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Fim de semana com sol entre nuvens. Pode chover no sábado e no domingo. www.climatempo.com.br

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MÁXIMA

ANO 1 NÚMERO 33

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 7 a 9 DE NOVEMBRO DE 2014

FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EXEMPLAR: R$ 1,00

Foto: Fundação Zuzu Angel

Ditadura nunca mais! Um movimento estranho, para não dizer insano, tomou forma na Avenida Paulista, no coração da cidade de São Paulo, no último fim de semana. As pessoas, agitadas, pediam o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, eleita e reeleita democraticamente pelo voto popular. Pediam também a volta da ditadura militar no Brasil. No editorial desta edição, este Figueira replica um artigo da jornalista Hildegard Angel (a menina de franjinha que aparece à esquerda, na foto em sépia) no qual ela conta aos mais jovens o que foi a ditadura militar no Brasil, ditadura que dilacerou a sua família, estas pessoas felizes da foto: Hildegard, sua irmã Ana Cristina, seu irmão Stuart (assassinado covardemente pelos militares) e sua mãe, a estilista Zuzu Angel, morta em acidente automobilístico nebuloso. Este Figueira vê o movimento que pede a volta da ditadura militar como uma insanidade. Leia o breve relato da história trágica da família de Hildegard Angel e a opinião do jornal na Página 2. Tim Filho

Defesa Civil alerta para as chuvas

O Comando Unificado da Defesa Civil de Governador Valadares se reuniu, na tarde de segunda-feira (3), na Prefeitura, para informar sobre o início do período chuvoso – de novembro deste ano a março de 2015. Céu nublado desta semana indica que pode chover no sábado o domingo. Página 5

Leia Mais

Nossos colunistas estão eufóricos com seus times. Cruzeiro e Atlético são os melhores do Brasil. Página 12

Notícias do Poder A reunião entre a presidente reeleita Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante, teve vários significados e serviu para mandar recados a diversos setores. O primeiro deles é mostrar que Dilma Rousseff já está fechando os nomes do novo ministério, que será anunciado em breve. Quer saber mais? Leia a coluna do jornalista José Marcelo, direto de Brasília. Página 5

Secom PMGV

Comportamento A campanha eleitoral passada foi um “prato cheio” para os analistas do comportamento humano. Do ponto de vista da Psicanálise, o principal problema que a psique é obrigada a enfrentar no seu processo de desenvolvimento é a ansiedade. Quem faz esta análise é o psicólogo Manuel Muñoz, na coluna Comportamento. Página 6

Cartas da América “Morando fora do Brasil há quase 4 anos eu percebi o quanto as pessoas que estão aqui, na terrinha do Tio Sam, querem ver o Brasil crescer e se tornar um país cada vez melhor para as futuras gerações. Quando estamos do lado de cá, conseguimos ter uma visão melhor do que realmente está acontecendo no país”. Quem dá este testemunho é a jornalista valadarense Flávia Rosado, que atualmente reside em Ashland, estado de Massahussets, EUA. Ela estreia a seção “Cartas da América”, contando como os brasileiros votaram nos Estados Unidos. Página 6

CURSOS GRÁTIS - Mais de 2 mil jovens já foram qualificados em cursos gratuitos na Casa do Desenvolvimento. Conheça mais sobre este trabalho na Página 4

Brava Gente O artista plástico Douglas Wdson é o destaque desta edição na seção Brava Gente. Página 6

Natal já movimenta o comércio O comércio de Governador Valadares já está começando a se preparar para receber os clientes que procuram presentes de Natal e Ano Novo. Os comerciantes estão reforçando seus estoques oferecendo descontos tentadores, afim de atrair clientes de todas as idades. Página 4


OPINIÃO

Editorial

Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-81 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo

Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira

Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br

Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

FIGUEIRA - Fim de semana de 7 a 9 de novembro de 2014

Tim Filho

Insanidade sem fim Um movimento estranho, para não dizer insano, tomou forma na Avenida Paulista, no coração da cidade de São Paulo, na véspera do dia dos Mortos. As pessoas, agitadas, pediam o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, eleita e reeleita democraticamente pelo voto popular. Pediam também a volta da ditadura militar no Brasil. Este Figueira, em editoriais passados, se posicionou contra todas as formas de opressão e autoritarismo, e se mostrou alinhado às liberdades democráticas, e, repetir o mesmo discurso já publicado, poderia soar cansativo ao nosso leitor. Por isso, editamos neste espaço editorial, um trecho do artigo escrito pela jornalista Hildegard Angel, que teve sua família dilacerada pela ditadura militar nos anos 1960, 1970. O relato de Hilde (como é conhecida), talvez nos obrigue a reconhecer o quanto o movimento da Avenida Paulista é insano. Hilde nos conta: “A ditadura militar aboletou-se no Brasil, assentada sobre um colchão de mentiras ardilosamente costuradas para iludir a boa fé de uma classe média desinformada, aterrorizada por perversa lavagem cerebral da mídia, que antevia uma “invasão vermelha”, quando o que, de fato, hoje se sabe, navegava célere em nossa direção, era uma frota americana. Deu-se o golpe! Os jovens universitários liberais e de esquerda não precisavam de motivação mais convincente para reagir. Como armas, tinham sua ideologia, os argumentos, os livros. Foram afugentados do mundo acadêmico, proibidos de estudar, de frequentar as escolas, o saber entrou para o índex nacional engendrado pela prepotência. As pessoas tinham as casas invadidas, gavetas reviradas, papéis e livros confiscados. Pessoas eram levadas na calada da noite ou sob o sol brilhante, aos olhos da vizinhança, sem explicações nem motivo, bastava uma denúncia, sabe-se lá por que razão ou partindo de quem, muitas para nunca mais serem vistas ou sabidas. Ou mesmo eram mortas à luz do dia. Ra-ta-ta-ta-tá e pronto. E todos se calavam. A grande escuridão do Brasil. Assim são as ditaduras. Hoje ouvimos falar dos horrores praticados na Coreia do Norte. Aqui não foi muito diferente. O medo era igual. O obscurantismo igual. As torturas iguais. A hipocrisia idêntica. A aceitação da sobrevivência. Ame-me ou deixe-me. O dedurismo. Tudo igual. Em número menor de indivíduos massacrados, mas a mesma consistência de terror, a mesma impotência. Falam na corrupção dos dias de hoje. Esquecem-se de falar nas de ontem. Quando cochichavam sobre “as malas do Golbery” ou “as comissões das turbinas”, “as compras de armamento”. Falavam, falavam, mas nada se apurava, nada se publicava, nada se confirmava, pois não havia CPI, não havia um Congresso de verdade, uma imprensa de verdade, uma Justiça de verdade, um país de verdade. E qualquer empresa, grande, média ou mínima, para conseguir se manter, precisava obrigatoriamente ter na diretoria um militar. De qualquer patente. Para impor respeito, abrir portas, estar imune a perseguições. Se isso não é um tipo de aparelhamento, o que é, então? Um Brasil de mentirinha, ao som da trilha sonora ufanista de Miguel Gustavo. Minha família se dilacerou. Meu irmão torturado, morto, corpo não sabido. Minha mãe assassinada, numa pantomima de acidente, só desmascarada 22 anos depois, pelo empenho do ministro José Gregory, com a instalação da Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos no governo Fernando Henrique Cardoso. Meu pai, quatro infartos e a decepção de saber que ele, estrangeiro, que dedicou vida, esforço e economias a manter um orfanato em Minas, criando 50 meninos brasileiros e lhes dando ofício, via o Brasil roubar-lhe o primogênito, Stuart Edgar, somando no nome homenagens aos seus pai e irmão, ambos pastores protestantes americanos – o irmão, assassinado por membro louco da Ku Klux Klan. Tragédia que se repetia. Minha irmã, enviada repentinamente para estudar nos Estados Unidos, quando minha mãe teve a informação de que sua sala de aula, no curso de Ciências Sociais, na PUC, seria invadida pelos militares, e foi, e os alunos seriam presos, e foram. Até hoje, ela vive no exterior. Barata tonta, fiquei por aí, vagando feito mariposa, em volta da fosforescência da luz magnífica de minha profissão de colunista social, que só me somou aplausos e muitos queridos amigos, mas também uma insolente incompreensão de quem se arbitrou o insano direito de me julgar por ter sobrevivido. Outra morte dolorida foi a da atriz, minha verdadeira e apaixonada vocação, que, logo após o assassinato de minha mãe, precisei abdicar de ser, apesar de me ter preparado desde a infância para tal e já ter então alcançado o espaço próprio. Intuitivamente, sabia que prosseguir significaria uma contagem regressiva para meu próprio fim. Hoje, vivo catando os retalhos daquele passado, como acumuladora, sem espaço para tantos papéis, vestidos, rabiscos, memórias, tentando me entender, encontrar, reencontrar e viver apesar de tudo, e promover nessa plantação tosca de sofrimentos uma bela colheita: lembrar os meus mártires e tudo de bom e de belo que fizeram pelo meu país, quer na moda, na arte, na política, nos exemplos deixados, na História, através do maior número de ações produtivas, efetivas e criativas que eu consiga multiplicar. E ainda há quem me pergunte em quê a Ditadura Militar modificou minha vida! Hildegard Angel”. www.jornalggn.com.br

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Aécio Neves disse que na eleição presidencial aconteceram coisas que envergonham até o diabo.

Parlatório No último fim de semana, mais de duas mil pessoas foram à Avenida Paulista, em São Paulo, pedir a volta da ditadura militar e o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. É legítimo pedir o impeachment da presidenta? Fora Dilma? SIM

Carla Godoy

Fora Dilma! Este grito começou baixinho, criou corpo em junho do ano passado durante as várias manifestações populares pelo Brasil afora, alcançou seu auge no mês passado e continua por aí, na boca de muitos. Não é mais novidade, mas continua sendo notícia porque dentro desse espaço de tempo, fomos às urnas e elas disseram: Fica, Dilma! O que leva um brasileiro, criado em uma cultura democrática, ir contra as urnas imediatamente após as apurações dos votos? Desconfiança! Essa palavra impulsiona o “Fora, Dilma” e o descontentamento com o governo do PT. A sensação é de total desconfiança de tudo e de todos no poder. E o famoso “eu não sabia” repetido várias vezes alimentou esse sentimento. Bem antes das eleições leigos e profissionais afirmavam que as urnas não eram seguras. Aproximando os dias de votarmos ouvíamos aclamações para que vigiássemos as urnas. Já não existem pessoas treinadas para esse fim? Por que eu também devo ser fiscal? Nós, que não somos petistas, fomos votar já imaginando que nossas urnas não eram confiáveis. E realmente deixamos de confiar depois de tantas denúncias. De urnas que já contabilizavam votos antes de iniciar a votação até pessoas fantasmas que votaram no lugar de eleitores. O verdadeiro motivo da tensão: o Brasil mudou o seu status para “Em um relacionamento sério com o socialismo”. Assim, desconfiança se uniu ao medo. E aí ouvimos o “Fora, Dilma” ter continuidade num grito de impeachment. Mas, impeachment de Dilma não é a solução.

Nesse caso, o PT continuaria no poder e o medo de uma ditadura comunista ou da implantação do socialismo não iriam embora junto com a presidenta. Como bons democratas não nos importaríamos tanto assim com a vitória do Partido dos Trabalhadores. Se é desejo do povo, que eles fiquem. Mas... Existe desconfiança e medo do que tem por de trás. Desconfiança de que as urnas foram burladas e medo de um governo que burla as urnas. Desconfiança de que estejamos pagando algum serviço à Cuba e à Venezuela com os favores já ofertados e medo dos serviços que Cuba e Venezuela podem prestar a nós. Para dar fim a esse embate o brasileiro, ou metade do eleitorado brasileiro, precisa de provas! Provas concretas de que o PT não está por trás do superfaturamento de obras no país inteiro, de que os Correios não foram acionados para ajudar na campanha petista, de que os eleitores de Dilma não votaram em mentiras, de que o Petrolão pode até ser real mas não é o PT quem lucra com ele, de que Cuba não recebe o dinheiro de construirmos portos aqui em forma de portos lá, de que não existe nada de mais escondido no Mais Médicos, de que Maduro não interfere em nossas decisões políticas, de que o MST não está sendo treinado em políticas socialistas, de que o STF não corre o risco de se tornar uma corte bolivariana... enfim, provas. Provas que nos deixem descansar sem sentirmos vontade de lutar para ver o PT longe do poder. Se essas provas existem, fica, PT! Carla Godoy é valadarense e jornalista formada na Univale.

A presidenta foi eleita democraticamente pelo povo NÃO

Nivalda Aparecida

O povo decidiu. A presidenta Dilma foi reeleita pelas mãos que sustentam o país, embora, muitos tentam desmoralizar estas mãos, chamando-as de preguiçosas, ignorantes e indignas. Esse povo vê diferenças em sua vida como acesso à universidade, maior poder de compra e melhor distribuição de renda. Ainda estamos longe do ideal, mas as coisas verdadeiramente melhoraram. A classe dominante se sente ameaçada por este governo. É sabido que quando o povo opta pela forma democrática há uma sabotagem por parte daqueles que sempre usufruíram da desigualdade. A mídia incentiva, dizendo que é possível reverter a situação. Ela é a grande responsável pelos excessos que estamos vendo. O que acontece quando se é oposição é que se deve fazer uma crítica e uma proposta. Críticas estão sendo feitas, mas por falta de proposta, se pede a impugnação do mandato. Assim, sem mais nem menos. Porque nós não queremos este governo, porque não concordamos com a maioria, porque não respeitamos a vontade do povo. Porque queremos! Na ditadura sofremos tudo que tínhamos para sofrer como povo. Pessoas desapareciam, eram torturadas e assassinadas. Crianças eram fichadas na polícia como terroristas, perdiam o direito à cidadania brasileira, eram arrancadas de seus pais e levadas à outras famílias no exterior. Tempos difíceis. As pessoas desejavam silenciosamente um país democrático. Outras mais corajosas lutaram para que este sonho virasse realidade. O povo quis, lutou e conseguiu.

O cantor Lobão, que em algum momento de sua vida, foi de esquerda, gritou pela reforma agrária, por um país mais justo e com melhor distribuição de renda. Hoje, esse mesmo senhor, sabe-se lá seus verdadeiros motivos, não respeita a democracia. Primeiro, tentou fazer uma chantagem emocional ao país, dizendo que iria embora, caso a presidenta Dilma fosse reeleita. Ninguém se comoveu. Agora pede o “impeachment”. Qual seria a motivação legal para isso? Legal, nenhuma. Mas penso que é por não saber “perder”. Perder no sentido de não ver elegido aquele que ele apoiava. E por isso, prefere que o país perca a liberdade que conquistou, para se sentir vencedor. Houve uma eleição participativa. A maioria escolheu e isso é legítimo. Respeitar esta condição é respeitar o país e o seu povo. Criar situações fantasiosas é uma tentava de alienar a população para se aproveitar dela. O olhar para a questão deve ser coletivo: o que venceu foi a democracia.

Nivalda Aparecida Gonçalves é professora de ensino fundamental da rede pública e leciona na escola que funciona na Cidade dos Meninos.


CIDADANIA & POLÍTICA

Freio para o bispo?

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FIGUEIRA - Fim de semana de 7 a 9 de novembro de 2014

Da Redação

As mesmas forças políticas que sempre mantiveram Valadares presa ao atraso murmuram agora contra o bispo Dom Félix. Só faltam chamá-lo de forasteiro, por enquanto. Tudo por causa das transferências de seus párocos prediletos, procedimento que deveria ser muito comum a todos os que fazem votos de obediência. Acostumados a não levar a sério os votos de pobreza e castidade, alguns questionam agora o voto que havia sobrado: o de obediência. Servir a comunidades pobres e periféricas se tornou motivo de sofrimento e aflição, estranhamente.

Por aí...

Se não fosse a Internet

Proporcional ao resultado

O jornalista Paulo Henrique Amorim avalia que se não fosse a Internet o PT teria perdido a eleição. A forte atuação dos petistas na Internet, contrapondo-se à força da mídia convencional, fez a balança da informação se mover em favor da candidatura Dilma. Mobilizou jovens e petistas que haviam se desgarrado em eleições anteriores.

Para o candidato derrotado pelo PT/GV, Geovanne Honório cada votou lhe custou cerca de 20 reais, pois gastou cerca de 210 mil reais tendo obtido 10.599 votos no total.

O preço do voto A eleição da mesa diretora da Câmara de Vereadores, para o biênio 2015 e 2016, promete temperatura alta. Por ora, forças políticas derrotadas nas eleições de 5 de outubro tentam a todo o custo conseguir aquele espaço de influência: um deputado estadual derrotado e um ex-candidato a prefeito constam em todas as declarações dos vereadores. O relato é de toma-lá-dá-cá, só variando o preço. O Figueira estará atento à movimentação dos que preferem as sombras.

Sacudindo a Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

Oposição dá trabalho

Campanha mais rica: casal parlamentar O deputado derrotado Hélio Gomes teve a campanha mais rica dentre os candidatos de Valadares. Gastou mais de 2 milhões de reais e, ainda assim, não conseguiu a sua reeleição. O próprio candidato é o seu maior e quase único doador. Já a sua esposa, Brunny Gomes, gastou mais de 1 milhão e 500 mil reais e saiu eleita deputada federal. Pelo sim e pelo não, o certo é que o casal continua parlamentar. PTC Nacional

Grupo HG

O sonegômetro - quantocustaobrasil.com.br - mostra que neste 2014 já foram sonegados 425 bilhões de reais no Brasil, configurando a mais escandalosa corrupção. Muitos dos sonegadores estão no topo dos que financiam a “cruzada” anticorrupção no país. A crescente eficiência da Receita Federal parece incomodá-los muito.

Frases... “Auxílio moradia para juízes e promotores é ilegal’’.

“Entre os grandes países em desenvolvimento - China, Índia, Rússia - o Brasil é o país menos corrupto. Temos corrupção, mas não é um dos nossos maiores problemas, como querem fazer parecer”.

O Deputado reeleito Bonifácio Mourão arrecadou quase um milhão de reais para a sua campanha. Sua maior fonte de recurso foi a Cardiesel LTDA, da qual o deputado Jayro Lessa é sócio, com 230 mil reais de generosidade ao deputado tucano.

Já o Deputado Federal Leonardo Monteiro (PT) fez uma campanha um pouco mais cara que o candidato mais votado em GV, arrecadando bem mais de um milhão de reais. O seu maior doador foi o próprio deputado que depositou em espécie 165 mil reais para sua campanha.

Sonegação é corrupção

Luís Inácio Adams, ministro da AGU.

Dinheiro nas eleições

Dinheiro nas eleições II

Os seus 51 milhões de eleitores têm de lembrar a Aécio que fazer oposição dá trabalho. Na quarta-feira, ele já faltou à sessão do Senado. Parece que não mudou nada.

Roberto Mangabeira Unger - Filósofo

Sai, capeta!

Deputado endividado O Deputado Leonardo Monteiro (PT), fechou sua campanha com uma dívida de mais de 600 mil reais. Pelo jeito não haverá descanso para o parlamentar valadarense, que terá muito trabalho pela frente para quitar seus débitos.

Do site Terra - Derrrotado na disputa pela Presidência da República, o senador Aécio Neves (PSDB) disse, na quarta-feira, ter sido vítima de mentiras da campanha do PT durante a campanha eleitoral, e que “o diabo se envergonharia” da postura do partido. Em um evento com PSDB e aliados, o tucano defendeu um pacto por uma oposição revigorada nos próximos quatro anos. “Essa campanha levará marcas distintas e vigorosas. Uma delas é a campanha da infâmia, da mentira, da utilização sem limites da máquina pública. Pelo menos cumpriram a palavra, disseram que fariam o diabo nas eleições. O diabo se envergonharia de muitas coisas que foram feitas”, disse, em referência a uma fala da presidenta Dilma, em março.

Saúde

Derli Batista da Silva

Pensamentos saudáveis sobre vida e morte “Na morte, não. Na vida. Está na vida o mistério...”, assim expressa a poetisa Henriqueta Lisboa. O mistério é que provavelmente assusta as pessoas, pois representa o desconhecido e diante daquilo que não se tem compreensão, se manifesta a fragilidade do ser humano, o sentimento de incapacidade de enfrentamento. A maneira como a sociedade repudia a morte é perceptível nas atitudes cotidianas, quando, por exemplo, familiares evitam levar crianças a velórios. Pensar ou falar sobre a morte, então, se torna por vezes pesadelo, algo desagradável, indesejado ou repudiado; quando muito, se fala o essencial em ocasiões de falecimento de parentes ou amigos, mesmo assim, com o pavor estampado nas expressões corporais das pessoas. O fato de a pessoa recear a morte é comum em nossa sociedade. No entanto, não se trata de um comportamento isolado, pois guarda relação com a compreensão de mundo, com a cultura, com o próprio entendimento sobre a morte e a vida, com crenças, valores, vivências e expectativas. O pensador Epicuro afirmou que, para muitos, a morte é um nada: enquanto existirem, a morte não existirá e quando a morte chegar, estes deixarão de existir. Outros tantos, apesar do temor manifesto diante da morte, a desejam como se fosse o descanso das labutas da vida. Mas, há pessoas que geralmente vivem a vida saboreando-a e não temem o não mais viver, compreendendo a vida como uma dádiva e a morte como algo natural e não como se fosse um mal. “Mal nasceis e já começais a morrer”, assim proclama Friedrich Nietzsche lembrando que muitas são as faces da morte que rondam a existência humana, talvez por isso recomende que se faça da morte uma festa e alerta a quem acredita na vida após a morte: é necessário aprender a conviver com a morte durante a vida! A morte não é algo a ser temido, ela completa a vida, dá sentido à vida humana, é inconcebível viver sem morrer, não obstante, para José Saramago “... o maior sonho da humanidade desde o princípio dos tempos é o gozo feliz de uma vida eterna cá na terra...”. Mas, este autor proclama: “A morte nunca dorme.”.

O ser humano, ao desejar não enfrentar a separação que ocorre quando fenece, tende a negar a morte de várias maneiras, como não participar de conversas sobre ela, de velórios ou não ir a cemitérios; conduta que impede ou dificulta a aquisição de experiências possíveis de gerar reflexões capazes de torná-lo um ser melhor, mais preparado para viver quando acometido por doenças graves ou situações de risco iminente de morte. A convivência com a morte pode despertar nas pessoas o senso de que ela se faz mais presente em suas vidas que se imagina, requerendo uma relação dialógica sobre as questões que limitam e confrontam a vida e também uma mudança de postura diante da morte, podendo até não festejar como recomenda Nietzsche, mas ao menos atender ao pedido de William Shakespeare: “Não lamentes por mim quando eu morrer”. O sentimento acerca da morte tem vínculo com a percepção sobre o mundo, que ocorre pelo corpo, e os laços do corpo com o mundo são bastante estreitos e interferem diretamente nas condutas e pensamentos da pessoa a respeito de sua existência. A relação do ser humano com o seu corpo e a dimensão que este representa para sua vida pode delimitar a aceitação ou negação da morte. Na compreensão de Lima Júnior, a existência de um corpo se dá graças às dádivas, dívidas e dúvidas que caracterizam o seu cotidiano com sonhos e segredos únicos e intraduzíveis. Corpo só é corpo por ser corpo com vida, com movimento, com desejo, com relações complexas envoltas de historicidade, criatividade, peculiaridades. A morte de um corpo é o fim absoluto desse corpo. Quando a vida é repleta de realizações que satisfazem o ser humano, há tendência de melhor aceitação da morte, o que aproxima este da natureza, pois o que se sabe é que, ao nascer, naturalmente existem caminhos a serem trilhados, e qualquer destes conduzirá à morte. Por isso, Lucy Gomes enfatiza que “... a maior dignidade a ser encontrada na morte é a dignidade da vida que a precedeu...”. Cuidar bem do nosso modo de viver e relacionar de forma respeitosa com as pessoas e com o mundo é o melhor caminho para alcançarmos uma vida saudável e, consequentemente, a serenidade e a paz ao findar a nossa existência na Terra. Derli Batista da Silva é enfermeiro, mestre, especialista em Bioética, em Saúde da Família e em Gestão da Saúde, professor universitário.


METROPOLITANO 4

FIGUEIRA - Fim de semana de 7 a 9 de novembro de 2014

ECONOMIA

Natal já movimenta comércio de GV Comerciantes estão otimistas e esperam boas vendas. Câmara de Dirigentes Lojistas quer aquecer o comércio com a campanha “Natal dos Sonhos” Tim Filho

Natália Carvalho / Repórter O mês de Novembro já começou, e junto a ele chegam as expectativas para o Natal e o Réveillon. O comércio de Governador Valadares já está começando a se preparar para essas festividades, reforçando o estoque das lojas e oferecendo descontos tentadores, afim de atrair clientes de todas as idades. Na loja Chocolates Cacau Brasil o estoque para o Natal já foi reforçado. Este ano, com uma maior diversidade de produtos, visando atrair o cliente não apenas pelo preço, mas também pela qualidade. “As nossas expectativas, como em qualquer outra loja, são as vendas. Desta forma, todos os produtos foram bem escolhidos. Este ano temos os chocolates diets, para as pessoas que são diabéticas, que são enfeitados tão bem como os chocolates normais, as caixinhas do Papai Noel, e diversos chocolates com frutas, com um sabor bem brasileiro”, conta Amanda Soares, funcionária da loja. Outra parte do comércio que está a mil são as lojas de brinquedos. Juliana Frossard, gerente da loja Mariana Presentes está correndo para conseguir alcançar este ritmo natalino. Ela, como todos os funcionários da loja, espera uma porcentagem de vendas maior do que a do ano passado. “Já estamos colocando o novo estoque para que fique adequada às vendas que esperamos. Sempre temos muitas novidades e ofertas. No momento, as bonecas Monster High entraram em promoção, mas em breve teremos mais itens promocionais.”, comenta. E tem gente que usa a criatividade para esquentar um pouco as vendas. Mesmo com um ano difícil, a comerciante Cenildes Reis, da Boutique Lui Lui, espera ótimas vendas para o fim do ano com o seu desfile anual de roupas infantis. Todo o ano ela convida amigos e clientes para desfilar sem compromisso com as roupas da loja. “Além de ser um evento para divulgação, as crianças se divertem bastante, já entrando nesse clima de descontração do Natal e das

As lojas da área central já estão ornamentadas com motivos natalinos, como árvores, luzes e Papai Noel, como o desta loja, que canta e dança

férias.”, conta. E a criança que desfilar melhor ainda leva para casa um book de fotos, patrocinado pela loja. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Governador Valadares (CDL GV) já realiza há 4 anos a Campanha “Natal dos Sonhos”, visando justamente trazer maior movimento ao comércio varejista de Valadares e região. De acordo com o Assessor de Imprensa Rafael Rocha, o final de ano é a época em que há mais movimento no comércio. “Para este Natal, estamos com a expec-

tativa de que a campanha seja igual ou melhor que o do ano passado.”, conta. Em 2014, a Campanha Natal do Sonhos contemplará 12 ganhadores, sendo os prêmios 10 Iphones e 2 Fords kA 0km. As empresas participantes da campanha irão distribuir entre os dias 1 e 27 de dezembro, cupons a cada R$ 80,00 reais realizados em compras ou serviços. Os cupons recebidos deverão ser depositados na urna da CDL GV localizada na Praça dos Pioneiros, onde também serão realizados os sorteios

no dia 27/12, a partir das 11h. De acordo com a Gerente da CDL GV Geralda Gonçalves, seria ótimo ver todo comércio valadarense em um só ritmo. “É disso que se trata o espírito natalino: união em prol de uma realização em comum. Um Natal dos Sonhos”, conta. Para as empresas que ainda não aderiram à campanha, basta entrar em contato com a CDL GV pelo email comercial@cdlgv.com, ou telefone: (33) 3279-4114. Tim Filho

CAPACITAÇÃO

Casa do Desenvolvimento oferece cursos gratuitos de qualificação profissional Da Redação O mercado de trabalho está cada dia mais competitivo. Assim, é fundamental o constante investimento em qualificação profissional. Valadares tem crescido e atraído empresas de diferentes segmentos econômicos e criando oportunidades de emprego em todos os níveis de escolaridade. Quem está à procura de trabalho, pode ter uma grande oportunidade: é que a Secretaria Municipal de Desenvolvimento oferece vários cursos gratuitos na modalidade Ensino a Distância (EAD) na Casa do Desenvolvimento. Os cursos realizados na Casa têm carga horária que varia entre 10 e 80 horas nas áreas do desenvolvimento de habilidades; formação profissional; inovação e empreendedorismo; meio ambiente; rede tecnológica; saúde, bem estar e cidadania; tecnologia da informação e comunicação. Atualmente, estão disponíveis os cursos de Aproveitamento de Alimentos, Assentador de Piso Cerâmica e Azulejo, Atendendo com Qualidade, Colocação no Mercado de Trabalho, Hotelaria, Maquiagem, Noções Básicas de Bombeiro Hidráulico, Noções Básicas de Instalações Elétricas, Podologia, Técnicas de Pintura e Textura em Parede, Auxiliar de Cozinha, Operador de Telemarketing, Salgadeira, Gestão Ambiental e Recursos Hidricos, Culinária (Com Módulo Para Deficientes Intelectuais Múltiplos), Autocad, Webdesign entre outros. A Casa do Desenvolvimento foi inaugurada no ano de 2005 com o objetivo de qualificar mão de obra para o mercado de trabalho. Atualmente, a Casa é sede da Rede Cidadã e intermedia a inserção de jovens entre 14 e 24 anos no mercado de trabalho por meio do programa Jovens Aprendizes – e da UAI TEC que oferece inclusão digital pelo módulo EAD a cidadãos com idade a partir de 12 anos e também MBA a acadêmicos de Valadares e região. Para fazer a matrícula basta levar os documentos pessoais (RG e CPF) e comprovante de residência. A Casa do Desenvolvimento funciona de 8 às 18h, na rua Belo Horizonte, 756 – Centro (antigo prédio do Psiu). Informações pelo telefone: 3276.7991.

Céu nublado indica que pode chover nso próximos dias. Previsão do site climatempo é para as chuvas neste fim de semana em Valadares

Defesa Civil alerta para o período de chuva O Comando Unificado da Defesa Civil de Governador Valadares se reuniu, na tarde de segunda-feira (3),na Prefeitura para informar sobre o início do período chuvoso – de novembro deste ano a março de 2015. Na ocasião, os membros das secretarias afins e representantes do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), que fazem parte do Comando Unificado, foram informados sobre a previsão meteorológica da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil alertando para a possibilidade de chuvas fortes com rajadas de vento e descarga elétrica em novembro. A previsão é de que em dezembro as chuvas sejam mais intensas na

Zona da Mata e na parte alta, média e baixa do Rio Doce. Para o coordenador da Defesa Civil Wilde Nonato, a reunião é importante para mostrar que os trabalhos preventivos para enfrentar o período de chuvas começam agora. Em caso de chuva forte, a Defesa Civil orienta a população, entre outros cuidados, a não transitar (a pé ou de carro) por áreas alagadas e observar sinais de encharcamento e movimentação do solo das encostas. A Defesa Civil estará de prontidão para qualquer ocorrência pelo telefone 3279.7436.


POLÍTICA 5

FIGUEIRA - Fim de semana de 7 a 9 de novembro de 2014

Notícias do Poder

Pragmatismo Político

José Marcelo / De Brasília

Dilma e Lula

Vitrine 1

A reunião entre a presidente reeleita Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante, teve vários significados e serviu para mandar recados a diversos setores. O primeiro deles é mostrar que Dilma Rousseff já está fechando os nomes do novo ministério, que será anunciado em breve. Lula recomendou que Dilma surpreenda positivamente a economia com anúncio de um nome que agrade aos investidores e economistas. O problema é que neste caso o nome do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, aparece como favorito à vaga do ainda ministro da Fazenda Guido Mantega. Mas, a presidente não gosta de Meirelles, com quem se desentendeu em mais de uma ocasião, no governo Lula.

Na volta ao Congresso Nacional o senador e ex-candidato a presidente, Aécio Neves (PSDB-MG) deu uma demonstração de força e prestígio que sinaliza para a atuação mais intensa da oposição no segundo mandato de Dilma. O problema é que dentro do PSDB já existe uma aposta de que o nome de Aécio vai perder peso nos próximos meses, resultado da atuação mais forte do senador eleito José Serra e do governador reeleito de SP, Geraldo Alckmin. Os dois sonham com a vaga de candidato ao Planalto em 2018 e apostam no enfraquecimento do colega de legenda.

Piada interna no Senado: será que se sentindo ameaçado por Serra e Alckmin, o senador Aécio Neves vai continuar usando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como uma espécie de guru/amuleto? É que os dois outros tucanos se descolaram do ex-presidente nas duas campanhas anteriores. O senador mineiro fez o contrário.

Para digerir Interlocutores do Palácio do Planalto admitem que Dilma Rousseff ainda nutre uma certa reserva em relação ao nome de Meirelles, mas estaria disposta a aceitar a nomeação dele para a vaga de Guido Mantega. A reunião também tenta dar um recado político do Congresso e ao eleitor: num segundo mandato de Dilma, o ex-presidente estará mais próximo ainda do Palácio do Planalto. Por proximidade, entenda-se que Lula vai ajudar a dar as cartas e definir os rumos da administração e dos projetos sociais. Para o Congresso, a ideia é que a reunião sinalize para um acalmar de ânimos na relação com o governo.

Sobre multas

Mais uma Por falar em Congresso, mais uma votação desagrada os interesses do governo. O Plenário da Câmara aprovou o aumento de um por cento dos repasses de impostos federais ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Trata-se de um apelo antigo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que reclama da falta de dinheiro generalizada nos caixas das prefeituras. Ruim para o governo, que vai sentir o impacto da medida.

Veneno

Vitrine 2 Já existe um consenso entre os defensores de Aécio Neves de que ele precisa ser mais atuante como senador, já que na primeira metade do mandato ele ficou praticamente apagado entre os colegas. Por isso, Aécio deve brigar por uma comissão técnica que o coloque na vitrine, permita que ele ataque o governo mas não seja alvo de combate. A mais provável é a comissão de Relações Internacionais. A decisão sai antes de janeiro.

POLÍTICA

É a consciência, estúpido! * Wesley Lopes Honório Depois que a poeira da campanha eleitoral assentar de vez, muitas cicatrizes de amizades desfeitas no Facebook terão que ser curadas. Ou não. Em meio à guerra psicológica eletrônica nas redes sociais, mais uma vez as pesquisas de intenção de voto foram usadas com resultados completamente desequilibrados e acabaram reafirmando o senso-comum de que essas sondagens são produzidas para manipular a opinião pública. No segundo turno, as revistas IstoÉ e Época divulgaram pesquisas tão absurdas, respectivamente dos institutos Sensus e Paraná, que a repercussão na grande imprensa foi insignificante. Nas pesquisas de boca de urna para o primeiro turno, Datafolha e Ibope (as duas maiores entre as empresas idôneas), os números deram uma rasteira até nas margens de erro. Segundo os diretores do Datafolha, Mauro Paulino, e Ibope, Márcia Cavallari, “nesta eleição os indecisos estiveram acima da média e muitos eleitores deixaram para escolher o candidato na hora de votar”. Mesmo sendo pesquisas quantitativas, a análise puramente matemática dos resultados pode esconder a subjetividade do comportamento do eleitor. Pesquisas de opinião são instantâneos da percepção dos indivíduos, que podem oscilar de acordo com os conteúdos e a velocidade das informações hiperaceleradas dos meios eletrônicos. Mesmo alguém que tenha sido entrevistado, pode ter seu interesse despertado justamente no momento daquela determinada sondagem e poderá mudar de opinião espontaneamente, minutos depois. Ao contrário do que desejam os responsáveis pela elaboração de programas de governo perfeitos, não é isso e nem as qualidades intrínsecas do candidato que irão provocar a nossa adesão; são os conteúdos que melhor espelharem a nossa visão de mundo e, principalmente, a imagem que formamos na mente a respeito deles. Testes cegos feitos com diversos produtos surpreendem as pessoas que são submetidas a esse tipo de prova, porque os resultados muitas vezes não combinam com as escolhas feitas anteriormente, quando estavam de “olhos abertos”. Escolhemos de acordo com uma infinidade de filtros da nossa consciência, de como percebemos a vida, ainda que muitos acreditem que determinados públicos possam ser manipulados por mensagens hipnóticas da mídia. Campanhas políticas ou publicitárias travam batalhas para conseguir a atenção e a adesão do público-alvo. Depois de uma longa ou curta negociação entre o sistema de valores dos indivíduos e a sedução produzida pelas campanhas, cada pessoa seleciona e julga os candidatos e as mensagens que passarão a fazer parte do seu círculo de confiança. E, apesar da fantasia conspiratória de que a propaganda tem poder de hipnotizar e controlar, são as convicções do eleitor que determinam qualquer decisão, seja ele um interiorano paulista da classe C ou um acadêmico urbano nordestino da classe A. * O título é uma citação à frase “It’s the economy, stupid” (1992), do estrategista da campanha presidencial de Bill Clinton, James Carville. Wesley Lopes Honório foi valadarense dos dois aos dezessete anos; é publicitário, Mestre em Educação e pós-graduado em Marketing Político e Eleitoral.

Na mesma semana em que os novos valores das infrações de trânsito entraram em vigor, a Comissão de Viação e Transportes da Câmara aprovou o projeto que suspende o efeito das infrações de trânsito, enquanto o recurso interposto pelo motorista não for julgado. Trocando em miúdos: a multa não vai gerar efeitos práticos, como a pontuação da infração na habilitação do condutor até a conclusão do processo. A dúvida é se essa medida não vai soar como incentivo aos maus motoristas.

José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.


GERAL

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FIGUEIRA - Fim de semana de 7 a 9 de novembro de 2014

Projeto afirma a autoestima de mulheres do bairro Novo Horizonte Da Redação Algumas delas já sofreram de depressão, foram traídas, vítimas de violência doméstica, aprisionadas pelos companheiros, viveram para cuidar da casa, do marido e dos filhos, ou passam a maior parte do tempo sozinhas. Hoje, decididas a construir uma nova história, buscam no projeto Costurando Vidas a chance de recomeçar. Para isso, reúnem-se todas as segundas e quartas-feiras, das 13h30 às 16h, em um salão da Igreja Presbiteriana do bairro. Lá, confeccionam bonecas e ainda participam de dinâmicas e discussões relacionadas a assuntos vivenciados por elas no dia a dia. Utilizando tesouras, algodão, linhas, pincéis, lãs e agulhas, simples pedaços de tecidos ganham formas, fios, estilos e cores, transformando-se em bonecas de pano pelas mãos de aproximadamente 30 mulheres do bairro Novo Horizonte. Além de aprenderem um ofício, que pode ser fonte de geração de renda, elas têm a chance de melhorar a autoestima, criar vínculos com as demais participantes, fazer amizades, arejar a mente e ter o seu interior transformado. Tudo isso proporcionado pelo SESC com o apoio da equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) Novo Horizonte e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Todo o material também é fornecido pelo SESC, que realiza também passeios com as participantes. Uma das alunas mais interessadas é Benedita Ferreira dos Santos que, aos 73 anos, costura e ainda coloca linha na agulha sem usar óculos. “Só uma filha mora perto de mim; os outros moram longe e, com isso, me sinto muito sozinha. Aí resolvi unir o útil ao agradável: vim aprender e distrair a cabeça”, contou divertindo-se. Dorlene Gomes Costa, 43 anos, disse que já teve uma

vida muito difícil, mas deu a volta por cima e tornou-se uma nova mulher. “Há algum tempo não podia nem sonhar em vir aqui ou em qualquer outro lugar para participar de nenhuma atividade. Agora me libertei: uso batom, converso, saio e trabalho fora. Adoro conviver com outras pessoas, compartilhar experiências, ouvir casos, porque muitas vezes eles servem de exemplo e de aprendizado para mim. Neste curso estou fazendo tudo isso. Hoje posso afirmar que sou feliz!”. Auricélia Ferreira dos Santos não poupou esforços: enquanto todas as participantes desenhavam os olhos, sobrancelhas, narizes e bocas das bonecas com pincel atômico, ela preferiu fazer com linhas. “Há oito anos faço bonecas. Entrei no curso só para me aperfeiçoar. Esses dias fiz 12 para crianças carentes e me sinto orgulhosa em poder ajudar. É gratificante ver uma criança brincando com um fruto do seu trabalho”, concluiu. A assistente social do Nasf V Daniela Geber tentou definir em palavras o processo pelo qual as mulheres passam ao longo do curso. “Cada participante é como um pedacinho de tecido que, com o decorrer do curso, vai sendo moldado, costurado e tendo sua vida transformada”. O projeto As oficinas começaram a ser realizadas no dia 27/10 e a previsão é de que terminem em dezembro. Às segundasfeiras, as participantes aprendem o artesanato e, às quartas, realizam terapia em grupo com a psicóloga do Nasf V. Elas também participaram do Sonora Brasil, um evento de música popular brasileira que acontece no SESC. O transporte ficou por conta do SESC, que disponibilizou ônibus para levar e buscar as mulheres na praça principal do bairro Novo Horizonte.

CIDADANIA

SECOM - PMGV

VESTIBULAR

IFMG promove Vestibular e Exame de Seleção Da Redação O Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) abre, de 1 de novembro a 7 de dezembro, as inscrições para o Vestibular e Exame de Seleção 2015/1. Ao todo, são mais de quatro mil vagas, sendo 2.641 para cursos técnicos e 1.450 vagas para superiores (bacharelado, tecnologia e licenciatura). As ofertas serão feitas no campus Governador Valadares. As inscrições devem ser feitas exclusivamente pela internet. A taxa é de R$ 50,00 para candidatos a cursos técnicos e de R$ 70,00 para os de nível superior. O candidato deverá efetuar o pagamento da taxa de inscrição através da Guia de Recolhimento da União (GRU) Cobrança, em qualquer agência bancária ou correspondente bancário. O pagamento da taxa deve ser feito em dinheiro ou débito em conta corrente até o dia 9 de dezembro (consulte os editais). O comprovante definitivo de inscrição poderá ser consultado nos dias 18 e 19 de dezembro. Problemas relativos ao não processamento do pagamento da taxa ou ao comprovante devem ser comunicados pelo copeves@ifmg.edu.br. Para não pagar inscrição! O candidato que, cumulativamente, comprovar renda familiar per capita igual ou inferior a um salário mínimo e meio, e tiver cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou como bolsista integral em escola da rede privada, tem a oportunidade de solicitar o benefício da isenção da taxa de inscrição. Sisu: oportunidade em dobro Você pode tentar as vagas dos cursos superiores de duas maneiras: via Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e também pelo vestibular. No Vestibular e Exame de Seleção 2014/2 serão ofertadas 50% das vagas dos cursos superiores e no Sisu serão ofertadas as demais vagas. O Sisu utilizará as notas do Enem 2014, conforme edital. Cotas São reservadas 50% das vagas dos cursos superiores aos candidatos que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas e 50% das vagas de seus cursos técnicos, em todas as modalidades, aos candidatos que tenham cursado o ensino fundamental em escolas públicas. Basicamente, há três critérios de classificação dentro do sistema: o primeiro está ligado ao fato do aluno vir de escolas públicas, o segundo, relacionado à renda familiar per capita e, o terceiro, à autodeclaração de cor. Cursos

PEQUENINOS E O TRÂNSITO - Crianças de 4 a 10 anos, de 12 escolas da cidade (entre privadas e públicas municipais e estaduais), mostraram na manhã de quarta-feira que já compreendem – e bem – a importância das regras de trânsito e o papel de todos para um presente e um futuro mais seguro nas vias de circulação. Eles se apresentaram no Teatro Atiaia para uma plateia atenta. A Prefeita Elisa saudou os pequeninos.

No Campus Governador Valadares o candidato poderá optar pelos cursos: técnicos em Meio Ambiente e Segurança do Trabalho (subsequente e integrado), além de bacharelado em Engenharia de Produção e tecnologia em Gestão Ambiental.

Comportamento Manuel Muñoz

Mecanismos de defesa A campanha eleitoral passada foi um “prato cheio” para os analistas do comportamento humano. Do ponto de vista da Psicanálise, o principal problema que a psique é obrigada a enfrentar no seu processo de desenvolvimento é a ansiedade. Esta pode surgir de várias situações, tais como a perda de amor, de autoestima, da identidade ou de um objeto desejado, pessoa ou não. No nosso caso, o objeto de desejo é a eleição. Imaginem a carga de ansiedade de quem perdeu a eleição! Há dois modos de diminuir a ansiedade. O primeiro é lidar diretamente com a situação. A outra forma de defesa contra a ansiedade é deformar ou negar a própria situação. O ego protege toda a personalidade contra a ameaça, falsificando a natureza desta. Os modos pelos quais se dão as distorções são denominados mecanismos de defesa. Anna Freud (filha desse senhor que se usa para explicar tudo) explicitou mais de trinta mecanismos de defesa. Nós apenas exemplificaremos alguns dos mais conhecidos. O mais conhecido é a repressão. A essência da repressão consiste simplesmente em afastar determinada coisa da consciência. Ela afasta da consciência um evento, idéia ou percepção potencialmente provocadores de ansiedade, impedindo,

assim, qualquer solução possível. É pena que o elemento reprimido ainda faça parte da psique, apesar de inconsciente, e que continue a ser um problema. É o caso de determinados eventos da vida passada esquecidos por alguns candidatos pela ameaça que representam para sua vida atual. É importante frisar que o mecanismo é inconsciente, porque se fosse proposital e consciente apenas seria malandragem. Em segundo lugar citamos o mais primitivo: a negação. É a tentativa de não aceitar na realidade um fato que perturba o ego. É a tendência de “fantasiar” que certos acontecimentos não são assim, que na verdade não aconteceram. Sirva como exemplo as contas mirabolantes que alguns dos seguidores do candidato que perdeu fazem para não aceitar o fato da derrota. Um terceiro muito usado no dia a dia é a racionalização, que é o processo de achar motivos aceitáveis para pensamentos e ações inaceitáveis. É o processo através do qual uma pessoa apresenta uma explicação que é ou logicamente consistente ou eticamente aceitável para uma atitude, ação, idéia ou sentimento que emerge de outras fontes motivadoras. Ex.: “Eu só estou fazendo isto para o seu próprio bem” (eu quero fazer isto para você, eu não quero que me façam isto, eu até mesmo quero que você sofra um pouco). Também muito usado é a projeção, isto é, o ato de atribuir a outra pessoa, animal ou objeto as qualidades,

sentimentos ou intenções que se originam em si próprio. Os aspectos da personalidade do indivíduo são deslocados de dentro deste para o meio externo. Sempre que caracterizamos algo “fora” como mau, perigoso, pervertido e assim por diante, sem reconhecermos que essas características podem também ser verdadeiras para nós, é provável que estejamos projetando. Quem não lembra as constantes queixas de um candidato sobre a agressividade “do outro”, se colocando como vítima? Mas, para terminar, devemos frisar que nem todos os mecanismos de defesa são neuróticos, imaturos ou narcisistas, também existem os que nos permitem lidar com os conflitos com maturidade, permitindo aceitar a realidade e alcançar satisfação e realização pessoal. É o caso do bom humor e da sublimação, processo através do qual a energia originalmente dirigida para propósitos sexuais ou agressivos é direcionada para novas finalidades, com frequência metas artísticas, intelectuais, culturais, sociais ou políticas. Felizmente, na política brasileira, conheço algum exemplo de liderança criativa e comprometida com o bem dos brasileiros, especialmente os mais pobres, que parece que usa muito bem este mecanismo. Nem tudo está perdido. Manuel Alfonso Díaz Muñoz, Manolo, é psicólogo, doutor em Teologia, professor universitário.


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FIGUEIRA - Fim de semana de 7 a 9 de novembro de 2014


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BRAVA GENTE

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DOUGLAS WDSON

Ombudsman

Dilvo Rodrigues

José Carlos Aragão

Memória curta Na semana que passou, nas redes sociais – bem mais que na mídia – houve um grande (menos... menos...) destaque para alguns aloprados paulistas que saíram às ruas clamando pelo impeachment da reeleita presidente ou questionando a lisura do processo eleitoral recentemente concluído. Pra quem é muito jovem ou suficientemente idoso para já ter perdido a memória, vale recordar que o movimento Diretas Já, que varreu o país nos estertores da ditadura, ao final do século passado, começou assim: com uns gatos pingados gritando palavras de ordem e agitando cartazes e faixas pelas ruas. Naquele tempo, porém, a logística para tal era bastante limitada pois, não existindo ainda internet, celular ou redes sociais, o que funcionava mesmo era o boca a boca nos corredores das universidades, nas reuniões em sindicatos e até em almoços de domingo na casa da nona comunista. Além disso, havia a Repressão. Com letra maiúscula, porque era um aparato repressor da maior responsa. Não é como agora, que o manifestante pode apanhar da polícia na rua (ok, apanhava-se também naquela época), inalar gás lacrimogêneo (ok, também se inalava gás naquela época), ser preso e conduzido a uma delegacia, onde um advogado previamente contratado pelo grupo já o espera para livrá-lo de uns tabefes a mais e de ver o sol nascer quadrado. (Bem, naquela época não era bem assim: garantia de final feliz, só mesmo nas telenovelas de então – que, a propósito, eram censuradas. Ser preso em uma manifestação de rua representava uma possibilidade real de ser torturado por longos períodos, até entregar companheiros, morrer, ou simplesmente desaparecer em lúgubres porões sem fundo.) Ou seja, fazer rolezinho com conteúdo, naqueles tempos, não era nada fácil. Santa inocência! Que as novas gerações voltem agora às ruas para novos protestos é um direito legítimo. Mas elas não deveriam matar aulas de História do Brasil para ir às ruas – ou teriam aprendido que só podem fazê-lo, hoje, porque as gerações precedentes lutaram (e muitos perderam a vida nessa luta) por esse direito democrático e legítimo, facultado apenas às democracias fortes e consolidadas. O que causa espanto é ver que essas manifestações de agora denunciam que vivemos atualmente numa ditadura e, para derrubá-la, pedem uma imediata intervenção militar, um golpe de estado redentor! Sabem de nada, esses inocentes... Ainda pulsa Em certa medida, podemos atribuir essa distorção de valores a um processo em curso que vem desconstruindo sub-reptícia e lentamente a credibilidade da chamada grande mídia (ou imprensa golpista, como preferem os mais paranóicos) em favor de uma atividade cada vez maior e mais inconsequente das redes sociais. Há ainda a arrogância natural daqueles que se acham detentores da verdade única e incontestável e demarcam seu território virtual nas redes sociais com sua típica coprolalia. Assim, a marcha dos aloprados da Paulista nem foi tão grandiosa como querem fazer parecer os internautas igualmente aloprados que militam na retaguarda virtual dessas novas manifestações de rua, nem tão insignificante a ponto de não inquietar os que já viram esse filme no passado. O pulso do dragão ainda pulsa. Che, Bob & Dilma A imagem da capa do último Figueira, com a foto da presidente Dilma, jovem, em seus tempos de guerrilheira na luta contra o regime militar já se tornou icônica. Foi amplamente utilizada como uma das marcas visuais da recente campanha eleitoral e não será nenhuma surpresa se, em breve, for vista disputando espaço nos estádios de futebol com as enormes bandeiras com rostos de Che Guevara ou Bob Marley. Abdicando de uma tradicional imagem da candidata vencedora em seu momento de comemoração pela vitória, o Figueira optou por reforçar seu apoio à presidente reeleita e, ao mesmo tempo, fazer uma homenagem ao seu passado. O vermelho predominante na capa é uma espécie de cereja do bolo do tributo feito, seja por reforçar simbolicamente sua posição política e ideológica, seja por lembrar o sangue dos que tombaram lutando, como a presidente, por terra, pão, liberdade e direitos.

José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com

Douglas Wdson em ação, fazendo o esboço de mais um trabalho. Ao lado, um de seus quadros

Douglas Wdson, um artista do povo Da Redação Centenas de pessoas em Valadares conhecem o trabalho de Douglas Wdson, muitas vezes sem conhecê-lo. Professores e estudantes utilizam seus cartazes no aprendizado. Seus murais enfeitam escolas e igrejas. É o terceiro dos quatro filhos entre uma alagoana e um militar que servia em Valadares. Nasceu em Resplendor e ainda criança a família voltou à nossa cidade. Nesta época Douglas já mostrava habilidade nos trabalhos manuais. Na juventude expressava a sua criatividade nas inesquecíveis festas “Geração Coca Cola”, rock, fantasias, amizade, expansão à liberdade. Por muito tempo trabalhou sem se sentir artista. Começou fazendo cartazes para uma supervisora de escola municipal e a partir daí sua arte foi ficando conhecida. As pessoas viam e encomendavam outros trabalhos. Ao inicio não tinha muitos contatos e ficava tempos sem ganhar dinheiro, e como tinha que sobreviver dava aulas particulares, pois também é formado em contabilidade. Aos poucos foi ficando conhecido e diversificou o trabalho: cartazes e painéis para professores e igrejas, pinturas murais, cenários para apresentações de dança,... Percebeu-se como artista quando pôde se sustentar da sua arte,

viu que poderia ser sua profissão, a coisa que ele mais amava. E a alma do artista cresceu. Recentemente começou a pintar também em tela. Por sentir a necessidade, por ter algo a contar, criou a série “Arrebatamento”: três quadros inspirados nas suas crenças sobre o futuro da humanidade e no convívio com as igrejas evangélicas com as quais trabalha. Assim que tiver um tempo continuará pintando, porque para ele, pintar um quadro é uma coisa inexplicável. Para Douglas, ser artista é ver o mundo de várias formas. “Cada arte tem sua beleza e muito do artista. Ser artista é bom.” Com o tempo se identificou com um tipo de arte ou trabalho voltado para uma causa, isto é, educar ou evangelizar. É isso que ele gosta de fazer, pode ser um desenho para uma escola simples ou particular, um cartaz para uma igreja pequena ou um mural para um grande templo. Perguntado sobre o futuro como artista e como pessoa, comenta que se pensasse seriamente nisso, certamente não seria alguém que trabalha para todas as classes sociais, então vive um dia de cada vez e deixa a vida lhe levar! Como pessoa tenta ser o que gostaria que as pessoas fossem com ele. Pela perseverança em viver do que gosta, pela sua arte social, Douglas é brava gente!

Direitos Humanos Flávio Fróes

Venham as crises! Circula entre os letrados a afirmação – a que alguns atribuem valor de verdade de um axioma – de que tempos de crises são fundamentais para o desenvolvimento e o amadurecimento dos indivíduos e dos grupos sociais. A História parece corroborar essa tese. A passagem da Europa medieval para a Idade Moderna, por exemplo, deu-se mediante sucessivos embates entre os defensores da antiga ordem social, então em vigor, e eruditos que propunham novos modelos de pensamento. Embates, aliás, mortais. Em meados do século XVI o astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) publicou sua dissertação “De revolutionibus...” que substituía uma visão de mundo multimilenária. Na época a crença de que o Sol girava em torno da Terra impregnava até mesmo conceitos de fé supostamente firmados na autoridade dos textos sagrados. A chamada revolução copernicana, ao afirmar que a Terra girava em torno do Sol, ocasionou ruptura com o antiquíssimo modelo e provocou reações extremadas. Em Bolonha, Toulouse, Oxford e outros renomados centros universitários europeus, ambientes já inquietos por definição, o alvoroço com a teoria heliocêntrica atraiu as atenções da Igreja de Roma. Ocorreram então prisões humilhantes e perseguições incansáveis. Galileu Galilei (1564-1642), um dos pais da ciência moderna, idoso e al-

Desde a Constituinte de 1988 o discurso, sempre recorrente, sobre a redução da maioridade penal, por exemplo, comprova que determinados grupos políticos não dormem, não esquecem e não se rendem às evidências.

reito de escolha pessoal sobre questões de religião, apreciação estética ou engajamento político, ocorrem crises exatamente no sentido clássico da palavra, como tomada de decisão e, consequentemente, mudança de rumos. Alguns desses momentos críticos, pela profundidade ou pela extensão das mudanças que efetuaram, ganharam maior destaque na História: a Reforma Protestante do Século XVI, a Revolução Francesa (1789) e a recente tentativa de autonomia da Escócia em relação à Inglaterra. No cenário político brasileiro rumores sobre reformas institucionais vêm de longe, da República Velha, como temática persistente. Desde a Constituinte de 1988 o discurso, sempre recorrente, sobre a redução da maioridade penal, por exemplo, comprova que determinados grupos políticos não dormem, não esquecem e não se rendem às evidências. Parecem decididos a vencer pelo cansaço. Ora, por que não incluir esse tema no rol de pontos críticos que a sociedade brasileira precisa enfrentar e sobre eles decidir? Se as crises amadurecem a Nação, que venham as crises.

quebrado, retratou-se de suas afirmações e teve a existência preservada. Já Giordano Bruno (1548-1600), irrequieto exfrade dominicano, recusou retratar-se e morreu na fogueira da Inquisição após sete anos de julgamento. Tais episódios tanto exemplificam o aspecto doloroso dos partos da História, como demonstram o caráter definitivo de ganhos desses momentos críticos. Que não foram poucos e que continuarão a ocorrer. Aqui importa lembrar que o termo “krisis” (crise), quando lido no “Sofista” de Platão, tem sempre o sentido de decisão tomada em consequência de um julgamento. Desde a contestação do direito divino dos reis, Flávio Fróes Oliveira é teólogo e estudioso dos passando pelos critérios de autoridade em matéria de fé, di- direitos das crianças e adolescentes


COMPORTAMENTO

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FIGUEIRA - Fim de semana de 7 a 9 de novembro de 2014

Secom PMGV

Estão à venda as cartelas do Bingo Beneficente Santa Luzia

As ações do Outubro Rosa foram bem sucedidas e a discussão sobre o câncer de mama avança pelo mês de novembro, com seminário no Auditório Luiz Franco

Seminário promove discussão sobre câncer de mama Apesar de o Outubro Rosa – mês de conscientização sobre a importância de se fazer o exame de mamografia anualmente em mulheres a partir dos 40 anos – ter chegado ao fim, a prevenção ao câncer de mama deve ser feita o ano inteiro. Para debater sobre este assunto tão relevante e sério, o Núcleo de Pesquisa em Inclusão, Movimento e Ensino a Distância da Universidade Federal de Juiz de Fora, em parceria com a Prefeitura, o Centro Viva Vida de Referência Secundária e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), realiza nos dias 10 e 11 o Seminário de atividade física e qualidade de vida para as mulheres acometidas pelo câncer de mama. O evento tem por objetivo a troca de experiências não só entre acadêmicos e profissionais da área, mas também de toda a comunidade, tendo em vista que este é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo, sendo o mais comum entre as mulheres segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Na ocasião, serão ministradas palestras e mesas-redondas nas quais profissionais do Centro Viva Vida e da Prefeitura discutirão acerca da doença e das formas de reabilitação por meio da atividade física. Além disso, pacientes do Centro Viva Vida que participam do Grupo Amigas do Peito, criado há dez anos, terão a chance de compartilhar histórias que deram certo na vida delas, desmistificando a ideia de que é impossível vencer o câncer. E mais: as participantes do Grupo Amigas do Peito ensinarão formas de amarrar lenços na cabeça para que mulheres que perderam os cabelos devido à quimioterapia se sintam mais valorizadas, com a autoestima elevada e melhorem o visual. No final, serão distribuídos brindes e dadas dicas de maquiagem pela equipe da Mary Kay. O evento acontecerá no quinto andar da Prefeitura, no auditório Luiz Franco, e é aberto ao público. Confira a programação completa: 10/11 – Segunda-feira 16h – Credenciamento 17h – Cerimônia de abertura Participantes Dr. Peterson Marco de Oliveira Andrade

Dra. Eliana Lúcia Ferreira Dr. Marcos Alex Dr. Flávio Iassuo Takakura 18 às 19h – Conferência de abertura Tema: Perspectivas para o tratamento do câncer de mama Participante Ms. Ana Cláudia Dias Figueiredo 11/11 – Terça-feira 9 às 10h30 – Mesa I: Diálogos Interdisciplinares sobre o câncer de mama Participantes Polliana de Paula Junqueira Carvalhido – Mastologista CVV Érica Barbosa Magueta Silva – Enfermeira UFJF Priscila Goulart – Nutricionista CVV Moderadora Ms. Camila Teixeira Vaz – UFJF 10h30 às 11h – Lanche 11 às 12h30 – Mesa II: Atividade física e câncer de mama Participantes Dra. Tereza Belosi Dra. Eliana Lúcia Ferreira Ms. Lívia Fabiana Saço Moderadora Dr.ª Luciana Bastos Rodrigues 12h30 às 14h – Almoço 14 às 15h30 – Mesa III: Relatos de experiências de vitória Participantes Mulheres acometidas pelo câncer de mama Moderadora Rose Reis – Fisioterapeuta CVV 15h30 às 16h – Lanche 16 às 17h – Palestra de encerramento Tema: Projetos de extensão na UFJF em interface com a pesquisa Participante Dr. Flávio Iassuo Takakur 17h – Encerramento

Na próxima semana será realizada o tradicional Bingo da Associação Santa Luzia. As cartelas já estão à vendas na secretaria da entidade por R$ 10,00. O bingo acontece na sexta-feira (14) às 19h30 na Avenida Rio Doce, nos fundos da instituição, e conta com barraquinhas de macarrão, caldos, churrasquinho e o tradicional e pastel da Santa Luzia, além de ter vários sorteios entre as rodadas. Este ano os prêmios são: uma, bicicleta 21 machas c/ amortecedor, Playstation 3, Notebook, uma TV 32 e outra 42 polegadas e a costela recheada feita pela Irene. Lembrando que os sorteios são computadorizados. Participe e ajuda a manter essa importante instituição. Breve histórico Em 1965, um senhor cego chamado José Tibúrcio de Oliveira, inicia um movimento para acolher outros cegos desamparados que perambulavam pela cidade. Com recursos obtidos na sociedade, aluga uma casa na Rua Cláudio Manoel, mas apesar de todos os esforços empreendidos, os escassos recursos disponíveis e a precariedade da administração estavam inviabilizando o projeto. Começa então a segunda fase da instituição, com a intervenção do então Bispo Diocesano D. Hermínio Malzone Hugo que, com o afastamento do fundador, passou ao Dr. Cyro Siman, pessoa caridosa e repleta de ideais cristãos, a incumbência de, junto com um grupo de amigos, dar continuidade ao projeto de minimizar os sofrimentos impostos pela deficiência àqueles desamparados. A esta altura, a manutenção do abrigo no local em que originalmente foi instalado já se tornara impraticável, assim como a receita disponível já não fazia frente às despesas geradas. Inicia-se a campanha de sócios colaboradores e o primeiro passo foi a obtenção de um terreno definitivo que nele se pudesse fundar o Lar dos Desamparados. Solicitações foram encaminhados ao Sr. Lírio Cabral, Presidente da CREIA/SA que efetuou a doação de terreno com 1.358 m2, no Bairro Pastoril, àquela época situado nas imediações da zona urbana. Nesta área se construiu um barracão e para lá foram transportados aqueles primeiros assistidos. A denominação surgiu espontaneamente: Associação Santa Luzia, que passa assistir além de cegos, os idosos, deficientes mentais e crianças excepcionais, todos carentes e desamparados.

Associativismo Antônio Carlos Borges

Participação online, ou presencial? No período das eleições para governadores e presidencial, de 2014 no Brasil, a ong Avaaz (vozes), segundo seus dirigentes, realizou um plebiscito on line para saber quais seriam as reivindicações dos brasileiros, quanto às diretrizes de governo para os próximos anos. Segundo a entidade divulgou às vésperas das eleições, as prioridades eleitas por 5 milhões de brasileiros foram, em primeiro lugar como prioridade maior, a Educação, com foco no treinamento dos professores e seu consecutivo aumento salarial; em segundo lugar a Saúde Pública, com meta de 01 médico para cada 1000 habitantes, conforme recomenda a OMS; em terceiro lugar o Combate à Corrupção, incluindo aí o fim dos financiamentos de campanhas eleitorais por empresas privadas; em quarto lugar o investimento em energia limpa e o compromisso com mudanças climáticas, com meta de energia limpa para 2050; em quinto lugar, Amazônia e Florestas, com meta de zerar o desmatamento até 2030; e em sexto lugar a Participação Popular, com participação nas decisões públicas de forma on line, para as decisões no congresso. Segundo divulga a comunidade Avaaz, foram consultadas cerca de 5 milhões de pessoas para o estabelecimento destas prioridades.

No discurso da presidente reeleita Dilma Roussef, diretrizes muito semelhantes foram citadas para o próximo mandato, embora praticamente nada em termos de meio ambiente. Mas, a presidente Dilma, em magnífico discurso de estadista, fortaleceu a ideia da participação popular inclusive com a possibilidade de plebiscito. Segundo a presidente, cerca de 5 milhões de pessoas se manifestaram neste período eleitoral, quanto às diretrizes de governo a serem tomadas, em especial quanto à realização de plebiscitos. Muito se tem falado na importância das ongs e seu trabalho no sentido de interlocutora entre governos e povo, por estarem em contato direto com a população das nações e conhecerem de perto sua realidade e seus anseios. O que coincide neste caso, com a consulta pública divulgada antes das eleições e as declarações da presidente do Brasil. No entanto, é preciso muita cautela com o poder da internet de fazer esta interlocução – entre povo e governos, ao se pensar poder substituir a consulta popular direta, pela consulta on line. Até que ponto pode este tipo de consulta realmente representar a vontade popular, e até que ponto pode haver manipulação da consulta? Quais segmentos da população este tipo de consulta representa?

A Avaaz é uma comunidade de consulta popular on line, global, e com certeza muito visitada. Mas, quem é seu proprietário, quais são seus interesses e qual é o grau de fidelidade das informações que divulga? A ong arrecadou, segundo informações de pesquisa sobre suas declarações de imposto de renda nos EUA (é americana) cerca de 11 milhões de reais em alguns anos desde que foi criada. Como aplica este recurso, e com que interesses? É importante que se faça esta reflexão, pois muitas das informações veiculadas, ou parte delas, podem estar sob pressão de interesses diversos daqueles aos quais a entidade divulga que se propõe. Quem garante que não? A internet ainda permanece como terra de ninguém, mais veloz que a capacidade dos povos e governos de legislar.

Antônio Carlos Linhares Borges é administrador rural e advogado, diretor geral do CIAAT - Centro de Informação e Assessoria Técnica.


CORRESPONDENTES 10

D’outro lado do Atlântico

FIGUEIRA - Fim de semana de 7 a 9 de novembro de 2014

Fonte UE foto de MICHAEL GOOTSCHALK/AFP

José Peixe / De Lisboa

Foi muito bom que a chanceler Angela Merkel tenha considerado que Portugal tem muitos jovens licenciados Na terça-feira passada, a chanceler alemã, Angela Merkel, em Berlim, que “países como a Espanha e Portugal têm demasiados licenciados, o que faz que não tenham noção das vantagens do ensino vocacional”. Ou seja, a senhora Merkel que se julga “rainha” da União Europeia, acha que os jovens portugueses devem ficar-se apenas pela formação profissional e depois irem trabalhar como “escravos”, com salários miseráveis, nas empresas germânicas (ou multinacionais) que se instalaram em Portugal. E a realidade mais cruel (e isso a senhora Merkel desconhece!) é que existem milhares de jovens portugueses e espanhóis que terminam com êxito as suas formações vocacionais e profissionais e depois são obrigados a inscrever-se nos Centros de Emprego, pois não existem empresas para os empregar. O problema da União Europeia, senhores tecnocratas de Bruxelas e prezada chanceler Angela Merkel, não é Portugal e a Espanha terem uma grande percentagem de jovens licenciados e com formação superior. O problema da União Europeia reside na falta de emprego e de futuro para as futuras gerações. Sejam elas constituídas por licenciados ou técnicos profissionais especializados. A austeridade econômica que paira sobre Portugal e a Espanha. A crise social e os fortes índices de desemprego demonstram que as economias da Europa do Sul emperraram e não se sabe quando é que voltam a funcionar normalmente. Uma coisa é certa: os jovens ibéricos vão conti-

Merkel desconhece os ideais europeus defendidos por Adenauer

nuar a estudar e consequentemente a emigrar. E esta realidade, senhora Merkel, não augura nada de bom para o futuro da União Europeia. Se é que a União Europeia algum dia terá futuro! A mesma opinião tem a Angela Merkel em relação à Espanha, Itália e na Grécia. A tal Europa Mediterrânica que muitos governantes alemães abominam e menosprezam. Os tais cidadãos europeus do Sul considerados terceiro mundistas. Merkel disse à agência de informação financeira Bloomberg, que “a aposta nos estudos universitários como feito de topo da carreira é algo do qual se deve manter um afastamento, pois o futuro da Europa não passa por aí”. Como está enganada a chanceler alemã. E estas declarações só demonstram como alguns líderes políticos europeus desconhecem completamente a realidade do Sul da Europa. Saiba a senhora Angela Merkel que os governos de Portugal e Espanha nunca apostaram tanto no ensino vocacional/profissional como nos últimos dez anos. Ou seja, nunca se gastou tantas verbas provenientes dos fundos comunitários como agora. Só que a realidade econômica, política e social em Portugal e na Espanha, neste momento é muito delicada. É verdade que nestes dois países ibéricos existe uma grande percentagem de jovens licenciados, mestres e doutores (graças a Deus!), mas que encontram muitas dificuldades em encontrar trabalho quando concluem

Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo

Bobão “Se é para o bem dos bons e desespero total do PT, diga ao povo que fico”. Foi com estas palavras que Lobão informou ao público que mudou de ideia, e não deixará o país após a reeleição da presidenta Dilma. O ex-cantor e fiel apoiador de Aécio Neves foi um dos mais exaltados manifestantes no protesto realizado na Avenida Paulista no último sábado. O encontro, que, de acordo com a Polícia Militar, contou com cerca de 2.500 participantes, pedia o ‘impeachment da presidenta Dilma” e o “retorno dos militares”. O deputado estadual eleito Eduardo Bolsonaro também marcou presença e, de acordo com o Diário do Centro do Mundo violou a Constituição Federal ao portar uma arma durante o ato. Depois da manifestação até o governador paulista criticou o apoio dos manifestantes ao retorno dos militares. Gestão e Políticas Públicas em BH As inscrições para a quinta turma do curso de Especialização em Gestão e Políticas Públicas da Fundação Perseu Abramo em parceria com a Unicamp estão abertas até 12 de novembro. Podem se inscrever filiados e filiadas do PT de todo o País portadores de diploma de graduação em qualquer área. Nesta edição o curso gratuito de pós-graduação, modalidade extensão universitária semipresencial, oferecerá 300 vagas. O primeiro encontro presencial será de 12 a 14 de dezembro, em Belo Horizonte. Mais informações em: http://www.fpabramo.org.br/posgraduacao/?page_ id=154. (Com informações da FPA)

Ramos da Câmara de Deputados, em Brasília, debaterá propostas para o setor com o objetivo de articular emissoras públicas e rádio e TV e capacitar organizações para atuar na regulação do setor e na formação de políticas públicas. O fórum é organizado pela Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e Direito à Comunicação com Participação Popular em parceria com a Secretaria de Comunicação da Câmara. Na oportunidade serão debatidos temas como a universalização do acesso à comunicação pública, a convergência de linguagens e conteúdo interativo, as formas de financiamento do sistema público e as políticas de fomento para o segmento audiovisual. Após o encerramento as organizações participantes entregarão uma plataforma de demandas sobre a comunicação pública à presidenta Dilma. Entre as entidades que são parceiras do encontro estão o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, a Federação Nacional de Jornalistas, a Associação Mundial de Rádios Comunitárias, a Associação de Rádios Públicas do Brasil e a Frente Nacional de Valorização das TVs do Campo Público. O evento é aberto ao público e a programação e as inscrições estão disponíveis no sítio: http://www.camara.leg.br/eventos-divulgacao/evento?id=11191 (Com informações da Agência Câmara Notícias).

Fórum de Comunicação Pública Nos próximos dias 13 e 14 será realizado o Fórum Brasil de Comunicação Pública. O encontro, no auditório Nereu

Valadarense promove caminhada “mais saúde” neste sábado Com o objetivo de incentivar a prática de atividade física e uma vida mais saudável, a Empresa Valadarense realiza, no próximo sábado (8), às 16h a I Caminhada + Saúde na Ilha dos Araújos. A concentração será na praça Júlio Soares. O evento que reunirá funcionários e familiares, pois além de proporcionar momentos agradáveis, também será uma ótima oportunidade de lazer e confraternização entre os colaboradores da empresa. A iniciativa visa contribuir inclusive para o combate ao estresse e outras doenças decorrentes do dia a dia, fazendo assim com que a empresa participe direta e ativamente na promoção da saúde e do bem estar de seus colaboradores.

Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

as suas formações académicas. E qual tem sido a solução? Emigrar. E para onde? Países da Europa Central e Norte da Europa, Brasil, Canadá, Angola, Moçambique, Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia e alguns países latino americanos. Aliás, a senhora Merkel sabe perfeitamente bem que nos últimos cinco anos têm emigrado muitos quadros especializados com formação superior para a Alemanha. Estou a falar de enfermeiros, alguns médicos especialistas e sobretudo de jovens engenheiros com formação acadêmica sólida e reconhecida. Também muitas assistentes sociais para trabalharem em lares de terceira idade, uma vez que a Alemanha do ponto de vista demográfico é um país envelhecido. De acordo com dados do gabinete de estatísticas da União Europeia, no ano de 2013, cerca de 25,3% da população do velho continente entre os 15 e os 64 anos tinham completado estudos superiores, enquanto a percentagem portuguesa era de 17,6% e a alemã de 25,1%. Ainda não consegui perceber qual é o problema da senhora Merkel. No topo desses dados estatísticos aparece a Irlanda com 36,3% da população entre os 15 e os 64 anos licenciada (os Celtas nunca foram estúpidos e sempre reconheceram o valor da educação superior!), seguindo-se os britânicos com 35,7%, aparecendo a Itália com 14,4% e logo de seguida a fechar a lista, a Roménia com apenas 13,9%. Também sabemos qual é a postura econômica da senhora chanceler Angela Merkel em relação à realidade da Alemanha: é preciso fazer mais investimento, mas Merkel rejeita qualquer hipótese de o seu Governo resvalar para um maior défice de modo a resolver o problema. Quero deixar bem claro o seguinte. O problema da União Europeia não é Portugal e a Espanha terem muitos jovens com formação superior. O problema da União Europeia resume-se apenas a isto: existem líderes europeus como a chanceler Angela Merkel que puseram de lado os ideais europeus defendidos pelos grandes estadistas e sonhadores, Jean Monnet, Robert Schuman e Konrad Adenauer. Esses sim, sabiam o que queriam para construir uma Europa unida e coesa. Os discursos de tecnocratas como a atual chanceler alemã Angela Merkel, não passam de música celestial. Apenas e só isso. E nós portugueses e espanhóis vamos continuar a apostar forte a formação superior dos nossos jovens.

José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação, correspondente deste Figueira em Lisboa, CP 1040

Política Lucimar Lizandro

Por que o voto dos nordestinos é um voto consciente? Após a confirmação da vitória de Dilma Rousseff na noite do dia 26 de outubro, as redes sociais foram tomadas por insultos e xingamentos aos nordestinos, culpando-os pela vitória da petista. Para parte dos eleitores tucanos, a dependência dos programas sociais e a desinformação explicariam “tal equívoco”. Ao contrário do que pregam enervados eleitores tucanos, os nordestinos, ao sufragarem a candidata petista, o fizeram tomados de extremo pragmatismo e senso de cidadania, sob a ótica de seus próprios interesses. Vejamos, foram criados 1,04 milhão de empregos no nordeste no primeiro trimestre desse ano, correspondendo a 60% do total de empregos gerados no país. A região saiu de uma formalização de 4.800.000 para 8.900.000 postos de trabalho nos últimos doze anos. No mesmo período, o país cresceu, em média, 3.3% a.a., o nordeste cresceu 4,1% a.a. Atualmente, a região responde por 13,8% da economia nacional. O aumento da renda propiciado pela política de valorização do salário mínimo, os programas de transferência de renda e uma política de incentivo a implantação de novos investimentos levou importantes empreendimentos para o nordeste. Várias indústrias do setor de bebidas e alimentação se instalaram no nordeste, impulsionando ainda mais o desenvolvimento da região, garantindo a criação de milhares de empregos. A cidade de Goiana – PE recebeu uma fábrica de automóveis juntamente com uma cadeia de fornecedores de auto peças. O complexo portuário de Suape, também em Pernambuco é um importante vetor de crescimento do Estado e região. As obras de transposição do São Francisco, por concluir, levarão água e desenvolvimento para 390 municípios dos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. No governo trabalhista o nordeste ganhou sete novas universidades federais e dezenas de novos campus. Em 2000 o nordeste tinha 413.078 universitários, hoje são 1.434.85 alunos, correspondendo a 20% do total de alunos universitários em todo o Brasil, sendo a segunda região, atrás somente do sudeste. Pesquisa do Data Popular, citada pela revista Exame indica que o nordeste tem um potencial de vendas nos próximos doze meses de 1.2 milhões de imóveis, 1,6 milhões de carros e 1 milhão de motos. O levantamento informa, ainda, que os nordestinos estão cada vez mais sofisticados, concentrando a maior intenção de compra do país em itens como notebooks, smartphones e tablets. Lucimar Lizandro Freitas é ... Em suma, o nordestino reafirmou, por meio do voto, o desejo de seguir avançando em busca de uma vida melhor. Dos demais eleitores, espera-se o respeito a tal decisão, mesmo discordando. Assim funciona numa democracia.

Lucimar Lizandro de Freitas é graduado em administração de empresas pela FAGV e especialista em Gestão Pública pela UFOP.


CULTURA

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Cartas da América

TEATRO

Flávia Rosado / De Ashland, MA

Como brasileiros que moram no exterior reagiram ao resultado das eleições presidenciais no Brasil? Morando fora do Brasil há quase 4 anos eu percebi o quanto as pessoas que estão aqui, na terrinha do Tio Sam, querem ver o Brasil crescer e se tornar um país cada vez melhor para as futuras gerações. Quando estamos do lado de cá, conseguimos ter um visão melhor do que realmente está acontecendo no país. Muitas vezes escutamos coisas do tipo: “Ah, mas criticar estando fora é fácil, quero ver viver a realidade do país.” E o que muitas dessas pessoas esquecem é que se estamos aqui e abrimos mão de muita coisa, é justamente por isso, porque percebemos a realidade do país e viemos em busca de algo que talvez o Brasil não tenha nos oferecido. De longe, pude acompanhar tudo que rolou durante este período, e me parece que nesta eleição em especial, as pessoas estavam mais engajadas em defender seus candidatos. Aqui nos Estados Unidos não foi diferente. Muitos conhecidos meus que nunca fizeram muita questão de participar das eleições anteriores, saíram de suas casas e fizeram questão de votar, tanto no primeiro, quanto no segundo turno. Na noite do dia 26 de outubro, a sensação que eu tive era de uma final da Copa do Mundo, na qual Brasil e Argentina disputariam a taça. Uma ansiedade tomou conta das redes sociais e de todos nós que estamos do lado de cá, na América do Norte. A expectativa era grande, mas o resultado final não agradou muito por aqui. Moro em Ashland, Massachussets, e por aqui, a insatisfação com a reeleição da presidenta Dilma foi geral. Claro que algumas pessoas gostaram e muito, mas a

De longe, pude acompanhar tudo que rolou durante este período, e me parece que nesta eleição em especial, as pessoas estavam mais engajadas em defender seus candidatos. Aqui nos Estados Unidos não foi diferente. Muitos conhecidos meus que nunca fizeram muita questão de participar das eleições anteriores, saíram de suas casas e fizeram questão de votar, tanto no primeiro, quanto no segundo turno.

maioria que eu conheço, pelo que pude acompanhar através das redes sociais, foi o contrário. As pessoas realmente acreditaram que os brasileiros queriam uma mudança no país e que resolveriam esta mudança nas urnas. Para muitos não foi o que aconteceu. Mas uma coisa é certa, independente de onde estamos e em quem votamos, todos nós temos um único desejo: ver esse país tão lindo como o Brasil ir para frente, oferecer uma melhor qualidade de vida para seus cidadãos e nos fazer ter orgulho da nossa pátria. Flávia Rosado é jornalista valadarense e mora em Ashland, MA

Festival Nacional de Teatro começa dia 14 O Festival Nacional de Teatro de Governador Valadares (FENTA) chega a sua décima edição, que tem data marcada: acontecerá entre os dias 14 e 16 de novembro. O festival é uma realização do Cia de Artes Asas do Invento com apoio da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Juventude (SMCEL). Ao todo, serão mais de dez peças, entre infantis e adultas, que serão encenadas por companhias locais e de fora, no Teatro Atiaia, na praça dos Pioneiros e no Centro Cultural Nelson Mandela. A entrada será um quilo de alimento ou R$ 3. A Cia de Artes Asa do Invento desenvolve trabalhos teatrais de diversos gêneros em Governador Valadares desde 1991, quando foi criada. Os recursos financeiros são provenientes de doações e projetos culturais aprovados nas leis de incentivo à cultura, seja no âmbito federal, estadual ou municipal. Como se trata de uma empresa sem fins lucrativos, sua administração não é remunerada. Presidida por Nazza Amaral desde a sua fundação, a companhia tem representado a cidade em diversos eventos culturais que acontecem pelo país. Saiba mais sobre a Cia Asas do Invento e o FENTA (inclusive programação) no site http://asadoinvento. blogspot.com.br/ ou no Facebook https://www.facebook.com/FENTAGV.

TEATRO

IFMG abre vagas para especialização em Engenharia de Segurança do trabalho

Educação João Bosco

Ensino Médio: Minas não fez o dever de casa Seres sujeitados não formam seres livres. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e tem por propósito verificar o nível da educação no Brasil, tanto em nota como em fluxo de alunos. É aplicado de dois em dois anos e estabelece metas visando a melhoria na educação brasileira. Em 2013, última referência do Inep, a nota do ensino médio na rede pública estadual mineira foi de 3,6; não só abaixo da meta para Minas Gerais, que foi de 4,0 como, pior, abaixo da última nota, 3,7; obtida em 2011, quando Minas havia atingido a meta do período. No ensino fundamental, o ensino público estadual alcançou a meta tanto para o quinto quanto para o nono ano. Notas 6,2 e 4,7 em metas 5,9 e 4,4, respectivamente. Um resultado que se aproxima, um pouco mais, daquele encontrado na rede particular, para o mesmo período: 7,6 e 6,3 para metas 7,6 e 7,0. A rede privada de Minas Gerais ficou, no ensino médio, com 5,8; abaixo da média que foi de 6,6 e também abaixo do alcançado em 2011: 6,1. Não obstante ao fato, tem-se uma educação pública 3,6 e uma educação particular 5,8. Se isso fosse potência de motor e o ENEM fosse o topo de uma montanha seria como dar um fiat 147 para um motorista e uma caminhonete para outro e mandar subir o morro. Dessa forma, o melhor mesmo é fazer competições por categoria, com separação para entrar nas universidades, como já acontece na vida - competições por idade, peso, desempenho etc. Pelos resultados se verifica que não há de se falar em meritocracia unificada para as duas redes enquanto houver tanto desnível entre elas. O nome disso seria injustiça social. Quando os dezesseis estados brasileiros que ficaram abaixo da meta, inclusive São Paulo, atingirem os objetivos e, mais do que isso, nivelarem-se à rede particular ou ultrapassá-la, poderemos falar em meritocracia, até lá, que os governos estaduais atenham-se a um planejamento mais adequado e cumpram a obrigação de oferecer educação de qualidade, principalmente no Ensino Médio. O novo Governo de Minas tem um grande desafio na educação:

FIGUEIRA - Fim de semana de 7 a 9 de novembro de 2014

verificar se essa queda foi ocasional ou se aponta para um declínio vicioso. Seja qual for o problema será necessário ouvir o professor, ele está entre o aluno e o governo. Qualquer política educacional que não ouça o professor em exercício de função está em grande risco de colapso. Tal atitude seria como fazer plano de cirurgia ouvindo apenas o paciente e o administrador do hospital, sem ouvir o médico; ou fazer projeto de construção de ponte ouvindo apenas o prefeito da cidade e o povo, sem se atentar para o engenheiro. Há outros problemas na lista: é precioso repensar o uso do celular na escola, o uso do computador, as condições de trabalho, discussão sobre os objetivos do módulo II, o papel da família e da comunidade, formação do professor e educação continuada, avaliação institucional, formação adequada do aluno como registrado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que diz na Seção IV, relativa ao Ensino Médio, em seu artigo 35º, que uma das finalidades de tal ensino é o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico. Para resolver esses problemas o professor que está em sala deve ser ouvido, deve ter voz e vez. Considerar somente o professor pesquisador é um erro, porque quem coloca em prática o projeto precisa, antes, aceitar tal função, se sentir parte da proposta e da solução. Qualquer coisa fora disso é imposição e, seres sujeitados não formam seres livres. Pelo visto, há muito a se fazer nos próximos quatro anos do novo governo. A reprovação de Minas, no IDEB, Ensino Médio, aponta para a necessidade de mudanças. Só que aqui não dá para repetir o ano porque a vida não para. Pegar uma criança acima da média e entregar um jovem abaixo da média indica que há alguma coisa errada em algum lugar.

João Bosco Pereira Alves é licenciado em Letras, membro da Academia Valadarense de Letras, coordenador do Polo da Universidade Aberta do Brasil - UAB GV.

O Instituto Federal de Minas Gerais IFMG abre o primeiro curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho no campus Governador Valadares. As inscrições gratuitas, para as 50 vagas, estarão abertas de 5 a 23 de janeiro de 2015. O curso também é gratuito e direcionado a engenheiros, arquitetos e agrônomos. O edital de seleção será divulgado no site www.ifmg.edu.br/gv. O curso de pós-graduação tem a carga horária de 600 horas e as aulas presenciais terão início em março de 2015 e acontecerão às sextas-feiras, no período noturno, e aos sábados, no período diurno. O objetivo do curso é habilitar os profissionais com o CREA, para o exercício da profissão em Engenharia de Segurança do Trabalho de acordo com a Lei Federal 7.410/1985, Decreto Federal n. 92.530/1986 e Resolução 1010/05 do CONFEA. Os profissionais terão conhecimento sobre saúde e segurança do trabalho, preenchendo as necessidades de mercado, atendendo às demandas socioeconômicas da região através do planejamento e execução de medidas prevencionistas. As atividades incluem disciplinas sobre higiene ocupacional, proteção contra incêndio, psicologia do trabalho, primeiros socorros, ergonomia, administração e empreendedorismo, entre outras. Atualmente, o campus Governador Valadares oferece cursos superiores e técnicos: Engenharia de Produção, Tecnologia em Gestão Ambiental, Cursos Técnicos – Integrados com o ensino médio em Meio Ambiente e em Segurança do Trabalho, Curso Técnico Subsequente em Segurança do Trabalho Mais informações pelos telefones: (33) 3717.0102 / 3717.0107 ou pelo e-mail: possegurancadotrabalho.ifmggv@ifmg.edu.br

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ESPORTES

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FIGUEIRA - Fim de semana de 7 a 9 de novembro de 2014

QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO

Substituição no futebol brasileiro: sai o talento, entra a correria* Raul, Toninho Baiano, Osmar, Luisinho e Júnior; Cerezo, Carpegiani e Zico; Tita, Reinaldo e Éder. Essa é uma das escalações que poderiam ser feitas combinando os jogadores de Flamengo e Atlético Mineiro que entraram em campo no dia 1º de junho de 1980, no Maracanã, para decidir o Campeonato Brasileiro. Esses onze caras defenderam a nossa seleção e oito deles disputaram Copa do Mundo. Fui ao jogo. Morava na Lauro Muller, uma pequena rua com alma de subúrbio meio que deslocada na Zona Sul carioca e que carrega boa parte da memória cultural da cidade, já que ali funcionou o Solar da Fossa. Eu e os amigos da Lauro Muller tínhamos comprado nossos ingressos com antecedência – única maneira de comparecer a um jogo com mais de 154 mil pessoas –, só que precisei passar a manhã e o começo da tarde de domingo desenrolando alguns contenciosos com a namorada. Questões resolvidas e namoro mantido, segui para encontrar a rapaziada, mas todos já tinham ido embora. Embiquei meu Bugre amarelo – quase tão lendário quanto o Solar da Fossa – em direção ao Maraca e passei por uma experiência inédita: chegando lá quinze minutos antes da partida começar, me surpreendi com o entorno do estádio semideserto e cruzei a roleta com uma tranquilidade de Olaria x Bonsucesso. Só fui entender o que acontecia quando me atrevi a botar a cabeça para fora do túnel sombrio que dava acesso à arquibancada, e percebi que todo mundo que tinha que entrar já estava lá dentro. Não cabia uma mosca. Cresci ouvindo a história de um tio que foi à final entre Brasil e Uruguai, em 1950, e que depois de chupar uma laranja se viu obrigado a engolir o bagaço por não ter como jogá-lo fora. Ainda bem que era laranja, imaginem se fosse manga. No caso de Flamengo e Atlético Mineiro, a situação se repetia. Dei meia-volta e decidi tentar a parte superior do estádio, para cavar meu lugar no último degrau da arquibancada. Neca. Sem ver saída, parti para a mais desesperada das atitudes: apelei para o banheiro. Os banheiros do Maracanã tinham, acima das pias, umas cerâmicas do tipo cobogó que ajudavam na ventilação. Escalei a pequena parede, me agarrei aos pedaços vazados de cerâmica e comecei a ver o jogo dali. Todos devem ter uma boa noção do que eram os banheiros do Maraca em 1980, mas esse foi o menor dos meus problemas. Provavelmente para dar um toque estiloso, o arquiteto preferiu que as cerâmicas ficassem enviesadas, de maneira que eu só conseguia enxergar um dos lados do campo. Por sorte, logo aos sete minutos Zico deixou Nunes na cara de João Leite e o Flamengo fez um a zero. Saí do banheiro comemorando e aproveitei a empolgação da torcida para me enfiar em um microespaço entre um degrau e outro. Quando me acomodei, Reinaldo já tinha empatado a partida, mas pelo menos dali eu conseguia ver tudo.

Reprodução TV Globo

Flamengo e Atlético são protagonistas na história do futebol brasileiro

Cresci ouvindo a história de um tio que foi à final entre Brasil e Uruguai, em 1950, e que depois de chupar uma laranja se viu obrigado a engolir o bagaço por não ter como jogá-lo fora. Ainda bem que era laranja, imaginem se fosse manga.

O resto da história é igual à de todos os que estiveram no Maraca naquele dia. Zico fez dois a um, o infernal Reinaldo – mesmo mancando – empatou de novo, Nunes fechou o placar que ele mesmo havia aberto e o Flamengo beliscou seu primeiro título brasileiro. Hoje, Flamengo e Atlético Mineiro fazem, no novo e asséptico Maracanã, a primeira partida das semifinais da Copa do Brasil. Há expectativa de um bom jogo. Pode até ser e tomara que seja, mas dos vinte e dois escalados, apenas três teriam alguma chance nos times de 1980. Pelo Flamengo, Samir no lugar de Manguito – que, apesar de imortalizado por uma citação de Jorge Ben Jor em Umbabarauma, quase entregou a rapadura no finzinho, com um desastroso recuo de bola que esfriou a espinha de 150 mil torcedores rubro-negros. Pelo Atlético Mineiro, creio

que Victor ganharia a vaga de João Leite e, como vem jogando o fino, Diego Tardelli entraria no lugar de Pedrinho. Nos outros, há muito mais vontade do que técnica, muito mais esforço do que talento. *Este texto foi escrito antes do primeiro jogo entre Flamengo e Atlético Mineiro pelas semifinais da Copa do Brasil 2014, realizado em 29 de outubro no Maracanã. E enviado para o Figueira antes da segunda partida, disputada na última quartafeira no Mineirão. Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na própria definição, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que adotou o seu blog e autoriza a sua contribuição a este Figueira.

Canto do Galo

Toca da Raposa

E o Galo permite tudo o que não é permitido

Unidos pelo tetra

Rosalva Luciano

Sobre Indisciplina e irresponsabilidade, não é interessante e nem é o que eu queria escrever para começar uma coluna de escritos esportivos e que tem como objetivo principal descrever as glórias, alegrias e também momentos adversos do Clube Atlético Mineiro. Recebi dos meus pais e com muita facilidade passei às minhas filhas uma educação que priorizava justamente o convívio na sociedade, o reconhecimento profissional, a resolução das tramas encontradas pelo caminho. Volto a repetir as palavras, só em sentido contrário, disciplina e responsabilidade. Não é fácil para mim entender como pessoas que têm uma profissão que envolve corações de milhões de pessoas pela emoção, profissão em que se tem um salário quase inexplicável, uma profissão que muitos exerceriam mesmo no “voluntariado” e elas não entenderem o verdadeiro significado do seu trabalho. Ser atleta e principalmente ser jogador de futebol é um privilégio dos deuses e deveria ser entendido como tal. Pena, às vezes o ser humano é muito curto e se completa justamente com o que traz decepção e tristeza. Quando vejo jogadores sendo penalizados por atos extra campo mas que têm relação direta com o seu desempenho, fico sem palavras para colocar na análise dos fatos uma possível aceitação. Nada justifica a falta de profissionalismo. Claro que estou falando dos atletas do Galo. Temos pelo Jô um carinho especial pois dele também veio a nossa maior alegria dos últimos tempos. Não discutimos a sua participação nos gritos: É CAMPEÃO DA LIBERTADORES, mas este mesmo som pode ser calado por situações de desamor ao nosso amor listrado e incondicional. Manchar estas listras a não ser de suor ou sangue dá à Massa Atleticana razões para querer vê-los bem longe do plantel e das quatro linhas. Somos movidos por este amor e exigimos de qualquer pessoa desde que tenha uma ligação emocional ou profissional com este time a mesma reação e o mesmo respeito. O que representa uma arquibancada cheia de corações atleticanos tem de ser valorizado, tem que ser respeitado em qualquer situação e lugar. Eu particularmente já sentia o cheiro de lado errado em determinados atletas no Galo... o placar de alguns jogos não foram bem digeridos e era visível achar o problema na falta de comprometimento de alguns jogadores, tudo misturado com a falta de noção. Enfim, o Galo é o assunto maior e assim entramos numa semana sem muito entusiasmo. O despreparo do Atlético em jogos fora de casa tem trazido indagações, não sei respondê-las e confesso até dificuldade para entendê-las e confesso a falta de competência técnica e tática para bater o martelo nas situações de jogo. Esperávamos o placar do primeiro jogo contra o Flamengo no Maracanã um pouco mais favorável, foi doída a derrota e mais sofrimento pela frente já garantiu lugar no Mineirão para o segundo jogo. A derrota em Curitiba trouxe um desconforto na tabela e saímos da posição entre os quatro melhores. Tudo embolado, nada definido mas nos acompanham times que têm condições de permanecerem na ponta e assim como num segundo de tempo poderemos perder a chance de voltar à vitrine da América em 2015. Uma pena este charme nos ser tirado. Aos poucos esta sequência final de jogos neste ano de 2014 vai dando mais condições ao Técnico Levir Culpi de arrumar o time com mais conforto. Atletas estão sendo liberados do departamento médico,

agora o ritmo de jogo tem de ser o mesmo de antes de se lesionarem pois o tempo não pode ser aproveitado para o aprimoramento técnico. Tem de entrar com a força do coração na chuteira e partir para a superação, além de partidas importantes à frente temos ainda muitos dos nossos se tratando, estão ainda sem condições de atuar. Reposição é quase uma palavra impossível no Galo de hoje. Batalhas serão enfrentadas, sempre assim, nada fácil, nada tranquilo, mas temos um coração que bate sempre no mesmo compasso da fé, do acreditar e eu como boa combatente declaro que também “ACREDITO”. Eu como boa observadora reconheço o campo onde a luta será travada e garanto que ‘AQUI É GALO”. Saber e acreditar é o que faz o atleticano sempre mais apaixonado do que outros torcedores. Não poderia deixar de render glórias ao nosso capitão de 1971, o que teve o privilégio de levantar a nossa maior honraria entre os títulos brasileiros, o nosso ainda único título nacional. O grande Odair nos deixou um pouco orfãos no final de semana passada. O seu fã incondicional, Roberto Drumond, com certeza o recebeu com toques de trombetas, placas informativas nesta dimensão sinalizavam: AQUI ODAIR, TAMBÉM É GALO. Escuto claramente o Roberto dizendo: Venha se juntar à nós na torcida destes placares quase sobrenaturais que têm assolado por onde joga o Atlético. Precisamos engrossar este coro pois não está nada fácil por lá, precisamos dar vazão aos gritos de milhares que estarão torcendo contra um adversário por demais penoso e chato. Temos por obrigação fazer valer a nossa intercessão. Temos por gratidão jogar junto. Seja bem vindo Odair e colore ainda mais este nosso novo e definitivo lugar das cores mais apaixonantes do futebol, as cores do Clube Atlético Mineiro. E vem aí mais emoção,torcer contra o vento será nossa maior função, a camisa sagrada já está esticada no varal, acreditamos que o melhor virá...Acreditamos que aqui é Galo. Post Scriptum - Madrugada no Mineirão E volto para este lugar da coluna na madrugada destes seis dias de novembro. Sangue quase à 100°C, coração ainda batendo em compassos aceleradíssimos e respiração forte e facilmente ouvida. O Flamengo se rendeu ao EU ACREDITO, uma força que encerra qualquer batalha na guerra em que se exige definição de resultados através do futebol. O Atlético é o time dos impossíveis, é o time dos soldados mais alertas de que já tive notícias, sua arquibancada ilustra simplesmente um arsenal de vozes distribuídas em mais de 40.000 valentes, corajosos e fiéis escudeiros. Noite épica, mais uma que nos deixa sem falas poéticas, nos deixa irracionais, nos deixa só emoção. Parabéns atletas do Clube Atlético Mineiro...vocês representam o real significado de luta. Parabéns torcedores alvinegros...vocês representam o real significado de fé

Rosalva Campos Luciano é professora e, acima de tudo, apaixonadamente atleticana.

Hadson Santiago

Saudações celestes, leitores do Figueira! As vitórias do Cruzeiro sobre o Santos (1x0), pela Copa do Brasil, e sobre o Botafogo (2x1), pelo Campeonato Brasileiro, mostraram uma equipe que joga bem no primeiro tempo e que cai de rendimento na etapa final. Isso é preocupante, é verdade, mas o Cruzeiro possui plenas condições de voltar a apresentar o bom futebol de outrora. Aliás, já passou da hora! Aquele gol anulado pela arbitragem na partida entre Cruzeiro x Santos, primeiro jogo da semifinal da Copa do Brasil, foi algo vergonhoso, um verdadeiro escândalo. A equipe celeste venceu, mas aquele segundo gol poderá fazer falta. Quando você, caro leitor, estiver lendo este Figueira, o futuro do Cruzeiro na Copa do Brasil já terá sido definido. Será que o gol fez falta mesmo? Tomara que não... Muita gente não gosta do Campeonato Mineiro e acha que é um desperdício de tempo. Como bom interiorano, curto a competição e defendo a sua realização. É claro que os estaduais não têm mais o charme de antes, quando ocupavam, em média, seis meses do ano, mas seria uma crueldade com os clubes do interior extingui-lo. Quantos jogadores não foram revelados nos times de menor investimento (recuso-me a usar o termo “time pequeno”) e foram contratados pelos clubes de Belo Horizonte ou de outros estados? Os exemplos são muitos e estão aí para quem quiser ver. O meio-campista Zé Carlos, o jogador que mais vestiu a camisa do Cruzeiro, surgiu no Sport de Juiz de Fora. O formidável craque, depois de anos atuando na equipe celeste, ainda teve tempo de ser campeão brasileiro, em 1978, pelo Guarani de Campinas, time dirigido pelo também minei-

ro Carlos Alberto Silva. Do Democrata de Governador Valadares saíram Paulinho Batistote e Pagani para o Santos e Fábio Júnior para o Cruzeiro. Gilmar Estevam tornou-se conhecido na Pantera e, antes de se consagrar no futebol português, esteve no Cruzeiro, no São Paulo e no futebol árabe. Aílton Lira, craque de Santos e São Paulo, começou na Caldense. O Uberaba Sport, anos atrás, cedeu três jogadores ao Cruzeiro: Celso Roberto, Marquinhos e Paulo Luciano. Esses são apenas alguns poucos exemplos de como é fértil o futebol do interior das Gerais. É necessário tratar melhor esse celeiro de grandes jogadores. A disputa pelo título do Campeonato Brasileiro agora está bem definida entre Cruzeiro e São Paulo. Faltam seis rodadas para o término da competição e a diferença favorável à equipe mineira é de 5 pontos. É uma boa vantagem, mas pode ser plenamente revertida. O Cruzeiro jogará três vezes em casa (Criciúma, Goiás e Fluminense) e três vezes fora (Santos, Grêmio e Chapecoense). O São Paulo enfrentará Palmeiras, Internacional e Figueirense no Morumbi, saindo para jogar contra Vitória, Santos e Sport. A tabela está equilibrada. É indispensável que o técnico Marcelo Oliveira conscientize seus jogadores sobre a importância de cada partida e a necessidade de incorporarem o espírito da raça e da vontade. A China Azul agradece. É agora ou nunca. Unidos pelo tetracampeonato!

Hadson Santiago Farias é cruzeirense da velha guarda e saudosista convicto.


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