Os donos do mercado (Diário Catarinense) – Alexandre Lenzi (1)

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DIÁRIO CATARINENSE, DOMINGO, 4 DE SETEMBRO DE 2011

Reportagem Especial Polo catarinense

Os donos do mercado Criciúma

ALEXANDRE LENZI

A

Avenida Centenário, que liga Içara a Criciúma, nem precisa dos seus 8,7 quilômetros para dar uma demonstração prática do polo supermercadista que é o Sul Catarinense. Em um intervalo de 1.350 metros, estão localizadas grandes lojas do Angeloni, do Giassi e do Bistek, as três maiores redes do Estado. A região de Criciúma, além de um forte mercado consumidor, é a terra natal dos três grupos. O Angeloni nasceu na cidade em 1958, em uma época que o tradicional carrinho de supermercado era novidade e as donas de casa se recusavam a empurrá-lo por achar deselegante, passando a função para os funcionários das lojas.O Giassi foi fundado na vizinha Içara, em 1960,e o Bistek,em Nova Veneza,em 1979. Juntos, os três empregam 15 mil pessoas – quase um quarto das vagas geradas pelos supermercados do Estado.Ainda sob o comando familiar, mesmo com o assédio de redes maiores, as três apresentam planos de expansão. O discurso unânime é de que, diante da con-

corrência acirrada, o setor não permite que as empresas se contentem com estabilidade. É preciso crescer sempre. Flávio Constant Pires, diretor da Pró Super Consultoria, diz que um supermercado eficiente precisa trabalhar com a margem de lucro acima de 26% – diferença média do preço de cada produto pago pelo supermercado daquele cobrado do consumidor. A mesma concorrência que hoje pauta os planos estratégicos das redes foi que consolidou o setor e transformou a região em referência. – A competitividade impulsionou o setor. Esse cenário de concorrência em uma mesma Faturamento em 2010

R$ 790 milhões Lojas

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Elas nasceram como simples vendinhas, daquelas que existem em qualquer bairro. Hoje, são as três maiores redes supermercadistas de SC. O DC conta, nesta série de reportagens, alguns dos segredos desta trajetória. seu mercado e conseguem dar respostas mais rápidas, avalia o presidente da rede Angeloni, José Augusto Fretta.A predominância de cidades de médio porte no Estado,e não de metrópoles,também favoreceu as lojas regionais. Para o diretor do Bistek,Walter Ghislandi, o lado “emocional” deve ser considerado.As três redes catarinenses foram criadas por descendentes de imigrantes italianos. – Esses caras eram muito sonhadores,desbravadores. Quando chegaram aqui, continuaram procurando o diferente e deixaram esse DNA nos descendentes. Enquanto tiver essa concorrência entre as três redes, elas vão continuar a crescer a passos galopantes – recorda.

região acabou melhorando a qualidade dos serviços, criando uma expertise na área.Aí fica fácil os outros copiarem e crescerem – avalia o pesquisador da área Ricardo Pieri,professor de administração e técnicas de gestão da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Empresários de outras regiões do país visitam o Sul de SC para conhecer o modelo de Criciúma. O presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats),Adriano dos Santos, lembra que a força da indústria supermercadista local faz com que redes multinacionais ocupem pouco espaço no Estado. Em Criciúma, o Big, hoje da rede Walmart, chegou a ter loja, mas fechou as portas definitivamente em 2003,quando pertencia ao grupo Sonae. As redes familiares conhecem muito bem o

alexandre.lenzi@diario.com.br

Faturamento em 2010

Funcionários

R$ 400 milhões

4,2 mil

Lojas

11

Funcionários

2,6 mil

Faturamento em 2010

R$ 1,8 bilhão

Lojas

24

Funcionários

8,2 mil Curitiba Joinville Jaraguá do Sul Blumenau Brusque

Lages

Itajaí

São José

Florianópolis Balneário Camboriú

Biguaçu

Criciúma Cocal do Sul Palhoça

Tubarão

Nova Veneza

Laguna Sombrio Içara Araranguá

Angeloni Giassi Bistek


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