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Fim de semana com sol entre nuvens. Não chove! www.climatempo.com.br

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34o 21o

MÁXIMA

ANO 2 NÚMERO 43

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 16 a 18 DE JANEIRO DE 2015

FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EXEMPLAR: R$ 1,00

Arquivo Pessoal

Nível do Rio Doce continua baixo A média histórica de vazão do Rio Doce em Janeiro, em Governador Valadares, é de 1090 m3 por segundo (dados da CPRM). O que temos visto neste início de 2015 ano são vazões de 172, 112, 230 m3 por segundo. A questão para o abastecimento em Governador Valadares, em outras cidades da bacia e também em algumas indústrias, não é a vazão, mas o nível (cota) do rio. A maior parte das captações ao longo do rio Doce são feitas em estruturas antigas, usadas quando a média do nível do rio por aqui era outro, acima do que se tem observado. Por isso, as empresas de saneamento têm buscado implantar bombas, não só em Governador Valadares, como em várias cidades da bacia, em outras áreas do rio Doce, que consigam captar a água que passa pelo rio Doce. Normalmente isso era feito em setembro, agora as providências já estão sendo tomadas no começo do ano. As informações são da Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos do Comitê da Bacia Hidrográfia do Rio Doce (CBH DOCE). Pietro Facundes, 22 anos de idade (foto), transexual homem, bissexual, conta à reporter Gina Pagú que se reconheceu homem desde sempre. Mas que se assumiu há 4 anos. “Sim, eu nasci em um corpo feminino, mas não me identifico como gênero que me designaram. Não é fácil você acordar todos os dias se olhar no espelho e ver que tem coisa errada ali. É um processo de reconhecimento e aceitação, tanto meu, como familiar. Hoje faço tratamento hormonal, tomo hormônios há 2 anos e estou muito feliz com o resultado. A voz já se modificou, a barba já aparece. Na realidade eu nunca fui uma mulher feminina, sempre gostei de brincar com meninos, vestir roupas largas. Roubava roupas e acessórios do meu irmão. Eu nem sabia o que era ser homem ou mulher, mas as pessoas me diziam que meu comportamento não era coisa de mocinha.”

Lucinha Teixeira

Páginas 6 e 7

Pessoas Físicas também podem patrocinar eventos culturais pela Lei Rouanet. Página 10

Inscrições para a corrida rústica do aniversário da cidade já estão abertas Os amantes de corrida já podem preparar o tênis e intensificar o treinamento. Um dos mais tradicionais eventos em comemoração ao aniversário da cidade, a Corrida Rústica, já está com as inscrições abertas, até o dia 4 de fevereiro. Este ano, a Corrida será realizada no dia 8 de fevereiro (domingo), a partir das oito horas, com largada na Praça dos Pioneiros. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site da prefeitura www. valadares.mg.gov.br – no link Corrida Rústica, ou pessoalmente, no horário de 12h30 às 17h30, na sede da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Lazer, que fica localizada na Av. Brasil, 2920 – 3º andar – Centro. Para se inscrever é preciso apresentar identidade, CPF e comprovante de residência atualizado.

Democrata pega o Real no Mamudão O Democrata fará neste sábado mais um jogo amistoso preparatório para o Campeonato Mineiro 2015. O adversário é o Real Noroeste Capixaba, time da primeira divisão do futebol do Espírito Santo. No último sábado, o Democrata enfrentou o Real Noroeste em Águia Branca, ES, e perdeu o jogo por 3 x 2. Leia na página 12, a incrível história do goleiro democratense Buiana, que em 1979 defendeu três pênaltis numa mesma partida, no tempo normal. Inacreditável! Páginas 11 e 12 Rubens Júnior

Em Águia Branca, o Democrata jogou com uniforme de treino, usado por Ricardo Duarte (44), mas neste sábado vai estrear o uniforme oficial, branco


OPINIÃO

Editorial

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FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de Janeiro de 2015

Tim Filho

As armadilhas tucanas

Nem todo mundo é CHARLIE

Com uma pequena ajuda de Charles Schulz

Desde que Minas Gerais existe, da fundação de Mariana, no início dos anos 1700, sucederam-se governos bons e ruins para o povo, todos eles de visão aristocrática, de que o exercício do poder é destinado a poucos, dentro de uma classificação social que só esses poucos sabem como foi instituída. Mesmo o governo mais próximo de uma visão popular foi exercido por Itamar Franco, que vinha de prestar-se a vice presidente de Fernando Collor, o ungido pelas oligarquias brasileiras para impedir os avanços democráticos que a redemocratização e a Constituição de 1988 indicavam. Deste modo, não basta entender que a chegada do PT ao governo do Estado, com o economista e professor universitário Fernando Pimentel rompe um ciclo de 12 anos de governo tucano. Rompe o modo aristocrático de se governar Minas desde sempre, o modo distante do povo, física e espiritualmente. Na forma e no conteúdo. A chegada do PT ao Palácio da Liberdade, com uma vitória em primeiro turno, para não deixar dúvidas quanto à vontade dos mineiros, passa agora por seus primeiros testes, as armadilhas que os tucanos deixaram. Tucanos, por que seria muito chamá-los de sociais democratas. Eis algumas: 1. Ao longo de 12 anos foram negadas aos servidores as férias prêmio a que tinham direito. Todas foram concedidas agora, na passagem de governo. Desse modo, secretarias inteiras estão esvaziadas. Há situações em que as férias prêmio se estenderão até por dois anos. Nos muitos casos em que essas férias são de pessoas que estavam em cargos de confiança, os vencimentos não são os básicos, mas os do cargo de confiança em que estavam. Assim, o novo governo terá de dar posse e pagar a um diretor e pagar o mesmo a um ex-diretor em férias prêmio; 2. As contas de dezembro foram pagas, de modo que se podia declarar para a mídia: “pagamos o dezembro”. Mas, as de agosto, de setembro, de outubro e de novembro em muitas secretarias continuaram sem pagamento. Esse estranho modo de jogar para a mídia, para o marketing, e não com critério honesto de administração, tem sido detectado em muitos órgãos do governo estadual; 3. Das reitorias das universidades estaduais a outros órgãos, os processos de sucessão previstos para 2015 foram antecipados para o período pós-eleitoral, de modo a se dar posse ainda no governo tucano, para cargos com mandatos de três, quatro anos, engessando possibilidades de mudanças afinadas com o que o povo mineiro decidiu nas urnas. Em todas essas situações vê-se a tentativa de manter o controle do aparelho do Estado, de proteger os seus quadros e criar condições para o “venceu as eleições mas não terá como governar”. Tais armadilhas, somadas às que serão expostas na auditoria das contas públicas contratada pelo governador Pimentel, exigem sobriedade e muita atenção do novo governo: para sair delas, para não frustrar as esperanças do povo mineiro, para não deixar que os mandantes de sempre sabotem por dentro um governo que deve representar os compromissos democráticos de inclusão e igualdade que vêm sendo acalentados nesta terra desde as lutas pelo fim da ditadura militar.

Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-81 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo

Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira

Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br

Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

Parlatório Até 1938, não existia a cidade de Governador Valadares. Existia o distrito de Figueira, que pertencia ao município de Peçanha. Ao se emancipar, Figueira passou a se chamar Governador Valadares, nome em homenagem ao ex-governador Benedito Valadares. Você concorda com a escolha deste nome, ou considera que o nome da nossa cidade deveria ser Figueira? Governador Valadares, este é o nome da minha cidade SIM

João Lopes da Cunha

Sou filho de pioneiros e quando nasci, já existia Governador Valadares, esta cidade maravilhosa, conhecida mundialmente como a “capital do voo livre”. O nome é uma homenagem a um grande homem público de Minas Gerais, o governador Benedito Valadares, cujo nome completo e grafado corretamente é Benedicto Valladares Ribeiro. Muitos tentam desqualificá-lo, afirmando que ele não era governandor e sim “interventor de Minas Gerais”, nomeado pelo presidente Getúlio Vargas, ainda Estado Novo. Tudo isso é uma grande bobagem. Interventor ou não, Governador ou não, quem governava Minas Gerais à época da emancipação de Figueira? Ele, claro, Benedito Valadares. Logo, ele era o governador e não se fala mais nisso. Outra bobagem que os saudosistas falam é que Benedito Valadares não merece dar nome à nossa cidade

porque ele não fez nada por aqui. Ora, basta ir à Escola Estadual Nelson de Sena, que fica ali na Rua Barão do Branco e ler o que está escrito na placa: obra de Benedito Valadares. O nosso ex-governador também construiu a cadeia pública e se preocupou em melhorar os serviços de saúde no município. A verdade é que já se passaram 77 anos e o nome da cidade, na minha opinião, foi muito bem escolhido. Governador Valadares é o nome da minha cidade.

Interventor ou não, Governador ou não, quem governava Minas Gerais à época da emancipação de Figueira? Ele, claro, Benedito Valadares. Logo, ele era o governador e não se fala mais nisso.

João Lopes da Cunha é valadarense e comerciante.

Figueira tem mais a ver com a nossa história NÃO

Luiz Lobo

Temos o costume de ir reduzindo os nomes por isso todo José acaba virando Zé. Com as cidades deve ser a mesma coisa. Vejam o caso de Los Angeles nos Estados Unidos. Era uma vila da América Espanhola chamada “NuestraSeñora La Reyna de Los Angeles”, foi reduzido para Los Angeles e hoje é simplesmente LA. Mas não é necessário ir tão longe assim, vejam o nosso caso. A origem mais provável da ocupação do local onde é a nossa cidade foi a criação do Porto de Dom Manuel local onde uma das seis Divisões Militares do Rio Doce, criadas por uma Carta Régia de 1808 se instalou. Bom... o local já era ocupado por índios, no atual Bairro São Pedro já foram encontrados diversos vestígios dessa ocupação que deveria ter um nome que se perdeu... Com a decadência do ouro, ficou sem sentido a ocupação militar que visava controlar o acesso às áreas mineradoras e impedir contrabandos. Em 1867 já éramos um vilarejo conhecido como Porto da Figueira, provavelmente um “Distrito de Ordenança” que era o nome dado aos locais de destacamentos militares. Nesse ano há uma Lei do governo de então oferecendo o “privilégio” de 40 anos de exploração para quem construísse uma estrada entre Diamantina e Porto da Figueira... Em 1882, o povoado virou um “Distrito de Paz”, o que significava ter um Juiz de Paz e um cartório e o nome passou a ser Baguari. Esta palavra de origem indígena significa vagaroso, lento, corpulento. O Rio Doce não poderia ser descrito melhor, talvez até esse fosse o nome do assentamento indígena que havia aqui. Mas em 1884 o distrito passou a fazer parte do município de Peçanha e recebeu o nome cristão de Santo Antônio da Figueira, em 1923 passou a ser simplesmente Figueira e com este nome foi emancipado em 31/12/1937, sendo a data de 30 de janeiro de 1938 aquela de instalação do município, e passou a se chamar Governador Valadares, que chamamos de Valadares ou simplesmente GV. Bom... porque mudou-se o nome? Tenho uma opinião sobre isso. O primeiro prefeito de Figueira foi

nomeado pelo Benedito Valadares, era o Moacyr Palleta. Nunca consegui saber de onde ele era, mas sei que não era daqui. Devia ser um funcionário publico designado para a função que cumpriu por cinco anos. Imagino que uma forma que encontrou para manifestar sua gratidão ao chefe foi dar seu nome à cidade que dirigia. Acho que a elite da cidade na época deve ter sido convencida que tendo uma cidade com seu nome, Benedito traria para cá muito benefícios e vantagens, o que não ocorreu, ficou apenas o nome. Acho que o nome Figueira tem mais a ver com nossa história. A figueira que ocorre em nossa região é a gameleira (fícus adhatodifolia), também conhecida Mata-pau, árvore típica da Mata Atlântica. Ainda é possível ver algumas nas margens do Rio Doce. Aquela em especial que deu seu nome ao povoado devia ser um exemplar magnífico, com mais de 20 metros de altura. Como sua copa é espalhada devia proporcionar uma generosa sombra... A gente tem de começar a pensar nossa história de forma diferente, não somos uma “cidade jovem” e sem história. Vejam só: o primeiro Juiz de Paz chegou há 133 anos, e quando chegou o povoado existia havia mais de 50 anos... Quando o Palleta veio tomar posse de seu cargo a Figueira existia e resistia por mais de 100 anos. Nossa história não é desconexa da historia de Minas Gerais nem do Brasil. Precisamos assumir isso! Viva Figueira!!!

Acho que o nome Figueira tem mais a ver com nossa história. A figueira que ocorre em nossa região é a gameleira (fícus adhatodifolia), também conhecida Mata-pau, árvore típica da Mata Atlântica. Ainda é possível ver algumas nas margens do Rio Doce.

Luiz Lobo é engenheiro civil e valadarense.


POLÍTICA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de Janeiro de 2015

Da Redação

Sacudindo a Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

Diórgenes Lessa

Disque sossego O serviço “Disque sossego”, da Prefeitura Municipal de Governador Valadares, não está fazendo jus ao nome. É um desassossego. Uma moradora da Ilha procurou este Figueira e disse que sempre foi atendida com desdém ou grosseria quando fez contato com este serviço. Ela conta que desde o ano passado vem pedindo providências da Prefeitura para resolver o problema de som alto na Igreja do Evangelho Quadrangular localizada na Rua 18, número 388, na Ilha. Segundo esta moradora, a Igreja não tem isolamento acústico e o som incomoda demais.

Sem gasolina e hora extra A moradora disse que já fez várias denúncias no Disque Sossego deste município. “Já ouvi de atendentes do serviço que não foi possível realizar visitas porque a prefeitura cortou as horas extras e não tem gasolina, e não tem como ir no horário de culto”. No dia 18/12/2014, um atendente, muito grosseiramente, disse que os fiscais já foram lá na igreja várias vezes, no horário comercial, e não encontraram a igreja aberta, mas eu considero esta resposta absurda, afinal, a igreja tem uma placa bem na frente do templo, informando horários e dias de culto.

Ouvidoria ouviu e... Indignada, a moradora levou a denúncia para a Ouvidoria do município, falando do seu desassossego e da inoperância do Disque Sossego. Disse que enviou mensagem via correio eletrônico, falando do barulho, das horas extras e da falta de gasolina. “... certa das dificuldades que este serviço tem passado para cumprir o seu papel, venho através deste fazer reclamação formal. Caso a Prefeitura não me dê um retorno, eu, junto com meus vizinhos, vamos pedir providências ao Ministério Público”. A Ouvidoria ouviu e não respondeu. Durma-se com um barulho desses.

A faixa que protesta contra aumento no salário dos deputados está de volta à Praça do Vigésimo. E o “sujeito oculto” ainda afixou outra na Praça dos Pioneiros

Na próxima semana deve começar a chegar à rede pública de saúde dos municípios de todos os estados brasileiros o medicamento 3 em 1, que beneficiará, inicialmente, 100 mil novos pacientes com HIV em 2015. Para o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, a medida é um estímulo para que os pacientes permaneçam em tratamento. Aos poucos, aqueles que já estão se tratando com os três comprimidos fornecidos separadamente vão começar a usar a combinação. A dose tripla, considerado tratamento de primeira linha para quem tem o vírus HIV, é a combinação dos medicamentos Tenofovir (300 mg), Lamivudina (300 mg) e Efavirenz (600 mg). “Ele vai facilitar muito a vida de quem usa o medicamento, porque diminui a quantidade de comprimido durante o dia, o que aumenta a adesão ao tratamento”, disse o secretário. O Ministério da Saúde investiu R$ 36 milhões na aquisição de 7,3 milhões de comprimidos. O estoque é suficiente para atender os pacientes nos próximos 12 meses. Segundo Barbosa, a maioria dos pacientes permanece no tratamento, mas muitos, por estarem se sentindo bem e em alguns casos até acreditarem que o remédio pode fazer mal, decidem, por conta própria, interromper o uso do remédio. “Os antirretrovirais não curam, é importante que as pessoas tenham essa consciência”, explicou o secretário, alertando que quem tem o vírus tem de fazer o tratamento a vida toda, sem interrupções. “Qualquer interrupção pode

A diretoria do Esporte Clube Democrata, que trabalha dia e noite para deixar o time e o clube em condições de fazer bonito no Campeonato Mineiro 2015, vai cortar as carteiradas nos portões de acesso ao estádio no dia de jogos. As “autoridades” e os que se intitulam “autoridades”, em dia de jogos, colocam a carteira na cara do porteiro e, de forma truculenta, exigem a entrada sem pagamento de ingresso, ou seja, só com a carteira. Mas em 2015, isso vai acabar. Pelo menos é o que garante o presidente Edvaldo Soares dos Santos. Segundo o presidente, o clube cumprirá à risca o regulamento da competição, que determina as formas de ingresso e credenciamento. Parece piada: aqueles que dão as carteiradas são os que cornetam o time. Se perder ou empatar, saem cornetando.

Guaraparis

Pobres coitados -

A Jornalista Silvia Pilz, blogueira de O Globo, “disse o que pensa” sobre os pobres que frequentam consultórios médicos; “Normalmente, [o pobre] se arruma para ir a consultas médicas e aos laboratórios”, onde “provavelmente se sente em um cenário de novela”; tentando ser engraçada, ela afirma que pobre “faz drama, fica de cama” para não ir trabalhar quando tira sangue e que muitos sonham em “ter nódulos”; para arrematar seu desprezo, ela diz que “a grande preocupação do pobre é procriar”. O texto viralizou nas redes sociais e causou revolta. Mas ela não deixou barato e deu a sua resposta.

“A reação foi ridícula. E hipócrita também, porque as pessoas são todas bem hipócritas. Fui vítima de um linchamento digital dos militantes da ditadura do politicamente correto. Não ofendi ninguém e fiz um texto divertidíssimo”. Silvia Pilz, a blogueira do Globo

Rede pública de saúde vai receber medicamento 3 em 1 para 100 mil novos pacientes com HIV Da Agência Brasil

Cortando as “carteiradas”

levar o vírus a se multiplicar e também pode favorecer a resistência, levando a pessoa a não reagir mais ao medicamento e ter que buscar outro.” Tanto o 3 em 1, que começou a ser distribuído agora, quanto o 2 em 1 e o ritonavir 100 miligramas termoestável, que começaram a ser distribuídos em dezembro do ano passado, tinham o uso na rede pública previsto em protocolo publicado em dezembro de 2013. Esse protocolo estabelece também que todos os adultos com HIV, independentemente da carga viral, têm direito ao tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Jarbas Barbosa enfatizou que todas as pessoas com vida sexual ativa têm de fazer o teste de HIV. Segundo o secretário, até seis meses depois de iniciado o tratamento, 90% das pessoas com HIV/aids estarão com a carga viral indetectável e assim deixarão de ser transmissoras do vírus. Quanto mais cedo começar o tratamento, maior será a qualidade de vida do paciente. Segundo Barbosa, o Brasil oferece o que há de mais moderno no mundo para o tratamento de soropositivos. Os estados do Rio Grande do Sul e Amazonas, que têm as maiores taxas de detecção do vírus, recebem, desde novembro, a dose tripla combinada. Nesse período, cerca de 11 mil pacientes foram beneficiados nos dois estados. De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente cerca de 734 mil pessoas vivem com HIV e aids no país. Deste total, 80% foram diagnosticadas e, entre estes, 400 mil estão em tratamento. Todos os anos, cerca de 39 mil casos de aids são detectados.

O balneário de Guarapari agora é Guaraparis. Bem, pelo menos este é o verso repetido à exaustão em um jingle que circula nas redes sociais. O jingle, trilha de um vídeo com imagens de pobres na praia, é uma “tirada” com o prefeito daquela cidade, que não quer turista pobre nas suas praias. Quem se atreve a ir para Guarapari, volta de lá contando que o prefeito já deu várias entrevistas afirmando que foi “mal interpretado”.

Praça dos Pioneiros As comemorações do aniversário da cidade se aproximam e a Praça dos Pioneiros, localizada ao lado da Prefeitura, continua em situação deplorável, com muitas pessoas morando no palco da concha acústica, e utilizando os “camarins do palco” para tomar banho, lavar o rosto, escovar os dentes. Fazem pequenas fogueiras no local e amontoam colchonetes, barracas, cobertores (num calor desses, quem aguenta?). Ocupam também parte da área externa do prédio da Prefeitura. O mau cheio das fezes e urina grassa pela área ocupada. Tudo sobre a complacência das autoridades. É o direito de ir vir. E permanecer.

Prefeitura e Banco do Brasil oferecem vantagens para servidores municipais A Prefeitura de Valadares e o Banco do Brasil têm uma novidade. A partir de agora, o empréstimo consignado (com desconto direto na folha de pagamento) para servidor efetivo do município pode ser feito diretamente nos caixas eletrônicos, pela internet ou pessoalmente numa agência do Banco do Brasil. Antes, o servidor tinha que solicitar uma carta

margem ao Departamento de Recursos Humanos (DRH) para comprovar se o percentual a ser comprometido pelo empréstimo representaria até 30% da renda do servidor, conforme estabelecido por lei. A única exigência é que o servidor seja correntista do banco. Antes de se fazer o empréstimo, é possível fazer uma simulação nos caixas eletrônicos para ver o valor aproximado das parcelas, as taxas de juros etc. Quer saber mais? Acesse: www.bb.com.br.


METROPOLITANO 4

FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de Janeiro de 2015

Agentes identificam foco de infestação da dengue Trabalho de identificação foi realizado para elaboração do 1o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes Aegypti, o LIRAa Da Redação

Cerca de 80 agentes de endemias vistoriaram nesta semana aproximadamente 5 mil imóveis para elaboração do 1º Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) deste ano. Além de identificar as áreas com maior ocorrência de focos e infestação do mosquito que transmite a dengue e, também a febre Chikungunya, o LIRAa serve para que sejam adotadas ações que inibam o aumento dos casos de dengue e o surgimento da febre Chikungunya no Município. A previsão é de que o resultado seja divulgado até o dia 23 de janeiro. A novidade é que, desta vez, os agentes vão contar com um reforço na confecção do 1º LIRAa de 2015: o Dengue Report - aparelho celular com câmera que substitui as planilhas de papel por formulários digitalizados, o que garante agilidade, precisão e segurança nas informações repassadas para a central. Para que o trabalho seja feito de maneira rápida e eficaz, na última semana os agentes foram treinados sobre a forma correta de utilizar o equipamento, transformando-o em um aliado durante as vistorias. Até 20 de dezembro de 2014, foram registradas 1.194 notificações de casos de dengue em residentes de Governador Valadares, a metade do registrado no mesmo período de 2013, quando foram 4.870 notificações. Em ambos os anos não houve registro de mortes em função da doença no Município. “Embora o número de casos teAté 20 de dezembro de 2014, foram registradas 1.194 notificações de casos de nha diminuído e, não esteja chovendo, não dengue em residências de Governador Valadares, a metade do registrado no podemos relaxar. É preciso manter os hábimesmo período de 2013, quando foram 4.870 notificações. Em ambos os anos tos de depositar areia na borda dos pratos de vasos de plantas, colocar tela ou jogar não houve registro de mortes em função da doença no Município. água quente uma vez por semana nos ralos, dentre outros para que a dengue não volte com ainda mais força”, alerta o técnico refe- feito em abril, que foi de 7%. Como nos rola, Kennedy, Bela Vista, Fraternidade, Vila Cidade Nova (2,4%). E ainda: Jardim do rência em dengue do Município, José Batis- anos anteriores, a maior incidência de focos Ozanan, São José, N. Sra. De Fátima, com Trevo, Santa Paula, Planalto, Turmalina e Retiro dos Lagos, com 3,1% das residências ta dos Anjos Júnior. continua dentro das casas, nos ralos (48%), 7,3% dos imóveis com focos. Já a região dos bairros Capim, Conjunto com foco. seguida pelas tinas/tonéis e tambores Além do levantamento do mosquito Levantamento (21,1%), pratos de vasos de plantas (16,5%), SIR, Universitário, Sítio das Flores, Santos bromélias (6,1%), focos de lixo (4%), caixas Dumont I, Santos Dumont II, Sion, Belvede- transmissor da dengue, foi feito o do Aedes re e Recanto dos Sonhos apresentou menor albopictus – uma espécie de primo do aeO terceiro e último Levantamento de Índi- d’águas (2,8%) e pneus (1,5%). ce Rápido por Infestação de Aedes aegypti Os bairros que apresentaram maior índi- índice (1,9% dos imóveis com foco), também gypti, que transmite a febre Chikungunya. (LIRAa) de 2014, divulgado em novembro ce também são os mesmos do levantamento diferentemente do último LIRAa. Em se- O resultado apontou que não há infestação pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) anterior: São Paulo, Santa Terezinha, Ilha guida, vêm os bairros Grã-Duquesa, Nossa deste mosquito em Valadares (sede). Já apontou um índice de 5,3% dos imóveis com e São Tarcísio (9,3%). E ainda: Santa Rita Senhora das Graças, Maria Eugênia, Santo nos distritos de Penha do Cassiano e Nova foco do mosquito – menor que o anterior, (7,9%) e Vila Império, Palmeiras, Jardim Pé- Agostinho, Lagoa Santa, Morada do Vale e Floresta foram encontrados alguns focos.

Exames preventivos realizados pela rede pública têm aumento em 2014 Palestra será realizada em parceria com o CIEMG e SESI como parte do Programa Minas Sustentável Da Redação

Conhecido por prestar um serviço de excelência no diagnóstico e tratamento do câncer de mama em Minas Gerais, o Centro Viva Vida de Referência Secundária (CVVRS), da Prefeitura Municipal de Governador Valadares, destaca-se também na prevenção ao câncer de colo de útero – considerado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) o terceiro tumor mais frequente na população feminina, perdendo apenas para o câncer de mama e colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Para que a doença seja descoberta e tratada o quanto antes, todo primeiro sábado do mês é realizado no CVV o tradicional Mutirão Preventivo – momento no qual as mulheres fazem o Papanicolaou (exame rápido e indolor capaz de diagnosticar precocemente o câncer de colo uterino, aumentando as chances de cura da paciente). E os números mostram que o trabalho do Centro Viva Vida, realizado juntamente com toda a rede municipal de saúde, vem dando resultados. A cada ano, mais e mais mulheres estão empenhadas em cuidar da saúde, submetendo-se a ultrassonografias, mamografias, preventivos, tratamentos, cirurgias etc. Em 2012, foram realizados 16.003 exames preventivos pela rede pública de saúde de Valadares, sendo 557 deles com alterações. No ano seguinte, em 2013, esse número au-

mentou para 16.912 exames feitos e caiu para 409 o número de alterados. Em 2014, os números cresceram ainda mais: foram 18.661 preventivos e 385 alterações – 1.749 exames a mais do que em 2013. “Com o empenho de toda a rede, estamos conseguindo atingir mais mulheres, mostrando a elas a importância de se fazer o preventivo. Os resultados da diminuição de preventivos alterados e o aumento de exames realizados demonstram que a doença está sendo detectada e tratada mais cedo, não permitindo que a lesão se torne grave, o que é um avanço”, concluiu a coordenadora do Centro Viva Vida, Lorena Karoline Nunes da Silveira. Próximo mutirão O primeiro Mutirão Preventivo deste ano acontecerá no dia 7 de fevereiro – um sábado, como já é de costume. Na ocasião, além de fazer o Papanicolaou, as mulheres que comparecerem ao CVVRS terão a o oportunidade de agendar mamografia. As senhas serão distribuídas das 7 às 8h e os exames realizados somente na parte da manhã. As interessadas devem levar cartão do SUS, comprovante de residência e identidade. O Centro Viva Vida fica na rua São João, 344 – Centro. Telefone: (33) 3212.3308.

CURSO

Lira 30 de Janeiro abre inscrições para cursos Estão abertas as inscrições para os cursos de teoria musical e instrumentos de sopro oferecidos pela Banda Lira 30 de Janeiro. Ao todo, serão formadas três turmas – manhã, tarde e noite (são admitidos alunos de todas as idades). As vagas são limitadas. As inscrições, que se encerram no dia 20 deste mês, devem ser feitas na sede da Lira 30 de Janeiro – rua Marechal Deodoro, 748. Informações pelos telefones 9119.0189 e 8861.2575.

Curso no Polo UAB O Polo de Educação a Distância da Universidade Aberta do Brasil de Governador Valadares (Polo UAB/GV) informa que a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está com inscrições abertas para um curso a distância sobre prevenção ao uso de drogas. Educadores interessados podem inscrever-se até 31 de janeiro.O processo seletivo será constituído de uma única etapa, de prova de títulos, com caráter classificatório, na qual serão consideradas a experiência docente e a formação acadêmica do concorrente. Mais informações: https://www.ufmg.br/ead O Polo UAB/GV fica na rua Sete de Setembro, 2479. Telefone: 3221.6716.


NACIONAL

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Notícias do Poder José Marcelo / De Brasília

Prejuízo milionário

Em alta

R$ 126 milhões. Este é o valor que o Ministério Público Federal (MPF) estima que o Estado tenha deixado de arrecadar por uma omissão de ex-diretores do DNIT e dos Correios. Todo esse dinheiro deveria ter entrado nos cofres públicos como pagamento de multas de trânsito cometidas por empresas que colocaram em circulação caminhões com excesso de peso. O problema é que as notificações nunca chegaram aos destinatários, ou melhor, aos infratores. A confusão seria resultado de uma estratégia que, para quatro procuradores da República que assinam a Ação Civil Pública, configura crime de improbidade administrativa.

Os números não deixam dúvidas: o Brasil entrou definitivamente na lista de destinos mais cobiçados por pessoas que desejam deixar seus países para viver como refugiadas. Só no ano passado, o Ministério da Justiça concedeu 2.320 pedidos de refúgio, três vezes mais que em 2013. De acordo com os dados do Conare, que é o Comitê Nacional para Refugiados, sírios e angolanos lideram a lista de novos moradores. O Brasil tem hoje 6.492 refugiados de mais de 80 nacionalidades. Uma as explicações para o salto registrado em 2014 foi o fato de o Brasil ter sediado a Copa do Mundo de futebol. É que, historicamente, é comum que grupos perseguidos aproveitem esses grandes eventos para mudar de país. Eles chegam como se fossem turistas e logo depois assumem a verdadeira intenção. No caso do Brasil, os casos mais conhecidos foi o dos ganeses que se concentraram principalmente na cidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.

Estratégia criminosa O esquema que tem entre os principais envolvidos o ex-diretor geral do DNIT, Luiz Antônio Pagot e o ex-presidente do Correios Carlos Henrique Almeida Custódio teria funcionado entre 2007 e 2010 e beneficiado pelo menos 91. Para inviabilizar a cobrança das multas, os suspeitos teriam criado uma situação de impedimento burocrático. O DNIT deixou de pagar os Correios pela entrega das notificações e a empresa pública que tem o monopólio para explorar o serviço postal, suspendeu as entregas. Como, pelo Código de Trânsito Brasileiro, a Administração Pública perde o direito de cobrar a multa se não enviar a notificação em trinta dias, a medida impedia as cobranças. Pelas contas do MPF, mais de 350 mil notificações deixaram de ser entregues no período.

Falta rigor Mas, para além da explicação oficial do governo existe outra, defendida por muitos especialistas. Para essas pessoas, o número de pedidos de refúgio vem crescendo porque o Brasil é muito condescendente e por que, praticamente nenhum pedido é negado. A avaliação é que, mesmo não cumprindo as exigências, dificilmente, alguém é mandando embora, ou seja, o comportamento do país acaba sendo um atrativo a mais para quem pensa em se mudar de país. Já o Ministério da Justiça, afirma estar capacitando a Polícia Federal para atender os refugiados e que atua para criar uma política nacional de atendimento a estes. Uma das medidas já foi adotada: desde 2012, a documentação fornecida pelo Estado brasileiro a esses moradores não traz mais a palavra refugiado, o que seria um elemento histórico de estigmatização dessas pessoas.

FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de Janeiro de 2015

Reforma política A nova legislatura que começa em fevereiro tem entre os desafios um assunto antigo: a reforma política. A novidade é que, desta vez, os parlamentares podem ser obrigados analisar um proposta de iniciativa popular. A iniciativa foi desencadeada no ano passado e tem como meta conseguir 1,5 milhão de assinaturas de eleitores para que possa ser aceita e que passe a tramitar no Congresso Nacional. Pelo menos cem entidades integram o grupo que trabalha para espalhar a ideia e ganhar adeptos. A avaliação dos responsáveis pela proposta é que apenas uma iniciativa popular, com adesão em massa dos eleitores, será capaz de forçar deputados e senadores a mudar as regras eleitorais no país.

Dois turnos A proposta de iniciativa popular sugere várias mudanças na legislação. Algumas são bem conhecidas como o financiamento exclusivamente público das campanhas e o reconhecimento de que os mandatos pertencem aos partidos. Já outras, representam mudanças radicais, como a possibilidade de dois turnos também nas eleições proporcionais, o que pode viabilizar o chamado voto em lista. A mudança é vista como uma forma de fortalecer os partidos. Um desafio e tanto, já que há um bom tempo, no Brasil, boa parte das siglas serve apenas ao propósito eleitoreiro, sem nenhuma preocupação com a ideologia ou com a elaboração de uma linha programática. É possível conhecer o conteúdo da proposta e até mesmo assinar a petição, pela internet. Basta acessar: www.reformapoliticademocratica.org.br

José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.

SAÚDE

Aedes Aegypti na rede Kristianne Moreira / Especial O século XX foi marcado pelo retorno de doenças muito conhecidas pela população e pela ciência, mas que haviam sido controladas. A dengue é um exemplo. Relatada no mundo desde o século XVII, é uma doença infecciosa bem conhecida e com causa bem definida: a transmissão de um vírus aos seres humanos por mosquitos Aedes aegypti, que foram importados da África para a América durante o período de colonização. Vários fatores influenciam na expansão da doença, entre eles, a biologia e os hábitos do mosquito transmissor; o aumento da densidade populacional em áreas urbanas; a falta de saneamento básico e o aumento no transporte de pessoas e cargas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), três bilhões de pessoas encontram-se em áreas de risco de infecção pelo vírus do dengue. Tal relato da OMS revela que, anualmente, ocorrem cerca de 50 milhões de infecções sendo que, destas, 500 mil evoluem para Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e levam a 21000 óbitos, especialmente em crianças. Cosmopolita, o mosquito disseminou-se por toda a faixa tropical das Américas devido ao seu peculiar modo de reprodução onde as fêmeas de A. aegypti realizam a oviposição próximo do nível da água, na parede de qualquer recipiente, desde os mais variados recipientes de águas domiciliares, como pneus sem uso, pratos usados para plantas, garrafas, latas, caixas d’água ou qualquer objeto que possa acumular água. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, até 26 de fevereiro de 2011, foram notificados 155.613 casos no país. A região Norte lidera em número notificações, com um total de 49.101 casos, o que equivale a 32% dos casos notificados no país. Nas demais regiões foram notificados os seguintes números de casos: Sudeste (42.092, 27%), Nordeste (28.653, 18,4%), Centro-Oeste (19.066, 12,3%) e Sul (16.701, 10,7%). Em uma análise por estados observa-se que cinco destes concentram 53% das notificações realizadas neste período, são eles: Amazonas, Acre, Paraná e Minas Gerais (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE – OPAS). Diante do exposto, como controlar a dengue? Para que se possa controlar uma doença é extremamente necessário aprender sobre ela. Em todo o Brasil são realizados diversos tipos de campanha com o objetivo de informar a população a respeito da doença e seus meios de controle. A grande maioria dessas campanhas dá ênfase ao controle do mosquito vetor, visto que, enquanto não há uma vacina eficaz que proteja a população contra o dengue-vírus o mais provável é que o dengue continue a ser

um problema graves nos anos que virão. Dessa forma, a maior arma de controle da doença é a erradicação do mosquito Aedes aegypti por meio de programas de controle eficientes, vigilância epidemiológica ativa e atuante, melhoria do diagnóstico laboratorial e, principalmente, a educação para a saúde. A internet é um importante meio para a veiculação de campanhas de combate à dengue. Atualmente, todas as campanhas de comunicação em massa relativas à saúde têm sua versão na internet. A utilização dos sites como ferramenta em prol da informação, educação e mobilização da população em relação às doenças vem se tornando muito comum nos últimos tempos devido, principalmente, a essa possibilidade de atingir a sociedade de forma ágil. No entanto, embora seja infindável a capacidade de a internet levar informação à sociedade é preciso considerar que informação não é conhecimento.

Cosmopolita, o mosquito disseminou-se por toda a faixa tropical das Américas devido ao seu peculiar modo de reprodução onde as fêmeas de A. aegypti realizam a oviposição próximo do nível da água, na parede de qualquer recipiente, desde os mais variados recipientes de águas domiciliares, como pneus sem uso, pratos usados para plantas, garrafas, latas, caixas d’água ou qualquer objeto que possa acumular água.

Geralmente, informações de todo tipo circulam pela rede prontas, desconexas e são incapazes de fazer parte de um processo de educação e mobilização social. Porém, o simples acúmulo de informações, onde não há raciocínio e reflexão ética, não contribui para o desenvolvimento social. Então, mesmo que sempre haja a possibilidade real de se levar inúmeros tipos de informações de encontro às pessoas estas nem sempre são relevantes para elas. Dessa forma é preciso considerar que, embora seja crescente o uso de computadores pelas pessoas, isso não quer dizer que haja verdadeiro acesso ao conhecimento, que não é neutro e está sempre impregnado de valores e propósitos, e que cabe a cada pessoa dar um sentido. .

Não é possível conceber o desenvolvimento de um país sem se pensar seriamente nas questões de saúde pública. A dengue, especificamente, é uma doença grave e, mesmo com todos os esforços empreendidos continua provocando mortes ano após ano. Em virtude de suas características específicas, o combate da dengue requer grande esforço da população e, então, nesse sentido, a palavra “desenvolvimento” significa colocar as pessoas em contato direto com o problema, mobilizando-as e incentivando-as a atuarem diretamente nas ações de combate à doença. No entanto, quando ainda não está disponível para a população uma vacina contra o vírus do dengue o controle do Aedes aegypti ou a sua erradicação representam as únicas opções para a prevenção de epidemias da doença. E, para isso, o desenvolvimento de programas eficazes de controle que incluam sites, blogs, entre outros, podem se tornar uma alternativa interessante de conscientização e educação da população. Para a população mais favorecida economicamente o acesso à internet já se tornou corriqueiro no nosso país, o que contribui sobremaneira para a divulgação da informação. E, embora saibamos que, neste momento, a penetração da internet na população de baixa renda ainda seja pequena, ela tem sido progressiva e permanentemente ampliada. Isso se deve muito às lojas do tipo “lan house”, que permitem à população menos favorecida ter acesso à rede com um custo mais baixo. Além disso, parte das escolas e bibliotecas públicas do país já dispõe de computadores conectados à internet fornecendo acesso gratuito para a população. Devemos ainda nos lembrar de que a internet, se bem utilizada, pode configurar-se como uma ferramenta de apoio eficiente no processo de ensino-aprendizagem. Portanto é possível que, com uma gestão social bem estruturada para o combate à dengue, o uso da rede tenha alto poder educativo. Basta constatar que os sites dos Ministérios do governo brasileiro são fonte de informação para as escolas (como professora de Ciências, utilizei-os muitas vezes) para os diversos tipos de unidades de saúde do país (no caso especificamente do site do Ministério da Saúde) e, de maneira geral, para a população.

Kristianne Maia Moreira é mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento local, autora da dissertação Aedes Aegypti na rede: uma análise da Dengue pelos sites do Ministério da Saúde


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Fotos de Marcos Imbrizi

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Arquivo Pess

Tomo hormônios, e estou juntando grana para fazer a mastectomia – retirada dos seios, e futuramente, a histerectomia – retirada do útero e ovários. Mas eu tenho plano de saúde, e quem não tem? Embora seja uma cirurgia feita pelo SUS, a fila é grande, e as dificuldades são muitas Pietro Facundes

Transexualidade masculina:

além do que se pode ver

Os transexuais lutam pelo direito do reconhecimento civil do nome e pelo respeito à sua identidade de gênero, pautando a discussão para que a sociedade os perceba como a qualquer outro cidadão. Gina Pagú / Repórter

Tomo hormônios, e estou juntando grana para fazer a mastectomia – retirada dos seios, e futuramente, a histerectomia – retirada do útero e ovários. Mas eu tenho plano de saúde, e quem não tem? Embora seja uma cirurgia feita pelo SUS, a fila é grande, e as dificuldades são muitas

Pietro Facundes, 22 transexual homem

Diante da contradição vista no reflexo do espelho, dos questionamentos que fazemos sobre que lugar ocupamos no mundo. Entre ser homem ou mulher, ser heterossexual, homossexual, bissexual, assexual, transgênero e transexual. Em algum momento na vida nos perguntamos quem somos, ou a qual grupo pertencemos. Essas respostas nos fazem de fato pensar em como convivemos com essas classificações e os conceitos sobre a sexualidade humana. Essa, na verdade, é uma questão coletiva levantada pelas notícias sobre personagens como Thammy Miranda e Tereza Brant. Que têm feito modificações no corpo como tratamento com hormônios masculinos, cirurgias de mastectomia - de retirada das mamas, para terem uma aparecência masculina. Que suscitam para a questão da transexualidade masculina. O pscicólogo Henrique Oliveira, diz que antes de préjulgar as escolhas, de cada um, é necessário entender alguns conceitos. “Falar sobre transexualidade é uma questão complexa e talvez a gente precise iniciar diferenciando algumas coisas: sexo biológico, orientação sexual e a identidade de gênero. O sexo é a determinação biológica, mulher ou homem. A orientação sexual diz respeito às relações afetivas que estabelecemos; por exemplo, se um homem se interessa afetiva e sexualmente por outros homens (seria homossexual), por mulheres (heterossexual), ambos (bissexual) ou nenhum dos dois (assexuado). Já a identidade de gênero está relacionada com os papéis de gênero compartilhados socialmente de masculino e feminino. Os transexuais e travestis são aqueles cujo sexo biológico não coincide com o gênero (psíquico) e que muitas vezes tentam realizar modificações no corpo e na aparência para sua imagem se adequar à identidade de gênero. Embora nossa sociedade tente normalizar todos esses aspectos e fazê-los coincidir (um homem deve identificar-se com o gênero masculino e se interessar sexualmente apenas por mulheres), as combinações entre estes três elementos são muitas. Podemos ter, para exemplificar novamente: uma mulher que se identifica com o gênero masculino, chamaríamos de um homem trans; caso sinta-se atraído por homens e mulheres, seria um homem trans e bissexual.” Pietro Facundes, 22, transexual homem, bissexual, conta que se reconheceu homem desde sempre. Mas que se assumiu há 4 anos. “Sim, eu nasci em um corpo feminino, mas não me identifico como gênero que me designaram. Não é fácil você acordar todos os dias se olhar no espelho e ver que tem coisa errada ali. É um processo de reconhecimento e aceitação, tanto meu, como familiar. Hoje faço tratamento hormonal, tomo hormônios há 2 anos e estou muito feliz com o resultado. A voz já se modificou, a barba já aparece. Na realidade eu nunca fui uma mulher feminina, sempre gostei de brincar com meninos, vestir roupas largas. Roubava roupas e acessórios do meu irmão. Eu nem sabia o que era ser homem ou mulher, mas as pessoas me diziam que meu comportamento não era coisa de mocinha.” Pietro fala dos principais enfrentamentos de ser um homem transexual. “Ser trans no Brasil ainda é muito difícil. O ser humano é muito diverso do ponto de vista sexual. E as pessoas têm a mania de querer normalizar e rotular tudo. Há a questão de que homem tem pênis e mulher tem vagina. E qualquer coisa que vá além disso é tida como aberração. Existem homens com vagina, olha eu aqui! Pois sexo, sexualidade e gênero são coisas totalmente diferentes. Mas pelo menos para mim há uma parte boa em ser transexual, hoje tenho a cabeça aberta para tudo e meus amigos também. E se eu não fosse trans talvez não tivesse. Embora, no dia a dia a dificuldade em algumas

situações seja terrível. Quando vamos a algum lugar público em que é preciso mostrar seu RG, passamos por situações constrangedoras. O segurança olha para o documento, fica analisando, chama um colega, fala seu nome de registro em voz alta, e a fila enorme atrás de você vendo a cena. As pessoas parecem gostar de expor as outras, tirando sarro com sua cara e às vezes até com um auditório. Isso é terrível.” A psicóloga, especialista em Saúde Mental e Intervenção Psicossocial, Vânia Sampaio, explica que os sinais da transexualidade surgem ainda na infância e adolescência. “Segundo um estudo do médico Dráuzio Varela, onde ele classifica que 66% dos transexuais, com incongruência em nível de identificação de gênero se instala já na infância; nos demais, ela se desenvolve na adolescência e na vida adulta. Ainda se tratando deste estudo, a identificação com o gênero oposto não pode ser explicada por alterações hormonais, nem por anormalidades nos cromossomos, nem por fatores psicológicos, como a exposição a certas dinâmicas familiares. Na infância a criança está se descobrindo pessoa e os crivos sociais ainda não são reconhecidos, o que não interfere nas brincadeiras, nas escolhas, nos comportamentos de modo geral, portanto, não define transexualidade ou qualquer outro tipo de identificação sexual. Sendo que, nesses casos o respeito é fundamental em relação a esta identificação de gênero, é importante acolher, amar e, sobretudo comunicar-se a fim de estabelecer um contato para compreender as angústias tanto da família como da transexual.” Processo Pietro que passa hoje pelo processo de mudança, explica que ele mesmo cuida dos gastos com o tratamento. “Tomo hormônios, e estou juntando grana para fazer a mastectomia – retirada dos seios, e futuramente, a histerectomia – retirada do útero e ovários. Mas eu tenho plano de saúde, e quem não tem? Embora seja uma cirurgia feita pelo SUS, a fila é grande, e as dificuldades são muitas.” Para o psicólogo, o processo de transição em que passa um transexual tem tomado novos rumos. E tem sido benéfico para o grupo. “No Brasil, é obrigatório o acompanhamento psicológico durante todo o processo chamado transexualizador, que pode ou não ser cirúrgico. Assim, esse acompanhamento não deve ser orientado apenas em torno das intervenções cirúrgicas. Também existem intervenções hormonais, por exemplo, sem transgenitalização. Claro que, se a pessoa desejar, pode continuar com a terapia além desse prazo previsto na legislação. Imagino que o psicólogo possa recomendar a continuidade das sessões, caso entenda que ainda é necessário algum trabalho. O Conselho Federal de Psicologia lançou uma Nota Técnica em 2013 sobre o tema que norteia o trabalho dos profissionais. Sobre isso, uma questão que eu acho muito pertinente e que membros de Associações e Grupos de Trans nos colocam é o porquê da obrigatoriedade do acompanhamento psicológico se já estamos neste processo de despatologizar as identidades trans, como falamos antes. Bem, é uma questão interessante. Particularmente, penso que o papel do psicólogo vai além do atendimento visando uma avaliação psicológica e se estende para à promoção do acesso da pessoa trans aos serviços de saúde, à humanização desse processo, à garantia de dignidade e respeito a essa forma de sexualidade.” Vânia explica que a mudança física e emocional se dá pela grande insatisfação do indivíduo em viver consigo mesmo, da maneira como nasceu. “Do ponto de vista


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FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de Janeiro de 2015

Álbum NUDIs

O João não é só mais um transexual no Brasil. Ele luta pela causa e faz com que pessoas como eu possam se sentir confortáveis sendo um transexual homem. Eu, em uma oportunidade, pude assistir a uma palestra dele, e no final me deu um autógrafo e um abraço que para mim foi como se ele quisesse me confortar, me acolher e dizer para não desistir. Foram tantos sentimentos através daquele abraço que talvez você não entenda. Pietro Facundes, falando sobre João Nery. Na foto, registro do encontro dos dois, em evento realizado em Governador Valadares.

comportamental, o processo de mudança ocorre a partir do momento em que a insatisfação é tão grande que impossibilita um equilíbrio entre o desejo e o real a nível físico e emocional. A cirurgia de redesignação sexual é para contribuir na mudança física do sexo, que deve estar diretamente ligada ao acompanhamento psicológico, a fim de possibilitar compreensão e minimizar os desconfortos emocionais. Toda mudança é tida como um processo difícil e esta não seria diferente. É uma mistura de sensações, desejos e temor pelo desconhecido, porém, o mais importante é buscar pelo que te faz feliz, oportunizando a paz na consciência para que a vida realmente tenha um sentido leve.” Preconceito Pietro explica que o preconceito contra as pessoas trans existe mesmo dentro da comunidade LGBTTT. “Boa parte do próprio grupo da diversidade sexual, são ignorantes com relação à transexualidade. E, às vezes, por falta de informação, são muito preconceituosos. É preciso abrir a mente das pessoas sobre o mundo trans. Fazer com que elas entendam que se você não gosta, ou não aceita uma pessoa trans, ou qualquer outra que foge do padrão da heteronormatividade, você tem a obrigação de respeitar. E não se perde nada por isso, só se ganha. Penso que não devemos julgar também os travestis que fazem programas, pois o mercado de trabalho é muito cruel com elas. E essa acaba sendo a única maneira de ganhar uma grana. Elas sofrem também com a mudança física. Eu, como homem trans, só preciso tomar uma dose de testosterona de 21 em 21 dias para obter os resultado que eu quero (barba, voz grossa, pêlos, perda da gordura localizada e outros). Já elas têm que fazer um dieta de vários remédios para ter uma aparência mais feminina. Eu tenho o maior respeito por elas, porque dar a cara à tapa na sociedade e ir contra as regras não é pra qualquer um não viu! É preciso muita coragem pra ser o que se é. Porque eu sou mais aceito na sociedade do que uma mulher trans. Até mesmo por questão de aparência.” Henrique fala que a luta feminina pelo reconhecimento de valor social, que já pertence ao histórico de conquistas da classe. “As mulheres já têm em sua história, infelizmente, uma tradição de sofrer com o preconceito e, felizmente, de lutar contra ele. Como observação geral, sem qualquer intenção de determinar uma porcentagem aqui, parece-me que as identidades trans sofrem mais preconceito que as outras minorias sexuais. Talvez por levarem estampadas no próprio corpo a sua diferença. Penso que essas questões de gênero no Brasil ainda precisam ser discutidas de forma mais honesta. Muita gente gosta de dizer que no Brasil não tem preconceito, não tem racismo. Os comentários na internet desmentem isso. Qualquer matéria veiculada sobre negros, pobres, nordestinos, religiões de matriz africana, LGBTTT, enfim, qualquer ‘minoria’, é alvo destes ataques. Imagino que no caso de pessoas famosas, eles sejam ainda mais pessoais e virulentos. A internet propicia um suposto anonimato e cria a fantasia onipotente do ‘aqui eu posso o que eu quiser’. Além disso, o surgimento de figuras públicas, como músicos, atores, políticos, que vociferam preconceitos e não são punidos, alimenta o coro desses comentários, porque as frases se reproduzem mecanicamente sem crítica, sem pensamento, sem apuração e sem respeito à dignidade alheia - talvez este seja o limite da liberdade de expressão: o respeito à dignidade alheia. É lamentável que uma pessoa seja discriminada de qualquer forma, mas uma vez que foi desmascarada essa veia que transmite preconceitos, devemos, penso eu, transformar esses tristes episódios em oportunidade para discutir o tema aberta e honestamente.” Pietro dá um recado, sobre como tratar uma pessoa trans. “Respeite a identidade de gênero de cada um. Usando os pronomes certos, e se você errar é só pedir desculpa e usar o correto. Isso faz uma grande diferença no nosso dia a dia. Pois temos que lidar com a famosa disforia todos os dias. E às vezes ela toma conta. E um ela no lugar de ele, pode ser a gota d’água. Outra coisa, não se pergunta o nome de registro de uma pessoa trans que você acabou de conhecer. Espere para ter intimidade, e se ela se sentir à vontade te dirá.”. Diversidade e mídia Henrique ressalta a questão da diversidade dentro dos subgrupos de classificação, no caso dos transexuais, e da exposição na mídia, podem ser benéficas para a discussão em sociedade. “O que me chamou atenção com relação a Thammy e a Tereza foi o fato delas não se consideram transexuais, embora estejam fazendo a mastectomia, preferem não se rotular. Também não mudaram os nomes sociais para nomes masculinos. Posicionamentos interessantes que desafiam todas essas categorias que o Campo da Psicologia utiliza para tentar compreender. Sobre a mídia, claro que ela tem um grande papel social. Agora, temos que nos perguntar como é executado esse papel: é com matérias falando do assunto, esclarecendo, debatendo ou se mantêm apenas no nível da fofoca do mundo das celebridades? Nesse segun-

do caso, acho que contribui pouco. No entanto, não estaríamos conversando sobre isso agora se não houvesse esse aporte pela mídia. Para pessoas trans pode ser importante por produzir possibilidade de identificação e visibilidade. O adolescente que sofre tentando entender sua transexualidade pode olhar para estas pessoas e compreender que existem outros como ele, que é possível ter amigos, trabalho e continuar a vida. A comunidade LGBTTT é bastante carente disso; fora as personagens gays estereotipadas e caricatas de novelas, há pouca visibilidade social – tema que é preciso também discutir.” Embora Pietro discorde do posicionamento de Thammy Miranda e Tereza Brant. “Elas não são homens trans. A Tereza, por exemplo, faz tratamento e tem a aparência totalmente masculina. Mas ela não se declara um homem trans. Porque segundo ela, ela não se sente um homem. O que para comunidade trans é um ponto negativo. Porque ela dá declarações controversas e às vezes acaba prejudicando os homens trans que estão na luta para ter reconhecimento na sociedade.” Vânia diz que a possibilidade de comunicação e discussão em sociedade fortalece a conscientização sobre o assunto. “O preconceito é algo que é ruim para toda e qualquer pessoa que passa por esta situação, não há uma medida que se refere ao menor ou maior grau de dificuldade no que diz respeito ao gênero. O diálogo, a comunicação, a verbalização é uma opção para repensar e trazer à tona o assunto e desta maneira conscientizar a população sobre a importância do respeito, e aceitação das diferenças com o objetivo de diminuir os conflitos e o preconceito propriamente dito.” Viagem solitária João W. Nery, transexual homem, 64, autor do livro, “Viagem Solitária”, é um dos maiores ativistas pela causa dos transexuais no Brasil. Em seu livro contra sua tragetória de vida e como é ser um trans no país em plena Ditadura Militar. Traz a discussão à tona e explica que hoje trabalha além da causa Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBTTT). “Hoje vivo sem emprego e sem aposentadoria. Mas para ajudar pessoas discriminadas injustamente. Minha causa não é só LGBTTT, diria que milito pelos Direitos Humanos, por políticas públicas para melhorar a vida das pessoas. Faço isso diariamente, atendendo as pessoas pelas redes sociais, com uma lista de profissionais, escrevo artigos acadêmicos e dou palestras sobre o tema, a fim de ajudar as pessoas.” João fala que o preconceito contra os que saem do padrão social, vai além do pré-julgamento. “O maior inimigo dos trans é o sistema patriarcal, machista, um poder que atravessa todas as instituições com uma visão naturalizante do trans. Genitaliza a sexualidade para definir os gêneros, normatiza condutas do que é ser homem ou mulher (todo o resto patologiza, como a transexualidade). Impera assim o sexismo e a heteronormatividade.” Pietro fala do trabalho de João Nery e a importância para o universo dos transexuais. “O João não é só mais um transexual no Brasil. Ele luta pela causa e faz com que pessoas como eu possam se sentir confortáveis sendo um transexual homem. Eu em uma oportunidade pude assistir a uma palestra dele, e no final me deu um autógrafo e um abraço que para mim foi como se ele quisesse me confortar, me acolher e dizer para não desistir. Foram tantos sentimentos através daquele abraço que talvez você não entenda.” Lei João Nery O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), em co-autoria com a deputada federal Érika Kokay (PT-DF), protocolaram, em fevereiro de 2013, na Câmara, o Projeto de Lei João W. Nery – Lei da Identidade de Gênero Brasileira. Que dispõe sobre o direito à identidade de gênero e altera o artigo 58 da Lei 6.015 de 1973. O nome do Projeto foi dado em homenagem a João W. Nery, o mais antigo transhomem brasileiro, que após publicar o livro, “Viagem Solitária”, promoveu a visibilidade aos transexuais. Ainda está em trâmite no Congresso Nacional, e prevê mudanças consistentes para a vida de pessoas transexuais. Pois dará, à pessoa transexual, tanto homem quanto mulher, o direito ao reconhecimento de gênero sem a necessidade de autorização judicial, laudos médicos, nem psicológicos, ou nem mesmo cirurgias e hormonioterapias. E seu artigo 3º, o projeto estabelece: “Toda pessoa poderá solicitar a retificação registral de sexo e a mudança do prenome e da imagem registradas na documentação pessoal, sempre que não coincidam com a sua identidade de gênero auto percebida.” Além disso, prevê o acesso à saúde no processo de transexualização, despatologizar as transidentidades para a assistência à saúde e preserva o direito à família frente às mudanças registrais.

Hoje vivo sem emprego e sem aposentadoria. Mas para ajudar pessoas discriminadas injustamente. Minha causa não é só LGBTTT, diria que milito pelos Direitos Humanos, por políticas públicas para melhorar a vida das pessoas. Faço isso diariamente, atendendo as pessoas pelas redes sociais, com uma lista de profissionais, escrevo artigos acadêmicos e dou palestras sobre o tema, a fim de ajudar as pessoas. João W. Nery, transexual homem


CIDADANIA

Ombudsman

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BRAVA GENTE

FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de Janeiro de 2015

ROMARA MAGALHÃES Arquivo Pessoal

José Carlos Aragão

Sim, nós somos Charlie Quatorze anos depois dos Estados Unidos, a França também teve o seu “11 de setembro”: o recente atentado à redação do semanário satírico Charlie Hebdo, que resultou na morte imediata de doze pessoas, entre elas, quatro renomados cartunistas. O episódio teve repercussão internacional e dominou, por uma semana, a pauta da imprensa e das redes sociais em todo o mundo, até pelos desdobramentos que teve nos dias que se seguiram, com novos atentados e mortes – de civis inocentes, policiais e dos próprios autores dos atentados. O assassinato dos cartunistas é uma daquelas histórias em que cabe como luva o título de uma das mais famosas obras do genial escritor colombiano Gabriel García Márquez, Nobel de Literatura falecido ano passado: Crônica de uma morte anunciada. Por seu humor ferino, debochado e iconoclasta, o semanário tornara-se alvo preferencial de radicais islâmicos insatisfeitos com suas charges e caricaturas, consideradas desrespeitosas e ofensivas ao profeta Maomé, ao Alcorão ou à sua fé. O atentado era previsível e certo. Só não era sabido quando, como ou de que lado viria. SEM COSTURA O Figueira deu grande destaque ao atentado de Paris. Deu capa ao fato e prestou uma singela homenagem aos quatro cartunistas mortos: Charb, Tignous, Cabu e Wolinski. Além da capa, matérias e notas relativas ao atentado à Charlie Hebdo estão espalhados pelas páginas 2, 3, 10 e 11 da edição. No entanto – estética e jornalisticamente falando – o destaque que o Figueira deu ao fato foi aleatório e sem critério. Lembremos: o atentado ocorreu na quarta-feira, 7, quase ao mesmo tempo em que a edição impressa do Figueira está sendo fechada, para ir para a gráfica. Obviamente, o atentado não era tema de pauta do jornal e alguma coisa deve ter sido cortada de última hora, para dar lugar aos novos fatos. Mas houve tempo para se criar uma nova capa, fotografar edições antigas do Charlie Hebdo ao lado de um exemplar do Figueira, selecionar capas do hebdomadário francês para ilustrar uma pequena nota. Reuniuse algum material, foram escritas umas poucas linhas de um depoimento pessoal do editor (e cartunista) Tim Filho, acrescentou-se uma nota da Federação dos Jornalistas e pronto: “Vamos colocar onde couber”. Assim, as informações fragmentadas e distribuídas aleatoriamente no miolo do jornal, não fazem jus a uma capa impactante e bem resolvida, diante de uma oportunidade jornalística e histórica única. A velocidade da internet e de outras mídias tecnológicas (como o bom e velho rádio, por exemplo), não é páreo para os jornais impressos, sejam diários ou – pior – semanários. O Figueira até tentou ser mais rápido – e foi -, mas não o bastante. Porque, em casos assim, não basta reunir material (textos e imagens) e preencher com eles os espaços da página. Tudo precisa ter uma costura, coesão, sentido. NOUS SOMMES BRÉSILIENS Um slogan logo ganhou o mundo nas redes sociais e nas diversas manifestações que se seguiram ao atentado de Paris: Je Suis Charlie (Eu sou Charlie, em português). Foi uma forma espontânea (acho que ninguém sabe exatamente quem lançou a ideia – e nem é relevante saber agora) que as pessoas encontraram de manifestar seu apoio ao jornal e sua solidariedade aos mortos no atentado, naquele momento. É, também, um ato de resistência coletiva contra a violação ao direito e à liberdade de opinião e de expressão. Mas, nas redes sociais brasileiras, não tardou para que internautas começassem a publicar também ironias e comparações com atos violentos recorrentes e impunes em nossa sociedade, como o desaparecimento do pedreiro Amarildo e agressões a negros, homossexuais, minorias e demais vítimas de segregação ou preconceito em nosso país. Algumas críticas mais oportunistas parodiavam o slogan, dizendo “Je Suis Amarildo” (ou outro nome de alguma vítima de violência conhecida), tentando menos lembrar que temos também nossas mazelas locais, e, mais, ridicularizar os que, sendo brasileiros, manifestavam seu apoio ao jornal francês ou à liberdade de expressão, barbaramente violentada. Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa. Mas, qualquer atentado - contra amarildos ou liberdades – é igualmente grave, injustificável e preocupante. OUI, NOUS SOMMES CHARLIE Só eu, ou mais alguém ficou com a impressão de que o editor e chargista Tim, ao fazer uma bela charge-homenagem aos nossos colegas franceses, colocou-a na capa e se esqueceu de que tinha que fazer outra para a página 2? (Em tempo: pra quem ainda não ligou o meu nome à pessoa, sim, eu sou aquele antigo chargista e cartunista que, em outros tempos... Portanto, eu, Tim, Wolinski & companhia, somos todos colegas.)

Romara Magalhães mistura cores, aromas e letras em suas obras

O mundo colorido de Romara

Rosi Santiago / Especial

Apetecem-me as cores. Estas sempre fizeram parte de mim. E assim aprendi a colorir a vida todos os dias... Ora com minhas linhas de bordar, outras com as tintas que pinto minhas aquarelas, ora debruçada na máquina costurando retalhos, outras ainda com o rabisco das palavras que compõem minha singela escrita. Gosto de cores, de vida, de flores, de amores, de delicadeza. E nada mais. Romara Magalhães

E enquanto a geleia de jabuticaba cozinha, Romara Magalhães revive lembranças de cores, sabores, amores e poesias. “_Vó, como eu sei que tá bom pra tirar do fogo?” “_Quando quase não pinga da colher, fia.”. Com a avó Zezé aprendeu a fazer os doces (figo, leite, laranja, cidra, pé de moleque, abóbora, mamão, cocada, geleia) e a amar a poesia. Aprendeu a levar afeto em cada prato que preparava e descobriu em tantos mundos mil formas de amor. Mundos de Castro Alves, Florbela Espanca, Cecília Meireles, Cora Coralina, Fernando Pessoa. Mundos de rimas, de alegrias, tristezas, afagos e melancolias. O pai apresentou-lhe o mundo encantado e maravilhoso da literatura. Machado de Assis, Clarice Lispector, Rachel de Queiroz, Eça de Queiroz. Ao terminar cada livro, Rui Magalhães a incentivava a escrever uma resenha sobre o livro que acabara de ler. Nasceu aí sua aptidão para a escrita. E é no papel que Romara transborda todo

esse mundo que carrega dentro de si. O primeiro livro foi escrito aos dezoito anos. Um livro da genealogia paterna, cheio de “causos” e outras histórias. Em 2001 escreveu um livro de poemas, Oceano do Silêncio. Na época (e ainda hoje) editar e publicar um livro por conta própria é algo que requer um recurso importante. Os livros ficaram na gaveta, mas a destreza para a escrita criou asas e não parou mais de voar. Na segunda quinzena de março deste ano será lançado, pela editora Penalux, o livro Avesso da Lua. Uma prosa poética. Entre um conto e outro, tem uma frase ou um pensamento poético. Um diferencial no livro são os diálogos entre dois personagens que se tratam por Senhor e Senhora. Os personagens dos demais contos são Rosin e Edwin, Ceci e Ani. O livro nasceu nos primeiros meses de 2014, quando Romara se recuperava de um problema de saúde. Afastada do trabalho, se dedicou a escrever e conta que as palavras jorravam em si feito água doce de uma fonte do deserto. Avesso da Lua também terá sua noite de lançamento em GV, provavelmente em abril. Também para 2015, em novembro, Romara lançará seu segundo livro, Tessituras. Um livro diferente desde o seu formato, com ilustrações e que conta sobre “singelezas” da vida através de diálogos entre dois amigos escritores. Para 2016 teremos o Cartas ao Amanhecer que conta uma história de amor através de cartas e para 2017, o Devaneios de Uma Balzaquiana que são, como o título sugere, devaneios em prosa poética. Romara sorri quando se define como advogada por profissão e escritora por vocação. Eu me atrevo a defini-la, não como poetisa, mas como a própria poesia, que com suas travessuras, tomou forma de gente, ora de menina, ora de mulher. E com o sonho realizado de poder publicar seus livros, seremos agraciados por poder ter nas mãos pedacinhos de Romara embrulhados em papel.

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José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com


ENTREVISTA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de Janeiro de 2015

UFJF consolida seu campus em Valadares A inauguração do Campus está prevista para o final deste ano. É um Campus a seis quilômetros do centro da cidade, em um milhão de metros quadrados Gina Pagú / Repórter

Reprodução UFJF

O Campus da UFJF em Valadares já reúne uma comunidade acadêmica de 1.500 pessoas em dez cursos universitários, da Medicina ao Direito e à Economia. A construção do Campus está aderente ao cronograma, com previsão de inauguração ao final deste ano. É um Campus a seis quilômetros do centro da cidade, em um milhão de metros quadrados, com potencial nesta primeira etapa para quatro mil estudantes. “Com um atraso de 50 anos, Governador Valadares passou, no governo da prefeita Elisa Costa, a contar com educação universitária pública e gratuita. Os políticos e a liderança empresarial de Valadares durante décadas pautaram-se por uma visão social em que a educação universitária era um bem para o sucesso individual de poucos e não um investimento no desenvolvimento social. Como parte deles também era de donos de faculdades ou detinha quinhão de influência política na universidade, predominou uma mentalidade privatista que afastou daqui a possibilidade de se ter uma universidade estadual ou federal. Assistimos Juiz de Fora, Montes Claros, Uberaba e Uberlândia desenvolverem-se a partir de suas universidades públicas deixando Valadares para trás, porque o interesse individual da liderança política e empresarial da cidade predominou sobre o interesse coletivo. Sem universidade pública, a cidade deixou de ser a terceira maior do Estado de Minas para ser a nona atualmente, perdeu força política e área de influência. As faculdades e a universidade locais não conseguiram tornar-se corpos acadêmicos estáveis e seguros. Submetidas aos interesses de grupos políticos atrelados ao passado, que as endividaram e as fragilizaram, tais faculdades e universidade viram suas energias acadêmicas serem sugadas e passaram por esvaziamento da sua capacidade de induzir desenvolvimento local. Desde 2009, tem sido permanente a luta da prefeita por garantir a criação de instituições universitárias públicas e a expansão da atuação delas na cidade. O maior desafio que o governo municipal tem colocado à direção local da UFJF é abrir edital para a oferta de mais de 500 vagas que hoje estão ociosas nos cursos do Campus. O Plano Nacional de Educação considera que não cabe manter vagas ociosas por caracterizarem desperdício de recursos públicos. Tais vagas devem ser oferecidas em edital para que estudantes das faculdades e universidades privadas possam transferir-se para a universidade pública e gratuita. Devemos manter o princípio constitucional de que a oferta privada da educação deve complementar a oferta pública, e não servir para substituí-la. O desafio de agora é assegurar com o novo secretário de Ciência e Tecnologia do governador Fernando Pimentel, Miguel Corrêa, a implantação de um campus da UEMG - Universidade do Estado de Minas Gerais em Valadares, fortalecendo a cidade como polo de educação para mais de cem municípios e garantindo oportunidades para a juventude.”

A área de 1 milhão de metros quadrados, doada pelo empresário Edvaldo Soares dos Santos, vai abrigar o Campus da UFJF em Governador Valadares

Parcerias Ao mesmo tempo, foi criado em Valadares o Campus do Instituto Federal Minas Gerais, hoje com mais de 700 estudantes nos cursos técnicos de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho integrados ao Ensino Médio e nos cursos universitários Tecnólogo de Gestão Ambiental e Engenharia de Produção. Nas tratativas iniciais entre o governo municipal e o IFMG foi pactuado para Valadares um campus de quatro mil alunos, o que continua como meta de governo. No mais recente contato com o reitor foi assegurado que o Campus local passaria a contar com os cursos de Engenharia Civil e Arquitetura/Urbanismo ainda neste ano. Uma diferença positiva para os adolescentes que estudam no campus é que o Ensino Médio - com os cursos técnicos - é oferecido em tempo integral.

A atual oferta de cursos universitários públicos em Valadares completa-se com o Polo da UAB - Universidade Aberta do Brasil, na rua Sete de Setembro, com mais de duas mil matrículas em dez cursos de graduação universitária e vários cursos de pós-graduação e extensão. É hoje a principal formadora de professores para as escolas de educação básica na região. As licenciaturas em Pedagogia, Matemática, Química, Física, Ciências Biológicas, Geografia, Filosofia, Letras Inglês e Letras Português são oferecidas por quatro universidades federais: UFMG, UFOP, UFLA e UFJF. Educação Física, Música, História e outros cursos estão entre os novos cursos a serem confirmados. Além das licenciaturas a UAB oferece a graduação em Administração Pública. O prédio da UAB foi construído com emenda parlamentar da

então deputada Elisa Costa, o que mostra o compromisso que antecedeu o tornar-se prefeita. “Para nós, desenvolvimento se faz, principalmente, por meio da educação, mudando o rumo da nossa cidade, que não pode mais viver de ciclos econômicos. O saber é o melhor caminho para gerar o desenvolvimento que não se esgota e chega para todos. Já podemos dizer que hoje Valadares é um polo educacional. Então, a instalação do campus da UFJF traz mais do que educação superior pública e de qualidade para nossa gente, gera desenvolvimento para toda a região. Valadares jamais será a mesma e esse será o maior legado às famílias e aos nossos jovens de hoje e de amanhã. A universidade federal em Valadares não só marca, mas muda a história da cidade.” Reprodução UFJF

Detalhe dos prédios do Campus, em imagem da maquete eletrônica apresentada pela UFJF em Governador Valadares, durante lançamento da obra

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CORRESPONDENTES

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FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de Janeiro de 2015

Pessoas físicas podem incentivar a cultura Incentivo pode ser feito com desconto de até 6% no Imposto de Renda devido, mas poucos utilizam esta modalidade de fomento à cultura Geraldo Soares

Da Redação É um erro não explorar esse potencial no fomento de projetos culturais. No Brasil, o volume pago por pessoas físicas ao imposto de renda é maior que o das jurídicas. Além disso, até pela capacidade de aporte, as pessoas físicas preferem apoiar projetos menores e locais, com atividades próximas a elas”, disse o advogado Fábio Cesnik, especialista em incentivo à cultura, em entrevista ao jornal Correio Braziliense (9/4/2008), e que foi publicada na reportagem “Você é o mecenas”, que está à disposição do público no site do Ministério da Cultura. Segundo ele, nos Estados Unidos, onde há lei de incentivo à cultura desde 1917, o hábito de pessoas físicas financiarem projetos artísticos é mais sólido. “Aqui os produtores se acomodaram na captação de recursos de pessoas jurídicas e se esqueceram de buscar o varejo, que compõe grupo ainda disperso. Pouquíssimos produtores possuem sistema de financiamento organizado voltado para esse segmento”, analisa. Muitos não sabem, mas qualquer pessoa física pode incentivar projetos culturais mediante benefício fiscal, desde que faça a declaração completa do imposto de renda. Só podem ser descontados do imposto de renda valores destinados a projetos aprovados pelo Ministério da Cultura via Lei Rouanet. Portanto, antes de incentivar qualquer trabalho, certifique-se de que ele foi aprovado e se está em fase de captação de recursos (se já foi publicada no Diário Oficial da União portaria que autoriza a captação). O contribuinte pessoa física pode aplicar até 6% do imposto de renda devido em atividades culturais de sua

escolha. A quantia a ser abatida depende do artigo pelo qual o projeto foi aprovado. Pelo artigo 18 – que contempla, por exemplo, artes cênicas, produção cinematográfica e videográfica de curta e média metragem, música erudita ou instrumental e exposições de artes visuais -, a dedução do imposto devido poderá ser de 100%, desde que o valor corresponda a até 6% do total a pagar. Para os demais segmentos, a dedução do valor doado é de até 80%. Para obter o benefício fiscal, o incentivador deverá efetuar o depósito e o proponente, emitir o recibo oficial do Ministério da Cultura (Comunicado de Mecenato), dentro do prazo de captação autorizado pelo MinC. É importante lembrar que os recibos devem ter datas dentro de período que se deseja declarar. Em Governador Valadares, a equipe do Valadares Jazz Festival, que é realizado na cidade há 17 anos, tem parceria com a Unimed e a Associação Médica de Governador Valadares para fazer a captação de recursos. A AMGV e a Unimed orientam os médicos a patrocinar o evento como pessoa física, descontando o valor do patrocínio no imposto de renda devido. Incentivar o festival é muito simples. O médico contribuinte como pessoa física (ou qualquer outro profissional) pode aplicar até 6% do imposto de renda devido no projeto. Em contrapartida, a produção do festival dá o incentivador ingressos para assistir aos shows do festival, camisetas, livros e CDs. Assim como o Valadares Jazz Festival, outros projetos culturais aprovados pelo Ministério da Cultura como beneficiários da Lei Rouanet podem usar a mesma estratégia, captando recursos incentivados por pessoas físicas. É legal e fácil de ser implementado. O saxofonista Mauro Senise, durante o Valadares Jazz Festival 2007

Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo

Greve dos metalúrgicos Trabalhadores da Volkswagen e da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo estão em greve desde a semana passada por conta das demissões de 800 trabalhadores da Volks e 244 da Mercedes, anunciadas ao final das férias coletivas, no fim de 2014. As indústrias alegam a queda nas vendas. Desde então, a cada dia, o Sindicato dos Metalúrgicos tem promovido série de ações no sentido de reverter estas demissões e em defesa do emprego e do crescimento econômico do País. Na última segunda-feira, por exemplo, cerca de 20 mil trabalhadores de várias indústrias metalúrgicas da cidade fecharam a Via Anchieta por três horas, o que forçou a reabertura das negociações entre as partes. De acordo com o Sindicato, nesta semana um documento com as principais reivindicações dos trabalhadores também foi entregue aos governos estadual e federal. Entre outros pontos o documento pede, ao governo do estado, a criação de um Conselho Estadual de Política Industrial, de um programa de revitalização de áreas industriais e de uma Câmara de Negociação e Mediação de Conflito, além do combate à guerra fiscal. Já ao governo federal é solicitada a implantação de programas de proteção ao emprego e de renovação de frota de caminhões e a ampliação das liberações de crédito na economia, principalmente para a aquisição de veículos. Documentário ‘Liberdade, essa palavra’: Assisti esta semana ao documentário ‘Liberdade, essa palavra’, do jornalista Marcelo Baêta, que trata da censura aos meios de comunicação em Minas Gerais no período em que Aécio Neves era o governador do estado. A partir de depoimentos de profissionais que tiveram seu traba-

lho cerceado e acabaram perdendo o emprego, o filme mostra como os meios de comunicação atuam na ‘blindagem’ de algumas figuras como Aécio Neves e Zezé Perrela, ex-presidente do Cruzeiro e atual senador da República mineiro pelo PSDB. E infelizmente, sabemos que isto não é exclusividade de Minas. Em São Paulo o atual governador e seus antecessores também tucanos contam com um esquema talvez ainda maior no sentido de blindar estes políticos. Na verdade, o esquema deve existir em todo o Brasil. E deve explicar também a reação furiosa do setor de comunicação da proposta anunciada pelo novo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, de promover a regulação econômica dos meios de comunicação. Vale lembrar que esta iniciativa visa acabar com a concentração da propriedade dos meios de comunicação nas mãos de poucas pessoas, como ocorre em Governador Valadares e em muitos outros cantos Brasil afora. Numa próxima coluna voltamos a tratar do assunto. E antes de terminar vale lembrar também que este documentário é mais um exemplo de como na atualidade a facilidade ao acesso à produção e edição de vídeos, com câmeras fotográficas e celulares, por exemplo, e a Internet tornaram-se importantes instrumentos para ‘furar’ a tal ‘blindagem’ construída pelos grandes meios de comunicação. ‘Liberdade, essa palavra’ é o trabalho de conclusão de curso do diretor Marcelo Baêta. A produção, em duas partes, está disponível no sítio do You Tube: https://www.youtube.com/ watch?v=Y7t20KC068Q. Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

www.minasteconline.com.br

Crônica Gina Pagú

Para sempre “Viva Charlie” Semana marcada pela tragédia no semanário Charlie Hebdo, na França, em que morreram 12 jornalistas, eu diria 12 sobreviventes. Em tempos também que a comunicação e o jornalismo, muitas vezes ou quase todas, são alvo da dominação política, e de interesses financeiros maiores. Fica essa data para marcar a discussão sobre o valor da informação e da crítica dos atos políticos, econômicos e religiosos. Fora todo o impacto na Europa, e no mundo, me chamou atenção o que fatos como esses fazem com comunidades menores ou com pessoas que nem se quer gostam de ler jornais ou percebem a perspicácia das charges. Todo mundo se mexeu com essa notícia nas redes sociais. Mesmo que fossem contra o estilo debochado e satírico dos jornalistas e chargistas que morreram. Os caras falavam o que pensam e brincavam com tudo que queriam. E essa era a grande pedra no sapato de líderes religiosos, se podemos chamar maldade de religião. Mas, o que moveu tantos compartilhamentos e postagens foram um sentimento de impotência e injustiça coletiva. Se não de identificação de quem já passou por isso. Até quem não sabe o que era o Charlie Hebdo ficou pasmo com o tamanho da ignorância e crueldade. Mas quem já foi injustiçado sabe muito bem, ainda mais quando estava cumprindo a sua função profissional para qual estudou, pagou cursos caros, investiu tempo e muitas vezes abriu mão de estar com a família para isso. No Brasil vemos essa injustiça todos os dias nas capas dos jornais, e não somente nos sensacionalistas. O que quero dizer é que isso vai sempre acontecer porque sempre haverá vozes, ou melhor, mãos para escrever e desenhar os absurdos que acontecem pelo mundo. Sempre haverá jornalistas, chargistas, críticos, malucos, intelectuais, debochados, satiristas, que antes de serem tudo isso serão gente, serão humanos. Que não fazem críticas simplesmente para chamar atenção, fazem por que sentem incomodados como todo mundo se incomodou com a injustiça cometida contra eles. Graças a Deus que os colegas do Charlie Hebdo não irão desistir e estão com recordes de vendas da edição especial com Maomé chorando na capa. Ou vocês acham que não existem jornalistas e chargistas mulçumanos, católicos, evangélicos? Os talentos nascem e não escolhem religião, raça ou sexo. E o brasileiro como bom povo que é, sabe entender quando algo foi feito contra quem só seguia a vida e a ideologia que acreditava. E se um desenho ou uma frase incomodam tanto assim, imagina uma religião que comanda milhões de pessoas que vivem submetidas a contradição dos seus líderes religiosos, e que deixam covardias como essas para trás? Para sempre Charlie Hebdo. Para sempre jornalista. Para sempre críticos dos absurdos!

Gina Pagú é repórter deste Figueira


Cultura Geek em Era Nova

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Natália Carvalho

CULTURA E ESPORTE 11

Natália Carvalho / Repórter A cultura Geek vêm se expandindo cada vez mais em nossa região. Neste último domingo, dia 11 de janeiro aconteceu mais um evento voltado para os fãs desta cultura, o Anime Dantai. Seguindo o sucesso do Anime GV e do Valadares Power, que acontecem respectivamente nos meses de abril e setembro em Governador Valadares, o Anime Dantai contou com diversas atrações como campeonatos de jogos de mesa, os Card Games, Cosplay, Arqueria e até uma apresentação de dança com famosos personagens da Nintendo, Mário e Luigi. De acordo com o realizador, o micro empreendedor Durval Júnior, o evento foi criado com o intuito de expandir ainda mais essa cultura alternativa. “Aqui em Era Nova não existe público para este evento. As pessoas não têm conhecimento sobre jogos e Animes. Mas foi por este mesmo motivo que comecei os planos para o Anime Dantai. Meu objetivo era mostrar esta cultura ao pessoal da região, para que eles conhecessem e passassem a gostar.”, conta. Quando questionado sobre a expectativa de público, Durval assumiu que nem mesmo expectativa tinha: “Na verdade, não esperava ninguém, mas o resultado me surpreendeu.”. Além da presença de moradores da região de Era Nova e Alpercata, o evento também contou com pessoas de Governador Valadares, Caratinga, entre outras cidades vizinhas. Gerardd Lyon Sales mora na cidade de Coronel Fabriciano, mas preferiu passar a sua tarde de domingo no evento. “Está sendo bem melhor do que esperava. Está muito bacana!”, comentou. A estudante de arquitetura e urbanismo, Vanessa Taborda, foi outra que foi ao evento para prestigiar a iniciativa.

Muitos jovens foram ao Anime Dantai e jogaram os Cards Games. A boa presença do público surpreendeu o organizador do evento

Ela foi acompanhada do namorado Dalton Silveira, que participou do campeonato de Card Game. “Achei muito legal a idéia do Anime Dantai, pois acaba divulgando essa cultura, e também esse tipo de evento, em outros locais, não apenas em Governador Valadares.”, contou Vanessa. E ao que parece, a ideia de divulgar a cultura dos animes e dos jogos têm dado resultado. O Anime Dantai foi o primeiro evento do Matheus. Com apenas 10 anos de idade ele conta que conheceu um pouco desta cultura ao ver os eventos de jogos que aconteciam na loja de Durval, o organizador do evento. “Eu o via na loja do outro lado da rua. Até que comecei a ir lá, comprar as cartas de Pokemon e jogar.”, conta. Matheus estava no evento conversando com Ana Clara de 7 anos, ensinando a coleguinha como jogar Pokemon. Acompanhada da irmã mais velha, também foi a primeira

vez da pequena em um evento de Anime: “Está muito legal! Quando acontecer outro, vou querer voltar.”, comentou. Além dos Cards Games, o evento contou com diversos jogos eletrônicos, dos mais atuais como o XBOX, até os mais antigos como um Fliperama. Tudo disponível para que os participantes pudessem jogar a vontade. E tudo isso com uma trilha sonora adequada ao tema: músicas japonesas misturadas ao famoso K-Pop (o pop sul-coreano), que ficou mundialmente conhecido devido ao fenômeno “GangnamStyle” do artista PSY. De acordo com Durval o próximo Anime Dantai será realizado em Teófilo Otoni, mas ainda não tem data prevista. Por enquanto, resta marcar na agenda o próximo evento do estilo, o Anime GV, que está previsto para acontecer no mês de abril, aqui em Governador Valadares.

Democrata e Real Noroeste jogam neste sábado Partida entre as duas equipe será às 17h, no Mamudão. No último sábado, o Real Noroeste venceu o Democrata por 3 x 2, em Águia Branca Rubens Júnior

Da Redação O Democrata volta a campo neste sábado para mais um amistoso preparatório para o Campeonato Mineiro 2015. O adversário é o Real Noroeste Capixaba, time da primeira divisão do futebol do Espírito Santo. No último sábado, o Democrata enfrentou o Real Noroeste em Águia Branca, ES, e perdeu o jogo por 3 x 2. A derrotada foi minimizada pela Comissão Técnica da Pantera, que preferiu não se importar com o resultado numérico, e sim com a movimentação dos atletas. O técnico Gilmar Estevam usou dois times distintos no primeiro amistoso de 2015, contra o Real Noroeste Capixaba, em Águia Branca, ES. No primeiro tempo, Gilmar colocou em campo: Fábio Noronha, Osvaldir, Jadson, Ricardo Duarte e Denilson; Flávio Lopes, Júlio César, Wanderson e Paulinho; Leandrinho e Rodrigão. Este time venceu o Real Noroeste por 1 x 0, com um golaço de falta, cobrada pelo atacante Paulinho. A equipe que atuou no primeiro tempo manteve-se bem posicionada na defesa e com boa movimentação no meio campo. Paulinho e Wanderson apoiaram o ataque, que teve em Rodrigão e Leandrinho duas peças fundamentais. Rodrigão quase marcou um golaço de bicicleta. A bola passou tirando tinta da trave do goleiro Harryson. Ainda no primeiro tempo, os laterais Osvaldir e Denilson desceram com perigo ao ataque. Osvaldir se destacou aproveitando a avenida deixada pelo sistema defensivo do Real Noroeste pelo lado direito. Fábio Noronha foi pouco exigido, mas defendeu todas as bolas chutadas à sua meta. Segundo tempo No segundo tempo, Gilmar trocou todos os jogadores, exceto Osvaldir e Flávio Lopes. Osvaldir passou a atual na lateral esquerda. Flávio Lopes manteve-se na marcação no meio. O novo time foi formado por Eduardo, Leandrinho Alves, Rodrigo Lima, Leomar e Osvaldir; Douglas, Flávio Lopes; Willian Leandro e Barata; João Paulo e Amilton. O sistema defensivo do segundo time não teve o mesmo aproveitamento do primeiro, fato que possibilitou as investidas do time do Real Noroeste ao ataque democratense. Logo no início do segundo tempo, Tuta empatou o jogo. Minutos depois, Osvaldir tentou dominar a bola no peito, dentro da área da Pantera, mas Leley pegou a sobra a chutou forte, no canto direito de Eduardo, fazendo o segundo gol do Real Noroeste. O Democrata partiu para o ataque, mas em um contra-ataque rápido, Morotó entrou na área e foi derrubado. O mesmo Morotó bateu o pênalti e fez o terceiro do time capixaba.

Paulinho (64) e Rodrigão, do Democrata, combatem o atacante Nil, do Real Noroeste, na partida do último sábado, em Águia Branca, ES

A partir daí, o Democrata pressionou e fez boas triangulações no ataque, com Barata, João Paulo e Amilton. Numa cobrança de falta próximo à linha de fundo, Barata levantou na área e João Paulo subiu de cabeça para fazer o segundo gol da Pantera.

do gramado são bem diferentes das dimensões do gramado do Mamudão, onde o Democrata realiza a pré-temporada. No Mamudão, o gramado mede 105 x 68 metros. O gramado do Rochão mede 103 x 72 metros. Isso influenciou no rendimento dos atletas do Democrata. Time do Real - O Real Noroeste jogou com: Harryson, Outras notícias Netinho, Danilo, Dos Santos e Júnior Capixaba; Pedrinho, Marcinho, Wanderson e Tuta; Nil e Gustavo Bala. O técnico Expulsão - Em Águia Branca, o atacante João Paulo foi Wagner Oliveira ainda usou: Breno, Sebá, Fabão, Babidi, Leexpulso de campo depois de uma entrada por trás no adver- ley, Frank, Morotó, Souza, Diego e Stênio. sário. Como se tratava de uma partida amistosa, foi substituído por Júlio César. Próximos amistosos - O Democrata vai fazer o terceiro Marcel fora - O volante Marcel viajou com a delega- amistoso do ano na próxima quarta-feira (21), em Muriaé, ção para Águia Branca, mas não jogou. O atleta tinha uma contra o Nacional, às 20h. O Nacional se prepara para disinflamação na sola do pé direito, sentiu o desconforto e foi putar o Campeonato Mineiro do Módulo II. Outro time do poupado. Módulo II fará o quarto jogo amistoso do Democrata, no dia Grama alta - O gramado do estádio José Olímpio da Ro- 24. A partida será no Mamudão, às 19h30, e o adversário é cha estava com a grama alta e fofa. Além disso, as dimensões o América, de Teófilo Otoni.


FUTEBOL

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FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de Janeiro de 2015

Histórias que a bola não conta Hadson Santiago

Buiana, o pegador de pênaltis Rui Venceslau Fagundes foi goleiro do EC Democrata no final da década de 1970. Quem? Talvez nem o mais fanático democratense conheça esse arqueiro pelo seu nome de batismo. Mas, com certeza, sabe de quem se trata ao ser revelado o seu apelido no futebol: Buiana. Ah, claro, não é aquele goleiro que defendeu três pênaltis numa mesma partida? Sim, entretanto, vamos contar sua história aos poucos. Mineiro de Belo Horizonte, Buiana iniciou sua carreira em times amadores da capital. Profissionalizou-se em 1975 e foi atuar no Sete de Setembro, tradicional equipe de sua cidade natal. Depois começou sua peregrinação por diversas equipes. Atuou pelo Nacional de Muriaé, Uberlândia, Araxá, Araguari, EC Democrata, Catuense (BA), dentre outras, encerrando sua carreira no Comercial de Campo Belo (MG). Mas, sem sombra de dúvida, o ápice da carreira se deu quando atuava pela Catuense e pelo Democrata. Na equipe baiana, atuou ao lado de Zanata e Bobô, jogadores que mais tarde se transferiram para o EC Bahia, e do folclórico Beijoca, ex-centroavante do Bahia e Flamengo. Na Pantera, Buiana chegou para disputar o Campeonato Mineiro da Segunda Divisão de 1978. Com a desorganização que lhe é peculiar, a Federação Mineira de Futebol iniciou a competição em 26/11/1978 e a encerrou em 11/03/1979. A competição contou com apenas sete equipes: América de Uberlândia, Ateneu de Montes Claros, Democrata de Governador Valadares, Esportiva de Guaxupé, Ituiutabana de Ituiutaba, Nacional de Uberaba e URT de Patos de Minas. A fórmula era simples: dois turnos e os dois primeiros colocados na classificação geral alcançariam o acesso à Primeira Divisão. O Nacional sobrou na competição e foi campeão invicto. A disputa pela segunda vaga ficou acirrada entre Democrata e Esportiva. E por ironia da tabela, digo, do destino, a última rodada do returno marcava justamente o duelo entre os dois, com mando de campo do Democrata. Foi um jogo muito disputado, uma verdadeira decisão que entrou para a história da Pantera. Final, Democrata 1x0 Esportiva, gol do fantástico Mateus. Buiana teve participação importante na conquista do vice-campeonato, demonstrando segurança e arrojo na meta democratense. O Campeonato Mineiro da Primeira Divisão de 1979, chamado de Divisão Especial, iniciou-se em 7 de abril. A FMF decidiu inchar a competição e convidou Ateneu e Esportiva, equipes que não conseguiram o acesso dentro de campo. A Pantera perdeu Wildimark, vendido ao Cruzeiro, mas manteve a base da equipe que disputou a Segundona. Buiana permaneceu titular da equipe, mas a Pantera não conseguiu repetir a boa campanha da competição anterior. Terminou o campeonato em 14º lugar, à frente somente de Ateneu e Araguari. Mas, se serve de consolo, o Nacional de Uberaba, campeão da Segunda Divisão, também não realizou uma boa campanha e amargou a 13ª posição. O jogo que marcou a vida de Buiana e a sua história no Democrata ocorreu no dia 07/06/1979, pela terceira rodada do returno do Cam-

Arquivo Hadson Santiago

O timaço da Pantera. Em pé: Adilson, Buiana, Bigorna, Wildimark, Maninho, Bosco. Agachados: Joel, Mateus, Tô, Jairo e Naldinho

peonato Mineiro. Valério e Democrata jogaram em Itabira, no Estádio Israel Pinheiro, e Buiana teve atuação estupenda ao defender, pasmem, três pênaltis durante a partida. Mesmo assim, a Pantera ainda amargou uma derrota por 2x1. Poderia ter sido pior. O árbitro Osmar Camilo da Silva teve uma atuação desastrosa e prejudicou muito o Democrata. Árbitro, aliás, de más lembranças para os democratense devido a outras arbitragens escusas. Aos 5 minutos do primeiro tempo, em lance normal com o democratense Carlinhos, Pavão caiu na área e Osmar Camilo marcou pênalti. Cacá bateu no canto esquerdo e Buiana defendeu. O árbitro mandou repetir a cobrança, alegando que o goleiro havia se adiantado. Cacá cobrou novamente e Buiana fez outra portentosa defesa. A terceira penalidade ocorreu aos 3 minutos do segundo tempo. O Valério mudou o batedor. Pavão cobrou e “São Buiana” pegou de novo. Se fosse nos dias de hoje, Buiana pediria música no Fantástico... “Fica assim Buiana, nem eu te ligo nem você me telefona”. Com essa frase e com a licença da Língua Portuguesa pela ausência de uniformidade de tratamento, o radialista Aílton Dias, grande locutor esportivo, cobrava de Buiana o fato de ter levado mais um gol. Mas não era marcação com o arqueiro democratense. O bordão era sempre usado por

Aílton Dias em suas transmissões esportivas para qualquer goleiro que fosse buscar a bola no fundo das redes, ou do filó, como diria Fernando Sasso. Naquela época, sem jogos do Democrata transmitidos pela TV e sem a existência da internet, o rádio era o maior companheiro do torcedor. E como o sofrimento aumenta nas ondas do rádio... Ao pendurar as chuteiras e as luvas, no fim da década de 1980, Buiana resolveu estudar e fez alguns cursos ligados ao esporte, como capacitação técnica motivacional e técnico de futebol. Hoje, Buiana possui uma empresa na área esportiva que forma e capacita atletas para o mercado do futebol. Não conseguiu ficar longe da bola e permanece ligado ao meio. A curta passagem dele pela Pantera foi marcante e seu nome já está gravado, para sempre, na história do EC Democrata. Apesar de não ter chegado ao mesmo nível de goleiros como Jota e Juvenal, verdadeiras lendas do gol democratense, quem vivenciou aquele ano de 1979 jamais se esquecerá de Buiana, o goleiro bigodudo, a la Pancho Villa, e exímio pegador de pênaltis. Hadson Santiago Farias é cruzeirense da velha guarda e democratense desde o dia em que nasceu.

Canto do Galo Rosalva Luciano

Galo, sempre galo! Olá gente bonita, que se veste de Preto e Branco e carrega no coração a grandiosidade do Clube Atlético Mineiro. Arrasta-se a história da venda do Diego Tardelli. Tudo se resolve, menos isto, um dia chega ao outro, vêm dois e somamse mais uns quatro e nada de notícias concretas do que o atleticano mais quer saber nestes tempos atuais: Tardelli vai ou fica? Fica Tardelli! “Sobre o Tardelli, tivemos uma proposta oficial do time do Cuca, que não agradou ao Atlético. Nosso presidente fez uma contraproposta e, até o momento, eles não se manifestaram”, disse o diretor de futebol, Eduardo Maluf, nesta segunda-feira, dia 12. E, assim, esperamos o final da novela, eu particularmente quero que ele fique. Certeza mesmo que temos é que os atletas do Galo estão fazendo uma prétemporada com treinos pesados. O calor de BH, que está bem parecido com o de Governador Valadares, tem ajudado, rsrs. Tive a oportunidade de ver alguns vídeos da preparação física, que me deixaram impressionada. Realmente, este povo trabalha. A Cidade do Galo tem sido o lugar para isto acontecer. É uma das melhores concentrações e centro de treinamento do mundo, em equipamen-

tos e material humano. Teremos um ano com competições importantes e em número grande, desgasta a moçada. A preparação tem de ser de acordo com o que se vai se enfrentar pela frente. Ano passado, fomos atingidos por um número grande de contusões, o que chegou a comprometer resultados. Que neste ano tenhamos um ano com bastante saúde para os atletas. Chegando gente para atender à nossa expectativa. Chega Danilo Pires para ser um volante no elenco. Em meio a várias propostas, ele fez a opção certíssima: vir para o Atlético. Já deve saber o que é vestir esta camisa e ter esta torcida para incentivar. Se ele pensa, o que já é alguma coisa, o dia em que sentir o som das arquibancadas gritando o seu nome e cantando as modinhas atleticanas vira torcedor fanático sem favor nenhum. “Ele afirmou ter se emocionado ao saber do interesse alvinegro, pois Atlético é um clube onde todo jogador sonha atuar e ele já havia passado pelas categorias de base do clube. “Tive a felicidade de jogar aqui na base, infelizmente não continuei e tenho a felicidade de estar voltando”. Espero que seja um ano ma-

ravilhoso e que eu continue por muitos anos aqui. Tive algumas propostas de outros clubes da Série A e, quando recebi a do Galo, foi uma emoção porque é um clube em que todo jogador quer jogar e não pensei duas vezes. Já conhecia o clube e é aqui que vai começar minha história”, declarou o meio-campista. Quando li esta declaração no site do Atlético, senti firmeza. Que seja feliz e que nos faça tão felizes quanto ele. Chega também o Patric, para o lado direito e cheio de vontade e motivação. Quer ser reconhecido, quer mostrar o que sabe e a experiência conseguida. “O Atlético é um clube maravilhoso, eu estava com muita saudade e, graças a Deus, estou tendo esta nova oportunidade. Estou muito feliz, muito motivado e tenho certeza que o Atlético ganhou mais um filho que irá se dedicar pelo seu pai”, acrescentou o lateral. Gosto de coração de quem sente e fala na língua atleticana. Não curti. Rever foi embora. Foi lhe dada uma missão, cumpriu bem, levantou a taça mas não gostei da ida. Poderia ter ficado um pouco mais, era craque e um muro a ser saltado. Mas, enfim, haja dinheiro, haja dinheiro que

não deixa nossos ídolos em paz. Obrigada por tudo o que fez, obrigada pela imagem que ainda pulsa no meu coração, ferve o sangue e faz a respiração cavalgar: você com a tão desejada taça... Lucas David Pratto vem da Argentina trazendo na bagagem a taça de melhor jogador do país. Isto nos deixa animados. Vi a foto dele na Cidade do Galo, tendo o Luan como cicerone. Precisa melhor? Já deve ser atleticano para sempre. Falo mais sobre ele em outra oportunidade, pois ele por si só garante notícias, e vamos esperar pelas melhores possíveis. Chegue e finque suas chuteiras neste time que é o mais amado entre tantos. Aqui pode ser tudo desde que a primeira coisa seja: Ser Galo. Abraços.

Rosalva Campos Luciano é professora e apaixonadamente atleticana.


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