Figueira 30s

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Fim de semana com sol entre nuvens. Não há previsão de chuva. www.climatempo.com.br

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35o 19o

MÁXIMA

ANO 1 NÚMERO 30

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 17 A 19 DE OUTUBRO DE 2014

FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EXEMPLAR: R$ 1,00

Natália Carvalho

MÚSICA

Semana de muita música e arte no Valadares Jazz Festival e no Jazz Kids A décima sexta edição do Valadares Jazz Festival se encerrou na quinta-feira mas deixou saudades. Foram quatro dias de shows com o Teatro Atiaia lotado. Na edição 2014, a produção do evento preparou uma novidade que agradou: o Jazz Kids. Crianças e adolescentes foram ao teatro na tarde de terça-feira para assistir ao talk-show com a cantora e dubladora Taryn Szpilman, e participar de lançamentos de livros infantis. Página 11

Cássio Coutinho, André Neiva e Cláudio Infante. Um trio da pesada no palco do Teatro Atiaia

Dió Freitas/Secom

Destinação do lixo é o desafio Página 9

Sacudindo PDT quer todos os seus filiados apoiando Dilma. Como fica a situação em Valadares? Página 3

Notícias do Poder Juízes querem aumento, mas Dilma não dá. Tem rebelião à vista. Receita Federal prepara ofensiva para evitar sonegação A coleta seletiva de lixo é uma forma de reduzir os impactos ambientais causados pelo descarte diário de resíduos sólidos. Além disso, proporciona a geração de emprego e renda

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NESTA EDIÇÃO

Brava Gente!

Virgínia é Tri!

O tênis é um esporte de excelência emocional. É difícil vencer todos os jogos e ser campeã. São muitas e fortes emoções que vivo isso intensamente como esportista. Claro que quando conquistei o primeiro titulo de campeã brasileira foi emocionante. Mas, é extremamente difícil permanecer com o título. Existe a responsabilidade e a carga que vêm junto com a premiação.

Há 20 anos, os valadarenses estavam curiosos para saber o que era e como funcionava a internet, a rede mundial de computadores. Hoje, a internet está em todos os lugares. Mas, quem trouxe essa tecnologia para Governador Valadares foi Vinícius Freire Cabral (foto), o pai da internet em GV. Página 8

Virgínia Drumond, tricampeã nos Jogos Nacionais do SESI na categoria maior de 45 anos.

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Conheça a calistenia, a ginástica feita com o próprio corpo. Página 9


OPINIÃO

Editorial

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FIGUEIRA - Fim de semana de 17 a 19 de outubro de 2014

Tim Filho

Briga no segundo turno está quente

Trinta edições nesta semana O título deste editorial é uma adaptação de um título de um filme clássico na história do cinema, “Trinta anos esta noite”, produzido em 1963, com roteiro e direção do francês Louis Malle. A obra é uma adaptação do livro Fogo Fátuo (em português) do escritor e ensaísta francês Pierre Drieu La Rochelle. É também uma adaptação do título de um livro escrito em 1994 pelo jornalista Paulo Francis, que escreveu em vários jornais brasileiros, como o Pasquim e o Globo. Extremos. Paulo Francis ganhou notoriedade ao fazer os comentários hilários e debochados no Jornal da Globo, nas madrugadas da TV. O livro de Francis fala dos 30 anos do golpe de 1964. “O 1964 fez de mim, da minha geração, homens adultos. Vivíamos de ilusões, nos imaginando senhores do Brasil de que gradualmente tomávamos posse. Escapuliu, não é de ninguém, é o que quisermos fazer de nossas vidas. Nos esforçamos, contra a corrente, que nos traz incessantemente para o passado. Vemos a luz verde, o futuro orgiástico, que ano a ano refluiu, sempre elusivo, sempre ao nosso alcance, intangível, até que no meio de uma frase nos deem um ponto final...” Curiosamente, a breve história do Figueira tem elementos deste filme e livro. O vazio existencial de Alain Leroy, no filme de Malle, o fez um homem sem esperança, por um breve período de sua vida. Francis, em seu livro, narra os bastidores do golpe militar, o período de trevas, da supressão das liberdades democráticas, o poder imposto a ferro e fogo. Trinta edições. A primeira edição abordou tudo isso. Os homens e mulheres sem esperança dos anos de chumbo, e todos os outros e as outras que tiveram esperanças, acreditaram num Brasil melhor, e superaram a barreira dos 50 anos do golpe. O Figueira nasceu aí, no cinquentenário de uma data triste para a memória do país. No editorial da primeira edição, o jornal justificou o nome Figueira, que remonta a Figueira do Rio Doce, o nome suave que este lugar teve até a sua emancipação política. “Serve propositadamente para exorcizar o discurso ideológico, fabricado nesses 50 anos, que congelou a história da cidade, dividindo a sociedade local entre pioneiros e forasteiros, como se tal crivo fosse possível ou adequado a uma cidade de apenas 76 anos”. Lembramos que esse discurso tinha como serventia sequestrar o direito de pertença de todos os que não são considerados pioneiros, mesmo que sejam de anônimas famílias que fizeram ou fazem esta cidade. “Tal direito é reservado, nesse contorcionismo ideológico, aos autodenominados pioneiros e seus descendentes. Queremos evidenciar que nesta cidade todos podem ser pioneiros, quem já está aqui e quem vier a chegar. Há muito por fazer, temos uma cidade a construir, que venha a ser aberta, inclusiva e amigável. A cidade continua a demandar espírito pioneiro, de trabalho, iniciativa e dedicação”. Chegamos à trigésima edição reforçando que este Figueira tem lado. Neste momento em que se aproxima o dia da votação para a escolha do presidente (ou presidenta) da República, posicionamos ao lado de ideais que construíram os novos tempos no nosso país, e que continuam a construí-lo, com respeito a todos e todas. As experiências do passado, que deixaram tristes lembranças, não podem nem deve ser reeditadas. Seria retrocesso. Este Figueira defende que o Brasil siga com um projeto de governo que conduza o país ao desenvolvimento, a legitimação da cidadania, a inclusão social, a garantia dos direitos fundamentais, à afirmação da soberania nacional. Não temos mais espaço para aventuras, para os discursos vazios, para o preconceito e o ódio. “Trinta anos nesta noite”, clássicos do cinema e da literatura, mostram a esperança indo e vindo, nascendo e morrendo, ressurgindo, permanecendo. Nossa esperança permanece em um jornal que não conhece assuntos proibidos.

Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-81 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo

Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira

Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br

Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

Parlatório O uso dos símbolos religiosos em repartições públicas fere a República e a separação entre Igreja e Estado? Laicidade e presença dos símbolos religiosos no espaço público brasileiro SIM

Daniel Mendes Ribeiro Nara Pereira Carvalho

A presença de símbolos religiosos, particularmente os cristãos, é bastante comum no espaço público brasileiro. O crucifixo nos tribunais, a Bíblia no Congresso Nacional, a imagem de santos nas universidades públicas, o oratório em hospitais públicos etc. Contudo, não seria essa presença, tão familiar aos cidadãos, contrária ao que se denomina “laicidade estatal” – expressão bastante evocada em debates acerca da relação entre valores religiosos, Direito e esfera pública? A questão é mais complexa do que parece: laicidade não importa em ausência de ou hostilidade a manifestações religiosas, seja no espaço público, seja no privado. Pelo contrário, implica viabilizar e promover a expressão dos valores (não) religiosos pelos cidadãos. No entanto, ao Estado não cabe posicionar-se sobre o fenômeno religioso. Deve manter-se imparcial, não endossando ou sobrevalorizando quaisquer manifestações religiosas ou contrárias à religiosidade em detrimento de outras. Simultaneamente, ao Estado cabe fomentar as possibilidades para que todos os cidadãos possam vivenciar ou negar os valores religiosos. Laicidade, assim, e em atenção à própria etimologia do termo, remete à ideia de uma sociedade efetivamente para todos – sejam estes religiosos, agnósticos ou ateus. Um projeto de sociedade livre, aberta e inclusiva. Nesse sentido, a presença de símbolos religiosos no espaço público está em desacordo com a laicidade. Inadequada, pois imiscuiria na legitimidade dessas atividades, mesmo que simbolicamente, com valores e crenças religiosas particulares. Sustentar a permanência desses símbolos no fato de o Brasil ser um país onde as pessoas se declaram majoritariamente cristãs ou no fato de termos um passado

em que Estado e Igreja Católica estiveram entrelaçados implica negar a própria ideia de Estado Laico e Democrático, o qual deve voltar-se a todos, religiosos ou não. De fato, a separação entre Igreja Católica e Estado somente se deu com o Decreto-Lei n. 119-A, de 7 de janeiro de 1890, pelo qual se extinguiu o regime do padroado e se instituiu a liberdade religiosa formal no Brasil. Não obstante, no Brasil continua forte e desembaraçada a presença de símbolos religiosos, em espaços públicos e sob a responsabilidade do Estado. Talvez o problema não esteja tanto nessa presença, mas na sua naturalização aos nossos olhos. Decerto, os desafios à efetivação de uma sociedade laica são muito maiores do que a retirada dos símbolos religiosos do espaço público, mas essa questão elucida bem que o problema começa com uma tradição bastante arraigada no Brasil em considerar-se normal e salutar que as instituições e práticas públicas endossem, mesmo que simbolicamente, valores religiosos cristãos. Porém, se democracia e laicidade pressupõem a possibilidade de os cidadãos terem opções (religiosas ou não) diferentes, é importante que, em vez de os locais públicos ostentarem um ou outro símbolo religioso, os próprios cidadãos o façam, no exercício da liberdade religiosa que ao Estado cabe incentivar e garantir.

Daniel Mendes Ribeiro é Professor em Direito na Universidade Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares. Mestre e Doutorando em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Nara Pereira de Carvalho é professora em Direito na Universidade Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares. Mestra e Doutoranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais.

Símbolos religiosos, tradição estética e artística NÃO

Rodrigo Zanata

O que é um símbolo religioso? Para além de qualquer definição em que esteja embutida a pressuposição de que estes são capazes de, através de sabe-se lá que similitude formal ou consagração mágica, promover alguma forma de conexão entre um sujeito e o “sagrado”, uma coisa é certa: são o que são somente no interior de um contexto que lhes empresta sentido. Ao contrário do dito popular, uma imagem não diz mais que mil palavras. Se uma imagem é capaz de dizer alguma coisa, é única e exclusivamente porque a ela estão associadas essas mil palavras. Isolada, ela é muda. Assim é um símbolo, religioso ou não. E a tagarelice é tão sem fim quanto o sentido. “Símbolo” de suplício e vergonha na antiguidade romana e pré-romana, a crucificação do Messias acrescenta mais palavras às mil palavras que a imagem da cruz diz, pois as condensa. Torna-se “redenção”, dizem. Com isso, permanece em si o que é: muda. Madonna e o marketing acrescentaram outras. Mas, cada caso é um caso e não se pode generalizar o que quer dizer “símbolo religioso” muito rapidamente. Como tal problema poderia sequer começar a ser formulado quando, por exemplo, se tem a estrela de Davi na própria bandeira? Acaso cogita-se transferir o Vaticano para fora de Roma? E as catedrais não são “símbolos religiosos” no “espaço público”? Camarada...convenhamos: comunismo não se reduz a marxismo, e muito menos a stalinismo. E não se pode evitar a tradição, muito menos apagar o passado. No máximo, faz-se história: recontamos o passado, e assim resignificamo-lo. Eis que continua a tagarelice. O estado é laico, diz-se. É uma ideia bacana. Mas, o

passado não. O problema real não é o que pode parecer opressor ou impositivo na presença de “símbolos religiosos” em “espaços públicos”. O problema real é a instrumentalização política e ideológica de mensagens essencialmente libertadoras, que alardeia asneiras em torno desses “símbolos”, que assim não significam nada a não ser a vontade de poder de pessoas e instituições que se arvoram os legítimos administradores das almas. Afinal, porque um devoto do Candomblé deveria se sentir ofendido com um crucifixo em uma escola? Ou porque um homossexual deveria se sentir oprimido pelo crucifixo em uma repartição pública? Se isso se justificasse, então todos, sem exceção - e especialmente os que se creem cristãos! - deveriam se sentir um lixo desprezível diante de um crucifixo, se este de fato contivesse em si a consumação da mensagem cristã, e não fosse simplesmente dois pauzinhos cruzados, um perpendicularmente ao outro. Esse é um falso problema. A cadeia é para o criminoso, e não para a arma do crime. Sou a favor, pois não gostaria de um mundo vazio e artificialmente desvinculado de suas raízes. Além disso, “símbolos religiosos” têm uma estética, uma tradição artística e um colorido que embelezam a cidade. Mas, sou contra porque a hipocrisia e o mau-caratismo constroem aí ferramentas razoavelmente poderosas de controle e opressão contra quem ainda não entendeu que não é nem no monte onde poços foram cavados por Jacó, e nem no templo em Jerusalém...

Rodrigo Zanata é psicólogo e professor


CIDADANIA & POLÍTICA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 17 a 19 de outubro de 2014

Da Redação

Vencer na política não é tudo: é a única coisa. Richard Nixon Ex- residente dos Estados Unidos da América

É pra levar a sério? A executiva nacional do PDT anunciou que expulsará os filiados ao partido que não estiverem engajados na campanha pela reeleição da presidenta Dilma. Em Valadares, mesmo minoritário no PDT, o grupo ligado ao ruralista André Merlo está na campanha de Aécio Cunha para a presidência. Por não serem de origem trabalhista, o partido pode ser para eles apenas um detalhe. Ou a cidade vai ser surpreendida com o grupo aderindo à campanha de Dilma Rousseff, como ordenou a executiva nacional?

Intermediação de mão de obra A empresa é nova, os métodos de recrutamento são arcaicos. Em tempos de internet e de relevância do papel do RH no recrutamento de pessoal, o ex-candidato a prefeito André Merlo distribui em toda a cidade a informação de que está fazendo o recrutamento de pessoas para serem empregadas no Atacadão. Pelo email assessoria.andremerlo@gmail.com podem ser enviados currículos para funções de empacotador, estoquista, repositor, caixa e diversas funções auxiliares. Depois, é claro, tem o tète a tète em uma casa da Avenida Brasil atrás do colégio Clóvis Salgado.

Sacudindo a Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

Panorama Brasil Reação dos católicos A propaganda aberta do padre Fábio de Mello, na TV Canção Nova, anti-petista e pró-Aécio, desencadeou uma série de manifestações de contribuintes daquela Rede. Entre elas: dadinhadaunesp@yahoo.com.br - Prezado padre, eu sempre gostei muito de suas músicas, de suas mensagens, e tinha uma grande simpatia pelo senhor! Mas, depois de ver sua foto com um político mineiro conhecido pelos seus costumes pouco recomendáveis (bebida e pó), fiquei desapontada. E não me venha dizer que é mentira o que dizem dele, porque as fotos na imprensa e as INÚMERAS infrações e autuações policiais no RIO me comprovam! Eu até acho que na condição de eleitor o senhor tem o direito de votar em quem quiser…mas fazer palanque ai na TV CANÇÃO NOVA ( um espaço mantido por doações de pessoas de TODAS as opções políticas) é demais! Como se não bastasse o padre José Augusto na Canção Nova em uma missa que celebrava, dizer com todas as letras que quem votasse no PT iria

Outra: “MEU DEUS? OS SENHORES PERDERAM O JUÍZO, SENHORES PADRES? Não ouviram a mensagem do Papa Francisco? Ou querem o povo desenhe para vocês que eles escolheram pelo voto o PT? Vocês tem que ir ao encontro do povo, de sua vontade e respeitem seu voto!!!! POLITIZE o povo, Pe. Fábio de Mello, mas não PARTIDARIZE!!! Não indique NOMES de candidatos, diga sim as QUALIDADES que deverão ter aqueles que a IGREJA quer e DEVE apoiar.!!!” Saíam dos palanques, parem de falar besteiras pelo amor de Deus!…Tem um povo precisando de padres, para conversar, escutem o Papa, vão ao encontro do povo mais sofrido…deixemos os políticos endinheirados , drogados e cachaceiros trabalharem com seus próprios meios se querem votos, e não USANDO uma Televisão Católica para isso, porque isso sim me envergonha como CATÓLICA que sou. Hoje ME declaro uma católica decepcionada com seu mau exemplo. MARIA DA PIEDADE P. SANTOS Guaratinguetá SP

Das 57 cidades do entorno de Governador Valadares, na regional da Campanha Dilma, coordenada pela prefeita Elisa Costa, a presidenta só não venceu em duas: Cuparaque e Engenheiro Caldas, mesmo assim, por pequena diferença. Estão no radar do segundo turno para completar a vitória de Dilma na região

Aécio Cunha

Vai pesar quando a população descobrir que o que foi anunciado como se fosse um Carrefour, de fato é um Atacadão, que empregará menos que uma loja qualquer de supermercados da cidade. Os que deram holofotes para o assunto, tanto a favor quanto contra, passarão pelo constrangimento de ter de se explicar.

A mente aguçada do vice-prefeito Ronaldo Perim o fez sair-se com esta: “Aécio é um caso raro de quem tem avô, mas não tem pai. Ele é o Aécio Cunha, antes de ser Neves.” Boa lembrança.

Edvaldo Soares, que estreou na política ao oferecer o seu nome para deputado estadual, teve em Valadares a maior votação de um candidato do PMDB local, considerando as eleições mais recentes. Deu um salto no patamar de desempenho do candidato anterior, Renato Fraga, e firma-se como alternativa de arejamento da vida partidária. A conferir se tomou gosto pela coisa. Parafraseando o emedebista Ulysses Guimarães, “a política é afrodisíaca”. Para alguns colegas de partido, em vez do bom desempenho ser saudado, virou motivo de preocupação.

para o Inferno (!!!!!!!) que absurdo a gente tem que ouvir na hora da missa!!!

Exceções

Day After

Upgrade no PMDB

Arquivo Pessoal

Sumiço Os relatórios do Tribunal de Contas do Estado de Minas, citados por Dilma no debate da Bandeirantes, para provar o “desvio” de mais de 7 bilhões de reais da Saúde entre 2006 e 2012, nos governos Aécio/Anastasia, simplesmente desapareceram do portal do TCE imediatamente. De pronto, o portal saiu do ar. Ao retornar, voltou sem a documentação, que no entanto, já havia sido fartamente copiada e divulgada na internet. O TCE alega que o portal saiu do ar por causa da quantidade imensa de tentativas de acesso aos documentos. A presidenta do Tribunal é Adriene Andrade, indicada por Aécio, mulher de Clésio Andrade, que foi o seu vice-governador.

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Mordaça Agora, todos os assuntos que a mídia nacional expõe sobre os governos tucanos em Minas e sobre a família Neves vários jornalistas mineiros comprovam que já tinham conhecimento e já haviam preparado matérias sobre eles em anos anteriores. No entanto, os jornais, as rádios e as tevês mineiras os impediram de divulgar. Assim, os mineiros são surpreendidos com outra imagem de Aécio e de seu grupo, com informações que poderiam ter sido digeridas sem a mordaça à imprensa local.

CHEGAMOS À MARCA DE 30 EDIÇÕES. ISSO NÃO É NADA, MAS É TUDO. É TUDO QUE A CIDADE PRECISA, PARA ESCREVER SUA HISTÓRIA COM UM NOVO OLHAR.

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CIDADANIA 4

FIGUEIRA - Fim de semana de 17 a 19 de outubro de 2014

EDUCAÇÃO SUPERIOR

Sem hospital, sem curso de Medicina Para Univale, indisponibilidade de leitos hospitalares em Governador Valadares emperrou o processo de implantação do seu curso de Medicina Leonardo Morais

Dilvo Rodrigues e Tim Filho/Repórteres É comum que as mantenedoras de universidades construam hospital próprio para conseguirem criar os seus cursos de Medicina. No entanto, desde o início da tramitação do projeto do Curso de Medicina da Univale, a Fundação Percival Farqhuar só fez contas de aproveitar os leitos de hospitais públicos e credenciados pelo SUS. A instalação do Campus da UFJF em Valadares, com o curso de Medicina, fez que todos os leitos públicos dos hospitais locais tenham sido aproveitados, não restando leitos para viabilizar o projeto da Univale. A discussão em especial, neste momento, é a da federalização do Hospital Municipal, com a sua transferência para a UFJF. A Universidade Vale do Rio Doce informou por meio de sua Assessoria de Comunicação, que concluiu todas as etapas exigidas pelo Ministério da Educação (MEC) para a implantação do curso de Medicina. As exigências do MEC foram atendidas em 2011, porém até este momento a Univale não conseguiu autorização para abrir a sua primeira turma. Ainda em 2011, uma comissão chegou a ir a Brasília reforçar a necessidade de autorização do curso em reunião com o então ministro da Educação Fernando Haddad, que disse que novos estudos seriam realizados para atestar a possibilidade de oferta de novas vagas e dar brevidade ao processo de abertura do curso da universidade valadarense. De acordo com a Universidade, o Instrumento de Avaliação do Curso de Medicina do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), que regulamenta a avaliação das condições iniciais para implantação de cursos em todo país, especifica uma cláusula imprescindível que impede momentaneamente a implantação do curso. O documento condiciona a previsão de cinco ou mais leitos na(s) unidade(s) hospitalar(es) própria(s) ou conveniada(s) para cada vaga prevista para o 1º ano do curso. Neste momento, todos os leitos disponíveis nas unidades hospitalares do município são suficientes para atender apenas ao curso de Medicina do Campus local da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, de acordo com parecer da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação – Seres.

COTIDIANO

O curso de Medicina funcionaria no Campus II da universidade, no bairro Universitário, cujas instalações e laboratórios foram bem avaliadas pelo MEC

Para o Dr. João Pozzato, que prestou consultoria à Fundação Percival Farqhuar para a implantação do curso, é difícil entender a situação. Segundo ele, a Univale poderia ter ofertado o curso um ano antes da chegada da UFJF. “Na época que prestei consultoria, foram avaliados o Hospital Samaritano, Hospital Municipal e o São Lucas como possíveis parceiros na disponibilidade de leitos. Isso atendia plenamente às exigências do MEC, tanto assim que a nota recebida no conceito Infraestrutura foi acima de quatro. A perda de leitos para a UFJF foi bem posterior à avaliação do MEC”, aponta Pozzato. Em 2009, a Univale e o Hospital Samaritano assinaram um convênio que qualificou aquela uni-

dade hospitalar como Hospital Escola. Em 2010, o Hospital São Lucas assinou com a universidade um convênio de cooperação técnico-cientifica que possibilitaria o desenvolvimento de programas, atividades e projetos na área de saúde. Disponibilidade de leitos A Univale disse aguardar a conclusão das obras do Hospital Regional e da Unidade de Pronto Atendimento do bairro Vila Isa para ter acesso ao número de leitos exigidos pelo o MEC. Porém, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou ao Figueira não existir até o momento parceria formal entre a SES e a Univale ou a FPF, sua mantenedora, não havendo, portanto, planejamento para o propósito do curso. Ainda

TOME NOTA

Das manifestações de 2013 ao realismo eleitoral

Dilvo Rodrigues/ Repórter Muita gente ficou com ódio dos resultados dessas eleições. Alguns ficaram com ódio porque o PT e a Dilma continuam firmes e fortes. Outros, já ficaram raivosos pelo fato do tucano Aécio Neves ter conseguido credenciais, votos para disputar o segundo turno. O fato é que o ódio esta no ar. Principalmente, nas redes sociais. Por outro lado, tem gente com medo de perder o benefício do Bolsa Família, alguns acreditam que certo candidato vai privatizar os bancos e o pré-sal. E tem gente que afirma ter medo da corrupção continuar “devorando” nossas estatais. Os investidores ficaram felizes com a ida de Aécio Neves ao segundo turno. A bolsa de valores subiu. Quem dera fosse assim, tudo subisse quando um tucano vencesse eleição. Ninguém iria sair do quarto. Porém período eleitoral não é muito propício ao amor. Que o diga o candidato Levy Fidélix, do PRTB, e seu posicionamento homofóbico durante o debate dos presidenciáveis na TV Record. Tem também os eleitores, supostamente são das regiões Sudeste e Sul, disseminando insultos preconceituosos contra nordestinos e nortistas. E olha que a gente tem aquela ideia que o povo do Sul é educado. Ouvi dizer que algumas pessoas chegaram ao ponto de dizer que Sul e Sudeste deveriam formar um país e o Nordeste deveria ser outra nação. Seria triste ter de pedir visto internacional para ir ali, a Porto Seguro, ver meus amados parentes. O mais terrível disso tudo é que em julho de 2013 todo o Brasil era uma unidade em torno de um sentimento de mudança. Em Curitiba as pessoas tinham o mesmo desejo dos que moravam em Maceió. Nas ruas de São Paulo os dizeres das faixas não eram muito diferentes do que pediam os manifestantes de Manaus. As caras pintadas, as máscaras, black blocks desafiando a polícia e destruindo patrimônio público e particular, isso tudo era muito igual país afora. Na ordem e na desordem, mas

segundo a SES, o hospital de Governador Valadares vai abranger 86 municípios das macrorregionais de Valadares e Coronel Fabriciano, região que conta com 1,5 milhões de habitantes. Serão 226 leitos, sendo 176 leitos de enfermaria; 40 de UTIs e 10 leitos semi-intensivos. A previsão de entrega é para novembro de 2015. A Prefeitura de Governador Valadares também afirmou que não nenhum convênio formal com a Univale ou a sua mantenedora para essa finalidade. Já a Universidade Federal declara ter convênio com a Prefeitura que garante a plena utilização das unidades de saúde e do Hospital Municipal para as atividades práticas do seu Curso de Medicina em Valadares.

Direitos humanos elege representantes

Catraca Livre

Jovens foram para as ruas e disseram estavam mudando o Brasil

foi um caso raro de ver esse país todo unido. Alguns meses se passaram e tudo voltou a ser como antes. A militância do PT do lado esquerdo da calçada e a do PSDB, do lado direito. As duas gritando os nomes dos seus candidatos e palavras de ordem, sacudindo bandeira, jogando panfletos nas ruas e emporcalhando a cidade. A polarização entre os dois partidos continua e teoricamente os votos foram para as mesmas pessoas de sempre. Tem hora que a gente se pergunta se aquele momento em 2013 foi mesmo real. Será que a gente não estava plugado em algum tipo de falsa realidade virtual, cada um de nós se sentido o próprio escolhido para salvar nossa amada Zion? Não sei. Só sei que esses tempos não são muito propícios ao amor.

Já começou (e vai até 5 de novembro) o credenciamento das entidades que quiserem participar da eleição de novos membros representantes da sociedade civil do Conselho Municipal de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (CMPDDH) para o mandato 2015-2017. O credenciamento pode ser feito das 12 às 18h, na Secretaria Executiva dos Conselhos, que fica no prédio da Secretaria de Assistência Social (SMAS), na rua Pedro Lessa, 286 – Lourdes. Podem participar entidades de defesa dos direitos humanos em regular funcionamento inscritas no Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) ou com pedido de inscrição em andamento e instituições de ensino superior de Governador Valadares. Cada entidade/instituição poderá indicar até dois candidatos e dois eleitores para participar da assembleiageral, no dia 7 de novembro, na qual serão eleitos os novos membros. A entidade que queira participar da eleição deverá protocolar na Secretaria Executiva os seguintes documentos: documento de registro nos órgãos competentes e, no caso de órgãos de defesa e proteção dos direitos humanos, cópia do estatuto, declaração de vínculo entre o candidato e/ou eleitor e a entidade assinada pelo responsável legal e ficha de inscrição preenchida. Anexa a resolução n° 1, que dispõe sobre a regulamentação do processo de eleição dos membros da sociedade civil para composição do CMPDDH. Eleição A eleição acontecerá durante assembleia-geral marcada para o dia 7 de novembro, das 15 às 17h30, na Secretaria Executiva dos Conselhos, prédio da SMAS. São oito vagas de conselheiros não governamentais titulares e oito suplentes, sendo dez deles representantes de instituições de defesa dos direitos humanos e seis representantes das instituições de ensino superior.


POLÍTICA 5

FIGUEIRA - Fim de semana de 17 a 19 de outubro de 2014

Notícias do Poder

Turista vigiado

José Marcelo / De Brasília

Moreira Mariz / Agência Senado

Rombo A sonegação fiscal e as fraudes cometidas por empresas e escritórios de contabilidade causam um rombo anual de mais de R$ 400 bilhões nos caixas do governo. O problema acontece porque faltam auditores tributários e fiscais para combater a situação. Um levantamento da Associação Nacional dos Auditores Fiscais (Anfip) aponta a necessidade de mais de 20 mil trabalhadores na função. Pouco mais de 11 mil estão em atividade. Como muitos estão na função há muitos anos, a cada 12 meses cerca de 500 se aposentam, e a situação não vai mudar tão cedo.

Ofensiva A Receita Federal prepara uma ofensiva às empresas de todo porte, para evitar fraudes e aumentar a arrecadação. Trata-se de um sistema online que será lançado até 2016. Nele, a empresa terá de informar, mês a mês, a quantidade de funcionários que tem, os dados de cada trabalhador, o comprovante de recolhimento de encargos trabalhistas, o faturamento mensal da empresa e todo tipo de dado que hoje está pulverizado em vários sistemas do governo. ei de pesquisas eleitorais, ganha cada vez mais apoio no Senado a PEC 57, que proíbe a divulgação delas a menos de 15 dias das eleições. A proposta é o senador Luiz Henrique (PMDB-SC). Ele acredita que as pesquisas tendem a influenciar negativamente os eleitores indecisos e aqueles que ainda votam em quem está à frente, por não querer “perder o voto”. Com isso, segundo o parlamentar, a democracia sai perdendo. Há quem defenda a divulgação em qualquer tempo da disputa.

Ofensiva 2 Porque não muda A situação vai permanecer exatamente a mesma, sem fiscais e auditores em quantidade suficiente, porque o governo se recusa a atender ao apelo por novos concursos. O mais recente abriu apenas 278 vagas e os aprovados estão sendo chamados, mas representam pouco mais da metade dos que vão se afastar esse ano. A falta de fiscais em todos os setores das esferas de governo é problema crônico. A presidente da Anfip, Margarida Lopes de Araújo, concordou que para ser apanhado fazendo coisa errada, o empresário tem de ter uma certa dose de má sorte.

João Bosco

A ciência, a religião e a liberdade A humanidade é repleta de ideias. Opiniões distintas caminham lado a lado, ora com tranquilidade, ora com conflitos impetuosos. Certo é que a liberdade de cada um ou de cada grupo depende e dependerá da capacidade dos envolvidos de aceitarem a diversidade com a certeza de que só assim poderão garantir a própria autonomia de princípios. Há uma certeza rondando a muitos, de que estão certos em suas ideologias e doutrinas. Essa certeza permeia, preferencialmente, o universo acadêmico e religioso, mas qualquer um está sujeito a ela. Um grupo guarda, em sua doutrina, um dia da semana ou do ano, outro guarda outro dia, e ainda outro, não guarda nenhum. Com quem está a verdade, a certeza? Um grupo acredita na trindade, como Deus, outro não. Onde está a verdade, a certeza?

O discurso do governo é o de dar segurança aos trabalhadores. É que muitas vezes a empresa retém contribuições do funcionário e, além de não pagar a parte dela, deixa de depositar o que descontou na folha de pagamento. Muitas vezes, esse profissional descobre que há um rombo na conta, quando não há mais o que fazer. Na prática, o que o governo vai fazer é lançar um sistema de monitoramento permanente para evitar calotes e ter mais controle da arrecadação. Com isso, também ficará mais fácil acompanhar a atividade ou o fechamento de uma empresa e até reaver dinheiro de fraudes. É um pente fino.

Por falar em Receita Federal, a instituição lança, já em 2015, um outro sistema de controle. O alvo desta vez são os turistas brasileiros que chegam com malas abarrotadas de mercadoria que compra nas viagens internacionais. O sistema vai acompanhar a movimentação do turista pelos países, por meio de uma espécie de rastreamento, e ficará mais fácil saber quem chamar para a alfândega, na hora do desembarque. Atualmente, a Receita usa a amostragem aleatória, que nem sempre dá resultado, visto que nem todo mundo parado estourou a cota de isenção. O mapeamento dará um alvo mais acertado.

Tensão na Rede Há, entre os membros da Rede Sustentabilidade, um clima de tensão a respeito do significado do apoio da ex-ministra e idealizadora do partido, Marina Silva, à campanha do tucano Aécio Neves. Um dos mais engajados na criação da legenda disse que um grupo de intelectuais da legenda teme que a postura possa arranhar a imagem da sigla, ao apoiar uma candidatura “neoliberal”. Outro temor é o de comprometer a imagem de Marina. É que ao deixar o PT ela filiou-se ao Partido Verde, saiu para tentar criar a Rede e só foi para o PSB porque precisava de uma sigla para disputar o Palácio do Planalto, e agora apoia o PSDB.

Justiça mais lenta É de rebelião a postura de um grupo de juízes federais que não gostaram do veto da presidente Dilma que brecou a criação de um benefício para eles. A medida criava um acréscimo no salário por acúmulo de função, que seria pago aos titulares que não têm um juiz auxiliar. Sem o benefício, eles estão fazendo uma espécie de operação padrão, ou seja, mantendo ritmo normal, sem tentar acelerar absolutamente nada.

Para uns o inferno é o fogo, para outros é o fim. Para alguns, Deus não existe e os anjos são astronautas do passado, em visita à terra. Um tem certeza que conversa com mortos outro tem certeza que não é possível. Um tem certeza de falar com anjos, outro tem certeza que a imaginação está trabalhando mais. Alguns acreditam que você é o que é porque nasceu onde nasceu, se tivesse nascido em outro lugar acreditaria nas coisas daquele lugar. Em Buda, talvez. A ciência também não fica de fora com seus ensinamentos. Um dia você deve correr para manter a saúde, depois descobre que o melhor é andar, depois descobre que, se quiser correr não há problema. Onde está a verdade, a certeza? Comer ovo não podia, muitos morreram sem saber que deveriam ter comido, porque agora pode. Comer de três em três horas, não comer à tarde, comer carne, não comer carne, tomar suplementos, não tomar suplementos. Para alguns, o evolucionismo; para outros, o criacionismo; e, para confortar gregos e troianos, o evolucionismo criacionista. Foi uma ameba que começou tudo isso ou foi um ato da Criação? E antes da primeira ameba? Alguns transferem o problema para outra estratosfera: a vida veio do espaço. Jeito fácil de resolver problemas de bioquímica.

José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.

Não tenho certeza de quase nada, mas exponho mais uma ideia no emaranhado de ideias que compõem nosso universo terráqueo: o direito fundamental à liberdade de pensamentos e ideias. Quando um grupo ou pessoa cerceia a liberdade de alguém ele está mais próximo de perder a própria liberdade. A discriminação é o principio da tirania. Quem acredita em algo pode continuar se alimentando dessa ideia, mas não deve impedir que as minorias ou maiorias se alimentem de sua cultura e de sua história. A democracia é a ditadura da maioria? Estamos numa época em que a certeza acaba e a ficção se realiza. A terra já não é mais uma tábua, um pedaço da terra já está em Marte, a lua está depois da curva da esquina. O comunicador do Spock, com o qual falava com a Enterprise, agora é presente de aniversário quando se faz oito anos. Não importa em que se acredita, desde que se respeite o direito do outro de acreditar naquilo que quer. Se o Céu vai mostrar a verdade ou se a Ciência a demonstrará um dia, importa que até lá, se esse lá chegar, vivamos em paz. A certeza que tenho é aquela que vejo: quem tira a liberdade do outro entrega para alguém a chave de sua própria prisão. É só uma questão de tempo. João Bosco Pereira Alves é graduado em Letras, dirige o Polo da Universidade Aberta do Brasil – UAB em Valadares.

SAÚDE

Vistorias para elaboração do 3º LIRAa de 2014 começam nesta segunda-feira De segunda (20) até sexta-feira (24), cerca de 90 agentes de endemias realizarão vistorias em aproximadamente 5.000 imóveis para elaboração do 3º Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) deste ano. O objetivo do LIRAa é identificar as áreas com maior ocorrência de focos e infestação do mosquito em Governador Valadares para adotar ações que evitem o aumento dos casos de dengue. A previsão é de que o resultado seja divulgado até o dia 3 de novembro. Além de procurar focos, os agentes orientam sobre soluções simples de combate, como depositar areia na borda dos pratos de vasos de plantas, colocar tela ou jogar água quente uma vez por semana nos ralos, dentre outros. O segundo Levantamento de

Índice Rápido por Infestação de Aedes aegypti (LIRAa), divulgado em abril pela Secretaria Municipal de Saúde apontou um índice de 7% dos imóveis com foco do mosquito – maior que o primeiro, feito em janeiro, de 6,7%. O índice registra que, como nos anos anteriores, a maior incidência de focos está nos ralos (43,4%), seguida pelos pratos de vasos de plantas (23%), focos de lixo e tina/tonéis/tambores. Os bairros que apresentaram maior índice também não são mais os mesmos do levantamento anterior. Desta vez, a incidência de focos foi encontrada em maior número no São Paulo, Santa Terezinha, Ilha dos Araújos e São Tarcísio (9,4%). E ainda: Vila Bretas, Vila Mariana, Acampamento da Vale, Nossa Senhora de Lourdes e São Geraldo, com 9% dos imóveis com focos.

Já a região dos bairros Santa Helena, Esperança, Morro do Carapina, Vale Verde, Querosene e Monte Carmelo apresentou menor índice (4,5% dos imóveis com foco), também diferentemente do último LIRAa. Em seguida, vêm os bairros Vila Rica, Distrito Industrial, Penha, JK, São Cristóvão, Novo Horizonte, Vale Pastoril, Caravelas, Castanheiras, Tiradentes, Vila União e Figueira do Rio Doce (com 5%). Notificações -Até 11 de outubro de 2014, foram feitas 1.059 notificações de casos da doença em residentes de Governador Valadares. Durante todo o ano de 2013, foram registradas 4.731 notificações (residentes) na cidade. Em ambos os anos não houve registro de mortes em função da doença no Município.


MEIO AMBIENTE

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FIGUEIRA - Fim de semana de 17 a 19 de outubro de 2014 Arquivo Pessoal

Virgínia em meio às crianças do Projeto Coopesporte Bolinha Cidadã, que ela desenvolve em parceria com o Aeté Clube e com uma instituição financeira da cidade. É o tênis formando cidadãos

Tricampeã, Virgínia Drummond inicia crianças na prática do tênis Gina Pagu / Repórter Em setembro, a tenista Virgínia Drumond se consagrou tricampeã nos Jogos Nacionais do SESI na categoria maior de 45 anos. A competição ocorreu no Pará: “Foi maravilhoso e ao mesmo tempo difícil vencer jogando em Belém. Lá, o calor é forte e a umidade é muito alta. Eu não estava no meu melhor momento, e quando o jogo terminou em um segundo set difícil com resultado 7/5, eu desmontei no chão de alívio e cansaço, mas com imensa alegria de dever cumprido.” A tenista fala das dificuldades de vencer e manter um título tão importante como o do Campeonato Brasileiro. “O tênis é um esporte de excelência emocional. É difícil vencer todos os jogos e ser campeã. São muitas e fortes emoções que vivo isso intensamente como esportista. Claro que quando conquistei o primeiro titulo de campeã brasileira foi emocionante. Mas, é extremamente difícil permanecer com o título. Existe a responsabilidade e a carga que vêm junto com a premiação.” Drumond pratica tênis há mais de 20 anos, e diz que esse esporte é como uma ideologia de vida. Reconhece que em alguns momentos é preciso tirar proveito até mesmo das derrotas. “O tênis representa vida para mim. Está presente no trabalho e em minhas conquistas pessoais. É uma grande emoção conhecer o Brasil fazendo o que amo e ainda trazendo títulos para casa. Nos três últimos anos, ganhei todos os torneios que disputei, salvo o último recente agora no final de setembro.

Joguei com atletas com pontos no Ranking da Associação de Tenistas Profissionais, de 17 e 27 anos. E apesar da derrota em quadra, serviu de vitória e conhecimento para o meu trabalho e futuras conquistas.” A atleta é de Manhumirim, Minas Gerais, veio morar em Valadares ainda criança, com nove anos. Entrou no curso de Educação Física, na Universidade Federal de Viçosa com 17 anos, e aos 19 já sabia qual seria o esporte que a direcionaria para uma carreira de sucesso. “Comecei a praticar o tênis na UFV, aos 19 anos, foi lá que conheci o esporte e onde participei do primeiro torneio, sendo vice-campeã naquele ano. Cheguei a trabalhar com natação, mas o tênis me ganhou e não como explicar isso. Ele chegou e ficou em minha vida.” Projeto Social Além de campeã no esporte, a professora Virgínia é vencedora na luta pela igualdade social no esporte. Ela desenvolve o Projeto Coopesporte Bolinha Cidadã, parceria do Aeté Clube e do Sicoob. “Nosso objetivo é a inclusão social e a formação de cidadãos. Queremos dar oportunidade a crianças que não poderiam pagar a prática o tênis. Isso democratiza esse esporte tido como caro, e tira a criançada das ruas, das drogas e da violência.” Esse projeto tem história, a professora explica que a inspiração veio de um menino que era gandula. “O Bruno era meu ajudante, e as poucos se tornou aluno, começou com 12 anos, e ele me motivou

a criar o projeto que me levou a ensinar gratuitamente a 20 crianças da região do Vila Isa.” A vida do Bruno de lá pra cá mudou, hoje ele já tem 23 anos e se formou em Direito. Virgínia se orgulha: “No meio do ano agora, o Bruno se formou em Direto e já está com a carteira da OAB. Ele foi minha inspiração. Por causa da mudança que o esporte trouxe para a vida dele comecei a ensinar gratuitamente.” Drumond conta que luta pela conquista pessoal de cada aluno. “Eu amo o que faço: ensinar as pessoas não importando a idade. Na verdade, olho os meus alunos como um todo, mas respeito as individualidades e as limitações de cada um. Gosto de ensinar, sou exigente, mas vibro com cada vitória deles, como por exemplo quando um aluno conquista um movimento motor novo, e o aperfeiçoa. Desejo que através do esporte eles conquistem não só a saúde física, mas o equilíbrio emocional e a capacidade cardiorrespiratória dadas pela emoção que o esporte nos proporciona.” A tenista explica que o projeto esbarra na evasão e deixa um pedido: “Uma nova turma de tenistas mirins começou no final de 2013, crianças a partir de seis anos têm aulas de tênis gratuitamente. O trabalho tem caminhado bem, e nosso objetivo principal é solidificar o esporte na vida dessas crianças. Mas, ainda assim precisamos de ajuda, para fazer um trabalho interdisciplinar, unindo o pedagógico, o esporte e a psicologia para auxiliar ainda mais essas crianças. E se outros profissionais dessa área puderem nos ajudar, basta nos procurar aqui no Clube.” Arquivo Pessoal

Dois momentos da grande tricampeã Virginia Drummond na competição do SESI que a consagrou. Disciplina, garra, vontade e muito amor ao tênis são as marcas desta atleta genial


MEIO AMBIENTE

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FIGUEIRA - Fim de semana de 17 a 19 de outubro de 2014

O quanto custa transportar o lixo? Gina Pagu

O Governo do Estado, que por seu MP interditou o Aterro, não desenvolveu nenhum programa nem aportou nenhum recurso para a solução do problema em Valadares e nas cidades do interior. A medida também tem sido aplicada de modo seletivo. Em Teófilo Otoni, a 130 quilômetros de Valadares, o lixão continuou a ser utilizado, sem interdições e sem impedimentos. Gina Pagu / Repórter Governador Valadares está na metade dos municípios brasileiros que ainda vive o drama da falta de solução para a destinação do lixo. Impedido pelo Ministério Público Estadual de continuar a usar o Aterro Controlado do bairro Turmalina, enquanto buscava licenciamento ambiental para terreno adequado à construção de um Aterro Sanitário, o Município teve de assumir a despesa de mais 700 mil reais por mês para o manejo, o transbordo e o transporte de 170 toneladas de resíduos sólidos produzidas por dia em toda a cidade. Todo esse lixo viaja cem quilômetros por dia até o Aterro Sanitário da região de Ipatinga, em Santana do Paraíso. Desde 2012 tem sido assim. O Governo do Estado, que por seu MP interditou o Aterro, não desenvolveu nenhum programa nem aportou nenhum recurso para a solução do problema em Valadares e nas cidades do interior. A medida também tem sido aplicada de modo seletivo. Em Teófilo Otoni, a 130 quilômetros de Valadares, o lixão continuou a ser utilizado, sem interdições e sem impedimentos. Segundo o secretário adjunto de Serviços Urbanos, Cezar Coelho, o processo licitatório para concessão com vistas à construção de um aterro sanitário é moroso, de modo a atender aos critérios da Lei 12.305 de 2010, dos Resíduos Sólidos. Ele explica que “O processo segue os seguintes passos: os caminhões coletam o lixo das ruas e casas de Valadares, em seguida tudo é levado para o depósito no Bairro Turmalina. Mensalmente, são enviadas em média quatro carretas carregadas com cinco mil toneladas de lixo para o aterro de Santana do Paraíso. Esse é um procedimento seguro e correto, feito também por municípios como Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Naque, que também pagam pelos serviços daquele aterro.” A bióloga Darliane Nadine reitera a atitude da Prefeitura. “Se a cidade não possui aterro sanitário é indicado que ela procure uma região próxima para descartar os resíduos de forma responsável.” Mas, pondera sobre o que seria o ideal para o município. “Não deveria haver ainda um lixão, o ideal seria o lixo ser levado diretamente para o aterro sanitário, onde o terreno é preparado com a impermeabilização do solo e o selamento da base com argila e mantas de PVC. Com esse processo, o lençol freático e o solo não são contaminados pelo chorume, pois o sistema de drenagem evita o vazamento desse material líquido para o solo.” Nadine explica que os lixões prejudicam o meio ambiente e por consequência a saúde das pessoas. “A grande quantidade de chorume produzida nos lixões pode contaminar águas de lençóis freáticos, rios e lagos próximos ao local. Além da liberação de gases (principalmente metano CH4) que, além de malcheirosos, contribuem para o aumento do efeito estufa. Também há o problema da proliferação de animais que podem transmitir doenças, como ratos, moscas, baratas, pombos e mosquitos.”

Diariamente 170 toneladas de lixo são coletadas em Valadares, mas o morador desconhece o custo do transporte e da destinação

Lixão ou aterro? Lixões são depósitos onde são acumulados todo tipo de lixo, vindos de residências, hospitais, indústrias e feiras. Nos lixões tudo é amontoado a céu aberto e não existe nenhum tratamento de resíduos ou critério sanitário nesses locais, o que gera a proliferação de doenças e a contaminação do meio ambiente. A bióloga explica que a presença de pessoas trabalhando nesses locais é o grande chamativo para doenças. “Dengue, febre amarela, febre tifoide, cólera, disenteria, leptospirose, malária, esquistossomose, giardíase, peste bubônica, tétano e hepatite A são algumas das doenças que podem aparecer depois do contato sem proteção nesses locais. Crianças e idosos são os que têm mais probabilidade de adquirir uma dessas mazelas.” Já os aterros sanitários, a medida correta para as cidades, são locais onde o lixo é depositado e o solo recebe cobertura e tratamento, o que dificulta o acesso de agentes vetores de doenças, bloqueando a proliferação de determinadas bactérias. A construção desses aterros é orientada por normas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT), e exigem manutenção frequente. O secretário afirma que em Valadares será construído um Complexo de Resíduos Sólidos. “Teremos o tratamento adequado do lixo a partir da construção desse Complexo, onde haverá setores separados de compostagem, entulho e demais tipos de lixo.” Taxa de lixo Ainda segundo Coelho a Taxa de Coleta e Resíduos Sólidos (TRS) – a taxa de lixo, que é cobrada pela Prefeitura, é uma das financiadoras do custeio de transporte e transbordo do lixo para Santana do Paraíso. “Essa taxa é para fazer a manutenção dos gastos com coleta do lixo da cidade, e também ajuda a financiar as despesas com o aterro para onde levamos os nossos resíduos. Mas, a taxa cobre apenas um quarto da despesa total com o lixo – que inclui da coleta à destinação. E o município tem de lançar mão de seus outros tributos para custear o restante. Trabalhamos para que até o final de 2015 o aterro em Valadares esteja pronto. Isso permitirá que os custos diminuam ao menos pela metade,” finaliza.

Dio Freitas/Secom

Regularização fundiária beneficia mais de 3 mil Mais de três mil moradores do centro da cidade e do bairro Santa Terezinha poderão, agora, requerer a legalização de seus imóveis por meio do Programa Municipal de Regularização Fundiária. O anúncio foi feito na terça-feira (14) pela prefeita Elisa Costa, que destacou ser a legalização de terrenos e imóveis um fato histórico para a cidade. “Isto significa segurança definitiva para as famílias que hoje não possuem a escritura de seus imóveis e terrenos”, disse, ao recordar, na história de Valadares, que a organização dos bairros se estabeleceu por meio de doações, mas sem a regularização de áreas e imóveis por parte das administrações municipais anteriores; e ressaltou o cuidado atual do Poder Público Municipal em garantir a legalização dos novos loteamentos da cidade, incluindo os que resultam do programa Minha Casa, Minha Vida, já no seu surgimento. O secretário municipal de planejamento Wellington Azevedo informou que a regularização fundiária tem sido prioridade do governo municipal desde 2009, já tendo beneficiado centenas de famílias. “Com a regularização fundiária temos conseguido oferecer o que é direito de cada família: a posse e a escritura. Estamos trabalhando para, até o final deste governo, atender o maior número de pessoas”, disse.


GERAL

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FIGUEIRA - Fim de semana de 17 a 19 de outubro de 2014

BRAVA GENTE

VINÍCIUS CABRAL

Ombudsman

Arquivo Pessoal

José Carlos Aragão

Antes dos fatos O deadline (prazo final de entrega, no jargão jornalístico e publicitário) desta coluna é às terças-feiras, até oito da noite. Em tese, como escrevo sobre o próprio umbigo – ou seja: sobre o próprio jornal em que escrevo – o prazo até que é bem razoável. Não se deve esquecer que a coluna versa, especialmente, sobre a edição imediatamente anterior a esta que você, leitor, tem agora diante dos olhos. Funciona. Mas acaba me privando de ser tão rápido e imediato como eu gostaria; de poder escrever no calor da notícia, quando o fato ainda está em curso (ô, inveja do repórter de rádio, nessas horas...), podendo acompanhar o desenrolar dos acontecimentos na condição de “testemunha ocular da História” – como rezava o famoso slogan do antigo Repórter Esso. É claro que esse imediatismo já é, de certa forma, realidade cotidiana, depois do advento da internet e das redes sociais. Ainda que, é claro, nem tudo que se filma, fotografa e posta em uma rede é notícia, ou tem a mínima relevância em nossas vidas, ou ainda, venderia um único jornal na banca. Toda essa peroração preambular é porque estou escrevendo minha coluna em plena terça-feira, 14, horas antes de um fato que pode ser determinante para a História futura desse país: o primeiro debate entre os candidatos à presidência que chegaram ao segundo turno. O sentimento de frustração, por não ter como comentar, aqui, um fato que ainda não ocorreu. Mais que minha expectativa pelo debate em si, interessa-me a cobertura que a mídia dará a ele. Em particular, que destaque o Figueira dará – ou não! – ao que ainda não houve, mas que estará, inevitavelmente, nas manchetes dos diários de amanhã e nos portais de notícias ainda hoje. Mas, não é apenas o debate e sua análise crítica ou as infindáveis e insensatas discussões posteriores sobre quem venceu e quem perdeu que podem vir a ser destaque nesta edição do Figueira. Independentemente do debate, a campanha eleitoral está quente (eu diria até que, ultimamente, está impactando o próprio clima, nessa tórrida primavera que estamos enfrentando!). Os ataques pessoais, as aleivosias recíprocas e as antes impensáveis alianças de água e óleo estão a fornecer farto material para as páginas virtuais ou físicas dos jornais de todo o país. E as discrepâncias dos resultados das últimas pesquisas eleitorais, com diferenças que andaram oscilando, na última semana, de -2 a +17 pontos entre os dois candidatos também merecem uma análise mais acurada que a mídia pode – e deve - fazer. E eu aqui, refém do dilema de fazer conjecturas sobre os fatos antes que eles aconteçam ou esperar para ver como esses fatos serão relatados pela mídia – e ainda tendo que direcionar o meu olhar não para os fatos em si, mas em como eles são levados ao conhecimento de todos. Bom, mas... Semana passada, o Figueira abriu uma página inteira para relatos de seus repórteres e colaboradores sobre como foi, para cada um, a eleição em primeiro turno. Tim Filho destacou um tema tristemente recorrente em períodos eleitorais: a poluição das ruas causada por santinhos de candidatos, espalhados no chão nas proximidades das seções eleitorais. (É malhar em ferro frio, a gente sabe, porque vem eleição, vai eleição e a cena se repete.) Natália Carvalho fez um divertido relato de como filhos tentaram sabotar o voto de uma mãe eleitora alterando a sua “colinha” com os números dos candidatos em quem pretendia votar. E Gina Pagu revelou a insatisfação de empresários valadarenses com a eleição de uma “menina deputada”, que surpreendeu muita gente. (Faltou dar o nome da “menina”, que as restrições que a lei eleitoral impõe à divulgação de candidatos durante o período de campanha já não de aplicam mais ao caso.) Os diferentes relatos pessoais foram uma boa e oportuna “arejada” na cobertura das eleições, feita pelo Figueira. Mas... nada que alivie ou redima a equivocada concordância verbal no subtítulo da manchete: “Repórteres do Figueira contam como foi (sic) os bastidores...” José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com

Vinte anos atrás, Vinícius Cabral já vislumbrava o admirável mundo novo das comunicações que se tornaria realidade hoje

Vinícius Cabral, o pai da Internet em GV Natália Carvalho / Repórter Há 20 anos todos ouviam falar sobre a inovação tecnológica que era a internet, mas poucos realmente tinham acesso a ela. Hoje, a internet está em todos os lugares. Mas, quem trouxe essa tecnologia para Governador Valadares foi um jovem e inovador empresário daquela época, Vinícius Freire Cabral. Nascido e criado em Governador Valadares, Vinícius trabalhava na Bis Internet, uma empresa de Belo Horizonte. No entanto, ele queria essa tecnologia em sua cidade natal. Vinícius, então, se juntou aos amigos Wellington, Kleber e Eustáquio, e juntos eles fundaram a WKVE Internet. A empresa foi pioneira no fornecimento do serviço no Vales do Rio Doce, Vale do Aço, Mucuri e Zona da Mata, uma ampla região de Minas Gerais. “Naquela época, era algo absolutamente inovador, pois a Internet ainda era incipiente, sendo utilizada somente nos países mais desenvolvidos. Foi um grande avanço tecnológico para Governador Valadares e região”, conta Vinícius. Na sua inauguração em 1995, a WKVE Internet colocava à disposição dos usuários 64 Kbytes, uma velocidade bem diferente da qual estamos acostumados hoje, mas que era algo revolucionário para a época. Em pouco tempo, a empresa foi se adequando às novas tecnolo-

gias, fazendo primeiramente um upgrade para 128 Kbytes, e mais tarde, para 2 Megabytes. Além da Internet, a WKVE também oferecia aos seus clientes os serviços de criação e hospedagem de sites, de suporte à configuração de computadores pessoais e pequenas consultorias. Vinícius e seus sócios ainda davam palestras em empresas e escolas com o intuito de esclarecer para a sociedade o que era essa nova tecnologia, e quais as possibilidades deste novo mercado. Vinícius foi um visionário para a época. Hoje, ele pode ser considerado o pai da Internet em Valadares. “Naquele momento, enxergávamos o que seria a aproximação dos países e dos mercados a partir das conexões informatizadas. Já falávamos que muito em breve estaríamos conversando com pessoas do outro lado do planeta, vendo-as em nossas telas de computador. Prevíamos ainda a possibilidade de integração dos telefones celulares - que estavam chegando também naquele momento - com os computadores e o “backbone” (espécie de espinha dorsal da internet)”, conta. Atualmente, Vinícius não trabalha diretamente com a Internet, mas colhe frutos da sua experiência de 20 anos atrás. Hoje ele é pesquisador, palestrante, professor e bancário. “Sinto orgulho de participar de uma pequena parte da história de Governador Valadares. Talvez tenha sido essa a minha contribuição para a cidade”, finaliza.

Kiém Erehé

Geilson Batista / Da Aldeia Krenak

Terça-feira, 07/10/2014 - data em que uma emissora de TV brasileira exibiu programa em que repórteres fizeram contato com índios considerados isolados. O ocorrido foi entre o Peru e o Brasil, precisamente nos limites entre Peru e o estado do Acre. Entre junho e julho deste ano, os meios de comunicação também haviam publicado matéria que mencionou contato com índios considerados isolados. Funcionários da FUNAI e pesquisadores observaram na ocasião que, após o contato, os índios contatados contraíram gripe. Outro fato observado e que chamou a atenção, foi com relação ao comportamento indígena. Iam regularmente até os acampamentos dos não índios e sorrateiramente pegavam facões, espingardas, facas e machados. Não se sabe para que, possivelmente para se defenderem de supostos ataques internos ou talvez, há quem saiba?, defenderem-se do mundo exterior. Afinal, a região está sendo invadida por garimpeiros, seringueiros, madeireiros e latifundiários. Em estudos realizados sobre o assunto, comprovou-se que 70% destes índios contatados morrem nos primeiros três anos de convívio com a sociedade “civilizada”, o que caracteriza um verdadeiro genocídio. A Lei 6.001 de 1973 em seu artigo Art. 6º diz que: “Serão respeitados os usos, costumes e tradições das comunidades indígenas e seus efeitos, nas relações de família, na ordem de sucessão, no regime de propriedade e nos atos ou negócios realizados entre índios, salvo se optarem pela aplicação do direito comum”. É lamentável ver pessoas tão interessadas em contatar os índios isolados da região Amazônica, também é lamentável ver outra vez a invasão na privacidade da vida indígena, mesmo que por livre vontade preferem não ter relação com a sociedade “civilizada”. Penso que, deveria ser uma questão de escolha, opção, vontade própria, ou na medida do possível acontecer de forma natural, por acaso, e não conforme tem sido observado: ir espetacularmente atrás do índio “selvagem”, fazer os primeiros contatos, descobrir algo novo e diferente. A história se repete e o genocí-

dio etnocêntrico invade mais uma vez a vida indígena. A sociedade e o mundo da tecnologia pós-moderna não aceitam seres humanos vivendo em estado de “selvageria”: ou juntem-se a nós ou serão dizimados. Mas, afinal, quem são, como se organizam e se constituem os povos indígenas do Brasil? De acordo com o Censo de 2010, 896 mil pessoas declaram-se ou se consideram indígenas no Brasil e 517 mil delas moram em Terras Indígenas. Atualmente, existem 462 terras indígenas regularizadas no país. No Estado de Minas Gerais há atualmente doze etnias indígenas com uma população de aproximadamente 11.000 pessoas: Maxakali, Xakriabá, Krenak, Aranã, Mukuriñ, Pataxó, Pataxó hã-hã-hãe, CatuAwá-Arachás, Caxixó, Puris, Xukuru-Kariri e Pankararu, todas pertencentes ao tronco lingüístico Macro-Jê. De acordo com a Lei 6.001 de 1973, artigo Art 4º, os povos indígenas são considerados: I - Isolados - Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e vagos informes através de contatos eventuais com elementos da comunhão nacional; II - Em vias de integração - Quando, em contato intermitente ou permanente com grupos estranhos, conservam menor ou maior parte das condições de sua vida nativa, mas aceitam algumas práticas e modos de existência comuns aos demais setores da comunhão nacional, da qual vão necessitando cada vez mais para o próprio sustento; III - Integrados - Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da sua cultura. É considerada terra indígena uma porção do território nacional, de propriedade da União, habitada por um ou mais povos indígenas, por ele(s) utilizada para suas atividades produtivas, imprescindível à

preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e necessária à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. Trata-se de um tipo específico de posse, de natureza originária e coletiva, que não se confunde com o conceito civilista de propriedade privada. Na grande maioria das vezes, quando se toca no assunto, é feita uma relação entre índios, natureza e meio ambiente. Quero então aproveitar a deixa para rediscutir e relembrar importância da floresta amazônica e os atuais problemas ambientais em nossa região. Apesar da diversidade natural amazônica o desmatamento é preocupante. Dados comprovam que o desmatamento na Amazônia caiu 19% no período de agosto de 2013 a janeiro de 2014 em comparação a agosto de 2012 a janeiro de 2013. Mesmo assim, foram desmatados 1.162,5 km², os dados são preocupantes. À medida em que o desmatamento avança, todo o país sofre com os danos à agressão ambiental. A região Sudeste, por exemplo, tem sofrido com a degradação ambiental, só para se ter ideia, estamos sofrendo com a falta de água, morte de rebanhos na zona rural, escassez de alimentos, o que tem trazido sérios comprometimentos à sociedade local. Aqui no Vale do Rio Doce a situação é preocupante, o Rio Doce sofre uma das piores secas nos últimos 70 anos. Noticiários já indicam todos os municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Doce com risco de desabastecimento. Ainda, os meses de junho a agosto de 2014 foram os mais quentes já registrados. Não bastam campanhas para economia de água, precisamos nos conscientizamos em prol da vida, e a vida depende do equilíbrio natural.

Geilson Batista Santana é cientista social, índio Krenak.


COMPORTAMENTO

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FIGUEIRA - Fim de semana de 17 a 19 de outubro de 2014

Calistenia

Ginástica feita com o próprio corpo conquista adeptos em Valadares Arquivo Pessoal

Calistenia é a junção de duas palavras gregas kallos, que significa belo, e sthenos, que quer dizer força. A modalidade mescla exercícios de barra e flexão de braço e abdominais. Gina Pagu /Repórter

Calistenia é o esporte que usa o peso do próprio corpo como instrumento para os exercícios. O termo vem da junção de duas palavras gregas kallos, que significa belo, e sthenos, que quer dizer força. A modalidade mescla exercícios de barra e flexão de braço e abdominais. Esse tipo de ginástica migrou da ginástica moderna, surgindo nas academias do Brasil na década de 60, e após 50 anos ressurge em uma versão radical. Gera a cada vez mais adeptos, por ser praticada de forma gratuita, em praias, praças e academias ao ar livre. E em Valadares o cenário da Avenida Rio Doce, da Ilha dos Araújos, vem mudando o visual com os praticantes desse esporte. Willian Chambella, atleta e um dos fundadores do grupo de Calistenia em Valadares explica como tudo começou. “O grupo é novo, começamos há sete meses. Mas o número de praticantes está crescendo muito rapidamente. Hoje, são 70 pessoas, entre sete e 45 anos de idade, treinando conosco.” Ele conta que a aceitação da Calistenia na cidade é muito positiva. “As pessoas veem resultados físicos e emocionais. E por ser um trabalho gratuito, esse esporte tem crescido constantemente, quase todos os dias aparece gente nova interessada em treinar. Podemos dizer que oferecemos através da Calistenia uma forma de vida saudável para todos os atletas que tenham determinação e força de vontade para o esporte.” A fisioterapeuta Laura Nogueira fala dos benefícios dessa modalidade. “Embora não seja uma prática nova, pois seus fundamentos surgiram há mais de um século, a atividade recebeu uma versão mais radical e ganhou terreno devido à grande divulgação nas redes sociais e o interesse em exercícios funcionais. A Calistenia beneficia o atleta pelo ganho de força física, a melhoria das atividades diárias, além de trabalhar o corpo todo e poder ser feita em qualquer lugar, porque não necessita de aparelhos para o desenvolvimento dos exercícios.”

Willian Chambella(sem camisa) é um dos fundadores do grupo de Calistenia em Valadares e pratica a ginástica no calçadão da Ilha

Nogueira explica que qualquer pessoa pode praticar, mas que é preciso ficar atento aos limites de cada um. “Essa modalidade pode ser praticada por pessoas de todas as idades, de crianças a idosos, pois usa o limite do corpo de cada um. Mas, é recomendável o acompanhamento de um profissional da área de esportes e a atenção aos exercícios praticados, pois é um esporte passível de lesões em tendões, músculos e articulações.” Inclusão Fernando Portugal, estudante de Educação Física e praticante da Calistenia em Valadares, explica que o esporte é inclusivo e não faz restrições a nenhum tipo de atleta. “Todos praticam, sem exceções, independente de idade, sexo ou qualquer deficiência física. O que muda são as adaptações feitas nos exercícios para cada tipo de pessoa. O mais comum é ver jovens entre 15 e 30 anos treinando. Mas, temos crianças e senhores praticando conosco.”

Dificuldades Portugal, que também iniciou o grupo de Calistenia em Valadares, explica sobre algumas dificuldades que o grupo já enfrenta. “Aos poucos, o esporte tem se expandido pelas divulgações feitas por nós mesmos ou por quem viu e ouviu falar. Mas, com o aumento de praticantes aí vem o problema: o local. O que temos na Ilha é pequeno, com poucas barras e paralelas.” Chambella reforça a necessidade de estrutura adequada para o esporte. “O nosso local de treino é bem precário comparado aos parques de Calistenia que se vê pelo país. Estamos montando uma associação para ver se tentamos o apoio da Prefeitura ou de qualquer órgão que se sensibilize pela causa. Já temos um projeto de parque oficial para esse esporte em mãos. Nós queremos dar continuidade a esse trabalho de integração social. Só queremos adaptações para continuar com a Calistenia em Valadares.”

Saúde

Derli Batista da Silva

Condições saudáveis de trabalho para professores A admiração da sociedade por professores e professoras geralmente está no mais elevado nível, alcançando o 1º lugar dentre as profissões mais lembradas e admiradas. O trabalho desses profissionais é tão importante que países considerados de elevado padrão de qualidade de vida têm história de desenvolvimento relacionada diretamente ao alto investimento na educação, salário digno, condições de trabalho salubres e reconhecimento social dos docentes. Se a gente pensar que todo (a) profissional, antes de o ser, precisou da atenção, do conhecimento e da dedicação de um (a) professor ou professora para ajudar na sua formação como pessoa e cidadão (ã), assim como para conquistar a sua profissão, causa estranheza ver políticos que não valorizam os (as) mestres. Minas Gerais, por exemplo, apesar de ser um dos estados mais ricos do país teve governos que mantiveram os salários docentes em níveis abaixo de estados mais pobres da nossa nação, como Alagoas e Piauí, assim como deixaram as escolas estaduais com infraestrutura precária e até em condições insalubres, num completo descaso com a educação. Pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, em parceria com a Fundacentro - Ministério do Trabalho (www.fundacentro.gov.br), indicou problemas que afligem a saúde de docentes, como: exposição a temperaturas inadequadas, ruídos, superlotação das salas, dupla jornada das mulheres, complexidade das tarefas aliada à falta de recursos, problemas sociofamiliares de alunos (as), ritmo de trabalho, falta de valorização,

falta de diálogo com a administração das escolas, estresse emocional, sofrimento psíquico, mal-estar docente, distúrbios vocais e a síndrome de Burnout... Síndrome de Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico e sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho desgastantes. Isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, ansiedade, depressão, dor de cabeça, enxaqueca, dores musculares, insônia e distúrbios gastrintestinais são manifestações que podem estar associadas à síndrome, conforme afirma o médico Dráuzio (www.drauziovarella.com.br). Os documentos oficiais sobre o sistema de saúde brasileiro sinalizam que a saúde é determinada e condicionada por fatores como renda, acesso a bens e serviços essenciais, alimentação, lazer, atividade física, educação, moradia, saneamento básico, transporte, meio ambiente... Por isso, move-nos a premissa de cuidar de nossos (as) professores e professoras, pois, ao cuidarmos demonstramos a eles e a elas o quanto são importantes para nós. É perceptível que há sinais efetivos de transformação dessa realidade, e precisamos compreender que as mazelas de mais de 500 anos de opressão e injustiça não serão revertidas com apenas uma década de política centrada na justiça social, na inclusão, na socialização do saber, na criação de oportunidades melhores para a coletividade, na valorização e no reconhecimento social da profissão... Na minha infância, estudei em escola estadual onde o esgo-

tamento sanitário passava a céu aberto no pátio onde as crianças brincavam no recreio e transitavam para ir à sala de aula. À época em que vivi a adolescência, minha irmã Raquel, professora exemplar, tinha de procurar empresas de transporte coletivo para solicitar passe solidário e tantas outras vezes ir para a estrada pedir carona com outras professoras amigas para lecionar nas comunidades rurais. Nesta década, já sendo adulto e pai, fui participar de um concurso público em que as provas foram aplicadas numa escola estadual de uma cidade do Leste de Minas e o que mais me impressionou foram as péssimas condições de infraestrutura, com um ambiente desestimulante. Esta dura realidade já mudou bastante e precisa mudar mais na promoção da saúde docente e no desenvolvimento de ambientes mais agradáveis nas escolas - para professores (as) e alunos (as) - portanto, menos grades e arames, mais relacionamento com as famílias e comunidades... pelo que somos corresponsáveis. A você, professor, professora, apresento o meu voto de saúde e felicidade, com gratidão por tudo de bom que representou e representa em minha vida e, com certeza, na vida de bilhões de pessoas neste mundo! Derli Batista da Silva é enfermeiro, mestre, especialista em Bioética e em Gestão da Saúde, professor universitário. Derli Batista da Silva é enfermeiro, mestre, especialista em Bioética e em Gestão da Saúde, professor universitário.


CORRESPONDENTES 10

D’outro lado do Atlântico

José Peixe / De Lisboa

Ser professor e dedicar-se à arte de ensinar não é para qualquer um. É na realidade um dom muito especial que acompanha todos aqueles que optaram por seguir a carreira educacional, independentemente do grau de ensino em que lecionem. Ensinar é uma das tarefas mais nobres da sociedade contemporânea.

A importância dos professores na sociedade Na quarta-feira, dia 15 de outubro, comemorou-se desse lado do Atlântico o “Dia do Professor”. Um dia que merece ser recordado e festejado com intensidade, porque os professores são um dos pilares fundamentais da sociedade contemporânea. São eles que educam (ou não!) as gerações futuras. Aqueles homens e mulheres que vão cuidar do futuro de uma nação. Aqui no velho continente europeu há muito que esse dia deixou de ser assinalado com relevo na sociedade. Aliás, para que se tenha a noção das dificuldades por que está a passar o ensino público em Portugal, basta esclarecer o seguinte: há um mês que abriu oficialmente o ano letivo e ainda existem milhares de alunos sem professores. Aliás, os sindicatos do setor educacional pedem a demissão do ministro da Educação, Nuno Crato. Curiosamente, um professor. Muitos países da União Europeia lutam contra os baixos índices de natalidade. Ou seja, os jovens não terminam os seus estudos superiores ou profissionais e como não encontram trabalho, permanecem “ad ethernum” em casa dos pais e nem sequer fazem questão de pensar em constituir família. Outros optam por emigrar. E alguns países como Portugal e a Grécia estão a viver o drama do envelhecimento da população. Há mais de três décadas que as escolas do ensino básico têm vindo a fechar no interior dos chamados países mediterrânicos. Assiste-se a uma desertificação que preocupa os demógrafos. No Norte da Europa (sobretudo nos países escandinavos) apesar das regalias que os governos dão aos jovens e dos incentivos fiscais que dão às famílias numerosas, os índices de natalidade continuam a ser baixos. Ou seja, por este andar, a União Europeia arrisca-se a envelhecer de forma absurda, o que de certa forma assusta os governantes mais esclarecidos. O que não parece ser o caso do primeiro-ministro português que

Países com salas de aula vazias não têm futuro

continua a ignorar esta situação. Voltemos ao Brasil, país onde tive o privilégio de ser professor durante alguns anos e que tem milhões de jovens interessados em prosseguirem os seus estudos. Onde em muitos Estados ainda é necessário construir centenas de escolas públicas e infantários. Um Brasil que tem todas as condições para ser uma das maiores potências econômicas e humanas do século XXI. E por isso mesmo faz todo o sentido que o dia 15 de outubro seja comemorado com toda a energia do mundo. Faz toda a lógica que os exalunos recordem todos os professores que acabaram por marcar os seus percursos profissionais. Festejar o “Dia do Professor” com a intensidade e alegria que só os brasileiros têm dentro de si faz com que milhares de docentes nas próximas semanas ainda se dediquem com mais carinho e amor à causa nobre de ensinar os seus alunos. Ser professor e dedicar-se à arte de ensinar não é para qualquer um. É na realidade um dom muito especial que acompanha todos aqueles que optaram por seguir a carreira educacional, independentemente do grau de ensino em que lecionem. Ensinar é uma das tarefas mais nobres da sociedade contemporânea. E por tudo isso, no Brasil e outros países da América do Sul, foi bonito de ver os alunos encherem as redes sociais com mensagens de-

Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo

Ainda a eleição Além de tudo que relatei na semana passada, o resultado da eleição para a Assembleia Legislativa do Estado foi outra vitória do atual governo tucano sobre a oposição. O PSDB manteve a mesma bancada de 22 deputados, mas viu aumentar o número de representantes com os partidos coligados ao eleger um total de 37 dos 94 deputados. A bancada de sustentação deve ser reforçada ainda pelos cinco socialistas e outros eleitos por pequenas siglas. Ao mesmo tempo, a oposição viu cair o número de representantes de 28 para 18, o que permitirá ao governador reeleito um controle ainda maior da casa de leis. Não tá entendendo nada... – “Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados”. Este foi o infeliz comentário do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sobre o resultado do primeiro turno das eleições. Apoio – Na terça-feira passada, São Bernardo do Campo foi sede de um ato de apoio à candidatura de Aécio Neves presidente. O encontro, que não contou com a presença do candidato, reuniu lideranças políticas da região num tradicional restaurante da cidade. Vale lembrar que o candidato mineiro saiu vencedor em quatro das sete cidades da região no primeiro turno (São Caetano do Sul, Santo André, São Bernardo do Campo e Ribeirão Pires. A presidenta Dilma saiu na frente em Diadema e Rio Grande da Serra. Já Marina Silva foi a mais votada em Mauá. O desafio do partido de Lula é tentar reverter este quadro. Para tanto, a militância foi mobilizada para intensificar a campanha nas ruas. A iniciativa movimentou também lideranças políticas, sindicalistas, professores, entre outros. Qual crise? – Apesar da tão propalada crise, o que se vê na região do ABC são informações de investimentos por

CIDADANIA

Outubro rosa prossegue com ações para prevenir o câncer de mama Os profissionais das Estratégias Saúde da Família (ESF) JK I e II em parceria com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família III (Nasf) promoveram uma caminhada para marcar as comemorações do Outubro Rosa. Toda a equipe juntamente com participantes do grupo de atividade física do Nasf percorreram ruas do bairro, saindo da porta da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe com apitos, balões cor-de-rosa, panfletos e orientações. A ideia foi para chamar a atenção para a causa: conscientizar as mulheres sobre a importância da mamografia para prevenir o câncer de mama, através do diagnóstico precoce. As ações prosseguem até o fim deste mês

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parte das grandes indústrias. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, por exemplo, anunciou recentemente o acerto de acordos que garantem investimentos na modernização e implantação de novas linhas de produção de indústrias de veículos e autopeças. Ainda de acordo com o sindicato, está prevista a aplicação de cerca de R$ 10 bilhões nos próximos cinco anos em importantes indústrias como a Mercedes-Benz, Ford, Volkswagen, Scania e Saab, entre outras. Pelo fim do coronelismo eletrônico – O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) realiza a Semana pela Democratização dos Meios de Comunicação. Em todo o Brasil, as ações foram organizadas com a intenção de difundir o Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Mídia Democrática. A sexta-feira (17) concentrará as atividades por ser o Dia Nacional de Luta pela Democratização da Comunicação. Além da coleta de assinaturas para dar suporte ao projeto de lei, haverá panfletagens, debates, atos públicos, seminários, passeatas e protestos pelo fim do coronelismo eletrônico. Mais informações estão disponíveis do site do FNDC: http://www.fndc.org.br/ MIMO 2014 – Depois do Valadares Jazz Festival, o público tem mais uma oportunidade para conhecer a boa música instrumental com talentos de todo o mundo. Até o próximo domingo (19) acontece em Tiradentes a Mostra Internacional de Música de Olinda (Mimo), que já passou por Ouro Preto, Olinda e Paraty, Também integra a programação uma série de documentários e bate-papo com músicos e autores. A programação completa está disponível em:http://www. mimo.art.br/programacao/tiradentes

Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

liciosas para os ex-professores. Lindo. Até chorei de emoção deste lado do Atlântico. Uma emoção que me fez pensar no retorno ao ensino do Jornalismo. No Brasil ou em África. Ou algures num cantinho da América Latina. Ou mesmo no interior do meu Portugal cada vez mais desertificado e esquecido por uma “matilha” de políticos ignorantes e oportunistas. Num momento tão especial que se vive no Brasil, pois vem aí o segundo turno das eleições presidenciais, queria deixar aqui uma mensagem para todos os políticos brasileiros, inclusive para o(a) futuro(a) presidente da nação: por favor, não esqueçam de apostar forte no setor da Educação. É que a Educação continua a ser um dos pilares fundamentais da Civilização. Continua a definir o futuro de uma Nação. E não existe boa educação sem bons professores. Eu próprio jamais me esquecerei dos bons professores que marcaram a minha vida. E quantos de vós que leem estas linhas aí desse lado do Atlântico não recordam com emoção o carinho e o amor dos vossos ex-professores? Os mestres que nos deram pistas para aquilo que nós somos hoje. Isso é lindo demais. José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação

Associativismo Antônio Carlos Linhares Borges Shopping popular: reinventando o capitalismo O PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento elaborará um relatório sobre mercados inclusivos no Brasil, com o objetivo de pesquisar e dar visibilidade a casos de sucesso de empresas que implementam modelos de negócios inclusivos e, ao mesmo tempo, que sejam ambientalmente sustentáveis. A análise agregada dos casos fornecerá um panorama sobre a situação dos negócios inclusivos no Brasil, por meio da publicação de um relatório com os melhores exemplos. As empresas que trabalham de forma inclusiva, tanto relativamente à inclusão de pessoas com algum tipo de deficiência como relativamente a entidades de economia solidária, tiveram prazo para se inscreverem até dia 10 de outubro. O relatório do PNUD, que é um órgão de referência quanto aos conceitos de Desenvolvimento a serem praticados neste século, demonstra que o setor empresarial e o capitalismo moderno devem permanecer longe de velhos conceitos, especialmente de conceitos que entendem a sociedade capitalista como uma pirâmide de privilégios. Trazer para junto das empresas as pequenas organizações de base social e fomentar o empreendedorismo em setores da sociedade antes relegados a papeis de submissão significa incluir no conjunto da sociedade de mercado o esforço produtivo dos pobres. Reforçando e incentivando a pró-atividade em ambientes populares, reforça-se assim o bom capitalismo, o verdadeiro, aquele que oferece oportunidades iguais a todos, que se baseia na livre concorrência e na criatividade como elementos de sua própria sustentação. Elevando-se as capacidades das pessoas, seus potenciais e as aptidões de cada um e de cada segmento social, evita-se o capitalismo de privilégios – o capitalismo feudal, distorcido, onde uma classe mais capitalizada se vale de seu poder econômico e suas relações políticas para se manter no topo de uma pirâmide de um falso capitalismo ou de um capitalismo predatório. Recentemente, tivemos em Governador Valadares um exemplo alinhado com as recomendações do PNUD, de um projeto municipal que deverá retirar das calçadas do centro comercial as inúmeras barracas e bancas populares de vendedores comumente denominados de camelôs. Suas barracas serão transformadas em lojas em um shopping popular a ser construído na mesma área da rodoviária municipal, que será totalmente revitalizada. Camelôs serão transformados em lojistas, mediante um projeto inclusivo, no qual é oferecida oportunidade igual a todos, elevando-se as condições de competitividade àqueles menos capitalizados, oferecendo-se a eles a oportunidade da competição em pé de igualdade – uma das prerrogativas fundamentais do capitalismo. Este é um projeto com certeza inclusivo e espera-se que os verdadeiros capitalistas o recebam com entusiasmo, como incentivo à sua própria capacidade competitiva e à criatividade que é também uma das bases de fundamento do capitalismo. Seria triste constatar que empresários locais do setor lojista viessem a não apoiar veementemente este projeto, e que sua organização social, a CDL não procurasse associá-los e também incluí-los. Seria triste constatar que o capitalismo feudal em nossa sociedade é ainda uma realidade. A burguesia surgiu como uma força revolucionária diante do feudalismo na Europa e não poderia agora perder a oportunidade de se reinventar, não se permitindo à estagnação e à acomodação e não aceitando o poder pelo privilégio e pelo protecionismo de classe. O PNUD, para quem não conhece, oferece as diretrizes do capitalismo reinventado, renovado e oxigenado, para que o mundo caminhe no seu processo evolutivo. Trazer os pobres para o meio empresarial é também uma forma de enriquecer a sociedade. Antônio Carlos Linhares Borges é advogado, produtor rural e diretor do CIAAT - Centro de Informação e Assistência Técnica.


CULTURA

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Taryn Szpilman, a Rainha Elsa em Valadares Vanessa Soyer

Natália Carvalho / Repórter O Valadares Jazz Festival 2014 proporcionou ao valadarense quatro dias de boa música, com shows de alto nível, feitos pelos melhores intrumentistas brasileiros. Mas, o festival trouxe uma novidade neste ano: O Valadares Jazz Festival Kids, que aconteceu na tarde do dia 14 de outubro, no Teatro Atiaia. O evento teve como atração Taryn Szpilman, a dubladora da Rainha Elsa do filme sucesso de bilheteria, Frozen, e os lançamentos dos livros infantis “Pira-Poré”, de Maria Vargas, e “Pedro não queria ir ao Gabão”, de Darlan Correia Dias, ilustrado pela designer Fernanda La Noce. Taryn conversou com as crianças e com este Figueira sobre a sua experiência dublando o filme e respondeu algumas perguntas:

Taryn - A minha cena favorita é a da música “Livre Estou” (Let It Go, em inglês). É a cena em que a Elsa se liberta e finalmente pode ser ela mesma, deixando tudo para trás. É a cena mais forte do filme. Foram dias para gravá-la, mas foi muito prazeroso. Figueira - Então, podemos dizer que foi também a cena mais difícil de dublar? Taryn - Sim, pois é a música tema do filme e tem muito sentimento. O dublador tem que ser capaz de transferir todo o seu sentimento para a voz, para quem está assistindo acredite que esta sua voz é realmente a da personagem. Tivemos dificuldades também na hora da tradução. Nós geralmente recebemos o texto já traduzido e na hora da gravação escutamos a versão do filme em inglês, para que seja mais fácil colocarmos a nossa língua na boquinha que foi desenhada para falar em inglês. A tradução literal de “Let It Go”, nome original da música, seria algo como “Deixa ir”, “Deixa passar”, mas a produção optou por “Livre Estou”, que dá o mesmo sentido em português e se parece com “Let It Go”, cabendo melhor na boca da personagem.

Figueira - No seu website está registrado que você nasceu um em berço musical. Mas como você iniciou na dublagem? Taryn - Desde de pequena eu queria ser atriz, então, comecei a fazer cursos de teatro. A dublagem é algo que envolve não só a voz, como também a atuação. Para ser um dublador é indispensável ter formação em Artes Cênicas. Há algum tempo a Disney havia me chamado para cantar as músicas de um filme. Depois surgiu a oportunidade de dublar pela primeira vez e fui convidada a fazer a voz de uma sereia no filme “Piratas do Caribe”. Em 2104 eu tive a oportunidade de dublar a Elsa. A Disney me convidou para participar do processo seletivo para o filme e com a Graça de Deus eu passei e pude dublar essa personagem incrível. Figueira - Você pode contar um pouco do que foi o processo de seleção para a dublagem da Elsa?

Figueira - Qual foi a cena que você gostou mais de dublar?

A cantora e dubladora Taryn Szpilman durante o Jazz Kids no Atiaia

Taryn - Eu fui chamada para o processo de seleção no início deste ano. Competi com várias outras dubladoras, mas no final tive a benção de receber essa personagem. No entanto, fiquei um bom tempo esperando pela resposta. Minha filha Isadora ficava torcendo e esperando comigo. Ficamos super felizes quando soubemos que eu faria a voz Elsa.

Figueira - No filme Frozen, a rainha Elsa tem o poder de gelo. Se você pudesse ter um super poder de verdade, qual você gostaria de ter? Taryn - Acho que o que eu faço por si só já é um super poder. Eu tenho a possibilidade de trazer a alegria e a magia para as pessoas. Eu acho que isso já é um super poder e eu agradeço por tê-lo.

Recado Capital Edileuza Esteves / De Belo Horizonte

Entre Brasil e Espanha Em setembro, pude fazer uma viagem que há muito tempo sonhava. Finalmente, conheci um dos países que mais me chamaram a atenção nos tempos de estudante, a Espanha. Desde a época em que fiz o curso de Letras e tive contato pela primeira vez com a cultura e a história desse país, nasceu em mim o desejo de um dia poder ver de perto tudo aquilo que conhecia somente pelos livros. Nessa viagem, visitei sete cidades na região da Andaluzia (Cáceres, Mérida, Toledo, Sevilha, Córdoba, Granada e Madrid) e conheci um pouco de cada uma e me encantei por todas. Com exceção de Madrid, notei que a vida nessas cidades segue um ritmo menos acelerado, assim como acontece nas cidades do interior do Brasil. O comércio está, de certa forma, voltado para o turismo e a população, principalmente com a crise que o país vem passando, se esforça para receber bem as pessoas que vêm visitar as cidades. A população local parece conviver bem com o antigo e o novo. São pessoas do século XXI vivendo entre muros construídos há centenas de anos. Elas tiveram de se adaptar para poder manter a história e ao mesmo tempo ter acesso aos confortos da vida moderna. A cada monumento visitado, percebi quão importante é tudo aquilo para os moradores locais. É visível o cuidado que têm com a conservação, com a limpeza, com os dados históricos. Parecia que eu estava dentro de um livro de história e não numa cidade do Sul da Espanha dos dias atuais. Os guias locais, muito bem formados por sinal, relatam os fatos mais importantes de cada ponto turístico com riquezas de detalhes e deixam em cada turista a sensação de que é preciso voltar para conhecer com mais profundidade cada mesquita, cada castelo, cada templo medieval. O roteiro dessa viagem terminou em Madrid, a capital. De todas as cidades visitadas, foi a cidade que me encantou menos, talvez por ser uma capital e apresentar grande parte dos proble-

mas das demais capitais, como trânsito intenso, sujeira nas ruas, excesso de pessoas na região central, corre-corre, manifestações, furtos, barulho e mais barulho. Com mais de três milhões de habitantes, Madrid sofre com o desemprego que afeta parte significativa da população, principalmente os jovens. A taxa de desemprego na Espanha atinge a 14% da população, bem superior à do Brasil que está em torno dos 5%. Talvez por isso nas ruas existam tantas barracas onde se pode comprar artigos característicos da cidade. No Centro, é comum ver artistas de rua que fazem de tudo para chamar a atenção dos turistas e das crianças. Muitos deles passam o dia vestidos com fantasias de personagens da Disney debaixo de um sol de quase 30°. Outros apresentam canções típicas da região e conseguem atrair a atenção de turistas e madrilenhos mesmo em meio à correria do dia. Também é comum ver as pessoas andarem apressadamente, agarradas a seus pertences para evitar contratempos como furtos e roubos, e os turistas são alertados pelos guias a ficarem atentos. Foram quatro dias em Madrid que me permitiram ver uma maratona, uma manifestação de médicos e uma manifestação dos profissionais do transporte. Me chamou a atenção a manifestação dos médicos acontecer em uma manhã de domingo, visto que estamos acostumados a manifestações em horário de pico aqui no Brasil, que causam todo aquele transtorno para a população em geral. É uma manifestação realmente organizada. Os profissionais se manifestam e a população reforça o movimento que segue pelas ruas emitindo gritos de ordem. Tudo isso acompanhado pela polícia que está ali para organizar o trânsito e não para intimidá-los. A manifestação dos profissionais dos transportes aconteceu em dia de semana, mas nem por isso transformou a cidade num caos. É importante dizer que os espanhóis, quando se manifestam, o fazem de forma organizada e com o apoio da

Crônica

maioria da população, o que engradece e fortalece as reivindicações. Além da crise econômica que tem afetado diferentes segmentos sociais, os espanhóis vêm criticando sistematicamente casos de corrupção que envolvem a família real e, também por isso, tem crescido o movimento que deseja o fim da monarquia. Fazendo uma comparação entre o Brasil e o que vi na Espanha, acredito que no Brasil ainda existe um trabalho amador de muitos guias, principalmente nas cidades históricas. Faltam pessoas realmente capacitadas e qualificadas para lidar com o público e ao mesmo tempo apresentar a história do local de uma forma atrativa. Esse amadorismo prejudica o turismo local e pode comprometer todo o investimento que é feito para atrair o turista. Embora tenhamos fortes atrativos turísticos em diferentes Estados, o investimento ainda é pequeno e conhecer esses locais não é barato. O turista brasileiro, por isso, opta muitas vezes em conhecer outro país devido ao preço dos pacotes de viagem. Ao final da viagem, fiquei com a sensação de conhecer e valorizar pouco a nossa história. Em Belo Horizonte, onde moro, o Circuito Cultural Praça da Liberdade existe desde 2010 e ainda é conhecido por poucos. Mesmo tendo acesso gratuito e horários diversificados, eu mesma ainda não o visitei. Confesso que precisei entrar em contato com a cultura do outro e ver a sua forma de valorização para sentir falta daquilo que me pertence, que me define e retrata o lugar onde vivo. Uma das experiências adquiridas nessa viagem é exatamente a valorização daquilo que me pertence, daquilo que faz parte das minhas raízes. Foi preciso ir a outro país para perceber o meu espaço e entender o do outro e vice-versa. Edileuza Esteves é mineira de Novo Cruzeiro, radicada em Belo Horizonte há vários anos, e funcionária pública federal na UFMG.

Dilvo Rodrigues

Um Mundo de Fantasias “O Sapo não lava o pé, não lava porque não quer. Ele mora lá na lagoa, não lava o pé porque não quer.” Nunca pensei que eu fosse ver uma galinha pintadinha cantando música sobre um sapo. Mas, no mundo da imaginação, leão pode latir feito cachorro e elefante mia feito gato. É possível até que o sapo entenda a língua da galinha, entenda a música e não goste nadinha dessa história de ter chulé. Ele se mandou depois que o ribeirão secou para mais tarde reaparecer como um bonito príncipe, ao lado de uma linda princesa. O munda dá voltas, não é verdade? Um patinho feio e cinzento então nasce de uma ninhada de outros tantos. A mãe pata força o “bichin” a nadar, para ver se ele é mesmo um pato de pedigree. Não adiantou, o peru teve a audácia de dizer que o rebento era grande e sem graça. E a galinha, abobalhado. E olha que não há bicho com ar mais abobalhado que uma galinha, andando com aquele pescoço no ritmo de uma dança egípcia. E o patinho feio se sentia hostilizado, abandonou a família e resolveu assim cair na ciranda do mundo para se descobrir cisne. Os três porquinhos já estavam crescidinhos quando decidiram sair da casa da mamãe porquinha. Pelo menos cada uma já tinha condição de construir sua própria morada.

Uma boneca luxuosa só tem encanto no mundo daqueles que não ousam fantasiar. Um fera pode enamorar-se de uma linda princesa. Mas uma mulher não pode se apaixonar por um padre. A coitada fica amaldiçoada a se tornar uma mula sem cabeça e nas noites de quinta para sexta percorre sete cidades a galope.

O Saci e seu redemoinho de vento. Ele não vira príncipe. Nem com beijo de Barbie. É claro, para se tornar príncipe é preciso ganhar beijo de Cinderela ou de uma princesa de um reino distante. Uma boneca luxuosa só tem encanto no mundo daqueles que não ousam fantasiar. Um fera pode enamorar-se de uma linda princesa. Mas uma mulher não pode se apaixonar por um padre. A coitada fica amaldiçoada a se tornar uma mula sem cabeça e nas noites de quinta para sexta percorre sete cidades a galope. Numa outra estória, a lua sempre que desaparecia por detrás de

um monte qualquer era para viver um bom romance com suas virgens prediletas. As que a bendita mais gostava eram transformadas em estrelas e iam parar no céu. Ao invés de termos mulas sem cabeça, poderíamos ter mais estrelas no céu ou nas águas. Não é mesmo, Vitória Régia!? Alice era uma menina de muita imaginação. Ela adormecia e logo começava suas andanças por outros mundos afora. Uma princesa também muito bonita caiu nos feitiço de uma bruxa maldosa e passou bons tempos adormecida. Foi acordada por um príncipe encantado pela beleza de sua expressão sonolenta. Quem diria e quem se apaixonaria por alguém à flor do sono? Parece ser uma outra estória de crescer o nariz do contador. Não seria de causa de espanto isso ser artimanha de algum gênio da lâmpada descuidado. É algo para se investigar. Mas, quem quer colocar a mão na toca do Coelho? É preciso ter coragem para se aventurar no escuro assim. É preciso ter coragem para sonhar um mundo de maravilhas. Fada azul, se aparecer hoje transforme o meu lugar em um mundo de fantasias! Dilvo Rodrigues é jornalista e cronista.


ESPORTES

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QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO

Drible da vaca, linha burra e outros bichos Ilustração de Esquerdopata

Sábado retrasado, no Maracanã, o atacante Geuvânio deu uma desconcertante meia-lua no lateral rubro-negro João Paulo e entregou o gol da vitória do Santos de bandeja a Robinho, que apenas empurrou para a rede. Depois do jogo, choveram matérias falando sobre o “drible da vaca” de Geuvânio e dando o mote para esse artigo. Expressões do futebol seguem o mesmo caminho da linguagem nossa do dia a dia, estando sujeitas a constantes mudanças e adaptações. Não há como nem por que tentar engessá-las. Entretanto, creio que algumas deveriam ser preservadas, já que sua definição original era mais bacana. Um exemplo: hoje vejo muita gente, incluindo narradores e comentaristas, chamando a linha de impedimento de linha burra, o que só não pode ser considerado burrice porque este é um texto bem-educado. “Linha burra” era uma expressão utilizada pelos comentaristas esportivos da minha infância no Rio de Janeiro – Ruy Porto, Luiz Mendes, João Saldanha. O futebol era diferente e os times atuavam com esquemas bem mais estáticos. Muitas vezes os quatro zagueiros ficavam praticamente em linha reta, e bastava ultrapassar um deles para o atacante se ver livre de todos e sair na cara do goleiro. Quando alguma zaga se apresentava com essa ingênua formação, lá estava uma legítima “linha burra”. A linha do impedimento pode ser arriscada, por exigir muita coordenação dos zagueiros e depender da competência do bandeirinha, mas de burra não tem nada. Pelo contrário: é um dos recursos mais inteligentes para diminuir a área de trabalho e neutralizar o ataque adversário. Outra expressão que tem sido mal interpretada é “montinho artilheiro”. Nessas jogadas que estão na moda, em que alguém levanta uma bola na área, todo mundo sobe e passa em branco, o goleiro não sabe o que fazer, a bola toca no chão e entra, alguns narradores atribuem o gol ao montinho artilheiro, que não é isso. Antes de mais nada, para existir o montinho artilheiro é necessário que se esteja num gramado ruim – o que, mesmo no Brasil pós-Copa, é pleonasmo. O traiçoeiro artilheiro só entra em cena quando uma bola é chutada queimando a grama e, ao se aproximar do goleiro que está pronto para agarrá-la rente ao chão, alguma saliência do terreno faz com que ela suba, tirando qualquer chance de defesa. O verdadeiro drible da vaca foi criado por Eduardo, um habilidoso ponta-direita do Cruzeiro que se transferiu para o Corinthians e virou meio-campista. Eduardo colava a bola no pé – com a vantagem de fazer isso tanto com o direito quanto com o esquerdo – e a conduzia em direção ao marcador. Quando o adversário dava o bote, ele puxava a bola para o outro lado, fazendo um movimento giratório semelhante ao que a vaca faz ao mexer o rabo. Alguém batizou o lance de “drible do rabo de vaca”, que

acabou simplificado para “drible da vaca”. Portanto, bem diferente da meia-lua. Outro dia vi, num site que explica a origem de certas expressões, que o drible da vaca foi criado no campo de uma fazenda que costumava ser invadido por plácidas vaquinhas, e elas precisavam ser dribladas. Pura lenda rural, além de ser uma explicação que joga no mesmo time daquela que liga a palavra “forró” aos engenheiros ingleses que, no início do século passado, vieram a Pernambuco para a construção da Great Western Railway Company e gostavam de organizar bailes para todos. O professor e filólogo pernambucano Evanildo Bechara tratou de demonstrar que essa história era conversa pra boi dormir e jogou-a para escanteio. Em um dos capítulos de O Sapo de Arubinha – Os Anos de Sonho do Futebol Brasileiro, Mario Filho faz um registro delicioso. Segundo ele, a analogia com os frangos no futebol brasileiro surgiu quando, num daqueles estádios antigos e acanhados, em que todo mundo ouvia o que todo mundo gritava, um goleiro levou um gol numa posição esquisita, de cócoras, penando para agarrar a bola que lhe escapava das mãos como foge um frango de quem o tenta capturar. Lá da arquibancada, um gaiato gritou que o goleiro parecia estar “cercando um frango” – perfeita tradução da cena bizarra. Mario Filho reclama que, com o tempo, “cercar um frango” virou “engolir um frango”, o que pode ser indigesto. E tem gente que, pra piorar, usa “levar um

frango”, que simplesmente não quer dizer nada. Também não consigo entender por que, de algum tempo pra cá, as pessoas passaram a dizer que foi no ângulo qualquer bola que tenha entrado no alto do gol. Toda semana temos um monte de exemplos disso, mas tentem acessar o link anexo para rever um lance importante da Copa do Brasil 2013. A imagem mostra, sobretudo a da câmera colocada atrás da linha de fundo, que no chute de Amaral contra o Atlético Paranaense a bola entrou muito mais perto do meio do gol do que do ângulo. Porém, no textinho logo abaixo do vídeo, no próprio site do canal Fox Sports, está lá: “Amaral recebeu, ergueu a cabeça e acertou uma bomba no ângulo do gol do Atlético-PR”. Eu, hein. Link para o site do Fox Sports com o gol de Amaral “no ângulo”: http://www.foxsports.com.br/videos/67552835933amaral-empata-para-o-flamengo-contra-o-atleticopr Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na própria definição, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que adotou o seu blog e autoriza a sua contribuição a este Figueira.

Canto do Galo

Toca da Raposa

O Galo deixou a Massa feliz

Cruzeiro sem raça, sem vontade, sem comando?

Rosalva Luciano

Com um abraço...Terminando de assistir o amistoso da Seleção Brasileira em Cingapura, é claro que saio encantada com a competência finalizadora do Neymar, em qualquer situação um só jogador fazer quatro gols numa partida no mínimo é muito difícil, mesmo assim vou render continências ao atleticano Tardelli. No país do “não pode”, pois tem muitas proibições por lá no dia a dia, fica também proibido não falar do Tardelli de hoje, muita personalidade, muita vontade e muita alegria com a bola nos pés. Uma movimentação intensa que impressiona a todos, faz de tudo e em termos de Seleção Brasileira hoje é a melhor opção. Voltando ao jogo na China, contra a Argentina, seus dois gols e sua atuação dão a ele o troféu de melhor em campo. Dálhe, Tardelli! Você merece estes momentos. Já se passaram nove rodadas do Campeonato maior do futebol brasileiro e o Galo se encaixa no contexto como o melhor time entre todos. Superando os acontecimentos adversos temos que bater o martelo no bom elenco que temos. São muitos desfalques por ordem médica, Diego Tardelli brilhando na Seleção e contamos ainda com a ineficiência, há seis meses, do Jô, sem gols e sem indicação de fazê-los. Agora, à sua irresponsabilidade de atleta, some, desaparece, sem endereço e quase sem documentos. Problemas particulares, quem não tem? Agora, poucos brasileiros têm a oportunidade de resolvê-los numa quadra de Escola de Samba. Nem caberiam comentários a uma atitude desta se ele não fosse atleta de um clube sério e amado por milhões. Talvez, seja o fim de sua história no Galo. É muito chato este final. Depois da vitória sobre o São Paulo, voltamos para o Grupo de Elite, estamos no quarto lugar e de lá não será impossível almejar posição melhor. Tudo pode acontecer, mesmo o impossível. O efeito desta vitória pode ser importantíssimo daqui para a frente. Deu gás, deu pilha e muito, muito ânimo. Os jogadores de base têm correspondido à confiança e assim o caminho seguro está sendo demarcado. Fidelizado pela força da torcida, o grito mais lindo das Minas tem chegado no sangue, no coração e nas chuteiras dos atletas. Uma vontade digna dos valentes tem sido mostrada nos gramados. Carlos e Jemerson nos enchem de prazer ao vê-los atuar. O já consagrado Luan leva com seus piques toda a arquibancada, uníssona no grito do seu nome. Garra deve ser o seu sobrenome, quase inacreditável o seu empenho. Luan é o jogador para qualquer técnico e qualquer time. Ter jogadores deste valor é imprescindível até para a Seleção Brasileira. E eu acho que sua convocação está perto. Pode daqui a pouco ter uma chance com o Dunga. Na sua narração do gol contra o São Paulo um radialista disse com muita propriedade “Luan tem o escudo do Galo tatuado na alma”, e outro completou:

Concordo e vou além. Ele representa o fôlego da equipe. Enquanto está em campo aparece em várias partes do gramado ajudando na defesa, meio e ataque. A massa atleticana gosta dele. Eu acrescento que jogadores assim são do tipo que a torcida ama ver jogar. “A alma dele reflete as cores da camisa que veste com orgulho”. Que a garotada da base tome uma injeção com doses muito fortes de Luan. Chegou o dia 15 de outubro, para comemorar os professores, bem que eu poderia estender esta comemoração ao avanço do Atlético para as semifinais da Copa do Brasil. Um feito que será bem complicado, acho 2 x 0 um placar elástico para ser anulado frente a um Corinthians, é certo que o timão está vacilando no Campeonato Brasileiro, mas quando o caso passa para jogos de mata-mata ele se supera e o histórico não é nada bom em nosso favor. EU ACREDITO, NÓS ACREDITAMOS, esta marca que já registra a nossa força, a força da Massa apaixonada volta mais uma vez em gritos ecoados pelo Mineirão afora. Vamos Galo, vai pra cima deles, “faz esta massa feliz”. Vamos juntos, vamos mostrar para quem insiste em não ver que aqui é Galo! Post Scriptum: Espetacular, fantástico, maravilhoso, sem ser inusitado e muito menos uma bela novidade. Estou escrevendo este parágrafo já na madrugada de quinta-feira, é claro que os leitores já sabem do que se trata. Ainda aquecida pela emoção de estar no Mineirão e ser testemunha de quatro gols mais do que necessários. Gols que alucinaram mais uma vez a torcida que acredita. Confesso ter ido ao Mineirão apenas pelo prazer de estar com amigos e com o Galo. Sabia que o Atlético ganharia, mas nunca acertaria o placar. A garra misturou-se com a competência dos jogadores, misturou-se com as maluquices do menino Luan, misturou-se com o belíssimo exemplo de profissionalismo e amor ao Galo do grande Diego Tardelli...o estádio foi à loucura quando na escalação ele apareceu. Jogou com o escudo do Atlético no coração e na chuteira, a movimentação era quase a mesma em situação normal. O futebol apresentado pelo time encheu o pote da esperança e a arquibancada acreditava mais do que sempre acreditou. O Guilherme esteve perfeito. Não vou mudar as últimas palavras do parágrafo acima, vou apenas fazer uma bela maquiagem. Parabéns Galo, você foi para cima deles, você fez a Massa feliz. Mostrou que aqui é Galo. Que venha o Flamengo!

Rosalva Campos Luciano é professora e, acima de tudo, apaixonadamente atleticana.

Hadson Santiago

Saudações celestes, leitores do Figueira! A China Azul está decepcionada. O Cruzeiro vem apresentando um mau futebol nos últimos jogos e não há sinais de uma possível melhora. As duas últimas partidas, contra Corinthians e Flamengo, mostraram um Cruzeiro sem raça, sem vontade e, por que não, sem comando. O torcedor se entristeceu. Perder faz parte do futebol, mas é necessário que, mesmo nas derrotas, a camisa celeste seja defendida com muita determinação e força de vontade. Onde estão os comandantes para cobrar dos subordinados? Marcelo Oliveira precisa se explicar e o presidente Gilvan, idem. Gilvan de Pinho Tavares, após ser derrotado nas eleições para deputado estadual, foi aclamado pelo conselho deliberativo do Cruzeiro como o novo presidente do clube por mais três anos (2015 a 2017). Agora que o cargo já está garantido, Gilvan, deixe a vaidade de lado e comece a cobrar dos seus comandados. Jogador de futebol não pode ter folga, a marcação tem de ser cerrada, pois é uma raça que adora aprontar e debochar da cara do torcedor. Ganham muitíssimo bem, têm muita mordomia e produzem pouco. Não jogaram absolutamente nada contra o Corinthians e tiveram uma apresentação bisonha contra o Flamengo, entregando os gols, de bandeja, para ao adversário. E veja bem, caro leitor, o Flamengo 2014 é um dos piores times já montados pelo rubro-negro carioca, conforme confessou seu próprio treinador, Vanderlei Luxemburgo. Independentemente do que aconteça com o Cruzeiro até o final da temporada, nas duas competições das quais participa, é necessário que ocorram mudanças para o ano vindouro. Alguns jogadores precisam ir embora. A torcida não aguenta mais Egídio, Dedé, Borges, Júlio

Baptista, Willian Farias, Ceará, Dagoberto, Samudio... Renovação já, ganhando ou perdendo títulos. E o senhor Marcelo Oliveira precisa escalar melhor o time. Para que entrar com três volantes no jogo contra o Flamengo? Tenha a santa paciência!!! O torcedor cruzeirense é exigente mesmo, tem de cobrar! A história do Cruzeiro foi construída com muita luta. De um clube da colônia italiana de Belo Horizonte até chegar aos dias de hoje, com mais de 8 milhões de torcedores espalhados pelo mundo, não foi fácil. O Cruzeiro sempre foi deixado de lado pela imprensa da capital, a qual privilegiava os outros dois times da cidade, e mesmo assim se tornou a potência futebolística reconhecida em todo o planeta. Do suor de vários craques e funcionários, passando pela dedicação de Felício Brandi e Carmine Furletti, uma bonita história de quase 94 anos vem sendo construída ao longo dos tempos. Portanto, aqueles que vestem a camisa celeste precisam honrá-la e respeitá-la como um manto sagrado. A torcida não aceita falta de compromisso. Está dado o recado para Dedé e Cia. Ltda. O alô da semana vai para os jogadores do Naque EC Veterano. A equipe foi a Inhapim (MG) e conquistou uma boa vitória sobre os Primos FC por 4x3, partida disputada no Estádio Municipal Dr. Guilhermino de Oliveira. Marcelão, Gleison, Ademir e Lenílton fizeram os gols da equipe naquense, invicta há vários jogos. Na várzea, sim, há o verdadeiro amor à camisa. Hadson Santiago Farias é cruzeirense da velha guarda e torcedor exigente.


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