Folha gaucha ed 117

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FOLHA GAUCHA RIO GRANDE, de 22 a 28 de junho de 2013

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Os limites de cada bairro Alfaro Copa do Mundo? Abro mão, quero saúde e educação

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onge de defender a baderna, menos a anarquia, mas pergunto aos meus leitores habituais, se algum deles não fecha com a proposta título deste artigo, uma das palavras de ordem dos movimentos que realizam essa onda de protestos pelo Brasil afora. Bem próximo da dita melhor idade, guardo ainda dentro de mim esse desejo de participar e contribuir para que tenhamos uma sociedade mais justa, já que essas bandeiras reivindicativas foram apropriadas, ao longo da minha juventude, quase sempre, por segmentos sectários e ideologizados. Constato que a globalização dos meios de comunicação, concomitantemente à utilização das redes sociais, criou um novo modo de fazer política, onde as lideranças convencionais são dispensáveis, pelo menos na proposição das reivindicações. Costumamos, conservadoramente, rotular qualquer movimento social diferente do convencional, proposto por nós, de “anarquistas”. É o que ocorreu nos primeiros dias dessas manifestações justificadas por alguns dos líderes do tal MPL – Movimento Passe Livre, que reivindica uma quase utopia, a gratuidade no transporte público, considerando a organização econômica vigente. Na realidade, a grande identidade desses movimentos com o Sistema Anárquico é a responsabilização do Estado, em todos os seus níveis de atuação, pela incapacidade de resolver questões fundamentais à vida das pessoas. Registro que entre esses grupos, subsidiariamente, estendem essa responsabilidade à classe política vigente, expondo isso em vários cartazes, afirmando que “nenhum partido nos representa”. Não vou reprisar frases e chavões históricos a respeito da leniência social vigente, quem é acomodado já deve ter parado a leitura lá pelo segundo parágrafo, mas é forçoso reprisar que o tema de casa não tem sido feito pelos nossos governantes, menos ainda pelos nossos legislativos, e esses tais “interesses difusos” tornam-se, dia a dia, mais coletivos, mais abrangentes, mais claros e perceptíveis. Digna de análise é a constatação de que, entre os manifestantes, a maioria expressiva é de rapazes e moças de condições econômicas privilegiadas, ao contrário do que poderiam supor os analistas de plantão, sempre preconceituosos em suas avaliações. Considerando todas as reivindicações e o momento político vivido no Brasil, tenho mil razões para apoiar essas manifestações e apenas uma para discordar, que é o uso de violência e ataque à propriedade pública e privada. No fundo, a grande chaga dos nossos dias e a grande propulsora de injustiças sociais vigentes é a Corrupção, serpente insaciável e incontrolável, que é a causa de todos esses males e só poderá ser sustada, contida, a partir do povo. Com a palavra, este povo.

Há tempos se fala em fazer um redimensionamento dos bairros

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POR IQUE DE LA ROCHA

olta e meia surge alguma iniciativa dedicada aos bairros e o primeiro entrave é justamente saber quantos bairros existem em Rio Grande. Associações de moradores são mais de 60, mas não dá para se basear por elas. Muitas dessas entidades representam vilas, às vezes com apenas duas ou três ruas, enquanto um bairro, para ser chamado como tal, não pode ser tão pequeno assim. Em vista dessa desorganização, já que na Cidade não existe um Metade da 15 de Novembro pertence à Cidade Nova. A outra metade, planejamento, apenas es- ao Miguel de Castro Moreira. tudos na Prefeitura para disciplinar a situação, a confusão é grande. Nem se precisa ir tão longe para constatar o problema. A maioria imagina que o limite do Bairro Cidade Nova seja a Domingos de Almeida, mas não. O bairro só vai até metade da Rua 15 de Novembro. A outra metade já passa a ser o Miguel de Castro Moreira (o antigo Municipal). Quais os limites da Junção? A gente imagina que seja toda aquela região do antigo Motel São Cristovão até o Jockey Club, só que aparecem outros bairros no meio do caminho, como as vilas Braz e Eulina. Na área da Cidade, que vai da Avenida Argentina à Rua Paraguai, existem os bairros América e Santana, cada qual com duas ou três ruas, da mesma forma que na região do Mate Amargo, a cada duas ruas, existem o Marluz, Vila Maria e Leônidas, sem falar Em que bairro está situada a Rua 2 de Novembro, frente ao cemitério? que também existe a Associação de Moradores do Mate Amargo. ao cemitério) pertence a que bairro? Na região do aeroporto tem o Bairro Universitário O Cassino foi transformado por lei em bairro da (entrada da Furg), Humaitá I e II e a vila Maria José. Cidade. Não demorou e até mesmo lá surgiram ouTambém existe, ou existia, uma associação que entros núcleos habitacionais, como o Querência, Parque globa os moradores do bairro Trevo e os condomínios Guanabara, Atlântico Sul e os ABCs. residenciais existentes nas proximidades.

Fotos: Ique de La Rocha

Alberto Amaral

Quem sabe os limites do Bairro da Lagoa? Alguém sabe onde se localiza o bairro da Lagoa? Já deram essa denominação a uma zona da Henrique Pancada, mas o difícil é achar. Já o Bairro Rural, confunde-se com a Vila Eulina e o Bairro Frederico Ernesto Buchholz. O Bairro Bernadeth também conta com a companhia do São Luiz, formado por apenas duas ruas. Outro que também tem apenas duas ruas é o Cibrazem. Na Zona do Lar Gaúcho existe a Vila Santinha de um lado e, de outro, o Navegantes, Salgado Filho e Dom Bosquinho, cujo nome verdadeiro é Major Carlos Pinto. Entre a 1º de Maio e Avenida Presidente Vargas, alguns moradores costumam denominar de Bairro Parque. E a Rua 2 de Novembro (defronte

Estudo existe A situação se torna difícil até mesmo para os carteiros. O ideal seria que a Prefeitura realmente fizesse o redimensionamento dos bairros para evitar mais confusão. Em nosso entendimento, as associações de moradores continuariam tendo sua representatividade, mas o que não pode acontecer é essa miscelânea de bairros, que confunde e não ajuda em nada. É uma questão de organização. Há anos a Secretaria Municipal de Coordenação e Planejamento realizou um estudo para redimensionamento dos bairros. Os anos vão se passando e até agora nada foi feito para acabar com essa confusão, que acaba por transtornar, muitas vezes, os próprios moradores.


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