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Fim de semana com sol entre nuvens. Pode chover no sábado . www.climatempo.com.br

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32o 21o

MÁXIMA

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

MÍNIMA

ANO 2 NÚMERO 50

FIM DE SEMANA DE 6 A 8 DE MARÇO DE 2015

FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EXEMPLAR: R$ 1,00 Ailton Catão

Meca do voo livre

“O melhor lugar do mundo para voar” e “Meca do voo livre”. Estes são os títulos que o Pico da Ibituruna ostenta há anos e que se confirmaram durante o Campeonato Brasileiro e Internacional de Paraglider, nesta semana. A competição se encerra neste sábado (7). Acompanhe o campeonato no link http://www.gvskies.blogspot.com.br/

LEIA MAIS

O SUCESSO DE

Adriana Marques

Adriana Marques, a loira, menina bonita e querida dos valadarenses, fez sucesso em Valadares nos telejornais locais. O sucesso, aliado à competência, abriu novos caminhos para a jornalista e apresentadora, que agora mostra o seu talento na tela da Record News. Página 8 Arquivo Pessoal

Facebook “Padre Floriano Eterno”

Saudades O Padre Paulo Almeida estreia nesta edição a coluna Cidadania Cristã, na qual fala sobre um colega, o padre Floriano Jud, que morreu no dia 24/02. Mais que um sacerdote, pároco na Sagrada Família, do Jardim Pérola, o Padre Floriano (foto) foi um cidadão que contribuiu de forma relevante para o desenvolvimento das comunidades nas quais atuou. Página 9

Ignez Vieira Cabral Valadares já sente saudade da professora Ignez Vieira Cabral, que morreu em Brasília, na terça-feira (3). Educadora muito respeitada na cidade, ela dirigiu durante anos o Espaço Educacional Vieira Cabral. Valeu, Tia Ignez!

Alexandre Frota confessa que estuprou uma mãe de santo

NOTÍCIAS DO PODER

Rubens Júnior

Que fase!

A jornalista Janaína Castro Alves fala sobre o Dia Internacional da Mulher e diz que as mulheres querem ser respeitadas.

O atacante João Paulo (foto), do Democrata, é a esperança de gols para a Pantera neste sábado, às 16h, em Divinópolis. João Paulo vive uma boa fase, porém, incomun. Virou notícia nacional depois que foi mordido por um cachorro da Polícia Militar, no jogo contra o Tupi (22/02), e até gol que não marcou foi creditado a ele na súmula do jogo Democrata x URT. Que fase!

Página 3

Página 12

E a revelação bombástica deixou o ombudsman deste Figueira com a pulga atrás da orelha. E não foi só isso que preocupou o nosso ombudsman. Saiba mais lendo a sua coluna.

Página 8 Sempre bem informado, o jornalista José Marcelo escreve em sua coluna semanal “Notícias do Poder”, que a presidenta Dilma Rousseff está com um pé atrás em relação ao senador Renan Calheiros, que é seu aliado, mas nem tanto. Será que a presidenta tem motivos para ficar na espreita, observando as ações do presidente do Senado? Saiba os motivos lendo a coluna redigida lá no Planalto Central. Página 5

Padre Floriano Jud, que dedicou sua vida às comunidades. Veio e serviu, de coração

Não me dê parabéns, me dê respeito!


OPINIÃO

Opinião

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FIGUEIRA - Fim de semana de 6 a 8 de março de 2015

Tim Filho 8 de março, Dia da Mulher!

De lutas e conquistas (II) Flávio Fróes Oliveira Neste 2015 o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8069/90 – completa vinte e cinco anos de vigência. Tendo sofrido, nesse período, ajustes e correções necessários para aprimorar sua eficácia, algumas de suas vigas teóricas continuam a sofrer ataques. O que surpreende nestes é a repetição de cantilenas em lugar de argumentos robustos carregados de provas convincentes. Ter sido engraxate ou carregador de malas na infância serviu como credencial para um menino ser reconhecido como operoso – embora fisicamente frágil – na sociedade de uma determinada época. Esse reconhecimento não raro escamoteava a exploração econômica de uma parcela da sociedade que, na verdade, lhe subtraía a alimentação adequada e cuidados relacionados à prevenção de doenças claramente associadas àquelas atividades. Outro ponto de abalroamentos sempre recorrentes localiza-se no Artigo 16 daquela Lei, onde se reconhece à criança e ao adolescente direito à liberdade. Para dizer o mínimo, este trecho é a sede do escândalo. Pois onde jamais se viu criança ter direito de escolher a própria religião? Aonde vai parar a autoridade dos pais sobre os filhos se vigorar essa Lei que atribui a esses últimos direito à opinião e à livre expressão? Percebe-se com clareza que grupos religiosos fundamentalistas se sintam atingidos justamente em sua praça mais forte que é o domínio das vontades de seus seguidores. O fundamentalismo religioso – que a grande mídia magnifica como fenômeno exclusivo dos tempos modernos, o que não é verdade – permeia todos os espaços sociais. Às vezes silencioso a manifestar-se no modo quase medieval dos trajes, costuma surpreender na arregimentação política para eleição de representantes no Congresso Nacional. E aí reside o perigo: compõem a bancada dos que não dormem, não esquecem nem perdoam. Podem perder as batalhas, mas não se entregam.

Ora, há famílias e famílias. Se, de um lado, há famílias que respeitam a Lei e criam seus rebentos em ambientes de respeito e na plenitude de seus direitos, há, por outro lado, famílias que não fazem assim. Nesse ponto entra o Conselho Tutelar, definido como “órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.”

Há, finalmente, quem diga, com todas as letras, que em sua opinião – cuja expressão a Lei Maior garante – os Conselhos Tutelares só concorrem para retirar a autoridade dos pais e para destruir a família. Ora, há famílias e famílias. Se, de um lado, há famílias que respeitam a Lei e criam seus rebentos em ambientes de respeito e na plenitude de seus direitos, há, por outro lado, famílias que não fazem assim. Nesse ponto entra o Conselho Tutelar, definido como “órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente”. Portanto, sempre que o Estado, a sociedade, pais ou responsável, cada qual respondendo por si, forem omissos no atendimento dos direitos de crianças e adolescentes, agem os Conselhos Tutelares. Lembre-se, por fim, que a família – núcleo fundamental da sociedade – integra o círculo de responsabilidades distribuídas, ao lado do Estado, da comunidade e da sociedade para execução das políticas sociais brasileiras voltadas a crianças e adolescentes. Percebe-se que, quanto mais integradas e solidárias forem as famílias entre si, mais eficiência se alcança nas lutas e conquistas dessas políticas.

Parlatório Os católicos fazem penitências durante a Quaresma, dentre estas, a de não comer carne. Você concorda com esta autopenitência?

Penitência na quaresma SIM

A Quaresma é um tempo que faz a gente pensar sobre nossas vidas, sobre o sofrimento que Jesus Cristo teve por nós. Um tempo de penitência e de renovação. Durante quarenta dias, cristãos fazem orações, reflexões e penitências para poder ser perdoados de seus pecados e agradecer a Deus. Os católicos começaram a quaresma para dar valor ao arrependimento e ganhar a bênção de Deus. Contudo, a graça de Deus só pode ser recebida pela justiça, ou seja, não fazendo nada para se mostrar aos outros, sendo discreto, arrependendo de verdade dos pecados, não só na quaresma, mas o ano todo. Não só os católicos celebram a quaresma, mas algumas denominações evangélicas também. Não importa a religião, a intenção é o mais importante. Cada pessoa escolhe um modo de fazer suas penitências, o importante é fazê-las de coração, se arrependendo dos seus pecados e não se gabar de nenhuma forma de nenhum sacrifício que for feito. Jesus Cristo também fez penitências, jejuou e orou durante um tempo, para enfrentar as tentações no deserto. Devemos tê-lo como inspiração para enfrentar as tentações do dia-a-dia, para vencer nossos medos e nossos pecados, praticando da mesma forma o que ele nos ensinou. Muitas vezes usamos nosso corpo e nossa mente

Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-81 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br

Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

para satisfazer nossos desejos e nossas vontades, sem sequer nos preocupar com o mal que podemos estar fazendo para nós mesmos. Então, as penitências, desde que sejam feitas com o mais puro sentimento, com a vontade de agradar a Deus, e não impostas por uma religião são uma forma de purificar o corpo e o espírito, uma forma de pedir perdão pelos nossos pecados e de ser perdoados por Deus. Podemos praticar como penitência, o jejum, a oração, a meditação, a esmola, a abstinência e outros, sempre tendo a consciência de fazer com seriedade. Penitência e uma ação de amor a Deus, fazemos porque queremos agradá-lo. O Deus que é tão piedoso e misericordioso. Enfim, o mais importante nisso tudo é que devemos sempre respeitar as crenças de todos, nunca criticar ou ofender, porque cada um acredita no que é melhor pra si mesmo, e se a pessoa faz ou não penitências é uma escolha, desde que não faça mal pra ninguém está tudo bem... Deus sempre aprova as coisas que são feitas com amor e de coração.

DouglasWdson é artista plástico

De que serve você não comer carne se você devora o seu irmão? NÃO

Flávio Fróes Oliveira é filósofo e estudioso dos direitos das crianças e adolescentes.

Douglas Wdson

Vânia Liberato

Fazer jejum de não dizer nada que faça mal aos outros. Uma vez que se considerando a dignidade do homem e da condição decaída da humanidade, a mortificação corporal é encarada e aceita como um meio livremente escolhido para conseguir manter a sujeição das tendências naturais do homem aos interesses superiores do espírito. Realmente, quando se fala de penitência tem-se em mente algo doloroso, sofrido, e que nos limita. A penitência tem seu caráter martirial, pois a palavra martírio significa “testemunho”. O que é a quaresma? A Quaresma é um período de jejum, moderação e autonegação. A Quaresma começou como uma forma de valorização do arrependimento. Contudo, através dos séculos, valores muito mais “sacramentais” foram se desenvolvendo. Muitos acreditam que deixar de fazer algo na Quaresma seja uma maneira de ganhar a bênção de Deus. Entretanto, a Bíblia ensina que a graça não pode ser alcançada por nossos esforços, ela é “o dom da justiça”. Romanos 5:14 E porque não prosseguir nesse proposito? Porque jejuar apenas 40 dias de um ano com 365 dias em que precisamos suportar situações difíceis? Dias em que precisamos lidar com o outro e por muitas vezes não sabemos refletir sobre os problemas alheios e entende-lo, antes de criticar. O sacrifício à mortificação da carne tem precisa ser

todos os dias. Na piedade não praticada, na paciência que nunca temos, no tempo que se torna cada dia mais escasso. Nas reuniões aonde falamos cada vez menos das dádivas de Deus e mais da vida alheia. Que tenhamos tempo para refletir e que sejamos humildes para reconhecer, que o jejum pode ser uma coisa boa, e Deus se agrada quando nos arrependemos de hábitos pecaminosos. Não há absolutamente nada de errado em tirar um tempo para se concentrar na morte e ressurreição de Jesus. No entanto, arrepender-se do pecado é algo que devemos fazer todos os dias do ano, não apenas durante os 40 dias da Quaresma. Se um cristão desejar observar a Quaresma, ele é livre para fazê-lo. O importante é concentrar-se no arrependimento dos pecados e em consagrar-se a Deus. A Quaresma não deve ser um momento de se gabar de um sacrifício ou tentar ganhar o favor de Deus ou aumentar o Seu amor. O amor de Deus por nós é incondicional e incomparável.

Vânia Liberato é assistente administrativo.


POLÍTICA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 6 a 8 de março de 2015

Da Redação

Sacudindo a Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

Espião de Barra Mansa

Nada de espionagem

A empresa Ingresso Total Serviços Eletrônicos Ltda, que tem sede em Barra Mansa, RJ, caiu na rede. Contratada por R$ 400.000,00 depois de vencer o pregão 05/2014, da Câmara Municipal de Governador Valadares, para monitorar redes sociais (e informar à Câmara o que os munícipes pensam ou reivindicam do Legislativo), a empresa virou notícia nas redes sociais que monitora (ou monitorou). Motivo: insatisfeitos com a contratação da empresa, internautas publicaram fragmentos do contrato na rede e ainda teceram duras críticas ao ex-presidente da Câmara, o vereador Geovanne Honório (PT), que presidia aquela casa à época da contratação.

Este Figueira procurou a Câmara para saber se realmente houve espionagem, com “printagem” de páginas de perfis nas redes sociais, para saber saber quem falava mal do Legislativo. A resposta da Câmara foi:

Printa eu! Nos comentários, os internautas dirigiram adjetivos não muito amáveis ao ex-presidente, e alguns xingamentos também. Reclamaram que tiveram suas postagens sobre o Legislativo impressas pela empresa, que repassou os “prints” à Câmara. Na linha do bom humor, em algumas postagens, internautas fizeram apelos à Câmara: “Printa eu” e “Me printa”.

Valor alto e descabido A maioria dos internautas considerou o valor de contratação muito elevado para uma cidade, denominada por eles como “falida”. O mais exaltado era o apresentador de TV Moisés Freitas, que publicou foto segurando o cartaz: “Me printa Geovane”, assim mesmo, com um “n” apenas.

Diante de informações difundidas por um veículo de comunicação local e em rede social, a Câmara Municipal de Governador Valadares informa que o contrato de monitoramento das redes sociais, firmado em 2014, em momento algum consistiu na tarefa de printar páginas individuais de valadarenses na internet, como foi mencionado. Enquanto vigorou, o serviço contratado atentou para a realização de projetos de mobilização e popularização da rede social do Legislativo Municipal e a aferição dos impactos quantitativo e qualitativo da página institucional da Câmara, a exemplo do que realizam outros órgãos públicos, dentre os quais o Supremo Tribunal Federal (STF), com a finalidade de atender e aproximar o Legislativo dos anseios da população por meio da web. A Câmara Municipal esclarece ainda que o contrato foi cancelado em razão de a nova mesa diretora, eleita para o biênio 2015-2016, entender que há outros projetos mais relevantes e de aproximação maior com a comunidade valadarense que merecem ser priorizados no momento. Em tempo: o entendimento da nova mesa diretora, como diz a nota, é parecido com a opinião de alguns internautas, que consideraram o serviço sem serventia alguma. E caro! Printem este Figueira. Com a palavra, Edward Snowden!

FRASES

Os cães ladram e a caravana passa. E olho vivo, cavalo não desce escadas. Frases do colunista social Ibrahim Sued (1924-1995)

CAPACITAÇÃO

O Minas Digital volta acontecer em Valadares entre os dias 17 a 19/3, de 8 às 18h, na sede da OAB (Marechal Floriano, 716 – Centro). Para garantir o atendimento os advogados devem acessar o site: minasdigital.caamg.com.br e fazer o cadastro e agendamento antecipado. Os profissionais devem estar regularmente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil seccional Minas Gerais. O Minas Digital é um projeto criado com o objetivo de facilitar a transição da atividade advocatícia do meio analógico para o meio digital. A proposta principal é preparar o advogado, estagiários e funcionários da OAB, através de cursos de capacitação, permitir fácil acesso à certificação digital e às informações sobre o sistema de processo judicial eletrônico. O peticionamento eletrônico exige que o advogado tenha certificação digital, que é uma espécie de assinatura eletrônica que assegura, ao advogado, autenticidade às informações por ele emitidas. Assim, por meio de dados criptografados, os documentos que tramitarem digitalmente têm assegurados sua confiabilidade e inviolabilidade. Um certificado digital tem, ainda, o mesmo valor jurídico de uma assinatura feita de próprio punho. Portanto, o precisa adquirir a sua certificação digital e o token. A vantagem de utilizar o certificado digital é a exclusividade do serviço para advogados regularmente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil. Por meio do documento eletrônico, o profissional pode dar andamento a diversos processos sem a necessidade de locomoção, como, por exemplo, visualizar autos e realizar o Peticionamento Eletrônico.

ALMG de olho no Cadeião

Professores na luta

Os deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovaram na terça-feira (3), requerimentos para discutir e conhecer duas unidades prisionais no Estado. Do deputado Cabo Júlio (PMDB), foi aprovado requerimento para realizar audiência pública em Governador Valadares (Vale do Rio Doce) para debater a situação da cadeia pública localizada no bairro Santos Dumont e a criminalidade no município.

O Sinpro Minas - Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais, regional Governador Valadares, convocou durante a semana todos os professores para a assembleia geral extraordinária, marcada para este sábado, às 9h, na sede do Sinpro. Em nota imprensa, o Sinpro enfatizou que “precisamos mudar o quadro de sobrecarga de trabalho, baixos salários e desvalorização”. Resta saber se a luta, em tempos de governo do PT, será tão ferrenha quanto foi em tempos de PSDB.

Sargento perseguido De autoria do deputado Sargento Rodrigues, também foi aprovado requerimento para que seja realizada audiência pública para discutir novas denúncias de perseguição e abuso de autoridade praticados contra o sargento Gabriel Conceição da Rocha, lotado em Santa Efigênia de Minas (Vale do Rio Doce). Segundo o parlamentar, o policial militar tem sido submetido a corriqueiros atos velados de perseguição e ameaça por supostamente estar contra os interesses do prefeito da cidade, João Abnir Pinho de Souza.

Não é nada disso... Quando a porca torcer o rabo na audiência pública, vai entrar em cena a turma do “não é nada disso”.

Cadê os verdinhos? Vira e mexe, aparece alguém perguntando se a missão dos agentes de trânsito da Prefeitura é somente multar os motoristas que estacionam seus carros na área do Zona Azul, sem o talão do ZA. E sempre quando o trânsito engarrafa por falta de algum agente para coordenar e organizar o tráfego, alguém grita: cadê os verdinhos? Foi o que aconteceu na terça-feira, na Av. Moacir Paleta, quando a Prefeitura tapava o buraco da ponte próxima ao BNH. O trânsito virou um caos por volta de 18h. A professora Melissa Meira protestou sobre a ausência dos verdinhos em sua página no facebook. E muitos engrossaram o coro.

Aquele abraço

Minas Digital de volta a Valadares Da Redação

BLOCO DE NOTAS

Janaína Castro Alves / Do Rio de Janeiro

Não me dê parabéns, me dê respeito! Dia 08 de Março é o dia Internacional da Mulher. É um dia que marca a luta das mulheres por equidade de gênero na sociedade. A data foi escolhida por ser o dia de um incêndio criminoso que matou milhares de mulheres em uma fábrica em 1857 e celebra a luta do feminismo em várias conquistas das mulheres: o direito a trabalhar fora de casa, o direito ao voto, o direito de tirar carteira de motorista, o direito de casar com quem escolher. E há quem diga que essa luta já está ganha, e que já conquistamos “muito espaço”. Gostaria de convidá-las a pensar comigo um pouco sobre esse dia, e pensar um pouco sobre o feminismo (essa palavra que assusta tanta gente.) Educação igualitária Ainda vivemos em uma sociedade que privilegia o desenvolvimento e a educação dos meninos, em detrimento da formação das meninas. Ainda presenteamos as nossas filhas com bonecas e os meninos com brinquedos como Lego, carrinho e playmobil, pipa. Dizemos as meninas que elas precisam aprender a ser boas mães, enquanto os meninos precisam aprender a construir coisas, desenvolver a coordenação motora e o raciocínio lógico. Dizemos à nossas filhas para sentarem de pernas fechadas em vez de educar nossos filhos a respeitar as meninas independente da postura; pedimos as meninas que não usem saias em vez de educar os meninos a não levantá-las. Preferimos coibir as meninas em sala de aula do que ensinar aos meninos a respeitar as meninas. Incentivamos a sexualidade dos adolescentes meninos, mas repriminos a das meninas em razão da moral e dos bons costumes. Acreditamos que os meninos devem ser livres, e as meninas recatas. Equidade Salarial Ainda há disparidade salarial entre homens e mulheres ocupando a mesma função. Isso acontece em todos os setores, das funções em que não há demanda de especialização até mesmo na Indústria Cultural. O discurso da ganhadora do Oscar Patrícia Arquette* tá aí pra

provar que nem para as estrelas a realidade diferente: em Hollywood as atrizes ainda ganham menos salário e menor porcentagem de distribuição do que os atores. O problema fica ainda mais grave quando comparamos funções exercidas majoritariamente por homens, como especializações de engenharia e carreiras militares. Sororidade Demorei muitos anos para descobrir o significado prático e semântico da palavra sororidade. Sororidade é a amizade entre mulheres promovidas pelo desejo em comum de se ajudar. É a irmandade entre as mulheres. É um dos maiores desafios do feminismo. Explico: as mulheres são sempre representadas como inimigas. Elas disputam pela beleza, pelo talento, pelos homens, pelo sucesso. É o arco narrativo mais comum nas novelas, duas mulheres disputando o amor de um só homem. As recalcadas, as invejosas, as p**** entre outras ofensas proferidas por mulheres para outras mulheres são o maior alvo de desconstrução do feminismo contemporâneo. Quando um homem trai sua esposa ou namorada com outra mulher, ela é sempre a culpada. A culpa sempre recai sobre a mulher, e não sobre o homem que traiu a confiança e o pacto com sua companheira. A sororidade tá aí pra que as mulheres sejam solidárias e responsabilizem os homens pelos seus atos. Sororidade é união. Dividir um grupo é a melhor estratégia para destruí-lo. Seja esse grupo qual for. Peço encarecidamente para que nós mulheres tenhamos o ímpeto de nos unir, pois só assim seremos mais fortes. Posso citar muitas outras questões que ainda precisamos lutar, mas peço a reflexão sobre esses temas que cito acima, ainda muito caros as mulheres. Acredito que para avançar é necessário começar da estrutura: criar de forma igual meninos e meninas; problematizar a desigualdade salarial; amar umas as outras. Juntas, avançaremos!

Janaína Castro Alves é jornalista e midiativista.


METROPOLITANO 4

FIGUEIRA - Fim de semana de 6 a 8 de março de 2015

Escolas se unem pelo fim da violência doméstica Prefeitura promoveu os eventos nas escolas, motivando profissionais da saúde da educação a encorajar as mulheres na luta contra a violência Da Redação

Aproveitando a proximidade do dia Internacional da mulher, comemorado em 8 de março, a Prefeitura realizou, nesta quinta-feira (5), trabalhos que visam sensibilizar os profissionais da saúde e da educação. A ideia foi estimular os profissionais a ajudar a encorajar as mulheres a notificarem e denunciarem o agressor da violência doméstica. Para isso, foram ministradas palestras com o tema central Parada pelo fim da violência doméstica, nas quais foram mostradas as portas que levam a um só caminho: os programas sociais, de saúde e de educação. O evento aconteceu na Escola Municipal Octávio Ferreira Soares (Vila Olímpica), e na sequência, nas escolas municipais Adélia Ribas, Chico Mendes, Duque de Caxias, Ivo de Tassis, João XXIII, Maria Elvira Nascimento, Marilurdes Nunes Coelho, Olegário Maciel, Padre Eulálio Lafuente, Pio XII, Professor Helvécio Dahe, Professora Laura Fabri,. Reverendo Sillas Crêspo, Santos Dumont, Serra Lima, Vereador João Dornellas, EMEIEF Waldemar Nadil Krenak, Vereador Hamilton Teodoro, EMEIEF Zumbi de Palmares. A ação contou com a parceria da rede de Enfrentamento à Violência Doméstica, do 6º

DIA DA MULHER

Casa do Servidor vai homenagear as mulheres

Banner que denuncia a violência contra as mulheres. Escolas da rede pública apoiaram o movimento

e 43º Batalhão de Polícia; da Patrulha de Prevenção de Violência Doméstica, do Conselho Municipal da Mulher; da Coordenadoria de Políticas Públicas para as Mulheres; das secretarias municipais de Saúde e de Educação. “As manifestações populares cresceram nos últimos anos, tendo como aliados os setores e conselhos que entraram na luta em defesa dos direitos, de mais poder e pelo fim

da violência contra as mulheres. As parcerias com a polícia, a saúde, o movimento negro, a juventude e a assistência social são frutos da atuação da Coordenadoria de Políticas Públicas para Mulheres, que cumpre o seu papel de unir esses parceiros e, fazer com que o trabalho seja conhecido”, explicou a representante da coordenadoria da Mulher e técnica referência, Érica Meireles Frois Barbosa.

NASF promove aulas de hidroginástica para mulheres Da Redação

Adriana Silva, 42 anos, teve princípio de depressão: não saía de casa para nada; não queria mais ir à igreja, nem levar a filha na escola; não tinha vontade de ver e nem conversar com ninguém e, ainda, sentia muitas dores pelo corpo. Hoje, é uma nova mulher. E essa mudança só foi possível, pois, por recomendações médicas, ela procurou a unidade de saúde mais próxima de casa e começou a participar do grupo de hidroginástica do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) I. “Durante um tempo fiz hidroginástica na Praça de Esportes. Foi só parar e comecei a adoecer mental e fisicamente. Busquei informações na unidade de saúde, levei meus documentos, um relatório médico e voltei a me exercitar. A gente não pode parar, pois tanto o cérebro, como o corpo, atrofiam. Hoje faço todas as minhas atividades, alimento meu corpo e o espírito, converso e convivo com

outras pessoas, me divirto, me distraio, esqueço-me dos problemas e sou só sorrisos”, desabafou Adriana Silva. Problemas de saúde também levaram Edson Nunes, 50 anos, a buscar na prática do exercício físico o alívio para as constantes dores na coluna e da artrose. “Estou no grupo há apenas três meses, mas já consigo ver os resultados, pois eu nem andava. Agora, ando alguns metros sem a ajuda das bengalas. Isso já é um progresso na minha vida! Estou confiante na minha recuperação!”, afirmou. Maria da Penha, 50 anos, teve câncer de mama e, devido às limitações causadas pelo tratamento, recebeu orientações de que fizesse uma atividade física leve. Há dois anos, todas as terças e quartasfeiras, ela se une a cerca de 30 pessoas com problemas de saúde para, na piscina do clube Filadélfia II, exercitar o corpo e a mente. “Tenho certeza de que qualquer exercício faz bem; e que a gente só tem a ganhar se movimentando, independente

da idade. Convivendo com outras pessoas é que você vê que o seu problema não é nada. Se todo mundo que tem problemas procurasse uma maneira de ocupar a mente, o mundo seria muito melhor”, declarou. Como participar Várias unidades de saúde do município contam com o grupo de hidroginástica. O encaminhamento, feito pelo médico da unidade, tem como prioridade os casos de hipertensão, diabetes, problemas na coluna, artrite ou artrose. No entanto, a atividade é aberta a todos, mediante recomendação médica. Além do atestado, é preciso apresentar cartão SUS. Atualmente, o Nasf I conta com uma fila de espera, com aproximadamente 15 pessoas. Os participantes que tem três faltas registradas perdem a vaga, tendo, assim, que entrar novamente na fila e aguardar uma próxima oportunidade.

O mês de março chegou e é tempo de celebrar o Dia da Mulher. Personagem atuante na sociedade desde os primórdios – que luta em busca de ideais em prol do bem comum, da família. Ser mulher, mãe, companheira, dona de casa, entre tantas outras funções, é a realidade de milhares de guerreiras em todo o mundo, que precisam dia a dia driblar preconceitos, superar os mais diversos desafios: a educação dos filhos, os afazeres domésticos, além de se posicionar como cidadã digna de respeito e valor. Pensando em promover a data, e proporcionar o bem estar às mulheres, a Casa do Servidor realizará uma tarde cujo tema será “Cuide-se e tenha qualidade de vida”. Por meio de atividades culturais, momentos de relaxamento com massagens para o corpo e pés, sessão de auriculoterapia e lanche de confraternização. A ideia é propiciar uma tarde agradável às servidoras municipais. O evento será realizado no dia 10 de março, a partir das 15h na rua Prudente de Moraes, 628 – Centro. Casa do Servidor: Funciona de segunda a sexta-feira, de 8h às 18h com diversas modalidades de atividades físicas como zumba, cooper, aerofight, pilates. E mais, atendimento psicológico, fisioterapia, nutrição, auriculoterapia, massagens entre outros. Os serviços são oferecidos, gratuitamente, a todos os servidores municipais ativos, contratados ou efetivos. Contato também pode ser feito pelo telefone 3271.0018. A programação: De 15h às 17 h - Auriculoterapia, massagem para os pés e massagem relaxante Às 17 h - Sarau de poesia com Lana Alpino Às 17h30 - Mostra das Atividades Físicas da Casa do Servidor Às 18h30 - Lanche de Confraternização

Vitória à Minas Vinícius Quintino / De Vitória

A farra partidária Na última semana o Congresso acelerou a votação de Projeto de Lei que dificulta a fusão de partidos políticos. Pelo texto, somente após cinco anos de registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as agremiações poderão fundir-se criando uma nova sigla. A iniciativa do Congresso seria louvável e de grande importância para o amadurecimento das instituições representativas nacionais, se não fosse pelo evidente oportunismo do bloco de oposição ao Governo. Especula-se que a aprovação do projeto pela Câmara teria sido apenas uma resposta à articulação do Ministro das Cidades, Gilberto Kassab, para reviver o antigo PL, ampliando assim a base aliada da Presidente Dilma. A criação e fusão de novos partidos tem sido uma prática muito comum na esfera política brasileira. Para o jurista José Jairo Gomes, alguns aproveitam dessa “brecha” na legislação para escapar do controle da Justiça Eleitoral em questões envolvendo infidelidade partidária, registro de candidaturas, arrecadação do Fundo Partidário e acesso gratuito ao rádio e TV. No entanto, caso a lei entre em vigor, a proposta acabará se refletindo em uma ação positiva no combate à indústria dos partidos de aluguel no Brasil. A história dos partidos tem sido marcada ora por períodos

de negação (como na ditadura cujos grupos políticos eram vistos como ameaça), ora por um sistema bipartidário (no qual apenas dois duas siglas eram reconhecidas pelo Estado), seguindo para um modelo pluripartidarista exacerbado (no qual o número excessivo de agremiações começam a colocar em risco o próprio sistema representativo). Fato curioso é que, ao mesmo temo que os índices de representatividade demonstram que o eleitor não possui identidade partidária – o que ficou muito claro nas manifestações populares do último – funda-se praticamente um novo partido por mês no Brasil. Para se ter ideia, se todas as novas siglas forem aprovadas, contaremos com nada mais que setenta e três partidos políticos (quase 7 vezes mais que a Alemanha e 5 vezes mais que a França). Somente no Espírito Santo, o Tribunal Regional Eleitoral recebeu no último mês cerca de doze novos pedidos de registro. Dentre eles, os já famigerados Partido Nacional Corinthiano – PNC, Partido Militar Brasileiro – PMB e o Movimento em Defesa do Consumidor (MDC). Esse paradoxo revela nada mais que um nítido desvio de finalidade na criação de novas agremiações. Em verdade, fundase um novo partido por todas a razões possíveis, até por ideologia política. Vive-se uma espécie de fragmentação clientelista de valores, capaz de atribuir a cada segmento social um micro partido, com uma bandeira única, como se fosse essa o único meio de se garantir representatividade no cenário nacional.

Analistas mais ousados chegam a dizer que o tiro saiu pela culatra. Isso porque, quando o legislador de 1988 garantiu, ainda no primeiro artigo da Constituição Federal, que o pluralismo político seria um dos fundamentos da República, certamente não imaginou que o cenário eleitoral seria transformado em uma espécie de mercado de pulgas de pequenos grupos sociais. O modelo político brasileiro precisa urgentes de reformas, antes que sua derrocada leve consigo a própria democracia. Não restam dúvidas de que o direito de participação das minorias deva ser garantido, precisa-se, contudo, estudar melhor a participação automática nos benefícios eleitorais, como do Fundo Partidário e no rateio do tempo de televisão. O voto de legenda, o financiamento público de campanha e o fim dos espetáculos publicitários de marketing podem ser medidas eficazes para conter a multiplicação desordenada de partidos. Mas a questão é: como fazer tudo isso com o atual Congresso Nacional, composto por membros eleitos segundo o modelo vigente, viciado e hostil a qualquer reforma que o prejudique?

Vinícius Quintino é funcionário público federal


NACIONAL

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Notícias do Poder José Marcelo / De Brasília

Declaração de guerra

Sorriso caprichado

O Palácio do Planalto interpretou como declaração de guerra a decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) de devolver uma medida provisória que aumentava tributos pagos por empresas de vários setores. A decisão foi anunciada depois do primeiro ato de rebeldia de Calheiros: recusar convite para jantar com a presidente Dilma Rousseff. Uma fonte do Palácio garante que a presidente não engoliu e que “a batata dele está assando”. Palavras da fonte que pediu para ter a identidade preservada.

Um dos parlamentares que estiveram na reunião da base aliada com a presidente Dilma Rousseff confessou surpresa diante da simpatia da presidente e da pré-disposição demonstradas por ela. “A Dilma estava bastante sorridente”, disse o deputado. Aos aliados, a presidente garantiu fidelidade e portas abertas nos ministérios, conforme antecipado aqui, nesta coluna. Mas ainda assim, segundo ele, ficou evidente a tensão durante a conversa. “Senti que a presidente tem medo de fogo amigo”, disse o deputado.

Batata assando

Fogo amigo

Até a semana passada, Renan Calheiros era visto como fiel escudeiro da presidente Dilma Rousseff, no comando do Senado. Ele chegou a ser apontado como “consertador” dos possíveis estragos que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) poderia fazer em projetos de interesse do governo. Pela atuação, Renan Calheiros teria acreditado que seria blindado na operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Descobriu que não e armou-se na trincheira. Ainda segundo a mesma fonte, há tempos a presidente já sentia que a fidelidade do senador teria curta duração e que estava com pé atrás em todas as situações com ele.

A preocupação da presidente Dilma Rousseff com o fogo amigo tem todas as razões de ser. Isso ficou evidente na conversa deste jornalista com o novo líder da bancada do PMDB na Câmara, o deputado Leonardo Picciani (RJ). Conterrâneo do antecessor e presidente da Casa, Eduardo Cunha, Picciani deixou claro que reza na cartilha do colega de partido, a quem pede a bênção. Quando perguntado se atuaria a favor do governo na Câmara, o deputado nem pestanejou: “vou atuar é em defesa do Brasil e da governabilidade”, afirmou.

Pé atrás Uma das provas de que Dilma Rousseff estava com pé atrás em relação a Renan Calheiros, segundo a fonte do Palácio, é o fato de a presidente já ter prontinha uma versão do projeto de lei para enviar ao Congresso, com o mesmo teor da medida provisória que aumenta os impostos.

E como fica Com Renan Calheiros e Eduardo Cunha na lista da Lava-jato, o PMDB fica de pés e mãos atolados na lama e isso liberaria os parlamentares do partido a apelar para o salve-se quem puder. Isso significa, segundo uma das lideranças da base aliada, que muitos podem se sentir tentados a debandar de vez para a oposição. E a oposição, por sua vez, está mais poderosa, neste momento. Não porque o estilingue está mais poderoso, mas porque a vidraça está cada vez mais fragilizada.

Dizer o quê? Tratado inicialmente como piada nos corredores do Congresso, mas que ganhava força nos bastidores, conforme antecipado aqui, nesta coluna, a Câmara acabou aprovando o uso de verba pública para pagar passagem aérea de mulher de deputado.

Vão-se os anéis... Pouca gente percebeu, mas a revogação da autorização para os parlamentares usarem parte da verba de gabinete para pagar passagem aérea de esposas e maridos não representou nenhuma economia aos cofres públicos. Os parlamentares até deixarão de usar o dinheiro para isso, mas foi mantido o aumento para todas as despesas com parlamentares. Nesta verba estão incluídos gastos com funcionários nos estados, que acabam funcionando como cabos eleitorais permanentes, auxílio-moradia e outros. O aumento entra em vigor em abril e terá impacto de R$ 110 milhões por ano. A partir de 2016, a despesa extra será da ordem de R$ 150 milhões por ano. José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.

Terra Brasilis

Política Lucimar Lizandro

Moisés Oliveira

15 de março e as pedras no caminho da oposição Estão programadas para o próximo dia 15 de março em todo o Brasil manifestações contra a onda de corrupção que varre o Brasil, ou melhor, Brasília. A capital federal que se transformou em símbolo de malfeitorias e de desperdício do dinheiro público. Derrubar Dilma Rouseff e varrer o PT se transformou no sonho dourado da oposição. Realimentar diariamente o escândalo da Petrobrás por meio de vazamentos seletivos que apontam ora para o PT, ora para seus aliados tem sido a principal estratégia de mobilização da sociedade. No tribunal midiático, as condenações são sumárias. A presunção de inocência foi mandada paraas calendas gregas. A criminalização do PT por meio da suspeição das doações empresariais recebidas formalmente pelo partido é um objetivo incansavelmente perseguido. Dificulta tal enredo o fato de as mesmas empresas terem doado para praticamente todos os outros partidos, inclusive para o seu principal algoz, o PSDB. O plano da oposição seria perfeito se não existissem tantas pedras a serem retiradas do caminho até o grande dia 15 de março. Uma das principais vitrines da oposição, o governo tucano do estado do Paraná, antes um orgulho, hoje um fardo pesadíssimo a ser carregado pelos tucanos. Segundo relatos de que se tem notícia, o referido estado está quebrado e quase todo funcionalismo público de braços cruzados. São Paulo, outro estado governado pelos tucanos, se debate com uma grave crise hídrica (falta de água) que assola a capital e cidades vizinhas. A situação por lá já passou de crítica, mesmo com a boa vontade midiática em esconder o caos. O governo mineiro informa que recebeu como legado dos tucanos um orçamento com um buraco de 6 bilhões de reais tirando qualquer possibilidade de investimento do estado de

FIGUEIRA - Fim de semana de 6 a 8 de março de 2015

Minas Gerais para 2015. Enquanto a opinião pública mundial assiste e cobra ações diante do grande escândalo das contas bancárias em uma instituição na Suíça, no Brasil, os tucanos, defensores declarados da ética e dos bons costumes fingem-se de mortos e não apoiam a CPI para investigar o Suiçalão. Não bastasse tudo isso, aguarda-se ainda a divulgação dos nomes dos envolvidos no escândalo da operação Lava Jato. Fala-se de uma lista bastante eclética, não poupando nenhum grande partido. Portanto, daqui até o grande dia da depuração nacional, tucanos e seus acólitos terão muitas pedras a tirar do caminho. São tantas incoerências e contradições que somente o ódio e o antipetismo disseminado diuturnamente por seus representantes consegue, ainda, manter em setores da sociedade a imagem de um partido preocupado com a ética e com o combate a corrupção.

Realimentar diariamente o escândalo da Petrobrás por meio de vazamentos seletivos que apontam ora para o PT, ora para seus aliados tem sido a principal estratégia de mobilização da sociedade. No tribunal midiático, as condenações são sumárias. A presunção de inocência foi mandada paraas calendas gregas.

Lucimar Lizandro de Freitas é graduado em Administração e Pós-Graduado em Administração Pública.

Zé da Ilha, o Rei do Brasil Nasceu em 1930, na quente cidade de Pinheiros, norte do Maranhão. Chegou entre lençóis, filho de Sr. Sarney Araújo e Dona Kyola. De registro José Ribamar, ficou conhecido pelo talento com as letras com a alcunha de Zé da Ilha, jornalista do Jornal “O Imparcial”. Cresceu brincando no Balneário Maria Santa sob os olhares da mãe, que se debruçava na imensa varanda. Adorava comer babaçu, bestar no tempo e ver os pescadores que saíam todos os dias no rio Pericumã. O pai trabalhava no tribunal de justiça como promotor - e depois como desembargador, enquanto a mãe era filha de um dos cirurgiões mais conhecidos naquelas bandas do Maranhão. Nunca lhe faltou nada, pelo contrário, viveu infância e adolescência ricas em todos os sentidos. Menino de rara educação, não gostava de brigar, tinha o dom da palavra e aos quinze anos já tinha lido mais de 350 livros. Estudou direito, mas gostava mesmo era de escrever. Começou sua carreira jornalística no Imparcial nos anos 40, assinando Zé da Ilha. Suas reportagens, coerentes e interessantes, lhe renderam uma vaga como repórter no jornal e seu primeiro prêmio jornalístico, quando tudo mudou. Tornou-se deputado federal em 54, sem qualquer tradição política. Sabiamente se aproximou da ala poderosa do congresso e rapidamente ganhou prestígio e notoriedade, tornando-se vice-presidente da UDN. Foi senador e governador do seu estado, vice-presidente e presidente da república. Tem a carreira mais longa de um político no Brasil, 59 anos. Com rara habilidade ajudou a conduzir o país para a democracia e o levou para o colapso econômico. Escreveu obras primas como O Dono do Mar e o Plano Cruzado - que quase afundou o Brasil. Estendeu seus tentáculos em todas as áreas. Infiltrou-se com raiz profunda no judiciário, executivo e principalmente nas comunicações. Dominou a política com a balança na mão. Na posse da Presidente Dilma, em 2010 era figura central na mesa. Teria o grande monarca brasileiro imaginado quando criança que haveria uma praça em seu nome? Quiçá um estado inteiro com nome de Zé, escola do Zé, cidade do Zé, instituto do Zé, ponte do Zé, tribunal do Zé, jornal do Zé? Será mania de grandeza ou excesso de bondade? Hoje, o Zé da Ilha é um Rei quase deposto. Quase. Com sorte, colocaremos um ponto final na tradição que herdam os filhos e netos de sobrenome, e sairemos tardiamente da monarquia para iniciarmos um novo momento de mais Zés, só Zés. Moisés Oliveira é jornalista.


EDUCAÇÃO

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FIGUEIRA - Fim de semana de 6 a 8 de março de 2015

Gina Pagú

A antiga escola “Lápis de Cor”, no Conjunto SIR, foi adquirida pelo município e transformada em Escola Municipal Padre Pedro Crisólogo, destinada à educação infantil

As conquistas da Educação Infantil Municípios terão de se ajustar às novas exigências da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), por meio da lei no. 12.796, que torna obrigatório a inserção na escola de crianças de 4 aos 17 anos. Os municípios terão até 2016 para fazer os ajustes, mas em Governador Valadares, a educação avança e já em 2015 começa a cumprir a lei. Gina Pagú / Repórter Em abril de 2013, o Governo Federal alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), por meio da lei no. 12.796, o que torna obrigatório a inserção na escola de crianças de 4 aos 17 anos. Assim os municípios têm que garantir essa inclusão em escolas públicas, e tem até 2016 para cumprir essa lei. Municípios que ainda não oferecem todas as vagas e escolas necessárias serão obrigadas a criá-las. Segundo o secretário de educação, Jaider Batista, o Município sai na frente e já começa 2015 cumprindo a meta do Estado. “O município de Governador Valadares tem até 2016 para cumprir o preceito constitucional de incluir todas as crianças de 4 e 5 anos. Essa meta foi alcançada agora em 2015. São 7,5 mil crianças na população de 4 e 5 anos em todo o município. Nenhum pode ficar fora da escola. Para isso, a Prefeitura de Valadares ampliou escolas existentes, criou turmas de pré-escola nas escolas que ofereciam antes somente o ensino fundamental e criou escolas.” A partir de 2015 as seguintes novas atenderão vários bairros de Valadares: Escola Municipal Waldemar Nadil Krenak, na Rua D, Recanto dos Sonhos, com 200 crianças; Escola Municipal Zumbi de Palmares, na Alça do Contorno, 100, no Distrito Industrial, com quase 700 crianças do Residencial Vitória e do bairro Penha; Escola Municipal João Cândido, na Avenida Tancredo Neves, 517, Santa Efigênia, com 300 crianças; Escola Municipal Pastor Martin Luther King, com 200 crianças, na Rua Ipiranga, Carapina; Escola Municipal Professor Damon de Lima, com 350 crianças, na Rua Esmeralda, São Raimundo; Escola Municipal Professor Daniel Alves Ajudarte, com 500 crianças, no Instituto Nosso Lar e na Igreja Católica do Turmalina; Escola Municipal Professora Violeta Dias Andrade, com 250 crianças, na Rua do Seminário, na divisa dos bairros Santo Antônio com Altinópolis; Escola Municipal Dona Lina Martelli, com 400 crianças no bairro Santa Rita (antiga Somirehu); Escola Municipal Pastor Fabiano Pereira Alves, com 300 crianças, Rua Monte Alto, Vila dos Montes e Escola Municipal Padre Pedro Crisólogo Rosa, com 200 crianças, no bairro SIR. O secretário explica que as mudanças políticas na educação só favorecem os estudantes brasileiros. “A Constituição de 88 estabeleceu como idade de escolarização obrigatória dos 7 aos 14 anos de idade. No primeiro governo Lula houve a inclusão dos seis anos de idade na escolarização obrigatória. Em 2009, a Emenda Constitucional 59 redefiniu o que constava na Constituição Federal e a idade de escolarização obrigatória no Brasil passou a ser de 4 aos 17 anos. Sendo crianças de 4 e 5 anos na pré-escola, de 6 aos 10 nos anos iniciais do ensino fundamental, de 11 aos

14 nos anos finais do ensino fundamental, e dos 15 aos 17 no ensino médio. Ou seja, nessa faixa de idade o Estado tem a obrigação de oferecer escola pública gratuita para todos, não podendo negar matrícula. As famílias têm a obrigação de matricular seus filhos. De oferta obrigatória, mas matrícula facultativa pela família, ficou a creche, de 0 a 3 anos.” Mudanças O secretário ressalta a importância dessas mudanças para Valadares. “A nova determinação da Constituição foi plenamente alcançada em Governador Valadares neste início de ano, de 2015. O governo municipal assegurou a criação de dez novas escolas, expandindo significativamente o número de vagas. Hoje, é possível declarar que tanto na cidade quanto no campo, não há mais crianças de 4 e 5 anos de idade, a faixa da pré-escola, que não estejam matriculadas e frequentando as aulas. Agora, para o atendimento da Emenda 59 da Constituição, devemos aguardar o Estado de Minas Gerais fazer a parte dele, de assegurar que todos os adolescentes de 15 a 17 anos estejam matriculados no Ensino Médio. Ao mesmo tempo, as escolas municipais e as creches conveniadas ao município ampliaram a oferta de vagas de creche, a faixa que não é de matrícula obrigatória, assegurando atendimento para todas as famílias que procuram vagas para as suas crianças. Essa ampliação da pré-escola e da creche em Valadares ocorre no padrão da escola de tempo integral, com atendimento por dez horas a cada dia. A importância dessa expansão da escolarização obrigatória passa por redução da violência e da criminalidade entre adolescentes, no caso do Ensino Médio, e por promover a emancipação da mulher no caso da garantia de vaga para as crianças na pré-escola e nas creches. O censo de 2010 indica que pouco mais de 40% das mães trabalham fora de casa quando suas crianças estão em escolas de tempo parcial e quase 75% das mães trabalham fora quando suas crianças estão em escolas de tempo integral. Além disso, a educação, a segurança nutricional e a proteção das crianças por profissionais qualificados para isso, fará muita diferença e trará muitas vantagens para esta geração, que as anteriores não tiveram ou eram reservadas para bem poucas crianças cujas famílias pudessem pagar por isso.” E o recado para as famílias que ainda não matricularam os filhos de 4 e 5 anos. “Há vagas nas 39 escolas do município no meio urbano, nas 12 do meio rural e em muitas das creches conveniadas. As famílias podem procurar diretamente a escola municipal mais próxima de casa. Se naquela escola já não houver vagas, haverá encaminhamento para escola da região”, finaliza Batista.


INFRAESTRUTURA 7

FIGUEIRA - Fim de semana de 6 a 8 de março de 2015

Por que o Democrata precisa de um novo estádio? Embora tenha sido democraticamente aprovada pela Câmara Municipal de Governador Valadares, em um processo que permitiu o amplo debate da população e dos membros do Legislativo, a Lei que autoriza a alienação do terreno onde está construído o Estádio José Mammoud Abbas (e permite que o Democrata tenha um novo estádio, em local apropriado), tem sido constantemente deixada de lado por algumas pessoas. Não bastasse isso, estas pessoas preferem tecer um rosários de mentiras e suposições acerca do novo estádio, ignorando a lei e transformando boatos em fatos. Para esclarecer a população e os torcedores do Esporte Clube Democrata, este Figueira explica os motivos pelos quais o Democrata precisa de um novo estádio. E mais: tudo que será feito, será dentro da lei. Da Redação A história do Esporte Clube Democrata está intimamente ligada à trajetória da nossa cidade. Ainda éramos Figueira e a Pantera já destilava o seu futebol no quarteirão ao lado de onde hoje está a Estação Rodoviária. O distrito recebia cada vez mais pessoas e crescia exponencialmente rumo àquela região; e, num acordo com a Prefeitura de Peçanha - município ao qual nosso distrito pertencia -, o time cedeu o terreno do campo em troca de outro, alguns quarteirões acima, mais distante do Rio Doce e da zona urbana que por ali se estabelecia. Já emancipada politicamente, Governador Valadares continuava a se desenvolver e alcançava, mais uma vez, a região onde o novo campo havia se instalado. Desta vez, a linha férrea, a Estação Ferroviária e sua Praça pediriam licença ao Democrata em troca de outro terreno. No dia 19 de fevereiro de 1949, o prefeito Dilermando Rodrigues sancionou a Lei de N° 50, que autorizava a doação ao Esporte Clube Democrata da área conhecida como “cemitério novo”, situada para além da extremidade urbana da cidade. Lá se instalou o Campo dos Eucaliptos e, mais tarde, com a gestão do Presidente José Mammoud Abbas, o estádio que hoje conhecemos. O Mamudão, a exemplo dos outros campos do Democrata, também foi alcançando pelo desenvolvimento urbano de Governador Valadares. Loteamentos amplos deram origem a bairros populosos no seu entorno e para muito além, ainda. O Hospital São Vicente, espaço de tratamento e repouso de pacientes, instalou-se nas suas imediações. As ruas Sete de Setembro, Afonso Pena, Francisco Sales e Osvaldo Cruz tornaram-se importantes vias para o escoamento do trânsito do dos mais de 150 mil* veículos hoje emplacados na cidade e, também, do transporte coletivo. Sediar um evento esportivo, hoje, no Estádio José Mammoud Abbas, implica no agravamento das condições de trânsito na região, com interdições e bloqueios que prejudicam toda a cidade e, sobretudo, a sua vizinhança. Além disso, o Mamudão fora construído numa época em que o automóvel ainda não havia se difundido e popularizado. Portanto, não houve nenhum projeto estrutural que englobasse vagas de estacionamento em suas imediações. O Hospital São Vicente e seus pacientes, por sua vez, estão submetidos à sonoridade incômoda que emana do estádio através de sua torcida. Os problemas estruturais do Estádio José Mammoud Abbas, hoje, vão muito além do caos gerado em suas imediações em dias de evento. As arquibancadas de cimento - e toda a sua estrutura, como cabines de rádio e televisão, vestiários, sede administrativa, etc. -, construídas em 1963, e as arquibancadas metálicas, erguidas em 1981, já não apresentam mais as condições de conforto e segurança exigidas pela CBF e pela FIFA. O quarteirão que abriga o estádio tem dimensões insuficientes para qualquer ampliação que vise sua adequeação e modernização. O estádio que já recebeu 17 mil torcedores, hoje não suporta mais do que 8.678 espectadores. Com isso, o Esporte Clube Democrata consegue sediar

em seu estádio apenas os jogos da 1ª fase do Campeonato Mineiro. Caso o time avance à segunda fase da competição, o time que se instalou por aqui ainda nos tempos da Figueira, terá de mandar seus jogos mais importantes há pelo menos 100 km de sua torcida. O mesmo acontecerá em caso de uma participação da equipe em certames nacionais. Dadas as limitações de desenvolvimento de um patrimônio de Governador Valadares, no dia 30 de junho do ano passado, a prefeita Elisa Maria Costa encaminhou à Câmara Municipal um projeto de lei que autorizaria a alienação do imóvel pelo Esporte Clube Democrata. Mas não o fez de qualquer forma. A alienação do imóvel será concretizada apenas diante de algumas contrapartidas, a saber: a construção de um estádio com capacidade mínima para 15 mil espectadores sentados, parcialmente coberto; estacionamento para veículos leves; toda a estrutura exigida pelo Corpo de Bombeiros, pelo Estatuto do Torcedor, pela Federação Mineira de Futebol e pela Confederação Brasileira de Futebol. A nova sede deve oferecer, também, estrutura para categorias de base, suporte para eventos culturais, religiosos e de quaisquer outras vertentes, bem como espaço para empreendimentos comerciais. Além disso, fica vedada a demolição, total ou parcial, do Estádio José Mammoud Abbas, antes que se efetive a entrega do novo estádio ou praça esportiva, sob pena de revogação da autorização de alienação do imóvel. Com a aprovação da Lei N° 6.597 pela Câmara de Vereadores e com a sanção da prefeita no dia 15 de dezembro de 2014, estabeleceu-se um prazo de quatro anos para entrega do novo estádio, a partir da data permuta. A cláusula de inaliebielidade, então, vigorará neste novo imóvel. Alguns empresários da cidade, em comunhão com a ideia de preservação de um patrimônio local, se dispuseram a doar um terreno que abrigue a nova casa da Pantera. A Lei estabelece, ainda, que este novo espaço esteja a, no máximo, 10 km do Centro da cidade, com acesso pavimentado. A verba para sua construção virá da venda da sede atual do Estádio José Mammoud Abbas, não sendo necessário nenhum tipo de contribuição da comunidade valadarense, através de contas, como se especula. A responsabilidade do Executivo Municipal com um patrimônio local, como o Esporte Clube Democrata, vai muito além do simples fato de proporcionar ao valadarense o prazer de assistir a um bom futebol nessas plagas seja o time bola murcha ou não. Não podemos negligenciar o desenvolvimento desta agremiação, em função de ransos pessoais que nada tem a ver com o futebol ou com a preservação de algo que move, comove e apaixona a população valadarense. Nenhum embargo judiciário ou qualquer outro entrave será atravessado, como se presume irresponsavelmente em artigo publicado no último domingo nas páginas deste diário. Há meios legais para isto, e todos eles foram cumpridos rigorosamente pela prefeita Elisa Costa. O que não podemos de forma alguma é manter o time dentro de uma amarra que travará o Democrata em uma estrutura obsoleta e defasada. Temos, sim, de contribuir pra que não só este patrimônio de Valadares, mas, sim, toda a nossa comunidade tenha plenas condições de seguir adiante, sempre!

Com a aprovação da Lei N° 6.597 pela Câmara de Vereadores e com a sanção da prefeita no dia 15 de dezembro de 2014, estabeleceu-se um prazo de quatro anos para entrega do novo estádio, a partir da data permuta. A cláusula de inaliebielidade, então, vigorará neste novo imóvel. Alguns empresários da cidade, em comunhão com a ideia de preservação de um patrimônio local, se dispuseram a doar um terreno que abrigue a nova casa da Pantera.

Diorgenes Lessa

Construído na área central da cidade, o Estádio Mammoud não oferece mais condições de conforto ao torcedor e aos profissionais de imprensa que cobrem os jogos da Pantera. Além disso, a localização central inviabiliza a ampliação do estádio


DIA A DIA

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BRAVA GENTE

Ombudsman

FIGUEIRA - Fim de semana de 6 a 8 de março de 2015

ADRIANA MARQUES

Arquivo Pessoal

José Carlos Aragão

PQP - O uso de siglas em títulos sempre foi um recurso prático e funcional para se dizer muito em pouco espaço, em qualquer jornal ou mídia impressa. Mais ainda quando, antigamente, a tecnologia gráfica era bem capenga, comparada às ferramentas que um programador visual tem à mão, nos dias de hoje. Mesmo com recursos que permitem ao designer ajustar milimetricamente a condensação de uma tipografia ou manipular individualmente o espaçamento entre caracteres de cada linha ou palavra, siglas ainda são uma alternativa muito útil. Usá-las, contudo, requer cuidados. Uma regra de ouro é evitar o excesso: “STJ, AGU e MP questionam IDH do IBGE; CN já fala em CPMI”. O exemplo é fictício e meio surreal, mas é só pra mostrar como uma sopa de letrinhas pode se tornar um verdadeiro enigma. Outra situação diz respeito a siglas pouco conhecidas: “UNESC e ABIQUIM fazem parceria para pesquisas sobre DPOC”. Catarinenses certamente entenderão que a Universidade do Estado de Santa Catarina está envolvida na pesquisa. Mesmo assim, dificilmente saberão identificar o objeto da pesquisa ou, sequer, quem é o misterioso parceiro da instituição de ensino. Nesses casos, é imperativo que o texto da notícia, logo nas primeiras linhas, decifre as siglas, facilitando a rápida compreensão do leitor sobre o teor da informação. Pois, só sabendo que uma Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é objeto de interesse e estudo da Associação Brasileira da Indústria Química e da UNESC, ele pode vir a se interessar pela continuidade da leitura da notícia. São duas regrinhas básicas, que todo jornalista deve saber e, principalmente, praticar. HEIN? - Na edição passada do nosso Figueira, uma sigla me saltou aos olhos, em um título da página 4: “Prefeitura inaugura mais um CRAS”. Não atinando o que seria “CRAS” (pensei que pudesse ser Conselho Regional de Assistência Social, talvez), fui buscar a informação onde ela deveria estar: no primeiro parágrafo da notícia. Como não estava lá, continuei lendo a matéria, até o fim, tentando deslindar o mistério. Em vão. O texto não apenas não explica o que é CRAS, como não faz nenhuma referência ao que está no título da matéria! COMPROMISSO X COMPROMETIMENTO - Jornalistas são, invariavelmente, presunçosos e arrogantes: atributos que se amalgamam com grande naturalidade durante o processo de formação de um profissional da notícia. Muitos até já trazem essa característica em seu próprio DNA. Jornalista não apenas presume que todo mundo sabe do que ele está falando, como tem a convicção de que sabe mais que qualquer um sobre aquilo de que fala. É quase uma incongruência total, isso, mas é a mais pura realidade. Pequenos deslizes redacionais - como não esclarecer siglas desconhecidas da maioria dos leitores - só reforçam essa pecha que recai sobre a profissão. Por isso, é preciso ter atenção permanente ao que se escreve, mais zelo com o texto e com a informação que ele transmite. Mais responsabilidade – não no sentido legal, de uma possível futura atribuição de culpa por funestas consequências e distorções, mas na sua interação e compromisso com o leitor/receptor de uma informação. Essas pequenas omissões – até involuntárias, algumas vezes – podem ser potencializadas pela recorrência. Acredito até que seus efeitos se somam a outras práticas não intencionais, inconsequentes, irresponsáveis ou mesmo ingênuas da atividade jornalística, que comprometem a lisura e a confiança de toda a mídia. ENQUANTO ISSO, NA SALA DE JUSTIÇA... - Meses atrás, vimos, mais uma vez, cenas de hostilidades e intimidação de algumas pessoas contra um repórter da TV Globo, no exercício de sua atividade como jornalista, quando procurava registrar um protesto do Movimento Passe Livre, em São Paulo. Na cena, alguns manifestantes impediam o trabalho do repórter acercando-se dele de forma intimidatória e sob gritos de “O povo não é bobo, fora Rede Globo!”. Isso, quando não o ofendiam com palavrões e acusações de “manipulador”. “O jornalista em questão era Caco Barcellos, que ainda tentou argumentar, segundo o Portal IG: ““ Só fui impedido de trabalhar pela ditadura e sob tortura”. (Aos desavisados ou não esclarecidos: Caco é autor do livro Rota 66, que denunciava crimes cometidos pela tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, o que lhe valeu amplo reconhecimento por sua defesa dos direitos humanos e, também, algumas ameaças de morte.) O vídeo em questão voltou a ser veiculado nas redes sociais esta semana, como uma espécie de estandarte inimigo heroicamente conquistado em campo de batalha. Também esta semana, teve grande repercussão a entrevista concedida, com exclusividade, pela assassina confessa de seus pais, Suzane Von Richtoffen e sua namorada, também assassina condenada, Sandrão, ao Programa do Gugu, na TV Record. Não demorou muito para que viesse a público a denúncia de que a produção teria “comprado” a entrevista e a exclusividade por dois milhões de reais. Enquanto isso, na TV Bandeirantes, o ator Alexandre Frota deu entrevista ao programa Agora É Tarde, de Rafinha Bastos, relatando, em rede nacional, como estuprou uma mãe de santo. Cito os três fatos para provocar um reflexão: quem são os vilões dessas histórias. Respostas para o ombudsman – que ele também quer saber.

A loira Adriana Marques, no estúdio da TV Record, entrevistando o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung

Adriana, a menina da Record News Gina Pagú / Repórter

Governador Valadares tem a fama de ser seleiro de bons jornalistas, e para Adriana Marques, a menina do MGTV, não foi diferente. Ela traçou seu sucesso pelas telas da tímida TV Rio Doce. E os 17 anos seguintes a levaram para rede nacional através da Record News no Espírito Santo. E foi contando boas histórias que a vida de repórter e apresentadora em Valadares ficou marcada na memória dos telespectadores mineiros. Segundo ela, até hoje, mesmo lá em Vitória as pessoas a reconhecem pelo período vivido no interior. “Eu comecei muito cedo. Tive esse privilégio.” O sucesso na capital do Espírito Santo não seria diferente, Adriana Marques hoje está em rede nacional com o Hora News da Record. Mas a eterna ‘menina do MGTV’, não se esquece do trajeto feito em Minas Gerais para então brilhar nos jornais de destaque. Adriana Marques conta com orgulho sobre os momentos marcantes da sua carreira. “Todos os meus momentos profissionais foram importantes. Desde a minha estréia na TV Rio Doce. Mas destacaria uma reportagem que fiz para o Fantástico, em 2002. Nesse período a imigração para os Estados Unidos fervia na nossa região. Vários mineiros estavam presos no Texas e sem contato com as famílias aqui no Brasil. O núcleo da Globo nos EUA gravou o depoimento de alguns deles. Entre os presos, um rapaz de Barra do Ariranha, próximo a Mantena. O depoimento dele foi gerado para TV Leste e eu fui até a família dele. Conversei com a mãe desse jovem, e ela já tinha perdido as esperanças e acreditava que ele estivesse morto há meses. Mostrei a ela o depoimento e foi uma grande emoção! Devolvi a alegria e vontade de viver a uma mãe. Outro momento importante foi a conquista do terceiro lugar do Prêmio Capixaba de Jornalismo, contando a história do João. Ele teve paralisia cerebral e descobriu em um espetáculo de dança, a oportunidade de inclusão social. Um trabalho lindo feito por ele e um professor de uma

escola municipal daqui de Vitória. E claro, não poderia me esquecer da estreia do nosso jornal em Rede Nacional, em Setembro do ano passado. Todos os dias, eu levo as notícias do Espírito Santo para todo o Brasil e diversos países pelo Hora News.” Para os interessados em começar a faculdade de jornalismo e sonham com o glamour dos telejornais, Adriana desmistifica e dá um conselho de quem sabe qual caminho precisa ser percorrido para se tornar um bom jornalista. “Digo para quem está começando para jamais se acomodar. Porque o que vejo hoje, são jovens muito desinteressados e pouco informados. Isso não combina com o espírito inquieto do jornalista. Seja curioso, seja investigativo, seja inconformado, seja capaz de buscar a verdade até a exaustão. Esqueça o glamour, ele na verdade não existe! Aparecer na TV é consequência. Ser um profissional completo é o que mais importa. E já que essa geração gosta tanto de internet, invista nesse mercado, em mídias digitais. Acredito que seja o futuro da comunicação.” Mas apesar de toda a luta e renúncia, a menina do MGTV, fala com alegria da profissão. “Sou muito feliz com a profissão que escolhi. Mas não é fácil. Lá se vão 17 anos de muito trabalho e renúncia. Tive de abdicar de muitas coisas. Vivi para o meu trabalho de forma muito intensa. Mas tudo isso me fez a profissional que eu sou. Não me arrependo de nada e não faria nada diferente. Ser jornalista me fez ser mais humana, mais gente. E isso é a minha maior recompensa.”

Esqueça o glamour, ele na verdade não existe! Aparecer na TV é consequência. Ser um profissional completo é o que mais importa. E já que essa geração gosta tanto de internet, invista nesse mercado, em mídias digitais. Acredito que seja o futuro da comunicação.

José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com

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CULTURA & CIDADANIA 9

FIGUEIRA - Fim de semana de 6 a 8 de março de 2015

Livradeira leva os livros para a geladeira A livradeira, uma geladeira cheia de livros, criação da professora Melissa Vasconcelos, está exposta a todos os transeuntes, na Fadivale, na Rua Dom Pedro II Gina Pagú / Repórter

Quem nunca abriu a geladeira para pensar? Todo mundo. Mas agora é a hora de abrir a Livradeira para ler. O projeto de incentivo à leitura é uma iniciativa da professora do Curso de Direito da Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce (FADIVALE), Melissa Vasconcelos. Foi inaugurado em novembro de 2014 e está aberto ao público de segundas às sextas-feiras de forma gratuita. “Eu comecei a escrever esse projeto em março de 2014, e com a proposta de ser um projeto social de fomento à leitura em espaços urbanos, e novembro do mesmo ano, após reunir tudo que precisávamos conseguimos finalmente inaugurar nossa Livradeira. Nosso objetivo é a formação de leitores, a inclusão social e a construção da cidadania por meio do livro e da leitura. O funcionamento é simples. O leitor deve levar um livro e deixar outro na Livradeira, uma geladeira que preparamos para se transformar em uma livraria gratuita.” A geladeira está exposta a todos os transeuntes, na Fadivale, na Rua Dom Pedro II, 244, no Centro de Governador Valadares. A professora explica que qualquer pessoa pode participar, basta seguir as regras para fazer parte do Projeto. “A geladeira está recheada de livros de literatura, adultos e infantis, obtidos por meio de doações. Muitas pessoas me ajudaram desde o início da ideia, mas meu filho, de 5 anos, foi quem sugeriu a regra principal, que é levar um livro e deixar outro. E assim também criei um grupo no Facebook para divulgação e participação dos leitores. Embora pessoas de todas as idades têm vindo até a Livradeira, notamos que o público mais assíduo tem sido crianças e adolescente, isso pra mim é motivo de muita comemoração, porque eu pretendia fomentar a leitura nessa faixa etária mesmo. Pois adultos que não têm o hábito dificilmente o conquistarão.” A geladeira que é livraria é uma ideia inédita em Governador Valadares. A professora explica que queria algo novo, dife-

Gina Pagú

No lugar do gelo, livros. A livradeira chama a atenção de quem passa pela Fadivale por causa do inusitado. Ninguém imaginaria uma geladeira cheia de livros

Quis fazer algo que chamasse a atenção de quem passasse pela rua e um objeto que protegesse os livros do vento e da chuva. A geladeira foi perfeita. No grupo de discussão que criei na rede social perguntei quem tinha uma geladeira velha para doar, e consegui.

rente, embora já tenha visto livrarias em pontos de ônibus e caixas de correios. “Quis fazer algo que chamasse a atenção de quem passasse pela rua e um objeto que protegesse os livros do vento e da chuva. A geladei-

ra foi perfeita. No grupo de discussão que criei na rede social perguntei quem tinha uma geladeira velha para doar, e consegui. Lá também escolhemos o nome do projeto por meio de enquete. Tudo está sendo construído com doações, já recebi livros pelos correios que poderemos montar mais duas Livradeiras. Nada tem fins lucrativos, a logomarca pode ser reproduzida e foi criada pela Putz Filmes, os cartões e banners foi doação da Casa dos Cartões. A Arte a 4 mãos deu a pintura da geladeira. E as doações de livros podem ser levadas até a Fadivale aos meus cuidados. Não aceitamos livros religiosos e técnicos somente de literatura ou gibis.”

Mais Livradeiras A idealizadora do Projeto não quer parar por aí. Ela explica que essa primeira tentativa foi deixada como chamariz para outras Livradeiras. “Vamos deixar essa geladeira funcionando durante um ano, monitorando o desenvolvimento. E, se tudo der certo transformo num projeto cultural e buscarei incentivo da iniciativa privada (sociedade civil organizada), e espalho geladeiras pela cidade. Bancos, supermercados, órgãos públicos. E já tenho livros para mais duas geladeiras. Não temos regras a mais, somente: ‘deixe um livro e leve outro’. E está funcionando bem.”

Tambores que falam

Cidadania Cristã

Wagner Lucio

Padre Paulo Almeida

Eu vim para servir No último dia 22 de fevereiro uma grande multidão entristecida revezou-se ao longo do dia para despedir-se de Padre Floriano Jud, que morreu aos 86 anos. Toda comoção e homenagem tiveram diversos motivos. Para além de uma liderança religiosa, Padre Floriano foi a figura paterna, o abraço amigo, a palavra de conforto; a lição que precisávamos quando ainda nem sabíamos. Padre Floriano celebrou sua primeira missa na região do Pérola em quatro de junho de 1976, quando o Bispo da Diocese concedeu a ele a oportunidade de escolher uma região da cidade para iniciar seu trabalho missionário. Ele escolheu a Igrejinha de São Cristóvão: simples, carente e fragilizada. E foi lá onde realizou um trabalho que extrapolou as fronteiras religiosas, contagiando também os campos político e social, pois entedia serem elas ferramentas essenciais para a emancipação do Ser Humano e para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Assim, ao longo dos quase 30 anos em que pastoreou a comunidade do Pérola, com seus cabelos brancos e sua atitude acolhedora e servil, Padre Floriano foi muito mais que uma referência individual; foi o líder de toda uma geração que se espelhou em seus exemplos de paz, justiça e fraternidade para reproduzir bons exemplos em todos os espaços da sociedade. Também é digno de lembrança a visão de Igreja implementada por Padre Floriano em sua dinâmica pastoral. Ele acreditava na força das pequenas comunidades, pois fortaleceriam a Igreja Paroquial para o enfrentamento dos desafios maiores e, nesse contexto, depositava grande confiança no trabalho dos leigos.

O Padre Floriano Jud sempre acreditou na força das comunidades

Tenho orgulho de ter vivido e aprendido um pouco da lição de Padre Floriano, que foi um grande construtor de templos vivos nos quais pulsa a dignidade humana e o sonho por uma Valadares mais respeitada e valorizada. Sonho esse que continuamos a sonhar em homenagem ao grande amigo Padre Floriano e em respeito ao valor de cada pessoa humana, de cada morador e moradora da Região do Pérola e de toda cidade. Padre Paulo Almeida é padre, psicólogo, teólogo e vereador na cidade de Governador Valadares

“O vento incumbiu-se de levar a semente ao solo fértil para que dele brotasse a força dos nossos ancestrais. Frio, fome, dor, solidão, sofrimento, acompanharam a travessia de Reis, Rainhas, príncipes e princesas e de toda uma nação arrancada de teu seio materno para sentir na pele o sabor amargo da escravidão. Que força é essa, Negro, que trazes em seu coração? Que força é essa, Negro, que te mantém de pé? Que força é essa, Negro?” Com a chegada dos escravizados ao Brasil, nos porões dos navios negreiros, atracavam com eles suas tradições, sua fé, sua religião. Candomblé, Umbanda, Inkinses, Obás, Orixás, ligando Brasil, Angola, Cabinda, Nigéria, Togo, Benin, Luanda, e outras partes da mãe África. No Brasil, as religiões de matriz africana representam um percentual crescente. Desconhecidos por alguns, ignorados e repudiados por outros, os Terreiros e Tendas, como são denominados os Templos do culto afro, mesmo com sua perseguição pelos intolerantes religiosos, se fazem presentes nos quatro cantos do Brasil e também em nossa cidade em meio às igrejas e edifícios, mantendo firmes as tradições de um povo e suas crenças. A força de uma árvore se mede pela profundidade de suas raízes, essa máxima demonstra a força da religião africana, brasileira, do Candomblé, da Umbanda, do Catimbó, perpetuando-se em meio aos conflitos, às perseguições, e no silêncio velado do dia a dia leva paz, solidariedade, abrigo, cura e ajuda aos necessitados, não importando sua cor, seu credo, seu poder aquisitivo, porque o mais importante para nós é o ensino do Pai Maior, fazer o bem ao próximo. Wagner Lucio de Souza, Babá Ti Ifá - Lunda Kioco Sunda Angola, Tenda Umbandista Oxóssi Itaiossy, Governador Valadares.


CORRESPONDENTES

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FIGUEIRA - Fim de semana de 6 a 8 de março de 2015

Café com Leite

Excluindo regras

Marcos Imbrizi / De São Paulo

Nádia Soares

Divulgação

Em meio ao trânsito caótico da capital paulista, o paulistano encontrou uma boa alternativa de transporte, indo para o trabalho de bicicleta

Sinal verde para as bicicletas em São Paulo O prefeito Fernando Haddad tem adotado algumas medidas importantes para transformar São Paulo. Uma delas diz respeito ao modelo de transporte, priorizando o transporte público em detrimento do uso de automóveis. A adoção de corredores exclusivos de ônibus foi a primeira. Logicamente, no início o prefeito enfrentou uma enorme crítica dos donos dos carros, mas aos poucos parece que esta nova realidade vai se consolidando. Afinal, com a faixa exclusiva, os ônibus ganham velocidade e o tempo das viagens fica mais curto. Uma outra medida que aos poucos parece conquistar a população são as ciclovias, as faixas exclusivas para o deslocamento das bicicletas. Já tratei do tema quando do início da implantação do novo serviço, no ano passado, e desde então o sistema se expande seguidamente. Na semana passada passei pela Avenida Faria Lima, num dos bairros ricos da cidade, e lá estava um caminho exclusivo para as bicicletas. Desde janeiro a Avenida Paulista, o ‘centro financeiro do País’ como muitos dizem, está em obras e até o fim do ano terá a sua ciclovia.O interessante é que todo o sistema, que até o fim do ano deverá chegar a 400 quilômetros, é sinalizado, inclusive com semáforos exclusivo para as magrelas. Logicamente, mais uma vez, o prefeito Haddad foi muito criticado por alguns meios de comunicação. E mais uma vez parece que aos poucos vai conquistando os paulistanos e paulistanas que percebem o quão bacana é poder circular pela cidade de bicicleta. Seja para o lazer, para ir ao trabalho, para a escola. Há algum tempo isto era impossível ou envolvia um grande risco. Eu me lembro do tempo em que cheguei a Governador Valadares,lá no início dos anos 2000 e percebi que a cidade contava com ciclovias. Logo comprei a minha bicicleta e muitas vezes deixava o carro em casa na hora de sair. Um verdadeiro privilégio. Aqui em Santo André, ando de bicicleta, mas não me arrisco a ir a qualquer lugar pois considero perigoso. Sempre recordo de um colega de trabalho que um certo dia, quando ia para o trabalho disse que de repente viu tudo se apagar e acordou na cama de um hospital. Felizmente ele estava com os equipamentos de segurança quando o motorista de uma Kombi o acertou. Felizmente também o acidente não lhe causou maiores problemas e ele logo pôde voltar para casa.

Neste início de ano a cidade ganhou um presente da Prefeitura: a implantação de uma ciclofaixa aos domingos para o lazer da população. O circuito, com um total de 10 km, liga o Paço Municipal ao Parque Prefeito Celso Daniel e passa por importantes avenidas da cidade. Já no primeiro dia a iniciativa tornou-se verdadeiro sucesso de público. O plano da municipalidade é expandir o serviço e chegar aos 30 km até o final de 2015. Ainda os 70 anos da morte de Mário de Andrade – Na semana passada a rádio Cultura Brasil AM, emissora pública paulista que tem a programação destinada ao melhor da música brasileira de todos os tempos, disponibilizou em seu sítio na Internet um programa especial em homenagem a Mário de Andrade. Trata-se de um especial ‘A Barca em: Turista Aprendiz’, gravado em 1999 pelo grupo paulistano resgata os temas de domínio público recolhidos por Mário de Andrade em suas missões folclóricas. O programa está disponível em: culturabrasil.cmais.com.br/especiais/aba…

O poeta Mário de Andrade teve suas missões folclóricas preservadas por músicos paulistanos Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

Ser gordinha no planeta Anorexia Então, voltemos a mais um dilema midiático: ser gordinha no planeta Anorexia. Ela entra no ônibus senta e vai sozinha no seu banco a viagem inteira. Sentar em certas cadeiras de restaurantes e lanchonetes pode se tornar um empecilho muito grande, pois ela pode levar a cadeira de brinde quando levantar, como pode também não conseguir sentar nos banquinhos que ficam acoplados perto do balcão. Ela entra na loja pra comprar roupa e a vendedora olha com cara de deboche com os olhos a dizer: “sua gorda, aqui não tem roupa pra você.” E ela continua andar pelas ruas do planeta Anorexia e ouve burburinhos: “Já reparou que toda gordinha tem o rosto lindo?” “Ou se ela fizer um regime vai ficar um mulherão!” Entra na fila do banco e já perguntam: “A senhora tem prioridade, pois está gravida.” Como se as grávidas não soubessem que têm preferência. Logo, ela não optaria por enfrentar fila comum. Será que tudo está mini demais, ou tá todo mundo gordo (a)? O sacrilégio do momento é comprar roupas, as calças nunca condizem com a numeração da etiqueta. Gente, isso é muita crueldade!!! As mulheres estão engordando demais ou tudo esta encolhendo?

As propagandas, as revistas, a televisão definitivamente não gostam de quem está acima do peso. Estar acima do peso é necessariamente estar gordo? Às vezes nem sempre é nessa ordem, os padrões delimitados nos fazem pensar que estamos imensamente gordas e que deveremos correr para fazer uma dieta e tratar logo de secar, pois estamos no planeta Anorexia.

Histórias como essas presenciamos ou somos vítimas delas todos os dias e em todos os lugares. Oh, planeta torturante. Mas onde tiramos a ideia que para ser bonita e feliz deveremos ser magras? Na televisão é tão lindo ver as mulheres correndo de um lado para outro, mais secas do que nunca. Revista de modas já coleciona ossos em suas capas, meninas e moças na passarela quase a flutuarem na iminência de sofrerem um desmaio por fraqueza e desnutrição. A mulher ainda luta pelo seu devido lugar na sociedade e busca o que lhe é oferecido conforme a constituição de 1988, onde todos somos iguais e temos os mesmos direitos, mas lá não dizia que ela deveria ser obrigatoriamente magra. Ditadura da magreza, mais um padrão criado pela mídia em parceira com o mundo da moda. Quem é mais cruel? Páreo duro esse... As propagandas, as revistas, a televisão definitivamente não gostam de quem está acima do peso. Estar acima do peso é necessariamente estar gordo? Às vezes nem sempre é nessa ordem, os padrões delimitados nos fazem pensar que estamos imensamente gordas e que deveremos correr para fazer uma dieta e tratar logo de secar, pois estamos no planeta Anorexia. Eu arrisco até fazer um trocadilho com um ditado popular: Gordinhos no planeta Anorexia é Rei, pois não passa fome.

Nádia Soares é publicitária, especialista em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, pela Universidade Federal do Espírito Santo.


CULTURA E ESPORTE 11

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Histórias que a bola não conta Hadson Santiago

O Democrata de hoje e o rebolo de 1983 No sufoco e aos 45 minutos do segundo tempo, o Democrata venceu a URT (União Recreativa dos Trabalhadores) por 1x0, gol de Paulinho. Foi a primeira vitória da Pantera no Campeonato Mineiro 2015, após quatro derrotas consecutivas. Restam apenas seis partidas nesta curta competição, sendo duas em casa (Mamoré e Caldense) e quatro fora (Guarani, Tombense, Villa Nova e América-BH). Não vai ser fácil e, a partir de agora, o objetivo mudou. Antes do início do campeonato, diretoria, comissão técnica e jogadores do Democrata tinham o mesmo discurso. A Pantera almejava a classificação às semifinais e buscava uma das duas vagas de Minas Gerais para o Campeonato Brasileiro da série D. Sem querer ser mais realista que o rei, hoje o objetivo primordial é outro. Manter-se na Primeira Divisão é o desejo de todos os democratenses. Um rebaixamento em 2015 seria desastroso, uma ducha de água fria nas pretensões do clube em crescer nacionalmente e se manter em atividade durante todo o calendário do futebol, seguindo os exemplos de Tupi, Boa Esporte e Tombense. O técnico Gilmar Estevam estava apreensivo na entrevista coletiva após a vitória sobre a equipe de Patos de Minas. Ele sabe que, apesar da luta e entrega dos jogadores, isso não está sendo suficiente para fazer a equipe jogar bem e conseguir os resultados de maneira convincente. Até agora a equipe não deu liga. Alguns jogadores estão deixando a desejar. Infelizmente, isso acontece. Veja, caro leitor, o exemplo do Júlio Baptista, no Cruzeiro. Contratado em meados de 2013 a peso de ouro, até agora o jogador não caiu, e nem vai cair, nas graças do torcedor cruzeirense. Seu contrato vence em agosto deste ano e ele encontra-se contundido, sem previsão de volta. E dizem que JB custa aos cofres do Cruzeiro mais de 1 milhão por mês. Ô dinheiro jogado fora, diria o meu amigo Luiz Carlos da Silva, o popular Luizão, competente professor de História. Fazer o quê? Em 1983, o Democrata montou um excelente time. Trouxe o volante Vítor Hugo (ex-Palmeiras e Grêmio), o ponta-esquerda Macedo (ex-Cruzeiro), o centroavante Dirceu Belisquete (exVilla Nova-MG) e os meias Brás (ex-Valeriodoce) e Luiz Carlos Gaúcho (ex-América-BH), além do disciplinador técnico Iustrich. Contava ainda com o goleiro Zé Maurício, os laterais Marreta e Aldeir, este ex-Uberaba, os zagueiros Cedenir e Pagani, além do goleador Jairo, o garoto de Virginópolis (MG). Timaço!

Arquivo ECD

Em 12/06/1983, Jairo, de pênalti, marca para o Democrata contra o Valeriodoce, partida realizada no Mamudão

Só no papel... A equipe não conseguiu se entrosar, não dava sorte, faltava competência e inspiração. O Homão, como era chamado o técnico Iustrich, não conseguiu dar ao Democrata um padrão de jogo, mesmo contando com vários medalhões na equipe. Resultado, a Pantera terminou a competição em penúltimo lugar, à frente somente da rebaixada AA Caldense. Entretanto, o regulamento do Campeonato Mineiro de 1983 previa o “rebolo”, ou seja, um confronto entre o penúltimo colocado da Primeira Divisão (EC Democrata) e o vice-campeão da Segunda Divisão (Alfenense). A disputa, uma melhor de 4 pontos, daria ao vencedor uma vaga na elite do futebol mineiro. Tempos em que a vitória valia apenas 2 pontos. Em 04/12/1983, o Democrata foi a Alfenas, no Sul de Minas, e venceu o Alfenense por 2x1. Quatro dias depois, no Estádio José Mammoud Abbas, a vitória daria à Pantera a permanência na Primeira Divisão. Jogo nervoso, arbitragem confusa e muita chuva caracterizaram o embate. E o placar apontou um empate por 1x1. Seria necessário uma terceira partida em campo neutro, pois nenhuma das duas equipes havia conse-

guido 4 pontos. Foram jogar em Belo Horizonte, no decadente Estádio Raimundo Sampaio, o Independência, então jogado às traças e caindo aos pedaços. Uma reforma foi realizada poucos anos depois pelo governo mineiro. E em 11/12/1983 o Democrata se impôs, jogou bem e venceu o Alfenense por 4x2, garantindo sua permanência na Primeirona. Mas, como o futebol brasileiro nunca foi sério, a Federação Mineira de Futebol aumentou o número de participantes do Campeonato Mineiro de 1984 de 12 para 14 clubes. Assim, a rebaixada Caldense ressuscitou e o Alfenense também garantiu uma boquinha na Primeira Divisão, tornando em vão todo o esforço do Democrata em vencer o rebolo para se manter na elite do futebol mineiro. Esse artifício escuso já beneficiou algumas equipes em Minas Gerais, sendo o exemplo do Fluminense, em nível nacional, o mais asqueroso de todos. Histórias do maltratado futebol brasileiro...

Hadson Santiago Farias é democratense desde o dia em que nasceu.

MEMÓRIA Museu da Cidade

A praça Serra Lima de outrora A Praça Serra Lima, em foto que não tem data precisa, e registrada como dos anos 1950, no tempo em que a cidade ainda estava em formação. Alguns detalhes chamam a atenção nesta foto, como o ângulo em foi tirada, mostrando no horizonte a área montanhosa onde hoje se localizam os bairros Nossa Senhora da Graças, Carapina, Grã-Duquesa, Maria Eugênia e outros. Outro detalhe: os bancos eram patrocinados por empresas da cidade. O banco à esquerda tem o patrocínio da empresa Cosmopolitana, que beneficiava mica, um mineral que era vendido para o mercado externo, cujo comércio moveu a economia da cidade. O outro banco tem o patrocínio do Foto Vitória. Nos dias atuais, no mesmo ângulo do fotógrafo que fez esta foto, dá pra ver, a menos de 100 metros, o Edifício Plaza Center, onde se localiza a redação deste Figueira.

www.minasteconline.com.br


FUTEBOL

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FIGUEIRA - Fim de semana de 6 a 8 de março de 2015

GUARANI X DEMOCRATA, SÁBADO - 16 HORAS - EM DIVINÓPOLIS

Pantera busca mais 3 pontos em Divinópolis Depois de conquistar os primeiros 3 pontos contra a URT, em Valadares, Democrata espera somar mais 3 neste sábado, contra o Guarani Da Redação

Rubens Júnior / Assessoria de Imprensa do ECD

Ao contrário do que aconteceu em outros jogos, o Democrata não jogou bem contra a URT. Errou muitos passes e mostrou um inexplicável desentrosamento, tudo em função da ansiedade, pelo menos foi o que explicaram os jogadores e membros da comissão técnica. Mas para ser tudo ao contrário de outros jogos, o resultado final do jogo foi: Democrata 1 x 0 URT, com gol de Paulinho, de cabeça, aos 45 minutos do segundo tempo. E para ser de fato tudo ao contrário, até o árbitro anotou coisa errada na súmula: quem fez o gol foi o Paulinho, mas quem foi pra súmula como autor do gol foi João Paulo. A confusão se deu porque o gol aconteceu numa cobrança de escanteio. A bola caiu na área e Paulinho subiu de cabeça e estufou as redes da URT. Só que cada jogador do Democrata que subiu junto com Paulinho, correu em direções diferentes, comemorando o gol , como se tivesse sido o autor, confundindo o árbitro. Paulinho até deu uma dica, em vão: foi o que mais vibrou, tirou a camisa, bateu no peito mostrando que tem sangue bom, mas, nem assim, convenceu o árbitro Cleisson Veloso. Para o torcedor, não importa quem foi o autor do gol. O que importa é que a Pantera saiu da lanterna e foi para o 10o lugar, fora da zona de rebaixamento. Mais tranquilo A vitória tirou a pressão que havia sobre os jogadores, aquela obrigação de ganhar a qualquer custo. O time continua precisando de vitórias, mas sem a pressão que ocasionou tantos erros no último jogo, uma boa atuação contra o Guarani é esperada por todos. O time viajou na quinta-feira para Itaúna (cidade próxima a Divinópolis, onde está hospedado) bem mais tranquilo. O goleiro Fábio Noronha, que se contundiu no jogo contra a URT ficou em Valadares. O grandalhão Eduardo terá mais uma chance no gol da Pantera. O zagueiro Jadson, que vinha se recuperando de um problema no joelho e sentiu cãibras na partida contra a URT, sendo substituído por Rodrigão, viajou e pode jogar. Caso vença, o time pode subir até duas posições na tabela e aos poucos vai espantando o fantasma do rebaixamento. O jogo em Divinópolis, que seria no domingo, teve a data alterada a pedido do Guarani, para fugir da concorrência com o clássico Cruzeiro x Atlético, no domingo, em BH.

Paulinho (11) marca aos 45 minutos do segundo tempo, tira a camisa sai vibrando, mas o árbitro anota na súmula o nome de João Paulo (9)

Canto do Galo Rosalva Luciano

Atleticana e cidadã: a herança que recebi da minha mãe Talvez fosse melhor esta coluna não levar o meu nome nesta semana fatídica, chata, inusitada para uma atleticana. Sem cor e sem brilho. A alegria não veio, trocada por muita tristeza. O meu foco saiu muito do que acontece ou acontecia no Atlético. Do Canto do Galo, o som mais lindo das Alterosas, nem bateu a vontade de repetição. Desinteresse total para escalações e placar. O cenário nada tinha a ver com o que eu mais gosto, nada de gramados. Minha mãe morreu. Perdi a minha mãe para a vida eterna, para um endereço bem melhor, para a situação de glória, mas acho que ela poderia ficar mais um pouquinho, tenho certeza que veria ainda muitos troféus do time que amava tanto. 97 anos ilustraram uma história digna de cópias, passada a limpo com tudo que traz dignidade e cidadania. Com uma lucidez impressionante, encantava a todos. Dela veio o “apaixonadamente atleticana”, dela veio este amor incondicional, dela veio este grito forte de Galoooo. Nestes dias finais, um boneco com o uniforme do Galo ficava bem juntinho do soro e com humor justificava: “melhoro e vou sair daqui porque tenho Galo na Veia”. Só que não saiu, só que a melhora não apareceu. O aquecido sangue preto e branco não foi suficiente para circular com toda a destreza de que precisamos, necessário para a vida. O coração enfraquecia e silenciava suas histórias do time querido, muitas vividas com meu pai. O ar desapareceu num suspiro de amores, apenas tranquilamente suspirou, mas acabou. Você é atleticano? Era a pergunta insistente que sempre fazia aos profissionais da saúde e até aos que ela nem conhecia, quando entravam no quarto. Já não si-

nalizava nada para ela, mas para a família chegava a aterrorizar. Não existe hora para isto, não existe tempo para a morte, acho até que morrer é bem fora de moda. A derradeira hora chegou, serena, tranquila mais doída para mim, inclusive uma dor que continua simplesmente latejante. Lágrimas desidratam. Vai passar? Claro que vai... tudo passa, mas nada disso deveria ter acontecido para passar. No jogo contra o time da Ucrânia , FC Shakhtar Donetsk, a Torcida Força Jovem Atleticana levou uma bandeira de 4 x 4 m para o Independência com o silk da foto dela num sorriso sublime porque estava ao lado do Galo Doido numa determinada ocasião, uma homenagem sem precedentes. Ela acamada, mas acompanhando tudo pelo Whatsapp, disse a todos que estavam por perto: para mim não precisava mais nada. A emoção tomou conta de todos e fez com que apresentasse uma melhora grande. Uma pena, foi temporária. Enfim, esta bandeira adornava a sala onde estava sendo velada. Junto com ela, a camisa que nos faz mais importantes e ao chegar o momento doloroso ela foi estendida sobre o vestido lindo. Foi enterrada com o manto sagrado, como sagrada foi a sua existência. Na segunda pior hora, já no túmulo e de onde aquela urna falava a pior frase possível: “não veremos mais”, foi entoado lindamente o Hino do Galo. Momento único para uma mãe quase única. Desculpem-me amigos e leitores se o contexto não é pertinente para este espaço. Hoje, mais do que ao Atlético o meu maior amor é para ela: “Bença, Mãe”. Aqui é Galo, aqui é a minha mãe!

Arquivo Pessoal

Enfim, esta bandeira adornava a sala onde estava sendo velada. Junto com ela, a camisa que nos faz mais importantes e ao chegar o momento doloroso ela foi estendida sobre o vestido lindo. Foi enterrada com o manto sagrado, como sagrada foi a sua existência. Na segunda pior hora, já no túmulo e de onde aquela urna falava a pior frase possível: “não veremos mais”, foi entoado lindamente o Hino do Galo. Momento único para uma mãe quase única. Rosalva Campos Luciano é professora e apaixonadamente atleticana.


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