Manual de sobrevivência filosófico

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Hegel • Platão • Kant • Schiller

Beleza

— Então — ela disse —, deixe-me colocar a palavra “bem” no lugar do “belo”, e repita a pergunta mais uma vez: se aquele que ama ama o bem, então o que ele ama? — A posse do bem — disse eu. — E o que ganha aquele que possui o bem? — Felicidade — respondi. — Há menos dificuldade em responder a essa pergunta. (…) Há uma certa idade em que a natureza humana deseja a procriação — procriação que deve ser realizada na beleza e não na deformidade; e essa procriação é a união do homem e da mulher e é uma coisa divina; pois a concepção e a geração são um princípio imortal na criatura mortal, e naquilo que é desarmonioso elas nunca podem se realizar. Mas a deformidade está sempre em desarmonia com o divino e com o belo harmonioso. A beleza, então, é o destino, ou deusa do parto que preside o nascimento e, portanto, ao aproximar-se da beleza, o poder da concepção é propício, difuso e benigno, gera e dá frutos: à vista da fealdade franze a testa, contrai-se e experimenta um sentimento de dor, afasta-se e fenece, e não sem uma pontada abstém-se de conceber. E esta é a razão pela qual, quando a hora da concepção chega, e a fértil natureza está plena, há uma vibração e êxtase provocados pela beleza, que traz alívio à dor da labuta. (…)

Kant

Immanuel Kant (1724-1804) nasceu em Königsberg, atual Kaliningrado na Rússia, cidade onde passou toda a sua vida. É isso mesmo: o cara nunca saiu dessa cidade. O filósofo estudou, lecionou e chegou a ser reitor da Universidade de

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