Gambiólogos 3.0 - Maquinações

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ARTISTAS, MÁQUINAS E A INVENÇÃO DO COTIDIANO



MINISTÉRIO DA CIDADANIA, OI FUTURO, SESC, SESC EM MINAS, CEMIG E GAMBIOLOGIA APRESENTAM

ARTISTAS, MÁQUINAS E A INVENÇÃO DO COTIDIANO

CURADORIA FRED PAULINO



MACHINATIONS

ARTISTS, MACHINES AND THE INVENTION OF EVERYDAY

RIO DE JANEIRO • RJ Centro Cultural Oi Futuro 05/06 a 05/08/2018

BELO HORIZONTE • MG Sesc Palladium 10/10 a 02/12/2018

SÃO PAULO • SP Sesc Carmo 22/11/2018 a 15/02/2019

PIRACICABA • SP Sesc Piracicaba 07/09 a 08/12/2019



ARTISTAS, MÁQUINAS E A INVENÇÃO DO COTIDIANO Até meados dos anos 1980, a criação em arte eletrônica era baseada em trabalhos que operavam sobre plataformas analógicas – desde os televisores, antenas e suas transmissões até as mídias analógicas de gravação, como as fitas cassete ou Betamax. A partir da década de 1990, essa produção passa a operar majoritariamente sobre o ambiente digital. A digitalização do audiovisual, junto à universalização dos computadores e do acesso à internet, fazem migrar essa produção quase integralmente para o mundo binário e, mais recentemente, para o ambiente da computação móvel. No entanto, em pleno 2018, após o boom da internet e em meio ao caos das redes sociais, há artistas que, mesmo incorporando a tecnologia em seus trabalhos, têm demonstrado um interesse cada vez maior no uso de soluções analógicas, mecânicas, improvisadas e de baixo custo. São criadores que desenvolvem obras tecnológicas em ambiente offline, não algorítmico, “desvirtual”. Não abrem mão de atuar sobre os aparatos técnicos (e jogar com os mesmos), mas propõem novas possibilidades sobre o seu uso, muitas vezes subvertendo a própria função dos componentes originais. De certa maneira, eles apostam na interação, e não na interatividade, e, com isso, sugerem uma lida mais humana com a tecnologia. Esses “inventistas” atuam na interseção entre arte, ciência, tecnologia e vida. Transformam seus ateliês em oficinas, suas oficinas em laboratórios, seus laboratórios em extensão do seu viver. A partir da (des)construção de engenhocas, sistemas inexatos, traquitanas com ou sem utilidade, eles estimulam a simbiose humana com a técnica e apresentam uma arte sem manual de instruções. Propõem maquinações peculiares sobre o meio artístico e o universo tecnológico. Relacionam a sua prática criativa com o lúdico, com a educação, com o social, com a invenção, com as mãos na massa e os pés no chão. Atuam sobre as máquinas para transformar as máquinas em ações.

FRED PAULINO CURADOR



ARTISTAS E OBRAS

16 Armatost · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 20 Azucena Losana · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 22 Daniel Herthel · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 24 Maquinar • André Mintz · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 26 Ganso - Paulo Henrique Pessoa · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 30 Guto Lacaz · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 36 Lina Lopes & Giovanna Casimiro · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 38 Maurizio Zelada · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 40 Milton Marques · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 44 Motta & Lima · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 48 Paulo Nenflídio · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 50 Máquinas do Brincar • Nina Gazire · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 56 Peter Fischli & David Weiss · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 60 Sara Lana · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 62 Xande Perocco · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 66 Zaven Paré · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 68 O Homem e a Máquina • Fernando Velazquez · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 72 Abraham Palatnik · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·

PERFORMANCES

82 Azucena Losana · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 84 Kallpp · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 85 Juliana Porfírio & Neville D'Almeida · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·

86 Mostra de filmes Ganso · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 88 Artistas - biografias · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 90 English version · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 93 Expografia · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·

Ficha técnica · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · CAPA: "Máquinas de Antônimos 2.0" - Sara Lana (pg. 62)

CONTRACAPA: "Oráculo" - Maurizio Zelada (pg. 40)

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FOTÓGRAFO: Cristiano Ferrari



A Coleção Arte & Tecnologia chega à marca dos 123 livros com a publicação referente à exposição “Maquinações”, que aconteceu entre 04 de junho a 05 de agosto de 2018, no Oi Futuro, itinerando, em seguida, para Belo Horizonte, São Paulo e Piracicaba, em parceria com outros centros culturais. A mostra, pautada pelo conceito da Gambiologia, desenvolvido pelo teórico, artista e curador Fred Paulino, contou com a participação de 19 artistas e alguns coletivos do Brasil e do exterior, operando a partir da ideia de que remodelações low-tech podem gerar novos parâmetros científicos no mundo de hoje. As obras e instalações gravitavam das pequenas soluções cotidianas e populares aos robôs criados por artistas dedicados a este segmento. Todas materializando, de forma diversa, o conceito da “ciência da gambiarra”. Agora, tudo ressurge nesses registros fotográficos e textos teóricos. Com mais esse livro, o Oi Futuro acredita estar contribuindo para disseminação de novas discussões, estudos e pesquisas no âmbito da arte contemporânea. Boa leitura. ROBERTO GUIMARÃES GERENTE- EXECUTIVO DE CULTURA OI FUTURO



A combinação entre arte e tecnologia permite experiências intensas. Os avanços tecnológicos e uma recente capacidade de registrar e arquivar informações digitais não conhecem limites de tempo ou espaço e vêm transformando não apenas o cotidiano da humanidade, mas especialmente a experiência artística em suas inúmeras possibilidades de fruição, produção, criação, mediação e consumo. Essa nova relação entre observador e obra e toda sorte de reflexões por ela suscitadas chega como o elemento norteador do eixo curatorial Arte e Tecnologia, que o Sesc Palladium traz a público neste segundo semestre de 2018. Reunindo artistas locais, nacionais e internacionais, o centro cultural focaliza a experiência artística e cultural mediada pela tecnologia em uma programação intensa e diversa, traduzida transversalmente por todas as artes e também por seminários e experimentações laboratoriais que prometem inquietar o público. Nesse sentido, parece no mínimo controverso que Maquinações, exposição coletiva com curadoria de Fred Paulino, assuma protagonismo nessa programação especial, uma vez que promove uma (des)construção tecnológica e valoriza a interação à interatividade, e aponta para soluções analógicas, desenvolvidas por “inventistas” em “ambiente offline, não algoritmo, desvirtual”. A razão para essa assumida controvérsia está na exaltação da afetividade encontrada na experiência analógica que, mesmo quando convertida para o ambiente digital, traz para o espectador os sentimentos de identificação e pertencimento, tão distintos daqueles encontrados nos sistemas binários, muitas vezes assépticos e estranhos ao observador. Maquinações é a terceira edição da coletiva internacional “Gambiólogos”, com participação de artistas que atuam na interseção entre arte e invenção. Suas obras baseiam-se no uso de aparatos tecnológicos e objetos ordinários a partir de uma sutil observação do cotidiano. Ao desenvolverem engenhocas, esses “inventistas” propõem novas possibilidades sobre o uso de materiais, frequentemente subvertedo sua função original. Com esta exposição - culminância importante do eixo Arte e Tecnologia -, o Sesc convida a todos a uma experiência viva e dinâmica, de deslocamentos num tempo em que passado e futuro se confundem, num processo de constante reflexão sobre o agora e suas infinitas oportunidades. SESC EM MINAS



MÁQUINAS EM AÇÃO A expressão que dá título a estas linhas representa um dos principais emblemas da modernidade, tendo em vista as revoluções tecnológicas e industriais instauradas nos últimos séculos. Através delas, as civilizações ocidentais passaram a intervir crescentemente nos ambientes e processos naturais, moldando-os em prol daquilo que supostamente seriam nossas necessidades e anseios. Hoje, é sabido que tal projeto de desenvolvimento produz consequências dramáticas para a vida no planeta. Entre os efeitos colaterais gerados pela onipresença da máquina em nosso cotidiano, destaca-se um desdobramento tão inesperado quanto absurdo: se, a princípio, os aparatos técnicos são criados e disseminados para que deles façamos uso, em contrapartida, é comum que se dê justamente o contrário, uma vez que não raro nos vemos submetidos aos desígnios desses aparelhos. Nesse caso, são as máquinas que nos utilizam em função de seus programas. Enfrentar esse contrassenso passa por concebermos formas de humanização da tecnologia, o que envolve jogar com suas finalidades, deslocando-as por vezes das aplicações prescritas. Ao apresentar experimentos de artistas dedicados a apropriações inusuais de equipamentos mecânicos e eletrônicos, a exposição Maquinações coloca em cena máquinas que “atuam” em registros impensados. As ações dessas máquinas são aqui delineadas de acordo com propósitos poéticos, decididamente alheios à vocação instrumental das mesmas. O trabalho socioeducativo do Sesc tem nos Espaços de Tecnologias e Artes uma plataforma favorável à abordagem ao mesmo tempo crítica e inventiva de problemáticas como essa. No presente caso, trata-se da oportunidade de observarmos o universo dos construtos tecnológicos por outro ângulo, mediante combinações e visadas capazes de colocar em suspenso a naturalidade com que incorporamos as máquinas à nossa interação com o mundo. SESC SÃO PAULO




ABRAHAM PALATNIK BRASIL (RN/RJ)

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OBJETO CINÉTICO C-5 Escultura eletromecânica emoldurada • 70 x 100 x 20 cm • 1968

Os “Objetos cinéticos”, junto aos “Aparelhos cinecromáticos” e aos “Objetos lúdicos”, compõem o mais célebre período criativo do artista, um dos pioneiros da arte cinética brasileira e mundial. Por meio de cartelas cromáticas minimalistas, composições sofisticadas e sistemas mecânicos intencionalmente expostos, Palatnik propõe uma tridimensionalização da pintura abstrata em movimento, com delicadeza e grande apelo visual. Sua vigorosa produção artística integrou, durante décadas, escultura, desenho, tecnologia, física e design.

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OBJETO CINÉTICO K-07 Escultura eletromecânica • 50 x 150 x 50 cm • 1968 CORTESIA: Acervo Sesc de Artes

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CADERNOS DE ANOTAÇÕES Desenhos sobre papel • Medidas variáveis • s/d

Rara coletânea de documentos originais do artista, composta por desenhos técnicos e ilustrações de patentes realizados por Palatnik em Israel e no Brasil, nas décadas de 1940 e 1950. Completam a coleção esboços de “Objetos cinéticos”, alguns deles expostos nas edições de “Maquinações”.

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ARMATOST COLÔMBIA

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PONTAPÉ (LA PATADITA) Escultura mecânica • 100 x 150 x 200 cm • 2018

Escultura interativa criada a partir da reapropriação de objetos industriais mecânicos, no estilo “gambiológico” a la colombiana. A peça é um robô humanoide disfuncional feito de sucatas, que se presta a oferecer tão somente um pontapé, voltado ao próprio espectador-interagente. O brusco golpe mecânico em selfie denota, de forma irreverente, a necessidade de termos outros modos de existência – e resistência – no cotidiano.

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AZUCENA LOSANA* MÉXICO / ARGENTINA

GIF: GERADOR DE INTERFERÊNCIAS Instalação de animação analógica • Medidas variáveis • 2016/2018

*Miembro del Sistema Nacional de Creadores de Arte de México

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Uma emulação analógica de um GIF. Instalação composta por projetores de slides analógicos e alto-falante, construídos com papelão e objetos vintage. Reconstrói uma imagem de televisão com o emprego de um dispositivo precário, que converte quadros em animação. A operação de desconstruir e reconstruir a imagem e o discurso de Silvio Santos (na versão brasileira) evidencia o engano da percepção, em tensão constante.

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DANIEL HERTHEL BRASIL (MG) TÁBULA RASA OFICINA COM JANELA MÁQUINA DE BOAS NOVAS Quadros de marchetaria com lâminas naturais de madeira e goma laca sobre compensado naval • 48 x 48 cm / cada • 2018

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A marchetaria, técnica antiga e tradicional de se compor desenhos com diferentes recortes de madeira, é revisitada no trabalho de Daniel, dialogando com seu ambiente criativo das invenções mecânicas, do desenho e com sua constante pesquisa no ofício da madeira. A dimensão do tempo é muito presente, assim como questões metafísicas, da noção de valores, de reconhecimento de um espaço e modos de trabalho.

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por André Mintz Máquinas podem ser definidas como mecanismos que adquirem certo grau de independência com relação a quem os criou1 . São objetos técnicos tipicamente caracterizados pela capacidade produtiva e pelo funcionamento autônomo que lhes permitiria substituir certas competências humanas. Talvez por isso, do mecanismo de Antikythera, na Grécia antiga, passando pelos autômatos da primeira renascença da Mesopotâmia2 , às máquinas analíticas de Babbage, Lovelace e Turing, elas também parecem ter sido criadas para lidar com enigmas fundantes da nossa experiência: medir e domar o tempo, recriar a vida e o movimento dos corpos, externar o pensamento. Encerrariam, parece, a estranha alteridade de seres técnicos, como se, ainda que criadas por nós, pudessem fundar uma realidade que nos é estranha Diante do imaginário que circunda as máquinas computacionais contemporâneas — de “robôs” e de “algoritmos” — , pareceria o presente ser, antes de tudo, maquínico. Não parece ser assim, contudo, que o tema chega à exposição “Maquinações”. A curadoria de Fred Paulino realiza um gesto distinto deste aprofundamento da cisão entre humanos e máquinas, fissurando o imaginário da autonomia. Dando novos passos na investigação iniciada em 2010, com a exposição “Gambiólogos”, o interesse do curador recai sobre uma arte que se vale crítica ou ironicamente das tecnologias, no contratempo do discurso da inovação — abordagem na linha de outras que Giselle Beiguelman, àquela época, descreveu como “tecnofágicas”3 . Tal enfoque, hoje, desdobra-se em um interesse mais específico pelo gesto inventivo dos artistas na construção de máquinas cotidianas, “ao rés do chão”. As obras de “Maquinações” apontam, assim, para um modo de conviver com a contradição — apenas aparente — de máquinas simultaneamente autônomas e dependentes; estranhas, mas, ainda assim, à nossa semelhança. 1. “Metacircuito” (2015), de Paulo Nenflídio, elabora, em um primeiro momento, a autoafirmação de uma alteridade maquínica que se endereça a nós como diferença: “veja como falo”, “veja como penso”, a máquina nos diz. Contudo, ela se expõe pelo avesso. A caixa aberta, com fios e circuitos à mostra, parece se contrapor à denominação cibernética da “caixa-preta” — a metáfora de um invólucro opaco pelo qual se ocultariam as operações internas, definindo-se apenas segundo aquilo que toma como input e que oferece como output. Na obra, essas dimensões se confundem em uma máquina que expõe o próprio interior como um construto material de fios e circuitos, ao mesmo passo em que, por textos e sons, reivindica a sua diferença e a sua autonomia.

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1 BROECKMANN, Andreas. Machine art in the twentieth century. Cambridge, MA: MIT Press, 2016. 2 ZIELINSKI, Siegfried; WEIBEL, Peter. Allah’s automata: artifacts of the Arab Islamic renaissance (800–1200). Berlim; Estugarda: Hatje Cantz, 2016. Catálogo de exposição, 31 out. 2015 a 4 set. 2016. ZKM Center for Art and Media Karlsruhe. 3 BEIGUELMAN, Giselle. Tecnofagias emergentes na artemídia.br. Revista Marginalia+Lab, Belo Horizonte, v. 1, p. 6-15, 2010.


4 MENOTTI, Gabriel. A gambiarra e a perspectiva da prototipagem. Vazantes. Fortaleza, v. 1, n. 1, p. 202-205, 2017. 5 SIMONDON, Gilbert. El modo de existencia de los objetos técnicos. Trad. Margarita Martínez e Pablo Rodríguez. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2007. 6 BRUNO, Fernanda. Objetos técnicos sem pudor: gambiarra e tecnicidade. Revista ECO-Pós, v. 20, n. 1, p. 136–149, 2017. 7 STEYERL, Hito. Too much world: is the internet dead? e-flux Journal, n. 49, nov. 2013. Disponível em: < h t t p : // w w w. e - f l u x . c o m / j o u rn al /49/6 0 0 04 /to o - m uch -wo rldis-the-internet-dead/>.

A exposição da constituição material dos objetos é um aspecto emblemático do tema da gambiologia — proposição estética encampada pelo curador em 2008. Visando ao oposto das superfícies lisas das traquitanas digitais, a gambiologia se inspira na prática cotidiana e inventiva das gambiarras, criando objetos que se revelam enquanto emaranhados de fios e excesso técnico e simbólico de partes incrustadas. Enquanto a autonomização da máquina tecnológica pressuporia a integração orgânica de suas partes, a gambiarra — segundo propôs Gabriel Menotti4 , inspirado em Simondon5 — se situaria a meio caminho, com o todo e suas partes desempenhando igual proeminência. Em uma perspectiva similar, Fernanda Bruno6 descreve as gambiarras por seu caráter “despudorado”, que revela as entranhas e multiplica as apropriações e combinações que as compõem. Em “GIF: Gerador de InterFerências” (2016), de Azucena Losana, esse gesto surge tanto como estratégia de construção da máquina quanto de decomposição de imagens animadas da internet. A animação GIF é recriada pela artista com uma máquina de projeção artesanal, em que cada frame é exibido em separado por projetores alinhados de modo imperfeito e acionados em sequência por um circuito eletrônico. Na versão da obra trazida à exposição, a imagem é um excerto de um programa de televisão em que Michel Temer entrega dinheiro a Silvio Santos, como se em um gracejo. A precariedade do aparato de projeção exacerba a artificialidade desse curto loop, fissurando a imagem e a economia política da circulação de GIF’s na internet7. O som dos cliques do circuito eletrônico marca a emergência de cada frame, individualizados em sua sordidez — decomposição de máquina, imagem e gesto figurado. 2. Na obra do veterano Abraham Palatnik, não se trata apenas de expor um mecanismo subjacente à máquina, embora todo ele esteja à mostra em uma caixa transparente. Com um equilíbrio refinado entre a unidade e a fragmentação, em “Cinético C-5” (1968), a totalidade apenas se encontraria na dança das partes, nenhuma delas secundária em relação ao conjunto. Sem outra finalidade, a máquina não realiza mais que a tradução do movimento giratório de um motor a múltiplos movimentos suaves de seus componentes, arranjados em um mecanismo artesanal. Deslocando a máquina da demanda de produtividade que em geral visa atender, a obra de Palatnik lhe confere outra coreografia e velocidade, distantes daquelas que seriam características da aplicação da máquina na indústria.

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Situado à entrada da galeria, o “Cinético” também parece pontuar que as máquinas não vêm à exposição demonstrar eficiência, e não caberia avaliá-las segundo parâmetros próprios da técnica — como por vezes ocorre à arte tecnológica. De outro modo, talvez seja mais adequado compreender a operação da obra em uma aproximação do conceito de performance, cuja definição, por Richard Schechner8 , faz-se justamente em contraposição a desempenho. No sentido proposto pelo autor, a performance seria compreendida fundamentalmente como ação realizada, na condição de exibição de si mesma. Tomada como performance, a operação de uma obra maquínica se expressaria por uma disfunção da máquina tecnológica, que, num extremo, se esgotaria no próprio movimento e, deslocada de qualquer função utilitária pelo gesto inventivo dos artistas, se abriria a outros modos de apreensão. Em “Máquina de antônimos” (2018), de Sara Lana, essa questão parece estar implicada no papel constituinte da falha na experiência. Inicialmente, a obra pareceria propor uma máquina lisa e autônoma, na voz sintética que responde, acertadamente, com o antônimo do que lhe dizemos. Contudo, essa percepção provisória logo se desfaz nas respostas incongruentes que inevitavelmente emergem na interação — se não pelo acaso, pelo teste dos limites da máquina, o qual parecemos seduzidos a realizar, como forma de atestar nossa superioridade diante dela. O fracasso, contudo, não é ignorado na elaboração da obra, que não se compromete integralmente com o bom funcionamento. Impensado da técnica, as falhas assombram a tecnologia de ponta com a perspectiva de irrupção iminente. Nas máquinas cotidianas, contudo, elas não chegam a ser totalmente expurgadas. Elas nos lembram de que a suposta autonomia maquínica é produto transitório e performativo9 de constantes ajustes e adaptações que realizam aproximações de uma condição idealizada mas nunca plenamente atual. 3. Da performance da máquina à performance do corpo, “Pequenas grandes ações” (2003), de Guto Lacaz, apresenta-se como inventário dos pequenos gestos elaborados nos acoplamentos históricos entre corpos e objetos industriais. A série de gravuras traz pictogramas similares aos de manuais de instrução que ilustram ações cotidianas, como riscar um fósforo ou rebobinar uma fita cassete com um lápis. Esses pequenos movimentos irrefletidos, tornados “automáticos” pela repetição, transformam-se em vernacular gestual das sociedades pós-industriais. Colocado em evidência por Lacaz, esse repertório é desnaturalizado e tomado reflexivamente, abrindo a objetualidade industrial à organicidade de corpos humanos tornados, em certa medida, componentes da processualidade e da padronização desses produtos. Em extensa revisão do tema da máquina na arte do século XX, Andreas Broeckmann ressalta certa qualidade autopoiética como definidora dos entes maquínicos10 . Haveria, ele sugere, algo de inquietante no modo com que nos confrontamos com as máquinas, encontros que ele descreve como antagônicos, mas também eróticos.

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8 SCHECHNER, Richard. O que é performance? O percevejo. Rio de Janeiro, v. 11, n. 12, p. 25-50, 2003. 9 SUCHMAN, Lucy. Human-machine reconfigurations: Plans and Situated Actions. 2ª edição. Cambridge; New York: Cambridge University Press, 2006. 10 “[A] máquina sempre parece ser algo ‘com que somos confrontados.’ […] mas [a] máquina sempre tem o sujeito humano como acompanhante e ela põe em destaque a relação que sujeitos humanos têm com a tecnologia”. BROECKMANN, Andreas. Machine art… p. 22. Tradução nossa.


André Mintz é artista e professor de arte e tecnologia da Escola de Belas Artes da UFMG. Doutor em Comunicação Social pela UFMG, mestre em Comunicação Social pela mesma instituição e em Media Arts Cultures pela Aalborg University, Danube University Krems e Lodz University.

11 SUCHMAN, Lucy. Human-machine reconfigurations… 12 WISNIK, José Miguel. Maquinação do mundo: Drummond e a mineração. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. 13 WISNIK, José Miguel. Maquinação do mundo…

Nesse sentido, ainda que tipicamente compreendidas pela autonomia e pelo encerramento, as máquinas são abordadas por Broeckmann com ênfase na aproximação ou no distanciamento do humano. Aprofundando esse aspecto em uma perspectiva antropológica, Lucy Suchman1 1 , antes de Broeckmann, elaborou que o movimento de autonomização das máquinas não se realiza em isolamento de transformações do humano. Especialmente na proposição da inteligência artificial e dos robôs humanoides, o desenvolvimento das máquinas vincula-se, mutuamente, a constantes reformulações quanto ao que definiria a inteligência e o humano. Mais que nos indagarmos sobre o modo de existência próprio às máquinas, portanto, talvez fosse o caso de refletirmos sobre como elas transformariam o nosso próprio modo de ser, os nossos gestos e práticas cotidianas. 4. Levando-nos ao último movimento deste texto, “Credo” (2018), de Paulo Henrique Pessoa, o Ganso, erige-se sobre o mundo da produção industrial e, justamente, sobre as maquinações cotidianas desse artista na transformação das paisagens do mundo. Trabalhando no escoadouro dessa “Grande Máquina”1 2 social, o grão-mestre gambiólogo se apropria de refugos de toda sorte e os ressitua na memória cultural da sociedade de consumo. Os estranhos “objetos-valise” de Ganso sincretizam os ícones descartáveis do capital em um pequeno museu do excedente e do acúmulo. Partes de engrenagens, brinquedos e manequins compõem a instalação, que devolve à escala humana e ao alcance das mãos os frutos impessoais da indústria. Parecendo apenas circundar o tema que vimos tratando, o seu trabalho não se dedica a nenhuma máquina em específico. Contudo, ele se trama, taticamente, no território próprio às máquinas, que, longe de existirem em isolamento, arranjam-se em grandes cadeias produtivas, formando uma grande máquina que o artista põe-se a profanar. ‘Maquinar’, em sentido literal, seria sinônimo de ‘tramar’, ‘planejar’. O jogo de palavras embutido no título da exposição sugere, de outro modo, a ‘maquinação’ como ação da máquina, ou ação maquínica. Se nos propusermos a tomar a palavra em um sentido não literal — ou, ainda, no sentido que antecedeu o uso moderno que se faz dela —, a máquina tecnológica talvez possa servir de metáfora para outros processos e desencadeamentos formados por partes integradas que ganham autonomia e, assim, operam como máquina. Em um sentido inverso ao imaginário da autonomia das máquinas, a maquinação talvez possa, então, ser pensada como processo de tornar-se máquina ou de “ser como” máquina; “maquinização”. Talvez nesse sentido, o trabalho de Ganso, junto às maquinações dos demais artistas, possa ser compreendido como instância de ruptura com o suposto encerramento e com a autonomia das máquinas tecnológicas e, também, com o caráter totalizante da maquinação do mundo1 3 , abrindo brechas ou margens reflexivas a tais processos. Superando a oposição antagonística, esses trabalhos expressam a mutualidade constitutiva dos termos implicados. São expressões de modos — especulativos — de maquinar-se contra e também, de certo modo, ao encontro das máquinas e das maquinações.

MAQUINAR

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CREDO Instalação site specific de colecionismo psicodélico • Medidas variáveis • 2018 O inquieto e irreverente Ganso foi personagem referencial na arte e na noite belo-horizontina desde os anos 1970, participando de diversas cenas artísticas experimentais nas áreas de cenografia, moda, ilustração, design gráfico e direção de arte para cinema e TV. Foi um colecionador compulsivo de objetos e imagens. Em seus últimos anos de vida, teve reconhecimento especial como um dos fundadores do Coletivo Gambiologia e, principalmente, como designer de produtos e artista da iluminação, tendo concebido o

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GANSO PAULO HENRIQUE PESSOA BRASIL (SP/MG)

COLABORAÇÃO: Laura Potter Pessoa / Birimbica Potter / Giba Macruz / Fred Paulino espaço-conceito “Bar do Ganso”, em Inhotim, que ali permanece. “Credo” é uma instalação seminal de “colecionismo psicodélico” (conforme cunhado pelo próprio artista) inaugurada como um work-in-progress na primeira edição de “Maquinações”, no Rio de Janeiro, em junho de 2018, poucos dias antes do falecimento de Ganso. A instalação original foi reproduzida de maneiras distintas nas edições posteriores de “Maquinações”, sempre sob a batuta de Laura Potter, filha do artista.

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GUTO LACAZ BRASIL (SP)

PEQUENAS GRANDES AÇÕES: FITA CASSETE SUPER BONDER MAGIPACK NÍVEL POLAROID FÓSFORO Serigrafias sobre papel • 100 x 70 cm / cada • 2003 CORTESIA: Acervo pessoal do artista / Acervo Sesc de Artes

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Conjunto de gravuras, parte de uma extensa série do artista. As ilustrações sugerem “manuais de instruções” de singelas ações cotidianas de extrema utilidade. Uma sátira gráfica sobre a rotina e a complexidade dos aparatos técnicos, explorando o limite em que a ação do homem, na lida com os objetos industriais ao seu redor, dilui-se em pura intuição.


LINA LOPES & GIOVANNA CASIMIRO BRASIL (SP) 38


BALANÇOS INTERAFETIVOS Madeira, corda e eletrônicos • Medidas variáveis • 2016

Mobiliário urbano interativo que se acende ao toque. Aparato tecnológico lúdico, composto por materiais reutilizados, que estimula, ao mesmo tempo, trocas sensoriais entre passantes e uma interação ativa da cidade com seus habitantes.

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MAURIZIO ZELADA BRASIL (SP)

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ORÁCULO Escultura de aço, eletrônicos, laser e fumaça • Medidas variáveis • 2019


Escultura eletrônica formada por luz, som e ar. A obra é uma máquina composta por cinco módulos inter-relacionados, que produzem e consomem informação traduzida em sons. No “Oráculo”, um laser verde atravessa uma coluna intermitente e caótica de fumaça. A luz gerada ativa sensores, cuja variação contínua alimenta processadores que, em tempo real, sintetizam um fluxo sonoro único.

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DISCORSI Conjunto de esculturas eletromecânicas Medidas variáveis • 2018 “I discorsi li porta via il vento”. Se as conversas são descartadas pelo vento, por outro lado, elas são vento. Esta instalação utiliza fluxos de ar em movimento para ativar sensores eletrônicos e mecânicos, simulando a maneira como os tímpanos são estimulados com o som. A obra é formada por máquinas modulares que conversam como gente: fazem chegar ondas de ar até as membranas das outras máquinas, que, por sua vez, processam e emitem mais ondas de ar que sensibilizam outras membranas, e assim por diante, em uma cadeia cíclica. O conteúdo das conversas não nos é acessível.



MILTON MARQUES BRASIL (DF)

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SEM TÍTULO Instalação audiovisual com sistema giratório de motor DC de impressora, câmera DV, projeção e ossada animal Medidas variáveis • 2018

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As máquinas poéticas de projeção de Milton Marques são aparatos criados a partir de tecnologias simples refuncionalizadas: sistemas ópticos e mecânicos de baixa tecnologia e alto impacto sensorial. Sua obra forma-se a partir de desconstruções que evidenciam dinâmicas sociais e uma política da imagem técnica. Nos trabalhos apresentados em “Maquinações”, o artista desenvolve sistemas de loop mecânicos: em um deles, capta em vídeo o detalhe de um crânio animal giratório que, projetado, abstrai-se em meio à areia; no outro, desenvolve um projetor precário que amplia pelos humanos sobre sentenças insólitas – ressignificadas a partir de uma embalagem de shampoo –, numa composição que lembra a bandeira brasileira.


SEM TÍTULO Escultura eletromecânica, máquina de projeção customizada com sistema de foco em movimento, lentes e LEDs • 15 x 15 x 25 cm • 2012

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MOTTA & LIMA BRASIL (SP)

BEIJA-FLOR Instalação com projetor DLP chip único, tripés, DC motor, hélices e player • Medidas variáveis • 2013

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Dois tripés sustentam um projetor e um motor que rotaciona hélices de formatos irregulares. Sobre elas, é projetada a animação de um beija-flor. As hélices fragmentam a projeção em várias cores, como num disco de Newton às avessas. Vê-se a imagem de um pássaro que se forma numa superfície transparente, como uma holografia. As asas se confundem com as hélices, e a cor do beija-flor percorre todas as cores do espectro em movimento, pois a velocidade das hélices é superior à frequência do projetor.

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PAULO NENFLÍDIO BRASIL (SP)

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METACIRCUITO Objeto sonoro • 25 x 18 x 22 cm • 2015

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METACIRCUITO N2 Objeto sonoro • 42 x 28 x 18 cm • 2018 Aparatos eletrônicos gambiológicos construídos em valises que exibem mensagens alternadas em um display de 7-dígitos. Simultaneamente, o circuito produz sinais digitais em pinos elétricos que, quando amplificados, resultam em

uma composição polifônica de ruídos. A obra é metalinguística: as frases geradas pelo objeto explicam o funcionamento do próprio circuito, em um incômodo processo de humanização da máquina.

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INSTRUMENTOS PARA MEDIR O HORIZONTE Ferramentas mecânicas artesanais de medição. Construídos Esculturas em madeira e vidro • 12 x 90 x 3 cm / cada • 2018

em madeiras de lei, com grande precisão e extremo refinamento formal, esses objetos são o oposto radical da lógica de produção desenfreada de aparatos técnicos descartáveis.


por Nina Gazire

Em 1928, o filosofo alemão Walter Benjamin escreveu dois pequenos artigos após desbastar intelectualmente a “história da arte”, exortando os caminhos para os quais os artistas deveriam se voltar nas próximas eras. O século XX, o das máquinas de trabalho, estaria embrutecendo a civilização, e, então, generosamente, Benjamin nos aconselha: “Pois é a brincadeira, e nada mais, que está na origem dos hábitos. Comer, dormir, vestir-se, lavar-se devem ser inculcados no pequeno ser através de brincadeiras, acompanhadas por ritmos e canções”1. Todo artista, desse século em diante, deveria buscar, no cotidiano, o estranhamento, o jogo, o movimento, o ludus perdido. Ao visitar a exposição “Maquinações” no Sesc Palladium, em Belo Horizonte, o primeiro movimento com o qual nos deparamos está exatamente nessa chamada benjaminiana. Na entrada, nos vemos diante da instalação “Credo”, uma homenagem póstuma a Paulo Henrique Pessoa, o Ganso, na qual a viúva, Birimbica Potter, e a filha Laura Pessoa trabalharam, ao lado do curador, Fred Paulino, na mimese de uma “garagem hermética”, uma oficina de brincadeiras do recém-falecido artista. Ganso era uma perfeita encarnação da “ludologia” pregada por Benjamin. Na garagem, vemos objetos espiritualistas, brinquedos e traquitanas que se somam ao credo que ele expressava: “não sou compulsivo, sou acumulativo, acumulação criativa”2. Pois há ato mais repetitivo que a brincadeira (que nunca se repete)? Uma mesma brincadeira ganha diferentes versões e, assim como o processo artístico, perde-se no labirinto do movimento. Atualmente, encaixotamos as brincadeiras. O movimento está separado em caixas que seguem um grande sistema ufanado, que se apropria desse gesto roubado do significado original (se é que isso existiu) e nos faz apontar os nossos celulares para todos os lados, com filtros de gatinhos, cachorrinhos, o filtro infantilizado, porém surrupiado nas vendas prostíbulas de nossos corpos e olhares. Entendemos que isso é tecnologia, mas por que, ubiquamente, essa tal tecnologia se torna cada vez mais infantilizada? Por que alguns apontam para a tecnologia de maneira irônica, com seus beiços cheios de “capitalismo fofinho”3? A arte nasceu levando-se muito a sério. Assim como o conceito de tecnologia. O capitalismo está realmente fofinho, hashtag #sóquenão. A brincadeira também é origem da violência4? Tratando-se da arte como brincadeira e da arte como movimento (não como movimentos históricos ou vanguardas) dos gestuais criadores — os das maquinações —, o que vimos nas obras expostas na mostra é um recorte muito atento de artistas com olhares brincalhões para o excesso, que ignoramos e descartamos com facilidade vulgar. Todo excesso é também repetitivo, o gesto da arte como deslocadora dos signos do capital tecnológico. Consideramos, o tempo todo, principalmente nos dias

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1 BENJAMIN, Walter. Brinquedo e brincadeira: Observações sobre uma obra monumental. IN: Obras escolhidas: Magia e técnica, arte e política. Pág. 253. 1928. 2 Disponível em https://www.youtube. com/watch?v=C7lJUEX_kS0 – Acesso em 30 de novembro de 2018. Feirinha Troca-Troca – vídeo produzido pelo coletivo Gambiologia. 2013. 3 Conforme o termo cunhado por Giselle Beiguelman. 4 No ensaio “Brinquedo e brincadeira: Observações sobre uma obra monumental”, Benjamin retoma brevemente a teoria freudiana. “... ao contrário dos pesadelos traumáticos e das neuroses de guerra, que constituem o plano maior do ensaio freudiano, em que o retornar compulsivo às cenas de perigo são sintomas patológicos da sujeição dos indivíduos àquilo que não conseguem elaborar e que, por isso mesmo, retorna sem consentimento, a brincadeira repetitiva das crianças é orquestrada por elas mesmas e se torna fonte de prazer. Freud observa que elas gostam de ouvir as mesmas histórias, sempre do mesmo jeito, para reviver aquela primeira sensação de leitura. Já quando os adultos escutam a mesma piada uma segunda vez, a graça se perde. A novidade é, para eles, condição indispensável da fruição e do deleite. Assim sendo, ao deixar-se para trás a infância, perde-se também a capacidade de encontrar o novo pela repetição”. (BINES, Rosana Kohl. Assombrações da infância com Boltanski e Benjamin. IN: Alea vol.17 no.2. Rio de Janeiro,


atuais, o digital como sinônimo de tecnologia. No entanto, o analógico pode ser dado a crianças, que o estranharão e o transformarão em outro tipo de brinquedo: restolho tecnológico ou novo hábito, livre de atavismos? Sem julgamento, somos vítimas escravizadas das telas de consumo. Numa utopia, cabe aos artistas apanhar esse excesso e o transformar em novas brincadeiras. A propósito, vi crianças fascinadas ao visitarem a exposição, repleta de gambiarras analógicas, e isso parecia responder a minha dúvida sobre as novas e velhas tecnologias colocadas diante de novas gerações. Nesse cenário, invoco a etimologia da palavra ‘tecnologia’, que no antigo grego chama-se Techne e que também significa ARTE. Apesar da “coagulação” do termo, tanto para a técnica quanto para a arte, na noção original de arte grega sempre imperou a crise entre duas representações: ser realista ou não5. Essa oposição, que nos perseguiu durante séculos e, na construção da história da arte, principalmente, alijou-nos de uma simbiose que pôde ser resgatada apenas no século XX, é agora entranhada no cotidiano, invisivelmente, de maneira perversa. Inclusive, na própria arte, ela nos escapa, mesmo sofrendo de uma revisão historicista que a livra de uma perspectiva ocidental e colonialista. Brincamos o tempo todo com fogo (e sem saber?), como parece propor a obra registrada em vídeo, em 1987, pela dupla suíça Fischli & Weiss, em que pensam a ideia de entropia por meio de uma rede de armadilhas movimentadas por uma força pirotécnica. “Por meio de pura determinação e horas de tentativa e erro, a dupla compôs sequências cinéticas nas quais objetos se encontram uns com os outros, queimam-se infinitamente numa reação em cadeia”6: assim está descrita a obra “The way things go” (Do jeito que as coisas andam) no arquivo do Guggenheim7. Se pensarmos na obra como metáfora para a realidade, percebemos a flecha infinita do tempo no qual estamos envoltos, sendo incapazes de parar, ou estamos vivendo em um sistema entrópico, negando-o desde os tempos pós-socráticos? Dar-se conta do real é iluminador ou piromaníaco. A obra não responde, mas escancara a verdade de que tudo é movimento. 5 VENTURI, Lionello. História da crítica de arte. 1960 – página 107. 6 Tradução livre. Original: “Through sheer determination and hours of trial and error, they composed cinematic sequences in which objects careen into one another, light each other on fire, and fly from place to place in an endlessly unraveling chain reaction.”. 7 Disponível em: https://www.guggenheim.org/artwork/32552. Acesso em 30 de novembro de 2018.

Guto Lacaz, um dos mais renomados artistas brasileiros do binômio arte e tecnologia, no trabalho “Pequenas grandes ações” (2003), não lança mão de nenhum artifício, digamos, maquínico, para falar de movimentos perpétuos e repetitivos que fazemos no dia a dia. Na série, o artista registra em serigrafia (uma técnica analógica) movimentos repetitivos que fazemos com aparatos técnicos: rebobinar uma fita cassete com lápis; acender um fósforo. Somos eternas crianças que imitam o movimento dos adultos, ou adultos que repetem os movimentos aprendidos quando crianças. “O movimento é estático! O movimento é estático porque ele é a única coisa imutável. (...)

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A única certeza é que o movimento, a mudança e a metamorfose existem. (...) Acredite em mudanças. Não se agarre a nada, tudo a respeito de nós é movimento, tudo em torno de nós muda”8, afirmou certa vez Jean Tinguely, conhecido por criar máquinas abstratas. Nas gravuras de Lacaz, esses pequenos movimentos em torno de objetos analógicos nos mudam quando os acessamos, apesar de estarem paralisados; eles nos perguntam se, hoje, os acessamos mais pela memória que pelo gesto do corpo. Em 1955, o pintor e escultor húngaro Vitor Vasarely (1908–1997) publicou o “Manifesto Amarelo”, na ocasião de sua participação, junto a outros artistas, como Marcel Duchamp, Alexander Calder, Jesús Soto e o próprio Tinguely, na exposição “Le Mouvement”, realizada em Paris, enfatizando que a arte tem a necessidade de ser movimento. O manifesto, inspirado pela investigação dos Construtivistas da Bauhaus, postulava que a cinética visual — como propõe a obra do cânone da arte cinética brasileira Abraham Palatnik, presente em “Maquinações” — deveria basear-se sempre na visão do espectador9. Em “Cinético C-5”, de 1968, Palatnik faz o contrário à via de Guto Lacaz e parece, aos olhos viciados de estudantes de arte, animar a concepção “maquínico-pictórica” de Vasarely e Tinguely. Mais uma brincadeira experimental do artista que, em 1951, teve sua obra “Aparelho Cinecromático” – uma caixa com luzes coloridas em movimento – quase fora da Bienal de São Paulo, pois os organizadores não sabiam como categorizá-la. A arte não pode ser um hábito, como também afirmou Benjamin. E poderíamos dizer, até certo ponto, que, sobre essa afirmação, há um “tarde demais”. Se a premissa fosse totalmente contrária, não teríamos o misterioso Banksy autodestruindo a sua milionária obra leiloada10. Só nos restou a ironia? Damos graças a tais “tricksters” da arte, para que a brincadeira permaneça. Atualmente, cercados por máquinas, vemos essas terem surtos subjetivos: algoritmos que desobedecem, assim como artistas que resistem. Ou, simplesmente, imitam-nos em nosso sistema ufanista, eliminando dele as subjetividades. O algoritmo da grande máquina improvisa (?) da pior maneira possível. Ficou famoso, no ano de 2018, o caso do algoritmo racista da Google11. Há quem diga que a próxima revolução política será para controlar algoritmos12. Ou já foi? Está sendo? Os algoritmos da grande máquina não brincam. Mas os da arte, sim. Sara Lana embola o “fio de Ariadne”13 linguístico com a instalação “Máquina de antônimos”, criada especialmente para a exposição, obra na qual “um microfone grava frases faladas, e um sistema troca cada uma das palavras enunciadas por seu antônimo.”14. Paulo Nenflídio, no “Metacircuito”, cria uma máquina viva, cujo algoritmo nunca se completa, transformando sons em perguntas sem sentido. Milton Marques, na obra “Sem título”, mostra o movimento perpétuo de uma paisagem artificial, criada em um recipiente de vidro

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8 TINGUELY, Jean. Untitled Statement (1961). IN: STILES, Kristine; SELZ, Peter. Theories and documents of contemporary Art: a sourcebook of artist’s writing. 1996. 9 OLIVEIRA, Thais Pereira de Franco; SILVEIRA, Edgar. Arte cinética e ciberarte: propostas de interatividade. IN: VENTURELLI, Suete (org.). 9º Encontro Internacional de Tecnologia: sistemas complexos, naturais, artificiais e mistos. 2010. Disponível em: https://art. medialab.ufg.br/up/779/o/nono_art. pdf. Acesso em 30 de novembro de 2018. 10 D isponível em: https://www.nytimes. com/2018/10/06/arts/design/uk-banksy-painting-sothebys.html. Acesso em 30 de novembro de 2018. REYBURN, Scott. Banksy painting self-destructs after fetching $1.4 million at Sotheby’s, escrito em 6 de outubro de 2018. 11 D isponível em: https://brasil.elpais. com/brasil/2016/06/10/tecnologia/1465577075_876238.html. PEREDA, F. Cristina. O Google é racista?; matéria publicada no jornal “El País” em 10 de junho de 2016. 12 O’NEIL, Cathy. Weapons of math destruction. 2016. Este livro, publicado em 2016, avalia que a próxima revolução política será sobre o controle dos algoritmos, setor da inteligência artificial que se tornou uma das peças decisivas na eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, e agora, no Brasil, na eleição de Jair Bolsonaro, que utilizou o WhatsApp para realizar disparo de mensagens em esquema de “pirâmide”. 13 O Fio de Ariadne, assim chamado devido ao mito de Ariadne, é o termo usado para descrever a resolução de um problema que se pode proceder de diversas maneiras óbvias (como exemplo: um labirinto físico, um quebra-cabeça de lógica ou um dilema ético), a partir de uma aplicação exaustiva da lógica por todos os meios disponíveis. É um método singular que permite se seguir completamente os vestígios das pistas ou assimilar gradativa e seguidamente uma série de verdades encontradas em um evento inesperado, ordenando a pesquisa até que se atinja um ponto de vista final desejado. Fonte: Solving Sudoku. Disponível em: http://www. sudoku.org.uk /PDF/Solving_ Sudoku.pdf. Acesso em 30 de novembro de 2018. 14 S ite da artista. Disponível em: https://touca.ninja/antonimos/. Acesso em 30 de novembro de 2018.


Nina Gazire é jornalista e mestre em Comunicação pela PUC-SP. Lecionou Produção Cultural na FAAP-SP e Comunicação no Centro Universitário UNA. Participou de diversas curadorias e escreveu para revistas especializadas em artes visuais.

que contém um crânio animal, filmando a única coisa certa da vida: o movimento constante em direção ao fim. Em “Maquinações”, temos esses organismos artificiais, obras em que o movimento nos pede, o tempo todo, o fim de um utilitarismo para a arte e para os nossos corpos. Há um espaço de imersão no improviso da brincadeira, porém sem deixar de lado que, constantemente, estamos ameaçados por gerações anteriores de máquinas com as quais nos confrontamos diariamente, sem ao menos perceber. Seremos para sempre funcionários do olhar e de superfícies programadas? Se aprendemos brincando, por que paramos de brincar para apenas fazer? Descobrimos as artimanhas do Eterno (louvado seja Seu nome), roubamos suas receitas de cozinha e agora cozinhamos inclusive melhor do que Ele. Será que estamos realmente em uma nova história? Como era mesmo o conto de Prometeu e o fogo roubado? Quem sabe não acreditamos estar simplesmente sentados diante do computador, quando na realidade estamos encarcerados no Cáucaso? E talvez alguns pássaros já estejam lá afiando o bico, preparando-se para nos comer o fígado. (FLUSSER; 2007; pág. 79)15 Temos, com a mostra, um respiro de alívio, pois não vemos a brincadeira em oposição à arte, o gesto em oposição ao olhar. Na abertura da exposição, o interdisciplinar Neville D’Almeida e a artista Juliana Porfírio promoveram, junto a uma bailarina, a performance “Corpo utópico”, intervenção realizada a partir de uma vestimenta eletrônica dotada de uma câmera e um monitor que filma e reproduz pessoas e situações ao redor. Nessa ação, que desloca o olhar de sua função, passando-o ao corpo por meio de câmeras, os criadores nos perguntam até que ponto estamos realmente no controle. E, para além disso, fazem-nos questionar: estivemos no controle algum dia? Quem esteve brincando conosco durante todo esse tempo?

15 FLUSSER, Vilém. O Mundo codificado: Por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosacnaify, 2007.

Não pretendo responder a essa pergunta. Nunca conseguirei e, se alguém lhe trouxer a resposta, desconfie. A exposição é essa máquina que monumentaliza perguntas — missão da arte, para alguns. Para mim, trouxe lembranças do brincar, do aprender fazendo. É certo que, em um contexto no qual máquinas decidem cenários políticos, precisamos, cada vez mais, deixar de pensar a tecnologia e, principalmente, a arte, como algo afastado de nós. E deixar de pensá-las como instâncias separadas em propósitos e servidões. Pelo contrário: ter o espírito do Ganso, presente em pequenos retratos espalhados de maneira brilhante pelo espaço expositivo, a gracejar por meio de objetos que tendemos a ver apenas como excesso e repetição, e não ato de criação, ato de vida.

MÁQUINAS DO BRINCAR

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PETER FISCHLI & DAVID WEISS SUÍÇA THE WAY THINGS GO Vídeo • Cor • 30’’ • Som estéreo • 1987

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Considerado um clássico da videoarte, apresenta 30 minutos de documentação de uma “Rube Goldberg Machine” construída a partir de objetos e estruturas precárias, ativados sequencialmente, em um galpão vazio. Além das inúmeras interações mecânicas entre os componentes dessa microcidade instalativa, reações químicas e pirotecnia são também usadas como gatilhos. A partir de pura determinação e horas de tentativa e erro, os artistas compuseram sequências cinematográficas nas quais os materiais se entrelaçam, acendem-se em chamas e voam de um lugar para outro, numa reação em cadeia finitamente desvendada. Os objetos, em colapso iminente, parecem se mover por vontade própria, livres das funções habituais e deleitando-se com o prazer de seu mau comportamento.



SARA LANA BRASIL (MG)

MÁQUINA DE ANTÔNIMOS 2.0 Instalação audiovisual interativa • Medidas variáveis • 2018 Colaboração: Pedro Cambraia Instalação interativa que utiliza eletrônica, programação e objetos reutilizados para responder à fala de maneira inusitada. A máquina “escuta” frases ditas pelo público em um microfone e, utilizando-se de bibliotecas de tradução disponíveis online e voz computacional, gera frases contrárias. A inexatidão do sistema, para além da ludicidade, evidencia as constantes falhas dos sistemas tecnológicos, mesmo os mais complexos. Na versão 2.0 da obra, monitores de TV de tubo hackeados emitem sinais luminosos em sincronia com a resposta sonora.

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MÁQUINA DE ANTÔNIMOS Instalação de áudio interativa • Medidas variáveis • 2018 Colaboração: Thiago Hersan

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XANDE PEROCCO BRASIL (MG)


MAQUINISMO Mural de tipografia experimental • aprox. 30 m2 • 2018 Projeto parede - Sesc Palladium (Belo Horizonte - MG)

MAQUINISMO II Mural de tipografia experimental • aprox. 35 m2 • 2019 Hall de entrada - Sesc Piracicaba (SP) Tipografia experimental desenvolvida para o projeto gráfico de “Maquinações” que, ampliada e fragmentada, transformou-se em murais site-specific de grandes dimensões. Sua representação gráfica simula o conjunto de peças de um mecanismo que emprega funções aos contornos e formas de preenchimento do espaço, delimitando com precisão as fronteiras entre os caracteres e o vazio ao redor. Assistentes: Laura Potter, Mariana Zani e Thiago KID!

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ZAVEN PARÉ FRANÇA / BRASIL (RJ)

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OCUPAÇÃO ZP 1.0 / 2.0 / 3.0 Instalação site-specific • Colecionismo, esculturas e objeto eletromecânico • Medidas variáveis • 2018/2019 Instalação composta de quatro partes: um conjunto de assemblages de materiais colecionados de diferentes origens, os quais são fontes de inspiração para o artista; uma vitrine de relíquias; uma prateleira de figuras totêmicas para memória; e uma escultura in situ que se refere a “Locus Solus”, obra de Raymond Roussel.

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HOMENAGEM AOS REPARADORES DOS MOEDORES DE CHOCOLATE Escultura cinética • 180 x 180 x 180 cm • 2017


Escultura cinética composta de 180 antebraços em suave movimento giratório, como raios de uma estrela negra. Cada uma das mãos segura uma engrenagem, perdida na corrida do tempo. As 720 conexões elétricas dessa montagem mecânica silenciosa formam o núcleo do projeto de corpo celeste. A obra é uma alegoria dedicada à pronossupinação, movimento que consiste na rotação do antebraço e que foi o estudo de biomecanismo mais completo da obra de Leonardo da Vinci, presente nas anotações dele sobre morfologia e no gesto indicador

dos personagens de suas pinturas. O título do trabalho faz referência a “Broyeuse de chocolat” (1914), de Marcel Duchamp, uma máquina replicada também em sua grande obra “La Mariée mise à nu par ses célibataires, même” (1915-1923). “Homenagem aos reparadores dos moedores de chocolate” evoca o trabalho de manutenção desse tipo de máquina, pelo maior prazer dos mecânicos e mesmo dos celibatários, dentre outros. Além dos apreciadores de chocolate, principalmente.

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por Fernando Velázquez “[…] novidade passa, e o que resta é frustração”. Lucas Bambozzi 1 Introdução Houve um dia em que o primeiro ser humano (talvez fossem dois ou três) friccionou pedaços de madeira com a intenção de fazer fogo. Antes disso, grupos de Sapiens trabalharam a pedra e construíram armadilhas2. E, enquanto isso, a primeira experiência cinematográfica pode ter acontecido em alguma caverna ainda desconhecida, por volta de 30 mil anos atrás. Máquina, do latim machina, é um aparelho, uma estrutura ou um engenho que potencializa as capacidades e habilidades humanas e tem a genealogia entrelaçada à história da humanidade. Na nuvem semântica que orbita a palavra “máquina”, encontramos outras derivações, como: mecanismo, aparato, artefato, dispositivo, engenhoca, invenção, ferramenta e instrumento. Essas palavras estruturam o campo simbólico da “máquina” e funcionam como extensões territoriais que contaminam e expandem seus domínios. Derivada de “máquina”, a palavra “maquinar”, que dá título a esta exposição, significa tramar, urdir, trair, conspirar, causar intriga. Apesar de que comumente a máquina é associada a uma “moral do bem”, a sua genética nos lembra de que mantemos uma relação traumática com esses artefatos e dispositivos. Já na Antiguidade, egípcios, gregos, chineses e outros povos desenvolveram uma série de invenções, principalmente mecânicas e hidráulicas, utilizando alavancas, pesos e mecanismos multipeças mais ou menos complexos3. O teatro de marionetes chinês, com seus autômatos, e o órgão de Ctesibius (Bautista Paz et al., 2010, pág. 42 e 49) são alguns exemplos de que a arte esteve, desde sempre, relacionada à tecnologia. Dando um grande pulo na linha do tempo da história e driblando o grande inventor de máquinas que foi Leonardo da Vinci, a verdadeira revolução das máquinas virá na era industrial. A velocidade e a magnitude das mudanças no cotidiano e o impacto no meio ambiente tornaram-se definitivos. Os legados: a alienação a respeito dos processos produtivos e a aceleração da percepção do tempo. Outra revolução tecnológica consolida-se ao longo do século XX, com o progressivo controle da eletricidade. Surgem os eletrônicos e, a partir deles, as máquinas de realidades virtual e aumentada, que transformaram radicalmente a nossa vida.

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1D iverso – Gambiologia (2012). Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=z4Fm6kaF-1I. Consultado em: 09/2019. 2S obre as máquinas do Homem Primitivo. Bautista Paz et al., 2010, pág. 7-12. 3A invenção mais complexa da antiguidade é “máquina de Anticítera”, um instrumento astronômico considerado o primeiro computador analógico (Bautista Paz et al., 2010, pág. 7).


Em definitivo, onde há humanos, há máquinas, tramas, intrigas e conspirações que fazem o mundo girar. Os gregos, por exemplo, pensaram o universo como um mecanismo de corpos celestes. Mais tarde, com o surgimento da ciência moderna, a natureza4 e o corpo humano passaram a ser compreendidos como uma máquina (composta de partes com funções específicas, “ensembladas” de maneira a trabalhar em sincronia, obedecendo a relações previsíveis de causalidade). A perspectiva mecanicista permitiu estudar o universo e a vida reduzindo os fenômenos a suas partes constitutivas. Mas, à medida que os avanços técnicos e tecnológicos permitiram novas aferições do universo físico, tal estratégia se mostrou insuficiente para dar conta da real densidade das coisas do mundo. Surgiram novas máquinas e, consequentemente, novos enunciados, e vice-versa. A ideia de que “o todo é mais do que a soma das partes” remonta a Platão e Aristóteles e atravessa a história da filosofia5, de Marx, a teoria dos sistemas e da complexidade. O pensamento holístico, dialético, sistêmico e complexo ofereceu alternativas ao determinismo mecanicista, sobretudo a partir da segunda metade do século XIX. Reduzir um fenômeno a suas partes constitutivas pode ser útil em certa medida, mas, para nos acercarmos de fato do objeto de estudo, precisamos conectar as partes a uma entidade complexa, indeterminada, emergente6. Pausa. Quando os mais variados círculos do conhecimento começam a abraçar o pensamento complexo, as máquinas de última geração e seus algoritmos de inteligência artificial conturbam novamente o panorama.

4 A natureza resolveu continuamente problemas mecânicos para construir e manter a vida e demonstrou engenhosidade brilhante e criatividade no design de mecanismos altamente eficientes… A biologia pode nos oferecer exemplos de desenho mecânico, como a perna de um artrópode ou vertebrado. Bautista et al., 2007. Pág. 2. 5 h ttp://www.filosofia.org/enc/ros/ par10.htm. Consultado em 10/2019. 6 A esse respeito, ver Johnson, 2003. 7 h t t p s : / / w w w . n y t i m e s . com/2019/10/21/science/quantum-computer-physics-qubits.html. Consultado em 10/2009.

Pesquisas recentes da neurociência constataram que as nossas escolhas poderiam não resultar do suposto livre arbítrio, e sim da capacidade particular de reconhecer padrões (HARARI, 2018). Supercomputadores analisando grandes bases de dados (big data) vêm fornecendo evidências, se não definitivas, reveladoras a esse respeito. O escândalo da Cambridge Analytica é um bom exemplo de como se pode manipular remotamente o comportamento de grandes grupos humanos com base nas ideologias dos mesmos. O alcance dessa tecnologia social (por chamá-la de alguma maneira), em que supercomputadores orientam ou manipulam a vida das pessoas, ainda é restrito a alguns aspectos da vida humana. Não seria imprudente pensar que, à medida que novos e potentes computadores7 entrarem em circulação e grandes volumes de dados se tornarem disponíveis — do comportamento humano aos fenômenos climáticos —, entraremos na era do tecnodeterminismo. Embora o recorte da exposição “Maquinações” seja específico, achei oportuno trazer esse sucinto, incompleto, parcial e esquizofrênico raconto introdutório, a fim de lembrar a conturbada relação de interdependência do homem com a máquina. Acredito que, de uma maneira ou de outra, os tópicos apresentados tangenciam os enunciados da exposição.

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Máquinas e arte Se por um lado “Maquinações” está inserida no macrocontexto da relação homem-máquina, por outro insere-se num nicho particular da história da arte, aquele que envolve a produção simbólica com máquinas, cuja história certamente não cabe neste breve texto8. Gostaria de lembrar que, para além das inúmeras possíveis associações entre máquinas e arte9, não será até o século XX que esse entorno ganhará novo status. Para além do viés instrumental, a máquina passa a ser gradualmente considerada obra de arte10. Das traquitanas autodestrutivas de Tinguely aos autômatos de Theo Jansen, das máquinas que simulam o sistema digestivo de Wim Delvoye às animações algorítmicas de inteligência artificial de Refik Anadol, estamos frente a um campo epistemológico, lógico, ético e estético particular, a meu ver, resumido exemplarmente por Peter Weibel com base na ideia de “virada performativa”11: “Classical art was about the behaviour of form, even the form of things, and today it’s about the form of behaviour. […] it’s not about the creation of things anymore, it’s about the creation of relations, what we do with things”12. Outro assunto a se levar em conta é o fato de a arte e a cultura serem, de modo geral, constantemente atravessadas pelo embate entre progresso e tradição, no qual, sem lugar a dúvidas, a máquina tem um papel central. O flaneur de Baudelaire revolta-se perante a velocidade da cidade luz. O movimento “Arts and Crafts” busca se contrapor ao desenho industrial. É nesse terreno pantanoso, posicionando-se criticamente diante do positivismo status quo, que a exposição “Maquinações” finca os pilares. Sobretudo pelo fato de seu curador, Fred Paulino, junto a Paulo Henrique Pessoa, o “Ganso”, e Lucas Mafra, ser um dos fundadores da Gambiologia, movimento de resistência a certa ideia de progresso aplanador que apaga o passado, desperdiça recursos, espalha falsas promessas, exclui as margens e programa a obsolescência. Um fato que chama a atenção e pode ser considerado um statement é que, à exceção do trabalho de Sara Lana, não há obras interativas em “Maquinações”. E é justamente a “Máquina de antônimos” de Sara que revela a tendência tecnoassistencialista do nosso tempo, em que até o uso de papel higiênico é assistido por sensores e motores. A obra é composta por um amontoado de aparelhos de TV de tubo, em cujas telas vemos oscilantes desenhos de ondas e variações de estática. Há ainda um microfone que, acionado pelo visitante, dispara um sistema de tradução que analisa a fala e devolve uma frase de sentido contrário àquilo que por ela foi ouvido. Em plena era das máquinas superinteligentes e dos espertos algoritmos de inteligência artificial, o ruído persiste em mediar a relação homem-máquina. Sara explora, de maneira extremamente poética, o que se perde no processo: os resíduos, o caráter inexato da linguagem, a imprecisão da máquina, a diferença de repertórios. Nessa direção, “Homenagem aos reparadores dos moedores de chocolate”, de Zaven Paré, na qual 180 antebraços de plástico giram em torno do próprio eixo, representa, a meu ver, um contraponto à “ode ao clique” em que tem se transformado a sociedade contemporânea. Apesar de o artista ter se inspirado nos estudos biomecânicos de Leonardo da Vinci e nas enigmáticas máquinas de Duchamp, no

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8 A esse respeito, consultar BESSETE, 2017, MEDOSH, 2016, BROECKMANN, 2016, TAYLOR, 2014. 9 Elenco caprichosamente algumas de muitas: a descoberta do vidro e o desenvolvimento das lentes, a câmera obscura, o pomo de tinta a óleo, as maquinarias e invenções que levam à sistematização da fotografia, do cinema e a captação e reprodução de áudio, etc. 10 M achine Art. Catálogo da exposição. MoMa: Nova Iorque, 1934. Disponível em https://www.moma. o rg /d o c u m e n t s /m o m a _c a t a l o gue_1784_300061872.pdf. Consultado em 10/2019. 11 https://en.wikipedia.org/wiki/Performative_turn. Consultado em 10/2019. 12 “ A arte clássica diz respeito ao comportamento da forma, mesmo a forma das coisas, a arte hoje é sobre a forma dos comportamentos… não mais se trata da criação de coisas, é sobre a criação de relações, o que fazemos com as coisas”. (ASCOTT et al., 2009, pág. 17).


contexto atual, a obra ganha novas leituras. Há um esforço sendo feito, de maneira cíclica e repetitiva, que poderia disparar uma experiência contemplativa, meditativa, ou zen, mas que me passa uma dupla angústia. Por um lado, me faz pensar na sociedade de consumo e suas agressivas técnicas de marketing: é como se esses 180 antebraços buscassem me convencer a fazer parte do sistema, provavelmente me mostrar algum incrível produto sem o qual eu não poderia viver. Por outro lado, sinto angústia em perceber que eles não saem do lugar. A multidão “da era do motor”, refém das tramas do capitalismo cognitivo, como na cegueira das bolhas de redes sociais. Arquivo e memória Paulo Henrique Pessoa, o “Ganso”, tinha um gabinete particular de curiosidades, e é com este que ele está generosamente representado na exposição. “Credo” é uma instalação site-specific de colecionismo psicodélico. Ganso era um colecionador compulsivo de imagens e de todo tipo de objetos, preferencialmente aqueles que poderiam ser reaproveitados de maneira inusitada. Dentre os itens expostos, está o capacete projetado junto a Paulino e Mafra para o extinto festival Arte.mov (Festival Internacional de Arte em Mídias Móveis), em Belo Horizonte. O nascimento desse objeto/engenhoca analógico num entorno tão particular, um festival dedicado às tecnologias mais avant-garde, tem um valor simbólico e afetivo extra, pois levou à fundação da Gambiologia. Recentemente tive a oportunidade de visitar a Fundação Casa Grande — Memorial do Homem Kariri13, em Nova Olinda, Ceará. Entre diversas atividades sociais, educacionais e de resguardo do patrimônio promovidas pela instituição, me chamou particularmente a atenção o projeto dos Museus Orgânicos. Pensados por Alemberg Quindins e sua equipe, são museus que buscam resgatar os mestres da cultura popular local ainda em vida e são projetados nas próprias casas dos homenageados. A instalação de Ganso me fez pensar sobre essa memória coletiva não oficial que se esconde em cada casa e em cada garagem e que, muita vezes, nos custa descobrir e valorizar.

13 h ttps://blogfundacaocasagrande. wordpress.com/

A participação de Guto Lacaz na exposição aponta para outro tipo de memória, aquela relacionada ao corpo. A sequência de imagens expostas sugere instruções para execução de atividades cotidianas, como acender um fósforo, abrir uma embalagem de cola Super Bonder, desenrolar um rolo de Magipack, extrair um print de uma máquina Polaroid, utilizar um nível e rebobinar uma fita cassete. De fato, nenhuma dessas ações precisaria de instruções para as gerações nascidas nas décadas de 1970 e 1980. O comentário irônico de Lacaz, agudo cronista gráfico de nossa época, está endereçado a revelar, por um lado, a condição cíclica do tempo, e por outro, o quanto o nosso corpo pode ser moldado pelas tecnologias. Hoje, quando a fita cassete e a Polaroid voltam à cena e consertar um equipamento pode ser mais caro que adquirir um novo, as imagens de Lacaz ganham novo sentido. No senso comum, o tempo seria representado por uma linha contínua em que o passado estaria à esquerda, o futuro à direita e o presente em algum lugar entre. A história é bem mais caprichosa. Como o tempo, é ilusão, acelera, desacelera e loopea no momento mais inesperado.

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Nesse núcleo, também cabe falar novamente de Zaven Paré, outro compulsivo colecionador de objetos e imagens. Ele apresenta a instalação site-specific “Ocupação ZP 3.0”, composta de quatro partes. Na primeira, traz uma série de assemblages que me remeteram ao imaginário afro-brasileiro, segundo o artista: “pura coincidência”. A segunda parte é uma parede composta de objetos circulares dispostos aleatoriamente, que parece a transposição do ateliê do artista para a sala expositiva. Completam a obra uma vitrine de relíquias e uma máquina esdrúxula (ou surrealista?) que mantém uma bolinha de pingue-pongue flutuando no ar, instalação que se refere a “Locus Solus”, obra do escritor e poeta Francês Raymond Russel. Assim como na obra de Ganso, há um olhar disruptivo para o cotidiano, para a cronologia do tempo, para a essência das coisas. Uma tentativa de reorganizar o mundo em arranjos que resgatem a subjetividade e a escala humana, a beleza e a poesia ocultas nas coisas banais. Abstração e movimento Abraham Palatnik participa da mostra com “Objeto cinético C-5” e uma coleção de cadernos e anotações. Sua produção se insere no âmbito do abstracionismo, do concretismo e do neoconcretismo brasileiros e variações latino-americanas exemplificadas nas obras de Jesus Rafael Soto, Carlos Cruz Diez e Julio Le Parc. A obra de Palatnik já foi estudada e resenhada à exaustão14 e é conhecida por introduzir tridimensionalidade no objeto pictórico, pela exploração física do fenômeno lumínico e pela inserção de movimento. O destaque em “Maquinações” fica por conta da inclusão de cadernos e anotações de Palatnik que, no contexto da exposição, explicitam as formas do fazer artístico que emergem quando este vai ao encontro das tecnologias do tempo presente da obra. O croqui e os rabiscos dão lugar aos planos, aos cálculos, ao projeto. Não que isso seja uma novidade no campo da arte, mas, no século XX, a diluição das fronteiras entre disciplinas se consolida e a formação de equipes transdisciplinares vira uma necessidade. Ao mergulhar em outros campos, o artista adere a novas técnicas e a formas de pensar, documentar e projetar próximas da engenharia e da ciência. A obra de Daniel Herthel atualiza e desloca um ofício praticamente em extinção, a marchetaria, técnica oriunda da marcenaria e da ourivesaria, utilizada tradicionalmente na confecção de mobiliário, adereços e enfeites. Por estarem dispostos na parede, é inevitável pensar na relação que os quadros mantêm com a pintura. Seja pela característica da técnica, um tanto limitada na expressão do detalhe, seja pela temática escolhida pelo autor — um sintetizador, por exemplo —, elas causam certo estranhamento. O anacronismo materializado da memória de um tempo passado. O mural de Xande Perocco, feito com base na tipografia por ele criada como marca da exposição, inspira uma viagem no tempo. Quando aplicada num impresso, ou na tela do computador, a tipologia remete instantaneamente à estética do design gráfico contemporâneo assistido por computador. Mas, quando transformada em mural,

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14 E m 2009 o Instituto Itaú Cultural se debruçou sobre a sua obra, numa ocupação curada por Aracy Amaral. Ver: https://www.itaucultural.org.br/ ocupacao/abraham-palatnik/


remete à origem do design e da propaganda no construtivismo russo. É nessa ambivalência comunicacional que a obra se expande no contexto da exposição, criando um hiato entre a ideia de progresso e tradição. Traquitanas e engenhocas A produção de Paulo Nenflídio se instaura na fronteira entre arte e vida. Ele é um artesão da máquina, um artista inventor, um cientista poeta. Em suas obras, explora os mais diversos materiais e fenômenos, de modo a construir o que chama de invenções, objetos inusitados, lúdicos e interativos, na maioria das vezes, sonoros. Os “Instrumentos para medir o horizonte”, que ele designa como esculturas, são na verdade três níveis completamente funcionais. Um deles apresenta uma inovação técnica: um mecanismo de redução, que permite maior precisão nas medições. Movido pela generosidade e pela vontade de confundir as fronteiras da arte, Nenflídio presenteou um operário que trabalhava na reforma de sua casa com uma dessas esculturas. “Metacircuito n2”, também de sua autoria, é um objeto sonoro, uma máquina/instrumento com as vísceras expostas que, ante a presença do visitante, pronuncia um monólogo sobre sua própria natureza maquínica. As obras de Nenflídio inicialmente nos seduzem pela excentricidade e pelo exotismo da sua fatura. Mas, numa segunda instância, nos surpreendem pelo fato de deixar desnudada a própria essência, mediando a experiência do sensível de forma sutil e prazerosa. O que queria nos dizer Azucena Losana com suas sequências de imagens analógicas produzidas por precários projetores de slides feitos de papelão e componentes descartados? Nunca como hoje tivemos disponíveis tantos dispositivos de produção e projeção de imagem e nunca produzimos tantas imagens num único dia. Temos à disposição equipamentos que podem ultrapassar os 50 megapixels de resolução e filmar até em 8k e telescópios que enxergam os confins do universo. A partir de uma perspectiva positivista, poderíamos pensar que toda essa parafernália estaria a serviço de um modelo de comunicação em que a informação flui como as águas de um rio e a humanidade vai de vento em popa. O efeito parece ser exatamente o contrário. A exposição descontrolada a tais tecnologias vem deixando evidentes as nossas carências e debilidades enquanto indivíduos e coletivo. É nesse intervalo que a artista nos convoca a refletir sobre a urgente necessidade de repensar a nossa relação com os dispositivos tecnológicos — os da imagem em particular — para pensarmos estratégias que nos permitam driblar o encantamento do admirável mundo novo. Só assim poderemos criar identidade e pertencimento num sistema que explora as nossas debilidades. O “Oráculo”, de Mauricio Zelada, é uma verdadeira engenhoca. Misto de escultura, instrumento musical e luminária, lembra uma nave espacial prestes a decolar. O som resultante do maquinar dos seus componentes é um drone que pode apontar tanto

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a radiação de fundo do universo quanto o impertinente ronco de motores produzindo 24/7. A sua esbelta figura, embora estática, incorpora a tensão e a potência de uma possível decolagem, extraordinária alegoria dos conflitos contemporâneos. Poéticas da estranheza A poética de Milton Marques sempre me pareceu perturbadora. Não pelo fato de ser perversa ou incômoda, e sim por ser inclassificável. Com a sua metodologia particular de subverter o original, seja um motor, seja uma câmera, seja uma impressora, ele cria sistemas cujo significado escapa à nossa experiência imediata. Ao enxergar possibilidades inusitadas em conjuntos projetados com elementos cotidianos, Marques consegue criar visualidades, sonoridades e atmosferas para as quais não temos referente imediato. Assim como nas obras de Nenflídio, na busca pela lógica que ilumine o sentido das suas proposições, não raramente nos vemos suspensos por alguns instantes num limbo simbólico ambíguo e desestabilizador, porém extremamente poético e sugestivo. As máquinas de Marques produzem boucles e recorrências, mas a engenhosidade do artista no desenho das mesmas faz com que nenhum loop seja igual ao outro. Isso inevitavelmente nos leva a pensar no tempo e em suas armadilhas. Assim é o caso da obra exposta “sem título”, em que vemos uma ossada animal se revirando entre grãos de areia. O efêmero tempo da vida contrastado com o geológico tempo do mineral. Uma potente metáfora dos ciclos da natureza. Mas, nesse caso, a força geradora de tal rotina é um motor elétrico de impressora, colocando o ser humano no papel do criador. Na outra obra de autoria desse artista, também sem título, vemos uma traquitana audiovisual cuja lente oscila entre dois pontos focais. Nos extremos do loop, podem-se ler as frases “ponto crítico em que ele já não responde” e “nos dias mais difíceis”. Um emaranhado de pelos complementa ambas as imagens. Apesar das décadas de história da arte com máquinas, a obra de Milton aponta para as fronteiras inexploradas de equipamentos considerados obsoletos. O homem e a máquina, utopia ou distopia? A inclusão do vídeo “The way things go” (Do jeito que as coisas andam), de Fischli e Weiss, introduz, se não uma perspectiva distópica, um componente desestabilizador no percurso. Nessa obra-prima da dupla suíça, vemos uma engenhoca torpe e desengonçada, em que acontecimentos esdrúxulos e improváveis se sucedem num plano-sequência que não é o tal (as imagens foram captadas ao longo de dois anos). No fim, não há moral da história. A energia despendida se esfumaça no ar quando um punhado de gelo seco despenca numa bacia com água. A meu ver, eis a mais bela paródia da relação do homem com a máquina. Sem otimismo ou pessimismo, apresenta as coisas como elas são. Acertos, erros, dúvida, ingenuidade, malícia, maldade, tudo claro e evidente, causal. Ética, cada um tem a sua.

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Fernando Velázquez é artista e curador. Investiga as relações entre Natureza e Cultura no contexto dos dispositivos técnicos. É Mestre em Moda, Arte e Cultura pelo Senac.

Conspirando Deixei o trabalho da dupla Motta & Lima para o final, pois ele materializa o potencial expansivo e libertador que pode emergir do encontro do homem com a máquina. A imagem de um beija-flor em voo, projetada nas aspas de um ventilador, evidencia um fenômeno óptico que revela a natureza da luz. Para além dos domínios estéticos da arte, poderíamos pensar que estamos frente a um dispositivo de conhecimento que apresenta elementos-chave que nos permitem decodificar a realidade e ordenar o mundo ao redor (GRAU e VEIGL, 2011, pág. 5). Duas escolhas certeiras da curadoria fortalecem a exposição: a inclusão da performance audiovisual “Pareidolia”, do grupo Kallpp, e a museografia. Os artistas do Kallpp criam e improvisam com sintetizadores de manufatura própria. Durante a performance, abrem os aparelhos, explicitando os sensores, mecanismos e fluxos, desmistificando a “caixa-preta”. No campo simbólico, nos provocam a dar sentido a sons nada habituais e, como outras obras da exposição, exploram a poesia do cotidiano. A museografia é simples, mas direta. Um labirinto feito de paredes de malha de arame que remete ao ambiente de oficina, fábrica ou ainda de loja de suprimentos. Para finalizar, reforçando a ideia de que este texto, mais que dar conta de assuntos tão densos, pretende ser um disparador de ideias e consciente de ter utilizado a palavra máquina mais de 40 vezes, gostaria de tecer uma última reflexão. Diante da constante virtualização do mundo, “Maquinações” é um manifesto em favor do ofício, da materialidade das coisas, da economia de recursos, da criatividade individual e coletiva, do atuar consciente e da arte do encontro. É também a recordação de como é bom perder-se, para se descobrir renovado no processo. “Maquinações” é um alerta que nos convoca a manter vivas maneiras de estar no mundo que correm perigo de extinção. Afinal, nem tudo o que brilha é ouro, “novidade passa, e o que resta é frustração”.

BIBLIOGRAFIA ASCOTT, Roy; BAST, Gerald; FIEL, Wolfgang; JAHRMANN, Margarete; SCHENLL, Ruth. New Realities: Being Syncretic. Springer-Verlag: Viena, 2009.

JOHNSON, Steven. Emergência: a vida integrada de formigas, cérebros, cidades e softwares. Jorge Zahar: Rio de Janeiro, 2003.

BAUTISTAS, E., CECCARELLI M., ECHÁVARRI J., MUÑOZ J. Brief Illustrated History of Machines and Mechanisms. Springer: Londres, 2007.

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BESSETTE, Juliete. The Machine as Art (in the 20th Century): An Introduction. (2017). Disponível em https://www.mdpi.com/2076-0752/7/1/4. Consultado em 10/2019.

MEDOSH, Armin. New Tendencies. Art at the Threshold of the Information Revolution (1961 - 1978). The MIT Press: Cambridge-MA, 2016.

BROECKMANN, Andreas. Machine Art in the Twentieth Century. The MIT Press: Cambridge-MA, 2016.

NUNEZ, GERMAN ALFONSO. O beijo da morte e o seu contexto cultural e social: uma introdução à emergência da arte tecnológica ou digital. In Revista Ars, nº. 35, USP — Universidade de São Paulo, 2019.

GRANT, D. Taylor. When the Machine Made Art: The Troubled History of Computer Art. Bloomsbury Academic: Nova Iorque, 2014. GRAU,Oliver; VEIGL,Thomas.Imagineryinthe21stcentury.TheMITPress:Cambridge -MA, 2011.

The Machine as Seen at the End of the Mechanical Age. MoMa: Nova Iorque, 1968. Disponível em: https://www.moma.org/documents/moma_catalogue_2776_ 300292931.pdf

HARARI, Yuval Noah. 21 lições para o século XXI. Companhia das Letras: São Paulo, 2018.

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Foto: DANIELA PAOLIELLO

CORPO UTÓPICO (2018) Oi Futuro Flamengo (Rio) - 04/06/2018 Sesc Palladium (BH) - 09/10/2018 Sesc Carmo (São Paulo) - 22/11/2018 Intervenção espacial que envolve performance, música e projeção, a partir de uma vestimenta eletrônica, dotada de câmera e monitor, que filma e reproduz as pessoas em volta e também é usada como tela para projeção a laser. Concepção: Juliana Porfírio & Neville D’Almeida Atrizes: Patricia Niedermeier (Rio) e Rosa Antuña (BH/SP) Iluminação e projeção a laser: Lucas de Jesus Sistemas eletrônicos: Eduardo Pessoa

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JULIANA PORFÍRIO & NEVILLE D’ALMEIDA BRASIL (MG/RJ)

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AZUCENA LOSANA MÉXICO / ARGENTINA

MACRO_MICRO_NARIAS (2018) Oi Futuro Flamengo (Rio) - 04/06/2018

Projeção e intervenções em tempo real sobre um filme de 16 mm que documenta a inauguração de uma fábrica de café na Costa Rica, no início dos anos 1980. Colaboração: Manuel Trujillo “Morris”

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KALLPP Arte sonora / performance audiovisual Sesc Piracicaba (SP) - 06/09/2019

MARCELO KRAISER RAFAEL CARNEIRO FREDERICO MELO

Suporte técnico: Wanderson Maciel

BRASIL (MG)

PAREIDOLIA (2019)

Espetáculo composto por composições improvisacionais envolvendo quatro planos distintos que reverberam e interagem entre si: corpo, som, luz e pensamento. Cada um leva a desdobramentos em processos que retroalimentam ações e conceitos, como paisagens visuais, sonoras e do corpo em movimento. Devido à ausência de hierarquias, temos capturas

que admitem o erro, o acaso e seus riscos equilibrados e em desequilíbrio, ressoando imagens-neblina, imagens-poeirentas, sons atmosféricos, ruídos. Misturas fugazes de corpos que se cristalizam e se desfazem em matérias que tremem, esforçam, esticam, comprimem, dilatam, respiram, iluminam e se encontram com sons eletrônicos e eletroacústicos.

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RIO DE JANEIRO - RJ

BELO HORIZONTE - MG

SESC PALLADIUM 86

PAULO WAISBERG E CLARISSA NEVES

OI FUTURO FLAMENGO


SÃO PAULO - SP

MACH ARQUITETOS

SESC CARMO

PIRACICABA - SP

SESC PIRACICABA 87


IMAGEM DE DIVULGAÇÃO - ILUSTRAÇÃO ORIGINAL POR PHP GANSO, A PARTIR DE STILL DO FILME O ELIXIR

MOSTRA DE FILMES Como programação adicional à exposição "Maquinações" em Belo Horizonte, foi realizada uma mostra de filmes em homenagem ao artista e um dos fundadores do Coletivo Gambiologia, Paulo Henrique Pessoa, o Ganso. A mostra apresentou curtas, longas e filmes experimentais realizados entre os anos 1970 e 2000, nos quais Ganso foi retratado ou atuou como diretor, cenógrafo, figurinista e diretor de arte. Todas as sessões foram gratuitas e abertas ao público. DATAS: 23, 24 E 25/11/2018 LOCAL: CINEMA DO SESC PALLADIUM - BELO HORIZONTE, MG

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LONGAS / MÉDIA METRAGEM O Aleijadinho: Paixão, Glória e Suplício ESTEVAM AVELLAR

2003 • 35 mm • 100 min.

Encomenda ao Ganso

Uma Onda no Ar

2002 • DV • 30 min.

2002 • 35 mm • 90 min.

Documentário experimental realizado em 2002, parceria entre Pablo Lobato e Paulo Pessoa, o Ganso. Disparado por uma encomenda feita pelo próprio diretor, o filme acompanha Ganso na intimidade de seu ateliê, em processos de fundição e tornearia na periferia de Belo Horizonte e numa performance derradeira em seu quintal, com a participação de O Grivo, duo de músicos.

Jorge, Brau, Roque e Zequiel são quatro jovens amigos que vivem em uma favela de Belo Horizonte e sonham em criar uma rádio que seja a voz do local onde vivem. Eles conseguem transformar seu sonho em realidade ao criar a Rádio Favela, que logo conquista os moradores locais por dar voz aos excluídos, mesmo operando na ilegalidade. O sucesso da rádio comunitária repercute fora da favela, trazendo também inimigos para o grupo, que acaba enfrentando a repressão policial para a extinção da rádio.

Direção: Pablo Lobato

Direção: Helvécio Ratton Figurino: Ganso (assistente: Marney Heitmann)

Século XVIII. Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, tomou-se artista famoso com suas esculturas dos profetas e igrejas inteiras de Ouro Preto e outras cidades brasileiras. Até que uma doença misteriosa destruiu seus dedos, mãos, braços e tirou sua vida. Um professor e historiador procura pela nora viva de Aleijadinho, falecido em 1814. Direção: Geraldo Santos Pereira Direção de arte: Ganso

Idolatrada 1983 • 35 mm • 90 min. Após 50 anos de casado, Luís resolve contar para sua esposa um segredo do seu passado que modificou toda a sua vida. Direção: Paulo Augusto Gomes Direção de arte: Ganso Produção: Grupo Novo de Cinema e TV

CURTAS

Os Contratadores 2012 • DV • 20 min. Direção: Evandro Rogers e Marcus Nascimento Elenco: Sérgio Penna, Chico Aníbal, Rodrigo Signoretti (Caju) e Ganso

O Ego Filho da Égua

Eliminacha

1978 • Super 8 • 17 min

1977 • Super 8 • 10 min.

Direção: Paulo Laborne

Direção coletiva (Turma do murinho)

O Elixir

O Pintassilgo

1979 • Super 8 • 9 min.

1978 • 16 mm • 9 min.

Direção: Cláudio Versiani (Pits), Ganso e Luiz Philippe Carneiro de Mendonça

Direção: Paulo Laborne

O Pirotécnico Zacarias 1979 • 16 mm • 11 min. Direção: Paulo Laborne

Exibição com trilha sonora executada ao vivo por Ligalingha (Fabiano Fonseca e Henrique Roscoe)

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ARTISTAS PARTICIPANTES ABRAHAM PALATNIK

DANIEL HERTHEL

Nasceu em Natal - RN (1928), viveu e trabalhou no Rio de Janeiro, onde faleceu em 2020. Foi pioneiro e a figura mais seminal da arte cinética, óptica e tecnológica no Brasil. Participou de diversas exposições no Brasil e exterior, como oito edições da Bienal de São Paulo (1951–1969) e a 32ª La Biennale di Venezia, na Itália (1964). Possui obras em importantes coleções institucionais, como: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ); Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP); Royal Museums of Fine Arts of Belgium; e The Museum of Modern Art (MoMA), em Nova Iorque - EUA.

Formado em Escultura pela Escola de Belas Artes da UFMG, vive e trabalha em Belo Horizonte. Influenciado pelos artistas cinéticos, iniciou a trajetória no Giramundo Teatro de Bonecos, onde conheceu o ofício da madeira e o cinema de animação. Em 2007, participou da residência artística Artist Links, do British Council, em Londres. Em 2008, foi selecionado para a Bolsa Pampulha, do Museu de Arte da Pampulha (Belo Horizonte) e, mais tarde, para o programa Rumos, do Itaú Cultural Artes Visuais. Além de exposições, fez criações em cenografia, cinema, experimentação sonora e design de objetos, produzindo também oficinas e workshops que convidam o público a exercitar o trabalho criativo e manual.

ARMATOST Coletivo colombiano formado por Julián Conde “Kilelé” (artista visual e músico) e Julie Mart (jornalista e cenógrafa). Seu trabalho se desenvolve a partir de objetos cotidianos, reaproveitamento de materiais e gambiologia, sob a premissa de “arqueologia urbana” da cultura material. Realizaram exposições individuais como “Cacharraçoes” no MAT, Colombia (2018) e integraram coletivas como “Maquinações” no Sesc Palladium, em Belo Horizonte (2018). Foram premiados com múltiplas bolsas de criação na Colômbia. Trabalham atualmente no projeto UN-FIXED, uma performance que incorpora escultura, instalação e desenho de vestuário.

GANSO - PAULO HENRIQUE PESSOA Natural de Martinópolis - SP (1955), viveu em Belo Horizonte - MG, onde faleceu, em 2018, poucos dias após a abertura da primeira edição de “Maquinações”, no Rio de Janeiro. Com formação em desenho industrial, atuou nas áreas de: artes gráficas, moda, cenografia, design, ilustração, direção de arte e figurino. Teve seu trabalho especialmente reconhecido como designer de luminárias a partir de antiguidades e materiais reutilizados. Concebeu e produziu o espaço-conceito “Bar do Ganso”, no Instituto Inhotim (Brumadinho - MG), em exposição permanente. Foi um dos fundadores do Coletivo Gambiologia.

AZUCENA LOSANA GIOVANNA CASIMIRO Nasceu na Cidade do México (1977), vive e trabalha em Buenos Aires. Seu trabalho abrange cinema experimental, instalações e vídeo. Em parceria com Carolina Andreetti, realiza o projeto TAPP (Taller de Proyectores Precarios). Recebeu as seguintes bolsas e prêmios: terceiro lugar no Premio Mamba Telefonica a las Nuevas Tecnologías (2009); bolsa de intercâmbio da Universidade de São Paulo - USP (2015); menção honrosa no Salón Nacional de las Artes de Argentina (2016); e a bolsa de criação individual do Fondo Nacional de las Artes de Argentina e do Sistema Nacional de Creadores FONCA México (2017).

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Pesquisadora de arte e tecnologia, curadora e artista multimídia. Realiza projetos no campo das tecnologias de realidade virtual e aumentada, frequentemente no espaço urbano. Colabora com diferentes equipes pelo mundo, incluindo o aplicativo ARTIVIVE, ZOAN Studio, SaskInteractive, New Dance Horizons, OVNI Studio, LILO.Zone, Boston Cyberarts e Associação Digaaí, dentre outros. Cursa doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (USP), é mestre em Artes Visuais (PPGART/UFSM) e bacharel em Desenho e Plástico (UFSM).


GUTO LACAZ

MAURIZIO ZELADA

Natural de São Paulo (1948). É arquiteto e artista plástico. Explora as possibilidades tecnológicas na arte e no consumo, com humor e surpresa. Como designer, cria logos, projetos de livros, revistas e catálogos, cartazes, ilustrações e exposições. Recebeu os seguintes prêmios: Objeto Inusitado, Bolsa Guggenheim, APCA Obra Gráfica, APCA Fronteiras da Arquitetura, Prêmio Abril de Jornalismo e Excelência Gráfica. Publicou os livros “Desculpe a letra”, “Gráfica”, “omemhobjeto” e “80 desenhos”, dentre outros

Nasceu em São Paulo (1963), onde vive e trabalha. Interessa-se por mecanismos e eletrônica desde a infância. Estudou arquitetura, mas acabou trocando a prancheta e o escritório pela bancada e pela oficina. Utiliza desde os mais primários mecanismos até sofisticados microprocessadores e sensores, para propor obras que respondem a estímulos, com um comportamento nem sempre previsível. A interação com o público e a autonomia da obra são fortes presenças em seus trabalhos. Além da produção própria, desenvolve e realiza soluções técnicas para outros artistas.

JULIANA PORFÍRIO MILTON MARQUES Vive e trabalha em Belo Horizonte. Com formação interdisciplinar em artes visuais, moda e jornalismo, atua como artista independente e comunicadora. Sua investigação abrange as inter-relações corpo, moda e sociedade. Colabora com o projeto Gambiologia como artista e educadora e com a plataforma de conteúdo da Conspiração Filmes, Hysteria, redigindo e ilustrando artigos sobre questões relacionadas à mulher.

KALLPP

Natural de Brasília (1971), onde vive e trabalha. Sua obra tem como ponto de partida o uso de máquinas e aparatos tecnológicos inutilizados, destituídos da função original e deslocados do uso cotidiano. Assim, ressurgem como parte de mecanismos singulares de construção de imagens em movimento.

MOTTA & LIMA

Trio de arte sonora formado por Marcelo Kraiser, Rafael Carneiro e Frederico Melo. O trabalho dos três artistas transita entre a música ambiente e a noise art, entre sons melódicos e atonalismo aleatório, além do uso da voz com ênfase na improvisação. O trio pesquisa aspectos teóricos e técnicos do som e da interação deste com o espaço, a performance e a imagem, utilizando especialmente instrumentos eletrônicos e eletroacústicos.

A parceria de Gisela Motta e Leandro Lima, paulistanos nascidos em 1976, inicia-se no final dos anos 1990. Desde então, eles utilizam diversas linguagens, como vídeo, objeto e gambiarras, empregando padrões, medidas, estruturas e suas variações, para criar situações altamente construídas. Nelas, elementos naturais, matemáticos e artificiais emulam o comportamento orgânico, sintetizam fenômenos naturais e criam certa ambiguidade, apesar da aparente objetividade. A dupla explora justamente a região ambivalente entre o sintético do natural e o natural do sintético.

LINA LOPES

NEVILLE D’ALMEIDA

Consultora, empreendedora e artista. Formada em Cinema pela USP e mestre em Design pela Faculdade Anhembi-Morumbi, possui background interdisciplinar que abrange também teatro, engenharia e computação. Possui ampla experiência em projetos de design paramétrico e generativo, vídeo mapping, interatividade, programação com Arduino, wearables, internet das coisas, biomateriais, dentre outros. É palestrante sobre inovação e mentora de bootcamps. Dirige o LILO.ZONE, em São Paulo, espaço voltado ao uso criativo de tecnologia. É entusiasta da experimentação, da colaboração e da improvisação.

Nasceu em Belo Horizonte - MG. Estudou Teatro no TUMG (Teatro Universitário de Minas Gerais), participou do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC–BH) e foi um dos fundadores do CEMIC (Centro Mineiro de Cinema). Estudou Cinema na NYU (New York, USA). Realizou 15 longas-metragens, mais de 120 curtas/ média-metragens e mais de 30 filmes de arte. Está presente no acervo do Instituto Inhotim (Brumadinho MG) com o Pavilhão Cosmococa. Recebeu mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, tendo participado de 49 exposições em vários países. É artista multimídia, escritor, roteirista e fotógrafo. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

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PAULO NENFLÍDIO

SARA LANA

Formado em Artes Plásticas pela ECA - USP e em Eletrônica pela ETE Lauro Gomes. Suas obras são esculturas, instalações, objetos, instrumentos e desenhos. Som, eletrônica, movimento, construção, invenção, aleatoriedade, física, controle, automação e gambiarra são frequentes nos seus trabalhos, que se parecem com bichos, instrumentos musicais ou máquinas de ficção científica. Recebeu, em 2011, o Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça Artes Plásticas e, em 2013, o Prêmio Funarte Marcantonio Vilaça. Em 2017, participou da BienalSur.

Teve o caminho acadêmico traçado em escolas de matemática e engenharia e, desde 2007, desenvolve projetos permeados por arte e tecnologia. Em geral, seu trabalho é orientado para a pesquisa e criação de parafernálias tecnológicas, experimentando diferentes aproximações a interfaces digitais e dispositivos analógicos. Participou de várias residências e seus trabalhos já foram apresentados em Brasil, Chile, México, Espanha e França.

PETER FISCHLI & DAVID WEISS

Designer, artista e ilustrador. Vive e trabalha em Belo Horizonte. Desde os anos 2000, tem integrado iniciativas em intervenções urbanas e artes gráficas. Foi um dos fundadores do Coletivo Azucrina. É diretor de arte de projetos de destaque na cena cultural brasileira, como CURA (Circuito Urbano de Arte) e Gambiologia.

Fischli (1952) e Weiss (1942) são naturais de Zurique (Suíça). Iniciaram sua colaboração em 1979. Resistentes a algum estilo, mídia ou materiais específicos, sua obra inclui fotografia, video, projeções de slide, filmes, livros, esculturas e instalações multimídia. Sua produção explora a poética da banalidade – a sublimidade dos objetos e eventos que constituem o cotidiano. Contaram com exposições individuais no Centre Georges Pompidou em Paris (1992) e na Tate Modern, Londres (2006/07), entre outros. Representaram a Suíça na Bienal de Veneza (1995/2003), sendo agraciados com o Prêmio Leon d’Oro. Seus trabalhos foram também exibidos na Documental de Kassel (Alemanha, 1987/97) e no Guggenheim Museum (2002/03/04). Weiss faleceu em 2012 em Zurich, onde Fischli ainda vive e trabalha.

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XANDE PEROCCO

ZAVEN PARÉ Artista e pesquisador de robótica, é considerado um dos pioneiros da arte eletrônica. Foi bolsista do French American Fund of Performing Arts no California Institute of the Arts (1999/2001), da RioArte em Arte e Tecnologia (2002), da Villa Kujoyama, em Kyoto (2009), da Japan Society for Promotion of Sciences JSPS, no Intelligent Robotics Laboratory, do professor Hiroshi Ishiguro (2010), ocasião em que participou da criação do Robot Actors Project, na Universidade de Osaka. Recebeu o Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (2011).



MACHINES IN ACTION The Art & Technology Collection scores its 123 titles with the publication referring to the exhibition “Maquinações”, which took place from June 4th to August 5th, 2018, at Oi Futuro, flying to Belo Horizonte, São Paulo and Piracicaba soon after, in partnership with other cultural centers. The exhibition, based on the concept of Gambiologia, developed by theoretician, artist and curator Fred Paulino, presented 13 artists and some collectives from Brazil and abroad, operating from the idea that low-tech remodeling can generate new scientific parameters in today's world. The artworks and installations gravitated from small, popular and everyday solutions to robots created by artists dedicated to this segment. All materializing, in diverse ways, the concept of the “science of makeshifts”. Now everything resurfaces in these photographic records and theoretical texts. With this book, we believe that Oi Futuro is contributing to the dissemination of new issues, studies and researches in the field of contemporary art. Enjoy the reading.

Roberto Guimarães

CULTURAL EXECUTIVE MANAGER OI FUTURO

The combination of art and technology allows for intense experiences. Technological development and recent means to record and archive digital information seem not to be aware of time or space limits, and have been transforming not only humanity´s daily life, but specially, artistic experience in its countless possibilities of enjoyment, production, creation, mediation and consumption. This new relationship of the observer and the work, and all sorts of thoughts raised by it, are the guiding element of the curatorial axis Art and Technology, which Sesc Palladium presents to the public in the second half of 2018. Bringing together local, national and international artists, the cultural center focuses on the artistic and cultural experiences mediated by technology, in an intense and diverse program, crosswise translated across all artistic languages and also through seminars and lab experiments that promise to agitate the public. In this sense, it seems at least controversial that Maquinações, a collective exhibition curated by Fred Paulino, takes center stage in this special program, since it promotes a technological (de)construction and values ​​interaction over interactivity, pointing to analog solutions developed by “inventists” in “an offline, non-algorithmic, non-virtual environment”. The reason for this assumed controversy lies in the exaltation of affectivity found in the analog experience, which, even when it is converted to the digital environment, brings to viewers feelings of identification and belonging, so different from those found in binary systems, often aseptic and foreign to the observer. Maquinações is the third edition of the international collective "Gambiologists", which presents artists whose work is at the intersection between art and invention. Their production is based on the use of technological devices and ordinary objects, arisen from a subtle observation of everyday life. In developing these gadgets, these “inventists” propose new possibilities for the use of materials, often subverting their original function. With this exhibition - an important culmination of the Art and Technology axis -, Sesc invites everyone to a lively and dynamic experience, of displacements, in a time when past and future are mixed, in a process of constant reflection on the now and its infinite opportunities.

SESC EM MINAS

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The expression that gives the title to these lines represents one of the main emblems of modernity, in view of the technological and industrial revolutions established in the last centuries. Through them, Western civilizations began to increasingly intervene in the environment and natural processes, shaping them for the sake of what was supposed to be our needs and longings. Today, it is well known that such a development project produces dramatic consequences for life on the planet. Among the side effects generated by the omnipresence of the machine in our daily life, we highlight an unexpected as well as an absurd development: if, at first, technical apparatuses are created and disseminated so that we can use them, on the other hand, it is quite common that the opposite happens, since we are often subject to the designs of such devices. In this case, it is the machines that use us in function of their programs. Facing this paradox involves conceiving forms of humanization of technology, which involves playing with their purposes, sometimes displacing them from the prescribed applications. In presenting experiments by artists dedicated to unusual appropriations of mechanical and electronic equipment, the Maquinações exhibition puts on the scene machines that “act” on unthinking records. The actions of these machines are here delineated according to poetic purposes, definitely unrelated to their instrumental vocation. The socio-educational work of Sesc has in the “Spaces of Technologies and Arts” a favorable platform to approach both criticaly and inventively problems like this. In this case, it’s the opportunity to observe the universe of technological constructs from another angle, through combinations capable of suspending the naturalness with which we incorporate the machines to our interaction with the world.

SESC SÃO PAULO


ARTISTS, MACHINES AND THE INVENTION OF EVERYDAY Until the mid-1980s, electronic artworks were based on analog platforms - from televisions, antennas and their transmissions to analogue recording media such as cassette or Betamax. From the 1990s, this production started to operate mostly on the digital environment. The conversion of the audiovisual to digital media, besides the universalization of computers and Internet migrated this production almost entirely to the binary world and, more recently, to mobile computing. However, even after the Internet boom and amid the chaos of social networks, there are artists who use digital technology but also manifest an increasing interest in the use of analog, mechanical, improvised and low cost solutions. They are creators who develop technological works in an offline, non-algorithmic, non-virtual environment. They do not give up using technical devices (and playing with them), but propose new possibilities about their use, often subverting the original function of the components themselves. In a sense, they focus on interaction rather than on interactivity, and in doing so, they propose a more humane approach to technology. These “inventartists� act at the intersection between art, science, technology and life. They transform their studios in workshops, their workshops in labs, their labs in extension of their lives. From the (de)construction of contraptions, inaccurate systems, inventions with or without utility, they stimulate human symbiosis with technique and present an art without an instruction manual. They propose peculiar machinations about the artistic medium and the technological universe. They relate their creative practice to play, to education, to social, to invention, with their hands-on while feet on the ground. They act on the machines to turn machines into actions.

FRED PAULINO CU R ATO R


André Mintz Machines can be defined as mechanisms that acquire a degree of independence from those who have created them2. They are technical objects typically characterized by their productive capacity and autonomous functioning, which would allow them to replace certain human competences. Perhaps this is why, from the Antikythera mechanism in ancient Greece, through the automatons of Mesopotamia´s first renaissance3, to Babbage, Lovelace and Turing analytical machines, they seem to have been created to deal with the founding puzzles of our experience: measuring and taming time, recreating life and the movement of bodies, externalizing thought. They would wind up, it seems, the weird alterity of technical beings, as if, even having being created by us, they could establish a reality that is foreign to us.

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Facing the imaginary which surrounds contemporary computational machines - ‘bots’ and ‘algorithms’ – the present seems to be, before anything else, machinic. It doesn´t seem this way, however, that this theme comes to the exhibition Maquinações (“Machinations”). Fred Paulino’s curatorship makes a different gesture than of this deepening of the split between humans and machines, thus fissuring the imaginary of autonomy. Taking new steps into his curatorial research started in 2010, with the exhibition Gambiólogos, his interest lies in an art that is critically or ironically using technologies, in the setback of the discourse of innovation - an approach in line with others that have been described as ‘technophagics’ by Giselle Beiguelman at that time4 . Today, such a view unfolds into a more specific interest in the artists’ inventive gesture in the construction of everyday machines ‘on the ground floor‘. The works in “Machinations” thus point to a way of living with the contradiction - only apparent - of simultaneously autonomous and dependent machines; weird but still as how we are.

1. “Metacircuit” (2015) by Paulo Nenflídio elaborates, at first, the self-affirmation of a machinic alterity that addresses us as a difference: “see how I speak”, “see how I think”, the machine tells us. Yet, it exposes itself inside out. The open box with wires and circuits on display seems to contradict the cybernetic denomination of the “black box” - the metaphor of an opaque enclosure in which internal operations are concealed, defining itself only by what it takes as input and offers as output. In this artwork these aspects are confused in a machine with its interior exposed, as a construct of wires and circuits, while at the same time, through texts and sounds, it claims its difference and autonomy. The exposure of the objects constitution is an emblematic aspect of gambiologia theme – an aesthetic proposition taken up by the curator in 2008. Aiming at the opposite of the smooth surfaces of digital gadgets, gambiologia is inspired by inventive practices of makeshifts, creating objects revealed as tangled threads of technical and symbolic excesses of inlaid parts. While the becoming autonomous of the technological machine presupposed an organic integration of its parts, makeshifts - as proposed by Gabriel Menotti5 , inspired by Simondon6 - is situated halfway, with the whole and its parts playing equal prominence. In a similar perspective, Fernanda Bruno7 describes makeshifts by their “shameless” character, which reveals their guts and multiplies the appropriations and combinations that compose themselves. In Azucena Losana’s “GIF: Generator of InterFerence” (2016), this gesture emerges both as a machine building strategy and a decomposition of animated images from the internet. The GIF animation is recreated by the art-


ist with a handcrafted projection machine, where each frame is displayed separately by imperfectly aligned projectors and sequenced by an electronic circuit. In the version of the piece presented in the exhibition, the image is an excerpt from a television show in which Michel Temer (former Brazil’s President) hands Silvio Santos (TV show presenter) money, as if in jest. The precariousness of the projection apparatus exacerbates the artificiality of this short loop, cracking the image and the political economy of GIF circulation on the internet8 . The click sounds in the circuit mark the emergence of each frame, individualized in its sordidness - machine decomposition, image and figurative gesture.

say. This tentative perception soon fades, however, due to the incongruous responses that inevitably emerge in the interaction — if not by chance, by the testing of its limits that we seem seduced to do as a way of attesting our superiority to the machine. Failure, though, is not ignored in the elaboration of this artwork, which is not fully committed to proper functioning. Unthought of technique, failures haunt state-of-the-art technology with the prospect of imminent outburst. In everyday machines, however, they are not fully purged. They remind us that the supposed machinic autonomy is a transitory and performative10 product of constant adjustments and adaptations making approximations to an idealized condition that is never fully up to date.

2. 3. In veteran Abraham Palatnik’s artwork it is not just about exposing an underlying mechanism to the machine, although it is all displayed in a transparent box. With a refined balance between unity and fragmentation, in “Kinetic C-5” (1968) the totality would only be found in the dance of its parts, none of them secondary to the whole. Without any other purpose, the machine only translates the rotary motion of an engine into multiple smooth motions of its components, arranged in a handcrafted mechanism. Displacing the machine from the usual demand for productivity, Palatnik’s artwork gives it another choreography and speed, far from those characteristics of machine’s application in the industry. Located at the entrance of the gallery, the piece also seems to point out that machines don´t come to the exhibition to demonstrate their efficiency and it wouldn´t be appropriate to evaluate them according to technical parameters - as sometimes it happens in tech art. Otherwise, it may be more appropriate to understand machines’ operation in an approximation of the concept of performance, whose definition, by Richard Schechner9 , is precisely in opposition to fulfillment. In the meaning proposed by this author, performance would be understood fundamentally as an action performed as an exhibition of itself. Taken as performance, the operation of a machinic work would be expressed by a dysfunction of the technological machine, which, at one extreme, would be exhausted in its own movement and, displaced from any utilitarian function by the inventive gesture of the artists, would open itself to other modes of apprehension. In “Antonyms machine” (2018) by Sara Lana, this subject seems to be implicated in the constituent role of failure in experience. Initially, the piece may seem to propose a plain and autonomous machine, with its synthetic voice responding, accurately, with the antonym of what we

From the performance of the machine to the performance of the body, “Little great actions” (2003) by Guto Lacaz presents itself as an inventory of small gestures elaborated in the historical couplings between bodies and industrial objects. The series of prints features pictograms similar to instruction manuals that illustrate everyday actions such as striking a match or rewinding a cassette tape with a pencil. These small thoughtless movements, made “automatic” by repetition, become vernacular gestures of postindustrial societies. As evidenced by Lacaz, this repertoire is denaturalized and reflexively taken, opening the industrial materiality to the organicity of human bodies, which are transformed, to some extent, to components of the use and standardization of these products. In his extensive review of the theme of the machine in twentieth-century art, Andreas Broeckmann emphasizes a certain autopoietic quality as a defining trace of machinic beings1 1 . There would be, he suggests, something unsettling about the way we confront machines, encounters he describes as antagonistic but also erotic. In this sense, although typically understood by their autonomy and closure, machines are approached by Broeckmann with emphasis on their approximation or distance from the human. Deepening this aspect, from an anthropological perspective, Lucy Suchman1 2 , before Broeckmann, elaborated that the autonomous movement of machines doesn’t happen in isolation from transformations of the human. Especially in the proposition of artificial intelligence and humanoid robots, the development of machines is mutually linked to constant reformulations, as to what would define intelligence and the human. More than asking ourselves about machine’s proper mode of existence, perhaps it is the case to reflect upon how they would transform our own way of being, our daily gestures and practices. 97


4. Taking us to the last movement of this text, “Creed” (2018) by Paulo Henrique ‘The Goose” Pessoa stands on the world of industrial production and, precisely, on its daily machinations in order to transform the world’s landscapes. Working in the outflow of this “great social machine”1 3 , the gambiological grand master appropriates from wastes of all sorts and resituates them in the cultural memory of the consumer society. His weird “valise objects” epitomize the capital’s disposable icons in a tiny museum of surplus and accumulation. Parts of gears, toys and dummies compose the installation, which returns the impersonal results of the industry to human scale and within reach. Seeming only to surround the subject we have been dealing with, his work is not devoted to any particular machine. However, it tactically weaves itself into the proper territory of machines that, far from exist in isolation, are arranged in large productive chains, forming a great machine the artist desecrates. “To machine”, in its literal sense, would be synonymous with ‘plotting’, ‘planning’. The playing with words embedded in the exhibition title otherwise suggests ‘machining’ as machine action, or machinic action. If we propose to take the word in a non-literal sense – or even in the sense that preceded its modern use – the technological machine may perhaps serve as a metaphor for other processes and triggers formed by integrated parts that

have gained autonomy and thus operate as a machine. In a sense contrary to the imagery of machine autonomy, machination may then be thought as a process of becoming machine or of being like machine; ‘machining’. Perhaps in this sense, the work of The Goose, along with the machinations of the other artists, can be understood as instances of rupture with the supposed closure and autonomy of technological machines, and also of the totalizing character of the “machination of the world”1 4 , opening gaps or reflexive margins to such processes. Overcoming antagonistic opposition, they express the constitutive mutuality of the implied terms. They are expressions of - speculative - ways of machining against and also, in a way, toward machines and machinations. 1 NT: The original title in Portuguese is “Maquinar”, suggesting a verb: to machine. 2 BROECKMANN, Andreas. Machine art in the twentieth century. Cambridge, MA: MIT Press, 2016. 3 ZIELINSKI, Siegfried; WEIBEL, Peter. Allah’s automata: artifacts of the Arab Islamic renaissance (800-1200). Berlim; Estugarda: Hatje Cantz, 2016. Exhibition catalogue, 31 oct 2015 to 4 sep 2016. ZKM Center for Art and Media Karlsruhe. 4 BEIGUELMAN, Giselle. Tecnofagias emergentes na artemídia.br. Revista Marginalia +Lab, Belo Horizonte, v. 1, pp. 6-15, 2010. 5 MENOTTI, Gabriel. A gambiarra e a perspectiva da prototipagem. Vazantes. Fortaleza, v. 1, n. 1, pp. 202-205, 2017. 6 SIMONDON, Gilbert. El modo de existencia de los objetos técnicos. Translation by Margarita Martínez and Pablo Rodríguez. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2007. 7 BRUNO, Fernanda. Objetos técnicos sem pudor: gambiarra e tecnicidade. Revista ECO-Pós, v. 20, n. 1, pp. 136–149, 2017. 8 STEYERL, Hito. Too much world: is the internet dead? e-flux Journal, n. 49, nov. 2013. Available at: <http://www.e-flux.com/journal/49/60004/too-much-world-is-the-internet-dead/>. 9 SCHECHNER, Richard. O que é performance? O percevejo. Rio de Janeiro, v. 11, n. 12, pp. 25-50, 2003. 10 SUCHMAN, Lucy. Human-machine reconfigurations: Plans and Situated Actions. 2nd edition. Cambridge; New York: Cambridge University Press, 2006. 11 “The machine always seems to be something that ‘we are confronted with.’... but the machine always has the human subject as a companion, and highlights the relation that human subjects have toward technology”. BROECKMANN, Andreas. Machine art … p. 22. 12 SUCHMAN, Lucy. Human-Machine Reconfigurations… 13 WISNIK, José Miguel. Maquinação do mundo: Drummond e a mineração. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. 14 W ISNIK, José Miguel. Maquinação do mundo…

André Mintz is an artist and professor of Art and Technology at the School of Fine Arts - UFMG. Doctor in Communications from UFMG, Master in Communications from the same institution and in Media Arts Cultures from Aalborg University, Danube University Krems and Lodz University.

Nina Gazire In 1928, the German philosopher Walter Benjamin wrote two short articles after he had intellectually thinned out “art history”, exhorting the ways artists should turn their attention to in the following ages. The twentieth century, the one of working machines, was brutalizing civilization and then, generously, Benjamin advises us: “For play and nothing else is the mother of every habit. Eating, sleeping, getting dressed, washing have to be instilled into the struggling little brat in a playful way, following the rhythm of nursery rhymes”1 . Every artist from this century onwards should seek, in daily life, strangeness, gaming, movement, the lost ludus. When visiting the exhibition “Machinations” at Sesc Palladium in Belo Horizonte, the first movement we 98

encounter is exactly in this Benjaminian call. At the entrance, we find ourselves facing the installation “Creed”, a posthumous tribute to Paulo Henrique “The Goose” Pessoa, where the widow Birimbica Potter and his daughter Laura Pessoa, alongside with curator Fred Paulino, worked in the mimesis of a “hermetic garage”, a playing workshop by the recently deceased artist. The Goose had been the perfect embodiment of the “ludology” preached by Benjamin. In his garage we see spiritualistic objects, toys and gadgets of all kinds that add to his belief that “I am not compulsive, I am cumulative, creative accumulation2 ”. For is there a more repetitive act than playing (which never repeats)? The same play gains different versions and, likewise the artistic process, gets lost in the maze of movement.


We are currently boxing our playing. Movement is separated into boxes which follow a large, praised system, which appropriates of gesture, this stolen from its original meaning (if this ever existed) and makes us point our phones everywhere, with kittens, puppies and infantilized filters, but sneaked in brothel sales of our bodies and glances. We understand this as technology, but why, ubiquitously, does such technology become increasingly childish? Why some do point to technology in an ironic way, with their lips full of “cuddly capitalism”3 ? Art was born taking itself very seriously. The concept of technology alike. Capitalism is indeed cute, hashtag #butnottoday. Is playing also a source of violence?4 When it comes to art as play and art as movement (not as historical or avant-garde) of creative gestures – those of machinations – what we saw in the works exhibited was a very attentive selection of artists with a playful glance into excess, which we ignore and dismiss with ordinary ease. All excess is also repetitive, the gesture of art as a displacer of the technological capital’ signs. We ever consider, especially today, the digital as a synonym for technology. However, the analog can be given to children, who will find it weird and transform it into another kind of toy: technological surplus or new habit, free of atavisms? Without judgment, we are enslaved victims of consumer screens. In an utopia, it is up to artists to take hold of this excess and turn them into new plays. By the way, I witnessed fascinated children visiting the exhibition, full of analogical makeshifts, and this experience seemed to answer my question about new and old technologies set before new generations. In this scenario I invoke the etymology of the word ‘technology’, which in ancient Greek is named Techne and which also means ART. Despite the term’s coagulation both for technique and art, in the notion of ancient Greek art the crisis among two representations has ever ruled: being realistic or not5. This opposition, which has haunted us for centuries and, in the construction of art history in particular, has driven us away from a symbiosis that could only be rescued in the twentieth century, is now ingrained in everyday life, invisibly, wickedly. Even in art itself it escapes us, yet suffering from a historicist revision that frees it from a western and colonialist perspective. We play with fire at all times (and unknowingly?), as the video recorded in 1987 by the Swiss duo Fischli & Weiss seems to propose, in which they think of the idea of entropy through a network of traps moved by a pyrotechnic force. “Through sheer determination and hours of trial and error, they composed cinematic sequences in which objects careen into one another, light each other on fire, and fly from place to

place in an endlessly unraveling chain reaction6: this is how the video “The Way Things Go” is described in the Guggenheim archive7. If we think of the work as a metaphor for reality, do we perceive the infinite arrow of time in which we are wrapped, unable to stop, or are we living in an entropic system, denying it since post-Socratic times? Realizing reality is illuminating or pyromaniac. The work doesn’t give answers, but it opens wide the truth that everything is movement. Guto Lacaz, one of the most renowned Brazilian artists in the art and tech field, in his work “Little Great Actions” (2003) does not use any “machinic” artifice to talk about perpetual and repetitive movements that we make in everyday life. In the series, using silkscreen (an analog technique), the artist screenprints repetitive movements that we make with technical apparatuses: rewinding a cassette tape with a pencil; striking a match. We are eternal children who imitate the movement of adults, or adults who repeat the movements learned as children. “Movement is static! Movement is static because it is the only immutable thing. (...) The only certainty is that movement, change and metamorphosis exist. (…) Believe in change. Do not pin-point anything! Everything about us is movement. Everything around us changes”8, said Jean Tinguely, well known for creating abstract machines. In Lacaz’s prints, these small movements around analog objects change us when we access them, although they being paralyzed; they ask us if nowadays we access them more by memory than by body gesture. In 1955, Hungarian painter and sculptor Vitor Vasarely (1908-1997) published the “Yellow Manifesto” on the occasion of his participation, along with other artists such as Marcel Duchamp, Alexander Calder, Jesús Soto and Tinguely himself, from the Le Mouvement exhibition in Paris, emphasizing that art needs to be movement. The manifesto, inspired by the Bauhaus Constructivists, postulated that visual kinetics, as proposed by the canon of Brazilian kinetic art Abraham Palatnik, present in Machinations, should always be based on the viewer’s side9 . In 1968’s “Kinetic C-5”, Palatnik does the opposite of Guto Lacaz and seems, by the addicted eyes of art students, to animate the machinic-pictorial conception of Vasarely and Tinguely. One more experimental play by the artist who, in 1951, had his “Kinechromatic Apparatus” - a lightbox with moving colored bulbs - almost banned of São Paulo Biennial, because the organizers did not know how to categorize it. Art cannot be an habit, as Benjamin also claimed. And we could say to some extent that about this statement there is a “too late”. If the premise was totally the opposite, we would not have the mysterious Banksy self-de-

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structing his millionaire auctioned work10 . Was it only irony what was left to us? We give thanks to such art tricksters, so that the game remains. Today, surrounded by machines, we watch them having their subjective surges: disobeying algorithms, like resisting artists. Or they simply imitate us in our haughty system, eliminating subjectivities from it. The big machine algorithm improvises (does it?) in the worst possible way. In 2018, the story of Google’s racist algorithm became famous1 1 . Some say the next political revolution will be to control algorithms1 2 . Or is it already? Is it being? The algorithms of the big machine don’t play. But those of art, yes they do. Sara Lana wraps Ariadne’s thread1 3 with her commissioned installation “Antonyms Machine”, where “a microphone records spoken sentences and a system exchanges each of the words spoken by its antonym.”1 4 . Paulo Nenflídio creates, in “Metacircuit”, a living machine whose algorithm is never complete, turning sounds into meaningless questions. Milton Marques, in his Untitled work, shows the perpetual movement of an artificial landscape, created in a glass container with an animal skull, filming the one certain thing in life: the constant movement toward the end. In “Machinations” we have these artificial organisms, artworks where the movement asks us all the time to end utilitarianism in art and in our bodies. There is a space for immersion within the improvisation of playing, but never forgetting that, constantly, we are threatened by previous generations of machines that we face daily, without even realizing. Are we forever employees of the glance and of coded surfaces? If we learn by playing, why do we stop playing for only to make? We discovered the tricks of the Eternal (praise His name), we stole his cooking recipes, and now we cook even better than Him. Are we really in a new story? How was the short story of Prometheus and the stolen fire? Perhaps we believe that we are simply sitting in front of the computer, while we are actually confined in the Caucasus? And maybe some birds are already there sharpening their beaks, preparing to eat our liver. (FLUSSER; 2007; p. 79)1 5 We have, with the exhibition, a breath of relief, because we do not see play as opposed to art, the gesture as opposed to the glance. At the opening, the interdisciplinary Neville D´Almeida and the artist Juliana Porfírio promoted, in collaboration with a ballet dancer, the performance “Utopic Body”, an intervention based on a wearable electronic

containing a camera and a display, which shoot and play people and situations around. In this action, which shifts the gaze from its function to the body through cameras, the artists ask us to what extent we are really in control. And besides, they remind us: have we ever been in control? Who’s been kidding us all this time? I do not mean to answer that question. I will never succeed, and if anyone brings the answer, be suspicious. The exhibition is this machine that boost questions – an art mission for some. For me it brought memories of playing, learning by making. I am sure that, in a context where machines decide political scenarios, we increasingly need to stop thinking of technology, and especially art, as something apart from us. And stop thinking of them as separate instances in purposes and servitudes. On the opposite: to have the spirit of The Goose, present in small portraits brilliantly scattered throughout the exhibition space, joking through objects that we tend to see only as excess and repetition, not as an act of creation, an act of life. 1 BENJAMIN, Walter. Toys and play: marginal notes on a monumental work. IN: Selected writings. p. 120. 1928. 2 Available at: https://www.youtube.com/watch?v=C7lJUEX_kS0 – Accessed in November 30th 2018. Feirinha Troca-Troca – video produced by Gambiologia Collective in 2013. 3 According to Giselle Beiguelman´s term. 4 In the essay Toys and play: marginal notes on a monumental work, Benjamin briefly brings back the Freudian theory. “... unlike traumatic nightmares and war neuroses, which constitute the major realm of the Freudian essay, where compulsive return to the scenes of danger are pathological symptoms of the subjection of individuals to what they cannot elaborate and which, therefore, returns without consent, children’s repetitive play is orchestrated by themselves and becomes a source of pleasure. Freud notes that they like to hear the same stories, always the same way, to relive that first reading sensation. But the fun is lost when adults hear the same joke a second time. Novelty is for them an indispensable condition of enjoyment and delight. Therefore, leaving childhood behind also means losing the ability to find novelty through repetition”. (BINES, Rosana Kohl. Childhood ghosts with Boltanski and Benjamin. IN: Alea vol.17 no.2. Rio de Janeiro, 2015) 5 VENTURI, Lionello. História da Crítica de Arte. 1960 – p. 107 6 Available at: https://www.guggenheim.org/artwork/32552. Accessed in November 30th, 2018. 7 Available at: https://www.guggenheim.org/artwork/32552. Accessed in November 30th, 2018. 8 TINGUELY, Jean. Untitled Statement (1961) IN:STILES, Kristine; SELZ, Peter. Theories and Documents of Contemporary Art: a sourcebook of artist’s writing. 1996. 9 OLIVEIRA, Thais Pereira de Franco; SILVEIRA, Edgar. Arte Cinética e Ciberarte: propostas de interatividade. IN: VENTURELLI, Suete (org.). 9º Encontro Internacional de Tecnologia: Sistemas Complexos, Naturais, Artificiais e Mistos. 2010. Available at: https:// art.medialab.ufg.br/up/779/o/nono_art.pdf. Accessed in November 3oth, 2018. 10 Available at: https://www.nytimes.com/2018/10/06/arts/design/uk-banksypainting-sothebys.html. Accessed in November 30th, 2018. REYBURN, Scott. Banksy Painting Self-Destructs After Fetching $1.4 Million at Sotheby’s, written in October 6th, 2018. 11 Available at: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/10/tecnologia/1465577075_ 876238.html . PEREDA, F. Cristina. O Google é racista? published in El País newspaper in June 10th, 2016. 12 O’NEIL, Cathy. Weapons of Math Destruction, 2016. Book published in 2016 which evaluates that the next political revolution will be about controlling algorithms, the artificial inteligence sector which became a decisive piece in Donald Trump’s election in the United States and now in Brazil in the election of Jair Bolsonaro, who spread messages in WhatsApp using a pyramid-like strategy. 13 The thread of Ariadne, called that way because of Ariadne´s legend, is a term used to describe the resolution of a problem which can be solved by various obvious ways (as for example: a physical labyrinth, a logic puzzle, an ethical dilemma) through exhaustive application of logic by all means. It is a singular method that allows to completely follow the tips or to gradually assimilate a series of truths found in an unexpected event, ordering the research until it reaches a desirable and final point of view. Source: Solving Sudoku. Available at: http://www.sudoku.org.uk/ PDF/Solving_Sudoku.pdf . Accessed in November 30th, 2018. 14 A rtist website. Available at: https://touca.ninja/antonimos/. Accessed in November 30th, 2018. 15 FLUSSER, Vilém. O Mundo Codificado: Por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosacnaify, 2007.

Nina Gazire is a journalist and Master in Communication from PUC-SP. She taught Cultural Production at FAAP and Communications at Centro Universitário UNA. She took part of several curatorships and wrote for magazines specialized in visual arts. 100


Fernando Velázquez

“[…] Novelty passes, and what remains is frustration.“ Lucas Bambozzi1

Introduction There was a day when the first human being (maybe two or three) rubbed pieces of wood with the intention of making fire. Prior to this, groups of Sapiens worked the stone and built traps2 . And meanwhile, the first cinematic experience may have taken place in some unknown cave some 30,000 years ago. Machine, from Latin machina, is a device, a structure or an assembly that enhances human capabilities and abilities and has its genealogy intertwined with human history. In the semantic cloud orbiting the word “machine” we find other derivations, such as: mechanism, apparatus, artifact, device, gadget, invention, tool, and instrument. These words structure the symbolic realm of the “machine” and work as territorial extensions contaminating and expanding its domains. Derived from “machine”, the verb “to machine”, which names this exhibition, means to plot, warp, betray, conspire, cause intrigue. Although the machine is commonly associated with a “good morality,” its genetics reminds us that we maintain a traumatic relationship with these artifacts and devices. Already in ancient times, Egyptians, Greeks, Chinese and other peoples developed a series of inventions, mainly mechanical and hydraulic, using levers, weights and more or less complex multipart mechanisms3. The Chinese puppet theater, with its automata, and Ctesibius’s organ (Bautista Paz et al., 2010, p. 42 and 49) are some examples that art has always been related to technology. Taking a big leap in history’s timeline and dribbling the great inventor of machines Leonardo da Vinci was, the true revolution of machines will come in the industrial age. The speed and magnitude of changes in daily life and the impact on the environment have become definitive. The legacies: alienation about productive processes and acceleration of the perception of time.

Another technological revolution is consolidated throughout the twentieth century, with the progressive control of electricity. Electronics emerge, and from them, the augmented and virtual reality machines that radically transformed our lives. Definitely, where there are humans, there are machines, plots, intrigues and conspirations making the world go around. The Greeks, for example, thought of the universe as a mechanism of celestial bodies. Later, with the emergence of modern science, nature4 and the human body came to be understood as a machine (composed of parts with specific functions, “assembled” in order to work in sync, obeying predictable causal relations). This mechanistic perspective allowed us to study the universe and life by reducing phenomena to their constituent parts. But as technical and technological advances allowed new measurements of the physical universe, such a strategy proved insufficient to account for the true density of things in the world. New machines emerged and, consequently, new statements, and vice versa. The idea that ‘the whole is more than the sum of its parts’ goes back to Plato and Aristotle and permeates the history of philosophy5, from Marx to systems and complexity theories. Holistic, dialectical, systemic and complex thinking offered alternatives to mechanistic determinism, especially from the second half of the nineteenth century on. Reducing a phenomenon to its constituent parts may be useful to some extent, but in order to really approach the object of study we need to connect the parts to a complex, undetermined, emerging entity6. Pause. As various circles of knowledge begin to embrace complex thinking, state-of-the-art machines and their artificial intelligence algorithms cloud the landscape once again. Recent neuroscience research has verified that our choices might not be the result of supposed free will, but rather of a particular ability to recognize patterns (HARARI, 2018). Supercomputers analyzing big data have been providing revealing, if not definitive, evidences in this regard. The Cambridge Analytica scandal is a good example of how one can remotely manipulate the behavior of large hu101


man groups based on their ideologies. The scope of this social technology (only to name it somehow), in which supercomputers guide or manipulate people’s lives, is still restricted to some aspects of human life. It wouldn’t be unwise to wonder that, as powerful new computers7 come into circulation and larger volumes of data become available - from human behavior to climate phenomena -, we will enter the age of techno-determinism. Although the curatorial project of the exhibition “Machinations” is specific, I thought it would be appropriate to bring this succinct, incomplete, partial and schizophrenic introductory report, in order to recall human’s troubled interdependence relationship with machines. I believe that in one way or another, the topics presented are tangent to the statements of this show.

Machines and art While “Machinations” is located within in the macro context of human-machine relationship, on the other side it fits into a particular niche in art history, that which involves the symbolic production with machines, whose history certainly doesn´t fit into this brief text8 . Let’s be reminded that beyond the countless possible associations between machines and art9 , it won´t be until the twentieth century this realm would gain new status. Beyond instrumental bias, machines are gradually considered works of art10 . From Tinguely’s self-destructive contraptions to Theo Jansen’s automata, from Wim Delvoye’s machines simulating digestive system to Refik Anadol’s algorithmic artificial intelligence animations, we are faced with a particular epistemological, logical, ethical and aesthetic field, which had been exemplarily summarized by Peter Weibel based on the idea of “performative turning”1 1 : “Classical art was about the behaviour of form, even the form of things, and today it’s about the form of behaviour. […] it’s not about the creation of things anymore, it’s about the creation of relations, what we do with things”.1 2

catching the eye and that can be considered a statement is that, with the exception of Sara Lana’s piece, there are no interactive artworks in “Machinations.” And it is precisely Sara´s “Antonyms machine” that reveals the techno-assistentialist tendency of our time, in which even the use of toilet paper is assisted by sensors and motors. This artwork is composed by a jumble of tube TV sets, on whose screens we see oscillating wave designs and static electricity variations. There is also a microphone that triggered by visitors initiates a translation system, which analyzes the speech and answer with a contrary sentence than of that heard by it. In the age of superintelligent machines and clever artificial intelligence algorithms, noise persists in mediating the human-machine relationship. Sara explores, in an extremely poetic way, what is lost in the process: the residues, the inaccurate character of the language, the imprecision of the machine, the difference in repertoires. In this sense, Zaven Paré’s “Tribute to Chocolate Grinder Repairers,” in which 180 plastic forearms revolve around its own axis, represents, in my point of view, a counterpoint to the “ode to click” in which contemporary society has become. Although the artist had been inspired by Leonardo da Vinci’s biomechanical studies and Duchamp’s enigmatic machines, in our current context this artwork have new readings. There is an effort being made, cyclically and repetitively, that could cause me a contemplative, meditative, or Zen experience, but that gives me a double anguish. On the one hand, it makes me think of consumer society and its aggressive marketing techniques: It’s as if these 180 forearms were trying to convince me to be part of the system, probably showing me some amazing product that I couldn’t live without. On the other hand, I feel anguish to realize they don´t leave their places. The “motor age” crowd, hostage to the cognitive capitalism plots, as in the blindness of social networks bubbles.

File and memory Another issue to bear in mind is that art and culture are, in general, constantly crossed by the clash between progress and tradition, in which, without a doubt, the machine plays a central role. Baudelaire’s flaneur revolts at the speed of the city of light. The “Arts and Crafts” movement seeks to counteract industrial design. “Machinations” puts its pillars down in this swampy terrain, standing critically against status quo positivism. This mainly because its curator’s Fred Paulino (alongside with Paulo Henrique Pessoa - the “Goose”, and Lucas Mafra) is one of the founders of Gambiologia, a movement of resistance to a certain idea of flattening progress that erases the past, wastes resources, spreads false promises, excludes margins and programs obsolescence. One fact 102

Paulo Henrique Pessoa, the “Goose”, had a private cabinet of curiosities and it is with it he is generously represented in the exhibition. “Creed” is a site-specific installation of psychedelic collecting. Goose was a compulsive collector of images and all sorts of objects, preferably those able to be unusually reused. Among displayed items is the helmet designed in partnership with Paulino and Mafra for the former Arte.mov (International Festival for Mobile Media Art) in Belo Horizonte. The birth of this analogic object/gadget in such a particular setting - a festival dedicated to the most avant-garde technologies, bears an extra symbolic and affective value, since it had led to the founding of Gambiologia.


I recently had the opportunity to visit the Fundação Casa Grande — Memorial do Homem Kariri1 3 , in Nova Olinda, Ceará. Among various social, educational and heritage protection activities promoted by the institution, the project of Organic Museums particularly caught my attention. Designed by Alemberg Quindins and his team, they are museums that seek to rescue masters of local culture when they are still alive and they are set up in the honorees’ houses. Goose´s installation made me think about this unofficial collective memory hidden in every house and every garage, and which is often hard for us to discover and value. Guto Lacaz’s participation in the exhibition points to another type of memory, which is related to the body. The sequence of images suggests instructions for performing everyday activities, such as lighting a match, opening a package of super glue, unrolling a plastic food wrap, extracting a print from a Polaroid camera, using a level tool, and rewinding a cassette tape. In fact, none of these actions would need instruction for generations born in the 1970s and 1980s. Lacaz’s ironic commentary, being him an acute graphic chronicler of our time, is meant to reveal, on the one hand, the cyclical condition of time, and on the other how much our body can be shaped by technology. Today, when cassettes and Polaroids are back on the scene and repairing equipment can be more expensive than buying a new one, Lacaz’s images take on new meaning. In common sense, time would be represented by a continuous line where the past would be on the left, the future on the right, and the present somewhere in between. The story is much more capricious. Like time, it is illusion, it accelerates, slows and loops at the most unexpected moment. In this nucleus, it is also worth talking again about Zaven Paré, another compulsive collector of objects and images. He presents the four-part site-specific installation “ZP Occupation 3.0”. In the first, he brings a series of assemblages that took me to the Afro-Brazilian imaginary: “pure coincidence”, according to the artist. The second part is a wall composed of randomly arranged circular objects, which looks like the transposition of the artist’s studio into the exhibition room. Completing the work is a showcase of relics and a weird (or surrealistic?) machine that keeps a ping-pong ball floating in the air, an installation referring to “Locus Solus”, the work of French writer and poet Raymond Russel. As in Goose’s work, there is a disruptive look at everyday life, the chronology of time, the essence of things. An attempt to reorganize the world into arrangements that seem to rescue subjectivity and human scale, beauty and poetry hidden in banal things.

Abstraction and movement Abraham Palatnik takes part in the exhibition with “Kinetic Object C-5” and a collection of sketches and notebooks. His production falls within the scope of Brazilian abstractionism, concretism and neo-concretism and their Latin American variations exemplified in the works of Jesus Rafael Soto, Carlos Cruz Diez and Julio Le Parc. Palatnik’s work has already been studied and reviewed in exhaustion14 and is well known for introducing three-dimensionality into the pictorial object, for the physical exploration of the light phenomenon and for the insertion of movement. The highlight in “Machinations” is the inclusion of Palatnik’s sketches and annotations that, in the context of the exhibition, explain the forms of artistic making that emerge when it meets the artworks’ technologies of present time. Sketching and scribbling give way to plans, calculations, project. Not that this is new in the field of art, but the blurring of boundaries between disciplines is consolidated in the twentieth century, and the formation of transdisciplinary teams becomes a necessity. By diving into other fields, the artist adheres to new techniques and ways of thinking, documenting and designing close to engineering and science. Daniel Herthel’s work updates and shifts an almost endangered craft, marquetry, a technique derived from woodwork and goldsmithing, traditionally used in the manufacture of furniture, props and ornaments. Because the pieces are installed on the wall, it is inevitable to think of them in their relationship with painting. Whether due to the characteristic of the technique, somewhat limited in the expression of detail, or the themes chosen by the author - a synthesizer, for example -, they cause some strangeness. Materialized anachronism of a past time memory. Xande Perocco’s mural, based on the typography created by him as the logo of the exhibition, inspires a journey through time. When applied to a print or computer screen, the typology instantly refers to the aesthetics of contemporary computer-aided graphic design. But when transformed into a mural, it refers to the origin of design and propaganda in Russian constructivism. It is in this communicational ambivalence that the work expands itself in the context of the exhibition, creating a gap between the idea of progress and tradition.

Contraptions and makeshifts Paulo Nenflídio’s production is established on the border between art and life. He is a machine craftsman, an inventor artist, a scientist poet. In his works, he explores the most diverse materials and phenomena, in order to build what he calls inventions, unusual, playful and interactive objects, most of the time, with sound.

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The “Instruments to calculate horizon” series, which he calls sculptures, are actually three fully functional levels. One of them features a technical innovation: a reduction mechanism that allows greater accuracy in measurements. Moved by generosity and the desire to confuse the boundaries of art, Nenflídio presented a worker who worked on the renovation of his house with one of these sculptures.

Poetics of Strangeness

“Metacircuit n2”, also of his own, is a sound object, a machine/instrument with its viscera exposed that, before the presence of the visitor, pronounces a monologue about its own machinic nature. Nenflidio’s works initially seduce us by the eccentricity and exoticism of his assemblies, but in a second instance, we are surprised by the fact that it leaves bare its very essence, mediating the experience of the sensitive in a subtle and pleasant way.

By seeing unusual possibilities in sets designed with everyday elements, Marques is able to create visualities, sounds and atmospheres to which we have no immediate reference. As in Nenflídio’s works, in the search for logic that illuminates the meaning of his propositions, we are seldom suspended for a moment in an ambiguous and destabilizing symbolic limbo though it’s extremely poetic and suggestive.

What did Azucena Losana want to tell us with her analog image sequences produced by precarious slide projectors made out of cardboard and discarded components? Never before so many imaging and projection devices have been available as today, and we have never produced so many images in a single day. We have equipment that can exceed 50 megapixels of resolution and shoot up to 8k, and telescopes that can see the ends of the universe. From a positivist perspective, we might think that all this paraphernalia would be available to a communication model in which information flows like the waters of a river and mankind sails in “fair winds and following seas“. But the effect seems to be just the opposite. The uncontrolled exposure to such technologies has made evident our deficiencies and weaknesses as individuals and as a collective. It is in this gap that the artist calls us to reflect on the urgent need to rethink our relationship with technological devices – especially those of image production – in order to think of strategies that allow us to circumvent the enchantment of the brave new world. Only in this way can we create identity and belonging in a system that exploits our weaknesses. Mauricio Zelada’s “Oracle” is a real contraption. Mixed sculpture, musical instrument and lamp, it resembles a spaceship about to take off. The resulting sound from the machining of its components is a drone that can point both to the background radiation of the universe as to the impertinent roar of engines producing 24/7. Its slender figure, while static, embodies the tension and power of a possible takeoff, an extraordinary allegory of contemporary conflicts.

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Milton Marques’ poetics always seemed disturbing to me. Not because it’s perverse or uncomfortable, but because it’s unclassifiable. With his particular methodology of subverting the original, being it a motor, a camera, or a printer, he creates systems whose meaning escapes our immediate experience.

Marques’ machines produce boucles and recurrences, but the artist’s know-how in their design makes neither loop equal to the other. This inevitably leads us to think about time and its pitfalls. Such is the case with the “Untitled” work in which we see an animal skull turning among grains of sand. The ephemeral time of life contrasted with the geological time of the mineral. A potent metaphor of nature’s cycles. But in this case, the driving force of such a routine is a printer motor, placing the human being in the role of the creator. In the other piece by this artist, also untitled, we see an audiovisual contraption whose lens oscillates between two focal points. At the end of the loop, you can read the phrases “critical point where it no longer responds” and “on the hardest days.” A tangle of hair complements both images. Despite decades of machine art history, Milton’s work points to the untapped frontiers of the so called obsolete equipment.

The man and the machine, utopia or dystopia? The inclusion of the video “The Way Things Go” by Fischli and Weiss introduces, if not a dystopian perspective, a destabilizing component in our course. In this masterpiece of the Swiss duo, we see a clumsy contraption in which weird and unlikely events follow one another in a long take which isn’t it (the images were shot during two years). In the end, there is no moral of the story. The energy expended fades into the air when a handful of dry ice falls into a basin of water. In my view, this is the most beautiful parody of man’s relationship with the machine. Without optimism or pessimism, it presents things as they really are. Hits, mistakes, doubt, naivete, malice, all clear and obvious, causal. Each has its own ethics.


Plotting I left the work of Motta & Lima to the end, as it materializes the expansive and liberating potential that can emerge from man’s encounter with the machine. The image of a hummingbird in flight, projected on the blades of a fan, shows an optical phenomenon that reveals the nature of light. Beyond the aesthetic domains of art, we might think that we are facing a knowledge device containing key elements that allow us to decode reality and to order the world around (GRAU and VEIGL, 2011, p. 5). Two accurate curatorship choices strengthen the exhibition: the inclusion of the Kallpp group’s audiovisual performance “Pareidolia” and the museography. Kallpp artists create and improvise with their own synthesizers. During the performance, they open the devices, making the sensors, mechanisms and flows explicit so demystifying the “black box”. In the symbolic field, they provoke us to make sense of unusual sounds and, like other works in the exhibition, explore the poetry of everyday life. The museography is simple but straightforward. A maze made of wire mesh walls resembling a workshop, factory or supply store environment. Finally, reinforcing the idea that this text, rather than explaining such dense issues, is intended to be a trigger of ideas, and conscious of having used the word machine more than 40 times, I would like to make one last reflection. Faced with the constant virtualization of the world, “Machinations” is a manifesto in favor of craft, materiality of things, economy of resources, individual and collective creativity, conscious acting and the art of encounter. It is also a reminder of how good it is to get lost in order to find yourself renewed in the process. “Machinations” is a warning that calls us to keep ways of being alive in the world that are in danger of extinction. After all, not everything that shines is gold, “novelty passes, and what remains is frustration.”

1 D iverso – Gambiologia (2012). Available at: https://www.youtube.com/watch?v= z4Fm6kaF-1I. Consultado em: 09/2019. 2 O n the machines of primitive man. Bautista Paz et al., 2010, pp. 7-12. 3 The most complex invention of antiquity is the “Antikythera machine”, an astronomical instrument considered the first analog computer (Bautista Paz et al., 2010, p. 7). 4 Nature has continuously solved mechanical problems to build and maintain life and has demonstrated brilliant ingenuity and creativity in the design of highly efficient mechanisms ... Biology can offer us examples of mechanical design, such as the leg of an arthropod or vertebrate. (Bautista et al., 2007, p. 2). 5 http://www.filosofia.org/enc/ros/par10.htm. Accessed in 10/2019. 6 About this, read Johnson, 2003. 7 h ttps://www.nytimes.com/2019/10/21/science/quantum-computer-physicsqubits.html. Accessed in 10/2009. 8 About this, check BESSETE, 2017, MEDOSH, 2016, BROECKMANN, 2016, TAYLOR, 2014. 9 I capriciously cast some of many: the discovery of glass and the development of lenses, the camera obscura, the snitch of oil paint, the machinery and inventions that lead to the systematization of photography, cinema and the capture and reproduction of audio, etc. 10 Machine Art. Exhibition catalogue. MoMa: New York, 1934. Available at https:// www.moma.org/documents/moma_catalogue_1784_300061872.pdf. Accessed in 10/2019. 11 https://en.wikipedia.org/wiki/Performative_turn. Accessed in 10/2019. 12 “Classical art is about the behavior of form, even the form of things, art today is about the form of behaviors ... it is no longer about creating things, it is about creating relationships, what we do with things”. (ASCOTT et al., 2009, p. 17). 13 https://blogfundacaocasagrande.wordpress.com/ 14 I n 2009, Instituto Itaú Cultural focused on his work in an occupation curated by Aracy Amaral. Access: https://www.itaucultural.org.br/ocupacao/abraham-palatnik/

BIBLIOGRAPHY ASCOTT, Roy; BAST, Gerald; FIEL, Wolfgang; JAHRMANN, Margarete; SCHENLL, Ruth. New Realities: Being Syncretic. Springer-Verlag: Vienna, 2009. BAUTISTAS, E., CECCARELLI M., ECHÁVARRI J., MUÑOZ J. Brief Illustrated History of Machines and Mechanisms. Springer: London, 2007. BESSETTE, Juliet. The Machine as Art (in the 20th Century): An Introduction. (2017). Available at https://www.mdpi.com/2076-0752/7/1/4. Consulted on 10/2019. BROECKMANN, Andreas. Machine Art in the Twentieth Century. The MIT Press: Cambridge-MA, 2016. GRANT, D. Taylor. When the Machine Made Art: The Troubled History of Computer Art. Bloomsbury Academic: New York, 2014. GRAU, Oliver; VEIGL, Thomas. Imaginery in the 21st century. The MIT Press: Cambridge-MA, 2011. HARARI, Yuval Noah. 21 lessons for the 21st century. Company of Letters: São Paulo, 2018. JOHNSON, Steven. Emergency - the integrated life of ants, brains, cities and software. Jorge Zahar: Rio de Janeiro, 2003. Machine Art. Exhibition Catalog. MoMa: New York, 1934. Available at https://www. moma.org/documents/moma_catalogue_1784_300061872.pdf. Consulted on 10/2019. MEDOSH, Armin. New trends. Art at the Threshold of the Information Revolution (1961 1978). The MIT Press: Cambridge-MA, 2016. NEVER, GERMAN ALPHONSO. The kiss of death and its cultural and social context: an introduction to the emergence of technological or digital art. In Ars Magazine, no. 35, USP - University of Sao Paulo, 2019. The Machine as Seen at the End of the Mechanical Age. MoMa: New York, 1968. Available at: https://www.moma.org/documents/moma_catalogue_2776_300292931.pdf

Fernando Velázquez is an artist and curator. He investigates the relationship between Nature and Culture in the context of technical devices. He holds a MA in Fashion, Art and Culture.

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ARTISTS / ARTWORKS / PERFORMANCES ABRAHAM PALATNIK He was born in Natal (Brazil) in 1928. He lived and worked mostly in Rio, where he passed away in 2020. He was a pioneer and the most seminal figure of Brazilian kinetic, optical and tech art. His work has been shown in several exhibitions internationally, including eight editions of the São Paulo Biennial, Brazil (1951-1969) and the 32nd La Biennale di Venezia, Italy (1964). His work is part of important institutional collections, such as: Rio de Janeiro Museum of Modern Art (MAM-Rio); São Paulo Museum of Modern Art (MAMSP); Royal Museums of Fine Arts of Belgium; and The Museum of Modern Art (MoMA), New York, USA. Kinetic Object C-5 Framed electromechanical sculpture. 70 x 100 x 20cm. 1968 Kinetic Object K-07 Electromechanical sculpture. 50 x 150 x 50 cm. 1968 COURTESY: Sesc Art Collection Kinetic Objects, together with Kinechromatic Apparatus and Ludic Objects series, integrate the most renowned creative period of the artist, one of the pioneers of Brazilian and world kinetic art. Through minimalist color charts, sophisticated compositions and intentionally exposed mechanical systems, Palatnik proposes a three-dimensionalization of abstract painting in motion, with delicacy and great visual appeal. His vigorous artistic production has for decades integrated sculpture, drawing, technology, physics and design.

Notebooks Sketches on paper. Variable dimensions. n.d. Rare collection of Palatnik original documents, consisting of technical drawings and patent illustrations made by him in Israel and Brazil in the 1940s and 1950s. The set includes sketches of Kinetic Objects, some of which are exhibited in the editions of “Machinations.”

ARMATOST Colombian collective formed by Julián Conde “Kilelé” (visual artist and musician) and Julie Mart (journalist and set designer). Their work is developed from everyday objects, reuse of materials and gambiologia, under the premise of “urban archeology” in material culture. They held individual exhibitions such as “Cacharraçoes” at MAT, Colombia (2018) and joined collective exhibitions such as “Maquinations” at Sesc Palladium, in Belo Horizonte, Brazil (2018). They were awarded multiple grants in Colombia. They are currently working on the UN-FIXED project, a performance that incorporates sculpture, installation and fashion. 106

Kick (La Patadita) Mechanical sculpture. 100 x 150 x 200 cm. 2018 Interactive sculpture created from the reuse of mechanical industrial objects, in a Colombian “gambiological” style. The piece is a dysfunctional humanoid robot made using scrap, which lends itself to offering only a kick aimed at the interacting-spectator himself. The sudden mechanical “selfie” kick irreverently denotes the need for other modes of existence - and resistance - in everyday life.

AZUCENA LOSANA* She was born in Mexico City (1977). She lives and works in Buenos Aires. Her work comprises experimental cinema, installations and video. She conducts TAPP project (“Precarious Projectors Workshop”) in partnership with Carolina Andreetti. Some prizes she got include 3rd place in the Mamba Telefonica New Technologies Award (2009), exchange scholarship from the University of São Paulo / UNA (2015), honorable mention at the Salón Nacional de las Artes de Argentina (2016) and the individual creation grant from the Fondo Nacional de las Artes of Argentina and the National System of Creators FONCA Mexico (2017). GIF: Generator of InterFerence Installation with analog animation. Variable dimensions. 2016/2018 An analog emulation of a GIF. Installation consisting of analog slide projectors and speaker, built with cardboard and vintage objects. It rebuilds a television image through a precarious device that converts frames into animation. The operation of deconstructing and reconstructing the image and speech of Silvio Santos (in the Brazilian version) highlights the mistake of perception, in constant tension.

MACRO_MICRO_NARIAS Audiovisual performance. 2018 Real-time projection and interventions on a 16mm film documenting the opening of a coffee factory in Costa Rica in the early 1980s. Collaboration: Manuel Trujillo “Morris” *Member of the National System of Art Creators of Mexico

DANIEL HERTHEL He’s got a BA in sculpture from the School of Fine Arts of UFMG. He lives and works in Belo Horizonte, Brazil. Influenced by the kinetic artists, he started his career in the Giramundo Puppet Theater where he knew the craft of wood and animation. In 2007 he joined the


Artist Links residence of the British Council in London. In 2008 he was selected for the Pampulha Scholarship of the Pampulha Art Museum (Brazil) and later for the Rumos program of Itaú Cultural Visual Arts. Beyond his artistic production, he works with set design, cinema, sound art and product design also leading workshops that invite participants to practice creative and manual work. Tabula Rasa / Workshop with Window / Good News Machine Marquetry made with natural wood veneers and shellac over naval plywood. 48 x 48 cm / each. 2018 Marquetry, an old and traditional technique of composing drawings with different wood cut-outs veneers, is revisited in Daniel ‘s work in dialogue with his creative universe of mechanical inventions, drawing and his constant research on woodwork. The dimension of time is very present as well as metaphysical issues, the notion of values and the recognition of a space and his way of working.

GANSO - PAULO HENRIQUE PESSOA He was born in Martinópolis, Brazil (1955) and lived most of his life in Belo Horizonte, where he passed away in 2018, shortly after the opening of the first edition of “Maquinações” in Rio de Janeiro. With a background in industrial design, during his life he worked with design in print, fashion, TV and cinema. He was especially recognized for his work in lighting design using antiques and reused materials. He conceived and produced the concept space “Bar do Ganso”, at Instituto Inhotim (Brazil), in permanent exhibition. He was one of the founders of Gambiologia Collective. Creed Site specific installation of psychedelic collecting. Variable dimensions. 2018 The restless and irreverent Goose has been a reference character in art and in the night of Belo Horizonte since the 1970s, participating in several experimental art scenes in the areas of scenography, fashion, illustration, graphic design and art direction for film and TV. He was a compulsive collector of objects and images. In his later years, he received special recognition as one of the founders of the Gambiologia project and, mainly, as a product designer and lighting artist, having conceived the “Bar do Ganso” concept space in Inhotim, which remains there. “Creed” is a seminal installation of “psychedelic collecting” (as coined by the artist himself) launched as a work-in-progress at the first edition of “Machinations” in Rio de Janeiro in June 2018, a few days before the artist passed away. The original installation was reproduced in different ways in later editions of “Machinations,” always under the coordination of his daughter Laura Potter.

GUTO LACAZ He was born in São Paulo (1948). He is an architect and visual artist. He explores the technological possibilities in art and consumption with humor and surprise. As a graphic designer, he creates logos, books, magazines, catalogs, posters, illustrations and exhibitions. He received the awards: Unusual Object, Guggenheim Scholarship, APCA Graphic Work, APCA Borders of Architecture, April Journalism and Graphic Excellence Award. He has published the books “Desculpe a letra”, “Gráfica”, “omemhobjeto” e “80 desenhos”, among others. Little great actions: Cassette Tape / Super Bonder / Magipack / Level / Polaroid / Match Screen printing on paper. • 100 x 70 cm / each. 2003 This set of prints is part of an extensive series by the artist. The illustrations suggest “instruction manuals” of simple everyday actions of extreme utility. A graphic satire about the routine and complexity of technical apparatus, exploring the extent to which man’s action in dealing with industrial objects around melts into pure intuition. COURTESY: Artist’s private collection / Sesc Art Collection

KALLPP Sound art trio formed by Marcelo Kraiser, Rafael Carneiro and Frederico Melo. Their work wander between ambient music and noise art, between melodic sounds and random atonality, as well as the use of voice with emphasis on improvisation. The trio researches theoretical and technical aspects of sound and their interaction with space, performance and image, using especially electronic and electroacoustic instruments. Pareidolia Sound performance. 2019 It is an improvised performance made up of four distinct planes that reverberate and interact with each other: body, sound, light and thought. Each leads to developments in processes that feedback actions and concepts such as visual, sound and moving body landscapes. Due to the absence of hierarchies, we have captures that admit error, chance, and their balanced and unbalanced risks, resonating with fog images, dusty images, atmospheric sounds, noise. Fleeting mixtures of bodies that crystallize and dissolve into materials that quiver, strain, stretch, compress, dilate, breathe, illuminate and meet electronic and electroacoustic sounds. Conception and performance: KALLP (Marcelo Kraiser, Rafael Carneiro and Frederico Melo) Technical support: Wanderson Maciel

Collaboration: Laura Potter Pessoa / Birimbica Potter / Giba Macruz / Fred Paulino

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JULIANA PORFÍRIO & NEVILLE D’ALMEIDA Juliana lives and works in Belo Horizonte, Brazil. With an interdisciplinary background in visual arts, fashion and journalism, she works as an independent artist and communicator. His research covers the interrelationships between body, fashion and society. She collaborates to Gambiologia project as artist and educator and to Hysteria (Conspiração Filmes content platform), writing and illustrating articles on women’s issues. Neville was born in Belo Horizonte, Brazil, as son of a Protestant family. He studied theater at TUMG (University Theater of Minas Gerais), joined the Center for Cinematographic Studies (CEC - BH) and was one of the founders of CEMIC (Centro Mineiro de Cinema). He studied cinema at NYU (New York, USA). He has directed 15 feature films, over 120 short / medium-length films and over 30 art films. His work is part of the Instituto Inhotim’s collection with the Cosmococa Pavilion. He has been honored with more than 20 national and international awards, having participated in 49 international exhibitions. He is a multimedia artist, writer, screenwriter and photographer. He lives and works in Rio de Janeiro. Utopic Body Audiovisual performance. 2018 Spatial intervention involving performance, music and projection, using a wearable electronic with camera and monitor, which shoots and screens images of people around. Mirrors attached to the coat are also used as a screen for laser projection. Conception: Juliana Porfírio & Neville D'Almeida Actresses: Patricia Niedermeier (Rio), Rosa Antuña (BH/SP) Laser projection and lighting: Lucas de Jesus Electronic systems: Eduardo Pessoa

LINA LOPES & GIOVANNA CASIMIRO Lina is a consultant, entrepreneur and artist. She’s got a BA in Cinema from USP and a MA in design from Faculdade Anhembi-Morumbi and has an interdisciplinary background that also covers theater, engineering and computing. She has extensive knowledge in parametric and generative design projects, video mapping, interactivity, coding with Arduino, wearables, internet of things, biomaterials, among others. She is a She on innovation and a mentor of bootcamps. She conducts LILO.ZONE, a space dedicated to the creative use of technology. She is enthusiastic about experimentation, collaboration and improvisation. Giovanna is an art and technology researcher, curator and multimedia artist. She conducts projects in the 108

field of AI and VR, often in urban space. She collaborates with different teams worldwide, including the ARTIVIVE app, ZOAN Studio, SaskInteractive, New Dance Horizons, UFO Studio, LILO.Zone, Boston Cyberarts, and Dizaí Association, among others. She’s got MA in Visual Arts (PPGART / UFSM) and BA in Design and Plastics (UFSM). She is currently in the research for a PhD at USP (São Paulo University). InterAffective Swings Wood, rope and electronics. Variable dimensions. 2016 Interactive urban furniture that lights up to the touch. Playful technological apparatus, composed of reused materials, which stimulates, at the same time, sensory exchanges between passersby and an active interaction of the city with its inhabitants

MAURIZIO ZELADA He was born in São Paulo (1963), where he lives and works. He’s been interested in mechanisms and electronics since childhood. He studied architecture, but eventually replaced the drawing board and office for the workbench and the workshop. He uses both earliest mechanisms as well as sophisticated microprocessors and sensors to propose artworks that respond to stimuli, with behavior not always predictable. The interaction with the public and the autonomy of the work are strong presences in his works. In addition to his own production, he develops and implement technical solutions for other artists. Oracle Steel sculpture, electronics, laser and smoke. Variable dimensions. 2019 Electronic sculpture formed by light, sound and air. The work is a machine composed of five interrelated modules, which produce and consume information translated into sounds. In the Oracle, a green laser goes through an intermittent and chaotic column of smoke. The generated light activates sensors whose continuous variation feeds processors that synthesize a sound flow in real time.

Discorsi Set of electromechanical sculptures. Variable dimensions. 2018 “I discorsi li porta via il vento”. If conversations are discarded by wind, on the other hand, they are wind. This installation uses moving airflows to activate electronic and mechanical sensors, just as eardrums are stimulated with sound. The work consists of modular machines that talk like people: they bring air waves to the membranes of the other machines, which in turn process and emit more air waves that sensitize other membranes, and so on, in a cyclic chain. The content of conversations is not accessible to us.


MILTON MARQUES

PAULO NENFLÍDIO

He was born in Brasilia (1971), where he lives and works. His work has as its starting point the use of unused machines and technological devices, devoid of their original function and displaced from everyday use. So they resurface as part of singular mechanisms of construction of moving images.

He’s got a BA from ECA - USP and a degree in electronics from ETE Lauro Gomes. His production is composed by sculptures, installations, objects, instruments and drawings. Sound, electronics, movement, construction, invention, randomness, physics, control, automation and makeshifts are also frequent in his works, which look like animals, musical instruments or science fiction machines. In 2011, he received the CNI SESI Marcantonio Vilaça Visual Arts Award and, in 2013, the Funarte Marcantonio Vilaça Award. In 2017, he exhibited in BienalSur.

Untitled Audiovisual installation with printer DC motor system, DV camera, projector and animal skull. Variable dimensions. 2018 Untitled Electromechanical sculpture. Custom projection machine with moving focus system, lens and LEDs. 15 x 15 x 25 cm. 2012 Milton Marques’ poetic projection machines are gadgets created from re-functionalized simple technologies: low-tech optical and mechanical systems with high sensorial impact. His work is formed from deconstructions that evidence social dynamics and a policy of technical image. In the pieces presented in “Machinations”, the artist develops mechanical loop systems: in one of them, the camera focus in pointed to a rotating animal skull that, when projected, is abstracted in sand; in the other, he develops a precarious projector that zoom human hair over written sentences, in a composition that makes us remember the Brazilian national flag.

MOTTA & LIMA The partnership of Gisela Motta and Leandro Lima, both born in São Paulo in 1976, began in the late 1990s. Since then, they have used various languages such as video, object creation and makeshifts, employing standards, measures, structures and their variations in order to create highly constructed situations. In these environments, natural, mathematical and artificial elements emulate organic behavior, synthesize natural phenomena, and create certain ambiguity, despite their apparent objectivity. They precisely explore the ambivalent region between the synthetic of the natural and the natural of the synthetic. Hummingbird Video installation with single chip DLP projector, tripods, DC motor and propellers. Variable dimensions. 2013 Two tripods support a projector and a motor that rotates propellers of irregular shapes, on which is projected the animation of a hummingbird. The propellers fragment the projection in several colors, as on a Newton disc in reverse. One sees the image of a bird the wings are confused with the propellers; their color travels through all the colors of the moving spectrum, once the propeller speed is higher than the projector’s frequency.

Metacircuit Sound object. 25 x 18 x 22 cm. 2015 Metacircuit n2 Sound object. 42 x 28 x 18 cm. 2018 Gambiological electronic gadgets assembled into valises, which display alternate messages on a 7-digit display. Simultaneously, the circuit produces digital signals on electrical pins that, when amplified, result in a polyphonic noise composition. The work is metalinguistic: the phrases generated by the object explain the operation of the circuit itself, in an uncomfortable process of humanization of the machine.

Instruments to Calculate Horizon Wood and glass sculptures. 12 x 90 x 3 cm / each. 2018 Handmade mechanical measuring tools. Built of hardwood, they offer great precision and are assembled with extreme formal refinement. These objects are the radical opposite of the logic of rampant production of disposable technical itens.

PETER FISCHLI & DAVID WEISS Fischli was born in 1952 and Weiss was born in 1946, both in Zurich. They began to collaborate in 1979. Resisting any specific style, medium, or material, their work include photographs, videos, slide projections, films, books, sculptures and multimedia installations. Their production explores the poetics of banality — the sublimity of the objects and events constituting everyday life. They had solo exhibitions at Center Georges Pompidou, Paris (1992) and Tate Modern, London (2006–07), among others. In 1995 and 2003, they represented Switzerland in the Venice Biennale, receiving the Leone d’Oro award. Their work also appeared in Documenta, Kassel, Germany (1987, 1997), and at the Guggenheim Museum (2002–03-04). Weiss died in 2012 in Zurich, where Fischli continues to live and work. The Way Things Go Video. Color, 30’’, Stereo. 1987 Already a classic in video art, it features 30 minutes of documentation of a “Rube Goldberg Machine” built from precarious objects and structures which are sequentially activated, in

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an empty warehouse. In addition to the numerous mechanical interactions between the components of this micro-city installation, chemical reactions and pyrotechnics are also used as triggers. Through sheer determination and hours of trial and error, the artists have created film sequences in which materials intertwine, ignite in flames and fly from place to place in a finite unraveled chain reaction. Objects, imminently collapsing, seem to move on their own accord, free from their usual functions and reveling in the pleasure of their misbehavior.

Experimental typography developed for the graphic design of “Machinations” which, enlarged and fragmented, became large site-specific murals. Its graphical representation simulates the set of parts of a mechanism, which employs functions to contours and forms of space filling, precisely delimiting the boundaries between characters and the void around them.

SARA LANA

ZAVEN PARÉ

She has had her academic career traced in mathematics, coding and engineering schools. Since 2007 she develops projects permeated by sound, art and technology. In general, her work is oriented to the research and development of technological paraphernalia, experimenting with different approaches to digital interfaces and analog devices. She has participated in several residences and her works have been presented in Brazil, Chile, Mexico, Spain and France.

Robotic artist and researcher, he is considered one of the pioneers in electronic arts. He was a fellow of the French American Fund of Performing Arts at California Institute of the Arts (1999/2001), RioArte in Art and Technology (2002), Villa Kujoyama in Kyoto (2009), Japan Society for Promotion of Sciences - JSPS at Intelligent Robotics Professor Hiroshi Ishiguro’s Laboratory (2010), where he participated in the creation of the Robot Actors Project at Osaka University. He received the Sergio Motta Art and Technology Award in 2011.

Antonyms machine Interactive audio installation. Variable dimensions. 2018 Collaboration: Thiago Hersan

Antonyms machine 2.0 Interactive audiovisual installation. Variable dimensions. 2018 Collaboration: Pedro Cambraia Interactive installation that uses electronics, coding and reused objects to respond to speech in an unusual way. The machine “listens” to sentences spoken by the public in a microphone and, using open source translation libraries and computational voice, generates counter phrases. The inaccuracy of the system, in addition to its playfulness, highlights the constant failures of even the most complex technological systems. In version 2.0, hacked tube TVs emit light signals in sync with the sound response.

XANDE PEROCCO Designer, artist and illustrator. He lives and works in Belo Horizonte, Brazil. Since the 2000s, he has been integrating initiatives in street art and print. He was one of the founders of Azucrina Collective. He is the art director of prominent projects in the Brazilian cultural scene, such as Cura (Urban Art Circuit) and Gambiologia. Machinery Experimental typographic mural. Approx. 30 m2. 2018

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Machinery 2.0 Experimental typographic mural. Approx. 35 m2. 2019

ZP Occupation 1.0 / 2.0 / 3.0 Site-specified installation. Collecting, sculptures and electromechanical object. Variable dimensions. 2018/2019 Installation composed of four parts: a set of assemblages of materials collected from different origins, which are sources of inspiration for the artist; a showcase of relics; a shelf of totemic figures for memory; and an in situ sculpture that refers to “Locus Solus”, by Raymond Roussel.

Tribute to chocolate grinder repairers Kinetic sculpture. 180 x 180 x 180 cm. 2017 Kinetic sculpture composed of 180 forearms in a smooth rotating motion, like rays of a black star. Each hand holds a gear, lost in the race of time. The 720 electrical connections of the silent mechanical assembly form the nucleus of this project of celestial body. The work is an allegory dedicated to pronossupination, a movement that consists of the rotation of the forearm and was the most complete study of biomechanism in Leonardo da Vinci’s work, present in his notes on morphology and in the pointing finger of his paintings’ characters. The title of the work refers to Marcel Duchamp’s “Broyeuse de chocolat” (1914), a machine also replicated in his great work “La Mariée mise à nu par ses celibataires, même” (1915-1923). “Tribute to chocolate grinder repairers” evokes the maintenance work of this type of machine, for the greater pleasure of mechanics and even celibates, among others. Besides the chocolate lovers, specially.


EQUIPE • MAQUINAÇÕES IDEALIZAÇÃO E CURADORIA CURATORSHIP PRODUÇÃO EXECUTIVA EXECUTIVE PRODUCTION PROJETO EXPOGRÁFICO EXPOGRAPHY PROJETO GRÁFICO GRAPHIC DESIGN ILUSTRAÇÃO E TIPOGRAFIA TYPE AND ILLUSTRATIONS MONTAGEM CENOGRÁFICA E ILUMINAÇÃO SCENOGRAPHY AND LIGHTING CENOTÉCNICO CENOTECHNICAL ASSESSORIA FINANCEIRA FINANCIAL ASSISTANT REVISÃO DE TEXTOS TEXT REVIEW TRADUÇÃO ENGLISH VERSION

Fred Paulino Sara Moreno Clarissa Neves e Paulo Waisberg (Rio, BH e SP) MACh Arquitetos (Piracicaba) Xande Perocco Fred Paulino Xande Perocco Marcos Lustosa Richard Carvalho Fernando Libânio Sílvia Batista e Ângelo Batista (Proart Minas) Cláudia Rezende (Bontexto) Luciana Tanure


EQUIPE • ITINERÂNCIAS RIO DE JANEIRO COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO ASSISTENTE DE PRODUÇÃO PRODUÇÃO LOCAL REGISTRO FOTOGRÁFICO PRODUÇÃO AUDIOVISUAL ASSESSORIA DE IMPRENSA E MÍDIAS SOCIAIS ASSESSORIA JURÍDICA ASSISTENTES DE MONTAGEM DE OBRAS

ESTRUTURA “BALANÇOS INTERAFETIVOS” OFICINAS MONITORES

Sara Moreno Fabiana Gomes Victor Domingues Venâncio Adriano Rodrigues Alexandre Baxter (Alicate) Luciana Bento (Pauta Positiva) Laura Gomes Castanheira Arthur Bittar Laura Potter Pessoa Nickolas Borba Marimba Azucena Losana Lina Lopes Ana Julia Ferreira Pedro Lira

B ELO HORIZONTE COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO ASSISTENTES DE PRODUÇÃO REGISTRO FOTOGRÁFICO ASSESSORIA DE IMPRENSA E MÍDIAS SOCIAIS ASSISTENTES DE MONTAGEM DE OBRAS (GANSO) (XANDE PEROCCO) (SARA LANA) (ZAVEN PARÉ) MONITORES

Gabriela Carvalho (Casa Camelo) Eloá Mata e Luiz Lemos Henrique Chendes Tarcísio de Paula Val Prochnow Clara Guimarães Birimbica Potter, Laura Pessoa e Gilberto Macruz Mariana Zani e Kid Azucrina Thiago Hersan Trotta Priscila Portugal Bruno Gomes

SÃO PAULO COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO ASSISTENTE DE PRODUÇÃO PRODUÇÃO LOCAL ASSISTENTE DE PRODUÇÃO ILUMINAÇÃO REGISTRO FOTOGRÁFICO SUPORTE TÉCNICO E MANUTENÇÃO

Gabriela Carvalho (Casa Camelo) Eloá Mata Marina Jovanelo Esther Azevedo MMV Montagem e Vídeo Nidin Sanches Maurício Jabur

PIR ACICABA COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO ASSISTENTE DE PRODUÇÃO PRODUÇÃO LOCAL CENOTÉCNICO REGISTRO FOTOGRÁFICO SUPORTE TÉCNICO E MANUTENÇÃO

Luiz Lemos (Casa Camelo) Eloá Mata Adriana Conceição Rasera Antônio Donizete Mendes Antônio Fernando Conceição Cristiano Ferrari Maurício Jabur

AG R ADECIMENTOS Birimbica Potter e Thais Mol. Carlos Teixeira (Vazio S/A), pela concepção original dos painéis cenográficos. Alan Charles (Astergraf), Alberto Saraiva, Alexandre Telles, Aline X, Angelina Camelo, Angellys Silva, Anita Schwartz, Beatriz Leite, Beny Palatnik, Bernardo Brant (Oficina de Imagens), Café Pingado Filmes, Carlos Ribeiro (FAZ Makerspace), Clara Valente, Danusa Carvalho, Equipe de Manutenção Sesc Palladium, Fabiana Gomes, Fabiano Fonseca, Fernando Rabelo, Flávio Renegado, Flora Mol, Geraldo Paulino, Giselle Beiguelman, Guta Carvalho, Helder Quiroga, Helvécio Ratton, João Perdigão, Keyla Pitanga e Vinícius Rezende (Jacinta), Laura Santos, Leandro Aragão (Trem Chic), Leoni Paganotti, Lídia Mendes dos Santos, Loló Paulino, Lucas Bambozzi, Luciana Dias Salles, Luiz Navarro, Luiz Phillipe Mendonça, Lu Tanure, Macau Amaral, Marcus Bastos, Marcus Nascimento, Mariana Yazbeck, Matthew Marks Gallery, Nidin Sanches, Pablo Lobato, Paulo Laborne, Pedro David, Pil Ambrosio, Roberto Medeiros (Invert), Sérgio Ricardo Pereira, Sophia Potter Pessoa, Tarcísio Vidigal (Grupo Novo de Cinema e TV), Valéria Leite Braga, Vera Paulino e Vitor Santana.


SESC EM MINAS PRESIDENTE DO SISTEMA FECOMÉRCIO MG, SESC, SENAC E SINDICATOS DIRETOR REGIONAL GERENTE GERAL DE CULTURA EXECUÇÃO TÉCNICA EQUIPE PROJETO DE COMUNICAÇÃO E PRODUÇÃO EDITORIAL

Lúcio Emílio de Faria Júnior Luciano de Assis Fagundes Eliane Parreiras Sesc Palladium Assessoria de Comunicação Sesc em Minas Gerais

SESC - SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO ADMINISTRAÇÃO REGIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL SUPERINTENDENTES TÉCNICO-SOCIAL COMUNICAÇÃO SOCIAL ADMINISTRAÇÃO ASSESSORIA TÉCNICA E DE PLANEJAMENTO GERENTES ARTES VISUAIS E TECNOLOGIA ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO ARTES GRÁFICAS SESC CARMO SESC PIRACICABA EQUIPE SESC

Abram Szajman Danilo Santos de Miranda

Joel Naimayer Padula Ivan Giannini Luiz Deoclécio Massaro Galina Sérgio José Battistelli

Juliana Braga de Mattos Marta Raquel Colabone Hélcio Magalhães Simone Engbruch Avancini Silva Fábio José Rodrigues Lopes Carolina Barmell, Demétrio de Almeida Leite, Dóris Larizzatti, Fabiana Delboni, Francisco Galvão de Franca, Iã Paulo Ribeiro, Jefferson Alvares Aranda, Karina Musumeci, Kelly Teixeira, Leonardo Borges, Luciane Tosin Garcia Motta, Luis Cláudio Vieira Bento, Margarete Regina Chiarella, Nilva Luz, Rafael Munduruca, Ricardo Scardoelli, Sandra Leibovici e Vanessa Rosado.

OI FUTURO CONSELHO GESTOR / MANAGING COUNCIL PRESIDENTE / PRESIDENT CONSELHEIROS / BOARD MEMBERS

DIRETORIA EXECUTIVA / EXECUTIVE BOARD DIRETORA PRESIDENTE / PRESIDENT DIRECTOR DIRETOR / DIRECTOR CULTURA / CULTURE GERÊNCIA EXECUTIVA DE CULTURA / CULTURE EXECUTIVE MANAGEMENT GERÊNCIA DE CULTURA / CULTURE MANAGEMENT PRODUÇÃO DE ARTES CÊNICAS E VISUAIS PRODUÇÃO LABSONICA / LABSONICA PRODUCTION PATROCÍNIOS CULTURAIS / CULTURAL SPONSORSHIPS MUSEOLOGIA / MUSEOLOGY PRODUÇÃO MUSEOLOGIA / MUSEOLOGY PRODUCTION EQUIPE CULTURA / CULTURE TEAM

ESTAGIARIO/ INTERN ASSESSORIA DE IMPRENSA / PRESS OFFICE

Rodrigo Abreu Bernardo Scudiere Carlos Eduardo Monteiro de Morais Medeiros Suzana Gomes Santos Suzana Gomes Santos Bernardo Scudiere Sara Crosman

Roberto Guimarães Victor D’Almeida Zelia Peixoto Yuri Chamusca Luciana Adão Joseph Andrade Bruna Cruz Leyanne Azevedo Sandro Rosa Jairo Vargas João André Macena Juliana Moreira Raphael Fernandes Gabriel Brum Carla Meneghini


COLEÇÃO ARTE & TECNOLOGIA OI FUTURO OI FUTURO ART AND TECHNOLOGY COLECTION • Coordenação | Coordination Roberto Guimarães 1. Corpos Virtuais Ivana Bentes [org.], 2005

24. Hüzün. Carlos Vergara Luiz Camillo Osório, Coedição Contra Capa, 2008

2. Estado de Atividade Funcional: E.A.F. Tina Velho 25. Marcos Chaves Alberto Saraiva [org.], 2005 Alberto Saraiva, Coedição Aeroplano, 2008 3. Ciclo Paradigma Digital: FotoRio 2005 Milton Guran [org.], 2005 26. Performance Presente Futuro Daniela Labra [org.], 4. Geração Eletrônica Coedição Contra Capa, 2008 Tom Leão [org.], 2006 5. FILE RIO 2006: Festival Internacional de Linguagem Eletrônica Paula Perissinotto e Ricardo Barreto [org.], 2006

27. Arte da Antártida Alfons Hug, Coedição Aeroplano, 2009

6. Pintura em Distensão Zalinda Cartaxo, 2006

28. FILE RIO 2009: Festival Internacional de Linguagem Eletrônica Ricardo Barreto e Paula Perissinotto [org.], 2009

7. Wilton Montenegro: Notas do Observatório, Arte Contemporânea Brasileira Glória Ferreira [org.], 2006 8. Nam June Paik: videos 1961–2000 Nelson Hoineff [org.], 2006 9. Vicente de Mello, Áspera Imagem Alberto Saraiva [org.], Coedição Aeroplano, 2006 10. Dança em Foco: Dança e Tecnologia Paulo Caldas e Leonel Brum [org.], 2006 11. Câmaras de Luz Ligia Canongia [org.], 2006 12. Multiplicidade: Imagem_som_inusitados Batman Zavareze [org.], 2006 13. FILE RIO 2007: Festival Internacional de Linguagem Eletrônica Ricardo Barreto e Paula Perissinotto [org.], 2007 14. Filmes de Artista: Brasil 1965–80 Fernando Cocchiarale [org.], Coedição Contra Capa, 2007

29. Meias Verdades Ligia Canongia, 2009 30. Dança em Foco: A Dança na Tela Paulo Caldas, Eduardo Bonito e Regina Levy [org.], Coedição Contra Capa, 2009 31. Gary Hill: O Lugar Sem o Tempo. Taking Time From Place Marcello Dantas [org.], Coedição Contra Capa, 2009 32. Entre Temps: Uma década de videoarte francesa na coleção do Musée d’Art moderne de la Ville de Paris/ARC Angeline Scherf, Odile Burluraux, Jean-Max Colard, 2009 33. Performance Presente Futuro. Vol. II Daniela Labra [org.], Coedição Aeroplano, 2009 34. Entreouvidos: Sobre Rádio e Arte Lilian Zaremba [org.], Coedição SOARMEC Editora, 2009

15. Dança em Foco: Videodança Paulo Caldas e Leonel Brum [org.], 2007

35. Pierre et Gilles: A Apoteose do Sublime Marcus de Lontra Costa, Coedição Aeroplano, 2009

16. Atlas Américas Paulo Herkenhoff [org.], Coedição Contra Capa, 2007

36. FILE 8 BIT GAME PEOPLE: Festival Internacional de Linguagem Eletrônica Paula Perissinotto e Ricardo Barreto [org.], 2009

17. Fotografia e Novas Mídias: FotoRio 2007 Antonio Fatorelli [org.], Coedição Contra Capa, 2007

37. Frederico Dalton: Fotomecanismos Coedição Contra Capa, 2007

18. Babilaques: alguns cristais clivados Waly Salomão e outros, Coedição Contra Capa, 2007 19. Relíquias e Ruínas Alfons Hug [org.], Coedição Contra Capa, 2007 20. FILE RIO 2008: Festival Internacional de Linguagem Eletrônica Paula Perissinotto e Ricardo Barreto [org.], 2008 21. Poiesis André Vallias, Friedrich W. Bloch, Adolfo Montejo Navas [orgs.], 2008 22. Ivens Machado: Encontro / Desencontro Alberto Saraiva [org.], Coedição Contra Capa, 2008 23. Dança em Foco: Entre Imagem e Movimento Paulo Caldas, Eduardo Bonito e Regina Levy [orgs], Coedição Contra Capa, 2008.

38. Multiplicidade: Imagem_som_inusitados Batman Zavareze [org.], 2007 39. Multiplicidade 2008 Batman Zavareze [org.] Coedição Aeroplano, 2009 40. Multiplicidade 2009 Batman Zavareze [org.] Coedição Aeroplano, 2010 41. A Carta da Jamaica Alfons Hug [org.] Coedição Aeroplano, 2010 42. SONIA ANDRADE: VIDEOS André Lenz [org.] Coedição Aeroplano, 2010

45. Multiplicidade 2010 Batman Zavareze [org.] Coedição Aeroplano, 2011 46. FAD - Festival de Arte Digital 2010 FAD - Festival de Arte Digital [org.] Coedição ICC Instituto cidades criativas, 2010 47. Arte e novas espacialidades: relações contemporâneas Eduardo de Jesus [org.] Coedição F10, 2011 48. RELIVRO: Lenora de Barros Lenora de Barros, Alberto Saraiva [org.] Coedição Automática Edições, 2011 49. Performance Presente Futuro Vol. III Daniela Labra [org.] Coedição Automática Edições, 2011 50. Projetor: Tony Oursler Paulo Venancio Filho [org.] Coedição Automática Edições, 2011 51. Geração Eletrônica 2011 Bruno Katzer, Rossine A. Freitas, Tom Leão [org.] Edição Oi Futuro, 2011 52. FILE Games Rio 2011: Eu quero jogar Ricardo Barreto e Paula Perissinotto [org.] Coedição F10, 2011 53. Trans - Adriana Varella Alberto Saraiva [org.] Coedição Aeroplano, 2011 54. Power Pixels Miguel Chevalier Coedição Aeroplano, 2011 55. Warhol TV Judith Benhamou-Huet [org.] Coedição Aeroplano, 2011 56. Além Cinema Neville D'Almeida Coedição Nova Fronteira, 2011 57. Luciferinas, Simone Michelin Simone Michelin [org.] Coedição Aeroplano, 2011 58. Pulso Iraniano Marc Pottier [org.] Coedição Aeroplano, 2011 59. Era uma vez... Aída Marques e Elianne Ivo [org.] Coedição Aeroplano, 2011 60. Letícia Parente André Parente e Katia Maciel [org.] Coedição +2 Editora, 2011 61. Gabriele Basilico Nina Dias e Paola Chieregato [org.] Coedição Francisco Alves, 2011 62. Brígida Baltar: O que é preciso para voar Brígida Baltar e Marcelo Campos Coedição Aeroplano, 2012 63. Multiplicidade 2011 Batman Zavareze [org.] Coedição Aeroplano, 2012

43. Livro de Sombras: Pintura, Cinema, Poesia de Luciano Figueiredo Katia Maciel e André Parente [org.] Coedição +2 Produções, 2010

64. High-Tech/Low-Tech – Formas de Produção Alfons Hug [org.] Coedição Aeroplano, 2012

44. WLADEMIR DIAS-PINO Wlademir Dias-Pino [org.] Coedição Aeroplano, 2011

65. AdF.11 - Atos de Fala Felipe Ribeiro [org.] Coedição Rizoma, 2011


66. Sebastião Barbosa, fotógrafo Felippe Schultz Mussel [org.] Coedição Letra e Imagem, 2012 67. FILE RIO 2012: Festival Internacional de Linguagem Eletrônica Paula Perissinotto e Ricardo Barreto [org.] Coedição Aeroplano, 2012 68. Iluminando o futuro – 50 anos de Jorginho de Carvalho. EPA!, Miguel Colker [org.] Coedição Aeroplano, 2012 69. I Seminário Oi Futuro Mediação em Museus: Arte e Tecnologia - Reflexões e Experiências Adriana Fontes e Rita Gama [org.] Coedição Livre Expressão, 2012 70. Predicament – Situações Difíceis Yann Lorvo e Stéphanie Suffren Coedição Apicuri, 2012 71. Xico Chaves Alberto Saraiva [org.] Coedição F10, 2012 72. Multiplicidade 2012 Batman Zavareze [org.] Coedição Aeroplano, 2013 73. Poesia Visual Alberto Saraiva [org.] Coedição F10, 2013 74. Transperformance Lilian Amaral [org.] Coedição F10, 2013 75. Regina Vater: Quatro Ecologias Paula Alzugaray [org.] Coedição F10, 2013 76. EXPO(R) GODARD Aída Marques, Anne Marquez e Dominique Païni [org.] Coedição 7 Letras, 2013 77. MACHINARIUM Marisa Flórido e Monica Mansur [org.] Coedição Binóculo Editora, 2013 78. Ana Vitória Mussi Marisa Flórido [org.] Coedição Apicuri e F10, 2013 79. Bill Lundberg Alberto Saraiva [org.] Coedição F10, 2013 80. Paulo Climachauska Alberto Saraiva Coedição Coletiva Projetos Culturais, 2013 81. FILE GAMES RIO 2014: Festival Internacional de Linguagem Eletrônica Paula Perissinotto e Ricardo Barreto [org.] Coedição FILE, 2014 82. Nenhuma Ilha - Elisa de Magalhães Marcelo Campos [org.] Coedição Letra&;Imagem, 2014 83. Anatomia da Luz Martha Pagy [org] Albano Afonso, 2014 84. BRICS Alfons Hug [org.] Coedição Editora Atlântica, 2014 85. Foto + vídeo + arte contemporânea: FotoRio 2009 Milton Guran [org.], Coedição Aeroplano, 2010

86. FILE RIO 2010: Perspectivas da arte digital Paula Perissinotto e Ricardo Barreto [org.], 2010 87. Videofotopoesia - Tadeu Jungle Alberto Saraiva [org.] Coedição F10, 2014 88. Paisagens Cromáticas Isabel Portella Coedição Apicuri, 2013 89. Apichatpong Weerasethakul Daniella Azzi e Francesca Azzi [org.] Coedição Iluminuras, 2014 90. Marulhar – artistas portugueses contemporâneos Delfim Sardo Coedição Nau das Letras Editora de Livros Ltda, 2014 91. O Papagaio de Humbold Alfons Hug [org.] Coedição Nau das Letras Editora de Livros Ltda, 2015

106. Espírito de Tudo Rosângela Rennó [org.] Coedição Cobogó, 2017 107. Multiplicidade 2025 Batman Zavareze [org.] Coedição Cobogó, 2017 108. Códigos Primordiais Caroline Menezes e Fabrizio Poltronieri [orgs.] Coedição Caosmos Editora, 2017 109. Máquina Devir – Maria Lynch Bernardo Mosqueira, André Abu-Merhy Barroso e Alberto Saraiva Coedição R&L Produtores Associados, 2017 110. Nam June Paik Marco Pierini Coedição Base 7 Projetos Culturais, 2017 111. Poesia Visual 4 Alberto Saraiva [org.] Coedição Fioretti, 2016

92. Niura Bellavinha: Em torno da luz Alberto Saraiva Coedição Nau Editora, 2014

112. Outras Ideias – Daniel Arsham + Azuma Makoto Marcello Dantas Edição Oi Futuro, 2017

93. Poesia Visual 2 Alberto Saraiva [org.] Coedição F10, 2015

113. Denise Cathilina – Fotografia Expandida Alberto Saraiva Edição Oi Futuro, 2018

94. Transperformance 2 Marisa Flórido [org.] Coedição F10, 2015

114. Poesia Visual 5 Alberto Saraiva e Terri Witek [org.] Coedição Oi Futuro/Fioretti/Confraria do Vento, 2018

95. Desenlace – Miguel Angel Rios & Teresa Serrano Luiza Interlenghi [org.] Coedição Memória Visual, 2015

115. Katia Maciel Katia Maciel [org.] Coedição Cobogó, 2018

96. AdF.14 - Atos de Fala Felipe Ribeiro [org.] Coedição Rizoma, 2014

116. Celacanto Odir Almeida Maria Arlete Gonçalves [org.] Coedição Coletiva 2018

97. Daniel Senise Alberto Saraiva, Flavia Corpas e Paulo Miyada Coedição Cosac Naify, 2015

117. Existência Numérica Doris Kosminsky, Barbara Castro e Luiz Ludwig [org.] Coedição Rio Books, 2019

98. Somos Iguais – Nazareno Nazareno e Tainá Azeredo [org.] Edição ADUPLA, 2015 99. Área 91 - Thales Leite Marisa Flórido Cesar [org.] Coedição F10, 2016 100. Poesia Visual 3 Alberto Saraiva [org.] Coedição F10, 2016 101. Transperformance 3 Gabriel Bogossian, Luísa Duarte [orgs.]. Coedição F10, 2016 102. Amor Denise Carvalho e Monika Szewczyk. Coedição Barléu Edições, 2016. 103. Gambiólogos 2.0 A Gambiarra nos Tempos do Digital Fred Paulino [org.] Coedição Fogão de Lenda, 2016 104. AdF. 16 - Atos de Fala Felipe Ribeiro [org.] Coedição Rizoma, 2016 105. Multiplicidade 2014 Batman Zavareze [org.] Coedição Aeroplano, 2015

118. Mais Performance Caroline Menezes [org.] Coedição Caosmos Editora, 2019 119. Multiplicidade 2017/2018 Batman Zavareze [org.] Coedição Editora Circuito, 2019 120. Bug narrativas interativas e imersivas André Paz &; Sandra Gaudenzi [org.] Coedição Automatica Edições; Letra e Imagem, 2019 121. Chantal Akerman - Tempo Expandido | Expanded Time Evangelina Seiler [org.] Coedição BEĨ Editora, 2019 122. Chico Cunha: Narrativas Alberto Saraiva [org.] Coedição Gryphus, 2019 123. Maquinações: artistas, máquinas e a invenção do cotidiano Fred Paulino [org.] Coedição Fogão de Lenda / Quixote+Do, 2020


Catalogação na Publicação (CIP)

M297

Maquinações : artistas, máquinas e a invenção do cotidiano / Fred Paulino (curadoria). 1. ed. - Belo Horizonte : Fogão de Lenda ; Rio de Janeiro : Oi Futuro, 2019. 115 p. il. color. ; 19,5 x 25,5 cm (Oi Futuro Arte & Tecnologia ; 123)

Catálogo da exposição coletiva de arte e tecnologia realizada no Centro Cultural Oi Futuro Flamengo (Rio de Janeiro, 2018), Sesc Palladium (Belo Horizonte, 2018), Sesc Carmo (São Paulo, 2018) e Sesc Piracicaba (Piracicaba, 2019). Inclui bibliografia e índice. Texto em português e inglês. ISBN 978-85-68657-11-9 1. Arte moderna - Séc. XXI - Brasil - Exposições. 2. Arte e tecnologia. 3. Criatividade. 4. Cultura. 5. Arte e sociedade. I. Paulino, Fred. II. Título. CDD: 709.81

Bibliotecária responsável: Fernanda Gomes de Souza CRB-6/2472

Editores: Alencar Perdigão, Cláudia Masini, Luciana Tanure Assistência editorial: Sofia Rossi Comunicação institucional: Sandra Nascimento Quixote+Do Editoras Associadas www.quixote-do.com.br Rua Fernandes Tourinho, 274 Belo Horizonte, MG, Brasil (31) 3227.3077

ORGANIZAÇÃO

PARCERIA

PATROCÍNIO

REALIZAÇÃO

VII.

A versão em escala de cinza deve ser utilizada na cor preta, e será aplicada nas situações em que as limitações de reprodução impeçam outra opção.

Marca do Governo Federal em escala de cinza Positiva

Admite-se, excepcionalmente, a utilização de outra cor, se essa for a única no processo de impressão.

Negativa


Esta publicação é dedicada a TUPI, GANSO e PALATNIK.


Este livro foi composto em "Raleway" e "Maquina Color®". Capa em papel Cartão Supremo 250g/m². Miolo nos papéis Offset 90g/m² e Reciclato 90g/m². Impresso em Belo Horizonte pela Rona Editora, em Junho de 2020.




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