Fig 53s

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Fim de semana com sol entre nuvens. Não chove! www.climatempo.com.br

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32o 20o

MÁXIMA

ANO 2 NÚMERO 53

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 27 A 29 DE MARÇO DE 2015

FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EXEMPLAR: R$ 1,00

Taxista tem de ligar o taxímetro

Democrata e Mamoré fazem jogo decisivo no Mamudão. Ingresso está mais barato Para atrair o torcedor e transformar o estádio Mammoud Abbas num caldeirão, a diretoria do ECD baixou os preços dos ingressos para grande decisão entre Democrata x Mamoré. Para entrar nas arquibancadas metálicas e na geral (arquibancadas atrás do gol), o torcedor vai pagar R$ 10,00. Nas arquibancadas de cimento, o ingresso vai custar R$ 20,00 e nas cadeiras R$ 50,00. Uma vitória da Pantera praticamente garante ao time do técnico Gilmar Estevam, a permanência no Módulo I do Campeonato Mineiro.

DANÇA

CAMPEONATO MINEIRO

DANÇA DANÇA

Gina Pagú

F

Embora seja obrigatório por lei, desde 1997, muitos taxistas que atuam em Governador Valadares ainda insistem em não ligar o taxímetro antes de fazer uma corrida. E para aumentar o problema, muitas pessoas dizem não conhecer esta determinação legal e viram presas das “corridas combinadas”, ou seja, pagam o preço cobrado pelo taxista, sob estimativa, e não o preço que está marcada no taxímetro. O promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Lélio Calhau, não quer saber de “mas”, nem “meio mas”. Para ele a lei tem de ser cumprida. E faz o alerta: quem se sentir lesado deve denunciar. “Caso saibam de denúncias concretas, procurem o Ministério Público, Avenida Brasil, 3031, Centro. Com nome, placas e horários dos motoristas. Providências judiciais serão tomadas contras as pessoas que desrespeitarem o direito do consumidor no caso concreto. O telefone da Promotoria do Consumidor é (33) 3278-7692. Página 9

FIM DE SEMANA O Figueira lança nesta edição a coluna Fim de Semana, espaço no qual os produtores culturais e de eventos de esporte e lazer poderão divulgar a sua produção. O espaço também está aberto para os bares e restaurantes mostrarem o que prepararam para receber as pessoas, afinal, Governador Valadares possui ótimos restaurantes, como o Divino Bistrô e o Concept, por exemplo. Jan Menezes

Querido Theo é um belo espetáculo de dança que será levado ao palco do Teatro Atiaia nesta sexta-feira. Os bailarinos são alunos do Instituto Educacional Fraternidade Cristã (IEFC), entidade de assistência social filantrópica, que tem como missão promover socialmente 200 crianças e adolescentes inscritos nos bairros Altinópolis, Santo Antônio e Mãe de Deus. O ingresso custa apenas R$ 5,00.

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Página 12 Glenda Leão

LEIA MAIS

Renata Alves Apaixonada pelo samba, cantora valadarense diz: É o samba que me dá um brilho no olhar, um frio no estômago. Sim, eu sinto borboletas no estômago pelo samba. Quero cantá-lo para o resto da minha vida. PÁGINA 8

Samba do crioulo doido Você sabia que Donna Lee não era uma mulher, e sim duas mulheres? E que não eram chatas com uma vizinha barulhenta que vive ouvindo as músicas do Fábio? Stelaaaaa! All that jazz

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Empreiteiras atuam desde a ditadura em “tenebrosas transações” Sacudindo a Figueira

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Qual reforma queremos? Leia na coluna do Padre Paulo

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OPINIÃO 2

Opinião

FIGUEIRA - Fim de semana de 27 a 29 de março de 2015

Charge

Dengue dentro de casa

Não era medo. Era ódio!

D

esde a eleição do ex-presidente Lula em 2002 que um fenômeno de criminalização da política vem se consolidando no Brasil. O que antes se acreditava ser apenas reflexo da preocupação pela ascensão de um trabalhador à presidência da República, hoje se traduz em uma lamentável campanha de terror contra o Partido dos Trabalhadores e as minoras que ele representa. O discurso de ódio contra o PT, criado e induzido pela grande mídia, vem sendo replicado indiscriminadamente pelas redes sociais, fazendo a cada dia novas vítimas. De crianças a idosos, é possível encontrar as mais grotescas promoções de ódio racial, xenofobia, homofobia, antissemitismo e outras formas de intolerância baseadas na rejeição de classes. Contudo, a raiva que antes se limitava às caixas de e-mails, agora tomou as ruas e começa a extrapolar os limites da dignidade e da integridade física. Para se ter ideia, o ator e escritor Gregório Duvivier foi atacado por um manifestante que se autodeclarou de extrema direita quando almoçava no Rio Janeiro. Segundo o agressor, a Zona Sul do Rio não era lugar para petistas. Que se ele quisesse comer que fosse para bandejão, já que gostava tanto de pobre. Em Curitiba, foi ainda pior. O jovem Hiago Augusto Jatobá, de 21 anos, chegou a ser assassinado a facadas, em um bairro nobre da capital paranaense, quando fazia campanha em defesa da presidenta Dilma. Contudo, a ignorância não é privilégio das grandes capitais, se manifestando das mais variadas formas possíveis. Do Rio a Curitiba, de Vitória a Minas, em todo canto. Nos últimos dias foi a vez de um valadarense radicado na capital capixaba deixar seu recado. José Dias, doutorzinho médico, letrado e de berço nobre, no auge da sabedoria de seus vinte e poucos anos, disse a Riobaldo: José Dias (27.11.2014): - “E aí Riobaldo, beleza cara? Qual sua opinião a respeito do governo tentar mudar a Lei de Responsabilidade Fiscal?” Riobaldo (25.02.2014): - “E aí Zé, beleza? Me desculpe, só vi hoje suas mensagens. Quase nunca entro no Face. Este ano é a primeira vez. Temos que nos encontrar para colocar nossos papos políticos em dia! Abraços”. José Dias (22.03.2014): - “Não estou ‘beleza’. Tomei uma decisão na minha vida. Quero distância de gente medíocre e isso inclui PTistas. Favor Manter Distância! Não tenho nenhum papo para colocar em dia com sua pessoa.” A sutileza da violência do argumento de José Dias representa muito mais do que a indignação burguesa contra programas sociais do Governo Federal, até porque, apesar do sangue azul, curiosamente ele próprio fora beneficiado pelo FIES, pelo PROVAB e pelo acesso facilitado ao primeiro emprego, com o programa de residência médica, programas defendidos pelo PT. De fato, esse argumento resume a rejeição a um modelo de inclusão social, no qual os “medíocres” devem ser mantidos afastados do debate político. E quando esse mesmo discurso, que há pouco rejeitara o voto dos pobres, dos nordestinos e dos beneficiários do Bolsa Família, passa a compartilhar desses comportamentos antidemocráticos, fica evidente que o ódio contra o PT não é necessariamente contra o PT, mas contra aqueles milhões que por causa das políticas de inclusão do PT deixaram a situação de miséria e hoje passam a ocupar os lugares antes reservados ao homem branco, contribuinte e heterossexual. Equivocam-se os ingênuos que acreditam ser por acaso que personagens como Jair Bolsonaro, Silas Malafaia, Marcos Feliciano, Raquel Sheherazade ganham tamanha visibilidade no cenário jornalístico nacional. Basta observar a história para perceber que discursos histéricos, fundamentalistas e destrutivos como o deles sempre foram utilizados na tentativa de conter qualquer política de inclusão social que desagradasse os interesses das classes mais ricas do país. Foi assim com Vargas, com João Goulart, com Lula e agora com Dilma e o PT. Essa raiva contra o PT é, na verdade, a rejeição à coerência político-partidária de um modelo deixou clara a sua preferência pela luta contra a desigualdade social e não pelo desenvolvimento econômico a qualquer custo. É, como diz Bresser Pereira (fundador do PSDB e ministro de FHC): “esse ódio decorre do fato de se ter um governo, pela primeira vez, que é de centro-esquerda e que se conservou de esquerda. Fez compromissos, mas não se entregou. Continua defendendo os pobres contra os ricos. O ódio decorre do fato de que o governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres. Não deu à classe rica, aos rentistas. Aí surgiu um fenômeno que eu nunca tinha visto no Brasil. De repente, vi um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, contra um partido e uma presidente”. Evidentemente, existem motivos para se indignar com o nível de representatividade do atual modelo democrático brasileiro, sobretudo diante da lógica de financiamento de campanhas vigente, contudo é preciso muita inocência para imaginar que as manifestações de ódio contra o PT são apenas decorrentes do desconforto gerado pela corrupção ou pelo preço da energia. No entanto, essas manifestações valem para se aprender uma coisa: “nunca subestimar o ódio, o medo e a ignorância”. Torçamos para que os gigantes da fome, da miséria, e da humilhação jamais se levantem. Não foi dessa vez que esse gigante acordou. Texto da coluna “Vitória a Minas”, de Vinícius Quintino, valadarense, servidor público federal que atua em Vitória, ES.

Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-81 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade - Enio Paulo Silva - Jaider Batista da Silva - João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga - Regina Cele Castro Alves - Sander Justino Neves - Sueli Siqueira Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

Parlatório No sábado, 7 de março, a Polícia Militar foi acionada pela direção do GV Shopping para abordar alguns jovens que, supostamente, poderiam cometer atos de vandalismo na Praça de Alimentação. Os jovens estavam em grupo na prática conhecida como “rolezinho”. Você concorda com a atitude do shopping da cidade e com a repressão policial?

NÃO

É muito fácil criminalizar a juventude Gilson Arão

Em pleno século XXI, a nossa sociedade tem tido muitas dificuldades em reconhecer os novos modelos e valores da juventude brasileira em ênfase da atualidade. Desconhecem os aspectos culturais e sociais que os jovens estejam inseridos. A segregação social que eles recebem na maioria das vezes é fruto de um preconceito instaurado através de uma visão de mundo desigual, capitalista, e sem oportunidades. “É mais fácil criminalizar e marginalizar a juventude do que oferecer o acesso e o progresso”. O rolezinho é nada mais do que um ato político que demarca a posição dos jovens excluídos de nossa sociedade, obtendo assim o acesso a tudo o que a história os negou. É caracterizado como um encontro em que os jovens realizam partilhando de uma mesma realidade social: dura, difícil, esquecida, e sem recursos. E mesmo assim acabam encontrando preconceito e rejeição quando transitam entre os espaços públicos e privados. Toda essa desigualdade se deriva de princípios e costumes de como a sociedade enxerga os novos valores da juventude. Uma vez presenciei em um Shopping da capital um dos seguranças dizendo na entrada – “Preto de boné não entra” – “ O que é esse agrupamento todo”? – “Se for rolezinho podem sair fora”. – O rolezinho não deixa de ser um ato cultural, e os jovens não podem ser confundidos como um bando de criminosos ou vândalos. A juventude não é isso que eles pregam. Eles só querem obter o acesso, sem que sejam impedidos ou cerceados. Um exemplo a ser citado é a coibição que fez a direção do GV Shopping, no último dia (7) de Março, em pleno sábado à noite, o shopping lotado de dezenas jovens que se encontravam com o intuito de fazer daquele ambiente um momento de pura descontração e lazer, um simples “rolê O Shopping de Governador Valadares não conseguiu entender porque a Praça de alimentação estava tão movimentada, e a direção logo acionou a força tática do Gate. Não houve nenhum registro criminoso ou de práticas ilícitas que envolvesse os jovens. Para os empresários e diretores da administração “O shopping só estava cheio demais”. Houve repressão e opressão por parte da Polícia, que tratavam os jovens ali como criminosos, expondo to-

SIM

dos sob a parede, gerando uma situação constrangedora entre todos os meninos e meninas entre 14 e 18anos, que permaneciam na Praça de alimentação. Como não repudiar esta ação da polícia? O que você faria se fosse o seu filho? Contudo a União da Juventude Socialista(UJS) de Governador Valadares, emitiu uma nota de repúdio em sua página onde gerou um acesso de 21.620 visualizações de mensagens, e curtidas de apoio e repúdio em detrimento da ação da polícia. O que fez a Secretaria Nacional de Juventude, tomar um parecer favorável do ocorrido intervindo e ouvindo as partes. Em nota, a SNJ declarou ofensiva e injusta a abordagem da PM, a mesma pediu explicações para o Abastecimento de Segurança Pública do município, aonde a requerente ainda não obteve resposta. A realidade é que hoje a Polícia Militar está doutrinada a ver o pobre como um inimigo, como um marginal, um bandido. Há muito tempo atrás ela existia com a finalidade de proteger o cidadão, hoje não mais. De acordo com a Secretaria Nacional da Juventude(SNJ), o nosso país é o que mais mata jovens no mundo. Mata mais do que as guerras do oriente médio. Existem dados que afirmam que somente em 2012, 532 jovens entre 15 a 18 anos foram assassinados em decorrência de conflitos com a Polícia Militar, nas periferias e favelas da região Sudeste. Sem perceberem a sociedade, o sistema e a polícia militar estão excluindo muitos os sonhos dos nossos jovens, coibindo o acesso, criminalizando a juventude, e deixando de investir nas promoções de políticas públicas. Cada jovem que se vai, é um grande talento que se deixa de existir no mundo, talentos da dança, talentos da música, talentos do esporte, talentos que só precisam de uma única oportunidade para mostrar que dá para fazer diferente, quando se tem uma ideologia de mundo diferente, e uma geração valente. Não ao extermínio da juventude, para que as juventudes vivam e pela aprovação dos autos de resistência de violência da polícia militar. Desmilitarizar é preciso! Gilson Arão é estudante de jornalismo na Univale e líder da União da Juventude Socialista

Culpar ao mensageiro? Laumir Alves

Não tenho vínculos quaisquer com o GV Shopping ou sua administração. Pra ser sincero, nem frequentador assíduo me considero. Ocasionalmente, um cineminha com meus garotos e o lanchinho básico de congraçamento. Distante de simpatizar com discriminação de qualquer natureza, entendo as preocupações e o posicionamento do shopping no episódio ocorrido. A apreensão dos lojistas estabelecidos naquele complexo, no tocante à aglomerações distintas daquelas de clientes no exercício de compras, é perfeitamente compreensível. A administração é porta-voz e mensageiro daqueles comerciantes e alocados. E, eles, estão enviando uma mensagem, simples e direta, que não pode mais se calar: basta de conviver com essa insegurança! A sociedade, como um todo. O comércio em particular. Todos bradam à pleno pulmões: chega de sermos reféns do medo. Criticar a administração do GV Shopping por solicitar apoio Militar na segurança pessoal e patrimonial de seus clientes e locatários é como executar o mensageiro por trazer notícias desagradáveis. Meras verdades, no presente caso, que a hipocrisia dessa mesma sociedade acuada, prefere ignorar que admitir a existência e equacionar da maneira pertinente. Exploro um pequeno comércio e resido em um bairro periférico da cidade. Mesmo não estando centralizado, o temor impera. Foi-se o tempo em que pequenos povoados eram sinônimo de menores problemas. Assim como morcegos, precisamos desenvolver um sistema de radar/sonar em nosso cotidiano mundo. Seja ele pequeno ou de maior proporção. Estou sempre em alerta às pessoas estranhas e, também às conhecidas, com comportamento e olhares estranhos. É discriminação de minha parte? Não senhor. Não senhora.

É senso de autopreservação. Qualquer animal, me refiro aos irracionais, sempre antecipa os passos de possíveis predadores. Neles chamamos de instinto. Se houvesse um dispositivo de “instinto” no mercado, eu compraria. Aos lojistas do GV Shopping não é facultado se auto preservar de potenciais, se não prováveis, predadores e depredadores? Estamos condenando a busca pela “Ordem e Progresso” ao fracasso, quando desprestigiamos os valorosos guerreiros das instituições de segurança país afora. Perdemos nossa direção quando não mais acreditamos em nossos professores pelo que realmente são: Mestres do saber e da disciplina. Nos furtamos de glorioso recomeço quando relegamos à míngua, instituições de apoio e socialização de jovens e adolescentes como a AHAMAN (Associação Homens do Amanhã), que são vistas como descartáveis e dispendiosas pelas comunidades e pelo poder público. Se não educarmos e disciplinarmos nossas crianças e adolescentes, com as devidas correções e cabíveis punições, eles crescerão para tocar o terror nas escolas, praças e corredores dos shoppings de nossas comunidades. Se as leis do Código Penal não forem aplicadas em sua total extensão (não precisamos de novas), sem essas baboseiras de privilégios para detentos, reduções e progressões de penas, o futuro pertencerá a eles. A outra opção é, nós cidadãos da honestidade e do trabalho, embarcar naquele foguete que está agendado para colonizar Marte e, lá, criarmos uma nova sociedade. Descente; honesta, respeitadora e trabalhadora. Temente à Deus e digna de, uma vez mais, ser reconhecida como de “seres humanos”. (Políticos , paswsados e atuais, não serão admitidos na nave). Laumir Alves é morador do Conjunto Sir e leitor do Figueira


POLÍTICA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 27 a 29 de março de 2015

Sacudindo a Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

Estranhas catedrais Quem pede intervenção militar para acabar com a corrupção no Brasil vai ficar com um carrapato atrás da orelha. Nem durante o Governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, como disse a presidenta Dilma, nem no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, como afirmou o delator da Lava Jato, Pedro Barusco. Nenhum dos dois partidos foi pioneiro quando o assunto é corrupção na Petrobras, segundo Pedro Henrique Pedreira Campos, professor do departamento de História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Campos é autor do livro ‘Estranhas Catedrais – As Empreiteiras Brasileiras e a Ditadura Civil-Militar’ (Editora da UFF, 2014), que mostra como as mesmas construtoras que hoje estão no banco dos réus da operação Lava Jato já pagavam propinas e se organizavam em cartéis durante o regime militar. E até antes. O título, ele explica, é uma referência a “Vai Passar”, música gravada por Chico Buarque em 1994, que cita as “estranhas catedrais” erguidas no país das “tenebrosas transações”.

Num tempo Página infeliz da nossa história Passagem desbotada na memória Das nossas novas gerações Dormia A nossa pátria mãe tão distraída Sem perceber que era subtraída Em tenebrosas transações Seus filhos Erravam cegos pelo continente Levavam pedras feito penitentes Erguendo estranhas catedrais E um dia, afinal Tinham direito a uma alegria fugaz Uma ofegante epidemia Que se chamava carnaval O carnaval, o carnaval

Versos e estrofes da música “Vai passar”, de Chico Buarque. Verdades!

E TENHO DITO!

Partidos de oposição têm o dever de fazer oposição. Partidos de situação têm o dever de ser situação ou então larguem o osso, saiam do governo. (Cid Gomes - Ex-ministro da Educação)

BLOCO DE NOTAS

Para de show

Carteirada

Na quinta-feira (26), no programa de rádio “A voz de Santa Rita”, levado ao ar pela Rádio Mundo Melhor AM, um frade capuchinho chamou a atenção dos colegas padres sobre a eucarístia. Segundo ele, não é necessário fazer um show e sim uma celebração, séria, voltada para a fé e devoção a Deus. E disse mais: o show tira a atenção dos fiéis.

O hábito da “carteirada”, corriqueiro no Brasil, e para não ser diferente, em Valadares, grassa nas bilheterias de estádios de futebol, teatro, espaços de shows. E a prática, antes atribuída às autoridades de segurança, tornou-se comum entre pessoas que atuam nos meios de comunicação da cidade, a maioria, sem formação profissional em jornalismo.

Caçambas As caçambas que são colocadas em calçadas e junto aos meio-fios das ruas continuam causando problemas. A maioria fica posicionada na diagonal, longe do meio-fio. Em cima do passeio, da mesma forma. Em muitos casos não estão sinalizadas e em locais escuros. O risco de provocar acidentes é grande.

Conversão E os motoristas que vêm da Praça da Estação em direção à Avenida Minas Gerais, continuam fazendo a conversão proibida para ter acesso ao Mergulhão.

Quebra-quebra Uma mulher de 48 anos foi detida pela Polícia Militar após ter sido flagrada danificando com uma enxada a imagem de Nossa Senhora da Piedade, localizada na parte externa da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade, em Belo Oriente, aqui pertinho de Governador Valadares. O fato provocou revolta na rede social Facebook. O povo do “face” condenou a intolerância religiosa.


METROPOLITANO 4

FIGUEIRA - Fim de semana de 27 a 29 de março de 2015

Residências abrigam o mosquito da dengue Constatação foi feita pelo 2o LIRAa e mostra que a maioria das pessoas não está tomando as devidas precauções para exterminar o mosquito da dengue em GV Da Redação Apesar da Prefeitura de Valadares realizar um intenso trabalho de prevenção e combate à dengue durante todo o ano, o segundo Levantamento de Índice Rápido por Infestação de Aedes aegypti (LIRAa) de 2015, divulgado na segunda-feira (23), pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), apontou um índice de 6,4% dos imóveis com foco do mosquito – menor do que o anterior, feito em janeiro deste ano, que foi de 6,6%. Os números revelam que a maioria das pessoas não está tomando as devidas precauções para exterminar o mosquito da dengue, que agora transmite, também, a febre Chikungunya. Até porque, pela 4ª vez consecutiva, a maior incidência de focos continua dentro das casas, nos ralos (35,6%), seguida pelas tinas/tonéis e tambores (20,6%), pratos de vasos de plantas (19,1%), lixos (13,7%), caixas d’água (5,9%), pneus (2,5%) e bromélias (2,5%). Contudo, os bairros que apresentaram maior índice no 2° LIRAa de 2015 não são os

mesmos do levantamento anterior: Jardim do Trevo, Santa Paula, Planalto, Turmalina e Retiro dos Lagos tem 9,9% dos imóveis com focos. Reincidentes no topo da lista, os bairros São Paulo, Santa Terezinha, Ilha dos Araújos e São Tarcísio cravaram 9,2% dos imóveis com focos. O bairro Santa Rita também apresentou um índice considerado alto - 8,8% -, seguido do Nova Vila Bretas, Mãe de Deus, Santo Antônio e Altinópolis – todos com 8,5%. Logo atrás vêm os bairros Vila Império, Palmeiras, Jardim Pérola, Kennedy, Bela Vista, Fraternidade, Vila Ozanan, São José e Nossa Senhora de Fátima, com 7,4% dos imóveis com focos do mosquito da dengue. Já a região dos bairros Grã Duquesa, Nossa Senhora das Graças, Maria Eugênia, Santo Agostinho, Lagoa Santa, Morada do Vale e Cidade Nova apresentou, novamente, o menor índice - 3,5%. Quase lá estão os bairros Atalaia, Vila do Sol, Ipê, Vila dos Montes, Jardim Alvorada, Vale do Sol e Cidade Jardim, todos com 3,9%. Centro, Esplanada, Esplanadinha e São Pedro registraram 4,1% dos imóveis com focos.

. Cai o número de notificações Até o momento foram notificados 116 casos de dengue em pessoas residentes em Valadares. No mesmo período de 2014 o número chegou a 345. Ao longo de todo o ano passado foram registradas 1.204 notificações, contra 4.896 em 2013. Em ambos os anos não houve registro de mortes em função da doença no município. Como eliminar o mosquito O uso de água sanitária misturada à água (de torneira) mata as larvas do mosquito transmissor da dengue em 24 horas após o contato com a solução e mantém o controle por 20 dias. Essa é a conclusão do estudo que a Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor) encomendou à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, pertencente à Universidade de São Paulo (ESALQ/USP). Esta é uma dica simples e eficiente. Fábio Moura / Secom PMGV

Apesar da presença constante dos agentes de saúde que atuam no combate à dengue, muitas residências ainda abrigam focos do mosquito transmissor da doença

ELEIÇÃO / CONSELHO

CMDCA abre processo de escolha para novos membros O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) deu início ao processo de escolha de novos membros, representantes das entidades da sociedade civil, para o mandato 2015-2017. O credenciamento de candidatos e eleitores por entidades que participarão do pleito deverá ser feito até sexta-feira (27), na Secretaria Executiva dos Conselhos, na rua Pedro Lessa, 286, Lourdes, das 12h às 17h. Poderão habilitar-se ao processo de escolha de conselheiros não governamentais para o CMDCA, entidades e organizações sociais, representativas da sociedade civil, legalmente constituídas há pelo menos dois anos e em regular funcionamento, que tenham por objetivos: atendimento social à criança, ao adolescente, seus pais ou responsáveis; defesa dos direitos da criança e do adolescente; defesa da melhoria de condições de vida da população; e atuação em setores sociais estratégicos da economia e comércio local que impactem propiciando o fortalecimento do posicionamento do segundo setor na defesa dos direitos da criança e do adolescente. Importante ressaltar que não é necessário que estes objetivos sejam cumulativos por uma mesma instituição/entidade. Para a escolha, o CMDCA conta com um rol de entidades da sociedade civil que, por preencherem as condições acima e já as terem comprovado, são inscritas no Conselho, o que automaticamente as habilita para o processo de eleição, bastando apenas o credenciamento de eleitores e candidato. Entidades que ainda não integram este rol, mas preenchem os objetivos relacionados, poderão efetuar sua inscrição no CMDCA também até o dia 27, para, em sequência, realizar o credenciamento de seus representantes no processo de eleição. Cada entidade ou organização social da sociedade civil, habilitada a participar do processo de escolha poderá credenciar até quatro representantes, sendo três nomes na categoria de eleitor e um na categoria de candidato, para participarem da Assembléia de Entidades. A Assembléia de Entidades está marcada para o dia 10 de abril, no Centro Cultural Nelson Mandela, ocasião na qual serão eleitos os novos conselheiros. Cada entidade poderá credenciar apenas um candidato. A entidade que optar por não credenciar candidato poderá credenciar quatro eleitores. Serão eleitos no pleito nove conselheiros titulares e nove suplentes. A resolução nº 51/2015 do CMDCA estabelece as normas para o processo de escolha dos conselheiros municipais não governamentais.

Direitos Humanos Paulo Vasconcelos 9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul

O

Conselho Municipal de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos traz a 9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul, com as seguintes apresentações: — Exibição do filme RIO CIGANO (Júlia Zakia, Brasil, 2013, 80’), dia 24/03 no CREAS-Pop, a partir de 13h30. Uma cigana atravessa mundos para salvar sua grande amiga de infância de uma condessa sanguinária. — Exibição do filme PELAS JANELAS (Carol Perdigão, Guilherme Farkas, Sofia Maldonado e Will Domingos, Brasil, 2014, 35`), dia 24/03 no Centro Cultural Nelson Mandela, a partir de 15h30. Ao longo de 3 meses, uma equipe formada por quatro estudantes universitários de Cinema e Audiovisual acompanhou parte dos processos e experiências dos projetos de cinema, educação e direitos humanos “Inventar com a Diferença”, realizado em escolas espalhadas por todo o território nacional. — Exibição do filme QUE BOM TE VER VIVA (Lúcia Murat: Brasil, 1989, 95’), dia 25/03 no Centro de Convivência e Cultura, a partir de 14h. Duas décadas depois, oito ex-presas políticas falam sobre a luta e a tortura vividas durante o regime militar brasileiro e a experiência de ter sobrevivido. Entre os depoimentos, delírios e confissões de uma personagem anônima, que reflete sobre o peso de

ter sobrevivido lúcida às torturas. — Exibição do filme CABRA MARCADO PRA MORRER (Eduardo Coutinho, Brasil, 1984, 119’, Documentário, classificação: 12 anos), dia 30/03 na parte externa do Centro Cultural Nelson Mandela, a partir de 18h30. Em 1964, o CPC da UNE inicia um filme sobre a vida de João Pedro Teixeira, líder da Liga Camponesa de Sapé (PB), assassinado por latifundiários, que inclui uma reconstituição ficcional do evento político que levou à sua morte. A viúva de João Pedro, Elizabeth, e outros camponeses participaram das filmagens. Mas os trabalhos são interrompidos por conta do golpe militar. 17 anos depois, Coutinho retoma o projeto e vai atrás dos personagens, encontramos Elizabeth na clandestinidade e sem contato com muitos de seus filhos. — Exibição do filme A VIZINHANÇA DO TIGRE (Affonso Uchoa, Brasil, 2014, 95’), dia 31/03 no CREAS-Pop, a partir de 13h30. Juninho, Menor, Neguinho, Adilson e Eldo são jovens moradores do bairro Nacional, periferia de Contagem (MG). Divididos entre o trabalho e a diversão, o crime e a esperança, cada um deles terá de encontrar modos de superar as dificuldades e domar o tigre que carregam dentro das veias. — Exibição do filme SOPHIA (Kennel Rógis, Brasil, 2013, 15’),

dia 01/04 no Centro de Convivência e Cultura, a partir de 14h. Na busca por entender melhor o universo de Sophia, Joana, mãe dedicada, passa por belíssimas experiências sensoriais. Uma singela história de amor cercada de poesia visual e sonora. Paulo Gutemberg Vasconcelos é educador social e preside o Conselho Municipal de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos.

Cena do filme “Cabra marcado para morrer”


NACIONAL

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Notícias do Poder José Marcelo / De Brasília

Guerra Perdida 1

Não teve jeito

Os principais assessores e interlocutores da presidente Dilma Rousseff já deram como perdida a guerra entre a presidente e os aliados rebeldes no Congresso nacional. A avaliação feita pelo grupo de apoio da presidente Dilma é de que a insatisfação que estava concentrada apenas no PMDB, inicialmente, se espalhou e contaminou os demais partidos, incluindo o próprio PT. A aprovação da renegociação das dívidas dos estados e municípios foi considerada a pá de cal na situação que começou a se agravar ainda no final do primeiro mandato.

Em relação à dívida dos estados e municípios, uma das maiores defensoras do governo na Câmara, a deputada e ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT-RS) foi taxativa: não dava para votar contra a proposta, apesar do pedido da presidente Dilma Rousseff, que alegou necessidade de ajuste nas contas. Segundo a deputada, a União precisa socorrer os municípios, principalmente depois da perda de receita que eles tiveram graças à política de desoneração, adotada nos últimos anos. É que no pacote de bondades implementado pelo governo estava sempre a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) da construção civil, linha branca e de carros. Acontece que o IPI entra na composição do Fundo de Participação dos Municípios, verba que sustenta integralmente todos os pequenos municípios brasileiros e é um socorro e tanto para as cidades maiores.

Guerra Perdida 2 A mudança de postura do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) foi apontada como o “risca fósforo” no barril de pólvora da relação, já estremecida com o fortalecimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). E depois que os dois presidentes passaram a discutir estratégias de ação, os demais parlamentares se sentiram mais à vontade para atuar de acordo com os próprios interesses, independente da posição em relação ao governo.

Lei do Silêncio Por falar em Maria do Rosário, a deputada informou, com exclusividade, que pretende apresentar um projeto proibindo os veículos de comunicação a entrevistar bandidos condenados por crimes hediondos. Prática comum no Brasil, esse recurso dos veículos chamou a atenção da deputada depois que o apresentador Gugu Liberato entrevistou Suzane Von Richthofen e o ex-goleiro Bruno. Segundo Maria do Rosário, a prática ajuda a valorizar o criminoso e não o contrário. A deputada também defende o projeto de regulação econômica da mídia brasileira.

FIGUEIRA - Fim de semana de 27 a 29 de março de 2015

Mais aumento Não está no Orçamento deste ano, mas a aprovação de reajuste de salário dos servidores do Judiciário, que passou pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, pode ajudar a acalmar os ânimos da categoria. O projeto ainda precisa passar pelo Senado, mas já alivia a tensão instalada entre os servidores e os juízes e procuradores. Esses dois últimos tiveram aumento, mas os servidores estão há anos sem reajustes e vivem, neste momento, um estado de greve. No palácio do Planalto o consenso é de que o possível aumento precisa ser vetado. No Senado, o presidente Renan Calheiros já teria dito que seria mais um veto a ser derrubado.

Vida dura Tem sido difícil a vida do líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Além de receber a tarefa de tentar convencer os deputados da base governista a pensar e agir como governistas, o parlamentar ainda recebeu a incumbência de fazer aquilo que o Palácio do Planalto não faz: se comunicar. Todos os dias ele atende jornalistas antes e depois de reuniões com a bancada. Tem sido dele a tarefa de falar em nome do governo.

O problema... O problema é que nem sempre o deputado tem autonomia e legitimidade para falar em nome da presidente Dilma. E nem ele estaria gostado disso, segundo um parlamentar da bancada. Fale com José Marcelo: noticiasdopoder@uol.com.br José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.

Cotidiano Lucimar Lizandro

Saúde Derli Batista da Silva Educação Sanitária: uma via para a promoção da saúde (I)

A

Carta de Ottawa, aprovada na Conferência Internacional de Promoção da Saúde ocorrida no Canadá em1986, define promoção da saúde como o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Remetendo-nos à compreensão de que é preciso socializar o conhecimento acerca da saúde, desprendendo as pessoas ao máximo da elevada dependência de profissionais, situação que persiste nos cuidados com a saúde. Isto lembra o notório educador e pedagogo brasileiro, professor doutor Paulo Freire, em seu livro Pedagogia da Autonomia: ...exercitaremos tanto mais e melhor a nossa capacidade de aprender e de ensinar quanto mais sujeitos e não puros objetos do processo nós façamos. Profissionais e gestores precisam se atentar para esse aspecto na área da assistência à saúde. O desenvolvimento de um estado saudável envolve a compreensão sobre a cidadania como exercício de deveres e direitos, num contexto social, político e cultural. Neste aspecto, a educação sanitária pode ser um instrumento precioso para despertar nas pessoas o sentimento de poder (re)construir a sua saúde. A educação pode ser percebida permeando, implicitamente, a legislação de saúde do Brasil, caracterizando um direito do cidadão brasileiro, notório na Lei Orgânica da Saúde, principalmente ao afirmar ações preventivas como prioritárias. George Rosen ensina que a educação sanitária se faz presente como ação de prevenção de doenças e de promoção da saúde desde a Grécia Antiga, ainda que naquele tempo sem formalidade, envolvendo profissionais de saúde, governantes e comunidade em diversos países, numa preocupação com as condições sanitárias da população. Aqui no Brasil, o Ministério da Saúde tem publicação de 1954 que descreve ações educativas de visitadoras sanitárias nos lares do bairro São Raimundo, em Governador Valadares – Minas Gerais. No início do século XXI, realiza-se atividade educativa em saúde em todas as regiões brasileiras, com ênfase na família, fruto da iniciativa do Ministério da Saúde que, na década de 1990, criou a estratégia de saúde da família - ESF, a qual tem como uma das ações mais importantes a educação sanitária. Neste contexto, são atribuições das equipes da ESF, dentre outras: _ realizar ações educativas para a saúde, voltadas à melhora do autocuidado das pessoas e mobilizar a comunidade no sentido de melhorar a qualidade de vida. A base da educação sanitária é o compartilhar de informações e conhecimentos, visando à construção de uma consciência sobre

os problemas, incluindo as suas causas e prováveis sequelas, assim como a descoberta de estratégias que provoquem as mudanças capazes de atender os anseios das pessoas, melhorando sua condição de saúde. A importância da educação sanitária é visível em todos os níveis de atenção à saúde, pois além da prevenção, pode ser utilizada com eficácia também em ações curativas, visto que são inúmeros os tratamentos que necessitam de um aprendizado por parte do cliente/ paciente. As ocasiões são muitas que permitem sensibilizar as pessoas sobre as questões de saúde, tanto de interesse mais coletivo quanto individual, bem como instrumentalizá-las para enfrentar melhor as situações adversas à saúde e à vida. Este é um papel das políticas de promoção da saúde. A Carta de Ottawa ressalta que a promoção da saúde apoia o desenvolvimento pessoal e social através da divulgação, da informação, da educação para a saúde e intensificação de habilidades vitais. Com isso aumentam as opções disponíveis para que as populações possam exercer maior controle sobre sua própria saúde e sobre o meio ambiente, bem como fazer opções que conduzam a uma saúde melhor. A enfermeira Lourdes Bernadete dos Santos Pito Alexandre, mestre em Saúde Coletiva e doutora em Enfermagem, ao publicar o livro Epidemiologia aplicada nos serviços de saúde, destaca que vigilância à saúde também seria uma mudança no modo de entender, trabalhar e avaliar os serviços assistenciais, direcionando-se aos problemas relacionados à qualidade de vida; visando controlar determinantes, riscos e danos e apoiando ações intersetoriais para a reorganização das práticas de saúde. A saúde é o maior recurso para o desenvolvimento social e econômico, e gera importante impacto na qualidade de vida das pessoas, de famílias e comunidades. A saúde é um fator essencial para o desenvolvimento humano e requer as habilidades e competências para cuidar-se. Urge maior disponibilização de recursos e melhor desenvolvimento de estratégias por parte de gestores e gestoras para essa dimensão da atenção à saúde.

Derli Batista da Silva é enfermeiro, mestre, especialista em Gestão de Organização Pública da Saúde, professor e superintendente Regional de Saúde.

Guiados pelo ódio

Q

uando deixamos de lado a serenidade e o bom senso, acabamos nos afastando da essência humana e nos igualamos aos outros animais, praticando os gestos mais deploráveis, dos quais podemos nos envergonhar algum dia, quando afastados desse estado mental. Temos visto, nos últimos dias, a estampa de uma camisa replicada nas redes sociais onde aparece uma mão com quatro dedos e logo abaixo a palavra basta. A figura é uma alusão direta ao ex-presidente da República que teve um dedo decepado por uma prensa num acidente de trabalho. Então, fico pensando, quantas pessoas, seja por nascimento ou por algum acidente têm alguma deficiência física. Certamente, muitos de nós em nossa própria família ou em grupos familiares próximos conhecemos essa realidade. Com certeza, tal situação não deve ser motivo de alegria ou comemoração para as próprias pessoas e seus familiares. Então, faço a pergunta: a dor de quem carrega tal sofrimento não comove aqueles que se dispõem a explorar tal situação numa disputa político-partidária? Será que os que se propõem a divulgar tal imagem não pensam que algum dia podem se deparar com essa realidade? Certamente, em condições normais de pressão e temperatura, duvido que alguém tenha a coragem de recorrer a tamanha desumanidade para atacar um desafeto político. Então, a nossa torcida é para que o bom senso, a serenidade e reflexão possam voltar a ser nossa referência e suporte de nossos atos. A continuar tal descalabro, continuaremos firmes num caminho sem volta para os momentos mais tristes e vergonhosos da caminhada da espécie humana na terra. Que se discuta, que se debata exaustivamente qualquer tema, mas, que respeitemos a dor e sofrimento alheios. Amanhã, as lágrimas poderão ser nossas e talvez já não encontremos ninguém para dividir a nossa angústia, pois o respeito e solidariedade já terão sidos banidos das relações humanas.

Lucimar Lizandro de Freitas é graduado em Administração e Pós-Graduado em Administração Pública.


COMPORTAMENTO 6

FIGUEIRA - Fim de semana de 27 a 29 de março de 2015

Divulgação 50 Tons de Cinza

Além dos 50 tons de cinza Gina Pagú / Repórter

O filme conta a história de um romance entre uma jovem estudante universitária e um bem sucedido empresário. Mas não é uma relação que comumente vemos retratada nos filmes românticos de Hollywood. O filme gira em torno da prática sexual conhecida como BDSM um acrônico à Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo.

Esse assunto dominação versus submissão feminina sempre vai atrair boa parte dos homens. Faz parte da vida dos casais desde que o mundo é mundo. Não acredito permear pela esfera do preconceito, também não acredito que precisa ser exposto, e nem discutido.

O

longa metragem Cinquenta Tons de Cinza superou a bilheteria na estreia de filmes em 2015. Em pleno Carnaval lotou as salas de cinema de todo Brasil, atraindo segundo o site Uol cerca de 5.887.989 de espectadores. O filme homônimo ao livro que se tornou um best-seller chegou arrecadar no primeiro final de semana de março cerca de R$ 78.657.944, enquanto o mesmo período do ano passado o filme Malévola, faturou R$ 74, 5 milhões e foi assistido por 5,8 milhões de espectadores. O filme conta a história de um romance entre uma jovem estudante universitária e um bem sucedido empresário. Mas não é uma relação que comumente vemos retratada nos filmes românticos de Hollywood. O filme gira em torno da prática sexual conhecida como BDSM um acrônico à Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo. E esse foi o grande chamariz para atrair o público, na maioria mulheres, a encheram as salas de cinemas. Segundo a psicóloga, especializanda em diversidade e gênero e integrante do Núcleo de debates sobre diversidades e identidades (NUDIS), Tatiana Santiago, a indústria cinematográfica escolheu bem os personagens e um tema que atrai a curiosidade humana. “Acredito que o enredo aguça o imaginário feminino. Comercialmente falando é um conto de fadas do século 21, mas que mantém elementos culturais de uma sociedade machista mantendo o protótipo masculino. A mocinha virgem, o rapaz bonito, cortês, poderoso, rico e viril. Trata a mocinha com galanteios, presentes e realiza fantasias sexuais. Acredito que explorar o campo da sexualidade sempre rende bons cifrões à indústria cinematográfica. A sociedade tem muita dificuldade com esse tema. São muitos, tabus, preconceitos, fantasias e curiosidade.” •. O jornalista Bruno Trindade discorda, “talvez o filme tenha chamado tanto atenção do público por se tratar de assunto um pouco underground, mas com uma roupagem diferente mais soft. Sinceramente não entendo o porquê de tanto burburinho. Li algumas páginas do livro por curiosidade e achei um tanto quanto adolescente. As mulheres podem ter se interessado um pouco mais, por ter uma linguagem mais feminina, ser mais sutil do que o material que é oferecido para o homem nesse sentido.”. Tatiana explica que o filme gerou muita expectativa para as espectadoras, mas isso é positivo, embora o intuito dos produtores do longa fosse somente financeiro. “A história tratada no filme, um primeiro momento acaba reforçando o padrão machista/sexista. O frisson é grande e se transforma em cultura de massa. Requer análise crítica do fenômeno nos perguntando o que tem de tão diferente ou interessante assim. Então na tentativa dessa resposta abrimos caminho para a discussão dos temas. Não acredito que esta tenha sido a intenção de quem escreveu o livro e/ou produziu o filme. E a expectativa das pessoas me deixa esperançosa, pois é o início do pensamento crítico, sinal que as pessoas estão refletindo e emitindo opinião própria.” Bruno pondera sobre a baixa qualidade do filme, e que o tema principal já é assunto conhecido do grande público. “Esse assunto dominação versus submissão feminina sempre vai atrair boa parte dos homens. Faz parte da vida dos casais desde que o mundo é mundo. Não acredito permear pela esfera do preconceito, também não acredito que precisa ser exposto, e nem discutido.” Limites das fantasias A psicóloga Vânia Sampaio, especialista em Saúde Mental e Intervenção Psicossocial, faz uma análise dos perfis homem dominador versus mulher submissa. “Com relação ao filme a minha criatividade imaginária, conseguiu uma construção mais relevante, audaciosa com uma visão menos romântica. Tendo como ponto de análise os perfis: dominador versus dominado; a ilusão o príncipe e a princesa como um conto de fadas; a sexualidade (psicanálise Freudiana) e a angústia de ser livre (existencialismo Sartriano). Assim em uma sociedade dominadora, onde o consumismo, a ditadura da beleza, os vícios e etc., consomem a vida das pessoas e as fazem refém de um sistema influenciador e irreal. A minha ponderação a priori vai muito além da tese marxista enunciada por volta de 1880, de maneira que, repensar as questões de gênero, além de me seduzir fortemente, abre um leque de possibilidades. Percebe-se então que a função masculina e feminina vem invertendo seus papeis, onde a busca por um lugar ao sol, só pode de fato ser ocupado por aquele que sabe “caçar” e tem a melhor

“presa” ao final do dia, dado ao contexto, o sujeito dominador. O romantismo a passividade, a sutileza é inaceitável em terra de necessidades emergências, dado ao contexto, o sujeito dominado.”. Vânia explica ainda que as fantasias sexuais constroem egos e vaidades, por conta da ilusão de poder remetidos ao dominador e ao dominado. “Assim o príncipe parece mesmo encantador, para a sensível, romântica princesa, podendo inclusive, confirmar a hipótese de ser um bom perfil, uma vez que o dominador é para o oposto uma necessária oportunidade. Considerando a mera ilusão de que “seremos felizes para sempre” como nos contos de fadas, sem margem de erros e ou infelicidades. A sexualidade neste cenário citado acima, está ligada puramente a reprodução para tão somente a procriação, diferentemente do que é proposto por Freud, que inclui a obtenção de prazer tanto para os homens quanto para às mulheres.”. Tatiana explica o contexto das relações sadomasoquistas e as questões patológicas que podem estar implícitas na vida de quem escolhe esse estilo de vida sexual. “Não é só a questão romântica, o filme traz também a discussão do que é sadio ou patológico. Portanto, quanto à questão BDSM, o filme instiga mais o imaginário, a ansiedade e excitação da personagem pelo desconhecido. O que passa despercebido para a grande maioria é a diferença entre o sadomasoquismo patológico e o sadomasoquismo erótico. O mocinho do Filme Christian Grey tem uma questão mal resolvida com a figura feminina, apesar de tratar Ana, Anastásia Steele, cordialmente, e a partir daí a história ganha outro tom quando passa existir sentimento. No filme, Grey fala de maus tratos na infância por parte da mãe dependente química e posteriormente de uma relação em que ele é o submisso sexual de uma mulher mais velha, o que caracteriza abuso sexual. Ambas as experiências lhe renderam marcas físicas e psicológicas.” Tatiana diz ainda que os praticantes do BDSM podem ter alguma questão mal resolvida na infância, o que não quer dizer a grande maioria. “No sadomasoquismo patológico sim temos relações diretas com o corpo, a autoimagem, os abusos sofridos. não necessariamente sexuais. Pois o abuso moral também geram consequências graves. A submissão, como a dominação em um jogo erótico podem ter ou não relação com a infância. A relação amor/confiança/prazer/ compensação fica em grande parte deturpada. No entanto, é preciso que cada caso seja avaliado. O filme é glamuroso, é uma ficção, mas adaptando para a realidade, o que acontece fora das cenas eróticas são fortes indícios de uma relação doentia. Que com o passar dos anos tende a violência explícita. A questão é avaliar até que ponto a fantasia que fazemos do outro é uma realidade suportável em longo prazo.” Diálogo e sexo A estudante do curso de pedagogia, Rosi Santiago, diz que falar de sexo deveria ser algo tão natural como assistir ao filme Cinquenta tons de cinza. “Toda repressão acaba se transformando em ideia fixa. A Igreja, desde que nasceu, reprime o sexo como uma forma de controlar as mentes, fazendo de algo natural uma questão complexa. Como a repressão é social, é de se esperar que o assunto seja um tema popular. As mulheres são mais reprimidas que os homens, daí, talvez, o motivo de que para elas passa a ser mais atrativo e repugnante ao mesmo tempo. O assunto sexo é tabu nas escolas e na maioria dos lares. Cria-se uma tensão ao tocar neste assunto proibido. Ao mesmo tempo, a TV erotiza as crianças e banaliza as relações. Não há uma educação, um diálogo e ao invés disso uma super estimulação. Muitas vezes, eu vejo pessoas se portarem de maneira exagerada ao falar de sexo. Como se fosse algo pecaminoso, uma aventura perigosa ou coisas do tipo. Não percebem que o sexo está em nosso cotidiano e vai muito além de um ato. Sexo é vida, é prazer e deve ser vivido com maturidade e responsabilidade, sobretudo, com respeito. Precisamos falar mais de sexo, mas sem esse tom de algo escondido, pervertido. Falar de sexo deveria ser algo tão natural quanto ele.” A psicóloga especializanda em diversidade sexual finaliza. “O filme tem sucesso exatamente por isso, porque ele traz alternativas para diversificar a vida sexual. Especialmente para casais que estão em relacionamentos mais longos, sendo que a novidade renova o desejo, e que consequentemente os aproxima na intimidade. Sabe-se que é muito importante ter uma vida sexual satisfatória. Mas para isso é preciso diálogo e respeito entre os envolvidos, ponderando até que ponto há uma relação saudável ou algo que vai além do suportável.”


O Sindicato defende a democratização da comunicação e a regulação da mídia como formas de avançarmos na construção da jovem democracia brasileira e mesmo na liberdade de imprensa.

FIGUEIRA - Fim de semana de 27 a 29 de março de 2015

Arquivo pessoal

ENTREVISTA 7

ENTREVISTA

Kerison Lopes

Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais

O jornalista Moisés Oliveira, do Figueira, conversou o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Kerison Lopes, sobre a luta da categoria pela obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão e sobre questões importantes relacionadas à atividade dos jornalistas, que precisa ser reconhecida e valorizada pela sociedade. Confira! Figueira - Nesta semana retorna à pauta do Congresso Nacional a discussão sobre a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Qual é a posição do SJPMG? Kerison - Desde o começo desta já longa luta dos jornalistas brasileiros, o Sindicato se soma aos demais sindicatos de jornalistas e à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) na defesa da obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão de jornalista. Neste momento, a luta se traduz na aprovação da PEC em tramitação na Câmara Federal, cuja aprovação incluirá essa exigência no texto da própria Constituição. Nós acreditamos que a formação em curso superior de jornalismo é uma condição necessária para um jornalismo de qualidade e, consequentemente, para a própria vigência da liberdade de imprensa. Figueira - Ainda existem muitos jornalistas trabalhando que não são formados? Caso seja aprovado o projeto, como ficará a vida deles?

Figueira - Em Minas Gerais ainda existe censura a jornalistas? Kerison - A censura nunca deixou de existir. Precisamos distinguir a censura explícita, como aquela que foi praticada pela ditadura, com a presença ostensiva de um censor nas redações, de outras formas, muitas vezes veladas, que persistem. As empresas jornalísticas, em maior ou menor grau, sempre cercearam o livre exercício profissional do jornalista impedindo a publicação de matérias que não são do seu interesse ou do interesse de um anunciante ou político amigo. A imprensa empresarial sempre se distinguiu pelo grau de autonomia dado pelos proprietários à redação. Na França, por exemplo, há alguns anos, ao assumir o controle de um jornal famoso, um grupo empresarial assinou um compromisso com a redação de não interferir no conteúdo editorial. No Brasil, infelizmente, com a polarização política dos últimos anos, a imprensa tomou nitidamente partido contra o governo e com isso o exercício profissional os jornalistas se tornou muito difícil. Os exemplos são inúmeros, mas para ficar em Minas Gerais, podemos lembrar da posição assumida por um grande jornal a favor de um candidato a presidente, convocando seus empregados a participar da campanha, fato que gerou revolta dos jornalistas. Figueira - Hoje em dia as pessoas têm se organizado de maneira diferente, menos depentente do associatismo clássico. Nos dias de hoje qual é o papel do Sindicato do Jornalistas?

Kerison - De fato, com o fim da obrigatoriedade do diploma esse número aumentou, em Minas e em todos os estados, provocando inclusive um certo descontrole sobre o exercício profissional, uma falta de conhecimento claro de quem é e quem não é efetivamente jornalista. Com a aprovação da PEC, esses profissionais não formados deverão evidentemente se adequar, o que será bom para a sua própria formação, mas também para a própria qualidade do jornalismo praticado hoje no Brasil.

Kerison - O papel do Sindicato continua o mesmo, conforme definido no seu Estatuto: representar os interesses dos jornalistas de forma coletiva ou individual. O Sindicato do Jornalistas sempre teve papel político muito importante na história de Minas e do Brasil, principalmente na defesa da democracia e da liberdade. Com as mudanças ocorridas na profissão, o Sindicato vem buscando se aproximar de todos os jornalistas, que hoje não estão mais limitados a algumas redações, mas trabalham em inúmeros locais, de forma bastante ampla, mas também dispersa.

Figueira - Como o Sindicato avalia a formação dos jornalistas em Minas .

Figueira - Por que é importante se sindicalizar?

Kerison - Minas Gerais tem cursos de Jornalismo e Comunicação Social tradicionais e de ótima qualidade, com quadros docentes e direções formados por jornalistas experientes. São cursos que, pelos contatos e acompanhamento feito pelo Sindicato, buscam se atualizar às transformações na comunicação e aptos para formar profissionais em número e qualidade para atender à demanda das empresas jornalísticas e das inúmeras instituições que hoje dão trabalho a jornalistas. Além dos tradicionais, existe um crescimento do oferta com novos cursos.

Kerison - Basta olhar para o exercício da profissão para se entender a importância de se se sindicalizar. Tudo que regula a profissão de jornalista, do salário às condições de trabalho, da jornada de cinco horas a outros benefícios, tudo foi conquistado e é garantido pelo Sindicato, representando e mobilizando a categoria. Anualmente, o Sindicato negocia com os sindicatos patronais a renovação de conquistas antigas e pleiteia novas conquistas. O Sindicato também é fundamental para dar apoio jurídico aos jornalistas nas suas demandas trabalhistas junto aos patrões. É se sindicalizando e participando da vida sindical que o jornalista se torna cem por cento jornalista.

Figueira - Qual são as grandes dificuldades para quem está começando na profissão? Kerison - Apesar de todas as transformações, o jornalismo ainda é uma profissão em que os contatos são muito importantes e muitas vezes prevalece a indicação para se conseguir um emprego. Isso porque é uma profissão eminentemente prática, que põe o profissional à prova imediatamente. Seja numa redação, seja numa assessoria, o chefe experiente logo percebe se o recém-formado é bom de serviço. Portanto, vale a pena não só distribuir currículos, mas manter contatos e fazer visitas. Quando ao trabalho em si, a principal dificuldade do iniciante costuma ser os prazos, sempre pequenos, para a produção da notícia. Figueira - Vale a pena investir em ser um jornalista? Como está o mercado do jornalismo em Minas? Kerison - Vale a pena principalmente para aquele jovem que sabe o que é a profissão e gosta realmente dela. O mercado de trabalho para os jornalistas está se transformando de forma radical e acelerada, desde o surgimento da internet. Os veículos impressos já não são os principais contratantes, não só em Minas, mas em todo o país e no mundo inteiro. Ao mesmo tempo, cresce o mercado para jornalistas que trabalham em assessorias, na internet, inclusive em novos veículos alternativos. Muitos jornalistas, principalmente jovens, vêm experimentando trabalhar por conta própria, desenvolvendo seu potencial empreendedor. Além disso, os próprios os governos em todos os níveis se tornam cada vez mais empregadores de jornalistas, por meio de concursos públicos. Figueira - A remuneração no Estado é justa? Kerison - Longe disso. Todas essas transformações citadas, especialmente o fim da obrigatoriedade do diploma, tiveram grande repercussão negativa sobre os salários dos jornalistas. Uma das grandes lutas da categoria é a unificação dos salários e das jornadas de trabalho. Para que o jornalista seja valorizado e conquiste remuneração digna, duas coisas são necessárias, na minha opinião. A primeira, que está em momento decisivo, é a obrigatoriedade do diploma. A segunda é o entendimento pela própria categoria de que jornalista é jornalista em qualquer lugar que trabalhe, que se trata de uma profissão única, regida pelos mesmos princípios e pelo mesmo Código de Ética.

Figueira - Como funciona a Casa do Jornalista e o Sindicato dos Jornalistas? Kerison - O Sindicato dos Jornalistas tem uma diretoria executiva, com cinco membros, uma diretoria setorial, com quinze membros, e um Conselho Fiscal, com seis integrantes, eleitos para mandato de três anos. Nenhum diretor é remunerado. O Sindicato tem uma pequena equipe de funcionários e sobrevive da Contribuição Sindical, da Anuidade Sindical e da Taxa de Fortalecimento, todas pagas pelos jornalistas. Como os recursos são insuficientes, o Sindicato firma parcerias para execução de projetos específicos. A Casa do Jornalista é uma entidade ligada ao Sindicato, e que em breve indicaremos os seus diretores. Ela funciona como parceira do Sindicato na realização de eventos culturais e afins. Também como Casa do Jornalistas é conhecida a sede própria do Sindicato, que efetivamente funciona numa casa. No espaço é desenvolvido um trabalho cultural importante há muitas décadas, que a atual diretoria busca revigorar. Figueira - Muito se fala de um jornalismo que serve as grandes mídias sendo ferramenta de manipulação das massas e da opinião pública. Como o sindicato entende este momento político do Brasil ? Kerison - Em todo o mundo a regulação da mídia está em questão. Isso porque a comunicação se tornou muito importante e é controlada por poucas grandes corporações. Essas empresas, portanto, detêm um poder muito grande, muitas vezes maior do que o do governo. No Brasil, isso é evidente, mas diferentemente de outros países como Inglaterra e Estados Unidos, a imprensa não tem nenhuma regulamentação. A própria Associação Nacional de Jornais (ANJ) assumiu, em matéria publicada pelo jornal O Globo, em 2010, que a imprensa atua como partido de oposição. O Sindicato defende a democratização da comunicação e a regulação da mídia como formas de avançarmos na construção da jovem democracia brasileira e mesmo na liberdade de imprensa. Figueira - Quais são os desafios da sua gestão frente ao sindicato? Kerison - Nossa gestão enfrenta vários desafios, mas um deles se destaca claramente e foi mesmo o centro da nossa campanha eleitoral: aproximar-se cada vez mais da categoria, hoje tão diversificada, e trazê-la para o Sindicato, tornando-o mais forte, mais unido e mais alegre.

No Brasil, infelizmente, com a polarização política dos últimos anos, a imprensa tomou nitidamente partido contra o governo e com isso o exercício profissional os jornalistas se tornou muito difícil. Os exemplos são inúmeros, mas para ficar em Minas Gerais, podemos lembrar da posição assumida por um grande jornal a favor de um candidato a presidente, convocando seus empregados a participar da campanha, fato que gerou revolta dos jornalistas.

Sindicato do Jornalistas sempre teve papel político muito importante na história de Minas e do Brasil, principalmente na defesa da democracia e da liberdade. Com as mudanças ocorridas na profissão, o Sindicato vem buscando se aproximar de todos os jornalistas, que hoje não estão mais limitados a algumas redações, mas trabalham em inúmeros locais, de forma bastante ampla, mas também dispersa.

O mercado de trabalho para os jornalistas está se transformando de forma radical e acelerada, desde o surgimento da internet. Os veículos impressos já não são os principais contratantes, não só em Minas, mas em todo o país e no mundo inteiro.


DIA A DIA MUSICAL 8

FIGUEIRA - Fim de semana de 27 a 29 de março de 2015

BRAVA GENTE

RENATA ALVES

All that Jazz

Arquivo Pessoal

Tim Filho

Donna Lee e o samba do crioulo doido

N

o DVD a “Alma de uma orquestra”, da Estácio Filmes, que conta a história da Rio Jazz Orchestra, o guitarrista Victor Biglione conta uma historinha curiosa que ele deve ter ouvido por aí. Aliás, por aí, existem várias historinhas que explicam certas coisas. Os gregos eram mestres nisso. “Por aí” também era apelido de Charlie Parker. Certa vez perguntaram pra ele: __Onde você toca? Ele respondeu: __Por aí. E o interlocutor esnobou: então você é o “Charlie por aí...” E sorriu como uma hiena numa plateia de stand-up comedy. Mas, vamos para a historinha. Segundo Biglione, o genial saxofonista Charlie Parker compôs a música Donna Lee para provocar a sua vizinha, mulher chata, italiana, que falava sem parar. O nome da vizinha era Donna Lee. Ou Dona Li, como queiram. A mulher falava tanto que a música Donna Lee é sem pausas, uma metralhadora do bebop. Verdadeiro? Falso. Donna Lee é uma música composta em 1947 por Miles Davis. E a verdadeira historinha é a seguinte: o contrabaixista Charles Mingus teve duas esposas ao mesmo tempo. Uma se chamava Donna. A outra Lee-Marie. Certa vez, ele apresentou as duas para Miles, que entendeu o motivo de Mingus ter duas mulheres: uma completava a outra. Aí, foi pra casa e transformou as duas esposas numa só: compôs, então, a música Donna Lee. Verdadeiro? Bem, vamos aos fatos: Mingus teve duas esposas. Isso está registrado na sua autobiografia “Beneath the Underdog”. Uma era Donna e a outra Lee-Marie. Miles Davis é o compositor de Donna Lee. Ponto final. Parker construía suas escalas rítmicas como um mariner atirando contra os vietcongs no Vietnan. Donna Lee era música quase que obrigatória no repertório de discos e shows de Parker, e conquistou plateias por causa da velocidade com a qual era tocada no sax alto. Uma metralhadora. Então, todos pensam que o seu compositor é Parker. Meia-verdade: se Donna completava Lee-Marie e vice-versa, é meia-verdade. Verdade: minha vizinha fala como as escalas rítmicas de Charlie Parker. Se alguém achar que tudo isso é um samba do crioulo doido, ou seja, uma simples música com esse “tandegente” (Mingus, Donna, Lee-Marie, Parker, Miles, Biglione), saiba que neste mundo não existem verdades. Ou existem? Bom domingo. Curiosidade “nada a ver” Minha vizinha estava ouvindo a música Stela e me lembrei de uma “curiosidade nada a ver” com a história de Donna Lee. Você que é fã de futebol, e do futebol carioca, já deve ter ouvido as vinhetas dos times cariocas na Rádio Globo: Flamengooooo, Vascoooo, Botafogooooo, Fluminenseeee, Américaaaaa... Esse grito foi copiado por outras emissoras de rádio ao longo dos anos. Mas e a origem disso tudo? Bem, vamos lá: O cantor paraguaio Fábio, radicado no Brasil há anos, aquele parceiro do Tim Maia, em 1969 emplacou nas paradas o maior sucesso de sua carreira, a música Stela. A marca registrada dessa música é o grito: Stelaaaaa! E, para avivar a memória do leitor e da leitora: “Stela, em que estrela você se escondeu...” A música foi lançada com exclusividade pela Rádio Tupi, causando desconforto na direção da Rádio Globo. A vingança foi: convidar o Fábio para gravar as vinhetas do times cariocas e da Rádio Globo. Assim, além de Stela, Fábio gritou os nomes dos times cariocas. E, hoje, já idoso, incorporou Stela ao seu nome: Fábio Stela. E para apimentar o samba do crioulo doido, sabem qual é o nome verdadeiro do Fábio? Juan Senon Rolón. Que coisa! Tim Filho é chargista, jornalista e pesquisa sobre a história do jazz

Renata Alves, maquiada por Raphael Carraro e fotografada por Glenda Leão de Queiroz. A produção é de Fabio Ranieri

A rainha do nosso samba Rosi Santiago / Especial

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samba é um gênero musical que se originou no Brasil. Suas raízes foram trazidas no ventre de um povo que, arrancado de sua terra, foi escravizado aqui. Nasceu como forma de resistência, de força, de cantar as alegrias e tristezas que a vida oferece a cada um de nós. Surgiu tão oprimido quanto o seu povo, mas aos poucos foi conquistando seu espaço por sua riqueza cultural. Muitos foram os homens e mulheres responsáveis pela sua difusão. A cantora Renata Alves é uma das musas do nosso samba. Mulata na cor e na alma, canta a verdade que recebeu como herança. Começou de criança no coral da igreja. Cantava músicas de Maria para coroar Nossa Senhora. Mais tarde passou a se apresentar em bares locais. Primeiro, com dois amigos violinistas, depois com Maurício Mansur. Mas, foi em São Paulo que ela se aprofundou na história do samba e conheceu artistas envolvidos com a música, como os sambistas Kaká Silva e William Fialho. Do primeiro, Renata gravou uma música chamada “O Samba”. Foi neste convívio que descobriu o que quer para sua vida: cantar samba. “É o samba que me dá um brilho no olhar, um frio no estômago. Sim, eu sinto borboletas no estômago pelo samba. Quero cantá-lo para o resto da minha vida.” No ano passado viveu uma experiência musical importante com o Fulô de Laranjeira. Um trio formado por ela, Igor Carvalho e Mateus Carvalho. O projeto terminou, mas

acrescentou muito na história dos integrantes, permitindo um valoroso crescimento como artista. Renata quer viver do samba e para o samba. O caminho é árduo, mas seus sonhos a conduzem com a força de seus ancestrais. Nos momentos mais difíceis se inspira na sambista Ivone Lara, que gravou seu primeiro disco em 1977, aos 56 anos. Seu projeto é fazer um samba de roda que agregue um valor cultural e que possibilite, além dos eventos privados, um trabalho social. Sua intenção é estimular um contato das pessoas com o samba, criando assim uma intimidade com a música. Para isso, quer promover shows em praças mesclados a outras atividades culturais. Renata Alves tem talento, uma voz esplendorosa e vontade de trilhar o caminho em busca de seus sonhos. Nesta receita o ingrediente principal é o seu amor pelo samba. “Meu coração batuca, não bate.”

É o samba que me dá um brilho no olhar, um frio no estômago. Sim, eu sinto borboletas no estômago pelo samba. Quero cantá-lo para o resto da minha vida.


CULTURA & CIDADANIA 9

FIGUEIRA - Fim de semana de 27 a 29 de março de 2015

Lei obriga taxistas a ligar o taxímetro Taxistas da rodoviária admitem que já combinaram preço da corrida, sem ligar o taxímetro, mas Ministério Público só aceita o cumprimento da lei

Gina Pagú

Gina Pagú / Repórter Quem precisar usar os serviços de transporte de um dos 120 táxis no município de Governador Valadares, deve exigir que os taxímetros sejam ligados no início das corridas. E a novidade, que já deveria valer desde 23 de março de 1997, segundo o Código Nacional de Trânsito, agora é que vem sendo usada a favor do consumidor. Uma placa afixada há quase um ano chama atenção de quem desembarca na rodoviária do município. Um taxista que não quis se identificar disse que ela já está lá há muito tempo e que os consumidores só começaram a notar por agora. “A placa está aí, e ligar o taxímetro não é o problema, a questão é que em bandeira 1 ou 2 para nós é a mesma coisa, pois o valor do deslocamento é de R$ 4,80, e tanto faz o horário. O cliente pode pedir para ligar o taxímetro que ligamos, mas era costume combinar corrida, e assim fazíamos.” Nélia Reis, dona de casa, usa frequentemente os serviços e disse que nunca soube da obrigatoriedade do taxímetro de ser ligado na hora da corrida e que normalmente as corridas eram com preço combinado. “Acho justo para o consumidor que o taxímetro seja ligado no momento da corrida, pois sou usuária regular deste serviço e até recentemente achava estranho o fato dos taxistas chegarem até mim pra negociar o preço e irem com o taxímetro desligado. Até que na última vez que usei o serviço decidi pedir ao taxista que ligasse o mesmo, aí me dei conta do quanto fui lesada, pois o valor da corrida registrada no taxímetro correspondeu a quase 60% do valor que costumam colocar com o equipamento desligado. Adicionado a isso a pressão dos taxistas sobre o passageiro como se estivessem leiloando o serviço e não sabemos quem está oferecendo o justo preço sob tamanha pressão. Eu sempre permitia corridas combinadas porque não sabia que era irregular. Me cobravam até 30 reais com o taxímetro desligado, da rodoviária até onde moro, no bairro Cidade Nova. E na realidade eu pago agora entre 17 e 21 reais, dependendo da bandeira.” Priscila Valentim, sargento da Polícia Militar, disse que não aceita pagar nem mesmo pelo deslocamento do ponto de táxi até a sua casa. “Já arrumei polêmica com um taxista que chegou ao meu endereço com o taxímetro ligado e queria me cobrar o deslocamento dele. Bati o pé, paguei somente o valor da corrida abatido do valor que ele alegava ser do deslocamento e na hora que eu disse que poderíamos acionar uma viatura para registrar o fato, ele desconversou e disse que me dava o desconto. Se todos nós soubermos fazer valer o que é nosso direito, essa folga acaba.” Uma usuária dos serviços, que não quis se identificar, conta que já se sentiu acuada pelos taxistas do ponto da rodoviária. “Já aconteceu comigo de chegar de viagem de madrugada na rodoviária e três taxistas, ao mesmo tempo, me abordarem e eu perguntar qual deles faria a corrida ligando o taxímetro e os três virarem as costas. Outro taxista então apareceu e disse que ligaria. Situação muito ruim porque quando eles nos abordam logo na saída, nenhum deles tem identificação visível. Atualmente, combino com taxistas de outros pontos e eles me buscam. No aeroporto faço o mesmo.” De acordo com o coordenador do Procon- GV, Cristhiano Marinho, a regra não é nova, mas o consumidor precisa estar atento aos seus direitos. “Código Nacional de Trânsito de 23 de setembro 1997, determina que nos municípios com mais de cem mil habitantes a presença do taxímetro é obrigatória. A cobrança é composta, em regra, pela soma do valor fixo inicial (a bandeirada), o valor correspondente à quilometragem percorrida e ao tempo parado no

Os taxistas da Rodoviária são os que mais são apontados pelos passageiros como resistentes a ligar o taxímetro antes das corridas. O MP tá de olho trânsito. Cada cidade pode determinar os horários em que será aplicada a “Bandeira 1” e a “Bandeira 2”, que terá um valor aumentado em virtude de horário noturno em dias úteis e durante todo o domingo ou feriado. Todos os valores são previamente determinados pela prefeitura do município em que o táxi está cadastrado. O consumidor tem direito a não aceitar a oferta do taxista de dar o valor do percurso antes mesmo da prestação do serviço sem utilizar o taxímetro, mesmo em caso de grandes eventos e independentemente do horário. Também se recomenda que o consumidor fique atento para que o taxímetro seja ligado somente na sua presença.” Denúncias O promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Lélio Calhau, faz o alerta: quem se sentir lesado deve denunciar. “Caso saibam de

Fé Padre Paulo Almeida / Cidadania Cristã

denúncias concretas, procurem o Ministério Público, Avenida Brasil, 3031, Centro. Com nome, placas e horários dos motoristas. Providências judiciais serão tomadas contras as pessoas que desrespeitarem o direito do consumidor no caso concreto. O telefone da promotoria do consumidor é (33) 3278-7692. Para mudar essa realidade precisamos do apoio da população, trazendo os casos concretos. E já estamos processando alguns taxistas por isso - não uso do taxímetro. Denuncie quem desrespeitar o seu direito. É um direito seu, que deve ser respeitado.” O coordenador do Procon-GV reitera. “Se o consumidor perceber que a corrida está mais cara do que havia calculado, deve denunciar o taxista à companhia de táxi, a algum órgão de defesa do consumidor, como o Procon, ou à secretaria de transportes de sua cidade. Quem descumprir a legislação está sujeito ao pagamento de multa e até perda da concessão.”

Excluindo “Regras” Nádia Soares

Qual reforma queremos?

Ao invés de exorcizar, se exorcize

Brasil vive um período de efervescência e mobilizações, mas, diferente de outrora, quando as pessoas bradavam nitidamente contra a ditadura e toda forma de opressão, as vozes da rua muitas vezes soam roucas, por não se fazerem entender. Volta e meia vemos repórteres entrevistando manifestantes que não entendem o funcionamento do Estado e as consequências de uma intervenção antidemocrática. Questionados, não conseguem especificar o que gostariam de mudar. São contra ‘tudo e todos que estão ai’. Alguns, pasmem, sentem-se tão fragilizados que ameaçam até agredir aos mais provocadores, verbal ou fisicamente. Não se sabe ao certo o que querem as vozes da rua, mas é fato que elas querem mudanças! Eu, cidadão Paulo Almeida, também as quero, e faço questão de deixar claro quais são as principais delas: 1) Chegamos ao limite existencial do nosso atual sistema eleitoral. Campanhas bianuais, enorme quantidade de legendas sem ideologia clara e abuso do poder econômico deturpam o processo de representação social, afastando ainda mais o eleitor da rotina política. Para combater este cenário, aposto em uma reforma política que contemple o financiamento público de campanhas, realizadas a cada cinco anos, sem possibilidade de reeleição para candidatos majoritários e com limite de dois mandatos para cargos legislativos; 2) As esferas de poder ainda são excludentes: apesar de representarem 52% da população brasileira, mulheres somam 10% do Congresso Nacional. É preciso incentivar e garantir ainda mais espaços para as mulheres na política, aumentando a cota mínima de candidatas nas chapas para 50%, garantindo a paridade; Atualmente, tramita no Congresso diversos projetos de reforma política, assinados por políticos, partidos e entidades como a OAB. Nós corroboramos com a ideia de que, apesar de todos eles terem pontos convergentes, as mudanças só serão efetivas se forem propostas e implantadas diretamente pelo cidadão, através de uma assembleia constituinte exclusiva e soberana, instituída exclusivamente para reescrever o funcionamento do sistema político brasileiro e devolvê-lo aos brasileiros. Não cabe mais ao Congresso a tarefa de legislar sobre o tema, até porque este já perdeu a oportunidade de assim fazê-lo ao longo destes anos. Nossa democracia prevê a participação direta e devemos lutar por este direito, mesmo que não seja tarefa fácil, já que forças conservadoras trabalham contra a mudança e políticos tradicionais tentam tutelá-la no Congresso para contemplar seus interesses. O que deve prevalecer é a vontade popular e se for preciso que façamos uma consulta pública através de plebiscito. É este o caminho. Para além de mudar o sistema, precisamos começar a mudar as nossas atitudes, praticar cidadania, ser a diferença para uma sociedade melhor. Esta mudança que a gente tanto espera deve primeiramente nascer nas nossas pequenas atitudes diárias, baseadas nos ensinamentos cristãos.

Estamos passando por uma fase de turbulência social onde valores são invertidos e pecados são criados. No final da semana passada recebi uma dádiva através de um comentário: “Nós somos os demônios, porque nós matamos, destruímos o meio ambiente, excluímos e criamos preconceitos”. Começar a se olhar internamente é uma saída de mestre, mudanças acontecem em nós e não no mundo que nos cerca. Preconceitos, discriminações e exclusões de pessoas que não correspondem a nossa maneira de vida é no mínimo diabólico. Vamos exorcizar nossa mente, se dermos uma analisada bem honesta iremos descobrir que existem muitos diabinhos por lá. Escutamos e vemos muito por ai que devemos mudar o mundo sendo que existe um caminho bem mais curto que é mudar a nós mesmos! É uma viagem gratificante ser seu próprio amigo e descobrir que existem soluções pra todos os nossos problemas. Gosto muito de usar a máxima de que “Problema sem solução já está resolvido...” Sem dor e sem martírios. É simplesmente, aceitarmos as pessoas como elas são e todo mundo vive em paz, sem guerra, sem boicotes, sem preconceitos, sem proibições, sem pensar que todos (as) queimarão pra sempre no fogo do inferno, creio eu que lá esteja com superlotação!!!! Vamos vigiar a violência, a covardia com crianças inocentes e indefesas, animais sendo massacrados o tempo todo, idosos (as) sendo espancados (as), professores (as) apanhando dentro de sala de aula, mães e pais sendo mortos pelos próprios filhos... nós podemos denunciar tudo isso...Isso sim é preocupante e merece toda nossa revolta. Eu me lembro que o garoto que quis mudar o mundo acabou assistindo tudo de cima do muro... Penso que não seja dos melhores lugares pra assistir a nada! Participar do mundo em que vivemos é bem melhor do que só estar nele, então vamos mudar? Abrir a mente é colocar o cérebro pra respirar... Basta de manipulação, o perigo é que o bombardeio vem de todos os lados!

Padre Paulo Almeida é padre, psicólogo, teólogo e vereador na cidade de Governador Valadares

Nádia Soares é publicitária, especialista em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, pela Universidade Federal do Espírito Santo

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CORRESPONDENTES 10

FIGUEIRA - Fim de semana de 27 a 29 de março de 2015

Café com Leite

Da Província de São Pedro

Marcos Imbrizi / De São Paulo

Sinara Ketzer/ de Porto Alegre

Divulgação

Horror no paraíso

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Em Minas Gerais, o Rio Jequitinhonha apresentou situação regular no município de Almenara. Alívio para o abastecimento de água na região

Rios Brasileiros

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o mês em que se celebra do Dia Mundial da Água, comemorado no último domingo (22), a Fundação S.O.S. divulgou resultado de pesquisa sobre a condição de 111 rios, córregos e lagos de cinco estados brasileiros e do Distrito Federal. E os dados não são nada animadores: dos 301 pontos pesquisados, nenhum foi considerado ótimo. O levantamento foi realizado entre março de 2014 e fevereiro de 2015. Do total de 301 pontos estudados, 186 apresentaram qualidade de água regular, 65 foram considerados ruins e outros cinco, todos no estado de São Paulo, apresentaram qualidade péssima. E somente 45, ou 15% dos locais tiveram a água considerada como boa. Estes estavam em áreas protegidas e com matas ciliares preservadas. Dos 117 pontos monitorados no estado de São Paulo apenas cinco tiveram a água considerada como boa; 61 tiveram a avaliação como regular e cinco péssima. Em Minas Gerais o rio Jequitinhonha apresentou situação regular no município de Almenara; e os rios Mutum, na cidade de mesmo nome, e o córrego São José, no município de Bicas, foram classificados como ruins. A coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro faz um alerta para o resultado do levantamento: “Esses indicadores revelam a precária condição ambiental dos rios urbanos monitorados e, somados aos impactos da seca, reforçam a necessidade urgente de investimentos em saneamento básico. A falta da água na região sudeste é agravada pela indisponibilidade decorrente da poluição e não apenas da falta de chuvas. Rios enquadrados nos índices ruim e péssimo não podem ser utilizados para abastecimento humano e produção de alimentos, diminuindo bastante a oferta de água”, disse. Metodologia - A coleta para o levantamento, que têm como base a legislação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), é realizada por meio de um kit desenvolvido pelo programa Rede das Águas, da SOS Mata Atlântica, que possibilita uma metodologia para avaliação dos rios a partir de um total de 16 parâmetros, que incluem níveis de oxigênio, fósforo, o PH e aspecto

visual. O kit classifica a qualidade das águas em cinco níveis de pontuação: péssimo (de 14 a 20 pontos), ruim (de 21 a 26 pontos), regular (de 27 a 35 pontos), bom (de 36 a 40 pontos) e ótimo (acima de 40 pontos). Histórico – A Fundação SOS Mata Atlântica é a primeira Organização Não-Governamental criada em defesa das áreas remanescentes da Mata Atlântica. Fundada em 1986, a entidade tem como objetivo profissionalizar pessoas e partir para a geração de conhecimento sobre o bioma. Participação – De acordo com os responsáveis, a coleta de dados nos estados que tenham áreas de Mata Atlântica é feita por grupos de monitoramento que são capacitados e recebem material, realizam a análise e devolvem os dados para a Fundação. A iniciativa é aberta à população em geral, que pode participar dos grupos de monitoramento já existentes ou ajudar a criar novos grupos para monitorar rios próximos a escolas, igrejas e outros centros comunitários. Os grupos fazem a medição uma vez por mês e enviam os resultados pela internet. Interessados em participar devem escrever para info@sosma.org.br. A pesquisa completa está disponível em: http://www. sosma.org.br/projeto/rede-das-aguas/analise-da-qualidade-da-agua-2015/ Ciclovias em SP – Há algumas semanas tratamos nesta coluna do projeto de ampliação das ciclovias na cidade de São Paulo. Pois na semana passada a Justiça paulista acatou o pedido do Ministério Público estadual e determinou a paralisação das obras de ciclovias na cidade. O argumento é que faltam um estudo prévio de impacto viário e projetos executivos para as obras. Representantes de entidades que defendem os ciclistas criticaram a medida. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo o prefeito Fernando Haddad destacou a campanha contrária às vias exclusivas para as bicicletas promovidas pelos meios de comunicação. “Com toda campanha contra que vocês fazem, 66% da população aprova as ciclovias” disse, ao lembrar a última pesquisa realizada sobre a questão. Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

a região metropolitana de Porto Alegre, em um município chamado Viamão, numa localidade distante a quatro quilômetros do centro da cidade, há um pequeno Beco, habitado por alguns poucos sitiantes. Tive o privilégio de poder me mudar para um dos sítios, graças à generosidade e confiança de um grande amigo, que pediu-me para cuidar de sua pequena propriedade. Esse lugar, de mato abundante e boas pastagens, onde é possível até mesmo criar algumas cabeças de gado – gaúcho pensa muito nisso - no meu conceito é o que mais se aproxima do paraíso, não fosse a visão do inferno que se tem ao se percorrer o Beco e deparar-se com o mais fétido, horroroso e assustador lixão, que o município ainda mantém. Ele cresce morro acima e morro abaixo, numa velocidade assustadora. Segundo os moradores do Beco e da região, todas as tentativas de garantir na municipalidade o fim desse morro de lixo não lograram êxito. O atual prefeito, que há quase dois anos, mais precisamente em julho de 2013, reuniuse com os moradores, comprometendo-se a não depositar mais o lixo no morro e aterrar o já existente, esqueceu-se do prometido e hoje, infringe a Lei dos Resíduos Sólidos. Essa Lei, promulgada em 2010, que estabeleceu o prazo de quatro anos para o fim dos lixões que ainda existem pelo país, não tem sido cumprida por muitos municípios. Correu a boca pequena o boato de que a Medida Provisória 651/14 teria sido prorrogada por mais quatro anos, para o fim desses depósitos de lixo a céu aberto. Como eu disse, não passou de um boato, mas tem servido de argumento para que prefeitos, como esse aqui de Viamão, justifiquem o seu “não fazer nada” e continuar o descumprimento da Lei. O prazo não foi prorrogado, se extinguiu em agosto de 2014. Aos prefeitos de Viamão, São Gabriel, Uruguaiana, Ipiranga do Sul e Santa Margarida do Sul, apenas um lembrete: o descumprimento da Lei caracteriza-se improbidade administrativa, além de dar margem a muitas ações nas esferas civil e pública por crime ambiental, com multas que podem chegar a valores maiores que a arrecadação do próprio município, sem contar que ainda poderá ser penalizado com o não repasse de verbas federais. Portanto, respeitem seus cidadãos, respeitem o meio ambiente. Cumpram a Lei e acabem com os lixões. O paraíso é aqui, agora...

Como eu disse, não passou de um boato, mas tem servido de argumento para que prefeitos, como esse aqui de Viamão, justifiquem o seu “não fazer nada” e continuar o descumprimento da Lei. O prazo não foi prorrogado, se extinguiu em agosto de 2014. Sinara Maribel Ketzer é advogada.

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CULTURA E ESPORTE 11

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FIGUEIRA - Fim de semana de 27 a 29 de março de 2015

FIM DE SEMANA Divulgue aqui o seu evento, bar ou restaurante. Ligue: 3022.1813

A cantora Lorena Chaves vai se apresentar no Teatro Atiaia, nesta segunda-feira, às 20h.

TEATRO Teatro Atiaia

Dia 27 - Sexta-feira 20h00 Espetáculo de Dança “Querido Theo” Ingresso: 5,00 Dia 28 – sábado às 20h00 e dia 29 - domingo, às 17h00 A companhia GBcrew apresenta um espetáculo de danças urbanas, contando um pouco dos quatro elementos do Hip Hop: DJ, MC, Grafite e Bboy. O espetáculo é para arrecadar fundos para as despesas de passagem e hospedagem da companhia que vai participar do Festival Mundial de Dança em Joinvile-SC. Ingressos: 10,00 Dia 30 - segunda-feira, show com Lorena Chaves. O show faz parte de uma turnê denominada Voz e Violão que tem rodado o Brasil, passando literalmente por partes bem distanciadas do Brasil. Ingressos na Livraria Nova Aliança, em frente à Rodoviária.

Bailarinas em cena no espetáculo “Querido Theo”, que será apresentado neste sábado no palco do Teatro Atiaia. (Foto: Jan Menezes)

Querido Theo, um espetáculo Gina Pagú / Repórter A junção da dança e das artes visuais traz para Governador Valadares o espetáculo de dança Querido Théo, baseado na vida de Vicent Van Gogh. A proposta da professora de ballet, Tatiana Assis, foi trazer a beleza das projeções visuais para o palco possibilitando que toda a equipe se envolvesse. “Este é o terceiro espetáculo que levo para o palco do Teatro Atiaia e que conta com um tema voltado para as artes visuais. Gosto dessa junção das Artes Visuais com a Dança, e do resultado que ela pode proporcionar. E se torna com isso é o resultado da união de vários talentos de nossa cidade. Além dos nossos bailarinos que se dedicam ao máximo para levar até o público um espetáculo de qualidade, tivemos a participação da roteirista Tayanne Medeiros, do iluminador Maicon Martins e do produtor audiovisual Leonardo Félix. O resultado foi além do esperado, pois conseguimos dar vida às obras de Van Gogh no palco do Teatro Atiaia.” Tatiana explica que a proposta do espetáculo Querido Théo é proporcionar uma vivência aos alunos participantes da oficina de ballet com o mundo das Artes Visuais. “Nosso objetivo é promover aos familiares, amigos e aos próprios bailarinos, um momento único de vivenciar a arte da dança. A proposta da reapresentação do espetáculo é para que os bailarinos tenham mais uma vez esse contato e oportunizar a outras crianças e adolescentes da rede municipal e estadual de ensino, essa vivência histórica e artística por meio da dança. Além de favorecer mais uma vez ao público em geral esse contato com a arte. Os alunos do Ballet do IEFC são crianças e adolescentes de 7 a 18 anos, que moram no bairro Altinópolis e nas proximidades. As vagas são limitadas e oferecidas gratuitamente. Quem ti-

ver interesse, pode entrar em contato com o Setor Social da Instituição: 3221-7115.” Segundo a professora, Van Gogh – o homenageado queria ir além, e com esse tipo de espetáculo é possível. “A crença apaixonada de Vincent era que as pessoas não veriam apenas seus quadros, mas sentiriam a urgência da vida neles. Que pela força do seu pincel e o deslumbre de suas cores, elas sentiriam aqueles campos, aquelas faces, aquelas flores, que de maneira mais delicada ou literal, jamais seria possível. Não era a multidão que ele buscava. O que ele queria era abrir os olhos e os corações de todos que vissem seus quadros. Bem, ele conseguiu o que queria!” Alunos do IEFC Os bailarinos são alunos do Instituto Educacional Fraternidade Cristã (IEFC), entidade de assistência social filantrópica, que tem como missão promover socialmente 200 crianças e adolescentes inscritos nos bairros Altinópolis, Santo Antônio e Mãe de Deus. Para Assis, a dança trabalha a criatividade das crianças e adolescentes, mas vai, além disso, ensina a disciplina e dedicação dos alunos. “O desenvolvimento de uma criança é o resultado do seu corpo com o meio em que vive, com as pessoas com quem convivem e com o mundo onde estabelece ligações afetivas e emocionais. Os conteúdos aplicados são estudados e desenvolvidos através dos movimentos naturais das crianças e adolescentes, da utilização do simbolismo e da fantasia, permitindo estimular o desenvolvimento da atividade criadora e da imaginação. E meus alunos já entraram no clima das minhas ideias e a cada fim de espetáculo ficam na expectativa do que virá no próximo ano. Até sugerem alguns temas/nomes

CINEMA Insurgente

para o próximo espetáculo.” A professora orgulhosa fala dos seus alunos. “Sem desmerecer a dedicação e o empenho de nenhum deles, eu destacaria alguns pela dedicação e empenho nesse espetáculo. Poderia destacar vários alunos. Pois tenho muita sorte de ter em nosso elenco, bailarinos muito dedicados e disciplinados, que vivem a dança com muito fervor. Mas há 3 destaques: nosso bailarino Thiago Fernandes, de 11 anos, que nesse espetáculo, para quem o acompanha desde o início, pôde perceber o seu crescimento e amadurecimento na dança. Outro destaque vai para a graciosa Thaís Alves, 15 anos, que mostrou durante seus anos de dedicação ao ballet, muita força de vontade e tem se superado a cada ano. E por último, a Júlia Pereira, que apesar de ter apenas 10 anos, em 2014 atraiu o olhar de profissionais da Escola do Teatro Bolshoi e foi uma das pré indicadas a participar da audição que ocorre anualmente na escola em Joinville - detalhe: ela não foi classificada na audição final, mas o processo e a experiência foi enriquecedor e motivador para dar continuidade em seus estudos no ballet. Sua participação em Querido Théo pode ser notada lindamente.” Horários O espetáculo será apresentado em um único dia, sexta-feira (27), e em duas sessões, às 10h, com entrada gratuita para alunos da rede municipal e estadual de ensino de Governador Valadares e crianças e adolescentes de projetos sociais. E às 20h para o público em geral, com o preço de R$ 5. Venda de ingressos na Plié Artigos para Dança: Rua Israel Pinheiro, 2397- Centro – 3082-0361 e no IEFC - Rua do Seminário, 544 - Altinópolis – 3221-7115.

Copa Big Mais de Mountain Bike agita a Ibitiruna Este ano a Copa Big Mais de Mountain Bike traz duas novidades: a primeira é a criação da categoria Junior Feminina; a segunda, é que haverá uma Trail Run (Corrida em Trilha), antes da realização da prova de ciclismo. A 1º etapa da Copa Big Mais de Mountain Bike será realizada no dia 29 de março, na Av. Altino Marques, sem número, em frente ao Parque Natural Municipal, 1 quilômetros depois do Minas Clube. Corredores e ciclistas vão percorrer um trecho de 5 km. A largada para a Trail Run será às 7h30. Logo após, às nove horas, é a vez dos ciclistas encararem a pista. Nesta primeira etapa a competição será de cross country, quando o percurso é realizado em terreno acidentado. Para se inscrever para a Copa Big Mais é necessário preencher a ficha de inscrição no sitewww.bigmais. com.br/copa-mtb até às 17 horas do dia 27 deste mês. O valor da inscrição é de R$ 80. A exceção é a categoria pára-desportista que é isenta da taxa. Para se inscrever na Trail Run, basta comparecer na loja de um dos patrocinadores e doar 5 kg de alimentos. No sábado (28), no período das 14h30 às 16 horas, no local da prova, os atletas poderão treinar, confirmar a inscrição e pegar os kits de numeração. Os inscritos

deverão comparecer munidos de documento original ou cópia autenticada (os menores de 18 anos devem levar o documento do responsável legal), ficha de inscrição assinada, comprovante de pagamento e 2 kg de alimento não perecível (exceto fubá e sal). Os atletas inscritos nas categorias Elite (em ambos os sexos), Sub 23 e Júnior deverão apresentar a carteira ou documento que comprove filiação na associação de ciclismo. No mesmo dia, às 19 horas, no Mirante Hotel, será realizado o Congresso Técnico. Na ocasião haverá a confirmação da inscrição e credenciamento. O hotel fica na Av. Rio Bahia, 597, no bairro Vila Rica (Rodovia BR116 – Km 418). No domingo (29), a confirmação da inscrição será feita no local da prova, a partir das 7 horas. A segunda etapa da competição será realizada no dia 6 de setembro. Os atletas disputarão maratona na área do Rancho Glória, que fica na BR 381 km155, na saída para Ipatinga. Serão premiados com medalhas os atletas que conquistarem do 1º ao 5º lugar de cada categoria deMountain Bike. No total serão distribuídos 9 mil reais para cada etapa. A competição conta pontos para o ranking mineiro e brasileiro.

Sinopse: Sequência de “Divergente” (2014), filme de ficção científica baseado no romance homônimo de Veronica Roth. A trama segue a aventura de Tris (Shailene Woodley) em um mundo distópico, onde ele deve esconder o fato de não pertencer à nenhuma facção oficial. Elenco: Shailene Woodley, Theo James, Miles Teller / Direção: Robert Schwentke Duração: 1h59min Gênero: Aventura Classificação: 12 anos Assista até 01/04 (GV Shopping) Horário: 14h - 16h20min - 21h- DUBLADO Horário: 18h40min - LEGENDADO

GASTRONOMIA Divino Bistrô

Um novo conceito gastronômico em um ambiente climatizado e aconchegante. Almoço executivo e a la cart, crepes e deliciosas sobremesas. Rua Israel Pinheiro, 1910 - Centro Telefone: 3276.6080 Pratos sugeridos: Bacalhau com batatas ao murro e crepe de bacalhau.

Restaurante Concept

Sair para jantar é viver um momento único com pessoas especiais. O Concept é especializado em bons momentos. Drinks, pratos contemporâneos, cervejas gourmet e o charme de um ambiente aconchegante para você viver uma deliciosa experiência gastronômica. Avenida Piracicaba, 257 - Ilha. Reservas: 3021-1667

Fábio Moura

PALESTRA Segurança hídrica

Bike na trilha do Pico da Ibituruna neste fim de semana

Atenta a situação atual da escassez hídrica no estado de Minas Gerais, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) – Regional Rio Doce realizará no dia 31 de março, a palestra “Segurança Hídrica”. O objetivo da palestra é discutir um dos principais temas que afeta a indústria: a segurança hídrica. Mostrar e debater como o governo, empresas e sociedade precisam optar por soluções inteligentes e sustentáveis para o uso racional da água. A palestra Segurança Hídrica acontece das 8h30 às 11h, no auditório da FIEMG Regional Rio Doce, na Av. Brasil, 4000, Centro. O palestrante será o analista ambiental da Federação, Deivid Lucas de Oliveira. Inscrições pelo telefone (33) 3272.4850 ou pelo e-mail regional-rd@fiemg.com. As vagas são limitadas.


FUTEBOL 12

FIGUEIRA - Fim de semana de 27 a 29 de março de 2015

Ingressos mais baratos pra lotar o Mamudão Para atrair o torcedor e ter um caldeirão neste domingo, no jogo decisivo contra o Mamoré, ingresso mais barato custam R$ 10,00 Da Redação

Rubens Júnior / Assessoria de Imprensa do ECD

A cada rodada, a situação do Democrata no Campeonato Mineiro 2015 fica mais dramática. No domingo, em Nova Lima, a missão era conquistar três pontos. Conquistou um ponto, ao empatar com o Villa Nova. O resultado não foi bom, mas também não foi de tudo ruim. O time pontuou e foi beneficiado por resultados negativos de outros concorrentes na parte de baixo da tabela. Neste domingo, o time de Gilmar Estevam enfrenta o Mamoré às 16h, no Mamudão, e precisa dos três pontos. Difícil? Sim. Impossível? Não. É com este pensamento que a Pantera vai entrar em campo para enfrentar um adversário de valor, que na quarta-feira empatou em 1 x 1 com o Cruzeiro, no Mineirão, e por pouco não saiu com uma vitória deste jogo. Para atrair o torcedor e transformar o estádio Mammoud Abbas num caldeirão, a diretoria baixou os preços dos ingressos. Para entrar nas arquibancadas metálicas e na geral (arquibancadas atrás do gol), o torcedor vai pagar R$ 10,00. Nas arquibancadas de cimento, o ingresso vai custar R$ 20,00 e nas cadeiras R$ 50,00. Em campo, os torcedores verão um time lutador, que vai entrar em campo “mordendo”, como se diz na gíria do futebol. Não há outra alternativa. O jeito é entrar “mordendo” e com o espírito de luta em alta. Disposição para vencer não vai faltar, pelo menos é o que garante o técnico Gilmar Estevam. Para enfrentar o Mamoré, o Democrata não tem jogador suspenso por cartão. Isso significa que a Pantera vai pra cima do sapo com força máxima e esperando que o artilheiro João Paulo (já marcou 5 gols no campeonato) volte a balançar as redes, como fez contra o Villa Nova, em Nova Lima. Além de vencer o Mamoré, a Pantera precisa torcer para Guarani, URT e Boa Esporte não pontuem na rodada. Desta forma, subirá para o oitavo lugar e deixará a zona de rebaixamento mais longe. Agora é hora.

Histórias que a bola não conta Hadson Santiago

Pantera x Raposa: o inesquecível 3x0

O

O lateral esquerdo Denílson tem escalação garantida neste domingo

Canto do Galo Rosalva Luciano

No galo, só entusiasmo

É

visível o entusiasmo dos que estão diretamente responsáveis pelo futebol do Clube Atlético Mineiro de 2015 e também de sua apaixonada torcida. A apresentação contra o Santa Fé na altitude castigadora da Colômbia foi ponto decisivo para a mudança de opiniões e visões.O time se comportou muito bem, aguerrido e afinado. É verdade que São Vitor teve pelo menos mais dois milagres concretizados e colocados na sua lista, mas o Galo também poderia ter saído com um placar mais elástico. O importante é que o 1 x 0 agradou. Desde este jogo os fiéis acompanhantes de noticiários alusivos ao Galo têm se preocupado com as reais condições físicas do Luan, nossa mola mestra. Saiu antes do final da partida, de maca e com cara feia de dor. A torcida treme em situações assim, estamos escaldados e traumatizados. É só falar em departamento médico que o exército alvinegro surta. Luan, mais do que ninguém, não pode na atualidade sair deste time. Ele mesmo deu a boa notícia de que a saída seria só por precaução, enquanto nós éramos só preocupação. Temos que reconhecer que a luta da equipe ainda corre riscos na batalha. Não estamos numa situação de conforto. A força do elenco será bastante exigida daqui para frente em busca de resultados classificatórios. Não ganhamos nada, nem mesmo a vaga para a outra fase da Libertadores. Eu considero o plantel do Atlético digno de respeito. Os jogadores que voltaram depois das contusões deram um gás melhor ao time e a vitória e o bom futebol ficaram mais fáceis. Dia 9 de Abril poderemos confirmar se realmente estamos vivos na competição. Derrota nem pensar. Achei legal o técnico Levir Culpi escalar o time com a sua força máxima. Primeiro, respeito a quem se prontificou a sentar-se na arquibancada num domingo à tarde. O segundo fator importante é o ritmo de jogo que sintoniza os jogadores. Um sabe do outro e sabem o que fazer dentro de campo de acordo com o posicionamento. Os passes assim deverão ser mais bem aproveitados, e claro, as jogadas devem ser mais

eficientes. A sequência ajuda muito. “Meu pensamento é colocar força máxima daqui pra frente porque, como temos mexido muito no time, se você for poupando todos os jogadores, não acerta time nenhum. A gente precisa ajustar o time sem os jogadores que não estavam no ano passado”, acrescentou Levir. Gostando de ver o time do Atlético se safando das marcações adversárias, fazendo malabarismos e conseguindo mostrar um espetáculo bem legal de jogo de pernas. Quem foi ao Ipatingão não se arrependeu. Viu uma pintura de gol do Luan, ele tem o escudo do Galo na alma, só pode. O Lucas Pratto cuidar da sua média de gols também fez a torcida pular. O segundo tempo deixou o nosso time sumir de campo, várias substituições foram feitas e vem a triste comprovação. O time titular é bom, mas o grupo que forma o elenco é fraco. Contar com alguns reservas é quase impossível. Quase nenhuma noção de jogo e passes errados irritantes. Sem capricho e sem competência, foi o que eles destacaram. A torcida que é a melhor observadora já percebeu os inoperantes e não perdoa. Vamos Galo! A cada luta, um pouco do nosso arsenal, muito amor ao seu escudo.

Achei legal o técnico Levir Culpi escalar o time com a sua força máxima. Primeiro, respeito a quem se prontificou a sentar-se na arquibancada num domingo à tarde. O segundo fator importante é o ritmo de jogo que sintoniza os jogadores.

Rosalva Campos Luciano é professora e apaixonadamente atleticana.

verdadeiro torcedor democratense está triste, aborrecido. A derrota para o Tupi, a quarta consecutiva no Campeonato Mineiro 2015, deixou o EC Democrata em maus lençóis. A Pantera não conseguiu se impor e não apresentou um futebol convincente, mesmo enfrentando uma equipe fraca tecnicamente, recheada de “ex-jogadores em atividade” e alguns refugos. Desde o início da partida ficou evidente que a intenção da equipe de Juiz de Fora era jogar pelo empate. Achou um gol ainda no primeiro tempo e não quis mais nada com o jogo. A artimanha da cera, algo típico do futebol do Terceiro Mundo, prevaleceu durante toda a peleja. E o Democrata insistia em lançar bolas na área, consagrando a dupla de zagueiros do time adversário. Triste tarde de domingo no Mamudão... Há quase 31 anos, porém, outra tarde de domingo no Estádio José Mammoud Abbas se transformou num dia histórico para o Esporte Clube Democrata. A Pantera, atuando de maneira aguerrida e apresentando um belo futebol, conseguiu uma vitória contundente sobre o Cruzeiro, a maior vitória democratense sobre o time celeste. A partida era válida pela sexta rodada do primeiro turno do Campeonato Mineiro de 1984. Quem vai contar essa história, entretanto, não serei eu, mas um amigo de mais de três décadas, o médico Fabrício Paulo Rossati, figura humana e profissional da melhor estirpe. Leitor do Figueira e torcedor da Pantera, ele relata a emoção sentida naquela partida inesquecível. Com a palavra, o Dr. Fabrício. “O ano era 1984. Eu, moleque de 16 anos, me preparava para a grande batalha que viria ao final do ano: o concorrido vestibular da UFMG. Morava em Governador Valadares, cidade que tão bem acolheu a mim e à minha família, oriundos de Mantena, no ano anterior. Estudava no Colégio Ibituruna e uma das minhas maiores diversões era ir ao Mamudão ver a Pantera, time de minha cidade adotiva, jogar. Eu, cruzeirense desde pequeno, vivia um sentimento novo: outro time se acomodava, aos poucos, em meu coração. O dia era 08/07/1984, domingo. Eu me preparava para ir ao estádio. O adversário? O meu Cruzeiro! Nesse dia, fui sozinho. Meu companheiro de arquibancada metálica, o titular desta coluna, Hadson Santiago, estava internado em Belo Horizonte se recuperando de grave problema oftalmológico. Era um grande desfalque, mas os problemas do bom time do Democrata não paravam por aí. O adversário (Cruzeiro), impondo seu poderio econômico, impediu a escalação de três jogadores que havia emprestado à equipe valadarense: o ótimo goleiro Gomes (não confundir com o de 2003), o bom lateral direito Gilmar e o garoto Ivan, nosso camisa 10. Era hora de lutar, não de se lamentar. Os reservas foram acionados. Para o gol, Bolão, desconhecido até para os democratenses mais assíduos. Para a lateral direita, improviso: iria para o jogo o garoto Sirvolei, prata da casa, volante de origem. Um garoto alto, espigado e muito bom de bola. Na meiúca, no lugar de Ivan, o reserva imediato: Rubinho. O Democrata tinha mais um desfalque. O centroavante matador Jairo, ídolo da torcida, se recuperava de contusão arrastada e ficaria no banco. Quem iria para o jogo seria o razoável Idevaldo. Começa o jogo! Para quem eu torceria? Decidi manter respeitosa neutralidade, e curtir o bom futebol. Era dia dos nossos reservas brilharem. O veterano Paulo Roberto “Brasinha”, ex-Vasco da Gama fez 1x0 aos 17 minutos. Aos 21, Rubinho ampliou. Bolão pegava até pensamento! Sirvolei anulava ninguém menos que o grande Joãozinho. Fiquei calado no primeiro gol. Não comemorei nem vociferei. No segundo, comecei a pender para o lado da Pantera. O melhor ainda viria... No segundo tempo, o técnico Elci Rodrigues aciona Jairo. Ao ver seu ídolo no aquecimento, a torcida se inflama. Sairia Idevaldo. Aos 38 minutos do segundo tempo, o estádio viria abaixo. O xodó da torcida, o valente Jairo, pega um rebote e estufa as redes do Cruzeiro. Democrata 3x0. O Democrata jogou e venceu com Bolão, Sirvolei, Roberto, Wildimark e Mílton; Carlos, Rubinho e Paulo Roberto; Edevaldo, Idevaldo (Jairo) e Robertinho. Técnico: Elci Rodrigues. Já o Cruzeiro foi derrotado com Vítor, Luís Cosme, Geraldão, Aílton e Ademar; Douglas, Palhinha (Arildo) e Tostão (Eduardo); Carlinhos, Carlos Alberto Seixas e Joãozinho. Técnico: João Francisco. Eu, cruzeirense de formação, democratense por opção, esqueci por alguns momentos minha paixão azul e branca. Era mais um torcedor da Pantera cantando feliz no fim de tarde de domingo na Princesa do Vale do Rio Doce.” Vale ressaltar, após o belo relato de Fabrício Rossati, que o Democrata venceu o Cruzeiro com muita propriedade. Foi, sem sombra de dúvida, uma atuação inesquecível da esquadra democratense. O Cruzeiro acabou conquistando, meses depois, o título mineiro, mas aquele triunfo ficou marcado para sempre na memória do torcedor do Democrata. Que essa façanha sirva de inspiração e de exemplo para os jogadores do elenco atual da Pantera. A camisa alvinegra tem história. Muita história.

Hadson Santiago Farias é democratense desde o dia em que nasceu.


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