Paper Q&A Junho: Funcional e Suplementos

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Alimentos Funcionais e Suplementos

Conteúdo produzido por: Realização
Índice Introdução 04 Alimentos Funcionais 04 Definição 04 História 05 Conceitos 06 Por que consumir Alimentos Funcionais? 06 Quais os principais compostos funcionais? 07 Produtos no mercado brasileiro 08 Tópico especial: mundo dos bióticos 08 Quais as bactérias que são consideradas probióticas? 09 Alguns dos produtos probióticos no mercado 10 Suplementos 11 Definição 11 História 11 Qual o tipo de consumidor de suplementos? 11 Qual o efeito da suplementação? 12 Produtos no mercado brasileiro 13 Conclusão 14

Introdução

Com foco em uma sociedade mais saudável, a indústria alimentícia tem investido em pesquisas na busca de evidências científicas que demonstrem a associação dos alimentos funcionais e suplementos alimentares como aliados na qualidade de vida e longevidade.

Junto com a crescente demanda dos consumidores por produtos que atendam suas necessidades específicas, aumenta também a diversidade de inovações no mercado.

Alimentos Funcionais

Definição

Segundo o Ministério da Saúde, os alimentos funcionais se caracterizam por oferecer vários benefícios para a nossa saúde. Esses benefícios vão além do valor nutritivo e, devido à sua composição química, ajudam desde o enfrentamento a doenças crônicas não transmissíveis até o fortalecimento do nosso sistema imunológico.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da Portaria nº 398, de 30 de abril de 1999, alega que propriedade funcional é aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, no desenvolvimento, na manutenção e em outras funções do organismo humano.

A seguir, falaremos sobre o que são os alimentos funcionais e os suplementos, apresentando sua história, suas características e a importância que têm para o equilíbrio do nosso corpo e para a promoção da saúde.

Segundo o dicionário Oxford, alimentos funcionais são aqueles que têm substâncias boas para a saúde e que produzem efeitos metabólicos e/ou fisiológicos, quando consumidos usualmente e acompanhados por hábitos saudáveis.

Além disso, os alimentos funcionais são ricos em ferro, ômega-3, ômega-6 e antioxidantes, dentre outros. Tais nutrientes podem ser encontrados no brócolis, beterraba, tomate, espinafre e rúcula, por exemplo.

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História

O termo “alimento funcional” foi utilizado pela primeira vez no Japão, no começo dos anos 80, como alimento processado com benefícios de prevenção de doenças e/ou promoção da saúde.

O Japão também foi o primeiro país a ter uma regulação específica para esses alimentos.

INGREDIENTES ALVOS

A procura por produtos funcionais levou os pesquisadores ao Ameal-S, um produto lácteo que possui peptídeos anti-hipertensivos derivados da proteína do leite.

Fibras dietéticas Distúrbio intestinal, nível de colesterol e nível de açúcar no sangue

Bactérias do ácido lático Distúrbio intestinal

Oligossacarídeos Distúrbio intestinal

Proteínas de soja Nível de colesterol

Álcoois de açúcar Cáries dentárias

Peptídeos

Absorção de minerais, nível de pressão arterial, nível de colesterol e nível de triacilglicerol.

Cálcio/Ferro Nível mineral

Polifenóis

Cáries dentárias, nível de açúcar no sangue

Ésteres de esteróis Nível de colesterol

Ácido 4-aminobutanóico Nível de pressão arterial

Observa-se que, em cada região do mundo, há uma forma de condução sobre os alimentos funcionais; muitos não possuem nem regulamentação. Os Estados Unidos, por exemplo, são um país em que, diferentemente do Japão, os alimentos funcionais são regulados pelo Federal Drug Administration (FDA), assim como os alimentos convencionais e suplementos dietéticos.

Já no Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é a instituição responsável por criar normas e regulamentos e dar suporte para todas as atividades da área no País, além de executar atividades de controle sanitário e fiscalização em portos, aeroportos e fronteiras.

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Conceitos

A seguir, elencamos algumas características conceituais desses alimentos.

1. São alimentos ou ingredientes benéficos à saúde, no sentido de tratar ou prevenir doenças.

2. Quanto ao nível de função, todos os alimentos apresentam propriedades nutricionais. Porém, o que faz um alimento ser funcional são as características e as funções nutricionais básicas.

3. Em relação ao padrão de consumo, um alimento funcional pode ser parte da dieta ou se ajustar a um padrão seguido por uma determinada cultura e/ou localização geográfica. Assim, um alimento pode ser considerado funcional em um local e em outro não. A título de exemplo, no Japão o consumo de salmão é alto e, portanto, o consumo de fonte natural de ômega-3 também, o que faz com que não seja considerado funcional por já estar inserido na cultura japonesa.

4. Sobre a natureza do alimento, muitas definições trazem que os funcionais devem ser ou estar o mais próximo possível do alimento natural. Outras, porém, estipulam que eles podem ser fortificados, enriquecidos, terem algum ingrediente adicionado ou removido.

Por que consumir Alimentos Funcionais?

Como vimos anteriormente, os alimentos funcionais trazem benefícios à saúde. Eles podem ajudar a prevenir doenças crônicas não transmissíveis (problemas cardiovasculares, respiratórios, câncer, diabetes, obesidade etc.) e podem auxiliar a cognição e a saúde mental. Contudo, é importante ressaltar que é necessário que o consumo desses alimentos seja frequente a fim de assegurar tais benefícios.

Além disso, é preciso ter uma alimentação equilibrada, pois trata-se de um conjunto de ações que faz diferença no organismo. Assim, se você deseja controlar o colesterol e triglicérides,

por exemplo, mas continua comendo massas, frituras, embutidos e refrigerante, e come salmão uma vez por semana achando que vai controlar seus índices, não vai dar certo.

A melhor maneira de ter uma dieta balanceada é observar o que se come diariamente e, preferencialmente, consultar um nutricionista. Saber do que é constituída a nossa alimentação é essencial (conhecer alimentos benéficos e aqueles que nos prejudicam, como os ultraprocessados, por exemplo). Para ajudar você a fazer escolhas mais conscientes, falaremos sobre alguns desses alimentos a seguir.

• Alimentos ultraprocessados são formulações feitas inteira ou majoritariamente de substâncias retiradas de alimentos, derivadas de constituintes de alimentos ou sintetizadas em laboratório com base em petróleo e carvão. Em geral, possuem alto teor de gorduras, açúcares ou sódio e não são balanceados do ponto de vista nutricional. Eles podem desencadear uma série de doenças, como diabetes, hipertensão, obesidade, depressão, cânceres etc., razão pela qual o Ministério da Saúde recomenda que sejam evitados. Estão entre esses alimentos os salgadinhos, as bolachas recheadas, algumas barras de cereais, presunto, peito de peru, macarrão instantâneo etc.

• In natura são alimentos obtidos diretamente de plantas ou animais e não sofrem qualquer alteração após deixar a natureza. Estão nessa lista os legumes, as frutas, as verduras e as carnes, por exemplo.

• Os alimentos minimamente processados são os in natura que foram submetidos a processos de limpeza, remoção de partes não comestíveis, fracionamento, moagem, secagem, fermentação, pasteurização etc. Por exemplo: arroz, frutas secas, castanhas, nozes, amendoim, farinha de mandioca, leite pasteurizado, iogurte natural, entre outros.

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Quais os principais compostos funcionais?

A seguir, apresentamos a tabela do Ministério da Saúde sobre o que foi pesquisado e publicado em relação aos principais compostos funcionais.

COMPOSTO AÇÃO

Isoflavonas

ALIMENTOS E ONDE SÃO ENCONTRADOS

Ação estrogênica (reduz sintomas da menopausa) e anticâncer Soja e derivados

Proteínas de soja Redução dos níveis de colesterol Soja e derivados

Ácidos graxos ômega-3

Redução do LDL – colesterol; ação antiinflamatória; é indispensável para o desenvolvimento do cérebro e da retina de recém-nascidos

Ácido a – linolênico Estimula o sistema imunológico e tem ação anti-inflamatória

Catequinas

Licopeno

Reduzem a incidência de certos tipos de câncer, reduzem o colesterol e estimulam o sistema imunológico

Antioxidante, reduz níveis de colesterol e o risco de certos tipos de câncer, como de próstata

Luteína e Zeaxantina Antioxidantes; protegem contra degeneração macular

Indóis e Isotiocianatos Indutores de enzimas protetoras contra o câncer, principalmente de mama

Flavonoides

Atividade anticâncer, vasodilatadora, anti-inflamatória e antioxidante

Peixes marinhos como sardinha, salmão, atum, anchova, arenque etc.

Óleos de linhaça, colza, soja; nozes e amêndoas

Chá verde, cerejas, amoras, framboesas, mirtilo, uva roxa, vinho tinto

Tomate e derivados, goiaba vermelha, pimentão vermelho, melancia

Folhas verdes (luteína). Pequi e milho (zeaxantina)

Couve-flor, repolho, brócolis, couve de Bruxelas, rabanete, mostarda

Soja, frutas cítricas, tomate, pimentão, alcachofra, cereja

Fibras solúveis e insolúveis

Prebióticos –frutooligossacarídeos, inulina

Sulfetos alílicos (alil sulfetos)

Reduz risco de câncer de cólon, melhora o funcionamento intestinal. As solúveis podem ajudar no controle da glicemia e no tratamento da obesidade, pois dão maior saciedade.

Ativam a microflora intestinal, favorecendo o bom funcionamento do intestino

Reduzem colesterol, pressão sanguínea, melhoram o sistema imunológico e reduzem risco de câncer gástrico

Cereais integrais como aveia, centeio, cevada, farelo de trigo etc.; leguminosas como soja, feijão, ervilha etc.; hortaliças com talos e frutas com casca

Extraídos de vegetais como raiz de chicória e batata yacon

Alho e cebola

Lignanas Inibição de tumores hormôniodependentes Linhaça, noz moscada

Tanino

Estanóis e esteróis vegetais

Probióticos–Bifidobactérias e Lactobacilos

Antioxidante, antisséptico, vasoconstrictor

Reduzem risco de doenças cardiovasculares

Favorecem as funções gastrointestinais, reduzindo o risco de constipação e câncer de cólon

Maçã, sorgo, manjericão, manjerona, sálvia, uva, caju, soja

Extraídos de óleos vegetais como soja e de madeiras

Leites fermentados, Iogurtes e outros produtos lácteos fermentados

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Fonte: Ministério da Saúde (2009)

Produtos no mercado brasileiro

O mercado brasileiro vem se adaptando às novas exigências de consumidores e às tendências mundiais que surgem. A seguir, selecionamos alguns produtos para que você conheça.

O Wewi é o primeiro refrigerante brasileiro livre de conservantes, sódio e qualquer outro ingrediente artificial. Traz o certificado orgânico e é 100% natural.

O +MU Pronto Whey Protein já vem pronto para beber e contém 12g de proteína concentrada do soro de leite; tem 100kcal e não contém açúcares. A imagem mostra o produto em sabor cappuccino. Possui alta absorção, fortalece o sistema imunológico, promove mais saciedade, ajuda a manter a saúde da pele, das unhas e do cabelo.

No campo dos produtos baseados em plantas, a marca brasileira Natuterra lançou um combo que inclui diversos alimentos como se fossem feitos à base de leite, mas totalmente plant-based. O combo inclui: leite de amêndoas, aveia e coco, manteiga, cream cheese, creme de leite e requeijão, todos sem nenhum ingrediente de origem animal. Possuem alto valor de proteína e fibra, além de vitaminas (como D, E, e adição de B12).

A Puro Verde, por sua vez, investe muito na bebida Kombucha, rica em vitamina C, polifenóis antioxidantes e probióticos que fazem bem ao organismo. Ela é gaseificada feita com base na fermentação de chás, frutas e especiarias.

Tópico especial: mundo dos bióticos

Primeiramente, os bióticos mais conhecidos atualmente são: probióticos, prebióticos, simbióticos e posbióticos. O termo biótico pode ser definido como: “A ciência preocupada com as funções da vida, ou atividade e força vital” (Relatório NutriConnection Probióticos Parte I). Eles são todas as substâncias bioativas vivas ou inanimadas, os metabólitos, que afetam o microbioma. Aqui abordaremos principalmente o probiótico, por ser amplamente estudado e atualmente uma grande tendência na sociedade.

Probióticos são micro-organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, proporcionam benefícios à saúde do consumidor, conforme definição da Organização Mundial da Saúde (OMS). Do ponto de vista científico, evidências sustentam uma série de benefícios relacionados à manutenção da saúde e ao tratamento de enfermidades, como diarreia aguda, doença de Crohn, síndrome do intestino irritável, infecções orofaríngeas, além da redução de efeitos colaterais associados aos antibióticos e à melhora das funções imunológicas, dentre outros.

Eles atuam de distintas maneiras, seja agindo direta ou indiretamente sobre a microbiota intestinal residente, pela produção de moléculas específicas ou, ainda, pela interação com as células da barreira intestinal. Podem competir pela colonização intestinal e induzir a produção de substâncias que estimulam a proliferação de bactérias benéficas em detrimento de outras potencialmente prejudiciais à saúde, reforçando, assim, os mecanismos de defesa do organismo.

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Atualmente, com o crescente interesse por alimentos funcionais e com apelo à saúde e ao bem-estar, produtos com foco na regularidade da saúde intestinal – ou seja, com ingredientes probióticos – ganham destaque e figuram entre as principais inovações das indústrias alimentícia e farmacêutica. Ainda que os laticínios sejam a categoria predominante para alimentos com probióticos, algumas empresas exploram a sua inserção em outros produtos, como cereais ou sucos de fruta, por exemplo.

Apesar de o mercado de probióticos no Brasil ter crescido e se consolidado nos últimos anos, muitas portas ainda podem ser abertas e exploradas nesse campo. Como exemplo, elencamos algumas inovações que podem ter grande potencial no mercado.

1. Exploração de novas matrizes alimentícias para uso de probióticos, como alimentos sólidos (cereais e queijos duros, por exemplo) e outros tipos de bebidas, como sucos e chás.

2. Diversificação, desde que legitimadas por novas evidências científicas críveis, do uso de cepas probióticas, explorando novas combinações que foquem em benefícios menos explorados, como saúde da pele e auxílio no tratamento de distúrbios neurológicos.

3. Educação do consumidor quanto às diversas

Quais as bactérias que são consideradas probióticas?

Os probióticos podem conter uma grande variedade de microrganismos. As mais comuns são bactérias que pertencem a grupos chamados lactobacillus e bifidobacterium. Outras bactérias também podem ser usadas como probióticos, assim como leveduras como saccharomyces boulardii.

Diferentes tipos de probióticos podem ter efeitos diferentes. Por exemplo, se um tipo específico de lactobacillus ajuda a prevenir uma doença, isso não significa necessariamente que outro tipo de lactobacillus ou qualquer um dos probióticos bifidobacterium faria a mesma coisa.

Os micro-organismos benéficos podem apoiar a saúde de diferentes maneiras. A seguir, apresentamos algumas delas:

• Reforço do sistema imunológico, para que funcione corretamente;

• Ação na digestão, quebrando componentes que não digerimos;

• Controle dos micro-organismos nocivos;

• Produção de vitaminas e ajuda na absorção de nutrientes;

• Redução de diarreia associada a antibióticos e auxílio no tratamento de diarreia infecciosa;

• Tratamento de desconfortos digestivos;

Contribuição para reduzir sintomas de cólicas e eczema em bebês;

Auxílio na digestão da lactose;

Diminuição do risco ou da duração de infecções comuns, incluindo tratos respiratório, intestinal e vaginal.

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Alguns dos produtos probióticos no mercado

O Floraliv Probiótico, com benefícios e eficácia comprovados pela ciência, promove o equilíbrio da flora intestinal. O produto reduz as bactérias ruins que podem desencadear doenças, auxiliando na rotina de um corpo saudável e fazendo com que o intestino funcione como um ‘reloginho’.

Também destacamos o refrigerante de cola com probióticos, que se propõe um refrigerante tipo Coca-Cola, porém, saudável, com probióticos que podem ajudar a saúde gastrointestinal. A empresa Revive Drinks lançou esse produto que tem ainda baixa quantidade de calorias e açúcares.

A Activia, em 2021, lançou o iogurte natural com probióticos. A empresa possui, ainda, uma linha somente para produtos com probióticos.

Também há soluções do tipo em produtos de beleza, como o gel facial com probióticos da Oceane. A composição ajuda a equilibrar o microbioma da pele e reforça a sua barreira protetora.

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Suplementos

Definição

A ideia por trás dos suplementos alimentares, também chamados de suplementos dietéticos ou nutricionais, é fornecer nutrientes que podem não ser consumidos em quantidades suficientes na dieta. Nesse sentido, os suplementos alimentares podem ser vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos graxos e outras substâncias fornecidas na forma de pílulas, comprimidos, cápsulas, líquidos etc.

Os suplementos estão disponíveis em grande variedade de doses e em diferentes combinações. No entanto, apenas certa quantidade de cada nutriente é necessária para que nossos corpos funcionem e, é bom lembrar, quantidades maiores não são necessariamente melhores; em altas doses, algumas substâncias podem ter efeitos adversos.

Segundo a Anvisa, suplementos alimentares não podem ser confundidos com medicamentos e, por isso, não servem para tratar, prevenir ou curar doenças. Os suplementos são destinados a pessoas saudáveis. Sua finalidade é fornecer nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos em complemento à alimentação.

História

O início da suplementação remonta a meados do século 20. Após sintetizar e isolar todos os tipos de vitaminas que nosso corpo precisa para sobreviver, pesquisadores e médicos começaram a procurar resolver problemas de saúde por meio de suplementos vitamínicos únicos. Dessa forma, essas pílulas foram antecessoras ao que hoje conhecemos como produtos multivitamínicos. Os suplementos aumentaram a sua popularidade a partir desse ponto.

Posteriormente, a crescente modernização da agricultura entre as décadas de 1970 e 1990, bem como o aumento das lojas de varejo que vendem alimentos pré-embalados, levaram a uma mudança dramática na dieta das pessoas,

cuja consequência mais significativa foi a falta de certos nutrientes. A fim de preencher essa lacuna, mais pessoas começaram a recorrer a suplementos alimentares.

Em 1994, a Lei de Saúde e Educação de Suplementos Alimentares foi aprovada nos Estados Unidos. Na ocasião, o conceito de suplemento foi definido oficialmente como um produto destinado a complementar a dieta que contém um ou mais dos seguintes ingredientes alimentares:

• um mineral;

• uma vitamina;

• erva ou outro botânico;

• aminoácido;

• substância dietética que aumenta a ingestão dietética total.

Além disso, a definição prévia também é um concentrado, metabólito, constituinte, extrato ou combinação de qualquer ingrediente descrito anteriormente.

Qual o tipo de consumidor de suplementos?

Os suplementos não substituem uma dieta equilibrada e saudável. Assim, é válido ressaltar que uma dieta que inclua muitas frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas adequadas e gorduras saudáveis normalmente deve fornecer todos os nutrientes necessários para uma boa saúde, sem a necessidade de suplementação. Esse tipo de alimentação deve ser o objetivo de toda a sociedade, já que é possível obter os nutrientes necessários diretamente da “fonte”.

Porém, para determinados grupos populacionais ou indivíduos, há necessidade de aconselhamento sobre suplementos, mesmo quando seguem uma alimentação saudável e equilibrada. Esse é o caso,

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por exemplo, de mulheres em idade fértil e de indivíduos que usam medicamentos específicos para problemas de saúde que interfiram no metabolismo, entre outros casos.

É importante que profissionais da área de saúde, como nutricionistas e nutrólogos, sejam consultados para que possam melhor orientar

sobre a necessidade ou não - e em que quantidade - a suplementação deve ser feita. Nesse sentido, exames bioquímicos, como o de sangue, também são muito importantes para o diagnóstico correto. Na tabela seguinte, apresentamos alguns grupos que precisam de atenção especial quanto à suplementação.

GRUPO POPULACIONAL NUTRIENTES

Vitamina D, Vitamina B12 e folato.

Pessoas com mais de 50 anos.

Obs: idosos frágeis podem se beneficiar de um suplemento multivitamínico de baixa dose.

Mulheres em idade fértil. Ácido fólico e vitamina D, possivelmente ferro.

Crianças menores de 5 anos.

Obs: crianças com bom apetite que comem uma grande variedade de alimentos não precisam dessa suplementação.

Mulheres que amamentam.

Pessoas com exposição solar insuficiente ou pele mais escura.

Vitaminas A, C e D.

Vitamina D.

Vitamina D.

Veganos. Vitaminas B12 e D2.

Qual o efeito da suplementação?

A finalidade principal do suplemento alimentar é complementar a dieta com nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos. Dessa maneira, os benefícios de seu uso estão relacionados à substância ou ao micro-organismo fornecido.

Segundo a Anvisa, com exceção dos suplementos de enzima e probióticos, não é necessário destacar nestes produtos um benefício específico relacionado ao consumo. Mas, caso haja interesse de fazer o destaque, só podem ser alegados os benefícios autorizados pela entidade, que são os

que apresentam comprovação científica. Associar um benefício específico em razão do consumo de uma determinada substância não é uma missão científica simples, pois os efeitos à saúde são consequência da atuação conjunta de uma diversidade de nutrientes e substâncias.

Embora muito úteis, em nenhuma hipótese um suplemento alimentar pode apresentar indicação de prevenção, tratamento ou cura de doenças. Esse tipo de alegação é restrita a medicamentos, cuja comprovação se dá por outros meios.

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Fonte: TROESCH , Barbara et. al., 2012. Tabela 3: Grupos populacionais que requerem aconselhamento específico sobre suplementos.

Produtos no mercado brasileiro

A empresa Atlhetica Nutrition possui Whey Protein nos sabores tradicional, arroz-doce, cookies, pé de moleque, chocolate branco, banana caramelizada e caramelo. Está disponível também a opção “Best Vegan Protein”, um suplemento de proteínas vegetais com sete diferentes sabores.

A empresa Be.cap.s visa priorizar a nutrição personalizada, com um questionário feito para cada consumidor, o que permite indicar ou criar um kit condizente com a necessidade específica de cada um. O exemplo seguinte mostra um kit energia, com foco cognitivo e personalizado.

Já a empresa brasileira Shot Me, possui diversas opções de shots. Existe a opção de você mesmo criar o seu kit ou escolher entre os kits Energia (foco na cognição) ou Imunidade, que possui compostos antioxidantes.

O suplemento Multi-fibras possui rápida absorção pelo organismo e 8,5 g por porção. São 5 tipos de fibras unidas, que ajudam no bom funcionamento da flora intestinal.

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Conclusão

A força de uma alimentação funcional e a criação de produtos com esse viés acompanham o desenvolvimento de pesquisas científicas, que, ano após ano, descobrem meticulosamente o que cada ingrediente pode trazer em termos de benefícios à saúde.

Nesse sentido, os alimentos funcionais são componentes fundamentais quando o tema é saudabilidade, principalmente quando os produtos começam a se valer de substâncias bioativas e outros elementos de matriz biológica dos alimentos.

Os produtos agregam valor quando comprovadamente podem apresentar efeitos benéficos à saúde e/ou quando essenciais à manutenção e ao bom funcionamento do organismo.

Vimos também que os suplementos têm como objetivo fornecer nutrientes que não são necessariamente consumidos em quantidades suficientes pela dieta. Podem ser vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos graxos, dentre outras substâncias essenciais ao nosso organismo.

Entretanto, deve-se tomar muito cuidado com a quantidade de suplementação ingerida e se ela está de acordo com os níveis adequados de consumo, que devem ser avaliados por médicos ou nutricionistas.

Podemos dizer que a indústria de alimentos está em constante evolução para atender às necessidades dos consumidores. Por isso, é importante para as empresas modernizarem seus produtos para se manterem relevantes no mercado. Certamente, isso envolve a utilização de ingredientes mais saudáveis e nutritivos.

Autores

Ary Bucione

Engenheiro de Alimentos

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

MBA - Fundação Getúlio Vargas. IBGC - Governança Corporativa. 25 anos de trabalho nas empresas DuPont, Danisco e Pfizer. Vivência em desenvolvimento de negócios. Regulatório

Matheus Lisboa

Jornalista(Faculdade Cásper Libero).

Estudante de Nutrição (USP). Redator da revista Super Varejo. Marketing (Faculdade Anhembi Morumbi).

Valkiria Assis

Nutricionista (Universidade Federal de São Paulo - Unifesp). Consultora de Assuntos Regulatórios e Científicos da NutriConnection.

Pós-graduanda de Nutrição Materno-Infantil (Instituto de Pesquisas Ensino e Gestão em Saúde - IPGS).

Pesquisadora bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq na Unifesp). Técnica em Administração.

Carla Bartels

Nutricionista (USP). Mestranda em Proteção Ambiental (Universität Hohenheim).

Desenvolvedora de estratégias, inovação e regulatório para a sprim.

Ocupou as presidências da ILSI Brasil, Associação Brasileira da Indústria e Comércio de Ingredientes e Aditivos para Alimentos (Abiam) e Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad).

Marina Lopes

Estudante de Nutrição (USP). Participante da Liga de Complexidades Alimentares (USP).

Membro da Extensão Médica Acadêmica (USP).

Contadora de Histórias (MadAlegria).

Fábio Ferrolho

Engenheiro de alimentos (Universidade Estadual PaulistaUnesp).

25 anos de trabalho na indústria de aromas.

Vivência em desenvolvimento de negócios.

Gerenciador de vendas da Diverembal Lda. em Portugal.

Renata Shimizu

Mestranda em Ciência Sensorial (UNICAMP)

Fundadora da Memo Eating - P&D para food service.

Vivência em Inovação, P&D e qualidade para food service.

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Referências bibliográficas

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ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria no 398, de 30 de abril de 1999. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/1999/prt0398_30_04_1999.html. Acesso em: 18 maio 2023.

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