9-Gnarus9-Artigo-AUTONOMIA E MOBILIDADE SOCIAL NO RIO DE JANEIRO DO SEC

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Artigo

TRABALHO ESCRAVO: AUTONOMIA E MOBILIDADE SOCIAL NO RIO DE JANEIRO DO SÉC.XIX Por Carlos Santos da Silva RESUMO: Neste artigo discutirei o trabalho escravo como um viés para a mobilidade ascendente do cativo. Primeiramente discutirei as diversas ocupações na cidade do Rio de Janeiro e sua hierarquização, pretendo demonstrar que o cativo utilizou o acesso a variadas ocupações como um caminho para conquistar determinada “liberdade”, uma liberdade possível. Dentro desta perspectiva, discutirei como o trabalho escravo se caracterizava como uma via de mão dupla, pois, apesar de alienar o cativo ao senhor, também foi um meio de se conquistar autonomia, portanto, o objetivo é demonstrar que os escravos inseridos na sociedade colonial/imperial brasileira, conseguiram depreender o mundo à sua volta e analisar as variáveis possíveis de se conquistar, se não a alforria, ao menos ocupações que garantissem uma dose de autonomia e mobilidade social. Analiso o acesso a essas ocupações que garantiam autonomia escrava interligado com as estratégias de solidariedade com os setores livres e cativos da sociedade, ou seja, as relações sociais eram de suma importância para que as ascensões dentro dos mundos das escravidões fossem bem-sucedidas. Palavras Chaves: escravidão; autonomia e mobilidade social; negociação; século XIX.

Introdução

A

que assim conseguiam diferenciavam-se dos demais cativos, pois, se distanciavam das tarefas

historiografia atual tem se empenhado

mais precárias e, dependendo da profissão que

em demonstrar, através de pesquisas em

fosse exercida, conquistavam certa autonomia.

que o escravo é analisado como agente

Desta forma, a ideia de resistência dos cativos não

histórico ativo, que os cativos desenvolveram

está mais só atrelada a fugitivos e/ou a violência,

estratégias, na relação senhor-escravo, em busca

passou-se a enxergar o escravo como articulador de

de melhores condições de vida no cativeiro. Assim sendo, fica evidente que o mundo da escravidão não era homogêneo, ou seja, comportava em si hierarquias que possibilitava aos escravos a ascensão dentro do próprio mundo da escravidão, mesmo que essa ascensão fosse de difícil acesso os Gnarus Revista de História - VOLUME IX - Nº 9 - SETEMBRO - 2018


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