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Fim de semana com sol entre nuvens. O domingo será chuvoso. O Natal será com chuva. www.climatempo.com.br

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28o 19o

MÁXIMA

ANO 1 NÚMERO 39

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 19 a 21 DE DEZEMBRO DE 2014

FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EXEMPLAR: R$ 1,00

Valadares entra na era dos esportes olímpicos

Chegou a estação do esporte É a Estação Olímpica, uma escola vocacional única da região, direcionada para educação e esporte de alunos de Governador Valadares, inaugurada nesta semana. O projeto da Prefeitura e da Vale propõe a união de ensino e prática de atividades físicas: uma escola de tempo integral e um centro de treinamento para desenvolver novos talentos esportivos. Página 6 Gina Pagú

Durante a inauguração, muitos foram ver de perto a pista de atletismo da Estação Olímpica, construída dentro dos padrões internacionais, e que servirá para a formação de jovens talentos do atletismo de Valadares e região

Adauto Carteiro é eleito presidente da Câmara Municipal Gina Pagú

Foi em clima de festa e muita comemoração de seus colegas vereadores, que o vereador Adauto Carteiro foi eleito Presidente da Câmara de Vereadores de Governador Valadares, para o biênio 2015/2016. Foram 12 votos de oposição ao Governo Municipal dados por Leonardo Glória (PSD), Robinho Miffareg (PROS), Sargento Ramalho (PTB), Iracy de Matos (SDD), Cezinha Alvarenga (PRB), Ananias Camelô (PSB), Paulinho Costa (PDT), Levi Vieira (PMN), José Iderlan (PPS), contra 9 para a chapa encabeçada pelo vereador Dr. Marcílio (PMDB). Página 5

BEM ESTAR

O vereador Adauto Carteiro (colarinho amarelo) é abraçado pelos colegas. Na galeria, Ricardo Pedrosa, o manifestante popular, vibra com o resultado

Até 2015! Este Figueira comunica aos seus leitores, especialmente aos assinantes, que por causa dos recessos de Natal e Ano Novo no parque gráfico da editora que imprime nossos exemplares, voltaremos a circular no dia 9 de janeiro de 2015. A edição online não para e poderá ser acessada normalmente. Feliz Natal e um 2015 cheio de bençãos!

Pilates para crianças, saúde e bem estar desde o começo da vida. Página 9 Arquivo Pessoal

BRAVA GENTE

Mr. Pingo comanda o som das estrelas da MPB Crispim José Carneiro, o Mr. Pingo, é um valadarense que começou a operar mesas de áudio da extinta Humpopeye, empresa de som que promovia bailes em Governador Valadares nos anos de 1970. Migrou para Belo Horizonte, e graças ao seu talento, conquistou o respeito de grandes nomes da MPB, como o genial Milton Nascimento. Conheça Mr. Pingo, na seção Brava Gente! Página 8

Mr. Pingo e Milton Nascimento: amizade e respeito mútuo


OPINIÃO

Editorial

Em tempo: “Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada” era o verso de um jingle da fábrica de roupas “US Top”, que fez muito sucesso nas rádios e TVs do Brasil em 1976, época dos anos de chumbo.

Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-81 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo

Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira

Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br

Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

FIGUEIRA - Fim de semana de 19 a 21 de dezembro de 2014

Tim Filho

A “liberdade de expressão” é algo mais que uma calça velha, azul e desbotada Em 17/06/2009, por oito votos contra um, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acabaram com a exigência do diploma de curso superior específico para a prática do jornalismo. A decisão ocorreu após análise do mérito do Recurso Extraordinário (RE) 511961, movido pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo (Sertesp) e pelo Ministério Público Federal (MPF). O presidente do STF, Gilmar Mendes, relator do caso, entendeu que o Decreto-lei 972/69, editado durante a ditadura militar, afrontava a Constituição Federal. Ao ler seu longo voto, Gilmar Mendes citou parecer do ministro Eros Grau feito em tese – sem analisar caso específico – antes de ser indicado ao STF. Para o presidente da corte, existem profissões que podem trazer prejuízo à sociedade se não houver formação específica, o que não acontece, na avaliação dele, com o jornalismo. “O jornalismo é uma profissão diferenciada por causa da proximidade com a liberdade de expressão. Os jornalistas se dedicam profissionalmente ao exercício da liberdade de expressão”, afirmou o ministro relator. A decisão do STF foi baseada na tal “liberdade de expressão”, expressão tão desgastada nos tempos democrátios, e que segundo os ministros do STF é um direito de qualquer cidadão ou cidadã do Brasil. Logo, qualquer pessoa poderia ser jornalista. No dia 16/12/2014, depois de escrever um artigo no caderno Pensar, do jornal Estado de Minas, do qual era editor, o jornalista foi chamado para uma conversa. A direção do jornal o proibiu de escrever sobre política no caderno Pensar. Irônico, não? Formado em filosofia, psicologia e jornalismo, João Paulo Cunha trabalha há 25 anos como jornalista, sendo 18 deles no jornal Estado de Minas, João Paulo não acatou a decisão de seus superiores e se demitiu. No artigo que causou o desconforto, João Paulo criticou a recente movimentação para um golpe político, elaborado pela oposição à presidência, e defendeu a Reforma Política como “agenda prioritária para a sociedade. De quebra, criticou a postura do senador Aécio Neves neste modelo de oposição raivosa que se instalou no país. Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, João Paulo disse que “o Estado de Minas, como muitos, tem uma linha editorial própria, sobre a realidade política, social e econômica. Isso é legítimo. Como eu tenho uma linha de pensamento diferente, que discordava do jornal, avisaram que eu estava a partir daquele momento proibido de escrever ideias sobre política”. João Paulo disse que considera inadmissível que um jornal censure seus profissionais. “A luta histórica que tivemos no Brasil é para termos o jornalismo como instrumento de cidadania. Ao censurar a imprensa ou o jornalista, você está tirando dele o mais importante, que é a liberdade de expressão e a possibilidade de trazer várias visões de mundo.” Mais uma vez apareceu a expressão “liberdade de expressão”. Mas, e essa tal liberdade existe? Esta é a pergunta que deve ser feita aos ministros do STF, que decidiram sobre uma questão tão polêmica e complexa, como a exigência (ou não) do diploma específico de Jornalismo para o exercício da profissão de jornalista. Se todo brasileiro e toda brasileira têm o direito à liberdade de expressão, a mordaça que tentaram aplicar no jornalista João Paulo Cunha, profissional da mais alta competência, joga a tal expressão tão desgastada e tão presente nos belos discursos democráticos, na escuridão onde ainda reinam os fantasmas que nos atormentaram naqueles tempos em que a liberdade era apenas uma calça velha, azul e desbotada. A propósito, era assim que João Paulo se vestia. Sempre de camiseta branca, calça jeans azul e tênis. No dia da sua despedida, seus colegas de redação, no Estado de Minas, se vestiram com esta fatiota. Todos e todas, porém, sabiam e sabem, que a liberdade é mais que isso. Viva João Paulo Cunha!

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Será que teremos um Natal gordo?

Parlatório Com a aprovação do Senado Federal no dia 28 de outubro da Proposta de Emenda Constitucional 96 A/03, a educação passa a ser obrigatória e gratuita para crianças e jovens entre 4 e 17 anos de idade. Você concorda com esta proposta? Remendo em um sistema mal projetado NÃO

Taygar Tayssir

Trata-se de mais um remendo num sistema mal projetado, no qual a figura central, a criança ou jovem é desconsiderado, restando-lhes somente o direito de obedecer. Um assunto tão complexo, que é inacreditável ser discutido, votado e imposto por um grupo que, em tese, são administradores, sequer está envolvido em qualquer prática educacional, não se encontram inseridos no entorno da educação. O modelo educacional foi instituído para moldar, docilizar e padronizar crianças para que se adaptem ao sistema vigente, ou seja, para conservar a estrutura social. É inegável a relevância da instituição escolar hoje, contudo, sua forma organizacional é completamente equivocada. Parte-se do pressuposto de que a criança é uma caixa vazia que necessita de preenchimento, que as crianças de mesma idade devem ter afinidades, gostos e habilidades parecidas, o enfoque é sempre no resultado, e no final das contas, todo o seu ser é definido por um número, uma nota. Vivendo num país teoricamente democrático, como é possível sermos OBRIGADOS a inserir nossos filhos no sistema com tenros 4 anos de idade, por, no mínimo, 4

horas diárias, 5 dias por semana? E os docentes? Filhos de uma educação repressiva, que só podem fazer o que o Estado permite, já que também são definidos por números e conceitos. Não há lugar para relações pessoais, desenvolver capacidades humanas, o crescimento pessoal não é valorizado. Atualmente caminhamos num fluxo muito intenso de informações, o que faz com que o conhecimento venha de muitas formas e fontes, tirando do professor a posição de centralizador do saber, levando-o ao papel de mediador, ou seja, há câmbio de informações, a aprendizagem torna-se um sistema ativo, vivo, fazendo com que o conhecimento seja transformado e construído por todos em uma via de mão dupla. Não somos nós, os pais, os culpados por esse sistema falido, mas certamente somos os responsáveis por compactuar silenciosamente com o paradigma de que a escola é puramente a segurança de uma ascensão social. A emenda não chega a arranhar a superfície do problema. Taygar Tayssir é consultora de estilo pessoal

Obrigatoriedade da pré-escola: pontos e contrapontos SIM

Ana Bossi

Vejamos os dois lados aqui descritos. O sim ou o não à obrigatoriedade da pré-escola: um problema mal colocado uma vez que já é lei a ser seguida e, sim, legitimada pela sociedade que lutou para tal acontecesse. O argumento favorável à obrigatoriedade como forma de garantir o acesso à educação infantil é válido, mas equivocado, pois bastaria que o direito da criança à educação, já conquistado (na CF, no ECA, na LDB), fosse respeitado. Ao se acrescentar que beneficia as crianças das famílias de baixa renda, pode-se afirmar que não é a pobreza que determina o querer ou o não querer colocar os filhos na educação infantil. É a administração pública, mais especificamente, a municipal, que não se faz presente nas áreas da pobreza, como responsável pelo atendimento às crianças onde elas mais precisam por viverem em situação de vulnerabilidade social. No caso, a obrigatoriedade deveria ser da oferta e não da matrícula. As famílias têm interesse, basta aumentar o empenho do poder público na oferta, como vem acontecendo,que as matrículas são realizadas. Porque as vagas existem e não porque são obrigadas a isto. Os dados estatísticos do INEP* constatam que a pré-escola (para crianças de 4 e 5 anos), a que se tornou obrigatória, cresceu consideravelmente nos últimos anos, chegando quase a 90% das crianças matriculadas. E não porque fosse obrigatória. Foi a inclusão da educação infantil no financiamento da educação básica, o FUNDEB, que garantiu este avanço, resultado de muitas lutas de associações e entidades de classe, ONGs, com sempre aconteceu na história, quase sempre liderada pela participação das mulheres. (Quem se lembra do “Apitaço”?). A obrigatoriedade só veio confirmar, agora, esta conquista. Outro argumento consistente a favor da obrigatoriedade é a tendência mundial, confirmada pelo MERCOSUL, de seguir a política de atendimento obrigatório– vale lembrar que este termo só aparece na CF brasileira não nos demais países, a partir de 4 anos. Fica então garantido que todas as crianças, sem distinção, têm o direito de estar na educação infantil. Dessa forma, já está também provado por estudos e estatísticas, têm suas chances de sucesso aumentadas, no avanço da escolaridade.

Mas as condições da oferta não podem ser desconsideradas. As crianças de 0 a 5 anos precisam de espaços e tempos educacionais específicos para terem garantidos os direitos de receber cuidados e educação num ambiente saudável e rico em estímulos, para se desenvolverem integralmente. Onde elas possam brincar, correr livremente, fantasiar, entrar em contato com elementos da natureza, alimentar-se, repousar e aprender sobre tudo por meio das interações com outras crianças e com adultos, tendo na brincadeira a forma de ensinar-aprender, como seres imersos na cultura e produzindo cultura. Ainda que não fosse obrigatório. Uma distorção decorrente da obrigatoriedade é que todas as crianças têm o direito à educação infantil, não apenas as de 4 e 5 anos. Por causa desta prioridade as creches deixaram de atender as crianças da faixa etária de 0 a 3, e em situações de vulnerabilidade, ficam expostas, além da pobreza, a abusos e violências domésticas, quando mais precisam. É cruel esta inversão de prioridades. Quanto menor a criança, maiores as marcas senso-afetivas causadas pelo descaso e maus tratos por parte de quem deveria delas cuidar. A perda da infância parece ser o risco maior da obrigatoriedade. Junto com ela, a perda da identidade da educação infantil. A escolarização precoce invade e ameaça a pré-escola que se vê submetida a normas e regulamentações desnecessárias a este tempo de vida em que o desenvolvimento das linguagens e do pensamento deve ser estimulado, acima de tudo. O trabalho desenvolvido pelos profissionais não pode se prender a conteúdos formais como acontece no ensino fundamental, quando a criança, mesmo sendo criança, deixa de sê-lo para se tornar aluno e perde o direito de brincar e de ser feliz plenamente como merece e lhe é de direito. Matricular a criança de 4 anos na educação infantil, agora, é obrigatório. Não matricular torna os pais irresponsáveis e as crianças se tornam infratores? Pensar assim é desnecessário. Estar na educação infantil como direito é necessário. Na nossa realidade ser obrigatório significa ter o direito respeitado. Esta é a inversão da política pública. Seja então, a pré-escola, obrigatória.

Ana Maria da Silveira Bossi é professora


CIDADANIA & POLÍTICA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 19 a 21 de dezembro de 2014

Da Redação

Sacudindo a Figueira

Natal antecipado Além do reatamento dos Estados Unidos com Cuba, as FARCs da Colômbia declararam o fim das hostilidades q mataram 200 mil pessoas em 50 anos, e o Parlamento Europeu reconheceu a Palestina como Estado, retirando o Hamas da lista de organizações terroristas. Tudo ontem. Adiantaram o Natal.

A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

Arranca-rabo

Censura

As gravações das reuniões da Câmara Municipal disponibilizadas no canal Youtube são hilárias. Na reunião do dia 03/12/2014 (ver reprodução da tela ao lado), o vereador Adauto Carteiro teve um arrancarabo com o presidente da Câmara, vereador Geovanne Honório. O presidente quis de todo jeito enquadrar a fala de Adauto, impedindo que ele opinasse sobre o projeto de lei que tratava da alienação do terreno do Esporte Clube Democrata, que dá direito ao Democrata de buscar parceiros para construir o seu novo estádio. Adauto falava, falava, falava, e Geovanne alertava, alertava, alertava... “discussão da matéria, por favor, vereador Adauto”. Inconformado e irritado, Adauto disparou a profecia: __Graças a Deus nós vamos acabar com isso em dezembro agora... só falta uns dias pro senhor ficar aí... Geovanni respondeu em tom de ironia: __Tá chegando! E o público presente caiu na gargalhada.

Na terça-feira (16) João Paulo Cunha, um respeitado jornalista dos temas cultura e política, pediu demissão de um dos mais tradicionais meios de comunicação de Minas Gerais, o Estado de Minas. A notícia traz à tona a “onda de censura” implantada no jornalismo mineiro, fato comentado, documentado e denunciado por jornalistas mineiros há anos. A demissão de João Paulo aconteceu após uma conversa entre ele e a diretoria do jornal, em que a chefia deixou claro que ele não poderia mais escrever de política. Por considerar a atitude uma manifestação de censura sobre o seu trabalho, o jornalista não aceitou continuar no cargo e pediu demissão. “Acho inadmissível que um jornal censure seus profissionais. A luta histórica que tivemos no Brasil é para termos o jornalismo como instrumento de cidadania”, afirma o jornalista. O motivo da censura seria a sua opinião política, diferente da linha adotada pelo jornal, que segundo ele é “francamente explícita a favor de Aécio Neves”.

Cargos Os frequentadores assíduos da Câmara disseram que preferiam a presidência nas mãos de Geovanne Honório, que segundo eles, “botava ordem na casa”. Além de manifestar esta preferência, alguns disseram que estão curiosos pra saber como ficará a distribuição de cargos com a nova mesa diretora. Tim Filho

Frase Em Minas, pensar continua sendo um ato muito perigoso, quase um terrorismo contra o Estado. Beatriz Cerqueira, professora e presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT MG)

EDUCAÇÃO

Rede Municipal abre mais 3 mil vagas para crianças de 3 e 5 anos de idade A Prefeitura de Governador Valadares abriu para o ano de 2015 mais três mil vagas na rede municipal de ensino para acolher crianças de quatro e cinco anos de idade, cumprindo, assim, a Emenda Constitucional 59, que determina a obrigatoriedade da educação de crianças e adolescentes dos quatro aos 17 anos de idade. Isto significa que, nesta faixa etária, ninguém pode ficar fora da escola – e é obrigação dos pais matricularem seus filhos. Para isto, estão sendo abertas mais oito escolas municipais por toda a cidade. A Secretaria Municipal de Educação vem trabalhando para efetuar as matrículas em cada uma das escolas. Do dia 15 aos 19, estão sendo feitas as matrículas dos alunos que já se cadastraram; a partir do dia 22, quem não se cadastrou pode procurar a escola municipal mais próxima da sua casa para matricular seus filhos. O município atende crianças e adolescentes dos quatro aos 14 anos. Além das escolas, o município mantém convênio com 18 creches, que podem ser procuradas para a matrícula de crianças de 2 e 3 anos de idade. As famílias podem procurar diretamente as creches para efetuar a matrícula. Escola mais diversificada A partir do ano que vem os alunos dos anos finais do ensino fundamental, ou seja, os pré-adolescentes de 11 a 14 anos, terão atividades ainda mais diversificadas e atrativas na Escola em Tempo Integral. É que as oficinas passam a ser semestrais e não anuais. Desta forma, cada aluno participará de dez e não de cinco oficinas por ano. A rede municipal ainda tem vagas para todos os anos finais do ensino fundamental em suas escolas. Para ampliar o atendimento às crianças, com três mil novas matrículas, a Prefeitura

amplia o atendimento e transforma os atuais anexos em escolas nos bairros Carapina e Turmalina e coloca em funcionamento escolas novas em seis bairros: SIR, Vila dos Montes, São Raimundo, Recanto dos Sonhos, Residencial Vitória/Distrito Industrial e Santa Efigênia. Escola vocacionada para o esporte Adolescentes de 11 a 14 anos que gostem de esportes têm agora uma escola totalmente preparada para eles (as). A Escola Municipal Octavio Soares, na Estação Olímpica, tem 700 vagas disponíveis para esses adolescentes de toda a cidade. As modalidades atletismo, futebol e natação são parte do currículo, com práticas diárias. Estudantes que forem atendidos pelo programa Bolsa Família terão a garantia de passagem de ônibus para o acesso à escola. Os estudantes que tenham interesse em estudar na Escola Octavio Soares e praticar atividades esportivas na Estação Olímpica devem se inscrever via internet, preenchendo uma ficha com os dados pessoais e do responsável. Após de preencher todos os campos, clique em enviar e a inscrição está pronta. Inscrição no site: http://goo.gl/forms/ gL1MO89fxR Emenda Constitucional 59: Art. 1º Os incisos I e VII do art. 208 da Constituição Federal, passam a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 208. I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (NR)

Uma praça entregue “ao Deus dará” Moradores de rua fazem o que bem entendem na Praça dos Pioneiros. Fazem as necessidades fisiológicas na praça, bebem, fumam, espalham lixo, acendem fogueira, destróem o patrimônio público, tudo sob a complacência dos poderes constituídos. Quem passa por ali fica perplexo com a situação. Um funcionário do Semov, que tentava limpar o local, disse ao Figueira: “ninguém faz nada contra eles, nem polícia, nem Prefeitura, nem Câmara, nem justiça, nem ninguém.” Tá dominado!

Calote no Enem Os profissionais contratados para trabalhar no Enem como ledor/transcritor bilíngue estão indignados. A coordenação municipal do exame informou um valor, mas foi pago outro. Bem menos que o combinado. E até agora nenhuma resposta, nem da coordenação local, nem da empresa CESPEUnB, responsável pela contratação. E por ser um serviço terceirizado, o Ministério da Educação lavou as mãos. Para o próximo ano fica comprometida a quantidade de profissionais que atenderão aos candidatos com necessidades especiais, já que a coordenação perdeu a credibilidade.


POLÍTICA 4

FIGUEIRA - Fim de semana de 19 a 21 de dezembro de 2014

ELEIÇÕES NA CÂMARA

Oposição vence eleição na Câmara Municipal Depois de muita discussão, o vereador Adauto Carteiro (PROS) foi eleito com 12 votos para presidente da Câmara de Vereadores de Governador Valadares, no biênio 2015/2016 Gina Pagú / Repórter

Sob muita comemoração de alguns colegas vereadores e aplausos de quem assistia a eleição para Presidente da Câmara de Vereadores de Governador Valadares, para o biênio 2015/2016, Adauto Carteiro (PRTB), saiu vitorioso. Foram 12 votos de oposição ao Governo Municipal dados por Leonardo Glória (PSD), Robinho Miffareg (PROS), Sargento Ramalho (PTB), Iracy de Matos (SDD), Cezinha Alvarenga (PRB), Ananias Camelô (PSB), Paulinho Costa (PDT), Levi Vieira (PMN), José Iderlan (PPS), contra 9 para a chapa encabeçada pelo vereador Dr. Marcílio (PMDB). A reunião para eleição da nova mesa diretora foi iniciada às 16h presidida por Geovanne Honório (PT), que deixa a cadeira no dia 31 de dezembro desse ano. Quando assume, em 1º de janeiro de 2015, a nova mesa diretora: Adauto – presidente, Pedro da Utilar (PSB) – vice-presidente, Cezinha Alvarenga (PRB) – secretário, e Iracy e Matos (SDD) – suplente. A chapa perdedora por 3 votos de diferença era formada por Dr. Marcílio (PMDB) – presidente, Ricardo Assunção (PTB) – vice-presidente, Glêdston Guetão (PT) – secretário, e Padre Paulo (PT) – suplente. Para decepção de uns e a comemoração de Adauto Carteiro, o eleito presidente da Câmara disse que foi uma vitória articulada e bem preparada, mas que continuará a dar sequência aos trabalhos da casa de forma transparente. “Comemoramos a vitória com meus colegas, pois nossa candidatura foi algo definido por um grupo, que se reuniu e escolheu meu nome. Assumo com orgulho a cadeira de Presidente da Casa e pretendo continuar os trabalhos de forma eficiente e transparente, da melhor maneira que pudermos. Faremos a princípio uma auditoria para ver como está o andamento dos trabalhos.”

Gina Pagú

O vereador Adauto Carteiro (de colarinho amarelo, atrás) foi muito cumprimentado pelos colegas vereadores logo depois da votagem que o elegeu presidente

Para o vereador Milvinho (PROS), o grupo da base governista perdeu por não ter tido compromisso com a votação. “Essa vitória não foi surpresa, pois eles se uniram para eleger um nome, ao contrário do que aconteceu conosco. Acredito que faltou empenho do nosso lado. Entendemos ainda que o governo poderia ter tido mais compromisso com a eleição de uma mesa diretora para a nossa base. É natural que se

mude a mesa a cada biênio, embora tivéssemos dois nomes fortes para concorrer, o meu e do Dr. Marcílio, mas infelizmente vamos ter que conduzir os trabalhos em oposição, o que prejudica muito o trabalho do legislativo.” O vereador Dr. Marcílio, candidato derrotado, disse que as eleições são mesmo feitas de surpresas. “O resultado de eleições na Câmara é sempre surpreendente, e

PUC Minas oferece pós-graduação presencial em Governador Valadares Da Redação

O IEC PUC Minas oferece cursos de pós-graduação em Governador Valadares. As inscrições estão abertas até 9 de fevereiro pelo site http://www.pucminas.br/iec/2015-01/. As inscrições para a pós-graduação, efetuadas até dia 21 de janeiro, não terão taxa de inscrição. Depois dessa data, o valor é de R$ 40. A inscrição é gratuita para os cursos de PDP e Pós-MBA. Para o 1º semestre de 2015, a PUC Minas oferecem, em parceria com o Colégio Ibituruna e OAB, em Governador Valadares, os cursos: Comunicação Estratégica; Contabilidade Tributária; Direito Civil Aplicado; Direito de Empresa; Gestão Contábil Eletrônica. Na modalidade Master, os cursos de MBA em Gestão Estratégica de Finanças e MBA em Gestão Estratégica de Marketing. A documentação dos cursos deve ser entregue apenas no Colégio Ibituruna. Cursos IEC O IEC PUC Minas oferece ainda cursos de pós-graduação em diversas áreas do conhecimento, em unidades em Belo Horizonte e região metropolitana e no interior de Minas Gerais. Além das especializações tradicionais, são oferecidos programas Master nas áreas de Administração (MBA), Artes (MA), Saúde (MHS) e Engenharia (M. Eng.) e pós-especialização, na área de Administração (Pós-MBA). São ofertados também Programas de Desenvolvimento Profissional (PDP), cursos de aperfeiçoamento com temas contemporâneos e específicos, nas áreas de Artes; Comunicação; Dança; Economia Criativa; Gastronomia; Gestão; Informática e Tecnologia; Moda e Turismo. Política de desconto O IEC PUC Minas oferece desconto para os cursos de Master,

especialização e Programa de Desenvolvimento Profissional (PDP) com início no 1º semestre de 2015. Os recém-formados da PUC Minas, que terminaram o curso no 2º semestre de 2014, têm desconto especial e os ex-alunos de pós-graduação da Universidade contam com 40% de desconto nas mensalidades. Informações: (33)32125050, iec.valadares@pucminas.br e www.iec.pucminas.br. IFMG divulga edital para 50 vagas no curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho Estarão abertas, de 5 a 23 de janeiro de 2015, as inscrições para o curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho no Instituto Federal de Minas Gerais IFMG - campus Governador Valadares. As inscrições são gratuitas e deverão ser realizadas no próprio câmpus, na Coordenadoria de Controle de Registro Acadêmicos, de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 horas e das 14 às 17 horas. O curso também é gratuito e direcionado aos profissionais graduados nas diversas modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Estão sendo ofertadas 50 vagas. O programa tem duração mínima de 18 meses, sendo que as aulas presenciais terão início no dia 13 de março de 2015 e acontecerão às sextas-feiras, no período noturno, e aos sábados, no período diurno. O objetivo do curso é habilitar os profissionais com o CREA, para o exercício da profissão em Engenharia de Segurança do Trabalho de acordo com a Lei Federal 7.410/1985, Decreto Federal n. 92.530/1986 e Resolução 1010/05 do CONFEA. Mais informações: (33) 3276-6070 ou pelo e-mail: possegurancadotrabalho.ifmggv@ifmg.edu.br

é sempre no último momento que se elege um escolhido. Acho que temos que pensar na Casa, no que é melhor. E embora houve uma derrota, sabemos que o vereador vencedor é um vereador atuante, e que tem conhecimentos para gerir esse mandato. A diferença agora é só no comando da mesa, mas nossos trabalhos continuaram em prol de Valadares.”

SEU BAIRRO

Moradores do bairro Vila do Sol/Vila dos Montes recebem projeto de saúde Valadares é Movimento A equipe do Departamento de Atenção à Saúde (DAS) promoveu neste sábado (13) a penúltima ação do projeto Saúde, Valadares é Movimento deste ano para os moradores dos bairros Vila do Sol/Vila dos Montes – momento voltado para a promoção e o cuidado com a saúde, no qual os profissionais do DAS, juntamente com os da Atenção básica e dos Centros de referência secundária, vão ao encontro da comunidade com o intuito de acolher e levar até ela informações sobre a rede pública e os serviços de saúde. “Com esses eventos nos bairros nos aproximamos mais da comunidade e conseguimos avaliar os problemas, dificuldades de cada região e traçar diagnósticos de doenças que podem ser tratadas na própria unidade de saúde, desafogando o Hospital Municipal. As pessoas precisam entender que a atenção básica é a porta de entrada para os serviços de saúde”, explicou a coordenadora do DAS Osânia Alves Damasceno. Os que compareceram na unidade de saúde puderam aferir pressão arterial, agendar mamografias, além de participarem de palestras educativas. Houve ainda uma tenda com orientação sobre os serviços da rede, pula-pula, algodão-doce, pipoca e muito mais. O evento aconteceu na rua Fernão Dias, 750. Saúde, Valadares é Movimento O projeto foi lançado em 8 de maio pela Secretaria Municipal de Saúde e já agitou os moradores dos bairros Jardim Primavera, São Pedro, SIR, Santos Dumont, Floresta, Universitário, Cardo, Capim, Sion, Turmalina, Atalaia, Azteca, Ipê e São Raimundo, além do distrito de Itapinoã.


POLÍTICA 5

FIGUEIRA - Fim de semana de 19 a 21 de dezembro de 2014

Notícias do Poder José Marcelo / De Brasília

Causa perdida

Vantagem? Sabe-se lá!

Quando querem...

Foi com “pompa e circunstância”, segundo definição de um deputado do PT, que o nome do deputado Arlindo Chinaglia (PT) foi lançado como candidato a presidente da Câmara, na quarta-feira. Mas até o PT sabe que se trata de um tiro na água. Com o deputado e desafeto da presidente Dilma Rousseff, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ganhando cada vez mais terreno, tudo leva a crer que a guerra para o PT já está perdida. A situação ficou ainda mais evidente depois que o vice-presidente Michel Temer entrou em campo, justamente para manifestar apoio a Cunha e tentar convencer o PT a não lançar ninguém. Nem o apoio do ex-presidente Lula deve salvar Chinaglia de uma amarga derrota.

Segundo essa mesma fonte, que tem relações antigas com a presidente Dilma Rousseff, a única certeza que o Palácio tem é a de que Eduardo Cunha cumpre, fielmente, o que promete que não faz o contrário do que diz. Seria uma vantagem, segundo essa fonte, se o deputado fizesse acordos favoráveis ao governo. O problema é que ele pode fazer acordos com a oposição. problema dos cargos de nível médio é que de médio eles só têm o nome. O conteúdo exigido nesses concursos não faz parte de nenhuma grade curricular do ensino médio. Sem curso superior ninguém é aprovado. Isso, no entanto, não justifica a tentativa de manobra de ser aprovado para uma faixa e tentar mudar de fase na base da negociata.

Não durou nem cinco minutos a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias na sessão conjunta do Congresso Nacional na quartafeira, dia 17. Sob a presidência do senador Romero Jucá (PMDB) ninguém abriu discussão, contestou nada nem criou caso. A agilidade surpreendeu os jornalistas que cobrem o cotidiano da Câmara e Senado, mas tanta pressa tem uma explicação e não era apenas a pressa em voltar para casa. Uma ala do PMDB fez pressão até os últimos instantes da terça-feira para ter certeza dos nomes que a presidente Dilma Rousseff indicaria para compor o futuro ministério. Na quarta, logo cedinho, estava tudo resolvido.

Que medo! O que mais assusta o Palácio do Planalto, segundo um nome forte do ministério, que comanda uma pasta no primeiro escalão desde o governo Lula, é que o deputado Eduardo Cunha reúne todas as características desejadas para um amigo, mas que geram pânico quando um inimigo as tem: o deputado é extremamente inteligente, bem informado, articulado, tem bom trânsito entre os parlamentares, uma excelente memória e é muito carismático. São lendárias as reuniões entre o deputado e representantes do Palácio, para negociar projetos e votações, em que o governo enviava até dez pessoas para convencer Cunha em uma reunião e ele dava um baile em todo mundo. Sabendo disso, no Palácio do Planalto, a vitória de Cunha no comando da Câmara é tida como certa.

VIRADA DE ANO

Festas de fim de ano já movimentam a cidade Natália Carvalho / Repórter

O Natal mal chegou e várias pessoas já estão pensando em como vão dar às boas vindas ao ano de 2015. Muitas Valadarenses, como a Josiane Sacramento, vão pegar a estrada e fazer a contagem regressiva perto do mar: “Este ano vou passar o Ano Novo em Vitória, na casa da minha sogra.”, conta. No entanto, diversos clubes e bares da cidade estão investindo em festas de Réveillon, para as pessoas que não pretendem viajar. O Clube Filadélfia sempre investe em festas de fim de ano, e desta vez não foi diferente. “No Réveillon 2015 do Filadélfia, além de dois ambientes, teremos diversas atrações como a Banda Baile Calistones, Dj Phil, Dj Baleia, a dupla Emerson e Danilo, e a nossa atração principal, o cantor Ratto.”, conta Maria Júlia Mendes, assessora do clube. Além do local, outra preocupação, principalmente para as mulheres é escolher o que vestir. Muitas pessoas ainda seguem a tradição de passar a virada do ano de roupa nova. Lissandrea Pires, da loja Ananda, conta que o movimento na loja está grande. Muitas pessoas já compraram roupas para o Natal, e agora estão procurando algo para o ano novo. “Várias pessoas ainda vêm à loja procurando pelo clássico branco. Porém, este ano a procura por outras cores como o amarelo e o dourado têm aumentado.”, conta. De acordo com Lissandrea, os itens mais vendidos para as festas de final de ano estão sendo os vestidos, shorts e saias longas. Tudo com muita renda, paetês e franjas, que estão em alta na estação. A estudante de direito Larissa Vial é uma das muitas mulheres que já está correndo para encontrar uma roupa para a ocasião: “Para mim a roupa não precisa ser necessariamente branca. Se achar uma roupa colorida que eu goste mais não vejo nenhum problema em usá-la na virada. Não sou supersticiosa.”, conta. “Porém, ainda acho muito lindo todos de branco.” Kamily Gonçalves também concorda que é bom passar a ocasião com uma roupa nova e já garantiu a sua: “Usar roupa nova na virada do ano sempre me deixa mais animada”, comenta. No entanto, esta é a sua única superstição: “Não sou supersticiosa. Não pulo ondinhas nem nada do tipo, mas acredito que uma boa oração pode te trazer um ano mais feliz.” Serviço: Os ingressos para o Réveillon 2015 do Filadélfia já estão à venda na Loja Blue Velvet, que fica na Rua Barão do Rio Branco, número 290, no Centro.O telefone para mais informações é: 3276-7645.

A seco Até o início do segundo semestre pouca gente duvidava da vitória do senador Renan Calheiros (PMDB) para continuar no comando do Senado. Mas nas últimas semanas a vitória dele subiu no telhado. Calheiros deixou de ser unanimidade até no PMDB, onde o brilho dele vem sendo, aos poucos, ofuscado pelos senadores Eunício Oliveira (CE) e Luiz Henrique da Silveira (SC). Sem contar que até no partido uma ala ainda acredita que a qualquer momento o nome de Calheiros será envolvido no escândalo da Petrobrás. Há quem torça para isso, inclusive.

Passou Uma manobra do presidente da Câmara adiou, mas não impediu a aprovação da correção da tabela do Imposto de Renda em 6,5%. A presidente Dilma Rousseff queria 4,5%. Na penúltima sessão da Câmara, desta legislatura, no dia 16, a mudança só não foi aprovada porque o presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB) encerrou os trabalhos. Mas no dia seguinte, não teve jeito.

Em tempo... O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves disse que em dezembro a Câmara votaria tudo o que não havia votado ao longo do ano. Isso só pode significar que quando querem, deputados e senadores conseguem dar agilidade à pauta.

José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.


ESPORTES OLÍMPICOS 6

FIGUEIRA - Fim de semana de 19 a 21 de dezembro de 2014

Gina Pagú

A prefeita Elisa Costa disse que a Estação Olímpica é um celeiro de desenvolvimento humano e esportivo, é um projeto inovador de sustentabilidade para Valadares

Estação olímpica: celeiro de novos talentos

Obra custou R$ 24 milhões, com construção de duas piscinas, pista de atletismo, campo de futebol, arquibancada, vestiário e uma escola de tempo integral para 720 alunos, que iniciará as atividades no início de 2015

Hoje é um momento de celebrar mais um projeto entregue a Governador Valadares. Estamos juntos com a prefeita Elisa Costa na concretização desse sonho, desse que é o início de muitos voltados para novos talentos. Locais como esses formam o cidadão, nos ensinando a ter resiliência, respeito e a superar desafios, características que só o esporte ensina. Frederico Nastrini, presidente do Núcleo de Desenvolvimento Humano e Econômico da Vale

Gina Pagú / Repórter

Foi inaugurada na última terça-feira (16), a Estação Olímpica, uma escola vocacional única da região, direcionada para educação e esporte de alunos de Governador Valadares. O projeto da Prefeitura e da Vale propõe a união de ensino e prática de atividades físicas: uma escola de tempo integral e um centro de treinamento para desenvolver novos talentos esportivos. A obra que custou R$ 24 milhões fica na Rua Engenheiro Felipe Caldas, no Bairro Fraternidade. Conta com duas piscinas, pista de atletismo, campo de futebol, arquibancada, vestiário, e uma escola de tempo integral para 720 alunos, que iniciará as atividades no início de 2015. A cerimônia teve a presença do coral da Escola Municipal Laura Fabri e Banda Lira 30 de Janeiro. Além da entrega de certificados para dez professores selecionados para trabalhar na Estação. Após a solenidade houve uma demonstração de provas de corrida de 100 metros, arremesso de dardo, peso e martelo, pelos atletas da Associação Master de Atletismo (AMAVA) e dos alunos da Escola Olegário Maciel. Segundo o presidente da AMAVA, Elias Justino, a Prefeitura de Governador Valadares e a Vale estão de parabéns pela possibilidade de proporcionar essas oportunidades aos futuros atletas de Valadares. “Em um raio de 300 quilômetros não existe uma estrutura como essa. Nós que já estamos no atletismo há muitos anos e treinamos em Ipatinga nunca tivemos a possibilidade de treinar em uma pista emborrachada como essa, especial, lá temos terra batida ainda. As crianças e adolescentes aqui terão uma maneira gratuita de começar as carreiras em alto nível. O que desgasta menos o atleta e gera mais qualidade esportiva. Os idealizadores desse projeto estão realmente de parabéns.” Parceria A prefeita Elisa Costa, falou da parceria fundamental da Vale para a realização das obras em Valadares. “A Vale se tornou uma amiga da nossa cidade, não só uma executora de serviços. E nessa Estação Olímpica fugimos do convencional, as obras de infraestrutura são importantes sim, mas esse centro de treinamentos faz do sonho uma realidade. Sonho que começa-

mos a desenhar ainda em campanha política em 2009. Muitos criticaram e desacreditaram, mas hoje conseguimos. E esse celeiro de desenvolvimento humano e esportivo, é um projeto inovador de sustentabilidade para Valadares.” Frederico Nastrini, presidente do Núcleo de Desenvolvimento Humano e Econômico da Vale, destacou a parceria importante de Valadares com a Vale. “Hoje é um momento de celebrar mais um projeto entregue a Governador Valadares. Estamos juntos com a prefeita Elisa Costa na concretização desse sonho, desse que é o início de muitos voltados para novos talentos. Locais como esses formam o cidadão, nos ensinando a ter resiliência, respeito e a superar desafios, características que só esporte ensina.” Henrique Lobo, analista de Relações Institucionais da Vale, falou do valor social e sustentável do Projeto. “Para a Vale ações de parceria como essas vão além do custo econômico, estamos juntos com Valadares para realizar projetos sustentáveis e de valor social. Queremos deixar aqui um marco histórico para as futuras gerações.” Educação e Esporte Jaider Batista, secretário municipal de Educação, falou do novo formato de educação vocacionado para o esporte. “Esse é um desejo antigo, e que já vinha sendo pautado por outros secretários de Educação, e hoje conseguimos concretizar. Esse trabalho conjunto das secretarias de Educação e Cultura é algo novo e mais que isso é essencial para a formação de novos talentos.” O secretário de Cultura Esporte e Lazer, Fábio Brasileiro, agradeceu o empenho da Vale e a parceria com a secretaria de Educação. “Um dia tivemos um sonho de uma Valadares Olímpica, e hoje está sendo realizado pela junção forças de Vale e Prefeitura. Muita descrença rondou nossos projetos. Mas hoje serão não só crianças e adolescentes beneficiados, a nossa cidade agora é exemplo de um trabalho inovador. Todos os envolvidos nesse projeto, das secretarias de Educação e Esporte, equipe de governo, todos estão de parabéns.” Gina Pagú

Logo depois da inauguração, atletas do futuro mostraram suas habilidades na pista de atletismo


BEM ESTAR 7

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Pilates para crianças: brincando e melhorando a qualidade de vida

Gina Pagú

Modalidade é desenvolvida nas clínicas de fisioterapia e já conta com adeptos mirins que se divertem fazendo exercício físico.

Gina Pagú / Repórter A prática do Pilates já é conhecida como uma modalidade que fortalece os músculos e corrige a postura. Mas a novidade é que desde 2006 essa atividade vem sendo aplicada para crianças. Fisioterapeutas e educadores físicos, nos Estados Unidos, levaram o método para as escolas americanas, e obtiveram muito sucesso com relação às queixas de dores nas costas, a hiperatividade e a falta de sono. No Brasil a modalidade é desenvolvida nas clínicas de fisioterapia e já conta com adeptos mirins que se divertem fazendo exercício físico. A fisioterapeuta Laura Nogueira, explica que o Pilates é benéfico em qualquer idade e que as crianças têm uma vantagem, pois já começam corrigindo a postura desde cedo. “Muita gente passa anos com problemas de coluna, com dores, e que são resolvidas com a prática do Pilates. As crianças têm a possibilidade de ver isso sanado mais cedo. Claro que o método é desenvolvido de forma lúdica e divertida, mas não podemos esquecer de reafirmar a conquista do equilíbrio físico e mental do praticante.” Os instrumentos usados com crianças são bolas, discos, fitas, rolos de espuma, aliados aos movimentos infantis como cambalhotas, trilhas sobre objetos, jogos de bolas e até passos de danças. “Não usamos os mesmos equipamentos dos adultos, o Pilates é feito de forma diferente, procurando distrair a crianças com as atividades e ajudá-las no desenvolvimento físico e respiratório.” Nogueira diz que as aulas de Pilates para crianças surgiram com a intenção de chamar atenção de pais que já são alunos da modalidade e ajudar as crianças que ficam muito sedentárias. “Muitos pais reclamam dos filhos ficarem horas e horas distraídos com eletrônicos. Então decidimos implementar essa modalidade para as crianças. As aulas são ministradas com no máximo 4 crianças, para todas terem atenção adequada com relação aos movimentos praticados.” Benefícios As brincadeiras de rua, pique-pega, rolimã, pular corda, já não fazem mais parte do contexto das crianças. Tudo isso demandava esforço físico e gasto de energia. Hoje as crianças estão restritas a brincar dentro de casas e apartamentos entenda-se, computador, videogame e televisão. Sem contar os horários corridos de atividades escolares, do curso de idiomas e de outras atividades extras. Quase sempre carregando muito peso nas mochilas. E para tratar tudo isso, o método pode ser uma poderosa ferramenta que deve ser praticado após os 4 anos de idade, e em aulas com duração de meia hora, duas ou três vezes por semana. Os benefícios do Pilates para as crianças estão na proteção do sistema locomotor, melhora a postura, o sono e o alongamento de músculos e tendões. A fisioterapeuta diz que o relaxamento do corpo proporcionado pela modalidade traz qualidade de vida para as crianças. “Os praticantes do Pilates dormem melhor porque conseguem relaxar o corpo e a mente. O método trabalha o corpo como um todo, além da parte respiratória. Assim, a criança já cria uma consciência corporal de como devemos respirar para dormir melhor. Evita ou ameniza problemas como bronquite e asma. Além disso, os pais nos falam que as crianças que praticam Pilates ficam muito mais calmas e tranquilas.” A educadora física, Naiara Ribeiro, explica que o Pilates para crianças estimula do crescimento cognitivo e afetivo, além dos benefícios físicos. “O Pilates é um exercício físico que pode ser praticado em diversas faixas etárias. O que muda é o objetivo e intensidade do treinamento. No início da infância a criança precisa de uma atividade que facilite o crescimento cognitivo e afetivo, o professor deve planejar uma aula que desenvolva tanto habilidades motoras refinadas como rudimentares. Sabemos que as crianças de hoje, estão crescendo sem vivenciar as brincadeiras, e estas são importantes para o desenvolvimento da criança, possibilita, por exemplo, reduzir o medo do fracasso.”

Entendo que os pais colocam seus filhos em atividades orientadas como o Pilates, para que a criança tenha um desenvolvimento físico e mental mais funcional. Assim o professor deve considerar os objetivos individuais de cada aluno.

Os benefícios do Pilates para as crianças estão na proteção do sistema locomotor, melhora a postura, o sono e o alongamento de músculos e tendões

enormes desde o próprio relaxamento, passando pela respiração correta até chegarmos à tonificação muscular. Para mim os maiores benefícios foram o próprio equilíbrio e os tônus muscular. Sempre quis fazer Pilates e como tenho enxaqueca, resolvi seguir a orientação médica de uma atividade física que trabalhasse a musculatura e equilíbrio como um todo. Por indicação de uma amiga conheci a academia em que faço aulas. E estou muito feliz sem as constantes crises de dores de cabeça. Para minha filha espero que dê a ela mais equilíbrio para as nossas vidas que já são tão agitadas.” Naiara explica que a maioria dos pais tem escolhido o Pilates como atividade física para as crianças por conta da oportunidade de uma aprendizagem rica e saudável para a vida dos filhos. “Entendo que os pais colocam seus filhos em atividades orientadas como o Pilates, para que a criança tenha um desenvolvimento físico e mental mais funcional. Assim o professor deve considerar os objetivos individuais de cada aluno. E as aulas devem desenvolver vários aspectos, como autoconfiança e até habilidades motoras mais refinadas. No caso de crianças o importante é manter um caráter lúdico e convidativo para que esta tenha prazer em realizar a aula. O crescimento dos índices de obesidade e hipertensão infantil é alarmante, portanto é importante começar a atividade física ainda sendo criança. Para que estas aprendam a gostar de exercícios, cresçam saudáveis e com qualidade de vida.” Gina Pagú

Gina Pagú

Pilates em família Márcia Kumar, mãe de Aamla Temponi Kumar de 7 anos, que pratica a modalidade há 1 mês, diz que o Pilates em casa é levado a sério. Mãe e filha vão para a academia juntas. Kumar explica que escolheu a modalidade por indicação médica, mas que para a filha, optou por ser uma atividade que trabalha principalmente o equilíbrio e a concentração. “O Pilates requer equilíbrio, ritmo e concentração, esses elementos são essenciais para o dia a dia dela, mesmo porque hoje em dia as crianças não têm tanto tempo e nem espaço para correr, brincar de amarelinha, subir em árvores e no Pilates esses movimentos podem ser praticados de forma correta.” Ela diz ainda que muita gente pensa que o Pilates é uma modalidade restrita a alguns instrumentos. “Pilates não é somente aquelas atividades com a bola, como a maioria pensa. Pilates é coisa séria e os benefícios são

Naiara Ribeiro Educadora física

No início da infância a criança precisa de uma atividade que facilite o crescimento cognitivo e afetivo, o professor deve planejar uma aula que desenvolva tanto habilidades motoras refinadas como rudimentares


GERAL

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BRAVA GENTE

CRISPIM JOSÉ CARNEIRO, MR. PINGO

Ombudsman

Arquivo pessoal

José Carlos Aragão

Quem concorda? Qualquer um pode concordar ou não com uma opinião, uma ideia, um ponto de vista alheio. Numa democracia plena, isso é fundamental. Outro dia, na internet, me deparei com a transcrição de um texto, atribuído ao jornalista e imortal Zuenir Ventura, que falava exatamente disso. Em outras palavras, ele afirmava que é justamente o dissenso, e não o consenso, que caracteriza uma democracia. Faz sentido, pois apenas numa democracia de verdade há lugar para ideias discordantes; são as ditaduras que tentam impor o pensamento único e que perseguem ou eliminam os que discordam. Contudo se, numa democracia, é assegurado ao indivíduo a livre expressão de pensamento e a concordância ou discordância sobre o que quer que seja, o mesmo não acontece com a Gramática, em que o verbo, invariavelmente, deve concordar com o sujeito. É o que diz a regra, mas isso não tem sido observado com frequência no Figueira. Vejamos dois casos pinçados da edição da semana passada. CASO 1

Na mesa de som, Mr. Pingo, ou Pingo, como queiram. Profissional requisitado pelos grandes nomes da música brasileira

No primeiro deles, diz o subtítulo de uma reportagem (pág. 06): “A obra de desassoreamento da Lagoa do Pérola está orçada em mais de 2 milhões e meio (R$ 2.575.451,62). E devem ser concluídas até abril de 2015.” Embora oculto, é fácil identificar o sujeito do segundo período. É o mesmo do que lhe antecede: “a obra de desassoreamento”. No primeiro período, o verbo “está”, concorda adequadamente com o sujeito – ambos no singular. No segundo, porém, o verbo principal que capitaneia a expressão verbal – “devem estar concluídas” – foi inexplicavelmente para o plural, arrastando todo mundo para o mau caminho. Uma discordância inaceitável, para a Gramática. O correto – ou: a concordância correta – seria: “deve estar concluída”. (Convém destacar que, nesse exemplo, há ainda uma agravante: como o subtítulo foi extraído ipsis litteris do corpo da matéria, o mesmo erro acaba ocorrendo duas vezes na mesma página.). CASO 2 Vejamos o outro caso. Trata-se se outro subtítulo (pág. 09): “Escola e local de prática desse esporte funcionam em parceria com a Associação de Moradores do Bairro Morada do Vale e já conquista adeptos”. Observa-se a existência de um sujeito composto – “escola e local (...)” – o que exige um verbo flexionado no plural, para que haja concordância. O verbo da oração seguinte – “conquista” parece ter uma opinião diversa e, sabe-se lá por qual motivo, não concordou. Nesse segundo exemplo, porém, pode-se presumir que todo o período foi mal construído, redundando em confusão de ideias e erro gramatical. Basta inverter a lógica da frase, pra perceber a lambança: afinal, o que é que “conquista” adeptos? Quando fazemos esse tipo de inversão, a resposta deveria ser o sujeito da oração, certo? Então, “escola e local conquistam”! Sujeito composto, verbo no plural. Mas... faz sentido, o que é dito? Escola e local podem conquistar “adeptos”? Não seria o esporte tema da matéria – arco e flecha – que teria o condão de conquistar adeptos? É o que se pode depreender, com um mínimo de bom senso, quem lê a reportagem. Ao jornalista, no entanto – um profissional da escrita, do texto, da informação – não se pode permitir a falta de domínio básico da língua em que se expressa. Nem é admissível que, por falta de clareza ou objetividade no que escreve, acabe delegando ao leitor a decifração de seus maus escritos. O leitor concorda?

Ao jornalista, no entanto – um profissional da escrita, do texto, da informação – não se pode permitir a falta de domínio básico da língua em que se expressa. Nem é admissível que, por falta de clareza ou objetividade no que escreve, acabe delegando ao leitor a decifração de seus maus escritos

Na mesa de som, Mr. Pingo!

Rosi Santiago / Especial

Em meados dos anos de 1970, a juventude curtia nas noites valadarenses as badaladas das discotecas. Roda de amigos, amores e histórias divertidas emergiam do ambiente agitado por músicas dançantes. Crispim José Carneiro tinha apenas 15 anos de idade, mas já comandava a animação como operador de som. Por amar a música, a noite, e o que ela pode oferecer aos seus amantes, se profissionalizou na área ainda nesta época, fazendo som em festas, bailes e boates. Começou como discotecário, nos bailes da extinta Humpopeye (empresa de entretenimento e sonorização), depois na Boate Groovy, junto com o amigo Odilon. Montou a Pingo’s Sonorização e com os discos de vinil agitava as noites valadarenses nas inesquecíveis festas no Minas Clube, Ilusão, Garfo e em casas particulares. Nesta época, surgiram em GV várias discotecas, como a New York City, onde Pingo dava o seu melhor. A partir daí, o garoto ganhou nome nacional e recebeu convites de vários cantos do Brasil. Trabalhou em discotecas famosas do Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. Foram 12 anos dedicados às noites dançantes. Assim, conheceu vários amigos músicos e começou a se interessar por música ao vivo. A convite de Mário Gallerani, que tinha uma banda, Pingo começou como operador de mesa. O começo foi difícil. Não conhecia o trabalho, mas queria aprender. Correu atrás, estudou e teve grandes mestres para iluminar seu caminho musical. Conseguiu chegar a um patamar admirável.

Sua trajetória é fascinante, pois conseguiu a admiração de grandes artistas pela profissão que antes era marginalizada. São 41 anos vivendo da música. Hoje ele desfruta com prazer o que conquistou com ela.

Hoje, ele faz show pelo mundo afora, trabalha com vários artistas nacionais e internacionais. De Minas, ele trabalha com as bandas Pato Fu, Jota Quest, Tia Nastácia, com os cantores Eduardo Costa, Beto Guedes, Milton Nascimento e Flávio Venturini. Atualmente trabalha com Lô Borges e Vander Lee. O apelido mudou de “Sr. Pingo” para “Mr. Pingo” depois de um encontro que teve com o roqueiro Rod Stuart e alguns técnicos estrangeiros no primeiro Rock in Rio. Crispim, o nosso Mr. Pingo (ou Pingo, como queiram), ganhou o Brasil e o mundo, e carrega no peito uma saudade imensa de Governador Valadaraes, lugar onde nasceu, cresceu, estudou, amou e fez amigos. Aqui já nos deu a graça em shows dos Vitrolas e Marcelo Tiradentes, aos quais demonstra consideração e respeito. Sua trajetória é fascinante, pois conseguiu a admiração de grandes artistas pela profissão que antes era marginalizada. São 41 anos vivendo da música. Hoje ele desfruta com prazer o que conquistou com ela. O menino que entrava às escondidas no antigo Bar Paiol para ver a banda “Os Escorpiões” tocar, agora brilha nos grandes palcos. O público aumentou e a sua missão de transmitir alegria é o que lhe faz feliz.

NA MOSCA (OU QUASE)

“Arco e flecha ganha espaço em GV”. Antes que alguém questione, está – parcialmente - certo. Arco e flecha é o nome do esporte (na verdade, oficialmente, chama-se Tiro com Arco, Arqueria ou Arquearia). Portanto, não são o arco e a flecha, individualmente, que ganham espaço, mas o esporte que leva esse nome. O verbo fica no singular. Para evitar a confusão, o ideal seria grafar o nome do esporte com iniciais maiúsculas: Arco e Flecha. Simples assim. EVITANDO ARAPUCAS Uma das máximas dos manuais de boa escrita jornalística reza que “muita vírgula é sinal de pouco ponto”. Em outras palavras, muita vírgula pede ponto. Períodos muito longos criam distanciamentos vocabulares, sintáticos e semânticos que são verdadeiras armadilhas para quem escreve. A fragmentação do subtítulo usado como exemplo, acima, seria uma boa alternativa pra não se cair nessa arapuca: “Escola e local para prática funcionam em parceria com a Associação de Moradores do Morada do Vale. Esporte vem conquistando adeptos”. José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com

Abertas inscrições para professor do Pronatec Estão abertas as inscrições para o processo seletivo simplificado para professores bolsistas na ação Bolsa-Formação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) para diversas cidades de Minas Gerais. Para Governador Valadares há 10 vagas para professor do curso de Produtor de Derivados de Leite. As inscrições são gratuitas. Os interessados em se inscrever devem entregar, no Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), nos dias 11 e 12 deste mês, os seguintes documentos (preenchidos e assinados, quando for o caso): ficha de inscrição, declaração de disponibilidade, barema de pontuação (preenchido com o nome e a coluna de pontuação), currículo e currículo Lattes (acompanhado da documentação comprobatória),

além de cópia da carteira de identidade e do CPF. As cópias dos documentos de identidade e comprobatório do currículo devem ser apresentadas juntamente com os originais. Para concorrer a mais de uma vaga é necessário preencher uma ficha de inscrição para cada cargo. Os professores receberão R$ 50 por hora de atividade dedicada ao Bolsa-Formação. A avaliação será feita por uma comissão examinadora. Fique ligado O resultado será divulgado no dia 15 de janeiro de 2015 no site www.ifmg.edu.br. A convocação será feita por telefone e/ou e-mail informados na ficha de inscrição.


COTIDIANO

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FIGUEIRA - Fim de semana de 19 a 21 de dezembro de 2014

CIDADANIA

Por que dá medo um Papa que fala mais dos homens do que de Deus Vaticano

“Francisco é acusado pelos seus de se interessar mais pelo drama dos homossexuais, das crianças violentadas por padres e bispos, pela união das diversas confissões religiosas ou pelos problemas terrenos, como o terrorismo ou as guerras, do que pelos dogmas e pela conversão dos infiéis”, escreve Juan Arias, jornalista, em artigo publicado pelo jornal El País, 03-12-2014. Segundo ele, “Francisco sabe muito bem que para a Igreja primitiva, nascida do judaísmo que desejava universalizarse, o rosto de Deus era visível somente na dor dos homens e na sede de justiça proclamada pelos profetas”.

O Papai Noel chegou mais cedo para as crianças que se tratam ou cujos pais sejam pacientes do Centro de Referência em Atenção à Saúde Dr. Ladislau Salles (Crase). É que na quinta-feira (18) elas foram presenteadas com a tradicional festa de Natal, que este ano chega a sua décima edição. Aproximadamente 60 meninos e meninas de zero a 16 anos e seus familiares se deliciaram com salgadinhos, doces, refrigerantes e, ainda, ganharam presentes trazidos pelo bom velhinho. “Pensamos e preparamos cada detalhe porque queremos fazer a diferença na vida dessas crianças e também dos seus familiares. Ficamos alegres e nos sentimos realizados em poder proporcionar esse momento tão especial para cada um deles”, conta a coordenadora do Crase Maria das Graças Lages Casais.

Eis o artigo. O papa Francisco começa a ser cada vez menos amado por algumas hierarquias da Igreja do que pelas pessoas. Ele gosta menos de muitos devotos do que da caravana humana dos que sofrem. Os burocratas da Igreja o acusam entre dentes de que fala pouco de Deus e muito dos homens, sobretudo dos mais marginalizados pela sociedade. É um Papa que cita pouco as encíclicas. Para ele bastam as poucas páginas dos evangelhos que estão mais povoadas de histórias de marginalização e dor do que glorificações divinas. O profeta judeu que deu origem ao cristianismo se interessava mais, como Francisco, pelos diferentes, os desprovidos pelo poder e pela Igreja, do que pelos deuses e os anjos. Era severo com as hipocrisias do templo e condescendente com prostitutas, adúlteras e pecadores. Não foi um profeta revolucionário, como Francisco também não é. Simplesmente não suportava a dor injusta infligida pelo poder aos que não se ajoelhavam diante dele ou não tinham voz nem voto na sociedade. Francisco é acusado pelos seus de se interessar mais pelo drama dos homossexuais, das crianças violentadas por padres e bispos, pela união das diversas confissões religiosas ou pelos problemas terrenos, como o terrorismo ou as guerras, do que pelos dogmas e pela conversão dos infiéis. Uma certa Igreja começa a criticá-lo, como Pablo Ordaz informou neste jornal, para que olhe mais para Deus do que para o mundo. Tentaram classificá-lo politicamente (de esquerda?) e ele sorri. “Eu sou do partido do Evangelho”, respondeu para um rabino argentino que se interessava por suas preferências políticas. Francisco voltou a lembrar tal fato para os jornalistas durante sua última viagem para a Turquia. E é preciso lembrar que nos evangelhos, o profeta judeu chama o tirano Herodes de “raposa”; chama de hipócritas e manipuladores os sacerdotes que haviam transformado o templo em um “covil de ladrões”. Nas páginas do Evangelho, o misericordioso Jesus, o que perdoava todas as fragilidades humanas e ficava ao lado dos que estavam largados nas sarjetas da vida, foi, entretanto, terrivelmente severo contra os violadores de menores, assim como o papa Francisco. Jesus chegou a pedir pena de morte para que os abusavam dos pequenos. “Melhor que coloquem uma roda de moinho em seus pescoços e os lancem no mar”, chegou a dizer.

Crianças do Crase ganham festa de Natal antecipada

Valadares ganha sete pluviômetros nas áreas de risco da cidade O Papa Francisco conquistou os católicos

Francisco se contenta com a ida deles para a prisão. Como há mais de dois mil anos, também hoje para o Papa a fé verdadeira é uma mescla de misericórdia com os caídos e de dureza com os exploradores. Para ele parecem interessar mais as lágrimas dos humilhados do que as pregações arrogantes do fariseu do templo: “Eu não sou como esses pecadores”. A Igreja, transformada tantas vezes ao longo da história em um poder mais temporal do que divino, escreveu e falou de Deus até o infinito. Muito menos do que sobre os homens e suas angústias. O papa Francisco prefere hoje falar mais do próximo do que da divindade, o que começa a ser visto como uma heresia. O profeta de Nazaré foi pregado muito jovem em uma cruz por ter exagerado em sua defesa dos desprovidos. Talvez também por ter falado mais das pessoas do que de Deus. Não é estranho que dentro da Igreja, por parte do poder que prefere que as glórias de Deus sejam mais invocadas do que as fraquezas dos homens, o papa Francisco possa chegar a ser acusado de ter se esquecido do céu para interessar-se demasiadamente sobre a Terra e nesse inferno no qual vivem os milhões de pobres, de exilados, de perseguidos pelas ideologias, dos que sofrem o golpe da fome, da perseguição e o esquecimento. Francisco sabe muito bem que para a Igreja primitiva, nascida do judaísmo que desejava universalizar-se, o rosto de Deus era visível somente na dor dos homens e na sede de justiça proclamada pelos profetas. O Deus encarnado não é o que vive distraído e feliz sobre as nuvens, e sim muito preocupado, como se fosse uma mãe, com a vida real das pessoas. Francisco prefere ser, simplesmente, um cristão das origens. É pouco?

Governador Valadares ganhou sete pluviômetros, instalados terça-feira (16) e quarta-feira (17), em áreas da cidade consideradas com risco para desastres naturais, em caso de grande volume de chuvas. Os equipamentos foram instalados por técnicos do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Os pontos que receberam os equipamentos foram indicados pela Defesa Civil da cidade, que acompanhou os trabalhos. O coordenador da Defesa Civil de Valadares, Wilde Nonato, explicou que os equipamentos servem para fazer a medição do volume de chuvas e enviar as informações, via satélite, ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD) do Ministério da Integração Nacional, que automaticamente aciona as autoridades locais da cidade para atenção a riscos reais de desastres. “Ao nos mostrar o quanto chove na cidade é possível ter a informação real de que a terra já esteja, por exemplo, muito encharcada, com chances reais de deslizamentos e desmoronamentos”, disse. Os pluviômetros estão instalados nos seguintes locais/bairros e tem coberturas a bairros e regiões adjacentes: 1. ETA SAAE – Altinópolis 2. ETA SAAE – Caravelas, Penha 3. ETA SAAE – Vera Cruz 4. ETA SAAE – Chonim de Baixo 5. Estratégia Saúde da Família (ESF) Santa Paula, Jardim do Trevo 6. CEMEI Rubens do Amaral – Querosene 7. Escola Estadual Dr. Antônio Lisboa Dias Conjunto Sir

Direitos Humanos Flávio Fróes

O regime autoritário que vigorou no País a partir de 1964 já demonstrava sinais de exaustão quando da última troca de comando dos generais-presidentes. Se a justificativa que ofereceram à opinião pública internacional, para a derrubada de um governo legitimamente escolhido pelo povo, foi impedir a subversão e a corrupção, isto se tornara desacreditado no final daquele período. A volta ao Estado de Direito ocorreu, então, de forma gradual e sem sobressaltos, com o retorno dos banidos e a retomada das boas práticas democráticas como formação de partidos e eleições livres e soberanas. Continuaram abertas, é verdade, as mazelas incuráveis na alma das vítimas do arbítrio. “Nem tudo é perfeito nesse mundo”, constatava, em contexto diferente, a Raposa do “Pequeno Príncipe” de SaintExupéry. Aliás, os atingidos pela repressão daquele período tenebroso, desprovidos de quaisquer garantias de direitos, incluíam familiares, amigos, sócios, paroquianos e confrades de qualquer natureza. Que, como mecanismo de defesa, desenvolveram redes de informação confiáveis sobre os movimentos da repressão. Em pouco tempo essas redes incluíam nomes da alta hierarquia da Igreja assim como de líderes religiosos não católicos. Graças à coragem de homens e mulheres integrantes dessa rede muitos (as) perseguidos (as) pela repressão saíram do País para regres-

Em favor dos mal lembrados

Continuaram abertas, é verdade, as mazelas incuráveis na alma das vítimas do arbítrio. “Nem tudo é perfeito nesse mundo”, constatava, em contexto diferente, a Raposa do “Pequeno Príncipe” de Saint-Exupéry.

muitos (as) já ostentavam ninguém se considerava mais importante do que o Projeto. Quando, finalmente, aconteceu a Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988) já fazia bem um decênio que esses temas vinham sendo trabalhados e sistematizados. Os constituintes, então, retomaram os conceitos fundamentais dessa bandeira enquanto as pastorais sociais da Igreja e entidades voltadas para crianças e adolescentes, por exemplo, mobilizavam os segmentos sociais afinados com esses temas. Desse nobre conluio resultou o detalhamento “Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos”, no Artigo 5º da Constituição, de que a Nação inteira se beneficia. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069/90) – releve-se a repetição – adveio desses encontros anteriores à Constituinte. Quem sabe se a lembrança desses fatos concorrerá para reacender compromissos pela causa da criança e do adolescente, de idosos (as), deficientes e minorias étnicas – segmentos populacionais mal lembrados nos orçamentos municipais?

sar, somente anos depois, com a Lei da Anistia (1979). Acumpliciados em torno de causa tão nobre – diminuir o sofrimento e salvar vidas – os participantes dessas redes logo ampliaram o âmbito de interesse mútuo e iniciaram algo como um certo “Projeto Brasil” para o longo prazo. Nesse ponto graduados de diversas disciplinas – Psicologia, Pediatria, Psiquiatria, Sociologia, Direito e tantas mais – já trabalhavam num eixo temático relacionado à criança, adolescente, família e comunidade. Os (As) envolvidos (as) no Projeto atuaram com método e persistência: determinaram os caminhos e as alternativas até alcançar Flávio Fróes Oliveira é filósofo e estudioso dos direitos das o êxito buscado. Importante: não obstante o renome que crianças e adolescentes.


CORRESPONDENTES 10

FIGUEIRA - Fim de semana de 19 a 21 de dezembro de 2014

Revista Life

D’outro lado do Atlântico José Peixe / De Lisboa

Contra a segregação racial nos Estados Unidos e no Mundo “Não ficaremos satisfeitos enquanto um só negro do Mississipi não puder votar ou um negro de Nova Iorque acreditar que não tem razão para votar!” Martin Luther King Jr Esta semana, aqui deste lado do Atlântico, dedicamos a nossa prosa a um assunto delicado e que infelizmente ainda atormenta muita gente em todo o mundo: a segregação racial. E quando falamos nessa matéria incomodativa, somos obrigados a recordar o ex-pastor protestante e ativista político norte-americano, Martin Luther King. Ele que morreu lutando por esta causa e foi Nobel da Paz, em 14 de Outubro de 1964. Há oito dias, mais de 30 mil pessoas organizaram uma manifestação em Nova Iorque, contra o racismo que se faz sentir em todo o país. Os manifestantes aproveitaram a ocasião para exigir mudanças profundas que permitam aos afrodescendentes viver sem medo da polícia, que no último semestre tem causado algumas vítimas inocentes. Outras manifestações tiveram lugar nas cidades de Boston, Washington e São Francisco. “Temos a obrigação moral de sair às ruas e pedir mudanças profundas que nos permitam, a nós e às nossas comunidades, viver sem medo da polícia”, afirmou aos jornalistas que fizeram a cobertura da manifestação em Nova Iorque, Umaara Iynass Elliot, uma das organizadoras do protesto. Ou seja, meio século depois da morte de Martin Luther King, a segregação racial volta a merecer uma atenção midiática nos Estados Unidos. O Presidente americano, Barack Obama (um afrodescendente), defendeu publicamente a “erradicação do racismo nos Estados Unidos” e apelou aos jovens para “serem perseverantes no combate à discriminação. Obama foi obrigado a falar sobre as manifestações que têm acontecido na maioria das cidades, há mais de duas semanas e onde milhões de cidadãos condenam a morte de vários negros, por polícias brancos. “A segregação racial nos Estados Unidos não vai resolver-se de um dia para

Em agosto de 1963, frente ao Memorial Lincoln, em Washington, Luther King disse: “Eu tenho um sonho”. Mas a segregação racial nos EUA marca a atualidade.

o outro. É algo que está profundamente enraizado na nossa história”, declarou o Presidente americano à cadeia de televisão Black Entertainment Television (BET), que se dirige fundamentalmente ao público afro-americano. Barack Obama reconhece que a segregação racial melhorou significativamente desde os tempos de luta de Luther King, mas deixa um recado à juventude negra do país onde admite que ainda há muito caminho a percorrer: “Se vocês falarem com seus pais, avós e tios, eles os dirão que a situação melhorou, mas não está perfeita”. Mas não é só nos Estados Unidos que a comunidade negra tem sido vítima de alguns ataques racistas. Isso acontece um pouco por todo o mundo. Em alguns países da União Europeia, os negros são mal vistos, pois acham que eles são os responsáveis pelo aumento do desemprego. Mas a verdade é que os dados estatísticos provam que a maioria dos cidadãos da Europa Central se recusam a trabalhar na agricultura, restauração ou na construção civil. Em França e na Espanha, são os cidadãos magrebinos ou do Norte de África que continuam a ser escravizados nos trabalhos mais duros, recebendo salários miseráveis. Em julho deste ano, na Itália, a ministra da Integração, Cécile Kashetu Kyenge (negra e descendente de africanos) foi vítima de racismo por parte do vice-presidente do Senado, Roberto Calderoli (extrema direita) que comparou as feições da governante de 49 anos, às de um primata. “Eu adoro animais, ursos e lobos, como se sabe, mas quando vejo as fotos da ministra Cécile Kyenge, não consigo deixar de pensar na cara de um orangotango, embora eu não esteja insinuando que ela seja um”, afirmou Roberto Calderoli. As declarações do senador italiano foram severamente criticadas no Parlamento Europeu (PE), o que obrigou Calderoli a pedir desculpas publicamente à ministra. Confrontada com as declarações de Roberto Calderoli, a ministra Cécile Kyenge procurou ser cautelosa nas suas declarações aos jornalistas. E quando lhe perguntaram se Itália era um país racista, ela limitou-se a responder o seguinte: “É uma questão muito complicada. Sempre tenho afirmado que a Itália precisa saber mais sobre imigração e o valor da diversidade. Também existe uma falta de cultura da imigração que tem sido feita nos últimos anos. Só depois de um país

Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo

Mausoléu do soldado constitucionalista Depois de 12 anos foi reaberto na semana passada o Obelisco - Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932. O local, que passou por reformas e obras de modernização, a cargo do governo do Estado, é um importante marco da história paulista e abriga as urnas com os restos mortais dos estudantes Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo e dos soldados mortos durante a Revolução Constitucionalista de 1932. O monumento, tombado como patrimônio histórico municipal e estadual, tem projeto do ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili e foi construído entre 1947 e 1970. Com 81 metros de altura, o monumento está localizado junto ao Parque do Ibirapuera. As visitas podem ser feitas diariamente das 10 às 16h. Mulheres na Revolução de 1932 - E por falar em Revolução de 1932 o MIS (Museu de Imagem e do Som), na Capital paulista, em parceria com o Google, disponibiliza na rede mundial de computadores a exposição virtual ‘A Mulher na Revolução de 1932’. São fotos, cartas, documentos, filmes e depoimentos de pessoas que mostram a participação feminina no movimento. Há até uma marchinha de Ary Barroso em exaltação à mulher paulista. Somente nas oficinas de costura para a confecção de fardas foram mais de 70 mil as voluntárias de todo o Estado. A documentação está disponível em: www.google.com/culturalinstitute/exhibit/a-mulherna-revolução-de-32/gQnJQwgm?position=0%2C-1 Comissão Nacional da Verdade - entre outras informações divulgadas na semana passada pela Comissão Nacional da Verdade estão os nomes de agentes apontados como responsáveis pela tortura. Muitos já estão mortos. Outros estão soltos por ai: A lista completa está no link: http://politica. estadao.com.br/noticias/geral,veja-lista-de-nomes-dos-agentes-apontados-como-responsaveis-pela-tortura,1604939

NATAL 2014

Comércio tem horário especial O Sindicato do Comércio de Governador Valadares (Sindicomércio) informa que por força da Convenção Coletiva de Trabalho 2014/2015 firmada entre o Sindicomércio com o Sindicato dos Empregados no Comércio (SECOM), o domingo que antecede o Natal, dia 21 de dezembro, é permitido o funcionamento do comércio em geral, desde que funcione das 8h às 14h. A medida respeita ainda a Lei Complementar 013/98. Vale lembrar que as alterações citadas não se aplicam a Drogarias e Farmácias, que funcionam em regime de plantão e obedecem a lei Federal n° 5.991/73, artigo 56, sendo autorizado o funcionamento de 8h às 22h. Para outras informações, ligue (33) 3271-4334 ou visite a entidade na Rua Marechal Floriano, 600, salas 501 a 503, Centro.

Comissão Nacional da Verdade cita nazista que atuou em São Bernardo do Campo – O relatório final da Comissão Nacional da Verdade, divulgado na semana passada, cita o nazista Franz Paul Stangl, que, depois de escapar de julgamento ao final da Segunda Guerra Mundial veio para o Brasil, onde atuou no serviço de segurança da fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo. De acordo com reportagem do jornal ABCD Maior, o criminoso de guerra é citado no capítulo ‘Violações de direitos humanos dos trabalhadores’. Stangl, gerente de segurança interna da Volks, era na verdade o comandante dos campos de extermínio de Treblinka e Sobibór, na Polônia. Por sua ferocidade, recebeu o apelido de ‘Açougueiro de Treblinka’. O fugitivo nazista foi preso e extraditado em 1967 para a Alemanha, onde morreu na prisão em 1971. Momento Jetsons – Também na semana passada uma pizzaria em Santo André trouxe à tona o momento ‘Jetsons’. Para quem não se lembra, ou não conhece, trata-se de um desenho animado de Hanna-Barbera das décadas de 1960/70 que retratava o cotidiano de uma família norte-americana no futuro, onde proliferariam máquinas de todos os tipos, carros voadores, robôs, entre outros. Pois a tal pizzaria realizou uma entrega de pizza com a utilização de um drone. Além da (ANAC)Agência Nacional de Aviação Comercial, que pode punir o estabelecimento por ainda não ter regulamentado utilização deste tipo de veículo para o serviço, quem não deve ter gostado da iniciativa são os motoboys, que podem perder seus empregos caso a moda pegue. Um vídeo do drone entregador de pizza está disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=6cqR8fUwXH0 Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

conseguir processar estes assuntos é que se pode afiançar com precisão se ele é racista ou não”. Nos estádios de futebol europeus a maioria dos futebolistas negros têm sido vítimas de ataques racistas o que levou a UEFA e a própria FIFA a posicionar-se sobre esta situação anormal. “É intolerável que os torcedores entrem nos estádios de futebol para atirar bananas aos jogadores negros. Está na hora de dizer não ao racismo nos estádios de futebol”, afirmou o presidente da UEFA, Michel Platini. No Brasil, também se tem registrado alguns casos flagrantes de segregação racial contra árbitros e jogadores negros, o que de certa forma não é benéfico para a imagem do país a nível internacional. Em Portugal, onde existe uma comunidade negra proveniente das ex-colônias: Cabo Verde, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau, a situação do racismo também é uma realidade cruel. “Nós não somos culpados pela austeridade e a crise social e econômica que se está vivendo o país. Muito menos somos responsáveis pelo aumento do desemprego que se vive em Portugal, no entanto, existem muitos cidadãos portugueses que acham que os negros é que são os culpados”, afirmou à nossa reportagem, Filipe Condesso, estudante de História e descendente de uma família angolana que vive em Portugal há mais de 35 anos. “Só sente o racismo na pele quando é negro. Eu pensava que os jovens universitários portugueses não eram racistas, mas enganei-me. Estou estudando em Lisboa há três anos e posso dizer que muitos portugueses ainda hostilizam os cidadãos negros. É claro que eu não estou generalizando, mas há racismo em Portugal. E isso é triste, pois Portugal mantém um excelente relacionamento diplomático com as suas ex-colônias”, esclareceu Roberto Muanga, natural da Guiné Bissau. E se em agosto de 1963, Martin Luther King conseguiu mobilizar várias centenas de milhares de afro-americanos para a marcha pelo emprego e pela liberdade, que culminou com enorme manifestação em frente ao Memorial Lincoln, em Washington e onde o ativista ficou na história quando afirmou ter um sonho para os Estados Unidos, que era acabar com a segregação racial. Passado meio século, está provado que o racismo vem aumentando um pouco por todo o mundo. Uma realidade triste e bárbara. Para concluir fico-me pela observação de Edgar Morin, que na sua obra “Cultura e Barbárie Europeias” escreve o seguinte: “É necessária a capacidade de pensar a barbárie europeia para conseguir ultrapassar, porque o pior é sempre possível. Também é indispensável compreender a relação complexa, antagônica e complementar entre cultura e barbária, para melhor resistir a esta barbárie”. É obvio que Morin não está se referindo ao racismo como barbárie. Mas a verdade é que os atos racistas são bárbaros. Aproveito a oportunidade para desejar um Feliz e Santo Natal a todos os leitores do “Figueira”. E que 2016 seja um ano menos racista do que 2015. Boas Festas.

José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação, correspondente deste Figueira em Lisboa, CP 1040

Vitória a Minas Vinícius Quintino / De Vitória

A violência contra a mulher não pode ter voz no Parlamento Após ter afirmado em rede nacional que só não estupraria a deputada gaúcha Maria do Rosário “porque ela não merecia”, o deputado Jair Bolsonaro perdeu mais uma vez uma grande oportunidade de ficar calado. Na última sessão da Câmara, enquanto todos aguardavam um pedido de desculpas ou no mínimo um sinal de arrependimento, Bolsonaro vociferava do plenário: “não vai embora Maria do Rosário, fica aí. Fica aí, Maria Rosário, fica! Há poucos dias você me chamou de estuprador do salão verde e eu falei que só não estuprava você porque você não merece. Fica aqui para ouvir!”. Ouvir o que Seu Jair? Quem são essas tais merecedoras do crime de estupro? O Senhor teria mesmo coragem de cometer tal delito? Não, Seu Jair. Infelizmente nada que o Senhor disser, que não seja um verdadeiro pedido de desculpas merece ser ouvido, quiçá novas agressões, novas insinuações, novas tentativas de legitimação desse discurso opressor e préhistórico. O que o tinha pra ser dito, foi dito e respondido à altura por um elegante e singelo ato de desprezo pela deputada Maria do Rosário, ao dar-lhe às costas abandonando o plenário da Câmara dos Deputados. O deputado Jair Bolsonaro, a pretexto de ser o guardião da família e dos bons costumes, vem há muito tempo demonstrando desapreço pelos direito das minorias, pelo fim do regime democrático, fim das ações afirmativas e de qualquer expressão pública homoafetiva. Mas o que é estarrecedor, é que essa postura covarde acaba por refletir um machismo ainda arreigado na sociedade brasileira contemporânea. Foi o que revelou Estudo de Tolerância Social à Violência Contra Mulheres, realizado Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2014. Os resultados apontaram que para 58,5% dos entrevistados “se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros”, ou seja, para maioria dos participantes algumas mulheres são culpadas por serem violentadas. Muito bem Senhora Maria do Rosário, fez muito bem em dar-lhe às costas. E as dê quantas vezes precisar. Mas não o ignore. Não sofra calada, como mais uma entre as milhares de vítimas de crimes como esse. Não pode haver impunidade nesse caso, é preciso dar um basta aos crimes de gênero. Alguém precisa ensinar a esse senhorzinho que a promoção gratuita da violência não tem espaço no atual modelo democrático brasileiro. Até quando vamos ver o Congresso sendo utilizado como palanque para discursos discriminatórios? Até quando veremos parlamentares se escondendo atrás de uma intepretação deturpada da imunidade parlamentar para enaltecer esse conservadorismo irracional? Devíamos nos concentrar em explicar aos brasileiros como não estuprar, e não em dizer às mulheres como não serem estupradas. A violência contra a mulher não pode ter voz no parlamento. Vinícius Quintino é funcionário público federal


CULTURA E ESPORTE 11

FIGUEIRA - Fim de semana de 19 a 21 de dezembro de 2014

Crônica Gina Pagú

Ilustração do Blog do Paulinho

QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO

A versão atualizada do Caboclinho Querido Minha mãe não tinha paciência com televisão. Era raro vê-la entretida com novela ou enlatado, aos risos com programa humorístico ou atenta a telejornais. Entretanto, lembro de três ou quatro situações em que, passando em frente à tevê, minha mãe resmungava: “Mas ele já não disse, não sei quantas vezes, que ia se aposentar?” O ele em questão era Sílvio Caldas, o Caboclinho Querido, eterno intérprete de Chão de Estrelas e outros clássicos do cancioneiro brasileiro. Um dos nossos cantores de primeiríssimo time, Sílvio Caldas teve enorme dificuldade em pendurar o microfone, e fez o tal anúncio que aborrecia minha mãe em quase meia dúzia de ocasiões. Chega a ser desumano obrigar alguém a parar de trabalhar. E só quem pode decidir se chegou ou não a hora de se aposentar é o próprio. Por outro lado, no caso de artistas, esportistas e o que se convencionou chamar de “pessoas públicas”, ninguém gosta de ouvir ou ler seguidos anúncios não confirmados de aposentadoria, que soam como se o cara estivesse desesperado por coros de fica, fica, fica. Nesse assunto, a bola da vez é Rogério Ceni, único jogador do futebol brasileiro idolatrado por 100% dos torcedores de seu clube e odiado por 100% dos demais. E não me parece tão simples entender por quê. Lá no Rio de Janeiro, onde aprendi a gostar de futebol, não me recordo de nada parecido. Mesmo os torcedores adversários tiravam o chapéu para Gérson, Jairzinho, Zico, Júnior, Pintinho, Assis, Roberto Dinamite, Edmundo. Se perguntados, todos gostariam de tê-los em seus clubes. Com Rogério a história é outra. (Um amigo que não posso dizer o nome, sob pena de colocar o emprego dele em risco já que seu chefe é são-paulino doente, defende uma tese bem-humorada: Rogério Ceni jogou a vida inteira no São Paulo porque nenhum outro clube jamais se interessou por ele. Pura provocação.) A sensação que tenho é a de que isso ocorre por Ceni ser visto, fora do Morumbi, muito mais como um ídolo fabricado do que um talento de verdade. Diferente, portanto, dos que citei acima. Diferente de Pita, Careca, Raí, Rivaldo, Djalminha e Alex – que no início do ano prometeu parar de jogar no final da temporada, cumpriu e se aposentou, de um jeito simples e com todas as merecidas homenagens. É difícil explicar Rogério Ceni, tanto para o bem quanto para o mal.

Sul-Americana, mas isso eu me recuso a contabilizar. Portanto, não é a quantidade de taças o que explica Rogério Ceni. Sem querer diminuir a genialidade de Pelé, meu pai costumava dizer que, na incomparável dupla Pelé e Coutinho, tudo o que dava certo era atribuído a Pelé e tudo o que dava errado ia para a conta de Coutinho. Isso é comum em nosso futebol e em nossa imprensa especializada. Na hora da cobrança do primeiro pênalti do Atlético Nacional, na recente semifinal da Copa Sul-Americana, o narrador Cléber Machado se referiu a Rogério como “pegador de pênaltis”. Fato: nas três últimas disputas de pênaltis em que o São Paulo se envolveu – contra Corinthians, Penapolense e Atlético Nacional –, foram catorze cobranças e nenhuma defesa. Não há demérito algum nisso, mas por que então o epíteto “pegador de pênaltis”? Ajuda a criar o mito. Tem também o lado épico, quando se tenta fazer do goleiro uma espécie de Henrique V do Morumbi. Na fase de grupos da Libertadores 2013, o São Paulo só garantiu a vaga na última rodada, ao derrotar em casa o Atlético Mineiro. Virou hit no youtube, com centenas de milhares de likes, o inflamado discurso que Ceni fez no vestiário, pouco antes do time entrar em campo. Na fase seguinte, enfrentando novamente o Atlético, o São Paulo perdeu os dois jogos, foi eliminado e ninguém postou discurso algum. Como provavelmente diria Neném Prancha, sábio e saudoso treinador da Praia de Botafogo, se discurso ganhasse jogo o time de Fidel Castro não perdia pra ninguém. Mais alimento para engordar o mito. Torcedor de futebol é bicho doido. Além de Rogério, os são-paulinos também veneram Luís Fabiano, atacante bom de bola mas que, em oito temporadas no clube, conquistou apenas a tal da Copa Sul-Americana, numa campanha em que mais atrapalhou do que ajudou e acabou sendo menos importante do que Willian José. Mas torcedores são assim mesmo, e não apenas os do São Paulo: ano passado os flamenguistas estiveram perto de transformar Hernane Brocador em ídolo. Fazer o quê? O que parece ser decisivo, e justo, para a idolatria que a torcida do São Paulo nutre por seu goleiro é o tempo de casa – o que, para os modernos padrões do futebol brasileiro é muito mais do que louvável –, além dos indiscutíveis amor à camisa e profissionalismo. Pra mim, que não torço por São Paulo, Santos, Palmeiras ou Corinthians e não tenho motivos para endeusá-lo ou detestá-lo, há muito de exagero tanto no culto a Rogério Ceni por parte dos tricolores quanto no ódio unânime a ele dedicado pelos torcedores dos demais clubes paulistas. Em relação à aposentadoria: interromper a carreira ou seguir jogando é uma decisão que cabe exclusivamente a Rogério. O que incomoda é o esforço midiático, a tentativa de criar um clima e produzir um drama. Quer parar, para, quer jogar, joga, e ninguém tem nada com isso. Mas não fica fazendo doce, porque aí é feio, chato e bobo.

É muito bom goleiro, mas nunca foi titular da seleção brasileira – o que talvez tivesse acontecido se Muricy assumisse o cargo de treinador quando convidado por Ricardo Teixeira, depois da Copa de 2010. Na condição de dono inconteste da camisa 1 do São Paulo, Rogério ganhou três campeonatos brasileiros e uma Libertadores. Nada mau, mas menos, por exemplo, do que Raul, que levantou três brasileiros, duas Libertadores e ficou longe de virar mito. Nos últimos seis anos, Ceni disputou seis campeonatos brasileiros, três Libertadores, Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na própria defitrês copas do Brasil e seis campeonatos estaduais. Dezoito nição, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que competições, zero título. Conquistou a vagabundérrima Copa adotou o seu blog e autoriza a sua contribuição a este Figueira.

Bolsonaros temos todos os dias Um dia desses no centro de Governador Valadares presenciei uma discussão de casal. Não houve agressões físicas por parte do homem. A mulher só falava alto e se descabelava em prantos. O que seria possivelmente o marido ou namorado, com aquela cara de palerma, olhava para a parceira como se ela estivesse maluca, enquanto ela pedia “pelo amor de Deus para ele parar de persegui-la”, e o homem ia atrás dela pela rua. O espertalhão falava baixo, mas a olhava nos olhos e não deixava a mulher em paz. Ela andando na frente dizendo que estava cansada das palhaçadas que ele fazia, e das situações vexatórias que ela passava por conta da ciumeira e das cobranças dele. E o cara ali, cinicamente olhando para a moça como se ela estivesse inventando pensamentos de perseguição, e a acusando o tempo todo de ser uma neurótica. Pra mim essa situação é comum, já vi vizinhos agredindo as esposas com ameaças e palavras ao pé do ouvido e dizeres como: “Eu que pago essas contas, eu que mando em você. Cadê a minha janta pronta e a casa arrumada? E fala com essas crianças para não chorar que eu estou cansado.” Poucos dias depois vejo o bendito do Bolsonaro fazendo um papelão daqueles em plena Câmara dos Deputados contra a colega Maria do Rosário. Falou em estupro como se fosse algum prêmio para ela, afinal ele é o maioral, o supra-sumo, o bam bam bam do pedaço. Não! Acho que é pior que isso, é questão de ser boçal mesmo, do tempo das cavernas em que mulheres eram arrastadas pelos cabelos e não mereciam nem um olhar sequer.

Pra mim essa situação é comum, já vi vizinhos agredindo as esposas com ameaças e palavras ao pé do ouvido e dizeres como: “Eu que pago essas contas, eu que mando em você. Cadê a minha janta pronta e a casa arrumada? E fala com essas crianças para não chorar que eu estou cansado.”

O estupro do Bolsonaro deputado foi coletivo, mesmo não fazendo porque ela não merecia. Mas garanto que a maioria das mulheres se sentiu invadida por uma fala tão absurda e tão indecente. Mas nada diferente do que ouvimos diariamente dos vizinhos ou na rua. Bolsonaro falou para uma nação. Os homens que vemos agredindo as esposas falaram para poucas pessoas. Mas o impacto e a dor não mudam de lugar ou proporção. A ofensa é a mesma. Maria do Rosário soube se defender, embora tenha ficado perplexa ao ouvir tamanha atrocidade. As ‘Marias’ do nosso dia a dia também tentam se defender. Mas o problema é complexo, a questão é cultural. O machismo ainda é característica do povo brasileiro. Muitos, graças a Deus, estão remodelando a maneira de conceituar a nossa convivência, do que seria amor, amizade e relações interpessoais. Muitos sabem respeitar e tratar uma mulher como merecemos. Mas para a corja imbecil, Bolsonaros da vida, merecem denúncia e condenação. Situações como essas geram discussões e reflexões sobre para quem damos o poder ou quem julgamos amar. Possivelmente Bolsonaro tem esposa e filhos, mas será que ele faz isso em casa? Ele não é cristão e não deveria dar exemplos? Contraditório ou não, o fato é que esse deputado debochou das nossas Marias. A cassação do mandato dele vai ser engavetada. Não tem problema. O que não pode é ninguém deixar que esse tipo de atitude se torne banal e que a atrocidade seja normal. Gina Pagú é jornalista e repórter deste Figueira

www.figueira.jor.br Acesse e fique por dentro. Figueira, o jornal que não conhece assuntos proibidos.


ESPORTES

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FIGUEIRA - Fim de semana de 19 a 21 de dezembro de 2014

Histórias que a bola não conta Hadson Santiago

Gilmar Estevam, um predestinado

Gilmar, artilheiro do passado, técnico de sucesso nos dias atuais

nota oficial que o certame de 1991 teria alguns clubes convidados. O EC Democrata não era convidado, ele apenas retornava ao local de onde jamais deveria ter sido retirado, pois ganhou nos gramados o direito de disputar a Primeira Divisão. O campeonato começava daí a um mês e não havia time montado. Não dava para continuar brigando, era necessário agir. Com um time mesclado por juniores, alguns jogadores buscados às pressas no mercado da bola e com a volta de Gilmar, a Pantera iniciou a competição. Na estreia, uma épica partida contra o Atlético no Mamudão. Empate por 1x1, com gol de Marcelo Alves para a Pantera, após uma assistência de cabeça de Gilmar. Meio sem querer, devido às circunstâncias, o Democrata montou um dos melhores times de sua história, foi vice-campeão mineiro de 1991 e teve o artilheiro do campeonato: Gilmar, com 14 gols. Em 1992, Gilmar teve outra oportunidade num grande clube e foi emprestado ao São Paulo, jogando ao lado de Raí e sob o comando de Telê Santana. Mesmo apresentando um bom futebol e tendo sido campeão da Taça Libertadores, não ficou no tricolor paulista e

Canto do Galo Rosalva Luciano

Com um trabalho sério, árduo e dedicado, Gilmar Estevam, ao lado de sua comissão técnica, diretoria e um grupo sensacional de jogadores, conseguiu um acesso histórico do Democrata à Primeira Divisão do Campeonato Mineiro, naquele inesquecível 20/04/2014, após a vitória sobre o Social por 3x2.

Natural de Belo Horizonte, mas casado com uma valadarense, Gilmar Estevam resolveu viver e investir o que ganhou no futebol em Governador Valadares, cidade que o acolheu, o respeita e o admira muito. Não aguentando ficar longe da bola, Gilmar foi trabalhar como auxiliar técnico no Democrata, onde também foi técnico dos juniores. Com poucas perspectivas na Pantera, rumou novamente para Teófilo Otoni, só que dessa vez para comandar o América. Foi treinador da equipe por várias temporadas, realizando um bom trabalho e conquistando o título de Campeão Mineiro do Interior em 2011. Treinou, também, o Valeriodoce de Itabira, mas faltava ser o técnico do clube que o projetou para o mundo do futebol. A oportunidade veio no final de 2013. Com um trabalho sério, árduo e dedicado, Gilmar Estevam, ao lado de sua comissão técnica, diretoria e um grupo sensacional de jogadores, conseguiu um acesso histórico do Democrata à Primeira Divisão do Campeonato Mineiro, naquele inesquecível 20/04/2014, após a vitória sobre o Social por 3x2. O Campeonato Mineiro de 2015 já está batendo à porta. Gilmar é, de novo, o comandante democratense nessa difícil empreitada. A torcida confia no trabalho dele, pois sabe que vontade e dedicação à camisa alvinegra não faltarão. Gilmar é um símbolo do EC Democrata e de Governador Valadares. Sucesso ao fantástico centroavante de outrora e ao grande treinador de hoje. A cidade torce por seu morador ilustre. Hadson Santiago Farias é cruzeirense da velha guarda, democratense e tetracampeão brasileiro.

Vai, Pantera! Tim Filho

Glória a Deus nas alturas e glórias ao Galo na terra Um grande abraço e obrigada pelo privilégio de estar no Figueira. e me vejo mais feliz no natal... e me vejo mais feliz neste natal... Presentes antecipados me fez viver este tempo em tempos diferentes em 2014. Tempos em que a alegria de ser atleticana misturou-se com o encantamento daquele que nasce em dezembro, mas que deveria nascer em todos os tempos. Isto mesmo, a palavra do meu momento é tempo, pois tivemos a grandeza de esperar por comemorações em vários tempos. Tempo de Recopa, Tempo de Copa Brasil nos dá hoje um Tempo de Natal quase sem igual. Vibramos, gritamos e exalamos o perfume do incenso dos reis. Envoltos em faixas de Campeões pelas ruas nos sentimos mais amparados do que o Menino Deus na manjedoura. Sem querer ser herege, gosto do meu lado profano quando falo que o Natal é como o Atlético. Ele traz a alegria dos meus amigos. Ele traz a minha família de perto e de longe, a minha mãe explodindo de felicidade, as minhas filhas mais felizes, Ele traz sorrisos ainda mais intensos, abraços pouco dados, muitas mensagens no celular e emails, oportunidade para amar mais, oportunidade de a cada dia ser uma atleticana melhor, cores misturadas ao preto e branco, cheiros diferentes, luzes e brilhos... ele traz Jesus que me oportuniza a repaginar o meu livro, escrever uma nova história pessoal e de amor ao Galo... Vislumbra-se para todos um ano de 2015 feliz, de sucesso, saúde, paz, prosperidade e claro, não pode faltar amor. Vislumbra-se também um ano de resultados favoráveis ao nosso amor maior nos gramados. Tivemos um 2014 com graças e mais graças que não só foram completas porque o próprio Atlético não acreditou. Que façamos as nossas melhores escolhas permitindo que as coisas venham. Façamos todas que pudermos, não deixando-as passar como uma brisa leve, pois às vezes nem nos damos conta que perdemos o que não terá retorno e uma possível recuperação poderá ser difícil. Que façamos algo di-

retornou ao Democrata. Ainda teve tempo de disputar uma Supercopa Minas Gerais pela Pantera antes de ser vendido ao Al-Ahli, da Arábia Saudita. Ficou apenas um ano no mundo árabe e seguiu para Portugal, onde se consagraria. Começou no pequeno Desportivo Chaves, transferindo-se para o Vitória de Guimarães, por onde permaneceu por cinco temporadas. Disputou a Copa da UEFA, fez muitos gols com a camisa do Vitória e é reverenciado pelos torcedores até hoje. Esteve também no Boavista, da cidade do Porto, quarta maior força do futebol português, tendo disputado por essa equipe a Liga dos Campeões da Europa. Voltou ao pequeno Desportivo Chaves até decidir retornar ao Brasil. Atuou pelo Ipatinga e encerrou a carreira no próprio Democrata, em 2003, quando ainda teve tempo de fazer alguns golzinhos.

Arquivo Pessoal

O ano de 1988 apresentava ao EC Democrata a dura realidade de disputar a Segunda Divisão do Campeonato Mineiro, após a má campanha e o consequente rebaixamento do ano anterior. Era necessário juntar os cacos e dar a volta por cima. Com um time modesto, a Pantera partiu para a disputa de um campeonato bastante peculiar. A competição iniciou-se em abril e terminou em dezembro, com jogos somente nos finais de semana e três fases bem distintas. Ao longo da árdua jornada, o Democrata enfrentou, nas duas primeiras fases, o Santo Antônio de Teófilo Otoni, criando uma acirrada rivalidade que envolvia o futebol e as cidades. Reza a lenda que num jogo em Teófilo Otoni um jornal local estampou a seguinte manchete: “Santo Antônio recebe o Democrata, time da cidade das carroças”. Os torcedores democratenses ficaram irados, inconformados com a provocação. Num confronto entre as duas equipes no Mamudão, uma faixa esticada no alambrado do estádio dava a resposta: “Aqui é a cidade das carroças, mas os burros vêm de ...”. A imaginação do leitor completará a pouco amigável frase. Voltando ao futebol, o Santo Antônio apresentava um centroavante que chamou a atenção todas às vezes que enfrentou o Democrata. Era rápido, bom cabeceador, oportunista e um excelente finalizador. Atendia pelo nome de Gilmar e era, até então, um desconhecido por essas bandas. O Santo Antônio ficou pelo caminho e não avançou à fase final da Segunda Divisão, mas o futebol refinado de Gilmar ficou na memória dos dirigentes e torcedores democratenses. A Pantera sagrou-se vice-campeã e subiu ao lado do campeão Flamengo de Varginha, à Primeira Divisão do futebol mineiro. Montando a equipe para disputar o Campeonato Mineiro de 1989, o Democrata agiu rápido e comprou o passe do centroavante Gilmar. Ele caiu como uma luva no time e nas graças da torcida. A Pantera fazia uma boa campanha na competição e já estava classificada para o octogonal final quando ocorreu uma das maiores injustiças da história do futebol. O Democrata foi alijado do campeonato por uma manobra orquestrada pela Federação Mineira de Futebol, pelo Pouso Alegre e pelo América de Belo Horizonte. O tapetão tirava o time de Governador Valadares da Primeira Divisão. Esse assunto é longo e complexo e poderá ser esclarecido num momento oportuno. Resumindo, o Democrata ficou o restante de 1989 e todo o ano de 1990 sem disputar competições profissionais. Gilmar, que teve um começo muito bom com a camisa 9 da Pantera, precisava jogar e mostrar seu futebol. Por isso, foi emprestado ao Democrata FC de Sete Lagoas, onde fez muitos gols, e também ao Cruzeiro. Na equipe celeste teve poucas oportunidades, sem deixar, entretanto, de apresentar um bom futebol. Jogador vindo do interior dificilmente tem chances nos grandes clubes da capital. Mas isso não esmoreceu o atacante. Em 1991, aos 24 anos, Gilmar sabia que era a hora do tudo ou nada. O tempo estava passando, ele ainda era pouco conhecido e não havia estourado no futebol. Em meados daquele ano, após diversas brigas nos tribunais e no extinto CND, Conselho Nacional de Desportos, o Democrata conseguiu voltar a disputar o Campeonato Mineiro da Primeira Divisão. A FMF, na maior cara de pau, comunicou em

ferente e diferença nas coisas que fizermos. A sutil diferença do dia 31/12 para o primeiro dia de janeiro é que pensamos em fazer tudo novo, então, que sejamos sempre renovados, primeiro em Cristo, depois na vida e para vida. Que o nosso grito de Galo se renove sempre no mais forte, mais aguerrido e mais amado som das Alterosas. Espero um ano de vitórias de conquistas e de acertos. Com renovações de contrato, contratações que podem fazer a alegria da torcida e a vontade do novo presidente em continuar com uma gestão vencedora ficamos acreditamos cada vez que o caminho vai ser de comemorações e triunfos. Chega a notícia que o Atlético é o time brasileiro mais bem colocado no ranking mundial de clubes divulgado pela Federação Internacional de Futebol, História e Estatística (IFFHS). Real Madrid 344, Bayern de Munique 301, Atlético de Madrid 274,Juventus 258,Atlético Nacional 254, Barcelona249, Napoli 239, Salzburg233, Benfica 232 Chelsea 231, Paris Saint-Germain229, Atlético- O Galo é o 12º colocado na lista dos melhores do mundo, com 222 pontos. Parabéns e que almeje o topo da tabela. Quero agradecer a companhia importante de vocês aqui neste espaço, ainda mais sabedores que são da minha incompetência técnica e tática para escrever sobre o futebol, mas reconhecem em minhas palavras o amor incondicional pelo Clube Atlético Mineiro. Frases inspiradas e colocadas aqui estarão perpetuadas nas páginas da minha história com o Galo. Natal traz o que é essencial na minha vida para dizer: Amo a minha família, amo meus amigos, amo meus leitores e amo o Clube Atlético Mineiro. Glória a Deus nas alturas e Glórias ao Galo na Terra. Feliz Natal a todos

Rosalva Campos Luciano e professora e apaixonadamente atleticana.

A invasão dos gatos Seria trágico, cômico e providencial, se no jogo de estreia do Democrata no Campeonato Mineiro 2015, no dia 1 de fevereiro, contra o Cruzeiro, o gramado do Mamudão fosse invadido pelos tantos (já perdemos a conta) gatos que atualmente moram naquele estádio. E a invasão poderia acontecer em um ataque do Cruzeiro. Imaginem, o Ricardo Goulart (aquele da “quarta-feira tem mais..”) invadindo a área, e de repente, como um gato, um bichano invade o campo e atrapalha a jogada. Que beleza! Cachorro entrando dentro de campo durante uma partida de futebol é coisa corriqueira. Não se tem notícia que gatos tenha tido tal atrevimento. Minto. Sim, gatos são atrevidos também. E já invadiram gramados por aí, no Brasil e na Europa. Por um momento, eu, inocentemente, até pensei que a invasão de campo fosse coisa de cachorro, mas bastou uma pesquisa rápida no canal Youtube e choveram gatos nos gramados. Os gatos do Mamudão estão por toda a parte: nas cadeiras numeradas, nas arquibancadas metálicas, no gramado. Caçadores exímios, não há pombo que consiga fugir de suas garras. E muitos são pegos no ar. Voa pena pra tudo quanto é lado. A possibilidade de uma invasão felina no jogo contra o Cruzeiro, ou outros jogos, é grande. Que ninguém se atreva a celebrar a paz e soltar pombos no Mamudão, momentos antes dos jogos. E se um gato desses atrapalha o Goulart no momento exato de finalizar contra o gol

de Fábio Noronha, vai ser algo delirante. A torcida alvinegra vai gritar o nome do gato. Pior será se ao final do jogo, um repórter for entrevistar o Goulart e perguntar sobre a invasão. Já pensou se ele responder: “Quartafeira tem mais”. Haja gatos! Assista a proezas de alguns bichanos no mundo do futebol. Gatos invadem o canindé. https:// www.youtube.com/watch?v=_6NlPHceVEs E invadem também estádios na europa. http://mais. uol.com.br/view/cm3j9afk2549/gato-preto-invade-o-campo-no-jogo-entre-barcelona-e-elche0402CC183964DC895326?types=A& Tim Filho

Gato assistindo a um treino da Pantera. “Eita!” Alpiniano Silva Filho e Tim Filho são a mesma pessoa, mas os dois torcem pelo Democrata.


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