EMEB Santo Dias - Histórias e Narrativas dos Estudantes da EJA

O PATRONO DA NOSSA ESCOLA, SANTO DIAS DA SILVA, É UMA FIGURA IMPORTANTE PARA O SINDICALISMO BRASILEIRO. LUTOU PELA CAUSA OPERÁRIA

EM PLENA DITADURA MILITAR E FOI ASSASSINADO PELA PM DURANTE UM MOVIMENTO GREVISTA EM 1979. FOI, COMO NOSSOS ESTUDANTES, UM TRABALHADOR. NESSA ESCOLA HÁ TURMAS DE EJA I E EJA II. OS RELATOS QUE VEREMOS A SEGUIR SÃO DE ESTUDANTES DA TURMA DE PÓS ALFABETIZAÇÃO DA PROFESSORA ROSEMEIRE GAMA BEZERRA.

ESSAS HISTÓRIAS SE ENTRECRUZAM, ESTABELECEM A IDENTIDADE DO POVO BRASILEIRO E EXPLICAM, EM GRANDE MEDIDA, A CHAGA QUE NOSSO PAÍS CARREGA EM MATÉRIA DE EDUCAÇÃO: O ANALFABETISMO.

OS RELATOS DE VIDA DOS NOSSOS ESTUDANTES DEMONSTRAM A RIQUEZA DE VIVÊNCIAS E DE SABERES QUEELES TÊM NOS TEXTOS A SEGUIR. ELES NARRAM, COM LEVEZA, EPISÓDIOS AMARGOS DA VIDA ADULTA E, TAMBÉM, MEMÓRIAS DE UMA INFÂNCIA ENTRE BRINCADEIRAS E TRABALHOS QUE LHES ASSEGURARAM A SOBREVIVÊNCIA E A DE SUAS FAMÍLIAS.

O TRABALHO NA LAVOURA E NA LIDA COM OS ANIMAIS NO CAMPO; A PRECARIEDADE DAS MORADIAS E A DUREZA, DA MESMA LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA, DOS TRABALHOS NA CIDADE ESTÃO PRESENTES NOS TEXTOS DELES. NÃO PODEMOS DEIXAR DE REGISTRAR A DIFICULDADE ADICIONAL DE SER MULHER NUMA SOCIEDADE MACHISTA, NO RELATO DA ESTUDANTE RITA.

TODAS ESTAS HISTÓRIAS APONTAM PARA UMA REALIDADE CRUEL, AS DIFICULDADES PARA FREQUENTAR A ESCOLA E REALIZAR OS SONHOS DE INFÂNCIA EM RELAÇÃO AOS ESTUDOS.

É POSSÍVEL PERCEBER, TAMBÉM, QUE ESTES SONHOS PERMANECEM VIVOS E ALIMENTADOS PELAS CONTRARIEDADES POR QUE PASSARAM. DE CERT MANEIRA. O SONHO DE SE TORNAR ADVOGADO E MILITAR EM CAUSAS

TRABALHISTAS É UM PONTO DE CONVERGÊNCIA ENTRE OS ESTUDANTES, SOBRETUDO O ESTUDANTE EDVALDO, E SANTO DIAS DA SILVA. CONFIGURA-SE AÍ

UMA INTERSECÇÃO DE HISTÓRIAS ENTRE UM LÍDER TRABALHISTA E OS NOSSOS ESTUDANTES. UMA HISTÓRIA DE LUTAS PESSOAIS E SOCIAIS QUE LHES TIROU O

DIREITO À EDUCAÇÃO NA IDADE CERTA, MAS QUE PRECISA SER REGISTRADA E VALORIZADA COMO MEIO DE COMPREENSÃO DO SER E DO ESTAR NO MUNDO.

JOSÉ LUIZ DA SILVA FILHO

TENHO ALGUMAS LEMBRANÇAS DA MINHA INFÂNCIA. MINHA FAMÍLIA CRIAVA BURRO E, QUANDO NASCIAM OS FILHOTES, DEPOIS DE UM TEMPO, ERA PRECISO AMANSAR. E QUEM AMANSAVA ERA EU, PORQUE ERA PEQUENO E MAGRINHO. OS MEUS IRMÃOS JÁ ERAM MAIS VELHOS. NÃO PODIA SER ALGUÉM PESADO, PARA NÃO QUEBRAR O ESPINHAÇO DELES. AQUILO PARA MIM ERA UMA TORMENTA, PORQUE EU JÁ SABIA O QUE IRIA ACONTECER... ERA MONTAR E IR MUITAS VEZES PARA O CHÃO. ELES ME DERRUBAVAM NO CHÃO E EU NÃO CONSEGUIA DOMINAR. EU TINHA UNS 7 ANOS E, SEMPRE QUANDO CHEGAVA ÉPOCA DE AMANSAR, JÁ ME MANDAVAM PORQUE EU ERA MOLEQUE. ERA SÓ MONTAR E CAIR. SEMPRE ERA O MAIS NOVO ESCOLHIAM PARA AMANSAR. JÁ ESTAVA NA CABEÇA DE QUALQUER UM LÁ EM CASA E EU JÁ ESTAVA ACOSTUMADO. JÁ IA SABENDO O QUE IA ACONTECER, QUE NÃO FICARIA EM CIMA DELES ERA NUNCA, NUNCA. ERA MONTAR EM CIMA DELES, E CAIR EMBAIXO. MONTAVA, MONTAVA... E TEM UM SEGREDO: SE COLOCASSE O PÉ DEBAIXO DO VAZIO DELES, QUE É NO PÉ DA BARRIGA, ELES TE JOGAM. PODIA TER IDADE QUE TIVESSE ELE JOGA LONGE. FAZ CÓCEGA. EU JÁ SABIA. NEM ENCOSTAVA O PÉ LÁ. AOS POUCOS ELES VÃO SENDO AMANSADOS ATÉ FICAR FÁCIL DE MONTAR. FIQUEI MONTANDO ATÉ UNS 12, 13 ANOS. QUANDO MONTAVA ERA PEQUENO, TINHA UNS 7 ANOS. OS BICHOS, SE NÃO ME ENGANO. DEVIAM TER UNS DOIS ANOS. EU ERA PEQUENININHO, POR ISSO QUE NÃO PODIA COLOCAR GENTE PESADA PARA NÃO ESTRAGAR A SAÚDE DELES. EU MOLEQUE E LOUCO ERA OBRIGADO E FICAVA SEMPRE MACHUCADO.

EDVALDO SANTANA DA SILVA

EU ME RECORDO QUE TRABALHAVA O DIA TODINHO LIMPANDO O MATO E, QUANDO ERA MEIO DIA, SENTAVA DEBAIXO DE UM PÉ DE PAU. ERA UM PÉ DE COQUEIRO. PEGAVA MINHA MORINGA DE FARINHA PARA COMER. AQUELA FARINHA SECA COM SARDINHA. TINHA UMA CABAÇA D’AGUA E A GENTE PEGAVA COCO E QUEBRAVA PARA COMER. ERA UMA VIDA SOFRIDA, NÉ! UM BOCADO DE FARINHA DENTRO DA BOCA E AQUELA SARDINHA SECA ASSADA NO FOGÃO DE LENHA. EU COMIA COM A MÃO. QUANDO TERMINAVA DE COMER, VOLTAVA A TRABALHAR DO MEIO DIA ATÉ ÀS 17H DA TARDE. SÓ NA ENXADA DIRETO. AS CRIANÇAS FICAVAM LIMPANDO O MATO DA CANA PARA ELA CRESCER. QUANDO CHEGAVA NO TEMPO DA COLHEITA, ERA BOTAR FOGO E FAZER O CORTE. TRABALHEI NESSE LUGAR DESDE OITO ANOS DE IDADE. E, QUANDO CHEGAVA EM CASA MAISCEDO, CAÍA NO ROÇADO DEMILHO, FEIJÃO, FAVA, E NÃO DAVA PARA ESTUDAR. SETEMBRO É O MÊS QUE A CANA ESTÁ MADURA. DURANTE A NOITE É FEITA A QUEIMADA. QUANDO SAIA DA ROÇA IA PARA CASA JANTAR. TOMAVA BANHO E IA DORMIR. ÀS VEZE, BRINCAVA DE PEGA-PEGA E DE BOLINHA DE GUDE, DEPOIS VOLTAVA CHORANDO PARA CASA QUANDO ARENGAVA COM OS OUTROS. ERAM ASSIM AS BRINCADEIRAS. QUANDO VIM PARA SÃO PAULO TRABALHEI NUMA EMPRESA, SAIA DE CASA TODO DIA ÀS 5 HORAS DA MANHÃ. CHEGOU UMA HORA QUE ME APOSENTEI E AGORA É SÓ “MARÉ MANSA” E BENÇÃO DE DEUS. ESTOU APOSENTADO E NÃO PRETENDO TRABALHAR MAIS PARA NINGUÉM. EU MESMO COZINHO, LAVO, PASSO O PANO NOS MEUS MÓVEIS UMAS 5 VEZES NO DIA PORQUE NÃO TENHO NADA PARA FAZER. E ASSIM PASSA O TEMPO.

ASSISTO TELEVISÃO. TENHO 5 NETOS: 1 NETO DO MEU MENINO E 4 DA MINHA FILHA. VOLTEI PARA A ESCOLA PORQUE NA MINHA INFÂNCIA NÃO TIVE TEMPO PARA ESTUDAR. AGORA JÁ ESTOU LENDO E ACHO O ESTUDO MUITO IMPORTANTE. O MEU SONHO É SER ADVOGADO. E VOU ADVOGAR PARA DEFENDER AS CAUSAS TRABALHISTAS.

MARLENE RIBEIRA DA CRUZ PESSOA

EU CHEGUEI EM SÃO PAULO COM 13 ANOS. FUI MORAR NA CASA DA MINHA TIA. SÓ QUE NÃO DAVA CERTO

FICAR NA CASA DELA. MINHA MÃE TINHA 5 FILHOS, FOI FICANDO RUIM. MINHA MÃE COMEÇOU A PROCURAR

CASA PARA ALUGAR, MAS NÃO ENCONTRAVA PORQUE NÃO QUERIAM ALUGAR CASA PARA QUEM TINHA MUITAS CRIANÇAS. DIZIAM QUE IRIAM DESTRUIR AS CASAS. ENTÃO, A GENTE NÃO ACHAVA CASA E, QUANDO ACHAVA, ERA EM LUGAR MUITO RUIM E AS CASAS MUITO FEIAS. QUANDO ACHAVA UMA MELHOR, NÃO CONSEGUIA PAGAR PORQUE O ALUGUEL ERA MUITO CARO. A MINHA MÃE COMEÇOU A PENSAR EM VOLTAR PARA A BAHIA. COMO VOLTAR PARA BAHIA, SE NÃO TINHA DINHEIRO PARA VOLTAR. MINHA MÃE PENSOU QUE O JEITO SERIA COMPRAR UM BARRAQUINHO AQUI EM SÃO PAULO PARA MORAR, MAS MEU PAI NÃO QUERIA QUE A GENTE MORASSE NO BARRACO. ACHAVA QUE SÓ TINHA COISA RUIM E QUE IRIA FICAR TODO MUNDO PERDIDO MORANDO ALI. MINHA MÃE AVISOU QUE IRIA MORAR LÁ MESMO PORQUE NÃO TINHA DINHEIRO E NEM CONDIÇÕES DE PAGAR UM ALUGUEL. MINHA TIA CONSEGUIU UM BARRACO E O DONO DEIXOU IR PAGANDO À PRESTAÇÃO O BARRACO. ENTÃO, FOMOS MORAR NESSE BARRACO CAINDO AOS PEDAÇOS. TINHA ESGOTO, RATO BARATA, TUDO TINHA NESSE BARRACO. NÃO TINHA NADA DE BOM. FICAMOS PAGANDO ESSE BARRACO. UM MONTE DE CRIANÇA, MINHA MÃE TRABALHANDO, EU TAMBÉM TRABALHAVA. CONSEGUIMOS PAGAR ESSE BARRACO PICADINHO. TODO DIA CINCO O DONO DO BARRACO ESTAVA LÁ PARA RECEBER O DINHEIRO. QUANDO TERMINAMOS DE PAGAR, COMPRAMOS TELHAS E MADEIRITE

PARA CONSERTAR O BARRACO. HOJE É A CASA ONDE MINHA MÃE MORA. FAZ 40 ANOS QUE ESTAMOS AQUI EM SÃO PAULO E DEU TUDO CERTO. FIQUEI NA CASA DA MINHA MÃE UM ANO E SEIS MESES. CASEI AOS 15 ANOS E FUI MORAR EM SÃO CAETANO. MAS, EU TRABALHAVA EM UMA CASA E, QUANDO EU FIQUEI NOIVA, ESCONDIA A ALIANÇA PARA A MINHA PATROA NÃO VER, PORQUE EU ERA MUITO NOVA E TINHA VERGONHA. QUANDO MINHA PATROA SOUBE QUE EU ESTAVA NAMORANDO, ME FALOU: “HOJE EU VOU CONHECER O SEU NAMORADO, PORQUE NÃO É CERTO UMA MENINA TÃO NOVA COMO VOCÊ JÁ NAMORANDO COM ALIANÇA. EU QUERO CONHECER ESSA PESSOA.” ELA FOI ATÉ A CASA DELE PARA CONHECÊ LO E SABER SE ERA UMA BOA PESSOA. EU ESTOU COM ESSA PESSOA ATÉ HOJE. CASADINHA, E DEU TUDO CERTO NA MINHA VIDA. HOJE TENHO MINHA CASA PRÓPRIA, TENHO 3 FILHOS, NETOS E UMA VIDA BOA GRAÇAS A DEUS.

MARLENE RIBEIRA DA CRUZ PESSOA, 53 ANOS NASCIDA EM SÃO PAULO - SP MORADORA DE DIADEMA HÁ 40 ANOS

RITA MARIA DE JESUS

EU MORAVA COM MEU PAI E A MINHA MÃE NA ROÇA. ERA UM SÍTIO. MINHAS IRMÃS TODAS CASARAM E

OS CASAMENTOS TODOS ARRANJADOS PELO MEU PAI. TINHA UM VIZINHO QUE MORAVA PERTO DA MINHA CASA

E DISSE PARA MEU PAI QUE GOSTAVA DE MIM E QUERIA SE CASAR COMIGO. EU FALEI PARA O MEU PAI QUE NÃO

QUERIA CASAR PORQUE EU ERA MUITO NOVA. NÃO FARIA COMO AS MINHAS IRMÃS QUE SE CASARAM PARA FAZER SEU GOSTO. SE NUNCA NAMOREI, NÃO VOU ME CASAR. MEU PAI FALOU QUE AS FILHAS DELE SAIRIAM DE CASA TUDO CASADA. NENHUMA VAI SAIR DE CASA SOLTEIRA. EU PENSEI: COMIGO VAI SER DIFERENTE, NÃO VOU SAIR DAQUI CASADA. E FIQUEI PENSANDO: OU EU FUJO OU VOU ME LASCAR. ENTÃO, ESPEREI MEU PAI IR TOMAR BANHO E, QUANDO MINHA MÃE ESTAVA NA COZINHA, FALEI QUE IA TOMAR BANHO NO RIO E VOLTAVA LOGO. MINHA MÃE ESTRANHOU, POIS JÁ ERAM QUASE 20HS E ESTAVA ESCURO NAQUELE HORÁRIO. TINHA QUE ATRAVESSAR UMA FAZENDA PARA CHEGAR, TINHA GADO, VACA E DAVA MEDO DE ATRAVESSAR. FUI AO RIO, TOMEI BANHO TROQUEI DE ROUPA E DEIXEI A ROUPA QUE EU TINHA SAÍDO DE CASA EM UM PÉ DE PLANTA. PENSEI QUE QUANDO MINHA MÃE FOSSE ME PROCURAR, EU JÁ TERIA DADO PERNAS. ELA SABERIA QUE EU TINHA FUGIDO. FUI ME ESCONDER NA CASA DE UMA VIZINHA BEM LONGE E POR VOLTA DAS 22 HORAS MINHA MÃE FOI ME PROCURAR. ACHOU QUE ALGUM BICHO TINHA ME MATADO PORQUE LÁ TINHA MUITO GADO VALENTE E ENTROU EM DESESPERO. MAS MEU PAI FOI ME PROCURAR NOS VIZINHOS COM MEU IRMÃO E DISSE QUE IRIA ME DAR UMA SURRA E ME MATAR. A VIZINHA SE ESCONDEU COMIGO EMBAIXO DA CAMA COM MEDO E, NO DIA SEGUINTE,

ÀS 4 HORAS DA MANHÃ FUI A PÉ PARA A CASA DA MINHA IRMÃ NA CIDADE. DE LÁ VIM PARA SÃO PAULO E SÓ FUI VER MEUS PAIS 16 ANOS DEPOIS. VOLTEI PARA PEDIR PERDÃO POR TER FUGIDO E NÃO TER FEITO O GOSTO DELE. SE FOSSE HOJE, EU NÃO FARIA ISSO. EU NÃO FARIA PORQUE O QUE EU FIZ FOI MUITO RUIM TANTO

PARA MIM, COMO PARA MEUS PAIS. QUANDO EU FUGI, NO OUTRO DIA MEU PAI SE SEPAROU DA MINHA MÃE. ELE FALAVA QUE EU DEVIA SAIR DE CASA SÓ CASADA. ELE NÃO DEIXAVA OS FILHOS IREM PARA A ESCOLA PORQUE DIZIA QUE MINHA MÃE ARRUMARIA OUTRO HOMEM. SÓ VOLTEI A ESTUDAR AGORA PORQUE NA MINHA INFÂNCIA NÃO TIVE ESSA CHANCE. EU QUERIA APRENDER A LER E ESCREVER E HOJE MEU MARIDO ME APOIA NOS ESTUDOS.

RITA MARIA DE JESUS, 43 ANOS NASCIDA EM TAIOBEIRAS - MG MORADORA DE DIADEMA HÁ 28 ANOS

ALUÍZIO VICENTE SILVA

A LEMBRANÇA AQUI É O RIO QUE TINHA LÁ DO NORDESTE. TINHA UM PÉ DE CASTANHOLA, NÃO SEI SE AQUI CONHECE POR OUTRO NOME. A GENTE SE JUNTAVA AÍ OS MEUS IRMÃOS, MEUS PRIMOS, OS COLEGAS... A GENTE IA TOMAR BANHO E A GENTE JÁ SUBIA LÁ EM CIMA E PULAVA DE LÁ. ÀS VEZES TINHA DOIS DENTRO DO RIO E A GENTE ESTAVA LÁ EM CIMA QUERENDO PULAR. A LEMBRANÇA QUE EU TENHO É ESSA. NÃO ERA FUNDO. ERA O MOMENTO ALEGRE, MOMENTOS DE MUITA DIVERSÃO. EU TINHA 12 ANOS MAIS OU MENOS. A GENTE SEMPRE IA TOMAR BANHO NOS FINAIS DE SEMANA... ERA MUITA GENTE, MOLECADA E A FAMÍLIA ÀS VEZES TAMBÉM IA, ERA MUITA GENTE E ERA UM MOMENTO ALEGRE. TOMAR BANHO TOMAR NA BEIRA DO RIO ERA MUITO LEGAL.

JOSÉ JALMIREZ DOS SANTOS

O MEU NOME É JOSÉ JALMIREZ. EU GOSTAVA DE JOGAR BOLA NO TEMPO DA MINHAINFÂNCIA. EU TINHA

12 ANOS DE IDADE E JOGAVA MUITA BOLA MAUS COLEGAS. ERA NOSSO DIVERTIMENTO: JOGANDO BOLA, CONVERSANDO, BRINCANDO. A GENTE FAZIA ISSO DE VEZ EM QUANDO. EU TINHA PRIMOS, IRMÃOS QUE ERA COM QUEM A GENTE BRINCAVA. EU MORAVA NA ROÇA E ERA LONGE DAS CASAS UM DOS OUTROS. QUANDO DAVA EU IA PARA ESCOLA ESTUDAR. QUANDO NÃO PODIA, IA LÁ PARA OS MATOS CATAR PASSARINHO. CORTAVA A JAQUINHA NOVA PARA FAZER AQUELE VISGO PARA PEGAR PASSARINHO. A GENTE CORTAVA E BOTAVA A JACA PARA SAIR O LEITE E DEIXAVA ENDURECER UM POUCO. DEPOIS PEGAVA UMA VARINHA ENROLAVA O LEITE. USAVA ELA PARA PEGAR PASSARINHO. COLOCAVA PERTO ÁGUA NO CHÃO. O PASSARINHO USAVA A VARINHA PARA FICAR EM CIMA QUANDO ELE VINHA BEBER ÁGUA E AÍ FICAVA PRESO EM CIMA. ERA ASSIM QUE VIVIA QUANDO ERA CRIANÇA.

MAISA GALDINO DOS SANTOS

PRIMEIRAMENTE A GENTE TINHA QUE LEVAR MARMITA PARA ROÇA. TINHA UNS NOVE ANOS. EU TINHA QUE LEVAR A MARMITA PARA MEUS IRMÃOS. SE DISSESSE PARA A MÃE QUE NÃO QUERIA IR EU APANHAVA DO MEU PAI. SE MEUS IRMÃOS DISSESSEM “NÃO QUERO IR”, APANHAVAM TAMBÉM. MESMO APANHANDO A GENTE IA LEVAR AS COISAS DELA PARA OS MEUS IRMÃOS NA ROÇA. E ESSE É O MOMENTO TRISTE QUE EU TIVE. MOMENTO BOM QUE EU TIVE NA MINHA VIDA QUE EU ME LEMBRO ATÉ OS 10 OU 11 ANOS QUANDO O MEU PAI LEVAVA A GENTE NO CIRCO. ELE LEVAVA A GENTE PARA O CIRCO PARA VER OS TRAPALHÕES. AÍ ERA GOSTOSO. MEU PAI ERA CARRETEIRO NA ÉPOCA, QUANDO ELE IA FAZER A CARRETA, QUE SAIA DE CASA, A MINHA MÃE FALAVA ASSIM PARA MIM E OS IRMÃOS MENORES: “VAI BRINCAR UM POUQUINHO, APROVEITAR QUE O SEU PAI SAIU”. PARECIA UMA COISA... ERA SÓ A GENTE BOTAR O PÉ PARA FORA DO PORTÃO E MEU PAI CHEGAVA. AÍ A GENTE APANHAVA, ELE NÃO PERMITIA FILHOS NA RUA. MEU PAI NUNCA DEIXOU FAZER ESSAS BRINCADEIRAS QUE EU MAIS GOSTO: AMARELINHA. EU FAZIA MINHA AMARELINHA NA CALÇADA E IA BRINCAR, MAS ELE CHEGAVA E BATIA NA GENTE. Ô, MEU DEUS! A MINHA MÃE ENTRAVA PARA DENTRO COM A GENTE E A MINHA MÃE TAMBÉM APANHAVA. ERA MUITO RUIM. MINHA MÃE APANHOU MUITO. TEM MAIS HISTÓRIAS, NÃO DÁ PARA CONTAR. MOMENTO BOM NA MINHA VIDA FOI DOS 20 ANOS ATÉ AGORA. EU TENHO MOMENTOS BONS. ATÉ OS 20 ANOS EU NÃO TENHO NÃO. EU VIM MORAR EM SÃO PAULO EU TINHA UNS 14 ANOS MAIS OU MENOS. EU TRABALHEI, AJUDAVA MINHA

MÃE, MEU PAI, MINHAS IRMÃS. TODO MUNDO TRABALHAVA E TODO MUNDO VEIO PARA SÃO PAULO. DOS MEUS 20 ANOS PARA CÁ QUE EU FUI FELIZ E SOU FELIZ ATÉ HOJE. MAS PARA TRÁS EU NÃO FUI NÃO, VIU. MUITA HISTÓRIA, MUITO, MUITO MAIS TRISTE AINDA PARA CONTAR.

OSANIRA DIAS DOS SANTOS

LEMBRO DESSE PÉ DE COQUEIRO E UM BANQUINHO NA MINHA CASA, ERA UMA CASINHA FEITA DE BARRO NA MINHA INFÂNCIA FOI MUITO SOFRIMENTO. EU PERDI A MINHA MÃE CEDO. EU TINHA 5 ANOS DE IDADE QUANDO A MINHA MÃE FALECEU. MORREU DE PARTO DE OUTRA CRIANÇA. MEU PAI JÁ ARRUMOU LOGO OUTRA PESSOA. TINHA MINHA IRMÃ MAIS VELHA. ESSA MINHA IRMÃ CRIOU EU E A MINHA OUTRA IRMÃ. A GENTE PASSOU POR MUITA NECESSIDADE, FOME. EU TINHA UMA TIA QUE AJUDAVA A GENTE. TODO DOMINGO, ELA DAVA UM DINHEIRO PARA IR NA FEIRA. ESSA MINHA TIA QUE DAVA DINHEIRO PARA A GENTE FALECEU. FOI UM TEMPO QUE O MARIDO DELA QUE TINHA CIÚME DELA E FALAVA QUE ELA TINHA ARRUMADO OUTRA PESSOA. ELA NÃO, NUNCA TEVE NINGUÉM. ELA ERA CASADA E SE MATOU. ELA TOMOU VENENO, FOI MUITO TRISTE, QUEM AJUDAVA A GENTE ERA A MINHA TIA. MEU PAI DESPREZOU A GENTE. A GENTE MORAVA NUMA CASINHA DE BARRO E MINHA IRMÃ SEMPRE IA PESCAR ALIMENTO PARA COMER. ELA QUE TRABALHAVA E EU ÉRAMOS MUITO PEQUENOS. ÀS VEZES EU NÃO TINHA NADA PARA COMER EM CASA E A MINHA IRMÃ, TINHA SEMPRE UM ABRAÇO PARA GENTE ELA ERA COMO SE FOSSE A MINHA MÃE, IA PESCAR E TRAZIA O ALIMENTO PARA CASA. ERA SÓ A FARINHA, MANGA E O QUE PESCAVA. DEPOIS MINHA IRMÃ SAIU PARA TRABALHAR E FIQUEI MORANDO COM MINHA IRMÃ CASADA. EU FUI PARA RIO DE JANEIRO, UMA OUTRA IRMÃ MANDOU ME BUSCAR, E DO RIO DE JANEIRO EU VIM PARA CÁ. MINHA IRMÃ MAIS VELHA TEM 73 ANOS FOI MINHA MÃE. EU JÁ TRABALHEI MUITO ASSIM NA ROÇA CORTANDO

MADEIRA, PÉ DE ÁRVORE. E DEPOIS SEMPRE TRABALHANDO PARA GANHAR O DINHEIRO PARA SOBREVIVER, E A VIDA FOI MELHOR.

MANOEL CARLOS DA SILVA

MEU NOME É MANOEL CARLOS DA SILVA. EU TENHO 54 ANOS. EU LEMBRO QUE EU MORAVA NUMA CASA. FUI CRIADO NESSA CASA. A MINHA MÃE TRABALHOU MUITO NESSA CASA. ELA ESTAVA GRÁVIDA DE MIM. ASSIM ELA FALOU PARA MIM E OS MEUS IRMÃOS. A GENTE SE CRIOU E FICOU ADULTO. TINHA PÉ DE FRUTA ENCOSTADO PARA A GENTE FICAR LÁ CHUPANDO AS FRUTAS NA SOMBRA E IA TRABALHAR NA ROÇA QUE ERA ENCOSTADO TAMBÉM. PLANTAR MILHO, FEIJÃO... A GENTE BRINCAVA DE BOLA, DE CARRINHO NÃO SEI POR QUE A GENTE ERA CRIANÇA. EU GOSTARIA DE VOLTAR PRA LÁ SE EU TIVESSE UMA BOA CONDIÇÕES DE DINHEIRO PARA COMPRAR TERRENO, CRIAR ANIMAIS E TRABALHAR. POR ENQUANTO TEM QUE FICAR POR AQUI MESMO. EU LEMBRO DE MUITA COISA, MUITA BRIGA COM MEUS IRMÃOS QUANDO A GENTE ERA PEQUENO. TINHA MUITA E QUEM SEPARAVA AS BRIGAS ERA AQUELE QUE APANHAVA MAIS. EU TIVE SEIS IRMÃOS. MINHA MÃE TEVE 10 FILHOS MORRERAM QUATRO.

MARLENE RIBEIRA DA CRUZ PESSOA

NA QUARENTENA TODO MUNDO FICOU EM CASA. FAZER O QUÊ EM CASA? MEU MARIDO PEGOU FÉRIAS PRA FICAR EM CASA. EU FUI FAZER PÃO, PORQUE NÃO CONSEGUIA FICAR PARADA. FAZIA OS PÃEZINHOS TODO DIA. FAZIA PÃO CEDO E MEIO-DIA PÃO ESTAVA PRONTO. FOI ASSIM A MINHA VIDA FAZENDO PÃO PRA VENDER. FAZIA E VENDIA. ACORDAVA DE MANHÃ E JÁ FAZIA. ACABAVA A FARINHA, IA BUSCAR FARINHA. NO COMEÇO, O PÃO EU FAZIA PARA COMER O PÃO PORQUE NÃO DAVA MAIS PARA IR NA PADARIA QUE NÃO PODIA SAIR DE CASA. FUI FAZENDO. LEVAVA NA MINHA MÃE, LEVAVA PARA AS MINHAS IRMÃS. ENTÃO PÃO NO COMEÇO EU DAVA, DEPOIS O PESSOAL FALOU ASSIM: “POR QUE QUE VOCÊ NÃO VENDE, MARLENE?” AÍ EU FALEI, MAS QUEM VAI COMPRAR? A MINHA IRMÃ DISSE QUE COMPRA, SIM. EU PEGUEI E FALEI: ENTÃO TÁ BOM. O MEU MARIDO FOI FALOU ASSIM: COMPRA MAIS FARINHA. VAMOS PEGAR UMA SACA DE FARINHA. EU PEGUEI UMA SACA DE FARINHA COMECEI A FAZER OS PÃEZINHOS. ESSE PÃOZINHO, ELE OFERECIA. QUEM COMIA GOSTAVA E PASSAVA PRA OUTRAS PESSOAS. FALAVA PARA OUTRA PESSOA E EU FUI INDO. FAZIA PÃO DOCE, VENDIA. FAZIA PÃO SOVADO, VENDIA. TINHA DIA QUE NÃO DAVA CONTA DAS ENCOMENDAS, PÃO SALGADO, DOCE, RECHEADO. COMECEI

COMPRANDO 1 KG DE FARINHA E DEPOIS JÁ TIVE QUE COMPRAR SACA, MAS TUDO QUE FAÇO SEMPRE VAI PRA FRENTE, AS PESSOAS GOSTAM E TAMBÉM FAÇO COM GOSTO, MAS NÃO SEI VENDER NÃO, MEU MARIDO JÁ SABE ENTÃO ELE VENDE. DEPOIS DA PANDEMIA PAREI DE FAZER O PÃO PORQUE FICOU CARO O GÁS. TÁ FICANDO CARO O QUEIJO. ESSAS COISAS FORAM SUBINDO... A MINHA PATROA VOLTOU A CHAMAR PARA EU TRABALHAR PRA ELA E JÁ CHEGAVA EM CASA CANSADA. NÃO TINHA MAIS COMO CONSEGUIR FAZER PÃO. ENTÃO PAREI DE FAZER. GRAÇAS A DEUS EU VENDI BASTANTE PÃO. A VITÓRIA FOI MUITO GRANDE.

ADRIANO FERREIRA DO NASCIMENTO

SOU AQUI DE DIADEMA, MAS ACABEI MORANDO NO HELIÓPOLIS. COMO A DIFICULDADE

AQUI ERA GRANDE, MINHA MÃE COMPROU UM BARRACO EM HELIÓPOLIS E NÓS MORAMOS LÁ, E QUANDO ELA FALECEU VIM MORAR PARA CÁ DE NOVO COM MINHA IRMÃ, EU TINHA 11 ANOS E COM

ESTAVA MEIO PERDIDO FUI ATRÁS DO MEU PAI. MEU PAI MORAVA AQUI, MAS PASSOU DIFICULDADE TAMBÉM COM A ESPOSA DELE, ENTÃO VENDEU A CASA E FOI MORAR PARA LÁ TAMBÉM. COMPROU UMA CASINHA LÁ TAMBÉM FALECEU ENTÃO VOLTEI PARA CÁ DE NOVO PARA MORAR COM A MINHA TIA.

CHEGUEI AQUI COM DIFICULDADE DE ENTENDER AS COISAS, SEM A MÃE, A GENTE FICA MEIO PERDIDO NÉ. O PESSOAL FALAVA PARA MIM ESTUDAR EU

NÃO QUERIA NEM SABER, NEM ESCUTAVA, ESTAVA NERVOSO. NÃO TINHA MENTALIDADE PARA ISSO, AÍ FOI AVANÇANDO AS COISAS E EU FUI VENDO

QUE O PESSOAL ESTAVA CERTO NÉ. O QUE MINHA TIA FALAVA FICAVA MEXENDO COMIGO E COMECEI A PENSAR. ENTÃO MEU TIO VEIO FALAR

COMIGO E PEDIU PARA EU ESTUDAR E ACEITEI. DEPOIS VI QUE EU FIZ UMA GRANDE COISA E QUE HOJE EM DIA VALEU MUITO A PENA É SÓ ME

ARREPENDO PORQUE FIQUEI MUITO ATRASADO. MAS COM TUDO QUE ACONTECEU NÉ FIQUEI MEIO PERDIDO. EU BRIGUEI COM A MINHA IRMÃ E ELA MANDOU EU MORAR COM A MINHA VÓ. E HOJE DOU GRAÇAS A DEUS DE TER IDO MORAR COM MINHA AVÓ QUE JÁ TEM MAIS DE 90 ANOS. EU MORO COM ELA E MEU TIO E NÓS CUIDAMOS DELA, MINHA TIA VEM TAMBÉM AJUDAR A

CUIDAR DELA. GOSTO MUITO DE MORAR AQUI EM DIADEMA, FAÇO PRATICAMENTE TUDO AQUI NÉ E DEPOIS QUE VOLTEI PRA CÁ TIVE OUTRA MENTALIDADE.

LAERCIO RODRIGUES GOUVEIA

SOU NASCIDO EM MINAS GERAIS, NA CIDADE DE GRÃO MOGOL. MUDEI PARA SÃO PAULO E VIM

MORAR EM DIADEMA DESDE 1999, FAZ UNS 23 ANOS QUE EU MORO AQUI E VIM PARA CÁ EM BUSCA DE ALGO MELHOR. HOJE TENHO MINHA CASA, MAS COMECEI A MORAR DE ALUGUEL, DEPOIS ATÉ EM UM BARRACO DE MADEIRA. E FOI TRABALHANDO, TRABALHANDO E TRABALHANDO MUITO QUE DEUS PREPAROU E EU COMPREI UM APARTAMENTO. E TENHO MEUS FILHOS QUE AMO DEMAIS, MORO COM A MINHA ESPOSA JÁ FAZ 22 ANOS DE CASADOS GRAÇAS A DEUS. NA MINHA INFÂNCIA NÃO TIVE OPORTUNIDADE DE ESTUDAR, MEU PAI MORREU EU TINHA 10 ANOS DE IDADE MEUS IRMÃOS MAIS VELHOS ESTAVAM MORANDO EM SÃO PAULO E EU ERA O MAIS VELHO DE LÁ DA FRENTE DOS HOMENS DA FAMÍLIA. NA ÉPOCA MINHA MÃE TINHA 15 FILHOS, OS MAIS VELHOS JÁ MORAVAM EM SÃO PAULO E TINHAM 12 AINDA MORANDO LÁ COM ELA. EU FIQUEI DO LADO DA MINHA MÃE AJUDANDO ELA NA ROÇA, PLANTANDO E COLHENDO FEIJÃO. FOI UMA VIDA MUITO DIFÍCIL PARA MIM AS VEZES BRINCAVA COM AQUELAS BOLINHAS DE GUDE, JÁ EXISTIA AQUELAS BOLINHAS DE GUDE SABE SE VOCÊ JOGAR UMA NA OUTRA, EU QUERIA BATER UMA NA OUTRA E QUANDO UM GANHAVA E PEGAVA UM MONTE DE BOLINHA DO OUTRO COMEÇAVA A BRIGA E TINHA QUE CORRER PARA NÃO PEGAR VOCÊ E SAIA GRITANDO, EU GANHEI, EU GANHEI E O OUTRO JÁ GRITAVA: MENTIRA MAS ERA MUITA DIVERSÃO, A GENTE E BRINCAVA DE ESCONDE ESCONDE NO MATO. DEPOIS SAI DE LÁ PARA TRABALHAR E MESMO AQUI EM SÃO PAULO NÃO CONSEGUI ESTUDAR NO COMEÇO, POIS TINHA

QUE TRABALHAR E MANTER A FAMÍLIA. DEPOIS QUE VEIO ESSA OPORTUNIDADE DE ESTUDAR E AGORA ESTOU ESTUDANDO PARA APRENDER COISA QUE EU NÃO

APRENDI, LER E ESCREVER, EU ACHO QUE E MUITO IMPORTANTE NA VIDA DE QUALQUER SER HUMANO. TEMOS QUE BATALHAR PARA SER ALGUÉM NA VIDA E É

ISSO QUE EU QUERO . EU GOSTARIA DE VOLTAR A MORAR LÁ, MAIS PARA FRENTE NÃO AGORA. HOJE EM DIA ESTÁ MUITO MELHOR LÁ, MAS PRECISA TER UMA RENDA PARA TER UMA VIDA BEM LEGAL NÃO TEM ESSA CONVIVÊNCIA RUIM QUE TEMOS AQUI, AQUI É SÓ CORRERIA, NÃO DORMIMOS DIREITO, VOCÊ NÃO DESCANSA ,LÁ TEM PAZ É MAIS SOSSEGADO E EU QUERO AINDA VOLTAR A MORAR LÁ.

MARIA DAS GRAÇAS