Figueira 38cd

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Fim de semana com sol entre nuvens. O domingo será chuvoso. www.climatempo.com.br

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28o 21o

MÁXIMA

ANO 1 NÚMERO 38

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 12 a 14 DE DEZEMBRO DE 2014

FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EXEMPLAR: R$ 1,00

A natureza agradece

Lagoa do Pérola vai renascer Uma antiga reivindicação dos moradores do bairro Jardim Pérola está prestes a ser entregue: a recuperação da Lagoa do Pérola. A obra de desassoreamento da lagoa já está em fase adiantada e será concluída até abril de 2015. Página 6

Nesta edição

Povo Krenak na luta pelos seus direitos Povo Krenak Divulgação

Conheça Erozir Nunes, o Lollo, que trabalha há 23 anos como treinador de Voleibol. Ele sempre treinou crianças e adultos para competições, até que, pelo convite de duas amigas, professoras de Educação Física, passou a dar aulas voluntárias. Página 8

Parlatório

Considerando que o IPTU é um imposto sobre a propriedade, é justo que o inquilino pague este imposto sobre o imóvel alugado? Página 2

O povo Krenak, da aldeia localizada em Resplendor, bloqueou na terça e na quarta-feira, a Estrada de Ferro Vitória a Minas, no trecho entre Resplendor e Conselheiro Pena. Eles querem ser ouvidos pela Vale, para resolver questões que envolvem os Krenak e a esta empresa. Sem acordo nas negociações, os Krenak apelaram para a interdição, como forma de serem ouvidos. A ferrovia foi desobstruída na quarta-feira e as negociações prosseguem. Na próxima edição, este Figueira vai abordar o assunto com o apoio dos Krenak que são colaboradores do jornal. Leia a carta do encontro de Pajés realizado na semana passada, em Araçuaí, MG. Página 7

NOTÍCIAS DO PODER Câmara dos Deputados prepara manobra de R$ 80 milhões/ano Está em curso na Câmara dos deputados uma manobra aparentemente inofensiva, mas que terá impacto financeiro gigantesco nas contas da Casa, se for aprovada: R$ 80 milhões por ano. O deputado Arlindo Chinaglia (Foto) é contra. Quer saber do que se trata? Leia a coluna Notícias do Poder, do jornalista José Marcelo, direto de Brasília. Página 5

EBC


OPINIÃO

Editorial

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FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de dezembro de 2014

Tim Filho

Tem gente que não paga é nada...

Na parede da memória esses são os quadros que doem mais. Verso de Belchior

Na quarta-feira, 10 de dezembro, a presidenta Dilma Rousseff recebeu o Relatório da Comissão Nacional da Verdade, em sua versão final. Cerca de 400 nomes de agentes do Estado brasileiro são ali citados como responsáveis por torturas e mortes de outros brasileiros nos períodos ditatoriais, principalmente o que se estendeu de 1964 a 1985. A própria presidenta, vítima da ditadura, por três anos presa e submetida a torturas, chorou ao receber o relatório. Não bastasse esse concretismo imposto pela realidade, a entrega ocorreu na data simbólica em que se comemora a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O ato reverberou na sociedade brasileira e fora dela. Da ONU, o secretário geral Ban Ki-Moon enviou a mensagem: “Junto-me ao Brasil para honrar a memória daqueles que sofreram como resultado das brutais e sistemáticas violações dos direitos humanos que ocorreram entre 1946 e 1985.” O relatório agora se tornará documento oficial e afetará diretamente o ensino de História, de Direito e outras áreas nas escolas brasileiras, na educação das gerações para a democracia. Nele, pela primeira vez, desmonta-se o mito de que um bando de malucos inconsequentes saiu por aí matando e aterrorizando como fizeram nas ruas de Valadares no final de março e início de abril de 1964, no que resultou nas mortes de Augusto e Octavio Soares, na destruição do Sindicato de Trabalhadores Rurais no bairro Santa Terezinha, no fechamento da clínica e no banimento do médico Carlos José, no adiamento da entrega da Fazenda do Ministério da Agricultura para a reforma agrária. A ação de bandos também ocorreu. Mas, patrocinados pelos setores do Estado brasileiro que tinham por obrigação cuidar da ordem constitucional.

A própria presidenta, vítima da ditadura, por três anos presa e submetida a torturas, chorou ao receber o relatório. Não bastasse esse concretismo imposto pela realidade, a entrega ocorreu na data simbólica em que se comemora a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

As torturas e mortes foram conduzidas por servidores do Estado brasileiro em instalações do Estado brasileiro. Isso faz toda a diferença. Entre muitos documentos, o fato de se ter encontrado na casa do ditador denominado presidente àquela época, Médici, um caderno pessoal com registros sádicos de tortura, aponta que não havia inocentes entre os governantes. O fato de se ter comprovado que o jornal Folha de S. Paulo cedia seus veículos para transporte de pessoas para a prisão e a tortura, assim como a participação da FIESP e da Rede Globo, mostra o envolvimento ativo de parte do empresariado. Com ajuda do autoritarismo das igrejas, dos fazendeiros, dos empresários da imprensa, das federações de empresários, criou-se um monstro sem nenhum controle. Vários filhos deste monstro estão aí para serem domados pela democracia brasileira: as Polícias Militares, criadas e nutridas pelo regime de força, são parte dessa herança a ser corrigida. A corrupção é outro filho. A ditadura militar promoveu o sequestro da decência nacional, acabou com todas as formas de controle social, facilitou o enriquecimento ilícito e retirou da boca das crianças e da mesa dos trabalhadores para o bolso de uns poucos protegidos do regime. Essa mácula ainda respinga hoje nos hábitos políticos brasileiros, das Câmaras de Vereadores ao Senado da República, do Judiciário a Ministérios. A única vacina para esses males é a democracia.

Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-81 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo

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Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

Parlatório O IPTU é um tributo que incide sobre a propriedade imobiliária, incluindo todos os tipos de imóveis. Sendo assim, é justo que o inquilino pague este imposto? Não é justo o inquilino pagar o IPTU NÃO

Fábio Fraga

Se partirmos da própria descrição do da sigla: Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana. Como esse imposto se refere à “propriedade”, fica óbvio que o mesmo deva ser pago pelo proprietário e é exatamente isso o que dizem o Código Tributário Nacional e principalmente a Constituição Federal. Imaginemos que o imóvel fique inabitável, o IPTU não será pago? Sabemos que aqueles que vivem da especulação imobiliária fazem de tudo para transferir os custos, tanto tributários como de manutenção. A lógica da lucratividade extrema faz com que pessoas e grupos transfiram a responsabilidade, seja ela qual for, para o consumidor final, neste caso o inquilino. O direito à propriedade é o pilar do pensamento liberal e a base de sustentação dos preceitos legais da sociedade contemporânea. A nossa lógica de organização social e política atual foi moldada a partir das Revoluções Burguesas dos séculos XVII e XVIII e foram essenciais para definir as diretrizes que orientam as estruturas de Estado mundo afora. Deste processo revolucionário e marco da nossa era, a defesa à propriedade privada se tornou a principal base de sustentação da sociedade capitalista, ou seja, as nossas leis e o objetivo último da sociedade é de garan-

tir a propriedade material, intelectual, cultural, etc. Portanto, a posse e manutenção da propriedade é o fundamento da sociedade contemporânea e dessa maneira a preservação (legal, tributária, ambiental) dessa propriedade é logicamente de responsabilidade do dono. O proprietário que transfere a responsabilidade tributária, no caso em questão, pode ser considerado como a antítese do pensamento liberal, mas não no sentido revolucionário e sim no sentido de negação daquilo que a própria história do capital defendeu. Dito de outra maneira: é como se alguém buscasse ser proprietário de alguma coisa qualquer e não assumisse os custos dessa posse. O sujeito deseja um carro e não quer pagar os impostos para a manutenção das vias, deseja uma geladeira e não quer pagar a conta de luz, deseja ter um imóvel para cobrar aluguel e não assumir o IPTU e nem a manutenção. Isso é uma negação da própria lógica.

O direito à propriedade é o pilar do pensamento liberal e a base de sustentação dos preceitos legais da sociedade contemporânea.

Fábio Fraga dos Santos é sociólogo e professor universitário e do Ensino Médio.

Pagar o IPTU é responsabilidade do inquilino SIM

Desidério Ribeiro

Quem pensa que alugar um imóvel é só pagar o aluguel e pronto, infelizmente está um tanto equivocado. Dentre as responsabilidades do inquilino – ou seja, aquele que ocupa o bem mediante aluguel – há a de pagar o Imposto Predial e territorial Urbano – IPTU. E essa obrigação é absoluta? Nem sempre. Então, é nesse ponto que nascem as dúvidas. O IPTU é o imposto cobrado pela Fazenda Municipal, com o qual a municipalidade obtém boa parte de sua receita que poderá ser revertida em melhorias na área habitada, como melhoria dos calçamentos das ruas, coleta de lixo, dentre outras. O IPTU tem como fato gerador à propriedade, domínio ou posse de propriedade na zona urbana u na sua extensão. Por isso é importante saber onde se começa e termina a zona urbana e a zona rural, uma vez que a essa última se aplica o ITR – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Ah, e o fato dele ser de competência do município, tem apenas uma exceção, quando se refere ao Distrito Federal que é aquele caso sui generis, que as vezes atua como estado e outras como município. O valor do IPTU varia por diversos motivos: extensão da propriedade, se construído, se não construído, valor venal do bem, etc. Mas voltando ao assunto – IPTU e locação de imóveis – há quem pense ser apenas o proprietário obrigado a pagar o IPTU. Porém existe previsão legal para transferência dessa ‘responsabilidade’ ao inquilino na Lei de Locação: Art. 22. O locador é obrigado a: VIII – pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio

de seguro complementar contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato; Art. 25. Atribuída ao locatário a responsabilidade pelo pagamento dos tributos, encargos e despesas ordinárias de condomínio, o locador poderá cobrar tais verbas juntamente com o aluguel do mês a que se refiram. Ou seja, de fato a obrigação é do locador, mas nada impede que seja transferida ao locatário. Tanto o é, que até nos contratos padrões, desses que se compra em qualquer papelaria, muitos já vem com a obrigação de pagar o imposto expresso. Também não vejo como obrigação imoral ou injusta, uma vez que o inquilino vai se beneficiar com a coleta de lixo, calçamento e outras coisitas mas para que o imposto é utilizado, ao menos em tese.

Mas voltando ao assunto – IPTU e locação de imóveis – há quem pense ser apenas o proprietário obrigado a pagar o IPTU. Porém existe previsão legal para transferência dessa ‘responsabilidade’ ao inquilino na Lei de Locação

Desidério Ribeiro é advogado


CIDADANIA & POLÍTICA

Guantánamo I

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FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de dezembro de 2014

Da Redação

Sacudindo a Figueira

Consagrada mundialmente pela música Guantanamera, na ponta extrema ao leste da ilha de Cuba funciona uma base militar dos Estados Unidos. É isso mesmo, como herança do tempo de ocupação dos Estados Unidos em Cuba, aquele país convive com uma base militar estrangeira em seu território. Mas, desde o governo de George Bush pai esta base militar é mais conhecida por servir de prisão para suspeitos de terrorismo, a maioria árabes e islâmicos em geral. Por ser um espaço extraterritorial, os Estados Unidos não têm se obrigado a cumprir ali as diretrizes dos direitos humanos e a convenção sobre prisioneiros de guerra. Relatos indicam que a base se tornou um laboratório para velhas e novas formas de tortura, algumas delas com tecnologia de ponta que provoca abalo psicológico irreversível. O presidente Obama fez do fechamento da base um compromisso da sua primeira campanha, mas até agora não o cumpriu. Alega falta de lugar para envio dos prisioneiros.

A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

Ou eles ou eu

Maldição da cadeira Se os vereadores tivessem juízo fariam mais contas antes de disputar a Mesa Diretora da Câmara, que vai a votação na próxima quarta-feira. Desde que o então vereador Leonardo Monteiro presidiu a Câmara e em seguida foi eleito deputado federal, nenhum ocupante da cadeira de presidente conseguiu eleger-se na eleição seguinte: Julio Avelar, Heldo Armond, Paulinho Costa e Dilene Dileu são os casos mais recentes.

Guantánamo II A desculpa esfarrapada começa a ruir. Nesta semana, Pepe Mujica, o presidente do Uruguai, anunciou o recebimento em seu país de seis dos prisioneiros, que apesar de não terem nenhuma acusação formal, já estavam naquela prisão há dez anos. O exemplo do Uruguai pode motivar outros países a receber os prisioneiros, criando as condições para que o presidente Obama feche a base - a escola de tortura e perversão. No Uruguai, muitos empresários já ofereceram ao governo emprego para os prisioneiros, em uma clara demonstração de apoio a Mujica.

Shell ou Petrobras?

As contas

Não aprendem nunca?

Mas, a atenção dos cidadãos e da imprensa responsável nesta semana deve estar voltada para a única conta que uma parte dos vereadores é capaz de fazer nessas horas: quem paga mais. A conferir se uma Mesa Diretora consegue eleger-se sem alimentar o vício da venalidade. Será de se comemorar e servirá de engrandecimento para a Câmara e para o currículo de cada um dos seus membros.

Depois da forte reação da população aos cavaletes de candidatos na campanha eleitoral, e apesar da determinação legal de que na próxima eleição os cavaletes já estarão proibidos, há quem continue com o mau hábito: o vereador Paulinho Costa espalhou mensagens de Natal em cavaletes em calçadas e rotatórias. Dá pena ver a insensibilidade.

Eu não tenho vocação para herói. Fui preso porque eles correram mais do que eu. Pepe Mujica, presidente da República do Uruguai.

MEMÓRIA

Histórias dos jornais Binômio e De Fato são preservadas pela UFMG Um dos precursores da imprensa nanica que prosperou durante a ditadura, o jornal Binômio vai aos poucos ocupando o importante espaço que lhe cabe na história do jornalismo brasileiro. Suas edições foram digitalizadas e uma coleção completa foi doada à Biblioteca Central da UFMG, fatos que serão comemorados no próximo dia 9 de dezembro, terça-feira, às 10h, em cerimônia na sede da biblioteca, no campus da Pampulha. O ato contará com a presença do jornalista José Maria Rabêlo (foto), um dos fundadores do jornal, ao lado de Euro Arantes. Binômio circulou de 1952 a 1964 e foi fechado pelo golpe que derrubou o presidente João Goulart; Rabêlo precisou se exilar. Nos seus 12 anos de vida, o irreverente jornal teve 508 edições em Belo Horizonte e 293 em Juiz de Fora, num total aproximado de 15 mil páginas, e chegou a vender 60 mil exemplares. Em 1997, Rabêlo contou a história do semanário no livro Binômio: o jornal que virou Minas de cabeça pra baixo, reeditado em 2004. Binômio já foi também objeto de pesquisas acadêmicas e é citado por Bernardo Kucinski no livro Jornalistas e Revolucionários como precursor da imprensa nanica. Misturando humor e política, o tabloide dos dois jovens jornalistas (Arantes tinha 24 anos e Rabêlo, 23, em 1952) conquistou milhares de leitores, incomodando autoridades e antecipando características que marcariam publicações futuras, como o célebre Pasquim. A irreverência já começava no nome, referência ao lema de campanha do então governador Juscelino Kubitschek, “Energia e Transporte”. O binômio do jornal no entanto, que vinha abaixo do título, era “Sombra e Água Fresca”. Um dos fatos marcantes na trajetória do jornal ocorreu em 1961, quando o general Punaro Bley, comandante da 4ª Região Militar, mandou 200 soldados destruir a redação do hebdomadário. De Fato também está digitalizado O acervo digitalizado do Binônimo soma-se ao de outro jornal alternativo fundamental na his-

tória do jornalismo mineiro, o De Fato, digitalizado pelo Centro de Investigação da Mídia, do Instituto de Comunicação e Artes (ICA) da UNA. Também tabloide, porém mensal, De Fato teve vida mais breve, circulou de janeiro de 1976 a outubro de 1978, em 26 edições. Um dos seus fundadores e diretor responsável foi o jornalista Aloísio Morais, ex-presidente e atualmente diretor do Sindicato. Denso, com forte tendência política, sem no entanto dispensar o humor (uma das suas seções era o Humordaz, que publicou artistas do traço como Nilson e Lor), De Fato refletiu o clima pesado da época, ao mesmo tempo em que tratou de temas polêmicos sem vez na grande imprensa. De Fato deu voz, algumas vezes com exclusividade, às manifestações nascentes dos movimentos populares que acabaram por extinguir o ciclo de presidentes generais. Uma das capas históricas do jornal mostra a repressão policial ao III ENE (Encontro Nacional de Estudantes) e a prisão de centenas de estudantes que tentavam reconstruir a UNE, em junho de 1977, na Faculdade de Medicina da UFMG. Neste momento turbulento pelo qual passa a imprensa, folhear jornais antigos pode ser muito útil, possibilitando visão crítica e perspectiva histórica. De Fato e Binômio podem ser inspiradores para os jovens jornalistas da nova imprensa alternativa que floresce na internet, bem como servir de referências para os novos caminhos que o jornalismo impresso está buscando. Tome nota e acesse: A coleção do Binômio pode ser acessada neste link: https://catalogobiblioteca.ufmg.br/pergamum/ biblioteca/index.php. A coleção do De Fato pode ser acessada neste link: http://jornaldefato.una.br/jornaldefato/.

Antecipação Em vez de cartões de natal, já surgem na cidade os adesivos para 2016: Leandro da Projecon 2016, Nô Chaveiro, Agora é Careca do Lava Jato.

Frase

A cruzada contra a Petrobras, movida pelo PSDB e pelos órgãos do Estado aparelhados por ele, é um retorno ao governo do Fernando Henrique, que tudo fez para desacreditar a Petrobrás para poder vendê-la na bacia das almas. Agora, vem a informação de que a esposa do juiz Moro, que comanda a investigação e os vazamentos seletivos, é advogada da Shell e do PSDB do Paraná. “Porque onde estiver o teu coração, aí estará também o teu coração”, já registrava o evangelho.

O Sexto Batalhão da PM historicamente encerra cada ano com uma cerimônia em que presta homenagem a pessoas com reconhecida trajetória de serviços à comunidade e de apoio à atuação do batalhão. Neste ano, a homenagem que será prestada na próxima quarta-feira incluía o vereador Gledston Araújo, egresso da farda, e a prefeita Elisa Costa. Consta que ambos os nomes foram interditados diretamente pelo coronel Sérgio, da RISP, que exigiu o corte, apesar das boas razões do batalhão para homenageá-los.

Diretório Municipal? Depois do Hospital Municipal que é conhecido como Regional, o PT corre o risco de ter o seu diretório municipal transformado em regional. O excelente resultado eleitoral do deputado federal Leonardo Monteiro, reconduzido à Câmara com 115 mil votos, não se reproduziu em sua cidade, Valadares. Vendo reduzida a sua votação na sua própria cidade em 20% entre a eleição de 2010 e a de 2014, o deputado convocou lideranças do PT de toda a região para a reunião do diretório do PT municipal.

Abuso Não bastassem os camelôs, que logo estarão abrigados no Novo Centro Comercial da Rodoviária, a loja Meu Bebê, na rua Israel Pinheiro tomou conta da calçada inteira. Para o pedestre sobrou passar na faixa, na rua. A fiscalização de posturas faria bem atuar nesse tempo de comércio do Natal. Contas da Campanha do governador Geraldo Alckmin (PSDB) foram reprovadas. O picolé de chuchu está derretendo.

Prestígio O empresário Edvaldo Soares do Santos, que se candidatou a deputado estadual pelo PMDB nas últimas eleições, e obteve votação expressiva, foi sondado para ocupar o cargo de Secretário de Estado da Agricultura. Não disse sim nem não, mas ficou feliz com a lembrança. Capacidade para ocupar o cargo ele tem de sobra, afinal, é do ramo. Aguardemos, pois.


METROPOLITANO 4

FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de dezembro de 2014

ASSISTÊNCIA SOCIAL

População de rua é tema de debate na Prefeitura Debate reuniu agentes governamentais, de conselhos municipais, lideranças religiosas e de entidades que lidam com os moradores de rua Divulgação

Da Redação Um plano de ações conjuntas entre governo municipal e sociedade civil organizada foi a principal deliberação do Encontro da Rede Socioassistencial de Atendimento à População em Situação de Rua de Governador Valadares, foi discutido na Prefeitura na terça-feira. O próximo encontro será no dia 15 de dezembro, na sede da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), Lourdes, reunindo agentes governamentais, de conselhos municipais, lideranças religiosas e de entidades que lidam com o tema para a construção do documento que deverá nortear os trabalhos com o público em situação de rua a partir de 2015. Entre os muitos pontos abordados, além do plano de ação, também foram citados os desafios e propostas de reforçar a ação conjunta entre governo e sociedade civil, também com a participação da classe empresarial e sindical; reforçar a atuação com iniciativas preventivas junto a crianças e famílias na área de atenção básica de programas como CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), na área da saúde e educacional. Desafios Polêmica, a realidade da população de rua em todo o país, tem desafiado autoridades e sociedade a encontrar uma solução que permita resgatar as pessoas das ruas e vícios, em boa medida resultantes da dependência química, e resolver o problema de saúde pública e de ordem social. Segundo dados apresentados durante o encontro da Rede Socioassistencial, entre os motivos para estarem na rua, 32% das pessoas entrevistadas apontaram a dependência química; conflitos familiares ocupa o segundo lugar com índice de 25,9%; e em terceiro lugar o desemprego, com 11%. O Secretário Municipal de Assistência Social, Jaime Luiz Rodrigues Junior, disse que o objetivo do encontro aberto à comunidade é promover a apresentação dos equipamentos da Rede Socioassistencial de Atendimento à População de Rua, bem como tem sido realizado o trabalho pela equipes. “Ao apresentar os equipamentos queremos abrir o debate com a sociedade civil e

No encontro foram debatidas propostas de reforçar a ação conjunta entre governo e sociedade civil, e participação da classe empresarial e sindical nesta questão

construir uma agenda de trabalho compartilhada; o fortalecimento da rede é o nosso grande desafio e o diálogo com a sociedade é importante para compreendermos esta realidade”, salientou ao registrar as várias iniciativas existentes na cidade de abordagem à população de rua que atuam isoladamente, sem grande êxito. O vice-coordenador do grupo Treinamento Líderes Cristãos (TLC) da Paróquia Cristo Redentor, Fábio Leão França, também concorda com planejamento e integração de ações como caminho para avanços e mudança da realidade para as pessoas em situação de rua. “A igreja tem essa

preocupação com os mais pobres; mas não se trata apenas de levar o alimento e evangelizar. É preciso conscientizar essas pessoas (em situação de rua) e encaminhá-las para serviços da Rede Socioassistencial para tratamento e avanços também no número de pessoas que, uma vez iniciado o tratamento necessário, permaneça nele e não apresente recaídas”, disse reiterando os vários fatores que podem levar pessoas à situação de rua, destacando a dependência química. Para o presidente do Conselho Municipal de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (CMPDDH), Paulo Vasconcelos, o fenômeno precisa

Aliança Municipal Espírita de Governador Valadares inaugura nova sede no dia 14 Da Redação

A Aliança Municipal Espírita de Governador Valadares (AMEGV) e o 11º Conselho Regional Espírita (CRE) inauguram no próximo domingo (14), as 19horas, as novas instalações da sede no município. Fundada em 1975, a AMEGV funcionou até então numa sala comercial. A nova sede passa a funcionar na Rua São Domingos, nº 148, na Vila Mariana, que foi construída e doada pelo Grupo Espírita André Gustavo, cujo presidente é o empresário Alexandre Prado que coordenou o projeto de construção. O prédio vai abrigar também o 11º Conselho Regional Espírita que abrange 67 cidades da região leste. A solenidade de inauguração contará com a presença do presidente da AMEGV, Hudson Bento, do vice-presidente, Geraldo Leite, da prefeita Elisa Costa, dos presidentes e representantes das Casas Espíritas de toda a região, entre outros convidados. A cerimônia de inauguração contará com a apresentação do Coral Espírita de Governador Valadares. Durante a cerimônia serão homenageadas quatro personalidades que se destacaram no movimento espírita da cidade, cujos nomes foram dados às salas e auditórios. Após o descerramento da placa de inauguração haverá uma palestra com o presidente da União Espírita Mineira (UEM), Henrique Kemper, que falará sobre a importância do Centro Espírita. Abaixo informações sobre os homenageados: Homenagem Póstuma: Joaquim Ribeiro – Um dos pioneiros do movimento espírita da cidade e região. Fundador do Instituto Nosso Lar, localizado na Vila Eugênio Franklin, em Alpercata. Fundou também o Grupo da Fraternidade Martha Figner, localizado no bairro de Lourdes. Homenagem Póstuma: João Massariol - Foi presidente do 11º Conselho Regional Espírita e da Aliança Municipal Espírita; cofundador do Grupo da Fraternidade Cristã, no bairro Altinópolis. Recebeu o título de “Construtor do Progresso” na Categoria Fraternidade em âmbito estadual, pela FIEMG – Fe-

deração das Indústrias do Estado de MG; Foi presidente por 12 mandatos do INLAR – Instituto Nosso Lar, na Vila Eugênio Franklin, em Alpercata; Idealizador e fundador do Núcleo Assistencial Nosso Lar, no bairro Turmalina. Homenagem: Ítalo Pifano – Mineiro de Carangola/MG, Advogado, professor, maçon. Foi presidente da Associação Espírita Vicente Pifano (fundada por seu pai), de 1958 a 1999; Fundador da Loja Maçônica Paz e Progresso IIª; Foi presidente da 43ª Subseção da OAB/MG; Fundador da AMEGV – Aliança Municipal Espírita de GV; Recebeu o título de Mérito Judiciário pelo Clube de Advogados de MG; Recebeu da Câmara Municipal a Comenda da Ordem Municipal do Brasão do município de Gov.Valadares; Atual presidente do CEM – Conselho Espírita Municipal. Homenagem: Maria Prado Alves - Mineira de Alfenas/ MG, veio para Governador Valadares em 1951; Foi cofundadora do Grupo da Fraternidade Martha Figner; Fundadora da empresa Confeitaria Prado; Recebeu o titulo de Cidadã Valadarense em 2003; Recebeu em 2009 homenagem como Empresária Destaque da Panificação, pelo SINPAC/GV – Sindicato das Ind. de Panificação e Confeitaria de GV/Sistema FIEMG; Foi presidente do Grupo Espírita André Gustavo e durante o seu mandato recebeu por doação da Cabana Umbandista Pai Antônio o terreno com pequena edificação, na Rua São Domingos, 148 – Vila Mariana, onde pretendia construir uma creche, o que não foi concretizado, sendo a área doada posteriormente à Aliança Municipal Espírita para a construção da sua sede. Serviço: Inauguração da nova sede da Aliança Municipal Espírita (AMEGV) e do 11º Conselho Regional Espírita (CRE) Data: 14 de dezembro de 2014 (domingo)Hora: 19 horas Local: Rua São Domingos, nº 148, na Vila Mariana – Governador Valadares (MG)

ser analisado, considerando as diversas vertentes que o promovem. Entre elas, o fato de a pessoa em situação de rua não ter outro local como opção de permanência, ou o caso de escolhas pela relação com drogas. Para os casos em que há dependência química, Paulo Vasconcelos, defende uma atuação mais específica, como a internação compulsória. “Para os casos relacionados ao uso de drogas, configura-se a dependência química que é um caso de saúde pública; as pessoas já não conseguem tomar decisões de aderir ou não a um tratamento, falta a consciência da necessidade dele (tratamento)”.

PESQUISA

Valadares está entre as 100 melhores cidades do Brasil para se viver Pesquisa apresentou o primeiro Índice das Melhores e Maiores Cidades Brasileiras em que Valadares ocupa o 78º lugar no ranking. Dos 5564 municípios brasileiros, entre eles 853 de Minas Gerais, Governador Valadares ficou entre os 100 melhores municípios para se viver, de acordo com pesquisa realizada pela empresa de consultoria Delta Economics & Finance para a América Economia do Brasil. A pesquisa apresentou o primeiro Índice das Melhores e Maiores Cidades Brasileiras em que Valadares ocupa o 78º lugar no ranking. A capital Belo Horizonte foi considerada a primeira capital do Brasil e segunda melhor cidade do país para se viver. Além da capital mineira e de Valadares, outras cidades do Estado entraram na lista: Uberlândia (19º lugar), Juiz de Fora (39º), Contagem (47º), Uberaba (51º), Montes Claros (66º), Betim (76º), e Ribeirão das Neves (87º). O estudo analisou dez dimensões relacionadas à qualidade de vida, infraestrutura e governança das grandes cidades brasileiras que são: geral, governança, bem-estar, econômico, financeiro, domicílio, saúde, educação, segurança e digital. Estas dimensões analisam um total de 77 variáveis. As 100 cidades têm mais de 200 mil habitantes e foram selecionadas levando-se em conta os dados do Censo 2010, e a existência de informações socioeconômicas disponíveis, de fontes oficiais.


POLÍTICA 5

FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de dezembro de 2014

Notícias do Poder José Marcelo / De Brasília

Manobra

O problema

Sem décimo terceiro

Está em curso na Câmara dos deputados uma manobra aparentemente inofensiva, mas que terá impacto financeiro gigantesco nas contas da Casa, se for aprovada: R$ 80 milhões por ano. Um grupo de servidores de nível médio, que ocupam cargos no alto escalão da Câmara, articula com deputados uma mudança nas regras para alterar a classificação dos candidatos em futuros concursos públicos na Câmara. A ideia é exigir que os futuros servidores de nível técnico sejam classificados como de nível superior. Aí está o pulo do gato.

O problema dos cargos de nível médio é que de médio eles só têm o nome. O conteúdo exigido nesses concursos não faz parte de nenhuma grade curricular do ensino médio. Sem curso superior ninguém é aprovado. Isso, no entanto, não justifica a tentativa de manobra de ser aprovado para uma faixa e tentar mudar de fase na base da negociata.

Por falar em CNM, um levantamento da entidade que representa as prefeituras de todo o país aponta que ao menos 10% dos prefeitos não vão pagar o décimo terceiro salário dos servidores em dia. E dos que vão, pelo menos 11% vão acertar o décimo terceiro, mas atrasarão o pagamento dos salários de dezembro. A situação dos municípios, segundo a CNM só se agrava porque os repasses de impostos não acompanham o aumento de gastos e a necessidade de investimentos.

Pulo do gato

O governo engoliu a seco o pedido de demissão do ministro da Controladoria Geral da União, Jorge Hage. Admirado no Palácio do Planalto e respeitado pela oposição, Hage foi um dos articuladores da Lei de Acesso à Informação e deixa a AGU depois de 12 anos, desde que o órgão foi criado. E saiu reclamando. Disse que sente ter cumprido o papel que deveria, mas que está desgostoso com a redução do orçamento da pasta e a falta de pessoal para cumprir o papel de fiscalizar e controlar o governo.

A reclassificação ou exigência de curso superior para que uma pessoa preste concurso é apenas o primeiro passo para o verdadeiro bote. O que viria em seguida é o pedido de equiparação salarial da turma do nível técnico com a turma dos analistas, ou do curso superior. Como a maior parte dos servidores de nível técnico tem diploma universitário, seria direito líquido e certo. A maioria prestou concurso de nível técnico para fugir das provas mais difíceis, de nível superior. Agora tenta resolver no tapetão. Em outras palavras, quem ir pro céu, mas sem ter de morrer.

Negociação As negociações vêm sendo feitas há tempos, com a Mesa da Casa. Por enquanto, apenas o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) se posicionou veementemente contra, mas opresidente Henrique Eduardo Alves (PMDB) estaria inclinado a dizer sim.

CIDADANIA

Campanha de vacinação contra paralisia infantil e sarampo termina dia 12 A Campanha Nacional de vacinação contra a Poliomielite (paralisia infantil) e contra o Sarampo, que terminaria na sexta-feira (5), foi prorrogada mais uma vez pelo Ministério da Saúde. A medida foi tomada em função de não ter sido alcançada a meta do Ministério da Saúde de imunizar contra as duas doenças pelo menos 95% do público-alvo em grande parte dos municípios brasileiros. Até o momento, em Valadares 12.794 meninos e meninas foram vacinados contra a paralisia infantil, o que representa 77,5% de pequenos protegidos. E contra o sarampo foram imunizadas 11.143 crianças, o que corresponde a 76,2% livres da doença. “Os pais deixam para levarem os filhos para tomarem a vacina na última hora justamente porque sabem que a data será prorrogada. Mas, esquecem que quanto antes as crianças receberem as doses, mais cedo ficarão protegidas dessas doenças, porque a vacina leva alguns dias para começar a agir no sistema imunológico”, alertou a coordenadora do setor de imunização da Prefeitura, Márcia Cordeiro. Embora o Brasil não apresente casos de poliomielite desde 1990, é importante que todas as crianças de seis meses até quatro anos, 11 meses e 29 dias sejam vacinadas para que a doença não seja reintroduzida no país, tendo em vista que o vírus permanece ativo em outras regiões do mundo. Para vacinar, os pais devem levar as crianças, até sexta-feira (12), das 8 às 17 horas à unidade de saúde mais próxima de casa. É importante levar o cartão de vacinação da criança. Poliomielite A poliomielite é uma doença infecciosa e altamente contagiosa. Ela afeta o sistema nervoso central e leva a pessoa a ter paralisia com deformidades, podendo levar a morte. A transmissão ocorre via fezes de pessoas contaminadas, vias respiratórias, ou alimentos e água contaminada. Vale lembrar que não existe tratamento para a poliomielite – somente a prevenção, por meio da vacinação. A vacina protege contra os três sorotipos do poliovírus 1, 2 e 3. A eficácia da imunização é em torno de 90% a 95%. Ela é recomendada mesmo para crianças que estejam com tosse, gripe, coriza, rinite ou diarreia. Sarampo O sarampo é uma doença infectocontagiosa provocada pelo vírus Morbili e transmitida por secreções das vias respiratórias como gotículas eliminadas pelo espirro ou pela tosse. Além das manchas avermelhadas na pele, a doença apresenta os seguintes sintomas: febre, tosse, mal-estar, conjuntivite, coriza, perda do apetite e manchas brancas na parte interna das bochechas. Por se tratar de uma doença autolimitada, o tratamento é sintomático, ou seja, visa o alívio dos sintomas. Pessoas com sarampo devem repousar, ingerir bastante líquido, comer alimentos leves, limpar os olhos com água morna e tomar antitérmicos para baixar a febre.

A seco

No vermelho O aumento do salário mínimo e a implantação do piso nacional para professores colocou a maioria das prefeituras em situação delicada no fechamento das contas neste fim de ano. É que pelo menos 60% dos prefeitos não terão como cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, porque extrapolaram os gastos com a folha de pagamento, em um ano em que a arrecadação diminuiu. O dado é da Confederação Nacional dos Municípios.

Jeitinho Além dos valores, chama a atenção o fato de o assunto ser empurrado para os últimos momentos de trabalho no Congresso. E não há dúvida de que a aprovação está garantida.

E o FPM O aumento de 1% no repasse do Fundo de Participação dos Municípios, segundo o presidente da CNM, Paulo Ziulkuoski, não ajuda a resolver o problema. Primeiro porque o aumento vai ser dividido em duas partes. Uma para julho de 2015 e outra só para 2016. Segundo, porque esse aumento do FPM acontece depois do encolhimento do imposto. É que o Fundo de Participação dos Municípios tem em sua formação o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), aquele mesmo que o governo abre mão para aquecer a economia em momentos de crise. Foi assim com carros, linha branca e material de construção. Ou seja: na hora de abrir o pacote de bondades, a Presidência tira do chapéu das prefeituras. José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.


METROPOLITANO 6

FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de dezembro de 2014 Dió Freitas - Secom PMGV

Construção da drenagem a partir do bairro Nova Vila Bretas, vai escoar a água da chuva e evitar as enchentes no Pérola

Obra histórica vai recuperar Lagoa do Pérola A obra de desassoreamento da Lagoa do Pérola está orçada em mais de 2 milhões e meio (R$ 2.575.451,62). E devem ser concluídas até abril de 2015. Gina Pagú / Repórter

A nossa lagoa está muito assoreada e com lama e lixo no fundo. Fora as taboas que tomaram conta de onde deveria existir água e peixes. Os prejuízos causados quando a chuva vem são intensos, tudo se alaga. E há uma insatisfação geral quanto ao problema.

Um dos cartões postais do Bairro Pérola, a Lagoa do Pérola, tem sido motivo de reclamações dos moradores. Muitas taboas, mato alto e lixo tomam conta do que deveria ser um local de lazer. Vanderlande Rocha, morador do Bairro há 30 anos diz que o problema é antigo, e se agrava com as chuvas. “A nossa lagoa está muito assoreada e com lama e lixo no fundo. Fora as taboas que tomaram conta de onde deveria existir água e peixes. Os prejuízos causados quando a chuva vem são intensos, tudo se alaga. E há uma insatisfação geral quanto ao problema.” Rocha explica que um loteamento feito nas proximidades da Lagoa teria aumentado ainda mais os problemas. “O que intensificou essa situação que está hoje foi o loteamento feito em redor da lagoa e diminuição do espaço da mesma. Não fizeram as drenagens necessárias na época. Represaram a água da lagoa, que com as chuvas, a água volta para as casas. Nós em períodos chuvosos somos só preocupação dia e noite.” Jaqueline Torres, moradora do Pérola há 20 anos, diz que muitas famílias perdem móveis e sofrem com as inundações. “Não pode chover que tudo se alaga. É sempre a mesma história, esquecem da lagoa e só se lembram em períodos eleitorais. Vão lá e fazem uma maquiagem e não resolvem nada de fato. Além do matagal que virou, é um perigoso em todos os sentidos, muita sujeira e a noite ninguém se sente seguro por lá.” Solução Segundo a Prefeita de Governador Valadares, Elisa Costa, o trabalho para a recuperação da Lagoa e dos canais pluviais já começaram. “Já está em andamento há pelo menos 2 anos as obras de macro drenagem e novas canalizações do Bairro Pérola e adjacentes. As ruas que levam água até a Lagoa estão recebendo nova canalização. Bairros como Nova Vila Bretas, São Cristóvão e Fraternidade que também eram prejudicados pelas chuvas, e estão recebendo novas obras. O que vai liquidar com os problemas de inundações.”

A obra de desassoreamento da Lagoa do Pérola está orçada em mais de 2 milhões e meio(R$ 2.575.451,62). E devem ser concluídas até abril de 2015. E já foram concluídas a drenagem pluvial do Bairro Nova Vila Bretas no valor de 12 milhões (R$ 12.058.041,34), uma obra específica na Rua Felipe Moreira Sales com drenagem pluvial e pavimentação no valor de quase 6 milhões(R$ 5.829.648,39); drenagem pluvial do Bairro São Cristóvão no valor de 5 milhões(R$ 5.354.241,95); drenagem pluvial de ruas adjacentes a Rua Felipe Moreira Sales no valor de 2 milhões e meio(R$ 2.597.347,85). Ainda segundo a Prefeita, essas obras fazem parte de um complexo conjunto de uma obra que é histórica para Valadares, e que irão beneficiar não somente os moradores do Bairro Pérola, mas todos que moram na região. “Temos que concluir todas essas drenagens para finalizar de vez os problemas causados pelas chuvas, e já está sendo feito. A última etapa será no Pérola, pois a Lagoa não é o maior dos problemas, precisamos cuidar de toda a rede pluvial para termos de volta o cartão postal do bairro. Estamos e vamos continuar fazendo um trabalho de conscientização e educação para conservar a natureza da área. Os peixes estão sendo retirados e serão colocados de volta. As pessoas poderão pescar novamente. Mas para tudo isso precisamos da colaboração de todos. Não basta a prefeitura fazer se não tivermos como cidadãos a capacitada de conservar e manter tudo em ordem.”

Não pode chover que tudo se alaga. É sempre a mesma história, esquecem da lagoa e só se lembram em períodos eleitorais. Vão lá e fazem uma maquiagem e não resolvem nada de fato. Além do matagal que virou, é perigoso em todos os sentidos, muita sujeira e a noite ninguém se sente seguro por lá. Jaqueline Torres, moradora do Pérola há 20 anos

Dió Freitas - Secom PMGV

Vanderlande Rocha, morador do Bairro há 30 anos

Construção da drenagem a partir do bairro Nova Vila Bretas


HISTÓRIA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de dezembro de 2014 Povo Krenak

Índios Krenak sentados nos trilhos da Estrada de Ferro Vitória a Minas. Estrada foi interditada no sábado, terça e quarta-feira. Povo Krenak quer ser ouvido pela Vale

Carta do III Encontro de Pajés Nos dias 05, 06 e 07 de Dezembro de 2014 estiveram reunidos no III Encontro dos Pajés, na Aldeia Cinta Vermelha – Jundiba, Município de Araçuaí – MG, lideranças e pajés indígenas dos povos Pankararu, Pataxó, Pataxó da Aldeia Gerú Tukunã, Povo Krenak-Aldeia Atorã, com entidades e órgãos:- FUNAI, IFNMG/ Araçuaí, CPP/ALMG, DSEI/MG/ES, Segurança Alimentar / Universidade Ryerson Toronto/CANADÁ, AMEJE – Associação dos municípios do Médio Jequitinhonha, UFVJM/EIV – Estágio Intercultural de Vivência, UNL-Universidade Federal de São João Del Rei, e movimentos sociais organizados (Fênix – Instituto de Pesquisa Educação e Assessoria, Caritas Diocesana, Movimento de Atingidos por Barragens-MAB, Levante da Juventude, Coral Trovadores do Vale, Coral de Nossa Senhora do Rosário, 3 crianças do Coral “Cantando na Escola”, da Escola Estadual Artur Berganholi, Escola Estadual, Industrial São José, Escola Estadual Leopoldo Pereira, Polo de Saúde Indígenas, Representante da Federação Quilombola de Minas, Associação Mineira das Escolas Família Agrícola, Escola Agro Ecológica de Araçuaí, para a partir da compreensão dos Pajés e lideranças e comunidades indígenas presentes, debater sobre as mudanças Climáticas e a Questão da Água nos vários territórios e as perspectivas de futuro. Durante o Encontro discutimos como as mudanças climáticas vêm afetando a realidade das Comunidades Tradicionais, com destaque para os territórios indígenas. Dialogamos sobre os principais impactos causados pelos projetos sustentados pelo monocultivo de eucalipto, a pecuária extensiva, grandes projetos de hidrelétricas e barragens, ação depredadora das mineradoras, a contaminação da água, do solo e dos alimentos por agrotóxicos. Diante dessa situação, seguem abaixo as principais bandeiras e reivindicações dos Pajés e demais participantes do III Encontro de Pajés: - A demarcação do Território da Aldeia Cinta Vermelha-Jundiba, município de Araçuaí, considerando que o Laudo Antropológico, foi entregue em Fevereiro de 2014 para a CGIRD/FUNAI, para análise, deferimento e publicação; - A Regularização como Território Indígena do Parque do Rio Corrente, onde está localizada a Aldeia Geru-Tukunã, do povo Pataxó, no município de Açucena – MG, já protocolado na FUNAI; - A investigação e intervenção do estado nos licenciamentos ambientais de empresas que já estão explorando minério e monocultivo de eucalipto, para a suspensão dos contratos de plantio do eucalipto e de mineração que vem provocando a destruição da biodiversidade da região ameaçando a vida da população, e requerendo as devidas ações para a recuperação das áreas depredadas pelas empresas de mineração e eucaliptos. - A intervenção do Ministério Público contra o “minerioduto” que será construído desde o município de Grão Mogol (MG) até porto de Ilhéus (BA) bem como um estudo prévio dos impactos do mesmo sobre mais de 10 municípios e suas populações, acatando a proposta dos Movimentos Sociais constante na Carta Compromisso apresentada ao Governo do Estado de Minas Gerais, em Araçuaí, em 2014. - A promoção do diálogo com devida informação á população, movimentos sociais e organizações representativas sobre os efeitos e consequências da implantação do “minerioduto” e outros empreendimentos, conforme prevê a Convenção 169 da OIT; - A intervenção do Ministério Público para garantir a proibição do uso indiscriminado de agrotóxico em nossas regiões, principalmente por via aérea; -Cumprimento das Leis Ambientais que exige a proteção e recuperação de nascentes em todo o Estado;

- A reestruturação do ATER (Assistência Técnica Rural) ou criação de órgão similar para atender as comunidades indígenas; - A disponibilização das terras devolutas dos territórios localizados na área do Vale do Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce e Norte de Minas para comunidades tradicionais e povos indígenas; - A fiscalização e os devidos cuidados com os Parques Estaduais de Preservação Ambiental como Parque Estadual do Rio Doce, Parque do Caparaó, Parque das Sempre-Vivas, Serra Geral e Serra do Brigadeiro; - A permanência das comunidades tradicionais dentro e/ou no entorno das Unidades de Preservação com o programa de manejo sustentável; - A reabertura dos trabalhos do GT para ampliação do território do povo Krenak, município de Resplendor; - A realização de um inventário, preservação e recuperação das grutas com arte rupestre e sítios arqueológicos nos municípios de Almenara, Comercinho, Diamantina, Itinga, Itaobim, Medina, Pedra Azul, Resplendor, São Gonçalo do Rio Preto, Conceição do Mato Dentro que estão sendo atingidas e ou ameaçadas pela ação das Empresas de Mineração; - Criação do GT para estudo, identificação e demarcação do território indígena Mocuriñ no município de Campanário – MG; - A ampliação do território indígena Maxakali nos municípios de Teófilo Otoni, Ladainha, Bertópolis e Santa Helena de Minas; - A estadualização da APA da Chapada do Lagoão, município de Araçuaí; - Fortalecimento do Comitê de Bacias do Rio Araçuaí; - O levantamento das formas de violência cometidas contra os povos indígenas de Minas Gerais, durante a Ditadura Militar, conforme o pleito encaminhado à Comissão da Verdade; - Cumprimento da Lei 11.645 e 10.649 que exigem o ensino nas redes públicas e privadas, em todos os níveis de escolaridade, de conteúdos relativos às culturas indígenas e afro-descendentes, sobretudo nas escolas do território. Sendo assim, esperamos de Vossas Senhorias o compromisso com as pautas aqui levantadas e os devidos encaminhamentos. Aldeia Cinta Vermelha-Jundiba, Araçuaí-MG 07 de dezembro de 2014. PARTICIPANTES do III Encontro de Pajés: Cacique To´ê- Ivan Pankararu-Aldeia Cinta Vermelha Jundiba Pajé Domingos da \Conceição Braz- Pajé TxopayPataxó Pajé Euclides Souza Krenak Pajé Dejanira de Souza Krenak Lucinete da Conceição Braz-Pataxó Baninari Lirio Braz-Pankararu Wakixy Braz da Silva Gesilene Braz da Conceição Ytxahá Pankararu Braz Maria das Graças da Conceição Braz Isaac Braz Adalberto Nascimento da Conceição Apurinã Luiz Pereira Wairokrã Ivo Braz Ygor Vieira Cardoso Watory Braz da Silva Delsiane Ferreira França Cristiane Ferreira França, Antonio Cesar da Conceição Braz

Clemis Braz da Conceição Tupã Ciratãn da Conceição Braz Cleonice Maria da Silva Nehewane Pankararu Braz Witaty Braz da Silva Sinoeme da Conceição Braz Sayry Alves Vinicius Pereira dos Santos-UFRRJ Célio Cesar Ferreira-DSEI-MG-ES Adyler Duarte Dial-DSEI-MG-ES Carlos Lima-DSEI-MG-ES Marcelo Vieira da Silva DSEI-MG-ES Adamilson A.Gonçalves-Federação Quilombola de MG. Thiago Casagrande-Funai-CTL-Teofilo Otoni Irislene Rocha dos Santos—Funai-CTL-Teofilo Otoni Jose das Graças Fonseca- Administração Municipal de Araçuaí Maria Ivanete Magalhães Oliveira-Administração Municipal de Araçuaí Paulo Henrique Lacerda-UFVJM-DCE. Ariele Souza Martins-UFVJM-DCE Geralda Chaves Soares-AraçuaiMarília Souza Silva-Povo Indígena Aranã Caboclo. Elita de Souza-Araçuai Lizian Maria Silva Martins-AMEJE-Araçuai Clara Costa Camargos-Levante da Juventude Maria Leônia Chaves de Rezende-Universidade Federal de São João Del rei. Maria do Carmo Ferreira da Silva-CPP-ALMG Antonio Cristiano Guedes-Itambacuri Agnalda Silva Ferreira Franca-Araçuaí Marília Jardim da Silva-Araçuaí Aparecida Alves dos Santos- Miranda-Araçuaí João Emanuel Santos Fonseca-Araçuaí Daniel Junior Martins-UFVJM-Diamantina Ana Paula ferreira Dias-UFVJM-Diamantina Tamara Alves Prates-Polo Base de Saúde Indígena de Araçuaí. José Alves Cardoso-Leliveldia Maria Lúcia G.Prates-Leliveldia Fernanda F.L.de Oliveira-Araçuaí Ravi Barbosa Franco Liberato-Aracaju-Sergipe Rirta Simone Barbosa Liberato-Aracaju-Sergipe Elmo Lucas P. Santos-Araçuai Elaine Ferrari de brito-IFNMG—Araçuaí Leandro Fabrício Campelo-IFNMG_Araçuaí Theo Kieckbusch Mota-IFNMG-Araçuai Gabriel Pereira Lopes-IFNMG-Araçuai Lívia Lopes Soares-Escola Estadual Arthur Berganholi-Araçuaí-MG Alina Colares Dutra Silva-E.E.Arthur Berganholi-Araçuaí Emilly Lorrany da Almeida Dantas-E.E.Arthur BerganholiAraçuaí Laurinda Santana-Comunidade Quilombola Baú-Fazenda Santana-Araçuaí Maria Neuza-Comunidade Quilombola Baú- Fazenda SantanaAraçuaí Maria Martinha Pereira dos Santos-Coral Nossa Senhora do Rosário-Araçuai Maria Lira Marques-Coral Trovadores do Vale-Araçuaí Gabriel Pereira dos Santos-E.E.Leopoldo Pereira-Araçuaí Maria Helena Cardoso Instituto Fênix de Educação e Assessoria.


GERAL

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FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de dezembro de 2014

BRAVA GENTE

EROZIR NUNES (LOLLO)

Ombudsman

Arquivo pessoal

José Carlos Aragão

Três tempos De uns tempos para cá, tanto a mídia eletrônica quanto a impressa vem abrindo espaço para a expressão de opiniões antagônicas em seus veículos. Nem sempre em favor de um democrático e sadio embate de ideias, mas, muitas vezes, para que as partes extravasem seus recalques, frustrações, indignação e revolta. Tudo muito passional e raramente racional. Principalmente porque os temas são, em geral, específicos e restritos: comportamento, economia, política, BBB, novelas,futebol, entre outros menos cotados. No Figueira, duas seções fixas se enquadram nesse perfil. Na página 2, temos o Parlatório, seção em que um novo tema é proposto a cada edição para que leitores e convidados se manifestem a respeito. Nesse caso, ambos respondem a uma mesma pergunta e têm, a priori, posições diametralmente opostas: um responde Sim, outro responde Não. E, em poucas linhas, tentam defender seus respectivos pontos de vista. Na última página, duas colunas assinadas apresentam uma outra configuração para esse tipo de embate midiático: Canto do Galo x Toca da Raposa. Aqui, o confronto é absolutamente passional e, em geral, ninguém tem razão na casa do Noca. Não sei quem começou com essa história de dar palanque na mídia para figadais adversários do futebol trocar acusações irracionais e intempestivas sobre quem é mais apaixonado por seu time, quem é mais campeão, quem tem maior torcida, maior estádio, o elenco mais caro do mercado ou mais seguidores nas redes sociais. Nas resenhas esportivas e nos “debates” na tevê, os participantes vestem literalmente as camisas dos seus times do coração e pouco falta para se engalfinharem, ao vivo, diante das câmeras. Nas páginas impressas, todos são mais comportados – mas sempre trocam lá suas indiretas e farpas com o vizinho. A hipótese de uma análise imparcial sobre o futebol como um todo, ou sobre o desempenho de seu time em comparação ao adversário, passa longe. Tudo isso me parece jornalisticamente inócuo e, parece-me, é movido apenas por uma motivação: atrair leitores identificados com cada uma das torcidas. Também acho uma prática perigosa e, até, irresponsável da mídia, na medida em que acaba sendo combustível para uma hostilidade e agressividade cada vez maiores entre torcidas rivais. Não é preciso fazer nenhuma pesquisa socioantropológica sobre o tema para perceber que o advento desse tipo de embate midiático é contemporâneo do crescimento das torcidas organizadas e da violência nos estádios. Ao mesmo tempo ainda, as grandes corporações da mídia passaram a faturar mais e mais com patrocínios para suas coberturas de campeonatos e torneios de futebol. Todo mundo sabe o peso que uma torcida maior ou uma rivalidade mais inflamada entre clubes pode ter na opção de transmissão ao vivo de uma partida de futebol. Parece ser uma tendência irreversível, mas o jornalismo se afasta cada vez mais da notícia e se aproxima do espetáculo. Talvez porque o espetáculo renda mais. ISONOMIA Tão folclóricas quanto ridículas são as histórias que envolvem as rivalidades entre Cruzeiro e Atlético. Como aquela história de mudar a cor azul dos orelhões existentes na sede do Atlético, para preto, por determinação de um ex-presidente do clube. Ou, pelo mesmo motivo, a exigência feita por alguns torcedores de troca da cor azul do manto de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, da capela do centro de treinamento. Por isso, não me surpreenderá se alguns fanáticos leitores questionarem o Figueira sobre por que os títulos das colunas Canto do Galo e Toca da Raposa, na edição passada, tinham corpos (tamanho da letra) diferentes. MAIÚSCULAS Na edição passada (não foi a primeira vez) os entretítulos dessa coluna não observaram a formatação do texto original, em negrito. Com isso, acabaram se misturando visualmente aos blocos de texto que deveriam separar (afinal, essa é a função precípua do entretítulo!). Para evitar a repetição do problema, passarei a usar entretítulos em maiúsculas para a minha coluna. Não é a solução mais estética, mas...

José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com

ECOS DE PALMARES

Proteção ou eliminação

Lollo, de camisa preta, junto com as meninas do time de voleibol do Colégio Lurdinas

Lollo e as feras do voleibol Erozir Nunes, mais conhecido como Lollo, trabalha há 23 anos como treinador de Voleibol. Ele sempre treinou crianças e adultos para competições, até que, pelo convite de duas amigas, professoras de Educação Física de uma Escola Pública da cidade, passou a dar aulas voluntárias. O objetivo destas aulas era ensinar Voleibol às crianças para que elas fossem capazes de competir contra escolas particulares, que tem mais poder aquisitivo e investimento. A partir daí, Lollo passou a fazer outros trabalhos voluntários. Hoje, faz parte do grupo de voluntários da Fundação Itaka Escolápios, o antigo Grupo Gente Nova (GGN). Morador do Bairro Nossa Senhora das Graças, conheceu o grupo porque este há mais de quarenta anos, ajuda a pessoas carentes do bairro. “Sempre ouvi falar do GGN, até que certo dia recebi um convite para fazer um trabalho voluntário com eles.”, comenta. Erozir demorou a aceitar devido a problemas pessoais, pois, ajudava a mãe e cuidava do pai com Alzheimer. “Sem-

Sempre trabalhei como treinador de Voleibol. Nesta época não pude trabalhar muito, mas fui capaz de ir retornando aos poucos

pre trabalhei como treinador de Voleibol. Nesta época não pude trabalhar muito, mas fui capaz de ir retornando aos poucos.” O trabalho voluntário na Fundação Itaka foi um pontapé para que voltasse a dar aulas. “Este projeto está sendo muito bom, pois é uma coisa que sempre gostei. Eu trabalho muito com competições, então foi uma troca muito bacana. Porém, é uma das coisas mais desafiantes que já fiz. É algo muito complexo, mexe com o nosso psicológico.”, conta. Devido a burocracia, muitas crianças e seus pais têm medo de aderir ao projeto. Porém, em 2015, Lollo e os outros voluntários visam levar ainda mais crianças para o projeto. “Além da burocracia, acredito também que é um projeto muito pouco divulgado”, conta.

Sempre ouvi falar do GGN, até que certo dia recebi um convite para fazer um trabalho voluntário com eles

Ana Afro

“Após as manifestações de 2013, as eleições de 2014 demonstraram um efeito colateral. O congresso ficará mais conservador na próxima legislatura, com um aumento da chamada bancada da bala e de outros setores que fazem uma defesa corporativista das entidades policiais, da indústria armamentista, da grande mídia sensacionalista dedicada a difundir o preconceito e o pânico generalizado.” Por Mauro Donato, no DCM “Daí a importância da votação do projeto de lei 4471/12 ainda este ano. Estabelecendo o fim dos autos de resistência, o PL visa combater a matança seletiva praticada nas franjas das cidades. “A juventude negra e pobre é a mais visada pelos maus policiais, e não seria exagero falar em genocídio”, disse o deputado federal Paulo Teixeira, um dos autores do projeto. Não é preciso ser vidente para saber que a próxima legislatura não concorda com essa “opinião”. Não é uma opinião. São fatos mensurados. O recém divulgado relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública demonstra que, somente no ano de 2012, 1.890 brasileiros morreram em confrontos com

Natália Carvalho / Repórter

policiais. Um estudo feito pelo Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos da UFSCAR trouxe que 61% das pessoas mortas pela polícia de São Paulo são negras, sendo que 77% delas têm de 15 a 29 anos de idade. Já os policiais envolvidos são brancos (79%), sendo 96% da Polícia Militar. Estudos também demonstram que 60% desses autos de resistência são, na verdade, execuções.” (Do Portal Geledés) Pensava em como abordar esse tema tão importante e interesse da comunidade negra e de toda sociedade, quando recebi essa reportagem. Está tudo muito claro, precisamos divulgar e trabalhar para que se faça valer os direitos de todos nós, inclusive jovens negros. O Juventude Viva já está em nosso município, unamos forças.

Ana Aparecida Souza de Jesus, Ana Afro, é pedagoga, especialista em Gênero, Raça e Diversidade na Escola (UFMG), ativista do Movimento Negro e da Pastoral Afro Brasileira. É membro do Cicon- GV – Conselho de Integração da Comunidade Negra de Governador Valadares.

Abertas inscrições para professor do Pronatec Estão abertas as inscrições para o processo seletivo simplificado para professores bolsistas na ação BolsaFormação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) para diversas cidades de Minas Gerais. Para Governador Valadares há 10 vagas para professor do curso de Produtor de Derivados de Leite. As inscrições são gratuitas. Os interessados em se inscrever devem entregar, no Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), nos dias 11 e 12 deste mês, os seguintes documentos (preenchidos e assinados, quando for o caso): ficha de inscrição, declaração de disponibilidade, barema de pontuação (preenchido com o nome e a coluna de pontuação), currículo e currículo Lattes (acompanhado da documentação comprobatória), além de cópia da carteira de identidade e do CPF. As cópias dos documentos de identidade e comprobatório do currículo devem ser apresentadas juntamente com os originais. Para concorrer a mais de uma vaga é necessário preencher uma ficha de inscrição para cada cargo. Os professores receberão R$ 50 por hora de atividade dedicada ao Bolsa-Formação. A avaliação será feita por uma comissão examinadora. O resultado será divulgado no dia 15 de janeiro de 2015 no site www.ifmg. edu.br. A convocação será feita por telefone e/ou e-mail informados na ficha de inscrição.


COTIDIANO

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FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de dezembro de 2014

Arco e flecha ganha espaço em GV

Escola e local de prática desse esporte funcionam em parceria com a Associação de Moradores do Bairro Morada do Vale e já conquista adeptos Divulgação

Gina Pagú / Repórter

A modalidade do tiro com arco e flecha surgiu como esporte no século XVII, na Inglaterra. No Brasil os índios já a usavam para a caça e a guerra, e só nos anos 50 foram iniciados por Adolpho Porta as primeiras discussões em oficializar esse esporte no país. Em 1972 o Brasil consegue se filiar a Federação Internacional de Tiro com Arco (FITA) e participar de campeonatos internacionais. Em Minas Gerais havia somente uma escola filiada a Federação Mineira de Arco e Flecha (FMAF), em Juiz de Fora. Mas hoje Governador também oferece aulas de tiro com arco e flecha. Há pelo menos seis meses quem quiser conhecer e praticar aulas de arquearia tem estrutura e equipamentos a disposição. Um dos proprietários da Passo Largo Arqueria, Destter Antoniêtto, explica que não houve dificuldades para implantar o novo esporte na cidade, apesar da dificuldade para encontrar o lugar ideal. “A proposta da escola surgiu em uma visita que fizemos à Federação Mineira de Arco e Flecha. E pensamos, porque não em Valadares? Já que a única escola filiada à Federação é em Juiz de Fora. A partir daí eu e João Batista começamos a idealizar e construir os contornos da Escola. Procuramos vários lugares em Valadares para começar, onde muitos abriram as portas, outros nem tanto. De todos os lugares que visitamos e oferecemos a proposta, o que melhor nos acolheu foi a Associação de Moradores do Bairro Morada do Vale, e agora já estamos a todo vapor funcionando e ensinando.” Antoniêtto já fala das conquistas da escola na cidade. “Tivemos a oportunidade de fundar a primeira escola de tiro com arco e flecha graças a essa Associação que nos acolheu, e temos alunos que começaram conosco e estão até hoje. E com apenas 6 meses de aulas teremos nosso primeiro torneio interno no próximo final de semana.” As aulas do tiro com arco e flecha são feitas com um tipo de arco específico, chamado arco recurvo (olímpico), para alunos a partir dos 12 anos, com turmas matutinas e noturnas. O professor explica que qualquer pessoa pode praticar, mas a virtude fundamental para prosseguir no esporte é a persistência. “Para qualquer esporte, é essencial que o aluno tenha disposição para praticar. No caso do tiro com arco, é um esporte onde a persistência e a atenção são indispensáveis. O esporte traz benefícios para a postura e conhecimento corporal, coordenação motora, concentração, força, controle da respiração, equilíbrio, dentre outros.” O esporte

Thiago Augusto e Kiliano Lopes, empunhando arco e flecha durante treinamento. Para eles a arqueria é mais que um esporte. É lazer e descontração

18 metros, e em campeonatos ao ar livre podem chegar a 90 metros de distância. Considerando que os tamanhos dos alvos acompanham a distância em que são colocados. Tido como um esporte caro e restrito, o professor desmistifica. “O nosso curso tem duração de seis a nove meses, mas isso depende do desempenho do aprendiz. O resto é prática e dedicação incessantes. Já o material é fornecido pela escola inicialmente. Depois é possível adquirir cada peça e ir montando o seu arco, pois este é intercambiável. Pode-se comprálo por partes (punho, lâminas, mira, corda, flechas, estabilizadores) o que também, apesar de caro, o deixa acessível.” Antoniêtto fala ainda dos cuidados na prática da modalidade. “Todo praticante de esporte está sujeito aos riscos do esporte que pratica. No entanto não é um esporte perigoso, desde que as regras básicas de segurança sejam seguidas.”

O tiro com arco e flecha é um esporte olímpico que é praticado com o arco recurvo, formado basicamente por punho, lâminas e cordas. As flechas são feitas de materiais modernos como alumínio, madeira e fibras de carbono. Os alvos que são feitos de papel ou materiais sintéticos e seguem padrões internacionais de tamanho. As cores dos alvos são dispostas de forma concêntrica graduados de 10 a 6 pontos. Identificados pelas cores amarelo (de 10 a 9 pontos), vermelho (de 8 a 7), e azul (6 pontos). Nos torneiros, o alvo é complementado com Um arqueiro anéis no valor de 5 a 1 pontos, com as cores azul (5), preto (4 e 3 pontos) e branco (2 e 1). Movido pela curiosidade e pela paixão por filmes medieNo início do aprendizado os alvos são colocados a distâncias de 5 a 10 metros. E em torneios indoors os alvos atingem vais Kiliano Lopes faz aulas de tiro com arco e flecha há 4 me-

ses e diz que hoje o esporte é uma das suas paixões. “A arquearia hoje é um dos meus hobbies preferidos, que exigem muita concentração e treino. Esse é um esporte milenar, que está nas raízes de várias culturas pelo mundo. Acho bem interessante compartilhar um pouco disso. E por consumir muita cultura que envolve esse esporte, e filmes como Senhor dos Anéis, Jogos Vorazes e vários Games que colocam o arco e flecha como um instrumento histórico que beira ao lúdico. Sempre tive a curiosidade de ver como isso funciona na prática. E depois da aula experimental é que você entende a complexidade por trás e fica sabendo que existe uma comunidade grande por trás desse esporte.” Serviço Para quem tiver interesse em conhecer o esporte é possível assistir o primeiro torneio interno da Escola Passo Largo. Acontecerá no próximo sábado (13), às 8h da manhã, na Rua Martin de Souza, 465, Morada do Vale. A entrada é gratuita.

Saúde

Derli Batista da Silva

Pensar a maneira como se estabelece a vida na complexidade do ser é algo desafiador, pois requer uma reflexão acerca do que é sabido, ou supostamente sabido, e uma busca constante de compreensão das relações interdependentes dos seres humanos com o ambiente, a família, a comunidade e a sociedade. Em afirmação de Edgar Morin, a relação cíclica em busca de superação, reorganização e/ou progresso, pode provocar também outras desorganizações e a auto-organização se desenvolve neste trajeto tornando-se mais capaz de consolidar a sua complexidade com reflexos no comportamento em meio à natureza, na relação com o ambiente, projetando-se para uma adaptação às modificações sistêmicas e, de maneira flexível e hábil, se adapta às novas circunstâncias. Aprendi com a professora Regina Simões que, na complexidade, o ser percebe a possibilidade de sua autonomia sem desconectar-se do meio, interagindo com o ambiente intensa e constantemente, o que viabiliza a sua superação. A sua auto-organização ocorre com o movimento corporal, o qual é plenamente ligado às emoções e reflete aspectos de toda a sua vida, tatuados no corpo com sua própria história... O mesmo horizonte de Maurice Merleau-Ponty que afirma: ...meu corpo tem poder sobre o mundo quando minha percepção me oferece um espetáculo tão variado e tão claramente articulado quanto possível, e quando minhas intenções motoras, desdobrando-se, recebem do mundo as respostas que esperam. Esse máximo de nitidez na percepção e na ação define um solo perceptivo, um fundo de minha vida, um ambiente geral para a coexistência de meu corpo e do mundo. Com a noção do nível es-

Corporeidade pacial e do corpo enquanto sujeito do espaço, compreendem-se os fenômenos... Assim, tudo o que se vivencia gera oportunidade de desenvolvimento, de crescimento, de aprendizagem e possibilidade de conduzir a vida. Neste sentido, Wagner Wey Moreira, Regina Simões e Aline Porto apresentam uma base teórica para o “corpo ativo”, definindo-o como a corporeidade vivida, em que o ser humano pensa o mundo, o outro e a si mesmo na tentativa de conceber essas relações, no anseio de reaprender a ver a vida e o mundo. O aprendizado é compreendido como parte da corporeidade; assim, é importante que as pessoas se conscientizem sobre o processo em que estão envolvidas, para tornar a vida sustentável e também perceber, expressar, sentir e cuidar-se na relação estabelecida com a natureza, com o meio e com os demais seres da Terra. Destarte, a vida pode se tornar mais que uma aventura: conjugar-se numa relação prazerosa e geradora de qualidade que possa suprir as demandas do ser humano e de todos os seres, numa coexistência responsável e solidária. Culturalmente, a expressão de amores, pensamentos, crenças, sentimentos e desejos é tatuada no corpo e é bem presente na população, caracterizando uma forma bonita e comum de manifestação humana e de comunicação com as outras pessoas. Esta forma de tatuar o corpo - desde que respeitados cuidados

sanitários - é saudável, pois, comunica, relaciona e move as pessoas rumo àquilo que acreditam e sentem como importante em suas vidas. Ao perceber a cultura como um contexto de componentes, fatos, organizações e processos constituídos de signos interpretáveis, compreende-se que o alcance de harmonia na vida depende da capacidade de gerar condições para otimizar as variáveis que interferem favoravelmente na qualidade do ser e da sociedade. Assim, cultivar o corpo de forma responsável, sensível e natural é algo necessário à convivência social e à conquista pessoal da paz de espírito, da autoestima, da saúde, da compreensão da existência e da alegria de viver. Uma forma saudável de experienciar a corporeidade é cuidar da relações com as pessoas de sua convivência e zelar por caminhos que propiciam melhores condições de saúde e vida para as famílias e comunidades, num ato constante de corresponsabilidade pelos acontecimentos - bons e ruins - na sociedade; com a consciência de que tudo gera impacto nas pessoas ajudando-as - ou não - a se sentirem mais realizadas, saudáveis e felizes. Aí, a gente caminha junto para ser mais feliz, mais saudável e viver com mais gosto, a depender do que temos feito de movimento - com e para algo mais importante - neste mundo.

Derli Batista da Silva é enfermeiro com mestrado na área de Corporeidade, especialista em Bioética e em Gestão da Saúde, professor universitário.


CORRESPONDENTES 10

FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de dezembro de 2014

ONU

D’outro lado do Atlântico José Peixe / De Lisboa

Comemorar os 66 anos dos Direitos Humanos e refletir sobre a violação dos mesmos Não deixa de ser curioso que as comemorações que assinalaram os 66 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que foi adotada pela Organização das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948, não tivessem merecido grande destaque midiático na União Europeia (U.E). Existem muitas razões para isso: muitos europeus estão desempregados, os países da Europa Mediterrânica estão em polvorosa com manifestações violentas por causa da austeridade e a própria Alemanha também não vive momentos de euforia econômica. Já para não falar na guerra que se vive na Crimeia entre os russos e ucranianos. Nos ex-Jugoslávia a situação atual aparenta alguma acalmia e estabilidade, mas os observadores das Nações Unidas sabem que isso não corresponde à realidade. A partir do momento em que os capacetes azuis saírem da região, o conflito étnico voltará em grande escala. A Turquia que insiste em fazer parte da União Europeia é um dos países que mais viola os direitos universais dos cidadãos, já para não falar da Rússia que nos últimos 10 anos tem recebido luz vermelha no que diz respeito a esta matéria. Deixando o velho continente europeu e rumando para a Ásia, o que se passa na Coreia do Norte e na China implica uma reflexão profunda sobre a violação sistemática e permanente dos direitos mais

Viver em Paz implica respeitar os Direitos Humanos

básicos de cidadania. Só o que se passa do Tibete merece um olhar especial das Nações Unidas. No Paquistão, Vietnam, Camboja e Índia as violações e atentados aos Direitos Humanos são escandalosas. O trabalho infantil e a escravidão, já para não falar na violência contra as mulheres, atingem níveis vergonhosos. Aliás, em Oslo (Noruega) na altura em que recebeu o Prêmio Nobel da Paz, a jovem paquistanesa Malala Yousafzai, que foi alvejada na cabeça apenas por defender o direito das meninas poderem frequentar a escola, levantou uma questão pertinente e delicada: “Porque é que os países chamados fortes e poderosos distribuem armas pelo mundo com tanta facilidade, mas não conseguem construir escolas nem oferecer livros às crianças?”. Uma questão que deixou a plateia silenciada. Em África essas violações tomam proporções diabólicas o que tem merecido uma atenção especial por parte das Nações Unidas e dos países mais desenvolvidos. Não são só os milhares de africanos que têm perdido a vida no Oceano Mediterrânico, ao quererem emigrar para a Europa, mas também a violência que tem assolado todo o continente africano nos últimos anos e que é do conhecimento de todos. No berço da Humanidade, assiste-se a uma guerra civil sem tréguas na Síria. E no Iraque, o Estado Islâmico (EI) prossegue numa guerra fanática contra o Ocidente, decapitando centenas de vítimas inocentes todas as semanas. Como diz o pensador francês Edgar Mo-

Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo

O modo tucano de governar O modo Tucano de governar – A última quinta-feira (4) ficou marcada por um evento que deixou clara a forma tucana de governar. Pela manhã a presidenta Dilma anunciou, em Brasília, investimentos num total de R$ 3,4 bilhões, dos quais R$ 2,6 bilhões para o setor de abastecimento de água no estado. Vale lembrar que alguns especialistas afirmam que em 100 dias acabará o estoque de um dos principais mananciais de água da Grande São Paulo. Presente ao evento, o governador Geraldo Alckmin agradeceu à presidenta e garantiu a continuidade da parceria entre o estado e a União. Na mesma quinta-feira, à noite, o ex-governador paulista José Serra, durante uma reunião informal com pessoas interessadas em se filiar ao seu partido, o PSDB, afirmou ter utilizado uma artimanha para atrasar a implantação do trem-bala que ligaria o Rio de Janeiro a São Paulo. A notícia foi publicada em vários jornais. O Estado de São Paulo, por exemplo, informou: ‘Serra afirmou que quando ainda era governador do Estado e Dilma ministra da Casa Civil, pediu a inclusão da cidade de Campinas no projeto do trem-bala que ligaria o Rio de Janeiro a São Paulo para complicar o projeto. “Enfiei Campinas logo que veio o projeto. Para quê? Para complicar, verdade, para ganhar tempo”, disse. Este é o modo tucano de governar. E o mais interessante disso tudo é que só agora, passada a eleição, este senhor revela a informação, veiculada pelos principais jornalões da Terra da Garoa. Vale lembrar que em outubro José Serra foi eleito senador da República pelo PSDB paulista. Para que nunca mais ... – Na segunda-feira passada foi realizado em Santo André o lançamento do li-

Sema faz parceria com universidades A Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento (SEMA), em parceria com as instituições de ensino superior, vai criar um grupo de trabalho para elaborar e desenvolver projetos e ações para o Parque Natural Municipal. A assinatura do termo de cooperação foi realizada na segundafeira (8), no auditório da Prefeitura. Os projetos serão desenvolvidos de acordo com o plano de manejo do município. O grupo de trabalho será formado por integrantes da diretoria do Parque Natural Municipal e por representantes do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), da Universidade Vale do Rio Doce (Univale), da Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) e do Pitágoras.

vro ‘Para que nunca mais...’, que reúne série de depoimentos de lideranças que se opuseram às ditaduras do Cone Sul. A publicação é fruto de seminário internacional ‘Ditaduras do Cone Sul, 50 anos depois’, realizado no último mês na cidade, e que reuniu personalidades como João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, Fernando Lugo, senador e ex-presidente paraguaio destituído pelo Senado daquele País depois de um julgamento sumário que durou menos de dois dias, Rafael Follonier, militante político durante a ditadura argentina, exilado na Espanha e atual secretário da presidente Cristina Kirchner, e Carlos Caszely, ex-jogador do Colo-Colo, time chileno de futebol eternizado por ter se negado a apertar a mão do ditador Augusto Pinochet. Editada pelo Centro de Memória do ABC a publicação traz a reprodução completa do seminário, em português e espanhol, tornando-se um importante documento para a compreensão da história recente da região. Principalmente num momento em que muitos desinformados pregam a volta dos militares ao poder. Cartas de Drummond em BH – Até o dia 18 de janeiro o público pode conferir a exposição ‘Quase Poema – cartas e outras escrituras drummondianas’ na Casa Fiat, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. São documentos e cartas do escritor itabirano nunca antes expostas, além de cartas escritas pela mãe do poeta. Entrada franca. Mais informações disponíveis em: http://www.casafiat.com.br/?p=1183

Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

rin, “a humanidade caminha a passos de gigante para um final que se adivinha fatídico”. Quando dirigimos o olhar para o Oriente Médio, aí a situação absurda de uma guerra infinita entre israelenses e palestinos prossegue a todo o vapor. Só na Faixa de Gaza morrem dezenas de jovens palestinos todos os dias, a lutar por uma Palestina livre que tarda em ser reconhecida pelas Nações Unidas. Se prosseguirmos nesta nossa reflexão sobre os direitos humanos, temos que fazer uma paragem obrigatória na América Latina e do Sul onde as violações têm crescido nos últimos tempos. Sobretudo os direitos das crianças e dos povos indígenas têm sido menosprezados em países prósperos como o Brasil, México e Argentina. Mas o pior de tudo é que nos Estados Unidos da América, o racismo feroz voltou a renascer com uma energia inexplicável e absurda. Durante este ano de 2014, alguns cidadãos negros foram mortos de forma bárbara por agentes policiais brancos que raramente são condenados. E nas últimas semanas temos assistido a manifestações anti-racismo por todos os Estados Unidos. Aliás, não há memória de um retrocesso tão flagrante na violação dos direitos humanos como o que se tem vindo a assistir nos Estados Unidos, sobretudo na cidade de Ferguson. E o mais flagrante e vergonhoso aconteceu exatamente da Casa Branca, com o Presidente Obama a assumir que os serviços secretos dos Estados Unidos tinham cometido atos de tortura em diversas prisões espalhadas pelo mundo. Exatamente no mesmo dia em que se assinalavam os 66 anos da implementação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Mais palavras para quê?! Em vez de se promover negociações diplomáticas para evitar conflitos internacionais e guerras, promovendo a paz e a democracia, o homem pós-moderno é incapaz de fortalecer os Direitos Humanos. E a prova disso mesmo é que o Mundo contemporâneo está à beira de uma terceira guerra mundial. E essa situação não é utópica. Basta que os ânimos aqueçam mais um pouco entre algumas das potências internacionais.

José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação, correspondente deste Figueira em Lisboa, CP 1040

Cotidiano Lucimar Lizandro

Marcha contra a corrupção Quando a oposição afronta a nossa inteligência A oposição voltou às ruas. No último sábado, dia 06 de dezembro, novamente, para protestar contra a corrupção e agora, também contra a mudança no cálculo do superávit primário aprovado na madrugada do dia 04 de dezembro. Além de São Paulo, as manifestações deveriam ocorrer em várias outras capitais e cidades brasileiras. Foram gravados vídeos de convocação por vários líderes da oposição, tendo a frente o candidato derrotado à presidência da República, o senador Aécio Neves, além do cantor Paulo Ricardo – da banda RPM. A iniciativa teve ampla repercussão na grande mídia. Como em outras oportunidades, as manifestações foram um rotundo fracasso, não conseguindo atrair a atenção e nem a participação da população. A maior aglomeração de pessoas aconteceu em São Paulo, com estimativas de público que variam de 800 a 10.000 pessoas, dependendo do observador. Em Vitória - ES, apareceram 15 gatos pingados. Além da falta de povo, o movimento ainda se viu rachado entre aqueles que pedem o impeachment de Dilma Rousseff e os que apelam para o retorno dos militares para salvar o Brasil da invasão comunista bolivariana. O primeiro grupo se sente constrangido pelo segundo, como se tentar afastar uma presidenta recém-eleita fosse algo menos grotesco que bradar pela volta da ditadura. A ausência das principais lideranças políticas da oposição no evento em São Paulo causou algum constrangimento, tendo recebido severa crítica do cantor Lobão. Na ausência do senador Aécio Neves, o senador eleito por São Paulo, José Serra se transformou na estrela do evento. A indiferença da população à iniciativa oposicionista só reforça a fragilidade do discurso do mar de lama e da ameaça bolivariana. Palavras de ordem tão ao gosto dos neolacerdistas para se referir ao governo de Dilma Rousseff.. Pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha no domingo, dia 07 de dezembro, aponta que para 46% dos entrevistados nunca se combateu a corrupção tanto quanto agora e ainda, para 40% dos entrevistados, nunca se puniu tanto os corruptos quanto no atual governo. Atenta, a população já percebeu que a corrupção não tem selo partidário e nem é problema específico do atual governo, mas, um traço da vida política brasileira, devendo ser combatida com mais firmeza e seriedade. .Portanto, ainda que consideremos o direito a livre manifestação e a liberdade de expressão, não podemos deixar de registrar a seletividade e um certo cinismo na abordagem do tema corrupção. A oposição pode e deve exercer o seu papel de fiscalizador do governo de plantão, mas, deve antes de tudo, respeitar a nossa inteligência.

Lucimar Lizandro Freitas é graduado em Administração de Empresas pela FAGV e especialista em Gestão Pública pela UFOP.


CULTURA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de dezembro de 2014

Crônica Gina Pagú

Mania de salto alto

A Lira 30 de Janeiro tocou na solenidade de inauguração da Praça Itatiaia, na Ilha dos Araújos, que agora está revitalizada com a ajuda do Boca

Boca Juniors inaugura praça na Ilha Da Redação

população, por associação desportivas, de lazer e culturais. O programa prevê ainda que o adotante se comprometa a efetuar o jardinamento, conservação e manutenção do local, assumindo perante terceiros a responsabilidade civil, econômica, trabalhista e fiscal pelos serviços prestados. A adoção terá prazo de dois anos, podendo ser prorrogada por mais dois, e assim sucessivamente, conforme interesse das partes envolvidas. Assim como o clube, podem adotar praças quaisquer entidades da sociedade civil, associações de moradores, sociedades de amigos de bairros, sindicatos, organizações não governamentais, pessoas físicas e jurídicas legalmente constituídas e cadastradas no Município de Governador Valadares. O processo de adoção é feito mediante assinatura do Termo de Adoção e Cooperação, e o interessado deverá dar entrada à proposta de adoção na Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Av. JK, 1.934, 2º andar – Vila Bretas – Fone: 3275.6090).

A Praça Itatiaia na Ilha dos Araújos está de cara nova. A praça foi reformada e o antigo campo de futebol que era de terra agora é gramado e conta com vestiários. A iniciativa é uma parceria da Prefeitura com o time argentino Boca Juniors. O time adotou a praça em julho do ano passado por meio do programa Gevê Verde. A reforma custou ao clube R$ 127 mil. A inauguração aconteceu na quarta-feira (10), na Av. Piracicaba, 563. Com a adoção, o Boca Júnior fica responsável pelo jardinamento, conservação e manutenção da Praça Itatiaia (nos dois lados), além do campo de futebol, que poderá ser explorado comercialmente pelo clube por quatro anos. No local, o time implantou uma escolinha de futebol e concede, mediante indicação da Associação dos Moradores da Ilha dos Araújos (AMAI) e da Secretaria Municipal de Esportes, Cultura e Lazer, mais de 30 bolsas para crianças carentes. A escolinha A AMAI vê com bons olhos a parceria. “O campo da praça estava abandonado. Com a adoção pelo Boca Juniors, a praça O Boca Juniors, detentor de 18 títulos internacionais, será mais usada do que é hoje. Nos fins de semana e feriados, a comunidade poderá utilizar os dois lados da praça”, come- possui escolinhas de futebol em 28 países e está presente em sete Estados do Brasil. morou o presidente da AMAI Clero Neves de Castro Jr. A escolinha, que atenderá a crianças de três a 18 anos, tem como principal atrativo as avaliações técnicas realizaAdoção de praças das anualmente pelo corpo diretivo nas unidades no Brasil, O Programa Gevê Verde, criado pelo decreto nº 9.834, possibilitando um intercâmbio dos atletas escolhidos nas de 6 de maio deste ano, propõe a adoção de praças pú- instalações do Boca Juniors na Argentina. Para mais inforblicas, áreas verdes e calçadões no âmbito do Município mações, entre contato com a coordenação da escolinha pelo e incentiva o uso de praças públicas e áreas verdes pela telefone 3225.3863.

SMCEL

Garoto mostra a sua habilidade com a bicicleta, na rampa localizada na Praça Itatiaia, que agora oferece espaço para a prática de vários esportes

Salto alto não é para qualquer um ou uma, definitivamente. E eu que não sou boba vivo observando as mulheres e homens andando em saltos, para ver se aprendo a me equilibrar neles. Na verdade eu fico é admirada com quem sabe realmente desfilar em uma sandália com mais de 5 centímetros de altura. Não que eu tenha medo, na verdade, não gosto do desconforto que esse tipo de sapato nos causa às panturrilhas e a coluna. E tem gente que não está nem aí, ou finge que não está. O que eu vejo por aí ,como vi enquanto estava numa das filas do Banco do Brasil ontem, é uma mulherada metida achando que é chique bambear as pernas enquanto anda de salto. Eu vejo cada gafe. Quanto mais chique menos treinadas elas são. E tem muito travesti colocando as patricinhas no chinelo. Eu, dou graças a Deus por ser jornalista numa hora dessas e escapar dessa tortura. Enquanto a atendente do Banco do Brasil que passava por mim ficava naquele ‘aqui tá raso e aqui tá fundo’, porque o salto era tão fino que fazia com que ela andasse como se estivesse bêbada, bambeando as pernas e nunca achando um equilíbrio. Eu vibrava para ela cair e a minha tese sobre a necessidade de curso de treinamento para saltos estar certa.

Ela passava pra lá e pra cá, dando informações a um e outro, mas sempre vacilando no equilíbrio. E ela, teimosa, insistiu em ficar umas boas 5 horas em cima da bendita sandália. A danada era magrinha, com mais ou menos 1 metro e 60, mas imagina se ela fosse gordinha? Está aí outra classe de mulheres que sofrem ainda mais com os benditos.

Eu só escapo desse tipo desafio porque sou teimosa e enfio um tênis no pé ou uma rasteirinha. Já me encheram muito o saco por causa desse negócio de padrão, mas eu não ligo. Mas tem muita gente que faz questão de fazer parte do grupo padrão, então se mete a fazer papel de bobo. Sendo motivo de olhares críticos como foi essa moça ontem. Ela passava pra lá e pra cá, dando informações a um e outro, mas sempre vacilando no equilíbrio. E ela, teimosa, insistiu em ficar umas boas 5 horas em cima da bendita sandália. A danada era magrinha, com mais ou menos 1 metro e 60, mas imagina se ela fosse gordinha? Está aí outra classe de mulheres que sofrem ainda mais com os benditos. Ir para um baile de formatura para as mais cheinhas pode ser uma tristeza, depois do vestido vem a escolha do sapato, e não tem jeito, casamento e baile pede o look social, aí não tem escapatória. Os pés coitados, depois de pouco mais de uma hora já começam a inchar, e as panturrilhas a doer, no fim da festa, vixi! Só tirando e levando nas mãos. Agora inventaram a moda de distribuir havaianas durantes a festa, porque será? Eu sei que a gente paga caro num sapato, 300, 500 ou até uns 3 mil reais. Mas o caro para mim é tolerá-los nos meus pés. Tem gente que não tá nem ai, acha maravilhoso ir numa loja, e ainda diz que é sonho de consumo ter mil pares de saltos. Eu acho que na verdade essa mulherada tá mentindo, como pode uma criatura se sentir linda e firme num Luiz XV? Eu queria que tivessem me ensinado desde bem criança as técnicas, mas já que isso não funciona para mim, nem num saltinho de 2 centímetros sequer, eu fico torcendo para o salto de alguém me dar um dia a alegria. E morrer de rir, por exemplo, de uma atendente do Banco do Brasil tomar um escorregão e pagar o maior mico.

www.figueira.jor.br Acesse e fique por dentro. Figueira, o jornal que não conhece assuntos proibidos.


ESPORTES Peço licença aos leitores mineiros – justificadamente felizes com o futebol que vem sendo jogado pelos dois maiores clubes do estado – para um texto sobre o futebol carioca, cujos torcedores não têm o que comemorar. É rápido e não vai doer nada. No dia seguinte à eliminação do Flamengo para o Atlético Mineiro, na semifinal da Copa do Brasil, um querido amigo botafoguense postou o seguinte no facebook: “Ontem o Flamengo perdeu, meus pêsames. Hoje andei pelas ruas, e digamos que quase me deram parabéns. Gostaria de deixar claro que só comemoro vitórias do meu time e, ultimamente, tenho tido muito pouco o que comemorar. Parabéns ao Galo e sua maravilhosa torcida. PS: Sou botafoguense.” O nome do meu amigo é Jeronymo e, além dele, só conheço mais uma pessoa assim: minha irmã Vera, tricolor a ponto de ter uma desbotada bandeira do Fluminense permanentemente esticada na janela de sua casa e que jamais torce contra os clubes cariocas. (Quando o resultado que interessa ao Flu é a derrota de algum conterrâneo, Vera assume uma certa neutralidade suíça e se abstém de torcer.) Considero as rivalidades locais imprescindíveis para o nascimento e a engorda da paixão pelo futebol, mas me surpreende e preocupa como, de algum tempo para cá, os torcedores cariocas têm buscado a felicidade menos nas glórias de seus clubes e mais nos infortúnios alheios. Em 2014 isto ficou evidente. Os do Vasco, que deveriam se sentir envergonhados com a campanha meia-boca na segundona, iam ao delírio com as derrotas rubro-negras. Numa recente tarde de sábado, estava lendo a biografia Getúlio, muitíssimo bem apurada e escrita por Lira Neto, quando olhei a hora e vi que já começara a partida entre Vasco e Ceará. Terminei o capítulo e liguei a tevê. O comentarista Carlos Eduardo Lino, do PFC, reclamava que o time vascaíno estava todo na defesa, sem sair para o jogo. Isso: o Vasco, quatro vezes campeão brasileiro, ganhador da Libertadores e clube pelo qual passaram, entre outros campeões do mundo, Bellini, Orlando, Vavá, Brito, Tostão, Jorginho, Dunga, Mazinho, Bebeto e Romário, jogava na retranca contra o Ceará, pela série B do Campeonato Brasileiro. E daí? Bastava o Flamengo perder mais uma e estava tudo certo. Já os do Flamengo – que costumam ficar bravos sempre que alguém ousa lançar esse argumento – continuam caindo na asneira de acreditar que a força da torcida é capaz de transformar João Paulo, Cáceres, Negueba e Muralha em jogadores de futebol, e comemoravam em êxtase as patinadas do Fluminense na luta pelo discutível consolo da vaga na Libertadores. Os do Fluminense esqueciam as eliminações contra o América de Natal na Copa do Brasil e o Goiás na Sul-Americana, e fingiam ignorar que o elenco milionário sequer chegara à final do combalido campeonato estadual,

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FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de dezembro de 2014

QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO

O futebol carioca torcendo contra ele mesmo

Torcedores cariocas enterram o futebol do estado em um ano que não foi nada bom, sem títulos nacionais e sem vaga na Libertadores

mas se deliciavam com a provável – e afinal confirmada – queda do Botafogo à série B. Os do Botafogo tentavam superar a temporada desastrosa torcendo com energia para que o Vasco lhes fizesse companhia no ano que vem. E assim seguia e segue girando a roda da incompetência no futebol carioca, onde é melhor o outro perder do que a gente ganhar. Repito: nada contra o bom humor, a gozação, a tiração de onda, a carioquice. Acabar com isso é acabar com o futebol. Mas acho que falta a nós, torcedores, olhar com mais rigor para o que cada um dos nossos clubes tem feito com a sua história, e elevar o padrão de exigência. Não é possível que a torcida do Fluminense ache normal pagar os mais altos salários do futebol brasileiro e fechar 2014 sem disputar um titulozinho. É inadmissível que o presidente do Botafogo tenha decretado a queda do clube que preside para a segunda divisão, ao afastar seus jogadores mais importantes em um momento crucial do campeonato. Não dá para acreditar, por pior que fosse o momento, que o Vasco não visse outra solução a não ser trazer de volta o comandante que deu início ao naufrágio. É inconcebível que,

nas últimas cinco edições do Campeonato Brasileiro, o Flamengo tenha terminado entre os seis primeiros uma única vez, e que a torcida seja obrigada a celebrar, ano após ano, o fato de escapar do rebaixamento. Todo mundo está farto de saber que o futebol carioca precisa de mais gestão, equilíbrio e credibilidade, mais pets, juninhos, assis e cajus. Mas também precisamos de mais veras e jeronymos. Porque só assim, mirando as mazelas dos nossos próprios clubes em vez de festejar as dores dos derrotados, é que vamos fazer as coisas começarem a mudar.

Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na própria definição, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que adotou o seu blog e autoriza a sua contribuição a este Figueira.

Vai, Pantera!

Toca da Raposa

Agora nós temos gramado padrão FIFA

Um até breve

Tim Filho

Minha vizinha, fervorosa torcedora do Borroló de Carlos Chagas, me cercou na rua e veio “caçando” conversa. Quando ela vem assim, assim meio “sei lá, entende?”, é sinal de que vai pedir alguma coisa. Mas, antes do pedido, sempre tem uma introdução. É o tal “caçar conversa”. __Vem cá! Você torce pra quem? Cruzeiro ou Atlético? __Bem, em se tratando de Cruzeiro e Atlético eu não sei pra quem eu falo “bem feito”. Não torço pra nenhum dos dois. Pra mim, são times de Belo Horizonte. Prefiro torcer pro time da cidade. __Ah, então você é Democrata? __Sim, eu e o Obama. __Hummmmmm... mas, vem cá: você não consegue umas cortesias pra eu ver os jogos da Pantera, não? Tava demorando. O “caçar conversa” era realmente a introdução. O objetivo era “a cortesia”. __Olha, Dona Assunta, quem sou eu pra dar cortesia de um evento da Federação Mineira de Futebol. __Ah, eu sei que você consegue. Consegue sim, você é igual a Tele Sena. De hora em hora tá lá no Democrata. __Uai, Dona Assunta, a senhora anda me seguindo? __Sim, no Face e no Twitter. Vixe! Danada, não? Mas pra livrar dessa, melhor empurrar essa penca de banana pra outro.

__Bem, façamos assim: quem manda no Democrata é o Osório e o Parceirinho. Um dos dois vai arranjar essas cortesias pra senhora. O Parceirinho é um senhor que fica lá no gramado, com um sombreiro de mexicano. __Ah, tá! Aqui, e por falar em gramado, que esculhambação é essa que estão falando por aí? Dizem que o gramado do Democrata virou campo de futebol soçaite? __Não, Dona Assunta! O gramado foi adequado às medidas oficiais exigidas pela FIFA. Agora nós temos um gramado padrão FIFA, com 105 metros de comprimento e 68 metros de largura. __Grandes coisas. Estádio padrão FIFA vocês não têm. __Não tem ainda. Mas teremos, em breve. __Sei. E as cortesias? __Procure o Tico Mineiro, ele está todas as tardes vendo os treinos da Pantera, sempre às 16h30. __E será que ele tem cortesia pra eu ver os treinos? __Ô, Deus!

Tim Filho e Alpiniano Silva Filho são a mesma pessoa e torce pelo Democrata. Os dois.

Hadson Santiago

Saudações celestes, leitores do Figueira! O Cruzeiro encerrou o Campeonato Brasileiro de 2014 com chave de ouro e escreveu com brilhantismo mais uma página heroica de sua história. A começar pelo desfile dos campeões num trio elétrico da Toca da Raposa I ao Mineirão, numa bela interação com a torcida celeste. Tudo isso antes da partida contra o Fluminense. O tricolor carioca tinha suas ambições no confronto. Fred disputava a artilharia e a equipe das Laranjeiras almejava permanecer na 5ª posição da tabela com o intuito de já entrar nas oitavas de final da Copa do Brasil do ano que vem. Portanto, o adversário não estava desinteressado. E o Cruzeiro não podia decepcionar a China Azul que lotou o Mineirão e, mais uma vez, proporcionou uma festa emocionante. A vitória celeste por 2x1, de virada, coroou uma campanha sensacional, com direito a gol de placa do esforçado Marcelo Moreno. O Cruzeiro terminou a competição com 80 pontos, a maior pontuação de um campeão da era dos pontos corridos num campeonato com 20 times. Não nos esqueçamos de que em 2003, com 24 participantes, a equipe celeste somou inacreditáveis 100 pontos! Após o apito final do árbitro, a comemoração foi fantástica, culminando com o recebimento do novo troféu e a tradicional volta olímpica. Quero parabenizar a cobertura feita pela tv aberta que detém os direitos de transmissão. Cobriram tintim por tintim, como dizia o saudoso locutor Fernando Sasso, cada momento da comemoração celeste. Mesmo o Cruzeiro tendo sido campeão no dia 23 de novembro, com duas rodadas de antecedência, a alegria do torcedor continuou marcante, num profundo reconhecimento da importância e da grandeza do TÍTULO MAIS IMPORTANTE DO PAÍS. Estamos conversados... E o Cruzeiro vai colhendo os frutos das conquistas. Éverton Ribeiro foi eleito, outra vez, o craque do Campeonato Brasileiro pela CBF, além de outros jogadores e o técnico Marcelo Oliveira que entraram na seleção

do certame. Ricardo Goulart recebeu a tradicional Bola de Ouro da revista Placar como o melhor jogador do campeonato. Antes, somente outros dois cruzeirenses haviam conquistado tal honraria: os gênios Dirceu Lopes, o “Príncipe”, e Alex, o “Talento Azul”. O Cruzeiro aparece, também, em primeiro lugar no recém-divulgado ranking nacional de clubes da CBF. Como é bom ter um trabalho reconhecido nacional e internacionalmente. A responsabilidade do Cruzeiro no cenário do futebol brasileiro requer uma administração competente e profissional. Não há mais lugar para amadores e aventureiros. Vida que segue e o jeito é já pensar na temporada de 2015. O futebol é muito dinâmico e não dá para ficar deitado nos louros da vitória. Alguns jogadores já deixaram o Cruzeiro, como Borges (o contrato se encerrou), Samudio (fim do empréstimo junto ao Libertad) e até o jovem Marlone. Este ainda possui mais quatro anos de contrato e o Cruzeiro detém um terço dos seus direitos econômicos. Foi liberado para arrumar outro clube. Não soube aproveitar as poucas oportunidades que teve. Ainda merecia mais uma chance, na minha opinião. Fabiano, lateral-direito da Chapecoense, é o primeiro contratado. Muita água ainda vai rolar por debaixo da ponte antes do Cruzeiro voltar a campo no dia 1º de fevereiro, aqui em Governador Valadares, no duelo contra o Democrata, na abertura do Campeonato Mineiro. Junto com o Cruzeiro, a coluna “Toca da Raposa” também dará um tempo, um descanso. Estamos juntos desde maio deste ano e agradeço a todos os leitores que nos prestigiaram. Felicidades e muito obrigado! !

Hadson Santiago Farias é cruzeirense da velha guarda e tetracampeão brasileiro.


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