas com problemas mentais, emocionais, neurológicos, genéticos, cognitivos, de aprendizagem, de comunicação e de sociabilidade?

Crianças com hiperatividade ou com autismo; adolescentes com depressão ou que sofrem bullying; adultos com estresse, dores crônicas ou câncer; e ainda idosos com Alzheimer ou Parkinson são apenas alguns exemplos de pessoas que podem se beneficiar com a musicoterapia.

Sou musicoterapeuta há 17 anos, com ampla experiência clínica, ex- Presidente da Associação de Musicoterapia do Distrito Federal, pós-graduada em Musicoterapia pelo Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro.

A musicoterapia é uma terapia não-verbal de grande abrangência que ajuda a promover a saúde, e que vem ocupando cada vez mais lugar de destaque em escolas, empresas, clínicas e em importantes hospitais do Brasil e do mundo. Ela utiliza a música de modo sistemático e criterioso, dentro de um processo terapêutico, onde sessões são realizadas para tratar pessoas de todas as idades, individualmente ou

em grupo, de modo a atingir objetivos físicos, emocionais, psíquicos, mentais, sociais, comunitários, empresariais ou institucionais, dentre outros.

Nas sessões, paciente e musicoterapeuta irão produzir música e se relacionar por meio dela, podendo utilizar instrumentos e a voz, criando, combinando e ordenando sons, ruídos e silêncios, de modo livre e criativo. Também poderão ser utilizadas músicas conhecidas ou parte delas. Não é necessário que os pacientes saibam música, cantar ou tocar algum instrumento.

A musicoterapia só pode ser exercida pelo profissional denominado musicoterapeuta, com formação de nível superior em Musicoterapia, devidamente capacitado a realizar intervenções musicais que não causem iatrogenia ou danos aos pacientes, pois a música usada de forma errada também pode fazer mal. Há que se ter cuidado, por exemplo, com pacientes que podem irromper numa crise ou em um surto psicótico. Uma boa anamnese no início do tratamento detectará, por exemplo, se o paciente apresenta problemas de pressão alta ou baixa, se tem hipersensibilidade a determinados tipos de sons, ou ainda se acabou de passar por uma situação emocional traumática onde determinadas músicas poderão ativar memórias desagradáveis.

Artigos científicos internacionais comprovam a eficácia da musicoterapia. Atualmente, encontram-se cerca de 1.400 artigos referenciados na base de dados Medline e 4.600 ensaios clínicos no Cochrane. Eles citam a musicoterapia sendo utilizada, por exemplo, antes, durante e após procedimentos médicos e intervenções cirúrgicas, para diminuir a ansiedade e a dor dos pacientes, reduzindo, inclusive, a necessidade de utilização de remédios, pelos efeitos analgésicos que a música propicia. Com a musicoterapia, gestantes tiveram a sua ansiedade diminuída na sala de parto, assim como prematuros em incubadoras, e até adultos em salas de hemodiálise e quimioterapia.

As evidências científicas mostram que ocorrem mudanças positivas em diversos marcadores fisiológicos, como pressão sanguínea, batimentos cardíacos, nível de cortisol, volume respiratório, grau de contração muscular, ritmo da fala, e até postura corporal. Além disso, os pacientes passam a ter atitudes mais positivas diante da vida.

Por ser uma terapia não-verbal, um de seus importantes diferenciais, pode ajudar quem se sente intimidado a falar de seus problemas. Muitas vezes, a música é um caminho mais curto para se acessar e se expressar emoções, e também uma ferramenta terapêutica valiosa para se atribuir sentidos, o que dá aos pacientes a possibilidade múltipla de ressignificarem fatos, através da utilização da música, e de superarem desafios!

E, por fim, ao se considerar o grande poder motivacional que a música exerce sobre o ser humano, será fácil de entender que a musicoterapia é altamente benéfica, por aliar prazer e bem-estar aos tratamentos.

@isabellapazmusicoterapeuta | www.isabellapaz.com.br

Cantora, professora de canto e musicoterapeuta
Foto: Divulgação

DA SAÚDE AO MERCADO IMOBILIÁRIO

O empresário Iury Zoghaib transformou a disciplina do cuidado em uma marca registrada na consultoria de imóveis de luxo. Com a Private Broker, construiu uma trajetória que une sofisticação, confiança e atendimento humanizado em cada negociação

O que antes era cuidado com vidas, hoje é dedicação a conquistas exclusivas. Iury Zoghaib transformou empatia, precisão e personalização em pilares de um atendimento sofisticado, que se tornou a marca registrada da Private Broker no mercado imobiliário de alto padrão. Foi com essa visão que, em 2018, nasceu a empresa, fruto de uma transição ousada que consolidou sua trajetória em um caminho de sucesso.

Da saúde, Iury trouxe a disciplina do cuidado absoluto e a atenção precisa aos detalhes. Essa mesma filosofia hoje orienta cada negociação imobiliária, traduzida em atendimento humanizado, decisões seguras e uma relação de confiança que se fortalece a cada etapa. Encontrar o imóvel certo vai além de uma decisão financeira: é escolher o cenário em que novas histórias serão escritas e projetos pessoais e profissionais ganharão vida.

A Private Broker se destaca pelo atendimento personalizado, pela discrição e pela atenção minuciosa a cada detalhe. No Brasil, sua sede está em Brasília, onde concentra parte significativa de sua atuação, especialmente em endereços nobres, como a Quadra 500 do Sudoeste, e regiões como Lago Sul, Park Sul, Jardim Botânico e Park Way.

Foto:
Rayra Paiva
Iury Zoghaib e sua equipe redefinem o mercado imobiliário de alto padrão com atendimento exclusivo, personalizado e autêntico
Senna Tower, em Balneário Camboriú
Town House Reserva Jardim Botânico, em Brasília

Essa trajetória ganhou ainda mais solidez com a entrada de Alarisse Fachetti Zoghaib, mulher e parceira de vida de Iury, também vinda da área da saúde. Com sensibilidade e olhar refinado, trouxe ao universo imobiliário de alto padrão uma visão complementar que consolidou a atuação da empresa com leveza e elegância, entregando aos clientes um serviço único, com exclusividade e excelência.

Além de imóveis prontos para morar, a Private Broker mantém forte atuação na intermediação de unidades em fase de lançamento. O acompanhamento vai além da assinatura do contrato: a empresa oferece suporte e apoio contínuo, com uma equipe altamente qualificada, formada pelos principais campeões de vendas em lançamentos imobiliários de Brasília, auxiliando os compradores na relação com arquitetos, decoradores e outros profissionais.

Essa capacidade de adaptação a diferentes contextos e demandas tornou-se marca registrada da Private Broker. Famílias em busca de um novo lar encontram segurança em cada etapa da negociação; investidores interessados em diversificação patrimonial recebem orientação estratégica alinhada às melhores oportunidades dentro do cenário econômico do País e fora dele. “Cada cliente chega com expectativas únicas, e nosso trabalho é garantir escolhas seguras, alinhadas ao que ele realmente busca. O que nos move é a confiança que conseguimos construir nessa relação”, reforça Iury.

Parte desse sucesso está ligada à formação e à trajetória de Iury Zoghaib. Especialista em Negócios Imobiliários, desde a incorporação, passando pela construção, até o acompanhamento pós-venda, ele também acumula expertise em Gestão do Luxo no Mercado Imobiliário Internacional de Alto Padrão e em Direito Imobiliário e Contratos. Além de ter o título de Realtor registrado nos Estados Unidos da América, é certificado pela NAR (National Association of Realtors®️) como CIPS (Certified International Property Specialist), título reconhecido globalmente em mais de oitenta países, que qualifica profissionais para conduzir com excelência negócios imobiliários transfronteiriços de alto valor agregado.

Iury leva para a consultoria imobiliária o mesmo cuidado que aprendeu em sua formação inicial na área da saúde: o de não errar quando a vida de alguém está em jogo. “E esse princípio se reflete no atendimento humanizado que valoriza os sonhos dos clientes e busca sempre transformar negociações em escolhas seguras e consistentes”, define.

Para o empresário, o mercado imobiliário, dinâmico e competitivo, exige respostas rápidas, mas também sensibilidade e atenção aos detalhes em busca da perfeição. “Nosso maior patrimônio é a confiança. Crescemos porque soubemos respeitar o tempo, as necessidades e os desejos de cada cliente, sem pressa, mas com firmeza e responsabilidade. É isso que nos permite continuar expandindo de forma consistente”, afirma.

Além de Brasília, a Private Broker também atua em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Balneário Camboriú, Gramado, Angra dos Reis, Região dos Lagos, Arraial D’Ajuda, Trancoso e João Pessoa. Parcerias estratégicas com construtoras renomadas reforçam sua atuação em lançamentos e imóveis em construção. Fora do País, marca território nos Estados Unidos, Dubai, Itália, Portugal, França, Inglaterra, China, Singapura, Filipinas, Tóquio e Uruguai. Essa rede global garante soluções de altíssimo padrão, seguindo os códigos do mercado de luxo, em destinos estratégicos, sempre alinhadas ao perfil e singularidade de cada cliente. “Nos comportamos, atuamos e nos identificamos como uma Home Boutique Internacional, uma verdadeira grife do mercado imobiliário de luxo e alto padrão”, finaliza Zoghaib.

www.privatebroker.online @privatebroker.international

Foto:
Rayra
Paiva
Fotos: Divulgação
Alarisse Fachetti Zoghaib e Iury Zoghaib, proprietários da Private Broker
Parque Itamaraty, na Quadra 500, do Sudoeste

CIRURGIA SEM FRONTEIRAS

Brasília desponta como referência internacional em cirurgia robótica de coluna. Conhecimento técnico, ensino e precisão transformam a capital federal em centro estratégico da medicina de alta tecnologia

Mais do que realizar intervenções de ponta, a capital federal tem se firmado como um centro disseminador de conhecimento, pesquisa e formação em cirurgia robótica de coluna, por meio do intercâmbio de expertise que conecta Brasília ao mundo. À frente desse movimento está o cirurgião Rodrigo Lima, pioneiro na técnica e referência na especialidade. Sua atuação tem cruzado fronteiras em congressos internacionais e também na recepção de profissionais de outros países, transformando a capital em um hub de aprendizado de alta tecnologia aplicada à cirurgia de coluna.

Recentemente, Lima participou do 26º Congresso Argentino de Coluna, em Puerto Iguazú, com cirurgiões de toda a América do Sul. O médico apresentou a técnica e o uso da navegação 3D associada à robótica para otimizar os resultados cirúrgicos. “O convite para palestrar é reflexo direto da visibilidade que o trabalho desenvolvido em Brasília tem conquistado. Em congressos internacionais como esse, percebemos que a medicina brasileira, sobretudo a da capital, é vista como líder em inovação. Isso mostra que estamos no caminho certo e que temos muito a contribuir com o mundo”, destaca o especialista.

A agenda em 2025 incluiu ainda o Simpósio Internacional de Coluna na Colômbia, onde abordou o uso da robótica em casos complexos, e o Encontro de Cirurgia Minimamente Invasiva, nos Estados Unidos. No Global Spine Congress, um dos eventos mais importantes do setor, realizado no Rio de Janeiro, o cirurgião apresentou estudos comparativos entre os resultados obtidos com a cirurgia robótica e os métodos convencionais. “A robótica exige uma curva de aprendizado específica. Nosso papel é acelerar esse processo, mostrando que a precisão e a minimização de riscos são alcançáveis”, afirma.

Além das viagens, Lima também recebe médicos estrangeiros interessados em aprender os protocolos adotados por sua equipe em Brasília, no Hospital Santa Lúcia Sul.

Somente neste ano, profissionais do México, Argentina, Colômbia e países da Europa estiveram na cidade. “Cada país tem particularidades, desde acesso à tecnologia até estrutura hospitalar. Nosso desafio é adaptar o conhecimento e oferecer soluções viáveis para diferentes realidades”, comenta.

Com essa proposta, Brasília passa a desempenhar um papel estratégico na formação de profissionais que levam a cirurgia robótica a regiões onde a técnica ainda está em desenvolvimento. “A medicina não tem fronteiras. Se um paciente no Peru ou no Paraguai pode se beneficiar do que desenvolvemos aqui, nosso dever é capacitar quem está lá”, analisa. “Ensinar é multiplicar vidas salvas.”

@dr.rodrigo_lima

Fotos: Divulgação

Primeiro modelo da Geely no Brasil, o 100% elétrico Geely EX5 chega a Brasília colocando a cidade na liderança das vendas da marca no País. A capital integra a estratégia nacional da montadora chinesa

GEELY JORLAN-EV ESTREIA EM BRASÍLIA

Em um mercado que se movimenta para receber cada vez mais veículos elétricos, a capital agora é palco da estreia da chinesa Geely no Brasil, um dos maiores grupos automotivos do mundo e controladora de marcas como Volvo, Lotus e Polestar. O primeiro modelo a chegar é o EX5, SUV 100% elétrico que entrega 218 cv de potência, torque imediato de 320 Nm e autonomia de 413 km na versão PRO. Equipado com bateria Blade de fosfato de ferro-lítio (LFP), reconhecida pela durabilidade e segurança, o modelo tem carregamento rápido de 30% a 80% em cerca de vinte minutos e mira um espaço cada vez mais competitivo entre os SUVs elétricos do País.

A representação local ficou a cargo do Grupo Jorlan, com concessionária exclusiva da Geely no Distrito Federal.

Para Marcela Costa e Silva, diretora da Geely Jorlan-ev em Brasília, a escolha da cidade não foi casual: “Brasília, planejada e moderna, é o cenário ideal para apresentar uma marca que une design, inovação e sustentabilidade. O público daqui tem perfil arrojado e alto interesse por soluções de mobilidade inteligente”, diz.

A operação na capital começou de forma estratégica: antes da inauguração do showroom, a Jorlan-ev apresentou o EX5 em um estande no Shopping Iguatemi. O resultado, ainda na pré-venda, surpreendeu: entre 17 e 30 de julho, o desempenho já foi destaque no Brasil antes mesmo da chegada de unidades para test drive na capital. “Isso demonstra a confiança na proposta da Geely e no trabalho do Grupo Jorlan”, afirma Marcela.

Em breve, a marca terá dois pontos fixos de venda: um no Setor de Concessionárias do Aeroporto Internacional de Brasília Presidente Juscelino Kubitschek e outro no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), ambos seguindo padrões globais de atendimento e pós-venda.

Tecnologia avançada, conforto e segurança

Com diferenciais que vão do design à tecnologia embarcada, o EX5 conta com 6 tipos de massagem nos bancos dianteiros, central multimídia de 15,4”, mais de 200 comandos de voz com IA integrada e sistema de som Flyme Auto com conexão de rede 4G. Além disso, oferece segurança e conforto com pacote de assistência ao condutor (ADAS) com 13 funções completas e porta-malas de 461 litros (até 1.877 litros com bancos rebatidos). Inclui controle adaptativo de cruzeiro, frenagem autônoma de emergência e assistente de permanência em faixa.

Silencioso e sustentável, promete uma nova experiência de condução na cidade e na estrada. O EX5 foi projetado para dialogar com diferentes perfis de consumidores. É uma opção para quem vive na cidade e busca praticidade e conectividade, para famílias que priorizam segurança e espaço interno e para entusiastas da inovação que desejam

estar à frente na transição para a mobilidade elétrica. Com preço mais competitivo que SUVs elétricos da mesma categoria, o modelo se posiciona como uma alternativa que combina atributos de marcas premium com maior acessibilidade, um conjunto capaz de ampliar a base de usuários de veículos elétricos no Brasil.

Outro grande diferencial está na bateria Blade LFP (Fosfato de Ferro-Lítio), mais segura, durável e resistente a impactos e temperaturas elevadas. São mais de três mil ciclos de recarga, o que pode chegar a um milhão de quilômetros rodados. Por ser mais fina e leve, ajuda a otimizar o espaço interno e a eficiência energética. Com cobertura nacional de atendimento especializado em todo o Brasil, o carro tem oito anos de garantia para a bateria e seis para o veículo completo.

Uma marca com DNA global

Fundada na China, a Geely se consolidou como referência em mobilidade inteligente e eletrificação, com presença em mais de cem países e portfólio que vai de modelos urbanos a superesportivos. No Brasil, a marca planeja ampliar gradualmente a linha, mantendo padrão global de qualidade e suporte técnico. “A Geely chega para transformar a forma como o brasileiro vê a mobilidade elétrica. E o EX5 é só o começo”, reforça Marcela.

Em Brasília, a rede de pós-venda contará com equipe treinada pela própria montadora, peças originais e apoio do Renault Group, assegurando atendimento especializado e confiabilidade. A chegada da Geely à capital federal marca a consolidação de Brasília como polo estratégico para a mobilidade elétrica no País. “Queremos que o brasiliense perceba que dirigir um carro elétrico de alto padrão, com tecnologia de ponta e preço competitivo, já é uma realidade. Estamos aqui para tornar isso possível”, conclui Marcela.

@geelyjorlanbrasilia www.geelybrasil.com.br/jorlan-df

Acesse o QR Code e fale conosco

Marcela Costa e Silva, Diretora de Operações da Geely Jorlan-ev Brasília
Fotos: Vanessa Castro

O SHOW NÃO PARA

De uma festa entre amigos a um dos maiores festivais do País, o Grupo R2 celebra vinte anos de história, consolida-se como referência nacional em entretenimento e anuncia novos projetos pelo Brasil

O ano era 2005. Brasília era carente de grandes eventos culturais, festas e shows. E dois jovens decidiram investir na noite da capital. Rick Emediato e Rafa Damas apostaram em um mercado, até então, pouco explorado na cidade. Assim nasceu a R2 Produções, promovendo pequenas festas e baladas em boates. Em seguida, com o reforço de mais dois sócios, Bruno Sartório e Eduardo Alves, a empresa amadureceu e se consolidou como Grupo R2. Os quatro, juntos, revolucionaram o mercado do entretenimento no DF, no Centro-Oeste e no País.

Com uma trajetória premiada, o Grupo confirma sua expansão nacional e colhe os frutos de décadas de dedicação apostando no potencial turístico e econômico de Brasília.

Rafael Damas relembra o começo dessa história: “Começamos com zero estrutura e muita força de vontade. O que era só uma festa entre amigos virou um movimento que mudou a cara do entretenimento no DF. De um simples encontro com amigos a um dos maiores festivais do País, o que nunca mudou foi a nossa vontade de criar experiências únicas e memoráveis para todos”.

Da panfletagem na porta de festas à construção de uma praia artificial, os sócios criaram produções originais que agitaram os fins de semana no quadradinho e ganharam

espaço por todo o Brasil: Surreal, Halloween de Cinema, Carnaval no Mané, Bonfim, Festival Meskla, PaGGodin, Big Beach e muito mais.

Ter uma praia em Brasília sempre foi um sonho distante de todo morador da capital, mas, desde 2015, este desejo vem se tornando realidade. O Na Praia Festival já conta com nove edições, milhares de empregos gerados e uma certeza: é apenas o começo. Hoje, é considerado o maior evento de lixo zero do mundo e recebe, a cada edição, mais de trezentas mil pessoas. De dia, um litoral à beira-lago, com programação para todas as idades. De noite, um palco tecnológico e os maiores nomes do cenário musical do País, como Caetano Veloso, Ivete Sangalo, Jorge & Mateus, Marisa Monte, Luan Santana e Djavan.

Foto: Mauricio
Oliveira
Os empresários Bruno Sartório, Ricardo Emediato, Rafael Damas e Eduardo Alves em mais um mérito concebido pelo trabalho do Grupo R2
A 9ª edição Na Praia tem como país-tema a Itália

O parque de entretenimento com os pés na areia deu tão certo que, em 2028, o Grupo R2 vai inaugurar o Na Praia Surfe Clube, complexo que contará com parque aquático, piscina de ondas, centro de treinamento esportivo e de wellness em uma estrutura fixa de 120 mil metros quadrados, aberta durante todo o ano.

Transpira e aprende

Após cinco anos desde a última edição, volta, este ano, o Transpiração, imersão transformadora para empreendedores, empresas e pessoas que queiram se aprofundar no universo da produção de eventos. A quinta edição do curso – que celebra os vinte anos de legado do Grupo R2 e projeta seu futuro – será entre os dias 8 a 14 de setembro, no complexo de entretenimento Na Praia.

Em parceria com o Instituto de ContraCultura (ICC), a imersão de sete dias é voltada para quem já trabalha com produção de eventos e quer levá-los para outro patamar, para marcas que querem entender como podem se conectar com o entretenimento e, também, para quem está começando e quer aprender como se profissionalizar no mercado.

“Para a gente, o Transpiração é um momento de troca e de oportunidades. Tudo o que vivemos nesses vinte anos é contado de uma forma divertida, com vivências e dinâmicas dentro do nosso backstage. É um espaço que abrimos para compartilhar os aprendizados, os desafios, as dores e as superações. Não é um curso, é uma experiência”, afirma Rick Emediato, um dos sócios-fundadores do Grupo R2.

Serão abordados conteúdos amplos e aprofundados, como: produção de eventos; sustentabilidade dentro dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU; captação de recursos; relacionamento com marcas e patrocinadores; comunicação; criação de produto; vendas; estrutura financeira; e jornada do usuário.

Gastronomia inovadora

O Mané Mercado é um complexo de gastronomia e entretenimento que reúne restaurantes, bares, cafés e brinquedoteca, desde 2022. Em Brasília, já conta com duas unidades: Eixo Monumental e Águas Claras. Em breve, ganha sua terceira operação, no Lago Sul. E não para por aí, ainda este ano, a proposta, inovadora no País, chega a São Paulo, no Shopping West Plaza. Inspirado em mercados existentes em vários países, o Mané oferece o conforto do serviço de atendimento às mesas, o que possibilita que o cliente peça diversas opções gastronômicas sem sair do lugar. @r2com.vc

Fotos: Shake It
Já consolidado como um dos principais festivais do DF, o Meskla une arte, música e diversidade
Durante a seca, Brasília recebe uma Praia na beira do lago, com atividades para toda a família
O Carnaval do Mané agita a capital durante o feriado de folia com diversas atrações locais e nacionais

ENTRE BALÕES E MEMÓRIAS

Com 17 anos de história, a Casa&Festa inaugura mais uma unidade no Distrito Federal. A nova loja no Jardim Botânico mostra como a cultura da celebração ganhou força na rotina dos brasilienses

As prateleiras mudam de cor conforme o calendário. Em fevereiro, brilhos e serpentinas; em junho, chapéus de palha, trajes e bandeirinhas; em outubro, itens horripilantes de Halloween; novembro e dezembro, árvores iluminadas e enfeites dourados. A cada estação, a Casa&Festa se reinventa e se confirma como endereço de quem transforma qualquer data em motivo de celebração.

Fundada em 2008, a rede nasceu em Taguatinga, quando Marco Antônio de Oliveira decidiu empreender após uma viagem à China. “Eu achei o ramo interessante e percebi o potencial que tinha no Brasil. Abrimos a primeira loja no Mercado Norte e fomos expandindo. A ideia era simples: oferecer ao cliente tudo o que ele pudesse imaginar para celebrar a vida”, relembra.

De lá para cá, o negócio cresceu com rapidez e ganhou capilaridade. Hoje, além da unidade inicial, estão em funcionamento lojas na Asa Norte, Asa Sul, Águas Claras, Vicente Pires, Taguatinga Sul e no Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA). Foi justamente nessa última que surgiu a linha de produtos personalizados – copos, camisetas, topos de bolo e arranjos de balões com nomes e frases – que se tornou sucesso entre aniversários, casamentos e até eventos corporativos.

O catálogo atual ultrapassa oitenta mil itens, entre fantasias, acessórios, maquiagens temáticas, guloseimas, e chocolates nacionais e importados para consumo pessoal ou uso profissional, utilidades e artigos de confeitaria. Mas, segundo Marco Antônio, a proposta sempre foi ir além da venda de produtos: “Nossa intenção é fomentar a cultura da celebração, trazendo soluções que tornam os eventos mais completos e inesquecíveis. Queremos ser suporte para que cada pessoa consiga transformar sua festa em um momento único”. Essa versatilidade se reflete na organização da rede.

O crescimento, no entanto, não afastou a Casa&Festa da vocação familiar e do contato próximo com os clientes. Marco Antônio acompanha de perto a rotina e observa como o trabalho vai além da prateleira. “Muitas vezes, quem organiza uma festa não sabe do que precisa. Quando chega até nós, descobre soluções que tornam a comemoração mais prática e especial.”

Fotos: Rayra Paiva
Marco Antônio de Oliveira com os filhos, Lucas e Felipe

O catálogo da loja conta com mais de oitenta mil itens

Esse cuidado inclui, ainda, capacitação de funcionários e uma logística eficiente, garantindo que os produtos estejam sempre disponíveis nas épocas certas. Seja para aniversários íntimos, grandes casamentos ou festas temáticas, a Casa&Festa reúne quase tudo em um só lugar.

Expansão

Agora, aos 17 anos de história, a Casa&Festa escreve um novo capítulo com a inauguração de sua sétima unidade, no Botanic Mall, no Jardim Botânico. O espaço de 1,2 mil metros quadrados foi projetado pelo escritório Arqbsb Arquitetura e traz referências à capital já na entrada, com imagens de ipês-rosas que se misturam a detalhes em laranja e verde, cores da identidade da marca.

Mais do que um ponto de venda, a loja foi pensada como um ambiente de inspiração. Entre as novidades, está a área de degustação e demonstração de produtos, onde confeiteiros exibem técnicas e receitas ao vivo. O espaço também será usado para gravação de vídeos e conteúdos digitais, ampliando a interação com os clientes. “Queremos oferecer aos moradores do Jardim Botânico e região a experiência completa que já é marca registrada da Casa&Festa em outras unidades. Essa loja é moderna e preparada para atender às necessidades de quem busca transformar momentos em memórias”, finaliza Marco Antônio.

@casaefesta www.casaefesta.com.br

UM PROJETO PARA QUEM VALORIZA A QUALIDADE DE VIDA SOB TODOS OS PONTOS DE VISTA.

Apartamentos de 4 suítes, com plantas de 219 m² à 586 m², em condomínio fechado com toda a estrutura de lazer e bem-estar, e vista definitiva para a reserva natural.

Arquitetura: Júlio Crosara | Paisagismo: Ana Paula Róseo | Decoração: Liê Arquitetas

O projeto foi aprovado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Distrito Federal (SEDUH). O loteamento Reserva Jardim Botânico encontra-se registrado no Cartório do 2º Ofício de Registro de Imóveis do Distrito Federal, sob os números R.2/167.946, e R.3/167.824. O empreendimento a ser lançado está regularmente registrado no mesmo cartório, sob o número R.7/170220. As imagens contidas neste material têm caráter meramente ilustrativo, retratando unidades decoradas desenvolvidas exclusivamente para fins de ambientação e inspiração. Não representam, portanto, a vista real ou definitiva do empreendimento em lançamento.

PRIMEIRA-DAMA DA VIDA REAL

Mayara Noronha Rocha transformou maternidade e vivências pessoais em motor de ações governamentais. À frente de projetos sociais de impacto no Distrito Federal, construiu um papel atuante e deixa sua marca própria na vida pública

Por Victor Fuzeira

Quando fala sobre si mesma, a primeira-dama do Distrito Federal, Mayara Noronha Rocha, dispensa títulos, cargos e conquistas públicas. Prefere descrever-se em três palavras: mãe, esposa e filha. À primeira vista, a escolha pode parecer trivial – afinal, são papéis comuns a qualquer primeira-dama. Mas, para Mayara, o tripé que a define é também o fio condutor de sua vida privada e, hoje mais do que nunca, da sua atuação pública. Esta, segundo a advogada de 37 anos, marcada pela tentativa de aproximar o Poder Executivo do cotidiano das famílias brasilienses.

Mayara tem uma história como a de milhões de brasilienses. Nascida em Brasília e criada em Taguatinga, a filha de servidores públicos lembra com orgulho que estudou em escola pública e enfrentou os mesmos desafios de milhares de moradores da capital, circulando de ônibus e “zebrinhas” para ir e voltar das aulas. O caminho da 19ª primeira-dama do DF também se entre -

laça ao do marido, Ibaneis Rocha, primeiro governador brasiliense nato, nascido em 1971 no Hospital de Base – patrimônio afetivo da população local.

As experiências vividas em mais de três décadas de vida e de Brasília moldaram sua percepção prática da cidade e despertaram um olhar voltado ao social. Mayara é formada em Direito, com especializações em Direito Público e Previdenciário, e com atuação em órgãos públicos federais e para sindicatos de servidores e associações. A oportunidade de cumprir o que chama de “missão pública” surgiu em 2018, quando um desconhecido da política local ascendeu ao Palácio do Buriti sendo eleito com quase 70% dos votos válidos.

Logo nos primeiros compromissos oficiais ao lado de Ibaneis, Mayara percebeu que não seria apenas acompanhante do governador nas agendas. “Cresci acompanhando várias primeiras-damas de governadores e até mesmo de presidentes, que tinham um papel mais simbólico, sempre ao lado do marido, entregando donativos e cumprindo compromissos oficiais. Mas quando assumi essa função, percebi que queria mais”, afirma.

“Decidi que seria uma primeira-dama atuante.
E, nisso, abracei a área social como minha
pauta prioritária e me engajei em campanhas de impacto nacional”

Ao contrário da imagem tradicional, de figura discreta e protocolar, a primeira-dama optou por assumir uma identidade própria: atuante, criativa e determinada a transformar suas experiências pessoais em políticas públicas – tudo isso longe das paredes de um gabinete. A virada de chave aconteceu em uma visita ao Hospital da Criança de Brasília, onde se encontrou com pacientes mirins 16 dias após dar à luz seu filho Mateus. “Foi ali que me perguntei: será que vou passar quatro anos apenas acompanhando o governador em agendas? Decidi que não. Decidi que seria uma primeira-dama atuante. E, nisso, abracei a área social como minha pauta prioritária e me engajei em campanhas de impacto nacional”, detalha.

A maternidade foi o motor dessa transformação. “A maior dádiva da minha vida foi me tornar mãe. Desde o nascimento do Mateus, redescobri-me como mulher, tornei-me mais grata e passei a enxergar um propósito maior no meu trabalho. A maternidade me fortalece e me conecta com outras mães e crianças, especialmente as que vivem em vulnerabilidade”, diz.

Determinada, mergulhou na política social do GDF. O início, porém, não foi fácil: “Meu maior desafio era lidar com a morosidade da administração pública. Venho da iniciativa privada e gosto de resolver as coisas rápido”, conta. “Com o tempo, as portas se abriram. Hoje consigo unir poder público, iniciativa privada e sociedade para tirar do papel várias ações de governo”, acrescenta.

Um desafio, uma resposta rápida

Entre as primeiras iniciativas sob a sua liderança, estiveram campanhas de arrecadação de alimentos e ações direcionadas a mulheres em situação de vulnerabilidade. Em plena pandemia, Mayara assumiu o comando da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), cargo que ocupou de 2020 a 2022. Ali lançou o Cartão Prato Cheio, que substituiu as cestas básicas por crédito direto em supermercados. “Foi meu primeiro grande projeto como secretária. Ele trouxe dignidade e autonomia às famílias, fortaleceu o comércio local e devolveu recursos públicos à própria população”, recorda. Criado como medida emergencial, o programa tornou-se permanente e hoje é um dos maiores do País em transferência de renda. Com orçamento anual de R$ 31,7 milhões, garante crédito de R$ 250 a 130 mil famílias em situação de insegurança alimentar e nutricional.

Outras iniciativas se consolidaram sob sua coordenação. O Solidariedade Salva transformou Brasília na capital da arrecadação de alimentos, mobilizando produtores de eventos e artistas em uma corrente de doações que garante entregas quase diárias. O Humanizar DF nasceu de uma experiência pessoal: quando Mateus, ainda bebê, engasgou com leite materno, Mayara enfrentou o atendimento frio de um hospital particular e decidiu criar equipes de aco-

“Amo o que faço e, muitas vezes, sinto que já exerço um mandato, ainda que não tenha sido eleita. Mas não vou disputar a próxima eleição. Quem sabe no futuro?”

lhimento humanizado nas unidades públicas geridas pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF). Já o Desaparecidos DF, pioneiro no Brasil, integra todos os órgãos do GDF e alcançou índice de 98% de sucesso na localização de pessoas, colocando o DF entre os líderes nacionais no tema.

Entre os muitos programas com a sua assinatura, Mayara revela o que mais a emociona: o Pontes para o Mundo, que leva estudantes da rede pública a experiências acadêmicas e culturais no exterior. “Era um sonho meu enquanto estudante, mas que eu sabia que não realizaria na época. Hoje, me realizo pelos jovens que conquistam essa oportunidade e pelas famílias que veem os filhos ultrapassando fronteiras com um futuro promissor”, conta.

Entre presente e futuro

O protagonismo alcançado por Mayara ao longo dos últimos cinco anos e a proximidade com as eleições de 2026 despertam inevitáveis especulações sobre suas pretensões políticas. Ao ser questionada sobre o assunto, a primeira-dama, como de costume, não foge da resposta: reconhece que já exerce, na prática, uma espécie de mandato, mas evita antecipar qualquer movimento eleitoral. “Amo o que faço e, muitas vezes, sinto que já exerço um mandato, ainda que não tenha sido eleita. Mas não vou disputar a próxima eleição. Quem sabe no futuro?”, diz. “Por enquanto, meu foco seguirá sendo minha atuação na área social e no fortalecimento das políticas públicas deste governo”, acrescenta.

Independente de cargo eletivo, o único “eleitor” de quem Mayara espera ter sempre o voto é do filho, Mateus, hoje com seis anos (quase a idade do governo Ibaneis Rocha). “Minha maior inspiração é certamente o meu filho. Penso nele em cada decisão e quero que no futuro ele sinta orgulho da mãe e do legado humanitário que deixei”.

Com uma agenda ativa, a primeira-dama admite que, com frequência, precisa abrir mão de momentos em casa: faz visitas frequentes a equipamentos públicos, dialoga com comunidades e também atua em articulações entre governo, sociedade civil e iniciativa privada. Por outro lado, faz questão de levar Mateus consigo nos eventos, convicta de que as experiências ajudaram a despertar, desde cedo, o mesmo olhar solidário que guiou, até aqui, a sua trajetória pública. “Infelizmente, não consigo dar a ele toda a atenção que eu gostaria de dar, porque, se eu focar em ser só mãe, deixo de exercer uma pauta que eu julgo ser de extrema importância”, defende. “Mesmo assim, acredito que esse legado que tenho tentado deixar será um divisor de águas na vida dele”, completa.

Conciliar a vida pública com a privada é, segundo Mayara, um dos maiores desafios de uma primeira-dama. “Sou esposa, sou mãe, sou filha e, antes de qualquer cargo público, minha família é minha base e meu porto seguro. Procuro estar presente em casa, mesmo nos dias mais corridos, valorizando cada momento em família”, diz. Ao lado do governador Ibaneis Rocha, ela conta que a parceria vai além da vida conjugal. “Caminhamos juntos, apoiando um ao outro, mas sempre lembrando que por trás dos cargos somos uma família como qualquer outra, com alegrias, dificuldades e muito amor para dar”, finaliza.

COZINHA, ROCHADEL!

@andre.rochadel

A DESGOURMETIZAÇÃO DO MERCADO GASTRONÔMICO

A gastronomia está voltando às suas origens. É cada vez mais comum vermos novamente estabelecimentos servindo comida de verdade ao invés de espumas, esferificações, técnicas que exigem o uso de produtos químicos e equipamentos sofisticados. Gosto de dizer que estamos vivendo uma desgourmetização.

As décadas de 2000 e 2010 tiveram os restaurantes de alta gastronomia dominados por esse conceito moderno que fica muito bonito no prato, interessante na experiência, mas que aparentemente não satisfaz por muito tempo.

Aos poucos, vimos os restaurantes resgatando a comida de verdade, naturalmente atualizada em sua apresentação e herdando algumas técnicas da mais moderna ciência culinária. Não podemos desprezar tudo. O que foi recebido dessa geração mais preocupada com o modernismo do que com a comida em si, quando faz sentido na cozinha, pode – e deve – ser mantido.

Anthony Bourdain já criticava a falta de alma dessa cozinha de vanguarda em seu best seller Cozinha Confidencial (2000). No livro, o famoso chef relata um diálogo que teve com outro cozinheiro no qual comentam não compreender esses rumos da gastronomia, comparam, inclusive, um prato famoso da época, a “água do mar”.

Comida de boteco
Anthony Bourdain
Fotos: Divulgação
Foto: Rayra
Paiva

Em terras tupiniquins, acompanhamos o movimento de modernização dessa cozinha, que acabou resultando no que Bourdain criticava. Mais importante do que uma refeição memorável, cujos sabores, aromas e texturas foram por muito tempo as estrelas; até que entrou em cena a tal “experiência”, que basicamente surpreendia o comensal com técnicas nunca vistas.

Ressalto que a experiência é sempre o mais importante em um restaurante e ela agrega tudo que ele oferece: refeição, atendimento, decoração. Dito isso, na refeição propriamente dita, que é a que sempre me interessou mais por ser cozinheiro, o importante não é uma espuma que tem sabor de azeitona, ou uma esfera que é caldo de carne, ou um pó que é azeite. O mais importante é o sabor, depois dele, a apresentação.

Repare que até os restaurantes mais contemporâneos atualmente, embora estejam com apresentações de pratos modernas e arrojadas, estão servindo refeições mais simples em sua essência. As técnicas de cocção são clássicas, o investimento é na qualidade de ingredientes e sabores.

Outro fator que vejo estar acontecendo, felizmente, é a percepção de que um prato não precisa seguir o roteiro de ter todas as texturas, sabores e temperaturas para ser considerado completo e elegante. Se ele não tem algo crocante, por exemplo, mas tem toda uma harmonia no paladar, por que forçar mais um elemento?

Alguns dos pratos mais saborosos e memoráveis que experimentei nos últimos anos eram compostos de poucos ingredientes, técnica simples, mas genialidade nas combinações e qualidade nos insumos.

Mas voltando à desgourmetização dos estabelecimentos de alta gastronomia, além de todos os fatores já listados, há também uma tendência louvável no Brasil: valorizar o nosso. Por muito tempo nos espelhamos no que estava em voga no estrangeiro para pautar o nosso elegante, e o jogo virou.

Não me refiro apenas à exploração de ingredientes inusitados como uso de formiga em pratos e drinques, ou utilização de iguarias muito locais, mas sim à revisitação dos nossos medalhões nacionais. Restaurantes de alto nível começam a apresentar o seu PF durante o almoço. Filé com risoto começa a dar espaço para a moqueca, o picadinho, o arroz de cuxá e a rabada.

A razão para este movimento não é apenas pelo paladar e valorização do nacional, mas também econômica. Servir comida é oneroso. Um restaurante tem custos fixos altos e constantes, independentemente de estar movimentado ou não. E o lugar onde há a flexibilidade de gastos é nos insumos e maquinário.

Não estou defendendo de forma alguma ou inferindo que estejamos utilizando ingredientes de pior qualidade, mas sim que estamos escolhendo bons ingredientes que naturalmente já têm um custo mais baixo. Exemplo claro que começo cada vez mais a ver nos menus – felizmente – é a língua bovina. Proteína que por muito tempo foi menosprezada, porém, quem a conhece sabe de seu sabor delicado e textura macia, lembrando até mesmo um filé de vitelo.

Para além da alta gastronomia, a desgourmetização volta para os nossos bares e botecos. Circular pelas ruas do Plano Piloto, por Ipanema, por Jardins e Pinheiros é voltar a encontrar bares deliciosos, com valores honestos e servindo comida de boteco de altíssima qualidade. Torresmo de barriga, moela, jiló, croquetes, tudo saboroso e sem invencionices.

Há também uma equalização do atendimento de salão nesses novos botecos: obviamente eles não são como de uma casa de alta gastronomia, mas combinam a informalidade simpática com o profissionalismo, de forma magistral.

Resultado desse movimento são lugares que fidelizam, nos fazem voltar e criam público cativo. Costumo dizer que ninguém pensa em sair para comer dizendo “mas que vontade de uma esferificação de curry”, mas com certeza saímos de casa com aquela vontade de um arroz de polvo.

Sendo profissional da área de gastronomia, conhecendo as cozinhas por dentro e por fora e um amante da boa comida, esse movimento recente é algo que me anima, e que espero que permaneça por um bom tempo. Uma boa experiência gastronômica deve focar mais no sabor do que em técnicas rebuscadas. Agora faltaria para esse mercado o fim do “Instagramável”, mas essa é uma conversa para uma próxima ocasião.

Gastronomia de vanguarda
Gastronomia contemporânea
Fotos: Divulgação

Da Brasília raiz à contemporânea, os botecos são palco de encontros e memória coletiva.

Clássicos e novatos dividem a cena, mantendo viva a essência da boemia candanga

O ORDINÁRIO COM ALMA E TRADIÇÃO

Brasília foi uma cidade fabricada no meio de um Planalto árido, pontilhado de galhos retorcidos e frutas exóticas. Uma árvore sofre para crescer no deserto e o brasiliense teve igual dificuldade para fincar raízes na areia. Foi apenas em 2018 que o DF passou a contar com mais habitantes nascidos na capital do que migrantes oriundos de outros estados, conforme o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), e isso fez com que a busca por uma identidade candanga fosse bem mais demorada em relação a outras unidades da federação.

A gastronomia é ponto nevrálgico dessa procura por uma definição sociocultural e o cenário de entretenimento e comes e bebes candango tem tentado, cada vez mais, refletir isso. Se houve um momento em que bastava uma referência a um ristorante italiano para fazer um local bombar ou que chamar um bar de gastrobar era positivo para os negócios, chegou o momento de regressar às raízes e valorizar o tratamento intimista, o garçom chamar pelo nome, decorar a bebida favorita, dentre outras coisas. “Acredito que há

espaço para todo mundo, mas as grandes marcas foram para dois extremos: ficaram caros demais, ‘gourmetizados’, ou seguiram uma padronização que não aquece a alma”, opina um dos agitadores dessa cena atual, o chef Antonio Carlos Lichtsztejn, o Tonico, dono do Superquadra, na 404 Norte. Assim, segundo ele, a demanda por locais com ambientes mais humanos e acolhedores cresceu.

Ao refletir sobre o tipo de público que tem buscado os empreendimentos mais raízes, Fernando Marques, sócio do BU.TÉ.QUIM, avalia que as pessoas que “trabalham e querem comer um bom prato feito (PF)” ou aquelas que são mais exigentes e “querem beber um chope e comer o que tem na estufa” geralmente são mais experientes e ensinam essa cultura aos mais jovens. “São clientes mais antigos levando a nova geração para conhecer um autêntico boteco”, diz.

Brasília sempre foi uma capital em construção. E, em meio a arranhões de concreto e saudade, seus botecos se afirmaram como pequenos santuários comunitários, onde se celebra o ordinário com alma e tradição.

Fotos: Divulgação

A tríade pioneira

A tradição sobrevive ao tempo, às intempéries, à pandemia e a tudo o que o mundo resolve jogar contra ela. E assim, a santíssima trindade de botecos do Plano Piloto segue firme. No topo, o Beirute – ou Beirutão, pros íntimos – desde 1966, quase da idade da capital, referência de boemia e comida árabe. Completam a tríade o Libanus, herdeiro da migração árabe que ajudou a moldar a cidade nas décadas de 1960 e 1970, e o bem brasileiro Faisão Dourado, enraizado na Asa Sul, com pratões generosos, preços justos e receptividade lendária. A palavra “gourmet” só aparece quando algum ambulante atravessa a multidão de clientes tentando vender um bombom caseiro para pagar a faculdade (ou o aluguel). Nesses templos sagrados, chamar o lugar de “pé sujo”, pedir o litrão e sentir o gosto da Brasília raiz não só é permitido – é obrigatório.

Libanus

206 Sul e Rua 14 Norte (Águas Claras)

Os característicos arcos abaulados de tijolo cinza na entrada da unidade tradicional na 206 Sul são quase tão icônicos quanto as curvas de Niemeyer no DF. O Libanus é outra entidade do cenário de entretenimento da capital e que, com propriedade, afirma ter “a cerveja mais gelada de Brasília”. As receitas árabes mescladas ao sabor brasileiro, pizzas e pratos executivos, atendem aos candangos desde 1989. Por algum motivo, há quem veja certa rivalidade entre ele e o Beirute, mas o bom boêmio entende que são complementares – nada impede uma noitada ou happy hour de começar em um e terminar no outro – e sabe que a disputa é tão infrutífera quanto decidir se Messi é melhor que Cristiano Ronaldo ou vice-versa. @libanusrestaurante

Beirute

109 Sul e 107 Norte

Se “ser raiz” estivesse no dicionário, bastaria colocar uma foto das fachadas do Beirute para ilustrar perfeitamente. Da história de empreendedorismo e ousadia de Chico e Bartô, ex-garçons da unidade da 109 Sul que arriscaram tudo para comprar o lugar em 1970, ao simbolismo de ainda congregar todos os cleros e nichos sociais de Brasília, existe história e paixão em cada poro do restaurante. Além de ser um bom lugar para conversar e beber com os amigos, conhecer um pouco da culinária árabe por meio da sempre prestigiosa coalhada seca ou do escondidinho árabe é imprescindível para se mesclar ao ambiente. É claro que como todo bar antigo e muito frequentado, cada um terá seu prato e talvez até atendente favorito. E é por isso que ainda é tão amado.

@beirutebar

Faisão

Dourado

314 Sul

A ave que dá nome ao restaurante é um galináceo com baixa capacidade de vôo, um gralhar estridente e coloração amarelada muito mais próxima do laranja do que do ouro. Ainda assim, é um animal imponente, que a princípio parece não fazer jus ao nome, mas cumpre todas as expectativas com uma observação mais atenta. O restaurante é exatamente assim: modesto, mas muito altivo. O estabelecimento é outra pérola dos anos 1990, inaugurada pelo casal Luiz Carlos Rabelo Gonçalves e Monica Briolange Medeiros Rodrigues nas veias pulsantes do Plano Piloto e ainda administrado pelas outras gerações da família. O cardápio por vezes simples (nunca simplório) esconde um dos almoços mais apetitosos da cidade. Para celebrar a vida ou se distrair aos fins de semana, pedir um filé completo, o litrão que estiver mais gelado e levar um grupo é uma pedida certeira.

@faisaodouradorestaurante

A nova safra

Com as bênçãos de Beirute, Libanus e Faisão, surge uma leva de empreendimentos que tem investido nessa pegada e ajudado a capital a ganhar cada vez mais opções “desgourmetizadas”, para todos os gostos. Eles resgatam a simplicidade do balcão, a estufa sempre convidativa e o chope gelado, mas com um olhar contemporâneo. É a prova de que o DNA dos botequins segue vivo, adaptado a novos públicos e tempos.

BU.TÉ.QUIM

306 Sul

Para quem tiver curiosidade de pesquisar a respeito do boteco, a primeira mensagem de descrição que vai encontrar é bem direta: “Comida boa, cerveja gelada e banheiro limpo”. Foi com isso em mente que Claude Capdeville criou o empreendimento, invocando as raízes mineiras dos sócios e com influências de culinárias de São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia. A comprovação está sempre a cargo de quem frequenta, mas desde a identidade visual, passando pelo cardápio e condições do local, fica claro que o BU.TÉ.QUIM cumpre o prometido. As primeiras impressões acontecem antes mesmo de o cliente se acomodar, com uma estufa que já apresenta as credenciais do lugar, mostrando um ovinho de codorna cozido, torresmo, linguiça, costelinha, empada e tudo mais o que transforma uma experiência raiz em uma visita agradável. @bu.te.quim

Estufa Botequim

103 Norte

Sob o lema “comida de chef, preço de boteco”, o Estufa apresenta uma variedade impressionante, seja em eventos temáticos ou no cardápio rotineiro. É possível degustar um lámen na cuia para a janta, beliscar um mix de frios com azeitona, ovo de codorna e salame durante uns bebericos e ainda aproveitar uma sobremesa do calibre de um mousse de chocolate meio amargo com raspas de limão. Toda a variedade é oferecida e assinada pelo chef Leandro Nunes, ex-participante do reality show The Taste Brasil, da GNT, e responsável por outros projetos na capital nos últimos anos. @estufabotequim

Bilisco

413 Norte

Chamar o croquete de Vaca Atolada, complementado com uma pornográfica maionese de pimenta de cheiro, de belisco pode parecer um reducionismo injusto para alguns. Mas é preciso entender que, no Bilisco, trocadilhos à parte, tudo é belisco, seja o taco de carne suína com coalhada e salada, seja a galinhada ou até o sandubão de presunto (carinhosamente apelidado de “Larico”). E é isso que faz com que da receita simples à complexa tudo o que é oferecido no restaurante tenha modéstia e qualidade na mesma medida. Capitaneado pelo chef Diego Badra, que por anos trabalhou no Conca Cozinha Original e já foi apresentador de programas gastronômicos em emissoras do DF, o menu transmite a sensação de que você está sendo exposto a histórias locais e globais em cada bocada.

@biliscobardebelisco

Bilisco
Bu.té.quim
Fotos: Divulgação

Superquadra Bar

404 Norte

Um bar que exibiu o show de despedida de Ozzy Osbourne – e ainda ofereceu um chope para quem fosse vestido com camisas do Black Sabbath – sabe bem o que quer. Comer uma maminha defumada ou uma costela na brasa no coração da Asa Norte é o tipo de experiência que eterniza um happy hour ou transforma um fim de semana à tarde. O Superquadra ainda oferece seu cardápio no complexo gastronômico do Mané, ao lado do Estádio Nacional. O dono, Tonico, é uma figurinha carimbada em eventos gastronômicos e na cena do DF em geral. Ele é um dos que acreditam na abordagem direta e familiar com a clientela para que todos se sintam em casa e se tornem fidedignos. Funciona, viu? @superquadrabar

Boteco Boa Praça

201 Sul

A estética de uma praça retrô e o cardápio de petiscos e pratos do simples ao sofisticado, sem perder a postura de autenticidade. Da linguicinha acebolada a uma boa parmegiana, passando pelos dadinhos de tapioca ou o pãozinho de alho, tudo grita: “você está sentado na pracinha, aproveite”. Ah, claro, tudo regado com opções que vão desde uma cerveja abaixo de zero até Aperol Spritz, Negroni, Fitzgerald ou um Caju Amigo. O Boa Praça do DF faz parte de uma rede com lojas no Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo, mas não deixa de oferecer um approach mais íntimo, complementado por bons drinks e bebidinhas geladas. @botecoboapraca

Zé Torresmo

115 Norte

Abrir as redes do Zé Torresmo e ler que “a vida machuca, o torresmo consola” te faz esboçar um sorrisinho. Rolar pelas imagens de um suculento jiló empanado e recheado com carne de porco ou de uma bem servida feijoada te fazem salivar. Ir ao local na 115 Norte, degustar o cardápio (beliscando um torresminho, claro) acompanhado de um bom chope, te faz querer voltar. O chef André Batista, um barbudo simpático e com bom senso de humor, pode te mandar um joinha do outro lado do balcão.

@zetorresmobsb

Boteco Boa Praça
Superquadra Bar

DICAS DA DRI

Adriana Nasser

Rótulos

Premium

O espumante Gioia Sur Lie

Rosé Nature Denominação de Origem (D.O.) é a mais nova aposta da vinícola Aurora. Elaborado 100% com a uva Pinot Noir, a novidade faz parte da linha de produtos premium da marca no canal digital. Ele é um espumante com Denominação de Origem Altos de Pinto Bandeira, certificação que atesta a tipicidade e qualidade da bebida, reconhecendo as condições únicas de solo e clima da região da Serra Gaúcha. O rótulo já está disponível para compra em loja.vinicolaaurora.com.br

Luxo e inovação

O whisky The Glenlivet acaba de lançar no Brasil dois itens emblemáticos: o single malt 21 anos e o raríssimo quarenta anos. É a primeira vez que a marca traz ao mercado brasileiro produtos deste nível de excelência e maturação. Em um cenário de crescente interesse por rótulos mais sofisticados no Brasil, a categoria de single malts vem ganhando destaque, consolidando o Brasil como o quinto maior mercado global dessa especialidade. As garrafas inéditas já estão disponíveis no e-commerce privado e exclusivo para convidados da Pernod Ricard Brasil destinado a apreciadores e colecionadores. Neste contexto, o The Glenlivet 21 anos terá preço sugerido de R$ 2.499, enquanto o The Glenlivet 40 anos foi valorado em R$ 40 mil. A edição dos quarenta anos é extremamente limitada, com apenas 1.459 garrafas disponíveis no mundo, sendo duas destinadas ao Brasil. @pernodricardbrasil

Foto: Guilherme Jordani
Fotos: Divulgação

Gastrozinha

A cachaça Gastrozinha, criada em Brasília pela chef Raquel Amaral, acaba de conquistar o selo de quatro estrelas no Guia Mapa da Cachaça, publicação referência no setor, assinada por Felipe Jannuzzi e lançada em parceria com o Senac São Paulo. A avaliação teve mais de duzentos rótulos de todo o Brasil em degustações técnicas às cegas. Embora a pontuação vá até cinco estrelas, nenhuma das cachaças da competição atingiu essa marca. Assim, o selo de quatro estrelas foi o nível máximo concedido este ano, colocando a Gastrozinha no topo da produção nacional e como única representante do Distrito Federal a alcançar esse reconhecimento. @chefraquelamaral

Louis Latour

Ano da Serpente

Um vinho italiano raro criado para a China virou sensação no mundo e chega ao Brasil. O rótulo é o microlote do Masi Costasera Amarone Clássico, uma Edição Especial em homenagem ao Ano da Serpente. A Masi elabora sete milhões de garrafas por ano, mas esse tem uma produção de apenas seis mil, por isso despertou tanta atenção entre os apreciadores de vinhos. Para o Brasil, foram reservadas somente 160 unidades, com preço de R$ 1.119,90, importadas pela Grand Cru. www.grandcru.com.br

Raúl Pérez

A Wine Trader traz ao Brasil um dos lançamentos mais aguardados entre os amantes de tintos elegantes e expressivos: Castro Ventosa Valtuille D.O. 2017, criação de Raúl Pérez, considerado por muitos o grande mestre da nova geração de enólogos espanhóis. Produzido a partir de vinhas com mais de cem anos em cinco parcelas da vila de Valtuille, no Bierzo, o vinho é composto em sua maior parte por Mencía (85%), com toques de Alicante Bouschet (10%) e variedades brancas locais (5%). A fermentação ocorre em aço inox, seguida de amadurecimento por 12 meses em barricas francesas de terceiro uso, o que garante delicadeza na integração com a madeira, sem roubar a cena. Com uvas centenárias e a mão do enólogo mais cultuado da Espanha, o tinto combina frescor, rusticidade e elegância na medida certa. www.winetrader.com.br

Perrito

O vinho do Côte de Beaune-Villages acaba de chegar ao Brasil. Com a novidade, a Inovini amplia seu portfólio de Louis Latour, a principal Maison da Borgonha em solo brasileiro. Presente no catálogo de produtos da Inovini desde 2000, Louis Latour detém a maior extensão de vinhedos Grand Cru na região da Borgonha e é a principal referência desta região francesa no Brasil. A parceria de sucesso entre as duas marcas se expandiu ao longo dos anos e, agora, cresceu mais uma vez com a chegada do Côte de Beaune-Villages, totalizando 21 rótulos de Louis Latour no portfólio da importadora.

www.inovini.com.br

O Perrito, vinho boutique criado por Vicente Jorge, um dos maiores Wine Hunters do País, acaba de desembarcar em solo brasileiro. Criado como um presente especial para a filha Bruna Jorge, o rótulo tem como símbolo o cão da família, o carismático Marquinhos, um dachshund, popularmente conhecido como salsichinha. São três versões: tinto, rosé e branco, pensados para harmonizar com o paladar brasileiro, que busca frescor, suavidade, sabor e preço justo. “Perrito é da Bruna, mas nasceu do meu desejo de eternizar essa relação. De pai para filha, com o cachorro da família como símbolo de amor e alegria. Um vinho leve, sincero e com alma”, diz Vicente. @perritowine

Fotos:
Divulgação

Em meio ao nu e à denúncia, o artista ítalo-brasileiro Antonio Veronese prepara um painel que celebra a resistência feminina, marcado por sua cor vermelha visceral

SEIS MARIAS E UM PINTOR ENTRE DOIS MUNDOS

Por Hédio Ferreira Júnior

Fotos Celso Junior

No ateliê inesperado em sua casa no Lago Sul, um celular ainda marcado de tinta repousa sobre a mesa. Antonio Veronese, de calça manchada de cores e humor afiado, não parece se preocupar com acidentes domésticos de artista – afinal, o aparelho havia acabado de mergulhar num balde do seu principal material de trabalho. “Foi batizado”, brinca. É nesse ambiente caótico e cheio de vida que nasce Seis Marias

Na obra, Veronese dá forma a um gesto simbólico: seis mulheres que representam dor, violência e, sobretudo, resistência. Elas são altivas, marcadas no corpo pela tortura da ditadura, mas capazes de se reerguer. “Minha pintura é uma reação ao que vivemos. A violência contra as mulheres não é do passado. Está aqui, todo dia”, diz o artista, com a cadência de quem não perdeu a indignação nem o humor. Presença constante em muitas de suas obras, o vermelho vibrante, quase sanguíneo, que invade o olhar. Em Seis Marias, a cor simboliza não apenas o sangue da repressão e da dor da violência, mas também a energia vital das

“Eu pinto para reagir”

mulheres que resistiram – e resistem – ao peso histórico do machismo. A inspiração na imagem das atrizes de Joana Fomm e Dina Sfat, que enfrentaram a tropa de choque em protestos, é um aceno à memória da ditadura. Mas o gesto vai além da história: Veronese quer falar das mulheres de hoje.

O pintor nunca fugiu do desconforto. Foi assim nos anos 1990, quando levou para o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, os rostos dos meninos assassinados nas ruas cariocas. Foi assim também quando expôs, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), a fome estampada em corpos esqueléticos em Famine, hoje símbolo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma.

É esse misto de lirismo e denúncia que faz dele um caso raro: um artista plástico que circula entre chanceleres e moradores de rua sem jamais perder a ironia interiorana.

Do chope com Tom à sofisticação de Paris

Veronese nasceu em Brotas, interior paulista, mas foi no Rio de Janeiro que encontrou sua primeira musa. Chegou aos 17 anos, alugou uma quitinete “balança-mas-não-cai” em Copacabana e mergulhou de cabeça na vida cultural da cidade. Entre rodas de samba e madrugadas boêmias, teve seu batismo maior: um chope dividido com Tom Jobim, a quem abordou sem cerimônia na mesa do Bar Veloso, em Ipanema.

O encontro com Tom não ficou apenas na lembrança. O maestro escreveu o catálogo da primeira exposição individual de Veronese, em 1990, descrevendo sua obra como “uma apaixonada reação civil” à tensão do Rio. A bênção transformou o pintor em nome incontornável da cena artística brasileira.

Desde então, foram mais de setenta mostras individuais em todos os continentes, incluindo o Carrousel du Louvre, em Paris. Radicado na França há duas décadas, Veronese ganhou da crítica francesa o título de “um dos dez pintores vivos que já deixaram sua marca na história da arte”.

Brasília, amor tardio

Em 2023, prestes a completar setenta anos, a vida amorosa trouxe Veronese de volta ao Brasil. Casado com a nobre senhora da sociedade brasiliense, a pioneira Elizabeth Amorim, descobriu em Brasília uma cidade de araras, céus azuis e… mosquitos que o apavoram. “Meu pavor aqui é o Aedes aegypti”, diz, com o humor mineiro que cultiva

mesmo sendo paulista. Encontrou no Clube do Choro um refúgio musical e nos rostos sem nome um cenário inesperado para suas telas.

O novo lar guarda contrastes: paredes cobertas por obras de arte e telas pintadas por ele mesmo. Ao lado da garagem, um estúdio montado em um quarto onde a tinta escorre sem cerimônia. Foi nesse espaço que recebeu a revista GPS|Brasília, ainda com manchas de cores nas roupas, como quem não consegue separar vida e obra.

Com vida e obra construídas em Paris, onde também reside em parte do ano, Veronese é culto, politizado e divertido. Fala com paixão dos caminhos percorridos. E volta sempre ao mesmo ponto: a arte como reação, como registro, como incômodo.

Seis mulheres, seis espelhos

Com seus 5,6 metros de largura por dois metros de altura, Seis Marias será uma fresta de cor e de memória. Não apenas um painel, mas um lembrete: a democracia brasileira também tem rosto feminino, ferido e resiliente. “Eu pinto para reagir”, resume. E talvez seja essa a essência de Antonio Veronese: reagir ao caos, reagir ao silêncio, reagir até ao balde de tinta que engole o celular. Da tela ou da vida, tudo em Veronese vira pintura.

@antonioveronese_oficial

O artista que não se cala. Transcende fronteiras e expande sua técnica vigorosa em composições que misturam traços caóticos e figuras abstratas. Siron Franco rejeita rótulos, pertencimento ou tudo que o aprisione em si mesmo. Sua obra é o exercício incansável em um mundo colapsante

ENTRE O FASCÍNIO

E O ESPANTO

O olhar sobre tragédias e belezas do mundo em cinquenta anos, utilizando a tela como interlocutora entre a mente e a alma. A humanidade e a existência. A essência e a circunstância. Siron Franco, o mestre que se coloca como eterno aprendiz, cuja expectativa é ainda surpreender com o inesperado. É isso que o move, que o faz morar dentro de seu ateliê em Goiânia e criar ininterruptamente, descolado do mercado, grudado em sua linguagem poética que retrata o caos. Aquela que o faz queimar a própria obra se ela não lhe faz sentir algo.

Influente, notável, leve, inquieto, ativista, a obra de Siron é marcada pela observação do mundo, de acordo com o curador Agnaldo Farias, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Nascido em Goiás Velho, em 1947, Siron elegeu Brasília para sua nova exposição, Siron Franco: Observando o mundo desde o centro do Brasil, na Cerrado Cultural, com vinte pinturas. A perspectiva do artista dialoga com acontecimentos que

vão desde tragédias locais, como o acidente radiológico do Césio-137, até conflitos internacionais e movimentos migratórios.

Você criou quadros bem expandidos, por que obras superdimensionadas?

Desde menino, eu sempre quis fazer quadros grandes. Eu ia aos museus e via aqueles quadros gigantescos. Então, eu fiz um ateliê grande. E, aos poucos, ele foi tomando conta e as composições foram se ampliando. Foi natural isso. As pinturas são grandes esforços físicos. O ateliê é minha academia.

No início houve uma incerteza quanto à sua arte?

Muitos diziam que eu não tinha personalidade porque cada quadro era de um jeito, cada exposição ia para um caminho distinto e os colecionadores ficavam perdidos. Aí eu descobri que, realmente, eu não tenho personalidade, graças a Deus.

“Não quero me tornar profissional. Eu sempre serei amador”

Você se coloca como um observador do mundo?

Desde o início. Eu sou dessa geração que viu muita coisa e ia produzindo. Na época da Guerra Fria, por exemplo, criei uma série chamada Conversações de Paz, que eram seres bem primitivos em cima de uns porcos estranhos. Vinha na minha cabeça e eu precisava fazer, fazer, fazer. Continuo fazendo até hoje.

Criar é sistêmico, existe uma metodologia?

Primeiro, existe um processo, um período de aprendizado, tal qual quem aprende um instrumento. Não é tocar “‘só de ouvido’”. E entendo as técnicas para depois me expressar. Comecei com nove anos. Eu me redescubro como artista a todo instante. Eu gosto de aprender.

Quando você considera ter sido o deslanche da sua carreira?

A Bienal de São Paulo. Eram 75 países, primeiro ganhei como Melhor Pintor Nacional. Em seguida fui para o México, e ganhei de novo. Depois, na América Latina toda. Eu era garoto ainda, tinha uns 28 anos. Na época, não tinha mercado como hoje. Havia Portinari, Di Cavalcanti, os grandes modernistas. Nós fazíamos o trabalho experimental, entre várias coisas.

Você sempre se coloca como um porta-voz de tempos aflitos?

O tempo todo estou fazendo um chamamento. É para o meio ambiente, para a diversidade, para o preconceito.

Acredita que a sua obra faz poesia do que é espantoso?

É curioso, mas eu nunca pensei nisso. Por exemplo, agora estou fazendo um negócio que eu gosto muito, que é uma escultura de oito metros chamada Torre de Babel. Uma torre só de letras. Mas não se consegue criar uma frase. Essa é a ideia. Eu li muito a Bíblia, por causa da minha mãe, que era adventista do sétimo dia.

E os tempos hoje são parecidos com a Torre?

Totalmente. Ninguém tem ninguém. Não há mais diálogos. Cada um na sua com seus celulares. E eu gosto muito de levar arte pública mais para a periferia, porque não tem nada ali, entende?

Você define hiper-realista, ou não?

Somente no início da minha carreira. Antigamente, você era pintor impressionista, expressionista, dadaísta, cubista. Agora é você quem decide. Eu acho que só se pode definir isso após a minha morte. Porque aí é obra pronta.

A sua atmosfera criativa é dramática?

É a realidade, e ela não é de fácil digestão.

Você trabalha com vários quadros ao mesmo tempo?

Vários, porque o óleo demora para secar. Às vezes, fico cinco anos sem tocá-lo, e o olho fica limpo para eu ver numa nova perspectiva. Eu faço primeiro, depois vejo o que eu fiz. E termina quando o quadro se revela para mim.

O que você conservou da raiz goiana?

Não a cultura, mas a arquitetura. Goiânia é uma cidade linda. É tudo muito simples. E Goiás é uma cidade colonial, também muito bonita. Eu estudei sobre ela. E fiz um trabalho chamado Solo Goiano. Em 2017, um amigo me ligou querendo vender um mapa de 1782. Quando fui atrás, descobri que no local havia 16 mil pedras, sendo dois mil e oitocentas esmeraldas. Está em Goiás, no palácio.

“E quando eu não gosto da obra, eu a destruo. Às vezes, boto fogo, dependendo”

Você hoje é um homem descolado do mercado?

Sim, eu não sigo nada, nem a mim mesmo. Eu briguei muito tempo com o mercado. É o que eu quero, quando eu quero. Não quero me tornar profissional. Eu sempre serei amador. Se você é um mestre, você já tem os caminhos.

Você tem favoritos?

Não. Eu guardo uma boa coleção. E quando eu não gosto da obra, eu a destruo. Às vezes, boto fogo, porque acho que não cheguei no momento em que ela faz com que eu a entenda e me gere uma surpresa. Eu vivo atrás de surpresas. Dominar algo é perigoso, porque você já não sente. O que quero é caminhar como aprendiz.

Já se sentiu criativamente vazio?

Eu nunca vivi essa fase. Ao contrário.

A sua pintura envolve mente, coração ou espírito?

Todos os sentidos. É como namorar. Me envolvo e me deixo levar. Me extraio da minha personalidade. A tela me domina.

Você é um homem leve ou você é mais denso, como a sua obra?

Eu sou muito leve. Densa é a sociedade na qual eu vivo.

Qual o seu hobby, além da leitura e da arte?

Eu gosto mesmo é de trabalhar. Faço isso desde os 11 anos, o tempo todo.

Qual legado você deixará para os seus netos?

Eu fiz um trabalho em 1997 e vai ser aberto em 2099. Uma cápsula do tempo em Salvador, no Museu de Arte Moderna. São sete caixas de aço inox. E ali dentro tem recados de prostituta, cientista, artista, fotógrafo, menino de rua. Meu avô era baiano.

Você vê Deus em sua arte?

Claro, eu vejo Deus em tudo.

Uma frase que te define?

Curiosidade. Porque eu acho que eu também não sei quem eu sou.

@sironfranco @cerrado.galeria

Marrakesh
Fotos: Divulgação
Antiga Índia
Efeitos do clima número 01

Para quem acredita que educar é preparar para a vida.

ARTE

MARINA CAMARGO

E A REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO

Entre mapas redesenhados e paisagens recriadas, a obra de Marina Camargo se revela como uma poesia geográfica que desafia os limites entre a representação cartográfica dos espaços e a realidade. Nascida em Maceió e com trajetória consolidada no Brasil, a artista visual, por meio de vídeos, instalações, fotografias e pinturas construiu uma linguagem própria, sempre permeada por uma investigação crítica sobre a forma como ocupamos, registramos e percebemos o espaço.

Formada em Artes Visuais pela UFRGS, com passagens pela Akademie der Bildenden Künste de Munique e pela Universitat de Barcelona, Camargo desenha um percurso artístico profundamente influenciado por experiências internacionais e pela pesquisa interdisciplinar. Sua obra dialoga com temas como geopolítica, identidade territorial e memória histórica, sem se prender a formalismos ou narrativas lineares.

Consultor em investimento em arte mauricio@galeriaclima.com.br

Mapa-mole (Espectro), peça em borracha, 145 x 190cm, 2022
Fotos: Divulgação

Poéticas do deslocamento

A cartografia é, para Camargo, mais do que ferramenta de orientação: é matéria de desconstrução e descoberta. Em obras como Tratado de Limites, apresentada na 8ª

Bienal do Mercosul, a artista investiga os pampas gaúchos e propõe uma reflexão sobre a ideia de fronteira. Segundo ela, os pampas criam uma delimitação geográfica própria, determinada por seu bioma específico, fazendo com que as definições fronteiriças pareçam sem sentido.

Em Mapa-mole (Espectro), a imagem da América do Sul aparece através de sombras e fragmentos de recortes em borracha.

A obra faz parte de uma série de trabalhos relacionados a uma investigação sobre a representação de espaços através da transformação de elementos cartográficos. Com esse trabalho, participou da exposição A Certa Sombra, no Instituto Ling (Porto Alegre), da feira ARCOMadrid e da mostra Sustentável Leveza, na Galeria Clima do Rio de Janeiro.

Outro exemplo é o projeto Como se faz um deserto, inspirado em Os Sertões, de Euclides da Cunha. Camargo atravessa o sertão nordestino, registrando em mapas, imagens e textos as múltiplas camadas simbólicas de um território muitas vezes romantizado ou estigmatizado.

Trajetória internacional e reconhecimento

Com presença marcante em instituições como o Instituto Tomie Ohtake, o MAR, o MARGS e o Haus der Kulturen der Welt, em Berlim, Marina Camargo tem participado de exposições coletivas e individuais que ampliam o alcance de sua investigação poética. Destacam-se ainda participações em eventos internacionais como a Bienal de Xangai e a Trienal de Guangzhou

Indicada ao Prêmio PIPA em diversas edições, Camargo coleciona reconhecimentos como o Açorianos de Artes Plásticas e o Monumento Brasil, além de residências artísticas em Londres, Islândia, China e Alemanha, experiências que reforçam a dimensão transnacional de sua produção.

@galeriaclima @marinacamargo.art

Modelo Geométrico de Planos Mutáveis, escultura em latão, 35,5cm de diâmetro, 2021

A Casa da Moldura inaugura espaço dedicado às artes no Lago Sul. A galeria nasce como ponto de encontro entre tradição, inovação e nomes da arte brasileira

A NOVA CASA DA ARTE

Fundada em 1989, a Casa da Moldura consolidou-se como referência em molduraria de excelência no Distrito Federal. Ao longo de mais de três décadas, acompanhou e impulsionou o desenvolvimento das artes na capital, incorporando ao seu portfólio gravuras assinadas, fotografias autorais e obras originais nas mais diversas técnicas – de óleos sobre tela a aquarelas, desenhos e imagens fotográficas.

Com duas lojas em operação, na Asa Sul e na Asa Norte, a empresa escreve um novo capítulo em sua história com a inauguração da Casa da Moldura Galeria, um espaço dedicado exclusivamente à arte, localizado na QI 9/11 Bloco B, no Lago Sul. O local foi escolhido pelo fundador

e proprietário, Higino França, por considerar que a região dialoga com o requinte do novo projeto da marca.

Com 300 m2 projetados pelo arquiteto Jota Pacini, reconhecido por criar ambientes elegantes e sensoriais, a galeria alia leveza, sofisticação e funcionalidade. Os expositores e painéis móveis foram pensados para valorizar as obras, criando uma experiência visual fluida e imersiva. A proposta é privilegiar a contemplação. Para isso, o espaço clean, de linhas discretas, permite que as obras tenham protagonismo absoluto. A iluminação, cuidadosamente planejada, ressalta cada peça e cria um ambiente intimista e acolhedor, ideal para apreciar a arte com tempo e atenção.

O projeto inclui ainda um lounge concebido para receber artistas, curadores, colecionadores e profissionais da área cultural. O mobiliário assinado por designers brasileiros completa a atmosfera de acolhimento e dialoga com o acervo apresentado.

A Casa da Moldura Galeria nasce com a proposta de comercializar obras originais de grandes nomes da arte brasileira, como Amílcar de Castro, Anita Malfatti, Antônio Poteiro, Athos Bulcão, Carlos Bracher, Burle Marx, Caribé, Darlan Rosa, Luiz Costa, Oscar Niemeyer, Rubem Valentim, Carlos Scliar, Siron Franco, Tarcísio Viriato, Toninho de Souza e Volpi. Um recorte potente que valoriza tanto os mestres consagrados quanto o diálogo com o olhar contemporâneo.

Com atendimento bilíngue e personalizado, a galeria oferece ainda serviços de impressão de imagens, trazidas pelo cliente ou selecionadas do acervo, em diversos tipos de materiais, como vidro, acrílico e metal. O local também disponibiliza o serviço de impressão fine art da marca alemã Hahnemühle, reconhecida mundialmente por seus papéis e canvas de altíssima qualidade, com pH neutro e livres de ácido.

O espaço também vai contar com exposições temporárias com curadoria feita pela própria equipe da galeria, além de mostras abertas ao público.

Higino França, que atua no mercado de decoração há mais de 35 anos, afirma que a Casa da Moldura Galeria representa a união entre tradição, inovação e curadoria criteriosa, um destino para colecionadores e apreciadores das artes. “A decoração de qualquer ambiente não pode prescindir dos quadros, sejam gravuras, esculturas ou óleo sobre tela. As paredes brancas não são aceitas numa boa decoração, por mais minimalista que seja. É nelas, se estabelece a sintonia entre o estilo do ambiente e a técnica criada pelos artistas”, assinala Higino, ao reforçar que o novo projeto é resultado de um trabalho de garimpo feito em galerias e leilões do Brasil afora.

@casadamoldura www.casadamoldura.com.br

Fotos: Vanessa Castro
O fundador Higino França ao lado do CEO, Lucas de Magalhães

TERRITÓRIO AFETIVO

Fotos Vanessa Castro

Entre o concreto imponente e os traços modernistas de Brasília, Arielle Martins descobriu um universo de cor, memória e afeto. Aos 31 anos, a arquiteta formada pela Universidade de Brasília (UnB) transformou o olhar técnico da profissão em expressão artística por meio da ilustração. Inspirada pelas cenas simples da vida urbana, ela criou uma linguagem visual própria, que contrapõe à dureza da paisagem monumental com delicadeza e intensidade cromática.

Filha mais velha de professores, a brasiliense foi uma criança que desenhava muito. “Sempre gostei de arte, mas na hora de escolher a faculdade, segui um caminho mais

A arquitetura, a natureza e o cotidiano instigam a artista brasiliense Arielle Martins a criar ilustrações vibrantes e repletas de brasilidade. Seu trabalho transita com sensibilidade por projetos que vão de grandes marcas a histórias íntimas

racional. Fiz Arquitetura porque unia o que eu amava com algo mais funcional”, conta. Mesmo na graduação, era responsável pelas apresentações gráficas dos projetos. “Gostava de livros ilustrados, revistas, daqueles cadernos de jornal com cartoons… mas não sabia que isso podia ser um trabalho”, lembra.

A virada veio após a formação, quando atuava em obras. A cliente ainda não havia definido o artista para pintar um mural e Arielle se ofereceu para executar. “Eu nunca parei de desenhar. Quando surgiu a oportunidade, perguntei se ela queria ver meu portfólio. Foi com esse primeiro mural que percebi que meu desenho podia ser mais do que uma habilidade, podia ser meu trabalho, minha linguagem, minha marca”, recorda.

Hall Memórias de Brincar, na CasaCor Brasília 2025, uma homenagem à Casa do Candango

Por conta das postagens, começaram a surgir propostas de revistas e ela chegou até a ter ilustrações no jornal The New York Times. O digital foi importante para fazer essa divulgação e as demandas foram chegando de forma natural. Dali, abriu-se o caminho para um portfólio que hoje inclui marcas como Tok&Stok, Monange, Inhotim, Cachaça 51, Copa do Mundo Feminina, Tupperware, Stella Artois, Jansport, Aeroporto de Brasília, entre outras.

Brasília e inspirações

Arielle encontra nas camadas mais sutis da cidade a base para seu universo colorido e afetivo. “Na faculdade, eu achava o máximo essa escala monumental. Com o tempo, fui me encantando pelos espaços residenciais, o paisagismo de Burle Marx, os painéis de Athos Bulcão”. Seu olhar afetuoso se expande ainda para o Cerrado, que, segundo ela, “tem calêndulas, não só ipês; tem cachoeira, chão vermelho, mata fechada – tudo é mais colorido do que parece”. Essa conexão se traduz em uma paleta vibrante: vermelhos, laranjas, amarelos, azuis.

Seu trabalho também carrega um desejo de contar histórias. Outro elemento constante em sua obra é o corpo feminino. “Tenho muita tendência a desenhar mulheres. É algo muito espontâneo. Elas aparecem nos meus traços

sem que eu perceba”, diz. A representatividade feminina, para ela, não é bandeira, é identidade.

Entre suas referências artísticas, destaca Tarsila do Amaral, mas também valoriza produções mais intuitivas. “Gosto muito de arte naïf. São trabalhos fora das escolas formais, mas cheios de riqueza”. A música brasileira, as viagens e a cultura cotidiana também são fontes de inspiração.

Processos e superfícies

A versatilidade é a marca de seus processos criativos. “Cada projeto exige uma lógica própria. O digital segue um caminho. Já quando é para produto, penso na experiência do usuário. Mas sempre começo com uma imersão, conversa com o cliente, pesquisa visual, leitura, música”, explica. Antes mesmo de desenhar, escreve. “Escrevo sobre o que quero transmitir, o que quero que as pessoas sintam com a história que estou contando”.

Seus rascunhos já nascem coloridos. “Gosto de começar com cor”, comenta. Apesar da estética lúdica e afetiva, há planejamento e estrutura por trás das composições. “Talvez isso venha da arquitetura. Há perspectiva, hierarquia das formas. Existe uma lógica, mesmo que pareça livre”. Superfícies diferentes influenciam diretamente seu processo. “Pintar mural é fisicamente exaustivo. E quando o projeto tem grande alcance, dá aquele medo: será que vão entender o que quero dizer?”.

Depois da estreia na CasaCor Brasília 2024, a artista também está com uma obra na mostra deste ano. “É uma vitrine enorme”, reconhece. Desta vez, conta a histórica Casa do Candango, primeira creche da capital. “Quis falar sobre um lugar que muita gente nem conhece, mas que tem uma história linda”.

Mesmo entre projetos de grande visibilidade e alcance nacional, Arielle mantém os pés fincados em suas raízes afetivas. Seu trabalho mais recente é a ilustração do livro Vida e Prosa, escrito por sua avó, Maria Cristina. Um projeto íntimo, carregado de memória e afeto, que reforça o elo entre família, território e criação artística.

@ariellemartiins www.ariellemartins.com

DE BRASÍLIA PARA OS VINGADORES

Tiago Palma é o primeiro artista da capital a ilustrar uma HQ oficial da Marvel Comics. Com traços precisos e muita persistência, o ilustrador conquistou seu espaço no universo dos super-heróis

Por Juliana Eichler

Fotos Rayra Paiva

Foi em uma segunda-feira à tarde o nosso papo com Tiago Palma: o primeiro artista brasiliense a ser contratado pela Marvel Comics, considerada a maior editora de histórias em quadrinhos (HQs) do mundo. Fã confessa desse universo de super-heróis e heroínas, não consegui conter a empolgação ao conferir, com exclusividade à revista GPS|Brasília, os desenhos que vão ilustrar as edições quatro e cinco de Os Novos Vingadores, que acompanham as aventuras do Soldado Invernal, Viúva Negra, Carnificina, Hulk, Namor, Clea e Laura Kinney, a nova Wolverine.

Criado em meio à arte, Tiago herdou a sensibilidade da mãe, jornalista cultural apaixonada por pintura e moda. “O estímulo artístico sempre foi muito presente na minha vida. Ninguém estava ali para me reprimir ou dizer que eu tinha que procurar outra oportunidade”, conta. A influência familiar, no entanto, vai além. Filho do lendário baterista João Palma, que tocou com nomes como Tom Jobim, Dorival Caymmi, Milton Nascimento e até Frank Sinatra, Tiago só conheceu o pai na vida adulta. “Eu tinha a noção de quem o meu pai era, e acho que se isso em algum lugar na minha mente teve um papel indireto ou subliminar, não posso negar”, admite o também músico, baterista nas bandas brasilienses ETNO e Horta Project.

Mas foi um tio desenhista a maior inspiração: “Ele me apresentou muitas coisas sobre quadrinhos. E foi ele quem me deu os primeiros trabalhos com ilustração”, relembra. “Quando ele recebia alguma demanda que não tinha condições de fazer, ele me passava. Foi meu mentor e me ajudou a entrar nesse mercado”, comenta.

Hoje com 42 anos, Tiago lembra que foi no Ensino Médio que teve o seu primeiro trabalho em quadrinhos vendido. “Um grupo da minha sala precisava fazer uma adaptação em quadrinhos do romance Dom Casmurro para um trabalho de literatura, mas ninguém desenhava. Então, eles me contrataram. Guardo aquele desenho até hoje, foi bem marcante”, revela. Formou-se em Publicidade, por considerar o curso uma porta para a criatividade, mas o foco sempre foi a ilustração.

O caminho até a Marvel

O convite para ser o ilustrador das edições quatro e cinco da história Os Novos Vingadores veio, oficialmente, em maio de 2025, mas a jornada para a conquista começou anos antes. Desde 2016, Tiago mantinha contato com representantes da Marvel, enviando desenhos e recebendo feedbacks técnicos. “Isso me permitiu chegar a um nível que eu considero melhor e mais maduro”, destaca. O caminho exigiu talento, claro, mas também dedicação, paciência e presença nos lugares certos para networking.

Eventos como a Comic Con Experience , em São Paulo e San Diego, foram estratégicos. Além de reunir fãs, são terreno fértil para ilustradores mostrarem seus portfólios a olheiros de gigantes como Marvel Comics (Capitão América, Homem de Ferro, Pantera Negra, Hulk, Homem-Aranha) e DC Comics (Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha, Flash, Coringa). Na edição de dezembro de 2024 da CCXP , Tiago reencontrou um recrutador que havia conhecido anos antes. “Mostrei meus trabalhos mais recentes. Ele olhou e disse: ‘Você está pronto. Quando pode começar?’”.

Na época, Tiago estava envolvido em outro projeto e pediu três meses para finalizar seus compromissos. Em março, veio a proposta oficial. Dois meses depois, um e-mail inesquecível: “Bem-vindo ao time Vingadores”. “Era tão grande o que estava acontecendo que demorei a acreditar. Não queria comemorar antes da hora”, confessa.

O processo criativo

Durante a entrevista na Livraria Oto Reifschneider, escondida no subsolo da 302 Norte e com verdadeiras joias em formatos de revistas, quadrinhos e livros, Tiago sacou da mochila um bloco de desenhos e, enquanto conversávamos, começou a rabiscar com naturalidade. O resultado? Um Hulk “cabeludo darkzeira”, como ele mesmo apelidou. Parece rápido, mas exige técnica, conhecimento e experiência.

Para a Marvel, o ilustrador ficou responsável por duas edições da HQ, cada uma com cerca de vinte páginas. Recebe o roteiro escrito por Sam Humphries e, a partir dele, planeja as cenas, desenha e envia para aprovação. Depois, a arte é encaminhada ao colorista.

“Não é impossível, é mais alcançável do que parece”

Acostumado a trabalhar no digital, o maior desafio foi voltar às técnicas tradicionais. O processo começa com esboços digitais, que são impressos em papel especial e, então, finalizados à mão com tinta. “Sou fissurado com detalhes. Levo em média um dia para concluir cada página”, conta. “O mais legal é a liberdade criativa que tenho. Posso seguir meu próprio estilo, desde que respeite a essência visual dos personagens para manter o padrão”.

Desde que a novidade foi anunciada, Tiago tem recebido mensagens de todo o Brasil. “Fico lisonjeado, além de poder estimular quem trabalha com quadrinhos em Brasília. Muita gente me escreve dizendo que estou vivendo o sonho delas, que agora acreditam que também podem chegar lá. Isso me emociona”, compartilha. Por muito tempo, Tiago confessa que duvidou do próprio caminho. ”Eu estava fazendo de tudo para acontecer, mas estava muito difícil. Tem que ter foco, jogar as energias e correr atrás. Não é impossível, é mais alcançável do que parece”, conclui.

@tiago_palma

Trinta anos de São Paulo Fashion Week criaram uma cultura de moda inventiva, diversa e urbana. Nesta temporada, o evento reafirma a vocação de vanguarda e prepara celebração que olha para o futuro com a mesma ousadia do começo

A MODA, O MERCADO, O MANIFESTO SPFW

Do assento à espera de um desfile, existe um segundo em que o tempo ganha ritmo. A equipe técnica dá um último suspiro, os produtores caminham a passo curto, o pit de imagens ajusta o foco como quem mira um pássaro raro. Os vamp lights varrem a passarela. Estilistas levam o olhar para o alto, e entregam aos céus. A sonhada primeira fila alinha a linguagem corporal. A trilha sonora anuncia a atmosfera. É hora de ser magnetizado por modelos que desfilam tendências, códigos e narrativas.

A cada entrada, um compasso novo: alfaiatarias, tecidos tecnológicos, sedas que ganham vento, bordados que exalam brasilidade. Em três décadas ininterruptas, o São Paulo Fashion Week ergueu um palco onde desfilam não só roupas, mas histórias, identidades e manifestos. Consolidou-se como o maior evento de moda da América Latina, um espelho fiel da moda brasileira e da sua potência criativa.

Foto: Divulgação
Músicos em desfile da Aluf, em 2025
Desfile Lino Villaventura
Foto: Fernanda Calfat

Das raízes ao ícone

Em 1993, Paulo Borges atendeu ao convite da empresária Cristiana Arcangeli e concebeu o Phytoervas Fashion; a engrenagem ganhou corpo no ano seguinte: Walter Rodrigues abriu oficialmente o evento com quarenta looks, um gesto fundador que deslocou o eixo da moda brasileira para a passarela profissional. Em 1996, nasce o Morumbi Fashion; em 1999, a semana ganha cobertura do canal E! Entertainment e uma imagem-símbolo crava o evento no noticiário internacional: Kate Moss desfila para a Ellus, o statement Heroin Chic, datando o momento da virada que ampliou ambição e audiência.

2001 sela o batismo definitivo: São Paulo Fashion Week . “A moda precisava ser tratada como cultura, não apenas como comércio”, define Borges. A partir dali, SPFW se torna fórum de comportamento: consumo, sustentabilidade, identidade, diversidade e passarela como linguagem. “Uma das principais mudanças positivas é a inclusão de novos corpos, cores, idades e estilos, deixando aquele padrão tradicional de modelos magras, brancas e jovens. A diversidade tem se tornado uma riqueza adequada à nossa sociedade, mostrando que a moda é para todos”, diz Fernanda Calfat, que há 25 anos cobre o evento.

Fernanda integra um ecossistema da moda brasileira que surgiu naquela época. Paulo articulou um verdadeiro “cérebro coletivo”: editoras e críticas como Regina Guerreiro, Gloria Kalil, Costanza Pascolato, Erika Palomino e Lilian Pacce ampliaram o debate; stylists, fotógrafos e diretores criativos, como Paulo Martinez, Giovanni Frasson, Felipe Venâncio e Fernando Louza. O espaço da moda nos jornais e revistas deixaram de ser notas de rodapé: viraram cadernos especiais. “Cada desfile, cada backstage, cada celebridade, cada jornalista contribui para a credibilidade do evento”, avalia Calfat.

Criatividade em cena

De um lado, a geração que vinha da cena independente; formada por Alexandre Herchcovitch, Ronaldo Fraga, Lino Villaventura, Isabela Capeto, Jum Nakao; de outro, a potência do varejo, com Forum, Zoomp, Ellus, Triton, Ricardo Almeida. Paulo, com sua irmã Graça Borges e Graça Cabral (ex-Zoomp), ergueu uma plataforma que acolhia o risco criativo sem perder tração comercial. A usina de nomes não parou: Reinaldo Lourenço, Gloria Coelho, Osklen, João Pimenta, À La Garçonne, Aluf.

Desde sempre, o SPFW sabe sair da caixa. A Bienal de Niemeyer é a casa histórica. Em 2015, chegou ao Copan e à Casa das Canoas. Em 2009 e 2010, a Cavalera foi ao Minhocão. Em 2016, o Theatro Municipal foi palco de uma abertura solene. As estações do metrô já foram passarelas.

Jum Nakao rasgou, ao vivo, os vestidos de papel e fez da efemeridade o seu manifesto. Ronaldo Fraga homenageou Zuzu Angel e emocionou com a coleção Quem Matou Zuzu Angel. Herchcovitch convocou o imaginário de Zé do Caixão.

No encerramento da N46, em 2018, a Água de Coco apresentou uma coleção com a Disney.

”Em toda a sua trajetória, o Mickey só desfilou em três passarelas de moda no mundo: em Los Angeles, no México e no desfile da Água de Coco no SPFW”, lembra Renato Thomaz, vice-presidente da marca.

Em 2024, a Aluf abriu a temporada com a Orquestra Sinfônica Heliópolis ao vivo. Na última edição, em abril, Herchcovitch;Alexandre criou o set mais comentado da N59 ao desfilar na boate Blue Space. E o encerramento, a cargo da Piet, fez do gramado do estádio Pacaembu a passarela.

Edição N60, outubro de 2025. Trinta anos depois, nas palavras de Paulo Borges, “o SPFW é um projeto em construção, assim como a moda brasileira”. O País mudou, o consumo mudou, a indústria mudou. E a semana soube mudar junto, sem abdicar do espírito de invenção. Na próxima temporada, quando o fade cortar o burburinho e a primeira trilha subir, a cidade prenderá o fôlego mais uma vez. Porque é nesse corredor de luz que a moda brasileira sonha, respira e recomeça. E quando a música parar e as luzes baixarem de novo, resta-nos, mais uma vez, aplaudir.

@spfw www.spfw.com.br

Desfile do estilista Alexandre Herchcovitch em 2009
Foto: Divulgação
“O governo não pensa nem trabalha para o nosso setor”
Paulo Borges

A MENTE QUE

ORQUESTRA OS BASTIDORES

Quem cruza com Paulo Borges no corredor escuro entre a sala de desfiles e o backstage vê um homem de voz baixa, olhar calmo, celular na mão e o rádio sempre à espreita. Idealizador do SPFW, a assinatura de Borges combina curadoria rigorosa, aposta em novos nomes, risco calculado e debates que extrapolam a roupa. Três décadas depois, ele segue igual no essencial: olhar generoso para o novo, disciplina no bastidor e a convicção de que a moda brasileira é um projeto vivo, que se reinventa a cada acender de luz.

Como nasceu o SPFW e qual é hoje o principal papel do evento dentro do ecossistema da moda brasileira?

Durante dez anos, fiquei me perguntando por que não tínhamos uma semana de moda no Brasil, sendo que a indústria têxtil e de confecções sempre foi muito forte e espalhada pelo Brasil. Quando começou, tinha certeza de que a nossa semana precisaria trazer elementos importantes para o nosso mercado. Colocar a moda no âmbito da cultura seria fundamental. Por isso temos sempre um tema, para que possamos trazer pautas importantes para serem tratadas no momento de maior visibilidade da moda. No decorrer dos anos, tornou-se algo não só de um

Olhar SPFW

Em sintonia com os trinta anos do SPFW, a fotógrafa Fernanda Calfat apresenta uma mostra autoral que percorre sua trajetória de 25 anos cobrindo o evento com a mostra Olhar SPFW –25 anos de passarela A curadoria foca sua assinatura de passarela, com recortes, enquadramentos que privilegiam corpo e movimento, a relação íntima com a luz. A exposição estará em cartaz entre os dias 6 e 31 de outubro, em uma galeria na Rua Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo.

protagonismo relevante, mas muito aguardado por todos. E assim é até hoje. O papel do SPFW continua o mesmo desde sua fundação: transformar, potencializar, educar, incluir e pensar sempre para muito além da moda.

Como o SPFW tem olhado para temas como sustentabilidade, diversidade e ancestralidade sem cair no risco do “modismo de agenda”?

Em 2006, o SPFW iniciou projetos focados em sustentabilidade, algo que, na época, ninguém falava. A partir dali, fomos nos transformando e provocando o coletivo. Falamos sobre consumo excessivo, sobre novas formas de produzir e consumir, abraçamos a causa primeiro dentro de casa, mudando a forma de produzir o evento e transformando as pessoas.

A indústria criativa brasileira enfrenta desafios estruturais, da produção à distribuição. Qual é a maior urgência hoje para se fortalecer o mercado globalmente?

Essa urgência tem trinta ou quarenta anos. É a mesma desde sempre. Se não houver um plano estruturante, de fomento, incentivo e um plano de longo prazo, isso nunca aconteceu. O governo não pensa nem trabalha para o nosso setor.

Foto: Fernanda Calfat

Quem faz parte dessa história

Lino Villaventura, estilista

“A importância do SPFW é incontestável para termos uma identidade na moda brasileira. Participando desde 1996 quando Paulo Borges tivemos a oportunidade de mostrar nosso trabalho autoral com muito retorno de mídia, inclusive internacional. Sem falar nas oportunidades para profissionais de beleza, produtores, camareiras entre outras profissões, como styling que até então não se destacavam como hoje em dia. Enfim, precisamos de uma semana de moda séria e relevante.”

Alexandre Herchcovitch, estilista

“O SPFW faz parte da história da moda brasileira e da minha também. A Herchcovitch; Alexandre nasceu praticamente junto com o evento, e desde então crescemos lado a lado, atravessando desafios, conquistas e transformações. Nestes trinta anos, se consolidou como uma plataforma de moda, cultura, inovação e diversidade, sem jamais perder sua identidade. Fazer parte dessa trajetória é mais que um privilégio: é testemunhar, de perto, a força criativa do Brasil.”

Ronaldo Fraga, estilista

“Mais que um calendário, o SPFW ergueu um palco onde a moda brasileira aprendeu a falar, cantar e costurar nosso estilo de fazer moda com a nossa própria língua. Não foi pouco. Poucos países conseguiram criar uma semana de moda que fosse farol no seu continente. Graças à visibilidade que o meu trabalho ganhou através do SPFW, minhas criações caminharam por todo o Brasil e cruzaram oceanos, encontrando outras terras e outros olhares.”

Fabiana Milazzo, estilista

“O SPFW foi um divisor de águas na minha trajetória e na história da marca Fabiana Milazzo. Participar de mais de dez edições nos deu visibilidade nacional, conexões importantes e a chance de mostrar nossa moda para o Brasil. Ao longo dos anos, o evento se transformou, abriu espaço para novas vozes e continua sendo um palco essencial para a moda autoral.”

Celina Hissa, fundadora da Catarina Mina

“Foi marcante o momento em que entramos na passarela junto com as principais artesãs que fortalecem o feito à mão do Ceará, em nosso desfile Guardiãs da Memória. Com o SPFW, começamos a expansão do nosso varejo físico para São Paulo. Tivemos uma projeção nacional, fortalecendo nosso propósito de unir mundos através do artesanato”

Fábio Souza, diretor criativo de À La Garçonne

“O SPFW é importantíssimo para o setor. Vimos o mercado se organizar, fortalecer e expandir diante de sua existência e visibilidade. A moda emprega e gera renda país afora e o SPFW é referência neste ciclo para que esta roda gire e continue forte. Um viva ao Paulo Borges que cuida com muito amor e firmeza do evento mesmo diante das maiores adversidades do mercado da moda.”

Ana Luísa Fernandes, fundadora da Aluf

“O começo da ALUF foi no projeto estufa, que apoiava novas marcas nacionais. O tempo passou e tenho muito orgulho em nos ver inseridos na história da moda nacional através deste evento, que é o mais importante da América Latina. Fazer parte da edição N60 anos é viver a história em tempo real, e ter muito orgulho do que conquistamos até aqui.”

Pedro Andrade, estilista e fundador da Piet

“O SPFW sempre foi um espaço de expressão e criatividade, e poder fazer parte dessa história é especial. Cada desfile que apresentamos aqui foi uma oportunidade de levar a nossa visão para o mundo, de provocar e de dialogar com a moda brasileira. Ver o SPFW completar trinta anos, é celebrar uma das partes mais importantes da minha carreira, que acompanhou a nossa trajetória e que continua impulsionando novas vozes e olhares na moda.”

Liana Thomaz, fundadora da Água de Coco

“O SPFW faz parte da nossa história desde 2002 e temos muito orgulho de desfilar nas maiores passarelas do País. Foi nesse palco que vivemos grandes encontros e tivemos a oportunidade de levar a nossa origem do Ceará para todo o Brasil, mostrando a riqueza da nossa cultura. Para a Água de Coco, cada edição é uma oportunidade de contar histórias e celebrar nossas raízes.”

Lino Villaventura
Alexandre Herchcovitch
Ana Luísa Fernandes
Ronaldo Fraga Celina Hissa Fabiana Milazzo
Pedro Andrade Liana Thomaz Fábio Souza
Fotos: Divulgação Fotos: Divulgação
Foto: Marcelo Soubhia

Aos 85 anos, Regina Guerreiro, a publisher que redefiniu a moda no Brasil nos anos 80 e 90, continua inabalável em sua intrepidez. A trajetória é um exemplo de fortaleza cujos valores consistem na tríade: verdade, fidelidade e autenticidade. Doa a quem doer

“Ainda

temos um complexo de inferioridade crônico de um país colonizado”

AS ARMAS DA RAINHA

“O que a vida quer da gente é coragem”, diz a famosa frase de João Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas. E só com muita bravura é possível fazer o origami do que lhe foi ensinado para se tornar um verdadeiro ícone. Não ter receio de arriscar, de desagradar, de ser convicta, além de árduo trabalho, foi a receita de Regina Guerreiro para ter se tornado o principal nome da moda no País. A trajetória da jornalista e editora de moda surpreende.

Aos 85 anos, sua irreverência segue intacta. Questionada sobre o que significaram as críticas à sua língua afiada, responde: “absolutamente nada”. A resposta não parece ter vindo de uma pessoa criada para seguir os moldes e modos no início do século 20. “Papai nasceu em 1900, mamãe tinha quarenta anos quando vim ao mundo. Eram praticamente meus avós e seus conceitos, e preconceitos, eram arcaicos”, conta. “Não fui a filha que eles sonhavam. Assim que cresci, derrubei muros e saí voando. Eu queria escrever, queria viver”, relembra.

Da juventude no tradicional Colégio Sion, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, lembra das fugas para trabalhar. À época, fazia pesquisa para um programa de tevê do escritor Mário Donato. “Vivia na Biblioteca Municipal ou no arquivo do Estadão, tentando descobrir quem tinha sido quem. Tinha só uma semana para entregar tudo. Era super excitante entrevistar, por exemplo, os descendentes do editor Júlio Mesquita – do jornal O Estado de S.Paulo –, ou os trabalhadores que indiretamente tinham participado da mega escultura do Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret”, conta, empolgada.

As peripécias por causa do trabalho são muitas. No dia de fazer o exame psicotécnico para entrar na Editora Abril, Regina estava em Santos com os pais. “Tive de mentir. Disse que ia passar o dia noutra praia, tomei uma lotação e me mandei para São Paulo. Fiz o tal exame e voltei ao anoitecer. Foi uma saia justa. Eram os anos 1960, ainda um escândalo mulher trabalhar, mas eu já era freelancer na Abril e já tinha entrado na Faculdade Cásper Líbero. Coragem? Não sei de onde tirei. Fui vivendo minhas escolhas e as inevitáveis consequências delas. Corte na mesada… Papai mal-humorado…”, elenca. Mas também, muito orgulho de sua veracidade, marca que lhe acompanha até hoje.

Uma das principais marcas de Regina é a honestidade aliada à sinceridade. “Como profissional no mundo fashion, dizer o que você pensa e o que você sente é coisa rara. Claro que é dificílimo porque as consequências são inevitáveis. De repente, ganha-se flores… ou pedras. Tem gente que nem conheço, e me adora. Mas também quem me detesta”, ressalta. “Tem um filme, chamado Hipnose, que fala sobre autenticidade de um jeito novo, como apenas mais um produto de marketing! Será que até que enfim vou ficar rica?”, brinca.

Regina dirigiu a revista Vogue por 14 anos, esteve à frente da Elle por nove anos e comandou uma agência de moda chamada Choc. Sua palavra era aguardada por estilistas e maquiadores como um selo de aprovação. “Ela educou toda uma geração de profissionais de beleza e moda. Sua sinceridade nos deixava melhores”, afirmou o maquiador Celso Kamura. Crítica feroz, não poupa reflexões sobre a moda nacional. Para ela, o Brasil ainda “imita muito e cria pouco. Ainda temos um complexo de inferioridade crônico de um país colonizado”. Mas ela mantém a esperança. “Precisamos perder o medo de ser Brasil”. E pondera: “roupa é uma coisa, moda é outra. Temos roupas made in Brazil muitíssimo bem feitas atualmente”, diz.

Regina destaca a crise na moda. “Tanto as passarelas nacionais como as internacionais vivem no século 21, mais de memória do que de imaginação. Vejo abismada e entediada um patchwork enlouquecido. Um caos fashion, porque a vida de quase todo mundo está em caos”, diz. E acrescenta um alerta. “Atenção: é preciso lembrar que, nas passarelas, o que vemos são propostas de moda. As ruas do mundo fazem a moda. Só elas contam a verdade de cada país. Suas necessidades, desejos, riquezas, pobrezas, medos e audácias”.

Homenageada na São Paulo Fashion Week com a exposição As Peças da Rainha, com obras inspiradas em editoriais icônicos da editora da década de 1980. A exposição foi idealizada por Paulo Borges, diretor criativo da semana de moda, que trabalhou com a jornalista. “Aprendi muito vendo como ela pensava e criava. E é importante que todos conheçam o trabalho inovador de Regina”, disse, ao lançar a exposição.

Questionada sobre o que nunca lhe perguntaram, ela diz: “se valeu ou não valeu... Mas juro que não sei”. Regina segue olhando para o futuro. Seu desejo? Editar seus livros. “É assim que me sinto viva: no momento em que a frase mágica acontece. Um orgasmo de cabeça. Se alguém ler, ótimo. Se morrer na gaveta, paciência.”

@reginaguerreiro1

Fotos: Divulgação

Mestre dos retratos, Bob Wolfenson revela um lado inédito e contemplativo de sua obra. Na exposição Exteriores, o cotidiano urbano vira poesia visual, moldada pelo acaso e pela sentimentalidade de um olhar de cinco décadas por trás das lentes

QUANDO AS CIDADES SUSSURRAM

Por Marcella Oliveira

Fotos Bob Wolfenson

Conhecido por dar rosto ao Brasil, seja nas capas de revistas, nas páginas da moda ou em nus que desafiam a obviedade, Bob Wolfenson construiu uma carreira sólida moldada pelo controle da luz, do estúdio e da direção. Um olhar sempre atento às minúcias da pose, à construção da imagem, à intenção por trás do clique. Mas agora, em um novo capítulo de sua trajetória, o fotógrafo se deixa guiar por outra força: o improviso das ruas.

Em cartaz até o dia 26 de outubro na Unibes Cultural, em São Paulo, a exposição Exteriores reúne 53 fotografias feitas em diferentes cidades do mundo, capturadas em andanças intuitivas. São cenas que escapam ao roteiro: um gesto distraído, uma sombra inesperada, um corpo que cruza a lente e desaparece em seguida. Em comum,

Londres, Inglaterra, 2012
Foto:
Divulgação

há uma espécie de lirismo silencioso, quase melancólico, que convida o público a olhar devagar.

Diferentemente das imagens que consagraram Bob nos seus 55 anos de carreira, aqui não há direção, não há personagem principal. Há o registro do instante. As fotos formam um mosaico de atmosferas e revelam muito sobre o próprio fotógrafo, que se coloca como observador do mundo e, ao mesmo tempo, de si mesmo. “Muito embora eu seja formado no ambiente controlado de um estúdio fotográfico, ocasionalmente, ao longo de minha trajetória, caminhei pelas ruas das cidades e pelas trilhas dos campos, carregando minha câmera em saídas aleatórias assim como um escritor faz seus apontamentos em um caderno de notas”, diz o fotógrafo.

O projeto expográfico é assinado por André Vainer, e propõe uma experiência sensorial e fluida, com corredores paralelos que conduzem o visitante por uma espécie de narrativa. Com curadoria compartilhada entre o próprio Bob e a pesquisadora Ana Tonezzer, a mostra, que é gratuita, se debruça sobre o que o fotógrafo define como “desertos imaginários”, espaços onde a solidão urbana e a

impermanência revelam sua própria beleza. A exposição também dará origem a um livro, com projeto gráfico de Edu Hirama, reforçando o desejo do artista de fixar o efêmero, de dar corpo ao que costuma passar despercebido. Exteriores não é sobre os lugares por onde o fotógrafo passou. É sobre o que ficou dentro dele.

@bobwolfenson www.unibescultural.org.br

Xangai, China, 2007
Belém, Brasil, 2025
Sabie Sand, África do Sul, 1998

Magnetismo e consistência. A alta-costura segue equilibrando deslumbramento e classicismo. Grandiosidade e intenção. Em convergência, a reverência pelos códigos maisons O artesanato é impecável, o romantismo sempre será grandioso (PS)

COUTURE CODE

ArdAzAei
Maison Margiela
Schiaparelli
Stéphane Rolland
Zuhair Murad
Armani
Lever
Elie Saab
Elie Saab
Chanel

FORMA E FUNÇÃO

Legados centenários, antepassados em memória. Em honra a novos caminhos, sapatos e bolsas são arquétipos culturais que definem status, identidade e refinamento. Símbolos de design, criação e reflexão. A alma do luxo em movimento (PS)

Louis Vuitton
Paco Rabanne
Chanel
Hermès
Gucci
Dior
Prada
Dolce&Gabbana
Fendi
Chloé
Fendi
Chanel

Conexão digital, período de transição. Intelectualismo, vidas versáteis. Design fluido, funcionalidade, adaptabilidade serena. Nostalgia frente ao mundo em colapso. O consumo consciente abraça a natureza. Herança, mãos humanas. A cultura do romantismo. O rebelde e o lúdico (PS)

DESIGN

Max Mara
Prada
Zimmermann
Dior
Zegna
Ralph Lauren
Amiri
Maison Margiela
Dries Van Noten

THINKING

Hermès
Dolce&Gabbana
Gucci
Saint Laurent
Emporio Armani
Céline
Louis Vuitton

Looks serenos. Vitalidade em contraste com versatilidade. Homens sofisticados, de vida exuberante e discrição moderada. A alfaiataria traz compostura em narrativas urbanas, com trajes formais em estruturas flexíveis (PS)

Loro Piana para Farfetch - R$ 6.489
Louis Vuitton - R$ 2.030
IWC - R$ 170 mil
Dior
Hermès
Dior - preço sob consulta
Dolce&Gabbana - preço sob consulta
Boss - R$ 8.300
Louis Vuitton - R$ 73 mil
Gucci - preço sob consulta
Dior - preço sob consulta
Adidas - R$ 799,99
Prada - R$ 8.400
Bottega Veneta - R$ 55.960
Birkenstock - preço sob consulta

Fendi Eaux d’Artifice (preço sob consulta) – Fragrância de Jérôme di Marino inspirada na Fontana di Trevi.

BEAUTY ESSENTIALS

Kérastase Glaze Drops (R$ 399) – Óleo finalizador com pipeta dosadora, com efeito antifrizz de até cem horas.

Eucerin Anti-Pigment Gel de Limpeza Esfoliante (R$ 89,90) – Com AHA e glicerol, promove esfoliação suave e auxilia no clareamento de manchas.

Texturas inovadoras, fórmulas inteligentes, fragrâncias que encantam. O universo da beleza traduz tendências globais em produtos que unem ciência, sofisticação e propósito. Da pele ao cabelo, do cuidado diário ao luxo olfativo, as novidades chegam para transformar rituais em experiências. E isso reforça que a beleza é, acima de tudo, um gesto de bemestar. (Por Marcella Oliveira)

ISDIN Hyaluronic Eyes (R$ 219,90) – Gel refrescante para contorno dos olhos com ácido hialurônico e aplicador metálico.

Magic Beauty Selador Injeção de Nutrição (R$ 49,90) –Leave-in rico em vitaminas, extrato de damasco e cereais.

Olera Bálsamo de Limpeza (R$ 129) – Com TI35® do açaí, sílica de arroz e ativos calmantes, vegano, hipoalergênico e cruelty-free.

Amend Science Renovador Capilar (R$ 54,90) – Com aminoácidos reparadores e Bond Rebuild Complex.

Dove Óleo de Banho Glicerinado (R$ 39,90) – Combina glicerina e ácido esteárico, limpa e hidrata com textura cremosa.

Ellementti Mio Filler (R$ 189) – Sérum com neuropeptídeos e PHA que suaviza linhas finas com efeito preenchedor.

Natura Chronos Derma Essência de Tratamento (R$ 139) – Nova fórmula, com bioativos de candeia,

Authentic Nourishing Oil (R$ 509, 140ml) – Óleo multifuncional para rosto, corpo e cabelo, com 100% de ingredientes naturais.

Eudora Matte Supreme (R$ 55,99) – Batom líquido matte criado com a colaboração de dez mil consumidoras.

vitamina C e ácido hialurônico.
People Colour Perfumes Capilares #01, #02 e #03 (R$ 79, 30ml) – Perfumes para os fios com niacinamida e base alcoólica orgânica.

Jane Birkin, perpétua no luxo. Na bolsa Hermès que leva o seu nome, as charm bags inundaram ruas e passarelas. Reverência à atriz britânica que, na década de 60, fez com que a sua liberdade transbordasse o mundo em irreverência, leveza e charme. Assim surgiram penduricalhos em sua tote. Cinco décadas se foram, e o statement se mantém vivo (PS)

DISCRETA SENSATEZ

Miu Miu - R$ 25.500
Fendi - R$ 23 mil
Louis Vuitton - R$ 18.200
R$ 4.500
Balenciaga - R$ 69 mil
Prada - R$ 21.500
Dolce & Gabbana - R$ 13 mil

A intrépida surrealista: a inconfundível narrativa da designer

ÍCONES

Isadora Campos Palhares

@isadoracampos

PAOLA VILAS

Designer de vanguarda, a carioca Paola Vilas expressa sua visão sobre o feminino em esculturas para serem usadas e vividas. Em multidisciplinares obras de arte, que permeiam o universo da alta joalheria, acessórios e mobiliário, a empreendedora e fundadora de sua marca homônima celebra o surrea lismo e recebe reconhecimento global pela sua estética energética e inconfundível. “Escolhi a joalheria como uma forma de expressar mi nha vis o feminismo, mas sempre sob uma perspectiva est provocativa e escultural”, sintetiza.

Para ela, criatividade é um fluxo constante cujo desenvol vimento está ao alcance de todos. “Nunca matei minha curiosidade sobre o mundo. Coloco sempre mais perguntas do que respostas sobre tudo. Isso me faz olhar para a mesma coisa por diferentes ângulos. Não há uma verdade absoluta. Busco sempre questionar a percepção geral sobre as coisas

Fotos: Divulgação

Paola aplica suas ideias em esculturas, desenhos e pinturas desde jovem. Afinal, ela crê que toda criança nasce criando. “Sou uma pessoa que realiza, pois não há criatividade sem criação. É preciso aplicar a criatividade em algo. Acredito demais na experimentação, em permitir-se errar e aprender sem medos. Essa é a única forma de inovar, a única forma de ser verdadeiramente criativo”, diz.

Sua personalidade intrépida a motivou a erguer a sua marca há nove anos. Por meio de colaborações e de mergulhos profundos em seu universo criativo, Paola faz uma apoteose aos corpos humanos em conexão, sobretudo com uma irreverência nata que faz dela uma das mais icônicas artistas brasileiras da atualidade.

O reconhecimento foi orgânico, crescente e monumental, sendo celebrada nas mais prestigiadas multimarcas internacionais, como Net-À-Porter, Moda Operandi, Selfridges, LF Corp, Lane Crawford, Joseph, Koibord, em Londres; Wald, em Berlim; Rinascente, em Milão; Secret Location, em Vancouver, em razão de suas criações, valorizadas como obras de arte imbuídas de significado e capazes de instigar o olhar.

Ganhou o mundo como a primeira designer latino-americana a ser convidada pela gigante Lancôme a criar o frasco do perfume afamado La Vie Est Belle. Tendo se formado em Design Gráfico pela PUC-Rio e estudado Artes na Saint Martins, de Londres, Paola ofereceu uma leitura poética e modernista ao frasco, sem perder a sua própria essência cheia de bossa e irreverência: “É uma fragrância muito relevante, que faz parte da identidade de milhares de mulheres no mundo, e está presente no imaginário de tantas outras como algo que desperta emoções elevadas. A oportunidade de trabalhar ao lado de uma empresa líder em seu mercado por um longo e intenso período foi inesquecível e encantadora”, confidenciou ela, que se sentiu extremamente honrada com o convite à colaboração.

Segundo Paola, grávida de sua primogênita, a inspiração também veio dos ingredientes puros da Lancôme, que tornaram o minimalismo parte do conceito. “Assim como da minha peça mais emblemática, Louise, uma escultura usável que representa um corpo feminino ousado e minimalista”, completa ela, que se sentiu livre para criar após ter mergulhado no âmago da Lancôme e assegurar um encantamento absoluto com todas as possibilidades que surgiam na interseção entre seus universos.

A marca conta com duas lojas próprias, na Oscar Freire, em São Paulo, e no Leblon, no Rio de Janeiro. O seu acervo de mobiliário pode ser encontrado no site BooBam e valorizado por arquitetos de renome. Na capital federal, Paola já desembarcou em eventos com curadoria das empresárias Dani Kniggendorf e Patrícia Vaz, e antecipa que logo retornará em novos projetos. “Adoro Brasília e a estética das brasilienses”, finaliza.

@paolavilas

ENTRE NÓS

Patricia Justino

pattyjustino@hotmail.com – @patjustinovaz

Minimalista, versátil e atemporal

A moda fitness brasileira acaba de ganhar um novo nome para ficar de olho: SIÉ. Mais do que roupas de treino, a marca criou um movimento que promove estilo, propósito e autocuidado. Sob o comando das empresárias Esther Marques e Michelle Coleto, a SIÉ aposta num minimalismo chique em suas coleções. São peças versáteis que transitam com leveza da academia para o mundo. Tecidos brasileiros tecnológicos, cartelas de cores elegantes, modelagens diferenciadas, que traduz o estilo da mulher dinâmica, consciente e exigente. Cada peça produzida é pensada para oferecer conforto, abraçando o corpo sem restringir movimentos, além, é claro, valorizar a silhueta de forma elegante. Para quem não abre mão de sentir-se bem vestida, seja na esteira, no pilates ou no café pós-treino, esse é um convite a se movimentar com atitude. www.siebyesther.com.br

Momma Brunch

A Momma, casa de doces brasilienses famosa pelos seus deliciosos quitutes sem açúcar, glúten e lácteos, expande sua atuação com o lançamento do Momma Brunch. Localizado dentro da academia SIX no Lago Sul, porém aberto ao público em geral, o espaço funciona todos os dias, das 7h às 20h, oferecendo desde opções de café da manhã até pratos para almoço e jantar. O café da manhã inclui preparações clássicas com toques saudáveis, como o omelete francês, ovos mexidos cremosos, cuscuz, crepiocas recheadas, sanduíches com pães artesanais de fermentação natural e toasts variados, além dos tradicionais doces em fatias, bombons, minis, gelatos e uma linha nova de smoothies proteicos. Já no almoço e jantar, proteínas diversas com acompanhamentos como farofa de castanhas, arroz negro e vegetais. Um mix perfeito de alimentação nutritiva com equilíbrio e prazer. @adoromomma

Fotos: Divulgação

Entre makes e vinhos

Para cada passo do seu dia

Summer Camp para tenistas

Em meio ao charme ensolarado de Mallorca, na Espanha, o complexo esportivo Rafa Nadal Academy é mais do que um programa de treinamento para tenistas, é um mergulho na filosofia de excelência para campeões do esporte. Criada pelo próprio Rafael Nadal, a academia combina treinos intensivos, metodologia de alto nível e acompanhamento personalizado aliados à tecnologia, tudo isso numa infraestrutura surpreendente que inspira tanto jovens promessas quanto entusiastas do esporte. Entre mais de quarenta quadras, hotelaria cinco estrelas, restaurantes inspirados nos cenários dos famosos grand slams, museu, spa, lojas e cafeterias, cada participante vive dias memoráveis de superação, disciplina, construção de valores morais e, claro, momentos para usufruir de cada espaço. www.rafanadalacademy.com

De Nova York a Tóquio, passando pelas ruas de São Paulo, é impossível não notar um par de Hoka nos pés dos mais antenados. A marca californiana, criada inicialmente para corredores, conquistou um público mais amplo: de esportistas de alto rendimento a fashionistas que priorizam conforto com estilo. O segredo? Solados ultramacios, amortecimento inovador e design ousado que virou objeto de desejo. Presença frequente em editoriais de moda e shootings de street style, o Hoka virou o queridinho do momento e, cada vez mais, quebra paradigmas ao mostrar que tênis de performance pode também ser protagonista de looks urbanos e antenados. Mais do que um acessório, eles representam um lifestyle ativo, conectado e contemporâneo. Uma verdadeira declaração de estilo. www.hoka.com

Degustar um buffet gastronômico assinado e na sequência transitar por um ritual de autocuidado, uma experiência sensorial para despertar os cinco sentidos. O objetivo principal? Aprender truques de maquiagem com vinhos harmonizados com cada etapa da beleza. Essa é a proposta do novo curso de automaquiagem com degustação de vinhos que acabou de ser lançado por meio de uma parceria entre as empresas Quadra Concept e a Wine C, em Brasília. Num ambiente intimista e acolhedor, a Casa Quadra, no Lago Sul, Pat Vaz e Lara Torres recebem a renomada beauty artist Ariella Gaia, que compartilha técnicas para realçar a beleza natural, escolher produtos ideais e criar diferentes visuais para o dia e para a noite. Paralelamente, a sommelière conduz uma degustação harmoniosa, explorando rótulos especiais, aflorando ainda mais os sentidos. Trata-se de encontros que vão muito além do aprendizado prático: são também oportunidades de desconectar da rotina, se divertir entre amigas e brindar à beleza – por dentro e por fora. Uma experiência que celebra o prazer de se cuidar e de viver bons momentos: taça em uma mão, pincel na outra. @quadraconcept_

ENTRE O DESERTO E O MAR DE CONCRETO

Dos arranha-céus reluzentes às tradições milenares, a cidade dos superlativos impressiona em cada detalhe. A multifacetada Dubai é um destino onde o passado conversa com o futuro em dimensões majestosas

Dubai – A fama que rodeia Dubai tem seus fundamentos, mas não pode definir o que este, que é um dos sete Emirados Árabes Unidos, tem como essência. O luxo e a ostentação fazem parte da cidade dos superlativos, assim como a segurança, a qualidade de vida e, principalmente, os costumes nacionais. Depois de conhecê-la, a palavra eleita para defini-la foi “contrastante”. É inegável que a veia suntuosa pulsa fortemente por lá. Dubai é a cidade das hipérboles, e basta uma olhada no Guinness World Records para confirmar.

Passeio Deserto
Arabian Boutique Hotel
Fotos: Divulgação

O título de “maior do mundo” aparece em todos os cantos: no prédio mais alto do planeta, no maior shopping, na maior roda-gigante, na mais extensa fonte dançante e até na moldura mais grandiosa. Mas o que realmente fascina é o equilíbrio entre passado e futuro, tradição e vanguarda. Multifacetada, Dubai transita com harmonia entre os arranha-céus reluzentes e os souks ancestrais. Num mesmo dia, é possível tomar um brunch no 122º andar do Burj Khalifa e, poucos minutos de caminhada depois, negociar tapetes em vielas perfumadas.

Aliás, o aroma é uma constante. Para os árabes, a perfumaria representa uma rica tradição cultural, uma expressão de luxo e hospitalidade, e uma conexão com práticas milenares e até mesmo espirituais. Para os turistas, o código de vestimenta pode gerar dúvidas, mas é simples: ombros e pernas à mostra são permitidos em locais turísticos, enquanto as mulheres árabes seguem com suas abayas – túnica longa, preta e solta que cobre o corpo todo – e shaylas – véu leve usado para cobrir o cabelo.

A convite do Departamento de Economia e Turismo de Dubai (Visit Dubai), percorremos dois braços dessa cidade pulsante: o luxo contemporâneo e a herança histórica. A experiência começou com uma hospedagem no Vida Dubai Mall, hotel com vista privilegiada para o Burj Khalifa e seus 828 metros de altura. Depois, a jornada seguiu para o Arabian Boutique Hotel, na região conhecida como Old Dubai, ponto de partida para explorar o lado mais tradicional da cidade.

Foram quatro dias de imersão na cultura por meio da hospitalidade, museus, observatórios, shopping, centro cultural, aquário, beach club, deserto, prédios com mais de 140 andares, souk (mercado) e restaurantes estrelados.

Sem dúvidas, o momento mais especial foi o passeio pelo deserto. Depois de uma hora de carro, chegamos ao acampamento erguido nas areias alaranjadas. Por lá, para nos sentirmos como os locais, vestimos ghutra e sheila, os panos amarrados na cabeça de homens e mulheres. Em Land Rovers vintage, partimos e vivenciamos uma experiência de falcoaria, a arte de criar, treinar e cuidar de falcões, e um jantar gourmet servindo carne de camelo em um acampamento tradicional. A ideia é realmente sentir-se como os emiratis que ali viviam séculos atrás. Além de passeios em camelos, uma artista de Mehndi (também conhecido como Henna) fica à disposição para quem quiser fazer uma pintura típica no corpo.

Depois de uma programação intensa, não foram apenas os atrativos turísticos de Dubai que impressionaram; foi justamente a dualidade entre passado e futuro que provou a reputação da cidade: o ultramoderno e o ancestral, o concreto e a areia, o silêncio das dunas e o burburinho dos shoppings. Dubai é uma cidade que não se acomoda, ela se reinventa. É uma mistura de culturas, hábitos, idiomas e histórias que fascina.

@visit.dubai

*A jornalista viajou a convite de Departamento de Economia e Turismo de Dubai

Dubai vista do alto

Do topo do mundo à palma da mão: os observatórios de Dubai oferecem algumas das vistas mais impactantes que se podem ter. O At the Top, no Burj Khalifa, impressiona pela grandiosidade e pela sensação de estar sobrevoando a cidade. A partir dos andares 124 e 125, o visitante tem uma visão panorâmica. O melhor horário para fazer o passeio é por volta das 8h, já que há chances de filas enormes se formaram ao longo do dia, além do fato de que a temperatura tende a ser mais amena no começo da manhã. Já o The View at The Palm, na ilha artificial Palm Jumeirah, proporciona uma vista de 360º que inclui marcos como o hotel sete estrelas Burj Al Arab e o skyline futurista de Dubai, uma experiência que reafirma o poder de imaginação e execução dos Emirados.

Sabores que atravessam fronteiras

Entre experiências gastronômicas sofisticadas e imersões culturais, a culinária de Dubai surpreende em todos os sentidos. Destaque para o 11 Woodfire, restaurante estrelado pelo Guia Michelin e comandado pelo chef Akmal Anuar. Localizada em uma charmosa vila na Jumeirah Beach Road, a casa oferece uma experiência gastronômica sofisticada com sabores globais preparados no fogo. O Bait Maryam encantou com pratos do Levante assinados pela chef Salam Dakkak, uma verdadeira viagem pelos sabores da Síria, Jordânia e Palestina. O Li’Brasil, restaurante do luxuoso hotel Address Beach Resort, proporcionou uma fusão vibrante entre a culinária libanesa e a brasileira, com vista deslumbrante para o mar e para a icônica Ain Dubai, roda gigante localizada na Ilha Bluewaters.

O passado presente

O Museu Al Shindagha, às margens do Dubai Creek, é um centro cultural que preserva a história e as tradições dos Emirados. Com exposições interativas, o museu conta a evolução de Dubai, desde suas raízes beduínas até sua modernização. É um destino essencial para quem deseja conhecer a herança da cidade e sentir os aromas que estão espalhados por todos os espaços. No bairro de Al Fahidi, o Sheikh Mohammed Centre for Cultural Understanding (SMCCU) aposta na imersão autêntica nos costumes, tradições e na hospitalidade dos Emirados, incentivando o diálogo aberto sobre a cultura com os locais. Oferece palestras, tours históricos e refeições tradicionais. Já o Museu do Futuro, uma das obras arquitetônicas mais impressionantes da atualidade e considerada uma das mais inovadoras do século, mergulha nas possibilidades do amanhã, com temas como inteligência artificial, sustentabilidade e saúde. Outro ponto alto foi o Art Museum Dubai, uma experiência sensorial que mistura arte digital, som e aromas em instalações imersivas, dentro do Dubai Mall.

Fotos: Divulgação

A alma dos Emirados

Uma das experiências mais autênticas foi a visita ao bairro histórico de Al Fahidi, onde os souks encantam pelos aromas e pelas negociações. O Souk do Ouro e o Souk das Especiarias encantam com seus aromas, cores e produtos tradicionais. O comércio local, retratado em diversos filmes hollywoodianos, é algo que traduz a cultura dos Emirados, e que permite aprender a negociar.

Outro programa imperdível foi a visita ao Global Village, parque multicultural ao ar livre que reúne pavilhões de dezenas de países. Gastronomia, artesanato, shows e atrações típicas transformam o espaço em um verdadeiro passeio ao redor do mundo.

Para vivenciar

O Dubai Aquarium & Underwater Zoo impressiona pela quantidade de animais marinhos, incluindo tubarões, raias e o maior crocodilo do mundo, e oferece experiências imersivas como mergulho em gaiola e passeios em barco com fundo de vidro. O Alserkal Avenue, o principal polo de arte e cultura de Dubai, localizado no bairro Al Quoz, tem galerias de arte contemporânea, estúdios criativos, espaços para apresentações e cafés independentes. Com clima propício para quem deseja passar o dia na piscina ou curtindo o mar e o sol, os beach clubs atraem turistas e também os locais. Visitamos o Be Beach, conhecido por sua atmosfera elegante, pela música animada e pela vista privilegiada para a maior roda gigante do mundo. O clube oferece piscina, lounges exclusivos, gastronomia contemporânea e eventos com DJs renomados. Até o banheiro pode impressionar, já que estão disponíveis itens como escova de cabelo, algodão, demaquilante e até secador de cabelo da Dyson.

O SILÊNCIO DE PERTENCER

Fundada há trinta anos em Londres, a Soho House entrega o conceito de uma comunidade global unida pela criatividade, sofisticação e respeito. Com mais de 212 mil membros mundo afora, ela se consolida em São Paulo com o público quiet luxury

O local é silencioso, com um toque de mistério que faz parte do charme. Localizada discretamente no histórico Complexo Matarazzo, a Soho House São Paulo não grita sua presença. Ela sussurra. A fachada é quase anônima. Tudo ali parece propositalmente afastado dos excessos, uma espécie de luxo que não precisa ser anunciado. A Soho não quer parecer exclusiva. Ela é.

Primeira da América do Sul, a casa faz parte de uma comunidade global com mais de 212 mil membros e segue o mesmo princípio desde a fundação da primeira unidade, em Londres, em 1995: reunir pessoas criativas, de diferentes áreas e origens, em um espaço inspirador. Para se tornar membro, é preciso passar por uma avaliação do comitê, que busca candidatos com alma criativa e alinhamento com os valores da casa: diversidade, criatividade, gentileza e respeito.

Durante o dia, funciona como um clube de trabalho silencioso, onde nascem boas conversas em diferentes idiomas. A atmosfera lembra uma biblioteca londrina com curadoria de arte contemporânea. Inspira concentração. Nem fotografar o ambiente é permitido.

À medida que a tarde avança, o local muda de tom, literalmente. Às 18h, as luzes diminuem até o ponto em que é quase impossível continuar trabalhando. É uma escolha consciente da casa: sinalizar, pela iluminação, que o dia termina e o convívio social começa. Velas são acesas nas mesas, os computadores se fecham, os celulares desaparecem. Privacidade e presença ganham espaço.

As pessoas tomam conta dos ambientes. Sala de jogos com mesa de sinuca, sofás para boas conversas, lareiras que aquecem as noite mais frias e mesas com grupos para compartilhar uma refeição, do menu assinado pelo chef executivo João Melo, que combina clássicos internacionais da Soho com a culinária brasileira – destaques para as massas frescas e pizzas assadas em forno à lenha.

Fotos: Divulgação
A unidade paulistana foi inaugurada há um ano e está localizada no bairro Bela Vista

O bar principal tem clima de clube londrino: madeira escura, bancos altos ao redor do balcão, vozes baixas e bartenders que conhecem os frequentadores pelo nome. Pedi um Casa Verde, drink criado especialmente para celebrar a abertura da unidade paulistana. Ele leva rum de coco, cachaça, maracujá, sakê e um toque de pimenta verde. “Uma releitura da caipirinha”, explica Alexandre, o barman.

Na terça-feira em que visitamos o local, o jazz foi a atração da noite. Talks, oficinas, eventos, shows intimistas, festas, lançamentos e encontros com nomes da arte, da música e da moda movimentam a agenda semanal. Ali não há VIP. Todos os membros estão no mesmo nível: criativo, social, humano. Essa talvez seja a essência da Soho: um espaço onde a beleza está nos gestos, nos detalhes e nos encontros sem holofotes.

Sua casa fora de casa

A frase que guia a hospitalidade da Soho House é clara: “Your home away from home”. E não é apenas retórica. São 32 quartos, divididos em categorias como Tiny, Medium e Large, alguns com banheiras, outros com terraços privativos, disponíveis para reserva também para não-membros. Há peças originais brasileiras dos anos 1960, pisos de madeira de demolição e azulejos pintados à mão nos banheiros. No quarto, luz ajustável, bandeja com utensílios para o hóspede preparar seu próprio drink, sete travesseiros sobre a cama (um padrão nas casas ao redor do mundo) e amenities.

Embora traga referências da casa original, a sede paulistana, localizada no bairro Bela Vista ao lado do luxuoso Rosewood Hotel e da Capela Santa Luzia, tem identidade brasileira. O projeto foi assinado pelo Soho House Design, com colaboração de artesãos e fornecedores locais. Há madeira de imbuia, cumaru, jequitibá e pedras de origem nacional nos acabamentos, além de mobiliário feito sob medida. Alguns móveis brasileiros são originais dos anos 1960.

Uma das coisas mais legais é observar nas paredes partes descascadas. O objetivo foi manter e preservar a história arquitetônica do prédio, que foi o antigo Hospital Matarazzo, fundado por Francesco Matarazzo em 1904 para atender à grande comunidade italiana residente na cidade.

A coleção de arte é um espetáculo à parte, com obras de mais de sessenta artistas brasileiros, como Leda Catunda, Castiel Vitorino Brasileiro, Paulo Nimer Pjota, Yuli Yamagata e Alexandre da Cunha, além de murais e instalações exclusivas. A arte não está confinada a uma galeria: ela ocupa paredes, corredores, quartos e salões, como se fizesse parte natural da paisagem. A casa abriga ainda uma academia, espaços para eventos privativos e um pool bar no rooftop

Em São Paulo, a anuidade Local House custa R$8,5 mil (com acesso somente à unidade da capital paulista) e a Every House, R$21,5 mil (para acesso a todas as 46 Soho Houses no mundo). A cada visita, cada membro pode levar três convidados.

A unidade paulista é um capítulo dentro da história da Soho House. A marca ganhou destaque global no início dos anos 2000 com a expansão para os Estados Unidos e a abertura das casas em Nova York e Los Angeles. A original, na Greek Street, continua sendo emblemática.

A Soho House não é um lugar para ostentar. É um espaço para ser. E esse é talvez o maior luxo que ela oferece: a liberdade de viver experiências com privacidade, conforto e inspiração, sem o peso da performance social. Ela não é apenas um clube. É, como promete, uma casa fora de casa, para quem sabe que pertencer é mais sobre conexão do que sobre acesso.

@sohohousesaopaulo www.sohohouse.com

EXPLORA

Marcella Oliveira

@marcella_oliveira – marcellaoliveira@gmail.com

Fotos: Divulgação

O charme francês entre arquitetura, sabores e coquetéis

O restaurante L’Avenue, no Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, consegue surpreender ao unir a sofisticação da cozinha francesa com um ambiente de arquitetura impecável. Entre as entradas, destaca-se o carpaccio de vieira. Nos pratos principais, destaque para a lagosta grelhada com spicy mayo e limão, o Le Tigre (filé mignon com molho tailandês) e o carré de cordeiro com molho de iogurte, menta, tabasco e suco de limão. O bar também merece menção especial. Em um espaço arquitetonicamente lindo, a carta aposta em clássicos e em criações autorais – entre elas, mocktails como o Mexico City, feito com agave, pimenta, limão, água de coco e abacaxi. Uma combinação perfeita entre gastronomia, coquetelaria e atmosfera, com sotaque francês e espírito paulistano. @lavenuebrasil

Quando o vinho é cuidado como um legado

Em Bento Gonçalves (RS), no coração do Vale dos Vinhedos, a Casa Valduga é mais do que uma vinícola: é um símbolo de tradição familiar, excelência e atenção aos detalhes. Fundada pelo patriarca Luiz Valduga, a vinícola é hoje comandada pelos filhos e netos, como Jonas Valduga, que conduz pessoalmente parte dos grupos de visitação. Entre maquinários de ponta e a maior cave de espumantes da América Latina, impressiona a simplicidade. Uma senhora cola rótulos à mão, música clássica toca nas caves para “acalmar” o vinho. “Faz bem para o vinho e para a gente”, resume Jonas. Cada garrafa parece carregada de história, afeto e valores. Fé, família e trabalho são as três estrelas do brasão da família, e também os pilares do negócio. Mais do que os prêmios internacionais ou a exportação para 24 países, o que torna a visita especial é justamente o calor humano. A experiência inclui tour guiado, degustações, a opção de hospedar-se no local e uma sequência italiana no restaurante Maria Valduga. Um passeio que revela o que o Brasil tem de melhor: qualidade, generosidade e alma. @casavaldugaoficial | www.casavalduga.com.br

Restaurante Maria Valduga

Tradição em chocolate, agora em forma de experiência gastronômica

Clássico absoluto em Gramado, o Chocolate Lugano expandiu sua atuação e agora convida o público a viver uma verdadeira imersão gastronômica na recém-inaugurada Casa Lugano, instalada em um imóvel de três andares na charmosa Rua Coberta. A novidade mistura confeitaria, fondue, pizzas e osteria italiana em ambientes distintos, cuidadosamente projetados. No térreo, a Lorita Osteria Italiana serve pratos autorais inspirados na cozinha afetiva. A carta de drinques, assinada pelo premiado mixologista Márcio Silva, complementa bem a experiência. No segundo andar, uma pâtisserie sofisticada promete doces refinados e chocolates artesanais. E no terceiro, batizado de Espaço 1976, em referência ao ano de fundação da marca de chocolates, estão as disputadas sequências de fondue. A mais completa traz queijos como Gruyère e Comté, carnes nobres como wagyu e cordeiro e um fondue de chocolate com acompanhamentos selecionados: tudo isso com vista panorâmica de tirar o fôlego. A Casa Lugano já virou parada obrigatória para quem ama experiências gastronômicas cheias de afeto, sabor e beleza. Um novo clássico em Gramado. @casa.lugano | www.chocolatelugano.com.br

Wishlist

: uma travessia

nos Lençóis Maranhenses com a OIÁ

Cenário de beleza quase surreal, os Lençóis Maranhenses vêm firmando-se como um dos destinos mais desejados do Brasil, e ganham novos contornos com a proposta de imersão da OIÁ Casa Lençóis. Entre maio e novembro, a hospedaria realiza um roteiro de seis dias conectando Santo Amaro à comunidade de Patacas, em uma jornada que combina natureza, conforto e brasilidade. Grupos pequenos, hospedagens cheias de personalidade, refeições com ingredientes locais e uma curadoria de experiências guiada pela diretora criativa Marina Linhares. A travessia pode ser feita em 4x4 ou a pé, ao longo de 12 km entre dunas e lagoas. Ao final, o grupo é recebido em uma antiga cabana de pescador adaptada para uma hospedagem rústica e charmosa, com jantar sob as estrelas. A experiência é um convite ao tempo desacelerado, ao silêncio e ao contato profundo com a cultura local. Um roteiro que transforma o olhar e o modo de viajar. @oia_br | www.oia.com.br

A casa fica na Rua Coberta
Fotos: Rafael Schneider
A travessia nos Lençóis Maranhenses

VIVA VIC

Rodeada por amigos e familiares, Victoria Lira festejou seus 15 anos em celebração que entrou para a lista das mais inesquecíveis da capital. A festa foi realizada na casa do avô materno da jovem – o ex-senador Raimundo Lira – e reuniu cerca de 650 convidados no Lago Sul. Cristina Gomes ficou responsável por orquestrar o momento, e Valéria Leão Bittar assinou o décor da festa, abundante em flores nos tons de rosa e vermelho. Victoria elegeu dois looks do estilista Júnior Santaella para a grande noite, embalada pelos DJs Lizzo Music e Matheus Fonseca, além dos cantores Léo Foguete e Felipe Amorim.

Fotos: Celso Junior, Rayra Paiva e Vanessa Castro

Flay Leite Lira e Eduardo Lira
Junto dos familiares, Isabela Lira faz discurso para a filha
A aniversariante Victoria Lira
Rogério, Rodolfo e Eduardo Lira
Senador Raimundo Lira
Fábio Lara Campos Takla, Maria Lara Campos Takla, Luiz Eduardo Lira e Henrique Souza
A aniversariante e o irmão, Luiz Arthur Lira
Sofia, Rodolfo e Marina Lira
Hora do parabéns!
Antonio e Flor Rueda
Luana e Hugo Motta Adriana Chaves e Agenor Neto
Paula Santana e Celso Junior
Bia e Edmur Araújo
Marita Lira e Eduarda Bettiol
Sandro e Giselle Avelar
In Loom Lim e Sônia Lim
Melissa Zuba, Maria Cecília Rueda, Isabela Feu, Maria Fernanda Maia, Marita Lira e Eduarda Bettiol
Luana e Alexandre Baldy

DESTINOS TRAÇADOS

Em cerimônia na Catedral Metropolitana de Brasília, os advogados Luanna Perdiz e Mateus Casas disseram seu tão aguardado “Sim”, embalados por uma apresentação de 54 músicos da Orquestra Sinfônica de Brasília. A noiva encantou com um modelo Júnior Santaella com beleza assinada por Antônio Barbosa e Ricardo Maia. Para celebrar o momento, uma grande festa aguardava o casal e seus 600 convidados no Clube de Engenharia, com décor em tons de rosa, branco e violeta assinado por Valéria Leão Bittar, e catering Sweet Cake.

Fotos: Rodrigo Sack

O casal selou a união com um beijo apaixonado
Detalhes do vestido e beleza de Luanna
Matheus Casas e Mônica Oliveira
A noiva entra acompanhada do pai, José Perdiz Pedro Perdiz e Iane Jesus
Hora da dança!
A noiva chega à Catedral
Padrinhos e madrinhas reunidos junto ao casal
Da decoração aos drinks, tudo ao gosto do casal
Celebrando o amor!
Laura Pompêo e a pequena Sofia
Após a cerimônia, o registro do novo casal com a família
José Perdiz
Luciano Gomes e Verceli Fagundes, avós da noiva

BÊNÇÃO EM ALGARVE

As falésias da região ao sul de Portugal formaram o cenário ideal para o enlace de Priscila Freitas e Maurício Martins, em cerimônia para 160 convidados no Tivoli Carvoeiro. Lembrada por seu estilo minimalista e sofisticado, a noiva, estilista à frente do ateliê Carpe, surgiu em um vestido autoral com peplum e modelagem arquitetônica. A recepção seguiu nas falésias, com trilha sonora do quarteto de gypsy jazz Rouge Manouche, e menu gastronômico rico em frutos do mar e pratos locais, assinados pelo próprio Tivoli. Ao todo foram três dias de celebração.

Fotos: Tulio Coutto

O altar em meio às falésias
O amor de Priscila e Maurício A noiva assinou
Depois do sim, o beijo
Vitor e Roberta Martins
Noivo e padrinhos festejam
A família da noiva
Raissa Capibaribe e Victor Conde Nogueira
Denis e Tais Brites
Raissa Capibaribe, Thais Costa, Luma Lins, Isabella Sousa e Thayna Reis
Marina de Carvalho, irmã da noiva

JUNTOS PARA SEMPRE

Em uma tarde ensolarada no jardim da casa dos pais da noiva, Maria Eduarda Amaral e Alexandre de Queiroz selaram sua união em cerimônia conduzida pela Pastora Carla, amiga de longa data da família. Maria Tereza Cavalcanti foi responsável pela ambientação, que contou com experiência gastronômica do Unique Buffet, ilha de sobremesas da Mandiê Doceria e outras delícias assinadas pela Cirônia e TB Cake and Sweet. Além dos drinks criativos da Week Bar, também chamou a atenção um bar de whiskey com rótulos selecionados do acervo pessoal do pai da noiva. Duda usou um modelo clássico do estilista Lucas Anderi e joias Miranda Castro, com beleza por Letícia Cunha Lima e Biel Alves. Agora, o casal se prepara para iniciar uma nova etapa da vida a dois em São Paulo. Fotos: Celso Junior

O fim de tarde deixou mais bela a cerimônia
Maria Eduarda ao lado do pai
O altar na beira do Lago Paranoá
O estilista Lucas Anderi assinou o vestido da noiva Momento de festejar
Maria Eduarda e Alexandre brindam com os familiares
Madrinhas e padrinhos abençoam o casal
Os pais do noivo, Vera Maria Zugaib e Ricardo Queiroz, felicitam o casal
Duda e Alexandre posam com os pais da noiva, Adriana e Eduardo Amaral

GPS 15 ANOS

O Grupo GPS de Comunicação estreou o projeto GPS|Poderes em uma noite que reuniu mais de 400 convidados na capital federal. O evento representou um marco na trajetória da empresa, que vem crescendo na cobertura jornalística de política e economia não apenas no Distrito Federal, mas em todo o Brasil. A primeira edição foi na residência do economista Fernando Cavalcanti, que recebeu importantes autoridades da cidade para uma palestra exclusiva do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e uma entrevista com o governador Ibaneis Rocha. Para festejar o momento, os convidados desfrutaram de um menu luxuoso assinado pela Sweet Cake e regado a rótulos de prestígio como vinho Chateauneuf du Pape Urbain V, champagne PiperHeidsieck e uísque Royal Salute 21 anos.

Fotos: Celso Junior e Vanessa Castro

Rafael Badra, Paula Santana, o ministro Luís Roberto Barroso e Fernando Cavalcanti
Eduardo Lira e Flay Leite Lira
Paulo Octávio e André Kubitschek
A vice-governadora Celina Leão, Fernando Cavalcanti, o governador Ibaneis Rocha, Paulo Octávio, Paula Santana e Rafael Badra
Ana Paula Hoff e Paco Britto Luiz Antônio Reis e Duda Almeida
Fernando Cavalcanti, Paula Santana, o governador Ibaneis Rocha e Rafael Badra
O Secretário de Cultura do DF, Cláudio Abrantes
Paula Santana e Carol Mendes
Kilze Beatriz e Wellington Luiz
Raissa Lomonte e Carolina Rabelo Janine Brito
Anna Paola Frade e João Pimenta da Veiga
Sandra Costa e Gláucia Benevides Rose Rainha
Guilherme Romão, Tainah Mello e Angello Ribeiro
Manoel de Andrade e Beatriz Guimarães

FAZENDO HISTÓRIA

Na segunda edição do GPS|Poderes, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, discutiu a importância de um sistema judiciário mais humanizado, acessível e efetivo no Brasil. O encontro foi na casa do economista Fernando Cavalcanti, com a presença de cerca de 500 pessoas, entre autoridades, empresários locais e líderes de opinião nas áreas de economia, infraestrutura e segurança jurídica. Valéria Leão Bittar foi responsável pela decoração do evento.

Fotos: Rayra Paiva e Vanessa Castro

O ministro Humberto Martins
Kátia Bacelar e ministro Humberto Martins
Fernando Cavalcanti, Georges Seigneur e Paula Santana
Caio Barbieri
Karine Lima e Will Madson
Leandro Vaz, Agenor Neto e Celso Junior
Lilian Rocha, Getúlio Lopes e Cláudia Maldonado
Elaine e Paulo Emilio Catta Preta
Nadim Haddad, Alexandre Jobim e Marcos Joaquim
Paula Santana, Carol Mendes e Vivianne Leão Piquet
Antonio de Castro e Luan Peres
Bené Oliveira e Juliana Sabino
Paula Santana, sócia-fundadora do GPS
Isabela Malagutti
Margarida Kalil e a secretária da Mulher, Giselle Ferreira
Vilauba Vital do Rego
Edison Garcia, Luiz André Reis e Edward Johnson de Abrantes
Ministro Humberto Martins e Fabrício Carata
Eduardo Toledo e André Callegari
Sergio Leverdi
Kim Osaki e Jordanna Diniz
Nadim e Mônica Haddad
Paulo Octávio
Rosilda Prates

suspiro

Colar, brincos e broche de alta-joalheria em ouro rosé da família House of Cupids, parte da coleção Polychroma, Bvlgari – Preço sob consulta

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.