Figueira 42

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Fim de semana com sol entre nuvens. Não chove! www.climatempo.com.br

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35o 20o

MÁXIMA

ANO 2 NÚMERO 42

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 9 a 11 DE JANEIRO DE 2015

FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EXEMPLAR: R$ 1,00

Tignous Wolinski

Charb Cabu

Nossa capa é uma homenagem aos 4 colegas jornalistas do semanário francês CHARLIE HEBDO, assassinados na quarta-feira (7), em Paris, França, por dois atiradores. p. 10/11

E O PREFEITO DE GUARAPARI, AGIU CERTO OU ERRADO AO REJEITAR TURISTA POBRE NAS SUAS PRAIAS? p. 2

DEUS O CONSERVE! O NOVO PRESIDENTE DA CÂMARA DE GV, VEREADOR ADAUTO CARTEIRO, ESTÁ NUMA FINESSE... p. 3

NÍVEL DO RIO DOCE VOLTA A FICAR CRÍTICO E O SAAE PEDE AOS VALADARENSES PARA ECONOMIZAR ÁGUA. SE NÃO CHOVER... p. 5


OPINIÃO

Editorial

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FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de Janeiro de 2015

Tim Filho

2014, o ano que não terminou Ufa, ficou para trás o ano de 2014, mas ele ainda recusa-se a acabar. Um ano que ficará marcado em nossas memórias como um dos períodos mais intensos da nossa história recente. Tivemos de tudo, desde uma disputa eleitoral dura à dolorosa goleada sofrida frente à seleção alemã. Tivemos, também, momentos de grande comoção, como a morte de Eduardo Campos num acidente aéreo. Em 2014, tivemos a eleição presidencial mais acirrada dos últimos anos, na qual o PT conseguiu a sua quarta vitória eleitoral seguida, superando o tucano Aécio Neves por pouco mais de três milhões de votos. No plano estadual, a vitória em primeiro turno de Geraldo Alckmin em São Paulo e a dupla derrota de Aécio Neves em Minas Gerais foram os principais destaques. Além da própria derrota, o tucano viu o seu candidato perder a disputa do governo do estado para o petista Fernando Pimentel ainda no primeiro turno. O ano novo se inicia no mesmo ritmo do ano anterior. A oposição, ainda que derrotada na eleição presidencial, saiu fortalecida do pleito, seja pela forte votação do seu candidato, seja pelo refluxo da bancada progressista na Câmara Federal. Além disso, viu crescer na sociedade um forte sentimento de repulsa ao Partido dos Trabalhadores. Logo, mais pressão para cima do governo e do PT. A Petrobrás esteve na berlinda durante todo o ano de 2014, sendo alvo inclusive de uma CPI e continua em evidência, sendo manchete diariamente. Vazamentos seletivos da operação Lava Jato e até uma entrevista com uma funcionária da estatal em rede nacional ajudam a realimentar o escândalo diariamente. A esperada divulgação oficial dos nomes daqueles que teriam recebido recursos do esquema mantém políticos e partidos apreensivos em Brasília. Não bastassem os problemas políticos, temos ainda no ano que se inicia uma economia com baixo crescimento, reservatórios das hidrelétricas em níveis muito baixos, inflação resistente, queda de preços das commodities (produtos como minério de ferro e petróleo, com cotação no mercado internacional) e a economia mundial em marcha lentíssima. O contraponto a esse quadro difícil é que temos uma das mais baixas taxas de desemprego da nossa história. Portanto, é num cenário complexo que Dilma Rousseff assume o seu segundo mandato, com a clara percepção do esgotamento do modelo implementado a partir de 2003. O crescimento da direita, tendo o antipetismo como sua face mais visível, completa o quadro de dificuldades para o governo trabalhista. Certamente, ao lado do congresso, as ruas serão palcos de intensas e acaloradas discussões em que o destino do nosso país, nos próximos anos, estará no centro dos debates. Este Figueira estará neste debate: ao lado das vozes marginais e excluídas da grande mídia, dos direitos dos trabalhadores e dos interesses das grandes massas populacionais beneficiárias pela primeira vez na história do Brasil dos benefícios sociais que cabe ao Estado garantir ao povo. Até 2002, o Estado brasileiro serviu com bolsas, isenções, pensões e incentivos vários a uma restrita aristocracia. A democratização do Estado brasileiro é a grande novidade a ser firmada no debate social. 2014, o ano que não acabou e pelo visto, não acabará tão cedo. Artigo do colaborador Lucimar Lizandro Freitas, assumido como opinião do jornal.

Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-81 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo

Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira

Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br

Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

Parlatório Você considera justa a atitude do prefeito de Guarapari, que considerou o gasto mínimo de R$ 200 reais/dia para o turista? Esta medida pode ser considerada discriminatória? Direito de ir e vir é constitucional SIM

Jardelly Teixeira

O cidadão brasileiro é amparado pela Constituição Federal (1988) no Art. 5º, inciso XV – “... livre a locomoção no território nacional..., podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair...” dando o direito de ir e vir em toda jurisdição brasileira. E sendo assim, todo indivíduo, após longos meses de trabalho, tem o direito de decidir o local onde passar férias e gozá-la com a família. É lastimável que em algum local escolhido, não tenhamos acesso garantido por questão salarial ou por ser considerada inapropriada a estadia, sendo vítima de discriminação pela condição financeira ou por ser “daquele estado”. Temos o direito de escolha e se desejamos estar em uma cidade é porque nós a escolhemos por esperar da mesma, acolhimento enquanto ali permanecermos. Somos mineiros e gostamos de praia, de curtir o

sol, sentir a brisa marítima, e como mineira, me sinto entristecida com o posicionamento do chefe maior de alguma cidade em não nos receber de braços abertos para desfrutar das belezas naturais e o turismo daquele local. Acho digno e anseio respeito, não somente por ser mineira, mas brasileira, tendo o meu direito garantido de ir e vir sem qualquer margem de discriminação em minha escolha ou atitude.

Somos mineiros e gostamos de praia, de curtir o sol, sentir a brisa marítima, e como mineira, me sinto entristecida com o posicionamento do chefe maior de alguma cidade em não nos receber de braços abertos para desfrutar das belezas naturais e o turismo daquele local.

Jardelly Teixeira é enfermeira

Abaixo o turismo predatório SIM

Jorgina Campos

Concordo plenamente com o prefeito. Infelizmente não é recomendável falar em público sobre o “turismo lixo” que se instala nas cidades do litoral capixaba em todos os anos. Tem de tudo: excesso de gente em um mesmo imóvel (parece cadeia pública), lixo espalhado por todos os lados nas praias, carros de som na maior altura, ônibus estacionado em cima das calçadas entulhando o trânsito, enfim, um inferno. Como não tem jeito de se livrar deles (os turistas), o negócio é bater firme no Código de Posturas. Guinchar todos os carros irregulares, proibir a entrada de ônibus de excursão nas cidades, proibir carro com som alto (aplicando a Lei do Silêncio) e principalmente vetar a proliferação de vendedores ambulantes, porque o turista mineiro adora comer porcaria na praia. Fernando de Noronha limita a entrada de turistas, assim como vários parques florestais. Ninguém reclama e ainda há elogios para estas medidas. A prefeitura tem meios legais e morais para colocar ordem no seu espaço público. Vejo diversas formas de coibir os abusos, como por exemplo, taxando os ônibus que circulam nas ruas e determinando locais, para que estes ônibus fiquem num estacionamento. Uma excursão de ônibus é um negócio, um fato gerador de impostos, como o ISS, na área de competência da Prefeitura. Da mesma forma, uma casa que funciona na clandestinidade como pousada para uma multidão de pessoas, alugando camas e até servindo café da manhã, na verdade é um comércio fazendo concorrência desleal com os hotéis e pousadas legalizadas. Quanto ao lixo basta taxar e punir os excessos ou quem suja o espaço público. Se é turista porcalhão, multa nele! Não é justo

que a Prefeitura utilize os impostos arrecadados no município em detrimento do contribuinte local. O prefeito foi bem claro ao dizer que ele quer turistas que vão gerar renda para cidade. Nada mais justo, tendo em vista que o controle de pessoas em determinada região ajuda o ecossistema local e os recursos naturais. Talvez se as pessoas não fossem tão hipócritas, diversos municípios não estariam sofrendo com falta de água neste momento. As pessoas estão confundindo a fala do prefeito de Guarapari. Ninguém está cerceando o direito de ir e vir. Um excesso de turistas gera lixo, congestionamentos, sobrecarga nos serviços de saúde. Se não gerar renda, que cubra essas despesas. Realmente é muito ruim para qualquer cidade. Esse prefeito apenas foi sincero. Conheço praias em Recife que colocaram uma espécie de cancela nas ruas que dão acesso à areia, para impedir o estacionamento de ônibus de farofeiros. É inegável que os farofeiros afastam o turista qualificado, gerando prejuízos para a região.

O prefeito foi bem claro ao dizer que ele quer turistas que vão gerar renda para cidade. Nada mais justo, tendo em vista que o controle de pessoas em determinada região ajuda o ecossistema local e os recursos naturais. Talvez se as pessoas não fossem tão hipócritas, diversos municípios não estariam sofrendo com falta de água neste momento.

Jorgina Campos de Miranda é agente de turismo

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CIDADANIA & POLÍTICA

A falta que ela faz

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FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de Janeiro de 2015

Da Redação

Sacudindo a Figueira

A Justiça Federal, tão militante no período das eleições, desapareceu de Valadares. Inaugurou a nova sede na Rua São Paulo com a Rua Bárbara Heliodora e pronto. Nenhum juiz na cidade de 300 mil habitantes. No mês de dezembro inteiro, o juiz residente em Ipatinga deu a Valadares três dias de atendimento, incluída a festa de inauguração.

A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

Valter Campanato / Agência Brasil

O Ministério da Dilma

Mais médicos / maus médicos Enquanto a mortalidade infantil despenca no Brasil inteiro já como resultado do atendimento dos médicos na Estratégia da Família, milhares deles cubanos, os maus médicos continuam agindo fora da lei. A máfia dos médicos no Rio Grande do Sul, a negociar com próteses desnecessárias aos pacientes, ganhou espaço na imprensa nesta semana. No Facebook de vários citados como responsáveis pela máfia, basta ir às postagens do período eleitoral para encontrar: Sou médico, voto Aécio. Ou xingamentos contra o governo da presidenta Dilma. Até agora, nenhum protesto dos médicos contra a conduta da máfia composta por colegas. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e a presidenta Dilma, durante a cerimônia de posse da ministra

Medidas desiguais

Um ministro tem de operar uma área do governo, conforme orientação da presidenta. Não é autônomo, nem está autorizado a fazer governo dentro do governo. A estranheza com nomes como Katia Abreu, Kassab, Cid Gomes e George Hilton é parte dessa expectativa de se ocupar os espaços com notáveis. Cada nome desses é reconhecido por uma fatia do Congresso ou da sociedade brasileira como capaz para auxiliar a presidenta no governo do país. A nenhum deles falta representatividade, reconhecimento e capacidade. E todos farão o que a presidenta e o conjunto do governo definir. O Brasil está se tornando uma democracia normal, em que não se criam expectativas de haver salvadores. Somos todos pessoas comuns. Como convém a uma República.

Uma chance para Valadares

As chuvas em São Paulo elevaram a água do sistema Cantareira de 6,7 para 7,1%. Isso mereceu manchete em todos os jornalões. As ações da Petrobrás recuperaram fortemente o valor na virada do ano, chegando a triplicar o valor. Nenhuma linha sobre isso. A imprensa voltada para a desinformação não pode aceitar que o caminho que traçou de desmonte da Petrobrás seja alterado. Ainda bem que o povo brasileiro desconfia suficientemente.

Notáveis Uma sequela que ficou do debate em torno da Constituição de 88 foi a tentativa frustrada de compor uma Assembleia Constituinte de notáveis. Depois de 24 anos de ditadura militar, a inteligência e a liderança brasileira haviam sido drenadas para a morte, o exílio, a invisibilidade. Daí a ideia de se buscar intelectuais e líderes com reconhecimento nacional e confiar a eles a elaboração da Constituição para o novo tempo democrático. Daquele debate ficou o padrão para se medir cada ministério novo. Muitos estão em busca de notáveis. Não é assim em nenhuma grande democracia. Pessoas comuns, com grande capacidade política e forte reconhecimento dos pares acabam sendo chamadas para o ministério nos Estados Unidos, na França, na Alemanha. Por que aqui seria diferente?

Frase Je suis Charlie. Eu sou Charlie.

Em discussão no governo Pimentel a destinação para Valadares de uma secretaria adjunta para o desenvolvimento do Norte e do Nordeste de Minas. A sede da Secretaria é em Montes Claros. No planejamento do Estado, a região de Valadares já aparece separada da de Ipatinga, portanto com dados mais realistas da demanda por desenvolvimento regional.

Fineza O vereador Adauto Carteiro, que já indispôs com este Figueira a ponto de rasgá-lo na tribuna da Câmara, agora como presidente da Câmara surpreende positivamente. Aberto, dialogal, focado na saúde financeira e no funcionamento da Câmara em favor dos cidadãos, o vereador tem se mostrado à altura do cargo. Deus o conserve!

Frase do momento em todo o mundo

ATENTADO À LIBERDADE DE IMPRENSA

FENAJ lamenta mortes e condena ataque à revista francesa A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) repudia e condena o ataque à revista francesa Charlie Hebdo ocorrido na manhã desta quarta-feira, 7 de janeiro, que resultou na morte de 12 pessoas e deixou, pelo menos, outros dez feridos. Entre os mortos estão cinco jornalistas -- os cartunistas Charlie Hebdo Charb (Stéphane Charbonnier), Cabu (Jean Cabut), Wolinski (Georges Wolinski), e Tignous (Bernard Verlhac) e o repórter Bernard Maris --, outros cinco funcionários da revista e dois policiais que faziam a segurança do editor Stephane Charbonnier, que estava sob proteção policial. O editor da Charlie Hebdo vinha recebendo ameaças de morte e a revista já havia sido vítima de ameaças e de atentados anteriormente. Suspeita-se que o ataque de hoje, como os anteriores, tenham sido motivados pelas sátiras ao profeta Maomé. A FENAJ repudia a violência contra jornalistas, alertando a sociedade para o perigo da intolerância (seja política, religiosa ou de qualquer natureza) e do obscurantismo, que tem gerado ataques às liberdades de expressão e de imprensa em todo o mundo. A FENAJ soma-se à Federação Internacional dos Jornalistas e à Federação Européia dos Jornalistas na solidariedade aos familiares das vítimas e no firme propósito de que os criminosos sejam identificados e punidos. A polícia francesa ainda não identificou os dois homens que entraram na sede da revista, em Paris, e atiraram contra todos que estavam presentes, fugindo em um carro, conduzido por um terceiro homem. É preciso rigor nas investigações para que este crime brutal não fique impune. A impunidade alimenta a violência contra jornalista. Brasília, 7 de janeiro de 2015.

A FENAJ repudia a violência contra jornalistas, alertando a sociedade para o perigo da intolerância (seja política, religiosa ou de qualquer natureza) e do obscurantismo, que tem gerado ataques às liberdades de expressão e de imprensa em todo o mundo.

Charge do chargista Charb, editor do semanário Charlie Hebdo, assassinado na quarta-feira, em Paris, França.

Dois últimos anos de governo

Dois anos são muito tempo. Por isso, virão ajustes no governo Elisa Costa neste início de ano, para torná-lo mais operacional e mais ágil na resposta à comunidade. Ao corrigir falhas no governo, a prefeita cacifa-se para indicar nome para a sucessão, de modo a manter o projeto progressista e popular na cidade: mais habitação, mais médicos, mais escolas de tempo integral, mais empregos.

Na moita O empresário Helio Gomes, derrotado nas urnas, tenta manter-se ativo na política cooptando partidos para formar uma frente com o seu PSD. A vítima do momento é o Partido Verde em Valadares. HG faz costuras estaduais para abocanhar a sigla na cidade e agregá-la ao seu poderio.


METROPOLITANO 4

FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de Janeiro de 2015

PET

Animais ganham farmácia especializada em GV Com o mercado de animais domésticos em ascensão, farmacêutica resolveu inovar e oferecer aos donos destes animais uma farmácia especializada Gina Pagú

Gina Pagú

Os animais também têm a sua vez com o uso de medicamentos manipulados. Uma nova e única empresa no Leste de Minas foi inaugurada há 1 ano e meio afim de produzir medicamentos para cães, gatos, bovinos e equinos. A farmacêutica especializada em medicamentos veterinários, Iara Teixeira, diz que já está no ramo de medicamentos há 10 anos, mas buscava algo inovador. “Percebi esse mercado no Sul do país e depois migrando para as principais capitais e decidi implantar esse projeto em Valadares. Meu pai é pecuarista, e por isso convivi com todo tipo de animal desde criança. Então pude unir as duas coisas que gostava muito: a profissão e os animais. A manipulação pode proporcionar condições de tratamento mais acessíveis tanto para os animais quanto para os donos. Digo no sentido da facilidade de adesão aos tratamentos por causa das várias fórmulas farmacêuticas que a manipulação pode produzir. Para os proprietários os custos assim se tornam bem menores.” O mercado para animais domésticos está em ascensão, e o Brasil ficou em segundo lugar no mundo em número de animais domésticos em 2013. A Associação Brasileira da Indústria Brasileira de Produtos para Animais de estimação (ABINPET), previu um crescimento em vendas de 8,2% para 2014, atingindo o valor de R$16,47 bilhões. Essa receita abrangeria os segmentos de alimentação, serviços e medicamentos veterinários. Iara confirma o crescimento do mercado também em Valadares. “Todo mercado novo gera um certo receio, mas com o tempo os resultados se expressam naturalmente. Hoje atendemos muitas receitas de veterinários da cidade e região, muitos pet shops e clientes que nos procuram na própria empresa, além disso, temos alimentação, acessórios para viveiros, plantéis e canis. Vimos nesse pouco tempo crescer a credibilidade em nosso trabalho devido aos resultados positivos gerados. Por participarmos de muitos eventos fora de Valadares, hoje temos enviado nossos produtos para várias cidades tanto de Minas Gerais como de outros estados do país como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.” Vantagens A manipulação veterinária é um segmento de medicamentos que tem como principal vantagem a oportunidade de dar a cada animal um tratamento mais adequado, em dosagem e quantidades. A farmacêutica explica

A farmácia de manipulação de medicamentos para animais é uma inovação importante no mercado pet de Governador Valadares

que é possível que o proprietário do animal escolha, em forma de consumo e sabores dos medicamentos. “Para que não haja problemas na hora do uso dos medicamentos, na hora de comprar o proprietário tem, por exemplo, a opção de escolher se prefere que seja produzido em líquido ou em cápsula. Além disso, não há desperdícios, pois é manipulada somente a quantidade que vai ser utilizada. A dosagem é personalizada, não existe a necessidade de partir comprimidos, o que gera sempre perda e automaticamente dosagem errada do medicamento a ser administrado. Os medicamentos têm sabor de acordo com os gostos do animal: carne, frango, peixe, milho, baunilha, banana, etc. A redução de gastos no tratamento também é um grande atrativo. Além dos medicamentos de uso interno, temos a linha de shampoos, soluções,

sprays, pomadas, cremes e géis. Tudo isso pode ser feito na quantidade certa para cada animal. Todas as matérias-primas utilizadas na empresa são adquiridas de fornecedores qualificados e passam por testes de aprovação no Laboratório de Controle de Qualidade da empresa.” Exigências Para a instalação e funcionamento de uma farmácia de manipulação do ramo de animais, toda empresa precisa ter a aprovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), desde as instalações até os procedimentos, controles e equipamentos utilizados. Também é necessário a autorização do Conselho de Farmácia de Minas Gerais (CFMG), que fazem vistorias peri-

FIEMG Regional Rio Doce realiza palestra sobre legislação ambiental Palestra será realizada em parceria com o CIEMG e SESI como parte do Programa Minas Sustentável Da Redação

Orientar empresários e industriais para as Obrigações Legais Ambientais de 2015 é o objetivo da palestra que será realizada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) - Regional Rio Doce, em parceria com o Ciemg e o Sesi. A advogada da gerência de meio ambiente da Fiemg, Silvia Freitas Xavier, será a palestrante do evento, que acontece no dia 22 de janeiro, às 8h, no auditório da entidade, na Av. Brasil, 4000, Centro. Para estar em dia com as obrigações legais, o empreendedor deve realizar suas atividades nos termos em que sua Licença Ambiental ou Autorização Ambiental de Funcionamento forem aprovadas, bem como atender a todos os demais encargos previstos nas normas desta natureza. Segundo a analista ambiental da Fiemg Regional Rio Doce, Renata Medrado, no decorrer do ano, o empreendedor tem que cumprir prazos para cadastros, registros,

pagamentos de taxas e outras obrigações de natureza ambiental. Caso não o faça, estará sujeito a penalidades. Dentre as principais obrigações, ela destaca o licenciamento ambiental, cadastro técnico federal e estadual, taxa de controle e fiscalização ambiental, inventário de resíduos sólidos industriais, declaração de carga poluidora, declaração de áreas contaminadas, obrigações florestais e outorga de direito de uso de recursos hídricos. Temas que serão abordados na palestra. Inscrições A palestra está sendo realizada em parceria com o CIEMG e o SESI. E faz parte do Programa Minas Sustentável, que tem por finalidade estimular a adoção de processos produtivos mais sustentáveis e fortalecer a cultura da responsabilidade socioambiental em Minas Gerais. Os interessados em participar deverão fazer a inscrição pelo telefone (33) 3272.4850 ou pelo e-mail regional-rd@fiemg.com.br.

ódicas nos estabelecimentos. Iara explica que a farmácia está totalmente regularizada, e que ser uma empresa em um ramo novo teve algumas dificuldades na implantação da farmácia. “Enfrentamos obstáculos na parte burocrática por ser um ramo ainda muito novo no país. Alguns órgãos ainda não tinham informações suficientes sobre essa área, o que atrasou muito a abertura da empresa. Depois teve que passar pela aprovação e confiança da população. Mas hoje a Animal Pharma está se consolidando no mercado cada dia mais, e Governador Valadares ganhou muito por receber uma empresa que até então era realidade somente dos grandes centros. Nosso compromisso é dar melhores condições de vida aos animais, agradando assim tanto estes quanto seus proprietários.”

EDUCAÇÃO

PUC Minas oferece pós-graduação presencial em Governador Valadares O IEC PUC Minas oferece cursos de pós-graduação em Governador Valadares. As inscrições estão abertas até 21 de fevereiro pelo site http://www.pucminas.br/iec/2015-01/. As inscrições para a pós-graduação, efetuadas até dia 21 de janeiro, não terão taxa de inscrição. Depois dessa data, o valor é de R$ 40. A inscrição é gratuita para os cursos de PDP e Pós-MBA. Para o 1º semestre de 2015, a PUC Minas oferece, em parceria com o Colégio Ibituruna e OAB, em Governador Valadares, os cursos: Comunicação Estratégica; Contabilidade Tributária; Direito Civil Aplicado; Direito de Empresa; Gestão Contábil Eletrônica. Na modalidade Master, os cursos de MBA em Gestão Estratégica de Finanças e MBA em Gestão Estratégica de Marketing. A documentação dos cursos deve ser entregue apenas no Colégio Ibituruna. O IEC PUC Minas oferece desconto para os cursos de Master, especialização e Programa de Desenvolvimento Profissional (PDP) com início no 1º semestre de 2015. Os recém-formados da PUC Minas, que terminaram o curso no 2º semestre de 2014, têm desconto especial e os ex-alunos de pósgraduação da Universidade contam com 40% de desconto nas mensalidades.


POLÍTICA 5

FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de Janeiro de 2015

Notícias do Poder José Marcelo / De Brasília

Espancamento do projeto

O problema

O termo é um velho conhecido por todos os exministros e ex-assessores da presidente Dilma Rousseff, desde quando ela era ministra de Minas e Energia, no governo do ex-presidente Lula, e se tornou um tema recorrente na Esplanada dos Ministério, desde a última semana de dezembro. O nome foi dado porque é assim que os ministros sempre se sentiram toda vez que iriam apresentar um projeto à presidente. Ao tentar compreender as propostas e procurar brechas, a presidente Dilma sempre fez ataques ferrenhos às novas ideias, fez todo tipo de crítica, todo tipo de questionamento. Seria, como ela mesma definiu, uma forma de ver a ideia como imagina que a oposição faria

O problema, segundo um assessor das antigas, que se manteve na equipe da presidente, é que Dilma Rousseff precisa conquistar muito mais que a simpatia do eleitorado. Até dentro do PT a presidente sofreu desgastes. Principalmente na definição da nova equipe ministerial. Ao buscar para perto dela pessoas tão distintas, ela acabou ferindo os brios de petistas históricos, da área mais esquerdista, e adota uma postura mais próxima das bandeiras que o PT mais atacou. A mudança de regras no seguro desemprego e no acesso a benefícios trabalhistas é apenas um dos exemplos.

Espancamento do projeto 2

Mas antes de tentar limpar a barra com o PT, a presidente Dilma Rousseff vai dedicar todo o mês de janeiro a melhorar as relações com os parlamentares da chamada zona neutra, no Congresso. Tratam-se daqueles que pertencem aos partidos aliados, mas que ainda não se debandaram para o lado do peemedebista Eduardo Cunha, que o PT terá de engolir na presidência da Câmara. Ao mesmo tempo, a Casa Civil foi chamada a ajudar a secretaria de Relações Institucionais para, junto com o vice-presidente Michel Temer, garantir que Eduardo Cunha se comporte, no máximo, como desafeto e não como inimigo, na hora de escolher os projetos que serão colocados em pauta na Câmara.

Por causa da crise na Petrobrás e do desgaste que sofreu, principalmente no ano passado, a presidente Dilma começou o segundo mandato com olhos e ouvidos ainda mais abertos. E a nova equipe de ministros sabe disso. Tanto sabe que os novos já foram devidamente catequizados justamente para apresentarem apenas projetos que suportem o chamado espancamento. É que além de querer recuperar a imagem que sofreu desgastes, a presidente sabe que tem apenas três anos para limpar a imagem do PT, que tem projetos para a volta do ex-presidente Lula em 2018.

Uma coisa por vez

Vaidades tucanas A princípio era dado como certo que na oposição no Senado os holofotes seriam disputados inicialmente apenas pelos ex-candidatos a presidente José Serra e Aécio Neves, o que já causava um certo alvoroço antecipado nas conversas no Salão Azul do Congresso. Mas como quem não quer nada, que já está roubando a cena é Ronaldo Caiado (DEM-GO). Articulado, o parlamentar tem um trunfo para ocupar mais espaço na mídia e decidiu que vai abusar do artifício, a partir deste ano. Como é de Goiás, terá mais tempo de permanência em Brasília, estará mais à disposição dos jornalistas para entrevistas e para os trabalhos na Casa.

Além de Caiado Além de Caiado, no mesmo PSDB, um outro nome sempre rouba a cena e tanto Aécio Neves quanto José Serra, que estão de olho em 2018, sabem que precisam ofuscar um pouco a atuação do paranaense Álvaro Dias. Por muito tempo, o senador Álvaro Dias foi a única voz da oposição a se pronunciar contra o governo, mesmo quando a popularidade de Lula e Dilma estavam nas alturas. O registro ficou e agora os colegas de bancada terão de lidar com isso. José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.

MEIO AMBIENTE

Nível do Rio Doce volta a preocupar e SAAE alerta para necessidade de economizar água Da Redação Não é só São Paulo que tem sofrido com a seca deste ano na região Sudeste. Mesmo em Governador Valadares, que tem o rio em casa, com o aumento do calor e da demanda por água, o abastecimento tem sido motivo de preocupação. Na quarta-feira (7) o nível do Rio Doce chegou à marca de 1 cm negativo; na quinta-feira (8) estava em 12 cm positivos, mas, para se ter uma ideia, o normal para esta época do ano, seria a marca de 1m 80 a 3 metros. A falta de chuva tem sido a maior causa do baixo nível do Rio Doce que, em agosto do ano passado, chegou a 29 cm negativos, na medição do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), ou seja, abaixo da régua. Para evitar o desabastecimento, o SAAE tem se desdobrado em medidas e investimentos para driblar a seca e não deixar a água faltar. Têm sido feitas manobras, ou seja, revezamento na distribuição de água para os bairros. Nos próximos dias, o SAAE vai reforçar a captação. Foram adquiridas duas bombas submersivas que permitem captar água de áreas mais profundas do Rio. As bombas serão instaladas nas Estações de Tratamento de Água (ETA) Central e na do Vila Isa. O Diretor adjunto, Vilmar Rios, tem acompanhado o problema da seca e volta a pedir que a população economize: “Com o calor a demanda por água cresce muito e a falta de chuva tem deixado o nível do rio muito baixo. É preciso que a população se conscientize e adote as medidas de economia, para que não passemos por desabastecimento. Temos feito tudo o que é possível tecnicamente, mas não sabemos até quando vai a estiagem pouco comum nesta época”, alerta. Desde dezembro não chove em Governador Valadares. Céu azul e um forte calor tem sido o cenário que se vê, além do Rio Doce, cada vez mais seco

Diórgenes Lessa


METROPOLITANO 6

FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de Janeiro de 2015

Fotos de Marcos Imbrizi

As principais atrações turísticas estão na parte baixa da vila

Lugar de onde se vê o mar,

e muitas histórias

Localizada a cerca de 50 km da capital, a vila de Paranapiacaba, tombada como patrimônio pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), é um verdadeiro tesouro guardado em solo paulista Marcos Imbrizi / Especial

Santo André, no ABC Paulista, preserva, no alto da Serra do Mar, um importante patrimônio: a vila de Paranapiacaba. Localizada a cerca de 50 km da capital, a vila tombada como patrimônio pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) surgiu em 1860, com a instalação do acampamento dos trabalhadores da construção da primeira ferrovia do Estado de São Paulo, que ligaria o porto de Santos ao planalto. A ferrovia entrou em funcionamento em 1867, e representou um importante impulso na economia com o aumento do volume de café, até então transportado no lombo de burros numa viagem de vários dias do interior até o porto. O início da operação demandou a permanência de um número significativo de trabalhadores para manutenção e operação da ferrovia. A empresa responsável, a São Paulo Railway Company (SPR), decidiu então construir a vila para abrigar os trabalhadores. Com o aumento da demanda do transporte do café tornou necessária a construção de uma segunda linha, que entrou em operação no início dos anos de 1900, e a ampliação da vila.

A ferrovia entrou em funcionamento em 1867, e representou um importante impulso na economia com o aumento do volume de café, até então transportado no lombo de burros numa viagem de vários dias do interior até o porto.

Parque Nascentes abriga trilhas em meio à Mata Atlântica

A parte baixa da vila segue as características inglesas com construções em madeira. Ao mesmo tempo, do outro lado da linha férrea, na parte alta, estão a Igreja Católica e o comércio. Em 1946, com a fim da concessão, a ferrovia foi encampada pela União. A Rede Ferroviária Federal S. A. (RFFSA) assumiu a ferrovia em 1957. Aquisição da vila – Com a privatização da Rede Ferroviária, na década de 1990, Paranapiacaba entra em decadência. Para que este patrimônio não se perdesse, em 2002 a prefeitura de Santo André adquiriu a parte baixa junto ao governo federal e passa a investir no local, com a preocupação de cuidar do patrimônio histórico e ambiental. Outra preocupação é a geração de emprego e renda para os moradores locais. Para tanto, a prefeitura instalou uma estrutura para receber os visitantes, e incentiva a instalação de serviços de turismo, pousadas e restaurantes entre outros. O local passou a contar também com uma série de eventos que visam levar o público ao local. Os principais são os Festivais Gastronômicos do Cambuci, planta nativa da Mata Atlântica, em abril, e de Inverno, em julho, e que em 2015 chega à décima quinta edição.


HISTÓRIA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de Janeiro de 2015

A antiga casa do engenheiro chefe da ferrovia abriga o Museu Castelo

Construções inglesas, passeio de maria-fumaça e trilhas são atrações Paranapiacaba, que em tupi-guarani significa ‘lugar de onde se vê o mar’, mantém até hoje suas características inglesas, seja nas construções, seja na constante neblina que cobre o local. Uma das construções é a antiga residência do engenheiro-chefe da ferrovia. Erguida em 1897, a construção possui janelas que fornecem uma visão panorâmica do local e abriga atualmente o Museu Castelo, que preserva a história da ferrovia. Ingressos R$ 3. Os visitantes podem conhecer ainda o antigo Mercado, o Clube União Lyra-Serrano, uma das últimas construções inglesas, da década de 1930, espaço de lazer dos trabalhadores e que recebe atividades culturais até hoje. Outras atrações são o relógio da estação e o campo de futebol do Serrano Athletic Club, fundado em 1903. O passeio de maria-fumaça é outra atração para quem visita Paranapiacaba. A linha turística, operada pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), funciona nos fins de semana e feriados. O passeio custa R$ 5. Turismo ambiental – O Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba é uma unidade de conservação criada em 2003 para preservar os recursos naturais da Mata Atlântica do entorno da vila. Numa área de quatro milhões de m² encontram-se exemplares de cedros, bromélias e orquídeas e, sua fauna silvestre conta com beija-flores, picapaus e tangarás, entre outros. Outro atração local são as nascentes do Rio Grande, principal formador da represa Billings, e que dão o nome à unidade de conservação. O parque conta com seis trilhas que podem ser visitadas com o acompanhamento de monitores ambientais locais. De uma das trilhas, a do Mirante, por exemplo, em dias de sol é possível ver a Baixada Santista e o oceano Atlântico, confirmando a origem tupi-guarani do nome do local. O serviço custa a partir de R$ 12 por pessoa.

Expresso Turístico – A melhor forma de se chegar a Paranapiacaba é com o Expresso Turístico, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). As viagens acontecem aos domingos, com saída da estação da Luz, em São Paulo, às 8h30, parada na estação Celso Daniel – Santo André, às 9h30, e chegada à vila por volta das 10 horas. O retorno acontece às 16h30. Devido à grande procura pelo passeio é preciso comprar a passagem com antecedência. Os bilhetes custam R$ 34, para saída de São Paulo, e R$ 31 para embarque em Santo André. Nas duas opções, há desconto para até três acompanhantes. Mais informações sobre a vila podem ser obtidas no sítio da Prefeitura de Santo André.

PAC Cidades Históricas garante restauros da Vila Santo André foi uma das 44 cidades brasileiras contempladas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - Cidades Históricas do Governo Federal. Os recursos, no total de R$ 42,4 milhões, serão destinados à recuperação de imóveis na parte baixa da vila de Paranapiacaba. De acordo com o secretário de Paranapiacaba, Ricardo Di Giorgio, os projetos para a execução das obras estão em fase de licitação. Estão previstos os restauros do campo de futebol do Serrano Athletic Club, da garagem das locomotivas, que abrigará a estação definitiva do Expresso Turístico, e os galpões das oficinas de manutenção e do almoxarifado da ferrovia, além de um grupo de 242 imóveis. Com os recursos do Governo Federal será possível recuperar ainda a fachada da biblioteca e a sede da Associação Recreativa Lyra da Serra, fundada em 1903, e que abrigou um dos primeiros cinemas do Brasil, além de um imóvel incendiado na região do Hospital Velho. “Acreditamos que as obras comecem nos próximos meses e que possamos concluí-las num prazo de 36 meses”, finalizou o secretário.

Paranapiacaba, que em tupi-guarani significa ‘lugar de onde se vê o mar’, mantém até hoje suas características inglesas, seja nas construções, seja na constante neblina que cobre o local. Uma das construções é a antiga residência do engenheirochefe da ferrovia.

O Clube Lyra abriga atividades como o encontro de ferreomodelismo


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GERAL

Ombudsman

FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de Janeiro de 2015

SAÚDE Gina Pagú

José Carlos Aragão

Ratos e homens Quem viveu os chamados “anos de chumbo” sabe o quanto custaria a um cidadão qualquer levantar a voz para fazer uma crítica pública aos governos daquela época. Entrar para o rol de presos, torturados, desaparecidos ou mortos era o mínimo. Aquilo, sim, era uma ditadura. Hoje, vivemos numa democracia. Ninguém mais é preso por falar mal do governo. Qualquer um diz o que quer nas redes sociais, universalmente acessíveis. Se preferir, pode também publicar suas opiniões e ideias em jornais, revistas, livros. Pode também ir à rua, subir num caixote e fazer protesto, discurso, manifestação. Esse é um comparativo aparentemente simplista de dois momentos da nossa história recente. Mas pode até não ser bem assim: afinal, essa é a minha opinião, que certamente conflitará com muitas outras. Os mais jovens, principalmente, não concordarão com esse meu ponto de vista, porque muitos costumam ir às ruas protestar contra o governo, contra o sistema, contra a Copa ou contra a Rede Globo e acabam entrando em confronto com a polícia, que lhes desce o cacete sem dó. Aí, reclamam da repressão, do aparato das forças de segurança e da truculência de seus agentes. “Cadê a democracia?” – queixam-se. A resposta é simples: a democracia está no estado de direito, onde há leis que devem ser iguais para todos e respeitadas por todos. Leis são limites que impomos a nós mesmos – criadas e aprovadas por representantes que elegemos por voto livre e secreto a cada dois anos – e que nos permite viver em sociedade. Nossos representantes não honram os mandatos que lhes concedemos? A culpa não é da democracia: é dos nossos representantes eleitos e de nós mesmos, que os elegemos e reelegemos. Graças à democracia, à lei e ao estado de direito, temos o direito de ir às ruas e protestar. Mas não temos, por exemplo, o direito de queimar ônibus, depredar bancos e concessionárias de automóveis ou destruir o patrimônio público e privado. A lei nos impede isso – ressalto - sem restringir o nosso direito de manifestação, de reunião, de expressão. Diferentemente do que muitos pensam injustiça social, corrupção endêmica ou crise econômica não significam que não vivemos em um país democrático. Ao contrário, por sermos uma democracia é que podemos discutir isso abertamente. Somos cidadãos livres – e isso não tem preço. Podemos nos indignar, reagir, propor caminhos e soluções. Há quarenta, cinquenta anos - pelos riscos que listei acima, no primeiro parágrafo - seria, então, compreensível e justificável que vários críticos do regime escondessem seus rostos e identidades e se abrigassem na clandestinidade urbana, sob pseudônimos artísticos que engabelavam os censores de plantão, ou atrás da coronha de toscos fuzis nas selvas do Araguaia. Hoje, não. Não precisamos nos intimidar. Não somos mais reféns do medo. Ou não devemos mais sê-lo. Afinal, o que somos: ratos ou homens? ASSINO EMBAIXO Eu também não concordo com um salário de mais 34 mil reais que os deputados federais aprovaram para si próprios, no apagar das luzes da última legislatura. Uma prática vil, vergonhosa, infame, indigna, reprovável, canalha, baixa, desprezível, abjeta e que se repete em quase todas as câmaras e assembleias do país (até pelo efeito cascata que provoca), em fim de legislatura. Por isso, eu também poderia afixar uma faixa de protesto em praça pública ou sair pelas ruas numa Kombi falante anunciando a minha discordância e repúdio (e poderia ser punido por violar o código de posturas, não por protestar). Só que eu não assinaria o protesto em nome do “povo”, como o fez um manifestante não identificado, segundo nota publicada no Figueira da semana passada. Esse tipo de “assinatura”, a meu ver, não passa de uma forma anacrônica, medrosa e injustificável de anonimato. Além disso, eu, como integrante do “povo”, não fui consultado a respeito e nem passei procuração para que ninguém me representasse nesse episódio. Então, reafirmo: eu, José Carlos Aragão, não concordo. FATO Os memes não estão apenas pautando o noticiário de jornais. Memes também são o próprio texto, a própria ilustração e, muitas vezes, a própria notícia. Paciência...

José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com

A nutricionista Katyele Nunes disse que uma dieta feita de forma disciplinada evita os males causados pelo glúten e lactose

Glúten e lactose, os vilões do momento Gina Pagú / Repórter Uma das palavras mais ditas em termos de dieta nos últimos anos foram glúten e lactose. Algumas pessoas excluem o glúten da alimentação, com o propósito de perder peso. Outras abrem mão do consumo de lactose que está no leite e derivados. Mas existem pessoas que tem esses alimentos como verdadeiros vilões da saúde. Esse grupo pode ter intolerância a lactose, produzida no intestino delgado, que tem a finalidade de decompor o açúcar do leite em carboidratos, para a sua melhor absorção. Ou a doença celíaca, que é uma doença autoimune desencadeada pela ingestão de cereais que contêm glúten por indivíduos geneticamente predispostos. Além do consumo do glúten e da suscetibilidade genética, é também necessária a presença de fatores imunológicos e ambientais para que a doença se expresse. O glúten está presente em alimentos que contém farinha de trigo, a cevada e centeio, como: pão, torrada, bolacha, biscoito, massas, bolos, cerveja, pizza, salgadinhos, cachorro quente, hambúrguer, Gérmen de trigo, triguilho, sêmola de trigo, queijos, ketchup, maionese, shoyo, salsicha, temperos industrializados, cereais, barrinha de cereais, xaropes e alguns remédios. Enquanto a lactose é encontrada em leite e derivados. Algumas pessoas são geneticamente predispostas ou intolerantes a estes componentes. No entanto alguns indivíduos podem ter uma dessas doenças advindas de outras patologias. Sintomas Segundo a nutricionista Katyelle Nunes, muitos pacientes confundem essas doenças e os sintomas. “Os sintomas gastrointestinais das duas doenças são parecidos, e o paciente pode acabar confundindo as duas patologias, por isso é necessário consultar um médico. Que irá solicitar exames bioquímicos

para ter um diagnóstico correto, indicando o melhor tratamento.” Katyelle explica que alguns indivíduos podem sentir dor abdominal, náuseas, desconforto, diarreia e gases. “Em geral, tais sintomas são percebidos como um simples mal-estar, típico de estômago sensível. Devese observar se quando sentem esses sintomas depois de ingerirem os alimentos supracitados, a fim de buscar orientarão médica e nutricional.” A dieta dos que possuem a doença celíaca ou a intolerância a lactose começa pela restrição de alimentos que contém essas substâncias. Katyelle explica que a adaptação a nova dieta pode ser complicada, mas não é impossível. “Hoje no mercado existem uma enorme variedade de produtos específicos para esse grupo de indivíduos, inclusive é obrigatório pela Anvisa que todos os produtos tenham na rotulagem se contém ou não glúten ou lactose. “É uma fase difícil para o paciente, mas nada é impossível, o ser humano é adaptável, porém, devem ter ajuda profissional de um nutricionista para indicar o melhor alimento isento de tais itens, o que garantirá uma melhor qualidade de vida.”

Algumas pessoas excluem o glúten da alimentação, com o propósito de perder peso. Outras abrem mão do consumo de lactose que está no leite e derivados. Mas existem pessoas que tem esses alimentos como verdadeiros vilões da saúde. Esse grupo pode ter intolerância a lactose, produzida no intestino delgado, que tem a finalidade de decompor o açúcar do leite em carboidratos, para a sua melhor absorção.

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METROPOLITANO 9

FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de Janeiro de 2015

Hospital Regional ficará pronto em 2015 Hospital vai atender a uma população de 1,5 milhão de pessoas, dos 86 municípios da macrorregião leste de saúde de Governador Valadares e Vale do Aço Frederico Bussinger / Agência Minas

Gina Pagú / Repórter

O Hospital Regional de Governador Valadares, obra com investimento do Governo de Minas, deve ficar pronto até dezembro de 2015. Serão R$ 83,2 milhões gastos na construção e R$ 40 milhões alocados em aparelhamento do hospital. O novo Hospital, que está sendo construído à margem da BR 116, no entroncamento dom a BR 259, integrará a Rede de Urgência e Emergência da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e terá capacidade para 250 leitos, sendo 40 de UTI, e um Heliponto para atender demandas de média e alta complexidade. Será atendida uma população de 1,5 milhão de pessoas, dos 86 municípios da macrorregião leste de saúde de Governador Valadares, Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo. A obra está sendo executada pelo Consórcio Socienge-Engeform, empregando 280 trabalhadores. O projeto de construção foi projetado com iluminação e ventilação natural, contará com jardins entre os blocos, dentro dos quesitos de arquitetura bioclimática. Além do uso de energia solar, reaproveitamento da água da chuva e o tratamento da água antes do descarte. O novo Hospital sediará o Samu Regional, que integrará a Rede de Urgência e Emergência da cidade e região, com 50 ambulâncias disponíveis. O investimento em saúde, feito pelo Estado, pretende desafogar o Hospital Municipal, que continuará em funcionamento, atendendo as demandas de Valadares, como urgência e emergência. Para prefeita Elisa Costa, o novo Hospital será uma importante unidade para consolidar Governador Valadares como um polo de saúde. “O Hospital Regional será fundamentado para o atendimento de saúde na nossa região, já que o Hospital Municipal atende 85 municípios. Esse novo Hospital, se somado à Unidade de Pronto Atendimento 24 horas (UPA), que será inaugurada na região do bairro Vila Isa, e a toda a nossa rede de Atenção Básica que tem sido reforçada e expandida o que, inclusive, já desafogou o atendimento Hospital Municipal em 30%, mostra mais um passo para a uma saúde de qualidade da região.” De acordo com a Prefeita, hoje Valadares já ultrapassou a meta de cobertura das Estratégias Saúde da Família (ESFs) preconizada pelo Ministério da Saúde atingindo 73,88% da população. E o Novo Hospital Regional só vem para contribuir com a qualidade na saúde de Valadares. “Hoje Valadares ultrapassou a meta de cobertura o Hospital Municipal que já é Hospital Escola e se transformará em um Hospital Federal. Confio no compromisso já firmado pelo governador

As obras do Hospital Regional, que está sendo construído em Governador Valadares, estão dentro do cronograma e devem ser concluídas neste ano

Fernando Pimentel de concluir o novo Hospital para que possamos implementar um consórcio de municípios, que garantirá o seu custeio e um atendimento qualificado para Valadares e região.” A superintendente Regional de Saúde de Governador Valadares, Sheila Aparecida Ribeiro Furbino, explica que o Hospital Regional permitirá o acesso mais fácil à saúde dos pacientes das cidades vizinhas. “A SES-MG vem estruturando as redes de atenção à saúde, utilizando parâmetros como

Direitos Humanos Flávio Fróes

Por uma cultura de paz Pessoas razoavelmente informadas sobre o que se passa a sua volta hão de ter percebido, nesses últimos anos, um incremento nos indicadores sociais relacionados à violência no País e no mundo. Não apenas levando em conta fatos que, de certo tempo a esta parte, passaram a formar a sinistra rotina de cônjuges a se matarem, de filhos a assassinarem os pais, de irmãos e irmãs a se exterminarem, de familiares de variados graus abusarem de crianças e adolescentes – o rol de delitos e seus protagonistas não cessam. Surpreende também que a ocorrência de fatos violentos apareça em crescimento constante em todas as faixas etárias consideradas e em numerosas categorias sociais. Talvez a ilustração mais clara (não a melhor!) dessa época de violência seja a da garota de seis anos que esfaqueou o ex-companheiro da mãe quando este, embriagado, mais uma vez, agredia a infeliz mulher, num município vizinho, há duas semanas. Esse quadro, especialmente surrealista, mostra tudo fora de foco e de lugar: a criança, o agressor/ agredido, a mãe e a família. Atos de violência, contudo, não brotam do solo, de uma hora para outra. São, na verdade, resultados concretos da opção de alguém que nega a outros o respeito aos direitos que a Lei lhes garante. Violência é, em síntese, desrespeito. Seja desrespeito à vida, à saúde, à integridade física, à liberdade, à dignidade, aos valores do outro, toda violência provém do desrespeito aos direitos de alguém. Em se tratando especificamente de criança e adolescente que, por sua própria conduta, por rompimento de laços familiares, por ação ou omissão da sociedade e do Estado, expõem-se aos riscos de violência, a Lei nº 8069/90 – Estatuto da

Criança e do Adolescente estabelece a aplicação de medidas de proteção. O objetivo do legislador, em tais casos, é manter crianças e adolescentes em ambiente social de respeito. A Lei supõe, para eficácia das medidas protetivas que enumera em seu artigo 101, a pronta e indispensável colaboração das comunidades e do Estado. A legislação brasileira visa, além do mais, estender, a outros segmentos populacionais em situação de risco pessoal e social, os benefícios proporcionados por mecanismos de compensação já utilizados por pessoas idosas e portadoras de necessidades especiais, por exemplo. Há, porém, quem pense e aja de modo diferente. Há quem eleja a violência como prática normal de vida. Alguns indivíduos, aliás, apreciariam enormemente se, no lugar de “Ordem e Progresso” do desenho positivista da bandeira da República, estivesse algo como “Terra dos Homens Sem Lei”... São os que matam e morrem nas ruas e nas estradas por desobedecerem deliberadamente às regras de circulação enumeradas no Código de Trânsito Brasileiro. São os que infernizam a vida dos concidadãos pacatos com a estridência e o volume alto dos sons de suas máquinas a romperem o acolhedor silêncio das madrugadas feitas para o sono e o repouso de quem trabalha e estuda... Enfim, as variadas formas de comportamento social e de participação comunitária integram a cultura do País. Resta aguardar que nas próximas gerações os traços culturais da violência cedam lugar à cultura da paz e da solidariedade.

Flávio Fróes Oliveira é filósofo e estudioso dos direitos das crianças e adolescentes.

população definida, pontos de atenção e organização das redes para resposta às condições crônicas, que são responsabilidade da atenção primária, e resposta às condições agudas, que deve ter como premissas o paciente certo, no local mais adequado e no tempo certo. O Hospital Regional é um dos componentes dessa Rede de Urgência e emergência que irá permitir acesso e atendimento às populações das regiões ampliada de Saúde, garantindo a resposta na redução da mortalidade e sequelas em caso de atendimentos de urgência”.

Crônica Gina Pagú

Esse corpo não é meu Essa semana uma imagem não saiu da minha cabeça, da apresentadora Andresa Urach, com a sua cirurgia da retirada de hidrogel das pernas. Depois de usar a plástica para transformar o corpo em uma bela mulher torneada, e fazer sucesso com o seu violão, se expor bastante, ela hoje é uma menina dodói. Não estou condenando que ela ganhe dinheiro com o próprio corpo, afinal cada um o ganha como quer. Sei que hoje a noção de arte na televisão mudou. Mas o que me incomodou foi expor as feridas, literalmente. Porque razão ela precisou se colocar tão fragilizada para virar notícia internacional? Com boa ou má interpretação, ela conseguiu sair das fronteiras brasileiras. O que dizer das meninas que querem ser Barbies humanas, e os meninos-Kens? Nada, só se assustar cada dia mais. Ou as pessoas não querem mais viver a vida real ou elas querem aparecer de qualquer jeito, nem que isso lhes custe a vida. As bizarrices passam pelas possibilidades dos indivíduos se parecerem com super-heróis, atrizes famosas, ter um peitão (grande mesmo, com cerca de 3 litros de silicone em cada mama), ou qualquer personagem que queiram. O que me surpreende é pensar que ninguém quer a própria feiura, mas queremos a superficialidade de ser outra pessoa, ao menos por fora. Por mais que isso pareça coisa de gente maluca, por trás dessas transformações existem pessoas que sofrem, amam, tem família. Tal sentimento os leva a fugir de si mesmos? Dos próprios corpos que depois de tantas modificações perdem a originalidade, ou melhor, perdem o que eram verdadeiramente? Eu que um dia pensei em fazer uma cirurgia mínima de modificação no meu corpo, repensarei muitas vezes, afinal lá no futuro serei eu? Ou será a projeção do que eu quero ser baseado nos absurdos padrões de cor, formas, sexo, tamanhos que cada um deve ter? Quero ser bonita para mim, quero nunca perder minha capacidade de gostar de quem eu sou. Por pouco a Andressa não perdeu a vida, mas outros atores ou pessoas comuns já se foram nessa falsa ilusão da estética da nossa geração.


CORRESPONDENTES 10

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SOMOS TODOS CHARLIE Diórgenes Lessa

Capas com o humor ácido do Charlie Hebdo O Papa, Jesus Cristo, Rabinos, líderes mundiais e celebridades eram personagens das charges e capas do semanário. Confira.

O Charlie Hebdo na redação do Figueira E não é que num belo dia os Correios deixaram lá em casa um envelope vindo da França. Surpreso, fui logo abrindo. Dentro do envelope, um exemplar do semanário Charlie Hebdo e outro da revista Le Canard. As duas publicações são humorísticas. Quem me enviou foi a dentista Elizena Rogier, formada na antiga FOG/Univale, e companheira de luta no Diretório Acadêmico da FOG/FAFI. Elizena mora na França há quase 30 anos. Assinante do Charlie Hebdo e da Le Canard, ela escreveu no bilhete que veio dentro do envelope, que todas as vezes que lia as duas publicações se lembrava de mim e das minhas charges. E até me convidou pra

trabalhar no Charlie Hebdo. Guardei os exemplares, muito bem guardados. Na quarta-feira tive de desentocar o Charlie Hebdo, depois do atentado à redação deste jornal, que matou 12 pessoas, dentre estas, quatro chargistas. Era previsível que a chacina acontecesse. Os profissionais do Charlie Hebdo já estavam jurados de morte há anos. Nada justifica os assassinatos. Ficamos todos tristes e hoje levantamos, juntos com os franceses, o cartazete “Eu sou Charlie”, ou “Somos todos Charlie”. E somos. Seremos. Triste memória na redação do Figueira, o exemplar do Charlie Hebdo é parte do nosso acervo. (Tim Filho, chargista)

Michael Jackson, enfim, branco. Capa sobre a morte de MJ

Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo

O café e o leite Se um dia São Paulo e Minas Gerais fizeram uma aliança que entrou para a história como a política do ‘Café com Leite’, que governou o Brasil no início da República, a posse dos novos governadores destes estados mostra caminhos distintos a serem trilhados nos próximos anos. Alckmin em São Paulo - Por uma lado, São Paulo, que na última sexta-feira deu posse ao governador Geraldo Alckmin. Muitos de seus seguidores e eleitores durante a eleição pregavam a necessidade da alternância do poder. ‘É um absurdo o PT permanecer na presidência por mais um mandato no poder’, diziam os incautos. Era um absurdo o partido do presidente Lula, que governa o País há 12 anos, permanecer mais quatro anos no poder. O mesmo, no entanto, não era lembrado para o candidato ao governo paulista. Assim, em 2015 o PSDB comemora 20 anos de permanência no Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo paulista. E Geraldo Alckmin assume o poder pela quarta vez. Sim, ao final deste mandato serão 17 anos frente ao governo paulista (vice de Mario Covas, Alckmin assumiu o governo em 2001, depois da morte do então governador). Mesmo estando no poder há tanto tempo, o governador enfrentará uma série de problemas em áreas como a segurança(o número de roubos aumenta há mais de um ano, há um déficit de efetivo nas polícias civil e militar),do transporte público (Alckmin não entregará em tempo as obras de expansão do metrô e trens), e do abastecimento e água. Pesa contra os governos tucanos paulistas, por exemplo, o caso do cartel dos trens. Segundo reportagem do jornal Metro, a Polícia Federal indiciou 33 pessoas por corrupção, cartel, crime licitatório e evasão de divisas. Estimase que o esquema gerou um rombo de R$ 834 milhões

Juca Ferreira assume o Ministério da Cultura nesta segunda-feira A ministra da Cultura interina, Ana Cristina Wanzeler, fará nesta segunda-feira (12) a transmissão do cargo ao novo titular da pasta, Juca Ferreira. A solenidade será no Teatro Funarte Plínio Marcos, às 10h30. Juca Ferreira ocupou, nos últimos dois anos, o cargo de secretário municipal de Cultura de São Paulo. Antes, ele havia sido ministro da Cultura, de julho de 2008 a dezembro de 2010, no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

EBC

ao estado. Com esta bagagem, em sua posse o novo governador criticou o governo federal e apresentou-se como líder da oposição. Pimentel em Minas– Por outro lado Fernando Pimentel, o novo governador de Minas Gerais, herda um estado governado por 12 anos pelos tucanos. Pelo que temos acompanhado pela imprensa, uma herança um tanto indigesta. Em sua posse ele lembrou um dos motes de sua campanha ‘Minas Gerais não tem dono, não tem rei, não tem imperador’’, num recado claro a Aécio Neves. Anunciou que pretende fazer um levantamento da situação do Estado e reafirmou os compromissos de campanha. Como informou o ‘Figueira’ da última semana. Pimentel pretende governar com a participação popular e implementar melhorias em áreas como a segurança, saúde, educação, infraestrutura e desenvolvimento. Pretende manter um diálogo constate também com o funcionalismo público estadual, bem como os prefeitos mineiros. O novo governador deve contar ainda com o apoio da companheira de militância e presidenta Dilma Rousseff e do Governo Federal em parcerias que tragam série de benefícios à população mineira. E estas parcerias parecem já ter se iniciado. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por exemplo, anunciou nesta semana o investimento de R$ 650 milhões para a ampliação da capacidade de produção da fábrica da Fiat no município de Betim.

Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

Vitória a Minas Vinícius Quintino /De Vitória

Farofa caviar Ah, o verão! O sol, a praia, o mar... a churrasqueira, o frango assado, aquela farofinha de miúdos. Dizem que o verão é a estação da perdição. Por aqui ele é mais conhecido como “estação da farofada”. Mal chegou o verão e os “farofeiros” já tomaram conta das praias do Espírito Santo. De um canto a outro do Estado, faça chuva ou faça sol, eles estão sempre lá – sob o sol que, segundo o dito, nasce para todos. Nessa modalidade veranil de luta de classes, não faltaram prefeituras que tentam dificultar o acesso do turismo popular. Para o Prefeito de Guarapari, por exemplo, turista pobre deve ser combatido: medidas como aumento no preço do transporte e limitação no número de pessoas por casa de veraneio serão implementadas para dificultar o acesso do turista de baixa renda às praias do balneário. Segundo o radialista mineiro Paulo Leite, a cidade, agora conhecida como GuaraPARIS, contará com algumas novidades em 2015: a Praia do Morro passará a se chamar Praia Alphaville, pois morro lembra favela. A tradicional banana-boat será substituída pelo damasco-boat, uma fruta mais requintada. Escutar funk, sertanejo ou pagode nas praias da cidade passará a ser crime hediondo, apenas a música erudita estará liberada. Ficará proibida a comercialização de queijinho coalho na praça, somente o queijo Roquefort será permitido. E para selecionar melhor os mineiros que frequentam o balneário, a prefeitura implementará o visto de Turismo, os mineiros terão que passar por uma entrevista no consulado geral de Guarapari antes de viajar. Mas quem nunca “farofou” à beira-mar que atire a primeira pedra. E, diga-se de passagem, a nobreza capixaba frequentadora da praia da Bacutia. Com apenas 400 metros de extensão, a Bacutia recebe hoje a maior concentração Neofarofeiros por metro quadrado no Espírito Santo. E não existe diferença alguma dos demais, a não ser no tipo de farofa que carregam e a música que toca, a cada meio metro, nas caixas de som levadas à praia. De fato, não lhes restou outra saída: ou faziam as pazes com velho e bom isopor ou cediam à exploração dos ambulantes locais, que, nessa época do ano, chegam a cobrar de 5 a 10 vezes o preço médio dos produtos vendidos em outras praias. Hoje, o conceito de “farofice” mudou. Os farofeiros estão em todas as classes sociais. Engraçado é que na “farofa de caviar” ninguém se atreve a por a mão. Em verdade, por mais que tentem enxotar os farofeiros da praia, ela sempre será do povo e dela o povo sabe bem como desfrutar. Seria então a farofa a precursora da igualdade social? É, pois como diria Osman Lins: “só existem no Brasil, meu amigo, duas coisas verdadeiramente democráticas: a praia e a literatura. Estão sempre abertas a quem chega e ninguém paga entrada”.

Vinícius Quintino é funcionário público federal


CULTURA E ESPORTE 11

FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de Janeiro de 2015

Educação João Bosco

Quando o pai é quem manda A participação dos pais em colegiados é fator democrático e pode contribuir muito para que o trabalho família/comunidade/escola seja produtivo e bom para todos, porém há de se analisar que pais, normalmente, não conhecem teorias educacionais e metodologias de ensino. Pais, principalmente os que colocam seus filhos em escolas particulares, querem resultados. Buscar resultados é satisfatório, mas qual é o método que os pais usam para analisar se o resultado de uma escola foi bom ou ruim? Muitas vezes os parâmetros são as propagandas das próprias escolas apontando resultados do ENEM e vestibulares de medicina, principalmente. Nas escolas públicas os pais são convidados a verem os resultados da escola e suas estatísticas em relação à macro e à microrregião. Isso é importante na construção de uma responsabilidade coletiva pela educação. Em algumas escolas particulares, muitas vezes se faz uma seleção para dar uma bolsa de estudos ao aluno que provavelmente passaria em medicina até se estudasse sozinho e aí, lógico, tem-se material assegurado para o próximo outdoor. Uma escola não pode sucumbir da prática social. Artigo 1º § 2º. da LDB - A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. Na Seção IV, da mesma lei, tratando do Ensino Médio a abordagem se torna mais específica, o ensino médio terá como finalidade o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.

Obama conquistando o voto branco nos Estados Unidos Eleição do novo Papa foi fraudada e Jesus Cristo pede ser descrucificado para votar também. Na outra capa, todos estão de saco cheio de reunião de pais, com Deus fora da escola.

BRAVA GENTE

Entre cantos e contos Rosi Santiago / Especial Amanda Dumont é turismóloga especializada em Gestão Cultural e do Patrimônio Histórico. Possui formação artística cultural por meio de cursos e oficinas livres, com destaque para a Summer School (Clown) da École Philippe Gaulier (França). Também é contadora de histórias e cantora. Daniele Pinho é pedagoga, especializada em pscicopedagogia e artes visuais. Possui formação artística por meio de oficinas e cursos livres de música, teatro e clown. Violinista, guitarrista, contadora de histórias, arranjo vocal. Juntas, elas criaram o espetáculo “Entre Cantos e Contos”, uma balada musical recheada de histórias, brincadeiras e poesias. O trabalho nasce de uma inquietação em relação à cultura de massa, sobretudo a musical, que segundo elas, tem influenciado negativamente às novas gerações. Acreditam que esta cultura tem induzindo práticas que violam os direitos das crianças e adolescentes e que contribui para o processo de esquecimento e desvalorização da cultura musical popular infantil, assim como das brincadeiras e atividades educativas.

Entre Cantos e Contos é um musical que perpassa livremente pelo universo da cultura popular infantil sem desconsiderar a contemporaneidade. A teatralidade do trabalho é costurada por meio da releitura de cantigas de rodas, contação de histórias, manuseio de objetos, brincadeiras e versos folclóricos como trava-línguas, parlendas e adivinhas. O espetáculo leva o público a se divertir e emocionar com duas “amigas brincantes” que chegam de trem trazendo numa mala uma porção de sonoridades, surpresas e curiosos objetos. Entre cantigas e histórias, vão desvendando os mistérios da mala e construindo uma narrativa embalada pelos imaginários da cultura popular infantil. A arte comprometida de Amanda e Dani leva a alegria e resgata valores sociais. Juntas, se dedicam a uma apresentação que movimenta a criatividade através dos saberes populares, criando uma forma divertida de viajar no universo infantil. Contatos: (33) 8858-9104 / 3021-0627 email: mendadumont@hotmail.com. Arquivo Pessoal

Daniele e Amanda durante apresentação na periferia de Valadares. Elas levam alegria para a criançada, com música e contação de histórias

O ENEM deveria ser consequência e não o principal foco do projeto pedagógico. Mas vivemos em tempos de mercado e o pai compra o produto que quer. Ele é quem dita a mensagem da TV.

Assim, além de aprovação em um concurso é importante pensar no tipo de profissional que a escola está mandando ao mercado e, mais do que ao mercado, à sociedade. Não basta dar balas para os órfãos em outubro ou xampus para os idosos em dezembro, essas ações devem extrapolar o ato em si e pousar sobre o que Paulo Freire chama de Pedagogia do Oprimido e que tão logo, na abertura desse livro, dedica: aos esfarrapados do mundo e aos que neles se descobrem e, assim descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles lutam. O ENEM deveria ser consequência e não o principal foco do projeto pedagógico. Mas vivemos em tempos de mercado e o pai compra o produto que quer. Ele é quem dita a mensagem da TV. Uma avaliação com questões anteriores de vestibulares não deveria ser mais importante do que um debate em uma aula de filosofia. Mas sem uma boa nota no concurso não adianta filosofar, não é mesmo? Atribui-se ao pensador Confúcio a ideia de que o homem sem constância não pode ser consolador nem médico. Boa frase para se discutir antes de uma visita a um hospital. O que fazer? Aceitar a realidade, repintar um projeto com a cara de novos professores de antigas escolas ou convidar a sociedade para um debate e falar: talvez seu filho não passe no primeiro concurso que tentar, mas é autônomo o suficiente para vencer eticamente, na vida, em qualquer lugar. Lembro-me de uma escola em GV possuidora de uma metodologia inspirada no sociointeracionismo. Seus alunos eram diferentes. Lembro-me deles nos ônibus dando lugar a outras pessoas. Vi uma vez um garoto chorando porque não havia descido no centro e o ônibus estava já na JK em retorno para o bairro de origem. Um aluno dessa escola se levantou e se ofereceu para pagar sua passagem para que voltasse e fizesse a incumbência que o pai lhe havia dado. Enquanto os adultos estavam pensando, ele foi autônomo e rápido. Desprovido de interesses pessoais, queria apenas resolver uma situação. Para ele não era uma situação envolvendo terceiros, porque para o cidadão capaz de exercer cidadania a fila deve ser iniciada por aquele que está precisando mais. Terceiros somos nós quando estamos em posição de interferir. O outro deve ser sempre o primeiro. Ou, melhor, cidadania é a não existência de terceiros, tudo e todos somos nós. Acompanhando de longe, acredito que a escola desistiu, pelo menos em parte, de seu projeto. Quando o mercado dita a norma e a escola quer fazer tudo para sobreviver, a formação humana perde e a produção de provas, em série, aparece. Muito pior do que deixar a educação seguir as diretrizes do mercado no ensino médio e fazê-lo na pré-escola ou no início do ensino fundamental. Alfabetizar crianças aos quatro e cinco anos é tirar delas importantes oportunidades lúdicas e de convívio social. Algumas crianças apresentam interesse pelas letras nessa época, isso não é problema desde que não sintam isso como obrigação. Deixar a criança ser criança deve ser o princípio educativo da escola. Alfabetização exige determinado autocontrole que não deve ser cobrado de uma criança de quatro ou cinco anos. Dessa forma, o pai manda, o mercado obedece e a educação padece. João Bosco Pereira Alves é graduado em Letras, diretor do Polo da UAB - Universidade Aberta do Brasil e membro da Academia Valadarense de Letras.


ESPORTES

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FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de Janeiro de 2015

Histórias que a bola não conta Hadson Santiago

Metálicas, a alma do Mamudão Em 1981, o presidente do EC Democrata, Almir Vargas, demonstrou ousadia e visão de futuro ao concluir as obras das arquibancadas metálicas do Estádio José Mammoud Abbas. O conhecido “campo do Democrata” ganhou ares de uma cancha imponente e surgia ali, na nova estrutura, o local predileto da torcida democratense, um verdadeiro caldeirão de incentivo, emoção e amor à Pantera. O terreno da Rua Oswaldo Cruz foi cedido ao EC Democrata em 1949, através de decreto do então prefeito Dilermando Rodrigues de Melo. No final de 1963, sob a administração do presidente José Mammoud Abbas, foi inaugurado o Estádio Magalhães Pinto, composto por dois setores de arquibancadas de cimento e um setor de cadeiras numeradas, todos do lado da Rua Oswaldo Cruz. Do lado da Rua Francisco Sales, havia um generoso espaço entre o alambrado e o muro do estádio. Na inauguração do sistema de iluminação, em 1976, por exemplo, foram instaladas ali, provisoriamente, umas arquibancadas de madeira para que a capacidade do estádio fosse aumentada e um maior número de pessoas pudesse acompanhar a partida entre Cruzeiro x América-RJ. Após o evento, tais arquibancadas foram desmontadas. Até o campo de malha, localizado entre o alambrado e o muro, do lado da Rua Sete de Setembro, já serviu de “arquibancada”. Sim, os torcedores subiam no telhado para acompanhar os jogos. Numa partida entre Democrata x Cruzeiro, pelo Campeonato Mineiro, a estrutura não suportou e veio ao chão, com vários torcedores sofrendo lesões. Era necessário ampliar o estádio. As famosas arquibancadas de estrutura metálica e assento de madeira, semelhantes às de Marechal Hermes, campo do BotafogoRJ, foram erguidas onde em outrora eram montadas as arquibancadas provisórias. De frente para as cabines de rádio e, nos jogos vespertinos, cara a cara com o sol! Mas, tudo bem, nada que um bonezinho não desse jeito... Com a mudança do nome, o agora Estádio José Mammoud Abbas, o Mamudão, tornava-se um dos melhores do interior mineiro. Para a inauguração, em maio de 1981, foi realizado um triangular histórico, o Torneio João Havelange, com as participações do anfitrião Democrata e dos cariocas Vasco e Flamengo. Vascaínos e rubro-negros vieram com suas equipes principais, salvo os jogadores que estavam com a Seleção Brasileira excursionando pela Europa, como Zico, Júnior e Roberto Dinamite. Até o homenageado do torneio, o então presidente da FIFA João Havelange, esteve presente na terra de Serra Lima. Foi recebido com honrarias. Naquela época não pesavam sobre ele as denúncias de corrupção... O pacote de ingressos para os três jogos estava salgado, mas valia a pena gastar um pouquinho mais. Eu, um adolescente de 14 anos, estava doido para colocar os pés nas arquibancadas metálicas, mas meu pai, mineiro desconfiado lá do norte das Gerais, disse não. Assis-

Arquivo Democrata

A construção das arquibancadas metálicas, no lado oposto das cabines de rádio. As metálicas abrigam os fanáticos torcedores da Pantera

tiríamos aos jogos das velhas arquibancadas de cimento. Era melhor esperar para ver. Tudo bem! O torneio duraria uma semana. Foi uma festa para a meninada que não tirava o pé da porta do hotel em busca de autógrafos. Fotografia era luxo naquela época. Confesso que, até hoje, tenho guardado, nos meus alfarrábios, os autógrafos dos jogadores de Democrata, Flamengo e Vasco. Não vendo, não empresto e não dou (risos). No dia 10/05/1981, domingo, Democrata e Flamengo fizeram um grande jogo e empataram por 2x2. Para que houvesse um vencedor, foi necessária uma disputa de pênaltis. A Pantera levou a melhor. Baroninho, ponta-esquerda do Flamengo, perdeu um pênalti, isolando a bola. A pelota foi parar fora do estádio, naquele posto de gasolina que havia na Rua Afonso Pena. Na quarta-feira, aproveitando a folga na competição, o Flamengo foi fazer um amistoso lá em Carlos Chagas, para delírio da torcida da região. O rubro-negro carioca venceu o folclórico EC Borroló por 2x0. Enquanto isso, em Governador Valadares, Democrata e Vasco fizeram um jogão, o melhor do torneio. Apesar da garra democratense, o Vasco levou a melhor e venceu por 3x2. No domingo, 17/05/1981, um simples empate

garantiria aos cruzmaltinos o título do torneio. Outro grande duelo e vitória do Vasco sobre o Flamengo por 1x0. Vasco da Gama campeão do Torneio João Havelange. É interessante notar que tal conquista é motivo de orgulho para os vascaínos. Está presente na história do clube. Uma rápida pesquisa em almanaques ou sites comprova isso. Depois da inauguração, pude assistir aos jogos da Pantera nas metálicas. E elas se transformaram no local preferido do torcedor democratense, a verdadeira alma do estádio. Foi ali, por exemplo, que em 1988 surgiu a ideia da fundação da Pantera Cor-de-Raça, a maior e mais importante torcida do EC Democrata. Quatro frequentadores do local, os fanáticos Tim, Edmílson, Renan e Nego, numa época em que o time vivenciava o ostracismo da Segunda Divisão, colocaram em prática o desejo de criar uma torcida organizada que, até hoje, é símbolo do clube e das arquibancadas metálicas. E só de pensar que o Mamudão pode estar com os seus dias contados, isso já me dá calafrios... Hadson Santiago Farias é cruzeirense da velha guarda e democratense desde o dia em que nasceu.

Canto do Galo Rosalva Luciano

O ano chegou brilhante Chega o novo ano e, aqui, continua sendo Galo! O ano chegou brilhante, sol a pino e temperaturas quase enlouquecedoras de quentes. Um novo ano quando chega traz com ele vários desejos recorrentes de paz, de prosperidade, de muitas alegrias, de muito sucesso, de muitas conquistas e vitórias. Epa! conquistas e vitórias fazem voltar ao desejo maior do atleticano. É lógico que queremos o melhor para os que amamos, mas não dá para desvincular o Galo das nossas relações humanas e muito menos do nosso amor, é questão quase que vital ver o Galo angariando vitórias e conquistas. 2015 vislumbra-se como um ano nosso, pois o caminho foi feito no ano anterior e agora é hora de chegadas. Temos pelo menos quatro competições importantes e valiosas para construir uma desejada vitrine. Vem aí o Campeonato Mineiro, o Campeonato Brasileiro, a Copa Libertadores da América e a Copa do Brasil. Nada demais ao atleticano desejar que 2015 nos traga essas taças, nada demais, pois temos capacidade para isto. Nada demais treinar gritos de Galo que levarão à loucura, até ao grito de “É Campeão”. Vamos Galo, vestir esta camisa em mais um ano de amor incondiconal, nós moradores das arquibancadas queremos este grito e que seja ensurdecedor. Temos caixa para isto.

Na tarde do dia 7 de janeiro, os atletas se apresentaram na cidade mais amada entre todas, a Cidade do Galo. Chegam de merecidas férias. Tive a oportunidade de acompanhar alguns deles pelas redes sociais e me impressionou como são ligados ao Atlético, sempre uma recadinho afetuoso ao clube e à torcida. Luan e Tardelli são placas do Galo, e assim ficamos ainda mais animados, pois esta relação profissional se encaixa perfeitamente com afetividade. As expectativas são as melhores e levantar troféus tem nos acompanhado já por um bom tempo. O chefe do departamento médico do Atlético, Rodrigo Lasmar, no site do Clube comenta os procedimentos iniciais a que os atletas são submetidos.”Inicialmente, os atletas fazem exames médicos, de coração, sangue, oftalmológico, odontológico. Em seguida, realizam os testes físicos, nos quais se avalia força, equilíbrio muscular, condicionamento físico. Aí, juntamente com a fisiologia e a preparação física, se estabelece uma carga individualizada de treinamento para cada atleta. Criamos parâmetros para individualizar as cargas de treinamento. Do ponto de vista médico, podemos detectar possíveis alterações em exames e corrigilas, minimizar o risco de lesões, fazer um mapeamento individual e verificar a con-

dição clínica e médica dos atletas”, completa o médico que é também da Seleção Brasileira. Hajam olhos vidrados em cima do Galo, somos hoje expositores de craques sem nenhum favor. Marcos Rocha, ainda bem que já renovou, gosto dele. Diego Tardelli continua sonho de consumo de muitos, agora na mira o Rever, Palmeiras e Internacional se duelam. Não largaria nenhum pelo caminho, mesmo atraída por nomes e mais nomes de moedas, nada vale mais do que vê-los vestidos de camisa preta e branca, mas outros fatores desencontrados da paixão fazem com que possam criar asas e voar, atravessar continentes e deixar uma lacuna sem quase perspectivas de preenchimento. Chegam os três indisciplinados do ano passado, mas já são peças fora do tabuleiro. Acabei de ouvir a definição, mas confesso: não queria que o Jô fosse assim, queria tê-lo por mais tempo, ele ficava muito chique com a 7 atleticana. Outros chegam de empréstimos, outros vão, uns permanecem, outros viajam, então o melhor é aguardar a formação final. O Independência volta com todo o charme para receber jogos amistosos do Atlético. São de equipes amadas, um guarda ainda nosso ídolo, o Bernard e o outro

alegrias dadas por tabela. Como o Mineirão está reformando o gramado, o Estádio Independência é o único que pode receber jogos em Belo Horizonte durante o janeiro. Estamos esperando com ansiedade este reencontro, afinal dá saudades mesmo. O primeiro compromisso do ano será contra o Shakhtar Donetsk. A partida contra os ucranianos vai ser no dia 21. Depois, vem o Estudiantes da Argentina. Aguardamos preços de ingressos e se realmente serão preços populares para venda casada das entradas. E a meninada entra em cena sempre nos janeiros, eles querendo mostrar tudo que sabem e outros querendo ver o que sabem. A febre em agenciar os jovens começa, mas não teriam outra oportunidade real de serem conhecidos se não fosse a 46ª Copa São Paulo de Futebol Júnior. O Atlético já carimbou a primeira partida, ganhou de 5 do Sete de Setembro do Alagoas que fez 2. No segundo jogo contra o Unaí-DF parece que o Galinho estava passeando numa praça. Chamo atenção para o Capixaba, ele promete. Vamos acompanhar e torcer pelo Galo do futuro. Um abraço com muita alegria da volta. Rosalva Campos Luciano é professora e apaixonadamente atleticana.


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