Perspectiva2

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Impresso Especial 580/2004-DR/GT UFG Correios

Publicação do Curso de Relações Públicas da UFG N° 2/ 1° Semestre de 2010

XII INTERCOM será em Goiânia

A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM) realiza juntamente com a Universidade Federal de Goiás (UFG) – sede do evento - o XII Congresso de Ciências da Comunicação – Regional Centro Oeste que acontece de 27 a 29 de Maio de 2010. Alunos, professores e pesquisadores participarão do congresso em que serão discutidas questões importantes do

cenário da Comunicação. As inscrições, inclusive para os trabalhos a serem apresentados, começaram no dia 03 de março e terminam dia 23 de abril. O Intercom Centro-Oeste está ganhando força no cenário nacional e pretende obter continuidade do tema “Comunicação, Cultura e Juventude” no Intercom Nacional, que se realizará de 2 a 6 de setembro em Caxias do Sul.

Para mais informações: Mural / RP - entrada da Facomb twitter.com/intercom2010co intercom2010co@gmail.com www.intercom.org.br

Corrupção fica mais visível

Os rumos da eleição presidencial

Aumenta a percepção da corrupção no Brasil. Pelo menos é o que diz um relatório divulgado pelo Banco Mundial (BIRD) no ano passado. No entanto, os casos de corrupção se fazem presentes desde a época das capitanias hereditárias. Por que existe corrupção no Brasil? Página 6

José Serra, Dilma Rousseff, Ciro Gomes, Marina Silva e Martiniano Cavalcante. Os pré-candidatos à presidência da República já disputam entre si os votos dos eleitores brasileiros. Veja a análise dos professores Robinson de Sá e Pedro Ribeiro a respeito da disputa eleitoral. Página 7

Televisão

IV FEICOM

I MOTIM

A concorrência das emissoras de televisão deveria elevar o nível da programação. Paradoxalmente, não é isto o que acontece. E quem acaba se prejudicando é o telespectador. Página 8

A IV FEICOM – Feira de Informação e Comunicação – realizada na FACOMB em outubro passado - deixou um saldo positivo e ressaltou a riqueza das multirreferencialidades. Página 2

I Motim: alunos do 3º período fazem Mostra de Trabalhos de Inovação Tecnológica em Relações Públicas.

Mundo digital Em meio aos inúmeros benefícios, o mundo digital pode – se mal gerenciado – criar algumas armadilhas. Mas, correr das novas mídias não é a saída: é preciso conhecer o espaço virtual, suas manhas, oportunidades, males e benefícios. Página 4

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EVENTOS

Múltiplas faces, várias funções

IV FEICOM

O

ano de 2009 foi diferente. Normalmente esperamos que cada época seja assim, e que possamos usufruir do que o aprendizado de momentos anteriores nos trouxe para essa nova situação. Dizer que o ano foi diferente soa comum, porém não se considerarmos um contexto bem definido: o curso de Relações Públicas da UFG, cuja diferença se mostra também nessas páginas. Muitas mudanças foram sentidas por todos que formam o universo do curso aqui. A começar pela chegada de novos professores e da maior turma que já houve: no total, ingressaram 50 novos estudantes na habilitação de RP, numa média de 15 a mais que anteriormente. Depois, foi a vez de nos adaptarmos a pronunciar um novo nome na coordenação – saiu Rubén Darío e entrou Tiago Mainieri, que veio assumir a coordenação num rumo que promete continuar a ser ascendente. Para fechar, pela primeira vez nos anos 2000, a Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia realizou a Feira de Informação e Comunicação, na sua quarta edição. Tudo isso foi envolvido também pela comemoração dos 30 anos de RP no Brasil, que relembra a consolidação da classe no país e reverbera a sua atuação tão cara ao mundo entremeado por organizações. Assim, em meio à nova fisionomia que as RP vem tomando, num continuum junto à Universidade, não poderíamos nos resguardar de tentar um nova fórmula para o jornal Perspectiva que, afinal, refletisse o que está nos rodeando: nasce o Perspectiva on-line. A edição on-line do jornal contribui para dar novo rosto ao Perspectiva. Suas múltiplas funções – jornal laboratório; jornal institucional; informativo do curso de RP da UFG – abre o leque de possibilidades que veículos de várias instituições não tem e que acaba por engessar a maneira como é pensada, elaborada e veiculada a informação. Essa não é a proposta que nós do 4º período - agora no 5º - trabalhamos nessa edição desde agosto, procuramos passar para você. Nossa ideia é mostrar a todos que o princípio da maleabilidade, imanente das relações públicas, é capaz de catalisar as inquietações novas que vão aparecendo no dia a dia em uma perspectiva que viabilize a comunicação entre os componentes da rotina que está por trás da elaboração de um material desse tipo, isto é, um meio de comunicação de um grupo cujo principal interesse com aquele é deixar claras suas visão, missão e valores. Por ora, o que está nessas páginas é o que nos inquieta. Nosso 2009 preocupou-nos dessa maneira, e cá estamos compartilhando com você o que vimos e consideramos. Nathália Barcelos Oliveira 2

A

IV Feira de Informação e Comunicação, FEICOM, teve início no dia 29 de outubro, coincidentemente dia do livro. A feira é uma oportunidade de interação acadêmica, disseminação científica e integração docente e discente. Após muitos anos de ausência do evento, a FEICOM voltou dirigida pelas professoras Simone Antoniaci Tuzzo, Kelley Gasque, Lara Satler e Luciene Dias, em conjunto com o representante estudantil Bruno Pedroso e o servidor técnico-Administrativo Dustan Neiva, com o tema: Informação e Comunicação do Século XXI: Multirreferencialidades. O evento contou com a participação do pró-reitor da UFG Benedito Ferreira Marques, a assessora de comunicação da UFG Silvana Coleta, o gerente geral da Caixa Econômica do campus II, e do diretor da FACOMB Magno Medeiros, tendo como convidado ilustre o próreitor da PUC-PR Ricardo Tescarolo. Durante as apresentações e discursos dos convidados e representantes da casa foi ressaltada a importância da presença dos meios de comunicação na sociedade e a necessidade da socialização do conhecimento. O pró-reitor da UFG ainda enfatizou o papel indispensável das parcerias da UFG com empresas, as quais proporcionaram a universidade um grande desenvolvimento. Multirreferencialidades Uma das maiores atrações do evento foi a palestra do pró-reitor da PUC do Paraná Ricardo Tescarolo, com o tema Informação e Comunicação, Multirreferencialidades. O palestrante revelou que a sua pesquisa sobre multirreferencialidades nasceu da necessidade de entender esse processo, no qual há um sentido que integra tudo. Ele expôs conceitos que o orientam em sua pesquisa e levam ao seguinte raciocínio: A metamorfose de situações dentro da sociedade, nas quais novas bases de poder, racionalidade e modos de produção fizeram com que os indivíduos desenvolvessem a capacidade de assimilar mudanças tecnológicas e se adaptarem a novas formas de organização do trabalho.

Tescarolo fechou com muito carisma a cerimônia de abertura da IV FEICOM, a qual se estendeu até o dia 30 de outubro, oferecendo uma série de oficinas e mini-cursos para os alunos participantes do evento.

Profª. Simone Tuzzo

EDITORIAL

Um agradável renascimento Foram 460 participantes, dentre eles professores, alunos e expositores. Pela falta de memórias, registros das outras três edições da Feira, a organização elaborou toda a estrutura da Feira embasada em suas experiências com outros eventos e nas necessidades e ideias mais relevantes a serem abordadas. Em entrevista, uma das organizadoras do evento, a Prof.ª Drª. Simone A. Tuzzo, disse com muita satisfação que a assessoria de imprensa foi toda realizada pelos alunos de Relações Públicas, integrantes da Simetria, a Agência Experimental de Relações Públicas, da FACOMB. Segundo ela, o curso de Relações Públicas “cumpriu o seu papel” e houve intensa participação dos alunos do curso não só durante a IV FEICOM, mas também em sua organização na busca e conquista de patrocinadores, que no total foram onze, sendo todos de forte notoriedade, tais como Caixa Econômica Federal e os Correios. As expectativas e ânimos estão renovadas para a próxima edição do evento. O intuito é incluir a Feira de Informação e Comunicação no calendário acadêmico, tornando-a um evento anual. E frases como “a FACOMB está viva!” se fizeram presentes nos corredores da faculdade e nos resultados alcançados. ■ Luciana de Castro Mendonça e Isabela Noleto Silva

EXPEDIENTE UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - UFG Reitor: Edward Madureira Brasil Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia - FACOMB Diretor: Magno Medeiros Vice-diretora: Maria de Fátima Garbelini Coordenador do curso de RP: Prof. Dr. Tiago Mainieri PUBLICAÇÃO DO CURSO DE RELAÇÕES PÚBLICAS -

Perspectiva

Endereço para correspondência: Caixa Postal: 131 Campus II – Samambaia rpufg@hotmail.com CEP : 74.001-970 – Goiânia-GO

Disciplina: Produção de Texto Jornalístico II Orientadores: Profª. Dra. Divina Marques e Prof. Ms. Rafael Franco Coelho Projeto Gráfico: Profª. Caroline Magalhães Diagramação: Daryellen, sob orientação da Prof. Ms. Rafael Franco Coelho Editora Executiva: Profª. Dra. Divina Marques Editora: Nathália Barcelos Oliveira Redação: alunos da disciplina PTJII / 2009. Tiragem: 1.000 exemplares Versão on-line: http://www.facomb.ufg.br/rp/


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ESTÁGIO

O desafio do estágio em Relações Públicas

A profissão está entre as mais promissoras no Brasil, mas o estágio na área ainda sofre com desinformação entre empresários e alunos.

S

er a melhor empresa do seu ramo para o seu cliente. Ter os melhores meios de cativar seu colaborador. Conseguir saber o que seus funcionários querem e julgam sobre a sua empresa. Sair à frente no lançamento de um serviço ou bem. Ter parceiros sociais. Se esses são seus objetivos para com o seu negócio, você precisa de um profissional especializado em relacionamento dentro e fora da corporação: o relações públicas. Usando a comunicação como meio e fim para ajustar situações e conciliar interesses entre a organização e seus públicos, o relações públicas é capaz de levar a sua empresa aonde ela precisa chegar – na visão do seu cliente e na missão dos seus colaboradores. Através de planejamento, propaganda, meios de comunicação interna e uma habilidade voltada para relacionamentos interpessoais, a pessoa formada no curso de Comunicação Social com habilitação em relações públicas só precisa do seu apoio para conseguir concretizar as metas que você tem para tornar a sua empresa cativante e competitiva. A necessidade de experiência O talento para exercer essas atividades, claro, não é mera sorte. No curso, o aluno tem de aprender a reconhecer as necessidades das corporações, os meios e as formas de satisfazê-las; princípios de psicologia, administração, economia, ciência política; pesquisas de opinião pública e científica, e majoritariamente, comunicação – nas suas diversas características e interfaces (relações públicas, jornalismo, propaganda, publicidade, web, design, etc). Confronta-se com seus preconceitos, suas inseguranças e, também, seus pontos fortes e suas áreas prediletas para atuação no mercado de trabalho. No país inteiro, jovens estão à caça de oportunidades para mostrar seu potencial e emancipar a profissão, garantindo progresso na carreira. Em Goiás, mesmo com as industrialização e urbanização recentes, que deram um salto qualitativo na segunda metade do século 20, as empresas já necessitam do trabalho de relações públicas, pois seus clientes extrapolam a fronteira goiana e seus colaboradores vem de todas as partes de Goiás, do Brasil e do mundo. Cada um desses públicos tem uma demanda específica e manifestam preocupações globais. Estar preparado para trabalhar com eles exige estudo e dedicação; e nisso, o suporte do profissional de RP é fundamental. Dedicar-se a analisar esse cenário e vislumbrar soluções de negócios e também de organização da empresa, é um empenho que precisa ser cada vez mais especializado. Assim, não basta chegar ao mercado de trabalho com a bagagem da sala de aula e das leituras. É necessário também experiência, vivência num ambiente profissional que ajude o estudante a ter maturi-

dade na percepção e consciência de multifatorialidade na tomada de decisões. Por complementar o aprendizado, suscitar profissionalismo e abrir portas para o mercado, o estágio é a atividade acadêmica que estimula e proporciona ao estudante se envolver com a área do seu curso, com a sua realidade profissional e com os “desafios domésticos” que cada ambiente de trabalho apresenta. A realidade do estágio de RP em Goiás A importância do estágio para o aprimoramento do aluno é tal que muitos cursos não abrem mão da atividade, colocando-a como obrigatória para a conclusão da graduação. Não é o caso, por ora, do curso de RP. E a discussão em torno do seu aproveitamento para o aluno do curso foi o mote da pesquisa de opinião entre alunos, coordenadores e agentes de integração, realizada pela reportagem do Perspectiva, para saber como é a realidade do estágio na área em Goiás. A pesquisa foi realizada nas duas instituições de ensino superior que oferecem o curso em Goiás – a Faculdade Sul Americana e Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia da UFG. O total de alunos soma aproximadamente 250. Durante duas semanas, entre 08 e 18 de setembro, alunos de ambas as faculdades foram abordados para responder a um questionário de perguntas descritivas sobre a(s) experiência(s) de estágio sendo realizada(s) atualmente e a(s) que já fora(m) realizada(s). A pesquisa revelou dados surpreendentes e esclareceu alguns questionamentos acerca da questão, do ponto-de-vista do aluno. [Confira os dados abaixo]. Pesquisa inédita mostra as expectativas de estágio de quem é estudante de RP em 2009, na Fasam e na UFG. Avaliação pelos alunos que já fazem estágio 12 10 8

Fasam

6

UFG

4 2 0

Avaliam Avaliam positivamente negativamente

Motivos pelos quais os alunos não fazem estágio 25 20 15

Fasam

10

UFG

5 0

Pouca oferta

Não tem interesse

Baixa remuneração

Periodo

Outros

A grande constatação foi que muitos estudantes não realizam estágio por duas principais razões (descontada a razão por período, pois pela nova lei de estágio antes do segundo ano não é pertinente fazê-lo): consideram a oferta insuficiente - tanto porque há poucas vagas ofertadas

como porque essas vagas geralmente são para atividades que pouco ou nada respondem às habilidades de relações públicas – e porque não tem motivação em deixar de trabalhar num emprego normal, muitas vezes melhor remunerado, e encarar um estágio pouco vantajoso, economica e profissionalmente, vindo, a reboque, a baixa remuneração. Por essas razões, acabam preferindo um emprego normal, muitas vezes melhor remunerado, a um estágio pouco vantajoso. A não obrigatoriedade da atividade para a integralização curricular concorre para a incipiência da prática entre os alunos. Soluções à vista Essa situação pode ser contornada pela promoção das funções e ações de um relações públicas, realizada por estudantes junto a suas instituições de ensino, numa campanha permanente e abrangente que leve as relações públicas para onde é o seu lugar – junto às organizações que promovam o crescimento da economia, a pluralização da cultura, a participação política, a organização social, a expansão do ensino e a garantia da cidadania. Ou seja, qualquer empresa que tenha público – e todas tem pelo menos dois, o cidadão-cliente – precisa de um serviço de RP para angariar resultados convincentes através de metas estabelecidas e objetivos claros. Informar o empresariado, através de seminários, palestras, cursos, parcerias, convênios é uma boa medida, que pode ser realizada a curto, médio e longo prazos, para que todos aqueles que tenham que trabalhar com soluções de negócios saibam onde ir e a quem procurar. Na própria Universidade Federal de Goiás, algumas unidades tem parcerias com empresas para que seus alunos realizem pesquisas nelas e tragam o conhecimento para sala de aula e laboratório para ser aperfeiçoado e proporcionar ao estudante mais capacitação, de maneira que ele vá para o mercado com know how. Essa via de mão dupla traz benefícios para as empresas – que obtém melhor rendimento –, para os alunos – que encontram melhores oportunidades de estagiar e uma carreira mais promissora no futuro –, e para a sociedade – que afinal é o destino de todos que trabalham com serviços e bens. Assim, o trabalho de RP é inevitavelmente útil, pois atender ao interesse público é sempre o ultimato das relações públicas. As empresas que desejam contar com estagiários da UFG, no site da PROGRAD - www. prograd.ufg.br – é possível encontrar todos os passos para realizar convênio com a instituição, indispensável para todas aquelas organizações que ofertam tanto estágio obrigatório como o não–obrigatório. Além disso, as coordenações de curso contam com o auxílio das coordenações de estágio, que são responsáveis especificamente em gerenciar os estágios dos alunos de cada curso. ■ Nathália Barcelos Oliveira 3


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MUNDO DIGITAL

As Marcas e as Armadilhas do Mundo Digital Dentre as várias revoluções mundiais, a internet, apesar de proporcionar grandes benefícios ao mundo moderno, pode, se mal gerenciada, trazer alguns riscos para as Relações Públicas e o marketing. Com essa tecnologia, as empresas não possuem controle total sobre a propagação da sua marca, ficando exposta às difamações de consumidores contrariados. O pedido de atenção sobre o assunto veio de Renato de Paula, publicitário e dirigente da Agência OgilvyOne na América Latina, na conferência “Novas mídias e o impacto na comunicação”. Para ele, “quanto mais digitais as marcas se tornarem, menor é o controle sobre elas. Estamos num momento muito especial de reflexão onde devemos analisar as mudanças rápidas no comportamento do consumidor. É a primeira vez que vivemos isso na história da humanidade”. Ou seja: a expansão da mídia e da tecnologia traz em seu bojo a possibilidade de que uma única pessoa, ou um pequeno grupo, possa tanto fortalecer a marca como enfraquecê-la de forma rápida e abrangente. E para quem acha que a melhor saída seria correr das novas mídias, Renato de Paula afirma que não há porque fugir delas, pelo contrário, as empresas devem ir ao seu encontro e explorá-las, buscando conhecer o espaço virtual, suas manhas, oportunidades, males e benefícios, para utilizá-las em seu próprio bem. Renato explica que a melhor atitude comunicacional, mesmo que não possua um controle absoluto sobre a propagação da marca, seria investir nas novas mídias que vão surgindo com o tempo. Para o publicitário, “mesmo que as novas mídias tomem forma e outras desapareçam velozmente, o destino da informação continua o mesmo: o consumidor”. O melhor e principal plano para sobreviver e enfrentar o mundo virtual e suas ameaças é possuir uma estratégia de comunicação completa e criar no público uma originalidade e boa imagem referentes à sua empresa. Ou seja, utilizar-se da competência dos profissionais de Relações Públicas e marketing - os profissionais mais capazes de gerenciar uma comunicação institucional. Desta forma, fica mais fácil deixar empresa e marca prontas para as crises e ameaças, para que quando elas chegarem, se chegarem, a empresa já tenha planos e estratégias préfinalizadas para que ela continue firme e forte no mercado. Renato de Paula indica quatro sugestões importantes para o posicionamento de uma marca no mundo digital: 4

•Investir em “search marketing”, como Google, Yahoo, por exemplo. •Ampliar as possibilidades de interação com os vídeos publicitários, direcionados para a web e não apenas para o mundo televisivo. •Criar campanhas que valorizem os consumidores e os incentivem a demonstrar sua relação com a marca. •Usar a ferramenta da digitalização no ponto de venda, facilitando o acesso do consumidor ao seu produto. Políticos no Orkut? Devido à nova reforma eleitoral feita no Brasil, agora os candidatos podem utilizar-se de propagandas em sites de relacionamentos como Orkut, Twitter e blogs, a exemplo do que fez Barack Obama, presidente eleito nos Estados Unidos. Para alguns políticos, essa novidade promove bem as campanhas, porque além de serem fáceis e baratas, podem demonstrar as pretensões, intenções, trabalhos realizados e a história do candidato, promovendo a imagem e a reputação deles junto aos seus públicos, em especial o público eleitor. Porém, se algum candidato tiver precedentes negativos, essa abertura produzida por essas novas mídias, pode suscitar reversões e trazer grandes problemas. O Planalto fez um blog com o intuito de manter os cidadãos brasileiros mais próximos do governo e de informar diretamente sobre tudo o que acontece em Brasília (http://blog. planalto.gov.br). Porém, foi feito outro blog (http://planalto.blog.br), este interativo, abrindo oportunidade para que o público em geral possa se manifestar. Cada texto publicado nesse blog possui cerca de 200 comentários - a grande maioria protestando e criticando o governo e suas atitudes. Os sites de relacionamento possuem eleitores com outra visão a respeito de política. Estes. além de não possuírem medo de expor suas idéias, opiniões e críticas, propõem novos protestos, como por exemplo, o caso “Fora Sarney”, feito pelos seguidores do Twitter. Portanto, os políticos, seus Relações Públicas e assessores devem se preparar para esse mundo virtual, dispostos e prontos para dialogarem com os eleitores, que não aceitarão certas propostas e respostas. Esses eleitores exigem respeito e atenção por parte dos políticos. Em contra-partida, estes não podem se esquecer dos eleitores que não estão incluidos no mundo digital. A Tecnologia a serviço do RP Professora Assistente do Curso de Relações Públicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) e mestre em Comunicação pelo

Programa de Pós-Graduação em Comunicação Midiática da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Daiana Stasiak realiza pesquisa sobre as temáticas: midiatização, campo dos media, legitimidade institucional, Relações Públicas na internet (WebRP), estratégias de comunicação. Para ela, as novas mídias e a tecnologia potencializam o trabalho do profissional de Relações Públicas dentro de uma instituição, permitindo à ele um contato direto com seus públicos e uma rápida troca de informações, o que gera um diferencial. Veja na íntegra a entrevista que ela concedeu ao Perspectiva: Perspectiva - Qual a relação entre RP e mídias digitais (relacionando as definições de um com o outro)? Daiana Stasiak - As Relações Públicas são responsáveis pelo gerenciamento da comunicação entre a organização e seus públicos de interesse. As mídias digitais relacionam-se com a profissão na medida em que são dispositivos através dos quais as mensagens são veiculadas - a informação é a base do processo comunicativo e as mídias digitais potencializam o acesso dos públicos a ela. P - Como você acha que as mídias digitais podem ajudar a área de relações públicas a levar a empresa para frente?’ DS - Acredito que a web 2.0, que possibilita a troca de informações através das mídias sociais, possa ser um diferencial para a área. Ao utilizar ferramentas como blogs, orkut, facebook, twitter, e plataformas RSS, a empresa apresenta-se de forma atualizada e preocupada em oferecer informações aos seus públicos, ao mesmo tempo em que pode ter suas respostas num espaço de tempo que era inconcebível até então. P - Quais as melhores mídias digitais para poder inserir a empresa? E como inserí-las? DS - O portal é a mais tradicional dentre as digitais: é adquirida através de empresas especializadas que o constroem a partir de um planejamento estratégico. A intranet também tem sua relevância, quando se trata do público interno, é um sistema adquirido da mesma forma que o portal. Já as mídias sociais como blogs, Twitter e Orkut podem ser elaboradas pelos próprios profissionais de Relações Públicas. É preciso ressaltar que também é necessário um planejamento de comunicação para adentrar nestes espaços. Além disso, é recomendável na atualidade o monitoramento de todas as informações on-line que são publicadas sobre a organização.


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DS - O monitoramento, como havia colocado, e o acompanhamento e atualização diária se fazem necessários para evitar erros e buscar veicular informações que realmente tenham sua importância dentro do contexto da organização. Qualquer ação de comunicação precisa ser planejada e avaliada constantemente. P- O que se pode dizer a respeito do comportamento dos clientes-internautas perante as informações e opiniões postadas pelas empresas através das redes de relacionamento? DS - É necessário que se façam mais pesquisas a respeito, mas alguns resultados já apontam que os públicos estão, cada vez mais, buscando conhecer suas marcas e organizações através da internet. O aumento progressivo do acesso à rede no Brasil e a ascensão de internautas que fazem parte das mídias sociais também podem ser considerados como um ponto positivo, que dá respaldo para as organizações adentrarem ao mundo virtual para estabelecer a comunicação com seus públicos.

Profª. Daiana Stasiak

Twitter: o novo aliado dos comunicadores

Fonte: http://ideiasfervilhantes.wordpress.com/2009/10/19/

P - Quais os cuidados que a organização deve ter ao ingressar nas redes sociais, para que não surta efeito contrário ao que foi desejado?

T

witter é uma palavra da língua inglesa cujo sinônimo português é ‘piar’, o que retrata bem o sentido da função do site. Criado em 2006 como uma ferramenta de conversação rápida entre amigos para que pudessem saber o que o outro estava fazendo em determinado momento, sem que tivessem que mandar e-mail, o Twitter só foi ganhar essa grande proporção em 2009. Seus primeiros usuários foram os norte-americanos, entre grupos de amigos que se reuniam na internet através do Twitter para partilhar bons filmes, links de sites interessantes, programas de TV, eventos ou só para dizer o que estavam fazendo em determinado momento - isso em apenas 140 caracteres. Apesar de aparentemente 140 ser um número pequeno de caracteres para se comunicar com clareza, a idéia inicial era que os usuários pudessem ‘twittar’ pelo celular, enviando e recebendo as mensagens postadas no twitter por SMS. Para isso, o número de caracteres deveria corresponder ao de uma mensagem de celular. No início eram poucos os adeptos, mas logo os famosos e celebridades começaram a usá-lo para divulgar seus trabalhos ou sua vida pessoal, além de ver nesse novo sistema um meio de manter seus fãs mais próximos, dando a eles uma sensação de serem velhos amigos de seus ídolos. Demi Moore e Ashton Kutcher foram os primeiros famosos a aderirem ao Twitter agregando a si centenas de followers (seguidores), e continuam no pódio com os Twitters mais seguidos dos EUA. No Brasil, a moda começou com os famosos que também foram fazendo com que o Twitter ganhasse mais e mais usuários: em 2009 foram registrados 44,5 milhões de cadastros - 7 milhões são brasileiros. Além de querer conhecer mais sobre as celebridades, seus trabalhos e suas vidas, os usuários do Twitter começaram a se interessar pelos mais diversos assuntos divulgados no site. De certa forma, podemos entendê-lo como uma espécie de mesa de bar, onde as pessoas se encontram para um bate-papo e no fim acabam surgindo inúmeros assuntos - e cabe a cada um que está na mesa decidir se quer ou não participar da conversa. No caso do Twitter, o usuário pode escolher quem ele quer ou não seguir. Assim, há quem siga atores, atrizes, comediantes, jornalistas, publicitários, times de futebol, jornais, canais de TV e as mais variadas empresas. Todos eles enxergaram no Twitter uma maneira prática e rápida de se promover, interagir e aproximar-se de quem quer que seja.

Twitter e as organizações Tanto empresas privadas, como ongs e órgãos públicos se valem do Twitter. Petrobrás, New York Times, Santos Futebol Clube, revista Veja, operadora telefônica Claro, prefeituras e governos, dentre outros, aderiram à moda e colhem os bons frutos de um relacionamento mais rápido e dinâmico com seus clientes, funcionários e a imprensa. Além do empresarial, outro segmento tem se rendido aos encantos do Twitter - o político. Barack Obama é o maior exemplo de maestria na utilização desse novo recurso da internet. Através dele, o então candidato divulgou eventos e comícios, promoveu debates e pode estar mais próximo de seus eleitores, mantendo um diálogo quase que de amizade com eles. A repercussão e o aproveitamento do Twitter na campanha presidencial dos EUA inspirou José Serra, um dos pioneiros no Brasil, a fazer uso deste instrumento. Quer criar um Twitter e não sabe como? Aprenda aqui! •O primeiro passo é acessar o site oficial WWW.twitter.com, logo em seguida clicar em Join para fazer o cadastro. •A língua oficial do Twitter é o inglês, e diferentemente do Orkut, ainda não possui uma versão em português, porém o cadastro é bem simples. •Full name significa seu nome completo; Password é a senha que você vai usar para acessar o seu Twitter; Username é o nome de usuário que você usará junto com a senha para entrar na sua conta. O username também fará parte do endereço do seu Twitter. Ex: http://www. twitter.com/username Pronto, a partir daí é só procurar outros Twitters para seguir no menu superior, Find People, Depois clicar em Follow, e receber todos os twitts daquele usuário e twittar, respondendo no espaço em branco a pergunta ‘What are you doing?’ (O que você está fazendo?). ■ (Taynara Sanches Jorge)

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POLÍTICA

Brasil atinge o pior nível em corrupção dos últimos 10 anos

O

nível de corrupção no Brasil é o pior em dez anos, segundo relatório anual de governança produzido pelo Banco Mundial (Bird) e divulgado no dia 10 de setembro desse ano. A pesquisa realizada pelo instituto do Banco Mundial classificou 212 países de acordo com seis categorias: controle de corrupção; capacidade de ser ouvido e prestação de contas; eficiência administrativa; qualidade regulatória; estado de direito; e estabilidade política e ausência de violência, tendo o Brasil só melhorado na última. Nos últimos anos, os escândalos políticos brasileiros atingiram maior dimensão na mídia, porém os casos de corrupção se fazem presentes desde a época das capitanias hereditárias. Escândalos de cunho sexual e de violência contra o povo também podem ser verificados no decorrer da história. Nem mesmo o Imperador D. Pedro I deixou de dar a sua contribuição, envolvendo-se com muitas amantes mesmo sendo casado. Por que existe corrupção no Brasil? No Brasil é comum vermos candidatos de ficha suja se re-elegerem para cargos políticos de peso, sem punição por seus atos ilícitos. A população aparentemente encontra-se apática quanto ao cenário político e ao planejamento de gastos públicos, pois mesmo após sofrer bombardeios por parte da mídia dando conta de desfalques ficais e de verbas, entre outros, continua a votar nesses políticos. Em entrevista com o doutor em ciências políticas pela Universidade de Johann W. Goethe na Alemanha e ex-deputado estadual, Athos Magno Costa e Silva, questionamos o porquê do pouco engajamento político da população brasileira na atualidade. “Não existe povo acomodado, não existe povo covarde ou corajoso, existem momentos históricos em que o povo tem que lutar ou que o povo está razoavelmente satisfeito e acha que não precisa se lançar tanto à luta”, respondeu ele. Segundo Athos Magno, comparando ao período da história em que Hitler dominou a Alemanha, o povo é capaz de eleger um político corrupto ou até mesmo um genocida, contanto que as suas condições materiais e o seu bem-estar estejam garantidos. Historiando o processo, Athos disse que no Brasil o nosso tipo de ética, que é de origem católica, possui maior permissividade do que um país de ética protestante. Na ética católica o perdão é de fácil acesso, sendo portanto mais permissiva e apegada a valores que estão baseados em indicação e não no mérito. Segundo ele, em países europeus onde a sociedade formou o Estado, este é obrigado a 6

prestar contas a ela, porém no caso do Brasil, onde montaram um “embrião de Estado”, não somos impulsionados a valorizar o que é nosso, podendo até mesmo desenvolvermos um desprezo pelo Brasil e as coisas referentes a ele em relação ao que vem de fora. Iniciado no meio político, após mudarse para Belo Horizonte em 1978 para cursar medicina, período de ditadura militar e de crise econômica, Athos afirma: “Quando você está em uma crise econômica com ditadura militar que te sufoca, em uma sociedade que está fermentando coagir, você acaba sendo tragado para aquele ambiente de luta política”. Assim, a sociedade brasileira, por estar em um período de maior estabilidade, onde as instituições e a economia estão cada vez mais sólidas, e o bem- estar reina, a população não sente a necessidade de se mobilizar contra a corrupção no meio político, da mesma maneira que oferece o perdão e a nova oportunidade para os corruptos continuarem no poder. Linha do tempo corrupta Séc. Sermão do toma, padre Antônio XVI Vieira ataca as autoridades locais pelos desvios de verbas; 1889 Voto cabresto, imposição de voto sem liberdade de escolha aos funcionários; 1930 Sistema de revezamento de poder entre fazendeiros de Minas Gerais e São Paulo; 1950 “Rouba, mas faz”, slogan do político paulista Adhemar de Barros, conhecido pela sua “caixinha” de arrecadação de dinheiro e troca de favores. 1970 Caso Lutfalla , início do envolvimento de Paulo Maluf nos escândalos políticos. 1992 Maluf esta sendo acusado por corrupção passiva, tentativas de intimidação de testemunhas, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, peculato (desvio ou apropriação de dinheiro público) e sonegação fiscal na atualidade . 1993 Impeachment de Collor fundamentado em acusações de corrupção 1998 Anões do Orçamento. 2004 Os envolvidos roubaram mais de R$ 100 milhões públicos, com esquemas de propina, para favorecer governadores, ministros, senadores e deputados. 2005 A Máfia dos Fiscais, extorsão de camelôs que arrecadaram até R$ 1 milhão por mês com o recolhimento de propinas.

2006 Escândalo da CEME, Central de Medicamentos foi envolvida em uma lista de crimes contra o povo brasileiro, um esquema que desviou cerca de R$ 4,4 bilhões na compra de derivados de sangue utilizados por hemofílicos, desde o governo Collor. 2007 CPI do Mensalão, esquema de compra de votos de parlamentares; 2008 CPI dos Correios. O deputado Roberto Jefferson é acusado de ser mentor do esquema que envolvia os correios. 2009 Máfia Sanguessugas. Polícia federal desmascara um esquema que movimentou cerca de R$ 110milhões com o superfaturamento na compra de ambulâncias e pagamento de propinas. Escândalo Banco econômico, o qual envolve crimes contra o sistema financeiro nacional desviando R$ 17 milhões da massa liquidada do banco e usando recursos levantados junto a instituições estrangeiras em práticas irregulares. O escândalo dos bingos é o nome de uma crise que surgiu após denúncias de que o assessor do então ministro da Casa Civil José Dirceu, Waldomiro Diniz, estava a extorquir empresários com a finalidade de arrecadar fundos para o Partido dos Trabalhadores (PT). Presidente do Senado José Sarney foi alvo de onze ações (todas arquivadas) no Conselho de Ética, nas quais foi responsabilizado da edição de atos secretos no Senado a suposto envolvimento em fraudes na Fundação José Sarney, sediada no Maranhão. Desencantamento político A imagem que os brasileiros têm dos políticos não é das melhores, principalmente pelos recorrentes escândalos e pelos bombardeios de denúncias diárias reproduzidas pelos meios de comunicação. Por isso, grande parte da população fica em estado de apatia, que consiste na falta de emoção, motivação ou entusiasmo - um termo psicológico para um estado de indiferença, no qual um indivíduo não responde aos estímulos da vida emocional, social ou física. A situação é preocupante, ainda mais se analisarmos como os jovens enxergam a política. Afinal, a juventude de hoje é a peça-chave para criar uma sociedade melhor no futuro. ■

Isabella Noleto


Nº 2/ 1º Semestre de 2010

POLÍTICA

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS: O clima está esquentando

A

parentemente nenhum dos candidatos mais fortes tem uma ideologia muito radical, mas ainda se mantém uma disputa entre a direita e a esquerda política: de um lado José Serra; do outro Dilma Roussef e Ciro Gomes. Marina Silva e Plinio de Arruda Sampaio representam a esquerda da esquerda. Não há razão para pessimismo. Robinson de Sá, doutorando em Sociologia e Política pela UFMG e Pedro Floriano Peixoto Ribeiro doutor em Ciência Política pela Universidade de São Carlos, apresentam uma visão positiva. Em entrevista ao Perspectiva, os dois professores da UFG tem uma visão otimista das eleições de 2010: “É mais um grande passo para a democracia brasileira”. Eleições 2010: Lulistas x PSDB O professor da Universidade Federal de Goiás Robinson de Sá, doutorando em Sociologia e Política pela UFMG, com experiência na área de Ciência Política, com ênfase em Estudos Eleitorais e Partidos Políticos, em entrevista concedida ao Perspectiva, afirma que o Brasil apresenta um bom panorama econômico e as eleições de 2010 devem espelhar isso. Disse que não há vertentes e ideais totalmente opostos: os pré-candidatos estão comprometidos com a estrutura básica da economia. Quando questionado a respeito do perfil do eleitor brasileiro para cada candidato, o professor afirmou que o eleitor deverá comparar os pontos positivos e negativos de cada candidato sendo, portanto um amadurecimento da democracia. O eleitor da Dilma é lulista e vota na intenção da continuidade do governo atual. O Ciro Gomes é do eleitor lulista que não se identifica com a Dilma e enxerga nele a continuidade do governo atual. Marina Silva tem um eleitorado mais ideológico e politizado. José Serra é forte no Centro-sul do país, o que já foi demonstrado nos resultados das eleições de 2002. Seu eleitorado é também mais politizado, de classe média para alta. Ciro Gomes tem uma boa repercussão diante do eleitorado, está no campo de apoio de Lula, sendo uma alternativa viável a Dilma. Ele não tem as dificuldades que Dilma possui como falta de conhecimento diante dos eleitores, sem contar certa rejeição à postura dela. Um bom desempenho de Dilma Rousseff nas eleições de 2010 vai depender de uma campanha competente, para que sua popularidade “cole” com o Lula, pois a pessoa Dilma Rousseff não está diretamente associada a Lula. Quanto a Marina Silva, o professor

frisa que ela representa o PT histórico, é evangélica e pode contar com uma fatia desse eleitorado. Tende a favorecer políticas ambientais, é mais moderna. Sua mudança de partido só viabiliza sua candidatura: ela tem ótimas perspectivas, não de ganhar, mas de desempenhar um bom papel nas eleições, aumentar a bancada do PV e, quem sabe, não terá possibilidade de participar do segundo turno. Sobre um panorama geral das eleições presidenciais de 2010, Robinson de Sá afirma que a disputa eleitoral possivelmente deverá dividir-se em dois eixos principais: de um lado o PSDB, provavelmente representado por José Serra; do outro lado Marina Silva, Dilma Rousseff e Ciro Gomes o que acabará fracionando os votos desse lado. Analise panorâmica das eleições de 2010 Para esclarecer e informar com maior precisão sobe a sucessão presidencial de 2010, o professor adjunto de Ciência Política da Universidade Federal de Goiás Pedro Floriano Peixoto Ribeiro concedeu uma entrevista ao Perspectiva. O professor é doutor em Ciência Política pela Universidade de São Carlos, membro efetivo da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) e da International Political Science Association (IPSA), possui experiência nas áreas de partidos políticos, eleições e comportamento político. Perspectiva-Com as sucessivas denúncias de corrupção e um maior rigor do TSE nas próximas eleições, o Senhor acha que a postura dos eleitores será diferente nas urnas em 2010? Pedro Ribeiro-Os eleitores estão mais conscientes, sendo mais rigorosos com a classe política a cada eleição que passa. Esse é o processo natural de amadurecimento democrático, que vai transformando e depurando o sistema pouco a pouco. Não creio que haverá algo muito significativo, como explosão de votos brancos/nulos; o processo é lento, e sempre gradual. Outro fato é a maior exigência e o maior nível de controle e fiscalização por parte da Justiça Eleitoral. A classe política está com muito receio dessa judicialização das eleições, com mandatos e eleições sendo questionados na justiça até anos depois da votação. Com isso, todos os candidatos tendem a tomar mais cuidado durante a disputa, principalmente quanto à movimentação financeira e ao uso da máquina pública. Esse processo é salutar, e deve reduzir, em médio prazo, as práticas de corrupção eleitoral. Perspectiva-Quais são suas perspectivas para

as eleições presidenciais de 2010, os possíveis candidatos? Como o senhor considera que os eleitores poderão enxergar esses candidatos como também se comportar nestas eleições? Pedro Ribeiro-As perspectivas são, mais uma vez, de uma polarização PT x PSDB, com dois candidatos de centro-esquerda que poucas diferenças possuem em termos ideológicos: José Serra e Dilma Rousseff. Acho difícil a viabilização de uma terceira candidatura competitiva, talvez somente Ciro Gomes tenha condições de fazer isso - mas ele está muito ligado ao atual governo. A candidatura de Marina Silva pelo PV pode até animar as eleições e trazer um discurso novo, fora do eixo comum desenvolvimento-redução da desigualdade: o discurso ambientalista. Mas ela terá pouquíssimo tempo de TV, e uma estrutura partidária muito frágil, o que elimina suas chances reais na disputa. Já o eleitorado não parece disposto a aventuras, deve votar por candidatos que prometam alguma continuidade em relação aos governos FHC e Lula. O governo é muito bem avaliado, e por isso nem mesmo o candidato do PSDB deve bater muito forte na atual gestão. Perspectiva-Os possíveis candidatos estão mais preparados pra governar o país do que anteriormente, ou ainda não temos algum que possa desempenhar bem a função de presidente da República? Pedro Ribeiro-O nível dos candidatos a presidente é, sem dúvida, muito superior ao de disputas anteriores. São bons quadros, políticos muito preparados, e nenhum espaço para aventureiros e salvadores da pátria, como foi Collor. Nesse sentido, estamos em posição bastante privilegiada frente a nossos vizinhos latino-americanos. Perspectiva-Em relação a cada possível candidato, quais são as principais características do perfil, vantagens e desvantagens quanto aos seus adversários? Pedro Ribeiro-O candidato governista tem a vantagem da alta aprovação ao governo, e da altíssima popularidade de Lula. No entanto, faltam à Dilma Rousseff a habilidade política e certo carisma e simpatia necessários a uma disputa. Nesse sentido, nada melhor para ela do que enfrentar José Serra, que tampouco é muito sutil politicamente, e nem é muito carismático ou “fotogênico”. Serra tem a ostentar sua experiência política e administrativa, muito superiores a de Dilma, e sua gestão em SP, que também é bem avaliada. De qualquer forma, tende a ser um debate de alto nível. Liliane Barbosa da Silva 7


Nº 1/ 2º Semestre de 2008

RP E INOVAÇÂO

I MOTIM: envolvimento e muita criatividade dos alunos

A

conteceu no dia 02 de dezembro, o I MOTIM RP, Mostra de Trabalhos de Inovação Mercadológica em Relações Públicas. Organizado pelo professor da respectiva disciplina, Claudomilson Braga, da UFG, a exposição dos trabalhos foi feita em stands montados em frente ao prédio da FACOMB, no período matutino. A proposta inicial do evento foi levar os alunos do segundo período de relações públicas, dentro da disciplina de mercadologia, a experienciarem a teoria que aprenderam na sala de aula: o I MOTIM RP foi o resultado desta proposta. Foi pedido aos alunos que se dividissem em grupos de até 6 integrantes e criassem uma agência de assessoria mercadológica. A partir daí eles escolheram um cliente, para que assim pudessem aplicar os conceitos e soluções em mercadologia. As empresas escolhidas pelos alunos foram: Jigsaw Solutions, La Fruit, Castro´s Hotel, Leite Piracanjuba, Seiva Cosméticos, Nerci Oliveira/Jakeline Noivas, Pitchula, Gaia, Passatempo, De Millus, Nokia, Microsoft

Windows. Para a exposição cada stand teve um banner na frente explicando todo o conteúdo proposto por cada grupo. Para o professor Claudomilson Braga, a concretização do evento deveu-se à motivação e empenho dos alunos - o que foi comprovado por quem visitou o evento. Os alunos utilizaram de muita criatividade para atrair o público. O stand da Passatempo teve música ao vivo; os stands que eram de alimentos ofereceram degustação; Nerci Oliveira/Jakeline Noivas expuseram um vestido de noiva. Enfim, houve muita interação entre os stands e o público. È importante ressaltar que a mostra foi somente de cunho acadêmico, portanto não foi permitido nenhum tipo de comercialização, somente degustação e brindes. Para o professor o evento é muito importante: marca o espaço do curso de Relações Públicas na unidade, dá ao aluno a chance de executar o que aprendeu em sala, aproxima o acadêmico do mercado, dá ao aluno de segundo período autonomia para realizar um projeto.

Entre os problemas enfrentados na organização da mostra o professor destaca a questão e financeira. Uma vez que os custos não poderiam ser bancados pelos alunos, a solução foi buscar patrocínio para o material de divulgação e as barraquinhas para a montagem dos stands. O professor Claudomilson considerou os trabalhos muito bons: “Os alunos entenderam a proposta, desenvolveram um material de boa qualidade”, disse. Para avaliar os trabalhos do I MOTIM, foi formada uma banca composta pelo professor Claudomilson Braga, Simone Tuzzo e Daiana Stasiak. Os critérios de avaliação foram: aspectos visuais, caráter mercadológico (parte teórica, conceitual), ações pontuais de marketing de guerrilha. A proposta é fazer do MOTIM um evento anual, mantendo a logomarca utilizada na primeira edição. Foi um evento bastante criativo e inovador e motiva cada vez mais tanto os alunos como os professores a empenharse em desenvolver novos projetos e marca o potencial do curso de Relações Públicas.

TELEVISÃO

TELESPECTADOR MERECE RESPEITO... E QUALIDADE.

Definitivamente o telespectador não tem nada a ver com a briga entre a Record e a Globo. O telespectador tem direito a informações verídicas e diversão de qualidade. Acontece que a briga entre as duas emissoras só é criada em busca de audiência. Não há, aparentemente, um canal mais ético que o outro e que pense só, e somente só, no telespectador. Enquanto isso o consumidor fica sem saber para que lado correr. Qualquer emissora só pode existir – conforme dita a constituição brasileira - através de concessões públicas. As concessões públicas são uma licença temporária concedida pelo governo para uma determinada empresa transmitir conteúdos por canais do espectro eletromagnético. No caso das televisões têm validade de 15 anos. No Brasil não temos um processo de avaliação profunda mostrando como foram exercidas as concessões nos últimos anos. Elas são renovadas quase que automaticamente, mesmo sem ser o ideal. Devido a existência das concessões, teoricamente as emissoras de televisão não poderiam fazer o que bem entendem com sua programação. Deveria haver uma fiscalização para averiguar o cumprimento da constituição. Quando as emissoras se eximem do compromisso com a qualidade da programação, desrespeitando a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e os direitos humanos, o governo tem o direito e a obrigação de intervir e delimitar limites. Isso raramente acontece, e quando acontece as situações são bem mais amenas. Nada como deveria ser, mostrando sempre 8

um jogo eterno de interesses ao estilo “ me ajuda que te ajudo”. Não importa quem tem razão nessa guerra privada entre a Globo e a Record. As duas cometem um gravíssimo erro ao utilizar a arena pública da radiodifusão de forma privilegiada para travarem batalhas privadas que lhes interessam! O medo da concorrente O fato que se repete na mídia há algum tempo, relatando a briga entre Globo e Record evidencia o medo da primeira, e atual líder, em ser afetada pela segunda, sua maior concorrente. Desde quando a emissora do Bispo mudou seu slogan para ´´A caminho da liderança``, percebemos que a vice-líder não mudou por acaso. Começou a investir pesado na infra-estrutura da empresa e consequentemente passou a produzir mais: a Rede Record nunca investiu tanto em novelas, contratando atores, autores, diretores e apresentadores. A realidade é que nunca a Globo teve tanto medo de perder seus funcionários e o tão prezado primeiro lugar em audiência como agora. Grandes nomes da emissora da família Marinho já aceitaram propostas e foram para a concorrente, tais como: Giselle Itié, Marcelo Serrado, Rodrigo Faro, Tom Cavalcante, Ana Paula Padrão, entre outros. São grandes nomes que a Record utilizou para seguir sua caminhada em direção à liderança. A conquista dos direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de 2012, que serão disputados em Londres, mostra que a Record não está

de brincadeira e mostra também que é capaz de muito mais. O acordo com o Comitê Olímpico Internacional inclui também os Jogos Olímpicos de Inverno, em Vancouver, no Canadá. O último reality show da Record, ´´A fazenda``, com pseudo-celebridades, chegou a deixar a Globo de cabelo em pé com os números apresentados pelo programa, fazendo com que o reality ´´Jogo Duro`` fosse feito às pressas até que o já conhecido ´´No limite`` fosse ao ar. O ano de 2008 registrou o aumento da audiência da Record e a busca pelo segundo lugar da mesma. Segundo informa a Folha Online, ao contrário da Globo, a Rede Record registra crescimento anual de cerca de 1 ponto na média diária, o que significa aumento de 17% no índice de audiência se comparado ao ano de 2007. No ano de 2008, a audiência da emissora do bispo Edir Macedo obteve média de 6,6 pontos. Já a Rede Globo com média diária de 14,2 pontos, registrou resultado 6% menor que o de 2007 mantendo sua tendência de queda no índice de audiência que começou em 2006. Muitas informações sobre as duas maiores empresas de televisão do Brasil ainda serão transmitidas e muitas farpas ainda serão trocadas pelas duas. O mais importante é não deixar que o interesse do público seja afetado e que o governo, através das concessões, passe a fiscalizar tais emissoras. O telespectador merece respeito e informação de qualidade. O jeito então é correr para uma livraria! Guilherme Nascimento


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