28 figueira eleições 5 out 2014

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Domingo com céu nublado e sem chuva www.climatempo.com.br

23o 13o

MÁXIMA

ANO 1 NÚMERO 28

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 3 A 5 DE OUTUBRO DE 2014

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Não Conhecemos Assuntos Proibidos FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EXEMPLAR: R$ 1,00

A democracia venceu. Não faz muito tempo que homens e mulheres lutaram bravamente contra a ditadura, contra a supressão das liberdades democráticas. Lutaram para que o Brasil tivesse eleições livres. A luta desses homens e dessas mulheres foi gloriosa. Hoje, vivemos um novo tempo. A democracia se consolida a cada dia. E neste domingo, 2O1 mil valadarenses estarão aptos a votar. Poderão reeleger a presidenta Dilma Rousseff, ou eleger Marina Silva, Aécio Neves, as candidaturas que têm chances reais de vitória. Elegerão senadores(as), deputados(as) federal e estadual. Indo às urnas, cada brasileiro e cada brasileira reafirmará o seu compromisso com o ideal democrático, por meio do voto. Nestas eleições, já temos os vencedores: o povo, a democracia. Vote!


OPINIÃO

Editorial

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FIGUEIRA - Fim de semana de 3 a 5 de outubro de 2014

Tim Filho

Calor em GV

Festa da Democraia A democracia brasileira viverá mais um importante capítulo de sua história neste domingo, quando 143 milhões de brasileiros e brasileiras forem às urnas, votando nos candidatos e nas candidatas à Presidência da República, ao Governo do Estado, ao Senado, à Câmara Federal e às Assembleias Estaduais. A expressão desgastada, porém, saudável, “festa da democracia”, se consagra mais uma vez. Mas nem sempre foi assim. A história política do Brasil registra que no período do Brasil Colônia, de 1500 a 1822, desde a fundação das primeiras vilas, os moradores elegiam informalmente seus dirigentes locais por meio do voto aberto. Ou melhor, a pequena parcela portuguesa, branca e masculina escolhia, para o mando sobre toda a população. No período do Império, 1822 a 1889, conhecido como período conservador/liberal, o voto era censitário: votavam apenas homens livres, com renda própria. É desta época o surgimento dos primeiros partidos políticos: Republicano e Progressista. Na “República Velha”, de 1889 a 1930, os homens alfabetizados tinham direito de voto aos 21 anos. Com a Revolução de 1930, foi criada a Justiça Eleitoral (1932), que fez a adoção do voto secreto e permitiu o voto das mulheres. O voto tornou-se obrigatório para os maiores de 18 anos. Em 1945, os candidatos passaram a ser obrigados a atuar em partidos políticos. Em 1950, o Brasil registrava 15,2 milhões de eleitores aptos a votar.

Já tivemos, no passado, em plena democracia, o voto em massa em candidatos que cresceram durante as campanhas graças a fenômenos midiáticos, sem propostas consistentes, e com projetos de governo que se limitavam a uma aventura. O preço pago pela sociedade brasileira foi alto.

No período da ditadura militar, a partir de 31 de março de 1964, aconteceu a fase das trevas para a sociedade brasileira, com a implantação de um longo período ditatorial e supressão de direitos civis e políticos, principalmente os eleitorais. A juventude brasileira foi às ruas afirmar em alto e bom som: abaixo a ditadura! A luta dos jovens e dos líderes de diversos segmentos da sociedade foi brava. Houve resistência, confronto, prisões, tortura. Era o Brasil do silêncio e do medo, do “Ame-o ou deixe-o”. Amar o Brasil significava se submeter ao jugo dos militares. Quem resistia, tinha de deixar o país. E lá se foram muitos brasileiros e muitas brasileiras para o exílio. Em 1979, voltou pluripartidarismo, veio a liberdade partidária. Nasceram os partidos como PMDB, PDS, PT, PDT, PTB, PSB. A abertura política permitiu que muitos voltassem. Em 1982, a democracia dava sinais de vitalidade. O povo pôde votar nas eleições diretas para governador. Em 1988, iniciou-se o horário eleitoral gratuito. O direito de voto foi estendido aos maiores de 16 anos e foi adotado o sistema de eleições em dois turnos para o poder executivo em cidades com mais de 200 mil eleitores. Em 1989, aconteceram as Eleições Diretas para presidente da República. Hoje, graças à luta de muita gente, mais uma vez teremos eleições livres. Já tivemos, no passado, em plena democracia, o voto em massa em candidatos que cresceram durante as campanhas graças a fenômenos midiáticos, sem propostas consistentes, e com projetos de governo que se limitavam a uma aventura. O preço pago pela sociedade brasileira foi alto. Na hora do voto, seja consciente, avalie bem o candidato ou a candidato. Eleja quem tem trabalho de base, história de lutas sociais, comprovação de que soube e saberá administrar ou legislar. Ao fazer a escolha consciente, a democracia será fortalecida e o Brasil continuará caminhando rumo ao desenvolvimento.

Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-81 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo

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Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br

Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

Parlatório Candidatos que não são residentes locais, os denominados paraquedistas, têm legitimidade para representar os interesses da cidade e da região? Os paraquedistas não têm culpa se o eleitor não é crítico SIM

Gina Silva

Não sou contra o cidadão que preencheu todos os requisitos para lançar a sua candidatura, sou contra o eleitor que definitivamente não procura saber quem e quão bom é este “tal” candidato. Para inscrever uma candidatura de acordo com a Constituição Federal, é necessária a comprovação de nacionalidade brasileira, capacidade de votar e ser votado, alistamento eleitoral, domicílio eleitoral com título eleitoral do município pelo qual pretende concorrer, filiação partidária e, finalmente, idade mínima exigida para o cargo. O eleitor está desinformado e esconde-se por trás desta desinformação para justificar a falta de qualidade política do seu voto. Durante todo o processo eleitoral, o candidato se veste de bonzinho para conquistar a simpatia do eleitorado, para que este brinde seu sucesso, por meio do valioso voto. Sucesso alcançado, o eleito passou a ser o seu representante durante o período mínimo de quatro anos, passou a ganhar o salário dos sonhos e a usufruir de privilégios. Quisera eu que minha mãe fosse eleita, que minha irmã, primo ou meu melhor amigo me representasse. Aí sim, eu saberia que a minha vida está mesmo em boas mãos. Mas, se não são, preciso mostrar a estes lobos travestidos de cordeiros que não sou tão ingênua e alheia como pareço. Se não conheço um candidato, tenho um amigo que conhece, ou o amigo de um amigo. Quero informações, quero conhecer, quero intimidade,

quero acesso e aí sim terei um candidato que responderá por mim. Candidatos paraquedistas, não! Quero um político que saiba das minhas necessidades e dos meus anseios, quero alguém que me chame pelo nome, quero na política alguém que antes de qualquer coisa saiba o meu valor e me queira bem. Nos discursos, eu não quero mais ouvir o quanto o outro é ruim, quero saber o quanto o candidato é bom. Quero me lembrar, daqui a quatro anos, em quem eu votei e me orgulhar disso. Quero ter a cabeça erguida quando pronunciar seu nome e poder chamá-lo de amigo. Meu voto, senhor candidato, é a sua promoção, mas pode também ser a sua exoneração.

Quisera eu, que minha mãe fosse eleita, que minha irmã, primo ou meu melhor amigo me representasse. Aí sim, eu saberia que a minha vida está mesmo em boas mãos. Mas se não são, preciso mostrar a estes lobos travestidos de cordeiros que não sou tão ingênua e alheia como pareço. Se não conheço um candidato, tenho um amigo que conhece, ou o amigo de um amigo.

Gina Silva é Gerente Regional de Fiscalização Integrada da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.

Candidato paraquedista tem candidatura artificial NÃO

Sônia M.G.Costa

Sou contra, porque é uma forma artificial de impor a candidatura, sendo um desconhecido do eleitor, por não ter atuação na localidade. Em se tratando de senador, governador e presidente não há alternativa. Porém, os candidatos à Assembleia e à Câmara deveriam ter algum respaldo da população a partir de atuações passadas ou atuais na cidade. Enfim, um histórico que os credenciem a pedir o nosso voto. Candidatos, teoricamente, podem fazer campanha onde lhes aprouver. Entretanto, por uma questão de respeito ao eleitor e de ética, deveriam anteriormente consolidar uma base através de algum tipo de trabalho para a coletividade, que demonstre qual o segmento que ele tem melhor condição de representar ou a área em que está mais apto a atua: segurança, criança e adolescente, movimentos sociais, direitos humanos, minorias marginalizadas (ou não). Enfim, delinear a sua proposta, o seu compromisso. Digo isso porque fui militante durante muitos anos em um partido, e vi muita gente ganhando o que não

devia ganhar. Vi candidatos reinando em regiões onde nada conheciam. Talvez quisessem fazer algo, mas não iriam conseguir, ora a ganância não deixava, ora simplesmente não tinham ideia da real situação ou das necessidades dos cidadãos. Não sou mais militante, mas não sou descrente da política, só desejo que quem venha a legislar aqui passe a conhecer a vida das minorias, dos marginalizados e não aja por interesses políticos somente.

Vi candidatos reinando em regiões onde nada conheciam. Talvez quisessem fazer algo, mas não iriam conseguir, ora a ganância não deixava, ora simplesmente não tinham ideia da real situação ou das necessidades dos cidadãos.

Sonia M.G. Costa é professora aposentada da Rede Estadual de Ensino e Orientadora Educacional do Sistema Municipal de Ensino de Timóteo. Ex- diretora do Sindicato dos Trabalhadores de Ensino de Minas Gerais - Sind-UTE.

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CIDADANIA & POLÍTICA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 3 a 5 de outubro de 2014

Da Redação

Notas e Frases

Sacudindo a Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

Eleitores em GV Governador Valadares possui neste ano de 2014 exatamente 201.709 eleitores, o que representa 1,323% do eleitorado do País. Destes, há forte predominância do sexo feminino: 109.089 eleitores são mulheres e 92.253 homens. 367 não informaram o sexo.

Eleitores em GV II Destes 201.709 eleitores, 2.255 estão com 16 anos de idade, 2.927 com 17 anos, 11.880 eleitores possuem idade entre 18 e 20 anos, 17.608 entre 21 e 24. Entre 25 e 34 anos, está a segunda maior faixa etária, com 44.839 eleitores, enquanto 38.298 eleitores estão entre 35 e 44 anos de idade. O maior número de eleitores tem entre 45 e 54 anos de idade. São 46.956 eleitores. 60 a 69 anos possuem 18.320 eleitores e entre 70 e 79 anos, 10.784. Com 80 anos e mais existem 5.915 eleitores em GV.

Maioria de solteiros Mais da metade dos eleitores valadarenses é de solteiros, totalizando 124.407 eleitores. É quase o dobro de eleitores casados: 66.855 eleitores.

Com ensino, sem ensino Chega a ser espantoso o baixo número de eleitores com curso superior completo. Apenas 7.877 eleitores valadarenses completaram a educação universitária. Em contrapartida, 65.835 eleitores possuem ensino fundamental incompleto. 45.386 eleitores possuem ensino médio incompleto. São 8.693 eleitores analfabetos e 22.344 que apenas leem e escrevem. Mais de 15% do eleitorado valadarense não tem praticamente nenhuma instrução, o que representa a mesma porcentagem de eleitores com ensino médio completo: 31.439. Com ensino superior incompleto, Valadares tem 5.333 eleitores, enquanto que 45.386 eleitores sequer completaram ensino médio. Já os que possuem ensino fundamental completo representam 14.456 eleitores.

Mulheres nas eleições O maior número de mulheres é das que estão entre 25 a 59 anos. São mais de 71 mil eleitoras nessa faixa de idade. Interessante é que o número de idosas - cerca de 22 mil eleitoras (entre 60 até mais de 79 anos), é maior que o número de mulheres entre 16 e 24 anos (cerca de 16 mil eleitoras).

Mulheres na frente entre os analfabetos e com formação superior O número de eleitores analfabetos ou que apenas leem e escrevem do sexo feminino chega a quase 18 mil eleitoras, enquanto que no sexo masculino cerca de 12 mil eleitores são analfabetos ou apenas leem e escrevem. Em compensação, entre os eleitores com curso superior completo, a maioria é de mulheres: 4.803 contra 3.058 homens com curso superior completo.

Panorama Local Univale na mira dos bancos Correm no Judiciário de Valadares, processos judiciais contra Univale/Fundação Percival Farqhuar, por dívida de sete milhões de reais com o Banco Itaú, o Banco do Brasil e AcCredi, provenientes de empréstimos procedidos e não quitados. Chamada para as audiências para um possível acordo, a instituição sequer tem comparecido às audiências.

Novo Terminal Rodoviário: nessa cartola tem Coelho? Um grande grupo empresarial do ramo varejista de Valadares, sem sucesso, tentou barrar na Câmara de Vereadores o projeto de lei enviado pela prefeita Elisa Costa para possibilitar a ampliação e revitalização do terminal rodoviário de nossa cidade. O Terminal será integrado a um shopping popular, o que possibilitará a liberação de todas as calçadas do Centro da cidade, com a transferência dos camelôs. Não é a primeira vez que esse mesmo grupo usa de influência sobre os vereadores para tentar barrar o que pode ser considerado progresso para a cidade.

Curioso Valadares na Assembleia André Merlo faz campanha extemporânea, aparecendo mais que os seus patrocinados. O problema é que as últimas pesquisas indicam que Mário Heringer não alcançará 1 por cento dos votos em Valadares para deputado federal. Pior: indicam que Paulinho Costa pode não alcançar a sua votação de 2010, no município. Paulinho pode ter perdido mais votos do que ganhado ao aceitar colar a imagem de Merlo à dele. À base confortável de 17 mil votos que Paulinho Costa confiou a André Merlo na eleição para a Prefeitura, em 2012, somaram-se na reta final os votos anti-petistas que vão para qualquer um identificado como viável para retirar o PT do poder. A conta que Paulinho não fez é que retirados os votos que ele encaminhou para Merlo e os votos anti-petistas que iriam para qualquer um que se mostrasse viável, não sobraram votos do Merlo. O Merlo-Sem-Votos colou a imagem como se tivesse votos a transferir.

Comparecimento obrigatório: Voto obrigatório? Apesar de obrigatório, nas eleições de 2012, quando havia 199.692 eleitores em GV, 44.745 eleitores não compareceram em suas seções eleitorais para votar. Valadares teve, em 2012, 154.947 eleitores que compareceram para votar.

Câmara de Vereadores II Em plena semana de eleições gerais em nosso país, a Câmara Municipal adiou as sessões ordinárias do mês de outubro. Trabalho para os vereadores só na semana após o domingo de votação. O endereço eletrônico oficial da instituição não trouxe os motivos para o adiamento, de autoria da mesa diretora.

Errar é humano, insistir... No Twitter, Paulinho Costa, que durante toda a campanha manteve-se distante da campanha de Aécio, enalteceu o presidenciável na sua vinda a Valadares na noite de quarta-feira, chegando a declarar que agora estava abençoado por Aécio. Assumiu o voto e pediu votos, na contramão do esvaziamento da campanha aecista, reduzida a pó nas últimas semanas.

Esperteza Ao mesmo tempo, Mourão descolou a sua campanha da de Aécio e Pimenta em Valadares e pode sair como o candidato mais votado na cidade, mais uma vez, desta vez com forte presença na periferia. Entregou os anéis para não perder os dedos.

Foguetes Na falta de votos, muitos foguetes na chegada de Aécio e Pimenta da Veiga a Valadares. Em vez do beija-mão a que Aécio está acostumado, míseros dez prefeitos de toda a região esperavam por ele no aeroporto.

Política é como o show business: você tem uma estréia fantástica, desliza por algum tempo e acaba num inferno. Ronald Reagan Ex-presidente dos Estados Unidos


COTIDIANO 4

FIGUEIRA - Fim de semana de 3 a 5 de outubro de 2014

Turismo religioso é realidade em Valadares

Viagens para santuários cresceram muito nos últimos anos. Bom Jesus da Lapa, na Bahia, e Aparecida do Norte, em São Paulo, são os mais procurados Divulgação

Gina Pagu /Repórter Turismo da fé. Essa é a definição para quem organiza viagens para pontos turísticos religiosos. Laudicéia Gelza, administradora de empresas, que começou como romeira, explica que a crença religiosa a levou a participar e organizar esse tipo de excursão. “Tudo começou em 2002, último ano de faculdade, quando um amigo comprou uma passagem para a tradicional Romaria Nacional dos Vicentinos em Aparecida – SP. Ele não pôde ir, e eu fui no lugar dele para agradecer a Deus e a Nossa Senhora todas as graças recebidas, por estar concluindo uma graduação. No ano seguinte fui novamente e levei mais 6 amigos. Já no terceiro ano eu e esse amigo decidimos organizar por nossa conta e ai não paramos mais. Em 2015, completamos 10 anos de viagens.” Gelza explica que essas viagens não são viagens normais, têm sempre uma motivação maior, como os sentimentos de gratidão e fé. “Nós preferimos o nome romeiro, ao de turista, pois é assim que seguimos nossos percursos, sempre motivados por nossas relações particulares com a religião. Cada um tem uma razão particular para ir até um santuário, por exemplo, para agradecer graças alcançadas, ou pedir. Mas, só quem participa pode dizer o que o motiva a viajar.” Minas Gerais Conforme pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em 2010, foram realizadas 8,1 milhões de viagens domésticas motivadas pela fé, isso representa 3,6% de todas as viagens realizadas no Brasil. Só em Minas Gerais, segundo o Ministério do Turismo foram 3,94 milhões de viagens desse tipo. Dados do Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), explica parte do crescimento desse turismo em Minas Gerais. No Brasil, o número de pessoas que se declarou católica caiu de 73,6%, em 2000, para 64,6%. Em Minas, a redução foi de 8,3 pontos percentuais, caindo de 78,7% para 70,4%. A média de católicos na zona rural mineira é de 84,8%, e mesmo na zona urbana é acima da média nacional, de 62,1%. Gelza fala do crescimento do setor e dos custos das viagens para tornar o turismo da fé mais acessível aos romeiros. “Esse é um ramo do turismo muito lucrativo. Mas, nossa intenção enquanto organizadores é de proporcionar àqueles que nem podem viajar com frequência, oportunidades de passeios religiosos com um custo acessível, procuramos empresas de ôni-

Vicentinos de Governador Valadares durante uma parada na viagem com destino ao santuário de Aparecida do Norte, em São Paulo: amor ao catolicismo

bus com preço que caiba no orçamento das pessoas. Nossa intenção é levar um maior número de católicos a participar de festas tradicionais como a Romaria dos Vicentinos, que segundo informações do Santuário Nacional é a terceira maior Romaria do Brasil.” Fé José Inácio Barbalho, empresário, enfatiza: “Participo da Sociedade São Vicente de Paulo, os Vicentinos da Igreja Católica, há mais de 10 anos, e neste ano participei da 40º Assembleia Nacional dos Vicentinos em Aparecida - SP. Por motivo de graças alcançadas e fé na minha religião, fui e continuarei confraternizando com meus irmãos, sempre buscando mais ensinamentos.”

Pontos turísticos Gelza conta que um dos locais mais procurados é mesmo o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. “Tradicionalmente, por ser a Padroeira do Brasil, Aparecida recebe o maior número de visitas, mas temos também outros locais como Trindade, em Goiás, Bom Jesus da Lapa, na Bahia, em Minas Gerais temos Ouro Preto. Pretendemos organizar essas outras viagens. Mas, para São Paulo já temos lotação para quase três ônibus.” A administradora ressalta a importância da relação lucro e fé. “Temos que ter consideração pela fé dos romeiros, sejam católicos ou protestantes. Pode-se ganhar dinheiro com esse tipo de trabalho. Embora não seja o nosso caso, pois organizamos essas excursões por amor à nossa religião. Buscamos um retorno que seja honesto, sem exploração e com respeito a fé das pessoas.”

Associativismo Antônio Carlos Borges

Transformação Cultural e Desenvolvimento Desde o ano de 2009, a Fundação Banco do Brasil vem investindo em um projeto de desenvolvimento em nossa região, com abordagem em propriedades rurais familiares localizadas em municípios no Médio Rio Doce. O projeto teve início com um experimento piloto de 2009 a 2010, que trabalhou com 40 propriedades rurais. Considerados os resultados, a FBB decidiu por um financiamento por mais cinco anos, entre 2011 a 2015, com um número crescente de propriedades a cada ano. Até ao final de 2013, conforme os relatórios da Ciaat – Centro de Informação e Assessoria Técnica, que é a entidade responsável pela execução do projeto, foram atendidas cerca de 160 famílias. Trata-se do projeto Desenvolvimento de Comunidades Sustentáveis – DCS, com aplicação da tecnologia social Balde Cheio, que trabalha a inovação tecnológica na produção de leite. Os resultados e impactos positivos do projeto na região são animadores e apontam para uma saída não só econômica, mas também ambiental, já que vem combatendo a erosão – este fantasma que nos assombra - nas propriedades onde tem funcionado. Considerando-se o deserto tecnológico nos processos de produção de leite de nossa região, A inovação é simples, porém altera a realidade das propriedades atendidas de forma substancial, garantindo condições de permanência das famílias atendidas no campo com qualidade de vida, e garantindo o espaço da reserva legal na propriedade, sem prejuízo financeiro à

Os resultados e impactos positivos do projeto na região são animadores e apontam para uma saída não só econômica, mas também ambiental, já que vem combatendo a erosão – este fantasma que nos assombra - nas propriedades onde tem funcionado.

extensivo, o custo de produção do litro de leite atualmente fica em torno de R$ 0,70 e com o uso da tecnologia o custo de produção cai para em média R$ 0,50 , a equação mais leite e menos custo tem resultado em um salto na renda das famílias atendidas pelo projeto, de R$ 453,00/mês para R$ 4.082,00/mês, após, em média, três anos de uso da tecnologia. O que representa um acréscimo de 8,9 vezes de aumento de renda familiar. No período de quatro anos do projeto em nossa região, até ao final de 2014, presume-se aliviada do pisoteio extensivo com vacas leiteiras, uma área total de 2.900 hectares, combatendo-se desta forma a erosão. Área apta a reflorestamento, caso haja fomento. Para o ano de 2014, há uma projeção de movimentação financeira na área do projeto e em função do mesmo, em torno de R$ 16.545.960,00. Na ausência do projeto, considerando-se a produção no sistema extensivo, a movimentação seria de R$ 1.800.000,00. Ver para crer ou dia de São Tomé, o Dia de Campo, em 3 de outubro, em Conselheiro Pena, é um bom teste. Para o alcance destes resultados, a Fundação Banco do Brasil investiu em nossa região, o montante de R$ 3.500.000,00 com o projeto Desenvolvimento de Comunidades Sustentáveis – Balde Cheio, entre os anos de 2009 e 2014.

economia familiar. A transformação pode ser medida em números. Em média, as propriedades atendidas possuem em torno de 72 hectares, ou na linguagem mais comum, 15 alqueires. No sistema tradicional de produção, considerando o rebanho de vacas nestas propriedades, em torno de 30 unidades na média, ocupa-se um espaço aproximado de 21 hectares da propriedade. Neste espaço produz-se normalmente em torno de 21.000 litros de leite/ano. Com a utilização da tecnologia, passa-se a utilizar apenas três hectares para o mesmo número de vacas, ganhando-se, portanto, um espaço de 18 hectares, que representa em torno de 25% da área total da propriedade. Espaço suficiente para garantir a reserva legal. A produção, com o processo tecnológico, cresceu em média para algo em torno de 108.000 litros de leite/ano, com o mesmo rebanho. Antonio Carlos Linhares Borges é administrador rural e advogado, Como no sistema tradicional de produção, denominado diretor geral do CIAAT – Centro de Informação e Assessoria Técnica.


POLÍTICA 5

FIGUEIRA - Fim de semana de 3 a 5 de outubro de 2014

Notícias do Poder José Marcelo / De Brasília

Vingança

Visão Nacional

Juiz sem rosto

Se vingança é um prato que se come frio, os ministros do Supremo Tribunal Federal estão saboreando uma iguaria. É que à exceção do ministro Celso de Mello, todos os demais ex-colegas de Joaquim Barbosa estariam rindo à toa e comemorando o fato de a Ordem dos Advogados do Brasil ter negado a ele o registro de advogado. Uma fonte do STF, que por razões óbvias pede para não ser identificada, disse que em alguns gabinetes houve até pequenas comemorações pelo constrangimento público sofrido pelo ex-colega. É que Barbosa teria deixado inúmeros desafetos no STF, por causa das posições e do gênio forte. Já havia, segundo a fonte, bolsa de apostas à espera do acontecido.

Por falar em Judiciário, a Justiça Federal se prepara para começar a aplicar a Lei 12.694/12, aprovada com a promessa de proteger juízes criminais que têm a missão de julgar integrantes de grupos organizados ou facções criminosas. Pela norma, esses casos poderão passar a ser analisados por um colegiado e não apenas por um único juiz. É uma forma de evitar que um condenado identifique um autor de uma sentença. O pedido para a criação do colegiado deve ser feito pelo juiz responsável pelo processo, em decisão fundamentada, com a indicação dos motivos e das circunstâncias que acarretam risco à sua integridade física.

O que aconteceu A OAB negou o registro de advogado a Barbosa por causa da conduta dele, quanto era ministro do Supremo, época em que teria atacado a categoria dos advogados e ferido o estatuto da profissão. A decisão cabe recurso e é evidente que Barbosa vai poder tirar a carteira dele. Mas é inegável o desgaste.

Artilharia pesada O acirramento da disputa entre a ex-ministra Marina Silva e o senador Aécio Neves pelo segundo lugar nas pesquisas de intenções de votos fez e equipe da candidatura petista retirar da gaveta a pilha de documentos que compõem um suposto dossiê sobre o ex-governador mineiro. É que desde o início, imaginava-se que Aécio Neves seria o principal adversário de Dilma Rousseff, mas a morte de Eduardo Campos e a série de acontecimentos que vieram depois mudou tudo e a ex-seringueira foi alçada à segunda posição. Mas bastou a possibilidade de Aécio estar no segundo turno com Dilma Rousseff para os dados do ex-senador voltar a ser peneirados pela equipe petista. É artilharia pesada, segundo um parlamentar petista que pede anonimato.

O que significa Aposentado ainda jovem, Barbosa já está na mira dos maiores escritórios de advocacia do País, como dito aqui, nesta coluna, em ocasiões anteriores. Ele pode funcionar como chamariz para grandes clientes, para grandes causas, aquelas que rendem fortunas aos advogados. Sem contar que uma página de parecer do ex-ministro já estaria sendo estimada em R$ 50 mil. Até tirar o registro, Barbosa vai ter de se contentar com o salário de R$ 26.723,13, mais o que ganhar em eventuais palestras.

Disputa entre Aécio e Marina está acirrada

Uma perda E não há de se negar que os ataques à imagem de Marina Silva, nas últimas semanas, representam um grande prejuízo para uma causa que interessa a todos: a ambiental. Marina Silva se consolidou como liderança global quando o assunto é meio-ambiente. Mas ao ser ligada a banqueiros, agronegócios e uma série de investidores, a imagem da ex-senadora saiu arranhada e a causa perde força. Uma pena. Todos perdem. Independente do resultado das eleições.

Às moscas Está difícil a vida dos funcionários da TV Senado e da TV Câmara. Com os parlamentares nos estados, se dedicando exclusivamente às campanhas, está sendo um desafio manter a programação no ar. Parte dela tem de ser ao vivo, e do plenário, mas os plenários estão às moscas.

José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.

Entrevista Paulinho Costa

Candidato do PDT a deputado estadual

Governador Valadares precisa de mais representatividade. Precisa de mais políticos comprometidos e com mais competência para lutar pelo nosso povo. Arquivo de campanha

Paulo Marcos Costa, o Paulinho Costa, nascido em Governador Valadares em 14/03/1964, vereador por quatro mandatos, é o candidato do PDT a deputado estadual. Sua campanha tem como slogan “Vamos fazer mais um”. E ele explica: fazer mais um não significa eleger qualquer um, temos de ter mais um representante na Assembleia, mas alguém que represente sangue novo”.

Paulinho Costa - A minha experiência no Legislativo municipal (quatro mandatos como vereador), a minha vontade de buscar desenvolvimento social e econômico para nossa cidade e toda a região. Figueira – O que mais o credencia a se candidatar a esta vaga na Assembleia? Por que se considera apto a ser deputado estadual?

Figueira – Se eleito, qual será a sua postura na Assembleia em relação aos nossos problemas regionais? Paulinho Costa - Minha postura será sempre a de inserir Governador Valadares e região em todas oportunidades de desenvolvimento. Nossos problemas vão desde a pouca representatividade política até a falta de oportunidades. Estas, por sua vez, são criadas para outras cidades, como Montes Claros, Uberlândia, Uberaba, Juiz de Fora, Ipatinga, dentre outras. Isso, devido à vontade e à força política de seus representantes no Estado. Figueira – O mote de sua campanha é “vamos fazer mais um”. Isso contribui de que forma para a cidade? Paulinho Costa - Governador Valadares precisa de mais representatividade. Precisa de mais políticos comprometidos e com

Paulinho Costa - Valadares é pouco representada e precisamos de mais. Governador Valadares tem de ser lembrada e fazer parte de todas as oportunidades possíveis de desenvolvimento no estado. Meu trabalho como deputado será para toda a nossa região, mas o foco será dado a Governador Valadares, especialmente. Priorizaremos a nossa cidade em ações que melhorem a segurança pública, a saúde e principalmente o desenvolvimento, através da educação e geração de empregos. Vou trabalhar para garantir e ampliar os programas de habitação e também fortalecer as oportunidades para a juventude nas áreas de esporte, lazer e qualificação profissional.

Figueira - O que o motivou a se candidatar ao cargo de deputado estadual?

Paulinho Costa – Pela minha experiência, maturidade política e, acima de tudo, o meu comprometimento com a nossa cidade.

Figueira – Na sua opinião, Governador Valadares é uma cidade bem representada na Assembleia atualmente?

Que fique claro! Fazer mais um deputado não é eleger qualquer um. É concentrar esforços – e principalmente os votos – em quem tenha garra, coragem, disposição e competência para assumir este papel de liderança.

Figueira – Você se sentirá mais confortável na Assembleia com Pimentel ou Pimenta da Veiga no governo? Paulinho Costa, durante passeata na área central de Valadares

mais competência para lutar pelo nosso povo. A cidade já tem os seus representantes, e a presença deles é importante, mas não basta, ainda é muito pouco. É preciso fazer mais, é preciso ter mais representação para termos mais força. Daí, surgiu nossa luta para aumentar a representatividade de Governador Valadares na Assembleia Legislativa. Nossa voz precisa ser mais forte, para ser realmente ouvida. Mas, que fique claro! Fazer mais um deputado não é eleger qualquer um. É concentrar esforços – e principalmente os votos – em quem tenha garra, coragem, disposição e competência para assumir este papel de liderança. Para “fazer mais um” é preciso colocar Governador Valadares acima dos interesses pessoais, é optar pelo diálogo, é se dispor a unir forças. Somar, e não dividir. Porque de divisão em divisão é que vamos ficando para trás. Então, vamos fazer de um jeito novo. Vamos ampliar nossa representatividade. Vamos colocar sangue novo na Assembleia.

Paulinho Costa - O meu trabalho será por Governador Valadares. Independentemente do governador que lá estiver, irei cobrar sempre ações para nossa cidade. O meu partido, o PDT, hoje faz parte da base do atual governo estadual e da coligação de Pimenta da Veiga. Portanto eu acompanho o partido e apoiamos o Pimenta. Figueira – Qual é a sua avaliação do processo eleitoral até aqui? Paulinho Costa - O processo eleitoral até aqui tem sido bom e tranquilo. Não discutimos pessoas e sim ideias. Estamos conseguindo caminhar e levar as nossas propostas a cada canto desta cidade e para várias cidades na região. Fazemos uma campanha humilde, porém sincera e honesta. E o povo sabe identificar essa grande diferença. É com essa esperança que vamos conquistar mais adeptos ao nosso projeto e conseguir a vitória no dia 5 de outubro para Governador Valadares, enfim, ter mais um representante na Assembleia.


POLÍTICA 6

FIGUEIRA - Fim de semana de 3 a 5 de outubro de 2014

EBC

ELEIÇÕES 2014

CHEGOU A HORA Mais de 15 milhões de mineiros comparecerão às urnas, sendo 201 mil de Governador Valadares. Tribunal Superior Eleitoral está preocupado com o número de abstenções

Dilvo Rodrigues / Repórter

Está quase tudo pronto para a realização do primeiro turno das eleições 2014. No Município de Governador Valadares, o oitavo maior colégio eleitoral do estado, mais de 201 mil pessoas estão aptas a exercer o direito do voto. Os eleitores tem de comparecer à suas seções eleitorais entre 8 e 17 horas, portando um documento com foto. São obrigados a votar os brasileiros alfabetizados, que tem entre 18 e 70 anos. Para os analfabetos, maiores de 70 anos e para quem tem entre 16 e 18 anos, o voto é facultativo. A ordem de votação é deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente. Em todo estado, 2.392 seções especiais de fácil acesso (destinadas preferencialmente a quem se identificou até 7 de maio). Em Valadares, são 46 seções desse tipo espalhadas pela cidade. De acordo com Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, dentre 15.248.681 eleitores mineiros, 23.048 estão registrados no cadastro eleitoral como deficientes ou portadores de necessidades especiais. É importante ressaltar que todas as urnas terão o programa para audição do deficiente visual, com fone de ouvido disponível em cada local de votação. Em 2012, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mais de 22 milhões de eleitores não votaram em todo Brasil. O que, naquela época, representava aproximadamente 16% da população. Em maio deste ano, o Ministro Marco Aurélio Mello manifestou preocupação com uma possível elevação da taxa de abstenção nas eleições gerais, isso devido ao grau de descontentamento da população com a classe política. Ele destacou que em 2010 houve 36 milhões de votos brancos e nulos. Além disso, Em 2013, em Valadares, cerca de 3.500 títulos de eleitor tinham sido cancelados pelo Tribunal Regional Eleitoral. Segundo o TRE/MG, em todo estado serão utilizadas aproximadamente 50 mil urnas eletrônicas. O Tribunal aponta ainda que o custeio das eleições deste ano será de, aproximadamente, R$ 30 milhões no primeiro turno. Para o segundo turno, a estimativa de gasto é de R$ 5 milhões.

Quando o voto é facultativo Quem tem entre 16 e 18 anos, e acima de 70 anos de idade, não é obrigado a votar. No entanto, há casos de pessoas que se enquadram nestas faixas etárias e fazem questão de votar Natália Carvalho / Repórter

José Reis pode ficar em casa, mas prefere ir votar, pois nunca faltou com o seu dever

Luyara Batista vai votar pela primeira vez

Fazer valer a sua opinião na política brasileira é possível a partir dos 16 anos, tornando-se ato obrigatório apenas dos 18 aos 70 anos de idade. Mas, para José Gonçalves, o sentimento de civismo é muito forte. Atualmente com 83 anos, José Gonçalves dos Reis nunca faltou no seu dever de cidadão. Mesmo alegando que os políticos atuais não merecem o seu voto, a cada ano de eleição ele sai do conforto de sua casa e vota: “A política em nosso país é um roubo! Embora a maioria dos políticos não mereça, eu voto para exercer o meu papel de cidadão. O governo pode limitar tudo, menos a minha cidadania!” José Gonçalves seguiu o exemplo da mãe, que votou até os 82 anos de idade. Ele confessa que este espírito veio antes mesmo de vivenciar o regime militar na década de sessenta: “Já era contra a ditadura antes mesmo dela nascer”, diz. “O Brasil está atrasado em relação a outros países. Pessoas de mais de 70 anos não estão obrigadas a votar, nem podem mais trabalhar. Independentemente de estar forte e saudável, o idoso deixa de prestar serviço ao país.” No outro extremo, de acordo com dados do Tribunal Eleitoral, houve redução no número de eleitores mais jovens, de 16 e 17 anos, em relação às eleições de 2012. “Percebo que os meus amigos e as outras pessoas da minha idade não têm muito interesse em votar. Muitos não vão votar ou nem sabem ainda em quem votar neste ano”, diz Luyara Batista, de 17 anos. Ela representa a pequena quantidade de jovens que fizeram o título de eleitor este ano. Luyara, ao contrário dos seus amigos, faz questão de exercer o seu dever como cidadã, ao votar pela primeira vez nas eleições de 2014. “A juventude tem um papel importante na sociedade. Mas, votar é importante para todos, pois temos a chance de melhorar o nosso país e ajudar a fazer as mudanças necessárias” diz.


POLÍTICA 7

FIGUEIRA - Fim de semana de 3 a 5 de outubro de 2014

ELEIÇÕES 2014

Tolerância zero Juiz eleitoral diz que terá tolerância zero contra boca de urna e afirma que o principal ator das eleições é o eleitor Dilvo Rodrigues / Repórter

A poucos dias da realização do primeiro turno das eleições em todo Brasil, os cartórios eleitorais trabalham a todo vapor para que tudo ocorra como esperado. No dia 5 de outubro mais de 142 milhões de brasileiros devem comparecer às urnas para escolher seus representantes. No município de Governador Valadares, aproximadamente 201 mil pessoas estão aptas a exercer o direito do voto. O Juiz da 119º zona eleitoral, Roberto Apolinário de Castro, disse a reportagem do Figueira que está praticamente tudo preparado para a realização das eleições. No último domingo, foi encerrado o treinamento dos mesários e as urnas estão recebendo os softwares necessários para que o voto aconteça de maneira eficiente e segura. Além disso, houve uma reunião com as polícias federal, civil e militar para definir a política de segurança durante o processo Uma das maiores preocupações do juiz é com a assinatura dos eleitores na folha de presença, já que o eleitor pode acabar assinando na linha destinada a outro. “Isso acontece muito com pessoas que possuem nomes parecidos. Mas, também é um descuido do mesário. Nossa orientação é que o mesário pegue os documentos do eleitor e faça a checagem antes da assinatura. Isso pode evitar esses erros. Por que se eu assinar no seu nome, por exemplo, você quando chegar a seção eleitoral, não vai poder votar.”, explica Apolinário.

Irregularidades

Ao contrário do que muita gente pensa, a pessoa mais importante na eleição é o eleitor e não o político. É importante o comparecimento de todos no dia da eleição para dar ainda mais legitimidade ao processo e eleger pessoas que estão realmente compromissadas com o futuro do país.

Ao todo são quase 2800 pessoas que vão contribuir com a festa da democracia, isso levando-se em conta que a comarca de Valadares prepara e abrange as cidades de Marilac, Alpercata, Governador Valadares. Mathias Lobato, Frei Inocêncio e Periquito que ao todo vão somar um número próximo a 700 seções eleitorais. Outra orientação do juiz é que o eleitor leve uma cola com os números dos candidatos nos quais irá votar. “O cartório eleitoral disponibiliza uma cola com a ordem certa de votação, que é deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente.” Além do título, os eleitores precisam levar um documento com foto para ter acesso a urna de votação.

O juiz afirma que terá tolerância zero contra o crime de boca de urna e alerta os eleitores que por ventura tem a intenção de utilizar roupas que caracterizam partidos e candidatos. “Você pode ir com a camisa ou boné do seu candidato ou do seu partido. Porém é indicado que você entre e saia calado da seção eleitoral. Se, por exemplo, você acabar encontrando um amigo que também veste uma camisa de partido político ou candidato e se ficarem de papo dentro da seção ou nas imediações dela, isso pode caracterizar boca de urna.”, explica. Quanto as irregularidades nas campanhas, o Roberto Apolinário apontou que tem recebido algumas denúncias, mas nada de grave até o momento. A Importância do Eleitor “Ao contrário do que muita gente pensa, a pessoa mais importante na eleição é o eleitor e não o político. É importante o comparecimento de todos no dia da eleição para dar ainda mais legitimidade ao processo e eleger pessoas que estão realmente compromissadas com o futuro do país.”, aponta o juiz. Segundo ele, a falta de vontade de comparecimento às urnas do eleitorado tem preocupado a Justiça Eleitoral.

Fotograma TV Assembleia

PRÊMIO

Documentário da TV Assembleia, que conta a história de tiroteio em Valadares, em 1964, é premiado Produção ganhou o Prêmio Vladimir Herzog

O jornalista Carlos Olavo, que teve seu jornal (O Combate) destruído por fazendeiros em 1964, é um dos entrevistados no documentário

Comportamento Manuel Alfonso Muñoz

Autoestima Uma campanha eleitoral tão comprida como a brasileira oferece material para todo tipo de análise, também desde as ciências do comportamento. Numa das múltiplas e variadas entrevistas dadas por certo candidato numa rádio local escutei a tese de que a costumeira baixa autoestima do brasileiro lhe leva a considerar sempre melhor o que vem de fora e a ser pessimista com a realidade do próprio país. É assim? Pode ser, mas a baixa autoestima não é uma questão exclusiva do brasileiro, embora predominante na vida de muitas pessoas. Foi o físico Maxwell Maltz, em um livro publicado em 1968, quem calculou que 95% de todas as pessoas em nossa sociedade sentem-se inferiores. Ele argumentou que milhares de pessoas acham-se gravemente prejudicadas por terem um sentimento forte de desajuste e sugere que uma autoimagem mais positiva é a chave para uma vida melhor. Hoje teríamos resultados diferentes? Autoconceito e autoimagem dizem respeito à ideia que fazemos de nós mesmos. O autoconceito é formado por pensamentos, atitudes e sentimentos que temos a respeito de nós. Autoestima refere-se à avaliação que um indivíduo faz de seu valor, competência e significado. Em função dessa avaliação programamos nosso comportamento. As causas são múltiplas, a começar pelas culturais: numa sociedade que valoriza o sucesso a qualquer custo é difícil experimentar fracasso, rejeição e críticas (sentimento de “não valho nada”). Igualmente, as experiências passadas, especialmente as derivadas dos relacionamentos familiares nos primeiros anos de vida aparecem em

lugar de destaque na formação da baixa autoestima do ser humano. Comportamentos parentais como a evitar mostras de carinho, apoio emocional e interesse, a crítica constante, a expressão de expectativas negativas sobre a criança ou, o contrário, a superproteção dos filhos de modo que estes fracassam quando forçados a arranjarem-se sozinhos, são fatores favorecedores de baixa autoestima na vida adulta. Os efeitos deste sentimento de inferioridade são bem conhecidos: isolamento, apatia, dificuldades de convivência, dependência afetiva, falta de paz interior e segurança, ciúmes e crítica de outros (fofoca), tendência a queixar-se, discutir, mostrar-se intolerante, hipersensível e sem espírito de perdão e, em casos mais agudos, depressão. O que fazer para tentar melhorar nossa autoestima? O que foi alimentado durante anos não desaparece em um dia, mas pode começar entendendo as causas de sua baixa autoestima e fazendo uma avaliação realista de suas fraquezas e potencialidades. Para isso é conveniente pedir a opinião das pessoas que lhe amam. A continuação reexamine suas experiências, metas e prioridades, estabelecendo alvos realistas em sua vida; aprenda novas habilidades como elogiar, cumprimentar e respeitar os outros e evite tendências destrutivas como manipular, guardar rancor e mágoa ou desistir perante as dificuldades; e, por último, procure novas relações e amizades, ame e curta a vida no presente e como presente. Seguindo estas dicas poderemos ser um pouco mais felizes e, talvez, o nosso candidato mude também de opinião. Manuel Alfonso Muñoz, Manolo, é psicólogo e teólogo, doutor em Teologia, professor universitário.

O documentário “Na Lei ou na Marra: 1964, um combate antes do golpe”, da TV Assembleia, venceu o 36º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria documentário de TV. Um dos mais prestigiados do País, o prêmio é organizado pelo Instituto Vladimir Herzog, pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), entre outras entidades. A escolha dos vencedores nas nove categorias em disputa, assim como os trabalhos que receberam menção honrosa, foi anunciada na última terça-feira (30/9/14), em São Paulo (SP). A cerimônia da premiação acontecerá no dia 29 de outubro no Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Tuca). O documentário foi exibido pela primeira vez no último dia 31 de março, como parte de uma extensa programação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para lembrar os 50 anos do golpe de 1964. A repercussão da conquista do prêmio fez o documentário voltar à programação da TV Assembleia. Ele será exibido nesta quarta-feira (1º/10), à meia-noite; na próxima segunda-feira (6), às 20 horas; e na quinta-feira (9), às 21 horas. Documentário resgata episódio pouco conhecido O documentário conta como, em 30 de março de 1964, milícias lideradas por fazendeiros de Governador Valadares atacaram o sindicato e a sede do jornal, que apoiava a luta dos lavradores pela reforma agrária. O fato foi emblemático na escalada de tensões que antecederam o golpe e na onda de perseguições que se estendeu com a tomada do poder pelos militares, situação que se repetiu em diversas regiões do País. Dessa forma, o episódio, ainda pouco conhecido e divulgado pela história oficial, é narrado no documentário por seus principais líderes. O conflito no Vale do Rio Doce refletiu a atmosfera de tensão político-social no campo em todo o País na década de 1960. Foi uma época de protestos e marchas organizados por associações, sindicatos e ligas dos camponeses e violenta reação dos latifundiários às propostas de reforma agrária anunciadas pelo presidente João Goulart. O documentário traz ainda o olhar de historiadores sobre a violência dos conflitos agrários que sacudiram a região, com uma linguagem, na visão de Marcos Barreto, mais “arejada”. “A região de Governador Valadares era estratégica por ser uma das últimas fronteiras agrícolas do País. O Chicão chegou a ser recebido por João Goulart, defensor da reforma agrária. Da mesma forma, as lideranças dos fazendeiros da região também procuraram Carlos Lacerda (governador do Rio de Janeiro e um dos principais expoentes da oposição que apoiou o golpe de 1964). A tensão era crescente por todo o País e essa história ocorrida aqui em Minas ilustra bem o panorama da época”, aponta Marcos Barreto.


GERAL

Ombudsman

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BRAVA GENTE

FIGUEIRA - Fim de semana de 3 a 5 de outubro de 2014

JOÃO CARLOS CURTINHAS & MARILENE BATISTA COELHO CURTINHAS Divulgação

José Carlos Aragão

Baixaria e esperança Não sei a quem dar o crédito da autoria – se é de quem postou; se ele estava citando alguém; ou se é reles filosofia de porta de banheiro público . Mas o fato é que a reflexão acabou indo parar no meu facebook: “Os três momentos em que mais se mente são: depois de uma pescaria, durante uma guerra e antes de uma eleição”. Estamos vivendo o momento do “antes”. Acho que nunca antes, na História desse país, tivemos uma campanha eleitoral de tão baixo nível como a que chega ao fim neste final de semana (caso não tenhamos ainda um segundo turno). Estou pasmo com a frequência e o descaramento com que cada candidato(a) deturpa qualquer dado ou informação conforme a recomendação de seus marqueteiros ou a oscilação das intenções de voto. A troca mútua de acusações levianas, grosseiras e furibundas, que visam muito mais liquidar um oponente que expor suas ideias ao juízo do eleitor, ocupa a maior parte do tempo da nauseabunda e abjeta propaganda eleitoral no rádio e tv. Temas mais delicados ou polêmicos como homofobia e direitos LGBT, drogas, denúncias de corrupção, aborto, financiamentos de campanha, recrudescimento da inflação, religião e estado laico, alianças e governabilidade, independência do Banco Central, e ética não passam de munição para mais tiroteio entre candidatos, relegando a último plano o real interesse público e nacional. Da mesma forma, candidatos ao parlamento sem qualquer potencial eleitoral “vendem-se” aos partidos majoritários da coligação e tornam-se buchas de canhão em sistemáticos ataques e achaques ao candidato ou candidata majoritário(a) da outra coligação. Nas redes sociais, paus-mandados a serviço de cada candidatura, se encarregam de baixar o nível das campanhas a profundidades ainda maiores. Parafraseando o jargão futebolês para partidas mais violentas, “do pescoço pra cima é tudo canela”. Sites mantidos por patrocínios escusos e inconfessos disparam denúncias falsas ou infundadas de parte a parte e internautas replicam qualquer boato como se verdade absoluta fosse. Palavrões e adjetivos desrespeitosos são usados de parte a parte por internautas eleitores de um(a) ou outro(a) candidato(a) para atacar adversários (as), sob o manto do anonimato ou a covardia de perfis falsos. Alguns – por hipocrisia, mau-caratismo ou estupidez mesmo – ainda reclamam que vivemos em uma ditadura, pois lhes falta liberdade de opinião e expressão. A Justiça Eleitoral - como nunca antes - também faz vista grossa ao nojento vale-tudo das campanhas. Basta ver a pouca incidência dos chamados “direitos de resposta”, tão comuns em eleições passadas no horário eleitoral. O que, por outro lado, é bom, já que muita intromissão pode cheirar a censura à liberdade de expressão; e porque a opção pela baixaria revela ao eleitor o verdadeiro caráter do candidato. E a mídia, o que tem a dizer sobre tudo isso? Não vou tentar falar por outros veículos, que alguns podem falar por si próprios – e porque sou ombudsman desse aqui. Confesso que esperava mais da cobertura do Figueira às eleições. Algo mais ostensivo, crítico, claro, diferente. Talvez até mais parcial – no sentido de assumir uma postura ideológica mais transparente (não partidária). Acho que faltou ir um pouco mais além de pílulas informativas sobre bastidores das campanhas, da análise superficial da evolução das pesquisas ou das entrevistas com os candidatos regionais. É claro que articulistas diversos comentaram o panorama politicoeleitoral em suas colunas assinadas, mas eram ideias pessoais, não refletiam necessariamente um posicionamento do jornal. Também alguns editoriais abordaram o tema, mas quase sempre tangenciavam ou repetiam informações que já estavam – implícitas ou explícitas - em outras seções do jornal. A charge, que é por natureza um contundente espaço de crítica factual e imediata, também desperdiçou os melhores momentos dessa campanha para “tacar-lhe o pau”, como seria de esperar. Tentando resumir, o que eu senti falta mesmo foi de ver as eleições sendo manchete de primeira página – um sinal claro e evidente que o tema não recebeu, nos últimos dois meses, o destaque que merecia. Mas, como o pleito é neste final de semana e minha coluna fica pronta antes da capa, ainda tenho esperanças. Até porque, talvez haja um segundo turno... José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com

Ecos de Palmares

Marilene e João Carlos passaram por uma provação, mas superaram tudo com muita garra e amor: vencedores

Superação e amor ao próximo Natália Carvalho - Repórter Em 1990, João Carlos Curtinhas foi diagnosticado com perda total da função renal. Após anos fazendo hemodiálise, recebeu um dos rins da esposa, Marilene Batista Coelho Curtinhas, por meio de um transplante. Anos depois, Marilene também adoeceu, mas com câncer. Ambos passaram pelo adoecimento, tratamento e pela cura. No entanto, ao passar pelas clínicas especializadas de Governador Valadares, João e Marilene observaram as dificuldades que outros pacientes tinham durante o tratamento, especialmente os que moravam em cidades vizinhas. Com o objetivo de ajudar essas pessoas, João Carlos fundou, em 2005, a “Associação dos Pacientes Renais e Transplantados” (ASPART). Foi quando João Carlos conheceu Luís Otávio, um enfermeiro que trabalhava há 10 anos no terceiro setor. Luís se formou em Enfermagem em 2008 e na mesma época elaborou um projeto de atendimento domiciliar para os pacientes da ONG onde trabalhava anteriormente como auxiliar de escritório. “Eu sempre me identifiquei com causas sociais e o curso de Enfermagem permite muitas de opções de atuação”, diz Luís. O seu projeto foi capaz criar um novo emprego não só na cidade, mas também em Ipatinga e Viçosa, onde a fundação também atua. Já visando ampliar o atendimento da ASPART, João conheceu o enfermeiro, que logo se tornou o coordenador do novo projeto, implementando o “Serviço de Atenção Domiciliar”

da nova instituição. Assim, foi possível a inauguração da Acolhevida, que aconteceu em 18 de Setembro deste ano. Pedro Henrique, de 11 anos, se tornou um dos primeiros pacientes da instituição. Ele e sua mãe Lucélia Pereira moravam no Rio de Janeiro, mas há 3 meses voltaram a cidade devido a possível doença do filho. Lucélia descobriu a Acolhevida pela vizinha, e logo pediu ajuda à instituição. O enfermeiro Luís Otávio foi até a sua casa e solicitou o pedido para o atendimento. A instituição Acolhevida conta com assistência social, assistência à saúde, hospedagem para os pacientes que não residem em Governador Valadares e alimentação. “A instituição nos ajuda sempre que precisamos. Ela está sempre acompanhando o Pedro Henrique, levando-o para os exames”, diz a Lucélia. Logo após a sua inauguração, a Acolhevida tem promovido campanhas e eventos para arrecadar dinheiro. Em 20 de setembro, a ONG participou, em parceria com a Superintendência Regional de Saúde, da Campanha Nacional de Doação de Órgãos, que teve como tema “Seja Doador de Órgãos – Fale com a sua Família”. O evento aconteceu na Praça dos Pioneiros e teve a participação de pacientes, profissionais da saúde e de toda a comunidade. Um dia depois, aconteceu no Salão Comunitário da Ilha a 3ª Galinhada da Acolhevida, que arrecadou fundos para dar continuidade às obras de construção da sua sede. A Acolhevida fica na Rua Pedro Lessa, 694, no Bairro de Lourdes. O telefone para contato é: (33) 3273-4855. Mais informações estão disponíveis no site: www.acolhevida.org.br.

Ana Afro

Racismo mata No artigo anterior, falei sobre a onda crescente de atos racistas e discriminatórios que estamos presenciando nas últimas semanas. Isso não é por acaso que vem ocorrendo. É a resposta da sociedade racista e extremamente preconceituosa na qual vivemos. Sueli Carneiro, do Instituto Geledés, tem nos alertado a esse respeito. Nós, militantes do movimento negro, que estamos há mais tempo na luta pela quebra das correntes, já esperávamos por isso. Mas, esperamos e desejamos sinceramente que surja também uma nova e forte geração consciente de si e de negritude para continuar essa luta que não terá fim tão cedo, mas que não pode nos abater. Há negros e negras lutando uns contra os outros, fazendo exatamente o que os dominadores planejaram e fomentam. A cada dia, mais sofremos racismo e discriminação. Só não podemos nos calar. Façamos cumprir a lei pela qual somos todos iguais. É isso que faço, estou fazendo e farei sempre que preciso for e doa a quem doer. Menos em mim que já senti dores demais do maldito racismo. Ana Aparecida Souza de Jesus é pedagoga, especialista em Gênero, Raça e Diversidade na Escola (UFMG), ativista do Movi- mento Negro e da Pastoral Afro Brasileira. É membro do Cicon- GV – Conselho de Integração da Comunidade Negra de Gover- nador Valadares.

A sede da Acolhevida, durante a inauguração. Casa é espaço aberto para a solidariedade


POLÍTICA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 3 a 5 de outubro de 2014

Entrevista José Bonifácio Mourão

Candidato do PSDB a deputado estadual

Estamos absolutamente focados em conseguir a reeleição no próximo dia 5 de outubro Divulgação

Ex-prefeito de Governador Valadares e deputado estadual, José Bonifácio Mourao é candidato a Deputado Estadual de Minas Gerais pelo Partido da Social Democracia Brasileira. Com 74 anos de idade, Mourão é natural de Sabinópolis, e possui base eleitoral significativa em Governador Valadares e no Vale do Rio Doce. Nesta entrevista, ele fala de seus planos e propostas para mais um mandato.

gem dentro de suas comunidades, do meio onde vivem e cabe a cada um com o trabalho que realiza, com honestidade e competência, surgir para os seus próximos e para a sua população como liderança. Se não quisesse formar novas lideranças, apoiaria e faria dobradinha com candidatos de fora. Propostas, eu tenho inúmeras, mas só apoio candidatos daqui, como agora, por exemplo. As lideranças advindas de um político, buscando o prestígio de outrem, muitas vezes não se sustentam e não se legitimam. Não cabe a mim fazer novos líderes, esse papel é de cada um, e acredito, honestamente, que temos grandes lideranças surgindo em Governador Valadares, ao nosso lado diariamente tem caminhado uma delas, nesta campanha. O povo está vendo.

Figueira – A construção do Hospital Regional segue em Valadares está em andamento. Como o estado tem se preparado e planejado para manter e custear este complexo hospitalar? Mourão - Há um projeto em execução por parte do Governo do Estado, trata-se da regionalização da saúde. O novo Hospital Regional de Governador Valadares é um destes hospitais. Conseguimos trazê-lo para a cidade, já que havia uma possibilidade de que fosse construído no Vale do Aço. O Hospital Regional contará com quatro blocos, atenderá 86 municípios da região, terá um custo de obra e equipagem de cerca de R$ 140 milhões, e gerará 1.200 empregos diretos dentro da nossa cidade.

José Bonifácio Mourão quer se eleger deputado estadual mais uma vez

Figueira - Em Nova Serrana há um polo de calçados, em Ubá um polo moveleiro. Você vê alguma vocação pra que Valada- Figueira - Você acompanha o legislativo mineiro desde a Consres se desenvolva no setor industrial? E de que forma o Gover- tituinte no fim dos anos 80. De lá pra cá, o que mudou no modo no Estadual pode contribuir pra isso? de se votar e de se discutir os rumos do estado? Pra você, qual o maior entrave nas discussões atuais da Assembleia? Há algo Mourão - Um hospital do tamanho deste que está sendo cons- que trave projetos relevantes para o Vale do Rio Doce ou o cetruído gera 1.200 empregos diretos. É um grande gerador de nário é positivo naquilo que envolve a nossa região? empregos e aquecedor da economia. Afinal de contas não é somente o hospital, há todo o entorno dele que vai ser modificado, Mourão - Por onde tenho ido durante a campanha eleitoral, tetal como os bairros vizinhos. Outro dia em visita ao Santa Paula nho reforçado para as pessoas a necessidade de elegermos os e ao Jardim do Trevo, ouvi moradores satisfeitos porque terão candidatos da nossa região. O Vale do Rio Doce é carente econoseus imóveis valorizados. De qualquer maneira, uma cidade for- micamente e, muitas vezes, os nossos votos escorrem para oute na saúde atrai benefícios em todas as áreas, cabe um trabalho tras regiões, porque políticos vêm e contratam cabos eleitorais integrado entre governos federal, estadual e municipal, a pre- para captar esses votos nossos. Isso enfraquece a nossa bancada paração da cidade em outras esferas, para captar o interesse de estadual. Então, se há algo que de fato trava os projetos é a nossa grandes empresas para Valadares. representatividade na Assembleia. Por isso, é fundamental que sejam votados candidatos da nossa região, e principalmente, Figueira - O que você considera mais relevante na sua trajetó- aqueles que já mostraram força perante o Governo do Estado e ria no legislativo? O que muda e o que permanece na sua pauta que têm obras e realizações em seu nome. política para os próximos quatro anos? Figueira - Mesmo as pessoas que reconhecem a sua autoridade Mourão - Temos uma história de trabalho sério e eficiente den- e a sua capacidade política, queixam-se da sua inaptidão para tro da Assembleia, fui relator da 4ª Constituinte de Minas Ge- fazer sucessores e gerar líderes novos para a cidade. Ao contrárais e líder da bancada governista do Governo Anastasia. Con- rio, várias pessoas de liderança são apontadas como vítimas seguimos muitas obras importantes, como a construção de um do seu modo de impor-se como representante único da cidade. hospital tão grande como este que ficará pronto no ano que vem. Essas críticas são injustas? Você consegue indicar lideranças Poder equipá-lo e garantir outros benefícios para a saúde dos que surgiram da sua influência política em Valadares? moradores da nossa região é sem a menor sombra de dúvidas a minha principal agenda para os próximos quatro anos. Mourão - Creio que são críticas injustas, sim. As lideranças sur-

O Vale do Rio Doce é carente economicamente e, muitas vezes, os nossos votos escorrem para outras regiões, porque políticos vêm e contratam cabos eleitorais para captar esses votos nossos. Isso enfraquece a nossa bancada estadual. Então, se há algo que de fato trava os projetos é a nossa representatividade na Assembleia. Por isso, é fundamental que sejam votados candidatos da nossa região, e principalmente, aqueles que já mostraram força perante o Governo do Estado e que têm obras e realizações em seu nome.

Figueira - O fato de termos gestões partidárias distintas no executivo estadual e no municipal é prejudicial para Valadares em alguma instância? Avalie o trabalho dos dois executivos citados. Mourão – Inegavelmente, quando o executivo estadual e municipal são da mesma base a sintonia entre eles é mais fina, mas não creio que seja um empecilho para que se traga o avanço para a cidade. O maior exemplo disso é o Governo do Estado, mediante nosso trabalho, ter aprovado e estar construindo o novo Hospital Regional, em Governador Valadares, com a administração do PT aqui. Mas não foi só. Vieram a RISP, a pavimentação da estrada da Paca, o Idene, a Epamig e muitos outros benefícios. Figueira - Por fim, você voltaria a concorrer ao executivo local diante dos baixos resultados do Augusto Barbosa em 2012? Mourão - Estamos absolutamente focados em conseguir a reeleição no próximo dia 5 de outubro. É fundamental a presença de um político experiente, com liderança, pulso firme e intimidade com o legislativo estadual, para garantirmos novas obras e que seja concluído o Hospital Regional. Esse é o foco e onde estamos depositando toda a nossa energia, aliviar o problema da saúde em Valadares e região me deixará plenamente realizado. Quanto às eleições de prefeito e vereadores, em 2016, não tenham dúvidas, nosso grupo político voltará com toda a força. E Valadares está precisando...

Direitos Humanos Paulo Vasconcelos

Educação e Cultura em Direitos Humanos II No texto, educação e cultura em Direitos Humanos I, publicado na edição n º 26 deste jornal foi abordada a grande diferença cultural existente. Fator este que dificulta a introdução de uma educação em Direitos Humanos, porque, muitos entendem somente “seus direitos humanos” olhando para o próprio umbigo. Prova disso é que no debate presidencial de televisão, transmitido pela emissora Rede Record no último domingo, 28 de setembro, um dos candidatos, logo após expressar sua opinião contrária aos direitos dos homoafetivos, alega ser um erro, o atual governo manter relações comerciais com países “bolivarianos” que, dentro do seu entendimento particular, não respeitam os Direitos Humanos. Hoje damos sequencia ao tema abordando a educação como dificultador de uma cultura em Direitos Humanos. O que não é muito complicado dado ao fato que em 1549 o padre Manoel da Nóbrega comandou a primeira expedição da Companhia de Jesus que desembarcou nessas terras com a finalidade de catequizar os nativos aqui encontrados, principalmente para submetê-los à fé Católica. Os padres jesuítas eram conhecidos pela obediência a regras da Igreja Católica, a esses padres é atribuída a seguinte frase; “Acredito que o branco que eu vejo é negro, se a hierarquia da Igreja assim o tiver determinado”. Os jesuítas ainda educaram em nosso território os mestiços afro-

Há poucos dias, conversava com um rapaz, de quem conheço a família, aluno de uma Universidade, bolsista do PROUNI, criado em família de baixa renda, cotista. Ele, revestido de todo o seu mérito me dizia: “estou doido para me formar e viver uma vida melhor”. Fiquei extremamente feliz por ele, até o momento que me confidenciou seu voto em um representante das oligarquias, que concentram o poder desde os primórdios, alegando que precisávamos de mudanças.

descendentes, até serem expulsos pelas reformas pombalinas, que dão início ao ensino público oficial no Brasil, criado pela ótica da nobreza e da burguesia tencionando formar uma população aos moldes da Europa. Com a chegada da família real ao Brasil há um aumento significativo de escolas primárias que se espalham por vários lugares, em quase todo território brasileiro e dessa forma é transferida para as províncias e vilas a responsabilidade pela educação. Nesse período, a educação continua voltada a uma minoria escravocrata. Na mesma sequência cronológica, são fundadas as faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro. Um ano depois, a Real Academia Militar do Rio de Janeiro. Mais um ano, a Escola de Engenharia do Rio de Janeiro,

e muitas outras, sempre privilegiando as classes dominantes em detrimento do restante da população. Assim, constrói-se a cultura do “preciso ser melhor que o outro”, simplesmente pelo fato de não mais querer fazer parte do restante da população, e erroneamente entender que passou a ser melhor. Há poucos dias, conversava com um rapaz, de quem conheço a família, aluno de uma Universidade, bolsista do PROUNI, criado em família de baixa renda, cotista. Ele, revestido de todo o seu mérito me dizia: “estou doido para me formar e viver uma vida melhor”. Fiquei extremamente feliz por ele, até o momento que me confidenciou seu voto em um representante das oligarquias, que concentram o poder desde os primórdios, alegando que precisávamos de mudanças. Na China, pessoas jovens e cultas frequentam campos de reeducação. O objetivo dos campos: erradicar o elitismo através do trabalho manual. Os jovens convivem lado a lado com pobres camponeses e são “reeducados” na simplicidade de sabedoria dos seus professores camponeses. — Ah! Que saudade eu sinto, de quando tudo era mais difícil. Paulo Gutemberg Vasconcelos é educador social e preside o Conselho Municipal de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos


CORRESPONDENTES 10

D’outro lado do Atlântico

FIGUEIRA - Fim de semana de 3 a 5 de outubro de 2014

UE

José Peixe / De Lisboa

Animais selvagens reduzidos à metade desde 1970 O relatório publicado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF), uma organização não governamental, esclarece que “as populações selvagens em todo o planeta desceram para metade desde 1970”. E curiosamente a maior queda em termos de biodiversidade “verificou-se na América Latina, entre as espécies de peixes de água doce” o que não deixa de ser preocupante. Segundo esta organização internacional ecologista, “as populações mundiais de peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis diminuíram 52% entre 1970 e 2010”. Ou seja, “muito mais rápido do que os cientistas pensavam”. O relatório “Planeta Vivo” publicado pela entidade responsável pelas áreas científicas da conservação, investigação e recuperação ambiental a cada dois anos, deixa muito claro o seguinte: “As exigências da humanidade são atualmente 50% maiores do que a natureza suporta. O abate de árvores, o bombeamento de água do subsolo e a emissão de dióxido de carbono ocorrem mais rápido que a capacidade de recuperação do próprio planeta Terra”. Mas, infelizmente, o homem moderno é incapaz de enxergar os alertas que têm vindo a ser dados pelos ecologistas nas últimas duas décadas. Enquanto formos incapazes de respeitar a mãe natureza e adotar princípios de vida mais sustentáveis, corremos o risco de estar a acelerar o fim da própria humanidade. Para os ecologistas da WWF, ainda há esperanças de reverter toda esta calamidade se os políticos e as empresas fizerem o que é necessário para proteger a natureza e evitar o aquecimento global. “É essencial aproveitar a oportunidade - enquanto ainda podemos - de termos um desenvolvimento sustentável e criarmos um futuro onde as pessoas conseguem viver e prosperar em harmonia com a natureza”, afirmou

Macaco Gibão, mais uma espécie ameaçada de extinção

o diretor da WWF, Marco Lambertini, aquando da apresentação do estudo na cidade de Londres, no Reino Unido. E é bom que todos nós, globalmente, pensemos em conservar a natureza. E essa política ambiental não tem a ver exclusivamente com a proteção dos “habitats selvagens”, mas sim com a salvaguarda do futuro da própria espécie humana. A nossa própria sobrevivência. No estudo feito das populações selvagens de vertebrados, chega-se à conclusão que os maiores declínios ocorreram nas chamadas regiões tropicais, em especial na América Latina, onde aparece o Brasil. Foram observadas e estudadas as tendências em 10.380 populações de 3.038 espécies de mamíferos, répteis, aves, anfíbios e peixes. E a média de 52% que foi divulgada pela WWF é muito superior à que já tinha sido reportada, nos estudos apresentados anteriormente. Para avaliarem as diferenças de impacto ambiental existente nos diversos países, os cientistas também fizeram questão de medir a chamada “pegada ecológica” de cada um e as respetivas áreas agrícolas e aquáticas. No fundo analisaram a “biocapacidade” que cada país declarava. No estudo apresentado pode concluir-se que o Kuwait é o país do mundo com a maior “pegada ambiental”. Por outras palavras, podemos afiançar com base neste relatório científico que a população kuwaitiana é a que consome e desperdiça mais recursos naturais “per capita”. Seguem-se os Emirados Árabes Unidos, o Qatar, a China, os Estados Unidos e outros países ricos. “Se toda a gente no planeta Terra tivesse a pegada ecológica do habi-

Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo

Aécio no Grande ABC Depois da petista Dilma Rousseff e da socialista Marina Silva, foi a vez do tucano Aécio Neves visitar São Bernardo do Campo, palco de grande mobilizações dos trabalhadores e reduto eleitoral de Lula. O tucano esteve na cidade na última segunda-feira, acompanhado de seu vice, o senador Aloysio Nunes, e do governador Geraldo Alckmin, além de outros representantes do partido. Mesmo em terceiro lugar nas pesquisas, Aécio disse estar confiante e prometeu divulgar o seu plano de governo até o final da semana. “Fim do Império” Na semana passada, a imprensa mostrou os Estados onde a eleição para governador deve ser resolvida já no domingo, 5 de outubro. Entre eles, São Paulo e Minas Gerais. Em São Paulo, segundo as pesquisas, mesmo com a crise de falta de água, aumento da violência, denúncias de corrupção, o tucano Geraldo Alckmin deve ser reeleito. Já em Minas Gerais, as pesquisas mostram que o petista Fernando Pimentel será o futuro governador, colocando um fim do domínio tucano. Até Aécio Neves parece já aceitar a derrota de Pimenta da Veiga devido a um erro de campanha. Frente a este cenário, o deputado petista Odair Cunha não perdeu a oportunidade. “Depois da eleição, a Globo terá que fazer uma nova novela em Minas, baseada em fatos reais. Vai se chamar ‘O Fim do Império’”, afirmou à Folha de S. Paulo. Sem fôlego A imprensa mostrou também a perda de fôlego de Marina da Silva na disputa presidencial em vários estados. De acordo com reportagem de O Estado de São Paulo, a maior perda foi registrada em São Paulo, o maior colégio eleitoral do País, onde a candidata socialista, em 15 dias (8 a 22 de setembro)

SOLIDARIEDADE

Unipac doa brinquedos O Curso de Administração da Unipac/GV vai realizar no próximo sábado, às 14h, um dia de lazer, para cerca de 400 crianças do Bairro Carapina e região, com doação de brinquedos, cachorro quente, refrigerante, pula-pula, algodão-doce, pipoca, brincadeiras, além de apresentação de teatro, dança e música. A ação faz parte do Projeto Integração Solidária, que visa promover uma conexão entre os alunos do curso com a comunidade, através de uma ação social. Durante o Projeto Integração Solidária cada turma do curso de Administração tem a função de arrecadar brinquedos, para uma faixa etária determinada, e uma atividade no dia do evento. As turmas são apadrinhadas por professores que auxiliam em toda a realização do projeto. Neste ano a meta é arrecadar 600 brinquedos

caiu de 38% para 32% da preferência do eleitorado, ou seja, perdeu 1,6 milhão de votos. No mesmo período Dilma Rousseff manteve 25% e Aécio Neves passou de 15% para 19%. Reforma política E o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, realizado entre 1° e 7 de setembro em todo o País contou com a participação de cerca de 7,8 milhões de cidadãos. Destes, 97,05% votaram ‘sim” à proposta de realização de uma reforma do sistema político. O resultado foi anunciado em uma entrevista coletiva à imprensa realizada no último dia 24, na Capital paulista. “Esse resultado demonstra o acúmulo e o trabalho que foi feito nesses meses, tanto no ponto de vista do trabalho pedagógico, organizativo e de apresentar uma proposta do que queremos à sociedade brasileira”, disse João Paulo Rodrigues, representante nacional do Movimento dos Sem Terra. Logicamente esta notícia foi solenemente ignorada pela imprensa tradicional, ganhando espaço apenas na mídia alternativa. Diminuição da fome no Brasil Estudo divulgado recentemente pela FAO (Organização da ONU para Alimentação e Agricultura) mostra o Brasil como exemplo para o mundo de País que adotou políticas de combate à fome. O trabalho destaca experiências exitosas como as de transferência de renda e a capacitação técnica de pequenos produtores. Com isso, o Brasil conseguiu diminuir em 50% o número de pessoas que passam fome. Reportagem completa sobre o assunto está disponível em: http:// www.onu.org.br/brasil-reduz-em-50-o-numero-de-pessoasque-passam-fome-diz-onu/ Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

tante médio do Qatar, necessitávamos de 4,8 planetas. E se o nosso estilo de vida fosse o de um típico habitante dos Estados Unidos, precisávamos de 3,9 planetas”, esclarecem os cientistas da WWF. Mundialmente, os ambientalistas têm alertado para os limites planetários que importam ser preservados e protegidos, porque nos caso de serem menosprezados podemos correr o risco de alterar a vida de todas as espécies como a conhecemos atualmente. E, segundo a WWF, existem três pilares fundamentais para a sustentabilidade do planeta Terra que já foram ultrapassados: o da biodiversidade, o dos níveis de dióxido de carbono e o da poluição gerada pelo azoto utilizado nos fertilizantes agrícolas. Mas, existem outros dois que estão fortemente ameaçados e correm o perigo de serem ultrapassados: o da acidificação dos oceanos e os níveis elevados de fósforo nos cursos de água. “O ritmo acelerado e a escala de mudanças que estão a ocorrer no planeta já não nos permitem descartar a hipótese de virmos a atingir os limites que vão pôr em causa as condições de vida na Terra”, esclarece o estudo elaborado pelos cientistas. O aquecimento global que tanto tem merecido destaque nos órgãos de comunicação internacional é uma realidade que está a afetar muitas espécies. No mês de setembro, no Ártico, os ecologistas registaram a sexta área coberta por gelo mais reduzida desde 1979. E só para que se tenha a ideia, este degelo abrupto fez com que 35 mil morsas tenham emigrado para uma praia do Alasca. Em Governador Valadares e no Estado de Minas Gerais reclama-se a falta de água um pouco por todos os lugares. As chuvas são escassas e os leitos dos rios vão secando. O caso mais flagrante tem a ver com a poluição do Rio Doce. O alerta tem sido feito aqui no jornal “Figueira”, mas é necessário que as populações, os municípios e os empresários tenham consciência que o saneamento básico deve ser implementado com alguma urgência. A água continua e continuará a ser a fonte da vida. Sem ela, o homem e as outras espécies não podem sobreviver. Por isso, é urgente que a defesa do Rio Doce seja feita a partir da educação. É importante que as gerações futuras tenham outra consciência ambiental. Em Minas Gerais e no mundo inteiro. Em Portugal, onde vivo, essa preocupação já mobilizou a maioria dos municípios para a defesa ambiental dos rios. No Norte da Europa, a consciencialização ecológica e o respeito pela natureza são implementados logo no ensino básico. E os resultados começam a dar frutos. José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação

Crônica Dilvo Rodrigues

O prato feito nosso de cada dia Arroz, feijão, salada, batata frita, farinha e macarrão. Bife, bisteca ou frango. Ovo frito ou omelete. Uma montanha de arroz e um mar de feijão dividindo uns dos pratos. A salada vem ali, em outro. Duas rodelas de tomate, repolho ralado, cenoura ralada e três folhas de alface. Em um terceiro prato, chega o bife. – Mal passado, por favor, e com bastante cebola. -Bife acebolado! Ás vezes a porção de carioquinha ou feijão preto é que vem separada. Daí, o arroz toma conta de metade do prato, dois bifes com aquela gordurinha de lado e algumas batatas marotas. Pode ser que tudo venha em um prato só. Sal a gosto, azeite a gosto, pimenta a gosto. – Bom apetite, Senhor! Comercial, Prato Comercial, Prato Feito ou, simplesmente, PF, dizem as línguas mais entendidas da culinária brasileira ou os entendidos do que poderíamos chamar de “Baixa Gastronomia”. Uma refeição rápida e de custo baixo pensada para alimentar a crescente massa de trabalhadores que chegavam nas grandes cidades, dizem os historiadores mais entendidos da arte do garfo. É o melhor na relação custo/benefício, poderia acrescentar os economistas do ramo alimentício. O que diriam os sociólogos ou os nutricionistas? Talvez um artista de circo dissesse que é preciso certo malabarismo com os talheres, já que o prato chega transbordando comida. Corta um pouco do bife ali, tira um pouco de arroz do cantinho aqui. Corta mais uma tira de bife, depois um bocado de feijão do outro lado. Uma folha de alface para passar o tempo. E assim, o espetáculo se encaminharia sem qualquer acidente para seu desfecho natural, que nesse caso, seria representado por soltar os talheres no prato e relaxar a pança, jogando as costas no encosto da cadeira. E, de repente, bate uma tristeza, uma moleza! O PF poderia ser considerado “politicamente incorreto” pelos “ecochatos”. Algo que deveria ser levado a sério, já que muita gente não aguenta o tranco e acaba desperdiçando o alimento sagrado. Mas, a expressão “Prato de Pedreiro” continua cada vez mais viva. E, cada vez mais as mulheres também veem se destacando nesse ramo. Quem sabe um dia, passando por uma obra dessas qualquer, um dessas pedreiras lindas, morenas e cheirosas não nos diga: – Casa limpa, Roupa lavada e PF na mesa, Lindão! Quem sabe? Outro grupo seleto de pessoas que nosso comercial conquistou foram os bacanas. Sim, a gente tem o costume de achar que os abastados não batem pratão. Eles só arrumaram um jeito de escamotear isso. Como? Colocaram o nome do PF deles de “Prato Executivo”. A montanha de arroz é menor, a de feijão também. O prato vem decorado, arrumadinho e organizado. Tem ali uma opção de molho, uma picanha, um mignon, um frango grelhado, ovo de codorna etc. Da pra comer sem se importar se a comida vai vazar do prato na hora de cortar o bife. É, o executivo tem lá suas vantagens, mas a batata frita continua marota igual. É aquele tipo de coisa de quem curte comida caseira, de quando o prato é colocado na mesa saindo aquela fumacinha. Aquela coisa bem clichê de propaganda mesmo, mas que a gente adora e é prazeroso sentir e ver, principalmente. E assim como conheço muita gente que não come batata sem bacon, sempre tem aquele que encosta no balcão e fala baixinho no ouvido do atendente – Tem uma porçãozinha de torresmo ai? Algo que soa quase boêmio. Mesmo por que, sempre encontro as mesmas caras e as mesmas bocas, nas cantinas afora. Seja na hora do almoço ou a noite. Na hora do almoço, mais fechadas. Á noite, falastronas, ás mil gargalhadas. Pode ser que essa arte do PF seja até prima da boemia. Mas, isso a gente discute mais tarde, de barriga cheia.

Dilvo Rodrigues é jornalista e cronista.


CULTURA E LAZER 11

FIGUEIRA - Fim de semana de 3 a 5 de outubro de 2014 Gina Pagu

Os praticantes do Crossfit misturam exercícios da ginástica olímpica, levantamento de peso e condicionamento metabólico, e lotam as academias neste período de calor em Valadares

CROSSFIT:

O esporte do condicionamento físico dos atletas em Valadares

ela precisa ser um bom corredor, nadador, ter força física e ser ágil. “Esse é um esporte para quem quer ser bom em Uma nova modalidade esportiva chegou a Valadares. É uma tudo, ele traz de volta a autoestima e as potencialidades de mistura de exercícios da ginástica olímpica, levantamento cada indivíduo. Faz que o praticante levante pesos, corra de peso e condicionamento metabólico. Crossfit, o esporte bem, nade bem, se veja no espelho e se sinta capaz de tudo. do condicionamento físico promete colocar muita gente em Quem chega aqui acima do peso ou sem condições físicas, pega firme nos treinos e logo está apto.” forma em Valadares. A ideia surgiu há mais de 20 anos, com o americano Treino Greg Glassman, que decidiu unir o que cada modalidade tinha de melhor em um único programa: a força dos levanOs treinos são divididos em três fases, primeiro o aquecitadores de peso olímpico, a resistência cardiorrespiratória dos corredores, o aprendizado, a força e a flexibilidade dos mento para preparar o corpo e articulações para os impactos, ginastas, as habilidades de arremessos e os saltos do atle- depois vem o movimento do dia e em seguida o tão esperado tismo, deste modo ele poderia proporcionar as pessoas e WOD – Work out of the day, o treino do dia. Nessa fase, os atletas podem correr longas distâncias, têm o desafio de subir atletas um melhor condicionamento. Há menos de oito meses, Tiago Silveira abriu o primeiro em cordas, carregar pneus, bolas, pesos ou até mesmo um Box de Crossfit na cidade. O espaço tem chamado atenção, colega nas costas. Segundo Silveira, isso estimula muito os inclusive de policiais militares como Priscila Valentim, 29, praticantes. “O momento do treino do dia traz o esportista sargento da Polícia Militar. Ela conta que já praticava o es- para disputar consigo mesmo, para vencer a si mesmo, antes porte há um ano e que essa modalidade trouxe de volta de querer vencer o outro companheiro. É aí que cada um reo condicionamento físico que havia perdido. “Pode pare- conquista a autoestima e a força que há dentro de si.” Ele explica ainda que esses treinos também podem ser cer que é um esporte bruto, masculino, por misturar força, agilidade e potência, mas aqui a máquina é você. Mesmo praticados por crianças de 2 a 13 anos. “O Crossfit kids, que sejamos mulheres, desafiamos os nossos limites todos como é denominado, tem de direcionado por pessoas espeos dias, e conseguimos o nosso objetivo de voltar a ter um cialistas para essas idades. Mas, para quem tem mais de 13 condicionamento físico ideal. No Crossfit reencontrei o pra- anos ou mais, tudo podemos ensinar. Pra se ter ideia, temos médicos, fisioterapeutas, policiais, ou seja, é um esporte zer das atividades físicas.” Silveira explica que esse é um esporte que pretende ser para todas as classes e idades.” funcional na vida das pessoas, mesmo mesclando exercícios Benefícios tão intensos. “Essa modalidade sempre foi praticada nas academias de polícia e nas forças armadas, para fazer que os atleO professor explica que esse é o esporte dos benefícios tas fossem excelentes em tudo. Mas, nós queremos trazer essa proposta para a vida de cada aluno, pois quem está acima do tanto para o equilíbrio emocional quanto para o corpo. peso e tem dificuldades em subir uma escada muito longa, por “Com a prática do Crossfit temos perda de medidas e gorduras, melhora na capacidade cardiovascular, diminuição exemplo, com o Crossfit poderá fazer isso com facilidade.” O professor diz ainda que o Crossfit generaliza o atleta, do stress, devolve a autoconfiança, previne lesões, aumenta Gina Pagu / Repórter

Pode parecer que é um esporte bruto, masculino, por misturar força, agilidade e potência, mas aqui a máquina é você. Mesmo que sejamos mulheres, desafiamos os nossos limites todos os dias, e conseguimos o nosso objetivo de voltar a ter um condicionamento físico ideal. No Crossfit reencontrei o prazer das atividades físicas Tiago Silveira / Professor

a resistência muscular, aumenta o nível de explosão e velocidade.” Valentim, a sargento da PM, conta que mesmo com treinamentos quase diários, de segunda a sexta e às vezes sábado, se sente mais ativa e completa. “Mesmo levantando pesos, subindo em cordas, fazendo exercícios em argolas, o que pode parecer sacrifício para muitos para nós é viciante, e se viciar em cuidar de si é a melhor coisa que esse esporte poderia trazer.”

Mesmo levantando pesos, subindo em cordas, fazendo exercícios em argolas, o que pode parecer sacrifício para muitos para nós é viciante, e se viciar em cuidar de si é a melhor coisa que esse esporte poderia trazer

Ailron Catão

Flash Prefeitura de Governador Valadares e Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer homenagearam na quartafeira, esportistas valadarenses que se destacaram em seus esportes. Foram homenageados: Virgínia Drumond / Tenis de Campo Tricampeã Brasileira dos Jogos SESI, Celso Marques Fernandes / Bicampeão mineiro de damas, disputa o brasileiro ainda em 2014 e já está classificado para 2015. Moisés Sodré (Moka) / Campeão na etapa do Brasileiro em Andradas, e vice -campeão geral de 2014. Moka vai para a Argentina representar Governador Valadares e o Brasil em uma pré-seletiva para o mundial de parapente, em novembro. Na foto, Celso Marques, Fábio Brasileiro (Secretário SMCEL), Prefeita Elisa Costa, Moisés Moka Sodré e Abel Brasil, presidente AVLI.


“O que Emerson Sheik falou foi exatamente o que eu penso e o que pensa a imensa maioria das pessoas que acompanha futebol no Brasil. A CBF é uma vergonha. Ver-go-nha. Uma entidade trancada a sete chaves e retrógrada, que representa o avesso de um esporte que se fez tão popular sobretudo por seu caráter democrático. Que não tem competência para montar um Campeonato Brasileiro decente. Que humilha clubes e desrespeita torcedores, ao não interromper as competições quando há partidas oficiais da seleção. Que não exige gramados adequados à prática do jogo. Que não consegue enquadrar sua comissão de arbitragem e tornar minimamente aceitável o nível técnico dos juízes, o que faz com que a gente passe mais tempo falando de pênaltis inexistentes do que de belos gols, dribles ou lançamentos. Que permite a transferência de locais das partidas, ignorando o princípio da igualdade essencial à competição – enfrentar o Goiás como mandante no Serra Dourada é uma coisa, na Arena Pantanal é outra. Que baixa a cabeça diante da imposição televisiva de se realizar jogos às 22 horas. Que se recusa a explicar por que Maicon foi cortado da seleção e, absurdo dos absurdos, pede aos jornalistas que não façam perguntas a respeito, lembrando um dos ministros da Justiça dos tempos de ditadura que a tudo respondia com um sinistro nada a declarar.” Tirando a parte referente ao horário dos jogos, por motivos óbvios, e a que relembra Armando Falcão – seria pedir demais –, essa poderia ter sido a resposta de Caio Ribeiro, quando Cléber Machado quis saber o que ele achava das palavras de Emerson Sheik, depois de ser expulso na partida entre Botafogo e Bahia no Maracanã. Mas não. Caio condenou Emerson e disse que “precisa ter respeito à hierarquia, por mais que você não concorde.” O jogador de futebol Caio teve uma trajetória pouco comum. Apareceu bem no São Paulo, foi convocado para seleções de base, mas acabou se revelando uma mentira e, embora sempre descolando contratos em grandes clubes, como Inter de Milão, Santos, Flamengo, Fluminense, Grêmio e Botafogo, jamais chegou perto do que se imaginou que seria. Guardadas as necessárias proporções, uma espécie de sub-Alexandre Pato dos anos noventa. Curioso é que, toda vez que se falava de Caio, lá vinha a cantilena: nascido numa família de classe média alta de São Paulo, morador de bairro chique, criado à base de leite com pera, frequentou bons colégios, etc. e tal. Como se isso fosse suficiente para fazer de alguém um bom atacante. Ao se transformar em comentarista de tevê, Caio virou Caio Ribeiro. No futebol brasileiro, costumamos chamar os jogadores que passam a ser técnicos ou comentaristas também pelo sobrenome, porque, como todos já aprendemos, treinadores e analistas são muito mais importantes do que os que jogam e decidem. Porém, pouca coisa mudou e Caio Ri-

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FIGUEIRA - Fim de semana de 3 a 5 de outubro de 2014

Reprodução site EGO

ESPORTES

Caio Ribeiro, em dia de folga, jogando futevôlei numa praia carioca

QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO

Obedece quem tem juízo

vazia, ou então leve as crianças para aproveitar o começo de primavera no parque.” E como ficam os seis anunciantes que pagaram uma fortuna? Será que vão gostar? Esse talvez seja o maior problema das transmissões de futebol na Globo: a sensação de estarmos diante de uma bem treinada equipe de marketing, e não de jornalismo esportivo. Ainda assim, não há justificativa para a declaração de beiro se mostrou um comentarista tão abúlico quanto o jogador Caio Ribeiro. Não acredito, por exemplo, que diante da sique tinha sido. tuação criada por Emerson Sheik, Casagrande reagisse da Entretanto, há mais coisas entre o céu e a terra, como bem mesma forma. Respeitar a hierarquia e os interesses do panos ensinou a citação shakespeareana. Há cerca de três sema- trão não há de ser tudo na vida, e é bom saber como certas nas, sites e blogs de propaganda divulgaram que a Globo acaba- pessoas se posicionam em relação às diversas questões que ra de comercializar suas seis cotas de patrocínio para o futebol as cercam. em 2015. Cada cota saiu por 225 milhões de reais. Ninguém preCaio Ribeiro deixou claro que prefere não mexer com cisa ser um Artur Avila – basta uma calculadora – para chegar quem manda. ao valor anual da bolada: 1,35 bilhão de reais. Seria ingenuidade esperar, dos narradores e comentaristas da emissora, críticas contundentes em relação a qualquer coisa que envolva o futebol brasileiro. “Olha, caro telespectador, tirando raríssimos jogos, o Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na própria deficampeonato está uma bosta. Domingo que vem, não perca seu nição, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que tempo: vá pegar um cineminha na sessão das quatro, que é mais adotou o seu blog e autoriza a sua contribuição a este Figueira. Ainda assim, não há justificativa para a declaração de Caio Ribeiro. Não acredito, por exemplo, que diante da situação criada por Emerson Sheik, Casagrande reagisse da mesma forma.

Canto do Galo

Toca da Raposa

Onde estão os ferozes desordeiros?

Saudade de Jadir Ambrósio

Rosalva Luciano

Olá para todos que fazem ecoar em terras valadarenses o grito de amor: Galooooo! É de ficarmos impactados todos nós que acompanhamos o que acontece entre torcidas rivais, infelizmente quase sempre se repete nos quatro cantos do Brasil. A área de conforto que deveria receber alegrias e cantos pela vitória de um time, recebe pseudotorcedores interessados mais em mostrar a falta de preparo familiar, a falta de educação e respeito, que em nada espelha o amor pelo seu time. Nada me explica o que se viu depois do clássico, nada justifica a armação de um campo de batalha dentro e fora do Mineirão. Será que não aparecem autoridades que possam coibir estes momentos? Será que precisaremos manchar de sangue torcedores, sejam eles de qualquer time, que realmente sabem o significado e o objetivo do futebol? Será que vidas ceifadas por esta selvageria valem menos? Que o Ministério Público possa identificar responsáveis, possa indicar onde estão os ferozes desordeiros, possa realmente se fazer maior defendendo o nosso estado democrático no direito de torcer para o time escolhido. Vamos aguardar! Ainda um pouco longe do Horto, um pouco longe da casa do Galo, mas rodeada por minha querida família valadarense, família escolhida e que chegou juntamente com meu marido. Todos do clã Acácio Luciano vivenciaram comigo mais um sufoco do meu time, mais um sofrimento... Atlético e Santos não foi muito diferente do que tem acontecido, coração na mão. Muita alegria, Galo no G4. Posição que não deveria causar espanto, deveria ser o nosso lugar comum. E estamos chegando, não discutimos se é devagar, mas como estamos chegando. Com propriedade e confiança, fazendo bonito e somando pontos importantíssimos. No jogo contra o Vitória, como num passe de mágica, Diego Tardelli mostrou a cor do seu sangue,

a raça preta e branca fez detonar na rede o primeiro gol da partida. Dono de jogadas maravilhosas e de uma movimentação quase incomum, Tardelli faz a torcida atleticana comemorar esta sua fase de acertos. Ele se sente feliz e nós mais do que isto, felicíssimos. O time todo apresentou um grande futebol, show de arte nos pés. Guilherme, Josué, Leonardo Silva também estão valendo o espetáculo. O Vitória da Bahia trouxe para o Independência uma retranca muito bem armada, capaz inclusive de nos levar alguns pontos, mas a eficiência do time promoveu um desembaraço de jogadas que pouco antes do final do jogo dois gols foram suficientes para nos deixar quietinhos no G4, quarta colocação, com 43 pontos. No dia 4 de outubro estaremos torcendo por um resultado positivo em Santa Catarina, contra o Criciúma, aí sim teremos a certeza de estar o Galo numa crescente, pois vitórias fora do Independência ainda não se tornaram um fato comum e isto, sim, será fundamental para subirmos na tabela, continuarmos na zona da Libertadores. Um assunto bem chato de ser relatado e que vem me assustando é o comportamento de torcedores atleticanos. Não consigo explicar nem entender as ignorâncias cometidas durante os jogos. Explosivos nas arquibancadas, coisas jogadas no gramado, brigas sem consistência têm se misturado ao nosso canto de Galo. Vergonha prejudicar um amor inexplicável. Estamos numa crescente de técnicas e táticas, estamos numa decrescente de responsabilidade e parceria com o time. Terrível você que estraga a nossa alegria. Falo mais sobre isto depois... Quem ama respeita, quem ama o Clube Atlético Mineiro, cuida!

Rosalva Campos Luciano é professora e, acima de tudo, apaixonadamente atleticana.

Hadson Santiago

Saudações celestes, leitores do Figueira! O Cruzeiro está de luto. Faleceu na última terça-feira, 30 de setembro, aos 91 anos, o maestro Jadir Ambrósio, autor do hino oficial do Cruzeiro Esporte Clube. Jadir compôs a música em 1965, ao participar de um concurso promovido pela Rádio Inconfidência. Os diretores cruzeirenses aprovaram e o hino passou a fazer parte da história do clube. O Cruzeiro possuía um antigo hino, bonito, por sinal, mas a letra era muito extensa, o que dificultava a memorização do mesmo. O novo hino caiu nas graças da China Azul e hoje embala a emoção de 8 milhões de torcedores espalhados pelo mundo. Jadir Ambrósio era a humildade em pessoa, gente do povo. Possuía várias outras canções e era respeitado no mundo do samba. Descobriu o talento da mineira Clara Nunes e ajudou a alavancar a carreira da genial cantora. Jadir Ambrósio era mineiro de Vespasiano e vai deixar saudades. Mas, sua obra já está imortalizada. Obrigado, maestro! Quanto ao futebol, o Cruzeiro fez uma partida ruim contra o Sport, na Arena Pernambuco, e o empate por 0x0 acabou sendo justo. Com isso, o Internacional chegou de vez e está a apenas 6 pontos do time celeste na classificação do Campeonato Brasileiro. E, por ironia da tabela, digo, do destino, os dois irão se enfrentar na próxima rodada, partida a ser realizada no Mineirão. O Cruzeiro vem jogando mal neste segundo turno, não repetindo suas brilhantes atuações de outrora. Como o torcedor celeste é o mais exigente do Brasil, ele cobrará muita garra nos próximos e decisivos jogos. A equipe celeste ainda está disputando a Copa do Brasil, enquanto o Internacional está focado apenas no Brasileirão. Chegou a hora da verdade!

Cruzeiro e Internacional protagonizaram, em 07/03/1976, o maior jogo da história do Mineirão. A partida era válida pela Taça Libertadores daquele ano e as duas equipes eram recheadas de craques. Foi um jogaço que terminou com a vitória celeste por 5x4, dia em que o ponta-esquerda Joãozinho, o Moleque João, estava inspiradíssimo e acabou com o jogo. Esse embate constantemente é lembrado pelos amantes do futebol-arte. Com um público de 64.463 pagantes e com gols de Palhinha (2), Joãozinho (2) e Nelinho, o Cruzeiro venceu com Raul, Nelinho, Moraes, Darci Menezes e Vanderlei; Zé Carlos e Eduardo; Roberto Batata (Isidoro), Jairzinho, Palhinha e Joãozinho. O técnico era Zezé Moreira. Faltam 13 rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro. O Cruzeiro também disputa a Copa do Brasil. Vários jogadores estão reclamando de desgaste físico. Outros estão contundidos e suspensos. Agora o técnico Marcelo Oliveira vai ter de mostrar muita competência para lidar com todos esses problemas. O elenco é bom e será necessária muita sabedoria para escalar a equipe. Cada jogo deverá ser encarado como uma decisão. Lembrem-se de que todos querem desbancar o Cruzeiro. Punições do STJD, devido às confusões provocadas pelos baderneiros no clássico, estão a caminho. Será uma guerra futebolística contra tudo e contra todos. Em qualquer lugar ou circunstância, a camisa celeste deverá sempre ser honrada. Avante, Cruzeiro! Abraços à China Azul! Hadson Santiago Farias é cruzeirense da velha guarda


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