I Mostra de Performance e Novas Mídias

I Mostra de PERFORMANCE e Novas Mídias

Miola, Gabriela Canale.

Mostra de Performance e Novas Mídias. 2022 1. Artes 2. Performance 3. Tecnologia

Imagem da capa: Chrislen Ribeiro Diagramação e organização deste catálogo; Montagem e organização da mostra: Prof. Dra. Gabriela Canale Miola Artistas: Chrislen Eduardo Rafael Magagnin Gerson Gonçalves Leonardo Cesar Liz Donovan Lucas de Lima Rafaela Bozelo Renata Souzza Rica Nascimento Duarte Projeção dos trabalhos em Buenos Aires: Festival de Mi Balcón, prof. Mestre Ana Pansera Frank Bready e Lucas

Apresentação A ´I Mostra de Performance Novas Mídias´ é composta por trabalhos dos estudantes da disciplina "Performance III", da Universidade Federal da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), realizados em 2021.

A mostra é formada por diversas ações, todas realizadas virtualmente em respeito às medidas de biossegurança implementadas para combater a pandemia de coronavírus.

Os trabalhos estão expostos nas paredes digitais de uma mostra virtual em galeria online, circularam plas redes sociais, e foram projetados nos muros concretos de Buenos Aires.

Este catálogo apresenta todos os trabalhos, acompanhados de breves textos reflexivos produzidos pelos artistas. Também compõem este material registros da mostra virtual e da projeção dos trabalhos em Buenos Aires.

O processo de criação foi orientado a partir da proposta do autocuidado, em diálogo com Audre Lorde. Investigamos possibilidades de presença nos espaços domésticos, testamos a ampliação de uso dos objetos cotidianos dialogando com Lygia Clark, Ayrson Heráclito e Ernesto Neto. Buscamos os limites temporais e materiais da Performance propostos por Regina Melim. Olhamos para o abismo do apagamento das narrativas da História Única estruturada nas Artes ouvindo Chimamanda Ngozi Adichie. Desenhamos nossas genealogias das Artes espantados com os vazios das historiografias canônicas mapeados por Bruno Moreschi.

Existimos com medo do vírus, nos protegendo com máscaras, nos organizando nos isolamentos possíveis. Fomos presença enquanto os casos de contaminação e morte por Covid seguiam espantosamente altos. Fizemos aulas remotas, espalhadas por nossas cidades. Estivemos em presença e ausência.

Os trabalhos resultantes do processo ocuparam uma galeria virtual que pode ser visitada neste link https://www.artsteps.com/view/614f323537d179141547b4ba Estamos ali em corpos digitais, expandidos em espaço-tempo binários.

Performando em uma galeria imaginária, que flutua em um oceano de bits. Pois ali, no digital, nossos corpos expandidos em performação se encontraram.

Também fez parte desta mostra uma extensão que nos levou digitalmente para a Argentina. Estes trabalhos foram projetados na cidade de Buenos Aires por meio da parceria afetuosa de Ana Pansera em seu “Festival de Mi Balcón”. Ao vivo, em meio a diferentes tipos de gambiarras, guerrilhas e parceria vimos os trabalhos destes artistas brasileiros atravessarem as fronteiras geográficas e se lançarem monumentais nos prédios de Palermo.

Os corpos orgânicos, protegidos em nossas casas brasileiras, se tornaram imagem digital, depois viraram dados numéricos em links virtuais para, enfim, ganharem formas de luz projetada em ansilumens nos muros porteños.

O que habita esta mostra é nosso impulso coletivo de existir sendo artistas, sendo um pouquinho de saúde no espanto em uma pandemia que escancarou as desigualdades nossas de cada dia.

Gabriela Canale Miola.

Chrislen Ribeiro

G: fotoperformance em processo

"O trabalho fotográfico intitulado G: fotoperformance em processo, do artista cênico Chrislen, é inspirada em aspectos de sua percepção sobre o contexto gay contemporâneo. Através da combinação entre suas ações, paisagens e obras plásticas que se encontram ao ar livre na cidade de Belo Horizonte, o artista faz alusões a jargões, ideias e comportamentos presentes dentro e fora da comunidade gay."

G: fotoperformance em processo

Eduardo Rafael Magagnin

Exílio

"Estou preso em minha própria casa? Eu sou a minha casa. Já faço parte integralmente desse ambiente, me sinto dentro dos móveis, paredes e objetos. Uma fotoperformance sobre exílio."

Gerson Gonçalves

Meu cabelo, minha coroa!

"Meu cabelo, minha coroa!" fala sobre mim, fala sobre os meus, fala sobre nosso processo de descoberta de quem somos, de como somos, fala sobre autoaceitação, sobrevivência nessa sociedade racista que sempre tentou e ainda tenta nos podar, nos ensinar e ditar o que é belo e o que não é, mas não vamos mais aceitar, os pretos e pretas começaram a se amar, nosso cabelo ancestralidade, é resistência na cara da sociedade racista."

Leonardo Cesar

Sangria

"A proposta se estrutura a partir da pesquisa relacional entre a criação de objetos e o corpo do artista, que surge através de uma análise profunda das ações e estratégias que, de alguma forma, tiveram impacto na manutenção do estado de saúde e sanidade durante o período de distanciamento social."

Liz Donovan

"O planeta está colapsando. Estamos sendo bombardeados por imagens de devastação que nos chegam ininterruptamente por todas as mídias. As notícias são assustadoras e a pandemia se arrasta como um pesadelo sem fim. Diante desse caos, a humanidade parece estar cada vez mais anestesiada, resignada com a sua própria sorte, como se o fim fosse uma fatalidade inevitável. Como o corpo que cria a cria, a coloca no mundo e morre, a terra parece ceder aos mesmos desígnios. Tendo gerado o homem que agora a consome e submete ao fim. O homem, fascinado pela própria obra, recolhe os restos como relíquias sagradas e as preserva. A ausência deixada pela cria gerada devasta o corpo e isso é uma experiência compartilhada pela maternidade dos corpos humanos e também dos celestes."

Ausência

Lucas de Lima

"Faz-se urgente denunciar e combater o governo nazifascista de bolsonaro que diariamente através de fake news, políticas armamentistas e culto à morte, tenta destruir a sociedade brasileira. Através de uma narrativa ficcional retrato os possíveis desdobramentos da prisão, julgamento e condenação de bolsonaro pelos crimes que têm sido praticados por ele ao longo do seu (des)governo.

Acredito que essa obra de fotoperformance reflete o desejo de milhares de brasileiros para que se faça justiça. Utilizei um figurino e performei três situações que foram fotografadas para compor este trabalho."

Fatofake

Rafaela Bozelo

Embrulho

"Essa série de fotoperformance foi desenvolvida através do contato com o conceito de auto-cuidado e a materialidade do elastico como objeto de memoria. Através da combinação dele e dos elementos da natureza, muito presentes nos meus dias, em encontro com meu corpo, a mais de um ano em isolamento social devido a pandemia, possibilitou as expressões de minhas motrizes internas que tem me sustentado durante esse período e as angústias e medos sempre presentes."

Renata Souzza

O belo caos - releitura ao nascimento de Vênus

"Me interessa bastante assuntos relacionados à mitologia e as histórias por traz de cada ser místico, o que escondem, como viviam, me faz entrar em um mundo de criação imaginário baseado nas esquinas e estudos que existem atualmente. Relacionado a isso, introduzi temas mais atuais e reais que estamos tendo que lidar no cotidiano. A prática de exercícios tem me ajudado a pensar em algumas questões como por exemplo o significado de “belo”, definido por padrões estéticos. Me fazendo questionar o que é esse corpo ? Quem define essas métricas? É possível de fato alcançar a tal perfeição de fato? Por outro lado, me sinto mais presente entre corpo mente e ambiente, me fazendo parte integrante do conjunto. (Minha casa) todas as coisas estão conectadas e uma não funciona sem a outra. Uma obra tão antiga e que ainda causa muitas dúvidas a respeito me trouxe possibilidades de abordar diversos temas, dentro de um trabalho simples. “O belo caos - renascimento de Vênus”, se da entre o caos interno e a beleza externa de uma mulher, com traços e fenótipos muito diferentes da mulher caucasiana tradicional. É a construção diária de um corpo se refazendo em tempos pandêmico".

Rica Nascimento Duarte "O projeto de pesquisa: Performance e Sociedade, criou e desenvolveu ao longo de três anos o processo criativo intitulado: Maracujá em Pertencimento, por meio da arte conceitual e da observação do objeto Maracujá. Trata-se de um programa de performance que cumpre cinco ações: 1. a exposição da obra orgânica- a muda de maracujá plantada na cuia/casca do fruto; 2. a exposição das fotoperformances: Maracujá em Crescimento; 3. a ação performativa: Casuum estado liminar; 4. a arte relacional: Filtrando Sonhos; e, 5. a ação formativa.

Interseccionando discursos sobre o eixo humanização-arte-saúde e interdisciplinarizando as áreas da saúde pública e saúde mental com as artes da performance, visando apreciar a arte enquanto engajamento social, contribuindo no processo de humanização, convergindo com políticas públicas de saúde pública e saúde mental, a obra cria uma metodologia de abordagem para falar sobre questões de saúde mental com foco sobre ideação suicida. "

MARACUJÁ EM PERTENCIMENTO - FILTRANDO SONHOS

OS TRABALHOS ESTÃO MONTADOS EM UMA GALRIA VIRTUAL DE ARTE. PODEM SER ACESSADOS NO LINK HTTPS://WWW.ARTSTEPS.COM/VIEW /614F323537D179141547B4BA

Mostra Virtual

No universo digital é possível navegar por uma galeria on-line acessando todos os trabalhos e os textos produzidos pelos artisstas.

PROJEÇÃO DOS TRABALHOS PELO FESTIVAL DE MI BALCÓN BUENOS AIRES

Fotoperformances urbanas

Registro da projeção do trabalho de Gerson no bairro de Palermo, Buenos Aires.

Os trabalhos foram projetados na cidade de Buenos Aires por meio da parceria afetuosa da pesquisadora, artista e Mestre pela Universidade de Buenos Aires Ana Pansera, com apoio de Frank Bready e Lucas em seu “Festival de Mi Balcón”.

Ao vivo, em meio a diferentes tipos de gambiarras, guerrilhas e parceria vimos os trabalhos destes artistas brasileiros atravessarem as fronteiras geográficas e se lançarem monumentais nos prédios de Palermo.

Performances de Chrislen e Lucas de Lima projetadas em Buenos Aires.

As fotoperformances foram projetadas nos muros de Palermo, Buenos Aires enquanto nós, de nossas casas brasileiras pudemos acompanhar ao vivo.