Figueira 37 b

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Fim de semana com sol entre nuvens. Pode chover no sábado. www.climatempo.com.br

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MÁXIMA

ANO 1 NÚMERO 37

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 5 a 7 DE DEZEMBRO DE 2014

Nesta edição

facebook.com/600139720076533 twitter.com/redacaofigueira

Não Conhecemos Assuntos Proibidos FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EXEMPLAR: R$ 1,00

Câmara aprova projeto com emendas

Notícias do Poder Parte da cúpula do PSDB está indignada com o posicionamento ou a falta de posicionamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Na terça-feira, dia de acareação entre os ex-diretores da Petrobrás, Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró, o ex-candidato a presidente não estava no Congresso para surfar na onda. O sumiço do senador é um dos assuntos do jornalista José Marcelo, direto de Brasília, na coluna Notícias do Poder. Página 5

Sacudindo a Figueira

Novo estádio à vista O Projeto de Lei 178/14 que autoriza a alienação do imóvel onde está localizado o estádio José Mammoud Abbas, do Esporte Clube Democrata, foi aprovado na noite de quarta-feira com 7 emendas. O projeto ainda voltará ao plenário. Uma das emendas propõe que a capacidade do estádio seja para 40 mil torcedores e não para 15 mil como estava previsto. O presidente do Democrata, Edvaldo Soares dos Santos, disse que está confiante no trabalho da Câmara, que segundo ele, vai analisar o projeto e as emendas de uma forma responsável, pensando única e exclusivamente no desenvolvimento da cidade e no crescimento do Democrata, que vive um bom momento. Na terça-feira, finalmente, a taça do acesso ao Módulo I foi entregue aos jogadores que se apresentaram para a disputa do Campeonato Mineiro. Foram apresentados à torcida: Goleiros: Fábio Noronha, Eduardo. Zagueiros: Jadson, Rodrigo Lima, Leomar, Ricardo Duarte. Laterais direito: Douglas, Osvaldir. Lateral esquerdo: Denilson. Volante: Júlico Cézar, Marcel, Flávio Lopes, Paulinho. Meias: Wanderson, Willian Leandro, Marcos Vinicius, Bruno Pavan. Atacantes: João Paulo, Rodrigão e Leandrinho. O técnico será Gilmar Estevan. Imprensa ECD

André Merlo prometeu o que não tem mais para oferecer, no discurso de inauguração do novo laticínio, na quarta-feira. Prometeu parceria. Como? Só se for como fornecedor de leite, uma vez que a sua atuação no governo do Estado termina com o dezembro. A promessa do secretário é comentada pela Raposa Felpuda na seção Sacudindo a Figueira. Página 3

Crônica da semana A repórter Gina Pagú conta na crônica “O docinho da festa”, como os chiques e elegantérrimos (e elegantérrimas) carregaram os docinhos da sobremesa de um almoço também muito chique realizado na quarta-feira, no clube Filadélfia. Página 10

Ailton Catão Divulgação

Dois equinos morreram na última semana, na área da Feira da Paz, levantando novamente a polêmica sobre a criação de animais nas áreas e vias públicas. Um carroceiro que trabalha na área de pouso dos esportistas de voo livre fez a denúncia, disse que a égua e o potro de sua propriedade ficaram doentes, mas ele não obteve ajuda do Munícipio para a retirada dos corpos e nem para cuidar dos animais quando doentes. Este carroceiro teme que os animais tem morrido por terem contraído raiva animal. O IMA descarta a possibilidade, e informa que há anos não há registro de raiva animal em áreas urbanas. Pilotos de voo livre pedem ao IMA para fazer exames nos animais mortos para esclarecer a suspeita. Página 6

O Coronel Xavier, figura histórica na Polícia Militar, é um dos entrevistados no documentário “Senta a pua”, dos jornalistas Nilmar Lage e Thiago Moreira, que contra a história do “Massacre de Ipatinga”. Saiba mais sobre este importante documento histórico na Página 7

Lançamento

Escritora mirim lança Joaninha Sofia, dia 9, na Escola Millenium

Parlatório

As relações entre as pessoas são melhores de forma virtual ou real? Página 2 Saúde

Campanha de vacinação é prorrogada. Página 5

Equinos morrem na Feira da Paz e deixam pilotos assustados

Homem trata de um potro doente, que morreu dias depois, na Feira da Paz

Milena Xavier tem apenas 9 anos de idade, mas já vai lançar o seu primeiro livro. A pequena foi capaz de escrever, sozinha, a história “A Joaninha Sofia”, que será lançada ainda este mês, no dia 09 de Dezembro. Página 11

Divulgação


OPINIÃO

Editorial

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FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de dezembro de 2014

Tim Filho

Publicamos neste espaço editorial o pensamento do jornalista Carlos Schröder, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), a respeito da regulação da mídia, tema em pauta desde o fim das eleições.

Estádio do Democrata será no “Buraco do Cachorro”

As eleições, a mídia e a regulação (I) Celso Schröder A análise que percorreu as redes e foi acolhida por parte importante dos eleitores de Dilma é de que estas redes sociais impediram o golpe midiático, denunciado em escala nacional primeiro por Tarso Genro e em seguida pela própria candidata Dilma Roussef. Decorre desta análise que a vitória de Dilma só foi possível pela existência das redes sociais. No meu entendimento está análise, parcialmente correta, alimenta uma mistificação da tecnologia que pode produzir futuros erros táticos e estratégicos. Em primeiro lugar, agora já é claro que as chamadas redes sociais não são tão sociais assim. Elas tribalizam a sociedade, fragilizam a esfera pública e, portanto, em si mesmas não realizam a inclusão ou promovem o debate, indispensável para a constituição da opinião pública. Não há dúvida de que são importantíssimas para o contraponto de uma mídia engajada e partidarizada. Mas não realizam, a não ser em raros momentos e em raros casos, a função de mediação dos relatos sociais. Em segundo lugar, parece injusto com os milhões de anônimos militantes que percorreram estradas, ruas e ruelas com suas mensagens, panfletos e bandeiras, imaginar que foi majoritariamente a importante, mas restrita, guerrilha na internet que venceu a eleição. Esta versão, oriunda é claro dos apologistas das redes, já tinha sido difundida na primeira vitória de Dilma, omitindo que, na verdade, naquela ocasião como agora, a calúnia, a difamação, a mentira e a ideologização estiveram muito mais presentes do que a verdade e a informação.

Nesta eleição, as redes foram importantes como contraponto a uma mídia majoritariamente militante em favor de Aécio, mas longe de ter o determinismo que o setor reivindica.

Naquele momento foi o tema do aborto que inundou a globosfera, produzindo uma queda na intenção de voto na candidatura de Dilma que só não foi pior porque não houve tempo. Nesta eleição, as redes foram importantes como contraponto a uma mídia majoritariamente militante em favor de Aécio, mas longe de ter o determinismo que o setor reivindica. Do mesmo modo o surgimento de propostas de criação de um jornal nacional de massas por parte de uma tendência do PT, ao mesmo tempo em que parece ser uma saudável iniciativa de criação de alternativas, não esconde um desejo incontido e perigoso de reduzir a urgente e necessária democratização da comunicação com a criação de um sistema de comunicação de sinal contrário ao sistema hegemônico atual. Vejas e Globos de sinal contrário seriam apenas a reprodução da visão instrumental e manipulatória da comunicação reinante hoje. De maneira que, tanto quanto a reforma política anunciada pela presidenta eleita, é necessária a reforma onde a política está sendo realizada efetivamente. Um marco regulatório urgente e democrático, como foi sugerido por Dilma no calor da disputa, que retome os compromissos assumidos pelo governo Lula durante a realização da 1ª Confecom, é a única saída para que a comunicação e o jornalismo reassumam sua dimensão libertadora e transformadora. Carlos Schröder é presidente da Federação Nacional dos Jornalistas. Artigo publicado no site www.fenaj.org.br

Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-81 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo

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Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br

Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

Parlatório Pesquisa realizada pela Fecormércio aponta que entre as intenções de compras para este Natal os Smarthphones, computadores ou Notebook somam 23%. Na sua opinião, as conexões virtuais prejudicam as conexões reais? Prejudicam sim. Em muitos casos, a muitas pessoas SIM

Julen Garralda

Já me vi em roda de amigos com todos eles ensimesmados no telefone. Onde deveria ter conversa, riso e canção. É já usual, em ruas, bares, casas, no trabalho. Cada qual no seu equipamento. Jogando, postando ou esperando um sinal no aparelho que indica que algo tem acontecido. Sem perceber o que está acontecendo lá mesmo, as pessoas que estão perto, a vida frente a nós, tão diversa, tão intensa, tão interessante. Mas não vou falar mal da tecnologia. Nem farei o papel do velho que não acompanha os avanços na comunicação. A culpa não é do meio. É do indivíduo que a utiliza. De nossa sociedade que pretende nos impor certas atitudes e valores. A questão é, como não, econômica, de consumo. E de educação. Usa-se e abusa-se das novas tecnologias, para conteúdos fúteis e fofoca. De forma acrítica e tem vezes até irresponsável. Sem aproveitar as infinitas possibilidades criativas dos novos meios, virando o eco de um eco. É questão de educação sim. Não estamos acompanhando a velocidade em que as novidades estão acontecendo. Falta educação, reflexão. As crianças, com incrível facilidade, se manejam nas redes sócias, aplicativos prontos; porém não aprendem a utilizar um processador de textos, um editor de imagens ou navegar na internet para procu-

Usa-se e abusa-se das novas tecnologias, para conteúdos fúteis e fofoca. De forma acrítica e tem vezes até irresponsável. Sem aproveitar as infinitas possibilidades criativas dos novos meios, virando o eco de um eco.

ra de informações fiáveis e conteúdos enriquecedores. E pelo que percebo isto não está em pauta nas escolas, em nossas famílias. Existem muitas formas de alienação. Preocupa-me esta que nos isola em telinhas, que nos quer em realidades virtuais onde só parece que alguma coisa acontece, iludidos em relações que muitas vezes não são reais, porque o real, o que importa, são as pessoas e o que podemos fazer juntos. Cabe a nós o desafio de utilizar as novas tecnologias e meios de comunicação para a libertação e o crescimento, para a verdadeira interação e o conhecimento. E ainda tem tanta coisa a fazer desligando telefone, tablete e notebooks! Julen Garralda é pedagogo, instrutor bilíngüe de treinamento na AeC e frequentador da Biblioteca Municipal Professor Paulo Zappi

Conexões virtuais não prejudicam as conexões reais NÃO

Letícia Damasceno

As redes sociais são uma ferramenta moderna, uma forma de nos conectarmos àqueles que queremos bem e diminuir a distância física. Como eu disse, é uma ferramenta. O seu uso depende de quem a detém. Não é correto afirmar que as conexões virtuais prejudicam as reais, uma vez que estas não têm autonomia para nada. Há quatro anos vivo em Portugal, longe de minha gente e de minha GV amada. Somente virtualmente consigo acompanhar o dia a dia dos meus. E aproveito. Utilizo tudo o que posso: Facebook, WhatsApp, Instagran e outros. Estou conectada a eles, mas não perco a minha vida aqui, simplesmente porque essa foi a minha escolha. Ferramentas são coisas (reais ou virtuais) e dependem de mãos, cérebros e corações para que sejam usadas. Há sim uma parcela de pessoas que se desligaram da vida real para interagir no virtual. Mas a razão não são as redes sociais. Acredito que estão fugindo de uma realidade que não está confortável, por algum motivo, e inventando outra. Isso é preocupante e pode ser grave. Não deve ser olhado como algo corriqueiro. O que acontece com essas pessoas? Até alguns psicólogos falam desta questão como algo externo ao homem. Não. Se a pessoa não consegue pôr em primeiro plano as conexões reais, se deixa de sair para se agarrar a um computador, se está com amigos em uma mesa de bar e ao mesmo tempo trocando mensagens com quem não está ali, é porque algo vai mal. Muito mal. Naturalmente somos sociáveis e políticos. Esta é uma característica dos primatas. O que foge ao natural, não deve ser visto como tal. Na verdade, o que temos, é uma mania de responsabilizar coisas, pessoas e sistemas por aquilo que é inegavelmente humano. Preferimos dizer, como já ouvi de algumas pessoas, que o WhatsApp é coisa de Satanás. Aliás, está

na moda designar a este ser autorias que não são suas. O que nos faz bem ou mal depende de nós. A mim faz muito bem ouvir as vozes doces de minhas sobrinhas, ver fotos de meus pais e amigos e poder fazer piadas como se estivéssemos ainda na mesma casa. Há estudiosos voltados para a questão e de vez em quando é publicado alguma coisa, nada definitivo. Mas, se a conclusão oficial for de que as conexões virtuais prejudicam as reais, só tenho uma coisa a dizer ao mundo: estamos perdidos! Nos transformamos em bonecos e perdemos a humanidade! Adoro me sentir perto do meu povo, mas não troco um abraço real por um abraço virtual. E vou encerrando esta conversa por aqui, não é que eu queira fugir do assunto, mas tenho um compromisso com amigos reais que envolve abraços, beijos e risadas reais. E isso é muito bom!

Não. Se a pessoa não consegue pôr em primeiro plano as conexões reais, se deixa de sair para se agarrar a um computador, se está com amigos em uma mesa de bar e ao mesmo tempo trocando mensagens com quem não está ali, é porque algo vai mal. Muito mal. Naturalmente somos sociáveis e políticos. Esta é uma característica dos primatas. O que foge ao natural, não deve ser visto como tal.

Letícia Damasceno é valadarense e há quatro anos vive em Almada - Portugal


CIDADANIA & POLÍTICA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de dezembro de 2014

Da Redação

Sacudindo a Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

A sedução das compras O Coelho Diniz da Av. Minas Gerais lotado. Filas longas. Policiais vão às compras em viatura de serviço. Lá dentro, enchem carrinhos. No estacionamento do Super, fica o registro constrangedor do uso indevido.

Parceria Piracanjuba

Baixaria no Congresso “População é retirada à força da galeria da Câmara neste momento. Base da presidente Dilma não quer a presença do povo no casa que é do povo!”

André Merlo prometeu o que não tem mais para oferecer, no discurso de inauguração do novo laticínio, na quarta-feira. Prometeu parceria. Como? Só se for como fornecedor de leite, uma vez que a sua atuação no governo do Estado termina com o dezembro.

Assim o PSDB se referiu à mixórdia no Congresso durante a votação do projeto do Executivo que prevê mudanças nas regras do superávit primário – que vai desobrigar o governo de cumprir a meta atual.

Bolsa Piracanjuba

Boa parte das duas dezenas de manifestantes que xingaram a senadora Vanessa Grazziotin, do PC do B, admitiu ser ligada ao PSDB.

Ao criticar o que classifica como assistencialismo e recorrer ao antigo mote do “dar a vara para pescar em vez de dar o peixe”, André Merlo fez de conta que não sabe da Bolsa Piracanjuba - condições para que o laticínio se estabelecesse em Valadares. Em compensação pelos 153 empregos diretos, a empresa recebeu dez anos de isenção fiscal e investimento público municipal de 1,2 milhão de reais na construção de uma Estação de Tratamento de Água para atendê-la além de 500 mil reais de pavimentação do seu pátio. Nessa linguagem enviesada do Merlo, só é assistencialismo quando o recurso público é investido nos mais pobres.

Fim da Bolsa União Ruralista A isenção fiscal da União Ruralista, presidida por Merlo, conseguida por empenho do então vereador Euclydes Pettersen, acabou de ser revogada em votação na Câmara de Vereadores. A partir de agora, há cobrança de impostos inclusive sobre os eventos realizados no Parque de Exposições.

Povo? Vejamos.

Vanessa teria sido chamada de “vagabunda”, segundo sua colega Jandira Feghali. O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy, afirma que não era bem isso: o coro era o imortal “Vai pra Cuba!”, a palavra de ordem do coração de todo idiota médio.

Frase É verdade: eu sou uma mulher dura cercada de homens meigos. Dilma Rousseff, presidenta da República

A velhinha do Congresso E eis que descobrimos que a pobre velhinha, aquela senhora que poderia ser a mãe ou a avó de qualquer um de nós, mataria todos os comunistas bolivarianos lulodilmistas do Brasil e do mundo se lhe dessem armas para isso. Durou pouco, bem ao estilo da Era Digital, a farsa montada em torno de Ruth Gomes de Sá depois que ela foi fotografada quando um segurança a continha no Congresso. Quanto não houve nada perigoso no gesto do segurança os fatos subsequentes provaram: nos momentos seguintes, lá estava dona Ruth concedendo entrevistas a jornalistas nas quais afirmava que voltaria ao Congresso para continuar o que vinha fazendo. Na rapidez das apurações proporcionada pela Era Digital, descobriu, primeiro, que a “aposentada” se apresentava como servidora pública. Depois, que é integrante de um grupo de extrema direita que prega não apenas o impeachment de Dilma, mas uma intervenção militar nos moldes da de 64. Rapidamente, ela retirou seu perfil no Facebook do ar. (Fonte: Diário do Centro do Mundo) Memes/FB

ECOS DE PALMARES

Ninguém ouviu um soluçar de dor num canto do Brasil... Ana Afro Será que não mesmo? Sim, ouviram e ouvem, mas fazem-se surdos a esse soluçar por puro descaso e desinteresse. Insistem em manter esse povo negro, sofrido no esquecimento como se isso possível fosse. As políticas públicas e ações afirmativas são bombardeadas diuturnamente como se fossem esmolas a esse povo. E o soluçar silencioso continua em becos e vielas, em cantos e favelas. São mães que choram seus filhos jovens mortos pela polícia que tem o papel de proteger, mas negros são vistos como bandidos sempre, então antes de perguntar, atirem, depois procurem saber se era pai de família, estudante, trabalhador, se tinha mãe pra chorar por ele e por ai vai. Citei semana passada um programa de tv chamado “Sexo e as negas”. Fico pensando o que levam as pessoas a verem a mulher negra apenas como objeto sexual e de uso, sim, porque é isso que esse programa quer fomentar. Como muitos outros que depreciam a imagem do negro, mostrando-o apenas como um ser caricato, chucro, ininteligente, dotado de uma submissão nata que o leva a estar sempre aberto a aceitar tudo que lhe for imposto, o que não é verdade. A hipersexualização da mulher negra é uma miséria para nós negras, pois interfere muito intensamente em nossas vidas. Sim, pois temos que viver provando nossa capacidade para além do sexo, e também de ter que nos proteger mais ainda de perseguições sexuais. Isso é ultrajante, porque já está mais que provado que a capacidade intelectual de uma pessoa não está na sua cor ou etnia e a mulher negra não é diferente e tem se destacado em várias áreas da sociedade desde que lhe seja oportunizado condições de igualdade, pois o que sempre nos faltou foi oportunidade e não capacidade, prova disso está ai nas universidades brasileiras. O que nós brasileiros precisamos é de respeito uns aos outros em suas respectivas condições de seres diferenciados que somos sem com isso estereotipar ninguém, querer impor

uma condição mentirosa, irreal aos negros e principalmente às negras para que fique no imaginário social como verdade. Temos que tomar postura de seres inteligentes que somos (ou ao menos deveríamos ser) e olhar o outro como igual na sua diferença. Não queremos ser igual por ser igual. A igualdade que reivindicamos é a de direitos, esta sim, inerente a todos e todas, negros ou não. É inaceitável que num estado onde a população negra só perde para a da África, seja mostrada pela mídia televisiva uma população praticamente só de brancos como acontece na Bahia. Aquele estado é praticamente todo negro, onde está a maior fonte da cultura afro brasileira e, no entanto essa mesma cultura é praticada por brancos e mostrada através dos mesmos, ignorando a importância de se divulgar a negritude e o valor dessa cultura. Eu digo assim: Eles querem a nossa cultura, mas não a nós. Usam de nossa cultura para ganhar cada vez mais dinheiro e nos deixam fora desse lucro. Usurparam nossa cultura e também nossos direitos de manifestá-la como nossa. Em tempos em que o Brasil tem tentado reparar os males que nos foi e ainda é causado pela escravidão, vemos tais fatos repugnantes. Isso para não falar de algo muito mais sério, que é a questão da mortalidade da juventude negra. É como se quisessem com isso extirpar essa parcela grande da população brasileira. É urgentíssimo que sejam tomadas medidas efetivas para frear essa brutalidade. A nossa juventude negra também é o futuro dessa nação, ela também faz parte do grande crescimento que necessitamos e que vemos começado em nosso país. Mas a continuar sendo eliminada como vemos acontecer diariamente, não poderá participar e nem usufruir desse crescimento. Ana Aparecida Souza de Jesus, Ana Afro, é pedagoga, especialista em Gênero, Raça e Diversidade na Escola (UFMG), ativista do Movimento Negro e da Pastoral Afro Brasileira. É membro do Cicon- GV – Conselho de Integração da Comunidade Negra de Governador Valadares.

Meme da semana. A cada pressão de Aécio Neves no Senado, aparece nas redes sociais um meme com a Presidenta Dilma. Terceiro turno está quente


METROPOLITANO 4

FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de dezembro de 2014

ASSISTÊNCIA SOCIAL

Atendimento psicossocial ganha unidade em GV Dos 853 municípios de Minas Gerais, Valadares é o segundo no Estado a inaugurar uma Unidade de Acolhimento Adulto, no bairro Cardo Divulgação

Da Redação

“A inauguração da Unidade de Acolhimento Adulto (UAA) marca um momento importante para a luta da saúde mental, das organizações intersetoriais e para a melhoria dos serviços de saúde e de toda a rede de atendimento psicossocial de Valadares; estamos fazendo história para o Brasil”. A afirmação da coordenadora da saúde mental em Valadares, Solange Coelho, ganha razão pelo fato, pois em Minas Gerais apenas São Félix de Minas e agora Governador Valadares implantaram a UAA. A Unidade de Acolhimento Adulto se enquadra na modalidade residencial de caráter transitório e é componente da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), integralmente do SUS. Sua função é acolher, por até seis meses, pessoas com necessidades decorrentes do abuso de álcool e drogas, com vínculos familiares rompidos e/ou em situação de rua, e oferecer a elas a oportunidade de realizar o tratamento em um ambiente protegido, bem longe dos entorpecentes. Na UAA eles têm à disposição moradia, alimentação, administração de medicamentos, atividades culturais e de lazer (jogos, mesa de totó, TV), espaço para lavarem a própria roupa, oficinas de artesanato e atividades de reabilitação social. O serviço conta com uma enfermeira, uma assistente social, uma psicóloga, técnicos em enfermagem e uma artesã. Atualmente cinco pessoas encontramse acolhidas no local, que atende adultos do sexo masculino e feminino, em tratamento no CAPS-AD com necessidade deste suporte, que se comprometem e desejem realizar o tratamento, de acordo com o Projeto Terapêutico Singular. São 10 leitos de acolhimento, sendo dois desses para cadeirantes.

A prefeita Elisa Costa descerrou a placa de inauguração do prédio que abriga a Unidade de Acolhimento, no bairro Cardo

ço que representa a inauguração da UAA, bem como a expansão de outros serviços de saúde em Valadares. E lembrou a expansão das Estratégias de Saúde da Família (ESF) com 16 novas equipes e os índices de cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) de 73% na cidade e 100% nos distritos, respectivamente. “Tudo isso reflete o compromisso de cuidar das pessoas. E esta UAA é uma casa de cuidados; as pessoas serão inseriAvanço para Valadares das num processo de reconstrução do ser A prefeita Elisa Costa destacou o avan- humano. A rede de serviços em Valadares

está sendo construída para que possamos garantir vida”, frisou. Vida que Rose, Márcia, Valdeci e outros dois pacientes que já são atendidos pela UAA querem recuperar. Após perder o filho, Rose se rendeu de vez ao vício do álcool e passou a morar na rua. Paciente do CAPS-AD, ela hoje é uma das moradoras da Unidade. “Todo o apoio que tenho recebido tem sido muito importante pra mim, estou sem beber desde que iniciei o tratamento no CAPS-AD e quero continuar assim, sem o álcool”, disse. Aos

Empresários estão com expectativas positivas para as vendas de Natal Da Redação Em um ano em que o comércio vendeu abaixo do esperado e os consumidores estiveram desestimulados a comprar devido à situação econômica do país, a chegada do Natal para os empresários é a oportunidade de recuperar o investimento ao longo do ano. Considerada a data mais rentável do comércio varejista, tendo o poder de movimentar a economia do país, o Natal é a data oportuna para potencializar a corrente de compras do comércio de bens, serviços e turismo. Uma pesquisa realizada pela área de Estudos Econômicos da Fecomércio MG entrevistou 383 empresários da capital mineira com objetivo de sondar as expectativas de vendas para a maior data do comércio varejista, o Natal. Segundo o estudo, 41,0% dos empresários entrevistados estão com expectativas positivas em relação ao ano anterior, 35,5% acreditam que as vendas serão iguais e 23,5% esperam vendas péssimas. A pesquisa apurou ainda os principais produtos que os empresários acreditam que os consumidores pretendem comprar neste Natal. Na lista, as Roupas ganharam destaque como primeira opção para (25,4%) dos entrevistados. Na sequência os Smarthphones (19,6%); Calçados (10,5%); Eletrônicos (7,9%); Telefones Celulares (6,5%); Computadores ou Notebook (3,5%); Brinquedos (3,5%); Eletrodomésticos (3,0%) e Outros (20,2%). De acordo com a Pesquisa, as pretensões de compra mudaram em relação ao ano passado. Este ano os empresários acreditam que os consumidores vão procurar produtos mais em conta e de maior necessidade. Em relação ao planejamento para a realização das compras, o levantamento apontou que 54,7% dos empresários acreditam que o consumidor irá se planejar para ir às compras. Diante disso, algumas situações influenciam nesta escolha: os preços menores (41,9%); Bom atendimento (24,4%); Facilidade do crédito (13,8%); Prazo (10,3%); Qualidade dos produtos (7,2%) e Outros (2,4%). Como forma de pagamento, os empresários apontam que os clientes deverão optar pelo parcelamento no cartão de crédito. Para o presidente do Sindicomércio de Governador Valadares, Hercílio Araújo Diniz Filho, o período natalino é conhecido por movimentar praticamente todos os segmentos da economia. “No Natal, é comum que o consumidor direcione seus gastos para os mais variados bens e serviços. Dessa forma, é importante que os em-

presários invistam na criatividade e adotem estratégias de vendas, que garantam diferenciais competitivos. Apostar em uma vitrine bem trabalhada, um mix diversificado de produtos e promoções, são ações excelentes para a otimização dos resultados”, ressalta. De acordo com o coordenador de Marketing da Fecomércio MG, José Resende, é necessário utilizar estratégias para fazer a diferença neste Natal. “Tenha sempre uma estratégia diferenciada de vendas e pós-vendas. O marketing vai além de um bonito enfeite de natal. As pessoas precisam sentir-se “envolvidas” pela sua ideia”. Para ele, é de grande importância uma equipe bem preparada. “Treine e prepare a sua equipe. Envolva seu funcionário. Hoje não basta “vestir a camisa da empresa”. Isso se tornou praticamente um clichê ultrapassado. O funcionário tem que gostar da empresa em que trabalha”, esclarece. Horário especial Com o intuito de movimentar as vendas no período natalino e ainda oferecer mais comodidade aos consumidores, o Sindicomércio, com apoio da CDL GV, definiu um horário em caráter de sugestão ao comércio. 13 de dezembro (Sábado) – 9h às 16h 15 a 19 de dezembro (Segunda a Sexta) – 9h às 20h 20 (Sábado) – 9h às 18h 22 (Segunda) – 9h às 20h 23 (Terça) – 9h às 22h 24 (Quarta) – 9h às 18h. Vale lembrar que conforme regulamentado na atual Convenção Coletiva de Trabalho 2014/2015 firmada entre o Sindicomércio com o Sindicato dos Empregados no Comércio (SECOM), no domingo que antecede o Natal, sendo neste ano o dia 21 de dezembro, é permitido o funcionamento a todos os setores do comércio, desde que funcionem das 8h às 14h, com exceção de Drogarias e Farmácias, que possuem autorização para trabalhar. Poderão ainda funcionar os estabelecimentos de Farmácias e Drogarias, que funcionam em regime de plantão e obedecem a lei Federal n° 5.991/73, artigo 56, sendo autorizado o funcionamento de 8h às 22h.

poucos, ela também vai resgatando e fortalecendo os vínculos familiares ao receber visitas de membros de sua família. “Agora é vida nova, só bola pra frente”, conta. Márcia, de 26 anos, está grávida, no sétimo mês de gestação. Há uma semana deixou as ruas para realizar o tratamento contra as drogas no CAPS-AD e também está acolhida no novo atendimento. “Quero uma mudança em minha vida”, disse decidida a garantir um futuro para ela e o filho que nascerá em breve.

CULTURA E ARTE

Abertas as inscrições para exibição de trabalhos no Nelson Mandela Se você trabalha com artesanato e tem obras com o tema do natal não pode perder esta oportunidade. A Associação dos Artistas Plásticos do Vale do Rio Doce (APVRD) está selecionando trabalhos para serem exibidos na exposição “Natividade: um imaginário de Natal”. Uma comissão julgadora avaliará se os trabalhos atenderam os seguintes critérios: fidelidade ao tema, originalidade e acabamento. As obras selecionadas ficarão em exposição no Centro Cultural Nelson Mandela no período de 10 de dezembro a 6 de janeiro. Para participar basta comparecer, até o dia 10 de dezembro no período de 7 às 18 horas, com sua obra ao Centro Cultural Nelson Mandela, que fica Rua Afonso Pena, 3269, no Centro. A iniciativa conta com o apoio da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer.

FUTEBOL SOÇAITE

Domingo tem final do Sapsir Fim de semana de decisão na Copa Sapsir de futebol. Domingo (7), a partir das 9 horas, Porto e Universitário decidem quem fica com o terceiro lugar da competição. Logo em seguida, às 10h, é a vez da disputa pelo título, entre Boca Júnior e PSG. Os jogos serão realizados na Rua Israel Pinheiro, sem número, no Campo da Malta, próximo a Açucareira. No último domingo (30), o Boca Júnior venceu o Porto por 4 a 0. O PSG marcou o único gol da partida contra o Universitário


POLÍTICA 5

FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de dezembro de 2014

Notícias do Poder José Marcelo / De Brasília

Cadê o Aécio?

O bote

Causa própria

Parte da cúpula do PSDB está indignada com o posicionamento ou a falta de posicionamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Na terça-feira, dia de acareação entre os ex-diretores da Petrobrás, Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró, o ex-candidato a presidente não estava no Congresso para surfar na onda. Perdeu a chance de fazer discursos, marcar território, hastear a bandeira tucana. Não estava também para votar a meta fiscal, que deu tanto pano pra manga. O remendo foi um vídeo postado pelo senador, nas redes sociais. Pegou mal. Na quarta, embalado pelos manifestantes, ele foi à forra

Um dia depois, na terça-feira à tarde, o deputado se lançou oficialmente candidato à presidência da Câmara, para desespero de parte do PMDB e do Palácio do Planalto. Na candidatura, nenhuma novidade. O problema foi a antecipação do anúncio, um mês antes da eleição. Com a manobra, Cunha esvazia qualquer possibilidade de um levante para tentar fazê-lo mudar de ideia. E olha que até o vicepresidente Michel Temer tentou. No Palácio a avaliação foi de que é preciso tentar abraçar o porco espinho sem apertar muito. Afagar sem se aproximar demais.

Ficou para a semana que vem a discussão e votação da proposta que aumenta os salários dos deputados. Que todos querem aumento é certo. A dúvida é sobre qual caminho seguir. Um seria reajustar os salários de acordo com o acumulado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que elevaria os vencimentos de R$ 26 mil para R$ 33 mil. A segunda hipótese é aprovar uma PEC que equipara e atrela os salários de ministros, deputados, senadores e presidente e vice da República aos vencimentos dos ministros do STF. Assim, toda vez que o salário dos ministros subir, sobem os demais. Agora, os salários seriam elevados a R$ 35 mil.

EBC

Jeitinho

Abrindo espaço Para os defensores dos nomes do senador eleito José Serra e de Geraldo Alckmin como presidenciáveis tucanos daqui a quatro anos, o sumiço do senador mineiro que tem ido pouco a Brasília após a eleição é um alívio, porque abre terreno aos paulistas. O problema, segundo esses mesmos tucanos, é que enquanto Aécio Neves some a oposição perde espaço e o PSDB deixa de cumprir, na plenitude, o papel que poderia cumprir e que se espera dele, como principal legenda da oposição.

Todos felizes Não podia ter sido mais amena, pelo menos publicamente, a reunião da presidente Dilma Rousseff com os líderes dos partidos no Congresso no início da semana. Até o deputado federal e líder da bancada do PMDB, Eduardo Cunha, era todo sorrisos. Pelas fotos e pelo clima, os dois pareciam amigos de infância, mas Eduardo Cunha preparava o bote.

CIDADANIA

Campanha de vacinação contra paralisia infantil e sarampo é prorrogada O Ministério da Saúde prorrogou até a próxima nesta sextafeira (5) a primeira etapa da Campanha Nacional de Multivacinação contra a poliomielite (paralisia infantil) e também contra o sarampo. Até o momento, a meta estabelecida pelo Ministério de imunizar 95% do público-alvo não foi atingida. Em Valadares um pouco mais da metade das crianças foram imunizadas. Embora o Brasil não apresente casos de poliomielite desde 1990, é importante que todas as crianças de seis meses até quatro anos, 11 meses e 29 dias sejam vacinadas para que a doença não seja reintroduzida no país, tendo em vista que o vírus permanece ativo em outras regiões do mundo. Para vacinar, os pais devem levar as crianças, até sextafeira (5), das 8 às 17 horas à unidade de saúde mais próxima de casa. É importante levar o cartão de vacinação da criança. Poliomielite A poliomielite é uma doença infecciosa e altamente contagiosa. Ela afeta o sistema nervoso central e leva a pessoa a ter paralisia com deformidades, podendo levar a morte. A transmissão ocorre via fezes de pessoas contaminadas, vias respiratórias, ou alimentos e água contaminada. Vale lembrar que não existe tratamento para a poliomielite – somente a prevenção, por meio da vacinação. A vacina protege contra os três sorotipos do poliovírus 1, 2 e 3. A eficácia da imunização é em torno de 90% a 95%. Ela é recomendada mesmo para crianças que estejam com tosse, gripe, coriza, rinite ou diarreia. Sarampo O sarampo é uma doença infectocontagiosa provocada pelo vírus Morbili e transmitida por secreções das vias respiratórias como gotículas eliminadas pelo espirro ou pela tosse. Além das manchas avermelhadas na pele, a doença apresenta os seguintes sintomas: febre, tosse, mal-estar, conjuntivite, coriza, perda do apetite e manchas brancas na parte interna das bochechas. Por se tratar de uma doença autolimitada, o tratamento é sintomático, ou seja, visa o alívio dos sintomas. Pessoas com sarampo devem repousar, ingerir bastante líquido, comer alimentos leves, limpar os olhos com água morna e tomar antitérmicos para baixar a febre. Em alguns casos, há necessidade de tratamento para o aumento de imunidade.

Além dos valores, chama a atenção o fato de o assunto ser empurrado para os últimos momentos de trabalho no Congresso. E não há dúvida de que a aprovação está garantida.

Punição Disputa acirrada Primeiro ninguém queria, mas bastou o caso do deputado André Vargas (PR) estourar para o cargo de presidente da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar voltar a atrair a atenção de quem gosta de holofotes na Câmara. Os maiores partidos da Casa estão de olho para indicar candidatos e o atual presidente, Ricardo Izar Júnior (PSD-SP) bem que gostaria de continuar na função, mas o partido não quer. O PSD teme conflito ético nas relações com o Planalto, visto que vez ou outra tem um petista na berlinda.

Não foi muito bem recebida por toda a bancada petista no Congresso a decisão do diretório nacional de aprovar um documento determinando a expulsão sumária de qualquer filiado que se envolver em esquema de corrupção. A ala mais esquerdista do PT comemorou e avaliou como uma volta às origens. Mas um parlamentar revelou a este jornalista que há um certo temor quanto a possíveis exageros.

José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.


METROPOLITANO 6

FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de dezembro de 2014

Morte de equinos preocupa pessoas que frequentam a área da Feira da Paz Gina Pagú / Repórter

Todo mundo na cidade já viu ou ficou sabendo de cavalos agonizando, e as autoridades sem socorrer, porque o animal tem o dono e deveria ser ele a cuidar do animal.

Muitos donos de animais não tem esse cadastro por terem medo de fiscalizações e o sacrifício dos animais em alguns casos. E isso dificulta nosso trabalho, assim não é possível irmos atrás de todos os animais e donos.

Dois equinos morreram na última semana, na área da Feira da Paz, levantando novamente a polêmica sobre a criação de animais nas áreas e vias públicas. Um carroceiro que trabalha na área de pouso dos esportistas de voo livre fez a denúncia, disse que a égua e o potro de sua propriedade ficaram doentes, mas ele não obteve ajuda do Munícipio para a retirada dos corpos e nem para cuidar dos animais quando doentes. Moradores de Governador Valadares afirmam que é comum a presença dos equinos pastando na área destinada ao voo livre, e que os carroceiros criam os animais no local há muitos anos. Mas o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), explica que todo proprietário de equinos deve ter um cadastro no Instituto a fim de assegurar o controle dos animais. “É preciso que cada um deles venha e faça o registro dos animais. Assim podemos ter um endereço e uma referência sobre o animal. Caso um animal fique se contamine com duas doenças como o morno e anemia infecciosa o IMA é responsável. Qualquer outra doença é responsabilidade do proprietário. O procedimento correto é que o dono consulte o animal com o veterinário e após um laudo o Instituto entraria em ação.” O IMA informou ainda que quando se trata de uma área de risco o Instituto atua prontamente, mas precisa ser informado do que está acontecendo. “Muitos donos de animais não tem esse cadastro por terem medo de fiscalizações e o sacrifício dos animais em alguns casos. E isso dificulta nosso trabalho, assim não é possível irmos atrás de todos os animais e donos. A doença chamada morno é infectocontagiosa para humanos, portanto é perigosa. Já a anemia infecciosa quando diagnosticada não há tratamento, portanto necessita-se fazer o sacrifício do animal. Os donos precisam estar atentos aos cuidados com os animais. Mas muita gente quer ter um cavalo e não tem condições de cuidar.” A Associação de Proteção e Bem Estar Animal (APROBEM), tenta atuar nesses casos e propõe uma solução através do Projeto de Lei 139\14, aprovado no último dia (21) pela Câmara de Vereadores. Embora ainda não sancionado pela Prefeita Elisa Costa, o Projeto tem como objetivo o controle da popula-

ção animal no munícipio, assim como a prevenção e controle de zoonoses, infecções ou doenças infecciosas transmissíveis naturalmente entre animais vertebrados e invertebrados e o homem, e vice-versa. A intenção é trazer à tona e criar políticas públicas voltadas para o bem-estar animal. “Trabalhamos diretamente com o vereador Leonardo Glória na elaboração desse Projeto. E essa lei foca na educação sobre posse responsável, castração e identificação de animais. O que ajudaria, por exemplo, na questão de cavalos soltos, os donos seriam facilmente identificados, encontrados e responderia pelos crimes previstos na lei. Todo mundo na cidade já viu ou ficou sabendo de cavalos agonizando, e as autoridades sem socorrer porque o animal tem o dono e deveria ser ele a cuidar do animal. Nós da APROBEM já socorremos uma égua baleada às margens da BR 116 e providenciamos para atendimento veterinário e depois adoção, mas não é sempre que isso é possível.” Responsabilidade Segundo a APROBEM, todo animal que tem dono é responsabilidade desse cuidador. A questão é a conscientização das pessoas que querem ter animais domésticos, ou para trabalhar, no caso dos equinos. A Presidente da Associação, Silvana Soares, explica que todos nós somos responsáveis, cidadãos, município e associações. Mas é necessária a colaboração de todos. “No caso de cães e gatos o problema é a procriação, por isso é preciso que as pessoas entendam a importância da castração para o controle da população animal. Com relação aos cavalos é ter um trabalho sério junto aos carroceiros, uma regulamentação, identificação, conscientização. Pois muitos carroceiros usam o animal como querem, e quando o animal não aguenta mais trabalhar ou fica doente, os donos simplesmente os abandonam. Não existem cuidados com alimentação, com a saúde e bem estar. E como não podemos acabar com esse tipo de serviço, é preciso que esses trabalhadores sejam educados e tenham o apoio do poder público, como estábulos públicos e com orientação de veterinários e até de agentes de saúde. É um trabalho em longo prazo, mas que precisa começar a ser feito, lembrando que existem cidades onde essa realidade já mudou e muito, para melhor é claro.” Ailton Catão

Alguns pilotos de voo livre que frequentam a área da Feira da Paz estão preocupados com a possibilidade dos animais mortos terem sido acometidos por raiva e pedem que sejam feitos exames. O IMA descartou esta possibilidade e informou que há anos não há registro de raiva animal em áreas urbanas. E alerta que em casos suspeitos, o dono do animal deve informar ao IMA

Fábrica da Piracanjuba vai gerar 500 empregos Na última quarta-feira (03), foi inaugurada a fábrica de laticínios Piracanjuba. Serão 500 empregos diretos e indiretos para Governador Valadares, além de mais competitividade no mercado de laticínios. A empresa Bela Vista detentora da marca fica à margem da BR 259, na altura do quilômetro 152, sentido São Vitor, próximo ao Bairro Recanto dos Sonhos. Com área de 12mil metros quadrados, e investimento de 60 milhões, irão produzir 300 mil litros de leite por dia, entre leite longa vida desnatado, integral, semidesnatado, bebida láctea e creme de leite. O diretor de relações institucionais da empresa, César Helou, falou sobre a decisão de abrir uma fábrica no interior de Minas Gerais. “Já temos uma fábrica em Goiás, e por conta dos incentivos fiscais concedidos pelo Governo de Minas, com redução do ICMS, e por Valadares ser uma excelente bacia leiteira decidimos vir para cá. Além disso a cidade fica próxima a importantes mercados facilitando a comercialização, pois destinaremos inicialmente as vendas para Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo.” Minas Gerais já conta com duas fábricas, uma em Iraí de Minas e outra em Santa Vitória. Mas Helou reforça a importância da unidade da Piracanjuba em Valadares. “A prefeitura da cidade de Governador Valadares nos recebeu muito bem, dispondo de toda infraestrutura necessária para a construção de uma grande indústria. Além disso, Minas Gerais tem grande oferta de matéria-prima e temos muito espaço para crescer no Estado.”

Durante a inauguração da fábrica, a Prefeita Elisa Costa falou sobre a importância da geração de empregos para a cidade. “Essa indústria vai fortalecer a oferta de emprego e renda para os valadarenses. E nós como Governo precisamos pensar em uma nova forma de desenvolvimento para nossa cidade. Queremos contribuir com a competitividade no mercado e isso só trará benefícios para o município.” Fábrica Com equipamentos de última geração utilizados para processamento de leite, com produção automática e sistema de rastreabilidade ativa, o que permite identificar todo o percurso do leite, do produtor até a embalagem. A indústria representará a partir do ano que vem, 7% do faturamento total do Laticínios Bela Vista, em dois anos o percentual deve chegar a 10% de rentabilidade. O gerente industrial da unidade de Valadares, Edson Batista Nogueira, disse que a fábrica irá produzir inicialmente 300 mil litros por dia, mas que a produção deverá avançar nos próximos anos. “Valadares é uma cidade forte em muitos pontos e acreditamos nesse potencial. Vamos valorizar a produção de produtores individuais e das cooperativas, além de incentivar a produção com a nossa fazenda modelo para produzirmos ainda mais e contribuir com o desenvolvimento econômico da região.” (Gina Pagú)


HISTÓRIA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de dezembro de 2014 Fotos: Divulgação

Anos depois, o Coronel Xavier assume que os trabalhadores foram vítimas de uma polícia despreparada e de uma vigilância também despreparada. Acima, Cley Willian conta como transportou as armas usadas no “massacre”

Documentário Senta a pua resgata a história do ‘Massacre de Ipatinga’ Marcos Imbrizi / Especial

Assim como 30 de março de 1964, véspera do Golpe Militar, que derrubou o presidente Jango, marca o dia do ataque de um grupo de fazendeiros de Governador Valadares ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais da Cidade, que resultou na morte de uma pessoa e outros feridos, 7 de outubro de 1963 também traz a triste lembrança do que ficou conhecido como o ‘Massacre de Ipatinga’. Naquele dia os operários da Usiminas decidiram não entrar na fábrica em protesto contra a violência do serviço de vigilância e da polícia ocorrida no dia anterior, na qual centenas de trabalhadores foram brutalmente espancados e presos ao se manifestarem contra a revista abusiva a que eram submetidos. No protesto do dia 7 os ânimos se acirraram e no confronto, de acordo com dados oficiais, oito trabalhadores foram mortos e 79 feridos. Segundo dados da Comissão Nacional da Verdade, que em outubro de 2013 realizou audiência pública na cidade do Vale do Aço para lembrar os 50 anos do massacre, estimativas alternativas apontam para cerca de 30 mortos. Para trazer à tona esta história os jornalistas Nilmar Lage e Thiago Moreira, integrantes do grupo ‘Fixa: Imagem e Memória’, que trabalha com produção de documentários e fotodocumentários e tem desenvolvido desde 2012 o projeto “Circuito de Imagens” no Vale do Jequitinhonha, prepararam o documentário ‘Senta a Pua’, que tem estréia agendada para esta sexta-feira (5), às 20h. na Praça do Santa Mônica. Outras projeções estão previstas para o dia 6, na Estação Memória, no Centro, e 11 no Studio Integral, no Bairro Cariru, em Ipatinga. Trabalhando juntos desde 2005, ainda no período da faculdade, já realizaram vídeos e documentários como: A culpa é de quem? (2005); Isto não é da sua conta (2007); Cotidianos (2009); MPB (Música de Populares Brasileiros) (2010); De baixo do rio e das mulheres (2012); Paixão (2014); Senta Pua (2014); Ausente (em processo); Dias não virou noite (em processo). Por email entrevistamos o jornalista Nilmar Lage, que deu mais informações sobre o trabalho para o Figueira. Figueira - Por que Senta a Pua? Nilmar Lage - Este era o lema dos aviadores brasileiros que combateram na Itália durante a Segunda Guerra Mundial... Senta a Pua – A primeira vez que ouvi esse termo, foi no livro do “Massacre de Ipatinga”, do Carlindo Marques. Depois um dos entrevistados voltou a falar que essa teria sido a ordem dada para que os policiais começassem a atirar. Pode ter havido alguma “manipulação” nessa fala e em algum momento ela pode ter sido apropriada dos combatentes brasileiros, contudo, o termo encaixa no contexto dos acontecimentos. Figueira - Como surgiu a ideia de fazer o filme? Nilmar Lage - A ideia do filme surgiu ainda no começo da faculdade, em 2003. Eu já tinha ouvido falar no fato, mas só então conheci um pouco mais e me

interessei muito por fazer um registro do acontecido. Durante 10 anos fui conhecendo novas histórias sobre o incidente e ficava me perguntando por que não filmar. Em 2013, como ia completar 50 anos do massacre, chamei o Thiago Moreira, que é um grande amigo e parceiro de trabalho, para produzirmos algo e lançar no dia 07 de outubro. Começamos a produção totalmente independente e filmamos grande parte das entrevistas, contudo, não conseguimos finalizar e lançar um produto final na data que lembraria os 50 anos do massacre. Conseguimos apresentar uma prévia do documentário, com um bate papo ao final e deixamos para finalizar tudo em 2014. Figueira - A produção teve algum apoio? Nilmar Lage - Nós aprovamos um recurso para finalização e lançamento pela Lei Municipal de Incentivo a Cultura de Ipatinga, que é o que estamos fazendo agora. O filme não tem a pretensão de resolver nenhumas das grandes questões que ficaram na dúvida no desenrolar dos fatos ao longo dos anos, como por exemplo (e principalmente): qual o número exato de mortos. Na verdade nossa intenção era muito mais do registro dessa história de Ipatinga, contada por seus personagens, que poucas vezes tiveram oportunidade de falar nisso. “Senta Pua” é documentário, mas tem pequenas intervenções ficcionais, que servem para fazer links entres as passagens que compõem a história. Nessa parte ficcional, o ator ouro pretano Julliano Mendes, interpreta um possível sobrevivente das investidas policias contra os trabalhadores. Figueira - Quem está no elenco? Nilmar Lage - Tenente Xavier era o comandante da cavalaria, segundo ele os trabalhadores foram vítimas de uma polícia e uma vigilância despreparada. José Francisco era primeiro sargento, comandado por Xavier, acha duvidoso um fuzil que dispara mais de 300 tiros por minuto, acertar fatalmente “apenas” 08 pessoas. Dinah, foi a primeira enfermeira da Usiminas, atendeu muitos feridos, mas não viu ninguém morrer. Cley era o motorista do caminhão que transportava o FMZB, segundo ele, haveria um massacre caso o policial não atirasse contra os “baderneiros”. Hélio Guimarães era vigilante, e conta que pessoas “saiam da roça”, sem preparo para ocupar o cargo de vigiar e punir os trabalhadores. José Horta, operário, morava próximo aos alojamentos onde a confusão começou no dia 06, diz que viu, mas não contou, mais de 40 mortos. Helena era criança, lembra da preocupação dos pais e de ter ficado escondida numa floresta. Adil Albano, há 50 anos tenta esquecer o que foi convidado a lembrar nesse trabalho. Enias de Souza levou um tiro que pegou de raspão e foi carregado com duas vítimas fatais em um caminhão. Com base no conceito de Walter Benjamin, esses narradores tiveram voz, para falar sua verdade. Sem julgamento de valor, mas com certo tendecionismo (“a objetividade é uma falácia”), “Senta Pua” foi montado para recontar o episódio conhecido como Massacre de Ipatinga. A Usiminas não quis se pronunciar.

Cley, o motorista que transportou os fuzis, disse que haveria um massacre caso o policial não atirasse contra os “baderneiros”

Na verdade nossa intenção era muito mais do registro dessa história de Ipatinga, contada por seus personagens, que poucas vezes tiveram oportunidade de falar nisso. “Senta Pua” é documentário, mas tem pequenas intervenções ficcionais, que servem para fazer links entres as passagens que compõem a história. Nessa parte ficcional, o ator ouro pretano Julliano Mendes, interpreta um possível sobrevivente das investidas policias contra os trabalhadores.

José Horta morava próximo aos alojamentos e viu o início da confusão


GERAL

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FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de dezembro de 2014

BRAVA GENTE

MELISSA BARBOSA

Ombudsman

Arquivo pessoal

José Carlos Aragão

Três tempos “Quem gosta de passado é museu” - reza o dito popular daqueles que vivem exclusivamente o presente, preferem ignorar solenemente o passado e, por conta disso, certamente podem esperar um futuro nebuloso. Em jornalismo, diz a tradição – ou, para alguns, a norma – que em título, manchete ou chamada também não há lugar para o passado, o presente rege os fatos e o futuro, muitas vezes, é do pretérito. Refiro-me, obviamente, ao uso dos tempos verbais – Presente, Passado e Futuro – quase sempre indispensáveis na elaboração de um título em jornais e revistas ou de uma chamada de qualquer noticiário de rádio ou tevê. Por ora, voltemos à sala de aula. O verbo, como aprendemos, traduz uma ação ou um estado de coisas. Sem ele, nada acontece, nada é alguma coisa. Os tempos verbais são variações que nos ajudam a compreender se algo aconteceu, está acontecendo, aconteceu apenas por um determinado período, segue acontecendo, vai acontecer, pode vir a acontecer ou não. Ou se algo é, foi, será, poderá vir a ser, talvez tenha sido alguma coisa. Grosso modo, é para isso que servem os verbos. Os manuais de redação jornalística, no entanto, recomendam que fatos ocorridos num passado recente, quando registrados na forma de notícia, sejam narrados ou descritos com verbos no tempo Presente do Indicativo: “Papa chega à Turquia”. Apenas acontecimentos mais remotos seriam narrados com o verbo no Pretérito Perfeito ou Imperfeito: “Getúlio suicidou-se há 60 anos”. Ou: “Há 60 anos, morria Getúlio”. Com a velocidade com que as notícias circulam hoje em dia, a distância protocolar entre presente e passado nas manchetes de jornal parecem ser cada vez menores. Já nem é de se estranhar que o tempo presente seja amplamente utilizado também para antecipar o futuro: “Doleiro depõe na semana que vem”. Na edição da semana que passou, o nosso Figueira optou por variar os tempos verbais em sua manchete e chamadas de primeira página. Ao noticiar os títulos conquistados por Cruzeiro e Atlético, no domingo e na quarta-feira anteriores, optou por usar os verbos no tempo Presente: “Cruzeiro é tetra e Galo levanta a Copa do Brasil”. Em outro título, “Cidade Jardim resiste a APAC”, o Presente voltou a ser empregado. Nos dois primeiros casos, os verbos utilizados – ser e levantar – traduzem, respectivamente, um estado de coisas (é campeão) e uma ação (de levantar a taça). No terceiro caso – resistir –, o verbo não apenas traduz a ação de resistir, como até sugere um certo estado permanente de resistência. Nas três situações, pode-se dizer que os verbos e os tempos estão adequados. Outro tempo Outra chamada da primeira página, no entanto, fugiu ao figurino: “GV Sem Fome iniciou campanha de Natal”. O verbo no Pretérito Perfeito sugere, equivocadamente, que se trata de um acontecimento remoto no tempo. Na verdade, a campanha teve seu início, mas continua. O Presente do Indicativo é o tempo verbal mais aplicável ao caso. Faltou, talvez, um padrão redacional. Fato Apenas para ilustrar essa história de verbos e tempos verbais, lembro uma prática recorrente de alguns jornais menos comprometidos com a notícia e, via de regra, com a verdade. São useiros e vezeiros do Futuro do Pretérito, o tempo oficial da especulação jornalística e das acusações levianas: “Senador teria participado de esquema.” O exemplo é fictício. Mas factível. José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com

Melissa, com o uniforme do Estadual, onde estuda. Garota virou referência para os colegas na escola

Melissa, a ferinha da matemática Rosi Santiago / Especial A estudante Melissa Andreia Barbosa Silva, de 11 anos de idade, brilhou na 10ª Olimpíada de Matemática das escolas públicas. Aluna do 6º ano da Escola Estadual Pedro Joaquim Nascimento, destacou-se com a única medalha de ouro da Superintendência Regional de Ensino de Governador Valadares. Obteve o 7º melhor resultado em Minas Gerais e o 30º nacional. Seu prêmio será participar, em 2015, do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), que visa transmitir aos alunos cultura matemática básica e treiná-los no rigor da leitura e da escrita de resultados, nas técnicas e métodos, na independência do raciocínio analítico, entre outros. Participará do programa na condição de bolsista e receberá um incentivo financeiro mensal concedido pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Apaixonada por matemática, não imaginava que conseguiria se destacar entre tantos alunos. Mas aconteceu. Melissa Andreia é o orgulho dos pais e da escola. “Os alunos sentemse incentivados pelo seu exemplo. Antes, este trabalho de envolvê-los na Olimpíada era só

SOLIDARIEDADE

Campanha “Papai Noel dos Correios” arrecada presentes Natália Carvalho / Repórter

Já em sua 25ª edição, a campanha “Papai Noel dos Correios” já está sendo realizada em vários lugares do Brasil, incluindo em Governador Valadares. A famosa árvore de Natal já está disponível na agência dos Correios central da cidade, com muitas cartas de crianças a serem adotadas. Para participar da campanha basta ir a agência dos Correios que fica na Rua Sete de Setembro, número 3500, no centro da Cidade e escolher uma carta para adotar. No ato da retirada da carta, deverão ser informados nome e telefone de contato. Depois, basta entregar os presentes nesta mesma agência até o dia 19 de Dezembro, com o número de identificação da carta escrito na embalagem do presente. Não há limite de cartas por padrinho, mas lembre-se de que você é responsável pela carta que adotar. A desistência de uma carta impede de que ela seja apadrinhada por outra pessoa. Os presentes que não forem entregues às crianças devido a endereço insuficiente, incorreto ou mudança

de destinatário, entre outros motivos, serão doados pelos Correios a instituições sem fins lucrativos. Mais informações sobre a campanha podem ser encontradas no Blog dos Correios: www.blog.correios.com.br/papainoeldoscorreios. O telefone para contato é: (33) 3272-7380.

Ela sabe que sonhar não é perda de tempo, ao contrário, sonhar é ousar, atrever-se, acreditar em si mesmo. Por isso, está sempre dizendo aos colegas que não desistam, que insistam em ter bons resultados porque este processo pode definir o futuro. Sua boa colocação é dedicada à família que sempre esteve presente em seu

da escola, mas Melissa Andreia abriu os horizontes de todas as turmas”, conta Úrsula Herzog, vice-diretora da escola. A sabedoria de Melissa não se resume à matemática, vai além. Ela sabe que sonhar não é perda de tempo, ao contrário, sonhar é ousar, atrever-se, acreditar em si mesmo. Por isso, está sempre dizendo aos colegas que não desistam, que insistam em ter bons resultados porque este processo pode definir o futuro. Sua boa colocação é dedicada à família que sempre esteve presente em seu desenvolvimento, e à escola, que lhe proporciona momentos importantes de aprendizado. Medalha de ouro para Melissa Andreia, a nossa menina brava gente!

Associação GV Sem Fome arrecada doações até o dia 18 de dezembro Todo mundo sonha em ter um Natal alegre, cercado por familiares e amigos e uma ceia farta. Para alguns essa cena é uma realidade, mas para muitos isso só será possível com a colaboração das pessoas. A Associação GV Sem Fome, que existe há 13 anos, já iniciou a campanha para arrecadação de alimentos para o Natal deste ano. As doações podem ser feitas até o dia 18 de dezembro, no estádio José Mammoud Abbas, e a cerimônia de entrega dos alimentos será no dia 19. Esta é a décima terceira edição da campanha, que neste ano vai ajudar 37 instituições credenciadas na Associação. Esse projeto surgiu em 2001, na época como a campanha natalina, Natal GV Sem Fome, mas 2005, depois de muitas toneladas de alimentos doados, e com grande potencial, a campanha natalina se transformou na Associação GV Sem Fome, que hoje não concentra as suas ações apenas no Natal, mas durante todo o ano. Qualquer pessoa pode ajudar o GV Sem Fome, basta entregar a sua doação em alimento ou dinheiro até o dia 18 de dezembro. O Estádio José Mammoud Abbas fica na Rua Oswaldo Cruz, número 584, Bairro Esplanada. A entrega das doações arrecadas para as entidades também será feita no estádio, no dia 19, a partir das 9 horas da manhã


BAIRRO A BAIRRO

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FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de dezembro de 2014

Divulgação

Estação Olímpica será inaugurada no dia 16 de dezembro Educação e esporte caminharão juntos em projeto inovador

Durante a competição, realizada na semana passada, vários talentos foram revelados, todos oriundos dos centros de referência da cidade

Campeonato de Kung Fu revela talentos Competição aconteceu no sábado (29), no anexo da Escola Municipal Vereador Hamilton Teodoro, no Jardim do Trevo, quando aconteceu o 3º Campeonato Anual de Kung Fu dos grupos de crianças e adolescentes, entre 6 e 14 anos, dos Centros de Referência e Assistência Social (CRAS) de Governador Valadares. O campeonato reuniu mais de 100 competidores. Da Redação

Concentração, torcida forte e um show de talento e garra na arte do Kung Fu. Assim foi a manhã de sábado (29), no anexo da Escola Municipal Vereador Hamilton Teodoro, no Jardim do Trevo, quando aconteceu o 3º Campeonato Anual de Kung Fu dos grupos de crianças e adolescentes, entre 6 e 14 anos, dos Centros de Referência e Assistência Social (CRAS) de Governador Valadares. O campeonato reuniu mais de 100 competidores. No público, pais, irmãos e namoradas e namorados, apoiavam cada dupla de lutadores quando subiam ao tatame. A dona de casa Maria Cleusa Silva Correa, 56, aguardava ansiosa o momento da luta da filha, Stela Francine da Silva, de 12 anos. “Chego a arrepiar. Minha torcida é toda para ela”, contou empolgada dona Maria Cleusa que foi quem sugeriu à filha, há cerca de um ano, participar do grupo de Kung Fu ofertado pelo CRAS Jardim do Trevo. A filha, atenta às apresentações que antecederam sua luta, não escondeu o nervosismo, mas tranquilizou a mãe. “Estou nervosa, mas tenho o controle para fazer uma boa luta”, garantiu. Mas uma menina lutando Kung Fu? Muitas radiavam simpatia e força no tatame. Ludymila Cristi Germana Flávio acompanhava o namorado João Manoel Milhorelli, do CRAS São Raimundo. Por incompatibilidade de horário dos treinos com a escola, ela não treina mais, mas garante que a luta é uma boa escolha também para meninas. “Não é tão violento, existem as regras que são seguidas por todos”, tranqüiliza. João Manoel concorda e enumera motivos que, para ele, tornam a arte do Kung Fu tão importante para a formação de crianças e adolescentes. “O Kung Fu incentiva a respeitar o próximo, a não desvalorizar as pessoas; aprendemos a conviver melhor com todos e a lidar com as diferenças”. Lições que os alunos dos grupos de Kung Fu dos CRAS aprendem cedo. Douglas tem 10 anos. Com ele, os irmãos Danilo, 9

anos, e Camila, de 6 anos, participam do grupo de kung Fu no CRAS Jardim do Trevo. Em 2013, Danilo ficou em primeiro lugar, em sua categoria; e Douglas em segundo. Para Camila, este foi seu primeiro campeonato. Douglas entrou no tatame decidido a buscar o primeiro lugar que o escapou em 2013. Não deu. Mas tudo bem, “gosto da luta e fica pra uma próxima”. Como Douglas, Guilherme de 8 anos também lutou e perdeu. Os pais estavam lá, Gilberto e Marilene, apoio importante para o pequeno lutador. Gilberto da Silva Batista é engenheiro de produção e avalia a importância da formação no Kung Fu na vida do filho. “É um incentivo muito bom para as crianças na formação do caráter, na aprendizagem do respeito uns com os outros, e do que é competir – perder faz parte – uma hora a gente ganha e outra a gente perde”, se referindo ao estímulo dado ao filho ao final da luta. E para Raysson Rodrigues Chaves de Moura, 10 anos, a manhã prometia. Em sua primeira luta do dia, venceu. E definiu: “gosto do Kung Fu porque me ensina a ser uma pessoa legal”. O professor Gilvan Silva Batista, orgulhoso quanto ao desempenho dos alunos no tatame, explicou um pouco melhor o que Raysson define como “legal”. “A disciplina é um dos pilares do kung Fu e é hoje um objetivo de vida. Ensina também a responsabilidade que devem assumir como boas notas na escola, ser um bom filho, e eles tem correspondido bem a tudo isso; o projeto já está no sétimo ano e este é o terceiro campeonato que realizamos e muitos de nossos alunos já buscam novos horizontes a partir do kung Fu”. Ao final os participantes foram premiados com troféus e medalhas. O campeonato de Kung Fu faz parte dos serviços e atividades de acompanhamento das famílias cadastradas nos CRAS que permitem a elas avançar e superar situações diversas de vulnerabilidades. Os participantes do campeonato de Kung Fu integram os grupos de trabalhos voltados a crianças e adolescentes.

A Estação Olímpica de Governador Valadares começa a funcionar no ano que vem. Com inauguração marcada para o próximo dia 16 de dezembro, o empreendimento é um dos resultados da agenda positiva da prefeitura com a Vale, estabelecida desde 2009. A parceria já rendeu à população do município outras importantes obras para mais segurança e lazer como o Parque Natural Municipal, a revitalização da Praça João Pinheiro (Praça da Estação), a passagem inferior no Santa Rita e o viaduto do Sir. Já está tudo pronto para a Estação funcionar. A obra que custou R$ 14 milhões coloca à disposição dos futuros atletas piscinas, pista de atletismo, campos de futebol, com toda a estrutura de vestiários e arquibancadas. Durante o mês de novembro a Fundação Vale, por meio do programa Brasil Vale Ouro, capacitou 40 professores da rede municipal com aulas práticas e teóricas; 10 foram selecionados para trabalhar na Estação Olímpica. Inscrições abertas Mais do que nunca, esporte e educação vão caminhar juntos na Estação Olímpica que coloca em prática uma nova concepção: uma escola em tempo integral inteiramente vocacionada para o esporte. Para isto, a Escola Municipal Octávio Soares Ferreira, que fica ao lado da Estação, disponibilizará todas as suas 700 vagas para os alunos que quiserem participar do projeto. A condição é apenas uma: gostar de esporte. Os alunos do 6º ao 9º ano da série fundamental de qualquer parte da cidade poderão usufruir da moderna estrutura esportiva da Estação. Eles terão todo o conteúdo comum às outras escolas, mas as atividades extras serão todas voltadas para as práticas esportivas. Serão inicialmente 10 horas/aula/ semanais. Os estudantes que tenham interesse em estudar na Escola Municipal Octávio Soares Ferreira e praticar atividades esportivas na Estação Olímpica devem se inscrever no período do dia 2 a 10 de dezembro. A inscrição deve ser feita via internet, preenchendo uma ficha com os dados pessoais e do responsável. Após de preencher todos os campos, clique em enviar e a inscrição está pronta. Faça a inscrição aqui: http://goo.gl/forms/gL1MO89fxR Os interessados também tem a opção de se inscrever através da ficha impressa, que pode ser retirada AQUI. É necessário autorização do pai/mãe ou responsável. A ficha deve ser entregue na Secretaria Municipal de Educação (SMED), na sala do ensino fundamental - Departamento de Ensino, para Jeanne ou Erika nos horários de 13h às 17h30. A Secretaria Municipal de Educação (SMED) fica na Avenida Brasil, 2920, 5º andar. Mais informações: Secretaria Municipal de Educação/SMED - (33) 3271-6714 - Ramal 212. Email: prematricula.geo@gmail.com

Direitos Humanos Flávio Fróes

“Depois de a onça morta...” A juventude brasileira desse início de século – excluído dessa categoria o subgrupo autodenominado juventude acumulada – não sofreu os rigores e percalços por que passou a geração de jovens que a antecedeu. Meninas e meninos nascidos no país por volta de 1950 terão vivido em plena mocidade, a fase crucial dos confrontos entre o regime autoritário então vigente e os anseios de consertar o mundo que tantos (as) experimentavam. Na época os usurpadores do poder político arrogavam-se a prerrogativa de decidir em nome do povo – que, aliás, sempre foi a única fonte legítima desse poder. O inconformismo em relação aos rumos tomados pelo País, exacerbado a cada aplicação da famigerada Lei de Segurança Nacional (Decreto-lei nº 314/1967), deixou de ser bandeira apenas da juventude para contagiar brasileiros (as) de todas as faixas etárias. Como o regime autoritário impusera restrições à livre circulação de ideias, ficava também suprimido o diálogo, restando as palavras de ordem da autoridade. São daqueles tempos sem graça os versos do autointitulado “seresteiro, poeta e cantor” Francisco Buarque de Holanda: “Hoje você é quem manda. Falou tá falado, não tem discussão”. (Apesar de Você, 1969). Poucas opções restavam a quem não

se enquadrasse na rigidez do sistema: o asilo político não isenta de riscos pessoais, como sequestro ou homicídio e, permanecendo no torrão natal, os calabouços do extinto presídio Tiradentes (São Paulo) e outros. Portanto, saibam todos: quem viveu aqueles tempos deles não tem saudade alguma.

Antes de haver as leis de proteção da fauna brasileira havia caça às onças. Os caçadores, com a ajuda de cachorros, acuavam os felinos, que eram mortos e tinham o couro retirado para ser, um dia, tratado e negociado com quem fosse do ramo.

os(as) enlouquecidos(as) nas masmorras e reduzidos(as) a trapos vagantes pelo resto de suas vidas. Quem, em pleno juízo, poderia querer tal regime? Talvez uma expressão sertaneja facilite a compreensão do que aqui se pretendeu dizer. Antes de haver as leis de proteção da fauna brasileira havia caça às onças. Os caçadores, com a ajuda de cachorros, acuavam os felinos, que eram mortos e tinham o couro retirado para ser, um dia, tratado e negociado com quem fosse do ramo. Fazia parte do processo abrir o couro e mantê-lo esticado por meio de varas resistentes e cipós. Aquilo durava semanas. Entrementes sempre havia por perto algum cachorro a urinar naquele couro. Foi daí, por certo, que veio a expressão do sertanejo: “Depois de a onça estar morta cachorro urina no couro.” Pois é. Após mais de um quarto de século, de efetiva garantia do exercício dos direitos – individuais, coletivos, difusos e outros mais – no Texto Constitucional, há quem se julgue suficientemente autônomo para pregar o regresso aos tempos de trevas. Mas, perceba-se a diferença: isso muito tempo depois de a onça morta.

Essas lembranças indigestas vêm a propósito das imagens, que a televisão levou a todo o país, de um grupo a manifestar-se pela volta do regime militar que, pelo visto, não conheceram. Quem sofreu aquele jugo tirano foram estudantes universitários que, de repente, tiveram matrículas trancadas e carreiras truncadas pelo arbítrio. Foram os(as) presos(as), desaparecidos(as) e mortos(as) Flávio Fróes Oliveira é filósofo e estudioso dos direitos das sem que ninguém explicasse o como isso ocorreu. Foram crianças e adolescentes.


CORRESPONDENTES 10

D’outro lado do Atlântico José Peixe / De Lisboa

O direito de informar e o respeito pela ética e deontologia A prisão ao vivo, na noite do dia 21 de novembro, do ex-primeiro ministro José Sócrates, no aeroporto da Portela, em Lisboa, tem gerado muita discussão entre juristas, jornalistas, políticos e acadêmicos, sobre a necessidade de se salvaguardar o segredo de justiça. Também se tem falado imenso nestes últimos dias, da separação do poder executivo do judicial, apesar de se reconhecer que muitas vezes as investigações feitas pelos jornalistas se podem cruzar com as dos polícias e magistrados. Para o jornalista Luís Osório, diretor-adjunto do jornal “i” o ex-primeiro ministro “é culpado até que se prove o contrário” e acrescenta o seguinte: “Vivemos num sistema desregulado em que o poder está em todo o lado e não está em lado nenhum, o mercado é sacrossanto e instalou-se sem bilhete de volta. O sistema financeiro vive de emoções, como a política, a sociedade e a generalidade da comunicação social. Oferece-se o que as pessoas querem, não aquilo de que precisam. O político precisa das televisões que precisam de notícias que precisam de audiências e que por sua vez precisam de novas personagens”. “Não há presunção de inocência porque tudo é público no momento a seguir e todos os cidadãos podem fazer juízos de valor. Como existe uma degradação moral, todos os investigados são presumidos culpados, mesmo que venham a ser inocentes. A presunção de inocência não foi o único conceito a morrer. Também o segredo de justiça morreu. Porque foi feito para um outro tempo, não para este”, afirma o jornalista Luís Osório. No entender do juiz desembargador Rui Rangel , “a detenção do ex-primeiro ministro José Sócrates veio expor mais uma vez as relações difíceis entre o mundo da Justiça e o da mídia. Algo tem de mudar, a começar pelo segredo de justiça”. Para este juiz “os jornalistas devem ser bem vindos aos corredores dos tribunais e da Justiça, mas não para espreitar pelo buraco da fechadura. E se os dois lados desta relação difícil não souberem compreender isso há um desfecho

O repórter pós-moderno segundo Luís Afonso

a avizinhar-se: estamos todos a caminhar contra uma parede e vamos estatelarnos contra ela”. Na ótica do ex-presidente da República Mário Soares, o que foi feito “a um ex-primeiro ministro com um anormal aparato fortemente lesivo do segredo de justiça não pode passar em vão. Independentemente do que está em causa e da separação de poderes entre a política e a justiça. Também não pode passar em vão o espetáculo midiático que a comunicação social tem feito, violando também o segredo de justiça ao revelar fatos que eram supostos, serem conhecidos quando um juiz se pronunciasse. O que não aconteceu”. O jornalista do “Público” José Vítor Malheiros parece não ter dúvidas quando escreve o seguinte: “Este caso pertence à política, é muito mais um caso político do que um caso judicial e está tendo e terá um impacto político considerável. Não porque José Sócrates seja um político e um ex-governante ou ex-primeiro ministro. Se Sócrates fosse acusado de violência doméstica ou de contrabando de droga, essas acusações poderiam ser absolutamente independentes da sua ação política. Mas a acusação que é feita a Sócrates é de corrupção no exercício de cargos políticos - as outras acusações decorrem desta - e nada poderia ser mais político do que isso”. Elina Fraga, bastonária da Ordem dos Advogados, diz ser contra a “histeria coletiva que marcou este caso midiático” e exige que a Procuradoria Geral da República (PGR) “tome as rédeas para saber de onde vem tanta fuga de informação”. E aproveita para fazer um apelo: “É bom que não se substitua o sentimento de impunidade por um sentimento justiceiro” Sob o título de “Crónicas adiadas”, o acadêmico e provedor dos leitores do jornal “Público”, José Manuel Paquete de Oliveira, limitou-se a escrever o seguinte no dia 30 de novembro: “Como o decurso do tempo é bom conselheiro, não quero adiar responsabilidades, mas a crônica. A notícia, ou melhor, o boom

Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo

O sal da terra “O Sal da Terra” – Em dezembro entra em cartaz nos cinemas do Brasil o mais novo documentário de Wim Wenders, “O Sal da Terra”. Na produção, que, traça a trajetória do fotógrafo mineiro Sebastião Salgado, o diretor alemão tem como parceiro Juliano Salgado, filho do fotógrafo nascido em Aimorés. Em seu sítio na Internet, Wim Wenders afirma que nos últimos 40 anos Salgado tem viajado pelos continentes, nas pegadas de uma humanidade em constante evolução. Ele testemunhou os maiores eventos de nossa história recente; conflitos internacionais, fome, êxodo e agora embarca na descoberta de territórios primitivos, de fauna e flora selvagens e paisagem grandiosa, um projeto fotográfico que é um tributo à beleza do planeta Terra. Tudo isso é revelado no filme. Um depoimento de Juliano sobre o filme está disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=Zc1VlywFNSw Ocupação Giramundo no Espaço Itaú – A mais nova edição da Ocupação, promovida pelo Instituto Itaú Cultural, proporciona ao público paulista a oportunidade de conhecer o trabalho do coletivo mineiro Giramundo de teatro e marionetes. Na programação, além de série de peças como a versão para o clássico ‘Pedro e o Lobo’ do compositor russo Sergei Prokofiev, ‘Um Baú de Fundo Fundo’ e ‘Carnaval de Animais’, mostra de bonecos, do processo de criação de personagens e oficinas para construção de bonecos com o grupo que tem mais de 40 anos de estrada. Viúvas de Aécio – E as viúvas paulistas de Aécio Neves (candidato a presidente derrotado na eleição do dia 26 de outubro, é sempre bom lembrar) promoveram mais um encontro no último sábado na Avenida Paulis-

Vestibular IFMG As inscrições para o Vestibular e Exame de Seleção 2015/1 do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) estão abertas até o dia 7 de dezembro. As inscrições devem ser feitas exclusivamente pela internet. A taxa é de R$ 50,00 para candidatos a cursos técnicos e de R$ 70,00 para os de nível superior. O interessado também pode tentar as vagas dos cursos superiores de duas maneiras: via Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e também pelo vestibular. No Vestibular e Exame de Seleção 2015/1 serão ofertadas 50% das vagas dos cursos superiores e no Sisu serão ofertadas as demais vagas. O Sisu utilizará as notas do Enem 2014, conforme edital. Em Governador Valadares o candidato poderá optar pelos cursos: técnicos em Meio Ambiente e Segurança do Trabalho (subsequente e integrado), além de bacharelado em Engenharia de Produção e tecnologia em Gestão Ambiental.

ta. O motivo: pedir o impeachment da presidenta Dilma. Segundo nota do Estadão a Polícia Militar avaliou em cerca de 500 ‘coxinhas’ (como eles mesmos se identificavam), que caminharam até a sede da Petrobras, onde cantaram o Hino Nacional. Quanta patriotada. Na oportunidade um grupo que defendia uma intervenção militar foi convidado a se retirar do ato. O que chamava a atenção eram os cartazes com dizeres como “Lula Drunk Give Me Back My Money”. Pelo jeito o portador deve ter vindo de Miami para a manifestação. Feira Nacional de Artesanato em BH – Em 2014 a Feira Nacional de Artesanato, que chega à sua 25ª edição, acontece em Belo Horizonte. Com o tema “Uma viagem pelas festas do Brasil”, a feira acontece até o próximo domingo (7) no Expominas. O endereço é Avenida Amazonas 6030, Gameleira). Além do melhor do artesanato nacional a feira oferece cursos, oficinas, palestras e série de shows musicais. Ingressos R$ 10. Thomas Piketty na UFABC – O economista francês Thomas Piketty esteve no campus São Bernardo do Campo da Universidade Federal do ABC na última semana. Na oportunidade proferiu palestra e participou de debate sobre sua mais recente publicação “O Capitalismo no Século XXI”. Entre outros Piketty defendeu a criação de um sistema progressivo de tributação para diminuir as desigualdades sociais no Brasil e a tributação sobre heranças. A íntegra da apresentação está disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=ETiFvnS6m2A Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

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de notícias da detenção e posterior encarceramento do ex-primeiro ministro José Sócrates marcaram a agenda. Resolvi, por isso, hoje ceder este espaço totalmente aos leitores”. O advogado Rui Patrício num artigo de opinião com o título apelativo “Epístola do Segredo de Justiça aos Sacerdotes” lança as seguintes questões: “Pergunto por que não fazeis nada para acabar com os atentados à minha memória. Tantas vezes a espezinham, e vós nada fazeis, continuando o espetáculo asqueroso. E também vos pergunto excelências, se nada fazeis porque tendes medo ou porque vos falha a coragem? Ou será antes porque gostais deste espetáculo, ou porque vos convém? Ou por inércia?”. No entender do sociólogo Alberto Gonçalves, “se a justiça é manipulável pelo poder político, a atual “perseguição” é o reverso da “proteção” de que José Sócrates usufruiu no tempo em que o poder era dele”. “Se houve proteção, houve uma conduta ilícita que assim o exigia. Se houve conduta ilícita, o processo hoje que está em curso faz todo o sentido. Se o processo faz sentido, as acusações conspirativas não fazem”. Para o jornalista e diretor da rádio TSF, Paulo Baldaia, “O que está dando é Sócrates. Sócrates e as implicações para a ambição do Partido Socialista de conquistar novamente uma maioria absoluta. Sócrates e a sua culpa ou a sua inocência. Sócrates e o comportamento da justiça. Sócrates e a fragilidade da comunicação social, que mistura verdades com mentiras passadas no segredo das fontes. Os jornalistas não estão isentos de culpa”. Rui Rio, ex-presidente da Câmara Municipal do Porto não teve papas na língua, exigindo publicamente e sem hesitações, a separação entre o poder executivo e o poder judicial, condenando severamente o “espetáculo deplorável” que envolveu a detenção do ex-primeiro ministro José Sócrates. “Não posso aceitar esta permanente violação do segredo de justiça. Chamar a comunicação social para assistir a uma detenção e depois continuar a fazer a reportagem e depois editar peças que estão em segredo de justiça na comunicação social é absolutamente inadmissível. Digo isto seja para quem for”, afirmou Rui Rio, na edição de ontem do jornal “Público”. Só me resta terminar com um desabafo que ando a defender há mais de duas décadas. Se os jornalistas portugueses respeitarem o que está estipulado no seu Código Deontológico e se tomarem em linha de conta os princípios básicos que regulam a ética jornalística, tenho a certeza que estes espetáculos circenses e de mau gosto não teriam lugar na praça pública. Isto porque ainda sou daqueles que acredita que o jornalismo é uma das profissões mais nobres que existem. E sem jornalismo não existe democracia. Nem em Portugal nem em lugar nenhum do mundo.

José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação, correspondente deste Figueira em Lisboa, CP 1040

Crônica Gina Pagú

O docinho da festa Quando éramos crianças, quem não queria uma festinha de aniversário com bolo, guaraná e docinho? Era bom demais quando algum coleguinha convidava para uma festinha dessas. Melhor quando tinha cajuzinho e docinho de leite ninho. Tempos bons aqueles. Tempos da inocência e da pureza das crianças. Tá certo que a gente levava uns pra casa, roubava escondido antes da festa começar. Ou ficava debaixo da mesa comendo as balas de coco, enroladas naqueles papeis de seda coloridos. Era o máximo que a gente tinha numa festa de criança. O tempo foi passando e a coisa ficou moderna, hoje tem buffet para festa de criança e de adulto, já vem tudo pronto e programado. E alguns até já preparam uma marmitinha para levarmos para casa, ou entregam no final da festa para ficar mais educado. Afinal parece que virou hábito mesmo levar um pedaço de bolo ou um doce no fim do festejo. Mas, o engraçado é que isso foi considerado por muito tempo como coisa de gente pobre e sem educação, que levava sacolas para as festas para levar as comidinhas gostosas escondido. Só que a coisa não é bem assim. Na quartafeira, fui a um almoço chiquérrimo, no clube Filadélfia, com garçom, música ao vivo e buffet. Lá só tinha gente rica e granfina. Bem, ricos eram, mas de granfinos não sei se tinham muita coisa. De educação, menos ainda. Eu não sei se o erro foi da organização da festa, que colocou as bandejas de doces bem na porta de saída ou se esqueceu de disponibilizar as marmitas, ou as sacolas. Só sei que não houve convidado que deixou de levar um quitute para casa. Nas bandejas havia doce para todo gosto: de leite, pé de moleque, de coco, de mamão, bombom diet, etc. Uns comiam logo uns três ou quatro e outros disfarçavam e colocavam um bombom no bolso, e ficavam sem jeito de levar os doces nas mãos. E aí, logo chegava outra pessoa e oferecia um guardanapo. Lá estava na solução. E a moça rica e metida a besta enchia o guardanapo logo com uns 10 doces e descia as escadas do clube sem olhar para trás. Agora eu me pergunto: por que essa riqueza toda no banco e a pobreza na alma? Como se não pudessem comprar quilos e quilos de doces para se empanturrar em casa. Eu só observava e ria. Tá certo que eu também comi do doce e também já levei marmitinha para casa, mas que é engraçado é. Ver o pessoal arrotando arrogância em cima do salto e dos ternos caros, e fazer um papel desses. Jornalista repara cada coisa não é mesmo? Ô bicho atoa é jornalista! Fica reparando o comportamento alheio. E por fim, a festa acabou e as 20 bandejas estavam vazias no fim. Para o garçom não sobrou nada, só o serviço mesmo, de pratos sujos e cadeiras fora do lugar. Depois eles é que são pessoas simples e pobres, que não merecem nem um agradecimento na hora que servem os donos da festa.


CULTURA

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Arquivo pessoal

Cartas da América Flávia Santos / De Ashland, MA Decidida a passar suas imaginações para o papel, Milena, a escritora mirim, conta a historinha de uma joaninha que sai de seu habitat natural numa folha de mangueira e vai parar no oceano

Escritora mirim lança primeiro livro só depois era feita a adaptação do conto à escrita formal. “Resolvi testar a eficácia do projeto com as historinhas de Milena Xavier tem apenas 9 anos de idade, mas já vai lançar minha filha. Segui os passos do projeto, finalizei o manuso seu primeiro livro. A pequena foi capaz de escrever, sozi- crito e enviei para a editora avaliar.”, conta. Algum tempo nha, a história “A Joaninha Sofia”, que será lançada ainda depois, Milena já estava com um contrato de cinco anos este mês, no dia 09 de Dezembro. assinado. A paixão de Milena por contar histórias veio do berço. O Mas apesar da aprovação da editora, ainda faltava algo: pai, Enilson Xavier, está se formando em letras. Ele e a mãe as ilustrações. Foi neste momento em que a escola em que Fátima sempre incentivaram a filha a ler e a contar histórias: Milena estudava comprou a ideia do livro. As professoras “Milena foi sempre uma menina sonhadora e gostava de me leram a “A Joaninha Sofia” para os coleguinhas de Milena, ouvir contando historinhas. Enquanto eu lhe narrava diver- e estes fizeram quase cem desenhos representando cenas sas aventuras, ela parecia entrar na história e se sentir na da história.Entre estes desenhos, a autora escolheu vinte pele dos personagens.”, conta Enilson. ilustrações que foram publicadas no livro. Com o passar do tempo, além de ouvir as histórias, MiMilena conta que, quando crescer, quer continuar seguinlena pediu para contar algumas que ela havia criado. “Agora do a carreira de escritora. Ela já começou a escrever novas é a minha vez de contar uma historinha para você dormir”, histórias como “A Joaninha Sofia 2” e “O Menino Show de dizia ela. O enredo de “A Joaninha Sofia” surgiu desta for- Bola”.Mas enquanto estes livros não ficam prontos, o lançama, em um dos momentos quando Milena decidiu trocar de mento de “A Joaninha Sofia” pode ser prestigiado no 09 de lugar com o pai, e contar uma de suas histórias. No desen- Dezembro, ás 19h30 no Instituto Educacional Millenium, que rolar da narrativa, Enilson percebeu um amadurecimento no fica na Rua Ametista, 135, no Bairro São Raimundo. jeito em que a filha dizia as palavras. Rapidamente, pediu que ela parasse, pegou o seu celular e pediu que Milena A Joaninha Sofia recomeçasse a contar a história. “Era uma narrativa muito interessante, então eu quis fazer um vídeo dela contando a A Joaninha Sofia é fruto da imaginação criativa de uma história. Naquele momento, percebi que aquela criança de menina de apenas nove anos. Milena Xavier gosta de inapenas nove anos foi capaz de inventar uma história não ventar historinhas mirabolantes. Decidida a passar suas só com uma boa estrutura narrativa, mas com suspense, imaginações para o papel, Milena conta a historinha de aventura e muito bom humor.”, conta o pai. uma joaninha que sai de seu habitat natural numa folha Foi neste momento que Enilson teve a ideia de gravar de mangueira e vai parar no oceano. Nesse ambiente desas histórias que a filha contava para, em seguida, digitar e conhecido, a joaninha Sofia se mete em confusões de tirar ir melhorando aos poucos. Algo semelhante ao que fazia o fôlego, encontra peixes esquisitos, baleias malvadas e faz em um projeto de extensão da faculdade em que ele pe- amiguinhos que ajudam a escapar dos perigos do mar. Você dia aos alunos que escrevessem uma história do modo que vai curtir grandes aventuras da destemida joaninha e seus desejarem, sem se preocupar com a linguagem padrão. E amiguinhos malucos. Natália Carvalho / Repórter

Ateliê Edileila Portes exibe exposição neste sábado Neste Sábado será realizado na Praça Euzébio Cabral (Praça do Mimi), das 9h às 12h, uma “Aula Aberta”, junto a uma exposição dos trabalhos dos alunos do Ateliê Edileila Portes. Desenhos, pinturas, colagens, fotografia, música e história em quadrinhos estão inclusos na mostra. O evento nasceu com o intuito de apreciar e acompanhar o processo de criação desenvolvido ao longo do semestre pelos alunos do Ateliê. Porém, a professora Edileila Portes conta que também é uma forma de sensibilizar os visitantes, para que

eles fiquem mais atentos à importância da cultura e do fazer artístico, passando a valorizar mais estes aspectos: “Mais do que uma aula, este evento é também uma oportunidade para nos apropriarmos dos espaços públicos e contribuirmos para uma visão artística e cultural.” Serviço: O Ateliê Edileila Portes fica na Rua Afonso Pena, 1916, no Bairro Esplanada, próximo ao Hospital São Vicente.

Até onde ser brasileira? Meu texto de hoje é meio que um desabafo. Desabafo de alguém que vive fora do Brasil, mas se sente meio que “julgada” por isso. Alguém que às vezes tem até medo de opinar sobre qualquer assunto que retrate a realidade brasileira, ou não, porque os conterrâneos tupiniquins são bem cruéis quando querem ser. E não acho que esse é um sentimento único e exclusivo meu, acreditem muita gente que mora fora tem o mesmo pensamento. Sou brasileira, nascida e criada em Governador Valadares – MG, decidi como milhares de outras pessoas, tentar uma vida melhor e mais digna em outro país, mas entenda, eu não deixei de ser brasileira por isso. Eu não deixei de ver a beleza e os problemas do Brasil porque eu simplesmente estou um pouco longe da terra natal e como boa patriota que sou, sim, eu falo dos assuntos que assombram nossa nação. E é justamente por estar longe, vivendo em um lugar aonde eu tenho saúde, segurança e educação de qualidade, consigo enxergar as mazelas do nosso país. Mas aí é que está o grande problema, quando exponho minha opinião sobre assuntos como o petróleo, por exemplo, sou escrachada em rede social, a desculpa para tanta grosseria e sempre a mesma: “E fácil falar quando não se vive a realidade do país”. Me desculpem, vivi essa realidade durante 25 anos da minha vida, então acho que sei sim do que estou falando.

Sou brasileira, nascida e criada em Governador Valadares – MG, decidi como milhares de outras pessoas, tentar uma vida melhor e mais digna em outro país, mas entenda, eu não deixei de ser brasileira por isso. Eu não deixei de ver a beleza e os problemas do Brasil porque eu simplesmente estou um pouco longe da terra natal e como boa patriota que sou, sim, eu falo dos assuntos que assombram nossa nação.

As eleições e a Copa são grandes exemplos disso. Nunca fui a favor da Copa ser sediada no Brasil (quem me conhece sabe disso), quando o evento começou deixei bem claro que não torceria pela seleção – desde a Copa de 2010 eu disse que não seria mais uma torcedora do Brasil, meus motivos e minha opinião – enfim, quando o Brasil jogava eu sempre me continha, evitava falar muito para não causar discussão e estresse, mas às vezes, só às vezes, eu não resistia e fazia uma brincadeira ou outra. E foi em uma dessas brincadeiras que perdi uma amiga. Eu comentei algo relacionado à vitória da Alemanha. Pronto, foi o que ela precisava, foi grossa, sem educação e como dizia Sandra Annenberg, muito deselegante comigo. Escreveu a seguinte frase: “Depois que você foi embora, você ficou metida e só sabe falar mal do Brasil” e olhem que eu estava falando da seleção brasileira, não do Brasil. Eu me contive, não quis render muito assunto, mas depois disso eu fiquei pensando: poxa vida, até onde eu posso ser brasileira? Será que só porque moro fora sou obrigada a achar lindo e aplaudir tudo que acontece no Brasil? A resposta para as minhas perguntas é um belo e sonoro “não”. Eu sou brasileira, moro em outro país, mas não posso me calar quando vejo que pessoas que eu amo, vivem em um lugar onde não são respeitas e tratadas dignamente. E me desculpe àqueles que como essa minha “amiga”, que acham que por isso eu me tornei uma pessoa arrogante, sem amor a minha pátria e metida. Para vocês eu só tenho uma coisa a dizer: beijinho no ombro pro recalque passar longe. Flávia Santos é jornalista valadarense e mora em Ashland, MA

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ESPORTES Há quem goste de tênis. Estranho esporte em que os dois primeiros pontos são contados de quinze em quinze, o terceiro vale dez e o decisivo leva a alcunha de game. Os pontos em 15, 30 e 40 têm explicações que começam com o sistema sexagesimal criado há 6 mil anos na Mesopotâmia e terminam sem convencer ninguém. Já o último ponto se chamar game é frescura mesmo. Por falar em frescura, foi tenso acompanhar a saia justa que se instaurou no seio do tênis de alta performance praticado na Suíça, quando Mirka Federer, mulher do top tenista Roger Federer, chamou o adversário Stanilas Wawrinka de “bebê chorão”.

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QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO

Chamem a mulher do Federer

Isso: bebê chorão. A grave ofensa, proferida durante a partida em que Wawrinka enfrentava o maridão na semifinal da ATP, provocou uma crise que culminou com a desistência de Federer em disputar a finalíssima contra Novak Djokovic. Porém, meninos bem-educados, dois ou três dias depois Federer e Wawrinka descruzaram os dedinhos mindinhos, fizeram as pazes, jogaram em dupla contra a França e ajudaram a Suíça a conquistar o título da Copa Davis. Também temos os nossos bebês chorões. São alguns treinadores de futebol que ganham fortunas e jamais admitem que seus times perderam porque foram inferiores ou porque eles, treinadores, erraram feio nas escalações que mandaram a campo ou nas substituições que fizeram. Jeito nenhum. A culpa é sempre do juiz ou do calor ou do gramado ou da falta de sorte ou de alguma risível teoria da conspiração. A última dessas teorias foi levantada por Felipão, O Grande. Segundo ele, o Grêmio teria sido seguida e deliberadamente prejudicado pelas arbitragens, já que à CBF não interessava que o clube se classificasse para a Libertadores 2015. Por quê? Ninguém sabe, certamente nem ele, Felipão. A CBF consegue reunir todos os defeitos que uma péssima entidade esportiva pode ter, mas que razões teria para não querer o Grêmio na Libertadores é um mistério. Mesmo porque, o clube tem cansado de participar da competição, o que aconteceu inclusive em 2014. Entretanto, para Felipão, será sempre mais fácil desviar o rumo da prosa do que tentar mostrar, com argumentos técnicos ou táticos, por que o Grêmio perdeu as três últimas partidas, justo na fase de definição do campeonato. Ou por que o time que tem Luan, Barcos e Dudu – atacantes que poderiam ser titulares em qualquer clube brasileiro –, até a penúltima rodada tinha feito menos gols que Figueirense, Chapecoense, Coritiba e Vitória, e quase metade do que fez o Cruzeiro. A estratégia é conhecida. Após os humilhantes, calamitosos e indesculpáveis sete a um, tudo se resumia a um tal de apagão. Erros na fase de preparação? Imagina. Atraso tá-

Também temos os nossos bebês chorões. São alguns treinadores de futebol que ganham fortunas e jamais admitem que seus times perderam porque foram inferiores ou porque eles, treinadores, erraram feio nas escalações que mandaram a campo ou nas substituições que fizeram. Jeito nenhum. A culpa é sempre do juiz ou do calor ou do gramado ou da falta de sorte ou de alguma risível teoria da conspiração.

tico? Nem pensar. Critério discutível na convocação? Nunca. Escalação equivocada? Jamais. Foi feito tudo o que se devia fazer para disputar a semifinal de uma Copa do Mundo contra a seleção mais forte e entrosada do planeta, e o resultado era obra do acaso ou, talvez, do cansaço de Nossa Senhora de Caravaggio. Alguém há de dizer, como sempre se diz, que somos uns rematados idiotas, por perdermos tempo escrevendo, lendo e discutindo sobre isso, enquanto Felipão e seus pares enchem a burra e riem de todos nós. Trata-se de raciocínio respeitável, mas não dá para entender por que um cara tão bemsucedido em sua profissão – Felipão ganhou Campeonatos

Canto do Galo Rosalva Luciano

É campeão! Grito ainda ecoa nas Minas Gerais Li em algum lugar que o Atlético não é deste mundo. Gostei disso e ratifico, não é mesmo. Foge simplesmente do normal os acontecimentos que por lá se tornam quase sobrenaturais. São placares mágicos, são situações, jogadores e torcedores atípicos fazem desta instituição. Tudo misturado, difícil separar funcionários, presidente, torcedores e jogadores pela quantidade de amor ao clube. Já se passaram mais de uma semana e a Copa Brasil é lembrada a todo instante. O estado de Minas, principalmente Belo Horizonte, conhece um dos maiores desfiles de modelos diversos de camisas preta e branca. Lindíssimo matiz. O atleticano é incansável no seu modo de torcer. Parabéns a todos que tiveram e têm a alegria de conhecer esta verdade. Copa do Brasil, o campeonato mais charmoso do país, nas fases finais conta com uma emoção entre os participantes que contagia o mais inerte e pacato torcedor. A deste ano completamente a mais interessante de todas as versões. A disputa entre dois dos maiores rivais do futebol mundial trouxe foco para Belo Horizonte. Uma loucura indescritível a plástica das ruas, colorido tricolor nos tons azul, preto e branco. Nem sei se teremos outras vezes o que se viu, mas eu me sinto privilegiada e viver tudo isto. E confesso, sofri muito antes dos dois resultados. Saí mais feliz do que esperava, mas do outro lado estava uma equipe de grande respeito. Ver depois em filmes a reação dos jogadores antes da partida atestam à eles a condição de humanos, a condição de torcedores como nós, não dormem, não comem, mal estar, ou seja stress puro. Não tem como entrar diferente no jogo, se possível for comem trave, comem grama e fazem da bola uma boa sobremesa. Lutadores das gerais. “A gente sofreu tanto nessa Copa do Brasil, mais uma vez”. Agora é dividir esse prêmio, esse título, com nossa torcida, que infelizmente não pôde estar aqui, mas tem milhões espalhados por aí, passando energia positiva para a gente.

É gostoso ser campeão, fazer gol. É bom entrar para a história do clube desse jeito. Então, tem que aproveitar mesmo, curtir. Esse momento é único, passa rápido. “A gente tem que aproveitar da melhor maneira possível”, afirmou Tardelli. Vale a pena um comentário sutil sobre o Galo no Brasileirão. Não brigou pela ponta da tabela e também pelo título única e exclusivamente por falta de cuidado. Os pontos perdidos, não querendo desvalorizar adversários, foram contra os que estão ao final da pontuação.Faltou um pouco de carinho. O adversário não trilharia um caminho tão fácil como foi para ser campeão. Temos que melhorar as nossas visitas também, nenhum atleticano confia totalmente no time quando ele estar em outros ares. Menos mal se tivermos uma elucidação destas causas e a dura consequência disso aí. Que venha2015, sempre procurando aceitar que em qualquer competição temos a capacidade de ser melhores. Um tempo que faz algo chegar ao fim.Um tempo que faz a massa atleticanas e orgulhar ainda mais do seu time.Um tempo que paradoxalmente traz medo. Seis anos foram o suficiente para voltarmos a acreditar no bailado das camisas alvinegras pelos estádios afora. Tempo de vitórias importantes,tempo de chegada de títulos,e volto a repetir,tempo de medo. Parece que em meio de alegrias,estaremos com sentimento de órfãos, abandono. Onde está Alexandre Kalil,onde? Na arquibancada? Não acredito, difícil acreditar, ou melhor, arquibancada não combina com o Kalil. Seu nome é trabalho e seu trabalho fez do Galo um time respeitado e admirado por milhares de grupos afins. Sobre a saída do nosso presidente, falo em outra oportunidade.

Rosalva Campos Luciano é professora e, acima de tudo, apaixonadamente atleticana.

Estaduais, Copas do Brasil, Campeonato Brasileiro, Libertadores e Copa do Mundo – insiste em fazer o papel de bobo da corte, abusando das desculpas esfarrapadas a cada insucesso e trocando um passado de bons trabalhos e belas conquistas por um presente de, como gritaria Mirka Federer, bebê chorão.

Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na própria definição, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que adotou o seu blog e autoriza a sua contribuição a este Figueira.

Toca da Raposa Hadson Santiago

Que venha o promissor 2015 Saudações celestes, leitores do Figueira! Com a conquista do tetracampeonato brasileiro, o Cruzeiro volta seus olhos para 2015 e as difíceis competições que terá pela frente. Um eficiente planejamento é essencial para as pretensões celestes no ano vindouro. Mudanças irão ocorrer, com certeza, para dar uma boa oxigenação ao grupo de jogadores. É chegada a hora da partida de alguns atletas. Agradecemos pelos serviços prestados, mas a vida de um clube de futebol é dinâmica e é salutar buscar novos valores. Como o mercado da bola não apresenta grande oferta, o Cruzeiro deveria investir na prata da casa. Dar oportunidades de verdade para garotos como Eurico, Judivan e Hugo Ragelli. É preferível apostar neles a trazer “cabeças-de-bagre” de outras paragens. Aliás, os três já mostraram serviço no melancólico empate com a Chapecoense. Joguinho duro de assistir, salvo pelas atuações dos meninos. Marcelo Oliveira precisa aprender a disputar competições do estilo mata-mata. Já provou que não sabe lidar com as peculiaridades dos torneios e tem matado a China Azul de raiva. Se, por um lado, ele é eficiente nos campeonatos, nas copas Marcelo ainda não pegou a manha, como se diz popularmente. Por isso, o treinador não é uma unanimidade entre os cruzeirenses. Isso sem falar na sua asquerosa origem como jogador de futebol... A entrega da taça de campeão brasileiro ao Cruzeiro acontecerá após o jogo contra o Fluminense, no Mineirão. Espero que a festa possa ser bonita, pois não é todo dia que se conquista dois campeonatos consecutivos. A China Azul quer, também, a vitória sobre o clube carioca. Comemoração só depois do embate. Como é exigente o torcedor celeste! E, finalmente, saiu a tabela do Campeonato Mineiro 2015. Atendendo a um pedido da diretoria

do EC Democrata (que moral!), a Federação Mineira de Futebol programou a partida Democrata x Cruzeiro para Governador Valadares. E logo na primeira rodada! Espero que seja um grande jogo e que o majestoso Estádio José Mammoud Abbas possa receber um excelente público. O Cruzeiro é sempre bem recebido na cidade. Já assisti a vários confrontos Pantera x Raposa no Mamudão, mas alguns são especiais. Por exemplo, em 24/09/1981, as duas equipes se enfrentaram numa partida pelo Campeonato Mineiro, jogo realizado num meio de semana, à noite. O Cruzeiro entrou em campo todo de branco e a Pantera com suas camisas listradas. A peleja foi muito disputada, jogo duro mesmo, um equilíbrio sem precedentes. O Democrata marcou seu gol através de Fausto Rosa, numa cobrança de falta a meia altura, sem chances para o goleiro Gasperin. O gol celeste também foi de falta. Nelinho, em vez de cobrar na base da força, como era de costume, bateu colocado no ângulo esquerdo do goleiro democratense. Num jogo bem disputado, o placar de 1x1 foi muito justo e premiou os dois times. Foi uma grande noite. Que saudade! Um alô para os cruzeirenses do Naque EC Veterano que foram à Cachoeira Escura, distrito de Belo Oriente (MG), e golearam o Galeto por 5x2, atuando no Estádio Municipal Jurandir Ferreira. Os gols naquenses foram assinalados por Ademir (2), Tico, Lenílton e Gleison. Bela vitória da equipe comandada por Toninho Ferreira e Rivelino Santiago. Em Naque (MG) há vários leitores do Figueira. Valeu, galera!

Hadson Santiago Farias é cruzeirense da velha guarda e tetracampeão brasileiro.


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