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Sustentabilidade

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Contextualização

Nesta terceira edição, o tema sustentabilidade continua sendo importante e é mantido como influenciador de tendência no desenvolvimento de novos negócios. O conceito de sustentabilidade pode ser entendido como ações da atualidade que, quando executadas, não comprometem as futuras gerações.

Em edições anteriores, citamos o programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (sigla em inglês: SDG). Os 17 objetivos a serem atingidos até 2030 certamente podem colaborar para melhorar a imagem e a percepção dos consumidores sobre as empresas produtoras de alimentos. Os consumidores querem saber tudo sobre os produtos que estão comprando: onde foram produzidos; como se deu o tratamento ou o processamento; quais os tipos embalagens utilizam; como foram transportados; se há respeito aos trabalhadores; e a validade, por exemplo. Mas não é só isso: também é de interesse de quem consome saber sobre o compromisso do produtor com a sustentabilidade e, no caso do uso de produtos de origem animal, há uma preocupação crescente quanto à forma como os animais são tratados.

Embora sem saber corretamente a real definição do conceito, ESG (sigla em inglês para Meio ambiente, Social e Governança) é um movimento influencia e tende a se reforçar nos próximos anos. As mudanças climáticas são a principal preocupação de 66% dos consumidores que participaram de uma pesquisa global realizada pelo Euromonitor, em 2022. Ela é reforçada pela afirmação de que 66% desses consumidores tentam ter um impacto positivo no meio ambiente por meio de suas ações cotidianas, como a redução do uso de plásticos, do desperdício de alimentos e a reciclagem de materiais. Em relação ao Brasil, 56% dos participantes de pesquisa realizada pela Mintel, em 2021, mencionaram que “seu comportamento pode ter uma diferença positiva no meio ambiente”.

Esg

Como falado anteriormente, ESG vem de três palavras: ambiental (E), social (S) e governança (G). A International Business Report (IRB) ouviu 5.000 empresas em 29 países; o levantamento mostrou que 89% dos participantes enxergam o conceito como muito importante nos negócios. Analisando os pilares de ESG, vimos que os alimentos têm papel fundamental em todos os aspectos. A avaliação é de que todo o ciclo de vida do produto (a cadeia de produção e a distribuição dos alimentos) está conectado diretamente ao seu impacto ambiental (pilar E), aos aspectos de segurança alimentar, à disponibilidade dos alimentos e ao seu perfil nutricional. Esses aspectos guardam relação íntima com os pilares social e de governança. Assim, o impacto nos atores da cadeia de produção e nos stakeholders das empresas podem ser pontos importantes. Uma pesquisa feita pela PwC mostrou que 75% dos entrevistados afirmaram que as empresas deveriam adotar práticas ESG. Entre os 360 investidores entrevistados, 79% afirmaram que as práticas ESG de uma empresa têm impacto na decisão de investir ou não. Ademais, 82% afirmaram que o ESG deve estar ligado às estratégias de negócio das companhias. Porém, o dado mais impressionante da pesquisa da PwC, foi que 94% dos brasileiros entrevistados esperam que as empresas façam algo relacionado a ESG. Segundo o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), as empresas brasileiras que mais apresentaram valores ESG em 2022 foram:

• Unilever.

• Nestlé.

• P&G

Um exemplo de indicador (conectando as ações de inovação e renovação que as indústrias de alimentos e bebidas vêm realizando e como sua rastreabilidade pode gerar índices ligados aos pilares de ESG) é o Global Index, do projeto Access to Nutrition Initiative. Em 2021, a empresa lançou seu quarto reporte rankeando 25 empresas de alimentos e bebidas em relação aos seus compromissos, suas práticas e as informações sobre governança e gerenciamento, produção e distribuição de produtos saudáveis, acessíveis e disponíveis, particularmente para países em desenvolvimento.

Movimento plant-based

Por Carla Bartels

O cuidado com as fontes de alimentos é uma das maneiras pelas quais os consumidores expressam sua preocupação com a sustentabilidade, limitando o consumo de fontes animais de proteínas (carne bovina e de frango). A redução do consumo de carnes é mais factível do que sua completa substituição. Mundialmente, apenas 1% dos participantes de uma pesquisa da Mintel disseram que não consomem produtos de origem animal (veganos); 3% afirmam que não consomem nenhum tipo de carne (vegetarianos); 13% se declaram como “flexitarianos”, um crescimento de 3pp em comparação a 2021.

Apesar de não existirem dados oficiais sobre a quantidade de veganos no Brasil, em pesquisa realizada por Ingredion + Consultoria Opinaia, em 2020, 90% dos participantes citaram buscar uma alimentação mais saudável e nutritiva no consumo de produtos vegetais, e ainda outra pesquisa, realizada em 2018 pelo Ibope Inteligência, detectou que 14% da população se declarou vegetariana. Já segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), 55% dos consumidores declaram que consumiriam mais produtos que tivessem a indicação de veganos em sua embalagem.

Os flexitarianos (grupo que não é vegano e nem vegetariano, mas que tenta reduzir o consumo de carnes, aumentar o consumo de proteína vegetal e evita cosméticos testados em animais) puxam o consumo de produtos vegetarianos/veganos. De acordo com a Euromonitor, cerca de 42% do consumo de produtos à base de plantas é proveniente dos flexitarianos.

Embalagens sustentáveis

Segundo os últimos eventos da food tech na Europa e Ásia, da empresa The HMT, o que você faz com seus resíduos pode ser tão importante quanto o que você faz com o seu produto. De acordo com a consultoria Bain, em seu artigo sobre A roadmap for sustainable packaging in consumer goods, existe uma trajetória em direção à circularidade das embalagens, que passa por fatores regulatórios, de infraestrutura da empresa, de consumidores e varejistas e, finalmente, da tecnologia. A análise desses fatores ajuda as empresas a priorizar e escolher entre os três principais catalisadores da mudança, conforme segue.

1. Reduzir. Por exemplo: produtos concentrados.

2. Reutilizar. Por exemplo: refis em casas e lojas.

3. Reciclar. Por exemplo: produtos projetados para serem reciclados

Orquídea ECO

Pensando dessa forma, a empresa Orquídea Alimentos lançou a embalagem Orquídea ECO, feita da parte não utilizada do trigo na farinha. A embalagem é sustentável e aproveita o que seria descartado.

Outro caso emblemático é o da marca de chás Leão. A empresa dispensou o uso de plástico envoltório nas caixas. Novas tecnologias foram utilizadas para reforçar a embalagem.

Tetra Pak

Em setembro de 2022, a Tetra Pak anunciou a criação da embalagem mais sustentável do mundo. A empresa adotou o plástico à base de cana-de-açúcar, tampas não removíveis e substituiu a camada de alumínio das caixas longa vida por fibra.

Reciclagem alimentar

A prática de reciclagem no Brasil ainda é baixa, quando comparada a outros países. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), somente 4% do Brasil recicla. Entretanto, há uma forte tendência fora do país que está sendo importada: a reciclagem de alimentos.

Upcycle food

A organização Upcycled Food criou a primeira certificação de produtos e ingredientes reciclados (Upcycled Certified™), que cataloga as empresas que realizam novos alimentos com as sobras de outros processamentos. Um exemplo é a Rebon, empresa canadense, que recicla cereais do processo da fabricação de cerveja e produz petiscos com cereais 100% naturais, ricos em fibras e minerais.

Comida Invisível

No Brasil, em 2022, a Ambev se uniu à startup Comida Invisível para ajudar a minimizar o desperdício e contribuir com a alimentação de brasileiros que não têm o que comer. Essas pessoas podem ir aos restaurantes recolher alimentos doados prestes a vencer.

Foundation Earth

A Foundation Earth é uma rotulagem alimentar estabelecida em junho de 2021, no Reino Unido. Sua intenção é ajudar os consumidores a entenderem, por meio de rotulagem frontal, qual o impacto ambiental de suas escolhas alimentares.

Ingredientes sustentáveis

Para que os produtos venham a ter as rotulagens ambientais, é necessário que os ingredientes sejam sustentáveis. Isso significa que devem ter processos e sistemas não poluentes, conservar a energia e os recursos naturais não renováveis, serem economicamente eficientes, seguros para trabalhadores, comunidades e consumidores. Esses produtos não podem comprometer as necessidades das gerações vindouras.

Segundo a Trend Watching, em todo o mundo, 79% dos consumidores estão mudando suas preferências de compra com base em responsabilidade social, inclusão e impacto ambiental. Além disso, mais da metade dos consumidores em 16 países acreditam ter o poder coletivo de ajudar a deter as mudanças climáticas. Algumas indústrias de ingredientes têm consciência do seu papel na sustentabilidade do planeta e já oferecem ingredientes sustentáveis. Esse é o caso da fibra de acácia da empresa Nexira, que alcançou zero carbono, preserva os recursos naturais e apoia as comunidades carentes.

Perspectiva e opinião

NutriConnection

• A sustentabilidade e o ESG, movimentos reportados na nossa primeira edição, continuam a crescer e a influenciar a sociedade. Em 2019, pesquisa da Opinion Box já informava que 55% dos entrevistados preferiam empresas comprometidas com o meio ambiente.

• Toda a cadeia de valor do produto deve ser considerada para elencar os pontos onde ações factíveis e simples possam ser implementadas. Para quem está interessado em iniciar esse processo, nossa sugestão é que comece do básico e veja os potenciais de evolução de maneira pertinente e constante.

• Consumidores se familiarizam com o conceito de ESG. Cabe ao mundo corporativo assumir a responsabilidade de protagonizar e liderar esse processo.

• A cada dia novas iniciativas surgem para o mundo corporativo melhor se integrar, gerar benefícios e conquistar o consumidor – e ainda há muito por fazer.

• Veganismo, vegetarianismo e flexitarianismo representam grupos bem definidos que crescem todos os dias em quantidade de novos adeptos. São categorias extremamente conectadas com o conceito de sustentabilidade e nutrição.

• Tecnologia e Inovação favorecem o desenvolvimento de produtos que atentem para essas categorias e que não frustram as expectativas sensoriais dos consumidores.

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