Jornal da Cidade 83 anos de GV

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JORNAL DA CIDADE E REGIÃO

GOVERNADOR VALADARES comemora 83 anos de vida e a cidade, mesmo com a pandemia do novo coronavírus comemora, buscando no afeto entre as pessoas, a força para seguir em frente. Nesta edição do Jornal da Cidade, circulamos com dois cadernos especiais, Almanaque e Metrópole. O leitor vai ficar sabendo um pouco mais sobre a história de Figueira, nossa origem, e ler opiniões sobre os desafios futuros de Governador Valadares, para continuar crescendo. Boa leitura!

GOVERNADOR VALADARES, MG

30 de janeiro 2021

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FIM DE SEMANA com sol entre nuvens e possibilidade de chuva. A temperatura vai variar de 36 a 25 graus, segundo o Climatempo.

JornaldaCidade G O V E R N A D O R VA L A D A R E S E R E G I Ã O L E S T E D E M I N A S

ANO II NÚMERO 61

PREÇO DO EXEMPLAR R$ 1,00

GOVERNADOR VALADARES, 30 JANEIRO DE 2021

Divulgação PMGV

HOSPITAL DO CÂNCER - José Miguel Merlo, presidente da União Ruralista Rio Doce, falando durante a cerimômia de doação de terreno da URRD para a Fundação Cristiano Varella construir o Hospital do Câncer em Valadares. Página 12

As obras de construção da nova adutora, que vai trazer água do Rio Corrente Grande, começaram nesta semana no Bairro São Paulo - Foto Divulgação

Obras da nova adutora já estão na área urbana de GV As obras de construção da nova captação de água em Governador Valadares entraram na área urbana de Governador Valadares na segunda-feira (26/1). O início foi na Avenida Rio Doce, próximo à ponte do São Raimundo. A Prefeitura está alertando os motoristas que circulam pela região para ficarem atentos às sinalizações de mudanças no trânsito. A nova adutora é de responsabilidade da Fundação Renova, como ação compensatória pelos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, que causou sérios danos ambientais a região de Valadares. A adutora vai fornecer água captada no Rio Corrente Grande para abastecer as Estações de Tratamento de Água (ETAs) dos bairros Santa Rita, Vila Isa e Centro. Página 3

MACHADO DE ASSIS Amaury Silva diz que a obra de Machado de Assis é essencial para todos e todas. “O Bruxo do Cosme Velho deve ser livre e liberado a todos, sem reservas de faixa etária, condição social ou capacidade intelectual. E se preciso for, louvem-se as adaptações. A bibliografia de Machado é toda em prol do exercício do raciocínio, enriquecimento cultural e experiência transformadora. Seguramente, foi exímio em todos os gêneros: romances, contos, crônicas e crítica. Página 17

83 anos Cuidado e Respeito

Rua Teófilo Otoni, 223 - Centro - Gov. Valadares ( Ao lado da Capela Santo Antônio )

33 3271.9393

98708.6208

PROPRIETÁRIA


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JORNAL DA CIDADE E REGIÃO

Jornalda

Cidade

FUNDADO EM 4 DE DEZEMBRO DE 2019

GOVERNADOR VALADARES, MG

OPINIÃO

30 de janeiro de 2021

Jornal da Cidade Governador Valadares e Região Leste de Minas é uma publicação que tem circulação, sempre aos domingos, em Governador Valadares e cidades do leste de Minas Gerais. Os artigos assinados publicado em cada edição não refletem a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.

DIRETOR RESPONSÁVEL

Bruno Argolo Rodrigues Silva comercialjcgv@gmail.com

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Cenas da Cidade

Jamir Calili

83 anos: histórias que se entrecruzam

N

Av. Europa, 317 - Grã-Duquesa CEP 35.057-200 Governador Valadares - MG Diagramação/Edição: Tim Filho MG 09324 JP

CONTATO COMERCIAL

HISTÓRIA DA CIDADE

ão poderia deixar de usar minha coluna neste dia tão especial, a data em que celebramos o aniversário de emancipação de nossa cidade, para falar de outro assunto que não seja a nossa cidade. São 83 anos de uma história de picos e vales, de morros e planícies, uma princesa que sobreviveu bem ao longo destes anos em que completa quase um século de vida, quase uma coroa. Ninguém celebra 83 anos como se estive celebrando 80 ou 90. Para muitos a data passaria até em branco, sem muito alarde. De fato, o número não é tão simbólico, mas não menos importante. Antes de escrever essa coluna eu peguei alguns livros que contam a história de Governador Valadares. Manuseei o livro da Professora Maria Cinira dos Santos Netto, “Desbravadores e Pioneiros de Dom Manual, a história de Governador Valadares”; considerei falar sobre o polêmico e clássico “Nas terras do rio sem dono” de Carlos Olavo da Cunha Pereira; cogitei falar da questão ambiental, toquei no livro Sertão do Rio Doce do Prof. Haruf; busquei uma pesquisa que o professor fez sobre a Associação Comercial; me aventurei em algumas página da dissertação de Marco Antônio Tavares Coelho, “Rio Doce: a espantosa evolução de um vale”, que depois se transformou em um livro. Tentei recuperar um documentário de cinco volumes chamado Os Pioneiros, que conta a história desta cidade, produzido por Fabrício Leminski: atualmente eu tenho só o volume 01. Fui percebendo que essa história de 83 anos é muito complexa, mas que há volumoso acervo sobre seu passado. Preocupei me com o fato de não estarmos registrando devidamente a história mais recente, dado o alto volume de materiais digitais, a redução do papel da imprensa escrita e o desprestígio que as ciências históricas têm encontrado. Restou ao valoroso Mestrado da Univale o dever de manter os registros da história da cidade e do nosso vale, sob diferentes enfoques científicos e metodológicos. Mas percebi, também, que minha própria história se confunde com a história desta cidade. Nasci aqui em 1982, alguns meses antes da cidade completar 45 anos. Daqui sete anos terei completado metade desta história e já posso olhar para trás e ver como muita coisa mudou. Nasci na Maternidade Santa Terezinha, que não existe mais, filho de pais que não eram nascidos aqui, como deve ser a história da maioria de nós. Minha mãe nasceu em Tarumirim, cresceu em Itanhomi; meu pai em Bueno Brandão e cresceu em Itapecerica e Lagoa da Prata; meu irmão em Entre Rios de Minas; já minha esposa em Goiânia, mas minhas filhas, nasceram

CORRESPONDÊNCIAS

VOCÊ VIU? CARNAVAL NÃO SERÁ FERIADO NO COMÉRCIO!

GLUP!

aqui. É como se fossem rios, vindos de tantos lugares, para desaguar nessas terras de um rio doce. Os rios, do leitor que chegou até aqui, vieram de onde? Uma cidade de forasteiros, dizia meu pai, ou uma cidade cosmopolita, de várias culturas? Recordo-me que milhares de pessoas vinha até a Valadares estudar, na escola secundarista e nas universidades. Tradição que continua até hoje. Outras tantas saiam, como eu mesmo. Cheguei na capital mineira dia 01º de fevereiro de 2002. Voltei no mesmo dia, dez anos depois, em 2012. Cumpri meu objetivo, estudar para voltar. Valadares é celeiro de estudantes secundaristas e universitários, vindos de tantos outros lugares, que chegaram com o objetivo de voltar às suas terras de origem, mas que aqui optaram por ficar criando raízes e famílias.

Valadares e Valadarenses, nascidos ou enraizados aqui, que possamos juntos superar essa crise sanitária e trabalhar muito para que possamos chegar aos 90 anos mais fortes e desenvolvidos. Um feliz aniversário a essa cidade à qual tantos devemos gratidão.

Em todas essas histórias, sob qualquer enfoque, a gente vai percebendo que Valadares vai se formando como um rio que vai recebendo água de outros rios, gente de outras terras, construindo suas vidas enraizadas nas vidas dos próprios valadarenses, tornando-se, tal como esses, genuínos cidadãos; e vai fornecendo água para outros rios, navegantes que saem do Porto de Dom Manuel na busca de outros portos. De fato, estamos acostumados a homenagear nossos emigrantes, mas não podemos esquecer da enorme comunidade de valadarenses que se tornaram cidadãos pela força do afeto. Valadares e Valadarenses, nascidos ou enraizados aqui, que possamos juntos superar essa crise sanitária e trabalhar muito para que possamos chegar aos 90 anos mais fortes e desenvolvidos. Um feliz aniversário a essa cidade à qual tantos devemos gratidão.

Jamir Calili - Professor de Direito da UFJF/GV. Advogado. Vereador eleito para a legislatura de 2021-2024.

POLÍTICA

Vitor Matos de Souza

Q

Conservador de araque

uando Jair Bolsonaro foi eleito em 2018, ele alegava que o conservadorismo político seria sua inspiração no exercício do poder. Foi por isso que em sua primeira live pós confirmação da vitória estava sob sua mesa um livro da biografia de Winston Churchill. O presidente em si nunca foi um conservador na medida em que o conservadorismo é entendido como o regime da prudência, mas naquela ocasião, ele era a única coisa que tínhamos para o jantar. O que Bolsonaro tinha a seu favor era o fato de estar limpo em meio a um lamaçal existente no Congresso/Palácio e um sentimento intenso anti petista que aflora no povo até hoje. Talvez seja essa atmosfera de intensa repugnância ao PT que engrossou o caldo do feijão que o então deputado Jair Bolsonaro, cozinhava. De posse da Presidência da República o que vem acontecendo é uma sucessão de erros que, de acordo com a minha análise, data desde a demissão de Gustavo Bebianno. Digamos que esses erros iniciais eram suportáveis, pois não afetava tecnicamente a possibilidade de execução do seu projeto. A coisa começou a ficar estranha depois que ele começou a se relacionar, sem obter o menor ganho em governabilidade, com os notórios mais imundos do centrão. E também depois da indicação de um ministro para o STF que é terrivelmente do sistema ao ponto de defender privilégios comparáveis à de uma aristocracia francesa do período absolutista.

Ou seja, já estava se desenhando um Bolsonaro que, ao invés de combater os privilégios do establishment, preferiu dar manutenção a ele, matando a razão de ser daquilo que ele pregava em toda sua trajetória como presidenciável. Então chega 2020 e com ela a pandemia da Covid. É aí que o Presidente destrói toda a confiança nele confiada sob o manto do conservadorismo. Aquilo foi e está sendo uma sucessão de erros que vai desde a criação de teorias conspiratórias idiotas até a troca de farpas com o Governador de São Paulo no intuito de tomar para si a paternidade do desenvolvimento e do financiamento da vacina que agora se tornou a bola da vez nessa pandemia. É decepcionante saber que o símbolo da campanha de imunização ocorrida no mundo todo sob a coordenação dos chefes de Estado, no Brasil ter sido encampada por um governador de uma das unidades da federação. Contudo não tem como chegar à outra conclusão, um conservador de fato, que tem como inspiração lideres como Winston Churchill ou Boris Johnson jamais irá aplaudir a conduta desastrada e completamente negligente do nosso atual presidente, a não ser que a pessoa seja um conservador de araque.

Vitor Matos é bacharel em Psicologia e ativista político

A GENTE TEM ORGULHO DE SER O JORNAL DESTA CIDADE! J O R N A L DA C I DA D E . O J O R N A L D E G OV E R N A D O R VA L A DA R E S


CIDADE

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GOVERNADOR VALADARES, MG

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CAPTAÇÃO ALTERNATIVA DE ÁGUA

Obras chegam à área urbana As obras de construção da nova captação de água em Governador Valadares foram iniciadas na segunda-feira (26/1) no Bairro São Paulo, na Avenida Rio Doce, próximo à ponte do São Raimundo. A Prefeitura está alertando os motoristas que circulam pela região para ficarem atentos às sinalizações de mudanças no trânsito. A nova adutora é de responsabilidade da Fundação Renova, como ação compensatória pelos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, que causou sérios danos ambientais. A adutora vai fornecer água captada no Rio Corrente Grande para abastecer as Estações de Tratamento de Água (ETAs) dos bairros Santa Rita, Vila Isa e Centro. Todo o trabalho é supervisionado pela Prefeitura e pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). A Fundação Renova informou que a partir de fevereiro, serão três frentes de trabalho atuando de forma simultânea em diferentes trechos para agilizar a conclusão das atividades. Além da avenida Rio Doce, no Bairro São Paulo, haverá pontos em obras nas ruas Lincoln Byrro e Dona Zulmira Pereira da Silva, nos bairros Vila Bretas e São Paulo, respectivamente. Segundo a Renova, a obra segue as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar a propagação do novo coronavírus. Todas as atividades em campo seguem medidas de segurança, como aferição diária da temperatura dos homens que trabalham na obra, obedecendo a distância mínima de 2 metros e usando máscaras faciais. Por ser uma obra na área urbana, os trabalhadores também mantêm o distanciamento das pessoas Além dos pontos em obras no trecho urbano, há frentes de trabalho em andamento na zona rural — como a instalação da tubulação, a construção da linha de transmissão (energia elétrica) e as travessias sob a linha férrea. Já a obra na área da nova captação de água no rio Corrente Grande está na fase de infraestrutura e preparação do terreno, e a construção tem início previsto para o primeiro semestre deste ano. Segurança hídrica A construção da adutora de Governador Valadares é uma ação reparatória e compensatória da Fundação Renova para fornecer ao município uma nova captação de água no rio Corrente Grande, para abastecer as Estações de Tratamento de Água (ETAs) dos bairros Santa Rita, Vila Isa e Centro. A adutora terá capacidade de gerar 900 litros de água por segundo, trazendo mais segurança hídrica ao município. A obra é conduzida pela Odebrecht Engenharia e Construção (OEC), que atua em toda a extensão da adutora, e também pelas em-

Divulgação Renova

Divulgação PMGV

Três anos da Sala Mineira do Empreendedor Trabalhador observa a movimentação de máquinas no trecho da obra

presas Praeng Engenharia e Remo Engenharia, que realizam intervenções na zona rural. As contratações seguiram uma rigorosa análise da capacidade técnica, saúde financeira e integridade, de forma a permitir uma entrega com qualidade, agilidade e rigor técnico. Atualmente, a adutora tem 12 quilômetros de tubos instalados e importantes trechos finalizados, como o túnel para travessia dos tubos sob a BR-381. Os tubos são fornecidos pela empresa Saint-Gobain, reconhecida mundialmente como fabricante de tubulação de qualidade. A Fundação Renova acompanha todas as frentes da obra — que segue rígidos protocolos para garantir a segurança da comunidade e dos trabalhadores.

Há três anos, a vida dos empresários de Valadares foi facilitada pela implantação da Sala Mineira do Empreendedor. Desde então, em um único local os empresários conseguem resolver demandas como assuntos relacionados às inscrições, baixas, alterações e aberturas e de empresas. A Sala Mineira do Empreendedor é vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação. Nesses três anos de existência, foram abertas 5.319 empresas. Deste total, 1.956 são de Microempreendedores Individuais (MEIs). Em média, cerca de 600 atendimentos são realizados todo mês. A Sala Mineira do Empreendedor funciona de segunda à sexta-feira, das 12h às 17h30, no térreo da Prefeitura. Para atendimento, os interessados podem entrar em contato pelo e-mail: smde.salamineira@valadares. mg.gov.br ou pelo telefone: 3279-7437.


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ENES CÂNDIDO

GOVERNADOR VALADARES, MG

POLÍTICA

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ENTREVISTA

“Me preparei para fazer um trabalho de excelência” Divulgação

Com 37 anos de idade, nascido em Governador Valadares, Enes Cândido foi reeleito com 5.178 votos, sendo pela segunda vez, o vereador mais votado, marcando a história política de Valadares na última eleição. Casado, pai de três filhos, Enes Cândido é também suplente de Deputado Estadual, com 35.922 mil votos. O parlamentar é enfermeiro, foi Secretário Municipal de Saúde, Ex-Diretor Executivo do Hospital Municipal de Valadares, Ex-Diretor Assistencial do Hospital Samaritano, é Mestre em Administração e Gestão Hospitalar, Professor de Pós-Graduação em Enfermagem da FIP e Doutorando em Ciências da Educação, além de ter sido jogador de Futebol Profissional no Democrata. Na entrevista, Enes fala sobre sua votação expressiva, sobre o futuro e o que esperar de seu próximo mandato.

Enes Cândido atribui a sua vitória à base familiar que possui, à sua esposa, que o ajuda muito, e faz a diferença. E dá crédito à sua equipe de trabalho, que segundo ele, é muito boa.

Jornal Cidade: Pesquisando a sua trajetória, o seu crescimento político impressiona. Em 2016 se elegeu pela primeira vez com 3.340 votos, sendo vereador mais votado; em 2018 conquistou a suplência de Deputado Estadual com 35.922 mil votos, e em 2020, foram 5.178 votos, marcando a história política de Valadares como o vereador mais votado. O que lhe fez ser o mais votado de forma tão expressiva entre todos os vereadores pela segunda vez consecutiva? Quais fatores ou a que o senhor atribui esse desempenho, a maior votação da história? Enes Cândido: Primeiramente agradeço a Deus pela oportunidade de continuar meu trabalho na Câmara Municipal representando a população. A minha última votação, (5.178 votos), realmente é uma marca muito expressiva e creio que esse resultado é uma sequência de fatores: o primeiro deles é ouvir a comunidade, estar no meio do povo e trabalhar com verdade honrando cada voto de confiança. Resolver todos os problemas? Claro que não. Ninguém dá conta. Mas precisamos ouvir e fazer de tudo para cumprir o nosso papel. Segundo, é ter uma base familiar. Eu tenho uma esposa que me ajuda muito e isso faz a diferença. Terceiro é ter uma equipe muito boa de trabalho, e isso Deus me deu. Somos uma família, minha equipe veste a camisa. Quando você trabalha com amor, carinho, verdade e confiança em Deus, o retorno vem. Jornal Cidade: Na dinâmica da sua campanha, como foi o seu dia a dia nesta conquista de votos? Enes Cândido: Eu saía de casa bem cedo, junto da equipe, minha família política que sempre me acompanhou e uma liderança de amigos e apoiadores atuantes que acreditam e conhecem o meu trabalho. Nes-

ta eleição, tive o apoio ainda maior e muito presente da minha família. Minha esposa, Mariana, esteve ao meu lado, caminhando, apoiando e me dando forças, ela é minha auxiliadora, foi meu braço forte em todos os momentos. Algo que marcou muito neste período, em cada visita, foram as palavras de confiança que recebi das pessoas, pois, sempre estive olhando nos olhos de cada uma delas. Assim, todos puderam ouvir a verdade que há em mim e o meu compromisso de continuar nosso trabalho. Jornal Cidade: Como você avalia seu primeiro mandato? Foi desafiador, mas, de muito aprendizado. Apresentei 55 projetos de leis, 19 dessas leis, foram sancionadas. Dentre elas: a Lei 6.776 que cria o Fundo Municipal de Direitos do Idoso, a Lei n°7.162, que estabelece a obrigatoriedade da apresentação do Cartão de Vacinação do aluno para matricula nas escolas das redes pública e privada no município. A Lei 6.905 que dispõe sobre a divulgação dos direitos das pessoas portadoras de câncer.

Durante a metade do meu mandato, fui convidado para assumir a Secretaria Municipal de Saúde, onde pude executar diversas ações. Inauguramos o Centro Obstétrico, reformamos todo o pronto socorro, as salas de emergência e as condições de atendimento. Melhorando também, as condições de trabalho dos servidores. Otimizamos o SAMU ao Corpo de Bombeiros e criamos a casa da gestante, um grande ganho à população. Mudamos a Secretaria Municipal de Saúde para a Rua São João, justamente para obtermos novos leitos para o Hospital Municipal. Novos 18 leitos de UTI foram adquiridos, e utilizados para pacientes de COVID-19. Solicitei também ao Hospital Bom Samaritano a abertura de novos leitos de UTI, na somatória, junto ao Hospital Municipal, foram 58 novos leitos somente para COVID-19. Assim, os dois hospitais puderam prestar atendimento como hospitais de campanha à Valadares e região. Jornal Cidade: Agora com uma responsabilidade ainda maior por carregar uma votação tão expressiva, diante dos desafios, quais os futuros planos para contribuir com o desenvolvimento de Governador Valadares? Enes Cândido: Entendo que são muitos desafios pela frente, mas, o meu objetivo continua sendo o de representar nossa gente na Câmara, fiscalizando e atuando com projetos benéficos para Valadares. Vou continuar buscando melhorias e cuidando da Saúde do nosso município. Mas, deixo claro, que estarei disposto a realizar o que for necessário dentro da minha competência junto ao Executivo. Me preparei e tenho me dedicado ao máximo para fazer um trabalho de excelência. Continuo servindo a população com responsabilidade, e estou sempre buscando conhecimento para gerir e prestar assistência à nossa cidade. Quem conhece meu trabalho sabe, vivo uma missão, e quero continuar cumprindo essa missão com amor e excelência. Jornal Cidade: O espaço está livre para você. Enes Cândido: Gostaria de agradecer ao Jornal Cidade pelo espaço. Agradeço a Deus, pois, Ele é o motivo de eu estar aqui, Ele me dá sabedoria e fôlego de vida para cumprir essa missão. Também gostaria de agradecer minha família, a minha esposa, meus filhos, minha equipe, amigos e apoiadores, que participaram de forma efetiva da minha campanha. Gostaria de agradecer mais uma vez, os 5.178 eleitores que acreditaram na minha conduta, e no meu trabalho. É muito importante a participação popular para acompanhar os trabalhos de seu representante. Estou à disposição da população, reafirmo meu compromisso da grande responsabilidade que carrego, servir com excelência e amor. Sempre estarei buscando conhecimento para trabalhar e prestar assistência a nossa cidade.

Governar Vadares @pizzariawaldinelly


POLÍTICA

JORNAL DA CIDADE E REGIÃO

Em comemoração ao aniversário de Governador Valadares, implantação da Sudene está mais perto de se efetivar

GOVERNADOR VALADARES, MG

30 de janeiro 2021

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INDICADOR PROFISSIONAL

Em parceria com o senador Rodrigo Pacheco, o deputado Federal Euclydes Pettersen segue lutando para garantir a efetivação da Sudene em Valadares e região Divulgação EP

Em comemoração ao aniversário de 83 anos de Governador Valadares, que acontece no próximo sábado, 30 de janeiro, o deputado Federal Euclydes Pettersen tem o anseio de presentear a cidade com a implantação definitiva de uma unidade da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Como aliado para a realização deste sonho, o parlamentar conta com o apoio imprescindível do senador mineiro Rodrigo Pacheco (DEM) – que está sendo cotado para assumir, no mês de fevereiro, a presidência do Senado. No ano passado, a Câmara dos Deputados aprovou um Projeto de Lei para incluir a Sudene em mais 81 municípios de Minas Gerais e três do Espírito Santo. Entre eles está a cidade de Governador Valadares, abrangendo a região do Vale do Rio Doce. Agora, o PL aguarda a aprovação do Senado. “A ampliação da estrutura da Sudene para atender a necessidades pontuais e de emergência em nossa região é uma vitória para o povo de Minas Gerais e um antigo sonho meu, desde os tempos de vereador. Inúmeras demandas poderão ser resolvidas por meio desta estrutura de apoio. Queremos presentear a cidade de Governador Valadares com a implantação efetiva deste benefício. Para isso, precisamos da aprovação do Projeto de Lei no Senado. Em parceria com o senador Rodrigo Pacheco, esse plano está se tornando realidade para Valadares e região. Ele se comprometeu a indicar a matéria para votação no plenário”, adiantou o parlamentar. Entenda A Sudene, que atualmente, além da região Nordeste do Brasil, mantém braços avançados em Minas Gerais e Espírito Santo, tem o papel de promover o desenvolvimento das cidades e reduzir as desigualdades sociais nas áreas específicas em que atua. Na prática, o organismo promove o crescimento das cidades em sua área de abrangência, buscando incentivos e benefícios fiscais para implantação de novas empresas, além de alternativas de financiamento às atividades produtivas locais, o que significa também geração de emprego, renda e, consequentemente, menos pobreza e desigualdades sociais.

O senador Rodrigo Pacheco tem atuado junto com o Deputado Federal Euclydes Pettersen para incluir Governador Valadares na área da Sudene

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Mais empregos Minas Gerais fechou o último ano com saldo de 32.717 postos formais de trabalho, resultado da admissão de 1.598.742 e do desligamento de 1.566.025 de trabalhadores, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, divulgados na quinta-feira (28/1).

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Mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia de covid-19, o Estado ficou em 4º lugar no ranking dos maiores saldos de geração de postos de trabalho, atrás apenas de Santa Catarina (53.050), Paraná (52.670 e Pará (32.789). O bom desempenho no saldo de empregos em Minas Gerais foi puxado pelos setores da construção civil (25.248), indústria (12.763) e agropecuária (2.693). Desempenho Depois de uma queda acentuada nas ofertas de emprego, sobretudo nos meses de abril e maio devido à pandemia, Minas Gerais voltou a registrar saldos positivos de julho a novembro, principalmente após a adoção do Plano Minas Consciente, iniciativa do Governo do Estado para auxiliar os municípios na retomada gradual e consciente da economia. Nessa quarta-feira (27/1), inclusive, o plano foi modernizado e entrou em sua terceira fase. Fonte: Agência Minas

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GOVERNADOR VALADARES, MG

ENTRELINHAS

30 de janeiro de 2021

TONINHO COELHO ENTRELINHAS

Amanda Ribeiro

N

ascido em Governador Valadares, no dia 27 de novembro de 1945, Antônio Rodrigues Coelho Júnior foi um dos primeiros valadarenses a migrar para os Estados Unidos. Toninho Coelho, como é conhecido na cidade, conta em bate-papo especial no ENTRELINHAS, de que forma isso incentivou outros a irem para o exterior. Toninho Coelho é formado pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1967 e pós-graduado pelo “Institute of Social Studies de Haia na Holanda”. Coelho é membro da Academia Valadarense de Letras, e também político militante, tendo exercido vários cargos públicos na esfera municipal, estadual e federal, inclusive já foi vice-prefeito de Valadares no período de 1988 a 1992. Atualmente, o empresário tem atuado nas áreas de telecomunicações, sendo diretor da SuperITelecom Ltda, além de esportista e proprietário do Valadares Pickleball Clube, e presidente da Associação Brasileira de Pickleball.

O valadarense pioneiro a migrar para os Estados Unidos

Toninho Coelho: Sou o terceiro filho de uma família de 10 irmãos e nasci em Valadares, em 1945.

Amanda Ribeiro: Você foi presidente do IBC. Quando foi e quem te convidou para ocupar cargo tão importante?

Amanda Ribeiro: Por que seu pai se engajou tanto com a implantação do ensino superior em Valadares? O que ele fez para implantar o ensino superior?

Toninho Coelho: Isto se seu em 1983. Fui convidado pelo ministro da Indústria e Comércio, então senador Múrilo Badaró, para ser diretor de Consumo Interno do órgão, no Rio de Janeiro. Era responsável por todas as torrefações de café no Brasil.

Toninho Coelho: Papai era de uma geração de pessoas

Toninho Coelho: Sempre tive uma ligação pessoal de amizade com o Edison Gualberto e o Getúlio Miranda. Eu e meu irmão João Emídio ajudamos a eles viabilizarem o primeiro canal de TV da cidade (TV Manchete). Como eu tinha participado de vários projetos de TV educativas quando assessor do ministro da educação em Brasília, e como vice-prefeito de Valadares vislumbrei criar aqui a TV RIO DOCE com o apoio deles, do João Campos, do João Emídio e do Júlio Cesar, meu irmão.

Amanda Ribeiro: Você foi um dos primeiros Valadarenses a migrar para os Estados Unidos. De que forma isso incentivou outros a irem para lá?

Amanda Ribeiro: Você nasceu em Valadares?

Toninho Coelho: Papai veio de Virginópolis em 1938 e mamãe de Inhapim em 1939. Meu pai Antônio Rodrigues Coelho formou-se em farmácia pela UFMG em 1935.

Toninho Coelho: Quem criou foi a professora Maria Cinira na época do vice-prefeito José Fernandes; em seguida, o prefeito Ronaldo Perim, por questões políticas fechou o museu e eu, como vice-prefeito, reabri o museu com o apoio da professora Lúcia Brandão e por gostar da cidade. Amanda Ribeiro: E a implantação de uma emissora de TV em Valadares? Fale sobre isto.

que vieram de outras plagas, amava a cidade e acreditava no seu desenvolvimento econômico e social. Ele era empreendedor e junto com a família Coelho fundou uma siderurgia (Sinval S/A) e com os amigos do Rotary Club fundou o Minas Instituto de Tecnologia (MIT). A criação do MIT foi uma ideia do brigadeiro George Soares de Moraes, então sócio do meu pai na Sinval S/A. Dr. George era ex-diretor do ITA (Instituto Técnico da Aeronáutica) e incentivou professores do ITA a virem para Valadares. A ideia deu certo.

Toninho Coelho: A relação Valadares/USA é bem antiga devido a guerra mundial, o surgimento do SESP (Serviço Especial de Saúde Pública), implantado pelo governo federal com o apoio do governo americano) visando sanear a região rica em material estratégico para a guerra (mica e com a vinda da Morisson, empresa americana que se estabeleceu em Valadares para reformar a estrada de ferro Vitória Minas. Após a guerra, isto já em 1962, no auge da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, fui para os Estados Unidos como primeiro bolsista valadarense a ir para o Estados Unidos. Nesta época, todos os jovens sonhavam em viver o “american way of life “ e fazer a América, influenciados pelos filmes americanos e suas músicas (rock, twiste). Eu dei um bom exemplo à época!

Amanda Ribeiro: Como e quando seus pais vieram para Governador Valadares? Em qual área profissional seu pai atuava?

Amanda Ribeiro: Você criou o Museu da Cidade? O que te motivou a fazer esta criação?

Amanda Ribeiro: Como você avalia o desenvolvimento de Valadares hoje? O que falta para a cidade crescer ainda mais?

Amanda Ribeiro: Você foi presidente da Funsec nos anos de 1980, cargo hoje que equivale ao de Secretário de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo. Quais foram suas ações período? Toninho Coelho: Isto foi em 1989, quando assumi a vice prefeitura de Valadares, e com uma boa equipe formada por Tessa Damasceno, Gererê, Hormando Leorcádio, Henrique Lobo, Renato Mattos, Carioca, Sayonara Calhau reformamos toda a Praça de Esportes, desenvolvemos o ciclismo, caiaque, Taça de Dente Leite Coca Cola, criamos a escola de Vôo Livre com o Haroldo Castro Neves, organizamos o Mundial de Vôo Livre, incentivamos o teatro, as artes, a feirinha de artesanato, etc. Boa época!

Toninho Coelho: A cidade passou por vários ciclos econômicos (madeira, mineração, pecuária, serviços). A atividade extrativa (Mineração e madeira) já é coisa do passado. Entretanto, a pecuária e os serviços são dois setores que podem crescer. A pecuária melhorando as terras degradadas da região e os serviços, a partir do desenvolvimento do transporte modal, do turismo (Rio Doce e Ibituruna), hospitais e ensino. O segredo é acreditar na cidade!

Ao longo da semana você também poderá acompanhar bate-papos, entrevistas com personagens de Valadares e região e muitas dicas nas mídias sociais. Pra quem não me conhece, sou jornalista há mais de 12 anos e digital influencer apaixonada pela Comunicação Social. Se você deseja conhecer melhor o meu trabalho, basta acessar o Instagram @amandaribeirogv ou site www.amandaribeirogv.com.br. Aguardo vocês lá!


DIA A DIA

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Vanessa Lemgruber

Bel Sobrinho Biotipo, você sabe o seu?

Casa é a sensação do afeto

Conhecer os tipos de corpo feminino é importante para entender em qual classificação o seu adequada.

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Ampulheta Tem como característica a cintura bem marcada, ombros e quadris na mesma medida, independente dos tamanhos dos seios.

30 de janeiro 2021

ECOFEMINISMO

MODA

ntigamente, isso não era levado em conta. Com o passar dos anos,a moda foi mudando e perceberam que para cada corpo,determinadas peças modelavam ou disfarçavam melhor. Com o passar dos anos, com o aumento do acesso a tecnologia na moda, com o uso da televisão, com a emancipação feminina e depois o uso da internet, as mulheres passaram não apenas se preocupar com o que estava na moda mas começaram a ter consciência do seu corpo. Passaram a perceber que cada uma tinha um tipo diferente , que a roupa que ficava bem na pessoa, não ficava tao bem em si mesma, que determinado corte de roupa poderia disfarçar ou realçar certas partes do corpo e com isso foram-se classificando cada tipo de corpo. Basicamente o corpo feminino é classificado em 5 tipos diferentes: ampulheta ou violão, triângulo ou pêra, triângulo invertido, retângulo e oval.

GOVERNADOR VALADARES, MG

Triângulo invertido A característica desse biotipo são os ombros mais largos que os quadris, podendo ter cintura ou não, seios grandes ou não.

te da mesma medida, assim como a cintura. Esse biótipo é comum em mulheres altas, magras e de pernas longas. Nesses casos, o desejo é criar ilusão de cintura.

O que usar: Blusas com decotes em V Saia evasê e godê Vestidos retos Calças flare, reta, largas, pantalonas e boyfriend Blusas com babados nas pontas Estampas verticais

O que usar Saia lápis, evasê e godê; Casacos acinturados; Calça flase, skinny, slim e boyfriend; Vestidos acinturados; Saias rodadas e com volume; Calças estampadas ou com volume; Blusas soltinhas ou de tecidos fluidos.

O que usar: Peças que marquem a cintura; Cintos e faixas; Calças e saias leves; Vestidos transpassados; Jeans cigarrete e flare.

O que evitar: Mangas bufantes Ombreiras Decotes quadrados Camisetas regatas Saias justas com blusas justas Legging e calças skinny Colares volumosos Camisas estampadas

Evitar: Peças ou muito justas ou muito largas; Roupas de corte reto, especialmente casacos; Calças muito justas com blusas muito coladas;

Retângulo: As mulheres com esse tipo de corpo geralmente não possuem cintura, dando aquele aspecto de retângulo. Os ombros e quadris são praticamen-

Evitar: Jaquetas curtas; Roupas muito largas; Estampas muito grandes; Calças de có largo ou cintura alta; Blusas justas com calças justas. * Continua na próxima edição.

Bel Sobrinho Designer de Moda, Estilista, artesã, preendedora, Artista Plástica. Contato: @belsobrinhoarte - 33 988025641

e alguém te pedisse para descrever Governador Valadares, em algum ponto você provavelmente me falaria sobre a migração para outros países. O que não é uma resposta errada, mas é um grande estereótipo! Talvez você seja valadarense, sua família seja valadarense e toda sua vida tenha sido construída neste município. Ou talvez seja igual a minha e, então, exatamente o oposto disso. Eu não nasci nesta cidade nem ninguém da minha família, muito menos faço ideia quando isso mudou. Em verdade, me estranha dizer que Valadares é um lugar de saída, porque para mim também é local de muitas chegadas. Um dos pontos chaves do ecofeminismo é a territorialidade enquanto relação cultural de saberes históricos na construção do espaço. Falar de território significa analisar as tradições e os costumes do passado em prospecção ao futuro, desde que se identifiquem as raízes criadas no cultivo do afeto. Eu vejo uma cidade marcada pela acolhida nas ruas. Uma cidade cuja existência se manifesta pelo olhar de familiaridade e do aconchego daqueles que passam em movimentos pendulares vindos de comunidades vizinhas para resolver algo comércio ou nos tratamentos de saúde, e daqueles que resolvem permanecer. Nossas memórias são construídas por aspectos simbólicos e reais de alteridade e de percepção do outro que divide comigo um ambiente em comum. Território é um conceito que vai além da dimensão espacial, pois se demarca por códigos de conduta de seu povo e depende da forma com a qual esse povo se apresenta e se articula nos arranjos produtivos locais. Talvez território seja a sensação de casa, e casa seja a sensação de afeto. Hoje, é exatamente assim que me sinto aqui.

Vanessa Lemgruber é mestra em direito e advogada. Autora do livro pioneiro no Brasil “Guia Ecofeminista – mulheres, direito, ecologia” (editora Ape’Ku/2020). Instagram @ecofeminismo.vanessalemgruber.


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DIA A DIA

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TRANSMISSÃO AO VIVO

www. MINASLEILOES .com.br O cantor Arthur Rodrigues acabou de lançar um trabalho inédito. Relançou três clássicos da música internacional: “Can’t Help Falling In Love”, “Always On My Mind” e “Home”. Você pode conferir o trabalho desse artista nos seus canais na internet. Sucesso!

Com você onde estiver! Baixe agora mesmo e aproveite!

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E o suspense acabou, e na última terça-feira (26), aconteceu a estreia do novo programa de internet “É Pio. em cápsulas.”, produção da agência Juliana Pio. Consultoria. O programa tem o nome “cápsulas” por remeter a projetos pequenos, na verdade o objetivo é que dure apenas 20 minutos, toda terça-feira, às 19h45, no Instagram (@ajuju.pio). Serão discutidos vários temas de forma, rápida, divertida e leve. Na foto, a produtora do programa, Josy Assis, euzinha, a apresentadora, e o diretor, Calebe. Esperamos vocês no próximo “É Pio. em cápsulas.” Entre em contato e saiba mais!

avam.associacao

(33) 9 8445-7160 (33) 3203-9105

AV. BRASIL. N 3690 - CENTRO, GOV. VALADARES

É agroboy que fala, néah? O estudante de administração, José Vitor de Assis vem fazendo sucesso em GV City. Dividido entre a cidade e o campo, chama a atenção por onde passa. ANIVERSÁRIO - GV City completa hoje 83 anos. Tenho a esperança de dias melhores para todos valadarenses nesse novo ano que se inicia. Parabéns!

Enfim casados... Amanda Airan e Renan Santa. Felicidades ao casal. Beijas!

A jornalista, Vivian Dias e o marido Leocarlos estão ansiosos para a chegada da pequena Alice. Que venha com saúde!

REFERÊNCIA - A Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce completou essa semana 82 anos de trabalhos, a instituição é referência no mercado lácteo nacional e uma das empresas mais tradicionais de Valadares gerando desenvolvimento para os mais de 60 municípios de onde atua. Parabéns!

#ÊTAJUJU “Qualquer vitória começa com um sonho, um incentivo, e é alcançada com muita determinação.”

SOMOS TODOS VALADARES!

A escola Fernando Idiomas teve que se adaptar a pandemia e está mandando bem nas redes sociais e na estrutura para receber os alunos. O Fernando deu as caras nas redes sociais e na escola, além de todo cuidado, na entrada, agora também tem acrílicos separando os alunos em todas as salas. Parabéns

30 JAN 83 anos

Fernanda Fraga está fazendo sucesso com os resultados obtidos pelas suas clientes nos tratamentos oferecidos pela estética. Arrasa!

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EMPOWERMENT ONE BY ONE EMPOWERMENT ONE BY ONE

ValĂŠria Alves

Face: valeriaalvesgomes Insta: @valves_

COVID-19 2020/2021 Voltar a escrever, não Ê fåcil, embora seja algo que gosto muito de fazer. Mas, como o que me parou foi um tiro de canhão e não apenas um tombo bobo, Ê mais difícil se levantar e seguir em frente. O final de 2020 não foi fåcil, mas o início de 2021 não tem se mostrado mais fåcil. Você que Ê meu leitor, deve ter visto por aí nas Redes Sociais e na mídia off-line. O luto, eu ainda não venci, mas estou aqui, um dia de cada vez, aprendendo a conviver com a saudade e a certeza de que nunca mais as verei. A Covid deixou marcas profundas, pelas perdas, mas tambÊm pela ausência de humanidade que enxergo no próximo que não estå nem aí. Mas, eu decidi que não vou alimentar em mim e em nenhum dos meus leitores esse sentimento, porque ele nos esgota. Sigo rezando por esses, para que não sintam aminha dor e que em 2021 possamos nos ver livres dessa pandemia, para que a Covid passe a ser mais uma doença que foi vencida pelas vacinas. #euacredito #Luto Vacinas I E por falar nelas, a agilidade para que tantas aparecessem não me espantou. O avanço da ciência e das tecnologias estão aí para isso, para tornar a vida mais fåcil e menos perigosa. O que me assusta Ê o negacionismo, em sua maioria, não a vacina em si, mas a China, outra bobagem. Engraçado Ê que esses mal informados, certamente não sabem que apenas 5% dos insumos necessårios para a indústria farmacêutica são produzidos no Brasil. Portanto, você jå consome no seu dia a dia muitos medicamentos vindos da China e, certamente, estå tratando bem suas doenças com eles. Sendo assim, 35% desses insumos são importados da China e só a �ndia exporta mais insumos pra nós, 37%. Vacinas II A indústria brasileira não produz o IFAs (insumos farmacêuticos ativos), tambÊm conhecidos como princípios ativos dos medicamentos, principalmente as vacinas e substâncias como a heparina (um anticoagulante) e cloridrato de metformina (um antiglicêmico). Mas, o mais interessante quem mostrou foi uma pesquisa recente do Datafolha. Em dezembro a pesquisa mostrou que o número de brasileiros que pretendiam não se vacinar tinha crescido, mas depois que a vacina se tornou uma realidade os números mudaram. A edição e janeiro mostrou que o número de brasileiros que pretende se vacinar cresceu, indo de 73% em dezembro para 79% agora em janeiro. Isso significa que o discurso Ê alto, mas a pråtica e bem diferente. Eles se dizem contra, mas vão se vacinar na calada. Vacinas III O que realmente me assusta quando o tema são as doses de vacina que o Brasil precisa para fazer seguir um plano de vacinação em todo o território nacional, Ê a forma como estão conduzindo isso. ora lå, que o Ministro, especialista em Logística, estå deixando e muito a desejar. Mas, alÊm disso, tem a capacidade de negociação e o planejamento, porque ninguÊm produz vacinas em grande escala do dia pra noite, portanto, se houvesse planejamento, e compras feitas em 2020 jå estaríamos recebendo nossas doses. Veja que quem se planejou, como os países da Europa que vacinaram primeiro, em dezembro de 2021, estão tendo problemas com a entrega. Agora imagine só, quem estå tentando fazer isso agora, em cima da hora. Vacinas IV Tem ainda a questão diplomåtica que nos enche de vergonha. As cometidas pelo nosso MinistÊrios das Relaçþes Exteriores, que estå colocando o presidente contra a parede para trocar e agora, mais recentemente, a mineira, com as gafes do INDI. O jornal Estado de Minas publicou esta semana, que em negociaçþes com a Biotec - grupo que controla a Sinopharm que teve sua vacina com mesmo nome aprovada na China - a direção do INDI marcou uma reunião para as 16h, o que seria 3 da manhã na China, considerando o fuso horårio e que a direção do grupo chinês, agradeceu o esforço, mas se disse impossibilitada de atende-los nesse horårio. Gente do cÊu, onde estamos. Um erro atrås do outro nos deixa cada vez mais longe da vacina para todos. Bora ajustar isso, tentar consertar para 2022/ O que acham??? Pra piorar 4 da tarde o horårio escolhido, alia o número 4, jå que as tradicio-

nais chinesas aliam esse nĂşmero ao azar. A diplomacia brasileira precisa de aulas de etiqueta, boas maneiras e de diplomacia. O que vocĂŞ acha? Como vocĂŞ acha que vai ser 2021? Do ponto de vista econĂ´mico, vocĂŞ acha que serĂĄ melhor? E com relação ao desemprego, vai cair? Os preços vĂŁo continuar subindo, ou vocĂŞ acredita que vĂŁo voltar a cair em 2021? Bem, terminamos a semana com a eminĂŞncia de uma greve de caminhoneiros para o dia 1Âş de fevereiro no Brasil e o presidente acenando com uma possĂ­vel queda de impostos para baratear o Diesel. O ano promete ser mais difĂ­cil, o presidente e o ministro jĂĄ falam em continuar o auxĂ­lio emergencial, embora tenham grande resistĂŞncia, mas, com um valor menor. Os juros devem subir, atĂŠ março, mas hĂĄ alentos. Se a Reforma Administrativa for votada no primeiro trimestre, como esperam os especialistas, temos chances de iniciar mais cedo a retomada, porque a credibilidade do paĂ­s cresce, os investimentos retomam e ai as coisas começam a andar. Aulas I A pergunta que nĂŁo quer calar: as aulas devem voltar? Esse ĂŠ um assunto polĂŞmico que exige uma reflexĂŁo. É hora? Ao que tudo indica parece que nĂŁo. Mas, ĂŠ necessĂĄrio, nĂŁo tenho dĂşvidas que sim. Mas, tenho certeza que podemos esperar mais um pouco. Onde começa o erro para esse ano na minha opiniĂŁo: eu acho que os professores e profissionais da educação deveriam estar no grupo prioritĂĄrio, previsto na segunda etapa de vacinação contra Covid. Mas, nĂŁo estĂĄ contemplado ainda. Importante que vocĂŞ saiba que, crianças e gestantes nĂŁo tĂŞm previsĂŁo de serem vacinados, porque as vacinas nĂŁo fizeram testes com esses grupos. Aulas II Precisamos imunizar os professores e demais profissionais da educação, alĂŠm de mais ou menos 70% da população, para ficarmos tranquilos, mas se imunizarmos os professores, acho que jĂĄ estaremos prontos, para nĂŁo os colocar em risco e diminuir o risco na volta pra casa tambĂŠm, porque nessa mesma linha nossos idosos e pessoas com comorbidades jĂĄ estarĂŁo imunizados tambĂŠm. Importante tambĂŠm nĂŁo comparar com a Europa que em alguns paĂ­ses jĂĄ voltou as aulas. VocĂŞ pergunta por quĂŞ? Eu respondo e começo pela questĂŁo cultural. Os europeus, diferentes de nĂłs, desde criança, nĂŁo tem o hĂĄbito de se tocar. Aqui, como latinos que somos, jĂĄ chegamos abraçando. Isso ĂŠ um problema. Como evitar isso, especialmente entre as crianças? Para alĂŠm disso, vamos as questĂľes estruturais. Aulas III Fiz o Enem numa escola pĂşblica do Estado e quando fui tomar ĂĄgua, fiquei um tempĂŁo, perdendo meu tempo valioso, enchendo minha garrafinha naquele bebedouro de colocar a boca, virado pra cima. VocĂŞ acha mesmo que as crianças e adolescentes terĂŁo paciĂŞncia? VĂŁo colocar a boca alie agilizar o processo. VocĂŞ acha que vai ter gente o suficiente para fiscalizar? O governo teve um ano, mas nĂŁo me moveu no sentido de fazer mudanças. Volto a repetir, o que jĂĄ disse aqui em 2020, serĂĄ que vai ter ĂĄlcool gel pra todo mundo, o tempo todo. Na minha ĂŠpoca faltava papel higiĂŞnico? Hoje em dia nĂŁo falta mais? Bem, e nĂŁo se anime, mesmo as escolas particulares tendo uma estrutura infinitamente melhor, ninguĂŠm vai dar conta dessa vigĂ­lia 24 horas. Se voltar na marra, estaremos correndo um risco, nĂŁo calculado. CartĂŁo corporativo O povo reclama do leite condensado e do chiclete, mas, quando era lagosta, camarĂŁo, rabada, rĂŁ, whisky e cachaça, dois governos atrĂĄs, todo mundo criticou. Em 2019 caĂ­ram de pau em cima do STF porque comprou um menu com lagostas e vinhos premiados para as refeiçþes servidas aos membros da corte e seus convidados. Bolsonaro gastou 15 milhĂľes com leite condensado, Lula comprou uma cachaça de 400 reais e o povo quase enfartou, Dilma comprou um quilo de camarĂŁo por 230,00 na ĂŠpoca e Temer cerca de 4,7 milhĂľes com comida de aviĂŁo. đ&#x;˜ˇđ&#x;˜ˇđ&#x;˜ˇđ&#x;˜ˇ đ&#x;˜ˇđ&#x;˜ˇđ&#x;˜ˇ Claro que hoje tem os memes e isso torna a notĂ­cia e o disse me disse, mais engraçado. Mas, o caso ĂŠ sĂŠrio e merece polĂ­cia, ou nĂŁo? Caio Coppolla, do quadro Liberdade de OpiniĂŁo da CNN, disse que os gastos com alimentação de servidor sĂŁo menores que R$ 5 por dia. EntĂŁo, estĂĄ tudo certo. TCU e MP podem mudar de assunto. Esqueci de falar quanto gastaram com pizza.... đ&#x;˜ˇđ&#x;˜ˇđ&#x;˜ˇđ&#x;˜ˇđ&#x;˜ˇđ&#x;˜ˇ

Governador Valadares, a Princesinha do Vale, comemora 83 anos de vida em 30 de janeiro

Enquanto isso... ParabĂŠns Princesinha do Vale pelos 83 anos. Desejo muita saĂşde, desenvolvimento e crescimento sustentĂĄvel e que o afeto nos aproxime sempre... O jornalista e publicitĂĄrio Pedro Lucca ĂŠ o mais novo parceiro da Obvio Comunicação Integrada, colocando a sua expertise a serviço de novos clientes com captação e atendimento. Ă“bvio que ĂŠ sucesso.... Gente, como assim que nĂŁo tem Design no mercado. Os cursos da Univale nĂŁo tĂŞm demanda, por isso, o Design parou. Mas, quando busco os profissionais no mercado, eu e a maioria das agĂŞncias locais, simplesmente nĂŁo tem... A mĂŠdica, cirurgiĂŁ plĂĄstica, Rosimara Bonfim estĂĄ dando o seu tom para a gestĂŁo da Associação MĂŠdica em Governador Valadares. Ela ĂŠ a segunda mulher a presidir a entidade em 66 anos, a primeira foi a mĂŠdica Maria de FĂĄtimđ&#x;˜ˇđ&#x;˜ˇ... A jornalista e publicitĂĄria MetĂ­cia Faria, cria da Univale, que jĂĄ passou entre outros lugares pela Assessoria de Imprensa do Inhotim, acumulou um relacionamento nota mil nos Ăşltimos anos com toda a imprensa da capital mineira. No Ăşltimo mandato esteve na equipe de comunicação da prefeitura de Betim, e agora acaba de assumir a SuperintendĂŞncia de Imprensa da Secretaria Municipal de Comunicação de Betim. Talento e profissionalismo reconhecido pelo Prefeito Vittorio Medioli... InglĂŞs, Espanhol e FrancĂŞs. Meu amigo Fernando Neto, agora estĂĄ empreendendo oficialmente. Começou na pandemia em 2020 e decidiu seguir carreira solo como Professora de InglĂŞs, atendendo pela internet com alunos no Brasil e fora. Uma de suas estĂĄ em Londres fazendo doutorado. Talento e eficiĂŞncia nĂŁo lhe faltam. Continua na Federal com seu curso de Fonoaudiologia, voltou a tocar piano e continua empreendendo com suas deliciosas empadas đ&#x;˜ˇđ&#x;˜ˇ Essa Pandemia produziu muita coisa boa tambĂŠm... E na Câmara Municipal? Estou ansiosa pelo inĂ­cio das reuniĂľes ordinĂĄrias para ver como vĂŁo se comportar os novos vereadores. Jamir Calilli, atĂŠ agora, foi o Ăşnico que disse a que veio, e nĂŁo parou um minuto. Toda hora tem coisa nova na sua rede. Quero acompanhar de perto đ&#x;¤“đ&#x;¤“đ&#x;¤“ đ&#x;¤“đ&#x;¤“đ&#x;¤“đ&#x;¤“đ&#x;¤“đ&#x;¤“đ&#x;¤“đ&#x;¤“đ&#x;¤“đ&#x;¤“đ&#x;¤“ Bem e como essa ĂŠ minha primeira coluna do ano, quero encerrĂĄ-la desejando ao meu compadre, o vice prefeito Newton David, muito sucesso nessa nova etapa da sua vida, saindo dos bastidores para a frente da polĂ­tica partidĂĄria. Daqui, seguimos rezando para espantar o mal olhado e torcendo muito pelo seu sucesso. #TMJ

ValÊria Alves Ê Comunicóloga, com graduação em Jornalismo e Publicidade & Propaganda (2001), Mestra em Gestão Integrada do Território (2020) pela Univale. Jornalista com 30 anos de profissão e sócia-proprietåria da Obvio Comunicação Integrada, empresa com 22 anos de mercado. Contato: valves@obvioci.com.br


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BDMG amplia crédito para pequenos empresários Mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, o BDMG resolveu ampliar a linha de crédito para os pequeos empresários crescerem Pedro Gontijo/AGência Minas

AGÊNCIA MINAS

Desde o início da crise imposta pela pandemia de covid-19 no Brasil e no mundo, o Governo de Minas vem trabalhando para dar apoio e suporte às empresas instaladas no estado. O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) já lançou diversas linhas de crédito voltadas para negócios de micro, pequeno e médio porte (veja no site www.bdmg.mg.gov.br). Entre os clientes estão salão de beleza, loja de móveis, óticas, mercearias, restaurantes, fábrica de massas, escolas e estabelecimentos da área da saúde. A instituição financeira estadual fechou 2020 com desembolso nominal recorde em sua história: R$ 2,85 bilhões, alta de 118% em relação a 2019. E o segmento que apresentou o maior crescimento do desembolso foi justamente o de micro e pequenas empresas, que recebeu R$ 906,2 milhões, mais de quatro vezes (+343%) o liberado em 2019 e, também, recorde na história do banco. Andréa Meireles Melgaço, proprietária de uma pequena fábrica e loja de massas artesanais, a Uai Itália Massas Artesanais, procurou o banco a fim de expandir os negócios. “No início da pandemia, com o fechamento do comércio, criou-se uma grande insegurança. Não sabíamos como ficariam as vendas e o que aconteceria amanhã”, lembra. Com faturamento médio mensal de R$ 30 mil, a empresária também usou a criatividade para driblar a crise. “Não tivemos que fechar a loja. O que houve foram adaptações: servir as massas prontas para serem consumidas em casa, por exemplo. O que na verdade surpreendeu nossas expectativas e está dando muito certo”, conta a empresária. Crescimento Andréa destaca que a trajetória ascendente do negócio justificou a tomada de crédito com o BDMG. “As taxas de juros praticadas são bem interessantes. Tanto que quase não acreditei no que era oferecido”. Segundo ela, o processo foi ágil e sem muita bu-

rocracia. “Consegui o valor que precisava para manter e fazer crescer meu negócio. O prazo e o valor das parcelas são feitos sob medida para o comerciante pagar sua dívida e manter seu negócio de forma satisfatória. O empréstimo do BDMG significou oportunidade única par investir em meu negócio”. Com a fábrica prosperando, Andréia tem expectativa no fim da crise. “O comerciante que trabalha com esperança precisa acreditar, senão o negócio morre. Ter um comércio não é algo fácil, exige vencer batalhas todos os dias. Sigamos em frente, pois, logo que as coisas normalizarem, vamos crescer ainda mais”, diz ela. Tradição e família Há 59 anos, o barbeiro Pedro Máximo fundou o Salão do Pedrinho. Com a ideia de criar espaço especializado em serviços de corte (e entretenimento) infantil, o negócio cresceu e a família prosperou. Hoje, Pedrinho é aposentado e são os filhos que tocam a empresa, que tem sede no bairro São Pedro, região Centro-Sul de Belo Horizonte. À frente da administração, a fisioterapeuta Patrícia conta como a família precisou recorrer ao BDMG para manter o negócio são e com perspectivas de expansão. “Houve crises nos últimos anos e esses tempos difíceis ganharam amplitude com a pandemia. Tivemos que buscar alternativas para seguir em frente, não só ganhando nosso sustento (somos cinco irmãos) como honrando o legado do meu pai. Entre as alternativas decidimos fechar lojas em que pagávamos aluguel e solicitar um empréstimo para reinvestir na loja própria e em novos projetos”, conta. Com o apoio do banco, revela a empresária, há perspectivas cada vez melhores para o salão. “Avaliamos as condições do BDMG como as mais atrativas do mercado em termos de acesso, prazo para pagar, agilidade e taxas de juros. Também cortei despesas, pensamos em um orçamento mais enxuto. E esta-

Com os investimentos do BDMG, os pequenos empresários, com os da Center Lab, promovem seus negócios

mos cada vez mais fortes e certos das boas perspectivas para o futuro. Atuar neste negócio de família nos dá o sustento e felicidade”. Covid-19 Em função da pandemia, o BDMG também estruturou linhas especiais de crédito para o atendimento ao setor de saúde. O desembolso para as empresas vinculadas a este segmento alcançou mais de R$ 185 milhões só no ano passado. Com 40 anos de história, a Center Lab recorreu a empréstimo com o banco para acelerar e ampliar a produção de testes de covid-19 (swab e de antígeno). Farmacêutico bioquímico, responsável técnico e diretor comercial da empresa, Marcelo Augusto Vieira

aponta que o faturamento quase dobrou em 2020. “Em 2019, faturamos R$ 36 milhões. Com a pandemia, apesar de a rotina normal de um laboratório ter caído muito, a venda de kits covid (exames) fez o faturamento dobrar. Fechamos 2020 com R$ 60 milhões”, comemora. Vieira acredita que, apesar de toda a crise imposta pela pandemia e das milhares de vidas perdidas, a esperança vem na frente. “É um alento pensar neste crescimento em meio à pandemia no sentido de que estamos em força tarefa para atender a uma demanda de escala gigantesca. Sinto que também temos contribuído para combater os efeitos da crise. Neste cenário, o BDMG foi um trampolim pra gente capitalizar bem. A partir deste investimento, colhemos frutos na empresa e ajudamos à sociedade”, conta.


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SAÚDE

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União Ruralista doa terreno para construção do Hospital do Câncer O novo hospital será construído em uma área de 60 mil metros quadrados, pela Fundação Cristiano Varella, na área da Fazenda Aroeira Valadares está prestes a receber mais um grande hospital especializado no tratamento do câncer. Na quinta-feira (28), o prefeito André Merlo participou da solenidade de assinatura do termo de doação de um terreno de 60 mil metros quadrados que a União Ruralista Rio Doce (URRD) fez para a Fundação Cristiano Varella para a construção do Hospital do Câncer de Governador Valadares. A construção é um marco para a saúde do município e um ganho extremamente importante para as pessoas acometidas pela doença, pois a unidade oferecerá atendimento ambulatorial de oncologia clínica. Representando a família Varella, Luciano Varella veio a Valadares com membros da fundação e se emocionou ao discursar. “Voltar a Valadares, para este local que foi parte da fazenda da nossa família, certamente é muito especial. Trazer à memória meu irmão para uma questão tão nobre é simplesmente gratificante. Queremos salvar vidas e vamos continuar trabalhando muito, somar forças para que isso se torne realidade o quanto antes, permitindo que essas pessoas tenham o melhor atendimento mais perto de casa”, disse. Para o prefeito André Merlo, a construção consolida a importância de Valadares para a macrorregião de saúde. “Estamos muito felizes com esta nobre obra que também será um vetor de desenvolvimento da nossa cidade, sobretudo na área da saúde. Este, sem dúvidas, é um presente que Valadares ganha pelos seus 83 anos”, disse o prefeito. O presidente da URRD, José Miguel Merlo, destaca que este é um desejo antigo e que agora começa a tomar forma. “São anos de trabalho árduo para a concretização desse empreendimento. E, em conjunto, decidimos com nossos associados após diversas assembleias que doaríamos esse terreno pois sabemos da importância de uma obra dessas para todos e para a região”, destacou. O hospital será construído na área da Fazenda Aroeira, localizada na BR-259, próximo à saída para o distrito de São Vitor. A unidade de saúde será mantida pelo SUS, por doações de populares e também receberá recursos oriundos de emendas parlamentares. Também presente na cerimônia, o Deputado Federal Hercílio Coelho Diniz reconheceu a importância do hospital para a região. ”É uma felicidade imensa a construção deste hospital, visto a importância so-

Divulgação PMGV

O termo de doação do terreno na Fazenda Aroeira foi mostrado a todos os presentes à solenidade de lançamento do Hospital do Câncer

cial e econômica de um empreendimento como este. É mesmo um presente. Vou trabalhar para sensibilizar ainda mais a bancada mineira para entender a grandiosidade deste projeto e destinar recursos para o hospital”, afirmou. Para o diretor-superintendente do Hospital do Câncer de Muriaé, Sérgio Henriques, a iniciativa faz parte de um processo de descentralização do atendimento, visto que Valadares se destacou regionalmente

pela área de abrangência e referência em saúde. “A primeira etapa do processo foi iniciada. Vamos agora passar para a parte de elaboração dos projetos e, após os trâmites e aprovação pelos órgãos competentes, as obras serão iniciadas”, comentou. A solenidade contou ainda com a presença de associados da URRD, autoridades locais, representantes de entidades de classe, vereadores e secretários municipais.


EDUCAÇÃO

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RÔMULO CÉSAR LEITE COELHO

Governador Valadares cresceu junto com a FPF

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Divulgação FPF/Univale

criação da Fundação Percival Farqhuar, em 1967, representou um marco na história educacional e cultural de Governador Valadares. No dia 26 de abril de 1967, pioneiros de Governador Valadares redigiram uma declaração de propósitos, para criar a FPF. “Os cidadãos e amigos de Governador Valadares, bem como os seus industriais, comerciantes e ruralistas locais e do Vale do Rio Doce, reunidos nesta data em assembleia, comprometeram-se a envidar todos os seus esforços no sentido de dotar a região de uma instituição de ensino e pesquisas tecnológicas modelar e dedicada à solução dos problemas tecnológicos peculiares da região e ao país, colaborando desta maneira para rápida melhoria do padrão de vida de nosso povo. Para este fim, resolvem criar uma fundação mantenedora desta instituição, cujos documentos constitutivos serão posteriormente elaborados, e que será denominada Fundação Percival Farquhar, em homenagem ao grande engenheiro norte-americano, que depois de ter feito fortuna em outras terras, resolveu dedicar os restantes 40 anos de sua vida aos propósitos de abrir os olhos do Brasil e do mundo para a importância do Vale do Rio Doce”. Depois de 53 anos de sua criação, o que a FPF fez e faz para Governador Valadares? Quem responde é o seu presidente, o médico Rômulo César Leite Coelho, mineiro de Virginópolis, mas que adotou Governador Valadares como sua cidade.

Jornal da Cidade – Quais são os planos da FPF, especialmente no período pós-pandemia, que está por vir.

Jornal da Cidade – Em outros tempos, a Fundação Percival Farquhar enfrentou uma crise financeira profunda. Essa crise foi superada? Quais medidas foram tomadas? Dr. Rômulo César – Sim, graças a Deus essa crise foi superada. As medidas tomadas foram uma reestruturação administrativa profunda. Investimento na nossa estrutura, em novos cursos, para assim aumentar o número de alunos e a nossa receita. A estratégia foi rigorosa com as despesas: uma reestruturação do nosso sistema administrativo e o aumento da receita através de novos cursos, como o de Medicina, Medicina Veterinária, Fonoaudiologia, e o investimento para entrar no mercado do EAD. Então, todas essas novidades associadas a um cuidado extremo com os nossos custos, nos tiraram daquela grave crise financeira. Vivemos hoje uma outra realidade. Temos um presente mais favorável, e estamos muito prontos para viver um futuro ainda melhor. Jornal da Cidade – Qual é a importância da FPF para a história de Governador Valadares? Dr. Rômulo César – Na verdade, a história da FPF se confunde com a história de Governador Valadares. A Fundação tem 53 anos, ou seja, é pouco mais nova que Valadares. Ela foi fundada quando Valadares era pouco mais do que uma adolescente. A cidade cresceu junto com a FPF, e mais do que isso, a Fundação foi um vetor do crescimento de Governador Valadares. Foi por meio da construção do conhecimento, da oferta de mão de obra qualificada, que Valadares teve subsídio para crescer. Portanto, Valadares cresceu, se transformou nessa enorme e maravilhosa cidade desenvolvida, e o vetor desse desenvolvimento foi a Univale, cuidando da qualificação de seu povo. Hoje a FPF ainda tem essa participação importantíssima para a comunidade de Governador Valadares, que é o fato de cuidar da população. Esse cuidado acontece quando ela oferece oportunidade de ensino, porque somos uma entidade comunitária, filantrópica, sem fins lucrativos. Por isso, 20% dos nossos alunos estudam com 100% de bolsa e outra grande porcentagem estuda com um percentual menor de desconto. Consequentemente, participamos do desenvolvimento da cidade disponibilizando oportunidade de aprendizado. Além disso, prestamos um inestimável serviço à sociedade, com atendimento às comunidades carentes nas áreas da saúde, como Medicina, Fisioterapia, Psicologia, Odontologia; na área do Direito, das Ciências Contábeis, da Engenharia. Todas essas áreas prestam serviço comunitário, e atendem a milhares de pessoas que, se não fosse a Univale, talvez não tivessem essa assistência de outra entidade, de outro ente público ou privado. Jornal da Cidade – De que forma a pandemia do novo coronavírus impactou a FPF e a manutenção da Univale? Dr. Rômulo César – A pandemia do novo coronavírus impactou a FPF e a Univale da mesma forma que atingiu todas as empresas do mundo todo: impôs a nós novos desafios. E nós enfrentamos esses desafios com a coragem e com a altivez de quem vê, nos desafios, grandes oportunidades. E foi assim que fizemos durante a pandemia. Isso ficou muito claro na transformação dos nossos professores, na medida que eles tiveram que se transformar, de um dia para o outro, para oferecer um ensino de qualidade de uma forma diferente: on-line. Do ponto de vista administrativo, nos obrigou ainda mais a sermos rigorosos com nossos critérios e custos, e isso também foi incrível. O resultado é que, por incrível que pareça, estamos passando por essa pandemia mais fortes do que entramos, tanto do ponto de vista institucional, educacional, e até do ponto de vista econômico e financeiro. Isso porque trabalhamos com a responsabilidade de que enfrentávamos um momento de muita dificuldade. E esse obstáculo que nos foi imposto, ensinou a tirar do limão uma limonada, e procurar fazer ainda melhor aquilo que já procurávamos fazer bem. Portanto, eu considero a pandemia um período que nos ensinou muito. Não tenho dúvida de que estamos mais sustentáveis e melhores no mercado do que estávamos antes.

visão de que tudo deve ser feito a quatro mãos. Que as ações e todas as atitudes a serem tomadas, não deviam ser atitudes da FPF, ou da Univale, mas atitudes da instituição. Tudo o que pensamos, fazemos, nós fazemos com um pensamento: nós temos uma instituição. Não temos FPF e Univale. São órgãos que têm funções diferentes, mas uma instituição só. Isso tem sido muito facilitado, à medida em que, ao longo dos meus dois mandatos, eu tive o prazer e a honra de ter dois reitores, o José Geraldo Prata e atualmente a professora Lissandra, que também comungam desse pensamento de que devemos sempre trabalhar juntos, como uma pessoa só. Cada um com sua função, mas somos uma só pessoa. E tenho muito a ressaltar o papel importantíssimo do Prata, e agora da professora Lissandra, nessa relação que existe entre a Univale e a Fundação. Isso é absolutamente fundamental. A dicotomia entre elas só faria com que elas não caminhassem bem, e essa união, esse entendimento de que elas são uma coisa só, de que fazem parte de uma única instituição, é o que está nos levando para o caminho certo, do crescimento, desenvolvimento e da sustentabilidade.

O Dr. Rômulo César comanda a FPF cumprindo compromissos históricos

Hoje a FPF ainda tem essa participação importantíssima para a comunidade de Governador Valadares, que é o fato de cuidar da população.

ENTREVISTA CONCEDIDA A TIM FILHO - EDITOR DO JORNAL DA CIDADE

Jornal da Cidade – O curso de Medicina sempre foi um sonho antigo dos gestores da FPF e lideranças políticas de Governador Valadares. Esse sonho se realizou em 2016 com a implantação deste curso. O que mudou no perfil da FPF e Univale depois dessa implantação? Dr. Rômulo César – Primeiro, eu quero dizer que o curso de Medicina foi uma das primeiras ações de nossa gestão. Assim que assumimos a Fundação, começamos a trabalhar na autorização do curso de Medicina, e graças à união de várias forças, conseguimos a realização desse sonho, que é de muitos. E quando se fala que conseguimos a realização desse sonho, não significa que temos o mérito sozinhos. Era um sonho antigo, muitas pessoas participaram, muitas mãos trabalharam, muitas cabeças pensaram. Não é um trabalho de hoje, nem de uma pessoa. É um sonho que se realizou graças ao fruto do trabalho de muita gente ao longo desses anos todos, e graças a Deus conseguimos a autorização para ele se tornar real. Um fato interessante, é que depois de vários presidentes da Fundação, um deles médico também, o dr. José Lucca, agora, quis Deus que a autorização do curso de Medicina chegasse, justamente quando o presidente da FPF é um médico. E obviamente, por ser médico, tem o curso de Medicina como algo muito especial. Não só especial para a universidade, ele é especial para a comunidade e também para mim, pessoalmente, porque, por ser médico, eu tenho na construção do curso de Medicina um projeto de vida profissional. Então, o curso, de verdade, chegou e transformou a vida da instituição. É um curso muito grande, muito importante, que demanda muitos e muitos investimentos, e é o que a gente tem feito. Na medida em que investimos muito no curso, nós estamos investindo na universidade. Isso significa um investimento em todos os cursos da área da saúde, em nossa estrutura, o que impacta nos outros cursos, mesmo aqueles que não são da saúde. Todos os cursos da Univale, nossa estrutura de informática, administrativa, de comunicação, todas elas foram reestruturadas e o curso de Medicina contribuiu para tudo isso. Porque ele demanda muito investimento, e em função disso, todos os outros setores também se beneficiam. Também é verdade que o curso de Medicina chegou quando a universidade já tinha 50 anos. Quer dizer, ela já estava estruturada, já caminhava com as próprias pernas. O curso veio agregar à grande estrutura que a universidade já tinha. Mas é inegável que ele hoje é extremamente importante para a Univale. O curso de Medicina abriu ainda muito mais portas para que a universidade pudesse atender e cuidar da comunidade. Eu vejo o curso de Medicina como um divisor de águas na história da Fundação e da Univale. Jornal da Cidade – Como é a relação da FPF com a sua mantida, a Univale? Dr. Rômulo César – A relação da FPF com a Univale é a melhor possível, é a que deve ser. A Univale é a nossa universidade e a Fundação é a sua mantenedora. Ou seja, a FPF cumpre o papel de sustentar e administrar a Univale, que cumpre o papel dela, de prestar o serviço de educação, de extensão, de ensino, de pesquisa. Portanto, cada uma executando bem a sua função. E desde que entramos para a Fundação, sempre tivemos a

Dr. Rômulo César – Os planos da Fundação são continuar investindo pesado na estruturação do curso de Medicina. Nosso curso ainda não cumpriu seu ciclo total, ainda não formamos a primeira turma, há muito o que investir nele. O curso de Medicina Veterinária começa agora e também demanda muito investimento. Ainda este ano, devemos inaugurar os dois hospitais, o veterinário de pequenos animais, e de grandes animais. Todos os outros cursos da área da saúde têm recebido enormes investimentos. Temos feito um trabalho muito grande, na reestruturação do campus, nos campi universitários, tanto no campus I quanto no campus II. Estamos trabalhando muito na sustentabilidade do campus, em sua reestruturação arquitetônica, cuidando, recomeçando e começando, na verdade, o processo de cuidar da acessibilidade dele. Temos planos estruturais e de melhoria no conforto para os alunos. Já começamos esse processo de transformação, mudamos todos os nossos aparelhos de ar-condicionado, mudamos nossas lâmpadas para led, porque melhoram a visibilidade e o conforto dos alunos na sala de aula, e vamos continuar melhorando nossa comunicação, nosso sistema de informática. Começamos e vamos investir muito agora no ensino a distância. Este período de pandemia quebrou muitos paradigmas em relação ao ensino a distância. Eu creio que, depois da pandemia, isso vai ficar ainda mais forte do que era antes, porque as pessoas aprenderam a lidar com o ensino on-line, e isso gera grandes benefícios. Temos autorização do MEC para abrir de 50 a 200 polos ao longo do tempo, a princípio nosso plano é abrir esses 50 polos, que são fora do campus. Nossos sonhos são altos, mas mantemos os pés no chão. Temos consciência de que o pós pandemia vai exigir de nós muitos investimentos, porque muitas coisas boas estão por vir. Como eu falei, o período de pandemia foi um período de desafio, e transformamos os desafios em oportunidades. Agora é hora de a gente concretizar as oportunidades que apareceram. E de concreto, como citei agora, vários investimentos já estão no nosso calendário pós pandemia. Jornal da Cidade – Um sonho de muitos cuidadores de animais é ter na cidade um hospital veterinário público ou até mesmo um atendimento ambulatorial na área de Medicina Veterinária. Como a Univale pode contribuir para a realização desse sonho? Dr. Rômulo César – Como eu disse acima, a Univale não vai contribuir, mas ela vai realizar esse sonho da cidade. Vamos inaugurar ainda este ano os dois hospitais veterinários, o de pequenos animais, que vai ser lá no Vila Bretas, e o de grandes animais, que vai ser dentro do parque de exposições agropecuárias. Não somos uma entidade pública, mas somos uma entidade comunitária, filantrópica e sem fins lucrativos. Por isso, esses dois hospitais, sem dúvida nenhuma, vão prestar um serviço inestimável à população de Governador Valadares, que é uma área tão carente, como você mesmo fala. Então nós vamos ter agora duas estruturas comunitárias de atendimento veterinário, equipadas com o que tem de melhor. Hoje, a realidade dos nossos pecuaristas, dos fazendeiros, é de, no caso de precisar de um hospital veterinário para os grandes animais, para os bovinos, os equinos, é de levar para outra cidade. Isso torna tudo muito caro, muito difícil, e agora não. Eles vão ter um hospital veterinário, com tudo o que precisam, dentro do parque de exposições, ou seja, dentro da casa do produtor rural, para ele ter o atendimento da Univale. E o hospital de pequenos animais, vai ser também em uma área que pertence à Univale, que a gente chama de P7, onde era a antiga Faculdade de Administração. Serão dois presentes à população da cidade. Jornal da Cidade – No aniversário de 83 anos de Governador Valadares, qual é a sua mensagem aos valadarenses? Dr. Rômulo César – A mensagem da Fundação Percival Farquhar, mantenedora da Univale, Eteit, da Univale TV, é que continuaremos sendo a mola propulsora do desenvolvimento de Valadares. A população da cidade, e da região, sempre puderam, e sempre poderão, contar com todo apoio, estrutura e assistência da instituição. Toda assistência filantrópica que a Univale presta, que a gente considera fundamental para a população, vai continuar sendo prestada cada vez mais e melhor, e cada vez com mais carinho, cuidado e respeito. Essa é uma mensagem da Fundação, com suas mantidas, para Valadares. Neste aniversário vamos dizer que continuaremos sendo a entidade mais importante que a comunidade tem, com muito orgulho, alegria, e muita satisfação. Temos muito orgulho de pertencer à Valadares e eu, pessoalmente, o que tenho a dizer à população de Valadares é: muito obrigado.


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BRASIL

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Divulgação PMGV

Carteira do idoso tem validade prorrogada até julho de 2021 AGÊNCIA BRASIL - EBC

O governo federal publicou na sexta-feira (29) uma resolução no Diário Oficial da União (DOU) que prorroga a validade das carteiras do idoso já impressas até julho de 2021. A norma também altera os procedimentos para novas emissões. O documento serve para garantir acesso a vagas gratuitas ou desconto de no mínimo 50% em passagens interestaduais. Tem direito ao benefício todo cidadão com mais de 60 anos e renda igual ou inferior a dois salários mínimos. O Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) estabelece que, para esses idosos de baixa renda, sejam reservadas duas vagas gratuitas em todos os veículos de transporte coletivo interestaduais. Para além dessas vagas, é aplicado o desconto. A regra serve para ônibus, barco e trem (avião não está incluso). Quem pode comprovar renda não precisa emitir a carteira do idoso para usufruir do benefício, basta apresentar o documento de comprovação, como um contracheque ou carnê da Previdência, e um documento oficial com foto diretamente nos guichês de emissão de passagem. A solicitação deve ser feita até três horas antes da viagem. Já aqueles que não têm como comprovar renda precisam emitir a carteira do idoso. O serviço deve ser oferecido pelas secretarias de assistência social dos municípios e do Distrito Federal. Além disso, o governo criou uma página na internet para o cidadão que queira solicitar diretamente o documento, em formato virtual ou impresso. Para acessar a ferramenta, utiliza-se o login único de serviços digitais do governo federal. Um dos pré-requisitos para a emissão da carteira do idoso é estar credenciado no Cadastro Único de programas sociais do governo federal. Quem já possui a carteira do idoso impressa pela secretaria local não precisa solicitar uma nova até o documento expirar.

Marcelo Camargo - EBC

Samuel é jogador de basquete do Minas Tênis Clube LDB

Atleta de basquete do Minas Tênis Club treina na Praça de Esportes

O Estatuto do Idoso estabelece que os idosos de baixa renda tenham gratuidade no transporte

Com a pandemia e a suspensão de jogos oficiais, os atletas de várias modalidades receberam dispensa e puderam voltar para casa. Com isso, vários esportistas de Valadares que jogam em equipes estaduais e nacionais voltaram a treinar na cidade. A Praça de Esportes foi o local escolhido por vários deles para se manterem em forma. Um desses atletas é o jogador de basquete do Minas Tênis Clube LDB, Samuel Ribeiro da Cruz. Filho de pais valadarenses, Samuel é belo-horizontino, e morou em Valadares até os 14 anos. Apesar de não ter idade para disputar os Jogos Estudantis Valadarenses (JEV), com 11 anos passou no teste para o Minas e começou a jogar pelo time. “Passei no teste, mas ainda fiquei morando em GV dos 12 aos 14 anos. Vinha para BH só para o jogo e voltava no mesmo dia. Eu pegava as jogadas na hora, 30 minutos antes do jogo, mas nessa idade é ainda bem simples”. Quando estava em Valadares, Samuel treinava com as equipes do Filadélfia e do Colégio Ibituruna. Samuel ficou em Valadares de abril a setembro do ano passado onde fez sua pré-temporada. Treinou na Praça de Esportes sozinho, sem equipe. O atleta elogiou a organização da Praça. “Melhorou a organização do uso. Eu treinava com hora marcada. Então, não corria risco de chegar lá e ter alguém usando a quadra no horário que eu tinha disponibilidade”, comentou. No período em que ficou em Valadares Samuel também treinou na Mamba Academy, na Igreja Batista da Esplanada, Academia Órbita Lagoa, Academia MM Movimentos, fez trabalho nutricional com Yuri Dutra e fisioterápico com Bruno Costa. “Todos eles foram extremamente importantes na minha preparação. Me ajudaram semanalmente”, afirmou.


GERAL

JORNAL DA CIDADE E REGIÃO

PSICOLOGIA

Leonardo Vieira Tenho medo de ser rejeitado(a) em minhas relações isso é normal? Não é incomum na psicoterapia o discurso do medo do abandono e da rejeição por alguns pacientes, de modo geral as pessoas tentam ao máximo ser sociáveis para manter as suas relações interpessoais sem um medo excessivo da perda destes relacionamentos, entretanto muitas pessoas possuem um enorme medo de serem abandonados, a este medo dá-se se o nome de “autofobia” que é o pensamento constante de ser deixado pelas pessoas em sua volta; família, amigos, parceiros e até por organizações, ele traz como consequência uma terrível característica ao indivíduo que é construir uma rede de dependência emocional dos que estão em sua volta. Esse comportamento é considerado doentio, pois, não traz benefício nenhum e leva as pessoas a um adoecimento mental e físico. Entendendo como nasce o medo do abandono: Pesquisas na área de comportamento nos mostram que pessoas com um forte medo de abandono, tiveram a sua infância em ambientes em que os cuidadores tinham como característica; pouca afetividade, rejeição, comportamentos imprevisíveis e até possíveis abusos podem ter acontecido, mas não são somente esses ambientes em que um autofóbico pode nascer, outras possibilidade é a presença cuidadores afetuosos contudo com o discurso constante de que os filhos iriam perdê-los por algum motivo banal ou a ausência dos pais por algum tempo limitado por motivo de trabalho por exemplo. Estas mesmas pesquisas apontam que um “gatilho emocional” pode ser disparado na mente do indivíduo que viveu esse tipo de conflito e mesmo sem perceber ele acaba desenvolvendo pensamentos e comportamentos que promovem uma dependência emocional crônica em sua volta. Comportamentos e Sintomas típicos de pessoas com autofobia Os comportamentos são variados, desde escolher parceiros com quem não consegue estabelecer compromisso (reforçando a ideia de abandono), evitação de relacionamentos como forma de se proteger ou sufocamento tanto os amigos ou parceiros/as a ponto de afastá-los. Os sintomas mais comuns são:

ciúmes, raiva, apreensão, evitação de relacionamento, taquicardia ao pensar em ser deixado, ataques de pânico, agitação, tremores, desconforto gastrointestinal e náuseas. Como tratar/lidar com a minha autofobia 1º Aprenda a entender seus sentimentos e comportamentos: Ao buscar entender o seu medo, irá se deparar com comportamentos padrões que você tem quando está na crise da autofobia, (ansiedade, taquicardia, choro, pensamento vitimista, fuga de relacionamentos entre outros) ao ter consciência que está em crise poderá racionalizar os fatos e pensar melhor como agir, deixando de lado o comportamento exagerado provocado pela crise. 2º Diga não a tendência de Generalização: Caso tenha sofrido algum abandono na infância não generalize que irá perder o/a parceiro/a na 1ª conversa séria que tiver, ou que é melhor terminar o namoro antes que ele/a termine (é melhor abandonar que ser abandonado) ou em contraposição subjulga todos os seus sentimentos se anulando para atender as necessidades do parceiro/a. Esse é o processo de generalização, trazer para situações cotidianas comportamentos ligados à sua autofobia. Pequenas desavenças fazem parte do processo de maturidade do relacionamento e que toda vez que ela acontecer você não tem que pensar que o seu relacionamento irá se acabar, o foco deve ser qual é o nosso problema e como vamos fazer para resolvê-lo de maneira que fique bom para ambas as partes. 3º Identifique os comportamentos que te afastam das pessoas – É possível que a ideia de abandono possa ser reforçado por algum comportamento que você mesmo faz continuamente (mesmo sem perceber. Comportamentos com tons de insegurança, apego em excesso a amigos, exagero nas emoções, impulsividade e carência. Bom no 1º toque que as pessoas te derem ou quando você perceber que está mais emocionado e tendencioso a estes comportamentos comece avaliar que tipos de pensamentos estão te levando a atuar desta forma e procure substituí-los por outros que tragam maior sensação de segurança como: Se o fulano não pode me atender agora é porque ele pode estar ocupado, darei um tempo e depois o ligarei quando ele estiver com mais tempo (não significa que ele não quer ser mais seu amigo). 4º Busque um apoio profissional – Aprender a lidar com a autofobia realmente não é algo fácil demanda um autoconhecimento muito grande, caso esta tarefa esteja sendo muito difícil pra você peça ajuda a um psicólogo, ele pode lhe apontar ferramentas e métodos apropriados para lidar melhor com seus medos e frustrações com menor sofrimento possível. Espero que a leitura deste artigo possa tê-lo ajudado, ele faz parte de um dos capítulos do meu livro “Aprendendo a Lidar Com” da Editora Kirius, aproveite e mostre a um amigo que esteja vivenciando uma situação parecida. Caso queira contribuir com críticas ou sugestões a esta coluna de comportamento, escrita por Leonardo Sandro Vieira, é só contactar pelo 33988186858/ 9992-5711 ou pelo e-mail:leosavieira@gmail.com ou pelo site: www.aprendendoalidarcom.com.br.

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LITERÁRIAS

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Ailton Catão

HISTÓRIA E POESIA

Arnoldo de Souza

A canoa e o porto

E

ntre o rio a pedra se armazenam as angústias e se encontram raios solares em profusão, saltando tangenciados nas corredeiras das pirambeiras, pedras lavadas pelo sol e pela sinuosa correnteza nas lajes pedras em que o rio, em seu discurso mar, em seu itinerário dor e sua serpente repleta de remanso locas traiçoeiras e algas ensandecidas na mutação perpétua de suas evoluções geológicas geográficas e existências. Aos 83 anos uma cidade ainda é jovem, mas suas marcas demonstram cicatrizes de exploração assassina dos homens e sua tenebrosa tarefa de corrigir com rebeldia a sina dos pioneiros e a busca internacional de oportunidades após as vertentes dizimadas desde a sua criação. Primeira região a receber os pés do homem branco, com a expedição de Fernandes Tourinho em 1565, que não avançou, barrado que foi pela serra do pela macaco, com a malária anofelina e pelos não aculturáveis dos Botocudos, que fizeram com que o Rei, Dom Manuel, o venturoso, pagasse com glebas dobradas a ocupação do Branco invasor. Como diria o índio: Caraíba quer civilizar o índio nu, Caraíba quer tomar as matas do porto das canoas. E depois disso, foi a última região a ser colonizada e a mais rapidamente dizimada com suas matas, madeiras de lei e a maioria com destino ao alto forno da Belgo Mineira, tendo João Monlevade como o maior forneiro dessas regiões, ao ceder seu nome a uma cidade do rio e vale acima, na direção do sol e de Curral Del Rei, também cidade recente, no território das Minas e dos Gerais, onde as minas são muitas e nos gerais todos se encontram. Vítima de suas virtudes, Porto das Canoas, ou Figueira do Rio Doce e Governador Valadares, têm a fibra indomável na sua energia terrena. Terra de pioneiros e de posseiros, dos índios e dos mamelucos, com destaque para Crenaques e Pocranes, entre a luta e a aculturação. Reúne em si microclimas totalmente diversos, alguns caniculares, outros temperados e ainda outros mais frios. E os ciclos foram se sucedendo e o homem foi se entranhando na terra e inaugurando etapas as mais diversas, iniciando pela derrubada da mata que se interpõe com a mineração da mica e das turmalinas, alexandritas, águas marinhas, topázios imperiais e outras, e em seguida o ciclo da pecuária, o da agricultura e da imigração “Brazuca”, que retorna em dólares investidos em sua construção ci-

vil e rede de serviços. Uma cidade, um município e várias regiões com identidades próprias e segredos místicos não declarados. Assim é o Córrego dos Prazeres, Nova Floresta (também Paca), a Penha e seus Cassianos, os diversos Santos Antônios; do Pontal do Porto, de GV, os córregos em profusão: Bernardos, Desidério, Sabiá, onde a águas das rochas e minas, e a floresta, se beijam em comunhão, o Goiabal, o Bananal do Melquíades a Brejaubinha, Baguari e suas margens, São Vitor, Nova Brasília, o Serro, o Suaçuí, os Chonins, de baixo e de cima, Itapinoã e Alto de Santa Helena, a Macondo revisitada, cujo Coronel Aureliano Buendia se revestiu de Leão com força de rei dos animais e sabedoria para perseverar na exploração da terra e na harmonização dos conflitos, sempre resumidos em barra de saia, barra de córrego e barra de ouro. Sim, hoje aos 83 anos, empobrecida pela exploração intempestiva da mineradora que lhe alugou parte do nome, e depois do assassinato do Rio, dele docemente se desfez, Doce Rio degenerado em suas águas de rejeito, ainda resiste, graças ao povo que não desistiu e buscou na América a sua oportunidade, e é pela Western Union que entram seus dólares diários e sua redenção. Assim crescem novos bairros, surgindo do nada: Conquista, Castanheira, Cidade Nova, Cidade Jardim, Caravelas, Penha, Tiradentes e muitos outros. Sim, aos 83 anos, Governador Valadares, ainda é uma cidade adolescente. Por não ter madrinha nem padrinhos, tem que se impor pela luta e pela coragem. E se coragem é agir com o coração, a pedra negra abençoa o rio marrom e a mata verde, ainda que na memória afetiva, se reinventa como destino de buscar um progresso de desenvolvimento na polarização da região, no destemor da atitude, na vocação de polo educacional e de serviços enfim, e na recuperação ambiental tendo com o selo verde, a nossa recuperação e o nosso avanço no sentido de otimizar técnicas, realizar novas parcerias, alavancar o turismo rural, o ecológico e o de esportes. Basta acreditar, organizar o pensar, o sentir e o querer, e harmonizar os contrários na busca do consenso que nos habilite a produzir o que sempre esta cidade teve: destemor, fé, perseverança e paciência. Para vencer os desafios impostos, com a garra dos que nunca desistem e sempre caminham sobre as águas e, sem as mágoas ou rancor, com sua tentativa de destruição, pela exploração desmesurada de suas potencialidades. Parabéns, Valadares! Para mim sempre o Porto das Canos com Figueira e Rio Coces beijando o céu azul na tarde libertária. Conte conosco para seus sonhos virarem realidade, e receba o abração de seu povo e de sua gente, vindos de fora para construir ares novos, que nos dão a certeza de ser esse um lugar mágico para se viver e sonhar.

Arnoldo de Souza é médico e escritor


LITERÁRIAS

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POESIA

LITERATURA BRASILEIRA

Amaury Silva

O deboísmo a favor de Machado de Assis Fui informado por João, meu primeiro adolescente sobre uma treta na internet envolvendo literatura. O youtuber Felipe Neto com mais de 40 milhões de seguidores recomendou que Machado de Assis não fosse indicado como leitura para adolescentes. De acordo com a celebridade das novas mídias sociais, os conteúdos literários do nosso clássico dos clássicos não seriam próprios ou assimiláveis para o público adolescente. Entre posições a favor e contra, não há vencidos nem vencedores, a tarefa de busca pelo consenso é tão imprecisa quanto o antagonismo. O Bruxo do Cosme Velho deve ser livre e liberado a todos, sem reservas de faixa etária, condição social ou capacidade intelectual. E se preciso for, louvem-se as adaptações. A bibliografia de Machado é toda em prol do exercício do raciocínio, enriquecimento cultural e experiência transformadora. Seguramente, foi exímio em todos os gêneros: romances, contos, crônicas e crítica. Talvez, tenha inventado até outros estilos, que ficaram incinerados na queima de manuscritos em um caldeirão, prática que lhe atribuem e que justifica o apelido de Bruxo. Na sua fase romântica os temas de seu trabalho cintilam entre os relacionamentos afetivos que se frustram e os dilemas familiares, sempre com uma veia analítica, crítica da moral e costumes de antanho, veiculadas pela exposição social e psicológicas das suas personagens. Representam essa estética Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena, Iaiá Garcia, sem nenhum enfoque inapropriado para menores. Claro, não se pode computar, o ócio e a alegada falta de tempo para pensar. O texto de Machado é de um primor de ideias e uma reverência à sintaxe que não encontra paralelo na língua portuguesa. Mas, não se trata de uma exigência ao leitor para uma imersão que exija paciência tibetana e risco de sudorese para se safar de um cipoal. É fato que o fenômeno da leitura traz cargas experienciais diversas para os variados perfis de leitores. É possível que leituras em momentos diferentes, levem a resultados complementares ou

divergentes. Essa condição é inerente ao amadurecimento intelectual e psicológico, como processo natural da própria vida. Na etapa que se pode chamar da prevalência do realismo na obra machadiana, o lado vil do ser humano e uma sagaz e irônica reflexão sobre as instituições sociais falidas e corrompidas orientam os enredos e narrativas em Esaú e Jacó, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Memorial de Aires ou Quincas Borba. São temáticas universais, mesmo que os recortes sejam determinados pelas características da sociedade brasileira que nutrem o profundo observatório do autor. Marcel Proust cunhou a frase: Todo leitor é, quando está lendo, um leitor de si mesmo e, por isso, a presença de autores e obras clássicas no portifólio estudantil é assegurar o acesso à qualidade literária intrínseca e aos mecanismos linguísticos que tornam dinâmica a comunicação, como o despertar para a relevância do conhecimento e a compreensão do mundo. É admissível que a mobilização e a fidelização do leitor exijam como pressupostos, a disponibilidade de opções de encontro com suas preferências, mas essa flexibilidade não pode ser elástica ao ponto de excluir a cumulatividade adquirida. Vamos assim, de boa conduzir Machado de Assis à posteridade, como uma boa prática literária que se impõe por sua própria magnitude. Essencial ao Brasil e ao preço do seu futuro! Mil Diários de um Banana não valem um Teoria do medalhão.

Amaury Silva é Juiz de Direito, professor da Faculdade de Direito Vale do Rio Doce e aficionado do universo literário.

Poesia pra vacinar 2021 No próximo sábado, 30 de janeiro, começa oficialmente a temporada da poesia em Governador Valadares. Para iniciar a nova década de atividades culturais, o poeta Marcelo Rocha receberá a educadora e poeta Elizete Pereira para um sarau virtual no mais novo empreendimento poético do Instituto Psia: o Sarau do Psia Live. Com a temática “ Poesia pra vacinar 2021”, a live será transmitida no Instagram do poeta Marcelo Rocha. Desde 2010, o Sarau do Psia foi responsável pelo surgimento de diversos projetos culturais que contribuíram para a popularização da poesia e divulgação de poetas em Valadares e em outras 153 cidades brasileiras. O projeto de lives que se inicia no próximo fim de semana, será realizado sempre aos sábados, com um convidado diferente para declamações de poemas e bate-papo sobre uma temática que reforça o poder da poesia. O que? Sarau do Psia Live Quando? 30/01/2021 Horário? 15h Duração? 25 minutos Onde? @poetamarcelorocha (Instagram)


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SOCIEDADE

JÚLIO AVELAR DESCANSO Estou fazendo a coluna cá de Conceição da Barra, norte do Espírito Santo, onde durante 25 anos fui construindo aos poucos um cantinho confortável para meus esqueletos. Daqui, através das redes sociais sou bem informado do mesmo jeito que em Governador Valadares. Já nosso Programa Júlio Avelar, na TV Rio Doce, tem nossas mensagens, mas está sendo conduzido pela sobrinha e também jornalista, Roberta Avelar de Castro, já estreando com o quadro jurídico apresentado pelo jovem e competente advogado Dr. Bruno Henrique. Daqui a uns dias a gente volta ao vivo, querendo DEUS! MINHA TERRA Descobri Conceição da Barra através de Ivanor Tassis e Amilton Dantas Lorentez, que nos anos 90 falavam sempre comigo nesta cidade capixaba. Mais tarde, Fátima Perim e Robinho me ofereceram um barracão naquela cidade numa área de 360 m2 por R$ 7 mil reais. Leonino curioso, peguei o carro num sábado com Dona Landa, Meire, Bruna e Julinho e fomos conhecer Conceição da Barra. De cara encantei com a cidade, limpa, quiosques belos, cidade acolhedora. Ficamos numa pousada recém inaugurada, que nem cobertores tinha, e era julho, fazia muito frio, com o vento sul. Gostamos e adquirimos o imóvel, começamos a construção de melhorias. Veio o mar, apavorou os moradores com sua pequena invasão e muitos deixaram a cidade vendendo seus imóveis bem abaixo do preço, sem a exploração imobiliária. Então, adquirimos outras áreas agarradas à nossa, e aos poucos fizemos a nosso gosto, a partir de 1996. Conceição da Barra é uma das cidades mais limpas que conheço. Se você jogar entulho, areia, fazer massa o colocar material de construção na rua ou na calçada você paga multa. Praias de águas mornas, restaurantes alinhados, lojinhas sofisticadas e bons supermercados. Poderia morar no litoral fluminense, paulista, Guarapari, vila Velha, Porto Seguro e etc, mas há 25 anos fiz de Conceição da Barra a minha terra, aliás, a terceira, porque a natal é Manhuaçu, Governador Valadares, e segue.

SOCIEDADE

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NOMEAÇÕES EM FEVEREIRO Presidente da Câmara Municipal de Valadares Regino Cruz, deverá neste início de fevereiro, nomear os 39 novos comissionados que farão parte do quadro de funcionários da Câmara e que ajudarão os 26 efetivos que já fazem das tripas ao coração para colocar tudo em ordem e em dia e com eficiência. No comando o servidor de carreira e diretor geral, Hercílio Tintori. SALÁRIOS DOS POLÍTICOS DE GV Comparando os salários de Vereadores, Prefeito, Vice-Prefeito e secretários, os de Governador Valadares estão defasados há pelo menos 12 anos. Cidades de menor porte que Valadares, vereador ganham 14 mil por mês, e prefeito 23 mil. Em Valadares, vereadores ganham cerca de R$ 10 mil mensais, mas com descontos recebem R$ 7.850 por mês. Já o Prefeito não chega a R$ 16 mil reais por mês. Os secretários municipais ganham o que ganha o vereador. O ex-presidente Júlio Avelar evitou por duas vezes de apresentar aumentos em 2019 e 2020.

após a ponte, tem a frente outros 16 bairros em crescente desenvolvimento. Alguns dele com vida própria como o Atalaia, São Raimundo e Vila dos Montes. O Supermercado Coelho Diniz foi o primeiro grande supermercado a acreditar na chamada Nova Niterói. SEMOV Eu desejo ao novo Secretário Municipal de Obras, Robson Campos, mais conhecido como Robinho, muito sucesso em sua gestão, pois, ele é amigo pessoal do prefeito André Merlo e, com certeza, terá e poderá fazer muitas coisas porque tem a confiança e aval do Prefeito. Ele só não fará se não tiver recursos, mas, acredito que força de vontade e dedicação ele terá de sobra, por ter também ao seu lado o Coronel Siqueira, como Secretário Adjunto. MERCADO NÃO FECHOU! Ainda bem que por apoio da Prefeitura, através de diálogo e ações por parte da Prefeitura, e da Associação do Mercado, não foi fechado o Mercado Muni-

cipal de Governador Valadares como pedia o Corpo de Bombeiros e o MP. Em uma época de pandemia, se fechasse aquilo, seria um atraso enorme a economia do município. Torcemos para que melhorias realmente possam ser feitas, nesse que é um polo econômico e cartão de postal de Valadares. Esperamos que não fique apenas no papel. Acreditamos! MUDANÇAS DE HÁBITOS Eu sou exemplo vivo de que mudanças de hábitos e uma boa reeducação alimentar dão resultados. Perdi 16 quilos e lhes digo, que pequenas coisas como amarrar o próprio cadarço faz toda a diferença. Eu não me sentia tão bem assim há tempos. Lhes garanto que não volto mais a engordar, porque ter saúde e qualidade de vida é a melhor coisa que possa existir. Não fiz nada de radical, apenas passei a comer saladas e evitar pão, refrigerante, frituras e etc. Eu quero viver e vou viver cada vez mais e espero que você nesse ano de 2021 faça a mesma coisa. Cuide de você FOTOS: Reprodução Redes Sociais

PRESIDENTE DA CÂMARA NÃO GANHA Nos anos 90, o presidente da Câmara Municipal de Vereadores, ganhava um salário-mínimo a mais para gastos com o cargo. Isso foi mais tarde retirado, e hoje, o presidente ganha muita responsabilidade, pois é quem assina todos os documentos, pois é o ordenador de despesas, e se for muito dedicado, adoece e tem um estresse daqueles no final do mandato, porque além de administrar o Legislativo, que tem entre 230 a 240 funcionários, e é cobrado a todo momento por 21 Vereadores. pelo Prefeito e seus secretários. BIG MAIS NA VILA ISA Está sendo bastante esperado para este ano ainda, a inauguração do Big Mais na Vila Isa, frente a BR 116. Marcone, com seu dinamismo de qualidade, tem aos pouco conquistado um mercado seleto de clientes bastante exigente. Bairro Vila Isa, o primeiro bairro

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VALADARES

anos

A atuante Simone Kele,enfermeira do posto Carapina, fazendo sempre o bem para a comunidade

O eficiente servidor público da Câmara Municipal de Governador Valadares, Alviney Andrade Pissara, acontecendo

Estamos aqui há mais de 50 anos e a cada ano que passa temos mais orgulho dessa cidade. Entre tantos momentos diiceis ela sobrevive, linda, charmosa e encantadora. Como quem sorri e diz: “vamos superar tudo isso, vai passar e estaremos juntos”. E assim, a cada amanhe amanhecer, o nascer do sol atrás da Ibituruna nos dá esperança de dias melhores.

Parabéns

VALADARES Fazer parte destes 83 anos de história é uma delícia!


PENSAMENTO VIVO POLÍTICA

Jorge Marcos O que diferencia o pastor do feijão do presidente bufão?

O

juiz Leonardo Henrique Soares, da Justiça Federal de São Paulo, acolheu parcialmente um pedido do Ministério Público Federal e determinou que o Ministério da Saúde faça “referência expressa”, em comunicado oficial veiculado no site da pasta, às sementes de feijão que o pastor evangélico Valdemiro Santiago e a Igreja Mundial do Poder de Deus sugerem usar para combater a covid-19, segundo o Magistrado, pelo descumprimento parcial da liminar que determinou que o governo informasse no site do Ministério da Saúde se “há ou não eficácia comprovada de sementes de feijão no que tange à covid-19”. O Ministério da Saúde, comandada pelo General “Pesadelo”, embora tenha divulgado ser falso que o plantio das sementes comercializadas pelo pastor Valdemiro, ao preço que variava entre R$ 100 a R$ 1.000, combatiam o coronavírus, retirou a indicação do ar sob o argumento de que “a iniciativa induziu, equivocadamente, ao questionamento da fé e crença de uma parcela da população”. Sobrou para o pastor e para sua igreja que deverão responder por prática abusiva da liberdade religiosa, ao colocar em riscos à saúde pública e induzir fiéis a comprarem um produto sem eficácia comprovada, podendo vir a arcar com uma pesada indenização. Mas, o que diferencia o pastor do feijão do presidente bufão? Antes de responder, passamos aos seguintes considerações: Assim, como o pastor, o Presidente da República também coloca em risco a saúde pública, quando estimula, afirma, indica, institui e distribui um protocolo para o tratamento preventivo da Covid-19 com um kit de medicação. Sem comprovação científica, o governo usa recursos públicos para adquirir tal medicação e para colocar à disposição do serviço público de saúde do pais. Tais atitudes me parecem ainda mais graves que a do pastor e suas sementes milagrosas, vez são que agravadas pelo fato do Presidente usar de recursos públicos para disponibilizar um medicamento sabidamente sem comprovação cientifica como afirma a comunidade cientifica mundial. Soma-se a este despautério, a sua política errática e homicida no que tange as muitas outras condutas contrárias ao efetivo controle da pandemia, como a falta de vacinas, de oxigênio e insumos básicos. A

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comunidade cientifica acaba de publicar artigo em que afirma que o coronavírus, como diz o ditado popular, não tá nem aí para o “histórico de atletas” dos infectados por ele. Então, creio poder voltar à pergunta acima para responder: O que diferencia o pastor do feijão do presidente bufão é a responsabilização penal e sua forma de processamento. Os primeiros – pastor e igreja - respondem mediante uma ação civil pública – Lei 7.347/85, que ao final pode levá-los ao pagamento de indenização coletiva. O segundo, há muito deveria estar respondendo por crimes de responsabilidade – Art. 85 da CF/88 e Lei N. 1.079/50, o que poderia levá-lo ao impeachment. Conforme o último pedido protocolado na Câmara dos Deputados por várias lideranças religiosas, “Bolsonaro atuou contra recomendações de autoridades sanitárias, desrespeitou regras de obrigatoriedade de uso de máscaras, promoveu e estimulou aglomerações, colocou em dúvida a eficácia e promoveu obstáculos à aquisição de vacinas, fez campanha pelo uso de medicamentos e tratamentos não corroborados pela comunidade científica, o que resultou, entre outras consequências, na pressão do Ministério da Saúde para uso dos medicamentos sem eficácia ... , e “deixou de fazer o que estava obrigado como presidente” e suas ações “levaram e seguem levando a população brasileira à morte e geraram danos irreparáveis.” Para além da tipificação penal e das formas de processamento, o que explica a diferença entre os dois é que o pastor não tem padrinho que o proteja do MP, embora o Ministro Pesadelo tenha tentado, enquanto o presidente tem no Senhor Rodrigo um forte e poderoso aliado que se coloca acima da lei, da ordem e, principalmente dos fatos, para manter engavetados mais sessenta pedidos de impeachment protocolados sob sua presidência na Câmara dos Deputados, revelando- se ao contrário do que tenta transparecer na grande mídia, um insensível à política genocida de combate ao corona vírus e igualmente insensível diante de mais de 220 mil mortes. Para o pastor do feijão e sua igreja o que se espera é a mais justa condenação judicial. Para o Presidente, o que se deseja é um uníssono e forte FORA BOLSONARO. Aliás, essa é a palavra de ordem do dia a ser levada ao ouvidos moucos do quase ex presidente da Câmara e de seu sucessor, que pelo andar da carruagem parecem ser mais um dos mesmos. P.S: Este texto foi sugestão e escrito a quatro mãos com a professora e amiga, Drª Heloisa Furbino uma das maiores intelectuais de nossa cidade, a quem agradeço efusivamente.

Jorge Marcos Freitas, natural de Governador Valadares, advogado Especialista em Direito Público e Direito Internacional. Doutorando em Direito Constitucional pela Facultad de Derecho/Universidad de Buenos Aires (situação: créditos aprovados sem defesa de tese). Ex-Professor de curso superior. Aposentado.

Prefeitura inaugura residencial José Amora Chaves, no Bairro Altinópolis A Prefeitura de Valadares inaugurou na sexta-feira (29), o Residencial José Amora Chaves, no bairro Altinópolis. O conjunto habitacional construído no bairro Altinópolis possui 72 apartamentos, divididos em cinco blocos. Além disso, possui estacionamento, guarita, área de convivência e vista panorâmica. O conjunto habitacional foi construído com recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) em parceria com a Prefeitura de Valadares. Os beneficiários do empreendimento são famílias de baixa renda em estado de vulnerabilidade ou retiradas de áreas de risco, que vão receber a Concessão de Direito Real de Uso com duração de 10 anos. Durante este período, não poderão vender, ceder e nem alugar o imóvel. Após este período, irão receber a escritura. A obra foi executada pela empresa Tecplan Projetos e Planejamentos. Um investimento de mais de R$ 5,9 milhões. Sobre José Amora Chaves O nome do residencial homenageia o ex-secretário municipal de Fazenda e Administração, José Amora Chaves, falecido em 2018. Por muitos anos, atuou no funcionalismo público de Valadares, sendo respeitado e reconhecido por sua conduta ética e profissional.

Tributo à Valadares Valadares de muitos olhares Terra do mestre Do operário Provoca vitalidade Com suas paisagens naturais E se o rio torrencial. De clima quente Transmite calor humano Expresso em sensibilidade Com a sua adversidade Cativa novos amores. Sonho cobiçado De uma noite tropicalista No seu cotidiano A arte está presente Na grandeza de sua gente. Maria Stela de Oliveira Gomes Escritora e membro da Academia Valadarense de Letras

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GERAL

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RELIGIÃO

Tohru Valadares

EDUCAÇÃO

Mariana Mafra

Juízes em tempo de réu

Se sua vida fosse um filme...

aríssimo ledor (a), confesso não ser seguidor assíduo de programas sobre reality shows, embora seja a escolha de muitos dentro do estilo de entretenimento televisivo para preencher o tempo ócio das pessoas, entretenimento este que vem atraindo muito as pessoas, seja por causa do aspecto ilusório ao tentar identificar semelhanças no cotidiano das pessoas, digo ilusório porque, onde dentro de uma sociedade carente e repleta de problemas sociais, poderemos encontrar em uma mesma família tanta diferença cultural, divergências financeiras e não precisam preocupar com as responsabilidades mais comuns dentro de um lar. Acompanhar tal estilo de programa ultrapassa um simples entretenimento, pode virar obsessão. Grande preocupação que devemos ter são quando esses programas nos colocam como juízes para decidirmos a vida de outra pessoa. Muitas das vezes, seja por vaidade ou ignorância, aceitamos o chamado para julgarmos as atitudes de outras pessoas, talvez esse seja o principal atrativo dos entretenimentos deste formato, evidente que todos sabemos que as pessoas que ali estão o fizeram de livre e espontânea vontade, no entanto, esquecemos que o princípio motivador de cada pessoa ao participar do programa é a realização de um ou mais sonhos para a própria vida. Julgar o próximo muita das vezes parece muito fácil, principalmente se nos eximir da responsabilidade em que acarretará o resultado de tal julgamento, não confrontar a pessoa que estão julgando, rotular, estigmatizar e até mesmo vibrar pela derrota alheia, esses são apenas alguns dos ônus para as pessoas em condição de julgamento.

á pensou se sua vida fosse um filme? Certamente seria classificado em muitos gêneros: comédia, romance, drama, ação, suspense, aventura e até mesmo ficção. Quem poderia imaginar essa situação pandêmica, que ainda vivenciamos, um vírus que ameaça nossa sobrevivência? Isso sim, é digno de um roteiro de ficção científica! E nessa guerra pela sobrevivência o país mais rico, não é aquele que investiu na indústria bélica ou no armamento nuclear, e sim aquele que investe na ciência e na saúde. A trincheira se tornou nossa casa e a arma mais poderosa é composta pela água, sabão, álcool, máscara, etiqueta sanitária e respiratória. Como num filme de ação, nos sentimos desolados sem a presença dos verdadeiros super-heróis, os professores! Esses não andam por aí de capa, mas os pais perceberam que eles têm superpoderes. Outro time de super-heróis são os médicos e enfermeiros, os vingadores da vida real. E nesse roteiro, muitas vezes de ação e outras vezes de drama, muitas famílias vi-

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venciaram momentos difíceis nos hospitais com finais nem sempre felizes. Como espectadores dessa história, olhando o passado e assistindo às mais variadas cenas que já vivenciamos, é possível refletir e decidir quais gostaríamos de reprisar. O que aprendemos com isso tudo? Somos nossas memórias e a capacidade de lidar com elas. Se assumirmos o papel de protagonista desse filme, vamos buscar uma atuação assertiva em cada cena. Estudando as falas e a expressão corporal diante de tantas situações. Ser bom de improviso e lidar com os imprevistos no set de filmagem. Uma atuação sem preparo pode transformar uma superprodução em um filme de terror trash (filme lixo na tradução literal, são filmes com falta de qualidade técnica ou visual). E já pensou que de alguma forma somos roteiristas de nossas próprias vidas? Planejar cenas, idealizar cenários e principalmente tornar as ideias um plano viável. Para ser um bom roteirista é preciso ser criativo e usar estratégias para viver uma boa sequência de cenas. Roteirizar é organizar as ações e informações de forma coerente. E é exatamente isso, a vida nem sempre permite que sigamos nossos planos de acordo com o que gostaríamos, ou por outro lado, nós também estamos em constantes mudanças e não há nada de mais em alterar a rota, entretanto, para isso, é importante ser flexível a ponto de ajustar os planos para que também não sigamos sendo apenas coadjuvantes dos roteiros de outras pessoas. Mariana Mafra - Bióloga e professora com formação em estimulação cognitiva e abordagens cognitivas no contexto escolar. Gestora Pedagógica e Educadora do Método Supera. Contato: mariana.governadorvaladares@metodosupera.com.br

Precisamos ter convicção que só existe um juiz e que ele Deus, o criador, onde só ele tem o poder e direito para nos julgar, não sou contra as pessoas que acompanham tal entretenimento e de forma alguma estou querendo dizer que é pecado assistir.

Existe situações cotidianas que exemplificam tal julgamento e que muitas das vezes são estimuladas através desses programas, fazendo essa comparação e utilizando de analogias, existem diversas vezes que somos cruéis sem ao menos refletir sobre as nossas atitudes. O que devemos prestar atenção é a mensagem que tais programas passam para as pessoas, eles instigam as pessoas a escolherem quem merece o prêmio final, também pontuam e desqualificam quem não merece, seja por aumentar a voz, não lavar as vasilhas que ela mesmo sujou, por utilizar de expressões não aceitas de forma social ou que venham a fazer alusão a qualquer tipo de agressividade etc. O que espanta é como as pessoas têm dificuldade em enxergar os próprios defeitos, mas conseguem pontuar os defeitos alheios, não sabendo elas que podem estar praticando o ato de ver seus defeitos projetados no outro. Nós apontamos o dedo e falamos, você não merece esse prêmio, ao acontecer isso, não estamos só tirando a pessoa de um jogo, podemos estar matando o sonho de alguém e essa mensagem que todos podem ser juízes, não é nada legal, nem todos terão privilégio de como réu, pagar pelos próprios pecados, a mensagem recebida é, quando uma filha engravidar de forma inesperada, ainda que ela não tenha recebido nenhum tipo de orientação através dos seus responsáveis que ela seja eliminada (expulsa de casa), quando um jovem for prisioneiro de seus vícios que ele seja eliminado (discriminado), quando um casal não ir bem no seu relacionamento que um elimine o outro (qualquer coisa divórcio), tais programas estimulam isso entre seus telespectadores, na passagem bíblica Mateus 7:5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. Precisamos ter convicção que só existe um juiz e que ele Deus, o criador, onde só ele tem o poder e direito para nos julgar, não sou contra as pessoas que acompanham tal entretenimento e de forma alguma estou querendo dizer que é pecado assistir. Selecione as coisas que fazem parte da sua vida e cuidado para não cair na cilada aparentemente despretensiosa, mas cruel, façamos como o senhor nos diz em Mateus 7:1,2 ‘’Não julgueis, para que não sejais julgados, porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós’’.

Tohru Valadares é teólogo e filósofo. Pós-graduado em conselhamento Cristão e Capelania, graduando em Psicologia e Licenciatura das Ciências da Religião. É palestrante, consultor religioso e professor nas áreas; do Ensino Religioso e Filosofia.

Arroz Niemeyer 5kg

1890

Ovo de Codorna Kerovos Camarina C/30

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Filé de Peito Seara Bandeja 1kg

98 ,

Feijão Carioca Prolife 1kg

Uva Vermelha C/ Semente Bandeja 500g

990 ,

499

Leite Ibituruna 1L

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Banana da Terra, Cenoura, Abóbora Moranga ou Mamão Havaí kg

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Filé Mignon Reserva Friboi kg

98 ,

4990 ,

279 ,

198 ,

Bife Ancho Maturatta kg

Desodorante Nivea Aerossol 150ml

890

Cerveja Puro Malte Brussels Latão 473ml

229

Queijo Cottage Regina 200g

399

Mortadela Tradição Pif Paf Peça/Pedaço kg

499

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Alcatra Bovina Fresquinha kg

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3290 ,


JornaldaCidade

CADERNO ESPECIAL DO ANIVERSÁRIO JORNAL DA CIDADE GV

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Almanaque A N O 2 N Ú M E R O 6 1 - C A D E R N O A L M A N A Q U E - E D I Ç Ã O E S P E C I A L D E A N I V E R S Á R I O - 3 0 D E J A N E I R O D E 2 0 2 1 - Não pode ser vendido separadamente

Nosso berço BAIRRO SÃO TARCÍSIO

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CADERNO ESPECIAL DO ANIVERSÁRIO JORNAL DA CIDADE GV

Em 5 de maio de 1971, o prefeito de Governador Valadares, Sebastião Mendes Barros, deu posse a um grupo de trabalho para viabilizar a criação da Faculdade de Medicina de Governador Valadares. Faziam parte do grupo: Danor Divino, Marcius Mário Murta, Hélio Salvador Arêas, Abel Pereira, Genserico Barroso, Eurides Inácio de Lima e Raimundo Rezende.

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Em 23 de fevereiro de 1967, um grupo de cidadãos valadarense se reuniu para criar uma declaração de propósitos, com o objetivo de criar uma instituição de ensino e pesquisa, e sua mantenedora, a Fundação Percival Farqhuar. Em 25 de abril do mesmo ano, nova reunião aconteceu para encaminhar as formalidades para a criação da FPF, que mais tarde daria origem ao Minas Instituto de Tecnologia (MIT).

Ô, menina, vai ver nesse almanaque Como é que isso tudo começou Diz quem é que marcava o tic-tac Que a ampulheta do tempo disparou Se mamava de sabe lá que a teta O primeiro bezerro que berrou me diz, me diz Me responde por favor Pra onde vai o meu amor Quando o amor acaba... Almanaque Chico Buarque de Holanda

SÉCULO XIX No século XIX, o Vale do Rio Doce foi repartido em Divisões Militares como estratégia de guerra ofensiva aos índios Botocudos. As tarefas principais dos quartéis eram ocupar o território, promover a perseguição sistemática dos índios, expulsando-os das margens dos rios, e, principalmente, dar proteção aos colonos e garantir a navegação e o comércio no Rio Doce. Neste contexto de luta é que surgiu a localidade que, mais tarde, deu origem ao distrito de Figueira, atual Governador Valadares.

1818 A primeira ocupação foi em Baguari, onde foi instalado um quartel. Logo depois da vinda de D. João VI para o Brasil, em 1818, um segundo quartel foi levantado poucos quilômetros abaixo, com o nome de Dom Manoel. Em torno deste quartel funcionou o Porto de Canoas, que atendia ao serviço militar e a um pequeno comércio. O lugar recebeu a denominação de Figueira desde os primeiros tempos. Era distrito de Peçanha. Beneficiado pela posição estratégica, podendo escoar a produção proveniente do Vale do Suaçuí e do Santo Antônio, logo se tornou um pequeno entreposto comercial.

Seleme Hilel, Dr. Raimundo Albergaria, o governador de Minas, Benedito Valadares (falando ao microfone), Dr. Milton Cunha e Pio Canedo. A foto é de Antônio Fernandes, cedida por Teresinha Solha Hilel. Data desconhecida

1935 a 1938, DE FIGUEIRA A GOVERNADOR VALADARES Em 1935, foi formado o Partido Emancipador de Figueira, destinado a comandar a luta pró-emancipação. Em 31 de dezembro de 1937, finalmente, foi criado o Município de Figueira, desmembrado de Peçanha por ato do governador Benedito Valadares. O decreto-lei nº 148, de 17 de dezembro de 1938, mudou o nome para Governador Valadares.

1907 Em 1907, foi inaugurada a estação ferroviária da Estrada de Ferro Vitória-Diamantina (Vitória-Minas), na localidade de Derribadinha, às margens do Rio Doce, no lado oposto ao povoado de Figueira. Em torno da estação, formou-se um vilarejo onde se instalaram fornecedores da estrada de ferro e um pequeno movimento comercial. Mas, três anos depois, com a construção da ponte sobre o Rio Doce e a inauguração da estação de Figueira, no dia 15 de agosto de 1910, todo o fluxo dinâmico se transfere e se consolida a posição desta vila como entreposto comercial da região. Com a estrada de ferro, chegaram os comerciantes e expandiram-se as plantações de café e a extração da madeireira de lei.

1930 Em 1930, Figueira contava com uma população de 2.103 habitantes e tinha a aparência de um lugarejo pobre, perdido no meio da floresta, que ainda continuava de pé. Porém, não duraria muito tempo, pois tinha se iniciado a era da siderurgia a carvão vegetal e a das serrarias estava próxima. Nos anos 1930, duas obras foram importantes: a abertura das estradas de rodagem de Figueira a Peçanha e a Itambacuri, de onde já havia comunicação com a cidade de Teófilo Otoni. A dinâmica econômica criada pela estrada de ferro possibilitou a inauguração da primeira agência bancária, em 1931.

1940 - 1950 A indústria da madeira foi fator decisivo na formação regional e no processo de urbanização. As atividades de beneficiamento da madeira, cujo auge também se concentrou nos anos 1940 e 50, tiveram um papel central no crescimento da cidade, onde operavam 14 grandes serrarias e uma fábrica de compensados. A principal empresa foi a subsidiária da Siderúrgica Belgo Mineira Companhia Agropastoril Rio Doce (CAP), que instalou uma das mais modernas fábricas de compensados do país, a três quilômetros do centro (atual bairro Universitário).

1960 Nos anos 1960 as grandes serrarias foram encerrando suas atividades. A cultura da cana-de-açúcar também foi destaque nesta época. Controlada pela subsidiária da Siderúrgica Belgo-Mineira, a Companhia Açucareira do Rio Doce (CARDO) foi fechada em meados dos anos 1970 pela dificuldade de se obter matéria-prima em quantidade necessária, desaparecendo os canaviais.

FOTO DA CAPA - ANTÔNIO CÂNDIDO - DIVULGAÇÃO SECOM/PMGV / TEXTOS ILUSTRADOS - PROFESSOR DR. HARUF SALMEN ESPINDOLA


CADERNO ESPECIAL DO ANIVERSÁRIO JORNAL DA CIDADE GV

A triste história de São Tarcísio, o coroinha assassinado de forma cruel por ser um cristão Tarcísio foi um mártir da Igreja dos primeiros séculos, vítima da perseguição do imperador Valeriano, em Roma, Itália. A Igreja de Roma contava, então, com 50sacerdotes, sete diáconos e mais ou menos 50 mil fiéis no centro da cidade imperial. Ele era um dos integrantes dessa comunidade cristã romana, quase toda dizimada pela fúria sangrenta daquele imperador. Tarcísio era acólito do papa Xisto II, ou seja, era coroinha na igreja, servindo ao altar nos serviços secundários, acompanhando o santo papa na celebração eucarística. Durante o período das perseguições, os cristãos eram presos, processados e condenados a morrer pelo martírio. Nas prisões, eles desejavam receber o conforto final da eucaristia. Mas era impossível entrar. Numa das tentativas, dois diáconos, Felicíssimo e Agapito, foram identificados como cristãos e brutalmente sacrificados. O papa Xisto II queria levar o Pão sagrado a mais um grupo de mártires que esperavam a execução, mas não sabia como. Foi quando Tarcísio pediu ao santo papa que o deixasse tentar, pois não entregaria as hóstias a nenhum pagão. Ele tinha 12 anos de idade. Comovido, o papa Xisto II abençoou-o e deu-lhe uma caixinha de prata com as hóstias. Mas Tarcísio não conseguiu chegar à cadeia. No caminho, foi identificado e, como se recusou a dizer e entregar o que portava, foi abatido e apedrejado até morrer. Depois de morto, foi revistado e nada acharam do sacramento de Cristo. Seu corpo foi recolhido por um soldado, simpatizante dos cristãos, que o levou às catacumbas, onde foi sepultado. Essas informações são as únicas existentes sobre o pequeno acólito Tarcísio. Foi o papa Dâmaso quem mandou colocar na sua sepultura uma inscrição com a data de sua morte: 15 de agosto de 257. Fonte: Arquidiocese de São Paulo

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As casas simples e coloridas do Bairro São Tarcísio, na margem esquerda do Rio Doce. Aqui começou a história de uma cidade que tornou-se a grande metrópole do leste de Minas Gerais. Foto: Tim Filho

À bênção, São Tarcísio! Bairro é considerado o Marco Zero da cidade, embora tenha sido ocupado por volta de 1950. Mas foi por ali, na margem esquerda do Rio Doce, que um Porto de Canoas começou a moldar a cidade, com acesso pela Rua Direita TIM FILHO Editor do Jornal da Cidade

Aqui começou a Figueira, na cachoeira de baixo e no antigo Porto das Canoas, de onde surgiu a rua que se tornou “a de baixo”, à direita, e do casario onde foi levantada a capelinha pelos capuchinhos da catequese indígena sediada em Itambacury. Figueira, à margem esquerda do Rio Doce, e fronteiriça à ilha do mesmo nome, que se assim era chamada por ser nativa das figueiras silvestres, que depois ficou conhecida como Arraial de Santo Antônio da Figueira, contando com 80 a 100 fogos (casas) para 200 habitantes. E se tornou porto frequentado por canoas que transportavam artigos de sobrevivência, vindo do Espírito Santo, desde 1832, e mais ativamente a partir de 1870.

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narrativa acima é de José Raymundo Fonseca, no seu livro “Figueira do Rio Doce - Ibituruna”, lançado em 1985. Não apenas ele, mas outros escritores e historiadores quando escrevem sobre as origens da cidade que desde 17 de dezembro de 1938 adotou o nome Governador Valadares, fazem referência à Rua Direita, destino do Porto das Canoas, como o local onde toda história começou. Essa rua existe até hoje. Mudou de nome: Rua Prudente de Morais. Na gênese da cidade, era pelos lados da Rua Direita que se encontrava um pedaço de terra à margem do Rio Doce, até então desabitado e sem muita importância geográfica. Esse pedaço de terra é o Bairro São Tarcísio, cuja ocupação se iniciou por volta de 1950. O Bairro leva o nome de um santo da Igreja Católica, São Tarcísio, por sugestão do Padre Geraldo Vieira, em conversa com os primeiros moradores, que se emocionaram ao saber que o menino Tarcísio, canonizado pelo Papa Xisto II, foi morto num ataque de fúria de jovens romanos, com socos, pontapés e apedrejamento. Quando o São Tarcísio começou a ser ocupado, Governador Valadares tinha apenas dois bairros: Bairro do Lixo, onde a Prefeitura depositava o lixo doméstico produzido pelos primeiros moradores, (atual São Geraldo) ;e Bairro do Sapo, com suas muitas lagoas e cursos d’água (atual Nossa Senhora das Graças). A faixa territorial onde surgiu o São Tarcísio não foi prevista como área urbana no traçado de ruas da cidade, feito pelo engenheiro

Olympio de Freitas Caldas, cujo trabalho a cidade ignora solenemente até hoje. Na Revista Embarcação, projeto experimental de um grupo de alunas do curso de Comunicação Social da Univale, em 2002, um dos primeiros moradores do São Tarcísio, Antônio Buenos Aires descreveu uma trajetória de luta e persistência para viver em um local sem nenhuma infraestrutura. Ele contou que precisou ficar de plantão para não perder o seu espaço nas terras até então imprestáveis. Lá ele construiu rapidamente o barraco de madeira para assegurar seu lugar. E, a partir daí, foi um dos primeiros moradores a participar com a força de seu trabalho, das primeiras obras que viriam beneficiar as famílias que ali se juntaram para formar o bairro. Antigos moradores disseram que as terras onde está o São Tarcísio pertenciam ao pioneiro Quintiliano Costa. Mas o ex-prefeito de Governador Valadares, Hermírio Gomes da Silva, afirmou que essas terras eram de Euzébio Cabral, homem que estabeleceu um império pecuário em Governador Valadares, e a divisão em pequenos lotes foi feita pelo prefeito considerado o “pai dos pobres”, o médico Raimundo Albergaria. Uma coisa é certa: a cidade começou ali, na região do São Tarcísio, considerado pela Prefeitura de Governador Valadares como o Marco Zero, porque se localizava entre dois portos de canoas. Um deles, se localizava ali pertinho da Rua Direita (atual Prudente de Morais) e o outro, perto do local onde hoje está a Estação de Tratamento de Água do SAAE. Nos dois portos chegavam grãos, frutas e pequenos animais destinados ao comércio essencial para alimentar os figueirenses. O primeito porto, vizinho do São Tarcísio foi desativado quando a Estação Figueira foi inaugurada, em 1910. O outro porto desapareceu por volta de 1940, com o início da construção da Ponte de São Raimundo, e o comércio que ali era feito, buscou terra firme, mais distante da margem do rio e se transformou no Mercado Municipal. Nos primeiros anos da ocupação do São Tarcísio, a área onde hoje se localiza o bairro era irregular e Rio Doce avançava em grande parte, criando uma pequena ilha. O braço do rio que formava a ilha foi aterrado com lixo, como forma de ampliar a área de terra firme, e ao longo dos anos, o assoreamento do rio tratou de transformar tudo em terra firme, pronta para receber novas construções. Por ali, lembram os primeiros moradores, como Anésio Pereira (em entrevista à Revista Embarcação), na parte baixa mais próxima do rio havia um matadouro e um moinho que pertenceu a Sotero Ramos, empresário que construiu as primeiras salas de exibição de filmes em Governador Valadares, e também o primeiro gerador de energia elétrica da cidade. Havia também a Serraria do José Ferradeiro, conhecido como Português. O interesse nas terras do entorno do São Tarcísio surgiu do atrativo que esses empreendimentos ofereciam. Antônio Buenos Aires, por exemplo, foi um dos primeiros ocupantes das terras do São Tarcísio, a trabalhar na serraria do “Portuga”. Depois dele, outros trabalhadores fincaram suas casas por ali pra ficar mais perto do trabalho. Passados mais de 100 anos da ocupação do entorno do São Tarcísio, até hoje há o interesse imobiliário na área. Se nos primeiros anos as pessoas fincavam casebres, hoje, brotam do chão sagrado da Figueira, empreedimentos imobiliários gigantescos, como o edifício mais alto da cidade que está sendo construído pela Construtora WR.

Quando o São Tarcísio começou a ser ocupado, Governador Valadares tinha apenas dois bairros: Bairro do Lixo, onde a Prefeitura depositava o lixo doméstico produzido pelos primeiros moradores, (atual São Geraldo); e Bairro do Sapo, com suas muitas lagoas e cursos d’água (atual Nossa Senhora das Graças).

Fonte: Parte das informações desse texto são da Revista Embarcação, do Curso de Comunicação da Universidade Vale do Rio Doce (2002), produto do Projeto Experimental de Jornalismo 2002, sob a edição das jornalistas Regina Miranda, Sabrina Cani, Márcia Nunes, Lorenna Alvarenga, Ricardo Soares e Érica Pascoal, sob a orientação da professora jornalista Áurea Nardely.


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MEMÓRIA DA CIDADE

São Tarcísio é o “El Caminito” valadarense El Caminito é uma rua do Bairro de La Boca, em Buenos Aires, Argentina, que tem casario colorido e inspira as casas da orla do São Tarcísio

Tim Filho

O bairro São Tarcísio ganhou cores novas em seu casario do fim de 2020. As mudanças fazem parte do projeto “Marco Zero”, desenvolvido pela parceria entre a Prefeitura, Associação Comercial e Empresarial, Universidade Vale do Rio Doce (Univale) e Faculdade Pitágoras. Fernanda Camargo Ferreira, arquiteta da Secretaria Municipal de Planejamento (SEPLAN), explicou, à época, que algumas etapas da proposta já foram cumpridas: pintaram as casas, revitalizaram a orla, podaram as árvores, instalaram bancos, lixeiras e a rua está devidamente iluminada. Além destas mudanças, o “Marco Zero” também prevê a criação de um monumento, promoção do empreendedorismo local e a construção de uma passarela no Rio Doce, ligando o bairro São Tarcísio ao Parque Natural Municipal, no bairro Elvamar. Sérgio Luís Louzada, presidente da Associação Comunitária do Bairro São Tarcísio, disse que as mudanças vêm para beneficiar os moradores: “As pessoas estão elogiando, a população vê essa mudança com bons olhos porque tudo é pra melhorar o bairro. Primeiramente a gente agradece a Deus, depois, em nome de todos os moradores, ao prefeito André Merlo pelo carinho que ele tem com o nosso bairro”, disse. A Associação Comercial doou as tintas e outros materiais para a reforma. Jackson Lemos, presidente da ACEGV e atual Secretário de Planejamento, disse, à época da realização da primeira etapa de obras, que estava satisfeito com os avanços da revitalização e feliz por mais uma parceria firmada com a Prefeitura: “O crescimento da cidade se entrelaça com a vida da Associação. Tudo que vem pra melhorar a cidade, pra desenvolver, é importante pra nós”, disse o presidente. El Caminito valadarense A inspiração para o bairro São Tarcísio vem do El Caminito”, rua popular do bairro de La Boca, que fica no sul de Buenos Aires, Argentina. As casas foram pintadas em 1950, quando o pintor Boca Quinquela se uniu a outros vizinhos para revitalizar as moradias construídas pelos imigrantes. Assim como o El Caminito, o São Tarcísio também foi a primeira parada de muitos que chegavam ao que hoje chamamos de Governador Valadares. O prefeito André Merlo disse que a Prefeitura continuará trabalhando pela conclusão do “Marco Zero”: “Vamos continuar trazendo dignidade para o primeiro bairro de Valadares. Foi aqui que tudo começou: num bairro simples, humilde, mas de grande importância para a cidade”.

O projeto de revitalização do Bairro São Tarcísio ainda está em andamento e prevê outras intervenções na infraestrutura do Marco Zero da cidade


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O trem de ferro, com vagões puxados pela Maria Fumaça, chegando à velha Figueira, nos anos 1930. A foto não tem data definida, mas é um registro raro do distrito que se transformou na maior cidade do leste de Minas Gerais

O protagonismo médico na cidade

Primeiro, os farmacêuticos eram os responsáveis pela saúde do povo da Figueira. Depois, os médicos começarem a chegar. Uns foram e outros fincaram suas raízes familiares na cidade

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À época, a água para o consumo humano era retirada do Rio Doce pelos carroceiros, que a armazenavam em grandes caixas nas suas casas. Como a água era barrenta, o recurso utilizado para torná-la cristalina era a pedra hume, que ao ser colocada dentro das caixas que armazenavam a água in natura, retirada do rio, proporcionava a decantação do barro

TIM FILHO - EDITOR DO JORNAL DA CIDADE

exercício da medicina no Vale do Rio Doce remonta os primórdios da povoação no distrito de Figueira, que se emancipou de Peçanha, MG, em 1938, e adotou neste mesmo ano, o nome de Governador Valadares. Os primeiros médicos a pisar nessa região, segundo registros históricos, eram “nômades” que se deslocavam sertão adentro com os acampamentos dos trabalhadores que construíam a Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM). Mas antes que o primeiro médico aportasse nesse distrito banhado pelo Rio Doce, cujas primeiras casas foram fincadas numa planície em meio ao mar de montanhas, dentre estas, a maior, o Pico da Ibituruna, os cuidados com a saúde na pacata Figueira, eram primazia de farmacêuticos, como Luiz Gonzaga da Rocha (1910), Francisco do Paula Freitas (1914), Francisco de Abreu Mafra (1918) e Octávio Soares Ferreira (1921). Esses primeiros farmacêuticos, segundo o antigo morador de Figueira, Raymundo José Fonseca, autor do livro “Figueira do Rio Doce – Ibituruna”, exerciam o papel do médico, tratando da saúde geral por meio da alopatia, e eram, de acordo com ele, “a sentinela avançada e aguerrida na preservação e tratamento dos males ambientais, e nas doenças ocorrentes, adotavam a farmacopeia, a miscigenação supletiva e providencial da flora medicinal de aplicação paralela ou incidental”. Fonseca conta que os farmacêuticos administravam a ipecacuanha e puaia, chás de flor de laranjeira, de agrião, sabugueiro, canela, camomila, macela, poejo e erva-cidreira, erva doce e limão, óleos de copaíba, rícino, e o repulsivo óleo de capivara, tão saboroso quanto a Emulsão Scott. Também receitavam a água rubinat, versão elitista do rompe-tudo “sal de Glauber”, sal-amargo, sene, maná, ruibarbo e limão purgativo. O trabalho dos farmacêuticos tornou-se intenso e providencial depois que o distrito de Figueira experimentou o desenvolvimento com a chegada da Estrada de Ferro e a inauguração da Estação Figueira, em 1910. Pelos trilhos chegaram as novas formas de comunicação e conhecimento, desenvolveu-se a logística comercial e tudo isso atraiu novos moradores em busca de um pedaço de terra para plantar e colher. Mas o distrito, com infraestrutura urbana deficiente, conviveu à duras penas com o crescimento populacional, tornando as condições de vida das pessoas ainda mais precárias. Essas condições precárias de vida não eram características apenas na região do Vale do Rio Doce. Naquela época, no período compreendido entre 1910 a 1920, o Brasil era interpretado e divulgado como um país doente, caracterizando-se pela onipresença de doenças endêmicas. Não existiam políticas públicas para impedir a ação das doenças. A ausência do poder público era potencialmente significativa em grande parte do território nacional. “O movimento sanitarista saturou a sociedade brasileira com uma interpretação sobre o Brasil, a partir de dois eixos complementares que o definiriam: o hospital e os sertões. O hospital indicava a (oni)presença das endemias rurais e os sertões significavam o abandono e a ausência da autoridade pública. A população doente e esquecida desse imenso hospital chamado Brasil seria a grande vítima do status quo político e constitucional, quando havia conhecimento médico disponível para a prevenção e, às vezes, cura.” No sertão da Figueira, a população andava pelas pastagens e se

expunha a vários riscos, como as picadas de cobras venenosas (à época não havia soro), lagartas venenosas, carrapatos e bichos-de-pé. Mas o maior perigo estava nos mosquitos. A malária e também a febre amarela silvestre se alastravam pela região. Outro perigo estava na água, consumida sem tratamento. A febre tifoide era comum e junto com a “schistosomíasis”, e juntas, poderiam invalidar uma pessoa definitivamente. À época, a água para o consumo humano era retirada do Rio Doce pelos carroceiros, que a armazenavam em grandes caixas nas suas casas. Como a água era barrenta, o recurso utilizado para torná-la cristalina era a pedra hume, que ao ser colocada dentro das caixas que armazenavam a água in natura, retirada do rio, proporcionava a decantação do barro. Depois essa água era vendida de casa em casa, pelos mesmos carroceiros. Mas havia também o consumo da água sem este tratamento rudimentar. E assim, o distrito de Figueira reproduzia as mesmas condições de moradia de outras cidades e lugarejos do interior do Brasil. As moradias eram construídas de forma precária, pequenas e sem conforto, com piso de terra batida, paredes de pau a pique ou de alvenaria, com tijolo de adobe. As condições sanitárias eram ainda mais precárias. A maioria da população usava áreas cobertas pelo mato para depositar suas necessidades fisiológicas. As fezes eram deixadas descobertas, e logo eram dispersas por galinhas, porcos e cães. A maior parte das pessoas usava sabugos de milho ou sua casca, ou folhas de arbustos como função higiênica. Anos mais tarde, o jornal velho tornou-se outro recurso valioso. Os meninos urinavam em qualquer lugar, os homens escolhiam um lugar discreto. As mulheres e as meninas, para essa finalidade, costumavam retirar-se para um lugar distante das vistas de qualquer passante. Os ‘penicos’ (urinóis) eram usados à noite e esvaziados pela manhã, diretamente em córregos, valas ou sarjetas próximas das moradias. Os pioneiros da medicina Em meio às péssimas condições sanitárias, Figueira foi beneficiada, em 1922, com a criação do posto médico da Estrada de Ferro Vitória-Minas, ocupado pelo primeiro titular, Dr. Naor Rodrigues, que se afastou em pouco tempo. Pastor presbiteriano, o médico conciliou por pouco tempo a medicina com a sua missão pastoral. Foi substituído pelo Dr. Nestor Lobo Leal, que também teve rápida passagem por Figueira, retirando-se para Aimorés, sua terra natal, e depois Vitória, ES. O médico que se estabilizou por mais tempo no distrito de Figueira foi o Dr. Jair de Souza Carmo. Montou consultório particular nos anos 1924 e 1925, mas depois deste biênio, mudou-se para o Rio de Janeiro, dando prosseguimento à sua carreira no estado da Guanabara. Mas foi durante a estada deste médico pioneiro por aqui, que o governo do estado de Minas Gerais instalou em Figueira, o Posto Higiênico local, cujo primeiro chefe foi o Dr. Fausto Monteiro, que teve como enfermeiro, dentre outros, Henrique de Andrade. O Dr. Fausto foi substituído, algum tempo depois, pelo Dr. Ary Salles, segundo chefe do Posto Higiênico.

As condições sanitárias eram ainda mais precárias. A maioria da população usava áreas cobertas pelo mato para depositar suas necessidades fisiológicas. As fezes eram deixadas descobertas, e logo eram dispersas por galinhas, porcos e cães. A maior parte das pessoas usava sabugos de milho ou sua casca, ou folhas de arbustos como função higiênica.


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O médico atendia a dezenas de pacientes e normalmente tinha a ajuda de guardasmedicadores, que visitavam famílias em comunidades rurais distantes até 10 quilômetros da sede, para fazer a vacinação.

Também não era incomum acreditar-se em bruxarias. Muitas pessoas usavam amuletos protetores contra perigos sobrenaturais. As doenças curadas pelos benzedeiros e curandeiros com suas fórmulas mágicas, eram: quebranto, cobreiro, hemorroidas, espinhela caída, fogo selvagem, vento virado, íngua, berugo.

A rotina de trabalho do médico no Posto Higiênico, que funcionava como uma espécie de ambulatório, era movida pelas enormes carências da população e representava um desafio ao atendimento nas condições existentes. O médico atendia a dezenas de pacientes e normalmente tinha a ajuda de guardas-medicadores, que visitavam famílias em comunidades rurais distantes até 10 quilômetros da sede, para fazer a vacinação. Os que não eram visitados tinham de vir até ao posto, percorrendo longas distâncias, a pé ou a cavalo. As ocorrências mais comuns nos atendimentos eram: ferimentos, malária, gripe, doenças venéreas, úlcera tropical, beribéri, disenteria, leishmaniose, schistosomíasis, bouba, “ofensa de cobra”. Naqueles anos, o médico era um personagem novo em uma sociedade de hábitos ainda primitivos. As ações de saúde características do estado de bem-estar social e individual ainda não eram desenvolvidas. As medidas curativas eram aplicadas quando as doenças se manifestavam de forma a deixar o paciente acamado. Entende-se como medidas curativas aquelas aplicadas pelo médico ou por meio da fé popular, que atribuía os males ou as benesses às causas físicas e espirituais, boas e más, que traziam a saúde ou a doença. Desta forma, mesmo com o trabalho incipiente dos médicos no distrito de Figueira e na Governador Valadares dos primeiros anos, as pessoas buscavam os recursos da magia, da oração e remédios ‘do mato’, recorrendo-se aos peritos nesses campos: os benzedeiros e os curandeiros. Essa busca era resultante de um conflito entre médico-paciente. A lógica do médico era científica, de alguém com um certo status social, e desconsiderava os saberes populares, oriundos da lógica tradicional seguida por pessoas analfabetas e sem acesso ao saber científico. Assim, em muitos casos, era comum que algumas pessoas não aceitassem alguns diagnósticos médicos e tomar os medicamentos receitados. Se algumas pessoas viam o médico como Deus, outras o viam com desconfiança. Para essas pessoas, Deus se manifestava na natureza, nas plantas, flores, frutos e raízes. Também não era incomum acreditar-se em bruxarias. Muitas pessoas usavam amuletos protetores contra perigos sobrenaturais. As doenças curadas pelos benzedeiros e curandeiros com suas fórmulas mágicas, eram: quebranto, cobreiro, hemorroidas, espinhela caída, fogo selvagem, vento virado, íngua, berugo. Algumas dessas doenças não ocorriam na lista de nenhum médico moderno, e reforçavam no meio da população a ideia de que havia “doenças que não são para o médico.” A cura do tétano Um exemplo claro da resistência ao médico e o apelo aos céus nos momentos de adversidade, é registrado no livro de José Raymundo Fonseca. Ele conta que, na mesma época em que atuavam os médicos Dr. Jair e Dr. Fausto, Figueira recebeu a visita de um médico russo itinerante, o Dr. Sérvulo Seminovich. Vindo de Teófilo Otoni, o Dr. Seminovich resolveu ficar por uns dias em Figueira, cobrando um preço mínimo pelas consultas, o suficiente para cobrir as despesas de sua estada no lugarejo. O Dr. Seminovich foi chamado para atender a uma criança de nome Nicanor, filho do casal Waldemiro e Sinhazinha Barrel. Nicanor, sentia febre alta e a família não deixava que o médico do Posto Higiênico o examinasse. Waldemiro, desesperado, chorava pelas ruas, clamando aos céus pela saúde do filho. Até que, cansado de tantas súplicas e orações, decidiu chamar o Dr. Seminovich para ver o filho moribundo. O médico russo, depois de um contato mínimo com a criança, descobriu na sola de seu pé um ponto roxo de inflamação. Diagnóstico: tétano. “Aplicada ao paciente a medicação específica, que como a própria farmacopéia claudicante da época indicava duvidosa a eficácia, foi salvo o doente para desafogo da família e para abono do velho médico, cuja meteórica passagem pela Figueira foi marcada por esse feito, mais de minúcia analítica do que de ciência ou sabedoria profissional”, escreveu Fonseca. Médicos que vieram e ficaram As incursões dos primeiros médicos no distrito de Figueira eram marcadas por episódios que abreviavam a estada de cada um deles. Em 1936, um médico pioneiro resolveu fincar raízes no distrito empoeirado. O Dr. Xisto Rodrigues Coelho graduou-se em Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais em 1935. Natural de Virginópolis, deixou sua cidade natal e veio para a Figueira, em 1936, percorrendo um caminho sinuoso e ao mesmo tempo precário. Movido por um espírito empreendedor, abriu uma casa de saúde em sociedade com o Dr.

Hospital e Maternidade Santa Terezinha, um marco na história da medicina em Governador Valadares O Hospital e Maternidade Santa Terezinha marcou a história de Governador Valadares. Muitos valadarenses nasceram nessa maternidade pelas mãos de médicos, que anos atrás, estavam dando os primeiros passos na carreira, sempre sob orientação de médicos experientes, como o Dr. Trajano Fontes, Dr. Modad Ali e Dr. Milton Cunha. Esse trio de médicos fundou o HMST, em 1953. Nessa época, o HMST ocupava uma casa que ficava em frente à Praça Aurita Machado, conhecida como “Praça da mulher da boca aberta”. Anos mais tarde, o Hospital e Maternidade Santa Terezinha mudou-se para a sua sede própria, na

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MÉDICOS PIONEIROS

O Dr. Xisto Rodrigues Coelho graduou-se em Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais em 1935 e veio para a Figueira em 1936

O Dr. Milton Cunha de Almeida, que chegou em Figueira por volta de 1936, vindo de Vitória, ES, e também fincou raízes na planície

Coube ao Dr. José Pinto Machado a missão de ampliar e compartilhar o conhecimento científico entre a classe médica. Dele foi a iniciativa de fundar a Associação Médica de Governador Valadares, como uma “Secção Regional da Associação Médica de Minas Gerais”. A consolidação do projeto aconteceu no dia 3 de outubro de 1953, durante reunião na sede do SESP.

Moacir Byrro, a primeira do distrito de Figueira, que não durou muito tempo. Mesmo assim ele se fixou na Figueira e logo viu o distrito se emancipar de Peçanha e se tornar Governador Valadares. Outro contemporâneo do Dr. Xisto Rodrigues Coelho foi o Dr. Milton Cunha de Almeida, que chegou na mesma época, em 1936, vindo de Vitória, ES, que também fincou raízes na planície. A criação da Associação Médica Em 1953, o codinome “Princesa do Vale” se encaixa como luva – ou como sapato de cristal - à jovem cidade, que tinha apenas 15 anos de vida, contados desde que se emancipou de Peçanha. Coube ao Dr. José Pinto Machado a missão de ampliar e compartilhar o conhecimento científico entre a classe médica. Dele foi a iniciativa de fundar a Associação Médica de Governador Valadares, como uma “Secção Regional da Associação Médica de Minas Gerais”. A consolidação do projeto aconteceu no dia 3 de outubro de 1953, durante reunião na sede do SESP, à época, uma construção suntuosa, erguida na Rua São João, esquina com Tiradentes. Sua arquitetura funcional – entrada ajardinada; gabinetes médicos e de imunização, sala de enfermagem, laboratório e sala de palestras dando para um pátio central com bancos – diferenciava-o de outros prédios públicos ou residências da região. Desta reunião participaram médicos que atenderam à convocação da classe, subscrita pelos médicos José Pinto Machado, Clóvis Sette Bicalho e José Raimundo de Miranda. No Livro da Atas que registra os momentos históricos da Associação Médica de Governador Valadares, o relator informou que a reunião de fundação contou com 31 médicos presentes, número suficiente para a fundação de uma seção regional da Associação Médica de Minas Gerais, de acordo com artigo 3º, do capítulo I, do Estatuto da AMMG. A denominação oficial da associação criada foi: Associação Médica de Minas Gerais – Secção Regional de Governador Valadares, que teve como sede provisória o Centro de Saúde do SESP.

Avenida Brasil, onde permanece até hoje, sem atividade, mas como símbolo dos anos dourados da medicina em Governador Valadares. A advogada Marisa Figueiredo Murta, que durante anos foi administradora do HMST, disse que até hoje, quando ela vai ao prédio coordenar os trabalhos de limpeza, muitas pessoas param e perguntam: “Nossa, vai reabrir? Eu nasci aí, sabia? Poderia ser mera curiosidade, mas essas e outras perguntas feitas por quem passa pela Avenida Brasil em dia de limpeza das instalações, revelam o carinho e o respeito que muitos têm pela maternidade. “Nossos funcionários, quando estavam na ativa, também demonstravam esse carinho. Quando eu convocava uma reunião, eles diziam que seria uma reunião da família Santa Terezinha”, disse, emocionada ao lembrar dos bons tempos da maternidade, que na verdade era Hospital e Maternidade. Marisa vê o mesmo carinho e respeito de pessoas da comunidade, funcionários e funcionárias, por parte dos médicos que atuaram no Hospital e Maternidade santa Terezinha. “A lista é imensa, a maioria dos médicos que trabalharam conosco, chegou lá bem jovens, recém formados, e hoje são profissionais altamente conceituados na medicina”, disse, citando como exemplo o seu marido, o Dr. Luiz Marcos Murta, como um dos que chegou à

Esse texto é parte do livro “Uma história para contar”, de Tim Filho, reportagem sobre a história da Associação Médica de Governador Valadares; depoimento de Terezinha Solha Hilel e pesquisa no livro “Figueira do Rio Doce - Ibituruna” e tese de doutorado da professora Dra. Maria Terezinha B. Vilarino, “Da lata d’água ao SESP: tensões e constrangimentos de um processo civilizador no Sertão do Rio Doce (1942-1960)”, pela UFMG.

maternidade recém formado em Medicina. Ela comenta que as boas lembranças de todos, especialmente das pessoas da comunidade, se devem ao tratamento humanizado e respeitoso que os pacientes recebiam. “Eu, por exemplo, ia sempre, todos os dias, de quarto em quarto saber se estava tudo bem”, lembra.

Nós encerramos as atividades de forma digna, com situação financeira plena e isso nos orgulha

Pra quem está curioso em saber se o Hospital e Maternidade Santa Terezinha vai ser reaberto, Marisa diz que não, porque todo o seu quadro funcional, médicos, enfermeiras e outros profissionais da saúde foram atuar na Unimed-GV. “Nós encerramos as atividades de forma digna, com situação financeira plena e isso nos orgulha”, disse. Do trabalho de excelência restou a saudade e orgulho de muitos, até de gente simples que se emociona ao dizer: “ah, eu nasci aqui”.


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MARIA TEREZINHA B. VILARINO

Histórias do cotidiano e da saúde pública A professora Maria Terezinha B. Vilarino, doutora em História pela UFMG e professora da Universidade Vale do Rio Doce (Univale), transformou sua tese de doutorado no livro Hábitos culturais e cuidados com a saúde: resistências e mudanças” (Fino Traço Editora), no qual ela focaliza a experiência da implementação do Serviço Nacional de Saúde Pública (SESP) na região do Vale do Rio Doce, nas décadas de 1940-1960. Seu interesse vai além do entendimento dos objetivos ou do contexto político e econômico que informam a instalação da estrutura do SESP na região, marcada pela guerra fria na perspectiva internacional e pelo processo de state-building e de desenvolvimento econômico no âmbito nacional. O ponto central dessa empreitada é examinar os interesses e as percepções em torno das transformações culturais que animavam os diferentes atores envolvidos na experiência viabilizada pelo SESP. A identificação do espaço focalizado – abrangendo de modo mais específico a área entre Governador Valadares e Colatina – a partir da categoria “sertão” filia o trabalho a uma linhagem de textos que recorrem ao termo como ferramenta sociológica para entender e explicar uma série de processos e transformações que perpassam a sociedade brasileira. Nesta entrevista ela relaciona o conteúdo de sua pesquisa com o cenário atual da saúde em Governador Valadares, citando, claro, os fatos acerca da história da cidade.

Capa do livro de Maria Terezinha B. Vilarino, que pode ser adquirido no site da Fino Traço Editora. www.finotracoeditora.com.br

Terezinha Vilarino transformou sua tese de doutorado em livro

ENTREVISTA CONCEDIDA A TIM FILHO - EDITOR DO JORNAL DA CDADE

JC – No seu livro “Hábitos culturais e cuidados com a saúde: resistências e mudanças”, você pesquisou a experiência da implementação do Serviço Nacional de Saúde Pública (SESP) na região do Vale do Rio Doce, nas décadas de 1940-1960. O que era o SESP e como funcionava esse serviço de saúde pública? Terezinha Vilarino – O SESP, Serviço Especial de Saúde Pública, foi uma agência de saúde criada por meio de um acordo bilateral entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos em 1942, a partir dos chamados “Acordos de Washington”. Esses acordos selaram a aproximação entre os governos do Brasil e dos EUA, bem como a adesão brasileira ao “esforço de guerra” dos Aliados contra os países do Eixo, durante a II Guerra Mundial. Implementar políticas sanitárias em áreas econômica e militarmente estratégicas atenderia dois interesses: a exploração da mica e do minério de ferro, estratégicos naquele tempo de guerra; e respondia aos interesses do governo Vargas, de expandir no território brasileiro a presença e autoridade do Estado. A partir de então, o SESP passou a desenvolver programas de assistência sanitária e de saúde às áreas e população diretamente envolvidas com aqueles interesses econômicos geradores de sua presença e intervenção no Médio Rio Doce. Sua área de atuação no Médio Rio Doce abrangia o curso e as imediações da EFVM, especialmente as três maiores cidades da região (Governador Valadares, Aimorés e Colatina), “com foco nos acampamentos de trabalhadores e nas pequenas vilas espalhadas ao longo dos 600 quilômetros da estrada de ferro.” As ações do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) entre as décadas de 1940 e 1960 promoveram melhorias urbanas, o saneamento rural, a erradicação da malária, a contenção de muitas endemias e a divulgação de práticas médicas científicas. Pode-se dizer que pela atuação do SESP, o Vale do Rio Doce recebeu os primeiros programas de saúde pública, e que através desses programas a região passou a receber atenção e investimentos dos órgãos públicos de saúde estaduais e nacionais. JC – Antes da chegada do SESP, como eram os tratamentos da saúde no distrito de Figueira, e depois, em Governador Valadares? Terezinha Vilarino – Nessa época, os povoados da região, como Figueira, eram poucos e espalhados desordenadamente na imensidão da mata e à beira-rio. O serviço médico da ferrovia EFVM atendia os trabalhadores acometidos pelas febres e outras enfermidades, e a população que a ele recorria, quando da sua passagem itinerante pelas localidades em que se levantavam os acampamentos de reforma e finalização da estrada. O perfil sanitário era adverso: a ocorrência de enfermidades variadas atingia a população dos povoados e das cidades mais prósperas: “verminose de toda espécie, tuberculose, febre tifoide, sarampo, leishmaniose; [...] o saneamento era o maior problema”. Da saúde em geral, tratavam os farmacêuticos práticos que se fixavam na região, em vista da ferrovia. Dentistas, também práticos, e médicos formados chegavam aos poucos, e as dificuldades de assistência em relação à medicina científica eram grandes; comumente, se recorria aos recursos e aos conhecimentos da cultura popular. O SESP chegou em Governador Valadares em janeiro de 1943 (assinatura do convênio em agosto de 1942), ou seja, quatro a cinco anos após a emancipação. O SESP fez um levantamento sobre a situação da saúde da população e constatou que o saneamento era um grande problema. Então estabeleceu um Projeto (dezembro de 1947) para construção de privadas sanitárias, depois que um levantamento feito pelo Serviço, constatou 960 construções entre 3.000 construídas, sem essa instalação. As necessidades fisiológicas eram feitas nas imediações das habitações, muitas vezes próximo ao poço que fornecia toda água usada na casa. Até mesmo nas escolas da cidade a situação era precária: a que

melhor se apresentava era o “Grupo Escolar” com 694 alunos e 13 privadas, numa proporção de uma privada para 54 alunos. A Escola Padre Anchieta, com 154 alunos, possuía duas privadas, e a Escola Bela Vista, com 41 alunos, não tinha nenhuma. Esses exemplos nos mostram com a questão da saúde e dos cuidados era precária. O SESP cuidou de ampliar a pequena rede de água existente, abriu redes de esgotamento sanitário nas áreas centrais de GV. Em 1953, criou o SAAE, que se tornou modelo de autarquia municipal em todo o Brasil. E iniciou um projeto de medicina preventiva que vai substituir, com o tempo e com sucesso, a medicina somente curativa.

As políticas de saúde estão sempre relacionadas historicamente com a formação histórica de cada território. No nosso caso, antes do SESP, as políticas de saúde implementadas pelo governo mineiro, chegavam muito lentamente ao interior do estado. Quando o SESP chegou iniciou-se uma fase nova, com a ampliação do acesso e dos programas de saúde pública. Daí em diante Valadares se tornou uma referência regional em saúde, e hoje recebe pacientes de toda a região através da rede SUS.

JC – O título do livro menciona “resistências e mudanças”. O que isso significa no cenário da saúde dos primeiros anos da nossa história? Terezinha Vilarino – Quando o SESP chegou à região, começou por formar agentes sanitários e visitadoras (seriam os atuais agentes de saúde) para uma ampla campanha de educação sanitária (educação em saúde, hoje). Estes agentes iam de casa em casa para orientar as famílias quanto a regras de higiene, alimentação e cuidados gerais, e para incentivar a consulta e tratamento com os médicos da unidade recém aberta (no caso das visitadoras); e sobre abertura de fossas sanitárias, condições para o abastecimento de água tratada, manuseio adequado de lixo (no caso dos agentes). Muitas pessoas recusavam a orientação por vários motivos: vergonha, medo, desconfiança da medicina científica, apego às tradições populares de cura, de um lado. De outro, o custo para instalação e manutenção das redes de água e esgoto, e também os costumes culturais arraigados. Veja que não é algo fácil uma mudança cultural. Gosto de dar o exemplo da água. As pessoas de zona rural (como éramos) tinham o costume da água corrente nas bicas. Não se fechava uma bica. Então, com a água encanada, seria preciso esse cuidado: fechar a torneira a cada vez que se utilizasse a água. Esse novo hábito levou tempo para ser incorporado. O que para nós, hoje é algo corriqueiro. Por isso, o título do livro se refere às inúmeras resistências da população aos novos hábitos de higiene e saúde e ao uso de novos equipamentos sanitários como banheiro e privadas. As mudanças ocorreram a partir da educação sanitária e de um constrangimento positivo: alguém viu o conforto que o vizinho alcançou e também quis o mesmo... mas com tempo. JC – O combate ao contágio do novo coronavírus e à COVID-19 enfrenta fortes resistências entre as pessoas e até entre os gestores da saúde no âmbito governamental, em todos os níveis. Essas resistências atuais são similares ao comportamento das pessoas em relação ao combate às doenças no início do século passado? Terezinha Vilarino – A resistência a mudanças de comportamento é algo inerente ao ser humano. Mudar hábitos demanda tempo e con-

vencimento de uma nova ótica ou percepção de um evento ou situação. No caso, as novidades científicas que o SESP divulgava em meados do século XX, iam de encontro a costumes e hábitos confiáveis para as pessoas. Uma mudança requeria um esforço, um desejo, e uma confiança em novas possibilidades. Então, a desconfiança, o receio ou insegurança faziam parte daquele movimento. As pessoas, por exemplo, desconfiavam da eficácia dos comprimidos e preferiam os remédios caseiros. Estamos falando de um tempo em que a divulgação científica chegava a poucos, o que dificultava uma maior adesão. Hoje em dia, temos um outro cenário. A divulgação científica é ampla, o acesso a ela é quase universal. Entretanto, a resistência permanece, mas não é a mesma do século anterior. Ainda se desconfia da Ciência, mas não por falta de condições de se conhecer seus caminhos. E muita gente fica somente na informação superficial, não checa as fontes, não se pergunta para quem, por que, ou de quem vem a informação. A sociedade da pressa se acomoda na informação rasteira, que não demanda estudo ou aprofundamento. Ou um mínimo de questionamento. JC – Essas resistências representam algo mais que o duelo entre o conhecimento empírico e científico? O componente político partidário engrossa o caldo nesse confronto de ideias? Terezinha Vilarino – Até meados do século XX esse ‘duelo’ ente ciência e práticas tradicionais de cura foi mais intenso. As mudanças dos hábitos de higiene, de alimentação, a busca por cuidados médicos versus cuidados de práticos, foram conformando uma nova postura em relação à saúde. A divulgação científica, via escola, revistas, cinema, novelas, almanaques, jornais e outros meios, facilitou um diálogo, um encontro entre o empírico e o científico. As vitoriosas campanhas de vacinação (a partir da atuação do SESP) comprovam isto. Mas hoje, questões econômicas e políticas pesam fortemente no encaminhamento das discussões e soluções científicas. Hoje o ‘duelo’ de fato não é entre conhecimento prático e ciência, mas reside na disputa política de cunho eleitoral, que gera uma crise de governança, além da presença de diversos grupos negacionistas, que vai do movimento contra vacina até aqueles que defendem que a Terra é plana (terraplanistas). O problema está mais nas disputas políticas, pois essas podem levar as autoridades a negligenciarem a ciência e colocarem em perigo a população. JC – Governador Valadares está comemorando 83 anos de emancipação político-administrativo e a data sempre nos faz refletir sobre o passado, presente e futuro da cidade. A política de saúde municipal é capaz de contar a nossa história? Evoluímos? Terezinha Vilarino – Sim. As políticas de saúde estão sempre relacionadas historicamente com a formação histórica de cada território. No nosso caso, antes do SESP, as políticas de saúde implementadas pelo governo mineiro, chegavam muito lentamente ao interior do estado. Quando o SESP chegou, iniciou-se uma fase nova, com a ampliação do acesso e dos programas de saúde pública. Daí em diante, Valadares se tornou uma referência regional em saúde, e hoje recebe pacientes de toda a região através da rede SUS. Aliás, podemos dizer que o SUS tem uma organização que lembra o que foi projetado pelo SESP, lá no início de sua história. Então, avançamos. Ao acompanharmos a história da saúde pública no Vale do Rio Doce, também vamos nos deparar com as história do cotidiano das famílias e do seu modo de se organizar e sobreviver/viver. Ao mesmo tempo, as questões da saúde estarão relacionadas com o desenvolvimento econômico (ou não), com os mandos (e desmandos) políticos em cada tempo. Prestar atenção às políticas de saúde implementadas (no passado e no presente) e problematizá-las no seu tempo, certamente é uma forma muito instigante de conhecermos nossa história.


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Hospital Municipal é obra do Dr. Ladislau Salles E que obra! Ele contratou mulheres para quebrar pedras e fazer as britas usadas na construção, fugindo dos preços abusivos de fornecedores Tim Filho

Do lado esquerdo da porta de entrada do Hospital Municipal, uma placa registra que o médico e prefeito Dr. Ladislau Salles deu início à obra de construção do HM

O hospital foi um objetivo perseguido pelo Dr. Ladislau Salles, (prefeito de Governador Valadares entre 1955 e 1959-), com empenho e habilidade política. Ele queria construir um hospital regional e com a ajuda do Dr. Júlio Soares, conseguiu marcar uma audiência com o presidente da República, Juscelino Kubistchek. Para que não houvesse um tom petebista no encontro com JK, ele levou o seu vice-prefeito, o dentista Dr. Hermírio Gomes da Silva, que era da UDN. Para suprir a falta de um hospital, durante o mandato do Dr. Ladislau Salles, Governador Valadares ganhou um serviço similar ao SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de hoje, o SAMDU (Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência), que deu trabalho a sete médicos, sendo que cada um trabalha 1 dia por semana, atendendo as urgências em vários pontos da cidade. O SAMDU foi uma medida paliativa, enquanto o tão sonhado hospital não vinha. As obras de construção do Hospital Regional (atual Hospital Municipal) andavam numa lentidão tremenda, por causa dos percursos burocrático da verba destinada pela então Cia Vale do Rio Doce e pela Cemig. O dinheiro era controlado pelo SESP, que só o liberava mediante licitação. “Se a gente comprasse 50 metros cúbicos de areia, o SESP pedia pra fazer licitação”, um absurdo, segundo o Dr. Ladislau. Então, por decisão própria, por sua conta e risco, o Dr. Ladislau decidiu que a Prefeitura deveria aplicar o dinheiro no SESP sem concorrência pública, ou com concorrência local, entre os fornecedores maiores, embora em alguns casos, isso colocasse a administração municipal em um beco sem saída. Foi o que aconteceu com a compra de britas. Quando a Prefeitura abriu a concorrência para a compra de brita, só havia uma britadeira em Governador Valadares, que deu um preço considerado exagerado. A solução criativa, digna de um filho de “patrício turco”: o Dr. Ladislau autorizou a compra de 50 marretas e mandou um funcionário da Prefeitura subir até o Morro do Carapina, convidando as mulheres pobres para descerem a ladeira e vir quebrar pedra, lá embaixo, produzindo brita. E a proposta levada ao alto do morro foi tentadora. A Prefeitura pagaria às mulheres o mesmo preço exorbitante cobrado pela britadeira. As 50 mulheres desceram o morro com as 50 marretas e os muitos metros cúbicos de brita foram surgindo a cada marretada.

Governador Valadares, feliz aniversário! HÁ MAIS DE 2 ANOS CONTRIBUÍMOS COM A QUALIDADE DE VIDA DOS VALADARENSES.

EMAGRECENTROGV

EMAGRECENTROGVALADARES

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MEMÓRIA DE ALMANAQUE Fotos: Reproduções das Redes Sociais

CATEDRAL DE SANTO ANTÔNIO A Catedral de Santo Antônio é uma obra que tem a sua origem na Irmandade de Santo Antônio, formada em 1924 para a sua construção. Foi com muito sacrifício que a sociedade paroquial da época, juntamente com o Padre Sady Rabelo, e comissão constituída por José Vieira Fonseca, Gil Pacheco de Magalhães, Júlio Cipriano, Seleme Hilel e José Antônio de Carvalho, mandaram levantar a planta, feita por um engenheiro de origem austríaca, vindo de Vitória, ES. Hoje temos uma bela catedral, no centro da cidade.

A DONA DO BAIRRO Quem mora no Bairro Grã-Duquesa pode se sentir “a cara da riqueza”. A dona do bairro é essa linda mulher, a Grã Duquesa de Luxemburgo, Charlotte Josephine, nesta foto, acompanhada pelo Grão Duque, Jean Philip, em Jantar de Gala oferecido pela ocasião de sua visita ao Brasil. O Casal Real de Luxemburgo era sócio-majoritário da Companhia Belgo-Mineira, que, por sua vez era proprietária da Companhia Açucareira Rio Doce. O nome do bairro “Grã Duquesa” é uma homenagem à ela. E quem mora na Rua Luxemburgo, aí sim, pode se sentir parte da realeza.

A primeira loja de automóveis de Governador Valadares (1946) foi essa concessionária Chevrolet, que tinha na frente um posto de combustíveis Esso. O prédio existe até hoje, na Rua Belo Horizonte, esquina com Marechal Floriano, onde está a Farmácia Indiana. Durante muitos anos, no lugar onde abrigava o posto Esso se tornou a Lanchonete Bel-Vic, que tinha esse nome por causa de seus donos, Belarmino e Vicente. Mas tarde, a Bel-Vic foi vendida para o volante Douglas, que jogou no Cruzeiro nos anos 1980.

O SOBRADO DO OCTÁVIO A PISTA DO DOUGLAS Douglas DC-3 era o nome dos aviões que pousavam no Aeroporto de Governador Valadares, que durante muitos anos esteve aberto para pousos e decolagens no Bairro de Lourdes, nos anos 1950. Em uma crônica publicada no seu livro No sopé da Ibituruna - Conversa ao pé do fogo, o médico Ruy Pimenta, descreve o aeroporto de forma detalhada e fala das críticas do spilotos que tinham de disputar espaço com bicicletas e animais no momentos das decolagens e aterrissagens. Mesmo com a precariedade, o aeroporto tinha voos diários para o Rio de Janeiro, Vitória, Belo Horizonte e outras cidades do Brasil.

Este sobrado, que se localizava no número 736 da Rua Marechal Floriano (em frente ao prédio do Fórum), e durante muito tempo foi um importante marco da história de Governador Valadares. A construção do sobrado começou em 1930, pelo farmacêutico Octávio Soares Ferreira, e se destacava na paisagem do distrito de Figueira, que possuía apenas imóveis com características rurais, com telhados com telhas cumbucas, pilares de madeira e janelões. Na fachada, tinha o “frontão de cartela”, um semicírculo em alto relevo, característico das obras barrocas de Minas Gerais. Na torre estava aplicado o distintivo com data de 23 de janeiro de 1930, e entre os florais, as iniciais do proprietário do imóvel: OSF, de Octávio Soares Ferreira.

AMERICANAS O Cine Teatro Ideal, joia da Avenida Minas Gerais, ainda pode ser visitado pelos valadarenses. Entrando em uma dessas portas, no entando, o visitante estará dentro das Lojas Americanas, ali na esquina da Minas Gerais com Bárbara Heliodora. A estrutura do cinema ainda existe, modificada, claro. Quando o Ideal fechou as portas, seu prédio deu lugar a outro cinema famoso na cidade, o Cine Sir, bem mais moderno e com fachada imponente. O prédio é parte da história da cidade.


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Metrópole A N O 2 N Ú M E R O 6 1 - C A D E R N O M E T R Ó P O L E - E D I Ç Ã O E S P E C I A L D E A N I V E R S Á R I O - 3 0 D E J A N E I R O D E 2 0 2 1 - Não pode ser vendido separadamente

É tudo nosso! Tudo de bom que a cidade tem

Governador Valadares comemora seus 83 anos de vida e enche de alegria os corações das pessoas que amam esse lugar, que conhecem seus problemas e sabem apontar as soluções, que não se ausentam das discussões sobre a construção de uma cidade melhor para todos e todas. A data é para ser comemorada e acender a chama do orgulho de ser valadarense, de olhar para a planície e dizer: é tudo nosso! Parabéns, cidade amada!


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ALGUNS DADOS DO IBGE GOVERNADOR VALADARES

Conheça os símbolos da bandeira do município de Governador Valadares, de acordo com a heráldica, a ciência e a arte de descrever os brasões de armas ou escudos, desenvolvida na Europa a partir do século XII.

População estimada [2020] 281.046 pessoas

Faixas mostrando a irradiação do Poder Municipal

Escudo romano: introduzido primeiro em Portugal. Raça latina colonizadora

População no último censo [2010] 263.689 pessoas

Triângulos representando as propriedades rurais

Cruz TON. Símbolo religioso dedicado a Santo Antônio, padroeiro da cidade

Densidade demográfica [2010] 112,58 hab/km² A ponte de São Raimundo, que liga nordeste e sul do Brasil. Construída entre 1942 e 1948, a ponte tem 447 metros de extensão

Os três bastões que representam os três poderes no município

Faixa azul com datas da autonomia do município Pendão de milho e cana-de-açúcar

A buzina da caça, berrante. Força da pecuária Faixa em onda, referência ao Rio Doce

SER VALADARENSE

Governador Valadares, minha terra natal ANDRÉ MERLO

PREFEITO DE GOVERNADOR VALADARES

Eu acredito, de verdade, que ser valadarense – de nascimento ou de coração – mais que uma sorte ou acaso do destino, é um privilégio concedido como legado de homens e mulheres de coragem, boa vontade e fé, que com muito trabalho desbravaram nossa região para transformá-la nessa bela cidade que me orgulho tanto em chamar de “minha terra natal”. Ter nascido em Valadares, e mais do que isso, ter vivido aqui por toda minha vida, ter formado aqui a minha família, ver meus filhos crescerem e recentemente meu neto nascer em Valadares, tudo isso é uma parte importante de quem eu sou, das coisas que eu acredito e da forma que encontrei para expressar minha cidadania, meu desejo de fazer o melhor pela cidade, através da política. Eu tenho muito orgulho de ser valadarense. Tenho orgulho do destemor do nosso povo que busca uma vida melhor em outro continente, sem nunca esquecer do seu lugar no mundo; orgulho

Orgulho de ser cidadão Valadarense DAVID BARROSO

VICE-PREFEITO DE GOVERNADOR VALADARES

Ser cidadão Valadarense é uma grande honra! Carrego com amor e orgulho as lembranças do dia que me tornei “de direito” o que eu sempre fui “de fato”, porque mesmo não tendo nascido aqui, como muitos dos que construíram e constroem essa cidade todos os dias, são muitas as “Valadares” da minha memória afetiva. A Valadares de onde meus pais partiram para tentar a vida e construir família na Bahia; a das férias da infância na região do Vila Isa, cercada de tios, primos e brincadeiras sob a sombra sempre protetora da Ibituruna; a dos tempos de faculdade, calorosa, festiva, despreocupada e feliz. A Valadares dos primeiros passos na profissão, de onde, assim como meus pais, me lancei para o mundo, abri minhas fronteiras. Porque fronteira, aliás, é algo que um bom valadarense não tem

também de quem se mantém aqui, firme, enfrentando tantos desafios para manter nossa cidade viva, pulsante. E ajudar a construir uma Valadares mais acolhedora, na qual seus filhos não precisem deixar a cidade para prosperar, onde haja boas oportunidades e qualidade de vida foi o que sempre me motivou a enfrentar os grandes desafios de ser o gestor de uma cidade que é linda, repleta de potencialidades, mas que também tem muitos – alguns históricos – problemas, que nos fazem querer trabalhar mais e mais para honrar a confiança que, pela segunda vez, o povo daqui depositou na nossa forma de governar, que é também uma forma de expressar nosso amor e respeito pela cidade. Valadares chega aos 83 anos lutando bravamente e sobrevivendo a um tempo de aflição para todo o mundo. Mas justamente nestes dias que antecedem o Aniversário da Cidade, o começo da vacinação dos nossos bravos profissionais de saúde e dos nossos idosos – guardiões da sabedoria e das memórias da nossa história – fortalece a esperança no coração de cada um de nós, de que esse tempo vai passar, de que estamos iniciando um tempo de restauração, de cura, de retomada, de entregas há muito esperadas e pelas quais temos trabalhado incansavelmente. É claro que nada é da noite para o dia, que ainda há muito o que cuidar e se resguardar, pois a saúde do mundo – e Valadares é o nosso mundo, nesse momento – ainda inspira muitos cuidados, e temos que ser responsáveis, buscar sempre o equilíbrio a cada decisão. Mas acreditar em dias melhores é fundamental. E é isso que celebramos nestes 83 anos da nossa cidade. A possibilidade de dias melhores. Trabalho para que eles aconteçam não vai faltar, como não tem faltado nestes últimos anos. O valadarense é, por excelência, um

batalhador. Estamos lutando mais uma grande batalha e haveremos de vencer. Não sem perdas, infelizmente; não sem marcas ou cicatrizes. Mas levantar a cabeça, erguer os olhos para o céu e agradecer a chance de se recuperar, de recomeçar, de fazer o que é bom para todos é a melhor maneira de honrar os que se foram e celebrar os que caminham juntos, pela nossa cidade. Parabéns, Governador Valadares!

medo. O “mundo ‘véio’ sem porteira” está aí é mesmo para ser conquistado, explorado, dominado, antes da volta para casa. E como todo valadarense que se preza, eu também voltei! Mais que a minha cidade, ela se tornou a minha escolha, para trabalhar, formar minha família, criar minhas filhas, ser feliz. E, se Deus assim o permitir, como tem permitido nestes anos, retribuir essa felicidade, essa acolhida, trabalhando para que a cidade onde mora meu coração seja a cada dia mais bonita, mais bem cuidada, mais próspera para quem luta pelo seu desenvolvimento. Os 83 anos de Valadares coincidem com um momento muito especial na minha vida, quando tenho a oportunidade, pela primeira vez de atuar como agente político em prol da cidade, e principalmente dos milhares de valadarenses que, como eu, deixam aqui o seu suor, traçam aqui as suas metas, acalentam aqui os seus sonhos, e principalmente se dedicam para que todas as coisas boas aconteçam. A nova idade da cidade chega também com novidades que aquecem os nossos corações. Ainda vai levar algum tempo até que o “novo normal” seja mais tranquilo, que o ritmo da esperança seja o que vá contagiar nossos dias, mas vacina já é uma realidade que veio dar alento a todos nós depois de um ano tão difícil, de tantas batalhas perdidas, mas também de importantes vitórias, que deram a Valadares a real possibilidade de não apenas sonhar com dias melhores, mas de construir esses dias, com muita responsabilidade, muito diálogo, equilíbrio, capacidade de gestão e vontade de fazer o melhor para a

cidade e principalmente para os cidadãos. É essa realidade de grandes esperanças que vamos comemorar neste aniversário. Em meio a tantas dificuldades, superamos mais um ano, como superamos tantas adversidades, como enfrentamos tantos desafios, como nos levantamos de cada tombo, e seguimos adiante, fortalecidos no nosso amor por essa cidade linda, quente, feita de rio, de montanha e de uma brava gente que se dispõe a trabalhar e fazer de Valadares a NOSSA cidade. Com Deus no comando sempre, estamos juntos!

André Luiz Coelho Merlo tem 55 anos e nasceu em Governador Valadares. Casado com Andréia, é pai do Alexandre e da Sophia e avô do Daniel. Engenheiro mecânico por formação; produtor rural, comerciante e empreendedor por vocação. Sua porta de entrada na vida pública deuse por meio de atividades em sindicatos e entidades de classe. Foi presidente da União Ruralista Rio Doce (URRD) por dois mandatos, de 2010 a 2015. A partir desse trabalho e da capacidade de articulação política por ele exigida, teve seu nome lembrado nas eleições de 2012. Candidatou-se a prefeito, disputando pela primeira vez um cargo público e, mesmo não vencendo as eleições à época, foi reconhecido como nova liderança política.Em 2013, foi nomeado, inicialmente, subsecretário do agronegócio e, alguns meses depois, secretário de agricultura, pecuária e abastecimento do Estado de Minas Gerais. Em 2016, candidatou-se novamente ao cargo de prefeito de Governador Valadares, obtendo a vitória com a maior votação em um candidato na história de Governador Valadares. Em 2020, foi reeleito com 71.764 votos.

Jornalista, Publicitário e vice-prefeito da cidade, David Barroso é especialista em Gestão Pública, Marketing Político e já exerceu a função de Chefe de Gabinete e Secretário de Comunicação, em Valadares, e de chefe de gabinete na Câmara Federal, em Brasília. Atuou na assessoria de Comunicação da Prefeitura de Governador Valadares, onde iniciou como estagiário (2001 a 2005), foi Chefe de Comunicação Social da Prefeitura de Teófilo Otoni (2006 a 2007), assessor de Comunicação Social da Prefeitura de Ipatinga (2007 a 2009) e como consultor de deputados na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (2012 a 2014). David também foi assessor de Comunicação Social no Governo de Minas (2013 a 2014). Formação e experiência em áreas fundamentais para trabalhar pelos avanços do nosso município.

N O S S A C A PA : F O T O D E T I M F I L H O M O S T R A N D O C I D A D E V I S TA D O A LT O D O S A N T O A G O S T I N H O


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O aniversário da metrópole

Com as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, que não permite aglomerações de pessoas, a festa será on-line em 2021 Tim Filho

As comemorações do aniversário de 83 anos de Governador Valadares, cujo ponto alto ocorre sempre em 30 de janeiro, neste ano será menor e com grande parte dos eventos no formato “on-line”. Por causa da pandemia do novo coronavírus, a prefeitura preparou eventos com número reduzido de público e ações on-line para marcar as comemorações, programadas para três dias, apenas. O secretário municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo, Kevin Figueiredo, explicou como foi pensar na programação em meio a pandemia. “O tema central do aniversário da cidade, neste ano, é o afeto, e, por mais que estejamos vivendo um momento difícil, de cuidados, celebrar aquece o nosso coração, aumenta a esperança e a certeza de que podemos acreditar no futuro”, disse, lembrando que foi pensando na esperança desse futuro afetuoso que foi montada a programação. Os artistas locais, em suas apresentações, reforçarão o amor pela terra e essa certeza de que não se pode desistir de nada agora. “Tempos melhores vêm aí e o amor por nossa terra será essencial em nossa retomada”, disse Kevin. A Corrida Rústica de Valadares e o Desafio Bike, competições tradicionais que sempre marcaram o aniversário da cidade, serão realizados neste ano em formato on-line. Os atletas poderão escolher onde e quando pedalar e correr. A única exigência é que sejam percorridas as distâncias previstas pela organização do evento e que se respeitem as normas de distanciamento social. Na Corrida Rústica, os corredores podem optar pelos percursos de 5, 10, 15 e 21 quilômetros. Já no Desafio Bike, os trajetos são de 25, 50 e 75 quilômetros. O tempo e a distância poderão ser marcados por meio de aplicativos ou relógios com GPS e deverão ser apresentados quando o atleta for retirar a medalha. A comprovação poderá ser feita com celular, printscreen de tela, relógio ou foto do painel de esteira. As inscrições para Corrida Rústica e Desafio Bike, que vão até o dia 17 de fevereiro, estão sendo realizadas pelo site da Prefeitura e na Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo (SMCELT), que está funcionando na Rua Afonso Pena, 3269, Centro. O valor é de R$ 30. Parte do dinheiro será destinado a instituições beneficentes.

O Rio Doce e o Pico da Ibituruna. Um céu azul e um parapente voando sobre a cidade, que um dia foi Figueira e hoje é Governador Valadares, a maior do leste

nosso maior orgulho é ser, há 28 anos, o Hospital do Câncer de Governador Valadares.

Obrigado Valadarenses por nos acolher e nos permitir participar dessa história.

Parabéns Valadares!


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Público já pode frequentar a Biblioteca Municipal e os espaços do CEU das Artes Os espaços estavam fechados por causa das restrições impostas pelo combate à COVID-19 Tim Filho

O CEU das Artes, espaço de cultura e esportes localizado no Bairro Santa Efigênia, está aberto ao público. Algumas aulas práticas oferecidas no CEU voltaram a funcionar com 1/3 da capacidade. A reabertura atende ao Decreto Municipal 11.343, de 21 de janeiro de 2021. O espaço interno do CEU das Artes funciona de segunda a sexta, no horário das 8h às 18h. Além da obrigatoriedade do uso de máscaras, o número de pessoas na área interna foi reduzido. São permitidas apenas dez pessoas na aula de dança, oito na sala de informática e quatro na biblioteca. Para o cadastramento de empréstimo de livros é basta apresentar uma foto 3x4, comprovante de endereço e documento pessoal. Para menores de idade, é necessária a presença do responsável no ato do cadastramento. Às terças e quintas, das 18h às 21h, funcionam as escolas de dança, zumba e futsal. O CEU das Artes fica na Avenida Presidente Tancredo Neves, no Santa Efigênia. Biblioteca Pública A Biblioteca Pública Municipal Professor Paulo Zappi também reabriu suas portas. O espaço funcionará com sua capacidade reduzida. Serão permitidas apenas cinco pessoas por vez na área de estudos e uma no telecentro de informática, onde o usuário poderá ficar por apenas uma hora. A entrada será por ordem de chegada. Para se cadastrar para pegar livros basta levar: uma foto 3x4, comprovante de endereço e documento pessoal. Se você já é cadastrado e quer procurar algum título, ligue para a Biblioteca no telefone 3271-8310 para consultar se o título desejado se encontra no acervo e para agendar o dia de buscá-lo. O prazo dos empréstimos foi estendido, de sete para 15 dias. O funcionamento será de segunda a sexta no horário de 8 às 18 horas. A Biblioteca fica localizada na rua Afonso Pena, 3269, no Centro.

Inovação na Cooperativa

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m tempos de pandemia muitas rotinas foram alteradas, disso não temos dúvidas! Nas cooperativas, sociedade de pessoas, totalmente democráticas, as quais as decisões são tomadas em conjunto não foi diferente. Até o ano de 2020 as Assembleias eram realizadas no formato tradicional, ou seja, presencial. Porém, com a pandemia foi necessário que esse modelo se adaptasse a realidade vivida. Então, foi regulamentado a realização de Assembleias nos formatos semipresenciais e digitais. A Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce na última sexta-feira (22), realizou sua primeira Assembleia Geral Extraordinária (AGE), na modalidade digital, para deliberar assuntos de interesse da organização e de seus cooperados. A AGE, com primeira chamada às 12h, segunda chamada às 13h e terceira chamada às 14h, foi transmitida do auditório Dr. Lino Alves Filho (Unidade Industrial Arrendada), com endereço na rodovia BR 116, km 411, bairro Planalto, Governador Valadares, através da ferramenta Go To Webnar. Para contabilização dos votos foi utilizada a ferramenta Curia, desenvolvida pela Cooper System, cooperativa de trabalho que presta serviço na área de tecnologia da informação. Com o objetivo de deliberar assuntos de extrema importância para a continuidade dos negócios da instituição foi necessária a realização repentina da AGE, explica o presidente da Cooperativa João Marques. “Mesmo em meio a pandemia, nós da Cooperativa continuamos trabalhando diuturnamente em meio a este cenário. Em função da necessidade de fechar, bons negócios, em tempo hábil, para não perdemos as propostas de compra e venda dos imóveis em questão, precisávamos da autorização da Assembleia. Por isso, a necessidade da realização da AGE na modalidade digital, cumprindo os protocolos de distanciamento social. Mesmo com receio por ser algo totalmente novo para nós, embarcamos nesse desafio com o intuito de não perder boas oportunidades. Afirmamos sem dúvida alguma, a AGE na modalidade digital foi sucesso total! Nossos cooperados aderiram e tiveram participação efetiva.” De acordo com o cooperado, Jasmo Braga, a modalidade presencial é mais simples, além de permitir o contato com outros cooperados e com diretores, mas que a decisão da Cooperativa foi a mais adequada. “Diante da situação que estamos enfrentando a AGE na modalidade digital foi uma opção assertiva. Eu particularmente prefiro a modalidade presencial que nos possibilita reencontrar os amigos e trocar ideias. Contudo, o momento não permite, e temos consciência disso. A Cooperativa é uma empresa seria que preza pelo cuidado com as pessoas e fico muito orgulhoso de saber que faço parte disso.” Comenta.

A Biblioteca Pública Municipal funciona no Centro Cultural Nelson Mandela

anos


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30 de janeiro de 2021

No distanciamento o afeto nos aproxima

LIVE - 30/1 10h - Alvorada da Lira 18h - “O afeto nos aproxima” com artistas locais

valadares.mg.gov.br prefeituragv

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Os desafios da Indústria para um novo tempo Mensagem de otimismo e confiança marcam o início de 2021e o momento em que celebramos 83 anos de Valadares

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MARCOS LOPES

hora da indústria é agora! É com essa confiança, entusiasmo e certeza, que iniciamos 2021, o ano da esperança e também o ano em que celebramos os 83 anos de Governador Valadares, município que vem superandos os desafios, retomando o crescimento e se preparando para o futuro”. É esse o otimismo do empresário do setor de panificação, Marcos Lopes, presidente da FIEMG Regional Rio Doce e presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria (SINPAC), que vê na chegada deste ano, a certeza de um novo tempo. O início de um novo ano alimenta a busca por novas oportunidades e, em um cenário de dificuldades, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), junto às suas Regionais, se manteve atuante na defesa dos interesses da indústria e da sociedade. “Em 2020, trabalhamos de forma coletiva junto às entidades, prefeituras, indústrias e diversos parceiros, com foco na superação de todas as dificuldades, mantendo a preocupação permanente do equilíbrio entre a saúde e a economia, preservando em primeiro lugar a vida das pessoas, e, ao mesmo tempo, a manutenção dos empregos”, destacou o líder industrial. Na Regional Rio Doce, responsável pela atuação da FIEMG em 91 municípios da região do Vale do Rio Doce, temos mais de 2.000 indústrias que geram cerca de 20 mil empregos nos setores de carnes, confecção, têxtil, laticínios, rochas ornamentais, sucroenergético e cerâmica vermelha. Uma delegacia e seis sindicatos empresariais de setores importantes para a indústria mineira, como indústria mobiliária, panificação e confeitaria, alimentos, metalúrgicas, mecânicas, material elétrico, vestuário, rochas e joias, fazem parte da Regional Rio Doce: Sinpac, Sinvest, Simeval, Sinduscon, Sim, Sindal e Sinrochas. Fortalecidos e engajados nessa união, a entidade não mediu esforços em apoiar diretamente no combate à pandemia, seja na doação de mais de 25 mil máscaras cirúrgicas descartáveis, mais de 5 mil litros de álcool 70% e dezenas de máscaras de proteção facial (face shield), ou na doação de 64 ventiladores pulmonares a 12 municípios da área de abran-

gência da entidade, sendo todo material destinado a entidades e hospitais públicos e/ou filantrópicos. “Nos mantivemos em plena atividade em 2020. Mas, além disso, foi preciso remodelar diversos serviços e promover uma transformação para que pudéssemos continuar oferecendo atendimento para toda a indústria mineira e para a sociedade. Era preciso avançar, superar os desafios, ressignificar nossa forma de gestão, replanejar e com muito trabalho, fé e união, vencemos. Mas é preciso seguir”, reforçou Marcos Lopes.

É momento de dar o próximo passo, de acreditar, de investir, de ter coragem para arriscar. É hora de transformar e construir a realidade que queremos, porque quando todos se mobilizam para um mesmo propósito, podemos mais. Vamos juntos, com responsabilidade e confiança na capacidade de cada um de enxergar além e de transformar a nossa sociedade e o nosso mundo. A hora da indústria é agora! A hora de Valadares é agora!

Assim como Governador Valadares, ao completar 83 anos, com o início de um novo mandato na gestão municipal, a FIEMG Regional Rio Doce, SESI, SENAI e Sindicatos Empresariais encaram este novo ano como a oportunidade de reescrever uma nova história. É chegada a hora da retomada, de acreditar, de investir, de se atirar. “Mas é preciso coragem para fazermos, juntos, a virada que todos desejamos. Para isso, mais que nunca, é fundamental que a parceria estabelecida em 2020 se consolide, para que esses elos formem uma grande corrente

que continuará batalhando por Valadares, afinal, temos muito potencial a explorar”, pontuou Lopes. Conhecida como Casa da Indústria, a FIEMG entende que a indústria é a mola propulsora que move esse país e ter uma empresa competitiva, que cresça e se desenvolva de maneira sustentável só é possível, em um cenário complexo como o que vivemos, com a junção de esforços contra os entraves que estão corroendo o nosso ambiente de negócios. Motivado por este desafio, e buscando levar uma mensagem de otimismo, a FIEMG lançou uma nova campanha de valorização da indústria, que desperta a vontade de fazer acontecer e a coragem para construir a realidade que todos desejamos. A mensagem também vem de encontro ao momento em que Valadares comemora mais um ano de emancipação, com a pergunta que deve nortear, todos os dias, nossos desejos e expectativas: qual o próximo passo? É momento de dar o próximo passo, de acreditar, de investir, de ter coragem para arriscar. É hora de transformar e construir a realidade que queremos, porque quando todos se mobilizam para um mesmo propósito, podemos mais. Vamos juntos, com responsabilidade e confiança na capacidade de cada um de enxergar além e de transformar a nossa sociedade e o nosso mundo. A hora da indústria é agora! A hora de Valadares é agora! Neste dia 30 de janeiro, Governador Valadares completa 83 anos de história. Ao longo desses anos, a FIEMG Regional Rio Doce, os Sindicatos empresariais, o Sesi e o Senai trabalham para que as indústrias se desenvolvam, para que os alunos cheguem preparados no mundo do trabalho, para que os empregados trabalhem com mais saúde e segurança e todos tenham uma educação de excelência. E graças ao pensamento no desenvolvimento econômico e social, é que essas casas trabalham forte e geram resultados expressivos em Governador Valadares. Vamos continuar incentivando o protagonismo dos industriais e profissionais que atuam em todas as áreas das indústrias mineiras, seja por meio da educação básica ofertada pelo SESI, dos cursos de qualificação e técnicos do SENAI, dos diversos produtos que incentivam a competitividade industrial ofertados pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e dos cursos do Centro Industrial e Empresarial de Minas Gerais (CIEMG), contribuindo para fortalecer e aprimorar os setores que mais geram oportunidades e desenvolvimento para a economia. “Os bons frutos são resultado de um trabalho de dedicação preocupado com o crescimento da indústria e das pessoas. É assim que queremos ser reconhecidos: como o maior parceiro da indústria. Só com a união dos industriais e industriários, dos sindicatos empresariais e com a contribuição da FIEMG Regional Rio Doce, Sesi e Senai é que poderemos construir uma indústria forte e sustentável”, concluiu o líder industrial. Marcos Lopes é empresário e presidente da FIEMG RIO DOCE


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30 de janeiro de 2021

As obras da nova captação de água chegam ao trecho urbano: U M A I M P O R TA N T E E TA PA PARA A CONSTRUÇÃO DA ADUTORA DO RIO C O R R E N T E G R A N D E.

Cumprindo o compromisso da Fundação Renova com Governador Valadares, uma nova captação de água no rio Corrente Grande está sendo construída. As obras chegam agora a uma etapa importante: a fase urbana. Isso significa que haverá mudanças na rotina de alguns bairros da cidade durante esse período. As intervenções começam na avenida Rio Doce, próximo à ponte do São Raimundo, no bairro São Paulo, e cada morador de todo o trecho da obra receberá o contato prévio da Fundação Renova. Todos os cuidados estão sendo tomados para reduzir os impactos e garantir a segurança dos trabalhadores e da população. Inclusive, cumprindo os protocolos da OMS em relação à pandemia. O transtorno é temporário, mas a realização dessas obras vai trazer mais segurança hídrica para Governador Valadares. Com capacidade de fornecer 900 litros de água por segundo, a nova capacitação vai levar água até as estações de tratamento Central, Santa Rita e Vila Isa. A construção da adutora também está gerando emprego e renda para a cidade. E, em 2021, a obra alcançará o pico com 550 trabalhadores.

Obras urbanas da nova captação de água em Governador Valadares. Saiba mais em fundacaorenova.org

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Re-imaginando o desenvolvimento da cidade

A hora é agora! JACKSON LEMOS

HILTON MANOEL

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s desafios apresentados aos gestores públicos nesse cenário de crise econômica estão se ampliando, especialmente pelas restrições sofridas pelas atividades produtivas, diante da pandemia de Covid-19. Nesse cenário de crise global, com fechamento de empresas e recrudescimento do desemprego, nós gestores precisamos avaliar e considerar os impactos setoriais de curto, médio e longo prazos e apresentar soluções capazes de atenuar os efeitos dessa crise. É aqui que entra o eixo de ciência, tecnologia e inovação. Não há mágica alguma envolvida na dinâmica de desenvolvimento local. Certamente temos que considerar elementos como a renda e os investimentos públicos, a evolução da estrutura produtiva e a infraestrutura de forma geral, bem como devemos levar em consideração os aspectos históricos e culturais da formação do território valadarense. Para além desses fatores, o capital humano, a cooperação e a inovação tornaram-se variáveis determinantes para o nosso desenvolvimento sustentável, mas a caminhada será longa. Assim, propomos ampliar a compreensão no governo, nas universidades e nos orgãos da sociedade civil de que o nosso desenvolvimento com mais equidade, dentre outros fatores, depende do fortalecimento e expansão de um ecossistema local de inovação. A geração mais equilibrada e sustentada de emprego e renda está ancorada na diversificação produtiva e no aumento do valor agregado da produção de bens e serviços, o que pode estar relacionado diretamente às capacidades de pesquisa aplicada, empreendedorismo e inovação na região. Acredito que seja uma ilusão, no nosso contexto, supor que um ecossistema de inovação colaborativo aparecerá espontaneamente ou por forças invisíveis, motivando grupos de empreendedores a aplicarem seus recursos em pesquisa e desenvolvimento. Assim, para além dos investimentos federais pré-existentes no eixo de C,T&I – os quais ainda precisam ser fortalecidos - foi necessário criar e defender uma política pública municipal para fomentar um sistema (ou ecossistema) de inovação em Governador Valadares, criando as bases para iniciar uma integração crescente entre universidades, empresas, organizações financeiras e governo. O ponto principal é que não avançaremos sem uma cooperação real entre estes agentes.

Estudiosos do tema apontam que regiões que concentram centros de ensino e pesquisa apresentam vantagens que favorecem o desenvolvimento socioeconômico. É nessa direção que destaco o papel importante que as instituições de ensino superior assumem por aqui, seja pela ótica do capital humano com maior bagagem tecnológica, passível de ser incorporada ao longo do tempo nas atividades produtivas, ou pelo lado da produção de pesquisa e inovação, que são produtos importantes para agregação de valor em áreas estratégicas para o desenvolvimento municipal, como saúde, planejamento urbano, meio ambiente, construção civil, comércio e serviços de forma geral. No final das contas, o objetivo é avaliar e compreender se o caminho para melhoria da renda média e redução das desigualdades locais será afetado positivamente por uma política municipal cujo propósito é tangente à valorização da ciência, da tecnologia e da inovação.

Acredito que seja uma ilusão, no nosso contexto, supor que um ecossistema de inovação colaborativo aparecerá espontaneamente ou por forças invisíveis, motivando grupos de empreendedores a aplicarem seus recursos em pesquisa e desenvolvimento.

Precisamos re-imaginar nosso ambiente de negócios, nossas vantagens locais, a qualidade do nosso capital humano e a fixação local dos nossos talentos. Precisamos re-imaginar nossas relações institucionais, nossa dinâmica criativa, as oportunidades para geração de emprego e renda e, especialmente, nossa capacidade de acreditar no poder da cooperação.

Hilton Manoel – Professor de Economia da UFJF/GV. Coordenador do Econúcleo – Estudos Socieconômicos. Secretário Municipal de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Governador Valadares-MG.

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e tem uma palavra que possamos usar para descrever Governador Valadares é “força”. Grande parte dela impulsionada por associados da Associação Comercial e Empresarial de Governador Valadares (ACEGV) que se organizaram no calor da emancipação de nossa cidade para colocá-la na rota do associativismo e do desenvolvimento. Frente aos novos desafios, devemos olhar pelo retrovisor e reconhecer que com união, diálogo e parceria é possível desenvolver ainda mais nossa economia. Somos potentes, quando não existia mão de obra qualificada nossos associados propuseram a criação da Univale, mais a frente quando foi necessário aquecer o mercado nos mobilizamos para a criação do Distrito Industrial e para a vinda de dezenas de empresas e tudo ocorreu com sucesso. Neste momento de transformação é preciso que cada gestor abrace a ideia da inovação, que identifique oportunidades e de forma sustentável coloque novos projetos em prática. Sabemos do nosso potencial logístico e por isso estamos empenhados para a vinda da Valor Logística Integrada (VLI), que já esta em fase final e implementado irá trazer mais grãos revolucionando nosso agribusiness. Também sabemos das dificuldades e faltas de incentivos, por isso, estamos incansavelmente batalhando pela nossa inclusão na área da Sudene e participamos da reestruturação do Programa de Desenvolvimento de Governador Valadares, com modernização das leis vigentes e com plano de valorização da empresas locais e atração de novos investimentos para cidade, juntamente com a implantação do Distrito Industrial II, projeto já em finalização para envio e aprovação da Câmara Municipal. Nestes 83 de Valadares é momento chamarmos a atenção de todos para juntos darmos a volta por cima, a retomada que tanto queremos só será possível com união.

Jackson Sousa Lemos – Presidente da ACEGV e Secretário Municipal de Planejamento. É empresário na área de Publicidade e Propaganda.


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2020: O ano que devastou os professores A pandemia nos mostrou que possuir habilidades técnicas não bastam para garantir a nossa existência nesse mundo superlotado e propício a colapsos de todas as ordens LO-RUAMA LÓRING BASTOS

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m vírus letal. Um mundo em pânico. Grandes nações rendidas. E um ano devastador, que parece não se cansar de nos acompanhar e que insiste em aplicar as suas lições a pauladas. O coronavírus apavorou o planeta e carimbou 2020, o ano que, além de desestruturar a economia, arruinou a capacidade socioemocional das pessoas, que se viram condicionadas a situações insólitas, onde nunca sentiram tanto medo e tanta solidão. Logo no início de 2020, a pandemia se tornou uma realidade no mundo, e o isolamento social passou a ser a principal estratégia dos Estados para conter o vírus. A Educação foi um dos primeiros setores da sociedade a suspender as atividades presenciais. E a escola passa a vivenciar um calvário para se adaptar à nova realidade, implementando, com muita dificuldade, o fatídico ensino remoto. Além dos trabalhadores dos serviços essenciais e dos profissionais da saúde – que em todo o tempo atuaram no fronte de batalha – quem vai encabeçar uma das categorias profissionais mais afetadas, emocionalmente, é o professor. Marcado por um histórico profissional exaustivo, desestimulante e pouco inovador, a grande maioria do professorado brasileiro, sobretudo, o da Educação Básica Pública, passou a vivenciar a amarga experiência de exercer o seu ofício, em um incerto cenário pandêmico, absolutamente despossuído do fundamental conhecimento teórico e metodológico necessário ao universo digital. Mediante a tangível situação de ter que se adaptar às pressas ao ensino não presencial, o professor é pressionado pelas escolas, por pais e empregadores, e o seu trabalho passa a ser planejado com mais angústia e operado no “modo improviso”. As consequências não poderiam diferir dos predominantes sentimentos de impotência, incapacidade, insegurança e medo. Nunca a analogia “trocar a turbina do avião em pleno voo” fora tão eficaz na definição de um cenário social. Enfrentando todas as dificuldades que se erguiam em complexos despropósitos, a experiência foi um “deus nos acuda” para a escola lidar com o paradoxo do real com o virtual, presencial e à distância, do novo com o velho. A educação passa a viver situações diárias como se estivesse num tiroteio e, desarmada, revida com brita e estilingue. Segundo a pesquisa “Trabalho Docente em Tempos de Pandemia”, realizada pelo Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho

Docente da Universidade Federal de Minas Gerais (Gestrado/UFMG) em parceria com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), 89% dos professores respondentes não possuíam experiência com o ensino remoto; 41% não recebeu orientação ou treinamento e realizaram o trabalho por conta própria; a metade dividia os recursos tecnológicos, como computador e internet com outros membros da família, restringindo o tempo de preparação das aulas; 82% teve um considerável aumento de trabalho no preparo de aulas, quando comparado ao período anterior à pandemia; 44% viveu esse período com medo de perder o emprego, direitos, garantias; a participação dos estudantes nas aulas online foi de quase 40%; e apenas 80% dos alunos tinham os recursos necessários para acompanhar as aulas online. São muitas as razões pelas quais não obtivemos sucesso educacional, em 2020, que pudesse desencadear na triunfante aprendizagem dos alunos, no alto desempenho dos educadores e no sucesso das relações interpessoais de todos eles. Porque não é só apontar o despreparo da escola, de pais ou professores, pois, as condições socioeconômicas dos estudantes e de muitos educadores não permitiram qualquer acesso ou aproveitamento virtual. O exercício reflexivo deve ser aprofundado e cavado, sem temor, na mais antiga mantenedora da Educação brasileira: a crise como projeto. Porque é muito fácil elogiar o heroísmo ou apontar o fracasso de qualquer professor, pois a profissão está sacralizada das duas formas no imaginário social. O educador, desde a sua primeira formação é assentado – sem muita escolha, mas com certa resignação – em uma posição dicotômica: pois, quando não ocupa o lugar de detentor da profissão mais importante, formadora de todas as outras ou de “grande mestre de ontem” (no imaginário, os professores de ‘antigamente’ são incrivelmente melhores que aqueles do tempo presente); ele está na sarjeta dos maus pagos, são taxados de autoritários, depressivos, rixosos, odiosos. A verdade é que estamos atravessando tempos difíceis e a educação, que nunca fora assunto simples, vive um de seus piores momentos. E eu sei que estamos cansados de ler, ouvir ou assistir informações sobre as lições que a pandemia tem dado à humanidade que, com ou sem positividade, quase todas elas têm razão. Mas sendo ou não clichê,

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se este sacrificante período (ainda vivido) não nos levar à uma profunda reflexão sobre a educação brasileira e todos os contornos que nela são feitos, nós, enquanto sociedade, não poderemos nos erguer para tecer críticas, sejam elas boas ou ruins. Além do mais, estaremos cruzando os braços e sendo condescendentes, dando aval a continuidade de um sistema que apodrece a nossa estrutura, enquanto povo e nação. Se tudo o que a sociedade (pais, alunos, escola, professores) enxergar nessa crise sanitária for de caráter limitante, para elogiar ou maldizer o desempenho dos educadores, estaremos fatalmente condenados a continuar adiando, a urgência de uma educação pública de qualidade. A pandemia nos mostrou que possuir habilidades técnicas não bastam para garantir a nossa existência nesse mundo superlotado e propício a colapsos de todas as ordens. Não soubemos muito bem lidar com esse futuro digital, que tá por aqui ‘desdiontensdiontem’ e nem vimos (e confessamos que, também não gostamos tanto dele assim, mas é por puro desconhecimento). E por fim, não conseguimos lidar com as nossas emoções enquanto sofríamos dolorosamente, uma adaptação apocalíptica. A ideia aqui, é tensionar a discussão sobre os rumos da educação e repensar a escola, o professor, o aluno e a comunidade. Sofrer com o colapso da educação, nesse contexto de crise sanitária, é um indício de que as coisas precisam mudar. A escola, por exemplo, precisa trabalhar a prevenção de problemas emocionais, das comorbidades mentais, como a ansiedade, depressão. Deve trabalhar arduamente no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como o autoconhecimento, a empatia e a resiliência. Deve conhecer o mundo digital. Atualizar as suas metodologias e sair do lugar comum. E neste ponto, a questão se volta ao professor, que precisa aprender a lidar com as mudanças, que, são mesmo, muito difíceis. Mas para isso, é preciso estar disposto a se desconstruir; a romper com conceitos tradicionais da prática docente; a se atualizar por mídias e veículos de comunicação variados; a se abrir ao novo; a ampliar seu repertório cultural; a saber lidar com essa geração de DNA digital; a desenvolver habilidades socioemocionais; a aceitar e encarar que o tempo passou, que tudo mudou e a escola precisa estar em constante transformação e atualização para acompanhar as mudanças socioculturais que acontecem a todo momento. A pandemia, irônica e filosófica, acabou levando a maioria dos professores a realizar uma espinhosa reflexão: encarar o seu despreparo frente ao mundo digital, a educação do futuro e às emoções.

Lo-Ruama Lóring Bastos - Mestra em Educação e Docência (UFMG); Historiadora; Palestrante; Especialista em BNCC; HQs; Metodologias de Ensino, Técnicas da Aprendizagem e Critérios Avaliativos; Gestão da Escola Atual; Mentoria Educacional E-mail: loringbastos@hotmail.com


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LISSANDRA COELHO - REITORA DA UNIVALE

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JC – O termo universidade comunitária, no qual a Univale se enquadra, significa o quê?

ENTREVISTA

“Ultrapassamos fronteiras” A universidade Vale do Rio Doce é um patrimônio do povo de Governador Valadares. É mantida pela Fundação Percival Farqhuar, criada em 1967 para promover a educação superior na cidade. Ao longo dos anos, a Univale formou profissionais de destaque em várias áreas do conhecimento, que atuam em Governador Valadares, no Brasil e no mundo. Na ocasião do aniversário de Governador Valadares, o caderno Metrópole, do Jornal da Cidade, conversou com a reitora da Univale, professora Lissandra Lopes Coelho Rocha, que falou sobre o compromisso da universidade com a comunidade local e regional, e sobre os planos para o futuro.

Redes Sociais

Lissandra Coelho – Significa que nossa constituição foi uma iniciativa dessa comunidade e por isso somos dela e tudo que fazemos é prol dela. Em nossas ações sempre há o objetivo de atender as demandas da comunidade. A Univale tem como princípio básico participar do desenvolvimento político-cultural, socioeconômico, científico e tecnológico, por intermédio da formação superior de qualidade, da pesquisa e da inserção social. Esse princípio está presente em nossa origem comunitária. E é assim que devemos ser vistos como instituição educacional inovadora, comunitária e inclusiva. Nossa vocação comunitária acontece por meio de ações de extensão, que reafirmam nossa interlocução com os diversos segmentos sociais e a promoção da democratização do saber acadêmico e científico. JC – Quais são os planos da Univale para os próximos anos? Existe planejamento para implantação de novos cursos? Lissandra Coelho – A Universidade está sempre preocupada com as demandas nacionais e regionais. Implantamos o Curso de Medicina e o Curso de Medicina Veterinária. Nosso propósito é fortalecer nesse momento esses dois cursos. Estamos em franca expansão na Educação a Distância, com foco num ensino híbrido de qualidade, e temos propostas de novos cursos nessa área. JC – A senhora acredita que os cursos relacionados à saúde serão mais procurados neste período pós-pandemia.

JC – Qual é a importância da Univale para Governador Valadares e região? Lissandra Coelho – Como instituição comunitária, nosso compromisso é com o desenvolvimento de Governador Valadares e região por meio de uma formação cidadã completa e de qualidade. A Univale, em todas as suas ações, foca nos benefícios que pode trazer para a cidade. Nos preocupamos sempre no bem estar dessa população e em que podemos contribuir. Nos orgulhamos de oferecer a Governador Valadares e região tantas pessoas capacitadas sob os princípios de nossa missão de construir e compartilhar o conhecimento por meio da formação de profissionais competentes, éticos e comprometidos com o desenvolvimento humano. Nos empenhamos em ofertar as melhores condições para que nossos egressos, estejam onde estiverem, caminhem com vivacidade, coragem e força para transformar realidades e fazer história. Porque é assim que atuamos ao longo desses mais de cinquenta anos de existência em prol da comunidade valadarense. JC – A educação teve de se adaptar aos tempos modernos, principalmente em relação aos meios de comunicação na web. A Univale se reinventou com esse processo?

Lissandra Coelho – Ultrapassamos fronteiras e estamos desde o dia 17 março juntos com toda a comunidade acadêmica mantendo a educação de qualidade que sempre praticamos. Durante esse período, buscamos novas metodologias, ferramentas e estratégias para que nosso aluno não ficasse nem um dia sem a proximidade e a construção do seu conhecimento. Diante do inédito imposto por essa pandemia, editamos nosso destino, fomos senhores e senhoras de encontros mediados pela tecnologia, desenvolvemos nossas atividades com responsabilidade e o compromisso com uma formação de excelência. E, assim, mostramos que, embora fisicamente isolados, jamais estivemos afastados do conhecimento. E se o mundo, pelo menos por enquanto, não é mais o mesmo, nós mostramos à natureza e à sociedade que nossa incrível capacidade de reinventar caminhos está mais viva do que nunca. Porque nosso propósito jamais mudou, nem mudará. Está cristalizado na atuação de quem sabe que a ciência, o trabalho e a obstinação são os pilares das transformações que queremos inaugurar todos os dias.

Lissandra Coelho – Sem dúvida. O olhar ficou diferente para a área da saúde. Já percebíamos uma demanda crescente na área, mas a partir de 2020 os números devem crescer. Já há uma demanda por profissionais de saúde no mercado. JC – No aniversário de 83 anos de Governador Valadares, qual é a sua mensagem aos valadarenses. Lissandra Coelho – Que as esperanças se renovem nesse novo ciclo e que a cidade possa crescer e se desenvolver vencendo os desafios que se apresentam a cada dia. Desejo que cada valadarense seja um ponto de apoio na constante construção de uma cidade melhor. Parabéns a todos que diariamente cumprem sua missão, contribuindo assim com o desenvolvimento da nossa cidade; buscando sempre novos projetos e aceitando o desafio de fazer mais e melhor; não perdendo de vista os anseios da comunidade, mostrando assim que não existem fronteiras ou limites para alcançarmos nossos objetivos. É com orgulho de ser valadarense, de pertencer a esta cidade, que deixo minha mensagem de esperança e agradecimento a toda essa gente que trabalha para que seus filhos possam sonhar com um futuro melhor. Parabéns a Governador Valadares!


CADERNO ESPECIAL DO ANIVERSÁRIO JORNAL DA CIDADE GV

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