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Artigo

PALAFITAS E MODO DE VIDA LACUSTRE NO MARANHÃO: RELATOS COLONIAIS E NATURALISTAS

Por Alexandre Guida Navarro e Marilene da Silva Banhos

RESUMO: Esta nota de pesquisa refere-se ao projeto PIBIC do ano de 2019 a 2020 levado a cabo no Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal do Maranhão (LARQ-UFMA). O objeto de estudo são as estearias, sítios arqueológicos de palafitas localizados no estuário do Maranhão. As pesquisas arqueológicas recentes identificaram que todos os sítios de estearias são pré-coloniais, nesse sentido, o projeto em questão buscou analisar se na documentação histórica (crônicas e relatos de naturalistas) também há relatos desses povos. A conclusão é que os europeus tiveram contato com essas sociedades, e que é uma questão de tempo para que as pesquisas encontrem os sítios do período colonial.

Palavras-chave: Estearias. Cronistas. Naturalistas. Maranhão

Introdução

Entre o século I d.C. até o século XIII, o estuário maranhense esteve habitado por povos indígenas que viviam dentro de lagos e rios sobre palafitas (Navarro, 2013, 2016, 2017a, 2017b, 2018a, 2018b, 2019, 2020; Corrêa et al. 1991; Prous, 1991; Martin, 1996). Os sítios arqueológicos que evidenciam estas ocupações são chamadas de estearias (em alusão à palavra esteio, i.e, postes de sustentação das aldeias) e ainda se desconhece sua filiação cultural e linguística. O tema ainda foi pouco pesquisado. No entanto, a partir de 2013, Navarro tem estudado estes sítios arqueológicos e trazido à luz informações importantes sobre o

modo de vida destes povos, como por exemplo, a associação cultural com outras sociedades amazônicas desta época. Assim como os povos de tradições Policroma da Amazônia (Neves, 2012) ou Inciso-Ponteada (Gomes, 2001), os povos das estearias produziram uma complexa indústria cerâmica caracterizada por vasilhames polícromos, com incisões, fusos, cachimbos e estatuetas e uma indústria lítica elaborada evidenciada pela confecção de muiraquitãs, pedras verdes de jade comercializadas com o norte da América do Sul, Antilhas e Caribe (Navarro, 2017, 2020).

Quanto ao porquê da escolha do ambiente lacustre para moradia, as explicações repousam sobre a facilidade de se conseguir o recurso

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alimentício, neste caso os peixes, e a defesa da comunidade, uma vez que o acesso de possíveis grupos inimigos fica dificultado pela posição estratégica em meio à água (Navarro, 2018a, 2018b). Embora Navarro não tenha conseguido demonstrar ainda que estas ocupações adentrassem o período colonial, uma vez que as datações radiocarbônicas evidenciam que todos os sítios arqueológicos são pré-coloniais, existe certa recorrência do registro de grupos palafíticos na documentação histórica, o que mostra que talvez estas ocupações ainda pudessem existir após ou durante a Conquista europeia (Navarro, 2017b).

Com o intuito de investigar esta possibilidade, foi desenvolvido um plano de trabalho PIBIC intitulado “A vida dos povos das palafitas nas crônicas coloniais do Maranhão” desenvolvido pela aluna de graduação de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e estagiária do Laboratório de Arqueologia (LARQ) Marilene da Silva Banhos. A partir da leitura desse material histórico, destrincha-se uma discussão sobre as estearias e a possibilidade destas habitações palafíticas após o contato com os europeus. Os resultados obtidos nesta pesquisa contaram com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).

Metodologia

A metodologia utilizada para o exercício deste trabalho se deu em duas etapas principais. A primeira compreendeu a leitura de crônicas coloniais, que forneceram o suporte necessário para o entendimento de populações indígenas que viviam sobre esteios no meio de rios e lagos no começo e no decorrer da colonização europeia

Figura 1. Mapa da localização dos sítios de estearias e a evidência dos esteios no sítio Cabeludo, município de Santa Helena, Baixada Maranhense. Fotografia ACERVO LARQ, 2019.

nos séculos XVII e XVIII.

As crônicas utilizadas para pesquisa, que relatam indígenas vivendo sobre palafitas na região estudada, foi a obra do Padre Yves D’Évreux intitulada de “História das coisas mais memoráveis ocorridas no Maranhão nos anos de 1613 e 1614” escrita no século XVII e a obra do Padre João Daniel de nome “Tesouro Descoberto no Máximo Rio Amazonas” escrita no século XVIII.

Na segunda etapa, ainda levantando informações textuais a respeito das populações palafíticas, partimos para a análise dos livros dos viajantes e naturalistas que exploraram a Amazônia no século XIX, uma vez que eles escreveram sobre o modo de vida e tipos de moradia das populações indígenas e não indígenas que viviam próximas aos rios e lagos ou em regiões alagadas. Foi analisada a obra do médico e explorador alemão Robert Avé – Lallemant intitulada “No rio Amazonas”, a

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obra do naturalista inglês Alfred Russel Wallace de nome “Viagens pelo Rio Amazonas e Negro”, os escritos do também naturalista inglês, Henry Walter Bates1 que tem como título “Um naturalista no Rio Amazonas” e por último a obra pioneira dos estudos sobre as estearias escrita pelo jornalista e geógrafo maranhense Raimundo Lopes de nome “O torrão maranhense”.

Durante as etapas, estudou-se também as primeiras impressões dos cronistas e naturalistas em relação aos indígenas para que não caíssemos no discurso colonizador e do cristianismo dos escritores e pudéssemos fazer uma análise que pudesse evidenciar os protagonismos indígenas2 que acabaram ficando nas entrelinhas do discurso.

Discussão

Yves D’Évreux

Yves D’Évreux foi um padre francês que participou da expedição enviada ao Maranhão em 1612 pela França.3 Évreux foi o primeiro cronista que esteve no Maranhão que fez menção aos povos que viveram em palafitas no período colonial no período de 1613 e 1614. Em uma primeira passagem, o francês escreve sobre os

1 Alfred Russel Wallace e Henry Walter Bates foram dois naturalistas que vieram para o Brasil juntos com o intuito de coletar insetos e outras espécies de animais da Floresta Amazônica para, posteriormente, vendê-las aos colecionadores ingleses.

2 Alfred Russel Wallace e Henry Walter Bates foram dois naturalistas que vieram para o Brasil juntos com o intuito de coletar insetos e outras espécies de animais da Floresta Amazônica para, posteriormente, vendê-las aos colecionadores ingleses.

3 Yves D’Évreux veio para o Brasil com mais 3 padres na expedição de 1612. Um deles foi Claude D’Abeville, padre que ficou pouco tempo antes de retornar à França e que escreveu outra crônica rica em detalhes. Essa crônica não foi utilizada nos estudos pois não fornecia informações a respeito da pesquisa.

camarapim que moravam em palafitas: “O rio Pará, desde a foz, ao longo das margens, é muito povoado de tupinambás; chegando [o Sr. de la Ravardière] à última aldeia, situada a 60 léguas da sua embocadura, todos os principais desses lugares lhe pediram insistentemente que fosse guerrear os camarapins, que são muito ferozes, que não querem paz como ninguém, e por isso não poupam os inimigos, pois quando os cativam, matam-nos e comemnos; (...) Este exército de franceses e de tupinambás, em número de 1.200, saiu do Pará entrou no rio dos Pacajaras, daí dirigiu-se ao de Parisop, onde encontraram Uaceté ou Uacuaçu, que, simpatizando com este movimento, ofereceu para reforçálo 1.200 dos seus companheiros. Aceitouse apenas um pequeno número deles, que os acompanhou, e os encaminhou ao lugar onde residiam os inimigos, os quais encontravam-se nas Iuras, que são casas feitas à imitação das Ponts aux Changes e de S. Michel de Paris, colocadas no cume de grossas árvores plantadas na água. Foram imediatamente cercados pelos nossos, que os saudaram com 1.000 ou 1.200 tiros de mosquetaria em três horas. (ÉVREUX, 2007, p.30).”

Após esse acontecimento, o cronista escreve outro de igual importância sobre os camarapim:4 “Durante o medonho combate dos mosqueteiros, usaram os selvagens de uma esperteza singular pendurando os seus mortos no parapeito de suas Iuras, e por meio de uma corda de algodão amarrada aos pés deles faziam que se mexessem ao longo das aberturas; os franceses viam aqueles corpos, e julgando-os vivos faziam fogo três e quatro vezes contra eles a ponto de ficarem despedaçados, o que provocava os gritos e zombaria daqueles canalhas.

4 Optamos por utilizar inicial maiúscula e não flexionar gênero e número dos nomes de sociedades indígenas em respeito à Convenção para a grafia de nomes indígenas. importante ressaltar que utilizaremos a palavra Tupinambá quando nos referirmos aos diversos grupos Tupi da documentação colonial consultada, pois assim foram tratados pelos cronistas.

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Quando uma de suas mulheres apareceu fazendo sinais com um pano de algodão, significando que queria parlamentar. Todos pararam de atirar. Então ela gritou: “Vuac, Vuac.”, “Por que trouxeste estas bocas-defogo (falava dos franceses por causa da luz, que saía das caçoletas de suas armas) para arruinar-nos, e apagar-nos da terra? Pensas contar-nos no número dos teus escravos? Pois aqui estão os ossos dos teus amigos e aliados, cuja carne comi, e ainda espero comer a tua e a dos teus”. Pelos intérpretes se disse a ela que se entregasse a fim de salvar os outros do fogo. “Não, não”, respondeu ela, “jamais nos entregaremos aos tupinambás, eles são traiçoeiros. Eis aqui os nossos principais, que morreram vítimas dessas bocas-de-fogo de gente que nunca vimos. Se for necessário, morreremos todos, voluntariamente, como fizeram nossos grandes guerreiros. Nossa nação é grande, e vingará a nossa morte” (ÉVREUX, 2007, p.31)

pelo próprio Daniel de La Touche - La Ravardière5 -, os camarapins poderiam ter sido um povo que teve contato com os tupinambá para os europeus compreenderem o idioma falado por eles, caso contrário, os franceses não iriam entender as falas desse grupo.

João Daniel

Partindo dessas duas citações sobre os camarapim, podemos fazer algumas considerações a respeito desse grupo indígena. As suas construções estavam sobre a água, o que os caracteriza como povos palafíticos, a sua morada era forte o bastante para aguentar o tiro do canhão e as investidas dos europeus e esse grupo tinha estratégias de guerra como podemos observar na segunda citação, penduravam os seus mortos nas barreiras de suas “iuras” para enganar os europeus, estes que os julgavam ainda vivos.

Uma questão sobre a citação do padre francês que deve ser observada é o idioma desses povos, pois não sabemos a origem do registro desse relato. Se essas informações vieram de um Tupinambá, grupo com o qual Évreux tinha contato, ele poderia saber o idioma dos camarapim para ter entendido as falas deles e, assim, reproduzi-las ao padre. Caso a informação tivesse vindo de um tradutor europeu, os chamados “línguas”, ou

João Daniel foi um padre jesuíta e missionário que atuou no Rio Tapajós e Amazonas no período pombalino, sendo que foi preso por ordens de Sebastião Carvalho, o Marquês de Pombal (ARAÚJO, 1999). No seu período de cárcere escreveu a obra que é analisada nesse relatório. O padre escreve sobre uma região maior do que a proposta por esse trabalho, mas suas análises são importantes para entendermos as sociedades indígenas estudadas. O jesuíta escreveu sua obra no século XVIII, um século depois de D’Évreux, e ainda podemos observar povos palafíticos como na citação a seguir: “Tem abaixo o seu séquito o rio Purus, assim chamado pela nação dos índios purus, que nele habita e em seus grandes lagos; é de comprida navegação para cima de um mês, e nas suas cabeceiras, dizem que há grandes, e excelentes campinas, onde se apascentam grandes manadas de gado vacum pastoreado, como alguns dizem, por gente a cavalo, ou sejam índios, ou castelhanos. Tem este rio grandes praias, e muitos lagos, sobre os quais vivem em seus tijupares os índios purus, e outros.” (DANIEL, 2004, p. 55-56)

Daniel começa a citar os povos que viviam em palafitas com a sociedade dos “purus”.

5 Daniel de La Touche foi um general que liderou expedições francesas em 1612 com o objetivo de iniciar o projeto colonizador no Norte do Brasil, denominada França Equinocial.

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Ainda nessa citação, o padre nos informa que além dos purus há outras nações palafíticas que vivem dentro dos rios, mas não diz os nomes das sociedades. Seguimos com as citações sobre os povos palafíticos:

“Muitas nações vivem sobre lagos, ou no meio deles, onde têm em cima da água as suas casas feitas da mesma sorte, e só com o ádito de serem de sobrado, que levantam de varas, e ramos de palma, e nelas vivem contentes, como peixe na água. A razão de fabricarem nos lagos as suas povoações e moradias é em uns pela grande fartura que neles têm de tartarugas, bois marinhos, e mais pescado, em outros é para estarem mais seguros dos assaltos dos seus inimigos.” (DANIEL, 2004, p. 280)

falar sobre os purus e, com a citação a seguir, nos dá várias pistas sobre a alimentação e o tipo de armas dessa sociedade:

“Purus é uma nação que habita sobre os lagos do rio Purus, que dele tomou o nome. Não tem uso de comer a farinha de pau, como todas as mais nações do Amazonas; não sei se por não terem o trabalho de a cultivar, se por não serem aptos para estas sementeiras os seus lagos; porque quer terra firme a mandioca, em lugar dela têm por sustento usual várias frutas do mato, de que fazem farinha, ou as comem e levam assim mesmo a dente, como macaco. (...) Também não usam de arcos-e-frechas, como os mais índios, mas todas as suas armas são a balesta, em que são destríssimos, e mais que insignes frecheiros.” (DANIEL, 2004, p. 360)

Essa passagem nos informa que existiam sociedades que viviam no meio de lagos, como as que o Laboratório de Arqueologia (LARQ/ UFMA) confirmou com o mapeamento dos sítios arqueológicos, nos diz como Daniel via as construções dos indígenas, que, segundo ele, se assemelhavam a sobrados. Há uma relação com o meio ambiente na escrita de Daniel quando ele afirma que esses povos viviam “contentes como os peixes na água” (P. 280) e nos responde o porquê essas sociedades escolheram viver sobre rio e lagos.

Para o padre, esses povos viviam sobre os lagos devido a fartura de alimentos como peixes e tartarugas. Isso possibilitaria o fácil o alcance a esse tipo de alimento vivendo dentro da água. Além disso, Daniel também explana sobre a segurança que os povos das estearias poderiam ter aos ataques dos inimigos, como já vimos com os camarapim que resistiram aos ataques dos europeus nas citações de Yves D’Évreux. Essas duas explicações que Daniel cita como motivo para esse tipo de moradia é bem conveniente. João Daniel, em um momento posterior, volta a

Daniel nos informa com essa passagem que os povos Purus não faziam o uso de mandioca como as demais sociedades do Amazonas e levanta questões sobre o porquê de não a usarem, e diz ainda que no lugar da raiz fazem uso de várias “frutas do mato”. No final da passagem o jesuíta escreve que os Purus não usam arco e flecha como as demais nações, usam apenas a balesta6 . Chegando ao final das citações do Padre João Daniel, escolhemos terminar com uma passagem de muita importância que trata de um assunto muito valioso para os estudos da temática indígena: os Muiraquitãs, ainda que esta citação não esteja relacionada diretamente com os povos das estearias. Segue a citação: “Sobre a sua matéria, há várias opiniões, porque uns dizem que elas se acham em algum ou alguns lados já feitas, e lavradas, como as vemos; outros, com mais probabilidade, dizem que os índios as fazem toda a vez que querem de uma certa espécie de barro finíssimo debaixo da água, e que tirando-as da água já feitas, se endurecem,

6 Balesta ou Balestra é um arco de flechas usado no sentido horizontal e acionado por um gatilho, que projeta dardos parecidos com flechas, porém mais curtos.

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como pedras, e como as vemos diversos feitios, e figuras. Junto à foz do rio Tapajós está um lago vizinho à missão de Buvari, que os índios têm por sagrado, ou possuído de fantasmas, e por isso se não atrevem a chegar lá; e tem por fama que neste lago se achavam antigamente já feitas estas pedras neufríticas, porém a experiência parece mostra que elas se fazem por arte, não só pelas diversas figuras de animais, e diversos feitios que têm; e serem todas furadas por dentro, ou, se são chatas, com buracos para se poderem dependurar ao corpo, mas muito mais porque por muitas vezes estrangeiros, especialmente castelhanos e franceses, que tem abarcado quantas apreciam, e as pagavam com subido preço, de sorte que parecia não ficar já alguma em algumas povoações; contudo de novo tornam a ver-se nas mesmas com a mesma quantidade que antes; (DANIEL, 2004, p. 561-562)”

de João Daniel ele escreve que os muiraquitãs tinham “buracos para se poderem dependurar ao corpo”, o que também pode ser percebido no artefato encontrado que possui dois furos laterais por onde poderia passar um cordão para ser pendurado.

Robert Avé-Lallemant foi um médico e explorador alemão, conhecido por suas por contribuir com o sistema de saúde brasileiro. Lallemant escreve no século XIX sobre o que viu durante sua viagem, como a natureza, os animais e as populações indígenas que encontrou durante a exploração na Amazônia.

João Daniel escreve sobre onde essas pedras preciosas eram encontradas, ele explica que essas sociedades já as achavam prontas, significando que talvez esses povos não soubessem confeccionálas. Os muiraquitãs eram utilizados para comércio com os europeus e, possivelmente, com outras nações. É muito provável que esses artefatos fossem um bem de prestígio, resultado do comércio entre a Amazônia, o Caribe e os Andes, como recentemente aventou Navarro (2017a, 2020). Em 2015 o laboratório de Arqueologia encontrou, na estearia Boca do Rio localizada na cidade de Santa Helena, um muiraquitã que lembra um tronco de um sapo e possivelmente uma cabeça antropozoomorfa. O artefato é feito de nefrita (uma espécie de jade), possui 2,8 cm de altura por 1,8 cm de comprimento, tendo dois furos laterais e foi publicado no ano de 2017 no Boletim de Ciências Humanas do Museu Paraense Emílio Goeldi por Navarro e uma equipe multidisciplinar de pesquisadores. Na explicação

Assim como Yves D’Évreux e João Daniel, o alemão encontrou sociedades que viviam em palafitas séculos depois dos grupos indígenas que os padres relataram. Seus escritos são importantes porque a partir deles podemos traçar certa continuidade nos modos de viver das populações da Amazônia. Segue o trecho: “O quadro na outra margem para onde passamos a tarde à, não era mais consolador. Aí vimos três cavalos dentro da água, afastando as canaranas, sem encontrar onde se deitarem. Muito perto dêsse local, um pequeno povoado, onde se arranjaram dum modo genial. Tinham armado sob folhas de palmeira um balcão de ripas, sobre o qual a família passou a morar quando a água começou a subir lentamente. Fôramos também em auxílio de certo número de cabeças de gado, construindo-lhes sobre troncos de arvore, um pequeno cercado com uma rampa até a água.” (LALLEMANT, 1980, p. 84-85)

Nessa passagem, Lallemant nos dá duas informações sobre as populações que viviam

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em áreas alagadiças. Foi armado um balcão de ripas para as pessoas morarem quando as águas começassem a subir, e isso nos leva a pensar que essas pessoas, antes do período de cheia, construíram suas casas normalmente em terra e, somente quando a região começava a alagar e prejudicar a vida, montavam suas moradias sobre o “balcão de ripas”.

A outra informação que temos é sobre o manejo com os animais que essas sociedades tinham no período da cheia, pois construíram um cercado para o gado sobre troncos de árvore para passarem a noite longe da água, diferente dos cavalos que não encontravam lugar para se deitar, relatado no começo da citação. Lallemant nos deu pistas sobre o conhecimento e a relação com o meio ambiente dessas populações amazônicas que os padres nos séculos XVII e XVIII não nos deram. D’Évreux e Daniel não deixaram claro se os grupos indígenas viviam em palafitas todo o tempo ou se mudavam de habitação a depender do comportamento dos rios e lagos. Seguimos com as citações de Lallemant: “O homem da floresta parasita, no entretanto, no tronco oco duma amerídea ou da grossa itaúba com 6 ou 7 pés de diâmetro. Seu ancoradouro fica ao pé de toda palmeira, que oferece frutos maduros. Na canoa, onde toda a família habita com ele, seu pequeno fogo nunca se apaga, de maneira que a noite seu brilho se reflete na água, e todo o grupo humano, parasitando entre palmeiras e bombáceas, em troncos escavados, sobre a água, parece viver no ar ou sobre as árvores.” (LALLEMANT, 1980, p. 158)

eram utilizadas por esses grupos para construir os esteios: Amerídea, Itaúba, Palmeiras e Bombáceas. E ainda escreve que esses homens que moravam sobre os troncos escavados na água pareciam viver no ar ou sobre as árvores.

Alfred Russel Wallace

Alfred Russel Wallace foi um naturalista, antropólogo e biólogo inglês. Ele também escreve no século XIX e ele não diz muito sobre as populações que viviam sobre esteios, segue a única citação encontrada sobre o assunto em sua obra: “Tivemos aqui a oportunidade de observar alguma coisa da organização e dos costumes que regem o dia a dia de uma casa rural brasileira. Neste caso, toa a edificação era suspensa sobre pilares, ficando a 4 ou 5 pés acima do chão. Isso é feito para conserválas acima do nível alcançado pelas águas durante as marés de sizígia. Dela descia uma plataforma até o nível das águas normais, terminando por um lance de escada. Esta plataforma, que é também um cais acostável, liga-se com uma varanda, da qual se destaca um salão onde são recebidos os hóspedes e realizados os negócios. Junto dessa varanda fica o engenho de açúcar e alambique.” (WALLACE, 2004, p. 48)

Com essa passagem o alemão escreve sobre as possíveis relações com o homem que vive na floresta e o meio ambiente que o cerca, as árvores e a água. Lallemant nos informa sobre também sobre espécies de madeiras que possivelmente

Com essa passagem, Wallace nos descreve uma construção mais sofisticada das que analisamos anteriormente, mas a característica principal permanece: construída sobre pilares de madeira no meio ou próximo de rios e lagos. Pelo que o naturalista escreve, essa construção parece ser permanente e há, também, um engenho de açúcar e um alambique,7 os seus moradores não são indígenas e nem simples pescadores,

7 Balesta ou Balestra é um arco de flechas usado no sentido horizontal e acionado por um gatilho, que projeta dardos parecidos com flechas, porém mais curtos.

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mas pessoas que realizam negócios e possuem criados. As características dessa construção nos informam que as habitações em palafitas no século XIX não são somente aspectos de situações socioeconômicas e de vulnerabilidade, mas sim determinadas, também, pelo ambiente em que escolheram viver, nesse caso a região alagada amazônica.

Raimundo Lopes

Raimundo Lopes foi um geógrafo nascido no Maranhão, membro da Academia Maranhense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. Fez grandes contribuições ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tombando o primeiro sítio arqueológico em nível nacional, no Maranhão, o sambaqui do Pindaí. Foi autor de várias obras importantes, dentre elas a que é analisada neste trabalho, “O torrão Maranhense”. Lopes, assim como os demais viajantes do século XIX, escreveu sobre as sociedades que moravam em palafitas, mas, sua obra se torna ainda mais importante porque o jornalista visitou a região da Baixada Maranhense e escreveu sobre as estearias maranhenses, tema com o qual o Laboratório de Arqueologia (LARQ) se ocupa. Vamos às citações de Lopes: “É, numa enseada de um dos lagos do grupo do Maracu, - o lago Cajari – uma série de “alinhamentos” de esteios, cuja ordem indicaria serem restos de habitações. Encontraram-se, por aí e no rio próximo, pedaços de madeiramento e de cerâmica rude. Várias hipóteses podiam ser formuladas.(...) Era muito mais simples comparar a ruína lacustres do Cajari às casas-jirau; não precisávamos para isso de idealizar toda uma civilização lacustre préhistórica: trata-se de uma forma de moradia ainda hoje vulgar na região. Mas só o estudo

direto e à luz da investigação arqueológica, poderia precisar se essas ruínas datam dos tempos coloniais propriamente ditos, ou, mais provavelmente, - pensamos – da época dos jesuítas, não sendo impossível que representassem um produto exclusivo do selvagem. A sua destruição não se precisaria explicar por cataclismos.” (LOPES, 1960, p. 138-139)

Lopes, ao visualizar os esteios nos sítios arqueológicos, já levantava questões sobre as moradias lacustres. A povoação encontrada por Lopes não foi construída em terra e depois invadida pela água, ela foi construída primeiramente sobre a água, como constatamos com os cronistas já analisados. Seguimos com mais algumas passagens de Lopes: “Era, realmente, um habitat análogo ao dos atuais sítios-jiraus, mas em proporções de verdadeira cidade lacustre e contendo os vestígios de uma cultura indígena própria (machados de pedra, cerâmica pintada e modelada, inclusive “fusaiolas” etc.), sem mistura de influxo colonial. (...) A história e a tradição local concordam em desconhecer a existência desses pôvos. (...) A estearia, na sua maior parte, é pobre de documentação. Num contraste, num pequeno grupo isolado de esteios, na parte mais afastada das margens, se encerra a quase totalidade dos objetos. Por isso êsse ponto foi, pelos moradores, denominado “cacaria”. (...) A grande proporção, porém, de boas maneiras na “estearias” milita em favor da ideia de que esta suportou construções a altos níveis.” (LOPES, 1960, p. 140-142)

Nesta passagem, Raimundo Lopes nos dá alguns aspectos importantes para serem analisados. No primeiro trecho, o geógrafo comenta sobre as peças por ele encontradas, como os machados, a cerâmica pintada e “fusaiolas” (fusos) e comenta sobre não haver indícios de interferências coloniais. Com relação às peças arqueológicas,

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o LARQ encontrou muitos desses itens descritos por Lopes. Logo depois, Lopes escreve que os moradores do local desconhecem a existência desses indígenas e há pouca documentação sobre o assunto, o que ainda hoje persiste. A seguir Lopes comenta sobre o sítio da “Cacaria” possivelmente o local onde ele encontrou muiraquitãs na sua expedição. Essas pedras, muito estimadas por índios e europeus, foram analisadas por Navarro e Prous8 antes do incêndio do Museu Nacional –RJ (onde os artefatos estavam armazenados e, infelizmente, se perderam) em 2018.

No último trecho, o jornalista escreve que a alta proporção dos esteios corrobora a afirmativa de que eles sustentaram grandes construções, ou seja, não eram simples casas que abrigavam poucas pessoas, havia uma grande massa populacional morando em cima dos esteios. Daí o porquê de haver a necessidade de muitos deles, a quantidade de material arqueológico encontrado nos sítios também sustenta essa afirmação. Há mais trechos de Raimundo Lopes para analisar, vamos a eles:

“As estearias lacustre do Cajari e do Pericumã (Encantado) e a maior parte das do rio Turi apresentam cerâmica pintada e modelada, com figuras de animais e, acidentalmente, ornatos gravados e (no Turi) figuras humanas e formas ditas “arcaicas”, isto é, esquemáticas. A estearia do lago do Sousa, entretanto, tem uma cerâmica com ornatos gravados, sem pinturas, e diferente tanto nos motivos como no aspecto do barro, de tôdas as outras que se conhecem na região. Os artefatos de pedra são machados de diábase e outras rochas, muiraquitãs (Cajari) de pedras verdes etc. (...) Também o fato de ser feito de uma pedra com os característicos essenciais da nefrite um dos muiraquitãs do Cajari, não importa na origem longínqua, asiática, por exemplo, que foi atribuída a êsse material, sabido como é que existe nefrite no Brasil

8 Navarro e Prous (2020).

(machados de blocos brutos de Amargosa na Bahia, col. do Museu Paulista).” (LOPES, 1960, p.183-185)

Lopes escreve aqui sobre o sítio do Lago do Souza, que possui uma cerâmica diferente dos demais. Este sítio é o mais antigo já datado pelo Laboratório de Arqueologia (LARQ/UFMA). Por ter a cerâmica muito diferente dos demais sítios podemos inferir que a sociedade que vivia ali não teve contato com os demais grupos que também viviam em estearias, mas que surgiram depois na mesma região. Em seguida, Lopes descreve os muiraquitãs encontrados por ele, suas possíveis origens e a matéria prima que ele acredita terem sido confeccionados. Ainda sugere, no final da passagem, possíveis trocas realizadas entre indígenas que, ainda hoje, acreditamos terem sido realmente feitas. Esses são os muiraquitãs analisados por Navarro e Prous (2020).

Conclusão

As estearias são um tipo de sítio arqueológico único no contexto da arqueologia brasileira, pois estão localizadas somente na Baixada Maranhense. São os vestígios de sociedades lacustres que viveram em palafitas. Este tipo de moradia é de longa duração, ou seja, o diálogo interdisciplinar entre a História, Antropologia e Arqueologia tem fomentado uma reescrita da história de longa duração tendo os indígenas como coparticipes dela, na qual a história não tem seu início marcado pela colonização.

Com isso, a partir das leituras e interpretações dos cronistas do século XVII e XVIII e dos viajantes e naturalistas do século XIX, percebemos que, mesmo em épocas diferentes, o padrão de moradia permanece quase o mesmo, ou seja,

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casas suspensas sobre a água em uma região alagada nas quais os seus habitantes usam do ambiente a sua volta para sobreviver. Esta é uma das principais conclusões deste trabalho.

Chamamos a atenção de que morar sobre esteios, naquelas épocas, não era sinônimo de pobreza, pois famílias registradas por viajantes tinham até engenhos de açúcar e alambiques como negócio. Seus tipos de moradias, nesses casos, são resultantes da escolha de morar em uma região alagada, portanto, estão em sincronia com o meio ambiente uma vez que são adaptações humanas bem-sucedidas. Este processo é diferente dos de grandes centros urbanos atuais onde podemos observar famílias em moradias como essas, mas em situações precárias e que sofrem com o violento processo de marginalização.

Os indígenas que escolheram morar em palafitas, assim como as famílias do XIX, tinham condições de manter uma vida sem precisar passar por dificuldades, a prova disso está nos muiraquitãs encontrados. Eram grupos bem adaptados a este meio lacustre. Prova disso são os muiraquitãs encontrados nos sítios, objetos preciosos com indícios de comércio com outros grupos mais distantes.

Do ponto de vista histórico, tanto os indígenas do século XVIII e as populações do século XIX, viver sobre os rios e lagos é uma opção viável por questões de alimentação porque facilita a pescaria, além da defesa, pois dificulta o acesso dos inimigos. Evidência desse processo é que até hoje os grupos humanos ainda vivem em palafitas na Amazônia, o que ratifica, mais uma vez, um processo histórico de longa duração.

Por fim, é possível que as pesquisas em curso no Laboratório de Arqueologia da UFMA ainda

encontrem os sítios coloniais, uma vez que este trabalho demonstrou que europeus tiveram contato com indígenas que viveram em palafitas no período colonial. Assim, o mundo das estearias é um espaço amplo para pesquisa, ainda há muito trabalho pela frente e descobertas para serem feitas.

Alexandre Guida Navarro é Professor Doutor do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão (DEHIS/UFMA) e coordenador do Laboratório de Arqueologia (LARQ). Instituição: Universidade Federal do Maranhão - UFMA

Marilene da Silva Banhos é Graduada em História e colaboradora do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal do Maranhão (LARQ/ UFMA). Instituição: Universidade Federal do Maranhão - UFMA Referências

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