MERCADO
Paulo Pereira
GLP: política de preços da Petrobras espreme a revenda Com mais brasileiros cozinhando em casa, consumo do gás LP cresceu durante a pandemia e o preço do botijão chegou a R$ 105, em algumas localidades. Na média, no entanto, revendedores seguraram o repasse ao consumidor ADRIANA CARDOSO
Presente em quase 100% dos lares brasileiros, o gás LP, mais conhecido como gás de cozinha, voltou aos holofotes durante a pandemia. Com mais gente trabalhando, estudando e, consequentemente, comendo em casa, o consumo do gás subiu e o preço também. Em algumas localidades, o botijão foi vendido a R$ 105, conforme mostra levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), realizado na semana de 1 a 7 de novembro. Conforme dados do Sindigás, o sindicato das distribuidoras de gás LP, o consumo do botijão cres12 • Combustíveis & Conveniência
ceu 7,79% no período de março a setembro, quando o isolamento social foi mais apertado. Por sua vez, o preço do produto subiu, em média, 16% na refinaria até o início de novembro. O último reajuste, anunciado pela Petrobras em 4 de novembro, foi de 5%, ocasionado pela alta do dólar e dos preços no mercado internacional. Ainda que os revendedores façam um esforço para não repassarem o aumento ao consumidor final, isso acaba acontecendo cedo ou tarde, uma vez que aqueles que trabalham na legalidade não conseguem suportar essa situação por muito tempo.
“A Petrobras vem subindo o preço do gás de cozinha de forma desordenada e sem critério algum. Essa é a prova cristalina de que o oligopólio funciona muito bem no Brasil, com a proteção das autoridades antitruste e a conivência do órgão regulador”, criticou José Luiz Rocha, presidente da Abragás.
Culpa da revenda Assim como acontece com os postos quando há reajuste nos preços dos combustíveis, Rocha avaliou que a revenda de GLP “paga o preço que lhe é imposto e leva a fama pelo aumento dos custos”.