TFG - Museu das Nações Indígenas

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MUSEU DAS NAÇÕES INDÍGENAS Trabalho Final de Graduação Faculdade de Arquitetura e Urbanismo PUC-Campinas

Fernanda Lopes Malerba

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Orientador: Prof. Dr. Claudio Manetti


AGRADECIMENTOS

“NHANDEREKÓ: Nhanderekó é como nós, guarani mbya, chamamos o que o juruá chama de cultura, mas nhanderekó para nós é mais do que isso. É todo o nosso modo de ser, o nosso modo de viver, o jeito como nós educamos nossos filhos e nossas filhas, como enxergamos o mundo, como nos relacionamos com a nossa espiritualidade. É impossível para o juruá entender o que é nhanderekó, porque somente vivendo é que se compreende o que ele é. Mas nós queremos que juruá aprendam mais sobre a nossa cultura – sobre o nhanderekó – pra que diminua o preconceito que eles têm.” (Comissão Guarani YVYRUPA*)

Agradeço primeiramente aos meus pais e meu irmão, por todo o apoio durante toda a graduação, seja através das palavras, por ajudarem nas maquetes ou na busca de soluções nos projetos e por sempre acreditarem no meu potencial. Agradeço também meus amigos e aos demais familiares pelo apoio e, por entenderem que arquitetos nem sempre têm vida social e aos amigos da faculdade por compartilharem os desafios, estresse, risos e por todo o tempo que passamos juntos, tornando-nos uma família. E também ao meus queridos amigos e fisioterapeutas, Vanessa Miranda, Mariana e Felipe Mascarenhas, por sempre me ouvirem, se interessar pelos meus projetos, acreditarem no meu potencial e por consertarem o estrago que as horas de trabalho (e a faculdade) traziam ao meu corpo. Agradeço imensamente ao meu orientador, Claudio Manetti, por saber conduzir o trabalho de forma leve e divertida durante todo o ano, por embarcar comigo nas ideias sobre o projeto e me fazer acreditar que eu daria conta de todos os desafios proporcionados pelas minhas ideias. Junto a isso, agradeço às mulheres incríveis que tive o prazer em trabalhar durante todo o ano, mostrando mais uma vez que a arquitetura e urbanismo podem ser funcional e humana. Não poderia deixar de agradecer aos arquitetos que admiro muito e, que contribuíram com o meu trabalho, de certa forma, como coorientadores: ao Fábio Boretti, que me deu forças desde o início do projeto a enfrentar o desafio de projetar uma arquitetura voltada a uma cultura que não é a minha, à Mônica Moreno, pelo acompanhamento e contribuições ao meu projeto, ao Pedro Paulo Mainieri pela longa e prazerosa conversa sobre o meu projeto, por me encorajar a atribuir origami no projeto de arquitetura e ao Fernando Ramos, por me ajudar sempre nos meus projetos com tanta boa vontade e fortalecer meu amor por geometria, origami, design e arquitetura. Um obrigada a todas as instituições e pessoas que auxiliaram no desenvolvimento do trabalho, em especial a arqueóloga Cláudia M. Queiroz, do Núcleo de Arqueologia de Jacareí. E por último, mas não menos importante, agradeço aos índios guarani mbyá do Jaraguá, por apresentarem com tanto carinho sua cultura e trazer uma nova perspectiva em minha vida, com certeza levarei essa experiência para sempre! Ha’vete! 2

Dedico este trabalho aos povos indígenas brasileiros, por sua luta até os dias de hoje e por manterem viva sua esperança, cultura e tradições.


INTRODUÇÃO O processo de urbanização do Jaraguá se consistiu na resistência do povo indígena Guarani em relação à exploração do território, desde a extração de minerais e uso intensivo do solo até grandes desmatamentos em prol da ocupação urbana. Neste processo, a existência da mata nativa foi comprometida e, apenas no século XX, as unidades de conservação foram criadas com a finalidade de preservar os remanescentes da Mata Atlântica do Estado de São Paulo. Atualmente, o Jaraguá faz parte da Reserva da Biosfera e possui forte presença e manifestação do povo Guarani em busca de reconhecimento e valorização, lutando principalmente por uma terra onde possam retomar completamente o conceito de Nhanderekó e ampliar as áreas em que possam preservar a fauna e a flora, uma vez que a crença dos Guaranis consiste em um Deus que os nomeia como “Guardiões da Natureza”. O Museu das Nações Indígenas (MUNIN) tem como proposta a conscientização, preservação e interação da cultura material e imaterial dos povos indígenas e da mata nativa.

“Nós vamos resistir até a última estrela cair do céu.” Imagem 01: “Catrimani”. Fonte: Claudia Andujar (1971-1972)

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(Sônia Ara Mirim, Tekoá Ytu)


índice Justificativa ..............................................................................................06 Relação com o Plano Urbanístico do Jaraguá Escolha do Local de Implantação Cultura Indígena ......................................................................................10 Relação com a Natureza Organização Espacial Medicina Tradicional Tempo, Espaço e Astronomia Arte, Grafismo e Artesanato Referências Projetuais .............................................................................14 Programa de Necessidades Modulação e Uso de Retículas Transição Cidade-Natureza Espaços Coletivos e Livres Relações Matemáticas e Geométricas O Projeto...................................................................................................22 Cenário Atual Premissas Partido Arquitetônico Processo criativo Metodologia Projetual Programa Desenhos Técnicos Sistema Estrutural Elementos Arquitetônicos Cenas Humanizadas Bibliografia................................................................................................47

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Imagem 02: “Êxtase”. Fonte: Claudia Andujar (1971-1972)


lista de imagens Imagem 1 - “Catrimani”............................................................................................. Imagem 2 - “Êxtase”............................................................................. Imagem 3 - Gráfico “do que você sente falta dentro do distrito?”............................. Imagem 4 - Gráfico “possui conhecimento sobre a causa indígena?”........................ Imagem 5 - Recorte Proposta do Plano Urbano Jaraguá............................................ Imagem 6 - Croqui “Formação de Aldeias”.................................................................... Imagem 7- Aldeia indígena Yanomami....................................................................... Imagem 8 - Aldeia indígena Tirió................................................................................ Imagem 9 - Aldeia indígena Boróro............................................................................ Imagem 10 - Aldeia indígena Guarani......................................................................... Imagem 11 - Croqui “Fases da lua”............................................................................. Imagem 12 - Projeto Peggy Notebaert Nature Museum............................................ Imagem 13 - Projeto Peggy Notebaert Nature Museum............................................ Imagem 14 - Tomaquag Museum............................................................................... Imagem 15 - Implantação projeto HEX-SYS............................................................... Imagem 16 - Projeto HEX-SYS.................................................................................... Imagem 17 - Esquema estrutura projeto HEX-SYS........................................................ Imagem 18 - Corte projeto HEX-SYS.......................................................................... Imagem 19 - Maquete projeto Hanna Honeycomb House......................................... Imagem 20 - Planta projeto Hanna Honeycomb House............................................. Imagem 21 - Projeto Hanna Honeycomb House......................................................... Imagem 22 - Projeto Jerusalem Museum of Nature and Science............................... Imagem 23 - Implantações projeto Jerusalem Museum of Nature and Science........ Imagem 24 - Corte projeto Jerusalem Museum of Nature and Science..................... Imagem 25 - Planta projeto Our Lady The Southern Cross Primary School................ Imagem 26 - Corte projeto Our Lady The Southern Cross Primary School................ Imagem 27 - Projeto Our Lady The Southern Cross Primary School........................... Imagem 28 - Projeto Our Lady The Southern Cross Primary School........................... Imagem 29 - Escultura de origami.............................................................................. Imagem 30 - Tecelagem de origami............................................................................. Imagem 31 - Tecelagem de origami 2......................................................................... Imagem 32 - Estrutura parametrizada........................................................................ Imagem 33 - Maquete cobertura geometrizada......................................................... Imagem 34 - Artefatos arqueológicos do Jaraguá no Núcleo de Arqueológia de Jacareí......... Imagem 35 - Arte do Festival Guarani de Cultura e Arte............................................. Imagem 36 - Gráfico “Você participa de alguma dessas resistências?”....................... Imagem 37 - Croqui “Essência do projeto”................................................................. Imagem 38 - Croqui “Cenários projetuais”..................................................................

2-3 4-5 6 6 8 9 10 11 11 12 13 14 14 15 16 16 16 16 17 17 17 18 18 18 19 19 19 19 20 20 20 21 21 22 22 23 24 24

Imagem 39 - Croqui “Linha”........................................................................................ Imagem 40 - Croqui “Cenários projetuais 2”.............................................................. Imagem 41 - Grafismo indígena.................................................................................. Imagem 42 - Retícula................................................................................................... Imagem 43 - Implantação nível 915........................................................................... Imagem 44 - Implantação nível 910........................................................................... Imagem 45 - Implantação nível 906........................................................................... Imagem 46 - Corte AA................................................................................................ Imagem 47 - Corte BB................................................................................................ Imagem 48 - Conector viga-viga peça........................................................................ Imagem 49 - Conector viga-viga contexto.................................................................. Imagem 50 - Conector viga-pilar peça........................................................................ Imagem 51 - Conector viga-pilar contexto................................................................. Imagem 52 - Grafismo indígena................................................................................. Imagem 53 - Cobogó vista frontal.............................................................................. Imagem 54 - Cobogó perspectiva............................................................................... Imagem 55 - Relações paramétricas no grasshopper................................................. Imagem 56 - Vista superior estrutura cobertura........................................................ Imagem 57 - Vista frontal estrutura cobertura............................................................ Imagem 58 - Planta cobertura.................................................................................... Imagem 59 - Vista frontal cobertura.......................................................................... Imagem 60 - Esquema drenagem pluvial cobertura................................................... Imagem 61 - Cena humanizada 1............................................................................... Imagem 62 - Cena humanizada 2............................................................................... Imagem 63 - Cena humanizada 3............................................................................... Imagem 64 - Cena humanizada 4...............................................................................

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justificativa relação com o plano urbanístico

O Plano Urbanístico do Jaraguá é constituído por três eixos de abordagem: Meio Ambiente, Mobilidade e Ocupação, e tem como objetivo a preservação e conexão dos elementos naturais através de áreas de reserva, vencer as barreiras físicas constituídas pelo sistema viário de grande fluxo e topografia da região e, ocupar o território de forma mais consciente, evitando a segregação espacial e ocupação em áreas de risco e de preservação ambiental. Além das questões físicas, o Plano Urbanístico também aborda as questões culturais e imateriais, visando a valorização das diversas culturas presentes na região, de forma a trazer conhecimento sobre os povos nativos e demais povos que viveram e/ou vivem na região até os dias de hoje. Durante o processo de levantamento e diagnósticos para a elaboração do Plano Urbanístico, foi realizada uma pesquisa com os moradores do distrito do Jaraguá, com cerca de 90 participantes, na intenção de ampliar as fontes de análise do território e buscar a compreensão das necessidades da população sobre a infraestrutura, equipamentos culturais, de lazer e sobre o nível de conhecimento a respeito das resistências culturais presentes na região. A partir da pesquisa foi possível compreender necessidade de mais locais públicos e de uso coletivo, no âmbito cultural e esportivo, que permitam áreas de permanência e tragam movimento noturno à região. Além dessa demanda, foi possível notar que cerca de 38% dos participantes da pesquisa desconhecem a existência da causa indígena e, dentro da parcela dos que responderam estar cientes sobre a causa, muitos não sabem dizer do que se trata, defendem a causa ou possuem preconceito com o povo indígena.

DO QUE SENTE FALTA DENTRO DO DISTRITO?

Imagem 03: Gráfico “do que sente falta dentro do distrito?” Fonte: acervo próprio.

POSSUI CONHECIMENTO SOBRE A CAUSA INDÍGENA?

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Imagem 04: Gráfico “possui conhecimento sobre a causa indígena?” Fonte: acervo próprio.


O QUE ENTENDE SOBRE A CAUSA INDÍGENA? “Tenho conhecimento sobre a cultura e a questão política, no que envolve a regularização de terras. Vejo, também, que os moradores do bairro Jaraguá pouco - ou nem - se interessam com a causa indígena, uma vez que, quando não sabem da existência, não reconhecem e não aceitam.” (28 - 44 anos, homem, indígena) “O povo indígena profundamente desrespeitado em todo Brasil, também não tem vida fácil no Jaraguá.” (28 - 44 anos, homem, pardo) “Já ouvi falar, porém não tenho conhecimento profundo sobre o assunto.” (28 - 44 anos, mulher, branca) “São pessoas que precisam de auxílio com moradia, esgoto, água, educação e trabalho. Mesmo que queiram continuar pregando a sua cultura.” (19-27 anos, mulher, branca) “É uma situação de difícil resolução, porém é preciso não desistir.” (13 - 18 anos, mulher, branca) “Na verdade, os indígenas foram os verdadeiros fundadores do Jaraguá, devemos muito a eles.” (28 - 44 anos, mulher, branca) “Necessária e precisa do apoio de toda a sociedade” (19-27 anos, mulher, negra) “Da terra depende toda a cultura deles e sem ela não há povo guarani.” (28-44 anos, homem, branco)

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Dessa forma, a proposta de um Museu das Nações Indígenas é definida como um projeto estruturador do Plano Urbanístico, uma vez que aborda questões sobre a valorização cultural e dos recursos naturais a partir de espaços públicos e coletivos, visando a interação entre o usuário e a natureza, através de experiências sensitivas, áreas de permanência e percursos, e entre a cultura do homem urbano e a dos indígenas , através de exposições, apresentações culturais e atividades educativas.


RECORTE PROPOSTA PLANO URBANO JARAGUร

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Imagem 05: Recorte proposta Plano Urbano Jaraguรก, acervo prรณprio


Em algumas culturas indígenas, a formação das aldeias é realizada através de um processo onde uma pequena clareira é aberta e todas as árvores de grande porta são cortadas para que não caiam sobre as casas no futuro e, a partir dessa clareira a aldeia é inserida, setorizando a área das casas das famílias, do plantio, das praças e construções de uso coletivo.

escolha do local de implantação

Como metodologia de aproximação da área de estudo, a intervenção foi estabelecida a partir de um recorte considerado uma amostra do Jaraguá, por apresentar questões semelhantes às pressões urbanas sobre a paisagem natural, conexão e fragmentação do território. A partir disso, o recorte foi dividido em sete setores, conforme as particularidades de cada trecho. O Setor C é caracterizado pelo uso predominantemente habitacional de baixa e média renda, ocupações irregulares e pela transição entre a área consolidada do distrito e uma grande área verde. Como proposta, a implantação da Av. Guarani e do Parque e Reserva Guarani visam conectar o território transversalmente - vencendo as barreiras físicas, conter a expansão urbana sobre áreas de proteção ambiental e áreas de risco e fortalecer os sistema de áreas livres do distrito. A partir desse contexto, o Setor C revela um potencial para projetos de valorização e conservação do meio ambiente, juntamente com o resgate da cultura indígena, uma vez que relaciona-se diretamente com a preservação da natureza e seu ecossistema. Dessa forma, a escolha do local de implantação do Museu das Nações Indígenas se dá dentro do Parque Guarani, fortalecendo as questões de proteção aos recursos naturais e a contenção da expansão urbana, comportando-se como transição entre os momentos urbano e de paisagem natural. Devido ao fácil acesso pela Av. Guarani e a partir das novas linhas de ônibus que por ali passam, o museu tornase um importante equipamento do distrito, uma vez que associa atividades de âmbito cultural, espaço coletivo e público, áreas livres e de permanência.

Imagem 06: Croqui “Formação de aldeias”, acervo próprio

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A partir das características de implantação das aldeias indígenas e das questões relacionadas ao Plano Urbanístico, a localização do projeto foi definida em uma clareira da mata atlântica, remetendo à forma de ocupação dos indígenas e, também, por uma questão de minimizar a intensidade da intervenção do terreno, considerando a existência da vegetação nativa e importantes recursos hídricos no entorno.


cultura indígena Yanomami:

“NHANDEREKÓ: Nhanderekó é como nós, guarani mbyá, chamamos o que o juruá chama de cultura, mas nhanderekó para nós é mais do que isso. É todo o nosso modo de ser, o nosso modo de viver, o jeito como nós educamos nossos filhos e nossas filhas, como enxergamos o mundo, como nos relacionamos com a nossa espiritualidade. É impossível para o juruá entender o que é nhanderekó, porque somente vivendo é que se compreende o que ele é. Mas nós queremos que juruá aprenda mais sobre a nossa cultura - sobre o nhanderekó - para que diminua o preconceito que eles têm” (Comissão Guarani YVYRUPA)

Única construção, conformando uma praça aberta central, onde ocorrem os trabalhos, cerimônias e danças, e um círculo completo formado por quartos. Possui apenas uma entrada, de forma a controlar o acesso, fortalecendo a segurança contra invasores.

relação com a natureza O modo de vida indígena é tradicionalmente integrado aos ecossistemas florestais, através de um manejo sustentável (coleta, alimentação, medicamento, construção), ou seja, respeitando a capacidade de suporte do ambiente, de forma a recuperar e conservar a biodiversidade. O entrelaçamento entre cultura e ambiente, através de uma relação viva entre seus saberes e a natureza como um todo, valorizando a conexão da ecologia e da espiritualidade.

organização espacial As formas de organização das aldeias indígenas variam de um povo para o outro, podendo ser em forma de ferradura, circular, em rede ou em única habitação coletiva. Sendo mais comum, dentro da cultura indígena de modo geral, as aldeias constituídas por várias construções, de forma que as casas se dispõem em torno de uma praça, onde ocorrem os trabalhos, cerimônias e danças, podendo ocorrer no interior de uma grande maloca ou em uma área externa circular ou quadrada. 10

Imagem 07: Aldeia indígena Yanomani, acervo próprio


Tirió:

Boróro:

A aldeia é implantada na parte mais alta do terreno, nas proximidades de um curso d’ água, cercada, em um primeiro momento, por uma horta, seguindo pela floresta.

Diversas construções, as casas familiares são distribuídas em uma circunferência definida a partir de uma grande cabana retangular, definida como casa dos homens, sala de cerimônia e dormitório para os solteiros.

Imagem 08: Aldeia indígena Tirió, acervo próprio

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Imagem 09: Aldeia indígena Boróro, acervo próprio


medicina tradicional Guarani:

Nas aldeias indígenas, de forma geral, os responsáveis pelo tratamento e cura de doenças são os curandeiros, pajés ou xamãs. Além da crença indígena sobre os poderes espirituais que auxiliam na cura ou na causa das doenças, há também o tratamento de dores e doenças através da medicina indígena. A medicina indígena se dá através do uso de ervas e plantas, cultivadas na mata, uma vez que a cultura indígena é rica em conhecimento sobre o potencial medicinal da natureza, sobre a função das espécies e a forma adequada de tratamento. Segundo a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), o conhecimento indígena sobre as plantas contribui tanto para a cura de diversas doenças, dores e sintomas, quanto para a caça e pesca através da produção de venenos, na fabricação de tecidos e objetos e outros elementos.

Construções simples e de duas águas, dispostas em forma de rede, conectadas por caminhos e cercadas por roçados, de forma que a disposição das casas seja ao redor de uma praça, tendo o destaque de uma construção de maior porte, classificada como Opy (Casa de Reza), o elemento essencial de uma aldeia guarani, por ser a casa de oração, celebração e conexão espiritual, centro de cura e escola tradicional Guarani.

Imagem 10: Aldeia indígena guarani, acervo próprio

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tempo, espaço e astronomia

arte, grafismo e artesanato

Os indígenas utilizavam dos seus conhecimentos astronômicos empíricos na organização social e condutas do cotidiano, como por exemplo, para planejar seus rituais, definição dos códigos morais, ordenar atividades anuais correlacionadas aos ciclos da fauna e flora do local. Além disso, a leitura da posição do sol, lua e estrelas ordenava o cotidiano indígena e também as viagens. As fases da lua, por exemplo, eram utilizadas para a definição do melhor período para realizar as plantações e colheitas, caça e pesca. Para os indígenas, o espaço não possui fronteiras políticas, dada a importância da mobilidade, enquanto que o tempo relaciona-se diretamente com a natureza, os ciclos estacionais e lunares. Portanto, o tempo e o espaço estão relacionados, uma vez que a mobilidade se dá em função às estações e aos ciclos naturais, na busca de alimentos e elementos naturais, de acordo com a sua disponibilidade em cada momento e localização geográfica.

Os indígenas utilizam da cultura material para transmitir mensagens, visões de mundo, comportamentos, valores tradicionais e identidade, através do grafismo, seja na pintura corporal ou no artesanato, tanto nos objetos ritualísticos quanto nos de uso doméstico. Segundo os guaranis, os desenhos feitos nos artesanatos são classificados em:

YPARÁ: significados mitológicos, simbólicos e sagrados.

TA`ANGA: significados físicos e estéticos. Dessa forma, o grafismo vai além da decoração, possui a função de informar a história, cultura, religião, ritos e mitos indígenas. Os símbolos que tiveram significados sagrados aos ancestrais não se modificam, porém podem recebem reproduções ou recriações, de forma a manter os valores tradicionais. Concebidos a partir da análise da natureza, os desenhos guaranis básicos são: Ypara Korá: representado por formas geométricas encontradas nas cobras;

Ypara Jaxá: representa as correntes através de linhas retas;

Ypara Ixy: representa o movimento das cobras através da forma de zigue-zague. A partir dessas referências, as artesãs, muitas vezes, criam novos padrões: borboleta, coração, arredondado, circular, reto, fileira dobrada, torcido em forma de S, desenho da pele das cobras e novos desenhos a partir da criação de outras aldeias.

Imagem 11: Croqui “fases da lua”, acervo próprio

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referências projetuais programa de necessidades Devido ao contexto do projeto, viu-se a necessidade de estudar não somente referências tectônicas, mas também os mais diversos programas existentes dentro da temática de um museu. As premissas do projeto em questão visam a interatividade do usuário, tanto nas questões de expressão artísitica e na manifestação cultural quanto no aprenizado, visando uma nova forma de museu, associando a educação sobre a cultura, arte e conhecimento indígena com as experiências sensoriais junto à natureza e ao programa de um parque, focando no uso público e coletivo. Imagem 12: Projeto Peggy Notebaert Nature Museum, fonte:

http://cpplunkett.photos/wp-content/uploads/2014/05/peggy-notebaert-nature-museum-north-pond-lincoln-park-spring-chicago-043014-16x9-watermark-800.jpg

Peggy notebaert nature museum Museu da Natureza da Academia de Ciência de Chicago Localização: Ilinois, Chicago (Lincoln Park) Ano: Fundado em 1857, passando por modificações até 1999.

O projeto tem como premissa a conexão autêntica com a fauna e a flora dentro da área urbana, de forma que os visitantes pudessem vivenciar experiências visuais, sonoras e olfativas juntamente com o mundo natural. O edifício comunica-se com o meio ambiente natural através de faces translúcidas, respeitando a paisagem e o terreno a partir de seu gabarito e a forma como é encaixado na topografia. RESERVA TÉCNICA: formado a partir de artefatos culturais, fotografias, áudio visual, manuscritos, publicações, fósseis, animais e plantas (botânica); INSTITUCIONAL: formado por laborátorios, voltados à ciência educativa, pesquisa científica e ciência social; EXPOSIÇÃO E ATIVIDADES: galerias para exibição e atividades temáticas que envolvem os visitantes de diversas faixas etárias. 14

Imagem 13: Projeto Peggy Notebaert Nature Museum, fonte: http://www.greenroofs.com/wp-content/uploads/2018/09/peggy_notebaert9.jpg


Museu do índio, funai

tomaquag musem Localização: Estados Unidos Ano: Fundado em 1958, passando por modificações até 1997. Fundadores: Mary E. Glasko (indígena) e Eva Butler (antropóloga)

Localização: Rio de Janeiro, Brasil. Ano: 1953

O museu Tomaquag tem como objetivo contar a história local a partir da perspectiva indígena, trazendo conhecimento sobre a cultura e a arte indígena. A partir disso, são realizadas atividades, como dança tradicional, jogos e passeios guiados pela natureza, mostrando os tipos de planta e seus respectivos usos dentro da cultura indígena, seja na construção, alimentação, medicina ou confecção de objetos. A fim de dar suporte às comunidades indígenas, o museu conta com a venda de arte e produções indígenas, onde o dinheiro é direcionado ao auxílio dos povos indígenas. Além disso, há uma rede de capacitação indígena, em que acontece uma troca cultural e educacional mútua entre os indígenas e a comunidade urbanizada, com o objetivo de inserir o índio na cidade.

O Museu do Índio tem como objetivo conscientizar sobre a contemporaneidade e a importância das culturas indígenas a partir da preservação e promoção do patrimônio cultural do povos indígenas através de pesquisa, documentação, divulgação, exposições, mostras e palestras, cursos de curta duração e comercialização de peças produzidas pelos indígenas. RESERVA TÉCNICA: acervo composto por fotos, filmes, vídeos, áudios*, peças etnográficas, publicações nacionais e estrangeiras (etnologia); *a maioria dos documentos audiovisuais é produzida pelos próprios indígenas

EXPOSIÇÃO: ambientes diversos que abrigam exposições de diferentes origens e formato (fotografia, organizadas pelo museu, em parceria com os prórprios indígenas, conforme o percurso da rua até o acesso do museu, instalações em um jardim e auditório); LOJA DO ÍNDIO E ARTE: comercialização do artesanato produzido pelas comunidades indígenas, incentivo à preservação dos padrões da cultura material e garantir uma fonte de recursos sustentáveis para os povos indígenas; ADMINISTRATIVA: Coordenação de Patrimônio Cultural, Técnico Científica, de Divulgação Científica e de Administração, Serviço de Atividades Culturais; O Museu do Índio é visto como referências para pesquisadores e interessados na questão indígenas por investir na preservação do conhecimento dos povos indígenas, pesquisar sobre as populações indígenas e promover o patrimônio cultural desses povos; contribuindo no avanço para o campo museu etnográfico brasileiro. 15

Imagem 14: Tomaquag Museum fonte: https://cpb-us-w2.wpmucdn.com/campuspress.yale.edu/dist/b/209/files/2015/04/1388779848048-29419c9.jpeg


modulação e uso de retículas hex-sys Localização: Guangzhou, China Ano: 2015 Escritório: Open Architecture Área: 680m²

A proposta desse projeto é a criação de um protótipo de um edifício flexível e reutilizável a partir de um sistema de construção que pode ser montado e desmontado rapidamente e facilmente adaptado para múltiplas funções. Seu sistema foi inspirado em um antigo sistema chinês de construção em madeira (que poderia ser desmontado e reconstruído com reduzidos danos), juntamente ao sistema modular de construção. A partir disso, foram criadas células hexagonais que sintetizam os sistemas arquitetônicos, estruturais e mecânicos a partir das regras geométricas da forma hexagonal, dentro de uma tecnologia industrial e sustentável.

Imagem 16: Projeto HEX-SYS, fonte: https://www.archdaily.com.br/br/793306/hex-sys-open-architecture

Imagem 17: Esquema estrutura projeto HEX-SYS, fonte: https://www.archdaily.com.br/br/793306/hex-sys-open-architecture

A forma côncava da cobertura, sistematizada a um pilar central, permite o armazenamento da água da chuva e seu reuso, previsto, no projeto, para irrigação das áreas verdes.

Imagem 15: Implantação projeto HEX-SYS, fonte: https://www.archdaily.com.br/br/793306/hex-sys-open-

-architecture

A modulação e o sistema estrutural são resolvidos em um ponto de apoio central, o programa pode ser desenvolvido livremente a partir da composição dos módulos e de um sistema de vedação. 16

Imagem 18: Corte projeto HEX-SYS, fonte: https://www.archdaily.com.br/br/793306/hex-sys-open-architecture


hanna honeycomb house Localização: Califórnia, Estados Unidos Ano: 1935-1937 Arquieto: Frank Lloyd Wright Cliente: Paula Hanna

Imagem 20: Planta projeto Hanna Honeycomb House, fonte: https://en.wikiarquitectura.com/building/ hanna-house-beehive-house/#lg=1&slide=0

Imagem 19: Maquete Hanna Honeycomb House, fonte: https://en.wikiarquitectura.com/building/hanna-house-beehive-house/#lg=1&slide=3

Considerada como uma “Casa Usoniana”, a Casa Hanna é o primeiro projeto de Frank L. W. utilizando da geometria hexagonal, conformando um espaço contínuo e fluído, ainda na busca de um design orgânico. Wright utilizava de retículas de 90°, 60° e radiais, porém, no caso da utilização da malha de 60°, como é o caso do projeto citado, o ângulo de 90° era diluído para 120°, de forma a facilitar a circulação e os fluxos, uma vez que não criaria quinas ao utilizar desses ângulos. As formas resultantes dessa malha são os triângulos, losangos e hexágonos, sendo, dessa forma, os definidores da organização espacial e da ordenação construtiva. A forma final da arquitetura pode ser ajustada em função das necessidades, porém apresentam um contorno contido na matriz reguladora, ou seja, da mesma forma que o uso de retículas e modulação organiza o espaço e dá fluidez ao ambiente, também limita sua forma.

Imagem 21: Projeto Hanna Honeycomb House, fonte: https://1sd06y38jhbh1xhqve6fqmc1-wpengine.

17 netdna-ssl.com/wp-content/uploads/2017/02/Hanna-House-exterior-1440x640.jpg


transição cidade-natureza jerusalem museum of nature & science Localização: Jerusalém Escritório: MYS Architecture Cliente: Cidade de Jerusalém, Universidade Hebraica de Jerusalém Concurso: Segundo lugar no concurso para o Museu da Natureza e da Ciência (2012)

O projeto está inserido em uma área de grande interesse público devido à proximidade de grandes equipamentos públicos, apesar da fragmentação do território por conta da topografia e da falta de conexões urbanas. O partido do Museu da Natureza e da Ciência de Jerusalém é gerado pela força interna do edifício (circulação e programa) e pelas forças urbanas externas (contexto, topografia e acessibilidade direta dos pedestres).

Imagem 23: Implantações projeto Jerusalem Museum of Nature and Science, fonte: https:// www.archdaily.com/314808/jerusalem-museum-of-nature-science-second-prize-winning-proposal-mys-architects

Imagem 22: Projeto Jerusalem Museum of Nature and Science, fonte:

com/314808/jerusalem-museum-of-nature-science-second-prize-winning-proposal-mys-architects

https://www.archdaily.

O edifício possui uma fachada natural e uma urbana, por fazer a transição entre esses dois contextos opostos, a distribuição de seu programa visa a criação de espaços contínuos para as exposições internas e criação de novos locais públicos no exterior, a fim de fortalecer a conexão do museu com a cidade.

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Imagem 24: Corte BB projeto Jerusalem Museum of Nature and Science, fonte:

archdaily.com/314808/jerusalem-museum-of-nature-science-second-prize-winning-proposal-mys-architects

https://www.


espaços coletivos e livres Our Lady Of the southern cross primary school Localização: Austrália Ano: 2014 Escritório: Baldasso Cortese Architectes Cliente: Our Lady of the Southern Cross Primary School/Catholic Education Office

O partido do projeto é fundamentado na construção de diferentes espaços de aprendizado, buscando diferenciar das aulas formais. Os espaços são formados por diferentes composições de mesas e bancadas, valorizando o trabalho em equipe, porém, ao mesmo tempo, permitindo experimentos individuais através de diferentes alturas de bancadas. Ao mesmo tempo que o espaço é integrado, os ambientes possuem certa independência a partir do fluxo interno, vedações e o espaço elevado. Em alguns casos, como as salas de conferências, os ambientes são mais reservadas e contam com a utilização de materiais de isolamento acústico.

Imagem 26: Corte projeto Our Lady the Southern Cross Primary School, fonte: archdaily.com.br/br/778049/escola-basica-nossa-senhora-da-cruz-do-sul-baldasso-cortese-architects

Imagem 27: Projeto Our Lady the Southern Cross Primary School, fonte:

https://www.archdaily.

Imagem 28: Projeto Our Lady the Southern Cross Primary School, fonte:

https://www.archdaily.

com.br/br/778049/escola-basica-nossa-senhora-da-cruz-do-sul-baldasso-cortese-architects

Imagem 25: Planta projeto Our Lady the Southern Cross Primary School, fonte: archdaily.com.br/br/778049/escola-basica-nossa-senhora-da-cruz-do-sul-baldasso-cortese-architects

com.br/br/778049/escola-basica-nossa-senhora-da-cruz-do-sul-baldasso-cortese-architects

https://www.

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https://www.


relações matemáticas e geométricas tecelagem em origami

A técnica de tecelagem em origami teve início com o designer e matemático Ron Resch, sendo o primeiro a explorar o potencial arquitetônico das estruturas de tecelagem 3D na década de 60-70. Com os recursos tecnológicos, essa técnica pôde ser aprofundada, aumentando as possibilidades e expandindo sua aplicação em diversas áreas, não somente no campo da arte e origami, mas também no campo da construção civil, sistemas estruturais e estética arquitetônica.

Imagem 30: Tecelagem de origami, fonte:https://arkinetblog.files.wordpress.com/2009/11/ rr-2.jpg?w=600&h=416

Imagem 29: Escultura ge/50146307414

de

origami,

fonte:http://lameteodujour.tumblr.com/ima-

20

Imagem 31: Tecelagem de origami 2, fonte:https://arkinetblog.files.wordpress.com/2009/11/ rr-2.jpg?w=600&h=416


parametrização e teorema de triangulação de delaunay

As tecnologias utilizadas para a criação dessas formas são digitais e possuem diversas formas de serem concebidas: - Diretamente através dos softwares de modelagem 3d (SketchUp, Rhinoceros, 3D Max, Maya, Blender, etc); - Quando modelado diretamente nos softwares 3D, a modelagem pode passar por um software de planificação (sendo o mais usual, o Pepakura), viabilizando a construção de modelos físicos; - Ou a partir de softwares que trabalhem com a parametrização, permitindo a criação de sistemas através de relações matemáticas e fórmulas (Plugin Grasshopper, do software Rhinoceros). Imagem 33: Maquete cobertura geometrizada, fonte: https://66.media.tumblr.com/922f6d282b20a406c84cc0b43d472063/tumblr_o568e71ebe1s0o6ifo1_1280.jpg

Autor: Dm Design

A cobertura concebida nesse projeto decerto utilizou das ferramentas de parametricação e geometrização nos softwares de modelagem. A partir dessa aplicação de técnicas, o elemento arquitetônico possui movimentação, trazendo experiências sensoriais ao usuário conforme o percurso devido a diferença de pé direito gerada pela geometria da cobertura, esbeltez e uma dinânima entre as diferentes superfícies, ora sendo vazada e ora cheia, permitindo iluminação e ventilação natural e, até mesmo, podendo ser usada como detalhe paisagístico, uma vez que a face vazada permite a passagem das águas pluviais, potencializando canteiros e jardins em localizações estratégicas. O desenho treliçado do pilar também traz o característica de esbeltez e permite a continuidade visual do espaço, trazendo diferentes experiências e sensações ao usuários de acordo com qual pavimento este se encontra, devido à variabilidade das dimensões e composição geométrica na forma do elemento arquitetônico. Imagem 32: Estrutura parametrizada 2, fonte: https://explodebreps.files.wordpress. com/2013/06/3a_2_x.jpg

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o projeto cenário atual Conforme as pesquisas realizadas durante o processo da elaboração do Plano Urbano do Jaraguá, foi dado o conhecimento sobre a existência de três sítios arqueológicos na região (Sítio Jaraguá I, II e Olaria II), onde foram encontrados cerca de mil e quinhentas peças do período pré-colonial, classificados como artefatos arqueológicos, fortalecendo a discussão arqueológica sobre a existência de povos indígenas pertencentes ao tronco linguístico Macro-Jê na região desde antes a colonização do Brasil. Segundo a teoria das instituições de pesquisa antropológica e arqueológica, os povos indígenas macro-jê (constituídos pelos povos boróros e umatinas) viviam na região antes da chegada dos povos tupi-guarani, que os expulsaram e se instalaram na região do Jaraguá, antes mesmo da chegada dos europeus. O trabalho de análise dos artefatos arqueológicos foi financiado pela empresa “Desenvolvimento Rodoviário S/A” (DERSA), na organização “Documento Antropologia e Arqueologia” (DAA). Entretanto, devido à falta de uma instituição local que pudesse abrigar as peças, o acervo foi transferido e está disponível para pesquisa na sede da Fundação Cultural de Jacarehy, no Núcleo de Arqueologia, na cidade de Jacareí, em São Paulo.

Imagem 34: Artefatos arqueológicos do Jaragupá no núcleo de arqueologia de Jacareí, fonte: acervo próprio

Em se tratando de questões mais atuais, a partir do contato direto com os moradores do Jaraguá, foi possível compreender algumas características dos habitantes da região que tornam o Jaraguá mais rico em questão de diversidade cultural e manifestação popular. A partir disso, as diretrizes do projeto foram enriquecidas e pensadas em prol dessa população, sua força e presença perante o território. Há uma forte presença de resistências e coletivos no território, incorporando a causa indígena, o movimento negro, regionalista, da comunidade LGBTQ+ e de moradia, além das resistências em prol da educação pública, os coletivos culturais e também a batalha de MC’s, que expõe as questões culturais e populares através da música. A existência e atividade dessas resistências mostram a luta e esperança das minorias sobre um Estado de opressão e desvalorização. A busca pela valorização da cultura indígena se dá através de atos mais fortes, como a manifestação pública, na retomada e instalação em territórios privados; como também ocorre através da divulgação e realização de eventos e palestras de organização independente, que buscam a conscientização e apoio dos demais cidadãos. A causa indígena é fortalecida através de uma produção midiática independente, constituída por documentários, filmes, vídeos, fotografias e livros, além da produção de objetos de uso pessoal e artesanatos, que são vendidos e divulgados a fim de trazer conhecimento e valorização sobre a cultura indígena, sua existência e luta, além de trazer uma renda adicional aos povos indígenas.

Imagem 35: Arte festival guarani de cultura e arte, fonte: 22 https://www.facebook.com/events/164931190876927/


premissas

VOCÊ PARTICIPA DE ALGUMA DESSAS RESISTÊNCIAS?

A partir das questões citadas anteriormente, as principais premissas definidas no projeto do Museu das Nações Indígena são: • Re(conhecimento) da história e cultura do povo nativo da região do Jaraguá; • Troca cultural e educacional mútua entre os indígenas e a comunidade urbanizada; • Conexão autêntica da fauna e flora dentro da área urbana, onde os usuários possam vivenciar experiências sensoriais, trazendo a natureza ao cotidiano, de forma a apreciar a paisagem natural e trazer experiências sensoriais junto com a natureza; • Centro de Pesquisa Técnico Científico de etnografia, antropologia e arqueologia, visando a realocação dos artefatos arqueológicos pré-coloniais de volta ao seu local de origem; • Valorização das diversas etnias indígenas e demais culturas presentes no território;

Imagem 36: Gráfico “Você participa de alguma dessas resistências?”, fonte: acervo próprio

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PARTIDO ARQUITETÔNICO Com base em uma arquitetura racional, que leva em consideração a geografia do local, o projeto se desenvolve através de um ensaio da topografia, de forma a completar a paisagem natural, encaixando-se no terreno. Juntamente a isso, o partido arquitetônico é baseado, também, nas formas de utilização do espaço segundo a cultura indígena, ou seja, os espaços livres e amplos das aldeias são voltados para o uso coletivo dos membros da aldeia. Dessa forma, o projeto visa um sistemas de espaços livres e de uso público e coletivo, realizando, assim, a demanda considerada pelos moradores do Jaraguá: mais espaços de uso coletivo, de permanência e cárater cultural.

Levando em consideração a topografia existente, o projeto foi concebido de forma a respeitar a paisagem e suas propriedades, de forma que a volumetria arquitetônica não sobressaísse sobre os elementos naturais presentes no território, ao mesmo tempo que sua implantação valorize e potencialize a apreciação dessa paisagem, através de percursos e de um mirante na cota mais alta do terreno natural.

Imagem 38: Croqui “Cenários projetuais”, fonte: acervo próprio Imagem 37: Croqui “Essência do projeto”, fonte: acervo próprio

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A partir da continuidade visual nos eixos horizontais e verticais, o programa torna-se uma unidade, potencializando as relações entre edifício, percurso e terreno. A poética do projeto também consiste na utilização de elementos arquitetônicos que remetam a cultura indígena, a natureza e sua diversidade, através da plasticidade, design de superfície e percursos associados às experiências sensitivas do usuário junto à natureza.


processo criativo Com o partido arquitetônico fundamentado no ensaio da topografia, o estudo preliminar do projeto teve início com a análise das curvas de nível em relação ao acesso do terreno. Dessa forma, o projeto foi pensado ao longo de uma linha que conecta os dois acessos pela Av. Guarani. A partir da linha, o projeto arquitetônico atribui clareza espacial mediante a indução dos fluxos, tornando-se prático e convidativo devido o sistema criado pelo percurso e os usos definidos no programa de necessidades.

A linha é então definida como o eixo estrutural do projeto, de forma que o programa se desenvolve em sua extensão, como uma fita, bifurcando horizontalmente, através de passarelas, e verticalmente, através dos pavimentos e hierarquia dos usos.

Acesso pela Av. Guarani

Acesso pela Av. Guarani

Imagem 39: Croqui “Linha”, fonte: acervo próprio

Imagem 40: Croqui “Cenários projetuais 2”, fonte: acervo próprio

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metodologia projetual O dimensionamento do programa e sua organização espacial foram auxiliados através do uso de uma retícula de 60°, permitindo a modulação e criação de formas compostas, utilizando o hexágono como a principal forma do projeto. A forma do hexágono foi definida a partir da referência de um grafismo indígena xinguano.

Frank Lloyd Wright utilizava das retículas na concepção de seus projetos, por permitir a criação de espaços contínuos e fluidos, a ordenação construtiva e, também, a definição da organização espacial, uma vez que o uso de retículas possui uma matriz reguladora. Assim como Wright, Louis Kahn também utilizava de retículas para a concepção de seus projetos, segundo ele, o uso de retículas complexas e subdivisíveis possibilita conexões e confere uma unidade espacial, além da utilização de estruturas independentes, que possibilitam a planta livre, de forma a viabilizar uma livre organização de plantas horizontais e verticais, potencializando a continuidade visual do projeto. Incorporando, também, os dizeres de Eduardo de Almeida, de que o uso de retículas organiza o programa seguindo uma separação dos usos, articulados pela circulação.

Imagem 41:Grafismo indígena, fonte: http://www.achabrasilia.com/moitara/

Imagem 42: Retícula, fonte: acervo próprio

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programa Um museu é uma instituição de resgate da memória, de uma história passível de ser contata. A partir disso, as funções de um museu consistem em colecionar, reconhecer, ordenar, classificar, pesquisar e realizar a manutenção e restauração do acervo. A trajetória da definição dos museus caminhou de exposições de obras de artes, históricas ou científicas para instituições que organizam exposições especiais e monográficas, além do desenvolvimento de atividades relacionadas ao conteúdo exposto, complementadas por bibliotecas e centros de investigação e, na contemporaneidade, as concepções museológicas e museográficas consistem em que um museu deve mostrar a ligação histórica formada entre o passado arqueológico com a atualidade, onde o visitante interpreta o conteúdo exposto a partir da sua relação com o espaço, de forma que os museus possuam uma base ideológica expressa na seleção do acervo, sua estrutura institucional e organização (BAUER, 2014).

Museologia: É a ciência do museu, especialmente ao que se refere na organização e funcionamento desse. Museografia: É a parte prática da museologia, definida pela relação EDIFÍCIO – PÚBLICO – OBJETO, ou seja, a relação entre o conteúdo exposto, o espaço onde estão inseridos e a construção da narrativa, conceito e contexto que criam entre si. Funcionando como um instrumento de educação, cultura e informação. Expografia: Capacidade de lidar com o espaço e com a forma de exposição: experiência sensorial, interativa e criativa.

Área do terreno: aproximadamente 11.000m²

A partir disso, o programa é definido por um conjunto de usos, setorizado em: - Doca (250m²): Responsável pela carga e descarga geral do projeto, manutenção e serviços; - Museu (2000m²): Formada pelo setor administrativo, constituído pela central de controle e área administrativa da instituição, laboratórios de pesquisa técnico-científica, conservação e restauro do acervo, reserva técnica (acervo: objetos e esculturas indígenas, fotografias, grafismo, representação artística, produção audio visual e artefatos arqueólogicos do Jaraguá) e área expositiva associada aos espaços de circulação e permanência do parque natural; - Interatividade e Educação (2000m²): E s p a ç o s multifuncionais e ateliês (voltados para aprendizagem de técnicas, tradições e expressões artísticas indígenas tradicionais e contemporâneas, abrindo espaço para o conhecimento de outras culturas), laboratório de fitoterapia (estudo e manuseio das ervas e plantas medicinais), biblioteca (acervo voltado para pesquisa e conhecimento sobre as culturas indígenas e demais culturas presentes na região - produção literária sobre religião, cultura, mitos, tradição e de âmbito científico nas áreas de astronomia, astrologia, arqueologia, antropologia, sociologia, etnografia e grafismo; filmes, vídeos, documentários, desenhos e gravuras) e observatório natural (com atividades esporádicas sobre ensinamento de astronomia e astrologia). Portanto, usos voltados para a realização de atividades coletivas com temática cultural e artística, visando o conhecimento sobre as culturas e técnicas indígenas e demais culturas locais; - Parque Natural (5000m²): Constituído por áreas coletivas, de permanência e experiências sensoriais juntamente com a natureza, possibilitando a observação, apreciação e valorização do ambiente natural. - Apoio (175m²): Áreas voltadas para comércio e serviço (constituídas por espaços gastronômicos - bares, lanchonetes e restaurantes, e de incentivo às culturas presentes e movimentos de resistência indígenas, quilombolas, regionalistas, movimento artístico e musical, de moradia e LGBTQ+, através de lojas que permitem a venda da 27 produção independente desses grupos e movimentos).


desenhos técnicos IMPLANTAÇÃO NÍVEL 915

1- Mirante (80m²)

Imagem 43: Implantação nível 915, fonte: acervo próprio

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IMPLANTAÇÃO NÍVEL 910

1- Ponto de ônibus 2- Palco multifuncional (100m²) 3- Área expositiva (900m²) 4- Sanitários (24m²) 5- Espaços comerciais e de serviço (40m²) 6- Carga e descarga + Kiss and Ride

Imagem 44: Implantação nível 910, fonte: acervo próprio

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IMPLANTAÇÃO NÍVEL 906

1- Observatório (85m², aproximadamente 90 lugares) 2- Horta medicinal (950m²) 3- Laboratório de fitoterapia (115m²) 4- Laboratório técnico científico (75m²) 5- Laboratório de conservação e restauro (75m²) 6- Carga e descarga (50m²) 7- Identificação, higienização e distribuição (60m²) 8- Depósito geral (25m²) 9- Reserva técnica (130m²) 10- Central de controle (100m²) 11- Recepção (20m²) 12- Administração e armazenamento de documentos (40m²) 13- Sanitários (40m²) 14- Palco multifuncional (65m²) 15- Área expositiva (350m²) 16- Ateliê livre e de estudos (80m²) 17- Ateliês (interatividade e educação) - 160m² configuração de 4 ateliês (40m²/cada) configuração de 2 ateliês (80m²/cada) 18- Sanitários (30m²) 19- Biblioteca (250m²) 20- Espaços comerciais e de serviço (135m²) 21- Sanitários (24m²)

Imagem 45: Implantação nível 906, fonte: acervo próprio

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corte bb

Imagem 47: Corte BB, fonte: acervo prรณprio

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corte aa

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Imagem 46: Corte AA, fonte: acervo prรณprio Imagem 47: Corte BB, fonte: acervo prรณprio

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sistema estrutural O sistema estrutural foi concebido a partir da lógica geométrica da retícula utilizada, tendo formas triangulares e hexagonais, composta por uma estrutura mista: pilares circulares de concreto e vigas metálicas, que recebem lajes de concreto em forma de triângulo equilátero. Em alguns pilares, conforme a posição da cobertura, há a transição entre a estrutura de concreto (entre os níveis 906-910) para a de estrutura metálica (a partir do nível 910). Apesar da modulação da cobertura, os pilares possuem variação de altura para simular a heterogeneidade da natureza, uma vez que a cobertura remete às copas das árvores. A escolha da estrutura metálica é justificada conforme cada situação do projeto: para as vigas, sua intenção é o destaque no espaço, uma vez que o pavimento 906 é conformado por laje e pilares de concreto, de forma a mostrar a modulação e a geometria triangular ao usuário; no caso das coberturas, a estrutura metálica foi escolhida por possuir um sistema semelhante ao da madeira, remetendo às técnicas construtivas da cultura indígena e à natureza, porém com um caráter mais contemporâneo ao das novas tecnologias construtivas, uma vez que permite a criação de peças de conexão industriais que possibilitam a concepção de estruturas em diversas formas geométricas, ao mesmo tempo que confere esbeltez dado as propriedades e resistência do material.

As peças de conexão entre os elementos estruturais seguem o mesmo padrão do Fabricante NOVUM, a partir do modelo BK System (Block Knotem): sistema de estrutura espacial que utiliza nós sólidos usinados e vigas de seções ocas soldadas; de forma que as vigas do sistema estrutural encaixam nas vigas ocas da peça de conexão, sendo fixadas em seguida. As principais relações entre os elementos estruturais presentes no projeto são de PILAR-VIGA e VIGA-VIGA. Para cada caso foi desenhada uma peça de conexão de acordo com as particularidades em questão, porém seguindo a mesma lógica.

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conexão viga - viga

conexão viga - pilar

peça de conexão

peça de conexão

Imagem 48: Conector viga-viga peça, fonte: acervo próprio

Imagem 50: Conector viga-pilar peça, fonte: acervo próprio

relação entre elementos estruturais e peças de conexão

relação entre elementos estruturais e peças de conexão

Imagem 49: Conector viga-viga contexto, fonte: acervo próprio

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Imagem 51: Conector viga-pilar contexto, fonte: acervo próprio


elementos arquitetônicos cobogó Ao observar o desenho do grafismo xinguano, definidor da modulação hexagonal e da angulação da retícula utilizada no projeto, foi possível notar as proporções e linhas geométricas contidas no desenho e, assim, desenvolver um cobogó que também seguisse o conceito de módulo a partir da divisão do padrão, de forma que a composição entre as peças formasse um desenho baseado no grafismo original. A partir da adaptação do grafismo indígena para os elementos construtivos, o mesmo desenho poderia ser adaptado para outros materiais a partir de outras técnicas construtivas, como por exemplo, em chapas de aço corten através do corte a plasma, podendo funcionar como brise, guarda corpo e separador de ambientes. O uso desses elementos no projeto fortalece a premissa de trazer elementos da cultura indígena na arquitetura, de forma que tenham um uso prático, além do design de superfície. O que antes definia o grafismo a partir das cores, no projeto arquitetônico, cria relações de cheio e vazio, controlando o acesso da luz natural e ventilação. O jogo da luz e sombra resultantes dos cheios e vazios dos elementos contruídos trazem movimento e interação ao projeto de arquitetura, formando desenhos de origem indígena no espaço construído.

Imagem 53: Cobogó vista frontal, fonte: acervo próprio

Imagem 54: Cobogó perspectiva, fonte: acervo próprio

Imagem 52: Grafismo indígena, fonte: http://www.achabrasilia.com/moitara/

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cobertura

Devido ao programa de necessidades voltado à cultura indígena e à natureza, as coberturas são vistas como um elemento de valorização, destacando-se por sua forma e estrutura independente, de modo que os edifícios sejam volumes soltos abrigados por essa grande cobertura e, também, permitindo o uso livre e de permanência em áreas cobertas. Buscando em sua forma e estrutura uma linguagem que remeta à própria natureza, tendo como referência as árvores. A partir da análise das árvores, onde o tronco é a estrutura principal que se divide em galhos e que, por sua vez recebem a copa e as folhas, a estrutura da cobertura é constituída um pilar central que se abre em uma geometria triangulada. Assim como as árvores possuem variação entre formas e alturas, a estrutura busca, através das relações geométricas e matemáticas (Teorema de Triangulação de Delaunay), de parametrização e técnicas de origami, atingir essa variação e forma leve, esbelta e com movimento. Seguindo o partido arquitetônico do projeto que se baseia no uso de módulos, a estrutura da cobertura é definida a partir de duas variações geométricas definidas a partir da forma de um hexágono. Dessa forma, a implantação dos módulos da cobertura pode ser alternado tanto em sua geometria quanto em altura, remetendo à diversidade da vegetação natural.

Imagem 55: Relações paramétricas no grasshopper, fonte: acervo próprio

Imagem 56: Vista superior estrutura cobertura, fonte: acervo próprio

Imagem 57: Vista frontal estrutura cobertura, fonte: acervo próprio

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A geometrização da cobertura foi projetada de forma que a inclinação das águas fosse sempre convexa e positiva, ou seja, o caminho da água pluvial é direcionado à extremidade da estrutura, evitando empoçamento da água. A estrutura tubular do hexágono externo funciona como uma calha, recolhendo a água da chuva e evitando que esta caia diretamente na área de praça do projeto. A água pluvia percorre, então, um caminho entre outros elementos tubulares da estrutura, seguindo pelo pilar central até chegar em um reservatório de água abaixo do nível 906, fortalecendo as questões de valorização da natureza e sustentabilidade.

Imagem 58: Planta cobertura, fonte: acervo próprio

Imagem 59: Vista frontal cobertura, fonte: acervo próprio

Imagem 60: Esquema drenagem pluvial cobertura, fonte: acervo próprio

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cenas humanizadas

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Imagem 61: Cena humanizada 1, fonte: acervo prรณprio


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Imagem 62: Cena humanizada 2, fonte: acervo prรณprio


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Imagem 63: Cena humanizada 3, fonte: acervo prรณprio


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Imagem 64: Cena humanizada 4, fonte: acervo prรณprio


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