Jornal Perspetiva - 1ª edição

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Impresso Especial 580/2004-DR/GT UFG Correios

Publicação do Curso de Relações Públicas da UFG N° 1/ 2° Semestre de 2008

Reitor ressalta importância das parcerias e da comunicação empresarial Pág. 4

Facomb sob nova direção

Empreendedorismo

RP’s em Destaque

Diretoria eleita para a Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb) revela diretrizes que conduzirão a nova gestão.

Saiba as consequências da crise mundial, na visão do titular da ACIEG, Pedro Bittar, que analisa ainda os problemas gerados por uma comunicação mal administrada.

Conheça o segredo daqueles que se formaram em Relações Públicas na UFG e hoje estão fazendo sucesso no mercado de trabalho.

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Nº 1/ 2º Semestre de 2008

ARTIGO

EDITORIAL

A necessidade da escolha

É

comum ouvirmos a frase “o quanto é difícil escolher uma profissão”. De fato é, pois, trata-se de uma escolha no presente que trará conseqüências no futuro. Fora os cursos tradicionais como medicina e direito, parece haver uma espécie de “moda” que orienta as escolhas. Na década dos oitenta os cursos da “moda” eram as engenharias, nos noventa, as áreas ligadas às ciências da computação, e hoje, há um crescimento exponencial na procura por cursos de comunicação. A principio, uma explicação racional para estas “modas”, seria a oferta e procura de trabalho, junto a ciclos econômicos neste último quarto de século. Contudo, em se tratando de comunicação, a experiência mostra que, é muito mais uma questão de vocação,

do que, uma escolha mercadológica. Assim, o segundo passo, é escolher a área da comunicação na qual se pretende atuar, e o terceiro, e talvez, o mais importante, a instituição que ira acolher e formar o futuro profissional. Para todos aqueles que escolheram a profissão de Relações Públicas para atuar dedicamos esta primeira edição, onde, queremos mostrar o espaço que se abre ao formando dentro das organizações, através de entrevistas com profissionais da área que atuam nos principais segmentos institucionais, como RP governamental, terceiro setor e responsabilidade social. Além disso, temos uma abordagem sobre os 30 anos do Curso de Relações Públicas na UFG - que serão comemorados em 2009 - entrevistas com a nova diretoria da Facomb, com o nosso Reitor, Edward Madureira Brasil, com o presidente da Acieg, Pedro Bittar, e da Acieg Jovem, Paulo Ricardo Valle, entre outros assuntos.

RP LEGISLATIVO

Senado: uma questão de imagem

E

m entrevista com Silvia Castanheira, uma das atuais Relações Públicas do Senado Federal, podemos constatar que atualmente o profissional de RP já encontrou o seu valor na esfera do Legislativo. Segundo Silvia, o departamento de RP do Senado se encarrega basicamente de duas funções: organizar os eventos da Casa e cuidar de sua imagem perante os públicos internos e externos. Diante destas funções que lhes são atribuídas, Silvia garante que o profissional de RP é o mais indicado para realizá-las, já que, por exemplo, os eventos que são realizados na Casa, vão muito além de simples encontros - eles, na maioria das vezes, são feitos para acordos políticos, tratados internacionais, etc. E não é qualquer um que é capaz de produzilos. No âmbito da imagem, a atuação do RP é muito valorizada pelos senadores, já que os políticos têm tido mais consciência de que os eleitores têm procurado se informar a respeito do que acontece dentro da Casa.

Medidas

Para isso o departamento de RP do Senado elaborou duas medidas que visam melhorar a imagem da Casa. Eles criaram o disquesenado, onde qualquer cidadão pode enviar sua pergunta ao seu senador e este mesmo irá lhe responder. A outra são as visitas institucionais, onde o público em geral visita a Casa e conhece o seu dia-a-dia. Na ocasião, é mostrado como funciona cada repartição e quais as funções do Senado. Os resultados obtidos têm sido significativos. Atualmente são cerca de 300 ligações diárias para o disque-senado. O feedback serve para avaliar a opinião pública a respeito do Senado, dos parlamentares e da performance da equipe que mantém a instituição.Silvia diz que ainda falta muito para que a profissão de RP seja devidamente reconhecida, até mesmo lá, no Senado, que, muitas vezes, encontra resistências por parte dos senadores à propostas elaboradas pelo departamento. Mas, mesmo assim, ela considera que a perspectiva para o futuro é boa, já que os políticos que estão adentrando à Casa, cada vez mais, se conscientizam do valor das RP’s. ■ (José Ricardo)

EXPEDIENTE UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - UFG Reitor: Edward Madureira Brasil Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia - FACOMB Diretor: Magno Medeiros Vice-diretora: Maria de Fátima Garbelini Coordenador do curso de RP: Prof. Rubén Dario Jimenez PUBLICAÇÃO DO CURSO DE RELAÇÕES PÚBLICAS -

Perspectiva

Endereço para correspondência: Caixa Postal: 131 Campus II – Samambaia rpufg@hotmail.com CEP : 74.001-970 – Goiânia-GO

Disciplinas: Produção de Texto Jornalístico II e Planejamento GráficoVisual Orientadoras: Profª. Divina Marques e Profª. Caroline Magalhães Projeto Gráfico: Profª. Caroline Magalhães Diagramação: alunos do 6º e 8º período, sob orientação da Profª Caroline Magalhães Editora Executiva: Profª. Divina Marques Editora: Lívia Marques Ferrari de Figueiredo Conselho Editorial: Prof. Ruben Dario, Profª. Divina Marques, Profª. Caroline Magalhães e Lívia Marques Ferrari Figueiredo. Redação: alunos da disciplina PTJII. Fotos:Lívia Marques, Divulgação, Arquivo Pessoal, ASCOM/UFG Impressão: Fonte Gráfica Tiragem: 1.000 exemplares

Constante mudança: única certeza no terceiro milênio

O

curso de Relações Públicas da UFG tem procurado se adaptar às necessidades e demandas da sociedade e do mercado regional e nacional. Tradicionalmente o mercado goiano esteve focado, principalmente, no agronegócio; contudo, com a instalação do porto seco em Anápolis, outros segmentos industrias, como o farmacêutico e as montadoras asiáticas, estão surgindo com força.Assim, para atender a esta nova realidade, mudamos o perfil do egresso, que hoje, é de um gestor em comunicação, capacitado para gerenciar processos comunicacionais tanto na iniciativa privada, como na pública, bem como no terceiro setor. Para isso, o aluno tem sido estimulado, ao longo de sua formação, a desenvolver três habilidades essenciais à gestão: habilidades conceituais - manifestada pela intuição, imaginação e criatividade; habilidades humanas - capacidade de entender e aceitar a diversidade e singularidade das pessoas, de usar os princípios de motivação adequados à cada indivíduo e grupo, desenvolvendo uma liderança eficaz; e habilidades técnicas - ser capaz de utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para a realização de tarefas específicas, por meio da experiência. O que se busca é desenvolver a capacidade de pensar, de definir situações organizacionais complexas, de diagnosticar e de propor soluções em cada um dos níveis da hierarquia institucional. Além de rever constantemente nosso projeto político pedagógico, conseguimos que em 2007 nosso Centro de Estudos em Pesquisas de Relações Públicas fosse um dos contemplados com recursos financeiros da Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás (FAPEG). Essa classificação nada mais é do que o reconhecimento ao novo perfil de gestão em comunicação que o curso vem adquirindo nos últimos anos e que foi reconhecido pelo Guia do Estudante com quatro estrelas - único assim classificado na área de comunicação em todo o Centro-Oeste. Para atender a produção de mídias institucionais, estamos montando o nosso próprio Laboratório de Relações Públicas (LARP), cujo objetivo principal é colocar nossos alunos frente às diferentes mídias em comunicação. Mas, transformar todos esses instrumentos em realidade dentro de uma instituição federal não é fácil: requer o apoio e esforço constante do corpo docente e alunos que são, certamente, o maior patrimônio de nossa escola. ■ (Prof. Rubén Darío)


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FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E BIBLIOTECONOMIA - UFG Foto: ASCOM/UFG

Entrevista

Novos rumos para Facomb Magno Medeiros e Maria de Fátima Garbelini foram eleitos para a diretoria com a chapa “Eqüidade, Integração e Transformação”. E anunciam as primeiras medidas durante essa gestão

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ela primeira vez, desde a criação da Facomb, dois candidatos disputaram o cargo de diretoria da unidade. O processo eleitoral que envolveu estudantes, professores e servidores técnico-administrativos, no último dia 23 de setembro, elegeu os professores, Magno Medeiros e Maria de Fátima Garbelini da chapa “Eqüidade, Integração e Transformação”. Eles tomaram posse no dia 03 de outubro. Doutor em Comunicação e Educação pela USP e professor da Facomb-UFG desde 1997, Magno Medeiros assessor de imprensa da UFG desde 2006, na gestão do reitor Edward Madureira Brasil, idealizador e editor-geral do “Jornal UFG” e do “Portal UFG”, foi o responsável pelo projeto de criação do Programa de Pós-Graduação da faculdade. Sua companheira de chapa professora Maria de Fátima Garbelini é doutora em Ciência da Informação pela Universidade de Murcia/Espanha e especialista em Comunicação Audiovisual pela Universidade Del Mar/Espanha, sendo professora do curso de Biblioteconomia desde 1995. Eles relatam durante a entrevista quais são as suas propostas, as medidas emergenciais e como será o futuro da Facomb com a implantação do REUNI.

Foto: Lívia Marques

Qual sua primeira ação a ser implantada como diretor da Facomb? M.M.:A emergência número um é a infra-estrutura. A gente tem que imediatamente resolver o problema da água potável, isso é urgentíssimo. Resolver o problema de alguns equipamentos quebrados que estão comprometendo o andamento das aulas. Ir atrás de mais servidores, porque o número de servidores que nós te-

N

Curso de RP tem novo docente

o segundo semestre de 2008 o curso de Relações Públicas da UFG realizou uma nova contratação de professor efetivo. Tiago Mainieri, que atua há 10 anos como professor universitário, traz novas perspectivas para o curso, como aumentar a visibilidade das relações públicas perante a universidade e a comunidade.

Foto: ASCOM/UFG

Prof. Magno Medeiros e Profª Maria de Fátima Garbelini: luta pela igualdade na Facomb

mos é muito pequeno principalmente na área de coordenação de curso. A secretaria das coordenações precisa de uma pessoa para garantir atendimento ao público, além disso ir atrás de umas coisas que estão pendentes. Por exemplo, alguns pedidos que foram encaminhados, em termos de equipamentos para o DMP(Departamento do Material e Patrimônio), se estão parados, estão parados por quê? Então essa questão burocrática tem que ser tratada de maneira emergencial. Fátima, como vice-diretora qual será sua função? F.: Atualmente, o que está no regimento, em parte, é a substituição nas cerimônias, ajudar nas decisões. Mas o professor Magno está pensando em propor no Conselho Diretor algumas atividades de apoio mais presentes na área pedagógica. M.M.: Nós pretendemos desenvolver uma administração colegiada. Todas as decisões administrativas vão ser discutidas com a vicedireção e com as coordenações de curso. Então a vice-diretora não vai ser uma figura decorativa, pois o tempo todos nós vamos estar dialogando. Isso significa que a vice-diretora vai ter um papel administrativo importante. De que maneira os alunos (DACOM) poderão participar ativamente da administração? M.M.: Nós pretendemos fazer reuniões periódicas com as coordenações de curso e também com o DACOM e o C.A. de Biblioteconomia. Eles vão estar dialogando sempre conosco. Nós vamos criar um canal de negociação permanente. Dependendo do assunto, podemos reunir coordenações de curso e representação estudantil na mesma mesa.

Sua administração será transparente? Caso seja sim, como você pretende fazer isso? M.M. : Totalmente transparente e para garantir a transparência, nós vamos criar o Mural da Transparência no site da Facomb. Nós damos as informações, por exemplo, o que nós temos de orçamento, de receita, quais os gastos que a gente fez. Vamos lançar tudo no site e quem quiser ver vai estar tudo lá. Com o REUNI o número de alunos vai aumentar ano que vem. A Facomb está preparada para receber essa quantidade maior de alunos? M.M. : Não está preparada. Esse, talvez, seja nosso maior desafio desse final de ano. Porque nós já estamos encerrando o semestre e temos pouco tempo para negociarmos com a reitoria o mínimo de infra-estrutura para garantir a chegada dos alunos. Nós vamos bater firme, vamos falar com o reitor que a nossa infra-estrutura é inadequada para receber mais 200 alunos. Nós queremos ampliar o espaço físico, queremos mais equipamentos, nós vamos precisar de mais professores e mais servidores. Sem isso não dá pra receber os alunos de maneira adequada. Imediatamente, aumentar o espaço físico não é possível, mas já podemos garantir mais professores e mais servidores. A médio prazo, é possível conseguir um outro prédio, uma ampliação estrutural. ■ (Cristiane Rodrigues, Janaina Eleutério e Samantha de Paula).

Tiago é graduado em Comunicação Social - habilitação em RP e mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com doutorado no exterior na University of Florida (EUA) e na Universidad Autonoma de Barcelona (Espanha). O novo professor acentua que o profissional de RP precisa estar atento às transformações tecnológicas no sentido de refletir as mudanças e impactos das novas tecnologias na consolidação dos relacionamentos entre as organizações e seus públicos. Muito mais do

que dominar as ferramentas e dispositivos tecnológicos, o profissional deve refletir as transformações decorrentes dessas tecnologias. Novas formas de relacionamento (comunidades virtuais, blogs, etc.) refletem na verdade uma nova lógica comunicacional de participação coletiva onde a velha fórmula emissor-receptor cai por terra. É preciso estar em sintonia com essas transformações, porém independente disso, cabe ao RP posicionar sua organização de maneira a consolidar um relacionamento transparente com os públicos estratégicos, seja por meio de dispositivos tecnológicos ou não. ■ (Lívia Marques Ferrari)


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REITORIA Foto: ASCOM/UFG

Edward reconhece o valor do trabalho de Relações Públicas

da expansão que está sendo preparada para a Universidade através de um projeto que leva em consideração os recursos aportados pelo REUNI. O mais importante – acentuou ele - é que esse crescimento não é apenas físico, mais de 700 novos professores serão contratados nos próximos anos através de concursos que já estão sendo viabilizados.

Política de parcerias

Reitor ressalta importância das parcerias e o papel da comunicação nas empresas Canteiro de obras na UFG é apenas o início da expansão programada para esta gestão

O

reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira Brasil, considera importante a aproximação entre o setor público e o setor privado, uma parceria que a UFG já vem fazendo através da Escola de Agronomia e outras unidades. “Mas – ressaltou ele – é preciso alguns cuidados, especialmente com a ética e com o patrimônio intelectual da universidade”. Além das parcerias, ele falou ao Perspectiva sobre a importância da comunicação empresarial. E declarou que as obras que estão sendo entregues agora, especialmente o Centro de Eventos, inaugurado em dezembro, são apenas o início

Conforme observou o Reitor, a parceria entre o setor público e o setor privado é uma diretriz dos atuais governos, que estimulam essa aproximação com o setor produtivo: “Eu vejo que a universidade não deve se furtar à aproximação com as empresas e o desenvolvimento de produtos”. Ao mesmo tempo, ressalvou que é preciso se cercar de todos os cuidados a fim de que seja preservado o patrimônio intelectual da instituição e do pesquisador. A questão ética também é essencial quanto ao rumo que as pesquisas tomam e isto significa manter o compromisso de não desenvolver tecnologias que possam contribuir para qualquer tipo de descaminho dentro da sociedade. Levando-se em conta essas reflexões, as parcerias são saudáveis. “Até porque – prosseguiu – eu entendo a universidade da forma mais plural possível. Ela tem que se relacionar com a sociedade como um todo. Mas sempre tomando o cuidado de não estar a serviço das empresas e de não ser objeto de exploração. Mantendo a autonomia sempre”. A experiência das parcerias já vem sendo desenvolvida pela UFG. Um exemplo é a Escola de Agronomia e Engenharia de alimentos, que forma com outras universidades uma rede denominada RIDESA – Rede interuniversitária para o desenvolvimento do setor sucro-alcooleiro. Conforme explicou o Reitor, essas unidades desenvolvem as variedades da cana que é plantada no Brasil, responsabilizando-se atualmente por 60% da produção - o que garante a autonomia brasileira no desenvolvi-

mento de genética para este tipo de cultura. “A gente não tem dependência em relação às multinacionais ou de quem quer que seja no que diz respeito à genética para a cultura da cana de açúcar”, disse o reitor. E acrescentou: “Por isso essas variedades estão cada vez melhores e ambientalmente corretas. A tecnologia desenvolvida é de propriedade exclusiva da universidade e representa mais recursos advindos da sua comercialização. Tal interação ainda abre espaço aos nossos estudantes no que diz respeito ao desenvolvimento de novas teses”. As parcerias da UFG com o setor privado se estendem a outras áreas do conhecimento, como a própria biologia onde se destaca a produção de micro-organismos para combater a poluição. Ou mesmo a engenharia civil, com a possibilidade das patentes. “Então – acentuou o reitor – acho que a universidade em todas as suas áreas pode desenvolver produtos e inovações tecnológicas que venham servir à humanidade como um todo”.

Comunicação Empresarial

O reitor, que tem em sua biografia uma vasta experiência no setor privado, admitiu que a comunicação institucional é muito precária nas empresas de uma forma geral. E explicou: “Tanto nas empresas com que tive contato, como também naquelas com as quais tive oportunidade de conviver, observei que o empresário ainda não percebeu o diferencial que a comunicação representa na gestão dos negócios. Certamente, ele não tem consciência das atribuições desse profissional. O que geralmente ocorre quando se fala em comunicação empresarial é pensar basicamente nos contatos com a mídia e na publicidade”. Conforme ressaltou o Prof. Edward, na UFG, atualmente, o papel e o espaço da comunicação foram ampliados. Tanto que na sua gestão, além da assessoria de imprensa e de relações públicas foi criada também a assessoria de publicidade e propaganda. ■ (Divina Marques)


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ESPECIAL

“N

ão podemos dizer que não existe crise. Mas é possível afirmar que sairemos dela melhor do que estamos entrando”. Esta é a opinião do presidente da Associação Comercial e Industrial do Estado de Goiás – ACIEG – Pedro Bittar, a respeito da crise econômica desencadeada nos EUA e vivenciada pela Europa. Ou seja: ele endossa o otimismo do Presidente Lula quanto ao Brasil não ser afetado economicamente pela crise mundial. Além desta análise, Pedro Bittar ressalta a importância da comunicação para o gerenciamento de crises, faz um balanço do ano de 2008 e discorre sobre o Movimento Brasil Competitivo (MBC), que já está sendo praticado em Goiás. Em meio a esses temas, o presidente da Acieg teceu comentários sobre a parceria do sistema público com o privado, reportando-se à UFG: “Temos muito respeito pela UFG e já tivemos projetos em parceria. Realmente temos que reforçar isso, estar mais juntos. E a Acieg está de portas abertas para a universidade, assim como entendemos que a recíproca seja verdadeira. Pesquisas, inovações, serão sempre bem vindas para o aprimoramento da qualidade em todos os setores. Enfim, tudo que pudermos fazer juntos com certeza será uma soma para a economia do Estado”.

somos credores, temos um superávit, reserva cambial. Enfim, estamos vivendo uma crise mundial mas, na minha opinião, nós brasileiros podemos sair dela melhor do que entramos”. Para endossar o otimismo do Presidente Lula, além de considerar os fatores econômicos atuais, o presidente da Acieg leva em conta a versatilidade, o otimismo do brasileiro, a forma como temos atravessado vários planos econômicos, várias moedas e ainda assim as crises são contornadas. Ele reconhece que algumas empresas passarão por dificuldades. Mas, argumenta que algumas delas usarão a crise mundial como álibi, quando na verdade alguns empresários acabam por não dar conta de seus negócios. “Acho que o dinheiro está se movimentando – acrescentou – um dinheiro que era virtual e que pode até voltar para o setor produtivo. É preciso manter seu negócio, continuar trabalhando. Esse Natal vai ser excelente. Quem realmente perdeu muitodinheiro fo r a m os especuladores, os grandes apostadores da bolsa de valores”.

Brasileiro é otimista

“Acho que o Presidente Lula tem razão: o país passa por um momento fantástico na sua economia. Hoje, ao invés de devedores

Em evidência

Empresários do futuro fazem a diferença agora

P

aulo Ricardo Valle tem 25 anos, está concluindo o segundo curso de engenharia e é o presidente da Acieg Jovem – entidade que congrega mais de 900 jovens empresários, com 74 diretores, quatro vicepresidentes e cinco vice-presidentes institucionais. Esta é apenas uma entre várias entidades congregando jovens em Goiás e no Brasil. O objetivo? Estimular os jovens empreendedores de maneira geral a entrar e participar dos debates da atualidade visando ter no futuro uma situação de trabalho melhor que a atual. As discussões abrangem desde a Reforma Tribu-

tária, a Copa do Mundo em 2014 e projetos na área da educação. Em entrevista durante um evento realizado na última semana de novembro em Goiânia, com a presença do presidente do Banco Central Henrique Meirelles, Paulo Ricardo defendeu o fortalecimento do fórum empresarial jovem com a argumentação de que estimular esses debates agora, por essa faixa etária, significa abrir horizontes, fazer intercâmbios nacionais e internacionais com os jovens brasileiros e fora do Brasil, mostrar Goiás e o Brasil lá fora, mostrar nossos produtos. E arrematou: “Entendemos que podemos, sim, de alguma forma, ajudar o empresariado municipal, estadual e nacional. E até nas questões sociais, uma vez que trabalhamos com projetos na área da educação”. Sobre a comunicação empresarial, Paulo Ricardo salientou que é de fundamental importância para os jovens empreendedores, especialmente as RP’s pela capacidade que têm de lidar

A importância da comunicação

Pedro Bittar reconhece que a comunicação é importante em todos os aspectos, começando pelo gerenciamento das crises. “As grandes crises acontecem por falta de comunicação – continuou – as empresas quando fecham é por falta de comunicação, enfim vejo a falta de comunicação como um problema que acontece no mundo todo, inclusive as guerras. Uma crise no governo é fruto de uma comunicação mal dirigida. O grande problema nosso hoje se chama comunicação. Temos que aprender a lidar com a comunicação e nesse processo acho que as novas tecnologias da informação vão possibilitar um avanço ainda maior”.

Balanço de 2008

Para o presidente da Acieg, o balanço de 2008 é positivo, o que significa a esperança de um 2009 melhor ainda, desde que os empresários tenham uma certa dose de altruísmo, a vontade de construir um Estado e um país melhor. A propósito ele discorreu sobre o Movimento Brasil Competitivo (MBC), fundado pelo empresário Jorge Gerdau e que chega ao Estado com o nome de Goiás Competitivo, capitaneado pela Acieg. Cento e oitenta empresas goianas já estão participando, cinco delas foram premiadas pela qualidade e competitividade no último mês de abril e outras mais já estão indicadas para receber das mãos do presidente Lula e do grupo Gerdau o prêmio do próximo ano. A novidade é que, através de convênio que será assinado em janeiro, a prefeitura de Aparecida de Goiânia passará a se utilizar de uma das ferramentas do MBC, que é a gestão pública. Isto significa que a administração passa a contar com assessorias e diagnósticos na área econômica que visam incrementar a economia, sem aumentar os impostos. ■ (Divina Marques) Foto: Divulgação

Presidente da Acieg está otimista quanto à crise mundial

Paulo Ricardo diz que entidade congrega mais de 900 empresários

com a comunicação organizacional, agregar os diversos públicos, gerir eventos institucionais, além de lidar com as questões ligadas à responsabilidade social. Aos estudantes que estão saindo da Universidade deixou um recado: “Estudem como se fosse a única coisa que têm para fazer. Entrem para as discussões da atualidade. Temos que nos preparar para uma atuação mundial, mesmo que tenhamos como decisão uma atuação local. Seja capaz de atuar em qualquer lugar do mundo e você terá sempre um lugar garantido no mercado de trabalho”. ■ (Divina Marques)


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30 ANOS DO CURSO DE RELAÇÕES PÚBLICAS - UFG

Entrevista

Trajetória e avanços do curso

A

ntecipando as comemorações dos 30 anos de Relações Públicas da UFG, que serão comemorados no ano que vem, entrevistamos uma das professoras de RP, Lindsay Borges. Ela formou-se na UFG, no ano de 1984. Fez especialização em Planejamento Social na UFG, especialização em Comunicação na UNB, curso de aperfeiçoamento para professores na USP, e o mestrado. Começou a dar aula na UFG para o curso de Relações Públicas em 1987. Ela ministrou no curso, na década de 90, juntamente com os professores Maria Francisca Magalhães Nogueira, João Fantini e Divina Marques uma formação mais humanística, voltada mais para a comunicação institucional. Atualmente a Prof. Lindsay Borges está de licença, concluindo o seu doutorado. O curso de RP na UFG completará em 2009, 30 anos de existência. Na sua opinião, podemos notar melhorias? Foto: Arquivo pessoal

Ética

Sinônimo de lucro

A

sociedade tem cada vez mais exigido das empresas um comportamento ético e transparente. Com isso, o profissional de relações públicas precisa ter como prioridade a criação de mecanismos de mensuração das práticas éticas da organização que trabalha, desenvolvendo ou baseando-se em parâmetros relacionados com a transparência nos seus procedimentos em relação a sociedade e no dialogo franco com os públicos que estão direta ou indiretamente ligados à organização. Para falar sobre o assunto, entrevistamos a professora Divina Marques que possui graduação em Comunicação Social - Jornalismo (1979) e especialização em Políticas Públicas pela UFG (1996); mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2000); e doutorado em Ciências Ambientais pela UFG (2007). Foto: Lívia Marques

Acho que não se pode fazer um julgamento se o curso melhorou ou piorou. Houve mudanças para atender às necessidades. Todo curso tem seus altos e baixos. Vejo três fases do curso: - 1° fase: Década de 70 e 80 com os primeiros professores, Walquíria Lopes, Ana Maria e José Costa Mota, que deram uma cara para o curso. Eles estavam mais preocupados com as técnicas de Relações Públicas, e isso se refletia nos projetos experimentais feitos pelos alunos; - 2° fase: Década de 90 com os professores Lindsay Borges, Maria Francisca Magalhães Nogueira, João Fantini e Divina Marques. Professores que tinham a formação mais humanística, por isso o curso estava mais voltado para a comunicação institucional; - 3° fase: Década de 2000 com o professor Rubén Darío que deu ao curso uma cara mais mercadológica. Você acredita que o curso de RP na UFG, apesar de completar 30 anos, ainda não tem o devido reconhecimento? Eu acho que o curso tem o reconhecimento das universidades, pois ela própria sentiu a necessidade de ter um profissional dessa área. Tanto que abriu concurso para relações públicas. E no aspecto acadêmico o curso tem que lutar por seu reconhecimento. Mais creio que isso está sendo alcançado com o projetos experimentais teóricos e com a criação do mestrado na faculdade.

Como fazer para que as Relações Públicas se torne mais conhecida no cenário do mercado brasileiro? Precisamos mostrar para o mercado que temos capacidade, e coragem para enfrentar dificuldades. Os profissionais de RP devem provar que podem dar resultados para os empresários, para que dessa forma eles vejam a necessidade de um relações públicas na sua empresa. O trabalho do profissional de RP nos dias atuais, é o mesmo de quando surgiu no Brasil? As RP’s foram instaladas no Brasil sem necessidade, e por isso não tem tanto reconhecimento. A sociedade não tinha conhecimento dos seus direitos, portanto as empresas não precisavam dar satisfação alguma ao seu público. Hoje a sociedade sabe de seus direitos e corre atrás, por isso as empresas precisam de um RP, para se antecipar a sociedade. Vemos que as mudanças que ocorrem no cenário mundial estão favorecendo o Relações Públicas. Diante disso, quais as perspectivas de crescimento na área? Temos que estar atentos às mudanças para atender às novas necessidades do mercado. Com o advento das novas tecnologias, o profissional deve estar disposto a se adequar às novidades. Em qualquer situação o RP deve sempre se antecipar. ■

Atualmente é Professora Adjunto I da UFG, atuando principalmente nos seguintes temas: Ética, meio ambiente, responsabilidade e desenvolvimento. Qual o papel da ética no sucesso de um profissional? A ética, atualmente, tem um papel fundamental no sucesso do profissional e da empresa. Tendo em vista a concorrência, as diversas opções para escolher um produto ou um serviço, o cliente vai escolher aquele que tem um diferencial e esse diferencial tem suas bases na ética. Estamos falando de qualidade, de honestidade, de preço justo, do tratamento que a empresa dá aos seus empregados, da relação que ela tem com as comunidades vizinhas, da forma como ela lida com o meio ambiente. Qual o seu posicionamento sobre a visão que as pessoas tem de um RP ser o responsável por mascarar os problemas de uma empresa? Como lidar de forma ética com isso? Acho que essa visão se deve, inicialmente, aos primórdios das Relações Públicas, em que governo e empresas realmente pensavam que esse profissional poderia mascarar os problemas desencadeados pela má administração e pela ineficiência. Aos

poucos a profissão foi tomando forma, se definindo, criando seus conselhos representativos e, consequentemente, seu código de ética. Esse código de ética estabelece os princípios e a responsabilidade do profissional de RP e não tem a ver com “mascarar” problemas. Ao contrário, fala de deveres fundamentais baseados, evidentemente, na ética. Para se contrapor a esse tipo de estereótipo, basta ser eficiente. Toda empresa, todo cliente busca profissionais íntegros, dedicados, criativos. Um dos pilares da ética é a eficiência. Quais as principais questões éticas com as quais o profissional de RP se depara no ambiente de trabalho? Acho que a principal delas é esse estereótipo de que o RP vai mascarar os problemas, especialmente junto à mídia. E nós sabemos que os Relações Públicas são preparados não para mascarar, mas para resolver os problemas, uma vez que trabalham com a comunicação integrada, com a pesquisa de opinião – conhecimentos que os capacitam a buscar soluções. Ou seja: esse profissional pode ser uma peça chave dentro da empresa. E o principal pilar deve ser sempre a ética. ■

(Adriana Moreno e Raissa Albernaz).

(João Carlos Machado, Nathana Oliveira e Ricardo Vatanabe)


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RP’s EM DESTAQUE

Sucesso profissional é uma questão de esforço e dedicação

U

ma das egressas da UFG que têm se destacado no eixo Rio/São Paulo é a professora Else Lemos, graduada em ReElse Lemos fala das tendências lações Públicas no para a profissão de RP ano de 1996. Depois de concluir o curso de especialização em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas em 2001, ela fez mestrado em Comunicação Institucional - Políticas e Processos pela ECA-USP em 2003 -ambos na ECA-USP. Em 2007, ela concluiu um curso de aperfeiçoamento em Nova Iorque, na Syracuse University. Atualmente, atua em Comunicação Institucional na Libbs Farmacêutica e é professora assistente na Faculdade Cásper Líbero, das disciplinas Técnicas de Redação em Relações Públicas I e II. Além disso, é responsável pela revisão e normatização da Organicom - Revista Brasileira de Comunicação Organizacional e Relações Públicas. E ocupa o cargo de diretora administrativa da Abrapcorp - Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas. Seu trabalho tem como ênfase Relações Públicas, Comunicação Organizacional e Institucional, Gestão do Conhecimento e Políticas e Processos de Comunicação. Como você avalia o curso de Relações Públicas na UFG? E a formação nesta área atualmente no Brasil? Foto: Divulgação

O curso de RP da UFG é excelente. Nele recebi uma ampla base teórica que muito me ajudou em meus estudos posteriores e também em minha atuação como RP. Naquela época, a Internet era ainda um recurso limitado e os livros eram o que tínhamos se quiséssemos aprender. Tenho ótimas recordações das aulas, dos professores e dos colegas. Havia desafios como, por exemplo, os laboratórios, mas outros aspectos compensavam essa questão. O ambiente era agradável e percebo, hoje, que os professores nos apresentavam o que havia de melhor na literatura da área. Muito do que aprendi na faculdade me ajuda ainda hoje, 12 anos depois. A produção científica da área cresceu nos últimos anos e isso também contribuiu para fortalecer os cursos de graduação. Na época em que fiz o curso, havia ainda pouco material disponível sobre temas que hoje são muito mais presentes na literatura da área e na rotina do profissional, como responsabilidade socioambiental, gerenciamento de crises, assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia, imagem, reputação, gestão da comunicação no terceiro setor, entre outros assuntos. Qual a sua opinião sobre o mercado de trabalho para RP? O mercado de RP está em franca expansão e o reconhecimento do profissional de RP também. O Guia de Profissões da Folha acaba de classificar a carreira de RP como uma das dez mais promissoras. O campo de trabalho na área de Relações Públicas é muito amplo, pois as ativida-

des de RP são variadas. Em geral, os grandes pólos de atividade econômica e produtiva promovem maior número de oportunidades ligadas à comunicação corporativa como um todo. No entanto, na maioria dos centros urbanos, há ótimas chances na área de eventos e em gestão da comunicação no terceiro setor, por exemplo. O espaço para as RP’s governamentais também está crescendo; tem sido grande o número de concursos ligados a órgãos governamentais em todo o país. Qual a sua opinião sobre os órgãos que representam os RP’s no Brasil? Tem havido um crescimento expressivo das atividades desenvolvidas pelos órgãos que representam os relações-públicas. Acredito que ainda há muito a fazer, e justamente por esse motivo é que incentivo meus alunos e colegas: filiem-se, o fortalecimento de nossa classe profissional depende de nós. Se todos fizerem sua parte, teremos entidades fortes. O que você diria a um estudante de Ensino Médio que pretende ingressar no curso de Relações Públicas da UFG? Com esforço, todo profissional poderá ser bem-sucedido. O bom profissional sempre encontra oportunidade. Sou suspeita pra falar, pois amo minha profissão e sinto que fiz uma grande escolha, apesar do desconhecimento sobre o que seriam as atividades de RP -minha decisão foi meramente intuitiva. Àqueles que pretendem ou acabaram de ingressar no curso, um convite à reflexão: que seja uma escolha baseada na curiosidade para aprender, na vontade para realizar e na disciplina para alcançar. ■ (Lívia Marques Ferrari)

Foto: Arquivo pessoal

ex-aluna do curso de Relações Públicas da UFG, formada no ano passado, Kámala Lemos Batista, de 22 anos, recentemente foi aprovada no concurso público da Petrobras para atuar na área em que se formou. Eram 4.131 candidatos do país inteiro para 38 vagas ao cargo de Profissional de Comunicação Júnior - RP.Ou seja: 109 candidatos por vaga. Ela passou em 9º lugar. Segundo Kámala, a graduação em RP a ajudou a expandir horizontes, a adquirir os conhecimentos e habilidades necessárias para atuar na área de comunicação, marketing e negócios.

U

m exemplo de empresa atenta para construção de sua imagem é o Castro’s Park Hotel, em Goiânia, que possui o profissional de RP, Saulo Ricardo Borges – egresso da UFG. Ele atua na área de Assessoria de Comunicação e Promoção. Para Saulo, hoje, as empresas estão bastante preocupadas com a marca e com a imagem. E o profissional mais capacitado para trabalhar com essa questão é o RP. “Grandes empresas estão preocupadas em ter esse profissional. A filosofia de RP é trabalhar com a imagem e a marca da empresa”.

Foto: Arquivo pessoal

A

Foto: Arquivo pessoal

Outros comunicadores que estão se dando bem no mercado

E

stagiária da área de comunicação da Embrapa Arroz e Feijão, Luiza Helena

Monteiro Borba de Oliveira, é uma uni-

versitária com um futuro promissor e que com enorme talento já desponta no mercado de trabalho. Na Embrapa, os profissionais de RP e seus estagiários, como Luiza, desenvolvem atividades de pesquisas internas, comunicação interna, formas de divulgação das tecnologias desenvolvidas, atividades de relacionamento com os seus diversos públicos e projetos de pesquisa aplicada.


Nº 1/ 2º Semestre de 2008

RP E RESPONSABILIDADE SOCIAL Foto: Divulgação

Ações em prol do meio ambiente

P

ara melhor compreender sobre projetos ambientais nas organizações, foram entrevistadas duas profissionais de Relações Públicas que lidam no seu dia-a-dia com este tema: Juliana Augusto Clementi, formada em RP em 2006 pela Universidade Vale do Itajaí – SC; e Ana Manssour, de São Paulo. Juliana Augusto começou com um blog, criado com a finalidade de difundir a profissão e suas contribuições para projetos ambientais dentro das empresas e ONGs. Ana Manssour difunde suas idéias através do magistério. Sem o planeta não há pessoas Ana Manssour, que atualmente é professora em Relações Públicas pela Universidade Metodista de São Paulo criou um blog como um meio de preencher essa carência, trazendo exemplos, discussões, temas paralelos e transversais afins com as RP’s. Sobre a profissão e seu papel socioambiental ela diz: “É absolutamente necessário que nós, Relações Públicas, formados ou em formação, consigamos mostrar para as organizações e a sociedade que sem o planeta não há pessoas, que sem pessoas não há quem compre, não há quem produza, não há dinheiro para ser ganho, nem onde ou em que gastá-lo. A continuidade da humanidade, em última análise, está nas mãos de cada um de nós! A nossa responsabilidade é imensa e pode até ser assustadora. A atual e as próximas gerações de Relações Públicas têm uma missão grandiosa a cumprir e se nos dermos as mãos e apoiarmos uns aos outros, teremos uma chance de fazer acontecer.” A respeito de como as faculdades devem lidar com esse tema, ela opina: “o papel dos cursos de Relações Públicas, ao

meu ver, é o de estimular os alunos a desenvolverem planos, programas e projetos de comunicação, tendo em vista resultados voltados para a sustentabilidade, tanto das organizações quanto dos públicos envolvidos.” Uma profissão consciente! Foi o professor João Carissimi (UNIVALI) quem instigou Juliana Augusto a pesquisar sobre gestão ambiental. Segundo ela, esse foi o caminho certeiro para encontrar a essência do problema ambiental e da conscientização sobre a necessidade de um profissional de RP nas empresas a fim de lidar com essas questões. A seguir, os principais tópicos da entrevista que ela concedeu ao PERSPECTIVA. Meio Ambiente e as faculdades de RP “Com certeza as faculdades devem trabalhar o tema ambiental, não somente para incentivar os futuros profissionais, mas para formar bons profissionais, que saibam como lidar com a questão quando estiverem dentro de uma organização. (...) Devem incentivar a pesquisa científica: a vantagem é gerar a possibilidade de aprimorar nossas técnicas profissionais, com base na pesquisa profunda das tendências de mercado e também das sócioeconômicas.” Aceitação de mercado “Hoje em dia atividades ligadas à preservação ambiental já apresentam valor de mercado. Implantar ações e estar efetivamente preocupado é bem diferente. Os possíveis desastres ambientais com o aquecimento global certamente afetarão a todos, até mesmo aqueles que detêm o poder de decisão nestas empresas, pois quando dizemos que as empresas não estão preocupadas temos que en-

Os RP’s são decisivos na implantação de projetos de responsabilidade sócio-ambiental

tender que as empresas nada mais são que pessoas.” A grande barreira “Na minha opinião, a falta de consciência por parte de governos, políticos, empresas e cidadãos sobre os impactos causados pelas atividades humanas e seus efeitos a curto, médio e longo prazo, ainda hoje é a maior dificuldade.” Oportunidade “Aos que desejam se inserir na área ambiental, a metodologia básica é o conhecimento empírico, o envolvimento sócio-ambiental, o contato com a natureza e seres de diferentes perspectivas ambientais. Isto é o que faz você entender o “Q” da questão. A boa noticia é que não somente as empresas, como também ONG`s nacionais ou até organizações mundiais que desenvolvem pesquisas de caráter conservacionista, estão abrindo espaço para os profissionais de comunicação, dando oportunidade de nos desenvolvermos futuramente em universidades e grupos no exterior. As Relações Públicas estão intrinsecamente ligadas ao processo de mudança social que vem acontecendo na responsabilidade sócio-ambiental. Basta você se envolver que verá quanto trabalho de RP você terá pela frente”. ■ (Alexa, Alice e Marcela)

RP GOVERNAMENTAL

Comunicação na esfera pública enfrenta desafios

A

necessidade de se trabalhar a comunicação dentro de esferas governamentais é reconhecida por muitos como o “pontapé” inicial para o surgimento da profissão de RP no Brasil. Enquanto nos EUA a profissão surge com o jornalista Ivy Lee para tratar uma crise entre a empresa privada e seu público, no Brasil pode-se dizer que foi Getúlio Vargas um dos primeiros governantes a se utilizar das relações públicas para tratar da crise entre governo e público. A Secretaria Estadual de Educação de Goiás possui dois profissionais de RP. Eliane Maciel é um deles. Graduada pela UFG, ela fez especialização em Comunicação Pública na ESPM –SP – Escola Superior de Propaganda e Marketing. Já no período da graduação ela começou a

trabalhar na Secretaria da Educação, transferindo-se para a Assessoria de Comunicação depois de formada, onde se encontra há quatro anos. Infelizmente, segundo Eliane, ainda é pequeno o número de profissionais formados em RP que estão atuando nas assessorias de comunicação e na área de RH. “O que ainda prevalece – diz a profissional – é a imagem do RP como organizador de eventos ou simplesmente o total desconhecimento sobre a profissão”. Na sua opinião, “isso se deve à falta de corporativismo entre os profissionais. Tanto que ainda não temos, até onde sei, um Conselho Regional de Relações Públicas atuante, devidamente sediado. Naturalmente que isso poderia facilitar o esclarecimento sobre as funções do profissional e, principalmente, suas funções específicas e asseguradas por lei”.

Para o ingresso no mercado de trabalho, Eliane considera fundamental, além da freqüência e atenção às aulas, o estágio, uma vez que ele agrega experiência ao currículo. Alerta ainda para a importância do projeto experimental, sugerindo que ele esteja ligado à área em que o estudante pretende atuar. “Participar de congressos e seminários também é importante.” Já para o ingresso na área governamental, Eliane aconselha um estágio em algum órgão público a fim de conhecer a cultura característica desse setor. Realizar um projeto de RP no âmbito governamental conta com algumas dificuldades. Uma delas, segundo Eliane, é a falta de tempo para executar todas as etapas de um bom planejamento. ■ (Josafá Barbalho Jr.)


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