DISCURSO
DE JACQUES LACAN AOS
FREUDIENNE
DE PARIS,
EM
6 DE
AE E AME
DEZEMBRO
DE
DA ECOLE
1967
(VERSÃO ORAL)I
Tradução: Analucia Teixeira Ribeiro.
A imisção, operada no ano passado, da função do ato no que eu teria chamado de nossa rede, se o termo não parecesse agora reservado a um outro emprego: digamos no texto de que é tramado meu discurso, essa imisção do ato era pois necessária para que fosse publicada minha Proposição de 9 de outubro, que só será um ato a partir de suas conseqüências. As primeiras a serem produzidas são de natureza a esclarecê-Ia, se se proceder por ordem. Eu o enderecei a um círculo, o dos presentes, não escolhidos ad hoc, mas já constituído segundo aquilo que preside a qualquer agregação social: toda classe caracteriza-se aí pelo fato de que nela se é mais igual do que em outros lugares. O humor que se encontra nessa maneira de se exprimir, deveria eliminar uma desvantagem prática. Qualquer que seja a aproximação da triagem da qual saíram as duas classes dos AE e AME, é preciso aceitá-Ia, para que elas funcionem como tais. Tanto mais que essa triagem, ou seja, o anuário de 1965, é o primeiro produto da Escola tomada como tal, aquele sobre o qual cabe a pergunta se deve permanecer o único a trazer sua marca. Essa triagem supõe uma referência à experiência de cada um, enquanto avaliada pelos outros. Uma vez operada essa triagem, qualquer uso dessas classes implica a igualdade suposta e a equivalência eventual, qualquer uso cortês, bem entendido. É inútil pois nos enchermos os ouvidos com os direitos adquiridos na "escuta", como se diz, com as virtudes do controle e com o respeito pela clínica. Qualquer um que pretenda representá-Ios, não pode se vangloriar disso, pelo menos aqui, mais do que qualquer outro do seu nível. Em que (que as pessoas me desculpem por associar a isso iniciais fáceis de serem preenchidas), em que a Sra. A. e a Sra. D. seriam desiguais do Sr. P. e do Sr. V, no que se refere à escuta, aos controles e à experiência clínica que têm em seu ativo? Se isso, penso eu, que ninguém sonharia em contestar aos outros, admite que prevaleça em alguns uma estruturação mais analítica, é preciso saber dizer de onde parte essa estruturação que ninguém poderia pretender que seja um dado - primeiro ponto; e segundo ponto: fazer com que essas classes sirvam, elas próprias, para pôr à prova essa repartição - de modo que seu efeito prevaleça para o que virá no futuro. Que a distinção desses tempos não tenha sido respeitada até agora, é precisamente o que prova que se possa levantar a questão de uma experiência qualificada. E dizer que isso é privilégio de nossa Escola é, evidentemente, falso.
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