Futebol Portugal Magazine #2

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www.futebolportugal.clix.pt 17/09/13

ATAQUE À CHAMPIONS REAL MADRID - A CRISE DO JOGADOR PORTUGUÊS - LIGA ZON SAGRES


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VISÃO SOCIAL

TWEETS DA SEMANA @fgsilva1993 “Para a história fica a barba do Meireles, a braçadeira no Bruno, os papéis do João, o 10 do Licá e a malandrice de Neymar.” @pedromcandeias “Real Madrid joga mal e empata. No dia seguinte, renovação de Ronaldo.”

@totosalvio8 “Gracias amigo, sos un grande!”

@farinha19 “Tata Martino pareceu-me uma excelente escolha, mas continuo a achar que Villas Boas é o treinador ideal para este Barça”


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POSTS DA SEMANA Neymar Jr. Oficial “Treinando duro pra estreia na Champions... Não vejo a hora !!”

Cristiano “Hoje é um dia muito especial. Orgulhoso de renovar com o Real Madrid. Hala Madrid”


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VISÃO AZUL

E

ao quarto jogo, a quarta vitória. O FC Porto segue invicto no campeonato e lidera a competição de forma isolada. Num fim de tarde ameno, a equipa da casa apresentou um onze ligeiramente diferente do habitual. Com o jogo da Liga dos Campeões no horizonte, Paulo Fonseca deixou no banco Mangala, Lucho e Josué, mantendo a aposta em Maicon no eixo da defesa e possibilitando a primeira titularidade da época a Quintero e a Varela. E foi Varela quem abriu o marcador logo aos oito minutos, numa recarga à boca da baliza. O Gil Vicente, que encarou o jogo com uma estratégia mais defensiva, manteve o plano de jogo, jogando de forma bastante fechada, juntando as linhas para fechar todos os espaços possíveis. O azarado da noite foi Maicon. Em dia de aniversário, o jogador brasileiro saiu cedo da partida, com uma entorse no tornozelo esquerdo. Para o seu lugar entrou Mangala, que completou o quarteto defensivo que deverá ter mais minutos ao longo da época.

VENCER E REPOUSAR JOÃO MIRANDA FOTO: DPI.PT

Aos 27 minutos, depois de mais uma jogada de envolvência atacante do FC Porto, Jackson Martínez marca o segundo golo do jogo. O internacional colombiano só precisou de encostar a bola para o golo, depois de uma defesa incompleta de Adriano. O domínio da equipa azul e branca era natural e arrastou-se até ao final da primeira parte. A segunda parte trouxe uma equipa gilista mais afoita no ataque, com Diogo Viana e César Peixoto a aparecerem mais no jogo e a criar lances de ataque. Os primeiros quinze minutos foram da equipa de Barcelos, já que o FC Porto não conseguiu fazer o jogo de posse de bola que parecia ser o objectivo para esta segunda parte. A entrada de Lucho na equipa portista trouxe mais lucidez ao jogo do FC Porto que equilibrou a posse de bola e a partida, embora a mesma tenha decorrido até ao final em ritmo baixo, talvez já com Viena no pensamento. Até ao fim do jogo, Adriano e Hélton tiveram oportunidade de mostrarem o seu valor com duas defesas de algum grau de dificuldade. Nota de destaque ainda para o regresso de Cláudio Pitbul a uma casa que não o fez muito feliz mas que foi a sua porta de entrada para o futebol português. Com o resultado de 2-0, o FC Porto segue em primeiro lugar, com a melhor defesa e um dos melhores ataques, decorridas quatro jornada do campeonato.


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VISÃO VERDE

C PRAGMATISMO

LEONINO FRANCISCO FERREIRA GOMES FOTO: DPI.PT

umpridos que estavam os compromissos das selecções nacionais, era tempo de voltar ao campeonato e, no caso do Sporting, tempo de dar continuidade à chamada “onda verde”. Neste aspecto há que dizer que a interrupção do campeonato nacional não desfez de modo algum a crescente vaga de apoio à nossa equipa, algo que ficou patente com a enorme afluência de adeptos leoninos ao Estádio do Algarve neste domingo; o Sporting jogava em casa. Ao contrário dos seus adeptos, era de esperar que a equipa do Sporting acusasse ligeiramente a paragem na liga. Se por um lado houve jogadores sujeitos a jogos desgastantes e longas horas de viagem ao serviço das respectivas selecções, houve também aqueles que, por culpa de terceiros, acabaram apenas por ir passear por terras irlandesas e norte americanas. Falo, como já devem ter percebido, de Adrien e André Martins, jogadores nucleares na dinâmica de jogo leonina que, com todo o mérito, foram chamados aos trabalhos da selecção nacional. Se em Belfast se jogava uma cartada determinante no apuramento para o Mundial do Brasil, já o jogo diante dos canarinhos


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(encontro que servia apenas para alimentar uma pseudorivalidade), era uma excelente oportunidade para os jogadores leoninos demonstrarem o seu valor num palco internacional, mantendo ao mesmo tempo um ritmo de jogo minimamente aceitável. Mas tal não aconteceu e os dois jogadores entravam em campo com duas semanas de paragem, algo que pode fazer a diferença se tivermos em conta a fase prematura da temporada. O onze escolhido por Leonardo Jardim para o encontro diante do Olhanense apresentava ligeiras diferenças em relação à base montada pelo treinador leonino nas primeiras três jornadas do campeonato. Se a troca de Rojo por Eric Dier (um dos melhores em campo), não alterava de sobremaneira a estrutura da equipa, já a troca de Carrillo por Diego Capel obrigava a uma dinâmica ofensiva diferente daquela utilizada aquando da titularidade do extremo peruano. Se o sul-americano dá ao Sporting uma capacidade de movimentação e maior envolvência, já Capel tem uma maneira mais rectilínea de jogar, baixando a cabeça tendo apenas no seu campo de visão a bola e a linha até onde tem de ir para fazer o cruzamento; é um extremo à antiga que tem vindo aos poucos a tentar estender o seu leque de movimentações ofensivas, procurando envolver médios e laterais nas suas jogadas, fazer diagonais para dentro da área em busca de uma situação de finalização. Foi numa dessas situações que o Sporting teve a primeira oportunidade de jogo; depois de um cruzamento da direita, Montero falhou o cabeceamento e Capel, que não esperava que a bola fosse ter com ele, rematou por instinto à figura do guarda-redes Ricardo. Era a primeira situação de golo, após um início onde os leões tiveram alguma dificuldade em pôr em prática o seu jogo, vendo o seu meio-campo muito pressionado pelos olhanenses; após o lance de Capel, era visível que a solução para o Sporting era clara: explorar as alas (principalmente a esquerda onde o recém-entrado defesa Mladen abrira uma auto-estrada na defensiva de Olhão). Encontrado que estava o caminho para a baliza de Ricardo, restava apenas dar bom término a esse trilho e colocar o Sporting numa posição de vantagem totalmente merecedora. Todavia a veia goleadora demonstrada frente ao Arouca e diante da Académica parecia ter sido seca pelo calor algarvio e a equipa mostrava-se um tanto ansiosa quando se tratava de finalizar (Wilson Eduardo é bem exemplo disso); falhanços como os de Freddy Montero primeiro, e Diego Capel depois, deixavam este espectador de sofá (bem tentei, mas não consegui ir ao Algarve) ligeiramente apreensivo e esperançoso que a cruel máxima do “quem não marca, sofre” fizesse mais uma vítima. E ai de mim que ela quase aparecia! Se o cabeceamento do Diakhité à barra foi um (grande!) susto, o lance em que o Maurício isola do avançado do Olhanense quando tentava atrasar a bola para Rui Patrício teve o condão de, em primeiro lugar provocar-me uma arritmia cardíaca e, consequentemente levar-me a tempos passados onde o Anderson Polga semeava o terror…na nossa própria defesa. O intervalo chegava e acreditava que a palestra de Leonardo Jardim no balneário viesse dar mais

tranquilidade e inspiração a um Sporting que na primeira parte, diga-se, não entusiasmou. Tal como desejava, os leões entraram na segunda parte com outro elã, exemplo é o lance de golo construído logo no primeiro minuto. O Sporting entrava mais agressivo e com maior rapidez no desenho das suas jogadas ofensivas, empurrando o Olhanense para perto da sua grande área. E foi assim que, sem surpresa, o Sporting chegou ao golo; Capel arrancou mais um cartão amarelo (foram quatro, um recorde com certeza), André Martins bateu o livre e Montero marcou o seu sexto golo no campeonato. O golo do colombiano é de facto irregular, não há clubite suficiente – pelo menos nos lados de Alvalade – capaz de ocultar essa realidade, contudo era um golo merecido da equipa que mais tinha feito para o alcançar. O Olhanense tentou reagir, modificando obrigatoriamente a sua dinâmica ofensiva, algo que na primeira parte se resumia a passes longos para as costas da defesa verdee-branca, procurando apanhá-la em contrapé. Aproveito a referência deste aspecto para enaltecer Eric Dier. Posso dizer com toda a segurança que o jovem inglês, tendo em conta aquilo que se espera que faça um defesa central, fez um jogo a roçar a perfeição; nada passou por ele pelo ar ou pelo chão e a sua frieza e maturidade foram qualquer coisa de impressionante, especialmente para um jogador da sua idade (19 anitos!). O segundo golo do Sporting surgiu pouco tempo depois quando André Martins correspondeu subtil, mas eficazmente ao cruzamento de Wilson Eduardo, marcando assim (finalmente) o seu primeiro golo ao serviço do Sporting. Até final da partida o Sporting acusou alguma complacência, falhando passes e permitindo ao adversário criar uma situação clara de golo. É perfeitamente compreensível uma equipa abrandar o ritmo de jogo após se ver em vantagem por dois golos de diferença, contudo é preciso manter os níveis de concentração altos pois como se sabe 2-0 é um resultado potencialmente perigoso. Apesar desse lapso, a vitória do Sporting não sofre qualquer tipo de contestação uma vez que os leões foram superiores em todos os aspectos de jogo, dominando o encontro de ponta a ponta; foi um triunfo de uma equipa pragmática e que parece cada vez mais “maior de idade”. Desta vez não houve espectáculo nem chuva de golos, contudo cenas como as do jovem adepto sportinguista que no fim do jogo entrou no relvado e levou consigo a camisola do Maurício, beijando-a diante das câmaras, é paradigmático da sintonia entre equipa e adeptos. Já há quem nos queira rotular de “candidatos”…não pensem que nos derrubam assim tão facilmente.


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VISÃO VERMELHA

C

COMEÇA A PARECER FUTEBOL EDUARDO PEREIRA FOTO: DPI.PT

onfesso que ia começar a crónica desta semana com a pobre surpresa que tem sido este Paços de Ferreira. Equipa aguerrida na última época, terceira classificada com apenas quatro derrotas e, relembre-se, todas elas com os clubes que ficaram à sua frente na tabela. Este ano, tendo perdido meia-dúzia de peças fundamentais, o Paços aparece transfigurado, demonstrando que não foi capaz de ir ao mercado para encontrar alternativas aos trunfos do ano passado. É uma equipa praticamente incapaz de marcar um golo e, até ver, sem habilidade para pontuar. Obviamente que, havendo um dia para o Paços quebrar o enguiço dos golos, teria de ser no da visita à Luz. Diante de um Artur que não sabia se ia ou se ficava, os canários do Tâmega lá fizeram a bola bater do lado certo da rede pela primeira vez nesta edição da Liga. Ainda assim, parece estar à vista de todos que, se o Paços se quer livrar de apuros, algo tem de mudar bem depressa. Costinha é capaz de ser um bom candidato. Perdido algum do entusiasmo para criticar os “castores” – a benevolência tira-nos algum instinto maledicente –, viro-me para dentro do próprio Benfica. Continuo sem


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compreender, aproximadamente desde Abril de 2010, o estranho caso que vem afectando o nosso departamento de preparação física. No jogo deste fim-de-semana, foram quatro os jogadores que acabaram estirados em pleno relvado, a contas com maleitas arreliadoras: Enzo, já repetente, Rúben Amorim, Matic e o estreante Siqueira. Em relação a este último, por ter chegado há tão pouco tempo, penso que será precoce imputar ao preparador físico do Benfica qualquer responsabilidade pela sua lesão. O mesmo já não se poderá dizer sobre Rúben Amorim. O nosso médio, único representante luso junto da armada sérvia que enverga o manto sagrado, não terá tanto para contar como Salvio ou Gaitán, mas é bem possível que seja mais um a encurtar o plantel precisamente na altura em que o calendário vai ficando preenchido. Sábado foi com o Paços, hoje vem o Anderlecht, domingo o Vitória de Guimarães e, até final do ano, não haverá um mês com menos de cinco jogos. Sim, eu sei que o calendário, este ano, não parece tão sobrecarregado como na temporada passada, facto a que não será alheia a decisão da UEFA de prolongar a fase de grupos da Liga dos Campeões por mais uma semana. É preciso, no entanto, não esquecer que ainda não foram definidos os jogos para a Taça de Portugal – que, para nós, deverão começar em Novembro – e que, na segunda metade da época, há que contar também com a Taça da Liga. Ou seja, o número de minutos nas pernas e o número de jogos por semana não têm tendência para diminuir nos meses que aí vêm. E basta que tenhamos memória do que foi o final da temporada transacta para percebermos que esta combinação é explosiva. Não posso, por isso, estar tranquilo com a forma sequencial como os nossos jogadores se têm vindo a lesionar. Sabemos que, desde que Jesus está ao leme, as rectas finais das épocas têm sido dificílimas e, frequentemente, temos visto os nossos adversários demonstrar maior frescura física em momentos decisivos. Pensar que, em duas jornadas, fomos forçados a mexer por quatro vezes devido a lesões é inquietante. Levame, até, a preguntar se não será prova de a preparação dos atletas continua a ser deficiente e se, em vez da habitual quebra no último terço, não iremos assistir a uma equipa cheia de remendos logo no princípio. Até ver, a ala esquerda da defesa, para a recepção ao Anderlecht, nem com remendos lá vai: Siqueira apresentou queixas, Cortez não foi inscrito e Silvio não tem jogado. Convém lembrar que Melgarejo foi vendido. Já não é propriamente um começo auspicioso. Lesões à parte, o jogo diante do Paços foi um bom ensaio para a estreia europeia. Já se sabia que a equipa de Costinha não chegava à Luz em grande forma e a dúvida residia apenas em saber se o Benfica ia conseguir exercer o domínio que dele naturalmente se esperava ou se, por outro lado, ia deixar que tudo se complicasse sem razão aparente, cenário que não seria totalmente novo diante de adversários menos cotados. Felizmente, a missão não se complicou muito e o adversário também não se esforçou muito para que isso acontecesse. A

praticar um futebol do mais inócuo e desconexo que se tem visto nesta Liga, o Paços nunca mostrou ser uma ameaça para a nossa baliza, com excepção daquele lance em que, perante tamanha oferta, o mais difícil era mesmo que Rúben Ribeiro não marcasse. O futebol praticado pelo Benfica já se assemelha mais ao de uma equipa com aspirações ao título. É certo que ainda há o golo sofrido da praxe e que o Lima continua a rubricar o seu falhanço escandaloso, levando-nos a perguntar onde anda o matador que quase superava Cardozo na época passada. Pode-se, então, dizer que a afinação da máquina ainda está longe de ser a ideal, mas há uns quantos factores que podem estar a concorrer para o desanuviar das nuvens negras que pairavam sobre a Luz no final da primeira jornada. Em primeiro lugar, o tempo que a equipa leva em conjunto. Houve um número muito significativo de entradas no plantel, com jogadores como Markovic, Rúben Amorim, Cortez ou Siqueira a terem influência directa sobre o 11 titular. Para além destes, a dança das transferências do defeso não foi exactamente fonte de estabilidade para o plantel, que só agora começa a ter uma experiência relevante ao nível de entrosamento e de definição de quem vai agarrar a titularidade para o ataque ao título. O caso Cardozo, aparentemente sanado – pela pior via, mas adiante – e as permanências de Matic, Garay e Enzo Pérez constituíram um balão de oxigénio para que o Benfica possa encarar esta temporada com a confiança que transpirava no final do jogo da segunda mão frente ao Fenerbahçe, em Maio. O problema, agora, é que já há um fosso de cinco pontos para o FC Porto e o Sporting não é aquela equipa ingénua do ano passado – como comprovam os dois golos em fora-de-jogo em jornadas consecutivas. O caminho para o sucesso, este ano, vai ser tortuoso, mas está nas mãos dos jogadores – mais até do que nas de Jesus – decidir se este vai ser o ano da afirmação ou apenas um apêndice de toda a frustração recente. Gosto de olhar para Garay, imponente, exemplar, e pensar que o espírito guerreiro que nos levou a Amesterdão continua lá, bem vivo no orgulho de cada um deles, pronto a transformar em títulos a raiva que nos corroeu por dentro há meia dúzia de meses. Espero que o preparador físico sinta o mesmo.


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BRIOSA BATE BELENENSES EM VELHO CLÁSSICO

P

artida entre dois históricos do Futebol português, termina com a primeira vitória da Académica no campeonato (2-1 sobre o Belenenses) Realizado em Coimbra, uma partida entre duas equipas que ainda não tinham vencido, Tiago Silva colocou o Belenenses à frente do marcador, aos 39 minutos de jogo na transformação de uma grande penalidade. No segundo tempo, a Académica empatou com um golo apontado por Bruno China, aos 57 e, passados dois minutos, o Belenenses ficou reduzido a 10 unidades, após a expulsão de Kay por acumulação de amarelos. Marinho fez o 2-1 para os estudantes aos 71 minutos e o jogo não terminaria sem mais uma expulsão na equipa de Belém, com um vermelho direto a Deyverson. O Belenenses continua assim, sem conseguir pontuar no primeiro escalão.

AROUCA VENCE NA MADEIRA Á PORTA FECHADA

J

ogo à porta fechada dá a primeira vitória do Arouca, fora de casa, frente ao Nacional

Partida disputada na Madeira, o público foi o grande ausente. Este facto foi explicado pela aplicação de um castigo ao Nacional, por alegados cânticos racistas provenientes da claque do clube, na partida da 20ª jornada da época passada, com o Olhanense. A equipa da Madeira dominou a partida mas falhou na finalização e o golo vitorioso do Arouca aconteceu aos 85 minutos, com Pintassilgo a marcar na sequência de um contra ataque. O Nacional ainda tentou dar a volta ao resultado, sem ser feliz na finalização.

INDISCIPLINA EM BRAGA

CURTAS DÉBORA ESPÍRITO SANTO

1º 2º 3º 4º 5º

- FC Porto – 12 pontos - Sporting – 10 pontos - Sporting de Braga – 9 pontos - Marítimo – 7 pontos - Estoril – 7 pontos

E

m casa dos bracarenses, o Estoril entrou a vencer aos 16 minutos, com uma grande penalidade concretizada por Evandro, que sofreu uma falta assinalada a Baiano, apesar da infração ter sido cometida fora da área. Baiano foi expulso. A resposta do Braga aconteceu à meia hora de jogo, com Éder a ceder o golo a Alan, que empatou a partida. No segundo tempo, foi assinalada nova grande penalidade, desta feita a favor da equipa visitada. Yohan Tavares foi expulso por uma falta que voltou a ser cometida fora da grande área. Alan converteu a marca dos 11 metros e marcou para a equipa de Jesualdo Ferreira. Marco Silva, treinador do Estoril, colocou Gerso na expetativa da reviravolta no resultado. No entanto, o jogador foi expulso ao fim de 7 minutos em campo, com uma falta sobre Felipe Pardo. Aos 73, a entrada de Custódio, três minutos antes, produz efeito, e o internacional português aponta o terceiro golo dos bracarenses. O Estoril ainda reduz a desvantagem e aos 84, Sebá faz o 3-2. O resultado deste jogo isola o Braga no terceiro lugar na Primeira Liga.


21/04/2012

CROMOS DA BOLA


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VISÃO EUROPEIA

O

Anderlecht é bicampeão belga e já conquistou esta época a Supertaça, frente ao Genk. Massimo Bruno marcou o único golo na vitória da Supertaça. No campeonato a orientada John van den Brom encontra-se a 6 pontos do líder, Standard Liège. A equipa base do Andelercht é constituída da seguinte forma: Defesa

PREVISÃO CHAMPIONS ANDERLECHT FRANCISCO GOMES DA SILVA FOTO: DPI.PT


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O Anderlecht posiciona-se em 4-2-3-1 como podemos ver na imagem abaixo.

O Anderlecht defende à zona com dois homens na zona do As quatro unidades da defesa juntam-se muito e acabam por primeiro poste. A equipa demonstra algumas lacunas no que criar espaço a equipas que joguem com largura no ataque. Os toca à concentração e capacidade de marcação. O jogador extremos são solidários na manobra defensiva mas isso não destacado fez o golo sem qualquer tipo de oposição, aparecendo impede que haja um grande espaço a ser explorado nas costas no espaço deixado entre a linha defensiva e os dois homens na dos laterais. O Benfica pode aproveitar esta situação através zona do primeiro poste. da subida dos seus laterais e da largura que os seus extremos podem oferecer, caso de Enzo já que Markovic é um jogador que procura mais zonas interiores, podendo neste caso ser Siqueira Ataque a assumir um papel fundamental na manobra ofensiva da equipa portuguesa. A equipa do Anderlecht sente-se mais confortável a jogar em Numa primeira fase o número 10 da equipa que tanto pode transições rápidas, isto porque conta com jogadores como ser Suárez como Praet exercem pressão na defesa contrária Bruno, Suárez, Acheampong, entre outros. juntamente com Mitrovic, formando então um 4-4-2 clássico. Esta será a postura que a equipa belga irá adoptar frente ao Caso o escolhido seja Praet, Suárez deverá jogar a extremo- Benfica. Um conjunto com os blocos juntos e recuados para esquerdo. depois sair em velocidade pelas faixas. Nesta situação específica o Anderlecht apresentou grande Mitrovic assume-se como a grande referência ofensiva desta passividade defensiva ao deixar o jogador adversário penetrar equipa e é o jogador a ter em conta. em zona proibida para depois abrir o jogo para o extremo- O Anderlecht não procura promover um futebol apoiado e de esquerdo quem sem oposição fez o golo. ataque continuado, assim que tem oportunidade joga directo nos homens na frente. Existem duas situações a ter em conta na manobra ofensiva dos belgas. A primeira trata-se das movimentações na frente de ataque entre Mitrovic e Suárez. Os dois trabalham muito bem ofensivamente e conseguem baralhar a defensiva contrária. É comum vermos um dos dois a arrastar marcação para o outro aparecer no espaço a finalizar como podemos constatar na imagem abaixo.

Este é outro dos momentos que o Benfica pode fazer a diferença em termos ofensivos. A fraca capacidade posicional dos centrais faz com que muitas das vezes existam espaços entre os dois que se forem devidamente aproveitados podem criar situações de perigo. Outra situação que o Benfica pode explorar são as bolas paradas. A equipa belga apresenta algumas fragilidades neste capítulo.


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Mitrovic também trabalha bem esta situação. Na imagem abaixo podemos ver o jovem sérvio a descair na esquerda com Acheampong a aparecer no espaço para finalizar.

O Anderlecht procura constatemente a velocidade de Acheampong para sair em contra-ataque. As subidas de Maxi se não forem bem precavidas podem causar dificuldades ao Benfica uma vez que o ganês de 19 anos é bastante veloz. Será importante a inclusão de Fejsa na equipa encarnada para dar consistência defensiva à equipa e poder libertar Matic em funções ofensivas, de forma a procurar penetrar no espaço deixado no corredor central para depois soltar a bola para as laterais.


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ESTATÍSTICAS TOP 5

Cás

MELHOR ATAQUE 1. Sporting 2. FC Porto 3. Estoril 4. SL Benfica 5. Braga

12 9 8 7 7

MELHOR DEFESA 1. FC Porto 2. Rio Ave 3. Sporting 4. Braga 5. Gil Vicente

(Aro

1 2 2 4 4

Cedric

(Sporting CP)

Garay

(Benfica)

INDISCIPLINA 1. Gil Vicente 2. Arouca 3. Belenenses 4. Académica 5. Olhanense

17A 2V 15A 1V 14A 1V 13A 1V 12A 2V Alan

GOLOS NA 1ª PARTE

(Braga)

Enzo

(Benfica)

1. Sporting 2. FC Porto 3. Estoril 4. Braga 5. Nacional

5 5 5 3 3

GOLOS NA 2ª PARTE 1. Sporting 2. Maritimo 3. FC Porto 4. Benfica 5. Setubal

7 6 5 5 5

Montero

(Sporting CP)


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MAIS AMARELOS 1. Kay (Belenenses) 2. Mladen (Olhanense) 3. Marcelo Goiano (Académica) 4. Josué (FC Porto) 5. Maxi Pereira (Benfica)

ssio

ouca)

4 3 3 3 3

MAIS GOLOS SOFRIDOS

Jefferson

(Sporting CP)

1. Ricardo (Olhanense) 2. Degra (Paços) 3. José Sá (Maritimo) 4. Gottardi (Nacional) 5. Kiezkek (Setubal)

8 7 7 7 6

MELHOR MARCADOR

Mangala (FC Porto)

1. Montero (Sporting CP) 2. Evandro (Estoril) 3. Jackson (FC Porto) 4. Derley (Maritimo) 5. Markovic (SL Benfica)

Varela

(FC Porto)

A. Martins (Sporting CP)

Jackson M. (FC Porto)

6 4 4 3 2


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VISÃO EUROPEIA

S

NO PRATER SE REVELARÁ A SÉRIE FONSECA MARCO MORAIS FOTO: DPI.PT

e pedirmos a todo e qualquer portista que nos escolha os seus três estádios favoritos, estamos certos que a resposta andará intimamente ligada a esta nova edição da Liga dos Campeões. O Estádio do Dragão será a primeira resposta, e a mais óbvia, e é lá que os azuis e brancos vão jogar mais vezes nesta Champions 2013/14. Mas e os outros dois? Não andaremos longe da verdade se avançarmos com os nomes do Ernst Happel Stadion (Prater) e do Estádio... da Luz. Em Viena o FC Porto escreveu uma das mais belas, e conhecidas, páginas da sua história. Em 1987 os portistas bateram no Prater o todo-poderoso Bayern Munique e chegaram ao topo da Europa pela primeira vez. Será redundante falar do ‘calcanhar de Madjer’ e das correrias de Futre, mas é importante referir que a primeira vez é sempre a mais especial e Viena marcou em definitivo a emergência do FC Porto como potência do futebol europeu. E nem que o FC Porto perdesse de seguida todos os jogos no mítico estádio da capital austríaca o Prater perderia o seu cariz especial. Mas o que realmente aconteceu é que sempre que o FC Porto joga no Ernst-Happel não


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só ganha o jogo como acaba por conquistar um título Áustria Viena-FC Porto, 19.45h, Sport-TV1 - 1,ª jornada europeu nessa época. do Grupo G da Liga dos Campeões A 31 de outubro de 2002, Derlei marcou o único golo FC Porto (onze provável): Helton; Danilo, Mangala, de uma partida que levou a equipa de José Mourinho Otamendi e Alex Sandro; Fernando, Josué e Lucho; Licá, a bater o Austria Viena e a história acabou em Sevilha Varela e Jackson. com a Taça UEFA nas mãos dos portistas. Em 2011, pela mão de André Villas-Boas, o FC Porto também haveria de conquistar a Liga Europa mas, para isso, teve de bater o Rapid Viena num jogo com outro símbolo especial para os dragões. A neve pintou o Prater de branco e Falcao coloriu o marcador com um hat-trick bem especial. Na próxima quarta-feira o FC Porto regressa ao ErnstHappel e não será de todo descabido analisar as chances dos portistas nesta próxima edição da Champions League. Com treinador novo, sem nenhum registo na prova, e sem duas das maiores figuras da época passada, os alarmes até poderiam soar de imediato, mas no espaço temporal entre o início da época e o início da Liga dos Campeões o FC Porto de Paulo Fonseca só conhece a vitória. E embora o melhor torneio do planeta tenha um nível de exigência altíssimo não será despropositado pensar que esta nova equipa tem as mesmas chances que a equipa de Vítor Pereira teve na época passada. Os tempos de 1987, e de 2004, já vão longe no calendário e nunca, por nunca, foi exigida uma conquista europeia a um treinador do FC Porto. Os ‘oitavos’ são a margem da obrigação, tendo em conta o investimento realizado e a qualidade dos plantéis portistas, e por isso Paulo Fonseca terá que passar o Grupo G se quiser que a sua prestação europeia seja adjectivada de boa. Mas não se pense que não será um duro teste para um treinador ainda invicto mas que ainda não tem para amostra as vitórias que fazem desaparecer incertezas em relação a esta nova campanha. E essas dúvidas começam no novo sistema da equipa. O triângulo invertido de Jesualdo, André Villas-Boas e de Vítor Pereira já não mora no Centro de Estágio do Olival e a prestação do FC Porto nos jogos fora da Liga portuguesa tem sofrido com isso. Frente a Setúbal e Paços, a qualidade foi notoriamente menor do que nos jogos em casa frente a Marítimo e Gil Vicente. E por isso, o jogo fora-de-portas desta quarta-feira, frente ao Áustria Viena (19.45 Sport-TV1), dará indicadores claros do que pode o Porto de Paulo Fonseca fazer na ‘Europa dos grandes’. O habitual parceiro de Fernando neste novo triângulo no meio-campo não poderá jogar (cumpre castigo pela expulsão na edição anterior frente ao Málaga) e deverá ser rendido por Josué. Maicon - que se lesionou frente ao Gil Vicente no sábado - também não poderá dar o seu contributo, a uma equipa que tentará ir longe numa competição, que só terminará em maio de 2014 e que tem Final marcada para outro estádio que não deixará nenhum portista indiferente. E é entre Viena e a Luz que estará uma longa caminhada que deixará certamente o trabalho do ‘Mister’ Fonseca bem à prova.


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VISÃO BLUE

A

equipa de José Mourinho perdeu pela primeira vez nesta edição do campeonato inglês, por uma bola a zero, frente ao Everton que conquistou a primeira vitória.

ESTEVE MELHOR, MAS PERDEU FILIPE PARDAL FOTO: DPI.PT

Não se pode afirmar que tenha sido um resultado justo, até porque o Chelsea dominou todo o jogo, apenas não conseguiu concretizar as vastas oportunidades para colocar no marcador toda a superioridade sobre a equipa do Everton. Os problemas físicos de Oscar e Eden Hazard com toda a certeza não ajudaram as aspirações à vitória no encontro da equipa do melhor treinador português de sempre. Os primeiros dez minutos foram a corrente ao longo de todo o encontro. O reforço Samuel Eto’o teve uma grande oportunidade de fazer golo com um cabeceamento que passou a rasar a barra da baliza dos “toffees”. O mesmo avançado camaronês voltou a ter eminente possibilidade de faturar aos 29 minutos de jogo. Um erro infantil do guarda-redes Howard deixou Eto’o com a baliza escancarada, mas Barry conseguiu negar aquela que poderia ter sido a vantagem para o Chelsea.


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Aos 35 minutos mais do mesmo – e esta foi a tónica durante toda a partida – o Chelsea voltou a atacar com perigo mas sem conseguir marcar. Desta vez foi Ramires que com um remate já dentro da área permitiu uma grande defesa ao guarda-redes norte-americano do Everton.

A equipa de Mourinho ocupa agora a sexta posição do campeonato com sete pontos, estando a dois do Arsenal – lembramos que o Liverpool ainda não tinha jogado antes do fecho desta edição.

No próximo sábado o Chelsea tem uma boa oportunidade Apesar do jogo decente protagonizado pelo Chelsea, de voltar ao rumo vitorioso, recebendo o Fulham em onde o golo se começou a justificar quase desde a pleno Stamford Bridge. primeira jogada, é justo dizer que foram todos os lances perdoários que custaram caro – e os três pontos. A velha máxima do futebol de “quem não marca sofre” acabou por surgir já no tempo de descontos do primeiro tempo. Naismith, médio escocês, empurrou a bola para dentro da baliza após passe de Jelavic. Estava feito o 1-0 que acabaria por ser o injusto resultado final. Toda a envolvência deste golo contra a corrente foi, de certa forma, decisiva para o resto do encontro. A questão de ser um golo contra a maré da partida e, principalmente, nos descontos da primeira parte, abalou o Chelsea como uma equipa candidata ao título não deveria ser abalada. O segundo tempo começava com a certeza de que os pupilos de José Mourinho teriam de correr muito mais para conseguir virar a partida. Hazard deu o mote com um remate poderoso que obrigou Howard a largar a bola para a frente, foi Eto’o que não conseguiu aproveitar a recarga da melhor maneira. Mourinho teve necessidade de mexer na equipa ainda cedo. As entradas de Oscar e Lampard poderiam ser um trunfo precioso para o técnico português. Na verdade, acabaram por não ser preciosos mas pelo menos Oscar conseguiu mexer um pouco com o jogo nos minutos posteriores à sua entrada. À medida que o tempo passava, mais havia a angustiante sensação – para os adeptos do Chelsea – de que a balizar do Everton estava fechada para manutenção. O domínio dos “blues” era sufocante mas não consequente. Ainda antes dos 70 minutos, Mourinho arrisca tudo com a entrada de Fernando Torres, deixando o Chelsea a jogar apenas com três defesas. Atitude e leitura de jogo correta por parte do português mas que, mais uma vez nesta partida, acabou por não ser suficiente para render a vitória. A última meia hora de jogo registou uma perda de fulgor – e esperança – do Chelsea que permitiu ainda alguma reação da equipa adversária na tentativa de chegar ao segundo golo. O inevitável apito final do árbitro Howard Webb chegou e a primeira derrota do Chelsea nesta edição da Premier League chegou com ele. O único golo da partida foi protagonizado pelo médio Naismith, num golo totalmente contra a corrente de todo o jogo. Os “blues” de Mourinho vão ter agora um árduo trabalho de casa na procura de redimir e aperfeiçoar a finalização nos próximos jogos.


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UNITED VENCE MAS NÃO CONVENCE

O

Manchester United abriu a jornada com um triunfo, por 2-0, sobre o Crystal Palace mas a equipa continua sem encantar desde a saída de Alex Ferguson. Van Persie e Rooney marcaram mas a equipa venceu apenas o segundo de quatro jogos e tem apenas 6 golos marcados.

ARSENAL CONTINUA BOA SÉRIE

O

Arsenal, depois do desastre na sua estreia (derrota com o Aston Villa por 1-3) soma a terceira vitória consecutiva e soma 9 pontos a um da liderança, pertença do Liverpool. Giroud continua de pé quente e é o melhor marcador do campeonato com 4 golos em 4 jogos a par de Benteke e Sturridge.

CURTAS FRANCISCO BAIÃO

TOTTENHAM VOLTA AOS TRIUNFOS

N 1º 2º 3º 4º 5º

-

Liverpool – 10 pontos Arsenal – 9 pontos Tottenham – 9 pontos Man City – 7 pontos Man United – 7 pontos

uma semana de muitos empates e de apenas três vitórias caseiras, o Tottenham de Villas-Boas alcançou a terceira vitória em quatro jogos e também está a um ponto da liderança juntamente com Arsenal. Desta feita o triunfo por 2-0 sobre o Norwich contou com Gylfi Sigurdsson em destaque ao apontar os dois golos da equipa.


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VISÃO TÉCNICA

C

O NOVO MADRID DE ANCELOTTI JOSÉ ALBERTO PINTO LOPES FOTO: DPI.PT

om o mercado de transferências fechado, é altura de fazer uma análise ao “novo” Real Madrid. Após o “descalabro” desportivo do ano transacto, causado sobretudo pela falta de soluções em determinados sectores do plantel, Florentino Pérez decidiu ir ao mercado em busca de novos recursos. Carlo Ancelotti foi o treinador escolhido para liderar uma equipa com hábitos tácticos bem intrínsecos e com um passado recente algo turbulento. O treinador italiano veio com ideias claras e vontade de impor o seu estilo de jogo. Para que isso aconteça, uma mudança no antigo plantel de Mou era inevitável. A contratação de um jogador capaz de aguentar a posse de bola no último terço sem risco de a perder, à imagem de Modric, mas com mais verticalidade, mais finalização e mais capacidade no 1 para 1. Ancelotti quer dominar a posse de bola, quer ataques mais pausados e prolongados, quer uma transição defesa-ataque com maior identidade e superioridade numérica. “O clube mais prestigioso do mundo tem que ganhar jogando um futebol espectacular”, disse Carlo no seu primeiro dia. Reforçar o meio campo com médios


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interiores capazes de transportar a bola como Modric ou Isco é o primeiro passo, mas não chega. A construção de jogo dependerá sempre de um equilíbrio em ambas as alas, formado por triângulos base estruturais. A linha de meio campo agrupa 5 jogadores chave na transição, com Xabi Alonso a ser o preferido para comandar a saída de bola, seja pelas alas, seja pelo espaço interior. O técnico italiano muda o sistema de jogo de Mourinho A equipa de Mourinho jogava de uma forma mais vertical, mais directa e mais eléctrica. O seu contra-ataque era impar, mas contava com um plantel sem segundas soluções ou alternativas para posições chave, e isso, acabou por “matar” pouco a pouco a equipa madrilena. O plantel foi surpreendido por muitas lesões, sobretudo em posições que não possuíam segundas opções. Mourinho apresentava “onzes” completamente remediados, desequilibrados. A equipa jogava em esforço, sofria para vencer e dependia sobretudo do luso Cristiano Ronaldo, que ainda por cima, se sentia triste. Florentino não pretende assistir ao mesmo filme, e por isso, decidiu liderar uma campanha de renovação do plantel que já vem tarde, mas para o madridismo, mais vale tarde que nunca! Contratações e limpeza no plantel Isco, Illarra, Carvajal e Bale são opções de primeira linha para o sistema de jogo pretendido, mas não são suficientes. Se olharmos para o ataque, continua a faltar o tal 9 indiscutível, o goleador, que Mou havia pedido desde o primeiro dia. Os únicos que se assemelham a essa descrição, são os jovens Jesé e Morata, que são promessas asseguradas, mas que ainda lhes falta kilometros para atingir a maturidade desejada. Após a saída de Higuain, Benzema é o último moicano, o único possível no que toca a vestir a camisola 9. O francês tem andado enganado todos estes anos, tanto na selecção francesa como no Real Madrid, e é uma pena, porque temos saudades dos tempos em que jogava no Lyon, onde deslumbrava em apoio ao tal 9, Fred ou Baros na altura. As saídas de Kaká, Ozil, Higuain, Callejón, Carvalho e Albiol, justificam-se sobretudo pela vontade própria dos jogadores, que procuram uma titularidade indiscutível, coisa que no Real Madrid estava longe de acontecer. A saída do alemão, não prejudica o novo sistema de Ancelotti, que desde que chegou, apostou sempre em Isco e Modric como organizadores de jogo, relegando Ozil para extremo direito e muitas vezes para o banco de suplentes. Ozil procura um ambiente onde se sinta desejado, onde tenha a confiança absoluta do seu treinador, e viajar para Londres foi uma boa decisão. As restantes saídas limpam um balneário já saturado pelo desgaste das críticas, nenhum dos jogadores tinha um papel fundamental, pelo contrário, à excepção de Callejón, todos tinham sido alvo de muitas críticas durante as épocas transactas. O centro da defesa será disputada por Varane, Ramos e Pepe, este último bastante polémico na fase final da época passada. Com a saída de Carvalho e Albiol, será o jovem Nacho a aparecer na luta com estes três jogadores, o que parece pouco para um clube que luta em todas as

competições, em especial pela “décima”. O lateral direito continua a deixar muitas dúvidas, Arbeloa pelo seu deficiente apoio ao ataque e Carvajal pela sua imaturidade defensiva, fazem desta posição o calcanhar de Aquiles da equipa merengue. Falar em Bale é falar em potência, verticalidade, remate e velocidade. Começou a lateral esquerdo e depressa passou a extremo. Ultimamente no Tottenham, jogava muito pelo interior, e com bons resultados. Não há dúvidas que é uma grande contratação, mas certamente que os 95 Milhões pesarão na hora do julgamento. Com Bale a equipa ganha pulmão, presença e decisão, mas tal como Ronaldo, fica a dúvida de como reagirá Bale com um estilo de jogo mais pausado e teoricamente mais fechado. Isco é na actualidade, o jogador mais próximo das características de Iniesta. Jogador inteligente, com capacidade inata de condução de bola, finalização e verticalidade, cuida e protege a bola como poucos. As suas pausas, misturadas com explosões verticais são o seu forte, dá horizontalidade ao jogo e baralha posições no adversário. Aparece na área para finalizar e o seu remate de meia distancia é toda uma garantia para o novo Real Madrid. Uma contratação acertada que se adapta a todos os sistemas de jogo do técnico italiano. Illarra e Casemiro dão garantias defensivas, mas deixam bastantes dúvidas em relação à sua condução de bola. As suas contratações visavam tapar as lesões e o cansaço de Xabi Alonso, mas entretanto apareceu Modric, que nos últimos jogos respondeu à chamada com exibições de grande nível, fazendo mesmo, esquecer a qualidade do jogador basco. Boa intenção de Ancelotti num projecto ainda muito verde. Nos jogos já realizados, o Real Madrid foi incapaz de convencer e impor o seu novo estilo de jogo. Os resultados acabaram por ser positivos, mas a vitória provem de rasgos individuais e de momentos pontuais de superioridade. A intenção do italiano é boa, o Real Madrid precisa de um sistema de jogo mais estruturado, com regras naturais que o permitam encarar qualquer tipo de pressão. O jogo baseado na saída em posse de bola com vantagem numérica dá bons resultados, mas nem sempre é eficaz. Para isso necessita de laterais bem ofensivos, de médios interiores com capacidade de condução e atributos vincados de um box-to-box. Por outro lado, este sistema de jogo altera os momentos de Ronaldo. O português terá menos bola, sendo agora Isco o responsável por cair no lado esquerdo do meio campo e conduzir a saída juntamente com Marcelo. Cristiano será obrigado a ocupar espaços mais centrais, mais fechados, onde perde verticalidade, perde velocidade e terá menos oportunidade para disparar. A ideia de Ancelotti não é de todo mal pensada, e não


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se trata de substituir Isco por Ronaldo na tarefa de Transições mais delicadas, mais técnicas, mais transição, mas sim, empurrar o português para o último pausadas e pacientes, são as grandes novidades terço do campo. Resta saber se CR7 se sentirá cómodo deste novo Real Madrid. com esta posição num estilo de jogo mais estático. A equipa precisa de tempo para interiorizar o estilo O estilo de jogo contempla uma transição segura, mais de jogo do italiano, que certamente não desistirá de o lenta e apoiada em jogadores com maior capacidade de aplicar. O plantel tem mais qualidade este ano, Isco, condução. marca um novo estilo de jogo e encaixa na perfeição, Bale, equilibra a qualidade nas alas, mas sobretudo dá O técnico italiano já mostrou que tentará impor o seu sangue novo, dá mais frescura a este Real Madrid. estilo de jogo, e o 4-1-4-1 desdobrado em 4-3-3, parece O plantel “emagreceu”, mas ganhou qualidade no meio ser o favorito. Ao contrario do 4-2-3-1 de Mou, Carlo campo. pretende mais jogadores no sector intermédio, e se A equipa continua com algumas lacunas, mas há esperança possível jogadores com boa capacidade de transporte que jogadores como Carvajal, Morata, Jesé e até mesmo de bola. Defensivamente, o estilo é simples e similar Nacho surpreendam, não com a sua inquestionável ao do ano passado, duas linhas de 4 jogadores, muito qualidade, mas com maturidade suficiente para lutar pela próximas, tentando fechar os espaços entrelinhas titularidade. criando a habitual armadilha do fora de jogo. Isco será o Factores como, adaptação de Cristiano e Bale, lesões responsável por fechar o lado esquerdo do meio campo, em sectores sensíveis ou mesmo resposta de Benzema deixando Ronaldo livre de responsabilidades defensivas. aos apupos de que tem sido alvo, irão ditar o destino No esquema apresentado, exemplificamos como se de este jovem Real Madrid. Ainda faltam soluções no formam plantel, e Florentino será certamente obrigado a intervir os dois triângulos durante a transição defesa-ataque. novamente, já em Janeiro. Uma das grandes dúvidas será como e onde incluir Khedira O Real Madrid ainda joga à Mourinho, mas já se notam neste esquema de jogo. O alemão, é o melhor box-to- as alterações de Carlo Ancelotti. box do plantel, mas falta-lhe capacidade na condução de bola. A Estão à porta exames de dificuldade elevada, e todos sua presença é a mais compatível com Xabi Alonso, mas sabemos que o plantel tem qualidade para aprovar, mas introduzir Khedira neste sistema, será desequilibrar a fica a dúvida se seguirão usando os apontamentos do saída Special One, ou por fim, recorrem aos novos de Carlo de bola, principalmente se coincidir com Arbeloa no onze. Ancelotti.


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VISÃO BLANCA

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o passado sábado, o Real Madrid viajou a Castellón para defrontar o Villarreal. Ambas as equipas partiam com o mesmo número de pontos para um jogo, que já se previa ser de grande intensidade. O resultado foi de um empate a duas bolas com ascendente para a equipa da casa.

SUBMARINO E MÍSSEIS NAS ALAS JOSÉ ALBERTO PINTO LOPES FOTO: DPI.PT

Este era o primeiro grande exame de Ancelotti, e por azar, faltavam elementos chave. Como descrito no artigo desta edição “Análise táctica ao Real Madrid”, o técnico italiano tenta mudar velhos hábitos e implementar o seu estilo de jogo, mas está longe de o conseguir. A equipa reprovou no exame, sentiu-se incomoda durante todo o jogo, e nesta análise tentamos explicar o porquê! Onze inicial com importantes ausências e opções precipitadas. No onze inicial madridista vimos de tudo no que toca a posicionamentos, primeiras, segundas e até terceiras opções. A inclusão de Illarramendi foi a grande surpresa, não tanto pela sua falta de ritmo, mas pelas excelentes exibições que Modric tem vindo a demonstrar nessa mesma posição. Esta


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decisão demonstra a urgência de Ancelotti em impor o O primeiro golo do Villarreal surge aos 20’ e após 3 seu jogo, a urgência de juntar Modric a Isco no interior grandes intervenções do guarda-redes madridista. Cani do meio campo criativo. foi o autor, num lance em que ficou bem demonstrada a falta de entrosamento da equipa de Ancelotti no sector Na baliza o melhor jogador do Real Madrid em Castellón, defensivo. Diego Lopez. Uma vez mais o guarda-redes galego O Real Madrid estava lento, desposicionado e sem ideias. justificou a titularidade com uma exibição galáctica. O trio ofensivo estava muito longe dos médios criativos, e Benzema era obrigado a descer no terreno para ajudar A defesa obteve nota muito abaixo do exigido. Pepe e a saída de bola. Isco tentava sair, mas sem sucesso, Sérgio Ramos sentiram a inclusão de Nacho e Carvajal faltava apoio, tanto na ala esquerda como no interior do no onze. Foram obrigados a fazer mais dobras, a terreno. deslocarem-se da sua posição natural e a serem mais Ao minuto 38, assistimos pela primeira vez, a um lance faltosos. A ausência de Xabi Alonso faz-se sentir, com assinatura do técnico italiano. Na única saída de principalmente contra equipas como o Villarreal, que bola perfeita do Real Madrid, pelo lado direito, o triangulo se sentem cómodas jogando pelo corredor interior. A Modric, Carvajal e Illaramendi demonstraram a todo o equipa esteve permeável, e muito devido a um lateral madridismo que é possível mudar o estilo de jogo, e direito limitado defensivamente, e a um lateral esquerdo com uma jogada perfeita, fabricaram um golo exemplar, de terceira opção. finalizado pelo estreante Bale. No meio campo, Ancelotti colocou Illarramendi como As equipa pareciam soltar-se, o jogo estava mais médio defensivo, decidindo empurrar Modric para o lado entretido, mais aberto, mas as ideias eram as mesma e de Isco. A ideia é a base do seu estilo de jogo, criar uma as bolas perdidas por ambas as equipas continuavam a saída de bola mais controlada com médios interiores predominar, até chegar o intervalo. com grande capacidade de condução e verticalidade. O Na segunda parte, o técnico italiano fez “reset” ao estilo sistema triangular de transição falhou, certo que muito de jogo. pela falta de Marcelo do lado esquerdo, mas também pela Apenas aos 15 minutos da segunda parte, Ancelotti notória preocupação de Modric em proteger Illarramendi percebeu que o sistema tinha que mudar. Faltava mais em tarefas defensivas. conexão entre o meio campo e o ataque, e os estreantes Na frente, a inclusão de Bale foi uma surpresa, o que Illarra e Bale estavam esgotados. O Villarreal continuava a demonstra uma clara dualidade de critérios de Ancelotti dominar o meio campo, e por essa razão, entrava Khedira na hora de decidir, tendo em conta a união do grupo e por Illarra, recuando Modric. A ideia era voltar ao sistema a motivação dos jogadores. O galês está longe da sua de jogo habitual, o de Mou, com saídas de bola mais melhor forma, mas promete, jogou apenas com paixão, rápidas, mais eléctricas, com Cristiano a receber numa com vontade, e apenas isso foi suficiente para apontar o zona mais recuada e com Isco a aparecer numa zona primeiro golo do Real Madrid. mais central, no papel do ex-jogador do Real Madrid, Cristiano Ronaldo parece longe de estar confortável com Mezut Ozil. este sistema de jogo, e as suas fracas exibições são Khedira entrou mal no jogo, algo desmotivado, tal como preocupantes. Os seus melhores momentos aparecem Di Maria. Ambos pareciam contrariados, sem vontade de quando o Real Madrid joga à Mourinho, com transições jogar. O alemão sente falta de Xabi Alonso, o seu par rápidas e muito espaço na frente de ataque. O seu golo ideal, e o argentino pareceu não perceber a entrade de surge precisamente num desses momentos. Bale no onze, e talvez com razão. Di Maria vem sendo nos últimos jogos, a chave de Ancelotti com diagonais Por fim Benzema, o internacional francês demonstrou uma decisivas e desmarcações rápidas nas costas da defesa vez mais as suas carências na posição de 9, realizando contraria. Ontem foi suplente! um jogo medíocre. A equipa ganhou mais velocidade, e num lance de Apenas Diego Lopez se opôs à qualidade do Villarreal. transição rápida, Ronaldo como “peixe na água”, deu A equipa de Marcelino Garcia foi melhor em todo o jogo, vantagem à equipa madrilena. criou mais ocasiões de golo, foi mais organizada, mais Tudo parecia encaminhar-se para um final de jogo partido, equilibrada nas transições e certamente que o resultado desorganizado, onde os mais rápidos e criativos ganham seria outro caso Diego Lopez não estivesse presente no vantagem. Mas isso não aconteceu! Madrigal. Tudo mudou ao minuto 69! Modric esqueceu-se que Primeira parte “atrapalhada” de Ancelotti Illarramendi já tinha sido substituído, e com algum Durante toda a primeira parte, a equipa da casa dominou o cansaço à mistura, colocou uma passadeira vermelha meio campo por completo. A incorporação de Illarramendi para que Cani brilhasse com uma espectacular entrada como médio defensivo, e a sua falta de ritmo, manteve pelo interior. O jogador do Villarreal conseguiu desferir Modric bastante ocupado com tarefas defensivas. Com um remate fantástico, sem oposição, frente a um Pepe a ausência de Marcelo no corredor esquerdo, e a pouca bastante permissivo. À imagem do primeiro golo, Diego verticalidade de Nacho, Isco sentiu-se bastante limitado Lopez respondeu a um primeiro remate, mas devido a uma e nunca encontrou um equilíbrio que lhe permitisse sair a permissividade preocupante dos defesas do Real Madrid, jogar. Com estes dois sectores limitados, o Real Madrid Giovanni, empurrou para o fundo da baliza. A Carvajal, falhava na saída de bola em construção, e jogava longe só lhe faltava mesmo festejar junto dos jogadores do da baliza de Asenjo. Villareal! Estava feito o 2-2 e até final do encontro assistimos a


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VISÃO BLANCA

um ataque fulminante do submarino amarelo contra um Diego Lopez nota 10. A haver um vencedor seria o Villarreal, mas tão pouco seria justo. A grande exibição de um super Diego Lopez salvou Carlo Ancelotti da sua primeira derrota na liga espanhola. O técnico italiano afirmou no seu primeiro dia, que o Real Madrid tem que vencer jogando um futebol espectacular, mas ao que parece, apenas um jogador o ouviu, Diego Lopez, que grande jogo! O Real Madrid conta com “Plano A melhorado”, mas continua a faltar o “Plano B” Vem aí a Liga dos Campeões! O nível é outro, e esperemos que as exibições do Real Madrid sejam bem diferentes. No passado sábado já conseguimos ver uma breve

demonstração do novo estilo de jogo, mas foi pouco! Continuam os mesmos problemas do ano passado, com lesões em sectores importantes a obrigar o treinador a introduzir no onze, terceiras opções. O plano B continua sem se ver, e contra equipas que pressionam bem, sair em condução de bola só é possível com um bom equilíbrio no triangulo de construção. Caso contrario, é necessário um plano B, que consiste basicamente em fazer um transporte directo para o ponta-de-lança, o tal jogador que ainda não apareceu!


21/04/2012

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ATLÉTICO GOLEADOR

O

Atlético Madrid continua a sobreviver da melhor maneira à sempre problemática saída do homem-golo da equipa (Falcao) e, à quarta jornada, somou a quarta vitória, partilhando a liderança da prova com 12 pontos em 4 jogos com 14 golos marcados e 4 sofridos.

BARCELONA SOBREVIVE A SUSTO

O

Barcelona apanhou um valente susto este sábado quando, depois de estar a vencer por 2-0 frente ao Sevilha (com Beto em destaque na baliza dos andaluzes) consentiu o empate em cima do minuto 90, valendo um golo de Alexis nos descontos para somar mais 3 pontos, num lance muito contestado pelos visitantes.

CURTAS FRANCISCO BAIÃO

LUSOS COM SORTES DIFERENTES

S 1º 2º 3º 4º 5º

-

Atlético Madrid – 12 pontos Barcelona – 12 pontos Villareal – 10 pontos Real Madrid – 10 pontos Athletic Bilbao - 9 pontos

ortes diferentes tiveram os restantes portugueses em acção: para além dos golos de Tiago e Ronaldo (vitória dos colchoneros e empate dos merengues) Simão foi titular no triunfo do Espanyol por 0-1 frente ao Granada, Eliseu marcou na goleada do Málaga (5-0 ao Rayo) e Ricardo Costa também marcou na derrota do Valencia (3-1 frente ao Betis).


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VISÃO EUROPEIA

H

A BIPOLARIDADE DE “LA LIGA” ANDRÉ SÁ FOTO: DPI.PT

oje em dia falar-se em Liga Espanhola é falar-se em Barcelona e Real Madrid. Ponto. A disparidade entre estes dois clubes e os restantes participantes é enorme, tanto a nível desportivo, como a nível financeiro. E isto é facilmente explicável: em Espanha, tal como em Portugal, o modelo de negociação dos direitos das transmissões televisivas adoptado é o modelo individual, por oposição ao colectivo. Isto quer dizer que o que conta é a capacidade negocial de cada clube, o que permite aos mais poderosos gerarem ganhos muito superiores aos restantes. Assim, o fosso cavado entre Barcelona e Real Madrid em relação aos outros clubes vai aumentando a cada ano que passa. Para termos uma ideia, estes dois clubes arrecadam praticamente 50% das receitas anuais televisivas, sendo o restante distribuído por 18 (!) equipas. Escusado será dizer que a adopção do outro modelo, o colecivo, de resto em vigor em França, Alemanha, Inglaterra, Itália, na Liga dos Campeões e na Liga Europa, traduz-se num maior equilíbrio na competição, aproximando os mais pequenos dos maiores. Contas à parte, centremo-nos na versão 2013/14 da Liga Espanhola, nos seus


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clubes, jogadores e treinadores. Como foi referido atrás não é difícil prever que Barcelona e Real Madrid vão terminar nas duas primeiras posições, mas ainda assim a “La Liga” tem bastantes motivos de interesse.

Ricardo Carvalho (Mónaco) abandonaram o clube. Um novo Real Madrid, mais apostado na juventude, está em marcha, para tentar contrariar o poderio barcelonista das últimas épocas.

A LUTA PELO TÍTULO

A EUROPA DOS GRANDES E DOS PEQUENINOS

Começando pelo actual campeão, o Barcelona tem este ano novo treinador. Depois de no ano passado ter ficado sem treinador principal durante grandes períodos da temporada devido à doença de Tito Vilanova, este ano Tito renunciou ao cargo devido a persistentes problemas de saúde. Muita foi a especulação sobre quem iria assumir o comando do clube catalão, com a escolha a acabar por recair no desconhecido Tata Martino, treinador argentino contratado com o suposto aval de Lionel Messi. Vindo do Newell´s Old Boys, o único cargo de relevo que tinha assumido anteriormente foi o de seleccionador do Paraguai. Para já parece ter convencido um dos esteios da equipa, Gerard Piqué, que disse o seguinte: “ Tivemos anos com treinadores da casa, primeiro Pep Guardiola e depois Tito Vilanova, e exagerámos o nosso estilo de jogo até ao ponto de ficarmos escravos dele. Agora, com a chegada de Tata Martino, que também tem a mesma visão de futebol, de manter a posse de bola, contamos com outras opções. E isso é algo muito positivo no sentido de que teremos variações no nosso jogo”. Em relação à equipa, de referir que “apenas” foi contratado Neymar, por cerca de 50 milhões de euros. Apesar das saídas de David Villa (Atlético Madrid), Thiago Alcântara (Bayern Munique) e Abidal (Mónaco), juntar Neymar, que provavelmente irá ocupar o trono de Messi e Ronaldo, a Messi, será no minímo dos minímos explosivo! A goleada de 7-0 sobre o Levante na primeira jornada, os dois triunfos nos sempre difíceis campos do Málaga e Valência, e a mais recente vitória caseira sobre o Sevilha ,deixam antever mais uma grande época do clube catalão. O Real Madrid também tem novo treinador. Carlo Ancelotti substituiu o “nosso” Mourinho. O treinador português, apesar de apanhar uma das melhores equipas de sempre do rival Barcelona durante os três anos que esteve em Madrid, ainda conseguiu ganhar um Campeonato, uma Taça do Rei e uma Supertaça Espanhola. Embora “Carletto” tenha a experiência e a sabedoria para triunfar em Madrid (não nos esqueçamos que uma das suas maiores qualidades é saber adaptar-se à constante evolução do futebol), é certo que terá uma espinhosa missão pela frente. Para já terá a ajuda daquela que poderá ser a maior transferência de todos os tempos, Gareth Bale, proveniente do Tottenham. Ainda há dúvidas sobre quanto terá pago o Real Madrid pelo jogador galês: 91 milhões, 97 milhões ou 100 milhões, sendo que a transferência de Cristiano Ronaldo se situou nos mesmos valores. Seja como for, muito se espera desta nova dupla da equipa madrilena, a quem se juntam as novas contratações de Isco (Málaga), Illarramendi (Real Sociedad) e Dani Carvajal (Bayer Leverkusen). De registar a saída de Mezut Ozil, que apesar de ser a maior venda de sempre do clube (50 milhões de euros pagou o Arsenal), foi muito contestada pelos adeptos, que o consideravam um dos maiores ídolos. Também Kaká (Milan), Higuaín, Callejón e Raúl Albiol (Nápoles), Essien (Chelsea) e

De seguida analisaremos as equipas que à partida lutarão pelo acesso à Liga dos Campeões e Liga Europa, encabeçadas pelo rejuvescido Atlético de Madrid. A equipa treinada por Diego Simeone é aquela que mais se aproxima dos dois colossos espanhóis. Na temporada passada chegou mesmo a causar escândalo ao vencer a Taça do Rei ao Real Madrid, em pleno Santiago Bernabéu. Apesar de ter perdido o goleador-mor Falcao para o Mónaco, reforçaram-se com David Villa, estrela “encostada” no Barcelona. Toby Alderweireld (Ajax), Léo Baptistão (Rayo Vallecano), e Guilavogui (Saint Éttiene) são as outras contratações. Juntando Courtois (novamente emprestado pelo Chelsea), Arda Turan, Diego Costa, Godín ou Filipe Luís às novas contratações, podemos esperar mais um ano de fúria “Atleti”. Para já dividem o primeiro lugar com Barcelona, contando por vitórias os quatro jogos já disputados. A Real Sociedad, equipa surpresa da pretérita edição da “La Liga” ao acabar no 4º lugar, que dá acesso à Liga dos Campeões, vai tentar repetir o feito este ano. Já chegou à fase de grupos, o que financeiramente será muito importante para manter as suas aspirações no campeonato. “Só” perdeu Illarramendi para o Real Madrid (30 milhões de euros), e contratou Granero (QPR), José Angel (de novo emprestado pela Roma) e Seferovic (Novara). Ao conseguir manter Carlos Vela, Griezmann ou Inigo Martínez, a equipa basca está pronta para lutar de novo pelos lugares cimeiros. O Valência, ao não conseguir apurar-se para a Liga dos Campeões, teve que vender mais do que comprar. Saíram Soldado (Tottenham), Tino Costa (Spartak Moscovo), Valdez (Al-Jazira), Gago (Boca Juniors) e Cissokho (Liverpool), e só chegaram ao clube Hélder Postiga e Oriol Romeu. Apesar do bom início de época do avançado português, contrastando com o do clube, esperam-se algumas dificuldades para o conjunto “ché” neste ano. Os restantes clubes que lutarão por um lugar europeu são o Athletic Bilbau, o Málaga, o Sevilha e o Villareal. Na equipa basca destacam-se Iraola, San José, Herrera, Muníain e Aduriz; no Málaga os jogadores principais são Roque Santa Cruz e os portugueses Duda, Eliseu e Antunes; os de Sevilha têm um dos mais plantéis mais fortes do campeonato, a seguir a Barcelona e Real, mas ultimamente não conseguem apresentar um alto rendimento. Destacam-se Cicinho, Fazio, Maduro, Marin, Perotti, Rakitic, Reyes, Gameiro e o português Daniel Carriço. Por último o Villareal, conhecido como o “Submarino Amarelo”, que voltou este ano ao escalão principal e nas três primeiras jornadas já mostrou que podem e devem contar com eles. Alinham nesta equipa Giovani dos Santos, Musacchio, Uche ou Cani.


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OS NOVOS MILIONÁRIOS JOSÉ CARLOS COSTA

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AS Mónaco FC, foi fundado em 24 de Agosto de 1924. Sediado no principado do Mónaco, mas registado em território francês, os monegascos conquistaram ao longo da sua história, sete Ligas Francesas em 1960/61, 1962/63, 1979/80, 1984/85, 1990/91, 1996/97, 1999/00, e ainda, cinco Taças de França em 1959/60, 1962/63, 1979/80, 1984/85 e 1990/91. No panorâma europeu, o clube francês esteve em evidência nos anos de 1992 e 2004, com a chegada às finais da Taça das Taças e Liga dos Campeões, respetivamente. Em 2002, num encontro disputado no Estádio da Luz, o Mónaco enfrentava os alemães do Werder Bremen, jogo no qual saíram derrotados por 2-0. Em 2004, o Arena Auf Schalke em Gelsenkirchen, recebeu a final da Liga milionária entre o Mónaco e o FC Porto, com vitória para os portugueses por 3- 0. Num passado recente, o sucesso desportivo tem sido pouco ou nenhum, realcando-se em Dezembro de 2011, a compra de dois terços do clube, pelo magnata russo, Dmitry Evgenevich. Um ponto de viragem para o clube, com o forte apoio do seu dono que tem uma riqueza avaliada em 9,100 milhões de dólares. Na época transata, o Mónaco militou na Segunda Divisão francesa. Uma equipa sem grandes nomes, apoiada na experiência de Jakob Poulsen e Bajrami, bem como na grande aposta em jovens valores, com grande margem de progressão, como Lucas Ocampos, Dennis Appiah, Kerzawa, Yannick Carrasco, Emmanuel Riviére e Germain. Uma aposta que deu frutos, com a equipa comandada por Claudio Ranieri, a sagrar-se campeão da segunda divisão. Em 38 jogos disputados, a equipa monegasca, conquistou 21 vitórias, 13 empates e 4 derrotas. Na presente temporada, Evgenevich manteve o reconhecido treinador italiano, e com base na juventude da época anterior, reforçou todos os sectores da equipa,

com jogadores de grande calibre. Para isso, o seu dono, teve de “puxar” por vários milhões de euros, para contratar jogadores como Radamel Falcão, contratado por 60 Milhões. João Moutinho e James Rodriguez, contratados ao FC Porto, transferiram-se por uma verba conjunta de 70 Milhões, e por fim, Toulalan, veio do Málaga por cinco Milhões. A custo zero chegaram os experientes Ricardo Carvalho e Éric Abidal, bem como o guarda-redes argentino, Romero, que chega por empréstimo do Sampdoria. Após as contratações anteriormente citadas, o Mónaco sentiu algumas dificuldades de adaptação na préépoca, com duas derrotas em quatro jogos disputados. Contudo, na Liga Francesa, a história tem sido diferente. Com a equipa monegasca a ganhar quatro dos cinco jogos disputados até ao momento, apenas cedendo um empate a zero bolas, diante do Toulouse. Nos cinco encontros, a equipa marcou nove golos e sofreu dois. Do trajeto que a equipa tem vindo a fazer neste inicio de temporada, realce para o bom entendimento entre a dupla de avançados, Radamel Falcão e Riviére. O antigo jogador do FC Porto fez o gosto ao pé por quatro vezes, enquanto o jovem francês, Riviére, fez os outros cinco golos que completam a totalidade dos nove golos marcados na Liga Francesa. Disputadas as primeiras cinco jornadas da liga francesa, o Mónaco encontra-se isolado com mais um ponto do Saint-Etiénne e dois que o Paris Saint Germain. Apesar de ser prematuro fazer conjeturas, tudo aponto para que o dinheiro investido pelo magnata russo Evgenevich, possa dar frutos, perspetivando-se que o Mónaco lute pelo título na presente temporada.


21/04/2012

A CAMINHO DO PLAYOFF FRANCISCO BAIÃO

Portugal cumpriu a sua obrigação, no dia 6 de Setembro em Belfast ao vencer a Irlanda do Norte por 2-4, rectificando o empate caseiro consentido a 16 de outubro de 2012. Portugal entrava em campo sabendo que a Rússia tinha vencido a frágil selecção do Luxemburgo por 4-1, pelo que a selecção das quinas já não era, novamente, líder do grupo. Acontece que Portugal, apesar de defrontar uma selecção que está longe de ser das melhores da Europa, enfrentava um certo estigma, não só pelos dois pontos perdidos na terceira partida deste apuramento (empate a 1 com golo de Postiga) mas também porque, ao longo da sua história, apenas por uma vez a nossa selecção havia vencido naquele país em jogos oficiais (em 1994 a caminho do Euro 96 por 1-2 com golos de Rui Costa e Domingos). E as razões para tamanho insucesso contra esta selecção (em 12 jogos disputados Portugal apenas tinha vencido por 3 vezes e sempre pela margem mínima – 1-0 por duas veze e 1-2) podem-se resumir ao estilo de jogo das duas selecções, tão antagónico como difícil de compreender como uma selecção de estrelas como é normalmente a nossa, se dá tão mal com este tipo de jogo. É que, ao talento dos jogadores lusos, contrapõem os norteirlandeses com uma agressividade constante, um pressing a toda a linha eficaz e uma entrega que, muitas vezes, parece ser o suficiente para que os nossos jogadores mais talentosos simplesmente desapareçam pois o “estrelato” é muitas vezes sinónimo de “pouca entrega” e as enormes diferenças técnicas existentes entre os jogadores de ambos os lados esbatem-se ao ponto de, a certa altura dos jogos, termos dúvidas em identificar qual das selecções está nos 10 primeiros lugares do ranking FIFA (Portugal desceu recentemente ao 11º) e qual está na 86ª posição, assim como chega a dar ideia de que alguns dos melhores jogadores do Mundo não vestem as cores lusas mas sim do nosso oponente.

Depois de uma primeira parte pouco conseguida onde Portugal esteve em vantagem, permitiu o empate e ficou reduzido a 10 por expulsão de Postiga, o início da segunda não foi melhor e, em mais um lance de bola parada, Jamie Ward, em claro fora-de-jogo, fazia o 2-1 para os norteirlandeses que pareciam caminhar para o triunfo. É que as coisas quando correm mal para o nosso lado, tudo ajuda, incluindo o árbitro, tantas vezes “amigo” dos nosso insucessos ao longo dos anos. Mas foi então que Chris Brunt decidiu fazer asneira e receber, também ele, ordem de expulsão, deixando a última meia hora de jogo com 10 para 10 e quando Ronaldo decidiu puxar dos galões e mostrar porque vai bater todos os registos na nossa selecção. O nosso capitão chamou a si a responsabilidade do encontro e, mesmo sem fazer uma exibição brilhante, faz, em três remates certeiros, o primeiro hat-trick ao serviço da selecção, passando os registos de Eusébio (agora só Pauleta está entre Ronaldo e a liderança da lista de melhores marcadores lusos) dando a Portugal um importante triunfo por 2-4 que recolocava a nossa selecção no topo da classificação, obrigando a Rússia a vencer na receção a Israel (o que viria a acontecer). A duas jornadas do fim, Portugal tem dois jogos em casa perante Israel e Luxemburgo e só a derrota nos dois jogos (e vitória de Israel perante a Irlanda do Norte) nos tirará o segundo posto, sendo que, ao vencermos os dois jogos, obrigamos a Rússia a vencer novamente o Luxemburgo mas sobretudo o Azerbaijão, sendo que ambos os jogos serão disputados fora de casa. Mas o mais provável é que os russos não voltem a facilitar e que vençam os dois jogos, restando-nos, mais uma vez, a disputa do play-off de acesso ao Mundial 2014, onde teremos, obrigatoriamente, que estar. Eu acredito, força Portugal!


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VISÃO PESSOAL

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O OUTRO FUTEBOL DAS SEXTAS DANIEL TEIXEIRA FOTO: DPI.PT

odos os amantes do futebol esperam pela sexta-feira de cada semana. É o dia em que arranca mais uma jornada dos seus campeonatos favoritos e os olhos estão na televisão para ver os craques do futebol moderno. No entanto há outro tipo de futebol que passa ao lado das cadeias televisivas, do mediatismo, do populismo ... aquele que junta grupos de amigos num convívio que envolve um jogo de futebol. A história que se segue é vivida na primeira pessoa e tem esse mesmo convívio como pano de fundo. Apresento-vos assim o futebol que passa ao lado dos media, mas não de quem o vive. Da escolha do estádio à convocatória por ‘sms’ Como um bom clube profissional, a preparação do jogo semanal começa à segunda-feira, mas neste caso com outros contornos. Primeiro há que escolher o “estádio”, o pavilhão mais em conta para o jogo se realizar. Com o horário definido é preciso partir para a próxima fase em que cada capitão tem responsabilidades: as convocatórias. Aqui não entram factores como o modo como treinaste durante a semana, se estás a render onde estás, ou até mesmo a idade que tens, mas


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acima de tudo a disponibilidade que tens em aparecer. A resposta a uma ‘sms’ como “Podes jogar na sexta à noite?” pode ditar se estás ou não convocado para mais uma partida, tenhas tu 15 anos ou mesmo que já tenhas passado a barreira dos 40. Podem seguir-se chamadas e mais sequências de mensagens escritas até ao dia do jogo para procurar aquele desiquilibrador de jogo ou até mesmo aquele amigo que nem se importa de ir à baliza ... As conversas da semana Com as novas tecnologias e redes sociais torna-se fácil comunicar com todos, mesmo aqueles que serão “adversários” naquela hora de jogo. Aí trocam-se ideias, comentários sobre o jogo anterior, aquele que aí vem e até mesmo “picardias” para que o jogo tenha outro sabor, mesmo sendo em ambiente tranquilo. Também é tempo das equipas terem as suas próprias conversas, combinar táticas (tantas vezes esquecidas dentro de campo), escolher os 5 eleitos para o ínicio da partida mas acima de tudo algo bem mais importante: quem leva quem no carro no dia de jogo até ao pavilhão. Com isso tudo tratado, resta combinar o local para que a equipa se encontre e vá em direção ao pavilhão para mais uma noite de futebol entre amigos. E aí está sextafeira, o dia em que os “Unidos por Acaso FC” defrontam os “Special One’s FC”. O jogo jogado A hora chegou. Os jogadores desta noite dirigemse aos balneários para envergar os equipamentos que os identificam e que honram pelo significado tão forte que têm, como se de um profissional se tratasse. Num ambiente descontraído dirigem-se ao pavilhão. Não se ouve gritos de multidões, cânticos de claques nem árbitros a nossa espera no “túnel” para uma entrada como mandam as regras. Não há transmissão televisiva, comentadores especialistas a fazer a análise da partida que vai começar e a focar nos jogadores chave de cada equipa prevendo o seu papel em mais um jogo. Aqui não há nada disso. Há descontração, remates feitos à baliza de maneira “leve”, conversas bem humoradas e cumprimentos aos amigos que estão do outro lado a aquecer para nos defrontar. Soa o toque para o ínicio da partida. Naquele campo há ‘10’ e ‘7’ nas costas de alguns jogadores, mas não passam de dorsais, números que mesmo com todo o simbolismo não jogam e só servem para identificar quem está no terreno. Os equipamentos que destinguem as equipas dão o mote para que a bola comece a rolar. Aí surge aquele pequeno sentimento do “perder nem a feijões” que anima o pessoal que corre atrás da bola e que procura o golo. Berra-se quando a equipa não defende, quando uma bola perdida dá golo adversário e quando se falha um golo escandaloso, dando-se opiniões tácticas em qualquer altura; festeja-se com uma bela jogada, aplaude-se uma boa defesa e solta-se um sorriso após um golo. Até a ida para o banco de suplentes por vezes é uma dávida para beber um pouco de água, recuperando por instantes do esforço antes de regressar ao campo. Uma hora de jogo que passa depressa, mas vivida com

a intensidade certa, naquele tempo todos são craques, com uma responsabilidade. Todos jogam, todos brincam, todos se divertem em prol do bom ambiente e tendo como “ferramenta” o fantástico desporto que é o futebol. O final de mais uma jornada A buzina que se faz ouvir ao fim da hora é soberana e o jogo termina. Olha-se uma ultima vez para o placar e respirase fundo após mais um jogo. Aplaudimos não só o jogo que se teve, mas também aquelas pessoas que nos viram nas bancadas “improvisadas”, adeptos pessoais que nos seguem para os pavilhões, sem tarjas, mas com vontade de nos acompanhar (pais, esposas, namoradas, amigos ...). É tempo de cumprimentar colegas e adversários que com tanto gosto correram atrás de um bom resultado e que agora estão tranquilamente a falar de novo, como se o grupo nunca se tivesse dividido. Todos se reunem para a foto da “praxe” para mais tarde ser recordação de mais um bom jogo. No balneário pouco tempo passa até já se ouvir falar na marcação do próximo jogo, de assédio bem humorado de uma equipa a um jogador da outra como se se estivesse em pleno mercado de transferências e até as “críticas” feitas em modo jucoso a um ou outro jogador que esteve menos bem. Antes de abandonar o recinto, o grupo reune-se de novo para dar mais uma vez o seu contributo, mas desta vez monetário, para que o pavilhão que durante uma hora serviu de palco seja pago. Depois de tudo isto, um último cumprimento a todos e a viagem de regresso a casa sempre acompanhada com opiniões sobre o jogo. É mais uma sexta-feira de futebol que termina. A vertente humana nesta ‘família’ Neste tipo de grupo, independentemente daquilo que os resultados ditam no fim da partida, o que realmente importa é a vertente humana, o bem estar de todos, a alegria de todos conviverem e querem semana após semana repetir a experiência. Aqui já houve momentos em que relembramos quem cá já não está, mas que permanece no coração de quem os viu partir. Todo o grupo é consciente e participa em acções como um minuto de silêncio e até mesmo ao uso de uma fita preta no braço, em homenagem. O que nós somos transparecemos dentro de campo e ter um grupo de amigos que não só acompanha a paixão que tu tens mas também permite que possas estar à vontade e sentires-te parte de uma família que se reune naquele dia para uma hora de futebol. Não há ninguém acima de ninguém, os capitães (apesar de ostentar uma braçadeira) são iguais aos outros, tendo como base serem eles os causadores para que a família se reuna. Não há estrelas, não há ego, não há rivalidades nem conflitos que compliquem as situações ... existe apenas um espírito de camaradagem que fica fortificado semana após semana. Neste campeonato, o jogo cabeça de cartaz é sempre o mesmo, mas pelo menos para os intervenientes valerá sempre a pena ser parte integrante dele.


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VISÃO DE SCOUT

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A CRISE DO JOGADOR PORTUGUÊS NUNO MELO E CASTRO FOTO: DPI.PT

odos nós associamos várias questões negativas quando ouvimos a palavra crise. Aliás, é muito difícil pensar em algo positivo associado a uma palavra que infelizmente faz parte dos nossos dias atualmente. Mas a verdade é que se tem notado no futebol português uma marcha atrás na política que vinha sendo seguida pela maioria dos clubes em Portugal. Antes, no chamado tempo das vacas gordas, o recrutamento de jogadores era feito nos mercados brasileiro, argentino, europeu e pontualmente em África, mas agora a aposta na formação e nos jovens portugueses é regra. Será que a contínua quebra de qualidade nas seleções jovens e consequentemente na seleção portuguesa será invertida? Pensamos que sim. Em Portugal a Academia do Sporting tem “fabricado” com alguma regularidade os principais jogadores portugueses, como são o caso de Futre, Figo, Simão Sabrosa, Nani, João Moutinho ou mesmo o guarda-redes Rui Patrício. No entanto até em Alvalade, e nomeadamente com a chegada de Godinho Lopes á presidência, houve um grande investimento em jogadores contratados noutros mercados, e um decréscimo acentuado de jogadores


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formados em Alcochete. Essa situação não teve reflexo na prestação desportiva da equipa, como se sabe, e mais recentemente o plantel comandado pelo treinador madeirense Leonardo Jardim conta já com vários jogadores da formação.

lhe abriu as portas do Sporting de Braga. Esta tendência não é exclusiva de Portugal. Noutros países, e pelos mesmos motivos tem-se assistido a um crescimento da aposta nos jovens. Veja-se o caso da Itália, onde o presidente do Milan Adriano Galliani afirmou após vender Ibrahimovic e Thiago Silva que não tinha dinheiro para comprar jogadores de top, e por isso era necessário forma-los, política absolutamente contrária ao que era normal no clube. E o que é facto é que jogadores como os milaneses Stephan El Shaarawy e Mattia De Sciglio, ou mesmo Lorenzo Insigne e Mattia Destro vão-se tornando casos sérios no futebol transalpino,

Também o Benfica tem timidamente tentado aproveitar os produtos do seu centro de estágios do Seixal e da equipa B, sendo os casos de relativo sucesso André Gomes, Nélson Oliveira (apesar de ter estado pouco tempo no plantel principal dos encarnados) ou André Almeida, ele que fez grande parte da formação no Belenenses e ainda esteve emprestado. O FC Porto é o clube que tem “resistido” à tendência, contando neste momento com Josué nas suas fileiras, para além do guarda redes Foi preciso a crise europeia acontecer para alertar angolano Kadu e do brasileiro Kelvin. os clubes portugueses e não só e abrir os olhos dos principais dirigentes. Em Portugal, onde sempre fechou Já antes o Vitória de Guimarães, por dificuldades os olhos para os jovens, agora a necessidade inverteu financeiras, e o Marítimo entre outros, têm aproveitado essa situação. A postura, embora ainda timidamente, com sucesso os jovens da casa, fazendo deles também já começa a surtir efeitos. A nova tendência está aí alavancas financeiras a que de outra forma não teriam para servir de modelo e inspiração para os outros acesso. Nota-se claramente nos últimos anos a melhoria países. É necessário manter esta aposta, ter dirigentes dos resultados das seleções jovens, especialmente competentes, boa administração, e claro manter ativa visíveis nos campeonatos do Mundo de sub-20, onde uma boa rede de olheiros, porque muitas vezes as em 2011 fomos vice-campeões e este ano Portugal caiu pérolas estão onde menos se espera. Agora os jovens nos oitavos de final mas onde tinha qualidade para ir pela Europa têm mais oportunidades de brilhar. Agora, mais além. Aliás, os sub-21 comandados por Rui Jorge quem tem qualidade consegue mostrá-la. têm conseguido ultimamente bons resultados e boas exibições. É por isso que a crise pode e deve ser um factor de alavancagem dos jovens nacionais. Com as dificuldades financeiras, a quebra nos patrocínios, as cada vez menores receitas de bilheteira, e mesmo com a quebra nos apoios estatais, os clubes arriscam menos, vão menos à procura de jogadores muitas vezes de qualidade duvidosa, que vêm parar a Portugal muitas vezes por jogadas de empresários, e têm mais oportunidades de jogar nas principais ligas portuguesas, quer nos principais planteis dos clubes portugueses, quer nas equipas B. Aliás, nas segundas equipas dos principais clubes portugueses estão pérolas que certamente vão dar que falar num futuro próximo, como Tozé (FC Porto B), Ivan Cavaleiro ( SL Benfica B) ou Ricardo Esgaio (Sporting B). Noutras épocas, os clubes normalmente apostariam em jogadores cuja qualidade em nada ultrapassava a qualidade destes jovens, relegando-os para o banco ou para divisões inferiores onde muitas vezes passavam ao lado de grandes carreiras nos relvados. Falta se calhar aos chamados clubes grandes alguma coragem para recrutar no mercado português jogadores que evoluindo em clubes de menor dimensão acabam por ter de emigrar para poder evoluir. Tomemos o exemplo de Diogo Figueiras por exemplo, lateral direito que fez uma grande época no Paços de Ferreira e que agora joga no Sevilha. Nenhum dos grandes em Portugal lhe deu crédito, tendo o Sporting recrutado dois jogadores para esta mesma posição, nomeadamente o brasileiro Welder e o paraguaio Iván Piris. Também Salvador Agra, depois de ter evoluído no Varzim e no Olhanense, foi para Espanha onde não foi feliz mas ganhou visibilidade que


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