Alimentos Funcionais e Suplementos
Introdução
Com foco em uma sociedade mais saudável, a indústria alimentícia tem investido em pesquisas na busca de evidências científicas que demonstrem a associação dos alimentos funcionais e suplementos alimentares como aliados na qualidade de vida e longevidade.
Junto com a crescente demanda dos consumidores por produtos que atendam suas necessidades específicas, aumenta também a diversidade de inovações no mercado.
Alimentos Funcionais
Definição
Segundo o Ministério da Saúde, os alimentos funcionais se caracterizam por oferecer vários benefícios para a nossa saúde. Esses benefícios vão além do valor nutritivo e, devido à sua composição química, ajudam desde o enfrentamento a doenças crônicas não transmissíveis até o fortalecimento do nosso sistema imunológico.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da Portaria nº 398, de 30 de abril de 1999, alega que propriedade funcional é aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, no desenvolvimento, na manutenção e em outras funções do organismo humano.
A seguir, falaremos sobre o que são os alimentos funcionais e os suplementos, apresentando sua história, suas características e a importância que têm para o equilíbrio do nosso corpo e para a promoção da saúde.
Segundo o dicionário Oxford, alimentos funcionais são aqueles que têm substâncias boas para a saúde e que produzem efeitos metabólicos e/ou fisiológicos, quando consumidos usualmente e acompanhados por hábitos saudáveis.
Além disso, os alimentos funcionais são ricos em ferro, ômega-3, ômega-6 e antioxidantes, dentre outros. Tais nutrientes podem ser encontrados no brócolis, beterraba, tomate, espinafre e rúcula, por exemplo.
História
O termo “alimento funcional” foi utilizado pela primeira vez no Japão, no começo dos anos 80, como alimento processado com benefícios de prevenção de doenças e/ou promoção da saúde.
O Japão também foi o primeiro país a ter uma regulação específica para esses alimentos.
INGREDIENTES ALVOS
A procura por produtos funcionais levou os pesquisadores ao Ameal-S, um produto lácteo que possui peptídeos anti-hipertensivos derivados da proteína do leite.
Fibras dietéticas Distúrbio intestinal, nível de colesterol e nível de açúcar no sangue
Bactérias do ácido lático Distúrbio intestinal
Oligossacarídeos Distúrbio intestinal
Proteínas de soja Nível de colesterol
Álcoois de açúcar Cáries dentárias
Peptídeos
Absorção de minerais, nível de pressão arterial, nível de colesterol e nível de triacilglicerol.
Cálcio/Ferro Nível mineral
Polifenóis
Cáries dentárias, nível de açúcar no sangue
Ésteres de esteróis Nível de colesterol
Ácido 4-aminobutanóico Nível de pressão arterial
Observa-se que, em cada região do mundo, há uma forma de condução sobre os alimentos funcionais; muitos não possuem nem regulamentação. Os Estados Unidos, por exemplo, são um país em que, diferentemente do Japão, os alimentos funcionais são regulados pelo Federal Drug Administration (FDA), assim como os alimentos convencionais e suplementos dietéticos.
Já no Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é a instituição responsável por criar normas e regulamentos e dar suporte para todas as atividades da área no País, além de executar atividades de controle sanitário e fiscalização em portos, aeroportos e fronteiras.
Conceitos
A seguir, elencamos algumas características conceituais desses alimentos.
1. São alimentos ou ingredientes benéficos à saúde, no sentido de tratar ou prevenir doenças.
2. Quanto ao nível de função, todos os alimentos apresentam propriedades nutricionais. Porém, o que faz um alimento ser funcional são as características e as funções nutricionais básicas.
3. Em relação ao padrão de consumo, um alimento funcional pode ser parte da dieta ou se ajustar a um padrão seguido por uma determinada cultura e/ou localização geográfica. Assim, um alimento pode ser considerado funcional em um local e em outro não. A título de exemplo, no Japão o consumo de salmão é alto e, portanto, o consumo de fonte natural de ômega-3 também, o que faz com que não seja considerado funcional por já estar inserido na cultura japonesa.
4. Sobre a natureza do alimento, muitas definições trazem que os funcionais devem ser ou estar o mais próximo possível do alimento natural. Outras, porém, estipulam que eles podem ser fortificados, enriquecidos, terem algum ingrediente adicionado ou removido.
Por que consumir Alimentos Funcionais?
Como vimos anteriormente, os alimentos funcionais trazem benefícios à saúde. Eles podem ajudar a prevenir doenças crônicas não transmissíveis (problemas cardiovasculares, respiratórios, câncer, diabetes, obesidade etc.) e podem auxiliar a cognição e a saúde mental. Contudo, é importante ressaltar que é necessário que o consumo desses alimentos seja frequente a fim de assegurar tais benefícios.
Além disso, é preciso ter uma alimentação equilibrada, pois trata-se de um conjunto de ações que faz diferença no organismo. Assim, se você deseja controlar o colesterol e triglicérides,
por exemplo, mas continua comendo massas, frituras, embutidos e refrigerante, e come salmão uma vez por semana achando que vai controlar seus índices, não vai dar certo.
A melhor maneira de ter uma dieta balanceada é observar o que se come diariamente e, preferencialmente, consultar um nutricionista. Saber do que é constituída a nossa alimentação é essencial (conhecer alimentos benéficos e aqueles que nos prejudicam, como os ultraprocessados, por exemplo). Para ajudar você a fazer escolhas mais conscientes, falaremos sobre alguns desses alimentos a seguir.
• Alimentos ultraprocessados são formulações feitas inteira ou majoritariamente de substâncias retiradas de alimentos, derivadas de constituintes de alimentos ou sintetizadas em laboratório com base em petróleo e carvão. Em geral, possuem alto teor de gorduras, açúcares ou sódio e não são balanceados do ponto de vista nutricional. Eles podem desencadear uma série de doenças, como diabetes, hipertensão, obesidade, depressão, cânceres etc., razão pela qual o Ministério da Saúde recomenda que sejam evitados. Estão entre esses alimentos os salgadinhos, as bolachas recheadas, algumas barras de cereais, presunto, peito de peru, macarrão instantâneo etc.
• In natura são alimentos obtidos diretamente de plantas ou animais e não sofrem qualquer alteração após deixar a natureza. Estão nessa lista os legumes, as frutas, as verduras e as carnes, por exemplo.
• Os alimentos minimamente processados são os in natura que foram submetidos a processos de limpeza, remoção de partes não comestíveis, fracionamento, moagem, secagem, fermentação, pasteurização etc. Por exemplo: arroz, frutas secas, castanhas, nozes, amendoim, farinha de mandioca, leite pasteurizado, iogurte natural, entre outros.
Quais os principais compostos funcionais?
A seguir, apresentamos a tabela do Ministério da Saúde sobre o que foi pesquisado e publicado em relação aos principais compostos funcionais.
COMPOSTO AÇÃO
Isoflavonas
ALIMENTOS E ONDE SÃO ENCONTRADOS
Ação estrogênica (reduz sintomas da menopausa) e anticâncer Soja e derivados
Proteínas de soja Redução dos níveis de colesterol Soja e derivados
Ácidos graxos ômega-3
Redução do LDL – colesterol; ação antiinflamatória; é indispensável para o desenvolvimento do cérebro e da retina de recém-nascidos
Ácido a – linolênico Estimula o sistema imunológico e tem ação anti-inflamatória
Catequinas
Licopeno
Reduzem a incidência de certos tipos de câncer, reduzem o colesterol e estimulam o sistema imunológico
Antioxidante, reduz níveis de colesterol e o risco de certos tipos de câncer, como de próstata
Luteína e Zeaxantina Antioxidantes; protegem contra degeneração macular
Indóis e Isotiocianatos Indutores de enzimas protetoras contra o câncer, principalmente de mama
Flavonoides
Atividade anticâncer, vasodilatadora, anti-inflamatória e antioxidante
Peixes marinhos como sardinha, salmão, atum, anchova, arenque etc.
Óleos de linhaça, colza, soja; nozes e amêndoas
Chá verde, cerejas, amoras, framboesas, mirtilo, uva roxa, vinho tinto
Tomate e derivados, goiaba vermelha, pimentão vermelho, melancia
Folhas verdes (luteína). Pequi e milho (zeaxantina)
Couve-flor, repolho, brócolis, couve de Bruxelas, rabanete, mostarda
Soja, frutas cítricas, tomate, pimentão, alcachofra, cereja
Fibras solúveis e insolúveis
Prebióticos –frutooligossacarídeos, inulina
Sulfetos alílicos (alil sulfetos)
Reduz risco de câncer de cólon, melhora o funcionamento intestinal. As solúveis podem ajudar no controle da glicemia e no tratamento da obesidade, pois dão maior saciedade.
Ativam a microflora intestinal, favorecendo o bom funcionamento do intestino
Reduzem colesterol, pressão sanguínea, melhoram o sistema imunológico e reduzem risco de câncer gástrico
Cereais integrais como aveia, centeio, cevada, farelo de trigo etc.; leguminosas como soja, feijão, ervilha etc.; hortaliças com talos e frutas com casca
Extraídos de vegetais como raiz de chicória e batata yacon
Alho e cebola
Lignanas Inibição de tumores hormôniodependentes Linhaça, noz moscada
Tanino
Estanóis e esteróis vegetais
Probióticos–Bifidobactérias e Lactobacilos
Antioxidante, antisséptico, vasoconstrictor
Reduzem risco de doenças cardiovasculares
Favorecem as funções gastrointestinais, reduzindo o risco de constipação e câncer de cólon
Maçã, sorgo, manjericão, manjerona, sálvia, uva, caju, soja
Extraídos de óleos vegetais como soja e de madeiras
Leites fermentados, Iogurtes e outros produtos lácteos fermentados
Produtos no mercado brasileiro
O mercado brasileiro vem se adaptando às novas exigências de consumidores e às tendências mundiais que surgem. A seguir, selecionamos alguns produtos para que você conheça.
O Wewi é o primeiro refrigerante brasileiro livre de conservantes, sódio e qualquer outro ingrediente artificial. Traz o certificado orgânico e é 100% natural.
O +MU Pronto Whey Protein já vem pronto para beber e contém 12g de proteína concentrada do soro de leite; tem 100kcal e não contém açúcares. A imagem mostra o produto em sabor cappuccino. Possui alta absorção, fortalece o sistema imunológico, promove mais saciedade, ajuda a manter a saúde da pele, das unhas e do cabelo.
No campo dos produtos baseados em plantas, a marca brasileira Natuterra lançou um combo que inclui diversos alimentos como se fossem feitos à base de leite, mas totalmente plant-based. O combo inclui: leite de amêndoas, aveia e coco, manteiga, cream cheese, creme de leite e requeijão, todos sem nenhum ingrediente de origem animal. Possuem alto valor de proteína e fibra, além de vitaminas (como D, E, e adição de B12).
A Puro Verde, por sua vez, investe muito na bebida Kombucha, rica em vitamina C, polifenóis antioxidantes e probióticos que fazem bem ao organismo. Ela é gaseificada feita com base na fermentação de chás, frutas e especiarias.
Tópico especial: mundo dos bióticos
Primeiramente, os bióticos mais conhecidos atualmente são: probióticos, prebióticos, simbióticos e posbióticos. O termo biótico pode ser definido como: “A ciência preocupada com as funções da vida, ou atividade e força vital” (Relatório NutriConnection Probióticos Parte I). Eles são todas as substâncias bioativas vivas ou inanimadas, os metabólitos, que afetam o microbioma. Aqui abordaremos principalmente o probiótico, por ser amplamente estudado e atualmente uma grande tendência na sociedade.
Probióticos são micro-organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, proporcionam benefícios à saúde do consumidor, conforme definição da Organização Mundial da Saúde (OMS). Do ponto de vista científico, evidências sustentam uma série de benefícios relacionados à manutenção da saúde e ao tratamento de enfermidades, como diarreia aguda, doença de Crohn, síndrome do intestino irritável, infecções orofaríngeas, além da redução de efeitos colaterais associados aos antibióticos e à melhora das funções imunológicas, dentre outros.
Eles atuam de distintas maneiras, seja agindo direta ou indiretamente sobre a microbiota intestinal residente, pela produção de moléculas específicas ou, ainda, pela interação com as células da barreira intestinal. Podem competir pela colonização intestinal e induzir a produção de substâncias que estimulam a proliferação de bactérias benéficas em detrimento de outras potencialmente prejudiciais à saúde, reforçando, assim, os mecanismos de defesa do organismo.
Atualmente, com o crescente interesse por alimentos funcionais e com apelo à saúde e ao bem-estar, produtos com foco na regularidade da saúde intestinal – ou seja, com ingredientes probióticos – ganham destaque e figuram entre as principais inovações das indústrias alimentícia e farmacêutica. Ainda que os laticínios sejam a categoria predominante para alimentos com probióticos, algumas empresas exploram a sua inserção em outros produtos, como cereais ou sucos de fruta, por exemplo.
Apesar de o mercado de probióticos no Brasil ter crescido e se consolidado nos últimos anos, muitas portas ainda podem ser abertas e exploradas nesse campo. Como exemplo, elencamos algumas inovações que podem ter grande potencial no mercado.
1. Exploração de novas matrizes alimentícias para uso de probióticos, como alimentos sólidos (cereais e queijos duros, por exemplo) e outros tipos de bebidas, como sucos e chás.
2. Diversificação, desde que legitimadas por novas evidências científicas críveis, do uso de cepas probióticas, explorando novas combinações que foquem em benefícios menos explorados, como saúde da pele e auxílio no tratamento de distúrbios neurológicos.
3. Educação do consumidor quanto às diversas
Quais as bactérias que são consideradas probióticas?
Os probióticos podem conter uma grande variedade de microrganismos. As mais comuns são bactérias que pertencem a grupos chamados lactobacillus e bifidobacterium. Outras bactérias também podem ser usadas como probióticos, assim como leveduras como saccharomyces boulardii.
Diferentes tipos de probióticos podem ter efeitos diferentes. Por exemplo, se um tipo específico de lactobacillus ajuda a prevenir uma doença, isso não significa necessariamente que outro tipo de lactobacillus ou qualquer um dos probióticos bifidobacterium faria a mesma coisa.
Os micro-organismos benéficos podem apoiar a saúde de diferentes maneiras. A seguir, apresentamos algumas delas:
• Reforço do sistema imunológico, para que funcione corretamente;
• Ação na digestão, quebrando componentes que não digerimos;
• Controle dos micro-organismos nocivos;
• Produção de vitaminas e ajuda na absorção de nutrientes;
• Redução de diarreia associada a antibióticos e auxílio no tratamento de diarreia infecciosa;
• Tratamento de desconfortos digestivos;
Contribuição para reduzir sintomas de cólicas e eczema em bebês;
Auxílio na digestão da lactose;
Diminuição do risco ou da duração de infecções comuns, incluindo tratos respiratório, intestinal e vaginal.
Alguns dos produtos probióticos no mercado
O Floraliv Probiótico, com benefícios e eficácia comprovados pela ciência, promove o equilíbrio da flora intestinal. O produto reduz as bactérias ruins que podem desencadear doenças, auxiliando na rotina de um corpo saudável e fazendo com que o intestino funcione como um ‘reloginho’.
Também destacamos o refrigerante de cola com probióticos, que se propõe um refrigerante tipo Coca-Cola, porém, saudável, com probióticos que podem ajudar a saúde gastrointestinal. A empresa Revive Drinks lançou esse produto que tem ainda baixa quantidade de calorias e açúcares.
A Activia, em 2021, lançou o iogurte natural com probióticos. A empresa possui, ainda, uma linha somente para produtos com probióticos.
Também há soluções do tipo em produtos de beleza, como o gel facial com probióticos da Oceane. A composição ajuda a equilibrar o microbioma da pele e reforça a sua barreira protetora.