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O Coração de Jesus, o pão da vida

(Ir. Lúcia Mangolim, ASCJ)

Foi numa ceia, refeição, festa de despedida que Jesus pelo seu imenso amor por nós encontrou um jeito simples, humilde e profundo para conosco ficar. Sacramentalmente, transformou seu corpo e sangue em Eucaristia. Sim, quem ama sempre quer estar perto da pessoa amada e com a pessoa amada agradecer ao Pai do céu seu imenso amor redentor. Assim foi com Jesus!

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Na sua imensa misericórdia quis resgatar-nos do pecado, se fez um de nós e ensinou-nos a amar à maneira do verdadeiro amor, infinitamente. E de tal maneira amou-nos que, não bastando como Deus, descer ao mundo, humano como nós, fez do seu corpo e sangue, sua humana divindade, alimento para a vida eterna, Pão da Vida. Entregou-se na cruz por nós e se faz presente todos os dias nos altares como Pão que nos alimenta e sustenta na caminhada rumo ao céu, Pão da Vida!

Encontramos no capítulo 6 do Evangelho de São João a afirmação de Jesus: “Eu sou o pão da vida, aquele que vem a mim não terá fome” (6,35). Compreende-se neste versículo bíblico que Jesus é essencial para nossas vidas. Somente Ele nos sacia e nos dá a vida que perdura até a eternidade, porque Ele, Jesus, Pão dado em sacrifício é quem satisfaz o espírito e a ânsia do ser humano na busca de si mesmo e de sentido para sua existência. Jesus veio trazer o alimento para a alma humana. Ele é o pão sem o qual o ser humano não pode viver.

Jesus é humilde de Coração, o Pão de Deus, criador e fonte da Vida, Ele é o Pão da Vida Eterna que sacia todas as fomes. “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim já não terá fome e quem crê em mim jamais terá sede” (Jo 6,35). Nesta expressão de Jesus temos o primeiro pronunciamento de Jesus que evoca o nome divino revelado a Moisés em Êxodo 3,14 “Eu Sou” e nos fala da ação salvadora de Jesus entre os homens. Jesus é o pão da vida, ... a ressurreição e a vida ... (Bíblia Sagrada, Vozes, 1983, p.1281). Ele é o Pão da vida, proporciona a comunhão do nosso espírito com o Salvador e desta forma, cada vez que o cristão se aproxima do banquete eucarístico, dá um passo a mais para a comunhão eterna e definitiva com o Senhor.

Naquela ceia, refeição, festa de despedida, Jesus se dá sacramentalmente, o que no dia seguinte se realizará no sacrifício da cruz – Jesus morre. Morte gloriosa e fecunda, revelação do infinito amor divino pela humanidade que nos abraça misericordiosamente, revelando-nos o Coração do Pai, o sentido redentor da misericórdia e o dinamismo da esperança, pois ao dar-se em alimento, Pão da Vida, nos dá a vida eterna gratuitamente, perdoando-nos de modo infinito e definitivo. É a maior prova de amor de um Deus apaixonado pela sua criatura, dá a vida e a sustenta no caminho da Ressurreição, da Vida Nova e Eterna.

Na perspectiva do carisma de Madre Clélia, Jesus é o Pão da vida, o “prisioneiro do amor”. Assim, Madre Clélia exclama:

“Para permanecer conosco, para te tornares nosso alimento, te condenas como prisioneiro do amor, a morar num pequeno e, às vezes, miserável sacrário! Tu te deixas carregar livremente por sacerdotes, bons ou indignos, te deixa levar onde eles querem ...”

Assim, Madre Clélia considerava, maravilhada, o quanto Jesus se entregava livremente, descia de sua morada, para fazer-se pequeno e humilde nas mãos do sacerdote durante a consagração. No seu diário, encontramos mais uma vez o que ela escreve:

“Por que, ó meu Divino Salvador, quiseste esconder-te sob a aparência de um pedaço de pão? Esta aniquilação à qual te quiseste reduzir, na Eucaristia, ó Jesus, tem algo de maior, de mais profundo, de inconcebível para mim. Que exemplo de profunda humildade, tu me ofereces, meu Jesus!” (Diário de Madre Clélia Merloni – Mulher do Perdão, p. 48-49).

Madre Clélia nos ensina que Jesus Eucarístico sacia a fome de todos, é o alimento para todos, até para o mais miserável ser humano. Ela diz “Tu Jesus, és o meu alimento”. A única realidade que torna irmãos todos os homens, porque na comunhão ao Corpo e ao Sangue de Cristo, tudo é assimilado e repartido. Neste sentido, a Eucaristia é o alimento para todos, sem excluir ninguém, basta querer permanecer na amizade com Jesus. É comida do banquete nupcial, ao qual, todos são convidados. (Cf. Diário, p. 50).

Assim, o Coração de Jesus é o Pão da Vida, sustenta nossa caminhada neste mundo e caminha conosco para merecermos a vida eterna junto da Trindade Santa. É o plano amoroso da redenção concluído por Jesus e oferecido a todos os que querem com Ele ficar. O Coração de Jesus é o Pão da Vida. Busquemos Nele o alimento que faz sentido no agora de nossa existência e nos conduz para a vida eterna.