O GIROLANDO 88

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Triênio 2011/2013

N

a mensagem anterior, em dezembro, já tínhamos uma ideia razoável do desempenho da pecuária leiteira e a expectativa era como a raça Girolando estaria posicionada, no cenário de um ano difícil, como foi 2012. Hoje, já com o Anuário da DBO 2013 em mãos, destacamos algumas manchetes sobre tópicos específicos que, além de justificar o desempenho do ano passado, devem continuar a merecer nossas atenções. A) LEITE EM NÚMEROS: 1. “Aperto aumenta e horizonte exige planejamento: custos, importações e clima complicaram a vida do produtor no ano passado. Mas 2013 pode trazer algum alívio.” 2. “Produção: Expansão mais contida, custos mais elevados e clima desfavorável atrapalharam as retidas.” 3. “Rebanho: Descarte qualificado, seletividade de pecuaristas reduz número de vacas em lactação.” B) VISÃO SETORIAL: 1. “Inseminação: Crescimento bem abaixo do esperado; custo de alimentação; seca e economia mundial frearam a expansão da venda de sêmen.” No caso específico da raça Girolando, a venda de sêmen cresceu 22,38%, mantendo a tendência de elevação dos últimos cinco anos.” C) LEILÕES EM NÚMEROS: 1. “Raças Leiteiras: Cai desempenho dos leiteiros; preço do leite pago ao produtor evitou que o impacto da alta de 20% dos custos de produção fosse ainda maior sobre o mercado.” 2. “Girolando tem recorde de faturamento: Receita ultrapassa R$ 102 milhões e supera números de 2011.” Nossa raça, ratificando a preferência que o mercado lhe confere, foi responsável por 73% dos negócios dentre as raças leiteiras e mesmo com todos os problemas de 2012, apresentou o melhor faturamento dos últimos cinco anos. Agora já podemos confirmar a quantidade de registros do ano passado: 96.297, dos quais destacamos o crescimento de mais de 28% dos controles de nascimento (RGN/CGN), refletindo a preocupação e persistência em busca da melhor qualidade do girolando. Diante de tudo que foi exposto, queremos reforçar o que escrevemos antes, a nossa Associação já esta pronta e preparada para atender melhor a tendência de crescimento dos últimos cinco anos, quando praticamente dobramos o número de registros. A atual Diretoria caminha para a conclusão de seu mandato no fim deste ano, mas reafirma sua disposição e total empenho em conduzir os destinos desta Associação, a altura da pujança da raça e do respeito e consideração aos mais de 2700 associados, que temos o privilégio e honra de representar. Um abraço fraterno Fevereiro de 2013.

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Editorial

A

indústria de lácteos produziu mais em 2012, segundo balanço da Leite Brasil. A produção foi de 24 bilhões de litros, volume 5% acima do registrado em 2011. A produção total de leite também cresceu cerca de 3% e a expectativa é de que esse crescimento se mantenha. O presidente da Láctea Brasil, Jorge Rubez, espera um 2013 ainda melhor, com a produção total de leite batendo a marca de 34 bilhões de litros, mantendo o país na terceira posição do ranking mundial, atrás dos Estados Unidos e Índia. Essa alta foi favorecida pelo aumento do consumo per capita de leite dos brasileiros. Saímos de 173 litros/habitante, em 2011, para 177 litros/hab, em 2012. A meta é atingir nos próximos cinco anos o consumo anual de 200 litros/hab. Outra boa notícia é que houve queda do consumo de leite informal no Brasil. Para garantir esse aumento de produção, no campo, os produtores têm investido em melhoramento genético, nutrição, manejo e sanidade. Levar leite de qualidade à mesa dos brasileiros significa acima de tudo investir primeiramente em genética. Esse é um elo importante da cadeia produtiva do leite. Pensando em um futuro promissor e breve dessa genética, a Girolando está implantando mais um sistema de seleção, a “Pré-Seleção de Touros”, para garantir que reprodutores mais precoces e de alta fertilidade entrem para o Teste de Progênie. Este é o tema principal desta edição da revista O Girolando. Se a genética é importante, a nutrição também merece investimento. Se o monitoramento do manejo nutricional do rebanho for negligenciado, pode afetar negativamente a composição do leite, ocasionar queda de produção, abalar a saúde das vacas, piorar a reprodução e, em longo prazo, afetar a produção e aumentar o descarte de animais. Trazemos ainda nesta edição informações sobre como combater efeitos do estresse térmico no rebanho, cuidados para o carbúnculo sintomático, estratégias para produzir campeãs de leite, o crescimento do número de registros genealógicos da raça Girolando e as recordistas de produção em concursos leiteiros. Vale lembrar que a versão impressa da revista está disponível na internet, no site da Girolando (www.girolando.com.br). Boa leitura, Larissa Vieira Editora

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EXPEDIENTE: Revista O Girolando - Órgão Oficial da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando - Editora: Larissa Vieira - lamoc1@gmail.com - Depto. Comercial: Mundo Rural (34) 3336-8888, Míriam Borges (34) 9972-0808 e Walkiria Souza (35) 9133-0808 - ogirolando@mundorural.org - Design gráfico, ilustrações e arte: Jamilton Souza (34) 9187-0365, Yuri Silveira - Fotos: Jadir Bison - Revisão: Maria Rita Trindade Hoyler - Conselho editorial: Leandro Paiva, Fernando Brasileiro, Milton Magalhães, Jônadan Ma, José Donato Dias Filho, Maria Inez Cruvinel, Mauricio Silveira Coelho, Miriam Borges - Impressão CTP: Gráfica 3 Pinti (34) 3326-8000 - Distribuição gratuita e dirigida aos associados da Girolando, ABCGIL e órgãos de interesse ligados à cadeia produtiva de leite. - Redação: Rua Orlando Vieira do Nascimento, 74 - CEP: 38040-280 Uberaba/MG - Telefax: (34) 3331-6000 - Assinaturas: ogirolando@mundorural.org - Telefax (34) 3336-8888 - Walkiria Souza

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Matéria de capa - Na mira de bons reprodutores - 14 FRAUDE NO LEITE: Leite de qualidade x Qualidade de vida - 28

CARBÚNCULO SINTOMÁTICO - "Manqueira" - 40

Nova tecnologia ajuda a combater efeitos do estresse térmico - 32

Mensagem da diretoria

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Editorial

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Novos associados

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CNA aposta em 2013 como o "Ano do Leite"

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Manejo do futuro reprodutor de central de coleta de sêmen e a importância da Pré-Seleção para fertilidade de touros jovens da raça Girolando

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Número de RGNs efetuados em 2012 apresentou crescimento de 35,8% em relação ao ano anterior

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Há quantos dias você não monitora o manejo nutricional do seu rebanho?

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Estratégias para produzir campeãs de leite

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Compostagem: alternativa para o free-stall e mais conforto para as vacas

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Colostro

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Transparência

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Girolando pelo Brasil

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Giro Lácteo

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Lançamentos e inovações

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Controle Leiteiro

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Contatos Girolando

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE GIROLANDO TRIÊNIO 2011/2013 ESTES SÃO OS NOVOS CRIADORES, E ENTIDADES DE CLASSE QUE PASSARAM A INTEGRAR O QUADRO SOCIAL DA GIROLANDO NOS MESES DE NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2012 E JANEIRO 2013.

PROP. Nº CRIADOR

MUNCÍPIO

7170

Antônio Iris de Oliveira

São Luis – MA

7204

Antônio Roberto Vieira de Moraes

Gouverlândia – GO

7211

Antônio Elson Costa

Iraí de Minas – MG

7239

Alexandre Gradim Reis

Juiz de Fora – MG

7244

Adem Pires Lage

Sta. Maria de Itabira – MG

7241

Adilson Evangelista Silva

Sete Lagoas – MG

7247

Aparecida Inácia Garcia Delgado

Ribeirão Preto – SP

7223

Celso Afonso Botelho Neto

Itaperuna – RJ

7200

Cintia da Cunha Leite

Itaguaí – RJ

7172

Eduardo Costa Matias da Paz

São Luis – MA

7214

Eymard Timponi França

Belo Horizonte – MG

7199

Felipe Vieira Fonseca

Rio de Janeiro – RJ

7245

Fábio Taveira Sandim

Campo Grande – MS

7235

Fernando Ceresa Neto

Brasília – DF

4412

Fuad Jorge Noman Filho

Belo Horizonte – MG

7227

Francioli Otylio Bertolino

Sabinópolis – MG

7181

Geraldo Carvalho Vilela

Pouso Alto – MG

7167

Gilmar Dutra Vial

Vale do Paraiso – RO

7249

Guilherme Gonçalves Santos

Niteroí – RJ

7226

Geraldo de Jesus Gonçalves Pinto

Pedro Leopoldo – MG

7212

Inst. Fed. de Educ. Ciência e Tec. do Sud. de MG

7237

Irineu Kleber Macêdo Felisberto Jínior

Muriaé – MG

7173

José Egidio Quintal

Açailândia – MA

7171

José Carlos Reis Filho

Bacabal – MA

7228

José Adalmir Ribeiro do Amaral

Caxias do Sul – RS

7224

José Miranda Alves de Paiva

Itapetininga – SP

7222

José Luiz Zago

Belo Horizonte – MG

7216

José Carlos Fernandes

Gov. Valadares – MG

7178

Luis Alberto da Silva Vilarinho

Xinguara – PA

7243

Luis Fernando Vivas Silva

São Tiago – MG

7242

Luiz Henrique Pereira

Campinas – SP

7221

Luciano Cordeiro de Souza

Dores do Indaia – MG

7232

Lucio César Ferrari

Potirendaba – SP

7250

Messias José Pinto de Oliveira

São Tiago – MG

7246

Marco Aurélio Romero Sargaço

S. João da Boa Vista – SP

7217

Nikolas de Queiroz Elias

Uberaba – MG

7229

Nicanor Oscar Prata de Castro

Uberaba – MG

7209

Onézimo Custódio de Melo

Dom Cavati – MG

7206

Paulo César Miranda

São Paulo – SP

7203

Pedro Otoniel de Magalhães

Goiânia – GO

7201

Pollyanna Marques Vieira

Uberlândia – MG

7215

Rômulo Ferreira de Andrade Júnior

Passos – MG

7213

Ricardo Aquino Cardoso de Mello

Belo Horizonte – MG

7205

Romano Ricardo Silva Tiveron

Uberaba – MG

7189

Rodrigo Ribeiro Pereira

Sta. Rita do Sapucaí – MG

7236

Rubens Aparecido Câmara Júnior

Lins – SP

2295

Ricardo José da Silveira

Coromandel – MG

7234

São Basílio Agropecuária Ltda

Uberaba – MG

7210

Tullio Vicentini Paulino

Botucatu – SP

7238

Tereza Cristina Santos

Aiuruoca – MG

7225

Valdson José da Silva

Passsos – MG

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Rio Pomba – MG

Presidente: José Donato Dias Filho 1º Vice-presidente: Fernando Antonio Brasileiro Miranda 2º Vice-presidente: Maurício Silveira Coelho 3º Vice-presidente: Jônadan Hsuan Mim Ma 4º Vice-presidente: Ivan Adhemar de Carvalho Filho 1º Diretor-administrativo: Milton de Almeida Magalhães Júnior 2º Diretor-administrativo: Adolfo José Leite Nunes 1º Diretor-financeiro: Maria Inez Cruvinel Rezende 2º Diretor-financeiro: Eugênio Deliberato Filho Relações Institucionais e Comerciais: João Domingos Gomes dos Santos

Conselho Fiscal Jeronimo Gomes Ferreira Silvio de Castro Cunha Júnior Marcelo Machado Borges Suplentes Conselho Fiscal Eduardo Jorge Milagre José Alberto Paiffer Menk Luiz Carlos Rodrigues Conselho Consultivo Antônio José Junqueira Villela Joaquim Luiz Lima Filho Nelson Ariza Roberto Antônio Pinto de Melo Carvalho Rodrigo Sant’anna Alvim Suplentes Conselho Consultivo Geraldo Antônio de Oliveira Marques Guilherme Marquez de Rezende Leonardo Moura Vilela Rubens Stacciarini Tomaz Sérgio Andrade de Oliveira Júnior

Membros Conselho Deliberativo Técnico 2011/2013 Membros Natos Alisson Luis Lima Leandro de Carvalho Paiva

Representante do MAPA Superintendente Técnico

Membros Efetivos

Membros Suplentes

Limírio Cezar Bizinotto Marcello A. R. Cembranelli Milton de Almeida Magalhães Neto Valério Machado Guimarães

Juscelino Alves Ferreira Walter Roriz de Queiroz Tiago Moraes Ferreira Daniella Martins da Silva

CONSELHO DE REPRESENTANTES ESTADUAIS: AL – Paulo Emílio Rodrigues do Amaral AM – Raimundo Garcias de Souza BA – José Geraldo Vaz de Almeida BA – Luiz Tarquinio Duarte Pontes BA – Jorge Luiz Mendonça Sampaio CE – Cristiano Walter Moraes Rola DF – Dilson Cordeiro de Menezes DF – Erotides Alves de Castro DF – Ismael Ferreira da Silva ES – Rodrigo José Gonçalves Monteiro GO – Elmirio Monteiro Marques Júnior GO – José Mário Miranda Abdo GO – Léo Machado Ferreira GO – Itamir Antônio Fernandes Vale MG – Anna Maria Borges Cunha Campos MG – Carlos Eduardo Fajardo de Freitas MG – Horácio Moreira Dias MG – José Ricardo Fiuza Horta MG – Júlio Cesar Brescia Murta MG – Paulo Henrique Machado Porto MG – Salvador Markowicz Neto MS – Aurora Trefzger Cinato Real MS – Ronan Rinaldi de Souza Salgueiro

MS – Rubens Belchior da Cunha PA – Zacarias Pereira de Almeida Neto PB – Antônio Dimas Cabral PB – Yvon Luiz Barreto Rabelo PE – Cristiano Nobrega Malta PE – Eriberto de Queiroz Marques PR – Antônio Francisco Chaves Neto PR – Bernardo Garcia de Araújo Jorge PR – João Sala RJ – Filipe Alves Gomes RJ – Herbert Siqueira da Silva RJ – Jaime Carvalho de Oliveira RJ – Luciano Ferreira Guimarães RO – José Vidal Hilgert SE – Lafayette Franco Sobral SE – Ricardo Andrade Dantas SP – Adriano Ribeiro de Oliveira SP – Braulio Conti Júnior SP – Decio de Almeida Boteon SP – Eduardo Falcão de Carvalho SP – Pedro Luiz Dias SP – Roberto Almeida Oliveira SP – Virgilio Pitton TO – Eli José Araújo


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CNA aposta em 2013 como o “Ano do Leite”

A

Antônio Cruz/ABr

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pretende definir 2013 como o “Ano do Leite”. De acordo com a presidente da entidade, a senadora Kátia Abreu, será realizada uma série de atividades cujo foco é ampliar a competitividade do setor leiteiro no Brasil. “Produzimos leite de qualidade, mas o produto nacional não é competitivo. O preço no Brasil é o dobro do registrado em qualquer outro lugar”, destacou. Medidas de qualificação e extensão rural também estão entre as prioridades para 2013, especialmente para as médias propriedades leiteiras. Inicialmente, essas ações serão desenvolvidas no Rio Grande do Sul (que tem a maior média de produção do País, de 2.700 litros de leite), Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais (maior produtor nacional). Para a presidente da CNA, é preciso melhorar a competitividade do setor lácteo para garantir excedentes exportáveis. Outra preocupação é em relação à sanidade agropecuária. A senadora Kátia Abreu defende o processo de credenciamento dos Estados e Municípios junto ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA), que integra o Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com o propósito de conceder equivalência sanitária aos processos

Presidente da CNA e senadora Kátia Abreu

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aprovados por esses entes federativos. “A equiparação é necessária para ampliar a comercialização dos produtos de origem animal, nas diversas escalas, garantindo a inocuidade do alimento”, afirmou. Para os Estados e Municípios obterem a equivalência de seus serviços de inspeção é necessário comprovar que têm condições de avaliar a qualidade e a inocuidade dos produtos de origem animal com a mesma eficiência do governo federal. A presidente da CNA apresentou ao governo federal as principais reivindicações do setor agropecuário para o pacote de medidas do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2013/2014, a ser anunciado até junho. Entre elas, o pedido para que o plano tenha regras de financiamento e valores das linhas de crédito para o período de 18 meses. “Ampliar o período do plano de safra de 12 para 18 meses é fundamental para permitir que os produtores rurais possam planejar melhor a atividade, inclusive, com a possibilidade de comprar antecipadamente, e por preços melhores, os insumos”, ressaltou. Numa etapa posterior, a CNA solicita que o governo federal elabore planos quinquenais para o setor. A necessidade de intensificação das ações de promoção comercial de produtos agropecuários do Brasil no exterior é outro tema que a CNA quer enfocar neste ano. “O Brasil pode produzir mais para atender à demanda externa, mas o incremento das vendas depende de uma política comercial que garanta a diversificação da pauta e a ampliação do comércio”, afirmou Kátia Abreu, ao lembrar que a CNA e o Mapa poderão ocupar dois assentos que estão vagos na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). A CNA realizará, em abril, em São Paulo, um debate preparatório para outro grande seminário, que acontecerá provavelmente em setembro deste ano, em Pequim, na China. A ideia é reunir, em São Paulo, representantes de 200 empresas ligadas ao agronegócio. “Os chineses querem conhecer mais fornecedores e por isso vamos preparar os empresários brasileiros para que eles cheguem à China preparados para realizar negócios”, disse. Além de ampliar o comércio, a proposta da CNA é atrair investimentos chineses para o Brasil, seja na área de produção ou de infraestrutura.


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Larissa Vieira

Na mira de bons reprodutores Girolando implanta a “Pré-seleção de Touros” para garantir que somente animais com qualidade reprodutiva comprovada entrem para o Teste de Progênie

U

ma nova ferramenta de seleção será implantada no Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG) para viabilizar a busca por touros melhoradores. A partir deste ano, os reprodutores candidatos a uma vaga no Teste de Progênie terão de participar da “Pré-Seleção de Touros”. O objetivo é garantir que participem do Teste de Progênie (TP) apenas animais com qualidade reprodutiva comprovada, aumentando a chance de sucesso na escolha dos jovens reprodutores que serão avaliados. Outro benefício será a redução de custo do Teste de Progênie, tanto para os criadores quanto para o PMGG e centrais de inseminação. “Nem sempre o touro consegue produzir a quantidade de doses de sêmen exigida e com a qualidade necessária. Isso encarece a prova porque o criador terá de retornar com o animal até que ele consiga produzir. Por isso, estamos adotando critérios técnicos mais rígidos em relação à fertilidade. Assim, conseguiremos selecionar touros mais precoces sexualmente. Sabemos que reprodutores mais tardios tendem a ter filhas mais tardias do ponto de vista reprodutivo”, explicou o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcos Vinícius Barbosa da Silva, que coordena as avaliações genéticas do PMGG. O pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Bruno Carvalho, também fará as avaliações genéticas dos touros inscritos. A Pré-Seleção será conduzida na Fazenda Experimental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM), em Ube-

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raba (MG). A previsão é de que os touros sejam avaliados de maio a novembro. No primeiro ano, serão disponibilizadas 60 vagas. A partir de 2014, esse número deve aumentar para 100 vagas, pois a procura por uma vaga no TP vem crescendo a cada ano. “O touro precisa atender a todas as exigências do Teste de Progênie para participar da Pré-Seleção”, informou Marcello Cembranelli, coordenador Operacional do PMGG. Entre as exigências, estão: ser registrado; ser filho de touro com composição 5/8, 3/4 ou PS, provado positivo para leite pelo sumário de touros Embrapa/Girolando ou em fase de Teste de Progênie, ou filho de touro Holandês provado positivo para leite pelo sumário de touros da raça no Brasil ou pelo sumário de seu país de origem, caso não possua avaliação no Sumário Nacional da Raça Holandesa; a mãe deverá possuir obrigatoriamente avaliação genética positiva para produção de leite, realizada pela Embrapa Gado de Leite. Todas as exigências do TP, tanto para os touros quanto para os criadores, estão disponíveis no site da Girolando (www.girolando.com.br). Inscrições para a Pré-Seleção nos meses de março e abril - Os interessados devem procurar o Departamento Técnico da Girolando. Ao final da prova, os 30 touros com melhor desempenho poderão concorrer a uma vaga no Teste de Progênie. Avaliações na Pré-Seleção De acordo com o pesquisador da Embrapa, Marcos Vinícius, os animais serão avaliados sema-


nalmente, em relação a várias características. Na parte reprodutiva, será verificada a capacidade de congelamento e descongelamento do sêmen, a quantidade de espermatozóide produzido e a porcentagem de defeitos. Na parte de sanidade, será testado se o animal tem alguma doença reprodutiva. Além disso, serão observados: libido, desempenho do ganho médio diário, temperamento, aptidão reprodutiva, termotolerância. Todos passarão por exames andrológicos e mensuração de Perímetro Escrotal, que serão conduzidos pelo pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Marcos Brandão. O manejo dos animais e da pastagem da área onde os touros ficarão alojados ficará a cargo do pesquisador da Epamig, Leonardo de Oliveira Fernandes. A parte nutricional dos animais também merece cuidado, pois influencia no desempenho reprodutivo dos touros. “Acreditamos que o crescimento natural do indivíduo, obtendo a alimentação necessária sem excessos, faça com que exista uma compatibilidade entre a sua produção de sêmen e sua maturidade natural. Sabemos que excessos em alguns nutrientes podem acelerar o crescimento de carcaça, mas não acelera a maturidade de alguns órgãos, e no touro falamos do seu aparelho reprodutor”, ressaltou Guilherme Marquez de Rezende, gerente de Produto Leite Nacional da Alta Genetics. Como serão avaliadas várias características, o pesquisador da Embrapa, Marcos Vinícius acredita que a Pré-Seleção possibilitará a geração de dados para futuras pesquisas na área reprodutiva. “Também será possível identificar genes de doenças reprodutivas”, assegurou o pesquisador. No final da Pré-Seleção, a Embrapa pretende definir um índice para as características avaliadas. O criador Valério Machado Guimarães sempre inscreve touros no Teste de Progênie e acredita que a Pré-Seleção poderá gerar informações capazes de nortear os produtores no processo de seleção e manejo dos animais. “Espero que os estudos nos ajudem a esclarecer dúvidas relacionadas à idade ideal para o touro Girolando começar a produzir e ao melhor manejo para obter animais sexualmente mais precoces”, declarou.

a raça precisa aliar a seleção para leite às características econômicas. “Todo produtor tem a primeira necessidade de escolher touros que irão passar leite para suas filhas, por isso escolhem muitas vezes apenas olhando essa característica. O Girolando é uma raça sintética criada para cumprir com a necessidade do produtor de leite dos trópicos de ter um animal que se adaptasse mais ao nosso ecossistema, ao nosso manejo semi-intensivo e que pudesse ser mais longevo e saudável. Por isso, acredito que a raça precisa se posicionar com mais força em características econômicas e buscar os pedigrees que agregam composto de úbere, força leiteira, composto de pernas e pés e, lógico, o leite”, destacou Rezende. A Pré-Seleção de Touros Girolando contribuirá de forma significativa para o trabalho das centrais, pois somente os reprodutores com reais condições de produzir sêmen e contribuir para a evolução da raça terão o sêmen coletado. “A venda de sêmen de touros Girolando é muito grande e está crescendo a cada ano, de forma acelerada. Estimamos que o mercado de sêmen de Girolando tenha uma demanda de 1.000.000 de doses e, para alcançar este número, necessitamos de mais touros provados com sêmen disponível”, disse Neto.

Mercado busca touros provados Com as vendas de sêmen crescendo a cada ano, a necessidade de touros com avaliação positiva é grande. “Será essencial para a raça Girolando aumentar o número de touros a serem testados a cada ano, para que possamos, ao final dos sete anos de teste, ter os touros ainda com saúde para atender a demanda do mercado”, disse o técnico de Leite da ABS Pecplan, Edgar Rodrigues da Cunha Neto. Segundo ele, há uma demanda grande também por touros 3/4 provados ou em teste. Na visão de Guilherme Marquez de Rezende,

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Manejo do futuro reprodutor de central de coleta de sêmen e a importância da Pré-Seleção para fertilidade de touros jovens da raça Girolando

O

Divulgação

bezerro Girolando (3/4, 5/8 ou PS) que será um futuro reprodutor de central de coleta de sêmen deve ter manejo diferenciado na fazenda de origem, possibilitando-lhe desenvolvimento adequado e, desta forma, auxiliando na precocidade sexual. O conceito de manejo abrange todas as tare-

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Tatiane A. Drummond Tetzner

Médica Veterinária D.Sc., Mestre e Doutora em Reprodução Animal UNESP, Especialista em Julgamento das Raças Zebuínas FAZU/ABCZ, Jurada Efetiva ABCZ, ABCGIL e Girolando, Gerente de Produto Leite CRV LAGOA tatiane.tetzner@crvlagoa.com.br

fas desempenhadas diretamente com os animais, no intuito de criá-los, mantê-los e fazê-los produzir. Atualmente, incluem-se nesta conceituação a máxima produtividade e a eficiência do uso de instalações e equipamentos. O primeiro passo de manejo é reforçar a necessidade da ingestão de um colostro de altíssima qualidade nas primeiras horas de vida após o parto. Posteriormente, o aleitamento artificial deverá ocorrer duas vezes ao dia, caso o bezerro não tenha contato direto com a vaca. Após a definição dos machos que serão criados e recriados para tornarem-se futuros touros que participarão de um Programa de Melhoramento Genético, estes podem estar divididos em lotes de manejo ou criados em cocheiras individuais, o que assegurará que irão receber programa nutricional e sanitário adequados. Quando o bezerro é criado com outros animais da propriedade e fêmeas jovens, ele pode ser vacinado ou exposto a vacinas com vírus vivo modificado. Esta exposição à vacinação pode ocasionar resultados positivos em testes futuros e causar o descarte do bezerro. Fornecimento de forragem de boa qualidade, feno e mineralização não podem faltar ao manejo diário. O consumo da ração concentrada deve variar em função da intensidade do esforço ao qual o animal está sendo submetido. Touros jovens deverão ter a sua disposição aproximadamente 0,5/100kg de peso vivo, com a ração contendo o mínimo de 16% de proteína e 60% de NDT. Ressalte-se que para o fornecimento das quantidades de ração concentrada devem ser levados em consideração a qualidade


do volumoso disponível e o escore de condição corporal do animal. Os machos jovens deverão ser testados para garantir o status “livre de doenças específicas”. Após o período de recria, os touros jovens que passaram por todo este processo e estão com peso compatível com a idade, deverão ser ainda testados quanto à libido e capacidade de monta. O exercício diário constitui-se em fator essencial para o seu condicionamento físico, devendo ter a sua disposição uma área mínima de 120 a 200 m2/ animal, dotado de gramíneas e resistente ao pisoteio diário. Embora ainda sem muitos relatos na literatura sobre touros jovens, a bioestimulação pode antecipar a puberdade e maturidade sexual. A bioestimulação ou efeito macho é definida como o efeito estimulatório via ferormônio genital ou outros sinais externos menos compreendidos, causados por um macho sobre o estro, puberdade ou ovulação de uma fêmea da mesma espécie. É uma técnica de manejo usual atualmente. É importante a seleção dos melhores animais na fase pós-desmame, seleção esta fundamentada em critérios que mostrem não só o potencial genético, mas também o potencial de reprodução indicado pela precocidade sexual e maturidade. A puberdade é a idade em que o animal adquire condições de se reproduzir, e pode ser definida como a idade na qual o touro produz um ejaculado com no mínimo 50 X 106 espermatozoides/ml e 10% de motilidade progressiva (Silva, 2002). A Pré-seleção para avaliar a fertilidade e congelabilidade de Touros Jovens da Raça Girolando será extremamente importante para a identificação dos melhores touros jovens quanto aos aspectos reprodutivos. Exames andrológicos para avaliação dos parâmetros seminais, como motilidade, concentração e morfologia espermática serão cuidadosamente avaliados durante a prova, além das avaliações de temperamento, libido e capacidade de realização de monta. Touros com parâmetros seminais satisfatórios e aprovados quanto a congelabilidade serão, assim, candidatos à Inseminação Artificial e PIV (produção in vitro de embriões), entrando nos programas de teste de progênie da Raça Girolando. Já que o objetivo de um indivíduo geneticamente superior é promover o melhoramento genético dentro do rebanho e sua função é maximizar a di-

fusão destes genes economicamente interessantes, através da otimização da reprodução, se a função não é alcançada, o objetivo da seleção nunca poderá ser atingido. Após aprovados na pré-seleção de touros jovens, os mesmos seguirão para as centrais de coletas de sêmen e as coletas das doses codificadas serão realizadas, dando início ao Grupo de Touros em Teste de Progênie a cada ano.

BIBLIOGRAFIA: BLOCKEY, M.A.B. The influence of serving capacity of bulls on herd fertility. J. Anim. Sci., v.46, p.589-595, 1978. FERNANDES, C. A. C. Manejo de Touros. Curso on-line de reprodução em gado de corte 30p. 2005. HALL, J.B. 2007. Supplementation and management strategies to optimize reproductive performance. In: 2007 Beef Producer University. Wytheville, VA. 79 pp. SILVA, A. E. D. F. VII – Seleção de Touros: puberdade, maturidade e fatores envolvidos na fertilidade. In. MARGOR, A. N. Curso de Andrologia. Dode... [et al.] – Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2002. p. 98-127. TAUCK, S.A. and BERARDINELLI, J.G. 2007. Putative urinary pheromone of bulls involved with breeding performance of primiparous beef cow in a progestin-based estrous synchronization protocol. J. Anim Sci., 85: 1669-1674.

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Número de RGNs efetuados em 2012 apresentou crescimento de 35,8% em relação ao ano anterior

A

raça Girolando vem demonstrando, nos últimos anos, uma grande evolução zootécnica, tanto em relação à produtividade e conformação dos animais quanto em relação às informações de genealogia. O registro de nascimento (RGN) é considerado como a principal modalidade de registro, pois é a base de todo o trabalho de seleção dos rebanhos, além de ser requisito obrigatório para o Registro Genealógico Definitivo (RGD) de animais com genealogia conhecida, inscritos no “livro fechado”. Em 2012 foram efetuados, pela Girolando, 28.506 registros de nascimento, um crescimento de 35,8% em relação a 2011, quando foram efetuados 20.987. Este percentual de crescimento é o maior

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Leandro de Carvalho Paiva Superintendente Técnico

já registrado desde a oficialização da raça pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 1996. Podemos atribuir este crescimento a diversos fatores: conscientização dos criadores sobre a importância de oficializar a genealogia dos animais, maior valorização de mercado dos animais com genealogia conhecida, ações promovidas pela Girolando nos últimos anos, profissionalização dos rebanhos, entre outros mais. Este crescimento proporciona, consequentemente, o aumento das informações de pedigree no banco de dados da Girolando, contribuindo de forma significativa para a evolução das avaliações genéticas e aumento da confiabilidade das informações do Programa de Me-


lhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG). Desde a implantação do Programa Girolando, em 1989, já foram efetuados 221.763 registros e controles de nascimento. Para atender à crescente demanda de atendimentos para inspeção de animais com genealogia conhecida a Girolando teve que passar por importantes mudanças, principalmente em relação aos procedimentos para liberação dos animais. Assim, todo processo de cadastro, conferência e liberação de animais aos técnicos de campo foi aperfeiçoado e informatizado, dando mais agilidade ao atendi-

mento técnico. A introdução dos bottons de identificação nos rebanhos também contribuiu, pois os técnicos não necessitam mais aguardar a confecção dos brincos para agendar o atendimento. Em 2012 foram certificados 96.297 animais, sendo 3.264 cadastrados como Rebanho de Fundação (RF); 28.506 com o Registro Genealógico de Nascimento (RGN), e 64.527 animais com o Registro Genealógico Definitivo (RGD). A expectativa é de que estes números sejam superados em 2013, principalmente quanto ao RGN, visto que o número de animais comunicados pelos criadores tem aumentado significativamente.

Foto 1 – Fêmea Girolando já identificada através do SIU, após inspeção do técnico.

Foto 2 – Com as mudanças promovidas, a liberação de material para os atendimentos técnicos passou a ser feita com mais agilidade.

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Leandro de Carvalho Paiva Superintendente Técnico

Conheça as Recordistas em Torneios Leiteiros de Girolando

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m 2012, vários recordes em torneios leiteiros de Girolando foram batidos, mostrando o grande potencial de produção de leite da raça e o alto grau de desenvolvimento e evolução dos rebanhos. Para se ter uma ideia, na Megaleite foram quebrados cinco recordes; na Feileite foram seis novos recordes e outros quatro recordes foram batidos em torneios leiteiros oficializados pela Girolando. Outro ponto importante que deve ser destacado é que pela primeira vez na história da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando é registrada uma marca superior a 100kg de leite/dia de média em torneios leiteiros oficiais. Tivemos o privilégio de registrar, no ano passado, duas produções acima desta marca. A primeira marca foi registrada durante o torneio leiteiro de Paracatu-MG, onde a matriz de nome Sol Girolando do Rancho (3/4 Hol + 1/4

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Gir), obteve média de 104,696kg de leite/dia. Já a segunda marca foi obtida durante a Feileite, quando a vaca Dengosa Wildman TE Tannús (3/4 Hol + 1/4 Gir) atingiu a média de 100,597kg/dia. Os recordes são divididos por grau de sangue (1/4, 1/2, 3/4 e 5/8-PS) e por categoria (vaca ou novilha) e divulgados de acordo com o evento. Existem três modalidades de evento: Megaleite, Feileite e Torneios Leiteiros Oficializados, sendo os dois primeiros organizados pela Girolando. Os recordes nacionais de produção em torneios leiteiros são das matrizes de maior produção em cada grau de sangue e categoria, independentemente do evento em que o recorde foi estabelecido. A seguir podem ser observadas as tabelas com a relação de todas as recordistas em torneios leiteiros da Girolando, nas três modalidades de eventos existentes.


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Hudson Costa

Médico veterinário, doutorando em Ciência Animal, professor do curso Medicina Veterinária da PUC Minas e membro da Equipe ReHAgro.

Há quantos dias você não monitora o manejo nutricional do seu rebanho?

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É

conhecido por todos que trabalham com nutrição que existem três tipos de dieta: a do nutricionista, a do tratador e a que a vaca consome, sendo o ideal que elas estejam o mais próximo possível uma da outra. Como nutricionista há oito anos, tenho visto em muitas fazendas que esse conceito não tem sido seguido à risca. Não receio dizer que na maioria das fazendas do Brasil o manejo nutricional tem sido negligenciado e rotinas de monitoramento não são feitas de forma diária. Não podemos esquecer que a nutrição representa 60 a 70% do custo de produção para ser conduzida de forma tão solta nas fazendas.


Tabela 1: Percentual de matéria seca e umidade de alguns alimentos forrageiros

Além da questão do custo, o manejo da nutrição negligenciado em uma fazenda pode afetar negativamente a composição do leite, o que define preço final do produto mais baixo, ocasionar queda de produção, levando à perda de receita, abalar a saúde das vacas, que também afeta em curto prazo a produção de leite e aumento do descarte, piorar a reprodução, aumentando o intervalo entre partos e, em longo prazo, afetar a produção e aumentar o descarte de animais. Mesmo com tantos prejuízos, muitas das fazendas com conhecimento de causa sobre os itens mencionados continuam desatentas e relaxadas. Isso se chama rotina mal gerenciada e é preciso ter cuidado para não ser engolido por essa situação. Maior atenção deve ser dada tanto pelo assistente técnico, quanto pela gerência, que podem cair em uma armadilha onde todos saem perdendo, principalmente, a fazenda. Principais e mais comuns erros da nutrição e do manejo nutricional em fazendas Muitos erros ocorrem por falhas de comunicação entre a assistência técnica, gerência e tratadores. Primeiro, é preciso entender o que é matéria seca e matéria natural. A necessidade de consumo de uma vaca de leite é em quilos de matéria seca. A matéria seca são todos os nutrientes (proteína, carboidrato fibroso e não-fibroso, lipídios e minerais) menos a água. O alimento oferecido ao animal é chamado de matéria natural, que é a matéria seca (MS) somada à umidade (U), obtendo 100% desse alimento. Os alimentos forrageiros têm uma grande variação no seu teor de matéria seca/umidade (tabela 1) e dentro da mesma forragem pode ocorrer variação (ex: silagem de milho: 30% MS + 70 % U versus 38% MS + 62% U). Entendido o que significa matéria seca e matéria natural, um erro comum cometido nas fazendas é que a maioria dos nutricionistas deixa a recomendação em quilos de matéria natural e não em quilos de matéria seca. Qual a implicação disso? Primeiro: se o teor de matéria seca da forragem muda e não houve ajuste, o consumo de quilos de

matéria seca por dia também muda para mais ou para menos. Dessa forma, não iremos atender o consumo de matéria seca do animal proposto pelo balanceamento da dieta. Observando na tabela 2 a silagem de milho, que tinha 35% MS e caiu para 30% de MS, para manter o mesmo consumo de quilos de matéria seca por dia (10 kg) proposto pelo balanceamento, Tabela 2: Diferença no consumo de matéria seca e matéria natural conforme o teor de matéria seca da silagem de milho

*MS: matéria seca, MN: matéria natural; A e B consumo matéria natural foi ajustado, C não foi feito ajuste do teor de matéria seca.

será preciso fornecer mais desse alimento em matéria natural, pois o percentual de água aumentou de 65% para 70%. Ao chegar à frente do cocho ou pista de alimentação antes de fazer o primeiro trato do dia, se não houver alimento e o trabalho for feito com um percentual de sobra, as seguintes perguntas devem ser feitas: a) Aumentou o número de animais no lote e não houve ajuste de quantidade colocada da dieta? Esse é um erro muito comum. b) As vacas estão consumindo mais porque mudou a matéria seca da forragem ou porque o consumo dos animais aumentou? Na segunda pergunta a resposta pode ser obtida determinando a matéria seca do alimento em um Koster (Foto 1) ou no microondas (procedimento quadro abaixo). Se o teor de matéria seca caiu (tabela 1) e não foi feito um ajuste, o animal passa a consumir menos kg de matéria seca (1,4 kg). Isso levará à queda de produção e/ou de condição corporal. Na situação ilustrada, seria necessário aumentar a quantidade de forragem colocada de 28,6 para 33,3 kg pelo fato de haver mais água, mantendo assim o consumo de matéria seca determinado pelo balanceamento (10 kg). Importante: se o nutricionista trabalha em determinada fazenda com forragens que podem variar o teor de

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dade em quilos de matéria seca e dividir pelo percentual de matéria seca analisado pelo koster ou microondas. Exemplo: 9 kilos de matéria seca de cana com 30% de matéria seca Cálculo: 9/30% (0,30) = 30 kilos de cana matéria natural a ser fornecido por vaca por dia. Procedimento de determinação da matéria seca no microondas:

Foto 1 - Koster

matéria seca (ex: silagens, pré-secados e/ou canade-açúcar), a recomendação deve ser deixada em consumo de quilos de matéria seca e, pelo menos duas vezes por semana, a forragem deve ser analisada. Mas, como converter quilos de matéria seca em quilos de matéria natural, que é como o alimento é oferecido ao frente do animal? Tendo o teor de matéria seca da forragem, basta pegar a quanti-

Dieta mal misturada na totalmix

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1- Material necessário • Forno microondas com prato giratório. • Bandeja de material não-higroscópico (plástico, por exemplo). • Balança com precisão de no mínimo0,1% do peso da amostra. Exemplo: 50 g de amostra pode ser pesada em uma balança com precisão de 0,050g (50mg). • Copo comum. 2- Procedimentos • Pese a bandeja e anote o peso. • Coloque uma amostra representativa do material a ser analisado sobre a bandeja. Anote o peos da bandeja + amostra (ver item 3.1). • É necessário colocar um copo com água no micrioondas, que ajuda evitar que a amostra carbonize (ver item 3.2). • Coloque a bandeja + amostra no microondas. • Ajuste o temporizador do microondas para 3 minutos, na potência máxima e ligue-o. • Retire a bandeja contendo a amostra do microondas. Pese e anote. • Repita os itens “e” e “f” até que as leituras das pesagens repitam o mesmo valor por duas vezes ou mais ou que o valor não afete o cálculo em mais de 1%


do valor da umidade. • Faça os cálculos conforme o item 4. 3 - Observações importantes 3.1 - A quantidade mínima de amostra é 25g., mas pode ser preciso pesar mais em função

da precisão da balança. Exemplo: balança de 0,1g (100mg) de precisão, pesar no mínimo 100g de amostra (0,1g/0,1%=100g). 3.2 - Encher o copo d’água de tal forma que não haja a possibilidade de espirrar água dele e demore a ferver. Pode ser colocado um pouco de gelo junto. 3.3 - É importante deixar a amostra de forma mais espalhada possível no recipiente, evitando deixar locais com excesso, onde pode ocorrer excessiva concentração de calor e queimar a amostra. É comum aconteer isso no centro da amostra. Assim, desde qie se evite qualquer perda de amostra, pode ser interessante remexê-la. 3.4 - A maioria das forrageiras não precisa ser picada para se determinar a umidade. A canade-açúcar é um dos exemplos de forragem que deve ser picada. 3.5 - É possível, após ter mais experiência com material que se está secando, aumentar o

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intervalo de tempo de 3 minutos, especialmente nos intervalos iniciais, quando há mais água no material. À medida que a amostra seca, gradualmente volta-se a encurtar os tempos menores (exemplo: 9, 5, 4, 3, 3 min)

O “olhômetro” é outro problema sério no manejo nutricional. O nutricionista determina que em um lote devam ser fornecidos 500 kg de forragem na linha de cocho e essa quantidade é colocada sem pesar.

4 - Cálculos • % de água da amostra = (peso inicial da amostra – peso final da amostra)/peso inicial da amostra • Peso inicial da amostra = (peso da amostra + peso da bandeja) – (peso da bandeja) • Peso final da amostra = (peso da amostra + peso da bandeja, após peso constante) – (peso da bandeja) • % MS = 100 - % água da amostra *Referência: "American Standard Association Standards" de 1992 (ASAE S358.2) - "Moisture Measurement-Forages"

Se houver computador na fazenda, é interessante fazer uma planilha no excel da rotina diária do trato, fazer a correção de quilos de matéria seca para quilos de matéria natural e fazer o ajuste do teor de matéria seca sempre que necessário (tabela 2). Caso o percentual de matéria seca não mudar é porque as vacas estão consumindo mais e neste caso devem-se aumentar proporcionalmente todos os ingredientes da dieta para que essa mantenha a sua densidade nutricional. Normalmente, trabalhamos com 5 a 10% de aumento. Em sequência, dois erros comuns de ocorrer com totalmix (vagão misturador de dieta completa) e que aconteceram comigo, recentemente, em uma fazenda em que presto consultoria. O primeiro erro, visualizado na foto abaixo, percebe-se que o totalmix não misturou bem a silagem de milho com os concentrados. Isso pode acontecer em duas situações: tempo de mistura inadequado ou o que ocorreu nessa fazenda, conforme descrito a seguir. No momento que estava sendo colocada a silagem, o vagão estava ligado, misturando essa ao restante dos ingredientes que já estavam dentro. Neste caso, os últimos garfos de silagem adicionados aí não serão bem misturados ao restante da dieta, pois logo após o tratador desliga

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o totalmix. Dessa forma, a parte de baixo do vagão irá ficar extremamente misturada com maior proporção de concentrado e menor tamanho de partícula, ocorrendo o contrário na parte de cima. Ou seja, o grupo de animais que recebeu a dieta da parte de baixo do vagão vai consumir uma dieta muito densa, com mais concentrado e menos silagem de milho, o que irá levar a um alto risco de acidose nos animais. Já o grupo de vacas que receber a dieta da parte de cima, irá consumir uma dieta menos densa, com menos concentrado e mais silagem de milho, irão perder peso e, se forem do pós-parto, haverá o risco de cetose subclínica. O ponto fundamental, que não estava ocorrendo neste caso, é acionar o vagão após colocar todos os ingredientes, inclusive a forragem. Normalmente ,5 a 7 minutos de tempo de mistura são suficientes.O uso do totalmix em uma fazenda é uma excelente ferramenta para reduzir distúrbios metabólicos e aumentar a produção de leite, no entanto, o uso incorreto do equipamento pode ter efeito contrário. Averiguar o tempo de mistura é fundamental para que a dieta fique bem misturada sem reduzir muito o tamanho de partícula. Outra falha comum será discutida conforme a planilha a seguir, que deve ser impressa e ficar na mão dos tratadores. Veja o exemplo: Conforme observado, na dieta de alta produção estão cadastrados 2 lotes (1 e 2), e nas dietas de baixa produção 3 lotes (3, 4 e 6). O tratador, no momento da descarga das dietas do lote 1 e 2, deixou dentro do vagão 230 kg de dieta para alimentar o lote 6. Porém, esse lote, conforme verificado na planilha, está cadastrado na dieta de baixa produção. Ou seja, irá faltar alimento nos lotes 1 e 2 , de alta produção, levando à queda imediata de leite nesse lote e maior quantidade de sobra nos lotes 3 e 4 (baixa produção). Persistindo essa rotina por tempo prolongado nos lotes 3 e 4, há a tendência de engordar os animais. Esse tipo de erro ocorre com freqüência nas fazendas por falta de comunicação diária entre gerência e tratadores, além da


falta de monitoramento da rotina dos tratadores. É comum os funcionários responsáveis pelo trato decorar as dietas e não usar a folha impressa, o que favorece o erro. Outra situação, é o folguista ou um funcionário novo na rotina do trato realizarem o serviço sem ter sido explicado de forma clara todo o procedimento. Conversando com um amigo nutricionista, fui informado de um erro que ele presenciou recentemente em uma fazenda e que pode acontecer facilmente. O erro é não estar atento à calibragem das balanças em que os alimentos são pesados. No caso descrito por ele, o erro era na balança da totalmix, que estava desregulada, pesando os ingredientes para menor peso. A falha foi descoberta após fazer uma análise da dieta, onde essa estava com 21% de proteína bruta na matéria seca e o balanceamento da deita era para 16% de proteína. A balança da totalmix estava pesando o saco de farelo de soja de 40 kg como 30 kg, isto é, na mistura final havia excesso de farelo de soja, o que subiu a proteína da dieta. A implicação final desse erro é o custo da dieta extremamente alto sem aumento da produção de leite, com risco até de queda de produção. Se persistir por tempo prolongado, pode ocorrer efeito negativo na reprodução das vacas. Vale lembrar que esse tipo de erro pode acontecer com qualquer tipo de balança da fazenda e não necessariamente só com a balança da totalmix. O “olhômetro” é outro problema sério no manejo nutricional. O nutricionista determina que em um lote devam ser fornecidos 500 kg de forragem na linha de cocho e essa quantidade é colocada sem pesar. A implicação dessa rotina é a dieta des-

balanceada, furo no controle de estoque da forragem e da avaliação econômica da dieta. Fazendas que não possuem totalmix com balança, devem padronizar a quantidade pesando rotineiramente balaios ou garfos utilizados para colocar o alimento no cocho, lembrando que o teor de matéria seca da mesma forragem muda. Esse procedimento, normalmente, não acontece, e quando é feito, a quantidade de balaios e garfos é discriminada na folha do trato, mas os tratadores muitas vezes usam porque decoram as quantidades (ex: 100 garfos de 5 kg= 500 kg). Nesse caso, com certeza ocorrerão erros, principalmente se houver dois funcionários na rotina do trato ou algo desconcentrar o tratador naquele momento. Esse texto fala do simples, do que não é complexo dentro da nutrição e, talvez por isso, negligenciemos situações de rotina nas fazendas quanto ao manejo nutricional. Erros pequenos podem levar a grandes prejuízos. Para evitar essas situações descritas, é necessário implantar nas fazendas as chamadas POPs (Procedimento Operacional Padrão) do manejo nutricional e ter certeza que realmente a rotina está sendo cumprida de forma correta. O treinamento para capacitação dos funcionários, nesse caso tratadores, e o entendimento e envolvimento deles no manejo nutricional são fundamentais para garantir uma nutrição bem conduzida na fazenda e sem prejuízos. Nas situações descritas acima, é inadmissível o produtor reclamar do preço do leite, pois é preciso enxergar melhor a fazenda da porteira para dentro. Alimentar vacas, além de muita ciência, é também uma grande arte!!!

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Marcello Casal Jr./ABr

Marta Fonseca Martins

Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite

Alessa Siqueira de Oliveira dos Santos Bolsista de Pós-Doutorado - PNPD CAPES

Vaneida Maria Meurer

Aluna do Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia do Leite e Derivados - Universidade Federal de Juiz de Fora

Marco Antônio Moreira Furtado

Professor do Depto. de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia e Bioquímica, Universidade Federal de Juiz de Fora

Antonio Silvio do Egito

Pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos

Isabella Silvestre Barreto Pinto

Aluna de Doutorado em Ciências Biológicas - Universidade Federal de Juiz de Fora

Wagner Antônio Arbex Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

Marcos Vinícius Gualberto Barbosa da Silva Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

FRAUDE NO LEITE: Leite de qualidade x Qualidade de vida

O

leite é um importante produto de origem animal e uma das principais fontes de proteínas na alimentação de mamíferos jovens e de humanos de todas as idades, podendo ser considerado o alimento mais completo da natureza e o único que satisfaz as necessidades nutricionais dos animais recém-nascidos. Devido a esta importância nutricional, deve-se ter como objetivo principal a produção de um produto com qualidade. A obtenção de leite de qualidade adequada ao consumo em termos nutricionais e de segurança alimentar, depende, cada vez mais, de um processo de produção controlado em todas as etapas, desde a formação do rebanho até a comercialização do leite e derivados. Existem inúmeras alternativas de industrialização e de transformação do leite em vários produtos. Quando o leite é utilizado no processamen-

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to de queijos, 85-90% do volume é retirado sob a forma de soro, que é um subproduto rico em proteínas, pouco aproveitado e muitas vezes desperdiçado. Aproximadamente, 50% do soro produzido no mundo encontram-se industrializado sob a forma de bebidas fermentadas, sucos, aditivos para panificação e também na nutrição animal. As proteínas do soro são também encontradas em suplementos alimentares, geralmente, sob a forma de pó, apresentando excelente perfil de aminoácidos, caracterizando-as como proteínas de alto valor biológico. Outra forma de aproveitamento desse resíduo da indústria queijeira é a incorporação indevida do soro no leite de consumo, que se não vier discriminada no rótulo, constitui fraude, uma vez que subtrai elementos no leite genuíno e há transformação do produto. A legislação brasileira, e também a de outros países, proíbe a adição de soro de queijo


ao leite de consumo. Caso a adição seja feita, o produto final deverá chamar-se “bebida láctea” e não é considerado leite. As fraudes em alimentos são alterações, adulterações e falsificações intencionais realizadas com a finalidade de obtenção de maiores lucros, e também, para ocultar ou mascarar as más condições estruturais e sanitárias dos produtos e lhes atribuir requisitos que não possuem. A prática de adulteração no leite é comum em parte dos estabelecimentos industriais envolvidos com a produção, beneficiamento e/ou envase do leite, podendo as fraudes ser caracterizadas em dois tipos, (1) sanitária - adição de substâncias estranhas ao leite com o intuito de mascarar deficiências do produto, podendo tais substâncias causar mal à saúde; (2) econômica - adição de substâncias inócuas, que aumentam o volume de leite, mas não causam mal à saúde. A fraude do ponto de vista sanitário é realizada com o intuito de disfarçar a má qualidade do leite pelo uso de substâncias não permitidas, tais como: peróxido de hidrogênio, soda cáustica, bicarbonato de sódio e de potássio. Como exemplo, cita-se o leite ácido, que é sinônimo de leite de má-qualidade e com altíssima carga de bactérias e, quando nessas condições, o leite é impróprio e prejudicial para o consumo e tem a comercialização proibida. Este tipo fraude foi amplamente divulgado na mídia em 2007 quando da realização da Operação Ouro Branco da Polícia Federal. Este episódio trouxe um impacto negativo na percepção que a população tinha do leite como um alimento altamente nutritivo e até então que não apresentava grandes riscos. Outra forma de fraude, do ponto de vista econômico, é realizada por produtores e laticínios, visando o aumento do rendimento por meio da adição de água e soro de leite. E, ainda, a mistura de leite de diferentes espécies, considerando que o rebanho de determinada espécie produz maior volume de leite com menor preço. Para a detecção de fraude os técnicos recorrem a avaliações de diversos parâmetros que acessam a qualidade do leite. Estas análises são desenvolvidas em laboratório ou

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Marcello Casal Jr./ABr

tados falso-positivos, situação que passou a ter maior importância desde a implementação da IN 51 de 2002 e posteriormente da IN 62 de 2011 que exigia que leite fosse refrigerado. Para a determinação do CMP, a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) é o método internacionalmente reconhecido. Outra fraude muito comum é a mistura de leite de diferentes espécies como, por exemplo, a mistura do leite de cabra com leite de vaca, que traz prejuízos do ponto de vista econômico e um risco associado ao consumo de leite fraudado por pessoas alérgicas ao leite de origem bovina. As flutuações sazonais na disponibilidade do leite de cabra e de ovelha, além do preço mais elevado em relação ao de vaca, são um incentivo para que esse produto seja adulterado com leite de maior disponibilidade e menor preço. No Brasil, até o momento, nenhum método oficial foi validado para detecção de fraude do leite de cabra com o leite de vaca, apesar da importância do leite de cabra para crianças e idosos que apresentam problemas de digestibilidade ou alergia ao leite bovino. No entanto, a literatura cita métodos baseados na análise das frações proteicas, dos quais os principais são: cromatográficos, eletroforéticos, imunológicos e a reação em cadeia da polimerase (PCR) para a detecção deste tipo de fraude. É cada vez mais importante detectar a introdução no mercado de produtos rotulados de forma fraudulenta

plataformas para a determinação da pureza, valor nutricional, rendimento industrial e detecção de possíveis fraudes. As análises para verificação da acidez do leite incluem a prova do álcool e alizarol (processo rápido e conduzido na plataforma de laticínios) e a determinação de acidez do leite - Processo Dornic (conduzido em laboratório). A análise de determinação da densidade em leite é utilizada para verificar a desnatação prévia ou fraude por adição de água. No Brasil, a Instrução Normativa (IN) 68 de 2006 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) descreve a análise do índice de caseinomacropeptídeo (CMP), uma porção da molécula de proteína K-caseína solúvel no soro, como indicador da ocorrência da fraude da adição de soro de queijo. No entanto, a ação de proteases produzidas por micro-organismos psicrotróficos pode interferir neste teste levando a resul-

É cada vez mais importante detectar a introdução no mercado de produtos rotulados de forma fraudulenta e de qualidade inferior

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Marcello Casal Jr./ABr

e de qualidade inferior, por razões econômicas e por razões de saúde pública. Por isso, a Embrapa Gado de Leite em colaboração com a Embrapa Caprinos e Ovinos e a Universidade Federal de Juiz de Fora está coordenando um projeto que propõe o desenvolvimento e validação de metodologias moleculares rápidas para a detecção de fraude em leite e levantamento de informações que garantam avaliar a qualidade dos produtos lácteos, assegurando a inocuidade e a qualidade de cada lote dos produtos antes destes serem liberados para o mercado. A metodologia proposta baseada em eletroforese visa à análise do perfil das proteínas do leite e do soro e o perfil de proteínas do leite de bovino e caprino. Os resultados prévios evidenciaram que

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a técnica de eletroforese microfluidica realizada em chip (lab-on-a-chip) pode ser um método rápido para a separação e identificação de proteínas do leite e do soro e, ainda, separação e caracterização de proteínas de diferentes espécies. Estes estudos serão de grande importância para validação de metodologias a serem utilizadas pela indústria e órgãos de fiscalização com intuito de identificar de forma precisa e rápida fraudes que possam garantir a qualidade dos alimentos consumidos pela população brasileira. Principalmente relativos ao leite destinado à faixa de população especifica que corre risco ao consumir leite fraudados como no caso da fraude do leite de cabra com leite de vaca.


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Mario Renck Real

Divulgação

Médico Veterinário Homeopata Diretor Técnico da Real H

Teste da caneca de fundo escuro é usado para detectar se o animal tem mastite

Estratégias para produzir

campeãs de leite

T

oda propriedade produtora de leite tem uma missão perene, que é a de estruturar hoje a produção do futuro, ou seja, as bezerras de hoje serão as vacas produtoras de amanhã. O ciclo produtivo de uma vaca está cada vez menor, em decorrência da intensificação da exploração e consequente desgaste físico maior e descarte de vacas. Assim, o giro intenso das vacas exige mais e mais novilhas para reposição. Neste artigo, abordaremos as principais dificuldades que os produtores têm que contornar para obter novilhas saudáveis e boas produtoras de leite. Generalidades Logicamente que antes de tudo é preciso que as vacas tenham cios e cios férteis. Aí já começam alguns problemas. Nos rebanhos leiteiros de média a alta produção, a subfertilidade é quase que uma regra. Demora-se muito para emprenhar as vacas. Por vezes são realizados diversos protocolos e várias doses de sêmen até confirmar-se uma prenhez.

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As causas e as estratégias para melhorar este item, serão objeto de outro trabalho. Diversas são as variáveis que influem no futuro produtivo de uma bezerra, assim desde a GENÉTICA escolhida, que deve considerar a REGIÃO e o CLIMA da propriedade, passando pela qualidade do PARTO, por uma COLOSTRAGEM bem feita, pelo esquema de ALIMENTAÇÃO (líquida e sólida) com bom DESENVOLVIMENTO do RÚMEN, pela AMBIÊNCIA oferecida e detalhes das ROTINAS de MANEJO. Cada uma destas situações interferirá na capacidade das bezerras em expressar sua carga genética e na resultante da interação destas variáveis é que serão definidas as campeãs. A harmonia ou não destas condicionantes proporcionará diferentes obstáculos a serem transpostos pelas bezerras. A maior parte destes obstáculos são previsíveis e, ao final, se traduzem em doenças infecciosas ou parasitárias que sempre acometem as bezerras. Dessa forma, para se obter campeãs é preciso, an-


tes de tudo, evitar os problemas previsíveis. Pontos relevantes a considerar Gestação e Parto: os esquemas convencionais praticados de nutrição da vaca em fase final de lactação e na fase de vaca seca são conhecidos, incluindo o esquema de secagem, as dietas aniônicas, o tempo de repouso etc.. Entretanto, alguns aspectos importantes ficam meio relegados ou pouco considerados, como a qualidade da água, o sombreamento, a mineralização e acima de tudo a necessidade de proporcionar um ambiente calmo às gestantes. O momento do parto deve ser cercado de cuidados especiais, no sentido de deixar a vaca o mais tranquila possível, longe de curiosos, longe do trânsito de veículos, tratores, movimentação, visitantes. A escolha do local da maternidade é muito importante. Estudos realizados na década de 50 com ovelhas prenhas demostram que o parto natural (tranquilo e em ambiente que permita a rês ficar deitada ao invés de em pé) permite que o sangue da mãe seja transferido para o feto em volumes superiores a 35%, quando comparado com animais nascidos por cirurgia cesariana onde não ocorrem as contrações. Trinta e cinco por cento de sangue a mais

é muita coisa. São mais hemácias, mais glóbulos brancos, fibrinogênio, defesas enfim, mais tudo. O parto natural deveria ser a meta de qualquer produtor de leite, realmente preocupado com a saúde da vaca e da bezerra. É no parto que começamos a criar campeãs de produtividade. Evitar ao máximo as intervenções é uma regra de ouro. Colostragem: este é um dos pontos críticos para a saúde da bezerra. As falhas são muito frequentes, não apenas em pequenas propriedades, mas também e até especialmente em fazendas grandes, com esquemas padronizados de procedimentos. A transferência de anticorpos via colostro é uma estratégia fundamental para a vida futura da bezerra. Erros de manejo com má colostragem são portas abertas para os surtos de diarreia, pneumonias e óbitos. Alimentação: a dieta das bezerras pode ser considerada em dois momentos, na Fase de Lactente, quando recebem leite/sucedâneos e água, e na Fase de Pós-desmama, quando recebem apenas sólidos (pasto e ração). É na Fase de Lactente que as bezerras apresentam, de longe, a melhor conversão alimentar, o que deve ser explorado ao máximo. Cuidados devem ser adotados, visando evitar que as bezerras

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Jadir Bison

sofram interrupções no desenvolvimento nesta fase. Importante destacar o costume arraigado de fornecer-lhes o leite de vacas sob tratamento de mastite, ou seja com resíduos de antibióticos e presença de bactérias agressivas. Isto, com a constância do uso, provoca no organismo uma disbiose ou um tipo de desequilíbrio da flora intestinal. Neste cenário, os casos de diarreias profusas e persistentes são frequentes, com complicações (pneumonias), evoluindo frequentemente para o óbito. A desidratação das bezerras, as pneumonias e o enfraquecimento geral (má absorção) favorecem o outro grave problema, que é a maior suscetibilidade ao carrapato, complicando todo o quadro, por além de sugar sangue, transmitir a Tristeza Parasitária Bovina. Logicamente que os tratamentos de mastite devem ser realizados quando necessário e o leite destas vacas não merece ser jogado fora. Ele pode ser fornecido para as bezerras, mas o produtor deve evitar esta situação ao máximo e praticar, sempre, manejos preventivos contra mastites. Se for utilizar o leite contaminado, lembrar-se de algumas estratégias, como a pasteurização ou fervura do leite antes de fornecê-lo às bezerras. Isso ajuda desde que feito com cuidado (temperatura). É preciso avaliar a real necessidade de utilizar antibióticos, pois o simples aparecimento de grumos no teste da caneca de fundo escuro não é sinal automático de mastite a ser tratada. Uma mastite aguda passível de tratamento com antibióticos deve ter ao menos dois dos sinais clássicos: dor, rubor, tumor e calor. Se estes sinais não existirem, e verificar-se apenas os grumos, não

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é recomendado medicar nesta ordenha, pois se trata apenas de uma drenagem orgânica natural. Em nossa experiência, mais da metade das aplicações de antibióticos são evitáveis, simplesmente porque não se tratam de mastite e sim de auto-limpeza orgânica, porém este é um assunto muito amplo. Ambiência e Rotinas: dentre as estratégias, a questão do ambiente é vital. Muitos sistemas e esquemas existem, desde os mais radicais (casinhas elevadas) até os mais naturais (piquetes coletivos). A decisão de qual é o melhor é muito difícil, pois cada propriedade tem a sua realidade, disponibilidade de espaço e possibilidades de investimento. Entretanto, algumas rotinas contribuem para melhorar o desempenho, ao evitar doenças e crises, como: limpeza adequada dos baldes; diluição do sucedâneo; qualidade da água; temperatura do leite ou sucedâneo; quantidade de leite fornecida; troca periódica de lugar das casinhas; fornecimento de fibras longas; correção semanal da quantidade de ração fornecida; registro de ocorrências; avaliação do grau de carrapateamento através da contagem de teleóginas; controle da temperatura retal em caso de dúvidas, entre outras. As rotinas devem focar na observação e ações preventivas e corretivas, visando permitir que as bezerras ganhem o máximo de peso, com um mínimo de crises. Principais desafios Pode-se dividir em três principais problemas, por ordem de importância: Diarreia / Tristeza parasitária / Pneumonia Estas doenças frequentemente se somam


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Rubio Marra

Bezerras precisam de cuidados especiais com alimentação para garantir bom desenvolvimento

ou aparecem em sequência, complicando tudo no desenvolvimento das campeãs de produtividade. As decisões de manejo e alimentação devem visar manter as bezerras fortes e saudáveis, para que sofram o mínimo e rapidamente recuperem, caso adoeçam. As consequências práticas das doenças no bezerreiro são elevação no custo, atraso para o início da produção e vacas menos produtivas. Lembre-se que um organismo sadio não se infecta. Assim só adoecem àquelas cujo Organismo e Sistema Imune estão em desarmonia. Estratégias & prevenção Fica bastante claro que para melhorar a produção futura temos hoje que cuidar muito bem das bezerras e novilhas. Tudo se resume em manter e utilizar-se de estratégias, rotinas, higiene, instalações e esquemas nutricionais adequados e muita capacidade de observação, para intervir o mais rápido possível. Dentre os recursos preventivos disponíveis, o uso de produtos que estimulem o sistema imune inespecífico surge como alternativa interessante, neste sentido foi realizado um teste de campo com bezerras das raças Holandesa e Girolando na fase pós-desmama.

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Constituiu-se dois lotes, o primeiro com bezerras recém-desmamadas e o segundo com animais em franca fase de Recria. O teste teve duração de 90 dias e os piquetes ficaram lado a lado. O destino do tratamento dos lotes foi definido por sorteio. O produto utilizado foi um complexo homeopático, bioestimulatório, na dose de 30g/dia, divididos em duas partes de 15g (manhã e tarde). Os lotes Tratados e Controle totalizavam 11 bezerras cada um, sendo 5 desmamas e 6 recrias. Parâmetros que foram avaliados: Ganho de Peso; Contagem de Teleóginas; Ocorrências de Casos Clínicos; Contagem de Ovos por Grama de Fezes (OPG). Os resultados abaixo demonstram a importância em se prevenir da ocorrência de doenças nos animais: Lote desmama - Ganho de Peso em gramas/dia Controle 513 Tratado 649 Diferença 136 Lote recria - Ganho de Peso em gramas/dia Controle 418 Tratado 590 Diferença 172


Respectivamente 26,5% e 41,1% a mais de ganho de peso, em favor dos lotes tratados. Contagem de Teleóginas A contagem de Teleóginas foi realizada de 15 em 15 dias, em todos os animais. Foram consideradas infestações dignas de nota todas as vezes que haviam mais de 20 teleóginas no corpo. Nos lotes Tratados nenhum animal teve parasitismo digno de registro, ao passo que nos lotes Controles cinco (5) animais apresentaram parasitismo acima de 20 fêmeas ingurgitadas. Respectivamente 0% nos lotes Tratados e 45,4% nos lotes Controle alta contagem de parasitas. Ocorrência de casos clínicos No período avaliado, nos lotes Tratados nenhuma bezerra apresentou Tristeza Parasitária (TP), ao passo que nos lotes Controle sete (7) animais foram acometidos. Estes animais foram medicados contra a TP e os animais dos lotes Tratados foram banhados contra carrapatos, além de também receberem doses de ivermectina injetável. Respectivamente, verificou-se 0% nos lotes Tratados e 63,6% nos lotes Controles, de casos clínicos.

e com mais saúde, permitindo no futuro melhores produções de leite; 3. O uso de complexos homeopáticos é uma alternativa válida e capaz de manter o equilíbrio dinâmico e vital dos animais. Tendo a vantagem de ser livre de resíduos.

Referências Bibliográficas Consulta site: http://www.milkpoint.com.br/anuncie/novidades-dos-parceiros/como-prevenir-a-diarreia-e-pneumonia-em-bezerros-do-nascimento-ate-os-tres-meses67295n.aspx ás 15:30 no dia 07.11.2012 Consulta site: http://www.ufpel.edu.br/nupeec/anexos/ d10cc549a1.pdf às 16:00 dia 06.011.2012 L. Homeópathie Veterinarie. QUINQUANDON, Henri. Editions Point Veterinaire. 1999; Homeóphatie et Phisiologie. HODIAMONT, George. Editions Baillièrie, 1949. Homeopatia e Vitalismo;. ROSEMBAUM, P. Robe Editora. 1ª Ed. 1996. Matéria Médica Homeopática. VANNIER, L. Ed Porrua SA. 1965

Contagem de ovos por grama de fezes As fezes foram coletadas no início e ao final, diretamente do reto dos animais. Os exames realizados em laboratórios especializados. Os resultados demonstraram:

Não houve problemas com relação à verminose em ambos os grupos. Entretanto, cabe salientar que os lotes Controle, recebem nestes período 01 dose de ivermectina injetável, para auxiliar no combate ao carrapateamento, o que, certamente contribuiu para reduzir a OPG destes animais. Conclusões 1. As propriedades devem rediscutir seus manejos, em todos os aspectos, sempre que houver incidência elevada de problemas (diarreia, pneumonia e TP); 2. Estratégias preventivas são eficazes e permitem que as bezerras cresçam mais rapidamente

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Poliana de Castro Melo

Foto: Jadir Bison

Jurada Efetiva Girolando e ABCZ Doutora em Medicina Veterinária Preventiva policame@yahoo.com.br

CARBÚNCULO SINTOMÁTICO “Manqueira”

O

carbúnculo sintomático verdadeiro consiste em uma inflamação clostridial dos músculos esqueléticos. É causado pelo Clostridium chaouvei, uma bactéria gram-positiva, anaeróbia, em forma de bastonete e produtora de esporos altamente resistentes às mudanças ambientais e desinfetantes, persistindo no solo por muitos anos. Ocorre principalmente em animais jovens e nos meses mais quentes. Devido à taxa de mortalidade situar ao redor dos 100%, esta doença é economicamente importante e de difícil tratamento (CARVALHO et al, 2002). É caracterizada como uma doença infecciosa aguda e por mionecrose (necrose muscular), toxemia grave e alta mortalidade. O carbúnculo sintomático verdadeiro (endógeno) só é comum em bovinos, podendo ocorrer em ovinos, mas a infecção que se inicia por traumatismo (edema maligno) ocorre em outros animais (VARGAS, 2005). Esta enfermidade é resultante da multiplicação e produção de toxinas pela bactéria Clostridium chauvoei na musculatura e tecido subcutâneo de bovinos, ovinos e caprinos, com lesão local e toxemia. Intervenções cirúrgicas, traumas, isquemias vasculares, tumores e outras infecções bacterianas aeróbias e anaeróbias podem desencadear esta infecção. Estes fatores propiciam uma diminuição do oxigênio molecular, levando a um baixo potencial de óxido-redução nos tecidos, favorecendo a germinação dos esporos dos clostridios ali localizados, com consequente produção de toxinas. Esta bactéria produz esporos altamente resistentes ao calor, frio, desse-

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cação e produtos químicos, de modo que os micróbios podem viver durante muitos anos em um pasto e a doença reaparece por muitos e muitos anos. Os prejuízos econômicos provocados pelo carbúnculo sintomático são altos (ASSIS et al, 2001). SINAIS CLÍNICOS E FORMAS DE MANIFESTAÇÃO Existem duas formas de manifestação do carbúnculo sintomático nos bovinos: a clássica, de ocorrência mais frequente, afeta principalmente a musculatura esquelética; e a visceral, raramente encontrada, afeta principalmente o coração. Esta última ainda não foi relatada no país. A real patogenia do carbúnculo sintomático em bovinos, tanto a clássica quanto a visceral são ainda incertas. Na forma clássica, a hipótese corrente é que os esporos presentes no intestino são veiculados por macrófagos até a musculatura, onde permanecem em latência. Traumas nas grandes massas musculares criam um ambiente de baixo potencial de óxidoredução, propiciando a germinação dos esporos e a consequente produção de toxinas. A sobrevivência do agente no solo, sob a forma de esporos, é o fator mais significante para a transmissão aos bovinos, pois a ingestão de pastos contaminados com esporos constitui-se na principal fonte de infecção. Bovinos jovens, entre quatro meses e três anos de idade, no mais alto patamar nutricional, são os mais suscetíveis. Clinicamente, os animais apresentam temperatura elevada, anorexia, depressão e manqueira quando o membro é atingido. O local torna-se edematoso e, à palpação, é observada crepitação decorrente das bolhas de gás

produzidas pela multiplicação da bactéria. A evolução para a morte ocorre geralmente em até 72 horas. A lesão é acompanhada por edema, hemorragia e necrose miofibrilar, exalando acentuado odor rançoso. (ASSIS et al., 2005). C. chauvoei acomete apenas os animais, principalmente bovinos, ovinose caprinos de seis meses a três anos de idade, podendo ser endógeno ou ingerido (ASSIS, et al., 2005). Segundo Cicco (2005), o C. chauvoei afeta animais de todas as idades e todas as espécies de campo, principalmente no verão. A manqueira em bovinos é uma infecção endógena, sendo que uma proporção considerável de bovinos porta o C. chauvoei no fígado. Este microrganismo não está associado obrigatoriamente com uma lesão perfurante; contusões podem originar lesões que propiciem um ambiente anaeróbio que

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casos de mionecroses (BALDASSI et al., 1985), dificilmente são diferenciados em razão da similaridade dos caracteres morfológicos e reações bioquímicas (STERNE &BATTY, 1975). Também, em meio sólido, C. septicum apresenta um crescimento rápido, inibindo o crescimento do C. chauvoei (KUHNERT et al., 1997), favorecendo a ocorrência de falsos positivos. Além disso, o isolamento desses agentes requer de quatro dias a uma semana para se completar (ASSIS et al., 2001). Em razão disto, técnicas como a IFD e PCR permitem um diagnóstico mais rápido e seguro do carbúnculo sintomático e do edema maligno. Com o emprego destas técnicas, é possível melhorar o diagnóstico, determinando a real prevalência dos clostrídios envolvidos nos quadros dessas doenças, no nosso meio, e implementar medidas de controle por meio da imunização dos animais. permite o desenvolvimento do microrganismo. Ele também pode adentrar feridas com outros microrganismos, sendo que a infecção, juntamente com o tecido necrosado, promovem as condições anaeróbias para que o C. chauvoei se multiplique e produza suas exotoxinas e outros metabólitos. Os animais acometidos apresentam-se anoréticos, deprimidos, febris e mancam, apresentando um inchaço localizado, doloroso, que se torna frio e edematoso com crepitação ao toque. A morte ocorre dentro de 12 a 48h. Este agente parece ter preferência por grandes músculos (quarto traseiro, diafragma e coração), que à necropsia apresentam aspecto seco, de coloração vermelho escura e esponjoso. Em ovinos está associado à tosa, castração, corte da cauda e descorna; os músculos acometidos ficam escuros, com edema restrito e a morte ocorre após 12 a 36h (GREGORY, et al, 2006). DIAGNÓSTICO Com base no histórico, sinais clínicos, achados de necropsia, histopatológicos e microbiológicos, pode ser realizado o diagnóstico de carbúnculo sintomático. Imunofluorescência direta (IFD), em impressões obtidas diretamente do espécime clínico suspeito, é o critério considerado suficiente para o diagnóstico definitivo de mionecroses (STERNE & BATTY, 1975). Além disso, a técnica de PCR também confirma o diagnóstico de carbúnculo sintomático. No Brasil, os trabalhos que até então reportaram o diagnóstico do carbúnculo sintomático e do edema maligno, basearam-se somente em dados clínicos, achados de necropsia e aspectos microbiológicos enfatizados apenas em caracteres morfológicos e provas bioquímicas (CORREA et al., 1980; BALDASSI et al., 1985). Entretanto, procedimentos bacteriológicos desta natureza constituem-se, na maioria das vezes, grandes entraves ao diagnóstico etiológico, pois C. chauvoei e C. septicum, que são os agentes mais frequentemente encontrados nos

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TRATAMENTO Em relação ao tratamento, ainda há poucos relatos descritivos sobre a utilização de antibióticoterapia com sucesso. Na maioria dos casos, devido à rápida evolução da doença, os animais chegam a morrer em até 72 horas. Segundo VARGAS (2005), o tratamento é desapontador muitas vezes, embora o C. chauvoei seja sensível à penicilina G, ampicilina e tetraciclina. A penicilina deve ser administrada inicialmente pela via endovenosa, seguida de reposição intramuscular, se possível no local afetado. O tratamento é prolongado, bem como a recuperação do animal, cujos ferimentos deteriorados demoram para cicatrizar. A decisão de tratar deve ser avaliada com reserva. Nas áreas com mionecrose podem ser realizadas limpezas internas com água oxigenada e, na sequência, utilização de gazes embebidos em iodo a 2%. MEDIDAS DE PROFILAXIA Devido às características ecológicas dos agentes, que são ubiquitários ao trato digestivo dos animais, do solo e principalmente pelo esporo possuir alta resistência ao meio ambiente ou permanecer em latência na musculatura (até que ocorra um processo de anaerobiose), a erradicação da enfermidade é praticamente impossível. Por isso, o controle e profilaxia devem se basear em medidas adequadas de manejo e vacinações sistemáticas de todo rebanho (LOBATO F., et al. 2005). O sucesso para uma boa imunização contra as clostridioses não depende só da escolha de uma vacina eficaz e inócua, como também do programa de vacinação implantado no rebanho. A principal falha observada no campo é a aplicação de apenas uma dose nos animais vacinados pela primeira vez. Na primovacinação a segunda dose é fundamental para obter níveis ótimos de proteção. A proteção dada pela dose única de vacina é pequena e de curta duração,


particularmente em presença de anticorpos maternos. A segunda dose é fundamental, pois o antígeno vai estimular as células de memória dos animais primovacinados, o que permite obter, rapidamente, uma resposta imunitária maior e de longa duração (PESSOA, E. 2007). As vacinas monovalentes são produzidas apenas com o Clostridium chauvoei, protegendo somente contra carbúnculo sintomático. Já as vacinas polivalentes formuladas com o Clostridium perfringens e o Clostridium sordelii garantem proteção contra enterotoxemia. Portanto, a forma mais efetiva para

combater o carbúnculo sintomático é a prevenção através do programa de vacinação. A primeira dose deve ser aplicada aos 60 dias após o nascimento e a segunda, quatro semanas antes do desmame ou no período do desmame. Após a segunda dose deve-se fazer o reforço anualmente. A via de aplicação recomendada é a subcutânea. Em casos de surtos animais devem ser vacinados ou revacinados. A transferência dos animais para áreas distantes do sítio de contaminação pode ser uma estratégia, porém nem sempre efetiva. Carcaças devem ser incineradas para prevenir a disseminação da bactéria (LOBATO et al., 2005).

REFERÊNCIAS ASSIS, R.A; LOBATO, F.C.F.; DIAS, L.D; UZAL, F.A; MARTINS, N.E; SILVA, N; “Produccion y Evaluación de Conjugados Fluorescentes para Diagnóstico de Mancha y Gangrena Gaseosa”. Bariloche: Revista de Medicina Veterinária, 2001. v.82, n.2, p.68-70. ASSIS, R.A; FILHO, E.J.F.; LOBATO, F.C.F.; CARVALHO, A.U; FERREIRA, P.M; CARVALHO, A.V.A.; “Surto de Carbúnculo Sintomático em Bezerros”. Santa Maria: Ciência Rural, 2005. v.35, n.4, p.945-947. BALDASSI, L. et al. Observações sobre a incidência de gangrena gasosa e carbúnculo sintomático durante 10 anos, 1970-1979, no Estado de São Paulo. O Biológico, v.51, n.6, p.161-165, 1985. CARVALHO, A.V; HOLLET, B; ASSIS, R; YOUNG, S; DIAS, L; MOSLEY, A; WELCH, R.A; “Carbúnculo Sintomático”, 2002. Disponível em: http://www.vet.uga. edu.com.br/artigos. Acesso em 21 de junho de 2008. CICCO, L.H.S.; “Carbúnculo Sintomático”, 2007. Disponível em: http://www.jornallivre.com.br/artigos. Acesso em 16 de maio de 2008. CORREA, W.M. et al. Enfermidades por clostrídios 1968- 1978 (clostridial diseases 1968-1978). Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.32, n.3, p.369-374, 1980. GREGORY, L; LIBERA; A.M.M.D.; JUNIOR, E.H.B.; POGLIANI, F.C; BERGEL, D.B; BENESI, F.J; MIYASHIRO, S; BALDASSI, L; “Carbúnculo Sintomático: Ocorrência, e Evolução Clínica e Acompanhamento da Recuperação de Bovino Acometido de Manqueira”. São Paulo: Arq. Inst. Biológico, 2006. v.73, n.2, p.243-246. KUHNERT, P. et al. Identification of Clostridium chauvoei in cultures and clinical material from blackleg using PCR. Veterinary Microbiology, v.57, n.2-3, p.291298, 1997. LOBATO, F.C.F., Assis, R.A. Clostridioses dos animais. II Simpósio Mineiro de Buiatria, out. 2005. PESSOA, E. Carbúnculo Sintomático. Informático Cauda, http://www.camda.com.br/jornal/pdf/2007_05/08.pdf maio 2007, acesso em 18 de agosto de 2008. STERNE, M.; BATTY, I. Pathogenic clostridia. London: Butterworths, 1975. 144p. VARGAS, A.C; “Carbúnculo Sintomático”. UFSM: Revista Cultivar Bovinos, junho de 2005, n.19

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Wagner Mitsuo Nagao de Abreu

Médico Veterinário - Consultor Técnico Elanco

Compostagem: alternativa para o free-stall e mais conforto para as vacas

N

o Brasil, sempre que se discutiu pecuária leiteira de alta eficiência, os principais assuntos abordados são nutrição e melhoramento genético. Entretanto, nos últimos três anos se passou a discutir um novo tópico: Estresse Térmico, como evitar que as vacas, sob influência do calor tropical brasileiro, percam produção. Porém o combate ao estresse térmico é parte de um assunto muito maior e que tem ganhado os holofotes: CONFORTO. A fase mais delicada na vida de uma vaca é o período de transição, que se convencionou tratar das três semanas antes e das três semanas após o parto, entretanto tudo o que acontece com este animal, do

Compostagem: alternativa para o free-stall e mais conforto para as vacas

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momento da sua secagem, passando pelo parto e até os primeiros 30 dias de lactação influenciam tremendamente a sua vida produtiva, por isso hoje chamamos o período de transição de 90 DIAS VITAIS. Este é o período que a vaca passa por grandes mudanças metabólicas e fisiológicas. Ela se transforma de um animal gestante e não lactante em um animal não gestante lactante. Esta transição quase sempre é uma experiência difícil para as vacas leiteiras (GOFF; HORST, 1997). O período de transição do ciclo lactacional das vacas leiteiras de alta produção é sem dúvida a fase mais importante, pois é o momento em que a produção leiteira, a reprodução e a homeos-


tase podem influenciar diretamente o retorno financeiro da atividade leiteira. A maioria dos distúrbios na produção de leite ocorre no período de transição (GOFF; HORST, 1997). Na tabela 01 estão as principais doenças que acometem as vacas neste período. Os problemas mais comuns enfrentados durante o período de transição são: baixo pico de lactação, excessiva perda de condição corporal, baixa fertilidade, cetose, acidose ruminal e deslocamento TABELA 01 – Média e amplitude de incidência de algumas doenças vacas leiteiras de alta produção no periparto.

FONTE: Adaptado de DRACKLEY, 1999.

de abomaso, o que resulta em altos gastos com assistência veterinária e altos índices de descarte involuntário levando ao aumento do custo por litro de leite produzido. Aproximadamente, 25% das vacas que deixam os seus rebanhos, o fazem nos primeiros 60 dias de lactação e uma porcentagem desconhecida de vacas são descartadas por problemas decorrentes do período de transição (CONTRERAS; RYAN; OVERTON, 2004, p. 517). Durante o período de transição ocorre uma série de mudanças metabólicas no organismo das vacas leiteiras, algumas dessas mudanças devem ser reprimidas e outras devem ser fortalecidas. As vacas de leite sofrem um tremendo desafio para se adaptarem às mudanças homeorréticas que ocorrem durante o período peri-parto (BELL, 1996, p. 150). Estimativas de demanda por glicose, aminoácidos, ácidos graxos e energia líquida do útero gravídico aos 250 dias de gestação e da glândula mamária aos quatro dias após o parto indicam aproximadamente um aumento de três vezes na demanda por glicose, o dobro da demanda por aminoácidos enquanto a demanda por ácidos graxos aumenta cinco vezes (BELL, 1995). Hoje sabemos que tudo o que fazemos com a vaca desde o momento da sua secagem até o parto tem grande influência nos primeiros 30 dias de lactação. Por isso está se convencionando chamar o período de transição de 90 DIAS VITAIS. Dentre as principais doenças que acometem as vacas nesta fase: cetose, deslocamento de abomaso à esquerda, metrite e ovário cístico são causados primariamente por balanço energético negativo (BEN) e mastite,

metrite e retenção de placenta são causadas por depressão do sistema imunológico. É extremamente importante ressaltar que todas as vacas neste período vão passar por BEN e pela depressão do sistema imunológico. A duração, a intensidade e a capacidade da vaca se adaptar a eles é que vão determinar o surgimento destas doenças metabólicas. Para diminuir a incidência destas doenças lançamos mão de algumas estratégias de manejo. Balanceamos uma dieta própria para estes animais, garantique acometem mos o consumo adequado desta dieta e fornecemos o máximo de conforto para as vacas mais necessitadas do rebanho. A primeira coisa que vem à cabeça quando pensamos em conforto de vacas leiteiras são as instalações. Barracões mal projetados, com problemas de ventilação e superlotados fazem mais mal do que bem. Dentre os diversos tipos de acomodações para vacas que se encontram nos 90 Dias Vitais o que mais frequentemente encontramos é o sistema de pastoreio com suplementação no cocho, ou seja, elas não têm um alojamento adequado e na maioria das vezes são esquecidas nos piquetes mais afastados da propriedade. Hoje em dia, alguns produtores já se deram conta que é preciso investir nestes animais e estão construindo instalações próprias para este grupo, desde piquetes com boas áreas sombreadas até mesmo free-stalls. Um sistema bem pouco comum no Brasil, mas que já vem sendo usado há mais de seis anos nos Estados Unidos é o Barracão com Cama de Compostagem. Neste tipo de instalação não há divisórias nas camas. As vacas ficam soltas dentro do barracão (loose house) sobre uma cama de matéria orgânica que é revirada pelo menos duas vezes por dia. Os materiais mais usados nestas camas são a mara-

Figura 2: vacas confortavelmente alojadas em barracão de compostagem.

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valha, a palha de trigo e a serragem. Neste sistema o esterco, a urina e cama vão sofrer um processo de fermentação aeróbica, isto eleva a temperatura da cama para 40 a 50°C, eliminando a maior parte das bactérias. O processo de revirar a cama serve para fornecer oxigênio para o processo de fermentação bem como ajudar no resfriamento da mesma. A cama deve ser revirada a uma profundidade de 20 a 25 cm. A cada 7 a 10 dias uma nova camada de palha ou maravalha deve ser adicionada para manter a umidade baixa e manter o processo de fermentação ativo.

Figura 4: As medidas do barracão de compostagem são as mesmas de um free-stall, o que possibilita transformar um no outro.

Figura 3: Em climas frios há a tendência da cama se acumular nos meses mais frios, o que não acontece no clima tropical brasileiro.

O barracão deve ser projetado para maximizar a ventilação natural. O pé-direito deve ter entre 4,5 a 5 metros de altura com caimento de 3 para 1 (para cada 3 metros de largura ele deve subir 1 metro) e ter a cumeeira aberta. Mesmo assim é necessária a instalação de ventiladores sobre a área de cama e aspersão sobre a linha de cocho, para garantir o conforto térmico nos meses de verão. Segundo artigo de Endres e Janni da Universidade de Minnesota, somente 7,8% das vacas estabuladas em cama de compostagem apresentaram sinais de claudicação (escore de locomoção igual ou superior a 3) enquanto em vacas em free-stall este índice chegou a 24,6% (Espejo ET AL, 2006) e 27,8% (Cook ET al, 2003). Vacas alojadas em cama de compostagem apresentaram três vezes menos lesão de jarrete do que aquelas alojadas em free-stall e aquelas que vieram do free-stall com lesão de jarrete apresentaram melhora significativa quando alojadas no novo sistema. (Weary and Taszkun, 2000). Em relação à saúde do úbere, quando comparamos os barracões de compostagem com o freestall tradicional, vacas em lactação alojadas neste sistema tiveram um aumento significativo na produ-

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ção de leite, em torno de 954 kg de leite. É importante lembrar que outras mudanças de manejo também foram feitas e que provavelmente também contribuíram para este aumento de produção. Adicionalmente 57% das propriedades acompanhadas pela Universidade de Minnesota relataram aumento na taxa de detecção de cio (36,9% para 41,5%) e 71% reportaram aumento na taxa de prenhes (13,2% para 16,5%). Em relação à qualidade de leite, 67% rebanhos reportaram redução na taxa de mastite (definido como a porcentagem de vacas com contagem de células somáticas acima de 200.000). De maneira geral um nível muito baixo de patógenos contagiosos foi encontrado no leite do tanque. Este é um sistema que está começando a ser implantando em algumas fazendas no Brasil e já há vários produtores interessados em investir em barracões de compostagem para oferecer mais conforto para as suas vacas. Caso haja o interesse, observar os pontos-chave para o sucesso, descritos abaixo: Pontos-chave para o Sucesso • Fornecer de 7,5 a 8 m2 de cama/vaca para vacas em lactação e 14m2 para vacas no pré-parto. • Aerar a cama no mínimo 2 vezes por dia a uma profundidade de 20 a 25 cm. • Adicionar mais cama assim que o pelo das vacas começar a ficar úmido (umidade da cama entre 40 e 65%) • Favorecer a ventilação do barracão para não acumular muita umidade na cama. • Posicione os bebedouros longe da cama para evitar formação de áreas muito úmidas. • É recomendável flambar o úbere das vacas para que elas não carreiem cama para a ordenha. • Para vacas em lactação o preparo do úbere antes da ordenha deve ser perfeito.


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Renato Palma Nogueira

T

odos sabem que a lactação é a consequência natural de um parto, que ocorre, obviamente, cerca de nove meses depois de se conseguir vencer uma das mais difíceis batalhas da pecuária de leite moderna: a prenhez! A prenhez em tempo adequado nos permite incrementar a produção e a eficiência do rebanho leiteiro e aumentar assim sua lucratividade. E é disso que pretendemos tratar neste artigo. É inegável a importância que a eficiência reprodutiva exerce na produtividade e lucratividade de um rebanho. Mike Hutjens, extensionista da Universidade de Illinois, em um dos mais importantes artigos técnicos escritos após a crise na pecuária leiteira americana em 2009, sobre as lições que poderiam ser colhidas com as decisões técnicas desesperadas que são tomadas em momentos de crise, buscou dados de Wisconsin e demonstrou um custo de US$ 2,00 por vaca, a cada dia excedente a 120 dias em aberto (dias em aberto = tempo médio que vai do parto à nova concepção), sendo que este valor salta para US$ 8,00 após 180 dias em aberto. Reprodução e lucratividade Usando uma das ferramentas de gestão do Portfólio de Serviços Nutron, faremos aqui uma rápida simulação de duas situações comuns de como

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Zootecnista e consultor técnico em bovinos de leite da Nutron Alimentos

Eduardo Valias Vargas

Médico veterinário e gerente nacional de negócio bovino leite da Nutron Alimentos

Giuliano Pavani Campos

Zootecnista e gerente de ruminantes América Latina Nutron/Provimi

a reprodução pode impactar tremendamente o desempenho de um rebanho. Para isso, utilizaremos o DEL (Dias em lactação), para mostrar com este índice altera significativamente a distribuição de animais nos lotes de produção, mesmo sem modificarmos os níveis de produção por lote. Imagine um rebanho (fictício) de 160 vacas em confinamento total, divididas em 4 lotes de produção: 2 lotes de alta produção (DEL até 200 dias) e 2 lotes de baixa produção (DEL maior que 200 dias). Fixaremos o preço recebido pelo litro de leite em R$ 0,95. Situação 1: Distribuição de 25% das vacas em cada um dos lotes. Situação 2: Por efeito de melhor eficiência reprodutiva (menor taxa de dias em aberto), o DEL médio foi menor, ou seja, tivemos a oportunidade de trabalhar com maior número de vacas nos lotes de maior eficiência de produção, de alta produção. Consideramos nas duas simulações um pre-

Jadir Bison

Nova tecnologia ajuda a combater efeitos do estresse térmico


ço atualizado de alimentação (por lote de produção) e assumimos um custo fixo fictício* (que não varia pelo nível de produção do rebanho) de R$10,00 por vaca por dia. • Todos os custos que não sejam referentes ao custo de alimentação total da vaca em lactação, tais como manutenção de camas, instalações, recria, bezerras em aleitamento, período seco, ordenha, assistência técnica, resfriamento leite, detergentes, medicamentos, mão-de-obra, etc. Situação 1. 25% das vacas em cada lote de produção. Desta maneira teremos um Dias Médio em Lactação do rebanho (DEL) de 215 dias. Resumo da situação 1. Na tabela abaixo apresentamos a pro-

dução total da fazenda no mês, a produção média no mês, os dias médios em lactação, gordura do leite do rebanho, produção corrigida para 150 dias, custo médio da alimentação do rebanho (por vaca por dia e por litro de leite) e custo total por litro de leite (assumindo, hipoteticamente, que todos os outros custos neste rebanho confinado serão R$10,0 por vaca em lactação). Situação 2. Ganho de 18,75 dias no DEL. Isto significa doar 10 vacas do lote 3 e 4 para os lotes 1 e 2. Não aumentamos a eficiência dentro dos lotes, apenas atuamos reduzindo o DEL médio do rebanho, o que nos permite ter mais vacas nos lotes de alta produção. Resumo da situação 2: Apresentamos os mesmos dados da simulação anterior, ou seja, a produção total da fazenda no mês, a produção média no mês, os dias médios em lactação, gordura do leite do rebanho, produção corrigida para 150 dias, custo médio da ali-

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mentação do rebanho (por vaca por dia e por litro de leite) e custo total por litro de leite (assumindo, hipoteticamente, que todos os outros custos neste rebanho confinado serão R$10,0 por vaca em lactação) Impacto na redução de 18,75 dias nos dias médios em lactação destas 160 vacas O “simples” fato de reduzirmos o DEL médio do rebanho de 160 vacas implicou em “transferirmos” 20 vacas dos lotes de baixa produção para os lotes de alta produção e os resultados no fluxo de caixa da fazenda podem ser vistos com clareza na tabela abaixo. A produção de leite aumentou quase 2 kg/vaca/dia, o custo por litro de leite reduziu em R$0,03 vaca/dia e isto permitiu um aumento de 14,8% na lucratividade para a situação 2 em relação à situação1. Apenas diminuímos 18,75 dias nos dias médios em lactação. Diminuição da fertilidade em bovinos de lei-

te: um desafio global Nos Estados Unidos da América, a taxa de concepção ao primeiro serviço tem declinado 0,45% ao ano desde 1979. Na Inglaterra a queda se aproxima de 1% ao ano. Na Holanda a reprodução caiu de 55,5% para 45,5% em um período de 10 anos. Na Irlanda, a taxa de concepção que era de 1.54 em 1990 foi para 1.75 em uma década. Na Espanha 4,6% de aumento na inatividade do ovário de 1991 para 2000. (Fonte: James Spain no Seminário Internacional Nutron no Agroleite 2009). Estes dados têm demandado esforços ilimitados ao redor do mundo, na busca constante por vencer o desafio reprodutivo em vacas leiteiras, especialmente em períodos de estresse térmico. Reprodução e estresse térmico “Um aumento de 0,5 ºCelsius na temperatura retal de uma vaca leiteira causa um declínio de 12,8% na taxa de concepção”. (Gwazdauska et al, Journal of Dairy Science 56:873)

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Se considerarmos a taxa de concepção dos rebanhos leiteiros, sabemos que este índice cai pela metade, ou até menos, se compararmos os períodos sem e com estresse térmico afetando as vacas. É um grande e limitante gargalo para a eficiência do sistema de produção de leite. Com baixa concepção, o rebanho tem o DEL aumentado e a eficiência diminuída, como já demonstramos nas simulações que fizemos. Parafraseando um famoso ex-presidente da república, o verão nos gera para o ano uma “herança maldita” que afeta todos os índices produtivos do rebanho. E dessa “herança maldita”, o maior desafio, repetimos, é lidar com a queda drástica que ocorre na reprodução das vacas leiteiras devido ao consistente aumento da temperatura retal das vacas, fruto de uma combinação entre temperatura e unidade, que ocorre principalmente no verão. ICE: uma nova tecnologia para vacas em estresse térmico


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A Provimi, uma das maiores empresas de nutrição animal do mundo, a qual pertence à Nutron, através de sua plataforma global de inovação, o Feed Solutions, disponibiliza à pecuária de leite do Brasil um conceito já validado nos Estados Unidos e Europa. Trata-se de um aditivo alimentar que auxilia a vaca a dissipar calor, reduzindo assim a ação negativa do estresse térmico. Esta melhor eficiência é comprovada em dados comparativos que mensuraram a temperatura retal do lote tratado comparado com o lote controle segundo tabelas abaixo (DADOS AINDA NÃO PUBLICADOS), mas que se referem a experimento conduzido no Brasil, e que valida os dados americanos e europeus, obtidos pela PROVIMI.

Esquema de atuação do ICE Na figura da esquerda, a célula sob estresse térmico perde água para o meio. Já na figura da direita, com adição do osmorregulador ICE é possível manter a célula hidratada e preservar a integridade de proteínas celulares durante períodos de elevadas temperaturas, o que resultará em uma melhor eficiência em dissipar calor, diminuindo consistentemente a severidade do estresse térmico nos animais, medido experimentalmente por diminuição da temperatura retal em períodos críticos do ano, de elevadas temperaturas e umidades.

Site do ICE nos USA com trabalho do JAS publicado na forma de resumo em 2009

O que é o I.C.E.? Internal Cooling Elements O ICE é um osmorregulador, que ajuda a reduzir a severidade do aumento da temperatura corporal, pela manutenção da hidratação das células das vacas leiteiras sob efeito de estresse térmico. ICE é indicado principalmente para se obter uma melhora no desempenho reprodutiva de vacas leiteiras em estresse térmico. Importante aqui ressaltar o efeito do estresse térmico no metabolismo da água e recomendar o bom manejo deste “precioso líquido” para as vacas, lembrando sempre que a água é o maior constituinte do leite.

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RESULTADOS OBTIDOS Melhora consistente da reprodução de vacas leiteiras sob estresse térmico, maior teor de gordura do leite e maior saúde das vacas no final do período de verão. NOTAS IMPORTANTES O verão é com certeza o maior problema no Brasil para manutenção de bons índices econômicos e zootécnicos em nossos rebanhos. Todas as ações básicas e conhecidas para amenizar o estresse térmico são recomendadas e o ICE não exclui todas as prioridades conhecidas ao combate do estresse térmico. Dentre elas ressaltamos sombra e água de qualidade para os animais (o consumo de água deve dobrar no verão).


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Leandro de Carvalho Paiva Superintendente do SRGRG

COLOSTRO Informações importantes! PTA leite de vacas Girolando Já se encontram disponíveis no portal Web Girolando as avaliações genéticas para produção de leite (PTA – Capacidade Prevista de Transmissão) das vacas que participam do controle leiteiro oficial. Com estes dados os criadores passam a contar com mais uma informação para realizarem a seleção de suas matrizes. A disponibilização destas informações faz parte da implantação da primeira etapa do módulo de provas zootécnicas (controle leiteiro e teste de progênie) na Web Girolando. Apenas os proprietários dos animais têm acesso às informações de seu plantel. Os criadores que ainda não utilizam a Web Girolando e desejam obter as avaliações genéticas de seus animais deverão entrar em contato com a Girolando e fazer a solicitação junto ao Departamento de Provas Zootécnicas. Para entender um pouco mais sobre as avaliações genéticas e saber como utilizar e interpretar estas informações consulte o Sumário de Touros Girolando ou entre em contato com a Associação. Anotações de campo (obrigatório) Estamos orientando a todos os criadores para aperfeiçoarem cada vez mais os cadernos e anotações de campo de suas fazendas. Estas informações são

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de extrema importância para que possamos corrigir possíveis falhas, erros, enganos ou conferir os dados dos animais na origem. Algumas pendências e solicitações de correção somente poderão ser baixadas e realizadas mediante apresentação de cópia das anotações de campo (cobrição e nascimento). A anotação e arquivamento dos documentos de campo são obrigatórios para todos os rebanhos, conforme orientações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). As anotações de campo devem ser feitas manualmente pelo responsável da execução ou da observação do evento ou da atividade realizada (inseminação, cobrição, nascimento, etc.), as quais poderão ser transferidas para planilhas e relatórios eletrônicos, desde que feitos na origem. Zoneamento dos atendimentos técnicos Como já divulgado anteriormente, estamos iniciando o zoneamento dos atendimentos técnicos da Girolando. Inicialmente, o zoneamento irá atender os Estados das regiões Nordeste, Norte, Centro-Oeste e Sul do Brasil. O zoneamento da região Sudeste está previsto para o 2º semestre de 2013. Para que o criador possa ser atendido pela modalidade de zoneamento é de fundamental importância que suas comunicações estejam em dia e que as pendências sejam resolvidas com antecedência. Os criadores que não desejarem aderir ao zoneamento deverão agendar o atendimento diretamente com o técnico


de sua preferência. Será enviado aos criadores de cada rota de atendimento uma carta explicativa e uma solicitação de atendimento, que deverá ser respondida e devolvida à Girolando para que o material possa ser liberado ao técnico. Arquivo permanente de DNA de reprodutores de monta natural e de matrizes doadoras de embriões Todo reprodutor utilizado em monta natural ou submetido à coleta particular de sêmen para utilização no rebanho de seu proprietário, deverá possuir arquivo permanente de DNA, para que possa ser utilizado em eventuais casos de verificação de parentesco de seus descendentes. Esta mesma regra vale para as matrizes doadoras de embriões que são submetidas aos procedimentos de FIV ou TE, pois é obrigatória a verificação de parentesco de seus descendentes, com qualificação de pai e mãe. Desta forma, pedimos aos criadores que providenciem a tempo os arquivos permanentes de DNA destes animais, para que possamos evitar transtornos futuros e cumprir as normas previstas no regulamento do Serviço de Registro Genealógico da Raça Girolando.

100% dos rebanhos já possuem os bottons de identificação animal da Girolando Já foram solicitados junto à empresa fornecedora os bottons de identificação animal de todos os rebanhos que providenciaram o cadastro da Série Única (03 ou 04 letras) junto à Girolando. Os rebanhos que ainda não providenciaram o cadastro da Série Única somente poderão receber atendimento técnico para CGN/RGN após o cadastro da sequência de letras. Vale lembrar de que somente os animais que tiveram o nascimento comunicado à Girolando, ou seja, foram informados nas CDNs, deverão ser identificados pelos criadores através dos bottons. Auditorias no controle leiteiro oficial Em 2013 serão intensificadas as auditorias nos rebanhos participantes do Serviço de Controle Leiteiro da Girolando, com o objetivo de averiguar a qualidade das informações de produção dos animais e orientar criadores e técnicos quanto aos procedimentos corretos para realização do controle leiteiro, bem como combater a prática do controle leiteiro seletivo e do tratamento preferencial, que podem influenciar negativamente no desempenho dos rebanhos. As au-

ditorias serão realizadas pelos técnicos do PMGG em aproximadamente 80 rebanhos de todo o Brasil. Auditorias do Serviço de Registro Genealógico da Raça Girolando Serão iniciadas, também em 2013, as auditorias nos rebanhos inscritos no Serviço de Registro Genealógico da Raça Girolando. Durante as auditorias serão realizadas atividades como: verificação das anotações campo, verificação das identificações dos animais, coleta de material para verificação de parentesco (DNA), consultas à documentação complementar do rebanho, além de outras atividades pertinentes ao serviço de registro genealógico. De acordo com as determinações do Mapa, deverão ser auditados no mínimo 5% dos rebanhos ativos que realizam o controle ou registro genealógico de nascimento. Transferência consignada de animais Encontra-se disponível, desde outubro de 2012, a autorização de transferência consignada de animais (ADT-C). Este serviço está disponível tanto pela Web Girolando quanto em formulário impresso. A ADT-C pode ser realizada por qualquer criador, desde que respeitadas as normas estabelecidas no regulamento do SRGRG. Com a transferência consignada, o vendedor tem a segurança de transferir definitivamente um animal somente após o prazo final estipulado por ele para o pagamento. Durante o período de consignação o comprador poderá usufruir do animal normalmente, podendo participar de exposições, leilões e fazer comunicações. Porém, o animal poderá ser transferido para outro criador somente quando for disponibilizada a ADT definitiva, pelo vendedor. Exames de DNA Como já é do conhecimento de todos, os animais escolhidos aleatoriamente pela Girolando para realização de exame de DNA, deverão ter seu material para análise coletado por um técnico da Girolando. Este material será enviado pela Girolando para o laboratório que o criador determinar, desde que seja devidamente credenciado pelo Mapa. Caso o criador não informe ao técnico qual o laboratório de sua preferência, a Girolando irá enviar o material para o laboratório de sua escolha, sendo todas as despesas com os exames pagas pelo criador. Para mais informações entre em contato com a Girolando.

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Gestão 2011 – 2013

Registros - 2012 RGD: RGN: RF: Total:

ção das contas da entidade, referentes ao ano passado. O edital de convocação dos associados será publicado no site (www.girolando.com.br) e nos dois jornais diários da cidade de Uberaba.

64.527 28.506 3.264 96.297

Divulgação

Convênio No dia 22 de fevereiro, a Girolando firmou parceria com o Governo de Minas Gerais para viabilizar a ampliação do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG). Assinaram o convênio o presidente da entidade, José Donato Dias Filho; o coordenador Operacional do PMGG, Marcello Cembranelli; o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, Narcio Rodrigues; e a assistente de Projeto Estruturador do APL de Biotecnologia da secretaria, Regina Maria Fernandes. O convênio prevê a doação através da secretaria (Sectes), por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), de três carros, que serão usados para distribuição das doses de sêmen dos touros inscritos no Teste de Progênie. Com isso, o PMGG passa a contar com cinco veículos e tem como meta a distribuição de 12 mil doses para rebanhos colaboradores em todo o país.

Assembleia geral Será realizada no dia 15 de março, na sede da Girolando, em Uberaba (MG), Assembleia Geral para apresentação do relatório da gestão 2012 e aprova-

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Capacitação nos ETRs Em 2013, os associados e seus colaboradores poderão aprimorar seus conhecimentos sobre o sistema Web Girolando. A Diretoria promoverá encontros nas cidades que sediam Escritórios Técnicos Regionais da entidade para capacitar criadores e profissionais responsáveis pelos serviços de escrituração zootécnica das fazendas. Durante os encontros, será informada a maneira correta de operar as ferramentas de comunicações on line do Portal Web Girolando. Assim que for definido, o calendário dos encontros será divulgado no site da Associação. Novidades do Sistema Web Uma nova versão do Sistema Web Girolando foi disponibilizada neste ano para os criadores. Uma das novidades é a possibilidade de acessar relatórios de avaliação genética do Controle Leiteiro e a lista TOP 20, contendo touros e vacas mais utilizados na propriedade. O criador também pode cadastrar outras pessoas para operar o Sistema Web, informando em qual parte do sistema o acesso será permitido. Com isso, é possível evitar que pessoas não autorizadas acessem os dados da fazenda. Todas as páginas do sistema possuem vídeos explicativos sobre como operá-las. Reforma da sede Com o intuito de melhorar os serviços prestados aos associados e colaboradores, a sede da Girolando, em Uberaba (MG), está sendo reformada. As obras foram iniciadas durante as férias e já estão em fase de conclusão. Elas incluem a construção de novos banheiros, reforma da área de recepção com espaço adequado para o atendimento aos associados e modernização da cozinha, dentre outras mudanças.


Parceiros Master As ações de divulgação da raça Girolando em 2013 foram debatidas no dia 4 de fevereiro, na sede da Girolando, em Uberaba (MG). A reunião foi conduzida pelo vice-presidente da Girolando, Jonadan Ma, e contou com a presença de representantes das empresas que atuam como Parceiros Master da Girolando, do coordenador Operacional do PMGG, Marcelo Cembranelli, e da assessora de Marketing da Associação, Consuelo Mansur. Foram definidas ações de marketing para as principais exposições da raça em 2013, entre elas a Megaleite, e para o Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando. Os Parceiros Master da Girolando em 2013 são: Nutron, Forcegen, Elanco, Semex, MSD Saúde Animal, CRV Lagoa, Real H, ABS Pecplan, Alta Genetics, C.R.I. Genética.

renças morfológicas entre os graus de sangue para a formação da raça Girolando. Rio Grande do Sul Com produção anual superior a 10 bilhões de litros de leite no país, a Região Sul está ampliando o rebanho de animais registrados da raça Girolando para garantir boa produtividade mesmo em regiões de clima mais quente. Em março, o superintendente Técnico da Girolando, Leandro Paiva, estará no Rio Grande do Sul para efetuar o registro genealógico de diversos bovinos, entre os dias 10 e 13. Ele também ministrará palestra com o tema “Girolando – Produtividade e Versatilidade a Toda Prova”. O evento será realizado no dia 9 de março, na Agropecuária Fortaleza (de propriedade do criador Carlos Jacob Wallauer), localizada na cidade de Triunfo. Divulgação O superintendente Técnico da Girolando, Leandro Paiva, ministrou palestra com o tema “Panorama da raça Girolando no Brasil” durante a 6ª Convenção Nacional de Vendas da Semex, no dia 30 de janeiro, na cidade de Blumenau (SC).

Palestra A Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (Famev/UFU) ofereceu a palestra “Melhoramento genético da raça Girolando” no dia 5 de fevereiro. Atividade foi direcionada aos alunos da disciplina Bovinocultura de Leite, ministrada pelo professor Maurício Scoton Igarasi, da Famev, com participação aberta a todos que se interessassem pelo tema. A palestra foi realizada pelo coordenador operacional do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando, Marcelo Cembranelli, que falou sobre: a formação da raça Girolando, o histórico da Associação, o registro genealógico, o crescimento da raça, o Programa de Melhoramento Genético e os desafios da pecuária leiteira. Também foi feita uma dinâmica com os participantes, mostrando os padrões raciais e as dife-

No ar A Girolando foi destaque no canal Terraviva. O jornalista Sidnei Maschio entrevistou o presidente da entidade, José Donato Dias Filho; o diretor Eugênio Deliberato, e o conselheiro estadual em São Paulo, Pedro Luiz Dias durante o programa “Entidades no Ar”. Eles falaram sobre o trabalho da Associação em prol do crescimento da raça. O programa pode ser conferido no site do Terraviva, cujo link é www. tvterraviva.com.br/noticia.aspx.

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Tecnologia Monitoradas 24 horas por dia: assim são algumas vacas na Suíça, que receberam um sistema de última tecnologia, desenvolvido pela empresa Anemon. Um sensor é implantado na genitália do animal e mede temperatura e movimento. O resultado é enviado para outro sensor fixo no pescoço do animal e repassado via SMS ao celular do criador. O sistema ainda está em testes na Suíça e deve chegar ao mercado em 2013. Segundo o professor doutor José Carlos de Almeida Sabino Feo, diretor acadêmico do Instituto Qualittas e doutor em reprodução animal, o recurso deve reduzir custos e aprimorar a qualidade do processo. Ele afirma que a tecnologia pode ser uma grande parceira da Medicina, desde que não ultrapasse a barreira do exagero. Crédito rural O Banco do Brasil lançou em fevereiro linha de crédito para cobrir despesas complementares e inesperadas de produtores rurais. A linha de crédito rotativo BB Agronegócio Giro é movimentada por meio de contacorrente, com possibilidade de renovação automática. De acordo com a instituição, as taxas de juros variam de 1,15% a 2,36% ao ano e as liberações e amortizações ocorrem no mesmo dia em que requeridas pelo cliente. Segundo o BB, a nova linha atende à demanda dos produtores rurais por um crédito rotativo de curto prazo que possa ser acionado rapidamente. Investimentos O Brasil vai investir R$ 2,3 milhões até o próximo ano, para promover a exportação do leite nacional. A meta é exportar, até o final de 2014, mais de US$ 82 milhões de leite e derivados. Para alcançar o resultado, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Organização das Cooperativas Brasileiras

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(OCB) firmaram convênio que prevê a disponibilização de R$ 1,9 milhão por parte do Governo, enquanto a OCB arcará com R$ 372 mil. Após dois anos, poderão ser investidos novos valores. Por meio do convênio deverá ser concedido crédito subsidiado aos produtores para aquisição de 3.600 itens, como: tratores, ordenhadeiras e resfriadores. O crédito será disponibilizado dentro do Programa Pronaf Mais Alimentos, com cobrança de juros de 2% ao ano.

Avanços Estudo desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste nos Estados Unidos poderá ajudar os pecuaristas brasileiros a combater parasitas no rebanho bovino. A pesquisadora Lea Chapaval estuda formas de realizar o controle biológico de parasitas por meio de bactérias e insetos que se relacionam por simbiose, especialmente as bactérias do gênero Wolbachia. Esses organismos infectam alguns dos principais parasitas dos animais ruminantes, como a mosca-dos-chifres, a mosca-das-bicheiras e os carrapatos de bovinos. Os estudos devem levar à identificação, no futuro, de linhagens promissoras de Wolbachia para o controle de parasitas na pecuária e definir novas estratégias de controle integrado.


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10ª

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30 DE JUNHO A 7 DE JULHO

DE 2013

FÓRUM NACIONAL DE DEBATES

Parque Fernando Costa Uberaba | MG

Realização:

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Catálogo Leite Europeu 2013 O novo Catálogo Leite Europeu da ABS Pecplan, edição 2013, já está disponível para consulta no site da empresa: http://www.abspecplan.com.br/catalogos/le2013. A edição impressa traz 120 touros ao todo, sendo 47 novidades, 23 opções de genética com sêmen convencional e sexado, mais 24 sexados, 15 Judges Choice e seis genômicos. Uma grande novidade é que, desde dezembro de 2012, a ABS Pecplan mudou a maneira de avaliar a fertilidade dos touros. “Começamos a utilizar o Real World Data®, importante e exclusiva ferramenta de informações de touros Genus ABS, nos diferenciando ainda mais no mercado de Inseminação Artificial. Depois desta informação, muitas outras estão por vir”, afirmou o gerente de Produto Leite da ABS Pecplan, Klaus Hanser de Freitas. “A bateria de touros Girolando segue melhorando ano após ano, com touros direcionados para altas produções, ótima conformação e critérios de saúde, pois sabemos que estas características não podem ser critérios de seleção somente das raças Holandesa e Jersey. Nosso Girolando também deve ser selecionado para animais produtivos e mais longevos”, detalhou Freitas.

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Immunity+™ Por mais de uma década a Semex tem apoiado o estudo sobre a resposta imune, realizado pela Universidade de Gueph, no Canadá, sob a direção da Dra. Bonnie Mallard, BSc (AGR), MSc, PhD, professora de imunogenética, Departamento de Patobiologia. Esta pesquisa deu origem a um novo produto da Semex, chamado Immunity+™. Com herdabilidade comparável aos traços de produtividade, touros Semex com selo Immunity+ produzem animais com resposta imune maior contra infecções causadas por bactérias e vírus as quais o gado está exposto no dia a dia. Além disso, filhas de touros Immunity+ produzem colostro de melhor qualidade, com maior concentração de anticorpos, além de responderem melhor aos protocolos de vacinações. Para mais informações sobre a Semex, ou sobre os touros Immunity+ acesse www.semex.com.br ou entre em contato com o representante mais próximo. LacSync A Nutron Alimentos, buscando otimização da fermentação ruminal, lançou o LacSync. Segundo Geraldo Filgueiras, gerente de produtos da Nutron, o objetivo, ao lançar o produto, é oferecer uma solução para aumentar a produção de proteína microbiana no rúmen. “O Lacsync está focado na produção de proteína microbiana no rúmen porque esta é a proteína mais importante para a vaca. Representa 60% de toda a proteína utilizada pelo animal”. O produto é resultado da associação de biomassas protéicas, diferentes tipos de açúcares e sais cálcicos de ácidos graxos (gordura protegida de palma), proporcionando excelente desempenho em vacas leiteiras de alta produção. O segundo componente do LacSync, a Biomassa Protéica, possui alto teor de proteína, sendo fonte de proteína de alta qualidade para os microorganismos ruminais. Para finalizar a fórmula, está a gordura protegida de palma. Este ingrediente funciona como fonte de energia disponível para o animal. Como a gordura protegida não é degradada no rúmen, ela chega intacta ao intestino do animal, sendo absorvida por ele na forma de energia. Os resultados da utilização do LacSync são ganhos de 1,5 a 4 litros de leite por vaca/dia, dependendo da dieta e do potencial das vacas.


Novo catálogo de leite importado A Alta apresentou o novo catálogo de leite importado. Para este ano serão mais de 20 novos touros holandeses. “Os reprodutores da raça holandesa são a melhor indicação para a construção da raça Girolando, pela produção de leite, úbere e profundidade de corpo. Alguns touros merecem destaque: Haley; Triangle; Ceo; Sloan; Briar; Superb e Titleist”, enfatizaram os gerentes de Produto, Fábio Fogaça e Guilherme Marquez da Alta.

elas: morfologia, fertilidade, vida produtiva, proteína, células somáticas. O catálogo pode ser acessado pela internet, na página da Forcegen (http:// www.forcegen.com.br). Nova fábrica O presidente da Cooperativa Agropecuária Ltda. de Uberlândia (Calu), Cenyldes Moura Viera, assinou no Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi) protocolo de intenções para construção da nova fábrica da Cooperativa. O investimento previsto é da ordem de R$ 36 milhões e será direcionado para a construção, aquisição de máquinas, equipamentos e capital de giro. As obras da nova fábrica da Calu deverão ter início no primeiro semestre de 2013. O empreendimento levará a Cooperativa a triplicar sua capacidade de processamento de leite, de 100 mil litros/dia para 300 mil litros/dia, aumentando a capacidade de produção de manteiga, iogurtes e da indústria de queijo. O novo investimento também contempla a industrialização de doce de leite e de queijos finos.

Parceria internacional O Rehagro, instituição de ensino que atua na formação de profissionais no Agronegócio, acaba de fechar uma aliança com o laboratório americano Rock River, para lançar, no Brasil, o 3R LAB (Rehagro Rock River), um laboratório de análises de solo, forragem, água e dejetos. “Estamos trazendo para o Brasil uma empresa com 46 anos de experiência, certificada pelo governo americano”, informou Fábio Correa, diretor do Rehagro. “Entre os diferenciais do 3R LAB, destacam-se a agilidade em realizar as análises, a precisão nos resultados e o uso de referenciais internacionais”, finalizou Correa. O novo laboratório, com inauguração prevista para julho de 2013, irá trazer informações necessárias para aumentar a produtividade e eficiência do agropecuarista e minimizar o impacto ambiental da agricultura brasileira. Touros Holstein 2013 A Focergen lançou seu Catálogo de Touros Holstein 2013. É possível conferir informações sobre diversos reprodutores, incluindo a classificação dos cinco melhores em diversas características, dentre

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Depto. Técnico Depto. Financeiro / ADM / MKT

Cargo e/ou Setor

Email

Telefone

Leandro Paiva

Zootecnista - Superintendente Técnico do SRGRG

lpaiva@girolando.com.br

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Fernando Boaventura

Zootecnista - Técnico do SRGRG

fboaventura@girolando.com.br

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Gabriel Khoury

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Jesus Lopes Júnior

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Méd. Veterinário - Coord. Operacional do PMGG e DPZ

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Zootecnista - Técnico do PMGG e DPZ

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Zootecnista - Técnico do PMGG e DPZ (Juiz de Fora/MG)

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Eng. Agrônomo - Departamento de Exposições e Ranking

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Secretária da Presidência e Diretoria

dpeixoto@girolando.com.br / diretoria@girolando.com.br

(34) 3331-6000

Tassiana Giselle

Secretária da Superintendência Técnica e Colégio de Jurados

tsilva@girolando.com.br / djrg@girolando.com.br

(34) 3331-6000

Jean Carlos

Serviço de Controle Leiteiro

joliveira@girolando.com.br

(34) 3331-6000

Nivaldo Faria

Expedição de Certificados

nfaria@girolando.com.br

(34) 3331-6000

Luiz Fernando

Tecnologia da Informação

lmoura@girolando.com.br

(34) 3331-6000

Larissa Vieira

Assessora de Imprensa

imprensa@girolando.com.br

(34) 3331-6000

Consuelo Mansur

Comunicação e Marketing

cpereira@girolando.com.br / marketing@girolando.com.br

(34) 3331-6000

Camille Bilharinho

Ouvidoria

cbilharinho@girolando.com.br / ouvidoria@girolando.com.br (34) 3331-6000

ETR-BH (Belo Horizonte) Avenida Amazonas, 6020 – Parque da Gameleira – Belo Horizonte/MG – CEP 30510-000 Jesus Lopes Júnior

Coordenador Técnico

jlopes@girolando.com.br

(34) 9134-8666

André Junqueira

Zootecnista - Técnico do SRGRG

ajunqueira@girolando.com.br

(37) 9964-8872

Nilo do Valle

Zootecnista - Técnico do SRGRG

nvale@girolando.com.br

(31) 9954-7789

Gislaine Ribeiro

Secretária

etrbh@girolando.com.br

(31) 3334-5480

ETR-RJ/ES (Itaperuna) Avenida Presidente Dutra, 1099 – Cidade Nova – Itaperuna/RJ – CEP 28300-000 Fernando Boaventura

Coordenador Técnico

fboaventura@girolando.com.br

(34) 9248-0302

Érico Ribeiro

Zootecnista - Técnico do SRGRG

eribeiro@girolando.com.br

(28) 9939-1501

Lucas Facury

Zootecnista - Técnico do SRGRG

lfacury@girolando.com.br

(22) 9862-8480

Ariane Fernandes

Secretária

etrrj@girolando.com.br

(22) 3822-3255

ETR-SP (Jacareí) Av. Nove de Julho, 745 – Jardim Pereira do Amparo – CEP 12327-682

Escritórios Técnicos Regionais (ETRs)

Associação Brasileira dos Criadores de Girolando

Nome

Euclides Prata

Coordenador Técnico

eneto@girolando.com.br

(34) 9972-3965

Samuel Bastos

Zootecnista - Técnico do SRGRG

sbastos@girolando.com.br

(12) 8120-0879

Márcia Keli

Secretária

etr_jacarei@girolando.com.br

(12) 3959-7292

ETR-GO/DF (Goiânia) Rua 250, s/n – Sala 5 – Setor Nova Vila – Goiânia/GO – CEP 74653-200 Limírio Bizinotto

Coordenador Técnico

lbizinotto@girolando.com.br

(34) 9972-2820

Bruno Viana

Zootecnista - Técnico do SRGRG

bviana@girolando.com.br

(62) 8212-2984

Wanessa Silva

Secretária

etr_goiania@girolando.com.br

(62) 3203-5813

ETR-MS (Campo Grande) Rua Américo Carlos da Costa, 320 – Jardim América – Campo Grande/MS – CEP 79080-170 Juscelino Ferreira

Coordenador Técnico

jferreira@girolando.com.br

(34) 9978-2237

Dagmar Rezende

Médico Veterinário

drezende@girolando.com.br

(67) 9679-3440

Mariana Lacerda

Secretária

etr_campogrande@girolando.com.br

(67) 3342-9287

ETR-NE (Recife) Rua Costa Maia, 300 – Sala 114 – Cordeiro – Recife/PE – CEP 507011-360 Pétros Medeiros

Méd. Veterinário - Técnico do SRGRG

pmedeiros@girolando.com.br

(81) 9938-0070

Janaina Santos

Secretária

etr_recife@girolando.com.br

(81) 3032-3981

Telefone: (34) 3331-6000 Site: www.girolando.com.br E-mail: girolando@girolando.com.br

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