Volume 3 Série DRS

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SÉRIE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Gestão Social do Território

escalas sub-regionais, microrregionais e locais. Em referência ao Brasil, Tânia Bacelar aponta: “Políticas nacionais sensatas que permitam o desenvolvimento regional e rural têm uma função essencial no Brasil contemporâneo. Como já se destacou, não parece aconselhável atuar apenas no âmbito macrorregional. Parece também adequado operar a partir do âmbito sub-regional. É fundamental envolver a sociedade como protagonista, atitude que só é possível quando se opera também em uma escala menor. (...) Um desenvolvimento desse tipo implica retomar ao território das identidades e de suas demandas, partindo do local ao nacional, transformando os atores dos territórios em protagonistas do desenvolvimento, e não apenas fixando os olhos no território da institucionalidade oficial. Além disso, convém articular e coordenar esse movimento, para o que a escala nacional é insubstituível”83.

É preciso enfrentar diferentes escalas de operação de estratégias e sua articulação, em termos dos grandes problemas e desafios nacionais. Existe também a necessidade de se romper com o imaginário resultante de quadros estáticos dos países em relação à distribuição dos desequilíbrios. Como Bacelar84 enfatiza, a pobreza do Brasil não se concentra apenas no Nordeste, e não é correto reproduzir o imaginário social que aponta a Região Nordeste como “o problema nacional”, enquanto estados como São Paulo ou Rio Grande do Sul aparecem como não afetados quando, na realidade, os problemas estão em todas as regiões, inclusive nas de alta renda. O acima exposto indica a necessidade de renovar a concepção sobre o modo de enfrentar os desequilíbrios e como aproveitar os potenciais da ruralidade nos países. Os habitantes dos bolsões de pobreza e miséria, a cada dia, levantam-se também com projetos e esperanças, constroem organizações e delas participam. Mesmo que não se destaquem pelo que consomem, trabalham todos os dias para produzir o sustento em locais que aparentemente nada tem. Essa força social está muito distante da imagem estereotipada da miséria com que, freqüentemente, olha-se para os pobres.

83 Bacelar,Tânia. 2003. Território,desenvolvimento rural e regional. In:Território, desenvolvimento rural e democracia. Anais do I Foro Internacional. Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, Fortaleza, Ceará, Brasil. p. 43-44. 84 Ibidem.

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