Revista GPS|Brasilia 42

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ano 13 # mar-abr-mai/2025

NO CORAÇÃO DO BRASIL

NASCE UM NOVO SHOPPING

DO GRUPO PARTAGE

BRASÍLIA 65

Personagens e cenários que compõem a história da capital

GARGALHADAS

Os Melhores do Mundo celebram 30 anos de humor bem brasiliense

AINDA MAIS SEU

O Banco BRB cresceu, expandiu suas possibilidades,

diversificou seus produtos e serviços e se tornou ainda mais completo para acompanhar você em cada momento da sua vida.

E agora é mais seu do que nunca.

Você, única c o Br ília

AS LINHAS, AS CURVAS, A ELEGÂNCIA.

O ESTILO BRASÍLIA É SER ÚNICA. E O MEU ESTILO É SER BRASÍLIA, EU MESMA E ÚNICA.

Diretora de Conteúdo

Paula Santana

Editora-chefe

Marcella Oliveira

Diretora de Criação

Chica Magalhães

Editor de Fotografia

Celso Junior

Fotografia

Rayra Paiva e Vanessa Castro

Produção Executiva

Karine Moreira Lima

Pesquisa de Imagens

Enaile Nunes

Reportagem

Caio Barbieri, Daniel Cardozo, Edson Caldeira, Fernanda Moura, Hédio Ferreira Júnior, Jorge Eduardo Antunes, Juliana Eichler, Larissa Duarte, TJ Fernandes e Theodora Zaccara

Colaboradores

Adriana Nasser, Isadora Campos, Maurício Lima e Patrícia Justino

Revisão

Jorge Avelino de Souza

Diretor Executivo

Rafael Badra

Gerente Executivo de Contas

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Contato Publicitário

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Tiragem

30 mil exemplares

Circulação e Distribuição

EDPRESS Transporte e Logística

GPS|Brasília Editora LTDA. www.gpsbrasilia.com.br

Sócios-diretores

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Paula Santana

Brasília Shopping – Torre Sul, salas 1313/1314

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CEP: 70.715-900 – Brasília-DF

Tel.: (61) 3364-4512

Confiança se constrói com o tempo.

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Theodora Zaccara
Daniel Cardozo
Larissa Duarte
Juliana Eichler
TJ Fernandes

ano 13 # mar-abr-mai/2025

16Artigo por Ibaneis Rocha Carta aberta à capital federal no seu aniversário de 65 anos

18O legado de Roriz Weslian Roriz revisita a trajetória do marido e ex-governador Joaquim Roriz

22O Roupa Nova da comédia Os Melhores do Mundo celebram três décadas de humor inteligente

28Humberto e Eixinho: um voo de memória e inovação O cartunista que desenhou o cotidiano da capital em quadrinhos

32O fascinante cenário do cinema nacional Brasília se firma como cenário original da cinematografia brasileira

36Memórias restauradas Monumentos emblemáticos ganham nova vida com ação do GDF

42Com a alma nos estádios Gustavo Dias Henrique é o primeiro brasiliense na cúpula da CBF

44Artigo por Wellington Luiz, presidente da CLDF “A preservação do patrimônio deve ser prioridade”

46Artigo por Karla Vilela Fundação Dom Cabral fortalece a formação executiva e se posiciona no DF

48Artigo por Fernando Cavalcanti Como o empresário brasileiro deve se preocupar com a reforma tributária?

50A potência feminina WeForum 2025 e a liderança da mulher moldando a economia global

52Estratégia que gera valor A atuação da ASZ consultoria e Assessoria em soluções para gestão pública e privada

54A mentalidade do crescimento WTC promove conexões estratégicas para impulsionar resultados

56O poder do sorriso Brunetti Odontologia transforma autoestima em felicidade

A58A revolução cirúrgica Cirurgia robótica de coluna coloca Brasília no mapa da inovação médica

60Cirurgia de pálpebras a laser Blefaroplastia da Clínica Durães combina estética, saúde e bem-estar

64Essência, tradição e respeito por Brasília De mercearia a gigante do varejo: a história do Big Box

66Pioneiros do sabor Restaurantes resistem ao tempo e conquistam gerações de brasilienses

70A extensão da excelente cozinha lá de casa Lake’s resiste ao tempo com qualidade, afeto e boa comida

72Dicas da Dri por Adriana Nasser Rótulos especiais para brindar o aniversário da capital

74Um shopping para respirar Grupo Partage desembarca na cidade com empreendimento no Lago Sul

80O riso que faz pensar Denise Fraga reflete sobre o papel da arte nos tempos atuais

82O mestre das artes dramáticas Wolf Maya compartilha sua visão sobre o futuro da atuação no Brasil

84Ícones por Isadora Campos A riqueza estética de Marcelo Antunes em foco

86Entre nós por Patrícia Justino Tendências e lifestyle com DNA autoral

88A moda que floresce no concreto A trajetória da brasiliense Avanzzo como ícone da moda

98Arte por Maurício Lima A poética visual de Maria Porto

100Salão cultural Por dentro da SP-Arte 2025, a maior feira da América Latina

102O traço que desenha o invisível A arte minimalista do goiano radicado em Brasília Orestes Vaz

104O DNA pós-modernista Três designers da nova geração traduzem a estética da Brasília contemporânea

108Maravalhismo: erudição e loucura Hypnacoteca reúne meio século de produção artística de Nelson Maravalhas

110Uma nova era Casa da Moldura celebra 36 anos com gestão estratégica

112Explora por Marcella Oliveira Um passeio por Inhotim: a arte dialoga com o tempo e a natureza

116 O Brasil genuíno BLTA e seu papel de revelar o turismo de luxo com identidade nacional

118 Silêncio e renovação Lapinha e seu olhar sobre a medicina do estilo de vida

120 O coração da Europa Suíça revela por que é um destino ideal para quem busca conforto e experiências

124 Azul da cor do mar Nice, o charme francês encontra o Mediterrâneo

128 Social Os casamentos que movimentaram a cena brasiliense

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Paula Santana e Rafael Badra

Sócios-fundadores

VAMOS FALAR DE COISA BOA?

Brasília é fruto de um sonho realizado. Brasília é resultado de uma conquista inimaginável até Juscelino Kubitschek e sua trupe destemida transformá-la na maior cidade do mundo construída no século 21. Isso é fantástico. E nós, os privilegiados, habitamos, desfrutamos e dela recebemos todos os dias benesses que certamente não teríamos em diversos cantos do mundo. O céu é tão azul, mais parece que Deus acendeu a luz tamanha a luminosidade que nos envolve na maior parte do ano. O sertão virou lago. Vivemos dentro de um parque arborizado que abriga edificações ordenadas. E o equilíbrio ecológico foi mantido pelas reservas ambientais.

Sim, crescemos assustadoramente. Éramos 141 mil habitantes em 1960. Somos 2,8 milhões em 2025. E seremos 3,7 milhões em 2060, ao celebrarmos cem anos. Lutamos para nos manter dentro da ordem arquitetônica e urbanística planejadas, esta que nos deu o título da Unesco de Patrimônio Mundial, em 1987. Somos a maior área tombada do mundo com 112,5 quilômetros quadrados, sabia disso? E a capital federal tornou-se oficialmente a terceira maior cidade do Brasil, se analisada sob aspecto populacional.

Passamos a possuir o maior PIB per capita do País, apesar de sermos centro político. Isso demonstra o potencial econômico, especialmente nas nossas maiores skills, comércio e construção civil, partindo do princípio que ela foi construída a partir de uma terra plana e livre. Outra boa notícia: o Distrito Federal tem o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, segundo último relatório, de 2020, divulgado pelas Nações Unidas. E de acordo com o Atlas da Violência dos Municípios de 2024, Brasília tornou-se a segunda capital mais segura desta República Federativa. Sem contar nossos potenciais talentos na gemologia, no turismo, no entretenimento, na tecnologia, no cinema, na arquitetura e design, na gastronomia, na ecologia.

E entender que nós temos apenas 65 anos dentro de uma nacionalidade de cinco séculos, inserida num mundo milenar. Por isso, Brasília é incrível e certamente o melhor ainda está por vir, especialmente porque este futuro está nas nossas mãos e nas gerações que estamos moldando. Se todos amarem genuinamente Brasília, e fizerem por ela o mesmo que os candangos. Trabalhar duro e com metas. A regra é simples: explorá-la para o bem coletivo. Essa é a dinâmica dos grandes líderes. Iniciamos esta edição com a carta aberta do governador Ibaneis Rocha, que em sua gestão de dois mandatos trouxe de volta a autoestima do empresário e incentivou o Setor Produtivo em sua máxima potência.

Nossa capa traz a mais recente investida na capital federal. O Partage Brasília, rede de shopping centers inserida num conglomerado fundado pela família Batista, criadora do laboratório Aché e detentora de negócios imobiliários de alto-padrão Brasil afora. O empreendimento entra com conceito de open mall, no Lago Sul, e promete inovação, experiências, lazer e consumo consciente. Serão 44 mil metros quadrados para 131 lojas numa estética que elimina o modelo clássico de shopping de dentro de caixas quadradas. Em sua estratégia de localização, preenche lacuna nos bairros Lago Sul, Asa Sul e Park Way.

Celebremos Brasília nestes 65 anos. Louvemos as palavras de Lucio Costa em seu livro Memória Descritiva do Plano Piloto, em que dizia: “Cidade planejada para o trabalho ordenado e eficiente, mas ao mesmo tempo cidade viva e aprazível, própria ao devaneio e à especulação intelectual, capaz de tornar-se, com o tempo, além de centro de governo e administração, num foco de cultura dos mais lúcidos e sensíveis do país”. Ou ainda, numa retórica divertida, as considerações do cosmonauta russo Yuri Gagarin, o primeiro homem a subir ao espaço, em 1961, quando visitou Brasília. “Tenho a impressão de que estou desembarcando num planeta diferente, não na Terra”.

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Governador do Distrito Federal

CARTA ABERTA PARA BRASÍLIA

No dia 21 de abril, Brasília comemora 65 anos de uma trajetória marcada por audácia, planejamento e superação. Se em 2020, quando a capital completou sessenta anos, as festividades foram silenciadas pela pandemia, agora é tempo de celebrar com alegria, reflexão e orgulho. Desta vez, o povo estará nas ruas em uma grande confraternização, que inclui shows gratuitos, exposições culturais, feiras gastronômicas e transporte público liberado – um presente para quem construiu e vive essa cidade única.

A história de Brasília é uma narrativa de visão e determinação. Desde a profecia de Dom Bosco, que sonhou com uma terra de grande prosperidade no coração do Brasil, até a determinação do presidente Juscelino Kubitschek em construir a cidade no então inóspito Planalto Central, Brasília surgiu como um testemunho de inovação e coragem. A cidade foi planejada por dois dos maiores arquitetos de sua época, Lucio Costa e Oscar Niemeyer, que conceberam um traçado que ainda hoje é admirado por visitantes do mundo todo. Este respeito ao plano original é um dos motivos pelos quais Brasília continua

a ser símbolo de modernidade, adaptando-se aos novos tempos sem perder o seu encanto original.

Brasília não se limita à Esplanada dos Ministérios ou ao Plano Piloto. Ela representa todo o Distrito Federal, composto por diversas regiões administrativas, cada uma com suas próprias características e culturas. Essas regiões são formadas por pessoas de diferentes partes do Brasil, criando um mosaico cultural único que reflete a diversidade e a riqueza do País. Esta diversidade é celebrada nas festividades, demonstrando o espírito alegre e pacífico do povo brasiliense.

Nos últimos anos, Brasília tem se destacado no cenário nacional e internacional por suas melhorias urbanas e sociais. A cidade é a segunda no país em termos de saneamento básico, ficando atrás apenas de São Paulo, além de pesados investimentos em infraestrutura subterrânea, como o Drenar, mostrando que a cidade avança mesmo onde os olhos não veem. Sem deixar de mencionar que possui a menor taxa de analfabetismo do País, e reconhecimento internacional pelo The New York Times como um dos melhores destinos globais.

Este progresso é um tributo ao povo de Brasília, que trabalha, confia e acredita em um futuro promissor. A cidade acolhe milhares de pessoas de todas as regiões do Brasil, criando um ambiente de esperança e oportunidades.

Neste aniversário de 65 anos, convidamos todos a participarem das comemorações que homenageiam a história e o futuro de Brasília. É uma oportunidade para celebrar não apenas a cidade, mas também o espírito de união e diversidade que ela representa. Faça parte desta festa, que promete ser um marco de alegria e um testemunho do que Brasília se tornou e ainda pode alcançar.

Foto:
Celso Junior
“Eu já cumpri o meu dever com o meu marido. Eu o amei demasiadamente”

O LEGADO DE RORIZ

Mesmo reclusa e distante dos holofotes, a viúva do ex-governador Joaquim Roriz e eterna primeira-dama da capital recebeu a revista GPS|Brasília. Dona Weslian reflete sobre saudade, seu amor por Brasília e o trabalho social que marcou sua trajetória no Palácio do Buriti

Por Caio Barbieri

Fotos Rayra Paiva

Saudade. Essa é a palavra que define a entrevista exclusiva de Weslian Roriz para a revista GPS|Brasília. Viúva do ex-governador Joaquim Roriz, primeiro político eleito democraticamente para o cargo desde a mudança da capital para o Centro-Oeste, ela guarda no coração, de forma doce e nostálgica, lembranças de uma Brasília que ajudou a construir ao lado do marido.

Com Roriz, a eterna primeira-dama da capital acompanhou cada passo de importantes períodos da cidade, testemunhando a criação e o desenvolvimento de várias regiões administrativas. Com emoção, relembra as filhas Weslliane, Jaqueline e Liliane, os netos e bisnetos, além das conquistas durante a vida, especialmente nos quatro mandatos do marido no Palácio do Buriti. “Fica muita saudade. Eu creio que não só em mim, mas em todas as pessoas que participaram junto com a gente no governo Roriz. Ver Brasília como está hoje, maravilhosa, bonita, dá orgulho”, afirma.

Ao voltar no tempo, lembra do companheiro, com quem conviveu por décadas, e que ficou conhecido como o “governador dos mais humildes”. “Joaquim não tinha barreiras. Tratava todos da mesma forma, fosse alguma autoridade ou uma pessoa mais humilde. Isso marcou muito Brasília. Joaquim deixou saudade por essa gratidão que o povo tem ainda hoje por ele. É muito louvável”.

Poucos sabem, mas a família de Dona Weslian, muito tradicional em Goiás, aceitou desapropriar várias áreas para que “o sonho” de Brasília pudesse sair do papel. O

fato ocorreu após um pedido do então presidente Juscelino Kubitschek, fundador da capital, aos pais daquela que seria a primeira-dama do Distrito Federal. “O papai recebeu uma carta de Juscelino e dizia que, quando ele precisasse de qualquer coisa, pedisse. Mas o papai nunca precisou. Ele morreu sem usar essa carta. O papai não era uma pessoa que cobraria nada de JK. Nunca recebemos nada sobre essas terras e acredito que foi um presente deles, dos meus pais, para Brasília”, revela.

Desde que esteve ao lado do marido nas posses para o comando do Distrito Federal, Dona Weslian passou a ser elogiada pela elegância e discrição. Recentemente, a atual primeira-dama do DF, Mayara Noronha Rocha, classificou a viúva de Roriz como “uma grande referência de mulher”. Apesar disso, a viúva de Roriz minimiza o reconhecimento e credita a postura nas aparições oficiais aos ensinamentos da mãe e à criação familiar. “Minha mãe me dizia que o comportamento de mulher de político tem que ser muito discreto e simples, para que as pessoas não guardem uma impressão ruim. Isso foi um ensinamento que levei para a vida”, conta.

A admiração pela postura como mulher do governador da capital do País durante todos os mandatos não é à toa. Foi Dona Weslian Roriz que, ao assumir o posto de primeira-dama, solicitou ao marido que sua segurança pessoal fosse feita por policiais militares mulheres, tradição que se mantém até hoje em várias regiões do Brasil. “Fui eu que escolhi isso. E deu até em revista. Eu falei apenas que uma mulher se sentia mais à vontade junto com uma policial mulher do que com um homem. Com isso, passou a ser natural em quase todos os estados que uma mulher acompanhasse a esposa do governador”, pontua.

“Nunca recebemos nada sobre essas terras e acredito que foi um presente deles, dos meus pais, para Brasília”

Impacto social e reconhecimento

Admirada por evitar os holofotes, naturais para quem se casa com um chefe de Estado, Dona Weslian trabalhou durante todos os mandatos do marido de forma silenciosa, mas manteve o protagonismo em inúmeras ações sociais e que ainda são lembradas pelos moradores do DF. Uma emoção recente foi reencontrar uma mulher que, anos antes, recebeu um enxoval de bebê em um programa idealizado por ela. “Fui abordada por uma funcionária da Canção Nova, que disse que sua mãe sempre foi grata porque eu havia dado o enxoval para seu nascimento. Isso me marcou muito, porque eu fazia questão de beijar as barrigas das gestantes a quem entregava os enxovais”, lembra.

Seu trabalho se estendeu ao apoio a deficientes visuais por meio do Instituto Integra, entidade que presidiu por muitos anos. “Comecei com a entrega de cães-guia, depois vieram os cobertores no inverno e o Natal ao Alcance de Todos, levando alegria às crianças das regiões mais carentes. Lembro com carinho do Papai Noel Azul, que fez muito sucesso”, afirma ao recordar da cor escolhida por Roriz nas campanhas eleitorais.

Além disso, ela distribuía sopa nas noites frias para aqueles que, com poucos recursos, lutavam para construir suas moradias nos programas habitacionais criados por Roriz. “Saíamos de madrugada com grandes panelas de sopa e cobertores. Era uma satisfação, uma alegria que a gente tinha e fez parte da nossa vida. Eu acho que foi uma época muito boa”, relembra.

Amor por Brasília

Mesmo antes de governar, Joaquim Roriz já tinha uma história e paixão por Brasília. Aliás, antes mesmo do casamento. “Brasília tem um pouquinho de Roriz em cada canto. Ele viu essa cidade crescer. Transportou areia de Goiás para cá para a construção dos ministérios e fez história na política local. Quando ele precisou decidir entre Brasília e Goiás, Joaquim escolheu ficar. Era uma predestinação”, afirma.

Entre tantas conquistas do legado do ex-governador, Dona Weslian considera a entrega da moradia para as pessoas mais humildes a maior delas. “Eu deixo aqui, assim, uma gratidão às pessoas que ainda guardam a memória de Joaquim e que ainda preservam aquilo que ele amava, que era trazer

as pessoas mais simples para junto da gente, sabe? Eu acho que Joaquim, já naquele tempo, não tinha barreira”, diz.

Durante a conversa, que ocorreu a alguns passos do Lago Paranoá, na casa de uma amiga, no Lago Sul, Dona Weslian arriscou dizer o que Roriz, caso estivesse vivo, avaliaria sobre o atual momento da cidade. Sem hesitar, a ex-primeira-dama homenageou o governador Ibaneis Rocha (MDB) e elogiou o político, de quem diz ser admiradora. “Eu falei para ele [Ibaneis]: ‘Olha, o senhor está de parabéns’. Acho que o Ibaneis está fazendo muita coisa boa para Brasília. Meu marido ficaria satisfeito. Ele [Ibaneis] é uma pessoa que nasceu em Brasília. E Brasília é feita para quem tem história com ela. Governar não é fácil, mas quem tem raízes aqui, faz com amor”, elogia.

Weslian também recordou a inesperada decisão de substituir Roriz na disputa pelo Governo do Distrito Federal, em 2010, após ele ser impedido pela Lei da Ficha Limpa. “Eu falava pra ele: ‘Bem, mas isso não é pra mim, não’. E a gente sabia que não ia dar mesmo. Foi a maior demonstração de amor, porque eu falava: ‘Joaquim, eu não tenho preparo pra isso’. E ele falava: ‘Bem, você vai’”. Naquele momento, ergueu a bandeira do “rorizismo” e decidiu enfrentar o cenário político. “O doutor Jofran Frejat (in memorian) foi uma pessoa por quem tivemos muito carinho. Na época, eu falava: ‘É o senhor que vai’. E ele respondia: ‘Não, não, é a senhora’”, lembra o aliado falecido em 2020 e que foi candidato a vice-governador na chapa. A dupla foi derrotada com 33% dos votos, no segundo turno, por Agnelo Queiroz (PT).

Após sete anos do falecimento do ex-governador, Dona Weslian ainda reverencia o primeiro “e único amor”, com quem se casou aos 17 anos. Segundo ela, foram vários, mas os principais momentos foram quando o casal recebia o resultado das eleições distritais, sempre muito disputadas. “Os dias mais felizes eram os das eleições. Parecia a final de Copa do Mundo. Era o resultado do trabalho de Joaquim, e isso emocionava muito a gente.”

Aos 82 anos, e boa parte deles dedicada a Brasília e ao Distrito Federal, a eterna primeira-dama despista, de forma muito elegante, a pergunta sobre o que ainda pretende realizar até o fim da vida. “Acho que a minha missão já está feita. Eu já cumpri o meu dever com o meu marido. Eu o amei demasiadamente. Tive minhas filhas. Eu tenho meus netos, meus bisnetos, o mais novo que acabou de chegar. Então, eu acho que a minha vida está completa. E sou feliz por isso”, finaliza.

“Minha mãe me dizia que o comportamento de mulher de político tem que ser muito discreto e simples”

O ROUPA NOVA DA COMÉDIA

Consagrados nacionalmente e referências do humor no Brasil, os pais de Hermanoteu, Micalatéia e Joseph Climber completam 30 anos de estrada no dia do aniversário de Brasília e revelam como continuam sendo Os Melhores do Mundo quando o assunto é fazer rir

Jovane Nunes e Adriano Siri entram em um dos camarins do Teatro da Caesb e dão de cara com dois violões. Enquanto Adriana Nunes prepara o espaço onde a Companhia de Comédia Os Melhores do Mundo receberia a revista GPS|Brasília para um bate-papo, os dois vão direto aos instrumentos e começam a tocar. Ela ainda tenta pôr ordem e pedir foco no propósito da conversa, mas logo entra na onda e cantarola: “Em mil novecentos e noventa e cincooooo começooou a apresentar…”, até ser interrompida pela chegada de Welder Rodrigues, que encerra a trilha sonora improvisada do trio. É nesse ritmo o encontro com as figuras que, junto com Ricardo Pipo e Victor Leal, formam a balzaquiana trupe de humor de Brasília, que completa trinta anos em 21 de abril de 2025.

Tirando o Beirute e a pizzaria Dom Bosco, não tem nada tão longevo no gosto do brasiliense quanto Os Melhores do Mundo. Há, claro, quem leia nisso uma pitada de exagero, mas nem tanto quando se trata de uma companhia teatral que resistiu aos obstáculos impostos à cultura e conseguiu romper as quatro linhas do quadradinho. Semanalmente, eles lotam apresentações país afora e de 17 a 21 de julho de 2025 realizam a segunda turnê internacional por cinco cidades de Portugal.

“Somos nós e o Roupa Nova. E os Rolling Stones”, diz Welder, às gargalhadas, ao comparar o grupo à banda brasileira que completa 45 anos em 2025 e à inglesa com quase 63 de estrada. “E com a mesma formação, desde a primeira apresentação, de Rumo ao Planeta Boing na antiga Casa do Teatro Amador. Ninguém entrou nem saiu”, emenda.

Os Melhores do Mundo são um CNPJ. Uma equipe fixa de 11 pessoas “com escala 7x7”, para a qual os fins de semana que seriam em casa ou em festas de aniversário dos filhos com a família foram substituídos pelo palco e a companhia de desconhecidos – ou nem tanto assim. São pelo menos 25 peças ao longo dessas três décadas, oito delas programadas só em 2025 e sempre de casa cheia, muitas vezes com mais de uma apresentação por noite.

Você pode até se perguntar: mas são as mesmas peças até hoje e ainda com casa cheia? A resposta é não e sim. Não, porque os textos base de cada espetáculo, ainda que escritos e encenados ao longo de trinta anos, dão suporte a roteiros com frequentes adaptações, seja em relação a algo acontecendo no País ou no mundo, seja com os cacos e referências da cidade em apresentação. E, sim, a bilheteria é disputada por um público fiel que se diverte em rir do que já viu como se fosse ali uma novidade. E o brasiliense é bom nisso.

“Em Brasília, a gente não tem plateia, a gente tem torcida. É quase como se as pessoas daqui se sentissem donas dos espetáculos. E, na verdade, são”, diz Jovane, lembrando que

“Em Brasília, a gente não tem plateia, a gente tem torcida. É quase como se as pessoas daqui se sentissem donas dos espetáculos. E, na verdade, são.”

a companhia ganhou o Brasil quando já tinha conquistado a cidade. Ainda nos anos 90, quando não tinha despontado nacionalmente, o grupo contava com um fã clube de cinco mil pessoas com carteirinha para demonstrar fidelidade aos pais de Hermanoteu, Micalatéia e Joseph Climber, para dizer apenas três dos personagens mais icônicos da companhia. “O espectador de Brasília sempre foi o investidor da nossa carreira, que nos dava suporte para expandir nossas apresentações. E se porventura a gente tivesse um fracasso fora, era voltar e ter nosso porto seguro aqui”, completa.

E por falar nos irmãos bíblicos interpretados por Pipo e Adriana, a peça Hermanoteu na Terra de Godah é a prata da casa dos Melhores do Mundo. A sátira ao Antigo Testamento escrita em 1995 virou filme em 2021 com Marcos Caruso, Milton Gonçalves e Jonas Bloch no elenco, mas teve o lançamento nos cinemas congelado pela pandemia. Ainda assim, é o maior sucesso dessa companhia transgressora, que usa seus espetáculos como pano de fundo para falar do cotidiano e joga a favor do público com uma coragem artística que é quase um selo de qualidade gabaritando os Melhores do Mundo.

“Arrisco a dizer uma coisa que posso ser mal interpretado, mas vou dizer e explicar: Hermanoteu na Terra de Godah é a peça mais famosa da dramaturgia brasileira. Não estou falando que é a melhor em qualidade, mais do que O Auto da Compadecida, por exemplo. Mas virou um ícone pop com remontagens em escolas e grupos de teatro amador. Hermanoteu é mais famoso que os Melhores do Mundo”, acredita Jovane, ao contar que o texto já foi encenado não comercialmente em países de língua portuguesa, como Portugal e Angola, e espanhola, como Argentina e República Dominicana.

Fazer dar certo uma parceria comercial e um relacionamento frequente de quase irmãos por trinta anos, com perfis e personalidades distintos, é um desafio vencido pelos Melhores do Mundo. Trocar os sábados e domingos em família para manter de pé um negócio bem-sucedido e levar alegria a desconhecidos é um dos méritos do grupo e exigiu acertos, acordos e muita cumplicidade, o que nem sempre é fácil. “Focamos no que nos une, não no que nos separa”, explica Adriano Siri. “A gente é puta velha”, resume Victor sob mais gargalhadas dos parceiros.

Ah, vale lembrar que os Melhores do Mundo em cima do palco são seis, mas há um “sétimo beatle” – ou “rollinstoner”, ou “roupanover” –nessa vida longa da companhia de teatro. Responsável por chegar um dia antes nas cidades, o músico Marcelo Linhos cuida da trilha sonora do grupo, monta os cenários, prepara a sonoplastia, cria e ajusta a iluminação e pensa nos efeitos que vão deixar os espetáculos mais atraentes para o público. Ele enche o palco de fumaça para dar volume à iluminação. “Vai nos matar isso, uma hora, mas tudo bem, fica bonito”, brinca Jovane.

Para celebrar os trinta anos de formação, a companhia prepara o mini documentário Era uma vez, Os Melhores do Mundo produzido para as redes sociais, com entrevistas realizadas quando o septeto fazia Bodas de Prata, no início da pandemia. Para quem é de Brasília, haverá ainda uma exposição na galeria da Sala Martins Pena, no Teatro Nacional, de fotos de Nick Elmoor (1963-2023) que registrava, entre coxias e plateias, o tempo das piadas, o movimento dos risos, a materialização de improvisos inimagináveis da companhia ao longo desses anos.

@comediamm

Curiosidades

•Hermanoteu na Terra de Godah é a peça mais vista do grupo. Seguida por Notícias Populares, Sexo – A Comédia, Tormentas da Paixão, Dingou Béus, Misticismo e Telaplana

•Pipo mora no Rio de Janeiro. Todos os outros em Brasília.

•Ao longo desses trinta anos, estimase umas quatro mil apresentações com mais de quatro milhões de espectadores presenciais.

Cara-crachá dos Melhores

Adriana Nunes

Brasiliense, a única mulher da trupe é formada pela Fundação Brasileira de Teatro Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, artista plástica, ilustradora, figurinista, contadora de histórias, autora de livros infantis, locutora e, ufa!, professora. Além de atuar nos Melhores do Mundo, já participou de diversos trabalhos no teatro, no cinema e na TV. É nesta última, inclusive, que junto com Welder Rodrigues fez a dupla Jajá e Juju, no humorístico Zorra Total, da TV Globo. Na divisão de tarefas, é uma espécie de assessora de imprensa dos MM. @adriananunes

O intérprete de Hermanoteu é brasiliense, mas atualmente vive fora da cidade. Outro membro embrionário dos MM, atuou em diversos trabalhos no rádio, no cinema e na TV, quando, com outros integrantes do grupo estreou na série Planeta B, do Multishow. Ainda na adolescência, fez dupla com Welder Rodrigues por quase dez anos na apresentação do projeto Jogo de Cena, em Brasília.

@ricardopipo_mm

Adriano Siri

Morador de Brasília, o carioca é formado em Arquitetura pela UnB, profissão em que atuou até migrar para a música, o cinema, a dublagem e a locução. Além de ator, é palestrante e escritor de livros infanto-juvenis. Na TV, atuou em Malhação, entre outros programas. Quando está fora dos palcos, se apresenta como porta-voz dos Melhores do Mundo e “explicador oficial” da história de trinta anos de atuação. Foi a partir da entrada dele na companhia, em 21 de abril de 1995, num dia de aniversário de Brasília, que se passou a contabilizar o tempo da atual formação.

@adrianosiri

Jovane Nunes

O goiano que mora em Brasília dirige o escritório dos Melhores do Mundo na W3 Sul. Formado em Artes Cênicas pela UnB, é um dos embrionários do projeto que estruturou a companhia, ainda em 1994. Ator e autor dos mais de 25 espetáculos montados, atuou e escreveu também para a TV, tendo formado, junto com Victor Leal, a dupla de roteiristas da série Família Paraíso, do Multishow – com duas temporadas disponíveis no Globo Play e no Prime. Autodeclarado falante, tem três livros publicados. @jovanenunesmm

Victor Leal

Administrador de empresas formado pela UnB, está nos Melhores do Mundo desde o projeto que deu corpo ao grupo na primeira apresentação, em 1995. Junto com Jovane, é responsável pelos roteiros e frequentes adaptações nos textos base de cada uma das peças, sugeridas também por todo o grupo. Como ator, fez 13 longa-metragens e participou de programas de TV. No Youtube, foi presença marcante em esquetes do Porta dos Fundos, para o qual também escreveu.

@victorleal__1

Welder Rodrigues

Ator e artista gráfico, fez faculdade de Quadrinhos na Espanha e é o responsável pela identidade visual que você vê por aí dos Melhores do Mundo. Na TV, talvez seja o rosto mais lembrado do grupo por suas participações nos humorísticos Zorra Total (como o Jajá), Tá no Ar (lembra do “foooooca em mim!”?) e a releitura da Escolinha do Professor Raimundo Atuou também em novelas da Globo como Mar do Sertão (2022-2023) e Rancho Fundo, de 2024. @weldermm

Ricardo Pipo
Foto: Rayra Paiva

UM VOO DE MEMÓRIA E INOVAÇÃO HUMBERTO

Por Larissa Duarte Fotos Rayra Paiva

No alto do Congresso Nacional, no ponto central de Brasília, um passarinho tímido observa o horizonte. De lá, contempla o céu largo sobre os edifícios brancos, sente o vento seco do Cerrado, escuta o burburinho da cidade embaixo, vê o vai e vem apressado dos carros no Eixo Monumental, e, de vez em quando, arrisca uma reflexão sobre a vida.

A capital cresceu sob seu olhar e, durante quase uma década, ele a descreveu com lirismo, pitadas de humor e uma certa melancolia.

Criado pelo cartunista e publicitário Humberto Junqueira, Eixinho, o monumental é o passarinho que ficou conhecido Brasil afora ao entrar para as páginas diárias do Correio Braziliense entre os anos de 1980 e 1990. Foram quase quatro mil tiras publicadas, um feito impressionante para um personagem que nasceu sem grandes pretensões.

E EIXINHO

O cartunista Humberto Junqueira desenhou a história cotidiana da capital em mais de 3,5 mil quadrinhos publicados, cujo personagem era um passarinho. Atualmente, com apenas 5% da visão, conta com IA para retomar sua arte

Agora, décadas depois, Eixinho está de volta. Mas não do jeito convencional. Humberto, que hoje tem apenas 5% da visão, devido a uma doença degenerativa da retina chamada retinose pigmentar, desbrava caminhos para trazer seu personagem à vida novamente. Com ajuda da família, de colegas e da tecnologia, ele está redescobrindo formas de criar novas histórias.

O fascínio pelos quadrinhos

Na infância, em Anápolis, o goiano que se diz brasiliense de coração cresceu fascinado pelas várias formas da arte. Mas as histórias que combinavam imagens e textos sempre tiveram um lugar especial. A ida às lojas de revistas com o pai e os irmãos era um evento semanal. “Cada um escolhia um gibi diferente”, lembra. Turma da Mônica, Luluzinha, Recruta Zero… Já na adolescência, novos interesses se somaram ao hobby, como as graphic novels, os heróis da Marvel e da DC.

Curiosamente, o destino do publicitário e de Brasília parecem ter sido traçados juntos. Ambos nasceram em 21 de abril, sendo Humberto cinco anos mais jovem que a capital. Ainda menino, cruzava a estrada para visitar a cidade. “Quando me mudei para cá, foi como se tivesse vindo para a Disneylândia”, brinca.

Foi o encanto pelas ilustrações que o levou a cursar Publicidade e Propaganda na Universidade de Brasília

(UnB), com a intenção de se tornar diretor de arte. “Quadrinhos já eram parte do meu dia a dia. E, na faculdade, tive a luz de estar cercado de oportunidades e pude de fato estudá-los. Estudei até a sociologia dos quadrinhos. Tudo somente por paixão”, conta.

Humberto só foi pensar em criar um personagem próprio quando se formou, aos vinte e poucos anos, motivado pela paixão por Brasília. Depois de muito matutar e rabiscar, surgiu a ideia de um passarinho que escolheu o topo do Congresso como lar. Criou dezenas de tiras de uma vez e as guardou consigo despretensiosamente.

O destino deu um empurrão quando sua prima, a jornalista Giuliana Morrone, viu as histórias e sugeriu que ele as apresentasse ao editor de cultura do Correio Braziliense à época, Paulo Pestana, que deixou saudades a quem conviveu com sua visão estratégica e bem humorada sobre a vida. O encontro foi decisivo. Pestana leu uma tira atrás da outra e, sem hesitar, perguntou: “Você quer publicar no jornal?”. Humberto não só topou, como acatou a sugestão de nome para o personagem proposto pelo editor.

Foi assim que Humberto viu o Eixinho ganhar vida em um dos periódicos mais lidos do País. “Foi um dos primeiros personagens em quadrinhos publicados no Brasil fora do eixo Rio-São Paulo ou do exterior”, conta. O passarinho do Cerrado atraiu curiosidade e conquistou leitores. Mas nada poderia preparar Humberto para um dos maiores feitos do

Tirinha inédita criada para a revista em homenagem ao 65º aniversário da cidade

personagem: chegar até seus ídolos. “O Eixinho passou a ter leitores ilustres, como Ziraldo, Luis Fernando Veríssimo e Jaguar. Era como se o Mick Jagger entrasse pela porta e me tratasse como um amigo”, brinca. A relação com esses cartunistas cresceu o suficiente para os três escreverem prefácios para um livro nunca publicado sobre o passarinho.

De Ziraldo, inclusive, recebeu até um “esporro” construtivo. O pai do Menino Maluquinho enviou um telegrama curto e direto ao publicitário: “Me liga”. O motivo da urgência? Pedir para que Humberto parasse imediatamente de desenhar com a caneta cuja marca o veterano conseguiu identificar pelo jornal. Ele obedeceu, é claro, e dali em diante passou a usar caneta nanquim, a mais recomendada para a técnica.

Quase dez anos e mais de 3,5 mil tiras depois, Humberto se viu soterrado pela rotina, pelas contas a pagar e pela profissão de publicitário. Deixou de publicar o Eixinho, guardou os nanquins e focou em seguir uma carreira frutífera, que lhe rendeu cargos em agências multinacionais, campanhas memoráveis e prêmios mundo afora. Em paralelo, silenciosamente, a retinose pigmentar avançava e o Eixinho já era uma lembrança distante.

A reinvenção de um artista

Nos últimos anos, com a popularização das redes sociais, uma pergunta passou a perseguir Humberto. Amigos, familiares, leitores antigos: todos queriam saber quando o Eixinho voltaria. “Cria uma página no Instagram”, insistiam. Depois de muita relutância, Humberto cedeu. Pediu ajuda ao filho para criar o perfil, digitalizar as tiras antigas e, no dia 21 de abril de 2024, o passarinho ressurgiu no mundo virtual. “Para minha surpresa, muita gente ainda se lembrava dele”, celebra.

À medida que via o Eixinho ganhar seguidores e despertar nostalgia com os quadrinhos originais, Humberto sentia a urgência de contar novas histórias. “Minha cabeça começou a fervilhar. Tive dez, vinte, trinta, quarenta ideias de roteiros de uma vez”, conta. O único problema é que não conseguia mais desenhar. “Eu analiso as dificuldades como um muro gigante o qual podemos perder a vida lamentando diante dele, sem perceber que talvez haja um caminho ao redor”, reflete o artista. “A solução para o meu problema é voltar a enxergar. Mas se eu me basear nisso, ficarei estacionado. Foi quando pensei: e se eu desgrudasse o Eixinho do papel?”.

Assim surgiu a ideia de vetorizar o personagem. “Sem contar a ninguém, criei um roteiro do zero e pedi a um colega para montar uma tira. Quando ficou pronta, mostrei para o meu filho e a resposta dele foi ‘pai… como é que você fez isso?!’”, compartilha, emocionado. Assim, novas tiras surgiram no perfil. “Isso deixou as pessoas ainda mais curiosas, pois sabem que eu não enxergo, então como eu estaria fazendo aquela mágica?”, diz, bem humorado.

Com toda a repercussão, o Eixinho foi descoberto por um grupo de pesquisadores de tecnologia, que se aproximou com uma proposta ousada: e se a Inteligência Artificial pudesse ajudá-lo a “voltar a desenhar”? Humberto descreveria detalhadamente quadro por quadro da tirinha, e a IA – abastecida com os vetores e o máximo de informações sobre o personagem e o artista – cria a ilustração, seguindo seus comandos. O projeto ainda está em desenvolvimento, mas os primeiros testes são animadores. Falta pouco para que Humberto consiga, de fato, ilustrar novamente suas próprias histórias.

O publicitário deixa claro que a ideia é a IA ser sua mão, jamais sua cabeça. “A ferramenta não vai roubar o meu lugar. Ela não vai criar, mas sim desenhar sob a minha ordem, com o meu texto e o meu traço. Ela me permitirá continuar”, aponta. “Foi a tecnologia que ressuscitou o Eixinho. Se não fosse por isso, ele continuaria sendo esse monte de papel antigo. E mesmo se eu tivesse quinhentas novas ideias, elas ficariam somente na minha cabeça”, analisa.

O futuro do Eixinho

O retorno do Eixinho não foi planejado, mas aconteceu. O pássaro que um dia fez seu ninho no alto do Congresso voltou a voar. E, com ele, Humberto também. “Meu único objetivo com isso tudo é relembrar e mostrar para uma nova geração esse personagem que está dentro do meu coração. Mas agora, ele é quem vai decidir para onde quer ir”, conclui. @eixinho_omonumental

De Faroeste Caboclo a Ainda Estou Aqui, Brasília se afirma como palco excêntrico para a cinematografia. Na arquitetura monumental, a capital seduz diretores com sua acessibilidade, exuberância e imponência visual

O FASCINANTE CENÁRIO DO CINEMA NACIONAL

Brasília é uma tradução livre da palavra diversidade. No dia a dia, se ouve o “s” puxado do carioca, o “r” forte do paulista, o “uai” do goiano, o “trem bão” do mineiro, compondo a sonoridade da capital. Na arquitetura, os traços de Oscar Niemeyer deram forma a uma cidade de contrastes: ao mesmo tempo uma urbe incrivelmente moderna, como se observa no Museu Nacional da República, mas com edificações e monumentos repletos de história.

Essa mistura de estilos e influências atrai olhares de brasileiros e estrangeiros. Para quem mora na capital, o cenário pode se tornar cotidiano, mas para visitantes, o impacto

visual é imediato. Foi assim desde os primórdios, quando, em 1959, Brasília foi apresentada ao mundo no primeiro filme inteiramente produzido aqui. Ainda cercado por obras e terrenos que viriam a se tornar bairros, o cineasta Gerson Tavares contou a história de um casal desajustado isolado em uma mansão no Lago Sul no filme Amor e Desamor Mais de sessenta anos depois, o cinema encontrou em Brasília um ambiente cada vez mais promissor. A cidade, antes à sombra dos pólos tradicionais de produção, como Rio e São Paulo, se firmou como cenário para o audiovisual. “Além do forte investimento em incentivos fiscais para o audiovisual, Brasília tem essa mistura entre modernidade e história, o que atrai muitos cineastas”, explica Fernando

Gravação de Pequenas Criaturas

Toledo, diretor cultural especializado em produção de locação para cinema, internet e TV.

“Há muito talento local e uma estrutura técnica de suporte que vem se desenvolvendo muito”, pontua Toledo, com quase duas décadas de atuação neste segmento na capital. A escolha de uma locação envolve um extenso checklist: condições técnicas, espaço para equipe, ruídos da vizinhança, logística de filmagem, acessibilidade e custos operacionais. “É analisado se dá para filmar ali, se tem espaço para a equipe, se tem recuo, se o andar não é muito alto, o barulho na vizinhança, a proximidade com escolas e praças públicas, o tempo que leva para sair a autorização”, elenca.

A chavinha virou e a capital invadiu as grandes telas como os cenários de diversos perfis de produções. Parece que nossos criadores já sabiam que os desenhos sairiam dos croquis e ganhariam o destaque que toda concepção criativa e inovadora merece.

Personagem das telas

Nos últimos anos, Brasília esteve presente em diversas produções de repercussão. O ganhador do Oscar Ainda Estou Aqui teve cenas gravadas na cidade, incluindo o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, onde uma repórter narra o relatório da Comissão da Verdade. “A íntegra não chegou à obra finalizada, por uma preferência de utilizar imagens de apoio, como as fotos de Vladimir Herzog, Stuart Angel e do deputado Rubens Paiva, sob as falas da personagem. Mas, mesmo assim, a passagem por Brasília é histórica e reforça a relevância e o profissionalismo do mercado audiovisual da cidade”, afirma o produtor.

Produções como Faroeste Caboclo, Eduardo e Mônica, Capitão Astúcia e Justiça 2 também utilizaram suas paisagens. Brasília ainda chamou atenção internacional com A Machine To Live In, documentário de 2020 de Yoni Goldstein e Meredith Zielke filmado ao longo de oito anos.

A cidade planejada e organizada não influenciou apenas na qualidade de vida do brasiliense, mas também foi um dos chamarizes para o mundo audiovisual. O motivo principal é o controle mais eficiente da produção, com menos imprevistos em relação a trânsito e barulho, por exemplo. “Isso tudo sem falar da luz natural de Brasília que não tem igual em lugar nenhum. A capital tem a luz que todo fotógrafo sonha em fotografar”, complementa Toledo.

Quando produziu o segundo filme da adaptação das canções de Renato Russo para o cinema, o diretor René Sampaio comentou: “Eduardo e Mônica é um triângulo

Fotos: Divulgação
Cena de A Concepção, de José Eduardo Belmonte
Amor e Desamor, de Gerson Tavares
O diretor Iberê Carvalho e equipe durante filmagens de O Último Cine Drive-in
Equipe do premiado Ainda Estou Aqui em gravação em Brasília

amoroso com a cidade, que é uma parte da história. Ela é uma cidade-personagem”. E completou: “Visualmente, a capital é sensacional. Pela arquitetura, pelo céu, pela luz, pela beleza em geral. O contraste do que é bonito com o que é feio. Tem a questão estética que eu gosto de explorar, tento colocar nos planos abertos em contradição com os planos fechados. E tem a narrativa, acho que Brasília faz pessoas, tempos e espaços diferentes”.

Boa anfitriã

Incentivos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, e a atuação da Film Commission Brasília facilitam autorizações para filmagens em áreas públicas. “Há também o apoio do Brasília Convention Bureau, que aproxima as produções do trade turístico local”, destaca Toledo.

Outro diferencial é a segurança e infraestrutura. O suporte da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Detran e outros órgãos governamentais permite o fechamento de ruas e organização de trânsito sem maiores dificuldades. Segundo o diretor Renato Barbieri (Pureza e Servidão), esse tipo de mobilização é essencial para produções de grande porte. “Em Brasília conseguimos fechar ruas e áreas públicas para uma produção porque a população e as autoridades entendem que o cinema gera um retorno significativo para a cidade”, diz.

Embora esse tipo de facilidade não tenha custo financeiro direto para as produções, o retorno para Brasília é imenso. Geração de empregos locais, movimentação da economia em setores como hospedagem, alimentação e transporte, e

Set de filmagem de Pequenas Criaturas
Isis Valverde e Fabrício Boliveira em Faroeste Caboclo
Thiago Mendonça como Renato Russo no filme Somos Tão Jovens
Atores da série Felizes Para Sempre
Dira Paes em Pureza
Fotos:
Divulgação

a projeção da imagem da cidade para o Brasil e o mundo são apenas algumas das recompensas. “É um diferencial enorme em comparação com outros grandes centros audiovisuais, como Rio de Janeiro e São Paulo”, ressalta Toledo.

Nosso aeroporto é considerado um dos melhores da América Latina em termos de infraestrutura e qualidade de serviços. No setor privado, o trade turístico, que inclui hospedagem, transporte e alimentação, oferece tarifas especiais e apoio logístico integral às obras. Locais particulares, na grande parte das vezes cheios de história, agregam um valor imenso às produções, como o icônico Brasília Palace Hotel, queridinho de diretores e cineastas.

Nossa história com o cinema

Desde a sua construção, o Planalto Central despertou uma enorme curiosidade em várias partes do Brasil e do mundo. Como disse o grande cineasta brasileiro Vladimir Carvalho durante entrevista a Fernando Toledo para a série Brasília Cidade Turística e Cinematográfica, “quando se lançou a pedra fundamental, Brasília já estava presente na imprensa escrita, falada e cinematografada. Isto é um vaticínio! Ela tinha que respeitar a arte cinematográfica. De repente, Brasília, ao ser partejada, nascida, conheceu a luz do dia já filmada”.

Ao falar sobre o crescente fluxo cultural na capital, é impossível deixar de fora o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, um dos mais tradicionais e importantes do País, consolidando a cidade como um polo de referência para o cinema nacional. Historicamente, o público do festival sempre foi um dos mais temidos por quem trabalha no setor, pelo seu olhar crítico e exigente.

O festival, criado em 1965 como Semana do Cinema Brasileiro, é promovido anualmente pelo GDF e é realizado no Cine Brasília, outro protagonista quando o assunto é audiovisual brasileiro, já que mantêm viva a essência dos cinemas de rua.

O potencial de Brasília em diferentes vertentes não surpreendeu. O que nasceu de um sonho virou cenário para novos sonhos. Os traços de Niemeyer, que um dia eram apenas croquis, tornaram-se um dos palcos mais fascinantes do cinema nacional e internacional.

Alguns títulos para ver Brasília nas telinhas e nas telonas

•Ainda Estou Aqui (2024) – Walter Salles

•Capitão Astúcia (2025) – Filipe Gontijo

•Via Sacra (2024) – João Campos

•Réquiem para Dona Benta (2024) – Péterson Paim

•Letícia (2024) – Cristiano Vieira

•Justiça 2 (2024) – Pedro Peregrino

• Pequenas Criaturas (2024) – Anne Pinheiro Guimarães

•Eduardo e Mônica (2020) – René Sampaio

•Pureza (2020) – Renato Barbieri

•A Máquina de Viver (2020)

– Yoni Goldstein, Meredith Zielke

•O Candidato Honesto 2 (2018) – Roberto Santucci

•O Último Cine Drive-in (2015) – Iberê Carvalho

•Felizes Para Sempre (2015) – Luciano Moura, Rodrigo Meirelles, Paulo Morelli e Fernando Meirelles

•Faroeste Caboclo (2013) – René Sampaio

•Somos Tão Jovens (2013) – Antonio

Carlos da Fontoura

•A concepção (2005) – José Eduardo Belmonte

Cena de Justiça 2
Capitão Astúcia
Alice Braga em Eduardo e Mônica
O Congresso Nacional como

MEMÓRIAS RESTAURADAS

Desde 2018, o GDF realiza um esforço contínuo para revitalizar patrimônios públicos de Brasília. Do abandono à restauração, esses monumentos recuperados estreitam ainda mais o vínculo dos brasilienses com a cidade monumental

Reconhecida nacionalmente como um centro de decisões políticas, Brasília também é um verdadeiro museu a céu aberto, oferecendo aos moradores e turistas diversas opções culturais. Seus monumentos e espaços democráticos, criados desde a inauguração da capital federal, em 1960, carregam história, cultura e memórias afetivas dos brasilienses, o que motivou as autoridades a restaurar essas lembranças.

Desde 2018, durante a gestão de Ibaneis Rocha (MDB), o Governo do Distrito Federal (GDF) tem promovido a recuperação e modernização de vários desses locais emblemáticos, com o objetivo de devolvê-los aos brasilienses, preservando sua história e tornando-os novamente acessíveis ao público.

Entre os espaços revitalizados estão a Casa de Chá da Praça dos Três Poderes, a Torre e a Feira da Torre de TV, o Museu de Arte de Brasília (MAB), a Sala Martins Pena do Teatro Nacional, a Concha Acústica do Lago Paranoá, a Piscina de Ondas do Parque da Cidade (em fase final de obras) e, mais recentemente, a Rodoviária do Plano Piloto.

A recuperação desses espaços é um reflexo do esforço do GDF para devolver à cidade sua rica memória cultural. O investimento e o compromisso político da gestão estadual têm sido essenciais para reverter o abandono desses importantes monumentos, garantindo que continuem a fazer parte da vida dos brasilienses por muitos anos.

Teatro Nacional Claudio

Santoro: um ícone de volta à vida

Fechado por mais de uma década, o Teatro Nacional Claudio Santoro, um dos ícones arquitetônicos de Oscar Niemeyer, está cada vez mais próximo de recuperar o protagonismo na cena cultural e artística de Brasília. O complexo começou a ser construído em 1960, mas a entrega definitiva ocorreu apenas em 1981. Contudo, em 2014, teve as portas fechadas pelo Corpo de Bombeiros (CBMDF) por não cumprir determinações, especialmente de acessibilidade e segurança. Foram constatadas mais de cem irregularidades na época. Com investimento de R$70 milhões, oriundos do GDF, a esperada reabertura da Sala Martins Pena saiu do papel no fim de 2024 e, agora, já é reconhecida como uma das mais modernas do mundo. Recentemente, decisão do Tribunal de Contas do DF (TCDF) autorizou a retomada da licitação para as obras de reforma e restauro do foyer da Sala Villa-Lobos, do Espaço Cultural Dercy Gonçalves e da Sala Alberto Nepomuceno, os quais integram a segunda, das três etapas previstas no cronograma. O plano de revitalização total do Teatro Nacional prevê um investimento de R$315,6 milhões. Depois da Martins Pena, a próxima etapa contemplará a aguardada recuperação da Sala Villa-Lobos, com capacidade para 1,4 mil pessoas.

Casa de Chá: símbolo reconhecido mundialmente

A Casa de Chá da Praça dos Três Poderes reabriu recentemente após passar por uma revitalização completa. Administrado pelo Senac-DF em parceria com o GDF, o local manteve sua tradicional programação de café-escola, formando novos profissionais e atendendo ao público que busca a vista privilegiada para o centro das decisões políticas do País. A reabertura foi marcada por grande sucesso, com cerca de 480 visitantes no primeiro dia. Recentemente, a Casa de Chá foi incluída no livro 150 Tea Houses You Need to Visit Before You Die, da jornalista britânica Léa Teusher, consolidando Brasília no cenário gastronômico mundial.

Concha Acústica: palco musical do Brasil

Projetada por Oscar Niemeyer e inaugurada em 1969, a Concha Acústica sempre foi um dos principais pontos de encontros culturais de Brasília. O espaço já recebeu shows históricos de artistas como Roberto Carlos, Djavan, Gilberto Gil e Rita Lee, além de abrigar os primeiros eventos do festival Porão do Rock. Com capacidade para cinco mil pessoas, o local passou por reformas e, em 2021, foi reaberto, oferecendo uma programação acessível aos brasilienses. Hoje, a Concha Acústica integra um complexo cultural da cidade para promover ainda mais interação cultural e artística entre moradores e turistas que estão de passagem pela cidade.

Museu de Arte de Brasília: presente que retorna ao público

Fundado em 1985, o Museu de Arte de Brasília (MAB) abriga um acervo com mais de mil obras de renomados artistas brasileiros, como Tarsila do Amaral e Cildo Meireles. Após 14 anos fechado devido a problemas estruturais, o museu passou por uma revitalização completa e foi reinaugurado em abril de 2021, durante as comemorações do aniversário de Brasília daquele ano. O MAB agora conta com uma infraestrutura moderna, oferecendo um espaço para exposições e atividades culturais voltadas para toda a população.

Piscina de Ondas: a espera está chegando ao fim

Uma das mais nostálgicas memórias daqueles que viveram em Brasília na década de 1980, a Piscina de Ondas do Parque da Cidade, fechada desde 1997, está prestes a ser entregue ao público. Com um investimento de R$18,2 milhões do GDF, a reforma inclui brinquedos aquáticos, área infantil e um rio lento para atrair o público que lembra a importância do cartão-postal na fase áurea de Brasília. O Governo do Distrito Federal promete transformar novamente o espaço em um dos principais pontos de lazer de Brasília. Recentemente autorizada após questionamentos dos órgãos de controle, a obra foi liberada e a previsão é que a inauguração ocorra ainda neste ano.

Foto: Celso Junior

Feira e Torre de TV: um novo olhar para o turismo

A Feira da Torre de TV também faz parte da revitalização do GDF, com investimentos de até R$ 10 milhões para modernizar sua infraestrutura e atrair mais turistas e visitantes. Já a Torre de TV passou por melhorias em parceria com o Banco de Brasília (BRB), incluindo a inauguração do restaurante Mezanino, que oferece uma gastronomia sofisticada e uma vista panorâmica da capital, que inclui a consolidação do Jardim Burle Marx, com espelhos d’água e cascatas, aguardado há quase cinco décadas.

Rodoviária do Plano Piloto: concessão e modernização

Sempre alvo de críticas dos usuários, a Rodoviária do Plano Piloto também passará por transformações após a concessão ser aprovada pela iniciativa privada. O contrato, assinado em abril de 2024, prevê um investimento de R$120 milhões em modernização, melhorias na infraestrutura e na segurança, além da implementação de um centro de controle operacional. Entre as mudanças, estão a regulação dos ambulantes, a criação de espaços comerciais e a cobrança para o uso de estacionamentos próximos ao local. O terminal passou por uma reforma questionada em 1994, durante a gestão de Cristovam Buarque, mas sofre com a manutenção desde então. O GDF garante que não haverá aumento no preço das passagens até o fim de 2026 e que os trabalhadores informais serão cadastrados para garantir a continuidade das atividades que já exerciam.

COM A ALMA NOS ESTÁDIOS

Gustavo Dias Henrique é o primeiro nascido na capital federal a integrar a cúpula da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ex-jogador juvenil, agora, jogará para a vitória nas grandes ligas da política esportiva nacional\

Cabelos alinhados, discurso técnico, pés ainda com a memória da bola rolando nas quadras de concreto do Plano Piloto. Assim caminha Gustavo Dias Henrique, brasiliense nato que acaba de se tornar vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em um universo tradicionalmente dominado por nomes do eixo Rio-São Paulo, a ascensão de Gustavo marca não apenas uma conquista pessoal, mas também uma guinada simbólica no protagonismo do Distrito Federal no cenário esportivo nacional.

A eleição foi tranquila, mas o momento é histórico. Gustavo, que já atuava como diretor de Relações Institucionais da CBF, compôs a chapa única encabeçada por Ednaldo Rodrigues – reeleito com apoio unânime das 27 federações estaduais e dos quarenta clubes das séries A e B.

O pleito, realizado na sede da entidade, no Rio de Janeiro, selou a continuidade de um projeto que mira a descentralização do futebol nacional e o fortalecimento de novas praças esportivas. Brasília, claro, está no centro do plano. “É uma enorme honra representar nossa cidade neste importante cargo do futebol brasileiro”, afirmou Gustavo, em entrevista exclusiva à revista GPS|Brasília. “Só tenho a agradecer a sensibilidade do presidente Ednaldo em olhar para o DF e reconhecer a importância deste hub de eventos que Brasília se tornou”.

Brasiliense de corpo e alma, Gustavo cresceu entre peladas nas quadras pelo DF. Quando adolescente, vestiu a camisa do Brasília Futebol Clube. A paixão virou propósito. Com sólida formação acadêmica – graduação em Ciência Política e Relações Internacionais pela UnB, pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mestrado em Lisboa – Gustavo foi moldando sua trajetória profissional para o diálogo entre política pública e esporte. Ocupou cargos na Câmara Legislativa do DF (CLDF) e na Terracap, onde contribuiu com projetos de regularização fundiária de templos religiosos. Mas nunca se afastou do campo: a bola seguiu rolando, mesmo que nos bastidores.

Fotos: Divulgação

Casado com Juliana Albuquerque e pai de duas meninas, Gustavo é um entusiasta da transformação de Brasília em palco permanente do futebol nacional. “Por décadas, a cidade não explorou seu potencial como capital esportiva. Mas isso mudou”, observa.

Agora, o desafio é maior: como vice-presidente da CBF, e com posse marcada para o ano que vem, Gustavo mira o futuro. Está nos planos a Copa do Mundo Feminina de 2027, o desenvolvimento das categorias de base e a ampliação do futebol como ferramenta de educação e transformação social. “Não é apenas formar atletas. É formar cidadãos”, enfatiza. “Mesmo os que não seguem carreira profissional podem levar para a vida a disciplina, o espírito coletivo e a esperança que o esporte ensina.”

E quando o assunto é Seleção Brasileira, Gustavo é direto: “Acredito no Brasil. O hexa não é um sonho distante. É projeto”. E garante: vai trabalhar todos os dias para fazer esse projeto sair do papel – e, quem sabe, trazer mais uma estrela para a camisa canarinho, com pitadas de sotaque candango.

De onde veio a paixão pelo futebol?

Desde que me entendo por gente. Cresci em Brasília jogando bola nas quadras da cidade e, na adolescência, tive a honra de vestir a camisa do Brasília Futebol Clube. Aquilo foi marcante pra mim, teve impacto fundamental na minha formação. O futebol sempre foi mais que um esporte: é linguagem, cultura, identidade. A paixão nasceu ali, nas peladas de domingo e foi crescendo até virar missão de vida.

Você acha que Brasília dá oportunidades para quem quer viver do esporte?

Brasília tem um celeiro de talentos que desponta cada vez mais. Já tivemos grandes nomes saindo daqui, a cidade tem estrutura, visibilidade e público que comparece e apoia. O que eu tenho buscado, agora nessa posição, é justamente abrir caminhos para que Brasília se torne cada vez mais uma vitrine para o esporte nacional. Quem vive aqui já notou a diferença nos últimos anos. Por décadas, Brasília não explorou por completo a sua força para ser a capital dos grandes eventos esportivos, mas isso mudou, e o Mané Garrincha lotado e vibrando, na vitória da seleção sobre a Colômbia, é a melhor ilustração disso. É importante reconhecer o papel fundamental do governador Ibaneis Rocha e de todo o seu governo, que têm incentivado e apoiado cada vez mais a realização de eventos no Distrito Federal. Essa visão estratégica e o compromisso com o desenvolvimento do esporte têm sido determinantes para esse novo momento que vivemos. Também quero destacar o trabalho do presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal, Daniel Vasconcelos, que tem feito uma gestão firme e conectada com as demandas do

futebol brasiliense. Ele tem sido um parceiro incansável na valorização do futebol local.

Você imaginou que estaria hoje na alta cúpula de uma das confederações mais importantes do Brasil?

Não foi algo que eu planejei, mas foi algo para o qual eu me preparei a vida inteira. Estar hoje na vice-presidência da CBF é uma honra e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade enorme. Tudo começou com aquela paixão juvenil pelo futebol, depois veio a formação, o trabalho nos bastidores, o entendimento do esporte como política pública e vetor de transformação social. Olhando pra trás, vejo que cada passo me trouxe até aqui. Faço também um reconhecimento ao presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que vem conduzindo a Confederação com coragem e comprometimento com a diversidade e a inclusão. Ele tem sido uma liderança transformadora dentro e fora do campo, abrindo espaço para novas ideias e novas vozes.

Qual será sua aposta para o Brasil na Copa do Mundo? Vem novo título por aí?

Sempre acreditei no Brasil. Temos uma geração nova muito talentosa chegando, com atletas que unem técnica, força mental e coração. Acredito que, com trabalho sério, uma comissão técnica comprometida e a força da nossa camisa, o hexa não é sonho, é projeto. E estamos trabalhando todos os dias para que ele se torne realidade.

À revista GPS|Brasília, o presidente da CLDF, Wellington Luiz, destaca avanços nos 65 anos de Brasília e os próximos desafios: inclusão, sustentabilidade e inovação

“A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO DEVE

SER PRIORIDADE”

Ao longo de 65 anos, Brasília se consolidou como um dos principais centros políticos e econômicos do País. Apesar do urbanismo inovador e da arquitetura reconhecida, a capital enfrenta desafios que exigem planejamento, diálogo e ação concreta para garantir seu crescimento ordenado e a preservação histórica. Por isso, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) tem se dedicado para o futuro da cidade. Sob a liderança do deputado Wellington Luiz (MDB), primeiro brasiliense nascido na capital a ser eleito e reeleito presidente da Casa, o Legislativo local tem atuado para consolidar Brasília como um lugar seguro, moderno e economicamente forte para as próximas gerações.

Ao projetar o futuro da cidade, o presidente da CLDF enfatiza a necessidade de investimento em infraestrutura, tecnologia e inclusão social, garantindo que a capital continue sendo um exemplo de planejamento urbano e eficiência administrativa, chancelada como Patrimônio da Humanidade.

Como a CLDF tem trabalhado para garantir que a cidade continue sendo uma das melhores do Brasil para se viver e trabalhar?

A CLDF tem um compromisso sólido com o desenvolvimento da nossa capital. Sou o primeiro brasiliense, nascido aqui, a ser eleito e reeleito para o comando do Legislativo local. Meu papel e de todos os deputados é garantir que Brasília continue avançando com segurança jurídica, respeito ao ordenamento territorial e políticas públicas que tragam mais qualidade de vida para a população. Estamos aprovando legislações que incentivam o setor produtivo, destravam investimentos e garantem uma cidade mais moderna e eficiente. Além disso, temos um olhar atento para o social, assegurando que as políticas voltadas à educação, saúde e segurança cheguem a quem mais precisa. Brasília tem desafios, mas nós estamos aqui para trabalhar com responsabilidade e planejamento, sempre ouvindo a sociedade e garantindo que as decisões tomadas representem os anseios do cidadão brasiliense.

Fotos:
Divulgação
“Precisamos preparar Brasília para ser uma cidade inteligente, conectada e inovadora”

Quais avanços os deputados têm promovido para garantir o crescimento sustentável da capital, que é tombada pela Unesco?

Brasília é uma cidade única no mundo. Ao mesmo tempo em que precisamos permitir o crescimento ordenado, não podemos abrir mão da preservação do nosso patrimônio cultural. Por isso, a CLDF tem tratado esses temas com muita responsabilidade, promovendo debates amplos e transparentes. O PDOT será essencial para definir regras claras ao desenvolvimento urbano, garantindo moradia digna e infraestrutura adequada para a população. O PPCub, por sua vez, também foi fundamental e marcou a modernização da cidade com a preservação de sua identidade histórica. Temos trabalhado para garantir que essas diretrizes sejam sempre aprovadas com responsabilidade, segurança jurídica e equilíbrio, evitando distorções e promovendo um crescimento sustentável para o DF. Nosso compromisso é com o futuro de Brasília, e todas as decisões passam por um diálogo constante com especialistas, sociedade civil e, claro, setor produtivo.

Com quais ações recentes a CLDF colaborou para reforçar a segurança e o combate à violência contra a mulher no DF?

Como policial civil, sei que a segurança pública não pode ser tratada com improviso. Temos que atuar com firmeza e responsabilidade para garantir que a população do DF viva com mais tranquilidade. Temos aprovado leis que fortalecem o combate à criminalidade, ampliam o apoio às forças de segurança e garantem proteção às vítimas. O enfrentamento à violência contra a mulher, por exemplo, é uma prioridade absoluta. Temos trabalhado para fortalecer os mecanismos de denúncia, aumentar a rede de proteção e garantir que as punições sejam efetivas. Brasília precisa ser um lugar seguro para todos, e esse compromisso passa por uma CLDF atuante, que cobre do Executivo as ações necessárias e que trabalhe para dotar a segurança pública de instrumentos modernos e eficazes no combate ao crime como um todo.

Quais medidas estão sendo debatidas para fortalecer o desenvolvimento econômico da cidade?

Brasília precisa explorar cada vez mais seu potencial econômico e turístico. Temos uma cidade linda e planejada, com uma arquitetura única, história riquíssima e um setor produtivo vibrante e que apoia nosso desenvolvimento. Na CLDF, temos trabalhado para destravar burocracias, fomentar a geração de empregos e criar um ambiente mais favorável para os negócios. Acreditamos que o turismo pode ser uma grande alavanca para a economia, com a visitação e a realização de grandes eventos na cidade. Além disso, o fortalecimento do setor produtivo é essencial, e para isso estamos aprovando legislações que impulsionam o empreendedorismo e criam incentivos para atrair investimentos aqui.

Como imagina a capital daqui a 65 anos?

Brasília tem um futuro promissor e nasceu como símbolo de ser a “capital da esperança”. Quando pensamos na cidade daqui a 65 anos, imaginamo-la ainda mais moderna, sustentável e reconhecida pela inclusão. Para isso, precisamos planejar desde agora. Os desafios passam por garantir um crescimento urbano ordenado, um transporte público eficiente e políticas que garantam mais qualidade de vida para as próximas gerações. Acredito que a tecnologia será uma grande aliada nesse processo, e precisamos preparar Brasília para ser uma cidade inteligente, conectada e inovadora, como outras capitais do mundo. Ao mesmo tempo, não podemos esquecer nossas raízes. A preservação do patrimônio e da identidade da capital deve ser uma prioridade permanente de quem é eleito pela população. Acredito que, com diálogo, planejamento e comprometimento, vamos construir uma Brasília ainda mais forte e preparada para o futuro. Esse é o nosso compromisso.

NEGÓCIOS: INOVAÇÃO, EFICIÊNCIA E LEGADO

Brasília completa 65 anos e, apesar de sua juventude, é uma cidade de grandes oportunidades. Para muitos, ainda é vista como a terra dos concursos públicos; no entanto, seu ambiente de negócios vem se destacando e mostrando um outro lado que a torna atrativa quando se fala em empreendedorismo. A capital federal revela um ambiente fértil para a iniciativa privada. Diversos segmentos vêm ganhando força no mercado brasiliense, como construção civil, saúde, tecnologia, serviços e agronegócio.

Em 2022, um estudo realizado pelo Ministério da Fazenda apontou Brasília como o quinto melhor ambiente de negócios do País. A pesquisa, que avaliou 613 critérios aplicados em mais de cem municípios, analisou aspectos como abertura de empresas, infraestrutura e logística, regulação urbanística, concorrência setorial, tributação e segurança jurídica.

A cidade conta com uma localização estratégica, facilitada por seu competente aeroporto internacional e ampla malha rodoviária. Além disso, abriga nove escolas técnicas com mais de oitenta cursos voltados à qualificação de mão de obra, e ainda centros de inovação, como o Biotic (Brasília Interactive Technology), que fomenta o empreendedorismo e abre espaço para startups e empresas de tecnologia.

Ao longo de sua história, diversas empresas nasceram e construíram seu legado na capital. Apesar dos desafios econômicos e das transformações do mercado, muitas dessas organizações garantiram sua continuidade por meio da sucessão familiar, chegando a segunda e até a terceira geração de gestores.

Empresas como as Organizações PaulOOctavio, que celebram cinquenta anos e já geraram mais de 52 mil empregos diretos e indiretos ao longo deste tempo; a Farmacotécnica, com 49 anos de existência, pioneira no setor de farmácias de manipulação no DF; e a INTTER, construtora e incorporadora de alto padrão, com mais de 800 mil m² construídos em 36 anos, são exemplos de negócios bem-sucedidos na capital. O que essas empresas têm em comum? A visão estratégica de seus fundadores e o investimento em uma gestão profissionalizada.

O desafio da sucessão

Garantir uma transição bem-sucedida nas empresas familiares exige a capacitação de seus sucessores. Nesse cenário, a Fundação Dom Cabral (FDC), classificada em 2024 entre as dez melhores escolas de educação executiva do mundo, tem atuado em Brasília por meio da RS Gestão Empresarial, auxiliando na formação de líderes empresariais.

A pós-Graduação em Gestão de Negócios com ênfase em Marketing, Finanças, Pessoas ou Projetos – prepara executivos e sucessores para os desafios do mercado, com foco em estratégia, liderança e inovação. A próxima turma presencial começa em maio de 2025.

Programa de Desenvolvimento de Conselheiros (PDC) – Capacita conselheiros para atuarem de forma estratégica, com metodologia imersiva baseada em cases complexos. A turma de 2025 será realizada em Pirenópolis, a partir de novembro.

Programa de Desenvolvimento de Acionistas e Famílias Empresárias (PDA) – Voltado à governança, sucessão e gestão patrimonial, o programa ajuda a garantir a continuidade dos negócios e a coesão familiar. Disponível em Brasília sob demanda.

André Kubitschek, da PaulOOctávio
Foto: Rayra Paiva

Uma capital inovadora

As novas gerações, ao assumirem a administração das empresas, têm o desafio de se manterem competitivas em um mercado que muda cada vez mais rápido. A inovação e uma gestão profissionalizada são a chave para a preservação e ampliação do legado constituído pelos fundadores.

O diretor de hotelaria da PaulOOctavio, André Octavio Kubitschek, formado nos Estados Unidos em Business e em Direito, iniciou em 2024 a Pós-Graduação em Gestão de Negócios da FDC e destaca: “O conteúdo do curso abrange vários temas de uma forma dinâmica e objetiva, moldando nossa forma de olhar a operação e o mercado”. Ele também ressalta o impacto da experiência dos professores na ampliação de sua visão sobre o mercado.

Na INTTER, a transição para a liderança de Lucas Zamboni, sucessor do fundador Luiz Cunha, reforça essa mentalidade de profissionalização. “A experiência prática dos professores nas monitorias agrega um valor imenso, pois trazem vivências de mercado e cases reais de sucesso, algo que sempre busco ao envolver pessoas experientes para contribuir com a nossa gestão”, diz Lucas. A família concluiu recentemente o PDA, programa que trouxe clareza sobre papéis e responsabilidades, fortalecendo não apenas os negócios, mas também os laços familiares. “Hoje, até mesmo aqueles que não estão na operação têm uma visão muito mais clara do negócio. Um dos exercícios que fizemos foi debater cenários inimagináveis e foi extremamente enriquecedor, todos nós aprendemos muito. Uma grande entrega deste programa foi construir, em conjunto, um documento que representa nossa visão, valores e união como família de forma genuína”, completa.

Já a Farmacotécnica, sob a gestão das irmãs Rogy e Romy Tokarski, mantém sua posição de referência no setor, inovando constantemente. Romy, ex-aluna do PDC, destaca: “O PDC foi fundamental para ampliar minha visão estratégica e me preparar para atuar de forma mais efetiva no conselho e na gestão da empresa. Com o conhecimento adquirido, consigo contribuir de maneira mais estruturada e sustentável para o crescimento da Farmacotécnica, honrando o legado dos meus pais e preparando a empresa para os próximos ciclos”. A empresa também participa do PAEX (Parceiros para a Excelência), voltado para médias empresas, reforçando a capacitação de seus executivos e equipes.

Nestes 65 anos de Brasília, celebramos também a consolidação da cidade como um polo de oportunidades e crescimento. As histórias inspiradoras por trás de tantas empresas que aqui nasceram comprovam o potencial dessa cidade inovadora.

@rsgestaoempresarial www.rsgestao.net.br (61) 99267-2828

*Executiva de Negócios da RS Gestão Empresarial, pós-graduada em Gestão de Negócios pela FDC e com especialização em Gestão Comercial

Romy e Rogy Tokarski, da Farmacotécnica Foto: Rayra Paiva
Lucas Zamboni, da INTTER Foto: Vanessa Castro

Vice-presidente do NwAdv

COMO O EMPRESÁRIO BRASILEIRO DEVE SE PREOCUPAR COM A REFORMA TRIBUTÁRIA?

um modelo mais unificado, com menos burocracia e maior transparência. Mas, na prática, o que isso realmente significa para quem empreende no Brasil?

A transição para esse novo modelo exigirá ajustes. Empresas vão precisar recalcular preços, rever margens de lucro e acompanhar de perto as regras que ainda estão sendo definidas. Setores que hoje contam com regimes diferenciados podem ver mudanças na carga tributária, o que torna o planejamento essencial para manter a competitividade.

Uma das principais mudanças é a adoção do IVA Dual, um imposto sobre valor agregado que substitui tributos como PIS, Cofins, ICMS e ISS. Ele será dividido em duas partes: uma federal (CBS) e outra gerida por estados e municípios (IBS). Esse modelo busca simplificar a tributação e evitar disputas entre entes federativos, mas exige atenção na transição para que os impactos sobre os custos das empresas sejam bem administrados.

A implementação será gradual. O novo sistema começa a valer em 2026 e será ajustado ao longo dos anos até 2033. Durante esse período, tributos antigos serão reduzidos progressivamente, enquanto os novos entram em vigor de forma escalonada. Essa mudança exige um acompanhamento próximo das regras para evitar surpresas e garantir que a empresa esteja preparada para cada fase da transição.

Para os empresários, o desafio não está apenas em entender o novo sistema, mas em agir estrategicamente para evitar impactos negativos no fluxo de caixa e na precificação de produtos e serviços. O acompanhamento de especialistas pode fazer parte das estratégias que ajudam na construção de planejamento tributário em acordo com as novidades. Como vice-presidente da NWAdv, observo uma movimentação de empresários e especialistas para que as empresas compreendam e se adaptem à reforma, assim os empresários podem se precaver e tentar garantir maior segurança jurídica e planejamento estratégico para as mudanças que chegaram e vão continuar chegando.

A reforma tributária vai trazer a maior mudança no sistema de impostos do Brasil em décadas. Sim, a reforma foi aprovada em 2023 e já começa a produzir efeitos, mas só entrará em vigor oficialmente a partir de 2026 e valerá integralmente em 2033. Ou seja, estamos na primeira fase e ainda temos alguns anos antes de nos adaptarmos completamente. A ideia é simples no papel: substituir tributos complexos por

O cenário tributário está em transformação, e o empresário que buscar informação e suporte técnico terá mais condições de manter sua competitividade e evitar riscos desnecessários. O planejamento começa agora.

Foto: Divulgação

A POTÊNCIA FEMININA

Mais de mil participantes de ao menos dez países, 85 reuniões de negócios internacionais e uma expectativa de dezenas de milhões movimentados, o WeForum 2025 fortaleceu a presença das mulheres no empreendedorismo do Brasil e do mundo

Belo Horizonte (MG) – Na contramão dos eventos efêmeros que se encerram com o apagar das luzes, o WeForum 2025 propôs algo diferente: um ponto de virada. Durante dois dias de intensos encontros, trocas e escuta ativa, mais de mil mulheres – entre líderes empresariais, autoridades e visionárias – construíram juntas uma mensagem clara: a liderança feminina não é apenas presente. Ela é urgência, movimento e legado.

A capital mineira foi o palco de um dos maiores encontros internacionais voltados ao empreendedorismo feminino entre os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia e China). Mais de 1.150 participantes passaram pelo evento, vindas de ao menos dez países. Somente nas rodadas de negócios internacionais, foram realizadas 85 reuniões entre empresárias brasileiras e compradores de mercados como Emirados Árabes Unidos, Itália, Canadá, Reino Unido, Argentina e Chile. Um encontro entre potência produtiva e visão global, com a expectativa de movimentar valores acima dos R$ 50 milhões alcançados na edição anterior.

Para Ana Cláudia Badra Cotait, presidente do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) e uma das anfitriãs do encontro, o WeForum é um motor para a geração de renda, negócios e conhecimento. “Conectamos CEOs nacionais e internacionais para discutir temas como tecnologia, energia, sustentabilidade, inclusão e economia. Essa fusão de ideias e experiências fortalece. E há um networking poderoso, uma corrente fundamental para empreendedoras do Brasil”, resume.

Um olhar atento aos corredores do evento bastava para perceber que o networking não era um subproduto da programação, era o ponto central. Como o gesto de Anna Nesterova, diretora da Global Rus Trade e Presidente da BRICS WBA Rússia, que exibiu no palco um vestido confeccionado por uma empresária do Paraná que ela ganhou, que já rendeu um convite para uma visita à Rússia.

Entre os painéis, o que se ouviu foi menos sobre estatísticas e mais sobre propósito. Izabel Itikawa, primeira mulher

a presidir uma federação de indústrias no Brasil, e Joyce Trindade, vereadora e secretária de Políticas para Mulheres do RJ, trouxeram à tona a importância da representatividade em espaços de decisão. “Quando vemos uma potencial liderança feminina, temos que incentivar”, acredita Joyce.

O encontro também apontou os desafios que ainda existem: a baixa presença de mulheres exportadoras, a dificuldade de reter talentos femininos em ambientes majoritariamente masculinos, e a falta de políticas públicas efetivas. “Se não tivermos um pacto econômico e social que nos impulsione, a evolução será muito lenta. Precisamos de políticas públicas, sim, mas também de união estratégica entre empresárias, governos e instituições”, afirma Mônica Monteiro, presidente do Capítulo Brasileiro da Aliança Empresarial de Mulheres do BRICS.

Para o futuro, um recado: atenção às grandes transformações. “As empreendedoras precisam estar conectadas a tendências, adaptando-se com agilidade e buscando inovação contínua. Este é o momento de empreender com propósito, estratégia e sensibilidade, sempre alinhadas aos valores e às necessidades reais de seus clientes”, acredita Ana Cláudia. Um dos maiores legados do WeForum 2025 é que um novo capítulo está sendo escrito, não por uma, mas por muitas mãos. “Nosso desafio é continuar rompendo barreiras. Juntas, podemos redefinir o futuro da economia,” finaliza.

Ana Claudia Badra Cotait e Mônica Monteiro
Foto: Divulgação

Com presença em Brasília e atuação nacional, a ASZ Consultoria e Assessoria desenvolve soluções personalizadas para gestão pública e privada. Planejamento, dados e comunicação integrada são os pilares do seu trabalho

ESTRATÉGIA QUE GERA VALOR

No atual cenário de transformações políticas, avanço digital e exigência por maior transparência na gestão pública e privada, consultorias que conseguem unir estratégia, tecnologia e impacto real tornam-se aliadas fundamentais para líderes e instituições. É nesse ambiente desafiador que a ASZ Consultoria e Assessoria se destaca como uma força de inteligência aplicada no coração do poder brasileiro.

Com sede recém-inaugurada no Park Way, a empresa reforça seu posicionamento no epicentro político do País, ampliando sua estrutura e incorporando novas tecnologias com foco em soluções personalizadas. “Estar em Brasília nos permite agir com velocidade, fortalecendo nossa atuação junto a lideranças nacionais. A nova sede representa o que há de melhor em termos de assessoria, inovação e entrega de resultados. Mais do que uma ampliação de espaço físico, essa nova fase marca a chegada de parceiros estratégicos que fortalecem nossa atuação”, afirma o CEO, o jornalista e estrategista Alesson Soares.

Criada em 2019, a empresa desenvolve um trabalho pautado por estratégia, planejamento e execução eficiente. “A cada cliente atendido, buscamos não apenas entregar

Alesson Soares, CEO da ASZ Consultoria e Assessoria

soluções, mas contribuir para uma gestão mais transparente e inovadora. Por meio de treinamentos, análises técnicas e construção de narrativas consistentes, ajudamos a transformar desafios em oportunidades”, diz.

Dentre os serviços oferecidos, estão: consultoria política, assessoria de comunicação, gestão de crise, marketing digital, planejamento estratégico e relações institucionais. “A ASZ nasceu de uma necessidade real do mercado: oferecer assessoria e consultoria estratégica de alto nível, baseada em experiência sólida e resultados concretos. Atuamos com uso de tecnologia, análise de dados e uma equipe altamente qualificada”, garante Alesson.

Com um portfólio que abrange prefeituras, órgãos públicos e empresas privadas de diversos segmentos, a ASZ aposta na convergência entre as esferas governamental e corporativa como vetor de desenvolvimento. “Essa conexão é fundamental. O setor empresarial precisa entender o funcionamento da administração pública para atuar de forma eficiente, e os gestores públicos necessitam de estratégias bem estruturadas para gerar impactos positivos. Os desafios são distintos: no público, lidamos com legislação e regulação, enquanto no privado, a dinâmica é voltada para mercado e competitividade”, detalha.

Expansão com propósito

Atualmente, a atuação da ASZ inclui ainda assessoria jurídica e consultoria política, além de intermediação de negócios e representação comercial, sempre com foco em soluções personalizadas. Só de prefeituras são 120 atendidas. O crescimento da empresa, no entanto, não é apenas numérico. A ASZ já mira novas frentes, como

consultoria para startups, gestão de imagem e expansão para outras capitais brasileiras. Tudo isso com um olhar voltado para o futuro do setor. “O mercado brasileiro de consultoria precisa avançar em profissionalização, criar critérios de transparência nas contratações e estabelecer marcos regulatórios claros, que garantam qualidade na prestação de serviços. Nosso trabalho já se antecipa a isso, com ética, compromisso e responsabilidade”, afirma.

A consultoria também aposta em parcerias que agregam valor ao serviço. Um exemplo é a colaboração com a empresa de tecnologia TODDEtsi, que ampliou a capacidade de análise preditiva e a precisão nos projetos, especialmente em áreas como dados eleitorais, comunicação pública e políticas de impacto social. A ASZ atua ainda em projetos com impacto social.

O ativo mais importante da empresa, segundo Soares, está na qualidade de sua equipe. “Trabalhamos com quem compartilha da nossa visão estratégica. Priorizamos profissionais com experiência, capacidade analítica, criatividade e agilidade na resolução de problemas complexos. Esse é o nosso diferencial mais valioso”, finaliza o CEO.

@aszassessoria

A MENTALIDADE DO CRESCIMENTO

Desenvolvimento humano e empresarial caminham juntos. Organizações com cultura, liderança, inovação e propósito se destinam para o sucesso. Em cenário de mudanças aceleradas, WTC promove conexões para impulsionar resultados

Transformar e inspirar são pilares da performance de alto impacto nos negócios. Compreender a sua essência vai além da produtividade – é uma estratégia. Mais do que alcançar metas, trata-se de criar ambientes onde pessoas e empresas crescem juntas, com propósito claro e espaço para inovação.

Daniella Abreu conhece bem esse conceito. À frente das unidades do World Trade Center (WTC) em Curitiba, Joinville, Porto Alegre, Brasília, Sinop e Balneário Camboriú, ela explica que é necessário um olhar estratégico, baseado em conexões reais, escuta ativa e na certeza de

“As organizações precisam parar de ver a capacitação como custo. É investimento”

que o sucesso é coletivo. “Alta performance tem a ver com cultura, e cultura é feita de pessoas”. Crescimento ocorre quando valores bem definidos encontram líderes inspiradores, metas claras e, principalmente, um ambiente onde as pessoas se sentem valorizadas e desafiadas para crescer na medida certa”, pontua a presidente.

Em uma cultura de alto desempenho, o líder vai além da gestão tradicional: ele é facilitador, referência e ponte entre potencial e propósito. No ecossistema do WTC, isso se reflete na conexão entre empresas do Brasil e do mundo por meio de networking qualificado, eventos, mentorias e trocas estratégicas. “O WTC é um ambiente onde líderes aprendem com líderes. Promovemos encontros não apenas para networking, mas para crescer juntos, compartilhar boas práticas, erros e soluções”, afirma Daniella.

Para ela, essa troca entre pares, baseada na confiança e na abertura, é um dos pilares da cultura de alta performance. Ambientes que incentivam feedback construtivo e colaboração geram equipes mais engajadas, produtivas e, acima de tudo, alinhadas a um propósito maior.

Pessoas motivadas, com autonomia e um propósito claro, entregam mais e melhor. As empresas que lideram hoje e continuarão liderando amanhã são aquelas que cuidam das pessoas enquanto entregam resultados. Isso exige cultura forte, coerência e liderança”, afirma.

Criatividade e colaboração

Grandes organizações compartilham um traço essencial: a mentalidade de crescimento. Nesse modelo, errar faz parte do processo, aprender é prioridade e inovar é rotina, um conceito essencial, mas ainda pouco difundido. No WTC, percebemos que os negócios que mais crescem são aqueles que estimulam seus times a pensar, propor, testar e melhorar sempre. Isso ocorre quando há espaço e incentivo à criatividade e colaboração”, defende Daniella.

Para ela, não basta buscar novos resultados repetindo velhas fórmulas. Romper padrões, estimular novas formas de pensar e manter o foco em metas claras, sem engessar o caminho, são diferenciais competitivos.

“Não existe performance sustentável sem bem-estar”
Daniella Abreu

Performance sustentável

Outro fator-chave para alta performance sustentável é o alinhamento entre metas e desenvolvimento individual. Empresas que investem em capacitação e planos de carreira criam um ciclo virtuoso: pessoas crescem, resultados aparecem e a cultura se fortalece. “As organizações precisam parar de ver a capacitação como custo. É investimento puro. Um time preparado, motivado e com clareza de onde pode chegar entrega muito mais – e com brilho nos olhos.”

No WTC, desenvolvimento humano e empresarial caminham juntos. A instituição promove rodadas de negócios e encontros estratégicos, mas também fomenta debates sobre soft skills, saúde, inteligência emocional, liderança feminina – entre outros temas cada vez mais centrais nas decisões corporativas.

Em um cenário de mudanças aceleradas, empresas rígidas e pouco flexíveis perdem competitividade. A gestora do WTC, que tem atuação em mais de noventa países e presença estratégica nas principais cidades brasileiras, acredita que para quem deseja construir essa cultura, o caminho é claro: liderança inspiradora, metas bem definidas, ambiente seguro para inovar, investimento em pessoas e conexão com ecossistemas que expandem possibilidades.

“O segredo da alta performance não está somente em trabalhar mais, mas em trabalhar melhor, com intenção e conexão. São os times que sabem aonde querem chegar – e que têm as ferramentas e o ambiente certos para isso – que realmente fazem a diferença”, finaliza.

@wtcbrasilia www.wtccuritiba.com.br

Fotos: Divulgação

BRUNETTI O poder do sorriso

Luísa Peleja descobriu que pequenas mudanças podem transformar a autoestima. Na Brunetti Odontologia, tecnologia e precisão garantem resultados naturais

O sorriso tem um papel essencial na autoestima e na forma como nos apresentamos ao mundo. Pequenos ajustes podem trazer grandes transformações, elevando não apenas a aparência, mas também a confiança e a autenticidade.

Comunicadora, influencer, empresária e autora de dois livros, a brasiliense Luísa Peleja conta que demorou a perceber o impacto do sorriso em sua expressão. “Eu tinha dentes pequenos, quase infantis, e nunca imaginei que uma mudança pudesse fazer tanta diferença, não apenas esteticamente, mas na forma como eu me sentia. Colocar lentes de contato dentais não foi só uma questão visual. Meu sorriso ganhou projeção, presença e, junto com ele, eu também. Antes, sorrir em fotos era um desafio, algo que eu evitava. Hoje, é natural e espontâneo”, confessa.

Mais do que uma mudança estética, foi uma transformação pessoal. “É estranho olhar fotos antigas e perceber o quanto mudei. Porque não foi só um novo sorriso, foi um amadurecimento. Me vejo diferente, me sinto diferente”, diz Luísa. A experiência foi ainda mais especial por ter sido realizada na Brunetti Odontologia. “Fiz o tratamento em 2021 e, até hoje, nunca precisei de nenhum ajuste”, afirma.

Tecnologia e excelência

Referência em odontologia estética, a Brunetti Odontologia reúne um portfólio de tratamentos que integra saúde bucal, funcionalidade e estética facial. Especializada na aplicação de lentes de contato dentais, a clínica combina tecnologia de ponta com um olhar minucioso para proporcionar sorrisos harmônicos e naturais.

O processo começa com um planejamento digital detalhado, no próprio Laboratório Digital, o que permite ter mais controle sobre a qualidade e os prazos de produção. Isso garante mais agilidade nos tratamentos, proporcionando eficiência e excelência em cada etapa do processo.

Primeiro, a imagem do sorriso é projetada em 3D, permitindo que os dentistas avaliem cada detalhe estrutural e estético antes da confecção das lentes. Com microscopia de alta precisão, as peças são desenvolvidas milimetricamente para se ajustarem com perfeição à arcada dentária do paciente. Após a implementação, com o acompanhamento criterioso da equipe, os resultados se mantêm impecáveis por muitos anos, proporcionando sorrisos saudáveis, bem planejados e, acima de tudo, autênticos.

A expertise da Brunetti vai além da estética. Localizada no Edifício Onze, na QI 11 do Lago Sul, a clínica também atua em áreas como implantes dentários, reabilitação oral, periodontia estética, harmonização orofacial e endodontia. Como um olhar multidisciplinar e uma equipe especializada, a Brunetti acredita que o tratamento personalizado e humano é essencial para alcançar os melhores resultados em cada caso clínico.

@brunettiodonto www.brunettiodonto.com.br

A CIRÚRGICAREVOLUÇÃO

O médico Rodrigo Lima e equipe lideram a realização da cirurgia robótica de coluna em Brasília, com a realização de mais de cem procedimentos. A técnica alia inteligência artificial e precisão para acelerar a recuperação dos pacientes

Brasília, a cidade que nasceu do sonho visionário e da ousadia de Juscelino Kubitschek, chega aos 65 anos reafirmando seu DNA inovador. Se a capital despontou como um marco da arquitetura e da política, hoje, também se consolida como referência na medicina moderna. Considerada uma tecnologia tão precisa que parece ter saído de um filme de ficção científica, a cirurgia robótica de coluna está colocando a cidade no mapa da inovação médica global.

Desde outubro de 2022, o cirurgião ortopedista Rodrigo Lima tem aplicado a técnica, que combina inteligência artificial e robótica de última geração. Nesse período, cerca de duzentos pacientes já passaram pelo procedimento com sucesso, beneficiando-se de uma recuperação mais rápida e menos dolorosa.

O pioneirismo da capital atraiu a atenção do mundo pelo resultado gerado com a precisão cirúrgica que garante recuperação rápida e menos dor no pós-operatório. Médicos de países como Chile, Argentina, México, Colômbia e Panamá já

vieram até a capital para aprender a técnica. “Brasília se tornou referência ao reunir três pilares essenciais: uma equipe altamente qualificada, um hospital com tecnologia de ponta e o acesso dos pacientes ao procedimento”, destaca Lima.

Para receber os médicos estrangeiros, foi criado um protocolo estruturado que inclui uma fase teórica, análise de casos clínicos e acompanhamento prático das cirurgias. “Eles veem o robô em ação, o que facilita o aprendizado e acelera a adoção da técnica em seus países”, explica o ortopedista.

Além de capacitar médicos, Brasília tem se consolidado como destino de saúde. Mais de trinta pacientes de outros estados já viajaram até a capital para realizar a cirurgia robótica de coluna, atraídos pelos benefícios do procedimento.

Realizada no Hospital Santa Lúcia, um dos mais avançados do País onde Rodrigo Lima opera, a cirurgia utiliza sistemas robóticos de última geração, incluindo óculos de realidade virtual e navegadores cirúrgicos 3D. Essas tecnologias oferecem ao cirurgião uma visão detalhada da coluna antes mesmo da primeira incisão, tornando a abordagem mais segura e minimamente invasiva.

Menos dor, recuperação mais rápida

Mais do que um avanço tecnológico, a cirurgia robótica representa um salto na experiência dos pacientes. Com incisões menores e maior precisão, o procedimento reduz o risco de complicações, minimiza a dor no pós-operatório e retorno mais rápido à rotina. Diferentemente das cirurgias tradicionais, que exigem cortes de tecidos do corpo maiores e um longo período de recuperação, a abordagem robótica permite um acesso cirúrgico preciso com riscos reduzidos. “O robô nos permite visualizar toda a estrutura da coluna com extrema precisão, direcionando nossa abordagem ao ponto exato do problema. Isso evita cortes extensos e agressivos, preservando a integridade dos tecidos ao redor”, explica Lima.

Para o cirurgião, essa é apenas a primeira etapa da revolução cirúrgica na capital. O próximo passo é expandir o acesso à tecnologia, garantindo que mais pacientes possam se beneficiar desse avanço.

@dr.rodrigo_lima

Fotos: Rayra Paiva
Fotos Rayra Paiva

inspira celebra. Uma cidade que um vinho que

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Assinado por Daniel Jacaré, o design traduz a essência de Brasília em traços expressivos e marcantes.

Uma edição especial, um Tempranillo intenso e sofisticado, como a cidade que a inspirou.

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CIRURGIA DE PÁLPEBRAS A LASER

A blefaroplastia a laser (cirurgia das pálpebras) rejuvenesce a expressão e melhora a qualidade de vida. A Clínica Durães é referência em Brasília no procedimento que remove excesso de pele e bolsas de gordura, devolvendo naturalidade e frescor à face

O olhar é uma das expressões mais marcantes da identidade, e reflete emoções, saúde e vitalidade. No entanto, com o passar do tempo, a pele da região dos olhos sofre alterações naturais, como flacidez e acúmulo de gordura,

conferindo um aspecto cansado. Para reverter esse quadro, a blefaroplastia desponta como um dos procedimentos mais eficazes, promovendo não apenas um rejuvenescimento estético, mas também melhorias na funcionalidade da visão.

Com mais de vinte anos de experiência e mais de vinte mil cirurgias plásticas oculares realizadas, Rodrigo Durães, oftalmologista especializado em cirurgia plástica ocular pela USP e proprietário da Clínica Durães – Medicina e Estética Especializadas, em Brasília, tem ajudado inúmeros pacientes a recuperar a harmonia do olhar. “Mais do que um procedimento estético, a blefaroplastia estruturada é um investimento na autoestima e na qualidade de vida. Nossa missão é entregar um olhar confiante e rejuvenescido, sempre com naturalidade, alinhando expectativas e oferecendo

o que há de mais moderno na área”, destaca Durães. Hoje realizamos a Blefaroplastia estruturada a laser com a qual, além da melhora estética, corrigimos assimetrias e patologias de pálpebras e sobrancelhas no mesmo ato cirúrgico.

A cirurgia das pálpebras é recomendada para pacientes que apresentam excesso de pele, flacidez ou bolsas de gordura na região dos olhos, condições que podem ser causadas pelo envelhecimento natural da pele, fatores genéticos e até mesmo hábitos diários, como exposição excessiva ao sol e tabagismo. “Os principais sinais que indicam a necessidade do procedimento incluem pálpebras superiores caídas, excesso de pele que compromete o campo de visão, bolsas de gordura que deixam o olhar constantemente cansado e rugas finas na região dos olhos”, explica o especialista.

Embora seja mais comum em pessoas acima dos quarenta anos, a blefaroplastia também pode ser realizada em pacientes mais jovens que têm predisposição genética.

Tecnologia e rejuvenescimento

A Clínica Durães investe em técnicas de ponta para garantir procedimentos mais seguros e eficazes. “Utilizamos o laser de CO2 para realizar cortes precisos, minimizando sangramento e reduzindo o inchaço no pós-operatório, além de acelerar a cicatrização”, explica Durães.

O procedimento é realizado sob anestesia local com sedação leve, sem necessidade de internação hospitalar. “O paciente recebe alta no mesmo dia e pode voltar para casa poucas horas após a cirurgia”, destaca o médico.

A recuperação é considerada rápida: em três dias é possível retomar atividades leves. Nos dois primeiros dias, recomenda-se repouso e compressas frias para reduzir o inchaço. “O retorno ao trabalho pode ocorrer em cerca de quatro dias, desde que sem esforço físico. Já as atividades físicas podem ser retomadas entre dez e 15 dias após a cirurgia, sempre seguindo as orientações médicas”, ressalta Durães. Cuidados como uso de colírios e pomadas oftalmológicas, proteção solar e hidratação são essenciais para um bom resultado.

Os efeitos da blefaroplastia podem durar cerca de dez anos. No entanto, para prolongar os benefícios da cirurgia, é fundamental manter hábitos saudáveis e cuidados diários com a pele. “Evitar exposição solar excessiva, manter uma alimentação equilibrada, não fumar e utilizar dermocosméticos adequados são algumas das recomendações para preservar os resultados da blefaroplastia”, enfatiza o médico.

Para quem deseja potencializar os resultados da blefaroplastia, a harmonização facial com procedimentos complementares pode ser uma alternativa. “O resurfacing facial (laser facial), a aplicação de botox e o preenchimento com ácido hialurônico são ótimas opções para complementar os efeitos da cirurgia, proporcionando um resultado ainda mais harmônico”, complementa Durães.

Correção de cirurgias mal executadas

A Clínica Durães também é referência na correção de blefaroplastias malsucedidas. “Quando a cirurgia não é feita por especialistas na área, os riscos aumentam e os resultados podem ser traumáticos. Por isso, é essencial buscar um profissional capacitado”, alerta Durães, que é membro titular e representante regional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular (SBCPO).

Casos de assimetria, remoção excessiva de pele e cicatrização inadequada são algumas das complicações que podem surgir quando o procedimento não é realizado por um especialista. “Sempre reforço a importância de pesquisar bem antes de escolher o cirurgião, garantindo que ele tenha experiência e formação específica na área”, acrescenta.

Nádia Eloiza Santos, 70 anos, paciente da Clínica Durães, fez a cirurgia há dois meses para renovar o olhar. “Decidi realizar o procedimento blefaroplastia com o médico Rodrigo Durães porque me sentia incomodada com a flacidez nas pálpebras. A recuperação foi rápida e tranquila. Estou muito feliz pelo profissionalismo e cuidado no procedimento, o que garantiu um resultado excelente”, afirma.

Oftalmologia e dermatologia

A sinergia entre oftalmologia e dermatologia é um diferencial da Clínica Durães. Além da cirurgia plástica ocular, a Clínica Durães oferece um portfólio completo de tratamentos complementares voltados ao rejuvenescimento e embelezamento sob a coordenação da médica Roniz Lima, pós-graduada em dermatologia e medicina estética, com 23 anos de experiência na área. “Na Clínica Durães, minha missão é realçar a beleza de forma natural e harmoniosa, sempre respeitando a individualidade de cada paciente”, explica a médica.

“Utilizamos técnicas avançadas para suavizar os sinais do tempo, melhorando a textura e firmeza da pele por meio de procedimentos como laser para rejuvenescimento, ci-

catrizes e flacidez, fios de sustentação, toxina botulínica, bioestimuladores e bioremodeladores, preenchimento com ácido hialurônico. Aliando tecnologias de ponta e tratamentos personalizados, estimulamos a produção de colágeno, aprimoramos a qualidade da pele e suavizamos os sinais do tempo, garantindo resultados equilibrados”, reforça.

A médica enfatiza a importância do acompanhamento pós-procedimento. Segundo ela, o cuidado com a pele vai além dos tratamentos. Por isso, a clínica oferece um acompanhamento contínuo e orientações exclusivas para manter os resultados a longo prazo. “Estamos sempre em busca das mais inovadoras tecnologias e técnicas para proporcionar o que há de melhor em rejuvenescimento e estética avançada.

Envelhecer bem é uma arte”, finaliza Roniz Lima.

@clinicaduraes www.clinicaduraes.com.br

o antes e depois do procedimento

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ESSÊNCIA, TRADIÇÃO E RESPEITO POR BRASÍLIA

Há mais de três décadas, o BIG BOX cresce junto com a capital. Mantém suas raízes e fortifica seu propósito com inovação constante para os brasilienses. A pequena mercearia na Asa Norte tornou-se uma grande rede com 46 lojas

Em 1989, surgiu uma pequena mercearia na 106 Norte, em Brasília. Fundada por Mário Habka, era um negócio modesto, impulsionado por sonhos, dedicação e o desejo genuíno de servir à comunidade. Naquele tempo, a capital ainda preservava o charme das ruas tranquilas e um ritmo de vida desacelerado. Foi nesse cenário que nasceu o Grupo BIG BOX e ULTRABOX, uma empresa familiar que cresceu junto com a cidade e se tornou uma das maiores redes de supermercados genuinamente brasilienses.

“Quando inauguramos nossa primeira loja, nosso maior desafio era criar uma relação verdadeira com Brasília. Não bastava vender produtos, precisávamos fazer parte da vida

das famílias brasilienses”, relembra Mário Habka, com o orgulho típico de quem viu seu sonho se tornar realidade. Para ele, cada novo passo do BIG BOX estava diretamente ligado às mudanças e necessidades que surgiam com o desenvolvimento da capital federal.

À medida que bairros ganhavam novos moradores, as famílias se multiplicavam e a cidade abraçava um estilo de vida dinâmico e diversificado. Neste cenário, o BIG BOX nunca deixou de acompanhar de perto essa evolução, adaptando-se constantemente para continuar sendo relevante na vida cotidiana dos brasilienses.

Mário e Alberto Habka, presidente e vice-presidente do grupo

O ritmo acelerado da capital impulsionou a criação do BIG BOX Delivery, um serviço de compras online com entrega em domicílio, focado em praticidade e qualidade. Outra grande iniciativa foi a expansão do grupo com o ULTRABOX, lançado há 11 anos, para atender famílias que buscam compras em maior volume, aliando preços competitivos ao atendimento cuidadoso que sempre marcou a rede.

A valorização dos clientes também levou à criação dos programas de fidelidade Meu BIG BOX e ULTRA Clube, que oferecem vantagens exclusivas e reforçam os laços entre a marca e os consumidores. Mesmo com a concorrência crescente das grandes redes nacionais e internacionais que chegaram à capital, o BIG BOX sempre manteve firme sua

identidade local. Segundo Mário Habka, a razão disso é clara: “Nunca perdemos nossa essência”, diz.

Atualmente, com 23 lojas BIG BOX em todo o DF e 23 lojas ULTRABOX no DF e entorno, o grupo tornou-se parte essencial da memória afetiva dos brasilienses. “Cada nova unidade reflete nosso compromisso com Brasília e com as famílias que fazem parte dessa jornada. O BIG BOX cresce com a cidade, mas sem perder o que nos tornou únicos: a proximidade com as pessoas”, finaliza Mário Habka.

@bigboxsupermercados @ultraboxatacado www.bigbox.com.br www.bigboxdelivery.com.br www.ultraboxatacado.com.br

Alberto Habka, Mário Habka e Jorge Helou

PIONEIROS DO SABOR

Entre memórias servidas à mesa e histórias temperadas com afeto, restaurantes da capital resistem ao tempo e conquistam as novas gerações de brasilienses

Garçons que se transformam em família, receitas que atravessam gerações e cardápios que traduzem diversidade. Em uma capital que reuniu gente do Brasil e do mundo antes mesmo da sua inauguração, a gastronomia local reflete pluralidade. E, apesar de planejada, Brasília sempre soube como acolher tradições vindas de longe.

Com cenários que se remodelam ao longo dos anos, redutos gastronômicos emblemáticos da cidade ficaram pelo caminho, levados por razões diversas. Mas alguns resistem ao tempo e às adversidades, desafiam incertezas e mantêm vivos sabores e memórias. Quem atravessa suas portas não encontra apenas um prato tradicional, mas uma parte da história de Brasília servida à mesa.

1956: A brasa que não apagou

Antes da inauguração da nova capital, os operários que trabalhavam na construção da Barragem do Paranoá já precisavam de um bom lugar para comer. Foi em 1956 que surgiu a Churrascaria Paranoá. Localizada às margens da barragem que dá nome ao restaurante, tornou-se a favorita de Juscelino Kubitschek. O cordeiro assado na brasa com sal grosso e alecrim, um dos pratos preferidos do ex-presidente, segue no cardápio, mantendo viva a tradição.

1960: Inaugurados com Brasília

Se Brasília nasceu oficialmente em 21 de abril de 1960, o Restaurante Roma já servia seus primeiros clientes desde o dia 15 daquele mês. Localizado na W3 Sul, este verdadeiro relicário da cidade assistiu à avenida ir do auge à decadência com o passar das décadas, mas resiste no mesmo endereço, reunindo avós, filhos e netos seduzidos pelo clássico filé à parmegiana.

No mesmo ano, no comércio da 107 Sul, rua da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, nascia outro ícone: a Pizzaria Dom Bosco. Seu conceito é simples, mas infalível: pizza de

Vitamina Central
Pastelaria Viçosa na Rodoviária do Plano Piloto
Xique-Xique
Fotos: Divulgação

mussarela quentinha acompanhada de um copo de mate gelado. Para a experiência ser completa, a fatia precisa ser dupla. Desde então, o balcão é parada obrigatória para quem quer um lanche rápido e saboroso.

Enquanto isso, na movimentada Rodoviária do Plano Piloto, o padeiro mineiro Tião apostava na receita que mudaria sua vida com a inauguração da primeira unidade da Pastelaria Viçosa. Não demorou para a combinação do pastel crocante com o caldo de cana geladinho conquistar de operários a presidentes.

1966: Tempero do mundo

Mesmo jovem, a cena gastronômica da capital já começava a refletir as influências multiculturais da cidade. Foi nesse contexto que, em abril de 1966, dois imigrantes árabes fundaram o Bar Beirute, na 109 Sul. Responsável por um dos quibes mais desejados do Quadradinho, o local logo virou ponto de encontro de jornalistas, artistas e boêmios, que ali se reuniam para tomar cerveja, mesmo que fosse na calçada – as mesas eram disputadíssimas.

Neste mesmo ano, Brasília ganhou um pedaço da França com o La Chaumière. Frequentado por políticos e intelectuais, o restaurante testemunhou Ulysses Guimarães assinar um cheque com uma dedicatória ao chef Severino Xavier e viu Fernando Henrique Cardoso saborear inúmeras vezes seu prato favorito: o steak au poivre

Libanus
Dog da Igrejinha
Os irmãos da Dom Bosco, Hely (E) e Enildo Veríssimo Gomes (D)
Bar Beirute

1978: A carne de sol da capital

Se há um restaurante símbolo da autêntica cozinha nordestina na cidade, é o Xique-Xique. Aberto em 1978 na 708 Norte, o sucesso foi tanto que no ano seguinte inaugurou sua primeira filial, na 107 Sul. A carne de sol com feijão de corda, paçoca e mandioca com manteiga de garrafa tornou-se um verdadeiro patrimônio brasiliense.

Anos 1980: A década de ouro

A década de 1980 consolidou casas icônicas. Em 1982, o Restaurante Careca apresentou aos brasilienses a cozinha oriental com sua unidade na 411 Norte. Bem servidos, seus pratos chineses ainda fazem sucesso, com destaques para o frango agridoce, a carne acebolada e a banana caramelada.

O que viria a se tornar o “lanche brasiliense raíz” chegou em 1985, quando o Sky’s Burger abriu as portas na comercial da 106 Sul. O segredo? Sanduíches de qualidade em porções generosas e com ingredientes simples. O creme de morango, os crepes e o açaí também ganham o coração dos brasilienses, que fazem fila na lanchonete até de madrugada.

Em 1988, dois gigantes entram em cena: o Dom Francisco, fundado por Francisco Ansiliero na 402 Sul, e o Don Romano, tradicional da QI 11 do Lago Sul, mas cuja história se iniciou na Asa Norte. Enquanto o primeiro ficou conhecido pela picanha, o bacalhau e o tambaqui, o segundo se consagrou como referência em pizzas de forno à lenha e massas artesanais.

Pouco depois, em 1989, chegava o Libanus, que desde então carrega a medalha de ouro no quesito cerveja gelada. Boteco referência na Asa Sul, localizado na CLS 206, ficou famoso pelos encontros descontraídos, pelo “árabe completo” e pela picanha na chapa, que atravessaram décadas sem perder a preferência dos clientes.

Anos 1990: Portas abertas para novos clássicos

Na última década do século do seu nascimento, Brasília viu novos clássicos surgirem e rapidamente entrarem para a lista de queridinhos. Um deles é o Fred, que inaugurou na 405 Sul em 1991, revelando o picadinho mais famoso da capital. Apesar de especializado em culinária alemã, foi esse prato abrasileirado que se tornou seu cartão de visitas.

La Chaumière
File à parmegiana do Roma
Chef Severino Xavier, do La Chaumière

Sem mesa posta

Mas nem só de longos almoços e jantares se faz a tradição gastronômica brasiliense. Algumas experiências icônicas acontecem em pé, no balcão, na rua ou até na entrada de superquadras. Entre elas, fazer um lanche na Vitamina Central (506 Sul), inaugurada em 1976; lambuzar-se com os cachorros-quentes do Landi (405 Sul) e do Dog da Igrejinha (107 Sul), servidos desde 1987 e 1995, respectivamente; encarar as “bombas” do Guará, encontradas pelo bairro desde o início dos anos 1980; ou desbravar as mais diversas culinárias em complexos permanentes, como a Feira da Torre de TV, iniciada na década de 1970; a Feira Central de Ceilândia, em operação desde 1984; e a Quituart, fundada em 1988 no Lago Norte.

Aos 65 anos, a gastronomia de Brasília reflete o espírito da cidade: heterogênea e diversa. Da alta cozinha às carrocinhas, da comida afetiva às novas experiências sensoriais, a capital do país segue provando que é um caldeirão de influências e sabores, sempre pronto para surpreender.

Sky's
Restaurante Careca
Quituart
Famoso Picadinho do Fred

Como o Lake’s, restaurante que completa quarenta anos em 2025, conseguiu superar crises econômicas e se manter vivo nas cenas gastronômica, política e social da cidade sob gerência familiar do fundador Zeli Ribeiro

A EXTENSÃO DA EXCELENTE COZINHA LÁ DE CASA

Por Hédio Ferreira Júnior

Fotos Rayra Paiva

Ele, um matuto de Cornélio Procópio, que produzia soja e trigo em uma cidade de 45 mil habitantes no interior do Paraná. Ela, uma dona de casa avessa à cozinha que tentou cortar com garfo e faca o pescoço de uma galinha depenada que a deram para preparar -– sem que precisasse tocar no animal. Juntos, desembarcaram na jovem capital do Brasil, em 1977, com duas crianças a tiracolo e o plano de abrir, em sociedade, uma pizzaria na 310 Sul.

A parceria deu certo, mas depois se rompeu e, em 1982, o casal investiu no próprio negócio, a pizzaria La Tavola, no Lago Sul. Até que, três anos depois, Zeli Ribeiro e Ângela Munhoz perceberam em Brasília um filão ainda inexplorado. A cidade carecia de lugares em que se pudesse comer carnes grelhadas fora do ambiente de churrascaria. Zeli, então, foi a São Paulo estudar as casas de excelência do ramo – Dinho’s, Rubaiyat e Rodeio. E com um projeto

especialmente planejado, ao estilo pub inglês, nascia, em 12 de novembro de 1985, na QI 9 do Lago Sul, o Lake’s.

No ano em que Brasília completa 65 anos, o tradicional restaurante faz quarenta, 22 deles no endereço atual da 402 Sul. Emblemático na cena gastronômica, política e social brasiliense, o Lake’s foi, e continua sendo, cenário de acordos e negócios tomados por empresários, parlamentares, magistrados, ministros de Estado e até presidentes da República. Foi lá que Fernando Collor de Mello comemorou a campanha vitoriosa que o levou à Presidência da República em 1989.

Figuras internacionais também passaram por jantares no Lake’s, como o ex-secretário de Governo dos Estados Unidos Henry Kissinger e o príncipe de Mônaco Albert II. E outras tantas personalidades do cenário político nacional, como Sérgio Motta, ex-ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique, que fazia do escritório de Zeli, no segundo andar, um espaço de reuniões reservadas no restaurante. “Ah, se aquela mesa ouvisse e falasse…”, recorda o empresário.

O casal Zeli Ribeiro e Ângela Munhoz entre as filhas, Gisele e Andréa
“Tudo aqui tem que ser de primeira qualidade”

Mas não pense que é só do meio político que o Lake’s “se alimenta” nessas quatro décadas. A casa de grelhados mais antiga de Brasília mantém fiéis frequentadores e já atende a terceira geração da cidade. E a saída da QI 9 não mudou a clientela cativa do restaurante, apesar de algumas baixas. “A frequência do Lake’s na Asa Sul é a mesma do Lago, salvo aqueles que já morreram – ou foram presos”, brinca um desses frequentadores.

A propósito, a discrição sobre quem entra e sai do restaurante é um dos segredos – entre tantos outros – do negócio da família Ribeiro Munhoz. É Zeli quem cuida das reservas e disposições de clientes para não colocar lado a lado, por exemplo, um político conhecido e um jornalista da cidade. E muito menos fazer dessas figuras uma propaganda para gabaritar a casa. E ele não está só.

O restaurante é gerido há oito mãos. Além do casal, as filhas Andréa e Gisele Munhoz tocam o negócio com os pais. A primeira é chef de cozinha e responsável pelo menu, enquanto a segunda é quem cuida da parte administrativa e financeira. As duas, inclusive, foram responsáveis por adaptar o cardápio durante a pandemia e captar uma nova clientela por meio do serviço de entrega. O delivery, antes quase inexpressivo, deu tão certo que a tradicional feijoada dos sábados conta com um kit especialmente preparado para quem quer garantir o almoço e não pode sair de casa.

A matriarca Ângela é uma espécie de faz tudo e responsável pelo controle de compras e do time de cinquenta funcionários. Enquanto Zeli, a figura que você sempre vai encontrar por lá, principalmente no almoço, responde pelo controle de qualidade das carnes e peixes e da adega com mais de duzentos rótulos de vinhos, desde a América Central ao Leste Europeu e até o Japão. “Tudo aqui tem que ser de primeira qualidade”, atesta.

O carro chefe do menu – que está lá desde o primeiro, inclusive – continua sendo a picanha fatiada, que a família garante ter preparo especial e é o mais pedido aos domingos. Assim como as carnes, o bacalhau vem sempre do mesmo fornecedor e, além de pratos, dá vida a um bolinho feito lá mesmo no restaurante. Aliás, vale ressaltar que tudo que você comer lá tem preparo próprio, do croquete de carne aos crocantes grissini italianos.

E se engana quem achar que o menu do restaurante está engessado e que, no balanço das horas, nada pode mudar. O casal não nega que os clientes por lá são mimados e tratados como na cozinha de casa quando se lembram e desejam um prato que não está mais no cardápio. “Não dá pra negar a gratidão tanto a quem nos prestigia quanto aos nossos funcionários que fazem tudo aqui acontecer”, atesta Zeli. Ao final, Ângela responde ao questionamento de como um casal aparentemente despreparado, que chegou a Brasília com duas crianças pequenas para encarar uma cidade tão imatura quanto eles, conseguiu manter bem-sucedido um negócio valioso e requintado. “O bom gosto sempre teve. Só faltava desabrochar”, finaliza, sorrindo.

@lakesrestaurante

A casa está há 22 anos no endereço na 402 Sul

Brasília 65

DICAS DA DRI

Adriana Nasser

@derolhaemrolha

Para celebrar os 65 anos da nossa cidade, a Vinícola Brasília lançou um vinho exclusivo que traz no rótulo um desenho de um artista brasiliense. O escolhido foi Daniel Jacaré que, além de estampar as garrafas, terá seu quadro para sempre exposto na sede da vinícola.

A uva escolhida foi a Tempranillo, uma variedade de origem espanhola, que se adaptou bem no terroir do Cerrado de altitude. O vinho, safra 2023, passou 12 meses em barricas francesas e americanas e é o primeiro desta casta no portfólio da vinícola. Foram produzidas apenas três mil garrafas dessa edição comemorativa, sendo 65 em tamanho magnum e numeradas. Os valores? R$ 197 a de 750ml e R$ 597 a magnum. As garrafas já estão disponíveis na própria vinícola. @vinicolabrasilia

O primeiro

A Ercoara, uma fazenda de uvas e cordeiros no Distrito Federal, acaba de apresentar o Canindé Viognier, o primeiro vinho branco desta casta produzido em Brasília.

Esse rótulo ainda tem uma história interessante por trás. O lote dedicado à essa uva estava, segundo um dos proprietários, dando muito trabalho, não produzia e eles iriam arrancar tudo no ano passado, quando resolveram dar mais uma chance. O resultado foi esse vinho, que eu já provei, e posso dizer que está incrível. @ercoara

Palava, a nova uva do Brasil

A Vinícola Garibaldi celebra um marco no cenário vitivinícola nacional com o primeiro vinho Palava produzido no Brasil. O feito é resultado de anos de pesquisa nos vinhedos experimentais da cooperativa. Originária da República Tcheca, a uva Palava vem do cruzamento entre as variedades Traminer e Müller Thurgau e destaca-se por seu perfil aromático, acidez equilibrada e frescor vibrante. A boa adaptação ao terroir brasileiro permitiu à Garibaldi criar o rótulo VG Palava. Com essa estreia, o Brasil amplia seu repertório enológico. Que venham outras descobertas. @coopvinicolagaribaldi

Fotos: Divulgação

Descorchados

O guia Descorchados 2025 já está à venda. O lançamento oficial no Brasil aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro. Publicado desde 1999, o Descorchados, projeto do jornalista chileno Patricio Tapia, é hoje o principal guia de vinhos da América do Sul. Na edição de 2025, foram mais de quatro mil avaliações de 210 vinícolas argentinas, 186 chilenas, 44 uruguaias, 47 brasileiras, vinte peruanas e cinco bolivianas.

Um dos destaques nacionais foi o Pet Nat Tina Turner, com 91 pontos, e o Amor Perfeito, que ficou entre os melhores tintos. Ambos são do enólogo Carlos Sanabria, que tem loja e wine bar em Brasília. @guiadescorchados @sanabriavinhos

Almaviva

A mais nova safra do cobiçado Almaviva chegou ao mercado brasileiro. As garrafas 2022 deste ícone do Chile já podem ser encontradas em lojas e empórios de grife.

O blend, que muda a cada ano, desta vez traz Cabernet Sauvignon (72%), Carménère (23%), Cabernet Franc (4%) e Petit Verdot (1%), com passagem por barricas de carvalho francês (70% delas, novas) durante vinte meses.

O vinho é fruto de uma jointventure entre a francesa Baron Philippe de Rothschild e o grupo chileno Concha y Toro e tem o Brasil como um dos seus principais mercados. @almavivawinery

Capoani e Bebber em BsB

Brasília agora tem vinhos Capoani, da vinícola conhecida pelos seus rótulos azuis. A distribuidora WM está com essa e outras novidades no portfólio, como a vinícola Bebber, que acabou de colocar um kit interessante no mercado. É o Kit da Família Bebber, que conta com uma garrafa do vinho Conecto Carvalho e outra de Conecto Concreto. Além das garrafas, vai também uma proveta de 50 ml para que você possa elaborar seu próprio corte de Cabernet Franc e Petit Verdot.. @vinhedoscapoani @familiabebber @wmvinhos.com.br

Lamborghini

Para quem adora, além de novidades, um produto sofisticado, o Lamborghini Ottagonale Prosecco já chegou na cidade, badalados rótulos da marca de luxo. Ferruccio Lamborghini, um industrial italiano, foi quem fundou a Automobili Lamborghini, fabricante de carros esportivos. Filho de viticultores na região de Emilia-Romagna, ele começou no ramo de fabricação de tratores em 1948, depois abriu uma fábrica de aquecedores a óleo, entrou no ramo de ar condicionado e criou a Lamborghini Oleodinamica. Ele vendeu muitas de suas participações no final da década de 1970 e, a partir daí, foi para a Úmbria, onde se dedicou à produção de vinho. @lamborghiniwine_official

Aberto, integrado à natureza e atento aos desejos do novo consumidor, o Partage Brasília surge como um espaço de pausa e encontro. Um projeto arquitetônico que fala com a cidade e propõe um novo jeito de viver e circular

UM SHOPPING PARA RESPIRAR

A paisagem de uma das regiões mais valorizadas do Distrito Federal está prestes a ser transformada por um projeto visionário. Em construção na região do Lago Sul, o shopping Partage Brasília surge como um marco de inovação e sofisticação, reposicionando a capital federal como destino de experiências exclusivas, lazer de alto padrão e consumo consciente.

Mais do que um centro comercial, o empreendimento representa um novo capítulo na capital federal na relação entre arquitetura, natureza e estilo de vida urbano. Desde a concepção do projeto, a Partage Malls pretendia construir uma obra autoral, que deixasse a sua marca,

integrando, especialmente, a paisagem do Cerrado. Tons terrosos de acordo com o bioma árido para compor com a identidade do ambiente. O design em harmonia com proposta aprazível aos olhos e funcionalidade atenta aos desejos do público consumidor.

Com 44 mil metros quadrados de área bruta locável, o Partage Brasília abrigará 131 lojas e oferecerá mais de 1,7 mil vagas de estacionamento em terreno próximo ao Aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitschek. Trata-se de um projeto disruptivo, pensado para acolher o público exigente, sofisticado e atento às tendências contemporâneas. “Deixamos para trás o modelo de shopping das grandes caixas, isoladas do entorno, homogêneas e padronizadas. Esse projeto é exatamente o contrário do

Perspectiva da fachada do Partage Brasília

que está no mercado. Ele absorve o ecossistema, preserva e integra a flora como um dos seus atributos de experiência, de convivência para as pessoas que vão estar no shopping. Partimos do princípio de não destruir o meio ambiente para construir uma caixa”, afirma Adriano Capobianco, diretor comercial e de novos negócios do Grupo Partage.

A nova arquitetura do consumo

Inspirado no conceito de lifestyle center, tendência internacional que privilegia o convívio, o bem-estar e a conexão com o ambiente natural, o Partage Brasília foi concebido como open mall. A proposta arquitetônica privilegia áreas abertas e ventiladas, contato com a vegetação nativa e abundância de luz natural – elementos que reforçam a vocação da capital como cidade-jardim.

O projeto paisagístico combina espécies do Cerrado com vegetação que se aproxima da nativa, com cerca de 1,2mil árvores, além de recursos estéticos e funcionais já conhecidos na capital, como os espelhos d’água. Os reflexos do marcante céu de Brasília tornarão a paisagem ainda mais interessante e natural. Definitivamente, não será um espaço fechado com ar-condicionado intenso e cores neutras.

As estruturas metálicas em forma de “nuvens” e coberturas leves ripadas oferecem sombra e frescor, enquanto

promovem uma estética leve e elegante. A assinatura do projeto pertence aos renomados estúdios Cité Arquitetura e Sá & Almeida Arquitetura e Paisagismo, que propõem uma fusão harmoniosa entre sofisticação e natureza. “É um shopping que fala com a cidade. Assim como os espaços verdes perpassam Brasília, os espaços verdes irão perpassar o empreendimento”, conta Marcos Sá, da equipe de arquitetos que concebeu o projeto.

A arquiteta Juliana Calil, que também integra a equipe responsável pelo projeto, destaca o foco na experiência do visitante. “O Partage Brasília foi projetado para ser um local onde as pessoas possam passar o dia. Sua extensão e a variedade de lojas, mas principalmente a experiência oferecida, garantem que seja um passeio longo e agradável. O brasiliense tem procurado cada vez mais esse tipo de espaço aberto, especialmente aqui na Asa Sul”, afirma a arquiteta.

Por que Brasília?

O desejo antigo de estar no Distrito Federal e uma oportunidade de negócio junto à Inframérica, concessionária que administra o aeroporto, foram predominantes para que o Partage Brasília saísse do papel. A localização, estratégica e privilegiada, atende a uma lacuna histórica no varejo de alto padrão da cidade, sobretudo para moradores do Lago Sul, Park Way e do final da Asa Sul.

Praça central

A integração com o terminal de passageiros e outras atividades estava nos planos da concessionária, mas o shopping seria uma espécie de âncora para fortalecer os negócios da região. A Partage entendeu rapidamente que se tratava de uma boa oportunidade. “Esse projeto chegou ao nosso conhecimento e nós avaliamos a questão de localização, público-alvo, a predominância das classes A e B na região. E também a lacuna que existe nessa porção da cidade. É uma lacuna histórica. Inclusive, outras empresas já tentaram fazer shoppings no Lago Sul e não conseguiram”, afirma Capobianco.

Para quem passa e para quem fica

Integrado ao fluxo de mais de cinquenta mil pessoas diárias que circulam pelo aeroporto, o shopping se posiciona como uma sofisticada sala VIP a céu aberto. “A ideia é que o shopping seja uma sala VIP espetacular. Em vez de você ficar esperando o seu voo no aeroporto, você terá o Partage Brasília à sua disposição, com os melhores restaurantes, o melhor entretenimento, marcas nacionais e internacionais, e canais de comunicação com horários de voo”, adianta.

Em espaços de gastronomia, lazer, cultura e moda, o empreendimento se consolida como um novo ponto de encontro para quem visita, trabalha ou vive em Brasília. Um observatório de pousos e decolagens, posicionado de forma estratégica, promete encantar entusiastas da aviação com uma vista privilegiada do terceiro aeroporto mais movimentado do Brasil. “Queremos transformar cada conexão em uma experiência memorável. O Partage Brasília vai oferecer entretenimento, conforto e sofisticação para quem deseja mais do que apenas esperar um voo”, destaca Capobianco.

“Deixamos para trás o modelo de shopping das grandes caixas, isoladas do entorno, homogêneas e padronizadas”
Adriano Capobianco

O Distrito Federal tem a maior concentração de habitantes das classes A e B, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A região do aeroporto é um dos epicentros do público de alta renda. Além de concentrar as sedes dos três Poderes, embaixadas e representações internacionais, Brasília é conhecida pelos eventos corporativos. Na área de lazer, as atrações turísticas da cidade atraem visitantes nacionais e internacionais. Por essas razões, o posicionamento do novo empreendimento pode ser estratégico para fomentar um público que chega à capital a negócios ou de férias.

Luxo como resposta ao consumidor

Os atrativos do Partage Brasília para conquistar o público vão desde a qualidade de lojas e restaurantes até as atividades culturais. O empreendimento promete fazer jus à localização privilegiada e à concentração de famílias de alta renda, já que trará atrações inéditas em Brasília e também terá parceiros que são sucesso entre os consumidores locais.

O Distrito Federal registrou renda per capita de R$ 3.444,00 em 2024, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em comparação com os demais estados, a capital tem rendimentos 66% acima da média. São Paulo e Rio de Janeiro, considerados estratégicos pelas empresas, ficam atrás do DF quando se analisa o poder de compra da população. Esse é um dos motivos que fazem Brasília ser uma cidade cobiçada pelo segmento high end.

A Partage Malls estudou o mercado de Brasília e entendeu os hábitos dos consumidores. As consultorias MCF e Gouvea Malls são as responsáveis pela estratégia e curadoria do projeto. “É um grande esforço para a gente fazer diferença, fazer um empreendimento complementar na cidade, já que Brasília é muito competitiva e muito bem estruturada. A gente quer realmente ser complementar. O shopping vai cumprir essa vocação que ele tem de se relacionar com a cidade de uma forma diferente e apresentar alternativas que são muito boas para as pessoas dessa região da cidade”, acredita.

O shopping terá playground e amplo espaço de entretenimento para as crianças

A intenção é trazer um mix diferenciado, mas adequado ao perfil dos clientes. Entre as marcas já confirmadas estão Aramis, Reserva, Brooksfield, Trousseau, Victoria Sayeg, Mixed, Renner, Jorge Bischoff e Livraria da Vila. No segmento de wellness, a rede de academias Companhia Athletica ocupará um espaço de três mil metros quadrados.

A área gastronômica será um capítulo à parte, com dez restaurantes – com nomes de peso como Outback Steakhouse, Corrientes 348 e Makoto Okuwa– e um espaço gourmet operado pelo Mané Mercado Vírgula, com restaurantes da cena local. “Estamos lapidando esse diamante para trazer realmente as melhores atrações

de Brasília para dentro do shopping e também levando o que ainda não tem na cidade para a gente compor esse mix. Queremos as novidades para essa região que é tão rica, tão integrada, com uma visão muito moderna do consumo”, declara o diretor comercial e de novos negócios do Grupo Partage.

O cinema do Partage Brasília contará com seis salas, incluindo quatro VIPs, uma sala maxscreen com tela de 210 metros quadrados e uma sala premium. Um charmoso cinema a céu aberto exibirá filmes clássicos e promoverá semanas temáticas e festivais. Um palco móvel receberá espetáculos teatrais e bate-papos culturais.

Cinema ao ar livre
A academia terá três mil metros quadrados

Conheça mais sobre o viveiro

Para as crianças, haverá três ilhas de playgrounds e áreas dedicadas ao entretenimento infantil. Os pets também terão seu espaço garantido: um pet garden para eventos e brincadeiras, além de pet stops com bebedouros e saquinhos higiênicos espalhados por todo o mall.

Sustentabilidade no DNA

O Partage Brasília é o primeiro shopping da cidade a ter a certificação LEED Gold (Leadership in Energy and Environmental Design), chancela internacional que valoriza eficiência energética e bom aproveitamento da água. Por se tratar de um open mall, a ventilação dos espaços se torna mais fácil e a necessidade de iluminação artificial diminui, o que traz menor consumo de eletricidade. Do canteiro de obras até a operação do shopping, a Partage promete priorizar a sustentabilidade em suas práticas.

O projeto inclui integração de iluminação e ventilação naturais, telhas com proteção térmica e a criação de um viveiro para preservação de espécies nativas do cerrado. Ao preparar o terreno para a execução das obras, os responsáveis pela empreitada identificaram o potencial das plantas ornamentais. “Embora tivéssemos licença para

retirar todas as árvores, escolhemos não o fazer”, conta a arquiteta Juliana Calil. As plantas preservadas no viveiro serão reintegradas ao paisagismo do shopping. Foram salvas três mil mudas de 120 diferentes espécies, o que inclui canela-de-ema e bate-caixa, consideradas raras.

A preservação da flora local também será positiva para os animais da região. O engenheiro florestal Dione Raddatz conta que a continuidade das plantas terá um impacto positivo. “Os pássaros e outros animais poderão continuar frequentando o local, o que pode auxiliar na propagação e dispersão de sementes em outras regiões, contribuindo também para a recuperação de possíveis áreas degradadas”, explica.

Expertise no mercado

A expertise de 28 anos do Grupo Partage é suficiente para demonstrar a solidez do primeiro projeto da empresa em Brasília. Presente nas cinco regiões do Brasil, o grupo atua com shoppings, mas também no segmento de edifícios triple A localizados em regiões nobres de São Paulo, como as avenidas Brigadeiro Faria Lima e Paulista.

Foto: Ricardo Garcia Marques
“Brasília é muito competitiva e muito bem estruturada.
A gente quer realmente ser complementar”

Adriano Capobianco, diretor comercial e de novos negócios do Grupo Partage

No fim dos anos 1990, uma das famílias que fundou o Grupo Aché entrou no ramo imobiliário. Desde então, o portfólio adicionou 12 edifícios que abrigam empresas dos maiores grupos empresariais do mundo. Meta, JP Morgan, Shopee, Deutsche Bank e Credit Suisse estão instaladas em imóveis do Grupo Partage.

Em 2010, o grupo decidiu entrar na área de shoppings e criou a Partage Malls. Sob o controle da companhia estão 14 malls em operação, um em construção e outro em lançamento. São quinhentos mil metros em área bruta locável. Mais de sessenta milhões de visitantes e 12 milhões de veículos passam por esses empreendimentos a cada ano. Esses shoppings reúnem mais de sessenta megastores, 1.300 lojas e 18 mil vagas de estacionamento na estrutura, que conta ainda com mais de oitenta salas de cinema e um universo de lazer e entretenimento espalhado pelo Brasil.

Para Capobianco, o varejo vive um momento de transformação. Os novos empreendimentos já nascem com uma

proposta diferente, mais alinhada aos desejos atuais dos consumidores, enquanto os formatos consolidados se veem diante da necessidade de se reinventar. “Estamos sempre discutindo muito. Antes da pandemia, o digital era um grande agressor ao varejo físico. É um grande desafio, mas é uma excepcional oportunidade para o varejo físico também. É evidente que as lojas precisam se transformar, elas precisam ser espaços realmente de relacionamento e de experiências para os clientes”, finaliza o diretor.

@partagebrasilia www.partagebrasilia.com.br

Conheça o movimento “Somos Partage”

Foto: Rafael Ianni

O RISO QUE FAZ PENSAR

Com a peça Eu de Você, a atriz Denise Fraga reflete sobre o humor, a empatia e a importância da arte nos dias atuais. “Temos vivido um empobrecimento intelectual. Mas Brasília tem o código poético em dia”

Fotos: Divulgação

Uma aula de sensatez. Assim pode ser diagnosticada a conversa com Denise Fraga, uma das mais respeitadas atrizes do país, que há décadas transita com maestria entre o teatro, o cinema e a televisão. Do sucesso estrondoso da série Retrato Falado às atuações marcantes em novelas, filmes e nos palcos, Denise sempre se destacou por persona gens que dialogam com o cotidiano do brasileiro.

do brasileiro. Eu

E não é diferente na sua peça de Você. A atriz leva aos palcos do Brasil histórias reais enviadas pelo público, costuradas com trechos de literatura, música e poesia.

A criação do roteiro foi pensada de uma forma que qualquer um se identifique com as situações por ela interpretadas. E é essa conexão genuína que tem garantido a longevidade da peça – esta foi a terceira passagem pela capital.

Durante a entrevista, a atriz também comentou a boa fase do cinema nacional, com o premiado Ainda Estou Aqui e a continuação de O Auto da Compadecida, filme do qual fez parte. Longe dos holofotes, Denise continua exercendo sua missão de provocar o riso que faz pensar – um riso que, como ela mesma define, não é qualquer um, mas aquele que nasce do reconhecimento e da empatia.

Você fala com muito carinho sobre Brasília. Como é sua relação com o público e com a cidade?

Em um contexto que pode ser visto como um empobrecimento intelectual, a atriz acredita que vivemos uma diminuição da percepção da ironia e uma decadência da sutileza. No entanto, Brasília foi elogiada. “Brasília se mantém conectada a esse olhar mais sensível para a arte”, disse, em entrevista à GPS|Brasília

Brasília é uma cidade que eu respeito muito. Muita gente não entende a cidade, associando-a apenas à política, e isso é uma pena. Existe uma vida cultural, um público interessado, atento. Tem conversas instigantes. E algo que observo viajando com o teatro é que há públicos que têm o “código poético” mais afinado, que entendem ironia, metáforas. Temos vivido um empobrecimento intelectual, subjetivo, muito pela vida digital. Vivemos realmente uma queda da percepção da metáfora, da percepção da ironia, uma decadência da suti leza. Mas Brasília ainda se mantém conectada a esse olhar mais sen sível para a arte.

Em resumo, Brasília é uma cidade que entende a piada?

É isso. Aquele timing cômico que você fala ‘ih, não entenderam’ ou ‘ih, não funcionou’. Eu sinto que a ironia está sendo menos percebida no resto do País todo.

O que diferencia um riso qualquer de um riso que realmente importa?

Não é todo o riso que vale, não é todo o riso que determina qualidade, porque a risada é uma expressão. Quando fazia Trair e Coçar É Só Começar, eu tinha 24 anos, eu me lembro de sair de cena certa vez insatisfeita. Meu colega de elenco, Roberto Pirillo, estranhou e disse: “mas eles estão rindo!”. Se eu subo no palco e eu faço uma piada homofóbica pode ter gente na plateia que vai rir, mas esse riso não me interessa.

E qual é a risada que você mais gosta?

A risada que eu mais gosto é a risada que eu chamo de “pior que é que é”. Aquela risada que dá uma morridinha, porque o cara se reconhece e ele fala: “pior que é, a gente faz isso”. O que eu mais gosto da verdade é essa potência revolucionária que o humor tem de fazer a gente se reconhecer.

A coisa que eu mais gosto é de fazer uma pessoa rir e ao mesmo tempo provocar um estado de reflexão.

Sobre o espetáculo: todas as histórias apresentadas são reais?

Sim, são histórias reais. Fizemos um anúncio convidando as pessoas a compartilharem relatos de vida.

Disse algo como: “Quero subir no palco para contar suas histórias, para calçar seus sapatos e trilhar o que você trilhou. Eu quero olhar pelo seu olhar, eu quero vestir você, eu quero ser ‘Eu de Você’”. Recebemos quase 300 relatos e trabalhamos em torno de 25 deles. Uma moça que foi ver a peça falou algo tão bonito: “vocês fizeram uma colcha de retalhos que cobre todos nós”. E eu gosto muito dessa ideia.

Depois de tantos anos de palco, o que o teatro representa para você?

O teatro para mim é um templo em que você vai recuperar o gosto pela vida, é algo que te dá mais compreensão até da imperfeição humana. Se duas pessoas têm a mesma educação formal, mas uma delas consome teatro, literatura, música, cinema e a outra não, a diferença entre elas será enorme. A arte humaniza.

O cinema nacional está em evidência com O Auto da Compadecida 2. Você fez um personagem no primeiro filme. Como foi fazer parte desse clássico?

Foi incrível! Quando estamos trabalhando, nunca sabemos no que aquilo vai se transformar. Mas lembro que, ao ler o roteiro, já gargalhava – e isso era um ótimo sinal. Fico muito feliz de ter participado de algo que hoje é um clássico nacional do cinema.

Você chegou a ter esperança de estar na continuação?

(risos) Essa pergunta me fazem há dois anos. Mas gente, eu morri no primeiro filme.

Falando de Ainda Estou Aqui, como tem sido ver o sucesso do filme e o reconhecimento da Fernanda Torres?

A Nanda é uma mulher muito interessante e uma atriz extraordinária. Ver esse holofote sobre ela e sobre essa história é emocionante. Eu vi a Nanda falando por aí que os brasileiros não têm ideia da nossa cultura. Precisamos celebrar a cultura brasileira. Estamos em festa. Que lindo a gente ver um país torcer por artistas desse quilate como torcem para jogador de futebol.

Com mais de quarenta anos de carreira, Wolf Maya é um dos grandes nomes do audiovisual brasileiro. Diretor, ator e produtor, ele também se dedica à formação de novos talentos, contribuindo no modelo do futuro da interpretação no País

O MESTRE DAS ARTES DRAMÁTICAS

Com quatro décadas dedicadas à televisão, ao teatro e ao cinema, Wolf Maya é uma das figuras mais emblemáticas do audiovisual brasileiro. Diretor de grandes sucessos da TV Globo, como Mulheres de Areia (1993), Cobras & Lagartos (2006), Fina Estampa (2011) e Amor à Vida (2013), e por sua carreira como ator e produtor, ele também se dedica à formação de novos talentos.

Desde 2001, está à frente da Escola de Atores Wolf Maya, que chegou ao Rio de Janeiro em 2011, apresentando abordagem inovadora no ensino da interpretação. Sua Wolf Class – uma imersão técnica e dramática de três dias – permite que alunos aprimorem suas habilidades com a experiência de um mestre da indústria. O projeto não apenas forma novos talentos, mas também recebe atores experientes que buscam atualização. “Encontro alunos incríveis de todas as idades, desde adolescentes extremamente talentosos até atrizes que retornam à cena após quarenta anos”, comenta. “Ator é a única profissão que não envelhece. Sempre haverá personagens para todas as idades”.

Em visita à capital para ministrar um workshop, Wolf conversou com a GPS|Brasília sobre sua trajetória, os desafios do mercado audiovisual e suas perspectivas para o futuro. Entre os planos, revelou que deve retornar em breve à cidade para as gravações de uma nova série.

“Não devemos nos deixar poluir pela comunicação rasa”

Você sempre foi movido pelo desejo de conquistar algo novo?

Olha, eu não paro de querer conquistar. Eu acho que esse é o processo da vida, não é? No dia em que eu acordar sem querer conquistar alguma coisa, eu não acordei.

Como foi sua trajetória até chegar ao teatro e à televisão?

Saí de Goiás com dez anos de idade. Toda a minha formação inicial foi feita aqui neste Planalto Central, onde vocês estão. Eu fui para o Rio de Janeiro com dez anos. Estudei no Colégio Interno, dos irmãos Maristas, depois cursei Medicina. Como todo garoto, filho de família goiana, queria ser médico.

O que te fez mudar de rumo e seguir para as artes cênicas?

Eu me interessei pela psiquiatria. Quando estava lá pelo terceiro ou quarto ano, conheci o médico francês Philippe Pinel e comecei a entrar não só tecnicamente ou fisiologi-

“Ator é a única profissão que não envelhece”

camente na mente do ser humano, mas na criatividade do ser humano. E a criatividade me fez migrar de um centro de tecnologia físico-médico para o centro de tecnologia do pensamento e da imaginação, que foi o Tablado, uma escola de arte dramática no Rio de Janeiro.

Foi nesse momento que decidiu deixar a Medicina?

Dali, ingressei no Conservatório Nacional de Teatro e fiz Medicina e teatro na medida do possível. Mas as artes cênicas foram mais fortes. Eu, com 24 anos, já estava me formando em teatro e não consegui finalizar o outro curso. Com 25, já havia feito algumas coisas muito boas e que fizeram sucesso.

Como surgiu o convite para a televisão?

Recebi um convite da TV Globo, de um cara genial chamado Boni, que resolveu rejuvenescer a emissora e chamou vários jovens diretores de teatro. Entre eles estavam eu, Jorge Fernando e Guel Arraes, que transformaram a televisão brasileira nos anos 1990, 2000 e 2010.

O audiovisual está passando por mudanças importantes com o streaming e as redes sociais. Você acha que isso impacta a formação dos atores?

Os cursos precisam acompanhar essas mudanças do mercado, porque na frente de tudo isso tem a comunicação humana, a do ator.

O que você acha dessa nova forma de consumo de conteúdo?

Eu acho maravilhosa essa amplitude da comunicação. Os streamings importados já modificam a realidade brasileira. O jovem brasileiro convive com uma dramaturgia muito mais universal do que as dramaturgias localizadas que eram exportadas ou reconhecidas, como as novelas.

As novelas ainda têm espaço nesse cenário?

Não que o nosso universo não seja muito interessante de ser reproduzido. Acho que vão existir sempre novelas, só que com formatos de produção diferentes. Não tem mais aquela amplitude que um streaming pode ter. Com 180, 190, 200 capítulos, a produção se torna muito mais difícil do que com trinta ou quarenta episódios para uma história fechada.

E como você enxerga o impacto da tecnologia nesse cenário?

Os smartphones possibilitam a construção de um mundo muito mais criativo e original ao seu redor, em que você controla, convive e acredita. Mas acho que não devemos nos deixar poluir pela comunicação rasa.

Você vê as redes sociais como um risco para os jovens artistas?

Fico triste quando vejo que alguns jovens vivem só da rede social. É como se fosse o mundo da convivência barata, pequena e sem ideia. A nossa profissão é completamente calcada na verdade, o ator vive da verdade. E, às vezes, a rede social vive da mentira, da brincadeira, do passatempo.

O que você diria para os jovens que querem seguir essa carreira?

Vocês são maravilhosamente privilegiados por ter uma câmera na sua mão. Ao invés de ficar só na rede social falando bobagem, registrem o mundo, registrem a sua vida, a sensibilidade à sua volta e registrem-se na sua história.

ÍCONES

Isadora Campos Palhares

@isadoracampos

A NATUREZA EXTRAVAGANTE DE MARCELO ANTUNES

Arrojado, exuberante e acolhedor, o carismático empresário Marcelo Antunes é um titã embaixador do lifestyle carioca, cheio de bossa, profusão de cor e abundância de delicadezas com todos que o cercam. Cosmopolita, ele coleciona viagens, amigos e elogios a sua efervescente personalidade e ao seu apurado olhar, que sabe reconhecer o belo e torná-lo palpável.

Unanimidade, Marcelo é referência de genuína elegância e generosidade em tudo que faz: sempre oferecendo o seu melhor a cada momento e pessoa. Sabe dar pausas, desfrutar da vida em torno da mesa, agregar encontros e oportunizar alegrias.

Esteta nato, tem uma veia materna artística, que a representa como uma saudosa homenagem em cada composição que cria. Explorou a sua profunda relação com as flores e enobreceu a sua natureza esbelta, compondo arranjos abundantes e coloridos, como sua alma.

Delightful

Ele é envolvente, radiante. Não há como não se debruçar sob seu encantamento tão intrínseco ou abster-se de contemplar a forma leve, doce e fascinante com que celebra a vida. Ele transborda calorosa luz.

Fotos: Divulgação

Do seu hábito cotidiano de colorir as suas mesas com flores tropicais, explorou o seu dom e fez do seu talento uma arte. Despretensiosamente, por intensa demanda de grandes amigos, começou a criar arranjos de flores e ambientar recepções, compartilhando um pouco de si em cada sinfonia criada.

Seguiu no ramo da logística, mas passou a levar mais do que passageiros. Marcelo leva hoje amor e perfuma em alegria a vida dos presenteados pelo seu MGA Studio. Profissionalizou o seu dom e permitiu a muitos contemplar os seus arranjos florais que inspiram ainda mais elogios, até mais do que sua ampla e admirável pinacoteca.

Maximalista, de forma natural como o ele o é, começou a eternizar a sua arte de entrelaçar flores com a sua personalidade, e compartilhou suas coleções de obras – de arte floral e de arte contemporânea – em suas redes sociais. O sucesso foi imediato.

Em suas viagens, é inúmeras vezes reconhecido por fãs, inclusive profissionais do mercado floral, como as melhores floriculturas de Courchevel, França, e de Milão, Itália, que o presentearam com flores e cumprimentos por se inspirarem com a sua forma de criar. Personalidades também compartilham suas mesas.

Contagiante, Marcelo somou mais e mais interessados em conhecer a sua forma autêntica e abundante de viver. Criou, então, a série A Natureza de Receber, onde convida o telespectador a entrar no seu universo e de suas convidadas para conhecer a poesia particular de cada anfitrião.

Profundo, não apenas usa do seu bom gosto para criar conjuntamente mesas não óbvias, mas ressignifica junto aos seus convidados as suas memórias afetivas e, de forma fascinante, convida quem assiste a também desfrutar desse momento.

Pioneiro, aproveita o espaço também para dar dicas de uso de objetos, sugestões de formas de servir, e ainda apresenta em seus quadros as amigas que mais admira.

Além de abrir as casas e os louceiros de suas convidadas, ele desperta suas almas e suas memórias, conhecendo a profundidade que as enaltece como anfitriãs. Em sua primeira temporada, abriu as casas de Vivianne Piquet, Silvia Braz, Antônia Cavalcante, Carolina Neves e Camila Yunes, e já antecipa as suas próximas convidadas: Fátima Scarpa e Ana Paula Siebert Justus.

“A minha conexão com a arte e com o belo é a minha conexão pura de amor com minha mãe, de amor e saudade”, assegura ele, que tem como as suas peças mais preciosas a arte dela, em sua casa compartilhada com o marido, o arquiteto Rodrigo Beze, e o filho Bernardo.

A mesma artista que esculpia com suas próprias mãos – sua mãe – estou certa de que ainda as segura em sua dadivosa arte. Representada em cada arranjo, sua maior fonte de inspiração matriarcal, ele jamais deixa sem orquídea uma de suas peças: a flor que compartilham como favorita.

Um deleite aos olhos, à alma e uma celebração às merecidas pausas de contemplação da vida, Marcelo é icônica referência da mais abundante natureza de ser sublime.

@MGA_Studio_

ENTRE NÓS

pattyjustino@hotmail.com – @patjustinovaz

Fotos:

Experiências e lifestyle

Imagine um espaço que se desenha no encontro entre linhas e significados. Uma casa que não se fecha ao que vem, abre-se à moda, à arte, à cultura, ao design e ao lifestyle. Essa é a essência da CASA QUADRA, o novo espaço de convivências onde tudo acontece. No coração do Lago Sul, o bairro mais sofisticado da capital do País, os convidados são levados a imergir em experiências únicas que vão desde apresentações de coleções de marcas a encontros gastronômicos, exposições de artistas e designers, tanto locais quanto nacionais, cursos de vinhos, de fotografia, um verdadeiro refúgio para quem deseja ver, ser visto, se conectar com pessoas interessantes ou simplesmente ficar por dentro das tendências de uma forma especial. As imersões na CASA QUADRA são temporárias e o acesso restrito a convidados. Para fazer parte do mailing é preciso fazer um cadastro no site ou em suas redes sociais, nas quais são compartilhadas a agenda e a programação. Estando lá, prepare-se para ser surpreendido em todo o tempo. www.quadraconcept.com.br

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Entre abelhas e flores

Não é de hoje que a natureza e a arte se conectam permeando as inspirações da designer de joias Luiza Eduarda. Apaixonada pelo “feito à mão” desde criança, quando aos sete anos já criava os seus primeiros acessórios em fios de nylon com os penduricalhos presenteados pela mãe, até hoje ela celebra o brilho da criação e a delicadeza do trabalho manual. O sonho de menina foi se aperfeiçoando ao passar do tempo até tornarse uma realidade no delicado campo da joalheria, o que hoje resultou não somente em uma profissão, mas na sua marca autoral. A Luiza Eduarda Jewelry, genuinamente brasiliense, nasceu na descoberta de um mundo onde cada detalhe floresce em uma joia única. Usando pedras selecionadas e técnicas que lhe garantem acabamentos exclusivos, Luiza desenvolveu sua primeira coleção com bastante movimento, explorando o símbolo que representa a sua marca: a abelha. “A ideia abriu caminho para explorarmos a sinergia entre o trabalho manual das abelhas e o processo artesanal das joias. Elas coletam pólen das flores para criar algo belo e vital, exatamente o que desejo mostrar em minhas peças, essa transformação da natureza para a arte”, revela a designer. @luizaeduardajewelry

Encantando os sentidos

O entretenimento em Brasília tem suas peculiaridades, a exemplo de outras capitais bacanas no mundo, onde flui muito business, encontros sociais, movimento político intenso e turismo espontâneo. Na maioria das vezes, a diversão acaba sendo tendenciosa aos prazeres gastronômicos. Não é à toa que o jovem e renomado chef Paulo Tarso (que teve seu restaurante eleito um dos cem melhores do Brasil, pela revista Exame) criou um modelo bem exclusivo e autoral de restaurante, o refinado Tarso. Disputadíssimo e somente disponível com agendamento prévio, são inúmeros os detalhes que o tornam tão diferenciado na cena brasiliense. Começando pela localização: o subsolo escondido num prédio comercial da Asa Norte, sem fachada aparente, no entanto, charmoso e cheio de bossa em seu interior. Música, luz e clima sempre na medida certa, ambientação intimista com obras de arte elegantemente distribuídas em seus dois ambientes, são apenas 14 pessoas por noite, que têm o privilégio de desfrutar de um incrível menu degustação que pode ser harmonizado com uma curadoria especial de vinhos e outras bebidas. A linda e impecável cozinha é aberta e conjugada ao salão principal, com objetos e aparatos pontualmente colocados para ser funcionais e trazer pitadas de estilo. Já está pronto para fazer a sua reserva? Então corra! O Tarso somente abre para o jantar às quartas, quintas, sextas e sábados e, normalmente, supera as expectativas até dos mais exigentes. www.tarsorestaurante.com.br

Toques de charme e sabor

Pessoas queridas, serviços diferenciados, sabores únicos ou lugares acolhedores, são sempre elos que nos fazem criar memórias afetivas, remetendo a algo bom, inesquecível e, quase sempre, faz a gente querer repetir. Não dá para pensar nesse contexto em Brasília, mais precisamente em Águas Claras, sem citar a micro padaria artesanal Line Bakery. O melhor croissant da cidade, inclusive, carro-chefe da casa, varia entre o tradicional, o de pistache com creme de amêndoas, o de frutas vermelhas e até mesmo um bicolor de brigadeiro… Não existe nada igual! Ciabattas, babkas salgadas de calabresa, os icônicos pastéis de nata, line rolls de canela, bressanes, pães de fermentação natural, macarons... é uma lista quase infinita de itens deliciosamente frescos, macios e com aromas irresistíveis. O fundador e chef que brilha por trás de todas essas criações é o queridíssimo Ricardo Arriel, que atua na área há mais de vinte anos, fez carreira em grandes indústrias multinacionais do segmento de insumos para panificação, além de estar entre os cinco melhores chocolatiers da América Latina. Ele ministra aulas no Brasil e exterior e, ainda, é autor de livros com foco em comportamento e empreendedorismo. Simplesmente, admirável! A Line Bakery é uma descoberta deliciosa, vale muito a pena a visita! @linebakeryoficial

Três décadas e raízes profundas no quadrado modernista, a Avanzzo, fundada por Daniella Naegele, celebra sua trajetória com a visão do futuro: identidade, liderança, produto, estratégia, pessoas e números

A MODA FLORESCEU NO CONCRETO

Por Theodora Zaccara

“Você se lembra da sua primeira cliente?”. Em seus 36 recém-feitos anos de marca, cinco lojas físicas e um frutífero pomar de vendas on-line, Daniella Naegele poderia facilmente deixar as sementes que um dia plantou escaparem à memória – mas não é dessa seiva que a empresária bebe. “Ela visitava nossa loja na 315 Sul sempre aos sábados. Hoje

é uma senhora de 62 anos, uma amiga querida”, reflete a empresária com firme lembrança. É fato: as árvores do Cerrado crescem com raízes profundas.

Poucos nomes evocam o florestamento da cadeia fashion de Brasília como a Avanzzo. Fundada em 1989, a grife conheceu uma capital diferente da que celebra, em 2025, seus 65 anos. “Crescemos para além do serviço público e da política. Hoje, percebo nosso público feminino muito

mais empreendedor, criativo e versátil” – qualidades da mulher moderna, sim, bem como pilares de uma marca que suplanta os desafios do tempo.

Nascida em vista da Copa do Mundo de 1990, a Avanzzo desabrochou da vontade de torcer em família. Juntou o útil, a experiência em produção e varejo herdada de família, ao agradável, à alegria de celebrar as vitórias do Brasil. Foi bola na rede: estouro de vendas com gosto de quero mais. Não demorou muito para a empreitada esportiva se tornar negócio familiar. Ao lado do marido, André Naegele, investiu na produção de uma linha de moda feminina autoral.

Mais de três décadas após a faísca da empreitada, a Avanzzo expandiu sua linha de produção e sofisticou a cadeia de confecção, movendo parte de sua operação para São Paulo com propósito de aperfeiçoar os segmentos de tricot, jeans, alfaiataria e acessórios. Hoje, o time Avanzzo contempla mais de setenta funcionários, entre equipes de estilo, produção, marketing, administrativo, logística, TI e comercial.

O sucesso, Daniella atribui à sua devota irmandade de fidèles. “Nosso maior patrimônio é o cliente. De certo modo, é ele quem garante a estabilidade da minha família, dos meus filhos, dos meus funcionários. Sem ele, não somos nada”, dispara com paixão. “Por isso, acredito que todos que entram nas nossas lojas merecem apenas o melhor, em produto, em atendimento e em experiência de compra. Trabalhamos para que as memórias das nossas clientes sejam sempre melhores com Avanzzo”, completa.

Ao longo da movimentada trajetória, levantou eventos repletos de luzes e holofotes – outros, de confraternizações íntimas. Em 1998, recebeu a top Isabela Fiorentino em sua passarela Outono/Inverno. “Foi uma delícia de evento. Um dos nossos primeiros”, desvenda. “Convidamos os membros da imprensa que faziam o jornalismo de moda da cidade girar”. Apesar de brilhantes, os flashes não cegam: Daniella confere igual importância a seus encontros low profile, nos quais as maiores estrelas são suas clientes mais próximas. “O acolhimento e o atendimento são nossos diferenciais, desde sempre e para sempre”.

E o que diria essa experiente businesswoman à jovem Daniella de quase quatro décadas atrás? “Não tenho arrependimentos nem faria nada diferente, apenas diria a ela para seguir sendo essa empregadora exigente, com o trabalho de seus funcionários, sim, mas principalmente com o dela mesma”, dispara. “Buscar o melhor produto, os melhores acabamentos, e o que pode ser melhorado continuamente, todos os dias. Isso não é excesso, é cuidado”.

À nova geração de empreendedoras fashion, Naegele, que já se desdobrou entre numerosas funções, também oferece conselhos: “Sempre digo que criar moda envolve muita estratégia, conhecimento dos números, cálculos e

visão econômica… às vezes, mais até do que o produto final. Quanto mais você expande sua visão para outros setores e quanto mais você busca se alfabetizar dentro da esfera empresarial, mais completa se torna a sua empresa. Empreender é ser curiosa”, aponta a Diretora Criativa, testificando sua familiaridade com a nova geração pelo exemplo que tem dentro de casa. “Meu filho Victor está há quatro anos atuando dentro do nosso comercial, e tenho certeza de que ele está muito bem preparado para guiar a Avanzzo por caminhos muito maiores”, conta, sobre o único dos três filhos que atua dentro da marca.

Em 2024, o comércio de roupas e acessórios no Distrito Federal cresceu cerca de 26,5% em relação ao ano anterior, somando um valor de aproximados R$ 4,5 bilhões – o maior desenvolvimento percentual entre todas as unidades federativas do Brasil. Desde 2019, o GDF destinou mais de R$ 5 milhões a iniciativas de moda voltadas para mulheres da periferia, fortalecendo o compromisso da rede pública com a autonomia feminina no mercado de trabalho e com o potencial criativo do DF. “Brasília é o lar da oportunidade, da invenção, da qualidade de vida. Temos tantas mentes originais nascendo todos os dias sob a naturalidade do brasiliense. E como esse céu lindo pelo qual agradecemos todos os dias: um presente que a gente ganha dela”.

@avanzzo www.avanzzo.com.br

Daniella Naegele, fundadora da marca

HARDWORK

Ao trabalho. Vestir-se de ação. Altivez, robustez. A estética business surge evidente, latente. Novas versões de vestimentas. Alfaiatarias sólidas, camisarias esculturais. A discrição revestida de elegância. A extensão do luxo em figurinos magnéticos. Vanguarda is in the office (PS)

Veronique Leroy
Tory Burch
Isabel Marant
Toga
Miu Miu
Louis Vuitton
Tod’s
Maison Margiela
Valentino
Huishan Zang
Issey Miyake
Gucci
Stella McCartney
Givenchy
Michael Kors Moschino

Detalhes importam. A preciosidade da bolsa não está no seu valor, e sim no que ela carrega... por fora. São os charms, penduricalhos, acessórios, emblemas, pinturas, talismãs.

O que trouxer identidade, essência. Miniaturas artesanais, bugigangas esculturais, um conjunto de tesouros expostos (PS)

CHARMING BAGS

Fendi
Streetstyle Londres
Chloé
Louis Vuitton
Streetstyle Londres
Etro
Prada
Chanel
Gucci
Dior
Streetstyle Milão
Streetstyle Londres

CAFÉ COM ROSAS

O natural senso rico de caráter. Solidez. O marrom emergiu das entranhas da terra. E trouxe impacto junto aos pretos e cinzas. Minimalista e silencioso. É clássico, é contemporâneo. A expressiva visão orgânica do luxo (PS)

Em outro extremo, o impacto do rosa se apresenta em novas nuances. Um blush suave. Menos caricato, mais inteligente. A linguagem madura. A feminilidade futura com expressividade, equilíbrio e profundidade (PS)

Saint Laurent
Louis Vuitton
Ludovic de Saint Sernin
Fendi
Carolina Herrera
Prada
Dolce&Gabbana
Balenciaga
Fendi
Giambattista Valli
Issey Miyake
Zimmermann
Chloé
Saint Laurent
Marni

Elegância provocativa. Alfaiataria. Arquitetura. Artesania. Feminilidade redefinida. Proporções distorcidas. Senso histórico. Renascimento. Tensões e reflexões definiram a temporada europeia. Juízo intuitivo, senso de liberdade. O progresso em processo, a herança em pujança. Idiossincrasias que revelam inflexões que a moda cruamente determina. Sair do prumo, é o próximo rumo (PS)

MILANO-PARIGI

Valentino
Givenchy
Versace
Saint Laurent
Paco Rabanne
Chloé
Ferragamo

MILANO-PARIGI

Dior
Gucci
Dolce&Gabbana
Louis Vuitton
Chanel
Balmain
Courrèges
Balenciaga

Ao alcance da força do marrom, cinza ou marinho, o verde camaleônico é trendy. Forte e resistente. A marcha pela estética suave o torna protagonista. O rigor militar se vai, o tom da floresta permanece. O espectro cromático deixa a passarela e cruza as fronteiras do outono (PS)

GREEN OBSESSION

JW Pei - R$ 1.380
Burberry - preço sob consulta
Burberry
Fendi
Gucci - preço sob consulta
Saint Laurent - R$ 23.290
Miu Miu - R$ 6.900
Ferragamo - R$ 10.856
Dior - R$ 23 mil
Prada - R$ 6 mil

STILE PRINCIPESSA

Etérea, romântica, delicada. A abrangência e relevância do pink. Menos Barbie, mais princesa (PS)

powder
Coach - R$ 4.498
Acne Studios
Dior - R$ 4.500
Dior - R$ 3.900
Tod's - preço sob consulta
Chloé - preço sob consulta
Lanvin - preço sob consulta
Balenciaga - R$ 14.500
Curadoria de ModaKarine Moreira Lima
Louis Vuitton - R$ 19.600
Tom Ford - preço sob consulta
Dolce&Gabbana - R$ 16 mil
Stella McCartney

ARTE

Maurício Lima

Consultor em investimento em arte mauricio@galeriaclima.com.br

Quem mora em Brasília está acostumado a ver arte espalhada pela cidade, principalmente na Esplanada dos Ministérios, prédios como o Itamaraty estão repletos de arte de ótima qualidade. Esse convívio ajudou a formação de muitos artistas que criaram e desenvolveram suas carreiras no Distrito Federal, todavia tiveram um alcance mais local. Alguns artistas da geração passada entenderam que para sua obra percorrer o País e ter mais relevância, eles precisariam ir para São Paulo ou Rio de Janeiro, que são os dois grandes centros culturais do Brasil. Nazareno fez esse caminho, mudou-se para SP e conseguiu obter o espaço que sua obra merece nacionalmente.

Essa realidade de ter de se mudar para outro centro para conseguir destaque está mudando principalmente para a nova geração de artistas de Brasília, que está chamando a atenção de galerias e curadores de outros estados e, com isso, tendo sua obra exposta nos grandes centros do mercado da arte nacional.

Uma dessas artistas que estourou a bolha foi Maria Porto, natural de Brasília e mestra em Educação em Artes Visuais (EAV) pela UnB, onde também fez sua formação. Após seu

período acadêmico, ela começa sua carreira profissional já sendo selecionada para o 17º Salão Ubatuba de Artes Visuais. Desde 2022, vem participando de feiras de arte como FARGO (GO), FUGA (DF), FBAC (DF) e, este ano, participou da SP-Arte com uma obra que, de certa forma, abre uma nova maneira de se entender o limite físico da arte.

Porto desenvolveu a série contínua, que retira o limite físico do objeto, ele começa “aqui”, mas quem escolhe onde ele acabará é o colecionador. Tudo iniciou com um trabalho no qual a artista usava fotos dos arquivos de sua família e as imprimia sobre acrílico. No passo seguinte, fazia um recorte no centro da foto e, com essa área que era retirada,

A ARTE CONTÍNUA DE MARIA PORTO

Fotos:
Divulgação

ela criava uma escultura. No começo, essa escultura ficava ao lado do quadro em uma pequena estante, mas Porto logo percebeu que essa segunda parte do trabalho não precisaria respeitar esse limite físico e poderia estar em qualquer lugar e, com isso, se criava um pensamento de continuidade na qual a pessoa só acabaria de ver o trabalho quando ela visse a outra parte que poderia estar em outro cômodo da casa ou até mesmo em outra área da cidade.

Nessa nova série, a artista executa pinturas, pegando um pedaço de pelúcia da mesma dimensão e fazendo um recorte de formato orgânico no meio do quadro, obtendo, assim, duas partes. Em seguida, ela usa o mesmo recorte na pelúcia e une cada parte do quadro com a parte faltante da pelúcia. A artista instala cada parte do trabalho em um ambiente e, quando o espectador, que não conhece a obra, vê a segunda parte em outro local, depois de já ter visto a primeira, começa a notar semelhanças, criando uma sensação de déjà-vu. É nesse momento, de uma certa estranheza, que ele compreende que realmente acabou de ver o trabalho por completo.

Na SP-arte de 2025, a artista mostrou, na galeria clima, um trabalho dessa série, onde uma parte do trabalho ficou dentro do estande e a outra fora, acentuando essa sensação de continuidade.

SALÃO CULTURAL

São Paulo – Um coletivo de grande impacto para o mercado brasileiro em convergência e sincronia com o segmento mundial, este é o SP-Arte, a principal plataforma do mercado nacional de arte e design, além de ponto de encontro essencial para artistas, galeristas, designers, curadores, colecionadores e pesquisadores. Em sua caminhada de duas décadas, Fernanda Feitosa, idealizadora, diretora e fomentadora do evento aperfeiçoa suas matrizes a cada edição.

Com duzentos expositores, entre galerias de arte, estúdios de design, instituições culturais, espaços independentes e editora, o Prédio da Bienal se reveste de ambiência e

estética numa profunda imersão nos mercados primário, secundário, além de ser o portal para novos talentos. Entre eles, Designers Group, Lucas Recchia, Bonni, Rodrigo Ohtake e Jequitibá. No design brasileiro, os reconhecidos Attom e Sergio Rodrigues Atelier, ao lado de expositores recorrentes como Etel, Jacqueline Terpins e Ovo.

Entre as boas novas, os parceiros Arauco e Artefacto, lançam suas premiações nas áreas de Design, Sustentabilidade e Inovação. A exposição Inteligência Material,

Arena Iguatemi
Estande Gentil
David Teplitzky e Ricardo Sardenberg

com curadoria de Livia Debbane e Camilo Oliveira, é um dos destaques. O Palco SP-Arte, no terceiro andar, apresenta um lounge para relaxar, fazer uma pausa e assistir a talks com temas e nomes expressivos do metiê. Um dos highlights da feira foram os bate-papos com artistas consagrados na Arena Iguatemi, sobre mercado e colecionismo, com convidados nacionais e internacionais. “Vemos um crescimento positivo do design e a consolidação do setor de arte”, pontua Fernanda.

Fotos: Divulgação/SP-Arte
Premium Lounge
Estande da Casual
Estande da Marco Zero
Estande da Almeida & Dale

O TRAÇO QUE DESENHA O INVISÍVEL

A arte minimalista do goiano Orestes Vaz transcende formas e traduz afetos, espiritualidade e modernismo. Autodidata, o artista revela como sua jornada se conecta com Brasília e com o divino

Traços minimalistas que revelam corpos entrelaçados em um êxtase de romantismo, simplicidade e afeto. À primeira vista, essa poderia ser a sinopse perfeita para o estilo criativo que tem feito o nome de Orestes Vaz ganhar projeção. Nos últimos anos, o artista plástico ascendeu exponencialmente no Distrito Federal.

Suas pinturas decoram casas, marcam presença em exposições de arte e chegaram até a estampar camisetas de uma marca renomada da capital. Longe de se contentar com ideias pré-concebidas, ele gosta de correr riscos entre um rabisco e outro. O resultado é tudo, menos óbvio. O artista de 34 anos, que escuta atentamente e sorri frequentemente, deseja ser compreendido. E, se isso não for possível por meio da poesia impregnada em suas pinturas, ele não hesita em explicar: sua arte fala sobre família, fé e espiritualidade.

Para entender o trabalho de Orestes, é preciso mergulhar um pouco em sua infância. Nascido em Ceres, município de Goiás, ele cresceu cercado de tinta. A mãe, Huldicema Xavier Vaz, era uma prolífica designer de camisetas que, com seu próprio ofício, sempre incentivou o filho a explorar a criatividade e a imaginação. Ao perceber o entusiasmo de Orestes pela serigrafia, decidiu matriculá-lo em uma aula de desenho em uma cidade vizinha. Foi o início de uma jornada despretensiosa que, mais tarde, tornar-se-ia uma carreira. “Quando eu era criança, meu desejo era ser cartunista, até perceber que não conseguia repetir o mesmo traço diversas vezes. Então, esse curso de desenho e pintura despertou ainda mais minha vontade de criar. Foi essencial para aprender técnicas e explorar diferentes linguagens”, relembra.

recorri à oração”, confessa o artista. Ele acrescenta que foram justamente as obras com maior carga espiritual que primeiro ganharam espaço em seu perfil no Instagram –plataforma que impulsionou suas vendas.

Autodidata, mesmo sem formação acadêmica em arte, Orestes se surpreende com a repercussão de seu trabalho. Nos últimos anos, suas obras foram exibidas na CasaCor, em espaços culturais como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e em diversas cafeterias da cidade, como Castália e Quanto Café. Além disso, colaborações com marcas autorais, como a Dane-se, deram ainda mais visibilidade ao seu estilo, que já virou até tatuagem na pele de admiradores.

A mudança abrupta do interior goiano para os Estados Unidos, no início dos anos 2000, coincidiu com sua adolescência. Apesar das dificuldades com o idioma, Orestes continuou buscando formas de se expressar artisticamente. Mas, de todas as memórias dos anos vividos em Boca Raton, na Flórida, uma se destaca: Oscar Niemeyer. “Em uma atividade escolar, precisávamos falar sobre um herói e, incrivelmente, escolhi Niemeyer. A partir daí, tudo começou a se alinhar. Passei a desenhar formas corporais com traços minimalistas. Morei nos Estados Unidos dos 14 aos 21 anos e, junto com minha família, decidi que, ao voltar para o Brasil, eu moraria em Brasília. E assim foi”.

A conexão com a capital federal se reflete nos contornos modernistas e nas linhas curvas dos projetos de Niemeyer. Mas os corpos entrelaçados e fluidos que Orestes desenha também falam, de maneira sutil, sobre paixão, ingenuidade e, sobretudo, o divino. “Em alguns trabalhos, as interpretações vêm naturalmente. Em outros, admito que

E tudo isso, ele admite, tem muito a ver com a atmosfera da capital. “Não entendo as pessoas que não gostam de Brasília. Gosto do formato da cidade, das pessoas, do fato de ser muito mais diurna do que noturna. Aqui você se encaixa e se inspira. Pense no Museu Nacional, por exemplo. Não existe lugar mais impactante. Amo aquela grandiosidade, aquele teto redondo”.

Longe de querer se enquadrar em um único estilo, Orestes aposta na constante reinvenção. Além do desejo de explorar cerâmica e metal, ele vem se aprofundando no surrealismo. Tucunarés e bem-te-vis, em suas mãos, tornam-se figuras metamórficas com silhuetas humanas – influências que remetem diretamente à sua infância.

“Tudo ainda está em processo de criação. Mas a ideia é trazer uma arte mais abstrata. Quero falar sobre minha infância, sobre o peixe que comíamos, o pássaro que tem a ver com meu pai… Mas também quero transmitir essa ideia de não pertencimento. Porque, quando criança, senti que não me encaixava na maioria dos lugares. E, no fim, foi exatamente isso que me trouxe até aqui. E estou muito feliz por estar onde estou.”

@orestesvaz

O DNA PÓSMODERNISTA

Geração de designers brasilienses ressignifica o modernismo da capital e imprime identidade autoral em móveis e objetos. Felipe Zorzeto, Lucas Caramés e Will Pedrosa trazem originalidade e funcionalidade em suas criações

O nome de Brasília está inextricavelmente conectado à uma arquitetura opulenta, moderna e especialmente atemporal. Quando falamos em design de produtos, isso não é diferente. A própria atmosfera da cidade sempre inspirou diversos criadores a produzir verdadeiras obras de arte utilitárias.

Recentemente, três nomes têm ganhado o coração dos brasilienses quando o assunto é inventividade. Felipe Zorzeto, Lucas Caramés e Will Pedrosa traduzem em mobiliários e objetos de decoração identidade autêntica, que mescla influências regionais e traços contemporâneos.

Lucas Caramés

No trabalho de Lucas Caramés, a busca por um design que resgate memórias e culturas é visível na harmonização entre influências modernistas da capital e elementos de sua terra natal, a Bahia.

O designer de mobiliário e arquiteto, nascido em Salvador, sempre foi incentivado pelos pais a exercitar a imaginação e a criatividade. Na adolescência, sua paixão pelo desenho se desenvolveu a partir do fascínio pelo universo dos quadrinhos. Foi nessa época, aos 17 anos, que desembarcou em Brasília com o intuito de estudar arquitetura. “Devo muito da minha trajetória por tudo o que a arquitetura me fez entender, estudar e vivenciar. O design tem o papel de investigação, entendimento do cotidiano, do social e da filosofia da vida, então é um aprendizado constante”.

Fotos:
Divulgação

A trajetória no design de mobiliário teve início em 2018, quando participou de um curso de extensão na Itália, onde projetou sua primeira cadeira e uma estante de livros. Com o tempo, as características modernistas de Brasília e a forte influência da cultura baiana serviram de inspiração para o DNA do Studio Caramés. A mesa de centro Fachadas é um dos seus principais trabalhos, porque incorpora uma representação excelente e sem pieguice dos edifícios modernistas brasilienses com freijó natural imitando os célebres cobogós.

Outro destaque é a Poltrona Poty, apresentada na Semana de Design de Milão, em 2024. Inspirada na cultura artesanal do Delta do Parnaíba, a peça é envolta por uma trama de palha de carnaúba, conferindo aconchego e identidade única ao design. O portfólio atual de Lucas tem cerca de 35 peças diversas, entre mesas, poltronas, puffs, cadeiras, bancos, cabideiros, tapetes e até espelhos.

Nos últimos três anos, integrou o grupo de designers expositores da Mostra Casa Brasil NY,Brasil in Natura Terra Adentro e também do acervo permanente do Museu de Arte de Brasília – MAB, com a mesa de centro Fachadas. Nos anos de 2023 e 2024, levou os prêmios SIT Award na categoria Armchair e como Furniture Design of The Year. “Meu intuito é construir um legado, não apenas para mim, mas para que outros designers também encontrem suas trajetórias nesse processo de autoconhecimento, ajudando a consolidar uma nova identidade para o design brasiliense.”

@studio.lucascarames www..Stdiolc.com

Will Pedrosa

A funcionalidade e o minimalismo são características marcantes no trabalho do brasiliense Will Pedrosa. A partir de uma necessidade pessoal, o designer descobriu sua paixão por criar objetos que equilibram estética e praticidade. A Bowa nasceu de forma despretensiosa. O designer trabalhava no Ministério da Educação quando, certo dia, perdeu sua carteira. Descontente com os estilos que existiam no mercado, decidiu criar uma versão mais estilizada e que ocupasse o mínimo de volume no bolso. Sem experiência prévia com couro, comprou um retalho do material e, de maneira intuitiva, desenvolveu o protótipo da Bold W, carteira que se tornou o carro-chefe da marca. “Não havia curso e nenhum conteúdo na internet. Foi tentativa e erro. As pessoas que tinham acesso à carteira, viam e pediam uma igual”, relembra o designer que com o sucesso da empreitada virou professor e criou o Curso Completo do Couro, projetado on-line para iniciantes e entusiastas do artesanato. Além da carteira, a Bowa também se destaca na produção de bowls de couro costurados manualmente. Essas peças de home decor, disponíveis em diversos tamanhos e formatos, aliam

sofisticação e identidade artesanal. A coleção da marca ainda conta com cintos, porta passaportes e necessaires, sendo os bonés em tecido suede os únicos que fogem da utilização do couro como matéria-prima. O artista relembra que o olhar para formas, texturas e combinações de cores vieram do avô materno, que pintava quadros e tinha um gosto apurado para móveis de designers. A convivência com o patriarca serviu de aprendizado estratégico, já que além das atividades manuais, Will também desenvolveu um senso de responsabilidade resolutivo para o que viria a se tornar a Bowa.

Atualmente, a sinergia entre Will e sua mulher, Fernanda, tem impulsionado a marca, fortalecendo seu reconhecimento no mercado brasileiro. Além de produzirem as bandeiras de decoração, os porta-copos e outros itens do renomado restaurante Tarso, de Brasília, o Hotel Rosewood São Paulo também conta com itens assinados pela Bowa. “Todos os quartos têm uma peça da Bowa, que é um porta-joias. Também produzimos porta-lenços para uma comitiva de sheiks árabes que o hotel recebeu, pastas de couro, case para baralhos e até um porta guarda-chuvas em couro”, conta. @bowa_co www.bowaatelie.com.br

Felipe Zorzeto

Um mix entre design prático e funcional, mas ao mesmo tempo acolhedor e criativo, são características que definem a estética singular de Felipe Zorzeto. Nascido em São Paulo, o designer se mudou para Brasília ainda criança. Desde pequeno, encantava-se com a criação de cenários, construindo maquetes e objetos, como aviões e motos. Sua mãe, designer de interiores e paisagista Ândrea Zorzeto, foi sua grande inspiração. “Desde cedo a acompanhava em seus projetos e obras. Em determinado momento, ela transferiu o escritório para nossa casa, e foi ali que passei a vivenciar de perto como surge a concepção das ideias até sua materialização”, conta.

Na adolescência, a curiosidade instigante o fez aprender a usar um software de modelagem, na qual desenhou uma pista de motocross. A partir daí, a paixão pelo universo da criação fez com que ele observasse de forma mais atenta artistas como Lina Bo Bardi, cujo trabalho transita entre a arquitetura e o design de mobiliário. O início da trajetória como designer mostrou como a visão de Felipe é consistente e contemporânea. Um casal de clientes o contratou para desenvolver o projeto de interiores da casa onde moravam e um dos pedidos era um buffet extenso, discreto, mas com personalidade e, acima de tudo, funcional para armazenamento.

Surge aí o Buffet Palafita, um móvel modular, de desenho simples e ao mesmo tempo expressivo, campeão de vendas e o favorito do designer. “A peça sintetiza minha busca incessante pela simplicidade e pureza no desenho: características que marcam minhas principais referências no modernismo. Além disso, esse projeto resgata meu lado arquiteto, que é a base da minha formação”, diz. Vale lembrar que as produções de Felipe também miram na sustentabilidade, já que o uso de materiais certificados e renováveis também fazem parte do DNA da marca. “Quero que ela se torne uma referência nacional e se expanda internacionalmente, levando a riqueza da herança cultural brasileira para o mundo”.

@felipezorzetodesign www.felipezorzeto.com

Foto: Isadora Costa
Foto: Julia Totoli

Isolada no Cerrado brasiliense, a Hypnacoteca reúne meio século de produção artística de Nelson Maravalhas. Mais do que um museu, o espaço propõe um mergulho na interseção entre consciência e imaginação

MARAVALHISMO: ERUDIÇÃO E LOUCURA

Por Juliana Eichler

Fotos Rayra Paiva

Em uma área isolada do Distrito Federal, cercada por vegetação nativa e o silêncio da natureza, está a Hypnacoteca, um museu de arte com um nome tão inventivo quanto seu criador. Idealizado pelo artista Nelson Maravalhas, o termo é uma fusão entre as palavras “hipnagógico” e “pinacoteca”, já revelando a proposta do espaço: um lugar onde é possível admirar quadros que nasceram do limiar entre a vigília e o sono, onde o mundo consciente e inconsciente se confundem. “É uma homenagem a esse estado, do qual sou um experienciador”, explica Maravalhas, referindo-se às visões que inspiram suas obras.

Visionário assumido, ele sempre se viu como alguém que cria a partir de imagens e visões espontâneas, em contraste à lógica da arte moderna, pautada por intencionalidade

e razão. “Na história da arte, isso não é uma experiência muito comentada e apreciada”, afirma. “O artista visionário parece obedecer a uma voz interna, nascida dentro da maquinaria de sua própria mente”, relata.

Apesar de sua produção estar ancorada nessas visões, Maravalhas não deixa de dialogar com as matrizes deste segmento. “A minha maneira de pintar é a mesma, e eu não tenho, inclusive, muita novidade no tipo de pincelada”, admite. Porém, ele conta que insere referências de mestres do Renascimento, como Vittore Carpaccio, Rafael Sanzio, Pietro Perugino e Ambrogio Lorenzetti, além de incorporar elementos da literatura. “São espécies de segredos escondidos nos meus quadros, mas ninguém sabe. São referências que, muitas vezes, só aqueles que conhecem muito sobre o tema conseguem perceber”, destaca. “É uma mistura de erudição e loucura”, brinca. A esse estilo, ele deu o nome de maravalhismo.

O caminho da arte

Nascido no Rio de Janeiro em 1956, Nelson veio para Brasília com 11 anos de idade. Morou na 707 Sul, de frente para um complexo cultural. “Via ali obras de muita qualidade, até mesmo exposições internacionais, o que me deu uma educação visual e artística muito cedo na minha vida”, afirma. “Morasse eu, por acaso, na Asa Norte ou no Lago Sul, não teria tido um contato tão próximo com a arte como aconteceu”, acredita.

A relação com o desenho começou na adolescência, durante um período em que viveu em Itabuna, na Bahia. “Eu morava com meu pai e não tinha nada para fazer. Um dia, fui à papelaria, comprei papel, lápis e nanquim para passar o tempo desenhando. É como se eu tivesse caído em uma armadilha”, confessa.

De volta a Brasília, ingressou no curso de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), atendendo ao desejo da mãe. “Ela dizia que pintor não tinha futuro. Aquela velha história”. Um ano depois, pediu transferência para o Departamento de Desenho, onde se graduou.

A trajetória na UnB se estendeu por mais de três décadas como professor, lecionando diversas disciplinas no atual Departamento de Artes Visuais. Foi nesse período que produziu grande parte de sua obra, que não se restringe à pintura. “Minha produção segue três vertentes: a pintura hipnagógica, o desenho, que é mais delicado, e um trabalho experimental com materiais inusitados”, explica. Além disso, dedica-se à escrita de textos sobre arte, ciência e sociedade.

Um sonho concretizado

Maravalhas construiu um extenso currículo no campo acadêmico, com mestrado nos Estados Unidos, doutorado na Inglaterra e pós-doutorado na Alemanha. Foi, inclusive, enquanto morava no país germânico com sua companheira, a produtora cultural e também artista plástica Nuára Visintin, que surgiu a ideia de abrir um negócio próprio. “Sempre achei que meus trabalhos só podiam ser vistos em conjunto”, conta.

Foram sete anos de planejamento até a inauguração da Hypnacoteca, em julho de 2024. Por estar localizada em uma Área de Proteção Ambiental (APA), o Núcleo Rural Córrego do Urubu, o projeto exigiu licenciamento ambiental e colaboração da Secretaria de Agricultura. Projetado pelos arquitetos Danilo Fleury e Raul Maravalhas, filho de Nelson, o museu se inspira na arquitetura indiana e conta com dois andares, divididos entre salas de exposição, cafeteria, mirante e uma área externa que, futuramente, irá comportar eventos culturais. “Pretendemos inserir outras linguagens artísticas para além das artes visuais”, revela Nuára.

Além de abrigar cinco décadas da obra de Nelson, a Hypnacoteca tem objetivo educacional. “Quero ajudar na formação de adolescentes e jovens adultos, que estão em um momento que considero crucial”, diz o artista. “Sinto como se eu pudesse contribuir para o aprimoramento, e não o desmoronamento, desses jovens”.

Outra meta é tornar o museu cada vez mais integrado à natureza e sustentável. “No futuro, a ideia é unir arte e natureza, como um Inhotim no Cerrado”, explica Nuára. “No início, achei a comparação prepotente, mas Nelson diz que é assim que tudo começa”, finaliza.

Hypnacoteca Maravalhas

Local: Núcleo Rural Córrego Urubu, Lago Norte, Brasília Horário de funcionamento: quarta-feira a domingo, das 15h às 19h. Entrada gratuita @hypnacoteca_maravalhas

UMA NOVA ERA

Com 36 anos de trajetória, a Casa da Moldura celebra os 65 anos da capital com um marco. Identidade visual renovada, exposição de arte e a apresentação do CEO que dará continuidade ao legado do fundador Higino França

Inspirada nas formas icônicas de Brasília, como as tesourinhas e os traços modernistas que eternizaram a capital no cenário arquitetônico mundial, a Casa da Moldura apresenta sua nova identidade visual. Com 36 anos de história, a marca evolui sem perder a essência, mantendo seu compromisso com a arte e o design.

A nova marca é um tributo à cidade: o monograma estilizado combina as iniciais C e M em um traço abstrato,

Fotos Vanessa Castro
Lucas Magalhães, CEO da Casa da Moldura, com o fundador Higino França

remetendo ao modernismo brasiliense. A tipografia contemporânea, os grafismos e a paleta de cores refinadas reforçam a sofisticação da identidade visual, desenvolvida com influência do movimento Bauhaus.

À frente dessa nova fase está Lucas de Magalhães, novo CEO da Casa da Moldura. Administrador e especialista em gestão de produtos, ele assume a missão de expandir e consolidar o legado construído ao longo de três décadas por Higino França, fundador da marca. “É uma honra poder liderar essa nova fase da Casa da Moldura. Meu papel é assegurar que cada experiência seja única e consistente com a história de excelência que já está enraizada na marca. A identidade visual vem reforçar nossa dedicação em oferecer algo singular e artisticamente conectado à essência brasiliense”, explica Lucas.

A mudança será implementada gradualmente, da fachada à comunicação interna. “Cada elemento conta uma história. O rebranding reafirma o cuidado artesanal e a curadoria minuciosa que sempre fizeram parte da nossa trajetória”, destaca o CEO.

Para Higino França, essa atualização representa um momento histórico para a empresa. “Estamos destacando nossa conexão profunda com Brasília e seu patrimônio arquitetônico. É uma nova energia, sem abandonar a essência que sempre guiou a Casa da Moldura”, afirma.

Como parte dessa renovação, a empresa celebra os 65 anos de Brasília com uma exposição especial em sua galeria na 706/7 Norte e na 410 Sul. O acervo inclui obras de Athos Bulcão, Oscar Niemeyer, Burle Marx e artistas contemporâneos da cidade, brasilienses como Tarciso Viriato e Luiz Antunes de Souza (Ratão), conectando passado e presente.

“Queremos que nossos clientes tenham uma vivência imersiva. Selecionamos obras que dialogam com a alma de Brasília. Temos sete gravuras impressas pela Casa da Moldura e chanceladas pela Fundação Athos Bulcão, quatro peças exclusivas de Oscar Niemeyer – incluindo uma impressão em tecido canvas –, uma coletânea de Burle Marx com quatro gravuras assinadas e duas obras originais em óleo sobre tela com os respectivos certificados de autenticidade”, detalha o CEO. Há ainda milhares de gravuras assinadas e/ ou chanceladas dos mais renomados artistas nacionais, além de dezenas de outras obras originais e exclusivas.

Segundo Lucas, essa coletânea permite que as pessoas se conectem com a cidade por meio da arte. “Não é possível falar da Casa da Moldura sem falar de Brasília. Está no nosso DNA a arquitetura, a arte e o design brasiliense. Afinal, Brasília é uma galeria a céu aberto”, finaliza Lucas.

@casadamoldura www.casadamoldura.com.br

706/7 Norte e 410 Sul

EXPLORA

Marcella Oliveira

@marcella_oliveira

marcellaoliveira@gmail.com

Há lugares que desafiam rótulos e categorias, e Inhotim é um deles. Localizado em Brumadinho, a cerca de 60km de Belo Horizonte, esse museu a céu aberto (um dos maiores da América Latina) não é apenas um espaço expositivo, mas uma imersão sensorial onde arte, arquitetura e paisagismo se entrelaçam de maneira impressionante.

No momento em que deixamos a rodovia e adentramos a estrada cercada por árvores por todos os lados, a sensação é de atravessar um portal. É impossível não se sentir transportado, não apenas fisicamente, mas emocionalmente, para um estado de beleza, contemplação e descoberta.

O Instituto Inhotim se ergue sobre um tripé fascinante: arte, natureza e educação. Com mais de 140 hectares de visitação – e outros 205 hectares de Reserva Particular do Patrimônio Natural –, ele abriga um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do mundo e um dos maiores jardins botânicos do Brasil. O diálogo entre a vegetação nativa e os jardins desenhados torna cada percurso uma experiência estética em si mesma – e o brasiliense vai sentir a influência de Burle Marx, que não atuou no paisagismo, mas era amigo do empresário Bernardo Paz, fundador do instituto, e fez muitas caminhadas pela propriedade, dando um pitaco ou outro.

Ali, nada parece por acaso, ainda que a natureza sempre encontre maneiras de surpreender, moldando-se às intervenções humanas de maneira orgânica. A arquitetura dos pavilhões, por si só, dialoga com as obras, muitas vezes amplificando suas mensagens.

Nosso guia, Edno, conduziu a visita com uma paixão contagiante – aliás, faz toda a diferença contratar um. Nas galerias, uma história, uma curiosidade e uma ajuda para interpretar a arte contemporânea.

ARTE APLICADA À NATUREZA INHOTIM

Jardim de Todos os Sentidos
Foto: Brendon Campos
Homo Sapiens Sapiens, de Pipilotti Rist
Foto: Ícaro Moreno
Apenas Depois da Chuva, de Rebeca Carapiá
Foto: Ícaro Moreno

Cada obra parece convidar o visitante a interagir, refletir, sentir. Um dos exemplos é a obra de Cildo Meireles, um labirinto de cacos de vidro, onde pode-se caminhar – desde que esteja com sapatos fechados. A primeira reação é de hesitação: como assim pisar sobre vidro? É preciso alguém dizer que é permitido. E logo vem a compreensão – com uma ajuda do guia – de que essa experiência traduz desafios da vida, os caminhos tortuosos que precisamos percorrer.

Outro momento memorável é a passagem pela Galeria Adriana Varejão. Com obras impregnadas de narrativas históricas e texturas surpreendentes, a artista – que foi casada com o fundador do instituto – tem um espaço dedicado exclusivamente às suas criações. As paredes da galeria escondem camadas que evocam feridas e cicatrizes da história brasileira, e a sensação de estar dentro desse espaço é visceral.

Experiência sensorial

Entre um pavilhão e outro, os jardins revelam encantos inesperados. Os lagos de coloração verde vibrante, que mais parecem saídos de uma pintura impressionista, não são naturais – recebem um corante especial chamado Lagoa Azul, que reage e fica no tom esmeralda – segredo compartilhado pelo guia, que faz questão de deixar claro: “é um corante natural”.

As obras ao ar livre reforçam essa fusão entre o natural e o construído. Troca-Troca, com fuscas coloridos do artista Jarbas Lopes, dispostos no jardim, tem peças em cores diferentes que remetem às transformações que vivenciamos durante as viagens. A metáfora é clara: trocamos experiências, olhares, perspectivas – e voltamos para casa diferentes.

Em 2024, o instituto atingiu um recorde de visitação, recebendo mais de 335 mil pessoas no ano. Mas, para além dos números, Inhotim é sobre experiência. É sobre percorrer trilhas sombreadas por árvores centenárias e deparar-se, de repente, com uma obra que redefine sua percepção de espaço. É sobre escutar o silêncio entre as galerias e sentir que, ali, ele também é parte da arte. Mais do que um museu, Inhotim é um convite para olhar o mundo – e a nós mesmos – de uma nova maneira. Vale muito a visita, e acho que mais de uma, porque eu já quero voltar.

@inhotim www.inhotim.org.br

Magic Square, de Hélio Oiticica
Foto: Brendon Campos
Foto: Brendon Campos
Desvio para o vermelho I Impregnação, de Cildo Meireles
Galeria True Rouge
Foto: Ana Clara Martins
Jardim Botânico
Foto: João Marcos Rosa
Galeria Adriana Varejão
Foto: William Gomes

Um pedaço de Inhotim para viagem, por favor

Ao final do passeio, a Inhotim Loja Design se apresenta como uma espécie de memória tátil do que foi vivido ali. Mais do que simples souvenirs , os objetos vendidos na loja traduzem a experiência de Inhotim em formas e materiais. Desde publicações sobre os artistas expostos até peças de design autoral brasileiro, cada item permite prolongar a conexão com o espaço. Mais do que um presente ou lembrança, levar algo da loja é uma forma de contribuir para a manutenção e preservação desse lugar singular, garantindo que mais pessoas possam se emocionar com Inhotim no futuro.

@inhotimloja

O novo refúgio de luxo em Inhotim

Despertar no Clara Arte é uma experiência que transcende o conceito tradicional de hospedagem. A poucos passos das obras e jardins do Instituto Inhotim, o novo hotel foi inaugurado em dezembro de 2024 e já tem mostrado sua ligação com Inhotim e sua hospitalidade típica de um mineiro.

O silêncio das manhãs é pontuado apenas pelo canto dos pássaros e pelo leve farfalhar das folhas, enquanto a varanda privativa, com lareira e vista para a natureza exuberante, oferece um convite irrecusável para começar o dia sem pressa. O cheiro do café recém-passado se mistura ao frescor do ar da serra.

Os bangalôs são uma celebração do design e da hospitalidade mineira. A madeira clara, as texturas naturais e a luz que atravessa grandes janelas criam um ambiente que transmite acolhimento imediato. Detalhes como a banheira esculpida em pedra-sabão e a curadoria artística presente nos mínimos elementos fazem com que cada espaço pareça uma extensão do próprio Inhotim.

Após um dia percorrendo galerias e jardins, o retorno ao Clara Arte é um mergulho no conforto. O spa convida a um momento de relaxamento profundo, enquanto a piscina climatizada e a sauna a vapor proporcionam um descanso merecido. O restaurante tem curadoria do renomado chef Leo Paixão. O pão de queijo de casca crocante, servido ainda quente, é apenas um dos muitos sabores que traduzem o espírito do hotel: aconchego, elegância e um profundo respeito pelas tradições da região.

@clararesorts

Foto: Divulgação
T-téia, de Lygia Pape
Foto:
Palíndromo Incesto, de Tunga
Foto: Daniel
Mansur
Foto: Pedro Motta
De Lama Lâmina, Matthew Barney

O BRASIL GENUÍNO

Experiências exclusivas e um novo olhar para a hotelaria. Sob a égide da sustentabilidade e da brasilidade, o Brazilian Luxury Travel Association transforma o Brasil em destino de desejo no cenário internacional de alto padrão

Acordar com o som da floresta na Amazônia, sentindo a brisa úmida. Desbravar o Pantanal em um safari privativo, onde a vida selvagem se revela diante dos olhos em uma dança silenciosa entre onças, tuiuiús e jacarés. Desconectar-se do mundo em uma vila de pescadores na Bahia sob o luxo do pé na areia, na gastronomia fresca e na simplicidade sofisticada de um bangalô à beira-mar. Ou então, degustar um vinho premiado em uma vinícola boutique na Serra Gaúcha, cercado por parreirais que contam histórias de gerações.

No Brasil, a magnificência assume muitas formas, mas sua essência é sempre a mesma: experiências que conectam, emocionam e transformam. Nossa maior riqueza está nessa diversidade, na biodiversidade. Paisagem, cultura e história oferecem refúgios exclusivos. E a hotelaria de luxo encontrou um terreno fértil para se consolidar e atrair olhares globais. No centro dessa evolução, está a Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), que desde 2008 promove a terra brazilis como destino de luxo no exterior.

Bangalôs do Ponta dos Ganchos Exclusive Resort, em Santa Catarina
Fotos:
Divulgação
Camilla Barretto, CEO da BLTA

“O Brasil sempre foi visto como um país exótico, vibrante, com identidade forte. Mas, no passado, não era considerado um local high end no cenário mundial. A BLTA surgiu para mudar essa percepção, unindo empreendimentos que ofereciam experiências autênticas e sofisticadas”, explica Camilla Barretto, CEO da associação. Hoje, a BLTA conta com um portfólio de 69 associados, entre eles 61 hotéis, pousadas e resorts e oito operadoras especializadas em experiências de luxo.

O conceito de luxo promovido pela BLTA vai além das acomodações suntuosas e do serviço impecável. “Nosso trabalho é desmistificar o luxo, mostrando que ele pode ser, por exemplo, a sensação transformadora de uma pesca em um rio amazônico ou um safári no Pantanal. O que faz um hotel ser realmente exuberante é a autenticidade da experiência, a valorização do que é genuinamente brasileiro”, destaca Camilla.

O crescimento

A hotelaria de alto padrão no Brasil passa por um momento promissor. Segundo dados recentes da Embratur, o País registrou um recorde no número de turistas internacionais, impulsionando ainda mais a demanda neste segmento. De acordo com dados da Embratur, em 2024, atingiu-se recorde de turistas internacionais: foram 6,8 milhões. Em 2023, foram 5,9 milhões. Em janeiro e fevereiro de 2025, a Embratur já registrou 2,8 milhões de visitantes vindos do exterior, 57% a mais comparado com os mesmos meses de 2024. A meta é superar a barreira dos 7 milhões de estrangeiros em 2025 e chegar a 8 milhões em 2027.

A credibilidade é um dos pilares desse trabalho. Para garantir que os empreendimentos associados mantenham um padrão de excelência, a BLTA adotou recentemente um rigoroso processo de verificação de qualidade. A partir de agora, novos candidatos serão avaliados por meio da metodologia de Cliente Oculto, um procedimento realizado por profissionais treinados que se hospedam anonimamente para atestar a experiência real do hóspede. “Essa iniciativa reforça nosso compromisso com um crescimento sustentável e de alto padrão, garantindo que cada membro da BLTA represente o que há de melhor na hotelaria de luxo brasileira”, afirma Camilla.

Critérios da BLTA

A seleção de novos membros segue princípios claros e rigorosos. “Não buscamos apenas tamanho ou sofisticação estrutural, mas autenticidade, brasilidade e compromisso com a sustentabilidade. O hóspede precisa sentir que está em um lugar especial, que valoriza sua história, cultura e identidade”, explica Camilla.

Entre os valores fundamentais estão a autenticidade, refletida em hotéis que preservam a identidade da região onde estão inseridos, seja por meio da arquitetura, gastronomia ou experiências oferecidas; a brasilidade,

que enxerga a cultura local como um diferencial competitivo e parte essencial da proposta do empreendimento; a qualidade, com serviço, estrutura e atendimento como requisitos inegociáveis; e a sustentabilidade, garantindo que o crescimento do turismo seja responsável e gere impacto positivo para a comunidade e o meio ambiente.

Esse compromisso se reflete desde pequenos refúgios exclusivos, como o Cristalino Lodge na Amazônia e o Pousada Literária em Paraty, até grandes redes internacionais que escolheram o Brasil para oferecer experiências sofisticadas, como o Fairmont Rio e o Rosewood São Paulo. Em Brasília, o único associado é o BHotel.

Para os próximos anos, a BLTA tem uma meta ambiciosa: garantir que todos os seus membros sejam certificados em boas práticas ESG até 2028. “O turismo de luxo precisa ser um vetor de desenvolvimento para o Brasil, gerando emprego e renda de maneira sustentável. Nossa missão é posicionar o País como um destino de desejo, respeitando e valorizando tudo aquilo que temos de único”, conclui Camilla.

Em cada canto do País, há um luxo à espera de ser descoberto. O Brasil autêntico não se impõe, ele se revela, em experiências que transformam o olhar e despertam os sentidos. E para aqueles que buscam mais do que um destino, o sentimento de pertencimento, o convite está feito: há um Brasil sofisticado e surpreendente à sua espera.

@brazilian_luxury_travel www.blta.com.br

Txai Resorts, em Itacaré (BA)
MGallery Santa Teresa, no Rio de Janeiro
Hotel Fasano São Paulo

SILÊNCIO E RENOVAÇÃO

Refúgio na natureza, a Lapinha é um chamado para o essencial. Localizada em uma fazenda no Paraná, une ciência e bem-estar em terapias naturais e cuidados personalizados, onde cada detalhe é pensado para o equilíbrio

Enviada Especial

Lapa (PR) – Entre colinas suaves e bosques ancestrais, onde o verde se estende até onde os olhos alcançam, está a Lapinha, um santuário de bem-estar esculpido na serenidade de uma fazenda centenária na cidade da Lapa, a 90 km de Curitiba (PR). O silêncio é uma melodia que se entrelaça ao canto dos pássaros e ao sussurro das araucárias. É um convite a ouvir a própria essência, a desacelerar e redescobrir o prazer do agora.

Em uma semana na Lapinha, nos permitimos entrar nesse ritmo. Desde a recepção calorosa da Izabel, concierge do local, que recebe cada hóspede pelo nome, até os detalhes cuidadosamente pensados para proporcionar um

acolhimento genuíno. A abordagem segue a terapia do biorritmo, respeitando os ciclos naturais do corpo. “Aqui, acreditamos que cada detalhe influencia no processo de bem-estar. Desde a escolha dos ingredientes até o respeito pelos ciclos do corpo, tudo é pensado para gerar impacto positivo”, explica Margareth Brepohl, CEO da Lapinha.

Medicina do estilo de vida

Logo no check-in, você recebe o horário da consulta médica e faz uma anamnese detalhada. Com uma estrutura multidisciplinar, o local oferece programas chamados Rotas de Saúde, focados em desafios contemporâneos, como emagrecimento, controle do estresse, antitabagismo, qualidade do sono e saúde sênior. “Nossa vocação principal é

educacional. Ajudar as pessoas a tomarem consciência de que é preciso mudar os níveis de alimentação, corpo e mente. Não é superficial, é um processo profundo que pode realmente acrescentar anos à vida e vida aos anos”, afirma Daniel Boarim, diretor clínico do spa. “Não prometemos milagres, mas proporcionamos uma nova perspectiva de vida”, acredita.

A alimentação é um pilar central, baseada em uma dieta ovolactovegetariana – com derivados do leite e ovo, mas sem nenhum tipo de carne animal. Há quatro tipos de dietas personalizáveis de acordo com os objetivos pessoais, com ingredientes colhidos na própria horta orgânica. “Ficar um tempo sem carne ajuda no processo de desintoxicação e melhoria da saúde em geral. A comida é altamente nutritiva e saborosa, mas sem estimulantes, como café ou outros produtos que possam prejudicar o sono ou o metabolismo. Essa vivência permite aos hóspedes repensarem seus hábitos alimentares sem imposição, mas com aprendizado e experimentação”, acredita Boarim.

Todas as manhãs, o primeiro compromisso do dia é uma caminhada pela natureza. Você escolhe suas atividades e monta sua agenda. Yoga, meditação, palestras sobre saúde, nutrição e autocuidado, junto a momentos de espiritualidade. Uma das experiências mais impactantes foi o Sound Healing, que utiliza frequências sonoras como ferramenta para o equilíbrio do corpo e da mente. Há ainda a hidroterapia Kneipp e a Sala Caldarium. “Nossa proposta é integrar terapias cientificamente embasadas com um ambiente que favorece a recuperação natural do corpo”, explica Margareth.

A conexão com a natureza desempenha um papel fundamental. “Ela é nossa grande aliada na recuperação da saúde física e mental”, afirma Boarim. A novidade mais recente é a primeira Wild Sauna do Brasil, localizada às margens do lago. A construção de madeira se integra à paisagem, formando um cenário deslumbrante. A sauna seca, com parede de vidro, proporciona uma vista panorâmica, potencializando o relaxamento.

Com 38 quartos e capacidade para até 60 hóspedes simultaneamente, a Lapinha mantém o acolhimento como diferencial. Um time de 160 colaboradores –que cuida de um verdadeiro ecossistema, que envolve o centro de produção, a fazenda, hotelaria e equipe clínica. “Aqui, cada hóspede é tratado como parte da família, com respeito e carinho”, enfatiza Margareth.

Uma herança de visão

A Lapinha é fruto da visão inovadora da paranaense Margarida Bornschein Langer, uma mulher à frente de seu tempo. Há mais de cinquenta anos, quando foi desacreditada pela medicina tradicional, encontrou na Suíça um tratamento naturalista que transformou sua saúde. Inspirada por essa experiência, decidiu criar no Brasil um centro de bem-estar baseado nos mesmos pilares. Iniciou, então, a plantação de orgânicos na fazenda de 550 hectares. Ela levou infraestrutura para a região, instalando energia elétrica e telefone, capacitando moradores e criando oportunidades de trabalho. “100% do lucro é reinvestido”, destaca Margareth.

Esse espírito visionário atravessou gerações e moldou a gestão da Lapinha. “É como se a gente tivesse recebido algo vivo para cuidar no primeiro ano do nosso casamento”, reflete Margareth, que há 47 anos conduz o local ao lado do marido, Dieter, neto de Margarida. “Herdamos algo que não era só um negócio, mas uma missão”. Com a chegada da nova geração – hoje, as três filhas do casal, Cristiane, Marianne e Gabriela, também estão na gestão –, a marca se modernizou sem perder sua essência. Essa mudança garantiu maior visibilidade e reconhecimento internacional, premiado como Spa Sustentável Global pela World Spa & Wellness Awards.

Cuidar de si, cuidar do mundo

Pode-se dizer que ninguém vai embora da Lapinha o mesmo. Um dos pontos mais impressionantes é ver que os hóspedes estão lá pela quinta, décima e até vigésima vez. “Não conseguimos avaliar o quão profundo vai a mudança na vida de quem passa pela Lapinha”, diz Margareth. O local é um potencializador de boas relações e amizades. Lá, cada amanhecer é um recomeço, e cada partida traz consigo a certeza de que, como dizia Saint Exupéry, “o essencial é invisível aos olhos”. Mas, na Lapinha, sempre sentido na alma.

@lapinhaspa www.lapinha.com.br

*A jornalista viajou a convite da Lapinha

O CORAÇÃO DA EUROPA

Os tesouros escondidos da Suíça podem ser descobertos por trens e barcos de primeira classe em cantões italianos, alemães e franceses, bem como as suas influências culturais e históricas

Suíça – É possível cruzar a Suíça com um único bilhete em busca de paraísos secretos no país de nove milhões de habitantes e uma das mais desenvolvidas nações do mundo na Europa Central. À frente do tempo na indústria, no sistema financeiro e em sustentabilidade, sua formação oficial se deu no século XVII, fruto da união de vários cantões desta porção do continente. Desde então, seus avanços são referência para o mundo, a exemplo da eficiente malha viária.

Os vizinhos alemães, italianos e franceses contribuíram fortemente para a identidade e robustez da Suíça. Distribuídos em comunas, estes cantões têm vida própria e promovem festividades culturais e religiosas de acordo com suas características culturais locais, o que o torna diverso e cosmopolita, reunindo em espaços convergentes de centros urbanos grandiosos a construções medievais. E o mais notório invento é ligar todos os pontos do país de maneira ágil, eficiente e integrada por intermédio do transporte rodoviário, ferroviário e hidroviário.

Ou seja, em dias, cruza-se a Suíça de ônibus, trem e barco, com uma matriz elétrica diversificada e com fontes renováveis. Com um único bilhete. O sonho de qualquer turista ou nativo viajante. Talvez este seja

um dos sucessos que ativa o turismo local. A exemplo do Grand Train Tour of Switzerland, uma viagem que reúne todas as famosas linhas panorâmicas e leva os visitantes a pontos turísticos com total conforto e segurança por 29 mil quilômetros de exploração e experiências.

São trajetos de 3, 4, 6, 8 ou 15 dias consecutivos e que custam entre 244 Euros a 733 Euros, a depender da classe escolhida. Tal qual um relógio suíço, as partidas ocorrem em todas as rotas e sempre no mesmo minuto a cada meia hora, contemplando mais de 90 cidades, entrada gratuita em quinhentos museus e visitas a montanhas pela metade do preço. Os que adquirem o Grand Train Tour of Switzerland podem customizar seus passeios entre as seguintes rotas: Cênicas, com cruzeiros, ferrovias e cable cars; Temáticas para conhecer tudo sobre queijos, chocolates e biscoitos; Montanhas, suas geleiras e paraísos glaciais. E sempre com a possibilidade de trens panorâmicos de primeira classe.

A convite do Switzerland Tourism e da Swiss Travel Pass, a GPS|Brasília conheceu a rota chamada Hidden Gems of Switzerland. Traduzindo, as joias escondidas da Suíça. Entre gastronomia, vinhedos, passeios históricos e paisagens naturais, o desbravar do país sem saída para o mar, mas que acerca de seus mais de sete mil lagos, recebe para viver bem mais de um quarto de imigrantes.

Foto:
Divulgação

Montreux – a riviera francesa

À margem do Lago Genebra há cenário alpino, e diversas atrações culturais repletas de museus e cafés. O destino é popular em função do famoso Festival de Jazz de Montreux, bem como a estátua do cantor Freddie Mercury, que residia na cidade, e ainda o místico Castelo Chillon. Vale a visita ao centro histórico e o embarque no trem de cremalheira, que leva até o alto Rochers-de-Naye, onde se avista os alpes franceses. Visitar os vinhedos de Lavaux é um programa obrigatório para os entusiastas. O local é Patrimônio Mundial da UNESCO. Melhor local para se hospedar: Grand Hotel Suisse Majestic. Vá de trem Belle Époque.

Thun – entre lagos e montanhas

Uma das cidades mais bonitas da Suíça, na região de Berna, é a pequena Thun e seu centro histórico com inúmeras pontes que se assemelham a Veneza, e pede uma parada obrigatória para se sentar nos cafés e visitar as lojinhas cheias de charme. Há o medieval Castelo de Thun no alto da cidade, com vista das torres dos lagos e montanhas.

Aletsch Arena – os picos mais bonitos

Ar cristalino, neve e luz do sol até tarde. A mais de quatro mil metros, a grande geleira Aletsch é a maior corrente de gelo dos Alpes. Em meio a eles, uma floresta surgiu quando o gelo milenar deixou livre o solo no entorno da geleira. Algumas árvores têm até mil anos, e estão entre as mais antigas da Suíça. A paisagem é recortada por trilhas. Em 1976, foi fundado, na montanha Riederalp, o primeiro centro de proteção ambiental da Suíça, próximo a uma casa vitoriana chamada Villa Cassel. Há inúmeros point views para as geleiras e para o belo lago Bettmersee. As casas são típicas edificações suíças e o acesso a restaurantes panorâmicos é feito com cable cars

Ticino – o sol da Suíça

Para descobrir o charme único que há em Ticino. Atrações, natureza e muita italianidade no sul da Suíça e fronteira com a Itália. A comuna é conhecida por seu clima ameno e atmosfera mediterrânea. O Lago Lugano é emblemático e utilizado para inúmeras atividades recreativas na água ou às margens. Uma vila encantadora com montanhas, lagos e palmeiras. Dentre tantas atividades, uma visita funicular ao Monte San Salvatore, símbolo da região. De barco chega-se em Morcote com seus pontos arquitetônicos e a visita ao Tenuta Castello di Morcote, onde se encontra uma vinícola familiar. O Resort Collina d’Oro é uma experiência nos arredores da animada cidade, assim como o trem Gotthard Express Panorama.

Lucerne – paisagem urbana

Lucerne está localizada no coração do país, à beira do Lago Lucerne e na porta de entrada para a Suíça Central com seus muitos pontos turísticos, museus e cenas culturais. O píer é certamente o melhor local para uma foto instagramável e para caminhada admirando os hotéis e restaurantes elegantes. Há duas icônicas pontes de madeira sobre o rio Reuss e o caminho pelo pitoresco centro histórico com praças e fontes.

@travelswitzerland_official www.travelswitzerland.com

*A jornalista viajou a convite do Switzerland Tourism e da Swiss Travel Pass

AZUL DA COR DO MAR

Entre história e luxo, Nice encanta com suas praias deslumbrantes e sua elegância à beiramar. Com muita riqueza cultural e alta gastronomia, a cidade revela seu charme atemporal

Por Jorge Eduardo Antunes

Enviado especial

Nice, França – Foi na Idade da Pedra que o homem deixou seus primeiros vestígios em Nice, quinta cidade mais populosa da França. Ali, na hoje Provence-Alpes-Côte d’Azur, uma das 18 regiões administrativas do país europeu, que tirava da natureza o seu sustento, como comprovado pelo sítio arqueológico de Terra Amata. E, claro, observava o belíssimo mar. Milhares de anos depois, a cidade segue proporcionando o deslumbramento de suas águas de azul único, paisagens admiráveis, muita história e gastronomia incrível. A revista GPS|Brasília conheceu as cores, sabores e aromas de Nice. E admirou-se com as paisagens incríveis que são a marca desta região, que se estende também ao Principado de Mônaco e à Riviera Italiana.

Fundada oficialmente pelos gregos há mais de 2.300 anos, a mediterrânea Nice fica na fronteira com a Itália – já pertenceu, inclusive, a impérios e reinados que hoje estão no território da república vizinha. Como tem clima

agradável, especialmente no inverno, e a vista do mar e dos Alpes, cresceu como um grande balneário aristocrático multinacional, especialmente a partir do século XVIII, o que rende à cidade um lugar na lista de Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A influência estrangeira, especialmente britânica e russa, era tamanha que, em 1832, quando ainda pertencia ao reino de Sabóia-Piemonte-Sardenha, a cidade elaborou um plano urbanístico com caminhos propícios à convivência. O mais importante veio já quando a cidade passou aos franceses, em 1860: o Promenade des Anglais (Passeio dos Ingleses), trilha à beira-mar onde os estrangeiros faziam seus passeios.

Até hoje, o Promenade des Anglais encanta quem passa por ali. Afinal é um dos pontos mais tradicionais para turismo, com um charme especial. Logo abaixo do grande calçadão há dezenas de praias, como a du Centenaire, Beau Rivage, deL’Opera e Ponchettes. A maioria com pedras no lugar da areia, usadas como importante aterro na época da construção.

Ao longo deste imenso calçadão, há charmosos mercados de rua, como o Marché Aux Fleurs de Cours Saleya e o Marché aux Puces. Neles, é possível achar de tudo, como flores, livros, antiguidades e produtos de consumo, como chás, temperos e comidas típicas. Não deixe de experimentar, por exemplo, a socca, massa feita com farinha de grão de bico, que pode ser servida como uma pizza ou um crepe. Além disso, há dezenas de bares e restaurantes nas imediações.

Não deixe, também, de dar um passeio na Place Garibaldi e no centro histórico, todos muito perto um do outro e do Promenade des Anglais, com caminhadas de 15 minutos, no máximo. A cidade é muito segura, logo é possível passar por lugares ultracharmosos, com edifícios de arquitetura histórica e lindas praças sem se preocupar.

Outro ponto interessante é o bairro de Cimiez, também por sua arquitetura da Belle Époque. O local ganhou notoriedade especial com as visitas da rainha Vitória, da Inglaterra, homenageada com uma estátua por lá. O ápice deste período foi a construção do Excelsior Regina Hotel, hoje um complexo de apartamentos luxuosos, que mantém a arquitetura de 1896. Tal como o Regina, muitas construções clássicas de Cimiez eram hotéis de primeira linha, que hoje servem como moradia a famílias mais abastadas.

Há outras atrações que devem estar em todo o programa em Nice. Uma delas é uma visita ao Musée Matisse Nice, também em Cimiez. O pintor, desenhista, gravurista e escultor chegou a Nice em 1916, para passar o inverno, mas acabou ficando na cidade até sua morte, em 1954. A coleção tem quase seiscentas obras, doadas por Henri Matisse e seus herdeiros à cidade, e compreende um período de mais de sessenta anos de criação, que vão desde escultura e quadros de cores fortes até as composições com papéis recortados e pintados com tinta guache, além de objetos pessoais do artista.

Igualmente encantador é visitar Villa Kérylos, em Beaulieu-sur-Mer, que fica a menos de dez quilômetros de Nice. Trata-se de um lindo palácio debruçado em uma colina, com ampla vista para o mar e decorado como uma casa grega de Delphos, no século II a.C., em seus mínimos detalhes, desde pisos e móveis aos jardins.

Fotos:
Divulgação

Era de Théodore Reinach, intelectual, advogado e arqueólogo francês de uma família judaica. Ele encomendou o projeto ao arquiteto Emmanuel Pontremoli, que convocou os maiores artistas e artesãos da época para dar vida às ideias. Hoje é um museu preservado, dedicado não só a seu fundador, mas à influência grega na região.

Outra visita indispensável é visitar a pequena e encantadora Èze, comuna nas redondezas de Beaulieu-sur-Mer – portanto, se você não tiver muito tempo, visite a Villa Kérylos e Èze no mesmo dia. Nesta última, não deixe de ir a dois pontos: as ruínas do castelo medieval e o Jardim Botânico, que mistura plantas de diferentes localidades. Ambos ficam no alto de colinas, com vista estonteante e, na subida ou descida, há bares, cafés e lojas para complementar a experiência.

Por fim, as compras. Nice tem um comércio diversificado, mas é irresistível passar na tradicional Galeries Lafayette nas proximidades da Place Masséna – não deixe, também, de fazer um passeio na belíssima região. Com amplo espaço de experiências, pode ser o fim de uma visita completa a Nice, com direito a almoço (ou jantar) no restaurante Bella Bay, que fica no alto do mais icônico shopping francês.

Vinhos e perfumes diferenciados

Impossível conhecer Nice sem mergulhar em alguns universos paralelos. Os vinhos da Provença e os perfumes também merecem um encaixe na viagem. Portanto, separe pelo menos três períodos (manhã ou tarde) para experiências que vão marcar sua passagem pela cidade.

O primeiro é para apreciar o vinho. A indicação é reservar uma degustação na Cave Bianchi, instalada desde 1860 na 7 Rue Raoul Bosio. Preferencialmente, faça a experiência com Laurent Paoli, o sommelier da casa, que vai apresentar rótulos produzidos na região.

Atenção especial ao Bellet, um AOC (Appellation d’Origine Contrôlée) de Nice, que foi criado em 1941, experimentou a decadência nas décadas de 1970 e 1980 e ressurgiu com vigor nos anos 1990. As uvas provêm de vinhedos de altitude (200m a 400m acima do nível do mar), administrados por 15 produtores, que vendem apenas duzentas mil garrafas. A raridade tem gosto especial. No capítulo perfumes, aproveite sua esticada a Èze e visite a Parfumerie Galimard, uma das primeiras do país, fundada em 1747 por Jean de Galimard, perfumista da corte de Luís XV. Além das fragrâncias da casa, você pode criar seu próprio perfume no Studio des Fragrances. E se gostar muito, pode encomendá-lo para sempre. Tudo porque, após aprender a misturar as bases, o perfumista que conduz a experiência numera e mantém em arquivo a sua fórmula, para encomendas posteriores. No meu caso, o mestre perfumista foi Yusuke Masuda, um ex-jogador de futebol japonês que hoje se dedica a criar fragrâncias. Tal como a que criei, a dele também tem como alvo o público feminino.

Onde comer em Nice

Em Nice, caiu por terra parte do axioma que afirma que “francês come muitas porções com pouca comida”. É fato que a sequência de pratos segue sendo uma tradição. Mas as porções foram fartas.

A refeição mais diferenciada foi no Le Restaurant du Couvent, localizado no icônico Hôtel du Couvent – como o nome induz a pensar, um antigo convento transformado em joia da hotelaria. O menu é diferenciado e vale investir em uma refeição completa – o que sai, sem vinhos, a partir de EUR 60 – se você resistir a delícias mais caras. Hospedar-se no hotel é uma experiência que começa em EUR 500 e pode chegar a EUR 4 mil por noite.

Outra proposta interessante é o Le Grand Balcon. Com uma atmosfera intimista, com um toque de ópera, o restaurante tem serviço impecável e uma combinação de cozinhas que vai da niçoise, a típica da região, até a fusion

Com muitos produtos frescos – afinal, o mar é logo ali – e esbanjando sabor, é uma opção interessantíssima e bem localizada. Integra o grupo Nissachic, que tem dois outros restaurantes e uma padaria.

Na parte mais antiga de Nice está o restaurante Acchiardo, administrado há quase um século pela mesma família. Ele obedece fielmente ao lado italiano das origens de Nice, pois os pratos são familiares a quem costuma frequentar

cantinas osterias. O ambiente também é extremamente agradável, pois o salão de refeições divide-se em várias etapas, com paredes de pedra à mostra. Prepare-se para comer bastante, a preços bem razoáveis. Uma refeição com entrada, massa e sobremesa pode começar a EUR 25, sem contar a bebida. Só não se assuste com o nome de um prato: merda de can é, apenas, gnocchi.

No Promenade des Anglais, fica o Hôtel La Pérouse. Dentro dele, há o simpático Restaurant Le Patio, especializado na cozinha mediterrânea. São três ambientes incríveis, com decoração inspirada no mar e na Riviera Francesa. O espaço permite tanto almoços sob limoeiros ou jantares ao ar livre – e em ambiente fechado. Mas a grande pedida mesmo é o espaço do terraço, além do preço, que pode começar em EUR 28 por pessoa.

Por fim, no dia em que for visitar a Villa Kérylos e Èze, escolha almoçar no restaurante Tillac, no Les Terrasses D’Eze – este, um complexo hoteleiro de quatro estrelas que oferece spa, wellness e tratamentos incríveis. Especializado na cozinha mediterrânea, oferece menus de almoço a partir de EUR 34 e um brunch dominical por EUR 60. A incrível vista complementa a deliciosa culinária do local.

Onde se hospedar

Nice tem hotéis para todo tipo de turista. Conhecemos o Hotel Boutique Palais Ségurane, um quatro estrelas localizado perto do Promenade des Anglais e da Colline du Château, um mirante com vista sensacional da cidade. O preço começa em EUR 177. Com 43 suítes muito bem planejadas, que incluem cozinha, o local está pronto para receber famílias, com espaços capazes de acomodar bem até oito pessoas. O hotel também oferece um confortável spa aos seus hóspedes.

No lobby, há o The Bar Catherine, uma interessante experiência gastronômica que combina todo tipo de serviço. Oferece desde um farto café da manhã – com sucos, bebidas quentes, pães, croissants, queijos, geleias, ovos e muito mais – a drinks, vinhos e a culinária niçoise.

*O jornalista viajou a convite da Atout France – Brasil e América do Sul, da Air France-KLM e da Gol Linhas Aéreas Fotos:

Divulgação

NA CIDADE DO AMOR

Reconhecida como um dos locais mais românticos do mundo, Roma foi o cenário escolhido por Karina Curi e Marco Aurélio Cunha para reafirmarem o seu amor. O casal celebrou a união em grande estilo, ao lado de 220 convidados da sociedade brasiliense, em dias de festa na Villa Miani, um palacete do século 19 com vista deslumbrante da capital italiana. Durante a cerimônia, Karina encantou os presentes ao cruzar o caminho até o altar ao lado do filho, Henrique, vestindo um modelo exclusivo assinado pelo estilista Paulo Araújo. O traje do noivo foi criado pelo alfaiate Leonardo Carvalho. Na varanda da imponente construção, um jantar foi servido à francesa. A banda Juninho Bessa e o DJ Luciano Razuk animaram a festa até o amanhecer.

Fotos: Celso Junior

Momento da celebração
Henrique Curi leva a mãe até o altar
Marco Aurélio e Karina posam para fotos
Detalhes do ambiente
Karina e seus quatro filhos antes do grande momento
A vista para a cúpula da Basílica de São Pedro
Os noivos festejam a união
A filha de Karina faz discurso emocionado

Valentina Suaiden e Bruno Camozzi escolheram o Santuário Dom Bosco para o enlace. A noiva exaltou a descendência libanesa de sua família paterna e elegeu um modelo Elie Saab rendado e de ombros à mostra para o grande dia. A recepção para os 360 convidados foi no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), decorado pelas mãos de Valéria Leão Bittar, com catering da Rio 40º Banqueteria e doces Cirônia, TB Cake and Sweet, La Duquesita e Cake Forever. Tudo aos cuidados da cerimonialista Simone Couto. E a pista de dança ferveu com os sucessos do cantor Gustavo Lenza e dos DJs Leozinho e Vitor Ventura.

Fotos: Rayra Paiva e Vanessa Castro

CLÁSSICO E ROMÂNTICO

Bruno e Valentina posam na recepção
Após a cerimônia, um registro dos noivos com seus familiares
Momento da troca de alianças
Valentina e Bruno brindam a união com seus pais
O governador Ibaneis Rocha e a primeira-dama, Mayara Noronha Rocha
Cleber Lopes, o governador Ibaneis Rocha, José Aparecido Freire e Valcides Araújo
Bruno Camozzi e sua mãe, Sylvia Lacerda
Giovanna Suaiden e Edgard Coelho
O DJ Vitor Ventura agita as picapes
Leandro Vaz, Patrícia Justino Vaz, Janete Vaz e Flávio Marcílio
Jamil e Verônica Suaiden, pais de Valentina
Tatiana e Eugênio Lacerda
Eliane e Samir Nasr
Bruno e Valentina entre familiares e damas de honra
As famílias em festa pela união de Bruno e Valentina
Maurina Gonçalves
Liz e Lara Andrade, damas de honra
Detalhes da mesa de doces
Hector Moraes, Vittória Foresti, Rogério Roseo e Renata Foresti

SIM EM CARNEIROS

Viagens à praia sempre fizeram parte da rotina de Paula Fiorese e Rodrigo Rodopoulos. Foi em meio à beleza de Carneiros, em Recife, que o casal trocou alianças após seis anos de namoro. Cerca de 170 convidados prestigiaram o casal e viveram uma verdadeira imersão no clima praiano. O decorador Dyego Marques ficou encarregado do décor, colorido e repleto de flores e palhas, enquanto o menu by Francis Gastronomia exaltou a culinária da região. A missão de animar a festa ficou com o DJ Matheus Hartmann. Para adoçar a noite, doces e bem-casados Lucinha Cascão.

Fotos: Celso Junior

Noivos se arrumam para o tão aguardado "sim"
Francisco e Glória Baker, avós da noiva
Visão do altar
Rodrigo entra ao lado da mãe, Marina Rodopoulos
Momento de carinho entre pai e filha até a chegada ao altar
Três gerações de mulheres celebrando o amor
Detalhe das alianças
Isabella Fiorese
Os pais dos noivos celebram a união do mais novo casal
Não faltou música e animação
A noiva com as amigas na hora de jogar o buquê
Os avós de Paula posam com o casal
Rafael e Fernanda Rodopoulos
O beijo apaixonado de Paula e Rodrigo
Eurico César Tavares e Angela Fiorese

CENAS DE CINEMA

Maria Clara Wellman e Daniel Bueno celebraram a união em uma cerimônia emocionante na Catedral Metropolitana de Brasília. A noiva encantou ao surgir com um modelo de Lúcia Spessatto, com beleza assinada por Lázaro Resende. Os 250 convidados foram recebidos no Unique Palace, com cenário deslumbrante concebido por Maria Tereza Cavalcanti e Sofia Peixoto. Para adoçar a noite, delícias de Mandie Doceria, Leonias Fora e Lale Café Doceria compuseram a mesa de doces.

Fotos: Celso Junior

O noivo faz sua entrada
ao lado da mãe e da filha
Maria Clara e José Carlos Dourado
A pequena Giovana Bueno
Nascida em Recife, a noiva lembrou de suas origens na festa
O casal posa com seus padrinhos e madrinhas
Brinde para celebrar o enlace
Momentos de descontração na pista de dança
Daniel e Maria Clara
Carol Tocci e Marcelo Cunha
Elza Dourado, José Carlos Dourado, Maria Clara, Daniel e Airles de Oliveira

UMA DÉCADA DE CONQUISTAS

O advogado Hugo Sarubbi Cysneiros e sócios receberam convidados no restaurante Mezanino para brindar a trajetória de sucesso da Sarubbi Cysneiros Advogados Associados. Hoje com setenta colaboradores e uma atuação de destaque nas áreas de Direito Societário, Terceiro Setor e Direito Educacional, o escritório celebra os dez anos de atuação e entra em uma nova fase, com investimentos robustos em inovação, tecnologia e inteligência artificial. Produzida por Ana Carolina Mamede, a noite contou com ambientação e doces da Calissa Festas e foi embalada pelo jazz do grupo Black Ipê Jazz.

Fotos: Rayra Paiva

João Paulo Amaral Rodrigues, Vera Costa, Hugo Sarubbi Cysneiros, Vanessa Martins, Mateus Assunção e Lucas Maia
Hugo Sarubbi Cysneiros, a esposa Renata Rebouças e os filhos, Carolina, Guilherme e Gabriela
Ives Gandra e Hugo Sarubbi Cysneiros
Dom Giambattista, Hugo Sarubbi Cysneiros, João Paulo Amaral Rodrigues e José Pedro Chantre
Hugo Sarubbi Cysneiros e Padre Mateus Locattelli
Hugo Sarubbi Cysneiros e Stenio Ponte Dias
Dom João Justitino, Hugo Sarubbi Cysneiros e Dom Paulo César Costa
João Paulo Amaral Rodrigues e Viviane Lopes
A celebração dos dez anos do escritório foi no restaurante Mezanino
Ives Gandra, Aline Loureiro e Renato Leal
Navitimer B01 Chronograph 43 - Breitling
Marina Luminor - Panerai
Panthère - Cartier
Ingenieur Automatic 42 - IWC Schaffhausen
Preços sob consulta na loja Grifith, Iguatemi Brasília

Parabéns, Brasília!

Nos

65 anos da nossa capital, a CEB presenteia a cidade com LED, energia limpa e inovação

Construção de novas usinas fotovoltaicas

Substituição de luminárias por modelos em LED

Gestão das usinas hidrelétricas que geram energia abastecem o DF

Brasília

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