Extra 4

Page 1

Bauru, 25 de maio de 2018

3º termo - Jornalismo/FAAC - Unesp

Assembleia dos servidores aprova greve Votações de professores e alunos definem os próximos passos

Por: Caroline Doms e Letícia Alves Foto: Caroline Doms

D

esde abril os servidores técnico-administrativos, docentes e alunos da Unesp Bauru têm realizado paralisações que promovem debates. Os motivos de todas as que foram efetuadas até o momento são os mesmos: reajuste salarial dos servidores e professores e a minuta de sustentabilidade orçamentária e financeira. A minuta propõe uma redução gradual de até 85% dos gastos para garantir um fundo para as despesas futuras. Ela foi apresentada no dia 22 de fevereiro ao Conselho Universitário e gerou grande polêmica, sendo chamada de “Pec do Fim da Unesp”. No último dia 17, o Fórum das Seis, composto por docentes e funcionários da Unesp, USP e Unicamp, realizou uma reunião com o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp). Os funcionários reivindicaram um reajuste salarial de 12,6%, mas o órgão propôs apenas 1,5%, gerando grande descontentamento do Fórum, que considerou a proposta inaceitável. O Sindicato dos Servidores Administrativos da Unicamp (STU), decretou greve no último dia 22, e a Associação dos Docentes da USP, a Adusp, aprovou greve a partir do próximo dia 29. Na última quinta-feira (24), os servidores do campus de Bauru da Unesp votaram a favor do início da greve a partir desta segunda-feira. A assembleia realizada em frente à biblioteca contou com a presença de 75 funcionários, dos quais um votou contra e dois se abstiveram. Jorge Cerigato, funcionário da Faculdade de Engenharia de Bauru e membro do Sindicato dos Trabalhadores da Unesp (Sintu-

Depois da exposição das pautas, servidores técnico-administrativos votaram a favor do início da greve

nesp), aponta que a principal reivindicação dos servidores é o reajuste salarial. “Nós estamos há três anos sem nenhum reajuste, então estamos em busca disso. Foi proposto 1,5%, mas ainda estamos estudando a proposta”. Ainda não há certeza se os docentes e alunos irão aderir à greve. Na próxima segunda-feira (28) haverá assembleia dos professores às 14h, sem local definido até o momento.

"Nós estamos há três anos sem nenhum reajuste" Para Angelo Antonio Abrantes, professor doutor no departamento de Psicologia da Unesp Bauru, a possibilidade de adesão dos docentes à greve é alta, pois a proposta feita pelo Cruesp não

atinge sequer o mínimo exigido e com as variações salariais, um reajuste de 1,5% seria mínimo para alguns. O professor acrescenta que na assembleia haverá argumentações, defesas e, por fim, a votação, sendo assim tudo pode acontecer. Outros problemas que Angelo aponta, além da pauta econômica, são as condições de trabalho dos docentes, que sofrem com o acúmulo de tarefas. Segundo ele, com a falta de contratações e reposições, os professores efetivos se veem impossibilitados de realizarem um trabalho de total qualidade na graduação, ensino e extensão. Os discentes, por sua vez, decidirão a respeito da greve na terça-feira (29). A terceira assembleia geral estudantil, com pauta única, será realizada às 17h no anfiteatro Guilherme R. Ferraz, “Guilhermão”. Paulo Martins, aluno de Ciência da

Computação, diz que não sabe se haverá greve. “A gente [movimento estudantil] apoiou a causa dos servidores e docentes, mas se vai ter greve dos estudantes ou não, eu já não sei dizer”. O estudante também aponta as principais reivindicações do movimento estudantil. Dentre elas está o aumento do número de bolsas, que vem sendo reduzido e este ano contemplou menos da metade, o aumento da verba para a permanência estudantil e a construção do novo bloco de moradia, que está superlotada. Paulo afirma que a minuta também afeta os estudantes, pois congela os gastos com as contratações de professores. “Os alunos iam continuar sem professores e, talvez, continuasse esse esquema de conceder bolsa para o doutorando dar aula, mas aí ele não pode orientar TCC. Os estudantes precisam que professores sejam contratados”, conclui.


Política Comportamento Diagramação: Anne Hernandes

Jornalista responsável: Liliane de Lucena Ito MTB: 40969

Docentes, discentes e servidores se mobilizam para reivindicar melhorias na Unesp Sucateamento das universidades públicas geram histórico de greves

Por: Fellipe Gualberto e Rafaela Thimoteo

P

aralisações e assembléias para discutir problemas da universidade têm sido recorrentes por parte dos professores, servidores e alunos. As reuniões começaram em abril e se estenderam até maio no Campus de Bauru e em outras unidades da Unesp. Historicamente, as pautas de greves foram diferentes entre professores, servidores e alunos. O professor do curso de jornalismo José Carlos Marques realça o caso de 2013 na Unesp Bauru: “os professores, nessa época, não aderiram à greve no começo, pois as pautas dos docentes estavam relativamente resolvidas, eles tinham tido aumento e os servidores não”. Segundo um estudante do sexto ano de psicologia da Unesp Bauru, que preferiu não ser identificado, em 2013 a articulação entre os campi da Unesp era maior. O estudante afirma que as pautas estudantis daquele ano eram a construção de um segundo bloco para a moradia, que contava com apenas 32 vagas, e a inauguração do RU, que já estava terminado mas só começou a funcionar em 2015. Em 2013, houve o fim do PIMESP, o projeto do governo

estadual que previa a criação de um curso preparatório à distância com duração de dois anos para alunos que fizeram o ensino médio em escolas públicas, só após a conclusão deste curso os alunos de poderiam ingressar nas universidade. A comunidade estudantil diz que esse programa pressupunha a falta de capacidade de alunos de escola pública. A situação dos docentes foi diferente em 2016, ano no qual a USP e a Unicamp receberam reajuste salarial de 3% para professores e servidores, mas a Unesp não foi contemplada com esse mesmo aumento. “Existe uma lei de isonomia das universidades paulistas, as decisões que envolvem questões de aumento salarial valem para todas” afirma José Carlos. O professor ainda enfatiza que a greve não apresentou resultados positivos: “nenhuma das pautas foram atendidas, nem dos professores e nem dos servidores”. A greve de 2016, que durou três meses, teve caráter local. O aluno de psicologia afirmou que a moradia superlotada foi o estopim para os estudantes, como consequência da greve, foi concedido para os alunos aumento de 20% das refeições do restau-

rante universitário e a construção de um segundo bloco da moradia foi considerado prioridade. Em relação às demandas de 2018, o estudante diz que por parte do segmento discente, elas são históricas e fruto da necessidade dos estudantes desde que se iniciou o movimento estudantil nas universidades. Ele afirma que as mesmas nunca foram cumpridas plenamente, pois não há interesse administrativo: “permanência estudantil nunca foi uma prioridade de gestão da Unesp”.

"A educação pública de qualidade é um direito e nós precisamos ter como foco a defesa dessa universidade" Juarez Xavier, assessor da PROEX e professor do curso de jornalismo da Unesp de Bauru, diz que a atual situação das universidades públicas é fruto de sucateamento realizado pelo governo federal e estadual e que

não é um problema específico da Unesp, mas sim um projeto de desmonte da universidade de modo geral. “Há um processo global de reorganização do capital que começa a prescindir da universidade como centro de produção de informação, em várias partes do mundo e mais intenso em países em desenvolvimento, como o Brasil.” Ele afirma que esse sucateamento é ruim para todo o ensino superior. “Não manter a mesma linha de financiamento necessário para expansão da universidade faz com que ela perca qualidade no processo de produção de conhecimento e de pesquisa”, comenta. De acordo com o professor, “é importante rever os problemas da universidade tendo como foco uma universidade pública, democrática, gratuita e inclusiva, que tenha como pressuposto fundamental atender às necessidades das populações que a financiam.” Juarez completa: “a educação pública de qualidade é um direito e nós precisamos ter como foco a defesa dessa universidade, que é um preceito constitucional aprovado em 1988 que deve continuar e viger.” Infografia: Fellipe Gualberto e Rafaela Thimoteo

Linha do tempo das greves na Unesp de Bauru a partir de 2013


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.