Peic compilação

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PEIC - Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor Análise Econômica



EXPEDIENTE Coordenação geral:

Marcos Arzua Análise Econômica

Maurício Mulinari

Coordenação de Produção:

Manoela de Borba Edição:

Dorva Rezende Projeto Gráfico:

Fábio Raulino



FECOMÉRCIO SC

PALAVRAS

Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor

O endividamento das famílias é um tema recorrente na mídia e uma peça central no posicionamento das empresas no mercado. Conhecer a real situação deste endividamento é a única maneira de adequar Bruno Breithaup a política de crédito Presidente da Fecomércio da empresa à capacidade de pagamento das famílias, potencializando as vendas e não caindo na armadilha da inadimplência.

É desta maneira que a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor de Santa Catarina, realizada pela Fecomércio SC em parceira com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), vem se consolidando como uma importante ferramenta. Os dados mostram que a situação do crédito às famílias é controlada no Estado. Durante os últimos anos, o endividamento, apesar de elevado (próximo de 90% das famílias endividadas), sempre se manteve estável. O grau de comprometimento da renda (31,6%) e o tempo médio com dívida (7,4 meses) é um sinal positivo, já que as famílias não têm nas dívidas um peso insustentável. Com base nestas informações, de que a situação do endividamento é segura, e na tendência que se apresenta de melhoria na condição das dívidas, poderemos ter um 2014 de recuperação nas vendas a crédito, ainda que de maneira contida, sem grande exuberância.

Consciente da importância da PEIC para as empresas do Estado, a Fecomércio SC identificou uma necessidade oriunda de uma característica marcante de Santa Catarina. A diversidade regional catarinense faz com que, na maioria das vezes, as regras que determinam o funcionamento das cidades do Litoral não se apliquem, por exemplo, a municípios do Oeste ou do Vale do Itajaí. Com base no reconhecido levantamento feito pela CNC nas principais capitais do país, incluindo Florianópolis, a Fecomércio SC entendeu que o atual momento da economia, de maiores dificuldades e desafios, é ideal para se ampliar esse diagnóstico em Santa Catarina. Por este motivo, a Fecomércio inova em 2014 ao lançar a análise mensal da PEIC regionalizada. Além da Capital do Estado, quatro novas cidades serão inseridas na amostra que compõe a pesquisa: Blume-

nau, Joinville, Chapecó e Itajaí. Desta forma, além de uma capacidade de entender a dinâmica peculiar do endividamento de cada região, a análise agregada do Estado fica mais apurada, com mais confiança Marcos Arzua e melhores resulta- Diretor-executivo da Fecomércio dos para os varejistas catarinenses. Com certeza, a PEIC se consolidará como um instrumento ainda mais apurado para a gestão dos empresários e para o desenvolvimento estadual.



Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor

FECOMÉRCIO SC

SUMÁRIO

O crédito às famílias no Brasil

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Evolução do crédito em Santa Catarina nos últimos 4 anos

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A importância da pesquisa

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1 - Metodologia aplicada à PEIC

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2 - Dados por faixa de renda

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Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor

FECOMÉRCIO SC

ANÁLISE

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jun/00

O crédito ao consumidor expandiu-se consideravelmente com a criação do Banco Central do Brasil e do Conselho Monetário Nacional, frutos da reforma bancária de 1964. Desse modo, foi aberta uma nova etapa nas operações de crédito no Brasil. A partir de 1967, houve uma intensificação de financiamentos tanto na produção quanto no consumo, pois foi facilitada a obtenção de recursos no mercado financeiro internacional. O consumidor passou a ter acesso ao crédito, não apenas as empresas. E o crédito ao consumidor passaria a ser um hábito cada vez mais difundido no país. Durante as décadas de 1970 e 1980, o país deu continuidade às alterações no seu sistema financeiro. Em 1976, foi criada a Comissão de Valores Mobiliários, para regularizar o mercado. No ano de 1986, a Caixa Econômica Federal passou a impulsionar os financiamentos de moradia ao Concessão mensal de crédito para incorporar o Banco Nacional de pessoas físicas (R$ milhões) Habitação (BNH) e, em 1988, com a 100.000 nova Constituição, surgem os bancos 80.000 múltiplos, que trabalham com várias 60.000 atividades financeiras ao mesmo 40.000 tempo, possibilitando economias de escopo e redução dos custos de 20.000 operação. Como consequência disto, 0 houve uma redução dos custos ao consumidor. Nos anos 1990, novas Fonte: Banco Central do Brasil mudanças significativas ocorreram:

jun/12

O crédito às famílias no Brasil

set/11

aumentaram-se os estímulos à criação ou ao desenvolvimento de mecanismos para tornar o crédito mais acessível à faixa da população com menor poder aquisitivo ou moradores de regiões afastadas; surgiram as sociedades de crédito ao microempreendedor e foram ampliadas as opções de crédito, entre outras iniciativas. Outro fato determinante na configuração do Sistema Financeiro Nacional foi a adoção do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro, em abril de 2002, que deu maior agilidade à transferência de recursos entre os agentes econômicos e aumentou a eficiência do sistema, através da criação do Sistema de Transferências de Reservas (STR) e também da Transferência Eletrônica Disponível (TED), a qual permitiu concluir operações bancárias num único dia. Assim, com sua facilitação, o crédito, nas suas mais variadas formas, eliminou seus gargalos e pôde se expandir. Com o grande aumento da renda, a partir do início dos anos 2000, principalmente a partir de 2004, e com as políticas implementadas pelo governo federal de incentivo ao crédito ao consumidor, verificou-se no país uma elevação de 389,59% nas concessões de crédito para pessoas físicas.

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Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor

Agregam-se a isso outros fatores que contribuíram para a expansão do crédito e do consumo, como o crescimento do emprego formal – a taxa de desemprego passou de uma média em torno de 11,8%, no início da década de 2000, para uma média de 6%, no início desta década – e o consequente aumento real da massa salarial observada desde 2003. Diante deste cenário animador para as famílias brasileiras, surge uma crescente bancarização da economia. As emissões de cartão de crédito aumentam, e as concessões de crédito se diversificam para todas as classes sociais. O número de cartões emitidos no país cresceu de um pouco mais de 40 milhões, em 2004, para quase 180 milhões de cartões no final de 2010.

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Cartões de crédito – quantidade de cartões

Milhões 200

75,0%

180 70,0% 160 140 65,0% 120 60,0%

100 80

55,0%

60 40

50,0% 20 45,0%

0

2004/1 2004/4 2005/3 2006/2 2007/1 2007/4 2008/3 2009/2 2010/1 2010/4

Emitidos

% Ativação

Fonte: Banco Central do Brasil

Com isso, o cartão de crédito tornou-se, de longe, o principal fornecedor de crédito ao consumidor, atingindo a marca de R$ 76.519 milhões em outubro de 2013. Seguido pelo cheque especial que, nesse mesmo mês, Página | 10 |

Ativos

atingiu a marca R$ 28.692 milhões. O crédito consignado ocupa a terceira posição, com o valor de R$ 12.271 milhões. Seguido pelo financiamento de casas (R$ 10.805 milhões) e o financiamento de carros (R$ 8.136 milhões).


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Concessões de crédito a pessoas físicas (R$ milhões) 90.000 80.000 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000

Cheque especial

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Cartão de crédito

Financiamento de veículos

Financiamento imobiliário total

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0

Crédito pessoal consignado total

Fonte: Banco Central do Brasil

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O ritmo de expansão das concessões contraírem crédito. Ou seja, o crédito continuará de crédito seguiu constantemente a taxas crescendo nos próximos anos, porém em ritmo elevadas. Mesmo durante o período de menor do que anteriormente. crise mundial, o ritmo de crescimento, ainda que menor, Concessões acumuladas em 12 meses – Variação% acumulada seguiu positivo, voltando a 25 crescer de forma acelerada no 20 pós-crise. Entretanto, desde 15 o início de 2011, o ritmo de 10 concessão de crédito à pessoa 5 física perdeu força, muito em 0 função do menor crescimento econômico dos últimos anos e de um inevitável esgotamento Fonte: Banco Central do Brasil da capacidade das famílias de Página | 11 |


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Quando analisamos o crédito às pessoas físicas em relação ao PIB, de 2004 até o final de 2013, observa-se uma grande expansão desta variável. Ela saltou de 5,84%, em janeiro de 2004, para 16,03% em outubro de 2013, o que exemplifica este relativo esgotamento da capacidade de absorção de crédito pelas famílias.

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2° Tri.2013

3° Tri.2012

1° Tri.2011

4° Tri.2011

2° Tri.2010

3° Tri.2009

4° Tri.2008

1° Tri.2008

3° Tri.2006

2° Tri.2007

4° Tri.2005

1° Tri.2005

2° Tri.2004

Fonte: Banco Central do Brasil

set/13

jan/13

mai/12

set/11

jan/11

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set/09

jan/09

mai/08

Entretanto, a partir de 2010, o saldo de operações de crédito a pessoas físicas começa a estagnar seu crescimento em relação ao PIB. A curva do gráfico perde sua inclinação. O modelo de crescimento começa a dar sinais de exaustão, em parte, devido ao aumento do endividamento familiar.

Endividamento das famílias com o Sistema Financeiro Nacional em relação à renda acumulada dos últimos doze meses - % 40 30 20 10

dez/12

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nov/10

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0

Fonte: Banco Central do Brasil

50

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set/01

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18 16 14 12 10 8 6 4 2 0

Em relação ao comprometimento da renda das famílias com as dívidas, de 2005 até setembro de 2013, a parcela da renda comprometida aumentou 146,38%. Passando de 18,39%, em janeiro de 2005, para 45,31%, em setembro de 2013, nível recorde. Isso corrobora que a tendência à estagnação do crescimento das operações de crédito, observada nos últimos anos, é fruto da saturação do devedor, que já não pode comprometer uma porcentagem maior de sua renda com dívidas.

3° Tri.2003

1° Tri.2002

4° Tri.2002

2° Tri.2001

3° Tri.2000

1° Tri.1999

4° Tri.1999

2° Tri.1998

3° Tri.1997

1° Tri.1996

4° Tri.1996

Saldo das operações de crédito a pessoas físicas em relação ao PIB (%)

Fonte: IBGE

PIB trimestral (1995=100) – Consumo das famílias 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0


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Entretanto, o consumidor brasileiro não respondeu a essa questão com aumento da inadimplência. Pelo contrário, a inadimplência continua controlada, seguindo em níveis seguros. O que ficou comprometida foi a capacidade das famílias comprarem novos produtos com base no crédito e a eficácia das políticas de incentivo ao crédito ao consumidor, o que ajuda a explicar o ritmo menor de expansão das vendas do comércio em 2013. Os dados sobre inadimplência, fornecidos pelo Banco Central, levam em consideração apenas um período de dívida não paga superior a três meses. Pode-se observar que o menor ponto, desde 2003, foi outubro de 2010, quando este valor chegou a 5,95%. Inadimplência acima de 90 dias Pessoas físicas

Por outro lado, quando comparado com países com economias mais avançadas, o grau de comprometimento da renda do brasileiro com dívidas é pequeno. Por exemplo, nos Estados Unidos, esta variável chega a ser maior que a própria renda (101,7%). Na Dinamarca e na Holanda, chega a quase 200%. Para entender porque isso acontece há que se observar que a renda das famílias aqui ainda é menor do que nestes países e, também, o perfil das dívidas é diferente. Aqui, os juros são mais altos, o que significa elevadas prestações. A média do comprometimento da renda com os juros da dívida fica aqui em 7,03%, patamar elevado. Comprometimento de renda das famílias com amortização da dívida com o Sistema Financeiro Nacional - Com ajuste sazonal % Comprometimento de renda das famílias com juros da dívida com o Sistema Financeiro Nacional - Com ajuste sazonal %

15

10

10

8

5

6

jan/05 jun/05 nov/05 abr/06 set/06 fev/07 jul/07 dez/07 mai/08 out/08 mar/09 ago/09 jan/10 jun/10 nov/10 abr/11 set/11 fev/12 jul/12 dez/12 mai/13

0

4

Fonte: Banco Central do Brasil 2

jun/00 jan/01 ago/01 mar/02 out/02 mai/03 dez/03 jul/04 fev/05 set/05 abr/06 nov/06 jun/07 jan/08 ago/08 mar/09 out/09 mai/10 dez/10 jul/11 fev/12 set/12

0

Fonte: Banco Central do Brasil

Nos países citados anteriormente ocorre o oposto, juros menores e prazos maiores. Isto é, aqui ainda há espaço para que se continue crescendo com a expansão do crédito; o nível da renda comprometida com dívidas ainda é baixo quando comparado ao nível mundial, mas esbarra em problemas estruturais da economia brasileira. Página | 13 |


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PEIC

Evolução do crédito em Santa Catarina nos últimos 4 anos Mensalmente, a Fecomércio SC, em parceria com a CNC, divulga dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência de Santa Catarina. A PEIC é uma pesquisa que visa orientar os empresários do comércio de bens, serviços e turismo que utilizam o crédito como ferramenta estratégica, permitindo o acompanhamento do perfil de endividamento do consumidor. Ela é realizada através de entrevista direta ao consumidor durante a primeira semana de todos os meses, consistindo em um questionário estruturado com diversas perguntas relacionadas ao tema endividamento e inadimplência familiar. Assim,apesquisalevanta,mensalmente,aevolução no percentual de famílias endividadas, inadimplentes e que não terão condições de pagar suas dívidas, proporcionando um retrato apurado do comportamento do endividamento familiar. Além dessas informações, a PEIC capta o nível de 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

2010 2011 2012 2013

Famílias Famílias com contas endividadas (%) em atraso (%) 61,7 19,2 88,8 23,8 86,1 22,1 86,3 24,8

Fonte: Fecomércio SC

Famílias endividadas (%) Famílias com contas em atraso (%) Famílias que não terão condições de pagar (%)

2010

2011

Fonte: Banco Central do Brasil Página | 14 |

endividamento das famílias, o tempo médio de obrigação com as dívidas, o grau de comprometimento da renda das famílias, os principais meios de endividamento (cartão de crédito, financiamento de imóveis, carnês, etc.), o tempo médio de atraso de pagamento e uma série de outros indicadores que auxiliam na aferição deste importante elemento do comércio. O presente material tem por objetivo elaborar um acompanhamento do comportamento do endividamento dos consumidores em Santa Catarina de 2010 a 2013. Para uma melhor aferição, que dê conta de excluir os efeitos sazonais do endividamento durante os diferentes meses do ano, o levantamento irá trabalhar com a média anual dos dados.

2012

2013


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Como pode ser notado, o grande salto no renda das famílias em 2013. Pelo menos até metade do endividamento dos catarinenses ocorreu na passagem ano, observamos uma forte inflação – principalmente de 2010 para 2011. De um percentual médio de 61,7% nos alimentos e nos serviços, justamente os itens de famílias endividadas, em 2010, o índice subiu para que mais pesam no orçamento dos brasileiros – que 88,8% em 2011. A recuperação da crise financeira comprometeu os ganhos de renda das famílias. Assim, mundial ocorrida, no final de 2009, que se deu no com menor renda, grande parte das famílias parou Brasil e em Santa Catarina ancorada na expansão do de adquirir novas dívidas e preferiu quitar as antigas, consumo baseado no crédito, é o que explica esse forte afetando diretamente o fraco ano do comércio. Uma crescimento. Após este salto, os anos de 2012 e 2013 outra parte, bem menos considerável, acabou entrando foram de acomodação, com redução no percentual de em uma situação de inadimplência. Além do endividamento em Santa Catarina famílias endividadas (86,1% e 86,3%, respectivamente). Apesar deste crescimento acelerado parecer ter crescido nos últimos anos, ele mudou bastante de temerário, ele se deu baseado em uma melhoria da perfil. A tabela abaixo mostra a evolução dos tipos de situação financeira das famílias do Estado e em melhores endividamento captada pela PEIC: condições de crédito ofertado, o que garantiu a segurança dessa expansão. Principais tipos de endividamento familiar Isso fica claro quando verificamos que mesmo com uma elevação de 2010 2011 2012 2013 27,1 pontos percentuais (p.p.) no Cartão de crédito 34,9% 47,0% 52,2% 59,7% número de famílias endividadas de 2010 para 2011, o crescimento das Financiamento de veículo 14,7% 21,4% 20,5% 13,6% famílias com contas em atraso foi Carnês 27,0% 15,1% 13,3% 10,4% de apenas 4,6 p.p. Ou seja, apesar do crescimento considerável, ele foi Financiamento de casa 3,9% 8,7% 8,3% 8,0% muito aquém da expansão saudável Crédito pessoal 6,2% 2,0% 4,2% 2,9% do crédito: aquela que gera aumento de consumo e criação de novos Crédito consignado 2,3% 1,0% 1,8% 2,2% empregos. Cheque especial 7,2% 2,6% 1,7% 1,6% Por outro lado, a situação começou a se inverter na passagem Cheque pré-datado 2,7% 0,7% 0,8% 1,0% de 2012 para 2013. Nestes anos, Outras dívidas 0,8% 1,6% 0,9% 1,0% enquanto as famílias endividadas cresceram apenas 0,2 p.p., as com Não sabe 0,1% 0,1% 0,1% 0,0% contas em atraso aumentaram em Não respondeu 0,2% 0,0% 0,0% 0,1% 2,7 p.p. Muito disso está baseado na melhoria menos significativa da Fonte: Fecomércio SC Página | 15 |


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Podemos notar que a evolução da participação do cartão de crédito é extremamente representativa. De uma participação de 34,9%, na média de 2010, a média anual pulou para 59,7%, em 2013, demonstrando o crescimento deste meio de pagamento na estrutura do endividamento familiar catarinense. Também é importante ressaltar o crescimento, até 2012, do financiamento de veículos e o posterior recuo, ressaltando o impacto do menor crescimento das vendas destes bens em 2013. Por outro lado, é importante notar como formas de endividamento mais caras, mais burocráticas ou menos cômodas, como o cheque especial, o crédito pessoal e os carnês, tiveram uma queda expressiva de sua participação, todas suprimidas pela forte expansão e comodidade das compras no cartão de crédito. Para finalizar, outras informações importantes podem ser vistas na tabela abaixo:

mesmo movimento nacional, caminhando para uma menor capacidade de aferição de dívidas. O comprometimento da renda cresceu de uma média anual de 29,8%, em 2010, para os atuais 31,6%, em 2013, indicando para uma renda das famílias do Estado mais pressionada pelas dívidas. Já o tempo médio com dívidas, mesmo com um pequeno crescimento, permaneceu praticamente estável, passando de 7,3 meses para 7,4 meses. O dado fica de acordo com o tempo médio das compras em cartões de crédito, que predomina a preferência do catarinense. Por fim, já na questão das contas em atraso, o tempo médio que as famílias estão com contas atrasadas ficou, em 2013, em 65,2 dias, superior aos 60 dias de 2010 e demonstrando uma situação mais difícil daqueles que estão em situação de inadimplência.

Situação do endividamento

PEIC – síntese dos resultados

2010 2011 2012 2013 Renda média comprometida (%) 29,8 26,4 28,3 31,6 Tempo médio 7,3 6,1 6,1 7,4 c/ dívida (meses) Tempo médio c/ dívida em atraso (dias) 60 61,1 63,7 65,2

Fonte: Fecomércio SC

Fica claro que todas as variáveis apresentaram uma leve deterioração durante os anos, demonstrando como a capacidade de endividamento das famílias do Estado seguiu o Página | 16 |

2010 2011 2012 2013 Famílias endividadas (%) Famílias com contas em atraso (%) Renda média comprometida (%) Tempo médio com dívida (meses) Tempomédioc/dívidas ematraso(dias)

Fonte: Fecomércio SC

61,7 88,8 88,8 86,3 19,2 23,8 22,1 24,8 29,8 26,4 28,3 31,6 7,3

6,1

6,1

7,4

60

61,1 63,7 65,2


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Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor

CONCLUSÃO

A importância da pesquisa A segunda metade do século 20 e, principalmente, o início de século 21 foram decisivos para a situação do crédito às famílias no Brasil e em Santa Catarina. As reformas estruturais realizadas e o grande crescimento da renda dos consumidores facilitaram e impulsionaram a busca pelo crédito para o consumo. Não foi por acaso que o comércio cresceu consideravelmente na última década, catapultado pelo crédito e por uma demanda reprimida. As famílias foram às compras e fizeram do Brasil um grande mercado consumidor, atraindo os olhares e o investimento dos mais diversos locais do mundo. Entretanto, estamos atualmente em um novo momento econômico. A renda das famílias já não cresce tanto, e a capacidade de endividamento familiar apresenta sinais claros de esgotamento. Um novo horizonte é necessário. São necessárias novas reformas estruturais que deem conta de destravar de maneira segura esse importante instrumento de desenvolvimento em uma sociedade capitalista. Neste contexto, iniciativas como a PEIC são extremamente importantes, pois permitem uma mensuração mensal que dá subsídio aos lojistas na hora de definir suas

estratégias de vendas e investimentos e auxiliam as autoridades na hora de estabelecer políticas públicas, contribuindo para um crescimento mais sustentado e bem orientado das empresas do setor, evitando problemas como a tão indesejável inadimplência. É neste sentido que, para 2014, uma novidade vai ser lançada pela Fecomércio SC: a análise mensal da PEIC regionalizada. Além da Capital do Estado, quatro outras cidades serão inseridas na amostra que compõe a pesquisa: Blumenau, Joinville, Chapecó e Itajaí. Além de uma capacidade de entender a dinâmica peculiar do endividamento de cada região, a análise agregada do Estado fica mais apurada, com mais confiança e melhores resultados para os varejistas catarinenses. Página | 17 |


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ANEXOS

1 - Metodologia aplicada à PEIC A PEIC entrevista consumidores em potencial, residentes no município de Florianópolis, com idade superior a 18 anos. Para fixar a precisão do tamanho da amostra, admitiu-se que 95% das estimativas poderiam diferir do valor populacional desconhecido “p” por no máximo 3,5%, isto é, o valor absoluto “d” (erro amostral) assumiria no máximo

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valor igual a 0,035 sob o nível de confiança de 95%, para uma população constituída de consumidores em potencial. Preferiu-se adotar o valor antecipado para p igual a 0,50 com o objetivo de maximizar a variação populacional, obtendo-se maior aproximação para o valor da característica na população. Em outras palavras, fixou-se um maior tamanho da amostra para a precisão fixada. Assim, o número mínimo de consumidores a serem entrevistados é de 500 a cada mês, ou seja, com uma amostra de no mínimo 500 consumidores, espera-se que 95% dos intervalos de confiança estimados, com semiamplitude máxima igual a 0,035, contivessem as verdadeiras frequências.

2 - Dados por faixa de renda Até 10 SM*

2010 61,8

2011 87,8

2012 80,9

2013 85,4

Mais de 10 SM

60,5

92,9

84,2

89,7

Famílias com contas em atraso (%)

Até 10 SM

20,3

26,7

24,3

28,4

Mais de 10 SM

14,6

12,3

8,9

11,2

Renda comprometida com dívidas (%)

Até 10 SM

29,9

26,7

28,6

31,6

Mais de 10 SM

28,9

25,1

27,0

31,6

Tempo médio com dívidas (meses)

Até 10 SM

7,1

6,1

6,1

7,3

Mais de 10 SM

8,0

6,0

6,3

7,9

Até 10 SM Tempo médio com dívidas em atraso (dias) Mais de 10 SM

60,3

62,7

65,0

66,7

55,9

51,4

56,5

60,0

Famílias endividadas (%)

* SM: Salários mínimos Fonte: Fecomércio SC Página | 18 |



Rua Felipe Schmidt 785/5潞 andar - Centro CEP 88010.002 - Florian贸polis - SC 48 3229 1000 - www.fecomercio-sc.com.br


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