Manual de sobrevivência filosófico

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Manual de Sobrevivência Filosófico

Epicuro de Samos • Nietzsche

vida”, que questiona e recusa qualquer doutrina que drene a expansão das nossas energias. Mas Nietzsche não era filósofo de formação. Ele estudou nas Universidades de Bonn e Leipzig, tornando-se, em 1868, professor de filologia grega na Universidade de Basileia (Suíça). Em 1879, depois de ter um colapso nervoso, retirou-se da vida acadêmica e fez uma série de viagens pela Suíça, Itália e França. O cara padecia de dores de cabeça fortíssimas e mal aguentava a luminosidade. Viajava para lugares sossegados, onde podia se sustentar com sua magra pensão de professor aposentado por invalidez. Em 1889, sofreu uma crise de loucura da qual não se recuperou até a morte. A filosofia de Nietzsche não segue um sistema e é fragmentária, porque seu pensamento se desenvolveu em um sentido mais poético e crítico do que teórico e doutrinário. Ele até é chamado de “filósofo poeta” por causa do seu estilo. Nesses textos cáusticos ele detona os valores tradicionais e decadentes da cultura ocidental, o conservadorismo, a estreiteza da visão de mundo burguesa, o cristianismo. Tudo isso, para ele, estabelece uma forma de vida contrária à criatividade e à espontaneidade da natureza humana. Castra, enfim, nossa humanidade.

Trecho de Considerações Extemporâneas Neste texto, Nietzsche alerta contra aquilo que chamou de “caráter perigoso” da ciência, que vai produzir um trabalhador e um ser humano impessoal e sem autonomia. Hum… onde será que eu vi isso antes? Ah, aqui, na megacientífica pós-modernidade!

O juízo dos antigos filósofos gregos sobre o valor da existência diz tão mais do que um juízo moderno, porque eles

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