Perfil Kátia Franzé

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Kátia Franzé é funcionária da Unesp há quase 30 anos. Durante sua carreira passou por diferentes cargos. Começou na Faculdade de Engenharia, passou pela seção de Protocolo, pelo RH trabalhou no Departamento de Educação Física por 8 anos, ficou um ano no SAEPE da Faculdade de Ciências e, atualmente, trabalha como

assistente administrativo na STAEPE

(Seção Técnica de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão), função que exerce há 12 anos. A bauruense é apaixonada por cães desde pequena e encontrou no trabalho uma forma de demonstrar o seu amor pelos bichinhos.


Embora o abandono de animais seja proibido por lei, muitas pessoas abandonam cachorros e, principalmente, gatos pelo campus da Unesp Bauru. Kátia diz que o crime muitas vezes ocorre não só por pessoas de fora da universidade, mas também por professores e alunos. Mas quem alimenta esses animais? De onde vem a verba para isso? Alguns funcionários tiram dinheiro do próprio bolso para comprar ração, castrar e bancar os gastos com veterinário, quando é preciso.

Kátia

e

outros

arrecadam

funcionários

dinheiro

para

o

cuidados dos gatos com um calendário.

Em

outubro

é

discutido o tema e as vendas começam

do

início

do

ano

seguinte. Em 2018 o valor inicial do

foi

de

R$20,

agora

calendário é vendido por R$5.

o


“Quando eu entrei aqui na Unesp, tinha uma senhora, chamada dona Neide, que cuidava de todos os gatos do campus. Eu achava o trabalho muito interessante, mas nunca me imaginei fazendo isso. Porém, uma vez eu peguei uma cachorrinha daqui que estava grávida, deu cria a 7 filhotes e eu precisava doá-los. Foi nesse período que eu conheci a Renata, que trabalha no RH da Faac e também ajuda a cuidar dos gatinhos. Ela foi em casa para fotografar os cãezinhos e anunciar a doação, me contou um pouco sobre o trabalho de cuidar dos gatinhos, fiquei encantada e foi aí que eu pensei: ‘vou ajudar essa moça!’. Comecei a ajudá-la esporadicamente e até hoje nós desenvolvemos esse trabalho”.


Para facilitar o cuidado com os gatos, os funcionários da Unesp têm um grupo onde combinam quem irá tratar dos animais no final de semana. O grupo também é utilizado para discutir medidas que protejam os felinos de maus tratos, ataques de cães e para compartilhar informações de lares dispostos a darem amor aos pequenos.

Durante os dias da semana, cada cuidador é responsável por tratar dos gatos da sua área. Kátia, cuida da Amoreco, que é toda dengosa.


Até mesmo na correria do dia a dia, atendendo telefonemas no STAEPE e tentando se organizar com as dezenas de papéis em sua mesa, é visível o amor de Katia pelos animais. Ao seu lado, há uma cadeira com caminha de gato e potes com ração e água. A gatinha que fica ao seu lado é Miauzinha, que acompanha Kátia desde o início da manhã.

“Se todo mundo soubesse o amor que eles dão para a gente, acho que as pessoas teriam mais gatos em casa. Eles dão muito amor, é impressionante como eles são carinhosos”.



O ambiente de trabalho transparece um “ar felino”, principalmente no caso da caixa de papelão que foi usada para afiar as unhas de um gato. “Isso aqui foi um outro gato que fez, o que ficava aqui antes da Miauzinha”, acrescenta Kátia.

Kátia no corredor em que trabalha


Kátia possui um acervo de fotos dos gatos do campus, inclusive os que foram adotados ou morreram. Dessa forma, os felinos são registrados e têm direito a nome. O carinho de Kátia é semelhante ao de uma mãe olhando para uma certidão de nascimento. A divisão do arquivo é feita em pastas com o nome do setor da universidade em que os gatos “moram”. Os únicos lugares em que os gatos ainda não receberam a devida documentação é no Departamento de Educação Física e na Marcenaria. Isso acontece devido a localização mais isolada, o que acaba facilitando o abandono.

Gatos comendo na Marcenaria


Kátia diz que a medida mais efetiva para ajudar esses animais é a adoção. Ela mesma é dona de oito gatos e dois cachorros, todos retirados da Unesp, e afirma que caso isso não seja possível, sempre se pode auxiliar na arrecadação de ração ou de fundos para ajudar nos gastos.

Ao longo de sua trajetória de resgate de animais no campus, Kátia vivenciou experiências que conta com um sorriso no rosto. Um deles é o caso de um cachorrinho que foi encontrado dentro de um saco de lixo, doente e com sarna. Ela e outros funcionários cuidaram do animalzinho e anunciaram a doação no Facebook. Um casal de jornalistas da região adotou o cãozinho em 2015.

“Esse é o Yuki e, quando o resgatei, ele estava só pele e osso, ardendo em febre. Hoje ele tá grande e essa foto eu recebi algum tempo depois desse casal adotá-lo”.


No dia 15 de abril, um domingo, Kátia foi a voluntária para tratar de todos os gatinhos do campus. Os animais de cada seção receberam a funcionária com miados e carinhos por entre suas pernas. Ela alimentou todos eles, fez carinho, procurou pelos que estavam faltando e se preocupava quando não via um gatinho na área em que costuma ficar. Kátia comenta que para alimentar todos os gatinhos do campus leva cerca de 2 horas e 80 a 100 kg de ração por mês. “A faculdade deve ser agradecida a nós, porque se não fossemos nós esse campus estaria ainda mais lotado de gatos”. Ela e todos os que ajudam de forma voluntária acabam tendo um gasto imenso.


Uma grande preocupação de Kátia é com a continuidade desta importante rotina de cuidados com os felinos da Unesp.

“Um dia eu vou me aposentar e o que eu queria era que alguém ficasse no lugar da gente para continuar esse trabalho. Parece que não, mas é um trabalho que cansa, é gratificante, mas também é cansativo”.


Feito por: Anne Hernandes, Caroline Doms, Fellipe Gualberto, LetĂ­cia Alves e Rafaela Thimoteo


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