GRUPO ACRE FEZ. 1974-77

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GRUPO ACRE FEZ 1974–77 Arte e dinâmicas coletivas em Portugal

ISABEL SABINO


TÍTULO

GRUPO ACRE FEZ 1974–77 Arte e dinâmicas coletivas em Portugal AUTOR

Isabel Sabino EDIÇÃO

Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes (CIEBA) GESTÃO FINANCEIRA

Isabel Vieira (coord.) Cláudia Pauzeiro Carla Soeiro Catarina Vicente Lurdes Santos Rosa Loures DESIGN

Tomás Gouveia IMPRESSÃO E ACABAMENTO

Guide ISBN

978-989-8944-50-4 DEPÓSITO LEGAL

492468/21 TIRAGEM

150 exemplares LISBOA, DEZEMBRO 2021

PROPRIEDADE

CIEBA: Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes Universidade de Lisboa Largo da Academia Nacional de Belas-Artes 1249-058 Lisboa, Portugal +351 213 252 116 investigacao@belasartes.ulisboa.pt cieba.belasartes.ulisboa.pt Estelivroénanciadoporfundos nacionaisatravésdaFCThFundaçãopara aCiênciaeaTecnologia,I.Pno ,. âmbito doprojetoUIDB/. 02 / 40


AGRADECIMENTOS E DEDICATÓRIA Ao CIEBA , pelo acolhimento à publicação destetexto, e a Ilídio Salteiro, seu presidente, pelo franco apoio.A JorgeLeitãoRamos,pelaatençãocuidadasobreoslmespatentesnascronologiasnais. A Lima Carvalho e a Clara Menéres, a minha imensa gratidão pela partilha de experiências, infor mações, amizade e, sobretudo, pela conança que depositaram em mim para contar uma história que é delesemprimeirainstância.Estetrabalhoédedicado a ambos, com profunda pena que a Clara já não ote nhavistoconcluído.


RESUMO OGrupoAcre,ativoentree74 é91 77, 91 umprojetocoletivodetrêsartistasportuguesesÂClara Menéres,JoaquimLimaCarvalhoeAlfredoQueirozRibeiro,quearmam,individualmente,traje tos diferenciados, conhecendo os efeitos prolongados da ditadura do Estado Novo em Portugal. AsobrasdocoletivoacontecemnotempoquesesegueàrevoluçãodemocráticadeAbril,quando asociedadeportuguesa,aculturaeaarteserepensamprofundamente.Estetrabalhoanalisaem pormenorasdiferentesaçõesdoGrupoAcre,situando-asnocontextoemqueelassãorealizadas, comatençãoparticularàhistóriaemcurso,àgénesedecadaobraeaosseusefeitos.Ededica-se tambémaumenquadramentomaisamplo,comoelodeumacadeiadecasosque,remontandoàs primeirasvanguardasdoséculoXXeestendendo-seatéaosdiasdehoje,constituemumpossível eixosignicativonosprocessosdecriaçãoartísticasobdinâmicascoletivasnonossopaís.

LISTA DE ABREVIATURAS AICA

AssociaçãoInternacional deCríticosdeArte Ar.Co CentrodeArteeComunicação Visual BAFTA BritishAcademyofFilm andTelevisionArts BIACS BienalInternacionaldeArte ContemporâneadeSevilha CAC CentrodeArteContemporânea CAI CentrodeArteeInvestigação CAM CentrodeArteModernadaFCG CAPC CírculodeArtesPlásticas deCoimbra CCAP ComissãoConsultivapara asArtesPlásticas CCAT ComissãoConsultivapara asActividadesTeatrais CCB CentroCulturaldeBelém CDS CentroDemocráticoSocial CEE ComunidadeEconómicaEuropeia CENTA CentrodeEstudosdeNovas TendênciasArtísticas CITAC CírculodeIniciaçãoTeatral daAcademiadeCoimbra CML CâmaraMunicipaldeLisboa CMP CâmaraMunicipaldoPorto CODICE ComissãoDinamizadora Centraldo ( MFA) COPCON ComandoOperacional doContinente CP ComboiosdePortugal CPC CentroPortuguêsdeCinema CR ConselhodaRevolução CTT CorreiosdePortugal DGS DirecçãoGeraldeSegurançaque ( tutelavaaPIDEeaPVDE)

EGAP EMGFA

ExposiçãoGeraldeArtesPlásticas Estado-MaiorGeneraldas ForçasArmadas EPAL EmpresaPúblicadeguas Á deLisboa ESAD EscolaSuperiordeArteeDesign ESBAL EscolaSuperiordeBelasArtes deLisboa ESBAP EscolaSuperiordeBelasArtes doPorto EUA EstadosUnidosdaAmérica FAPAP FrentedeAcçãoPopular dosArtistasPlásticos FBAUL FaculdadedeBelas-Artes daUniversidadedeLisboa FBAUP FaculdadedeBelasArtes daUniversidadedoPorto FCG FundaçãoCalousteGulbenkian FEPU FrenteEleitoralPovoUnido FFMS FundaçãoFranciscoManuel dosSantos FMI FundoMonetárioInternacional FNLA FrenteNacionaldeLibertação deAngola FRELIMO FrentedeLibertação deMoçambique FRETILIN FrenteRevolucionária deTimor-LesteIndependente GAU GaleriadeArteUrbana GDUP GrupoDinamizadordeUnidade Popular GICAPC GrupodeIntervençãodoCírculo deArtesPlásticasdeCoimbra IADE InstitutodeArteeDecoração ICS-UL InstitutodeCiênciasSociais daUniversidadedeLisboa IF GrupoIdeiaeForma


INETI

InstitutoNacionaldeEngenharia,OPEP TecnologiaeInovação INMC InstitutoNacionalCasadaMoeda OTAN IPL InstitutoPolitécnicodeLisboa KWY Grupodeartistaserevista NATO LNEC LaboratórioNacional deEngenhariaCivil NRF LNETI LaboratórioNacionalde PAIGC EngenhariaeTecnologiaIndustrial MAAT MuseudeArte,Arquitetura eTecnologia PCP MAI MinistériodaAdministração PIB Interna PIDE MDAP MovimentoDemocrático deArtistasPlásticos PPD/PSD MDP/CDE MovimentoDemocrático PortuguêsComissão / Democrática PREC Eleitoral PRP MESA MinistériodosEquipamentos SociaiseAmbiente PS MFA MovimentodasForçasArmadas PVDE MIC MovimentodeIntervenção eCidadania RML MIT MassachusettsInstitute RTP ofTechnology SAAL MLSTP MovimentodeLibertaçãodeSão SEC ToméePríncipe SEIT MNAC MuseuNacionaldeArte ContemporâneaMuseu ( SNBA doChiado) SNI MPLA MovimentoPopulardeLibertação deAngola SNT MPT MovimentoPartidodaTerra,depois SPN PartidodaTerra MUD MovimentodeUnidade SUV Democrática TAP OECE OrganizaçãoEuropeiapara TEC aCooperaçãoEconómica TEP OFAP ObservatóriodasFamílias UDP edasPolíticasdeFamíliaICSeUL) ( UNITA OLP OrganizaçãodeLibertação daPalestina URSS ONU OrganizaçãodasNaçõesUnidas

OrganizaçãodosPaíses ProdutoresdePetróleo OrganizaçãodoTratado doAtlânticoNorte NorthAtlanticTreatyOrganization o( mesmoqueOTAN) NouvelleRevueFrançaise PartidoAfricanopara aIndependênciadaGuiné eCaboVerde PartidoComunistaPortuguês ProdutoInternoBruto PolíciaInternacionaldeDefesa doEstadoantes ( PVDE) PartidoPopularDemocrático Partido / SocialDemocrata ProcessoRevolucionárioemCurso PartidoRevolucionário doProletariado PartidoSocialista PolíciadeVigilânciaeDefesa doEstadodepois ( PIDE) RegiãoMilitardeLisboa RádioTelevisãoPortuguesa ServiçoAmbulatóriodeApoioLocal SecretariadoEstadodaCultura SecretariadeEstado daInformaçãoeTurismo SociedadeNacionaldeBelasArtes SecretariadoNacional deInformação SecretariadoNacionaldeTurismo SecretariadodePropaganda Nacional SoldadosUnidosVencerão TransportesAéreosPortugueses TeatroExperimentaldeCascais TeatroExperimentaldoPorto UniãoDemocráticaPopular UniãoNacionalpara aIndependênciaTotaldeAngola UniãodasRepúblicasSocialistas Soviéticas


PRÓLOGO INTRODUÇÃO

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1. GRUPO ACRE: GÉNESE 1.1. O contexto próximo 1.1.1. Claustrofobia e brisas de mudança 1.1.2. À beira de acontecer 1.1.3. A vertigem de abril 1.2. Os três artistas do Grupo Acre 1.2.1. Lima Carvalho 1.2.2. Clara Menéres 1.2.3. Queiroz Ribeiro

18 18 19 31 37 41 42 47 52

2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS 1974 2.1. Círculos 2.2. Fita 1975 2.3. Gravuras de rua 2.4. Diplomas de artista 2.5. Museu de Arte Moderna 1976 2.6. Arte 1977 2.7. Monumento ao 16 de março de 1974 2.8. Lápide E assim se finda?

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3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL 3.1. Ecos das vanguardas 3.2. Outros, naqueles anos (pós 1974) 3.2.1. Movimento Democrático dos Artistas Plásticos 3.2.2. Grupo Puzzle

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60 77 88 98 104 111 127 136 144 148 158 169 172

184 237 239 242


3.2.3. Cooperativa Ara 3.2.4. Grupo 5+1 3.2.5. Grupo Vermelho 3.2.6. Grupo If 3.2.7. Grupo de Intervenção do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra / Grupo Cores 3.2.8. Grupo 8 3.2.9. Dinâmicas coletivas contíguas 3.3. Ressonâncias 3.3.1. Entre cá e lá, por então (coletivos estrangeiros em Portugal) 3.3.2. E depois, por cá ainda (coletivos em Portugal, após 1977) CONSIDERAÇÕES FINAIS EPÍLOGO BIBLIOGRAFIA ÍNDICE DE FIGURAS ANEXOS 1. Quadros cronológicos 74 91 57 91 6 7 91 7 91 2. Grupo Acre. Proposta para a criação de um Museu de Arte Moderna. 1975 3. Elementos curriculares adicionais dos artistas do Grupo Acre LimaCarvalho ClaraMenéres AlfredoQueirozRibeiro

254 255 261 263 264 270 272 280 281 288 311 337 338 359

364 375 383 392 401 409 410 412 414


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PRÓLOGO

Imagine-seumamanhãdenaldoOutonoem,numa 74 91 estradasecun dária que nos afasta da cidade. São escassas asvias rápidas, otrânsit poucoabundanteeosautomóveistêmtodasascores. Numcertomomento,napaisagemdesenha-seumolival.Osol,ainda muitobaixo,écoadopelaneblinaealuzespalha-se,turvamentehomogénea,pelaencosta.Ageadaassentenasfolhaseentranhadanascavidades doterrenotardaemderreter.Fazfrio. Sons abafados de passos,vozes em interjeições soltas e raras - pala vras percetíveis apenasfazem adivinhargestos e rostos, a respiração qu desenhanuvens,algumasluvasincompletasnosdedosdepontasgeladas Escuta-se ainda o roçagardos objetos usados no trabalho, o ruído - arras tadodevegetaçãosacudidaporpancadassecasdevarapauseacatadupa dospequenosbaquesdetonssecosesurdos.Minúsculosvolumesescuro estãotombadossobrefundosamareloouro:azeitonasefolhassobreo - plás ticoestendidonaterra.Umcestoalémvaicandocheio. Alguémdizalgocomojáchegaporagora,vamosapanhar,estáale vantar-seventoÇ. Nadistância,porentreanévoaalevantarnasucessãodeplanosde verdesdiversos,hámaisoliveirasrodeadasdepedaçosdechãoamarelo.De facto,aquelasmanchascoloridasemredordasárvoresÂparentespossí veisdeobrasdeChristoeJeanne-Claudesão  partedoquesobrasica mente da longafaixa suspensa porhoras no alto daTorre dos Clérigos do Porto, agitada pelovento como umtraço ondeante novazio e ameaçando desprender-se. Nem o antigo sacristão da respetiva igreja, ali na apanha daazeitonacomfamíliaeamigos,sabequeesseventocaprichosochegou aserhipótesedenomeparaaquelegrupodeartistas,osquelhederamos restosdoinusitadoevento:relíquiabanaldeumestranhogestonacidad éagoraapenasplásticoamarelocortadoaospedaços,prosaicamentebem útilnaqueleolival. Nãoobstante,umamareloassim,ondealuzsecola,lembraopróprio solquetentabrilharentreasárvores,oumesmoumautomóveldesportivo deentão,quandoatelevisãoaindaemiteapretoebrancoeacorvibra-in tensanavida,naarteenossonhos.

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PRÓLOGO


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INTRODUÇÃO

Épossívelquealgoassimtenhaacontecido:umolivalenvoltonaneblinaé cenárioplausívelnoOutono.Defacto,háumalongafaixadeplásticoamareloque,depoisdesuspensanaTorredosClérigosduranteumadasações doGrupoAcreemacaba , 74 91 porcar,emparte,napossedosacristãoda igreja.Abrisaque,norelatoccionado,agitaasfolhasdasoliveirassob plásticoamarelo,poderiaserumamensageiracinéladahistóriadonome com que o grupo de artistas, autorda referida ação nos Clérigos, chega a apresentar-senoiníciodoseuprocessodeconstituição:GrupoVento. A designação provisória é, de facto, a que surge como hipótese do futuroGrupoAcrenoseuesboçodeprograma,intituladoemjulhode74 91 Manifesto da Anti-moderação, meses antes da aludida obra realizada na torreportuense. Esseteriasido,possivelmente,umnomeexpressivoparaumtal - pro jetodeaçãoartísticanaqueletempodemudanças.Mas,apósasprimeiras tentativasdebatismo,ocoletivoformadoportrêsartistasClara  Menéres JoaquimLimaCarvalhoeAlfredoQueirozRibeiroacaba  designadocomo GrupoAcre.Eésobessenomequeproduzaçõesnotáveispelasuaorigina lidade,sentidocontemporâneoecoerênciavanguardista.Obrasparticul mentesintomáticasdoseutempo,cujarelevânciaespecicamenteartística éimpensávelsemainscriçãocontextual,háemváriasdelas,apesardisso, umaautonomiaepoderexpressivoqueastorna,também,dotadasdesen tidouniversalepertinentes,capazesdeconteressetempoerepresentá-lo. Asuahistóriaeasaçõesemsitransportam-nosparaumaespéciede quadroconfusamenteutópicoparauns,turbulentooumesmocaóticopara outros,nessecurtoeintensoespaçodetempo,pejadodeimplicações,mais centradoentredoisagostos,osdee74 91 de. 7 91 Aliás, a própria génese da atividade do grupo reside não apenas no ambientepolíticoquesevivenoperíodoseguinteaabrildemas , 74 também nagestaçãodurantealongaclaustrofobiaqueantecedeessadataequevai como queformando de modo latente a identidade e o projeto do coletivo, aindaantesdestepossuircorpoÇdenidoenomepróprio. Desse modo, compreendero verdadeiro alcance dos propósitos - ini ciaisedasintervençõesdoGrupoAcre,desdeafaseemqueumadashipó tesesdedesignaçãoseriaVentoÇ,nãoépossívelsemrecordararealidade especialqueseviveeosseusantecedentes.Essacontextualizaçãopermite enquadrar mais justa e profundamente as decisões tomadas pelo - coleti vo, as obras desenvolvidas e ompeto í criativo de cada um dos artistas d 11

INTRODUÇÃO


grupo,bemcomoadinâmicatambémpatentenoutrasatividadesdecriação artísticacoletiva. que, É seéindiscutívelqueaexistênciaeobrasdoGrupoAcreédevi daàenergiacriativadostrêsartistasqueoconstituem,aomodo - comotra balhamconjuntamenteeaoque,efetivamente,fazemcomogrupo,aforça docontextohistóricoédecisiva.Vive-seentãoumperíodoemqueháuma claradinâmicacoletivadesinalcontrárioaostemposimediatamente ant riores:oqueantesestáreprimidoindividualoucomunitariamenteirrom subitamente,sobumaespéciedevontadeoutendênciademassasou-gru pos,naqualoindivíduoocupaumlugarmuitodeterminadopeloprocesso da democracia. Essa força de fundo, essa dinâmica coletiva, que se inicia quaseunaequeseramicanoplural,marcatambémosmeiosartísticos, surgindo sob a sua inuência projetos e ações que resultam de processos criativosemmodocoletivo,ouseja,pensados,discutidoserealizadosfor daesferaestritamenteindividual,querassociandogruposde-artistas nas,comoenvolvendooutrosinteressados. Há, assim, duas suspeitas ou hipóteses neste estudo, embora se fundem numa liga inseparável. Porum lado, a da originalidade do Grupo Acre, o seu carácterespecial entre outros casos. E, poroutro, a de haver umaondaÇ outendência coletivista no contexto nacional, diferenciada e particularmente expressiva na segunda metade dos anos setenta, quiçá resultantetambémdeantecedentesartísticoscomalgumsentido coleti voque,maisoumenosconscientemente,semantémpresentesnosecos das vanguardas modernistas. A uni-las, está a complexa e rara-conjuga ção de um porventura clima utópico, com as suas ambiguidades, - contra diçõeseinsustentáveisambições. EntenderoGrupoAcresegundooperlquenosparecemaisadequa 1 doo  deumprojetodeaçãoemcontexto ou , seja,integradoeproactivo nas dinâmicas sociais da época, segundo umavontade de criarem modo coletivo  implica recordar o terreno donde emerge, onde evolui e onde cessaatividade.Aliás,aobradestegrupodeartistas,numpaís-ondeaco laboraçãocriativaautoralpareceàprimeiravistararearemartesvisua plásticas, constitui um elo possível menos evidente numatrama históri

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ArteemcontextoÇoucontextualÇsãodesignaçõespossíveisparaformasartí - sti cas que, não se centrando nos objetos, nos processos, na dimensão performativa enemmesmoemlocaisconcretos,tomamcomodeterminaçãovitalanecessidade de açãoo( que não cabe,também, no rótulo de ativismo, porventura mais limita dopoliticamente)Sugerem . apossibilidadedeintervençãonoplanoconceptualda poéticadaexperiência,ouseja,pordentrododiscursodasuaconcretização, eme nosnosobjetos.

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que,aindahoje,seofereceincompletaoudecompreensãodicultadapela impossibilidade de separarentão as atividades culturais - do cont 2 ticoesocial E,. seissoépertinenteparaquemtestemunhaeviveaépoca, talvezosejaaindamaisparaasgeraçõesmaisrecentes,paraqueencarem a transformação da segunda metade dos anos setenta neste país de um modoqueultrapasseoestereótipoóbviodecenárioconfusoderevolução, deumalgodesastradovale-tudoÇoscilanteentredesejosromânticos ein teressesdiversos.Comapassagemdotempo,acontecimentosessenciai parecemsoarainconsequentesouromanceados,acabandoesquecidosou desvitalizados,perdendooseusentidoderealidadeeafundando--searqui vadosnoMuseudaHistóriaÇimprodutivos , entreoceticismo,oabstenci nismoouosarcasmo,faceaopragmatismodopresentecheiodeurgências e desaos. E esfuma-se a interiorização efetiva da dimensão dos extraor dinários,profundoseinegáveisresultadosdamudançaquetalperí - odosi nica no devir do país. Por outro lado, na voragem dos acontecimentos, muitasideiaspassamsemcondiçõesparaserempercebidas,peloqueum novoolharpodetrazerdescobertas,pormínimasquesejam.

Estetexto organiza-se, assim, de modo nem sempre lineare crono lógico, embora a linha do tempo seja adotada mais vezes para facilitar a uênciadasideiaseaarrumaçãodosfactos. Numaprimeiraparte,tenta-sefacultarumpanoramadoquadro-con textual mais próximo do qual emerge o GrupoAcre, com referências que, mesmoquedemodonãoexaustivo,sãodiversamenteexpressivasdavon tadedecriaçãodeeloscomunsentreartistaseque,decertomodo,formam umabaseprecedenteàformaçãodogrupo. Trata-sedeperceberumpoucooardotempoÂnonossopaísenão só Â que é, antes de, complexo 74 e já mutante.Apartirde uma certa al tura, nem mesmo o sistema político fechado da ditadura consegue travar percursosindividuaisdeartistas,oqueacrescentadimensõesnas aberturaculturaleosentidocontemporâneoseevidenciamdepoisdeabri Em seguida, tomamos contacto de perto, individualmente, com os três artistas que vão constituir o coletivo, antes da concretização desseprojetoconjuntoeduranteestecom ( algunsdadosadicionais cur cularesemanexosnais).

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Aanálisehistórica,aliás,aindaesbarranãoapenascomdiferentesvista pontosde mastambémcomadiscriçãodemuitosdosintervenientesaindavivos - que,pordi versasrazões,nãocontamtudooqueviveram. INTRODUÇÃO


Na segunda parte, impõe-se rever, em detalhe, cada uma das obras que o grupo realiza no decurso dotempo dinâmico que sevive. Cada ano, entreabrildee74 91 agostodeé, 7 91 pretextoparaalgumenquadramento histórico,facultando-separacadaumdelesalgunsfactossignicativos contextospolíticos,culturaiseartísticos,aonívelinternacionalenacio Factos que são notícia,lmes passados nos cinemas, peças deteatro - es treadas, músicas ouvidas, projetos de edifícios e construções, exposições patentes ou eventos culturais, são, certamente, componentes sólidas que oardotempocarregaentão,oarqueogrupoAcre,oucadaumdosseus membrosindividualmente,respira,mesmoquepossaparecernemsempre haverrelaçãodiretacomoqueproduzem. Em rigor, são sete as ações do Grupo Acre, bem diferenciadas nos seus objetivos e nos meios usados, postas em prática concretamente em ecom 5,7 91 7 974 1 umhiatoemContudo, .6 7 91 hánesteanoumaoutra atividadeconjuntalevadaacabopelosmembrosdogrupoa  revistaArte, na SNBA  que, embora nãotenha assinatura do coletivo, resulta da sua dinâmica, podendo justicar-se que se considerem sob sua autoria, neste casoalargada,oitoações. Aindanasegundapartedotexto,nonal,efetua-seumcurtobalanço daobradoGrupoAcre,começandopelomodoaparentementeinconclusi vocomocessaatividade.Observam-sealgumasconsequênciasassociadas às ações do GrupoAcre e resumos devozes críticas sobre as suas obras, apontandootrajetoposteriorindividualqueosartistasseguem. Umaanál secommaiorpendorreexivosobreaproduçãodogrupo,contudo,requer ainda uma contextualização mais lata, que anteceda as considerações nais.Assim,surgeaterceiraparte.Assumidaqueéainscriçãodotrabalh do GrupoAcre numa espécie de efeito coletivo, esse capítulo dedica-se a uma panorâmica sobre dinâmicas artísticas similares em Portugal. Aí, co meça-seporprocederaalgumhistorialsobregruposantecedentesmaisou menosassumidosquevêmdelonge,entreamonarquiaeaprimeirarepú blicaedepois,istoé,antepassadosnacionaise( tambémextrafronteirasque porcáecoam),quefazempartedesseefeitoprolongadoquepersistecom qualidadesdevanguardas.Note-se,sãoconsideradastambémmodalidades associativas,cooperativas,bemcomoalgunsmovimentosetendênciasque, dealgummodo,têmexpressãoemdinâmicasconjuntas.Emseguida,refe rem-seoutrosgruposque,notempodoAcre,tambémassumemmodosco letivosdecriaçãoeproduçãoartística,permitindoumprocesso-nãoneces sariamentecomparativo,masqueadensaaleituradarededevertentesda dinâmicacoletivadeentãoque,comosefrisa,nãoserestringeaosartistas plásticos. Casos posteriores,também certamente não exaustivos, podem, então,contribuirparaummapamaisamploparaumainvestigaçãofutura. GRUPO ACRE FEZ

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Nonal,indaga-seaevoluçãodessepossívelefeitocoletivo,detetável emPortugaldemodomuitoparticularnotempodoGrupoAcre,procuran do-se alinharalgumas considerações sobre o modo como este logra uma identidadeeumprojetoabertos,emprofundaconsonânciacomotempoe ahipotéticautopiacomquesefundeasuaexistência.

Do ponto de vista metodológico há, no que refere concretamente o grupoAcre, um primeiro bloco de fontes proveniente dos dois autores vi vosàdatadoiníciodapesquisasobreahistóriadoGrupoAcre,ouseja,da própriaClaraMenéresedeLimaCarvalho.Deambosprovéminicialmente inúmerosdocumentosmaisoumenosorganizadosecópiasdeartigos p blicados na imprensa e, sobretudo, o valor insubstituível de testemunho orais expressivos que, ao longo de anos de convivência e, na maioria das vezesdemodomuitoinformal,sedimentaminformação,dandoazodepois ao complemento da investigação em bibliotecas e obras publicadas. Com Clara,oprivilégiodasuagenerosadisponibilizaçãodeumaprofusacoleç deimagensdigitalizadas,jápoucoantesdefalecer,contribuiparaumamai amplavisãodesuaobraedasproduçõesdogrupo. Apesardisso,adataçãodefactosé,porvezes,problemática,sendoo casomaisexpressivoodas Gravuras de Rua,quenenhumdosdoisautores estabelececomprecisãoequeapesquisadefontesnãoresolvetotalmente. Na documentaçãovisual das ações, subsiste a ausência defotogra asdarepartiçãoÇconstruídanaGaleriaOpiniãoparaatribuirdiplomas artista.Umaúnicafoto,poucodistinta,dáideiadaaçãoidênticanoPor maissimplicada.ParavisualizarmosainstalaçãodeLisboa,resta por raotextovivamentedescritivodeEduardoBatarda. Pelo ênfase conferido nesta pesquisa e leitura à perspetiva - contex tual, surgem como necessárias coordenadas dotempo em cronologias de factos, que ganham forma em tabelas para cada ano referentes a dados políticos,culturaiseartísticos,nomundoeemPortugal.Háassimquadros cronológicosque,parauênciadeleituraejánumaversãoadiantada - daes crita,seremeteparaanexos,trazendo-separaoiníciodecadasubcapítulo referente a cada ano apenas algunsfactos expressivos que dão otomÇ e algumdetalhedocontextodoclimapolítico,culturaleartísticoqueintegr asaçõesdogrupoAcre. Não exaustivas decerto, essas cronologiastêm referências divers Nocasodosfactospolíticos,asfontessãomaioritariamentediscrimi naprimeirapartedabibliograa,identicadacomotal.Quantoaosdados culturaiseartísticos,recorre-seaessasmesmasfonteseaoutraslist na segunda parte da bibliograa. São consultadas publicações diversas essenciais,entreoutroscasos,asbasesdedadosociaisouinstitu 15

INTRODUÇÃO


euniversitárias,taiscomo,porexemplo,doGovernoPortuguês,doCentro de Documentação 52 deAbril da Universidade de Coimbra, do Centro de Estudos de Teatro da Universidade de Lisboa, ou ainda a base de dados sobre cinema português Memorabilia. É de frisar a importância-da revis ta ColóquioArtespelo ( rigor, atualidade e elevada atenção e prestígio nos meiosartísticos)na , qualsefundamentamuitainformaçãorelativanãosóa exposiçõesemPortugalcomoforadopaís,bemcomosobreoutroseventos culturaisnoâmbitodocinema,doteatro,dadançaedaarquitetura, - infor maçãogradualmentecomplementadacomdiversaspublicaçõesgenéricas eespecícas. Nocruzamentodasvariadasfontesduranteapesquisa,perante inú merasincongruênciasemdatasnemsemprefáceisdesolucionar,opta-se então pelas informações ociais ou, de algum modo, outras capazes de maiorcredibilidade.Oscritériosmaisparticularesdeorganização nos drossãofacultadosnoiníciodestes. Emtudo,contanaturalmentealgumamemóriaminhadostemposque aquisereferem,dequesoutestemunhae,sobretudo,participanteativa,o quemarcacertamenteaperspetivaaquipatente.

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1. GRUPO ACRE: GÉNESE

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1. GRUPO ACRE: GÉNESE

OGrupoAcresurgeformalmenteemquando , 74 91 ademocraciaportugue saaindanemtembemtrêsmesesdevida.Masoseuaparecimentoresulta deumagénesenumtempoanteriorbastantedilatado. Escavando fundo as determinações político-sociais e artísticas, o GrupoAcre é também consequência e atorde uma história mais remota, menosmaterialefactualmasnãomenosacidentada,enraizadanoeixo - de sarticuladodosdadosartísticosmaisconcretosque,desdeasvanguar marcam a relação paradoxal entre a criação de sinal individual e coletivo, enfatizandoesteúltimo. Assim,paracompreenderoseuprojeto,háqueempreenderumaaná liseretrospetivanocampodahistóriae,parasedenirasuaidentidade,há quereverumagenealogiadeantepassadospersonagens, ( factoseações)de algummodoapostadosnousodevozesemcomumque,anal,sãoreações aos seus tempos e participam na mudança destes. Para já, contudo, - ten tar-se-á analisara sua experiência começando num tempo mais próximo, identicandomotivaçõescontextuaismaispresentesnasuaeclosão,para sepassaremseguidaàcaracterizaçãodogrupoedoqueproduz,deixando paramaisadianteesseenquadramentoremoto,convenienteaumareexão nalmaisaprofundada.

1.1. O contexto próximo

Depois de quarenta e oito anos sufocantes impera, no período imediata menteapósaquedadaditadura,umaespéciedeestadopúblicodeeuforia, um desejo generalizado e inebriante de compensaro passado traumático com novas experiências criadoras sentidas como urgentes para - a recons truçãodopaísadiadodurantetantotempo.Aliás,émarcanteessafacetada realidadenumcertoestereótipodeemocionalidadeexacerbadaquepersis tehojesobreesseperíodo,mesmoque,defacto,aintensidadedosaconte cimentosnãoexcluadimensõesracionaisereexãoprofunda,porumlado assentes em conhecimento acumulado ou repentinamente mais acessível e,poroutro,potenciadaspeloquase brainstormingquotidianotrazidopelo alastramentoparticipativoemambientedemocrático. Portanto, há esse lado explosivo de uma ação cujo potencial e ener giasãolongamenteabafados,sustidos.E,aomesmotempo,háumaforte GRUPO ACRE FEZ

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crençanaideiadeumademocraciamuitodesejadaeesperadaenopoder coletivo daí resultante, que setraduz na necessidade premente de levara todos os campos davida ações que sejam consequência de processos de construçãoconjuntosequeexprimamvontadescomuns. O trabalho do Grupo Acre, talvez mais do que o de qualquer outro nesseperíodo,surgeapostadonummistodearmaçãodeumaidentidade comumemcoletivo,nautópicatotalidadedaculturaeatédanação,noseu casoassumindoumadimensãoculturalarticuladacomopensamento art ticocontemporâneo. O questionamento crítico e projeto de ação política e artística que caracterizam este grupo de artistasdevem,assim,sercompreendidosem função de uma situação bastante paralisada que, repentinamente,ventos novosagitamerefrescam,numaaberturarepentinaeradical.

1.1.1. Claustrofobia e brisas de mudança

Ora,paraquemviveemPortugalentreassuasfronteirasibéricas, - nãoibé ricaseomundo,oestrangulamentodavidaedaculturaportuguesaé,em tremendamente , 74 91 pesadoemuitolongoquase  cinquentaanosvividos entre a ação repressiva e censória da ditadura sobre os discursos po cos,sociaisedetodaaespécieeamediocridaderegionalistaqueimper aestreitezadasmentalidades,oatrasoatodososníveis.Paraalémdasua realidade nanceiramente pobre e do nível precário de desenvolvimento, 3 o país apresenta umataxa de analfabetismovergonhosamente elevada e umabaixíssimaformaçãoescolardebase,aqueosmedosdaprepotência política,daprisão,datorturaederetaliaçõesdiversassesomamatodoum climaretrógrado,deinjustiçaeinsegurança,situaçãodifícilqueosano guerracolonialcomeçadaemem 169 nadamelhoram. Aescassez e lentidão dos meios de comunicação de massas, - com parativamente ao que hoje experimentamos, dicultam na altura - a dis seminação de novas ideias.A abertura ao exterioré pontual, limitada. O

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Os Censos de então usam um conceito de analfabetismo questionável e, mes mo assim, em 0691 apresentam como dados estatísticos em Portugal um total de%6 de ,56 analfabetos. Nos Censos de, 0é7 91 dada uma média de7 %,52 de analfabetos nas ( mulheres,)%13mas dados não ociais apontam para cerca de.%04PORDATA. Base de Dados do Portugal Contemporâneo. Taxa de analfabetismo segundo os Censos. [em linha]. Disponível em: http:www. / / pordata.pt/ Portugal/Taxa+de+analfabetismo+segundo+os+Censos+total+e+por+sexo-2517 [Consult.fev. 21 ]. 5102 1. GRUPO ACRE: GÉNESE


podercombinado da polícia política e da censuraexercido ( porfuncioná riosociaiseagentesinltradosemtodososmeios)inibetoda - acomuni caçãodemodomaisdecisivonosjornais,nasrevistasenatelevisãoqu pouco a pouco, entra nas casas das famílias. As notícias são abafadas, fala-se em surdina sobre certos assuntosÇ como ( a política do governo, a tortura dos presos políticos, a guerra no ultramar, a pobreza cá e nas colónias,ideologiasquenãoaocial,outrasreligiões,sexualidades)enão hápartidospolíticos. Oambientedopaísérepressivoe,nomínimo,desencorajaasasso ciaçõescoletivascujaatividadepossaresvalarparaalgumadiscussã traoregime. 4 Nessesanosdifíceis,aemigraçãoatingeenormesproporções e,seja pordesejosdeevasãoàguerra,àspolíticaseàsmentalidades,ousimples mente por questões de sobrevivência e desejo de maior desafogo econó mico,asrazõesparafugirsãomuitas:Nadécadaentrenaisdecinquenta 5 e sessenta, viver era, cada vez mais, partirÇ e, ainda nos anos setenta, muitospartem,efetivamente,dandonovoscontornosàmelancoliadomito sebastianista,aoregressodesejado,masimpossível. Poressaaltura,oquesepassaàescalamundialéfascinanteeindica mudanças profundas, a que a própria imprensa mais ou menos ocial do regimefazalusãodiscretamente,comoacontece,atítulodeexemplo,num artigosobreumaexposiçãodogrupoKWY,emno , 0691 DiáriodaManhã: Entretanto,aguerradosdetergentescontinua.HáaMarylinMonroe comoseuArturMiller.AB.B.suicidafrustrada. Supp-hose Caron,as meiasquedescansamaspernas,eTV,acamisadohomemqueamu lherprefere,noCongoumfestimcomoelesnãotinhamháséculos.O Tod-Ao, Hi- , naves espaciais e mísseis teleguiados. Beatniks, angry young men, nouvelle vague; reedições em série da velha história do príncipeedapastora,comainversãodossexos. Estátudo certo ou estátudo errado? Certo ou errado, é. Certo 0691 ou errado, é o mundo em que vivemos, o Admirável-Nada-Novo de

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Perto de021mil, num pico em, novamente 7691 segundo dados ociais. PORDA TA. Base de dados do Portugal Contemporâneo. Emigrantes: total e por tipo. [em linha].Disponívelem:https:www. / / pordata.pt/Portugal/Emigrantes+total+e+por+ tipo-e112 712 [Consult.fev. 31 ]. 5102 Veja-seapropósitootextodeCABRAL,ManuelVillaverdeParis, .)10 2( Portugal. Dos anos05aos anos deÇ . 0 7 91 InACCIAIUOLI, MargaridaCoord. ( . ) 1 0 ,2 ( KWY. Parise18591 869 Lisboa: . CentroCulturaldeBelém/AssírioAlvim, & p..65

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Kerouac.Énelequeosartistashabitam,énelequetêmdeconstruir asuaarte.6

Defacto,naestabilidadetrazidapelopós-guerravivem-seevidentes sinais de progresso e de desenvolvimento, mas, ao mesmo tempo, os-re gimes ocidentais sofrem abanões políticos, especialmente de meados dos anosem 05 diante.certo É que,emo, 75 Sputnikrussoexploraoslimitesda órbitaterrestrecomoprimeirosatélitearticial.Doisanosdepois, are ção cubana e Fidel Castrotinham exaltado as consciências mais - utopic menterevolucionáriaseadicionadoumnovosentidoàGuerraFria.Em,169 anoemqueCagarinéoprimeiroserhumanonumanaveespacial,Kennedy éeleitopresidenteeem36éassassinado.AGuerradoVietname,iniciada em,tem 26 no seu reverso social a oposição pelos movimentos pacistas e pelos hippies.Arevolução sexual, as drogas, rock o e os movimentos de cultura underground cruzam-se com a revolução na igreja católica após o Concílio doVaticano II, e o clima social da década endurece com a luta dasmulheresque ( emPortugal,comoaconteceemoutrasquestões,evolui 7 muito lentamente ,) dos negros e dos homossexuais, com as guerras em frica Á eosprincípiosdosprocessosdedescolonização.Apolemizaçãodas democraciasocidentaistemmaisfactoseargumentoscomamortedeChe Guevaraeme7691 oMaiode.86 EmPortugal,osanossessentatambémsãotempodeagudizaçãodo mal-estargeral político e social.Apesardo PIB registarentre359e1 27 91 uma média acima da europeia e haver desenvolvimento económico em AngolaeMoçambique 8a , emigraçãodeportuguesesparaaEuropaaumenta.AderrotadacandidaturadoGeneralHumbertoDelgadoemimplica 8591 oseuexílioemo ;95 1 seuprestígiocomoopositoreasualigaçãoàfracas sadaRevoltadeBejadevão 2591 tercomoconsequênciaasuamortepela PIDEem.5691

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GUEDES,FernandoKWY .) 0691 ( nassalasdaSociedadeNacionaldeBelasArtesÇ. JornalDiário da ManhãCrí ( ticadeArtesPlásticas)Lisboa, , de 41 dezembro.Também referidonabibliograageralemAcciaiuoli,obracitadasobreoKWY. Só em7691é substituído o « C ódigoSeabraÇ ou código civil napoleónico de, 7681 mantendo,contudo,aautoridademasculina,comomaridocomochefedefamília, decisordosatosfundamentaissociaisejurídicosdamesma,incluindo asuar sentação.Umdadoexpressivoéofactodeodireitodevotodasmulheressóexistir depoisde,e74 91 étambémdepoisdarevolução,comarevisãodalegislação,que nelaseconsignaaigualdadededireitos. PIMENTEL, Irene Flunser.)7102( Júlio Pomar. O Pintor no Tempo. Lisboa:AtelierMuseuJúlioPomar/SistemaSolarCRLDocumenta) ( p. , . 091 1. GRUPO ACRE: GÉNESE


Em 7691 o Papa Paulo VI visita Portugal e a 31 de maio está em Fátima.Emnovembro,chuvastorrenciaisprovocaminundaçõesdramáticas emLisboaearredores,nasquaismorremcercade0pessoas, 7 tratando oregimedeabafarosnúmerosociaisdatragédiaconsequentedafaltade infraestruturasepobrezadoslocaismaisatingidos. No ano seguinte, o escândalo sexual dos Ballets Roses, que envolve elementosdaselitesdaditadura,édenunciadoporMárioSoares,Francisco SousaTavareseUrbanoTavaresRodrigues,quesãopresospelaPIDE. Emhá 8691 dissidênciasinclusivenaigrejacatólica,comoadoPadre FelicidadeAlves e uma manifestação de católicos contra a guerra colonial naIgrejadeS.DomingosemLisboa. Tambémosintelectuaissemantémirredutíveisaoregime,sendo - fre quentemente presos pela polícia política e as atividades culturais alvo d censuraerepresáliascomo  nocasodavindadeMauriceBéjartaLisboa, emjunhode,para 8691 levaràcenanoColiseuobailadoRomeueJulieta, poraçãodaGulbenkian,emqueBéjartépresopelaPIDE. Mas,nascasasenalgunscafés,amultiplicaçãodeaparelhos - dete levisão, já a cores nalguns países, permite assistiraovivo em96a-um ex traordinárioacontecimentoa  viagemdaApolloe1 adescidadohomem naLua.EmPortugalessanoitetambémfazhistória,querentreosquecam acordadosaacompanharograndeacontecimentodaconquistatecnológica emdireto,comoquesetratandodeumareediçãoamericanadasdescober tas,eosincrédulos,quesuspeitamestarperanteumgigantescoembuste. Apesarda repressão, a ditadura deteriora-se e, a pardo que sucede internacionalmente, vai-se corroendo a base colonialista em que assenta; oregimenãoconseguecriarumatotalimpermeabilidadeàsrealidadesdo mundoeainformaçãodamodernidadevaichegandoaossolavancos, - em boraimensamenteltrada,diminuída,frequentementedistorcidaecom - re exosque,aexistirem,sãoatenuados,comoacontececomascontestações estudantisnopaíseme2691 que , 96 nãotêmaforçadoMaio.86 Assim, saindo do país os emigrantes, na maioria porrazões - econó micas, fugindo os exilados políticos contra o regime ou os detratores da guerra, expatriando-se outros porrazões culturais diversas, a maioria q vaicandotentasobrevivernumcontextoaindadegrandeatraso,emque inevitáveissinaisdemodernidadesãocontrariadospeloambientesotur retrógrado.Nãoédeestranharqueabundemescapes,anedotas,compensações inócuas. Porexemplo, quadros etabuletas de grupos e sociedades recreativasanimamparedesdetabernasecafés,numavariávelparafernália kitsch,apelandoararasatividadespermitidas,comoexcursões - epatusca das,nasuamaioriaapartirdesedesdebairroouregionais,sobnomescomo: UnidosdaRuadoMirador,OsBurros,OsEmbirrantes,GrupoExcursionista GRUPO ACRE FEZ

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Os Seis Cegonhas, Grupo Excursionista Os Gosmas, Grupo Excursionista 9 Pagas-Tu-EeBebo-Eu, Vidas Sem Rumo, Não Entra Mais Ninguém, etc. . Vive-secomosepode,emresumo.

Entretanto,entreosltrosdedifícilpermeabilidadenacomunicação, nas consciências e no poderquotidiano, um conjunto de realidades cru maisvastasanívelglobalvaiserdeterminantenamudançadopaís: Numaaçãobélicadegrandeecácia,aGuerradosSeisDias,em, 7691 os israelitas atacam diversosterritórios aos povos árabes:tomam a deGazaeaPenínsuladoSinaiaoEgito,conquistamosMontesGolãàSíria e ocupam a Cisjordânia comJerusalém Oriental, até aí território jordano. Seis anos depois, em,37com 91 Anwaral-Sadat já sucessorde Nasserno Egito,ospaísesárabesprocuramumarevanchenaqualSadatintervémde modomaismoderadopropondoaIsraeltrocaroSinaipeloreconhecimento deestadohebraico.Faceàausênciaderesposta,ospaísesárabesmediante aliançasdiversasatacamentãoade 6 outubroDia ( daExpiação,YomKippur, feriadojudaico)oestadodeIsraelvisandoarecuperaçãodosterritórios tesocupados.a É GuerradoYomKippur,queduradias, 02 quandoosisraelitasretaliame,graçasaoapoioamericano,vencem. Emconsequênciadaderrotamilitar,ospaísesárabesatravésdaOPEP Organização ( dosPaísesProdutoresdePetróleo)assumemopetróleocomo armapolítica.Numaalturaemqueaprocuraaumentanumcontextoeconómicoocidentaldeprogressodoconsumo,decidemreduziraproduçãoe subirospreços,decretamumboicoteaosEUAeabremumacriseenergéti canoOcidentecomnefastoimpactonaseconomias. Aponteaéreadosamericanos,queapoiaavitóriadeIsraelcontrao EgitoeaSíria,usaoaeroportodasLajesnoAçorese,comisso,ogoverno portuguêsdeMarceloCaetanocoloca-senumaposiçãobastanteequívoca face à Nato e à Europa, que tinham negado aos EUA o direito de passa gem dos aviões americanos. Logo, Portugalca sujeito às consequências daaliançacomosamericanos,nomeadamentesofrendooembargodofor necimentodecombustível. Emnaisdenovembrodea ,37 91 RTPpassanotíciassobreaslasde automóveisparaabastecimentonasbombasdegasolina,ondeoscombus tíveisescasseiam.

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Veja-se,porexemplo:ANDRADE,PedroArte .)6891 ( excursionistaÇ. Nºmarço, ,86 p.Lisboa: .4 FundaçãoCalousteGulbenkian.

Colóquio Artes.

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Masissoésóumapartedotodo.Comasubidadopreçodopetróleo paraoquádruplo,ainaçãogalopadenovembrodeaté 37 91 marçode. 74 91 Enquantoisso,noorçamentodeestadoasrubricasdedicadasàguerra co lonialsãoasmaispesadasdas %04 ( despesas)e,apesardisso,revelam-se cada vez mais insucientes para o país fazerface a um conito progres sivamente mais insustentável, não apenas do ponto devista político, mas tambémnanceiro. Noiníciode,é74 91 maldisfarçadaumacrisepolíticaqueresultade factos adicionais: Portugal em e o Futuro, livro publicado em fevereiro, o GeneralAntóniodeSpínoladefendequeaguerracolonialrequerumasolu çãopolíticaenãomilitar,noquetemapoiodoGeneralFranciscodaCosta Gomes, Chefe do Estado Maior das Forças Armadas EMFA) ( . De posição fragilizada,oPrimeiro-MinistropededemissãoaoPresidentedaRepública quelharecusa.Sãodemitidasaltaspatentesmilitares:SpínolaeGomese aindaoAlmiranteTiernoBagulho.Eénegadoumprojetodepromoçãode carreirasmilitares. Emresumo,pordentrodasprópriasforçasarmadaseecoando-sec toresnanceirosdesejososdeumamodernizaçãorealista,cava-se-umaru turanoregime. Apesardoclimademedo,umaideiacomunga-seemsilêncioousur dina:é forçoso que algo mude politicamente, urgentemente.

Na cultura e nas artes, debaixo do abafamento do Estado Novo, vailongeotempodoprimeiromodernismo,dosdebatesescandalososdo Orpheu comAmadeo,Viana, Santa-Rita PintoreAlmada, do diálogo com asvanguardas europeias, bem como do queJosé-Augusto França coloca sob a égide de humoristas, pioneiros de modernismo, pintores - da publi cidadedosanos,surrealistas 30 dehumornegroeatéartistasdoacordo socialdadécadadea 35 A 45. custo,elesacertam-secomumamobilida 10 desocialÇ einstala-semuitoltradaadiversidadeculturaldosanos.60 Apósosatrevimentosdoneorrealismoedosdebatessurrealistas, as siste-senosanosa 05 algumapropagaçãotardiadomovimentoabstrato;e estendem-separaadécadaseguintemanifestaçõesdeumaguraçãopop sobcompromissosformaisexpressionistas,raramentepróximas po- daarte vera,dominimalismooudoconceptualismoque,então,constituemtópicos emergentesdaproduçãoartísticainternacional.

10 FRANÇA,José-Augustos/ ( d). LivrosHorizonte,p..89 , 7 9 GRUPO ACRE FEZ

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A arte e a sociedade portuguesa no séc. XX.Lisboa:

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Aneo-guraçãomaisoumenospopvaipermitindooaprofundamento da desmontagem dos elementos plásticos evalores estruturais das obr e das suas estratégias narrativas, fazendo já parte de uma mudança gra dualemqueosanossessentasãodecisivos.Acentua-seaevoluçãodeuma consciênciadaaberturadosmeiosformaisetemáticosdaprodução - artís ca:anoçãodequeumaobradeartenãodependedeprocedimentoscanóni cos,dequeasuaexistênciapodeserasseguradapelorecursoaconceitose logísticasmistasouatéaíextrínsecasaosforostipicamenteartístico Pouco a pouco, como brisas de mudança, irrompem na claustrofo bia cultural do país acontecimentos e notícias,frequentemente poração de artistas expatriados e viajantes, que dão sinal do que acontece foraÇ, de outros modos de estar, pensar e fazer, fazendo desta década o 11 princípiodomdoprocessodemodernidadeÇ Quer . sejaesteumtempo de rutura ou de amena continuidade estrutural com alterações gradua o certo é que os anos 60 são marcados porum certovento de renovação na arte portuguesa,tanto beneciando do papel dos artistasestrange radosÇ, como em consequência da profunda mudança do mundo, mais percetível nuns locais do que noutros, mas intravável, sob efeito de uma comunicaçãocujamassicaçãoacelera. Vaihavendo,assim,discretos,massólidossinaisdamodernidad tística,porexemploatéemalgumasexposiçõesinternacionaisdoSNI, - su cedendo-se outras decisivas.Aexposição de Henri Moore em Lisboa, em , acontece 95 1 já sob ação da Fundação Calouste Gulbenkian, cuja bené cainiciativaatenuaapobrezanacional,prosseguindoemoutrasmostr comoadearteinglesaema ,2691 francesaema ,56 italiana,etc.e, soman do-seaindaonovoserviçodebolsasdeBelasArtesparaestudonoestran geiro.NaSNBA,adireçãodeConceiçãoSilvatrazalgumarenovaçãodepois dea 4691 umcertomarasmomuitomarcadopelaprolongadainuênciade 12 sensibilidadesacadémicasÇ E,. talcomoarenovaçãonaSNBAfazparteda mutaçãogradualdosmeiosartísticosdadécadaeconsubstancia - umafac taexpressivadealgumadinâmicacoletiva,tambémésintomáticaaaçãodo CAPCCí( rculodeArtesPlásticasdeCoimbra)13. Nasduasdécadasanterioresao , 74 19 panoramadasgaleriasémui tolimitadoaosgrandescentrosurbanosportugueses.EmLisboa,aSNBA

11 ALMEIDA,BernardoPintodeAnos .) 9 1 ( sessentaouoprincípiodomdopro cesso de modernidadeÇIn . PERNES, FernandoCoord. ( . ) 9 ,1 ) ( Panorama da Arte Portuguesa do Século XX. Porto:FundaçãodeSerralves/CampodasLetras,p..312 12 RODRIGUES,António.) 49 1 ( Anos,0anos 6 deruptura:umapers pe ctiva da arte portuguesa nos anos sessenta.Lisboa:LivrosHorizonte,s/n. 13 Atratarumpoucomaisdetalhadamentenoponto.2 3

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Sociedade ( NacionaldeBelasArtes)mantémumpapeldestacadoao-lon go de quase todo o século XX como uma espécie de casa dos artistas e ali muitas exposições e debates expressivos da modernidade acontecem, 14 inclusive emvésperas de . Há74 também as Galerias Pórtico e Diário de Notícias,acrescentando-se,nosanossessenta,aDivulgaçãoem1963( já existentenoPortounsanosantes)a , desde 1 e1964, aindaaQuadrante, aS.Mamede,aDinastia,aJuditedaCruz,aInterior. A cidade do Porto tem um papel especial nessa década, remon tando alguns factos decisivos, no mínimo, às duas gerações anteriores No Porto dos anos 40 são jovensJúlio Resende, Fernando Lanhas, Nadir Afonso, Arlindo Rocha e outros, artistas ligados à Escola Superior BelasArtesdoPortoeembreverelevantesnacidade.Comestageração surgeasériedeexposiçõesdosIndependentesde1943até,marcante 50 naarmaçãodaliberdadedeexpressãoestéticaecomparticular-relevân cianocampodaabstração,emboranãoexclusivamente.ÉnoPortoque, em 1946Júlio , Pomarorganiza a I Exposição Geral deArtes Plásticas no Ateneu Comercial, dando o mote para a sequência de pendormais -neor realista. E nos anos 50 avida cultural e artística da cidade animase en tre locais e instituições com protagonismo então crescente  oAteneu, os Fenianos, o Cineclube do Porto nascido em 1945, a ESBAP onde o ensino artístico adquire maiorabertura com o diretorCarlos Ramos d pois de 1952, o Teatro Experimental do Porto desde 195 , com grande relevâncianessadécadaenaseguinte,opróprioMuseuSoaresdosReis. TambémnoPorto,umpoucoàsemelhançadaSNBAdopontodevis 51 tadospropósitosassociativos,aCooperativa écriada rvore Á emAbrilde por 3691 umgrupodeartistasentreosquaisestáLimaCarvalho,dofuturo GrupoAcre, engelo  de Sousa eJorge Pinheiro, dOs QuatroVintes, que irrompecincoanosdepois.Arvore Á vaitornar-serapidamenteumpolode grande atividade em encontros, exposições e iniciativas diversas, até hoj sendoumadasinstituiçõesculturaismaisrelevantesdacidade. Paraalémdisto,tambémvãosurgindonoPortogaleriasdearteque propiciamumacréscimodenovasdinâmicasdeexposiçãoemercado,como acontececomaAlvarezde4em 591 diante,aDivulgaçãoportuensedesde muito ,8591 relevantesnoPortodosanossessenta.

14 TambémaSNBAmerece,peloseupapelimportantenomeioartísticoportuguêse paraoGrupoAcre,destaqueem. .1 3 15 Idem. GRUPO ACRE FEZ

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Figura 1 Cooperativa Árvore. Estatutos na ( fundaçãodacooperativa). Capaepáginana ,1 qualévisível onomedeLimaCarvalhona listadeoutorgantes.

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AscaracterísticasdacidadedoPortodeentãoedoseumeio-cultu ral, poroutro lado, favorecem as qualidades associativas entre artis queexplicatambémofactodetantoscoletivosportuguesesdeartistasdo anose06 serem 07 provenientesdestacidadeounelaterempermanecido durantealgumtempo. Entreasdécadasdeaté 05 aosprimórdiosdedestacam07 seainda doisgruposexclusivamenteconstituídosporartistas,oKWYeojáreferid 61 Os Quatro Vintes, que se tornam paradigmáticos do seu tempo , funcionandocomoantecessoresereferênciasparaoGrupoAcre. Entretanto, no mesmo ano de,369em 1 que é fundada arvore Á no Porto,terminaaediçãoparisiensedarevistadogrupoKWYembora ( ogrupo continue)publicação , iniciadaeme8591 simultâneaàatividadedasegunda fasedosNouveauxRéalistes. O ensino artístico avançado sofre uma evolução signicativa nest período de tempo. Os cursos públicos de BelasArtes são reformados em segundo 7591 regulamentação,currículoseplanosdeestudosnacionais, - ni velandoafasquiadaexigênciaespecícaeteóricaeacabandoporintrodu zirumamodernizaçãotímida,masexpressiva,emborairregularmente - com preendidae,sobretudo,travadapelascircunstânciasextensivasaopaísN domínioprivado,aSNBAiniciaemos 56 seuscursosdeformaçãoartística, voltados para um público diverso. Em 96 abre o IADE, escola direcionada paraarelaçãoentrearteedecoraçãoÇna , práticaalisendoimplementados osprimeiroscursosdedesignemPortugal. OPrémioSoquil,dea 86 é,27 umadasrarasiniciativasqueapoiama produçãoartística. De resto, no que diz respeito a publicações sobre arte, os anos de chumboÇtraduzem-senumpanoramabastantedesérticoe,paraalémdo que chega às embaixadas e ca disponível para consulta (por exemplo, de modo pouco previsível, na vetusta biblioteca da Academia Naciona de Belas Artes), a informação resume-se a pouco mais do que escassas notíciasque,demodomaisoumenosclandestinooudisfarçadoouquea censura lá vai deixando escapar, se vão divulgando em círculos-crescen tes. Nas secções culturais da imprensa diária, nas colunas cultur revistas generalistas, os artigos sobre a arte que se faz lá foraÇ cons tuem, com alguma frequência e principalmente no período mais recente daprimaveramarcelistaÇ,peçaspreciosasdeinformaçãoatualizada m nosobliteradaspelolápisazuldoqueoutrasmatérias,talvezporqueos conteúdopareçarelativamenteinócuo.

16 Tambémemse .1 3 facultamaisinformaçãosobreestesdoisgruposdeartistas.

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AosálbunsdaArtisapartirdesegue8591 seacriaçãodaColóquio/ LetraseditadapelaFundaçãoCalousteGulbenkian,quedivulgaexposições nacionaiseinternacionaissobaçãodaFCGentre9e5 1 .Em 0 7 91 ,o7691 primeiroencontrodaAICAemLisboarefundaasecçãoportuguesados - crí ticosdearte,dandoinícioasetenúmerosdeumarevista,aPinturaNão, & deem 86 diante.

DandosequênciaàrevistaanteriordaGulbenkian,masautonomizan do-senumaperspetivamaisespecializadaemartee,dessemodo,consti tuindoomelhorquesefez,aColóquioArtesaparecedefevereirodeem 17 9 71 diante .Publica1númerosaté,primeiro 69 1 bimestralmente,depoisde trêsemtrêsmeses,cominúmerostextosbilinguesdecercadeautores, 04 profusamenteilustradosacoresepretoebranco,dotadosdefortecompo nentedeinformaçãocontemporâneasobreartes,música,teatro,bailadoe cinema.Aindaantesdarevoluçãodemocrática,aísurgemnotíciase-ree xõessobreestestemas,demodobastantemaisdesenvolvidodoquena-im prensageneralista.PorexemploasCartasdeLondres,deParis,deS.Paulo, etc., são colunas regulares que, desde o primeiro número da revista, - noti ciamoquedeartisticamentemaisimportanteacontecenaquelascidades Hátambémtextosexemplaressobrequestõesdegrandeatualidadeartísti ca,comootemadadesmaterializaçãoeaberturadossuportesconvencio 18 nais Vão . surgindoexemplosdeexperiênciasinovadorasdetodaaespécie, como o recurso de meios computorizadoscoisa ( então quase alienígena), páginas sobre a noção de project arte, ações de cariz performativo ainda invulgares, a parde outros artigos sobre recentes encenações de óperas, análisecombinatórianabasedacriaçãomusical,onovocinema,etc.etc., bemcomoreexõesteóricassobreobjetosartísticosmaistradicionais,sem esquecertemasecasosdopatrimónionacionalemundial. Nogeral,estaéarevistaque,nosúltimostemposanterioresà-revolu ção,maismarcaadivulgaçãoartísticaemPortugaleàqual,naturalmente, sãosensíveisosmembrosdofuturoGrupoAcre. Maistarde,vai surgirainda aArtes Plásticas, revista que se publi de3até 7 91 7e91 naqualasproduçõesdeartedecoletivosterãoalguma expressãorelevantedepoisde,o74 queserelacionacomofactodeserem

17 Adireção da revista é deJosé-Augusto França, que garante uma linha de grande qualidade,aberturaecontemporaneidade. 18 Esteassuntoétratadologononº2darevistaColóquioArtes,emabrilde,con 17 cretamente no texto Objecto sem Pintura e Pintura sem Objecto, de Eduardo Lourenço,eem O Objecto Operatório,deJosé-AugustoFrança,esteúltimoilustra docomimagensdeobrasdeArman,DanFlavin,César,RobertMorris,entreoutros. GRUPO ACRE FEZ

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colaboradores alguns artistas participantes em grupos, nomeadam ngelo  de Sousa, dos QuatroVintes,João Dixo, do futuro Grupo Puzzle e 91 QueirozRibeiro,dofuturoGrupoAcre.

Dacriaçãoindividualdosartistaspodemevocar-se,semqualquer c rácterexaustivo,algumasobrasquesãosintomáticastambémdostempos demudança,comoporexemploosobjetosdeNoronhadaCostaas ,)5691 ( primeiraspinturas-objetodeHelenaAlmeidao ,)7691 ( canavialÇdeAlberto Carneiro,osambientesdeAnaVieiranagaleriaQuadranteeastelas - fotos sensíveis e citacionais de Cruz Filipe,)86os 91 ( textos Crítica e Combate nas Artes Visuais deAntónioArealeohappening O espírito da Letra deJoão Vieira na galeriaJudite da Cruz.)Nessas 0 7 91 ( e muitas obras individuais, mudam-sevontades,formase,certamente,ahistóriaemcurso. Vejamos,pois,maisdeperto,amudança.

1.1.2. À beira de acontecer

Entreonaldosanossessentaeoiníciodossetentaverica-se,pois,um dinamismocrescentenacriaçãoartísticacomcontornoscontemporâne eintensicaçãodadimensãocoletivanaproduçãoartística. Entre8691e,17 9o grupo Os Quatro Vintes realiza diversas expo siçõesemPortugaleemParis,destacando-sepelosentidoatualdassuas propostasque,depoisjáasolo,osseusartistasprosseguem. NoPorto,naGaleriaAlvarez,tambémsãoexpressivasnessaalturaas exposiçõesOperação — I e Operação — II,comobrasdogrupodeescrito researtistasdomovimentodaPoesiaExperimentalPortuguesa,incluind se - um happening; são autores, entre outros, Melo e Castro,JoséAlberto MarqueseAnaHatherly,queexplicaaexposiçãoefazumaconferênciaso breasuateoriapoética. OpainelComeçar, deAlmadaNegreiros,pintadoemé, 96/8 insta 91 ladonaGulbenkianaindaantesdamortedoartistaem. 0 7 91 Embidos Ó surgeaOgiva,umagaleriaabertaentrenovembrode0 7 91 e janeiro depor 74 91 iniciativa do escultorJosé Aurélio, com colaboração

19 Editada pela Bertrand, a revista Artes Plásticas tem como diretor Egídio lvaro. Á Colaboraram RochadeSousa,LimadeFreitas,FernandoLanhas,LuigiCarlucciu, António Areal, Alfredo Queiroz Ribeiro, Rui Mário Gonçalves, Giovanni Giappolo, SalleteTavares,EuricoGonçalves,MirellaBandini,OystnHjort,JoãoDixo,Rugiero Bianchi,PatrickLeNouen,ngelo  deSousa,JaimeFerreira,AnneTroenChe,Yann Pavie,JeanLucParant.

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dos amigos Rogério Ribeiro, Espiga Pinto e Eduardo Nery. Sem apoios nanceirosnemnalidadecomercial,éumespaçodeartistaseumespaço deencontro,beneciandodofactodolocalserumbompretextoparavia gem,ameiadistânciaentreNorteeSuldopaís.Inúmeroscolegasdeofício 20 láaparecemeexpõem facilitando , algumconvíviofestivoentrefamíliasÇ egeraçõesartísticase,naturalmente,criandopreciosasoportunidadesde diálogoedebate,frutuosasatémaistarde. Omercadoartísticoviveentãoumperíododealtosebaixos,contras tandodemodocríticoasdiculdadesnanceirascomumdinamismosem precedentesque ( paralisa de novo em,)acompanhando 74 porenquanto a novafasedoEstadoNovo,aPrimaveraMarcelista.Emboraestaacabepor constituiruma certa deceção emtermos políticos para quem dela espera maior modernidade e democratização, é sintomática de alguma abertura cultural, quer isso se deva ao relaxamento do regime nessa frente ou ao cadavezmaisgeneralizadoforçardelimitesporpartedospolíticos, - intelec tuais,artistaseoutrosagentesdacultura.Emdiversosquadrantes hámu toaacontecer,comdiferentesgrausdevisibilidadeesentido:Porexemplo, emé27 91 publicadoolivro Novas Cartas Portuguesas,importantetextoda autoria das escritoras quecam conhecidas como 3 Marias Maria ( Isabel Barreno, MariaTeresa Horta e MariaVelho da Costa) em prol da luta dos direitos das mulheres e contra a guerra colonial, a emigração, o sistema emsi;AlbertoSeixasSantoslmaaprimeiraparteBrandos de Costumes, umahistóriafragmentadaaojeito nouvelle da vague,quecruzaumpaide famíliacomaimagemdeSalazarna ( realidade,olmeestreiasóem57 91 nocinemaLondresdeLisboa)e,; noteatrodeCampolide,emVirgí ,37 91 lio MartinhoencenaFilopópulos,umapeçaalegóricasobreaquedadeumdi tador,queéumêxitonopalcoenacrítica. Enquantoisso,abrememLisboaexposiçõesinternacionaisimportan tes,partedasquaisnaFundaçãoGulbenkianRodin, Â Klee,oGrupoCobra, AlanDavie,HenriMichaux,SergePoliako3. A mudança de paradigma artístico que ocorre internacionalmente

20 AlémdosjáreferidosJoséAurélio,RogérioRibeiro,EspigaPintoeEduardoNery, expuseram na Ogiva: Alberto Carneiro, Costa Pinheiro, Jorge Pinheiro, ngelo  de Sousa, Vespeira, Ana Vieira, António Areal, Artur Rosa, Carlos Calvet, Carlos Natividade Correia,António Charrua, FátimaVaz, Graça Morais, HelenaAlmeida, Jaime Silva, João Machado, José Escada, João Cutileiro, João Vieira, Joaquim Rodrigo,Jorge Martins,José Rodrigues,Júlio Bragança, Manuel Baptista, Menez, NikiasSkapinakis,RenéBertholo,SáNogueira,Sam,etc.ÂsegundoROSENDO, Catarina.) 90 2Ogiva ( Galeria de Arte, e10 7 91 . 74 O9 risco de sair da normaÇ. ARQUIVO L+ARTE,[em . 90 2. 0 .1 4 linha].Disponívelem: http:arquivolarte. // blogs pot.com//01 9 02 [Consult.ag. 31 ]. 9102 GRUPO ACRE FEZ

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nestadécadaenaseguintequando  sequestionaaautonomiaeessênciada obradearteesedesenvolveumaautorreexãomaiscrítica,oqueéemparte traduzidopelominimalismoepelaarteconceptualesbarra  aindacomas resistênciastípicasdoafastamentoculturaldopaísedoregime - polític chadoeé,assim,lenta.Apesardisso,hásinaisquerevelamalgumaabsorção progressivadascorrentesartísticasmaisatuais,daartepopaoproce redeniçãodaobradeartesobosignodatransversalidadedemeios,-dol meàfotograaeaotextoemodostotalmenteinformais,usandomateriais reciclados,corporais,etc.bem , comopelaviadavalorizaçãoconceptual,das relações entre arte evida, das novas ideias políticas incluindo - a consc cia da sociedade de consumo, da importância do conceito de vanguarda. SãodissoexemploasNotasparaummanifestodearteecológica, tex to curto datado defevereiro de,27da 91 autoria deAlberto Carneiro e em sintoniacomoseutrabalhoescultóricoexperimental.Hátambémos-proje tosdeErnestodeSousa,sinaisdealteraçõesnocontextocríticoecuratoria  Nósnãoestamosalgures, dee, 96 1 DoVazioàPró-Vocação, deNa .27 91 realidade,asexceçõeseossinaisdemaiorvitalidadecriativasão,acim tudo, individuais, justicando-se plenamente o ponto devistateórico q serevênaimpossibilidadedeumaabordagemqueultrapasseessasituaç traumática,provocadaporumaespéciededesvioaocursodahistóriagera 21 dacontemporaneidade . Aescassezdeacontecimentosartísticoseculturaisédesmotiva para muitos e suscita declarações como a de Fernando Pernes, que-con sideraquenãoacontece nadadenovonafrentedaarteportuguesaÇ22no início dos anos, explicando 07 mais adiante no mesmo texto:Apenas exposiçõessucedidasnumritmocomandadoporinteressesdegalerias, al trandoentreasduasprimeirascidadesdoPaísecriandoequívocosondeo

21 AlexandreMeloabordaarealidadeartísticaportuguesaduranteessesanossoba noçãode scarto,termoquetomadeempréstimoaGinzburgeCastelonuovoeque remeteparaumaideiadedeslocaçãolateralrepentinarelativamenteauma-traje tóriadadaÇevitandoassimcairnavulgaridadedolamentoperiférico,cujotrau apesardetudo,nãorecusa.Defacto,Melocolocadiculdadesàhipótesedeuma históriadaarteemPortugaldoséculoXX,oque,nasuaopinião,nãopodeser-rea lizadosemforterecursodasociologia,paraumenquadramentoglobalquecorrija óticasexcessivamentelocaise,consequentemente,deformadas.Asuaanálise res tringe-seassim,pordecisãoprévia,àparticipaçãodeartistasportugueses nahi riadoséculo,àsdeterminaçõessociológicasdascondiçõesdeexercíciodas ativid desartísticas,eàobradosartistasmaisdignosdenota,istoé,menosportugues do que internacionais. MELO,Alexandre.)89 1 ( Artes Plásticas em Portugal, dos anosaos 07 nossosdias. Algés:Difel,p.e21 seguintes. 22 PERNES, Fernando .)37 91 ( Carta de Lisboa e PortoÇ . Colóquio/Artes. Nº ,1 fevereiro,p.Lisboa: .56 FundaçãoCalousteGulbenkian.

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êxitomundanoseconfundecomaqualidadeestéticaouaperfeiçãoexecu tivacomaoriginalidadeinventivaÇ. Noentanto,háefetivamentesinaisdealgonovo. NoPorto,énaGaleriaDoisqueEgídioÁlvarodinamiza Perspectiva a 74,umciclodeintervençõesartísticasdevanguardaedebatescom - artis tasdecincopaísesChecoslováquia, ( França,Inglaterra,JapãoePolónia), durante1semanas, 3 defevereiroatéabrilde174 9 23Esse . cicloésintomá tico do clima de mudança que sevive, especialmente na procura-de mo dosartísticostransversais,masassumetambém,maisesporadicame algum perl de contestação política, sendo expressiva a obra exposta de SergeIIIOldenbourgquealudeàrepressão,inicialmentedemodoestáti coeque,depoisdo25deabril,oartistaalterasobdimensãoperformati va.A Perspectiva 74estátambémligadaàrevistaArtesPlásticas,surgida em 1793 no Porto, e faz parte do movimento em que se integra também oqueacontecenaCasadaCarruagem,deJaimeIsidoro,comfortepapel nasdinâmicasartísticasqueseseguem,especialmentenonortedopaís, incluindodecoletivosdeartistas. Poroutrolado,entree2791 quase , 74 repentinamente,ospreçosdas obrasdeartedisparamnaspoucasgalerias,vendendo-seexposições - intei raseminauguraçõescomfestasnuncavistas,defortedimensãomundana, emqueaburguesiaeosartistasexibemoseunovoesplendor.Acentuamse e proliferam sinais de uma corrente de fundo em transformação, - pre sente em inúmeros sintomas, sejam eles esparsamente individuais o mais generalizados, seja ao nível das próprias instituições.-Aliás, no pr prio ensino artístico também se verica isso, quer na tensão interna nas EscolasSuperioresdeBelasArtes,querpelacriaçãodealternativas,mais liberais.Porexemplo,emabre ,37 91 oAr.CoCentro ( deArteeComunicação Visual), a partir da constituição jurídica da Sociedade Anónima Searco ( S.A.R.L.) que junta artistas como Manuel Costa Cabraldiretor ( do projeto por2 anos), Graça Costa Cabral, EduardoTrigo de Sousa, Eduardo Nery, 42 Waldemar dOrey e José Nuno Câmara Pereira . É uma escola indepen dente,privada,voltadaparaaspráticasartísticas,porondevãopassar inú meros artistas e amadores desejosos de experimentação e conhecimento extraformatosacadémicos.

23 Ver mais em FERREIRA, António Quadros.)7102( Jaime Isidoro. A Arte Sou Eu. Porto:EdiçõesAfrontamento. 24 São acionistas fundadores Alberto Vaz da Silva, Eduardo Nery, Eduardo Trigo de Sousa, Graça e Manuel Costa Cabral,JoãoJose wGuimar ãesAssédio,Jose w Manuel GalvãoTelles,Jose wMariaCantilodeFaria,LucindaGodinhoeFlá viaMonsaraz. GRUPO ACRE FEZ

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Emano  37 91 damortedePicasso,dacrisedopetróleoedoaumen tobrutaldoseucusto,curiosamenteoanomaisfavoráveldesse boom curto domercadoartísticoportuguêsgraçasaumafasebemsucedidade - espe culação na Bolsa e dinheiros doUltramarÇ Â Portugal é um país no qual as contradições se acentuam veladamente, mergulhado como está numa guerracolonialruinosaecadavezcommenossentido,comumprestí-gioin ternacionalmuitoabaladoeque,internamente,vêaumentaracontestação, tambémfomentadapelainaçãonaordemdos.%03 37 9é,1 também, o ano de duas importantes esculturasguras ( 2e :)em 3 setembro,João Cutileiro instala em Lagos o seu D. Sebastião e em dezembro, Jaz Morto (...) designaosoldadomortoqueClaraMenéresexpõe naSNBA. A D. Sebastião, José-Augusto França oferece a capa da Colóquio Artes. Ali elogia no texto a pertinência histórica da peça, que comemora maisdeanos 04 daelevaçãodeLagosacidade,coincidentedepertocom adatadapartidadalidoreiguerreiroparaasuaexpedição,alongando-se sobreoutrasrepresentaçõesdomesmoparaenalteceroimensoméritoda esculturarealizadaporCutileiro.

Figura2 João Cutileiro. D. Sebastião. .37 91 Fotograadaautoradotexto.

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De facto, a obra é surpreendente na altura e continua a sê-lo. No mesmotexto, o historiadorfrisa ainda a desarticulação dosvolumes q impõeumfalsomovimento,ouumimpossívelmovimento,umdesajeita mentofísicoquesimbolizaasituaçãopsicológicaemoraldeD.SebastiãoÇ, oolharperdidoecego,irreal,vazio,ondetudocabeÇo , seufantasmavin dodofundodotempo,espantalhodaHistória,caricaturadoMito.Boneco 25 dado à nossa piedade e oferecido à nossa meditação. TrataÇ se, pois, de uma obra que assinala uma consciência mais contemporânea - da escul tura no espaço público, não só aqui já sem plinto, mas, sobretudo, - cons tituindo um interessante retrato do rei menino do SéculoXVI no estertor daexpansãoportuguesae,tambémporacréscimo,daprópriaguerraque decorreem73. Figura3 Clara Menéres. Jaz morto e arrefece o menino da sua mãe. .37 91 Gessopolicromadoebasedeaço rebitado,cm. 56x012 9 Fotograa deClaraMenéres.

Quanto a Jaz morto e arrefece o menino da sua mãe, a escultura é apresentada porClara Menéres na Sociedade Nacional de BelasArtes, na Exposição 73.PoucosmesesantesdaRevoluçãodosCravosedaparticipa çãodaautoranoGrupoAcre,aesculturarepresentademodoquasehiper realista umsoldadojacente,morto,numaalusãodiretaàguerracolonial. Curiosamente,sendoambasobrasemqueestáimplicadaapresença daideiadeguerra,oquetantopodeserumaalusãoindiretacomouma-refe rênciadiretaaoquesepassanascolónias,tambémambassugeremvisões paradigmáticas,numacoincidênciapremonitória:

25 FRANÇA,José-AugustoO.)37 91 ( D.Ã SebastiãodeJoãoCutileiroÇ. Nºdezembro, ,41 p.Lisboa: .4 FundaçãoCalousteGulbenkian. GRUPO ACRE FEZ

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Colóquio Artes.

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Numa,háummeninoperplexonaantevisãodeumaglóriaqueseirá desmoronaredeumfuturoemqueconstituiráguramíticanão  poraca so,omesmomitoqueacompanhasimbolicamenteoGrupoAcrenumaúl tima obra quando, maistarde, suspende a sua atividade. E na de Clara, é maisdoqueumsoldadomorto:éumpotencialamado,lhomorto,gurado medoprofundodeumamãe-nação,ameaçadaderrotadofuturopossível. Ambas,ainda,sejammaisdiretamentereferentesaopassado-históri coouaopresentedeentão,tantoaesculturadeCutileirocomoadeClara materializamguras de militares, à beira de, precisamente 74 quando - ou trosmilitaresjásemexemclandestinamenteparafazeracontecerAbril. E,defacto,a rutura políticadesenha-sepordentrodaspróprias-for ças armadas, mais ou menos cientes da vontade de sectores nanceiros paraosquaiséurgenteumamodernizaçãorealistanopaís. Assim, num substrato profundo indissociável de razões - mais p mente ideológicas a ( existência de uma ditadura, de um sistema - antide mocrático,ocerceamentodasliberdades)a , revoluçãoportuguesade74 91 acontecepelaconuênciadosdoistiposdecausasmateriaishabitual te identicadas em revoluções  a guerra e a crise económica. Só porsi, cadaumadestascausasédeterminantee,nocasoportuguês,estão - inter ligadas, sendo decisivo o efeito nefasto do prolongamento desastroso guerra colonialcom ( tudo o que está implicado) conjugado com o quadro darecessãoeconómicamaisglobal,quedeterminamomdeumagover naçãoantidemocráticaeobsoletasemperspetivasdeconseguir-arecupe raçãonanceiraepolítica. Osartistasparecem,assim,pressentirosdiscretosmovimento militares nos quartéis, antes dos tanques saírem, em março ou abril. Ou talvez,comoatrássesugere,anecessidadedemudançaestejapresenteno subconscientecomunitário. Maistardeoumaiscedo,deumamaneiraoudeoutra,vaiacontecer.

1.1.3. A vertigem de abril Nanoitede4para 2 5de 2 Abrilde,estavam 74 91 emcenaemLisboa os seguintes espetáculos, para além de outros que não se apresen taram,porserdiadedescansodascompanhias:Doroteia,deNelson Rodrigues, na Casa da Comédia; A Menina Alice e o Inspector, de RobertThomas, noTeatro Capitólio; Zoo Story, de EdwardAlbee, no TeatroLauraAlves;MortedeumCaixeiroViajante,deArthurMiller,no Teatro Maria Matos; Sábado, Domingo e Segunda-feira, de Eduardo de Filippo, noTeatro daTrindade; Uma Rosa ao Pequeno-Almoço, de

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Barillet e Grédy, noTeatro Variedades; A Dama de Copas e o Rei de Cuba,deTimochenkoWehbi,noTeatroVillaret. 62

Dessanoiteparaodia,tudomuda:noteatro,nasartesplásticas,na política,navidacorrente. Reconstituirporpalavrasadimensãodamudança que se opera em Portugal, para que melhorse fundamente o sentido das açõesdoGrupoAcre,arriscaestenderdetalmodootrabalhodecontextua lizaçãoqueasobrasdogrupopodemperderoprotagonismoqueestetexto pretendesalientar. Umasíntesedealgunsdadoscronológicos,anoaano,apoiacomrefe rênciasfactuaisapossibilidadedeumolhartransversal,maséprecisofr quequando,nestepaís,seviveAbrildetudo , 74 91 étãointensoqueoresto domundopareceperderprioridade,apesardosacontecimentosimportan tesdesseanoaonívelglobal. O fascismo português arrasta-se pormuitotempo e, apesarde não sertalvezdosmaisagressivos,opesodaditaduraéefetivoe,quandoeclode ademocracia,operíodoseguinteéinevitavelmentedegrandeefusãoemo tivaeinstabilidade.Aliberdaderecentepropaga-senosamplosterrenosdas opçõespolíticas,religiosas,individuaiseculturais. Muitorapidamente,emdias,sãolibertadosospresospolíticos,aPIDE é extinta e decretado om da guerra colonial quanto antes. Estão devol taaopaísnãosópolíticos,mastambémintelectuais,pensadores,cientis taseartistasexiladosnoutrospaíses.Aindasoamos Grândola ecosdeVila Morenaelogo,poucodepoisdamadrugadadequinta-feira72 52 regressam , ae92 de 03 abriloslíderesexpatriadosdosmaiorespartidosdaoposição, MárioSoaresPartido ( Socialista)elvaro Á CunhalPartido ( Comunista)A . 1 de maio, a primeira manifestação do Dia doTrabalhadorreúne em Lisboa cercadequinhentasmilpessoas,enquantooutrastambémmuito - concor ridas decorrem pacicamente no resto do país. Dias depois, a extrema esquerda mobiliza a primeira manifestação de boicote ao embarque de

26 PORTO, Carlos; MENEZES, Salvato Teles.)5891 ( 01 Anos de Teatro em Portugal e174 91 489 Lisboa: . EditorialCaminho,p..51 27 EmdiversoslmesdearquivodaRTPsãovisíveis:aalegriapopularedosmilitares;o discursodeSpínolaàimprensanoprópriodiano ,52 qualhesitaaindanasrespostas sobreasmedidasdecididaspeloMFAem ( cujalistariscaraalgumas);alibertação dospresospolíticosade 62 abrilcominúmerosrostosconhecidos;odiscursosde CostaGomesnaONUemOutubro;ointeriordaPIDEedaprisãodeCaxias;ore gressodosexiladospolíticos,etc.RTPARQUIVOS. . 25 de abril de 1974.[emlinha]. Disponível em: https:arquivos. // rtp.pt/colecoes/de-52 abril-de-page/ / 74 91 l #/2 ters[Consult.fev. 52 ]. 120 E http:www. / / rtp.pt/arquivo/index.php?article=2t &27 m=3visual=4 &4 [Consult.jan. 82 ]. 5102 GRUPO ACRE FEZ

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soldadosparaascolóniaseiniciaummovimentopopulardeocupaçõesde casasdesabitadas,muitasdasquaislegalizadasposteriormentepel deSalvaçãoNacional,quegovernaopaísnessasprimeirassemanas-eproí benovasocupações. O º1 Governo Provisório toma posse a 61 de maio, presidido por AdelinodaPalmaCarlos,civil,advogado,democratamoderado;inclui - prin cipalmente civis representantes de quadrantes comunistas, socia 28 sociais-democratas, democratas liberais e monárquicos . É presidente daRepúblicaoGeneralAntónioSpínola,quetambémjápresideàJuntade SalvaçãoNacional. Quatro dias depois, Américo Tomás e Marcelo Caetano, que já estão desde 62 de abril no Funchal, partem para o exílio no Brasil.A52 de maio, têm início conversações com o PAIGC para terminara guerra colo nialnaGuiné-Bissau.xado É porPalmaCarlosoprimeiroSalárioMínimo Nacionala ) 0 $ 3 ( de 92 maio.Nessemêsenoseguintesurgemeinten sicam-seconitoslaboraisemgrandesempresascomoosCTT,aLisnave e aTimex. A 6 de junho decorrem em Lusaka conversações preliminares com a FRELIMO para a independência de Moçambique.Três dias depois, PalmaCarlosdemite-seecomelealgunsministros;éformadoade 21 julho oº2 GovernoProvisório,predominantementeconstituídopormilitares,com VascoGonçalvescomoPrimeiro-Ministro. A7de 2 julho,Spínolareconheceodireitoàindependênciadascoló niasafricanas.

Claramente,opaísestánopalcodomundoe,evidentemente,arevo 92 luçãoeademocraciatrazemasmaiorestransformações. Há,sobretudo,intensavivênciademocráticaeintensicaçãodas - dis cussõesemgrupos,assembleiaseplenáriosdetodaaespécie,numaagita ção permanente. Depressa se sucedem matizes e contrastes na mudança de regime e atores políticos, com a novidade da súbita divisão da anteri unidade da oposição em diferentes partidos com pontos devista própri emqueaspessoas,aomesmotempo,manifestamclarainexperiênciae-di culdadedetransporasdiferenças.

28 Dados recolhidos em ARQUIVO HISTÓRICO. Governos Provisórios. [em linha]. Disponível em: http:www. / / portugal.gov.pt/pt/o-governo/arquivo-historico/gover nos-provisorios.[Consult. aspx fev. 2 ]. 5102 29 COELHO,EduardoPradoAnos .) 9 1 ( as :06 clausurasinnitasÇ. InAA.VV..) 9 1 ( Circa8691 Catálogo . daexposiçãodejunho 6 aagosto. 92 TextosdeVicenteTodolí, JoãoFernandes,AntjevonGraevenitz,etc.Porto:FundaçãodeSerralves,p.. 95

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NoqueseráaúltimarevoluçãodoséculoXXeumadassuaspossí veis utopias, e apesardas manifestas diferenças dasforças políticas, s decididas medidas como as nacionalizações da banca, dos seguros e de serviços públicos fundamentais e a reforma agrária avança com ocupa ções polémicas, acentuando rapidamente um perl muito centrado em medidas sociais de esquerda. Ao mesmo tempo, a política internacional preocupa-se com o que se passa neste pequeno país e as redes de in uência, quernanceiras, querdiplomáticas, tornam-se mais complexas e inltram-se em todos os quadrantes. O que, inicialmente, parece - cla roecompreensível,rapidamentesetornaconfuso,querpelaingenuidade geral e inexperiência política, quer pela multiplicidade de interesses e jogo,quemultiplicaminuências,contrainformaçãoedesestabilização.E emboraPortugalseja,anal,umpaíslongamenteobscuroebastante-se cundário, pouco mais que esquecido, ocupa uma posição geoestratégica decisivaentreoextremodaEuropa,aentradadoMediterrânicoeafrente doAtlântico,acaminhodasAméricasedefrica. Á ApesardamerecidafestadeAbrilÇperdurar,tudoémaiscomplicado doqueparece,mas,naqueletecidomarcadoportensõescontraditórias,a sededetransformaçãoébastantegeneralizada,eexiste,desdeoinício,um espaçomuitorecetivoparaasideiasmaiscontemporâneas. Asmudançasqueainstauraçãodoregimedemocráticopermitesão profundase,repentinamente,vive-seintensamenteumaaberturaabissalà vagaculturaleartísticainternacionaldadécadadesetentaedaanterior.Há transições,écerto,querevelamcontrastesnaturais:porexemplo,olme O Mal Amado,deFernandoMatosSilva,quedepoisdeserrealizadoemde 37 baixodapressãodacensurasendo ( oúltimolmedessarealidadeeexpres sivodocontexto)é, oprimeirolmeportuguêsaestrearjáemplenaeuforia da liberdade, no início de maio de. Entre 74 91 continuidades, contrastes e ruturas,oambienteédeimensaerápidamutação. Asformasdeexpressãomaisinovadoraseatéradicais,oriundasem partedenaisdosanosexplodem , 06 emPortugalapósarevoluçãode, 74 tornando-semuitomaispercetíveisnosmeiosartísticoseculturais, ema nifestando-senestesatravésdeumconjuntodepreocupaçõeseinteresses comunsÂabrir,democratizar,socializar,sãometaspartilhadas - comaso ciedade a estenderà produção das obras de arte, à necessidade de fazer algodenovoforadasparâmetros,dosmeiosedoscircuitostradicionais Maisdoquequalquerautorouartistaquepossaconstituirexemplo,o espíritodotempoémuitoforteefaz-sesentirumpoucoportodaaparte;as ideiasandamnoareháespaçoparaaexperiênciaeparaanovidadedas-ini ciativas,principalmenteseenvolveremvontadesdesinalcoletivo,sinóni entãodoespíritodemocráticoquetodosdesejamviverearmar. GRUPO ACRE FEZ

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1.2. Os três artistas do Grupo Acre

SendocertoqueoGrupoAcretemgestaçãonocontextoanteriorae74 91 queasuaatividadeocorrenosanosimediatamenteseguintesàrevoluçã também é óbvio que o eixo fundamental de atuação do grupo resulta do trabalho mediado pelos três artistas que o constituem e, em parte, pelo trajeto que cada um desenvolve antes: Joaquim Lima Carvalho, -) 0491 ( ClaraMenérese23491 ( e)810 AlfredoQueirozRibeiroe1931 ( Cada .) 74 9 um delesépeçafundamentalnaobradogrupoe,nacoerênciadeste,cadaum temoseupapel. Entre eles, existe uma óbvia proximidade geracional e uma base de vivências comuns em que a cidade do Porto constitui um elo determinan te, dado aliterem passado parte da sua juventude e da suaformação. De facto,LimaCarvalhoeQueirozRibeirosãoestudantesnamesmaalturana ESBAPque , Clara,umpoucomaisnova,tambémfrequentaemseguida 30. Depois, a coincidência de Lima Carvalho e Clara Menéres residirem em Lisboa e ambos serem docentes na ESBALvem facilitar maior apro ximação e encontros, ali se sediando a ignição do projeto. Poroutro lado, tambémestesdoisartistaspermanecememPortugalduranteosanosde chumboÇnão , fazendopartedavagadeexpatriadosque,nopaísetambém um pouco portoda a parte do mundo ocidental, com ou sem razões políticas, se instalam em Paris, Londres, Nova Iorque, ou noutras cidades de referêncianacirculaçãointernacionaltípicadaselitesculturaiseu 31 americanasdeentão . SãoelesdoisosmotivadoresdacriaçãodoGrupoAcre,talvezem-par te por essa permanência prolongada no país, em parte também pela sua convivêncianaescoladeLisboa,cidadequeosdoisnortenhosconsider carente de dinâmicas de entrosamento interpessoal e comunitário, espe cialmentenavidaartística. Já Queiroz Ribeiro vive uma experiência diversa, mantendo, contu do, o Porto como epicentro da sua passagem por diferentes geograas. Nascidonumadasantigascolóniasportuguesas,Moçambique,maistar cumpredoisanosdeserviçomilitarnaGuinéeresideemInglaterradurant cercadetrêsanos,primeiroparacompletarestudosedepoisalecionar,só regressandoaoPortodenitivamenteem. 74

30 LimaCarvalhofrequentaaESBAPentree8591 Queiroz ,3691 Ribeiroentree95 1 e4691 ClaraMenéresentree3691 Ou .86 seja,oescultorentraparaoprimeiroano quandoLimaestánosegundoeClaracomeçaquandoLimaconclui. 31 CABRAL,ManuelVillaverdeObra .)10 2( citada,p..65

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As características individuais dos três artistas são marcan nas diferenças da obra que cada umvai construindo, querno modo como vão colaborarem conjunto no GrupoAcre.Vejam-se, assim, alguns dados 32 biográcosecurriculares decadaumdeles.

1.2.1. Lima Carvalho (1940-)

Nos ecos da voz de Clara e de amigos e colegas, ele é o Pintor, alcunha devida aJúlio Resende e que lhe ofusca nome próprio e apelido. O epíteto  como se vivêssemos em séculos passados, numa estranha renas 33 cençaaindapovoadademestres,discípulos,grandesobras indica  Ç). ( tambémumaformadeestar,poisLimaCarvalhoéaqueleque,hajaoque houver,façaoquezerouaconteçaoqueacontecernasuavida,pintaede senha sempre. É que, mesmo em circunstâncias problemáticas ou sobre cargadetarefasacadémicas, ( porexemplo),quando,paraoutros,épouco provávelconseguircontinuar,elenãoabdicadasuapráticapictórica.E,ao mesmotempo,arranjaquasesempremaneiradeseenvolveremtertúlias, grupos de intervenção artística, projetos de ação comunitária. O Grupo Acreéumdelese,quandoacontece,LimaCarvalhojátemexperiênciaas43 sociativaanterior . DepoisdasuaadmissãonaEscolaSoaresdosReis,eme53591 faz ,4 parte de um grupo comJustinoAlves, Domingos Pinho e outros,frequen tando o clube Os Fenianos do Porto e expondo com aqueles artistas na Galeria Divulgação em,8591na mesma cidade.Já então se identica na suapinturaumeixofundamentalrelacionadocomtemáticassociais,dando atençãoparticularàsrealidades,numalinhagemenraizadanaevoluçãodo neorrealismo.

32 A ordem de apresentação dos três membros do Grupo Acre não é aqui alfabéti ca nem cronológica por ( datas de nascimento), obedecendo simplesmente a uma escolhaqueseagura,dopontodevistanarrativo,caraterizarmelhoraformação do grupo e o papel de cada um dos artistas, em articulação com o seu percurso pessoal. 33 SOUSA,Rochade.)189 ( Lima Carvalho. As verdades da pintura.Catálogodeexpo sição.Porto:GaleriaE.G.Associados,agosto,página. s.n. 34 AmaioriadosdadoscurricularesdeLimaCarvalhoprovémdoscurrículos apresen tadosparaaagregaçãonaUniversidadedeLisboae)10 2( paraconcursoparaprofessorcatedráticonaFaculdadedeBelasArtesdaUniversidadedeLisboa,)30 2( complementados por informações oriundas de catálogos de exposições em que participa,bemcomoconversasdoartistacomaautoradestetexto.Háinformações curriculares mais detalhadas, bem como alguns comentários à sua obra artística, noAnexo.3 GRUPO ACRE FEZ

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NoprimeiroanodocursodaEscolaSuperiordeBelasArtesdoPorto, em e58591 , 9trabalha num atelier conjunto com os colegas Carlos Neto, MarinaMesquitaeEllenJensene,embreve,empenha-senacriaçãodeuma galeriaquepossasergeridadiretamentepelosartistas,semintermedi neminteressescomerciais.

Figuras 4 e 5 Lima Carvalho,pinturasdeesquerda, À .3691 óleos/tela,coleçãoparticular. direita, À fresconoCafédeS.Lázaro,Portodestruí ( do).

Nessa altura a pintura que expõe acentua um teor pós-expressio nista, o que se mantém mais ou menos persistente ao longo do seu - per curso como pintor. Em,com 3691 3anos, 2 fazpartedonúcleofundadordaCooperativa rvore, Á sendo um dos proponentes que assinam a escritura, entre outros artistas comoJorge Pinheiro,ngelo  de Sousa e Domingos Pinho.Aliás, a própriarvore Á surge,inicialmente,comopossibilidadedecoletivo dear tas,masagurajurídicadecooperativapareceapresentarvantagens. Depois, já formado, leciona no ensino secundário em 1965, em Matosinhos e Gondomar, exercendo funções nesse nível até 1793 e, as sim,experimentandonotrabalhopedagógicodiversosprocessos dein raçãocoletiva. Entree717 9 ,2participa no Grupo Raíz, no Porto, comJoãoAthayde e Mello, Ellen Jensen, Elisa Outeiro Braga, António Sottomayor e Helena Ernestina.Trata-sedeumgrupodeaçãoartísticaÇderecentesgraduados dasBelasArtes,cujainiciativapartedaconstataçãodeque,depoisdom docurso,muitacoisaháaindaparaaprendersobreamodernidade,peloque convémmanterumarotinainformaldeencontrossujeitosatemasqueos membrosdogruposecomprometematratar. 43

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ComavindaparaLisboaempara 1 79 3 lecionarnaEscolaSuperiorde BelasArtesdaquelacidadeaconvitedeLagoaHenriques,LimaCarvalho participa progressivamente nas atividades da Sociedade Naciona BelasArtes.Integra,desdeaprimeirahoradasuaconstituiçãoapósabr de, o 174 9 Movimento Democrático dosArtistas Plásticos,fazendo parte do grupo de 48 artistas que pintam o painel comemorativo no Mercado doPovo,emBelém. ApardaaçãodoGrupoAcre,LimaCarvalhofazpartedadireçãoedo ConselhoTécnico da SNBAde57 91em diante, com intervenção na orga nizaçãoemontagemdediversasexposiçõesnaquelainstituição.Em,6 7 91 com Clara Menéres, numa extensão da atividade do GrupoAcre, o artista écentralnacriaçãodarevistaArte,cujonúmerozeroéeditadoeimpresso naSNBA 53 .Nessaedição,eleéautordeváriosaspetosdaconceção,faza paginação,ilustraçõesetextos,assinandoalgumasdassuasparticipaç sobopseudónimoJoãoAlexandrino.

Figuras 6 e 7 Lima Carvalho, pinturasdosanos. 0 7 Acentua-seafragmentaçãoquecaracterizaotrabalhodosanos. 0 7 esquerda: À Sociedade de Consumo.leo Ó .27/1 9 s/tela,cm. 5,2 1x5, 7 41 Coleção daFundaçãoCalousteGulbenkian.direita, À pinturade.17 9

35 Nocapítulosobre .6 2 oanoGrupo ( 6 7 91 Acre,anoaano)desenvolve-semaisinfor maçãosobreessarevista. GRUPO ACRE FEZ

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OseuenvolvimentonoGrupoAcrenãoé,pois,noseupercursoartí-s tico,umsinalisoladodeempenhamentocomunitárioeesseinteresse,aliás continuaamanifestar-semesmoapósacessaçãodeatividadesdogrupo. NoanoemqueoGrupoAcreaparecepelaúltimavez,LimaCarvalhopar ticipacomatoremduascurtas-metragensdecçãorealizadasporRocha deSousa63 : Encontro no Século XXI;)7 91 ( Por um Cidadão Desconhecido ;)7 91 ( essa colaboração continua em Peregrinação ,)87 91 ( Semearam Ventos,)87 91 ( O Prisioneiro) 0e891 ( O Corpo Inútil,189neste ( também comoassistentederealização). NaEscolaSuperiordeBelasArtesdeLisboacaconhecidooseu - pa pel como professorde desenho e pintura. Enquanto isso e a parda ativi dade regularcomo pintor, enceta novas experiências de colaboração com outros artistas para concursos públicos de monumentos. Desenvolve a daatividadecuratorialemantém,apardoperlacadémico,asqualidades 73 associativas . Aolongodedécadas,LimaCarvalhoarmaquasepermanentemen te uma produção pictórica intensa, expondo periodicamente em Portugal e no estrangeiro. A sua mostra individual mais importante é realizad 38 FundaçãoCalousteGulbenkian Pintura ( e Desenho,98 1 expondo ,) então trabalhodea 4891 fase ,6891 criativaintensa. Revelaumaproduçãoartísticalonga,deassinalávelestabilidade di cursiva,mastambémcomdiversidadedemeios,principalmenteem - pintu raedesenho,mastambémprojetosintegradosemespaçosarquitetónicos e públicos, diversas participações relevantes no estrangeiro Venezue ( Suécia,Brasil,Espanha,NovaIorque)eumasólidarepresentaçãoemcole çõesinstitucionais. Corredordefundo,nosentidoliteralenãosó,comgrandecoerência depercurso,oPintorvaiaindahojeacumulandoquadrosnosestúdioson trabalha,apenasexpondo,comojáatrássedisse,periodicamente,uma-pe quenapartedoquetemfeito.

36 Incluídos na bibliograa nal. Para mais detalhes, ver: GAMITO, Maria João .A )7102( Hora ZeroÇ. Convocarte, Revista de Ciências da Arte. Nº ,4 setembro, p.e373 .28 Lisboa: Cieba/Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. [em linha]. Disponível em: http:convocarte. // belasartes.ulisboa.pt/wp-content/ uploads/2018/Convocarte4_web_nal.pdf [Consult.18jul.]. 2019 37 VerAnexoh3 ElementoscurricularesadicionaisdosartistasdoGrupoAcre:Lima Carvalho. 38 RIBEIRO, Sommer Dir. ( ,) . 98 1 ( Lima Carvalho: Desenho, Pintura, e14891 689 . CatálogodaexposiçãonaGaleriadeExposiçõesTemporáriasdaFundaçãoCalouste Gulbenkian; apresentação de Sommer Ribeiro; prefácio de Fernanda Gil Costa. Lisboa:FundaçãoCalousteGulbenkian.

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Figura 8 Lima Carvalho. Des-enlace.6891 leo Ó s/tela,cm. 571x09 ColeçãoFundação CalousteGulbenkian.

Excelenteconversadorefértilnaimaginação,éele,segundotestemu nhooraldeClaraMenéres,aalmadamaioriadasideiasdoGrupoAcre,no períodoemqueLimaCarvalho,correspondendoaumamissãosocialcom plementaraoseupermanentediálogomaisindividualempintura,tentacriar plataformasdeaçãodeexpressãocomunitária. GRUPO ACRE FEZ

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1.1.2. Clara Menéres (1943-2018)

Se,certamente,oGrupoAcrenãoteriaexistidosemaimaginação,aperse verançaeasmotivaçõesassociativasdeLimaCarvalho,semClarafaltaria no grupo a presença de génio meio rebelde, a grande determinação, inteligência e intuição, inseparáveis de uma rara e consciente força feminin qualidadesinseparáveisnopercursomarcadopelasuacondição - comomu lheroriundadeumafamíliacatólicaconservadoradonortedePortugal. Apardo talento e sensibilidade, Clara revela uma forte consciência danecessidadedeultrapassagemdealgumasresistênciashabituais mulheresencaramentãonascarreirasartísticas,especialmente - emescu tura,vivências que consolidam a sua determinação e capacidade de ação, numa terribilita canalizada em várias direções e sob interesses diversos Como escultora e como mulher, Clara Menéres 93 assume precocemente, 04 desdeatesedemdecursoem8691 uma , posiçãomuitoarmativa,mas issotambémacontecenumplanosocialepolíticomaislato. Relicário Se integraumaviaeróticaalgoprovocadora,osoldadomortoserá,deigualmodo óbvio,umaobracomfortesentidocríticopolítico.

Figura 9 Clara Menéres. Relicário.. 96 1 Poliésterecaixademadeira.

39 Tal como com Lima Carvalho, a maioria dos dados curriculares de Clara Menéres provém de um currículo académico, no seu caso o apresentado a concurso para professorcatedrático na Universidade devora, É complementado poroutras - infor maçõesoriundasdecatálogosdeexposiçõesetextoscríticos,bemcomodiversas conversascomaartista. 40 VerAnexoh3 ElementoscurricularesadicionaisdosartistasdoGrupoAcre:Clara Menéres.

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Enquantoindagatemáticasamplasnoâmbitodalosoa,psicologia, dasciências,daquímicaedastecnologias,ClaraMenérespratica - umaex perimentaçãoplurifacetadaquejáentãosepercebecomomotivaçãorele vante na sua pesquisa artística e nas suas soluções escultóricas, a pard dimensãoconceptualquetambémlheinteressa.Adespeitodealguma - des conançafaceaopoderreligiosoeàprópriareligiãopois  sódepois -daes tadiaemParis,entreepara 8 7 9 ,1 8 realizarodoutoramentoemetnologia eapósumaexperiênciamística,équeabraçaconscientementeafécatólica  mantém então, ainda nessa fase inicial da idade adulta e porcontacto naturalnoseumeiosocial,algumaligaçãocomasassociaçõesdejovens ca tólicos,quetêmumpapelimportantenaformaçãodeumaconsciência - ecu ménicaprogressistaeumaaçãoantifascistameritórianotempodaditadu JáaresidiremLisboadesdee0 7 91 apósasuaentradacomodocente para a ESBALgraças a Lagoa Henriques, para ensinardesenho tal ( como LimaCarvalho),destaca-seem3a 7 91 obrajáreferidaatrás,oseusoldado mortointitulado JazMortoeArrefeceoMeninodeSuaMãe, que constitui umevidentetestemunhocontraaguerracolonialportuguesaemfrica Á eé expostonaSNBAcomgrandeimpacto.

Figura 10 Clara Menéres. Pelashoras 42 deontem, na estrada de Sintra.. 74 91 Ready-made.

Poucosmesesdepois,jáemtambém , 74 91 sobumtítulonarrativoe GRUPO ACRE FEZ

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denovocomamortesobfoco,ClaraMenéresexpõenoSalãodeMarçoda SociedadeNacionaldeBelasArtes,emplenoátriodaentrada,umautomó vel sinistrado com evidências de consequênciasfatais. Há uma referênc evidenteaofotojornalismoqueevocamostambémnabasedasérie Death and DisasterdeAndyWarhol,dosanosErnesto . 06 deSousaclassicaen tãoasobrasrecentesdaescultoranalinhadeummade-ready-madeÇede umashockerpopÇcomeçando , porexplicarque Pelashoras 42 deontem, naestradadeSintra,despistou-seumautomóvel éotítulo,aparentemente neutro e descritivo, de uma obra também aparentemente neutra, brutal menteneutra.Ç 1 4 Jáomesmo,aliás,acontecia,tambémnaaparência,como soldadomorto.Eoautorcontinua:

OautomóveldeClaraSemide( made-ready-made)situa-se,noentanto,numpoloopostoàsintençõesepropostasdeDuchamp.Háneste objecto uma existência estética fascinante que só operatoriament deixa ao espectadoralguma liberdade de participação, mas esta vai exercer-se através de uma fatalidade agónica e uma chamada insis tenteàresponsabilizaçãototal.Atravésdeumanão-saídamoral - irre cusável.BehemoeLeviatãerguem-seemtodaasuamonstruosidade diantedaslamentaçõesdeJob;eusouohomemqueobscuramente tentavadescortinarosteusdesígnioscompalavrastotalmentevazi Estadoloridapresençafaz-noslembrarasoutrasobrasÇqueconhe cemosdeClaraSemide,econrma-lheaprofundacoerênciapoética, shocker-popÇpermitindo , traçaramuitocorrectaevoluçãodesdeum quase epigonismo segaliano às obras mais recentes de um hiperrea lismoemquesesenteocriadorperfeitamenteàvontade;paraládas inuênciascultaseepocais,certoconsigoeconnosco.ClaraSemide exemplicaperfeitamenteaquiloqueeuconsideroumavanguardade agora,deaqui;quenãoéiràfrentedeumqualquerpelotãodiacrónico, éconstituir-seperanteumdeterminadomeioo( nosso)comoruptura estrutural,tensãoimpossívelentrecontráriosqueefectivamentesão 24 osnossos. .

Avertenteassociativaéimportantenoseupercursoemdiversos mo mentos, por exemplo quando passa pelos corpos técnicos e diretivos da

41 SOUSA,ErnestodeCarta .) 74 91 ( deLisboaÇ. Colóquio Artes.Nºabril, , 71 p..26,1 Lisboa:FundaçãoCalousteGulbenkian.ErnestodeSousanomeia-apeloapelidodo marido,Semide. 42 Ibidem.

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SNBA entre 57 91 e. 97Não 1 perde oportunidade de colocar em prática outrosprojetos,comoaexposição Artistas Portuguesas,emque , 7 91 orga nizacomEmíliaNadaleSílviaChicóesucedeemdiversoslocais,incluindo Parisdestaque ( mais adiante). Expõe então a sua Concha de Vénus, obra quecontinuaalinhaquejávemdetrás,eróticaefeminista,edequefazem parteporexemploo Relicário, o Berbigãoeobrascombordados.

Figura 11 Clara Menéres. Concha de Vénus. Gesso . 7 91 policromado, cm. 05x 6 8

Emobrascomoestas,talcomonoutrasposteriores,évisívela- diver sidadeformaletécnicaassociadaàfugaacânonestradicionaiseàprocur dainovação,oquepersistenoseupercurso.Aesculturaemmeiosclássicos debarro,gesso,madeira,pedraebronzeconvivenasuaobracommeiosque podemirdafotograaedodesenhoaobjetostêxteisbordados, ( bonecosde pano), cerâmica, resinas sintéticas moldadas, cortadas ou projetadas s gundoprocessosindustriais,vidro,lasereholograa,medalhística, inclu do toda a espécie de meios operativos mistos.Também a escala, sentido edestinodoseutrabalhoescultóricovariambastante,desdeospequenos objetos de acabamento irrepreensível às experimentações informais, do grácoao hi-tech,doespaçontimo í àpróprialand-art. GRUPO ACRE FEZ

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Figuras 12 Clara Menéres. Mulher-Terra-Viva.. 7 91 Emcima,primeiraversãonaexposição Alternativa Zero,GaleriaNacionaldeArte Moderna,Lisboa;acrílicoemadeira,terraerelva,cm. 061x 72 08 Embaixo,versão deexterioremgrandesdimensõesnaBienaldeS.Paulo.

Afacetaacadémica,muitorelevantenopercursodestaartista, - decor renoensinopúblicodesdee,5691 deem 0 7 91 diante,naESBAL,passando maistardepelaUniversidadedevora, É assumindodiversasresponsabi des de direção, entre outras iniciativas e projetos em que se envolve, com 34 vertentesassociativas,artísticas,pedagógicas . epolíticas Aolongodasdécadas,aobradeClaraMenéresrevela-separadoxalmentepor  vezessobfacetasquaseopostastematicamente,comoacon tece com as de natureza mais radical já mencionadas ou outras, face ao contrastecomesculturasreligiosasrealizadasporencomenda.Masqu sempre demonstram que, para esta artista, o processo criativo-é um pro cessoglobalnoqualaspartescientícaetecnológicasãotãoimportantes

43 Vermais emAnexo 3 h Elementos curriculares adicionais dos artistas do Grupo Acre:ClaraMenéres.

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como a conceptual que, porsua vez, deve integrarna matéria as tensões contraditóriasdanaturezacomplexadaartista. Como mulheremancipada e atenta ao mundo, a sua tendencial as sertividade encontra no projeto do GrupoAcre um espaço potencial para umadinâmicamuitoclaramentesociopolíticanaaçãocriativaemarte,no fundo uma possibilidade para umtrabalho artístico inovador,tal como lh interessa,aliadoàresponsabilidadesocialqueostemposdafasepósAbr parecemsolicitarcomoutraintensidadeesentido. Artista de uma inteligência rara, muito ativa, ela constitui no Gr Acre uma faceta simultaneamente pragmática e conceptual, dada a sua consciência do potencial de inovação na dimensão operativa e mesmo tecnológica dos processos criativos e, poroutro lado, o seu interesse pe lasideiasdevanguarda,armando,pordiversasvezes,quemesmoquando osmembrosdocoletivonãoconheciamfactualmentecertasobrasdearte contemporâneaqueseiamfazendopelomundo,asideiasandavamnoar. 1.2.3. Alfredo Queiroz Ribeiro (1939-1974)

de ,É certomodo,oterceiromembrodogrupo,jáque,quandodaconstituiçãodoGrupoAcre,vemaconvitedosoutrosdoisartistas.Emboraparticipe durante poucotempo no coletivo, umavez quefalece prematuramente de modotrágicoaindaema , 74 91 suapassagempeloprojetoéprofundamente marcante.Elevemacrescentaradimensãodedespojamentoformaleaver tente crítica que o caracterizam, bem como uma experiência e perspetiva maisinternacional,oquecontribuiparaadiversidadedasideias acon tizar.Vem,também,desempatarimpassescriadosnasdiscussõesentreos outrosdoismembros.Edeixaumvazioquandodesaparece. NascidoemMoçambique,xa-semuitojovemnoPortoeestudaes cultura na Escola Superiorde BelasArtes de95a 1 .4Expõe 691 trabalho noPortoeemLisboa,integraaCooperativarvore Á edepoiscumpreserviço militarobrigatório,durantequatroanos. Após o regresso e de novas exposições, estuda em Londres como bolseiro da Gulbenkian. Disso decorre começar a ensinar escultura na LiverpoolPolythecnic,experiêncianoensinosuperiorartístico-que,àseme lhançadeClaraeLima,constituiumadasfacetasdoseuenvolvimentoem comunidade.

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Figura 13 Alfredo Queiroz Ribeiro. Pessoas Que Eu Sei. N.d.ColeçãoFundaçãoGulbenkian.

Aindanoâmbitodaparticipaçãocoletiva,tambémoseuanterior ser viço militar, no contexto da guerra colonial,  primeiro em Portugal entre e5691 e7691 depoisnaGuiné,entree7691 é, 96 1 seguramente,muito signicativoemtermospessoais. Note-se que esse contexto temporal se caracteriza, logo depois da mortedeHumbertoDelgado,pelomaiorisolamentodePortugalapósoendurecimento das sanções da ONU em discordância com a guerra colonial pelo ,)5691 ( iníciodacedênciaforçadadeMacauàChinaporSalazar)7691 ( epelasubstituiçãodeSalazarporMarceloCaetanoque ,)8691 ( visitaascolóniasemabrildee96 1 iniciaumaparenteabrandamentonaestrutura-po líticafundamentaldaditaduracontinentaleultramarina,napráticaape aindavisívelnamudançadenomedaPIDEparaDGS. Oartistanãomencionafactos,portanto,quando,numtextode,37 91 aludeaoseumododeserportuguês,deixandosuspensonasentrelinhaso temaproibidodaguerra,contudosemomitiropesodaformaçãocatólica, cujosentidopolémicoémaisconsensualnamodernidadeagoramarcant do misto pós-pop da cultura inglesa:O queca pordizer, o que está por trás, a cultura, a aprendizagem davida, a deformação religiosa, etc., etc., são profundamente Portuguesas. A elas fui vinculado e por elas marcado semquemasdessemaescolherÇ. 4

44 RIBEIRO, Alfredo Queiroz.)37 91 ( Alfredo Queiroz Ribeiro. Dezembro. [em linha]. Disponívelem: http:www. / / galeriaottolini.com/GO_QueirozRibeiro.php [Consult.1 abr.] 90 2

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Figura 14 Alfredo Queiroz Ribeiro.Cartaz daexposiçãonaBluecoatGallery, Liverpool,.37 91 Figura 15 Alfredo Queiroz Ribeiro.Cartazdaexposição naCooperativarvore. Á . 74 91

Em, 74 quando 91 regressa a Portugal vindo de Inglaterra, Queiroz Ribeiroassumeenvolvimentopolíticocomomilitantedeesquerda - eétam bémbastantedinâmiconafrenteartística. AlémdeintegraroGrupoAcre,participanesseanonosencontros in ternacionais da Galeria Alvarez. É também um dos dezassete signatários da Declaração Aberta de um Grupo de Artistas Democráticos que,emmaio depugna , 74 91 noPortoporumaaberturaculturaleartísticaquetraduzao espíritodeAbril. Quanto à sua obra, impera em geral notrabalho deAlfredo Queiroz Ribeiroumacertaexpressãopós-minimalistanaopçãoporformas-geomé tricas,quasesemprebastantedepuradas,realizadasemmateriais escult ricosdiversos. GRUPO ACRE FEZ

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Figura 16 Alfredo Queiroz Ribeiro. Numa semana só,.17 9 ou ( Fitas cor de rosa nela, segundoocatálogodaexposiçãodaFCG dem. 7 ,2×5 )37 91 Ferropintado. ColeçãodoMuseuNacionaldeSoares dosReis,emdepósitonaFundação deSerralvesMuseu  deArte Contemporânea.

FernandoAzevedoaponta,alémdasínteseformal,aatitudedehu mor que humaniza o objeto na sua denição urbanaÇ54 , demonstrada por exemplosemtítuloscomo O Sr. M e eu éramos grandes amigos e Os chás de quinta-feira à tarde,esculturasgeométricasde1expostas 79 postuma mentenojardimdaFundaçãoGulbenkian. Paraaqueleautor,háumaespéciedecompensaçãoquedaíadvém:

Consenteantesumtueumeudefamiliaridade,dedesconvenção,desarmandooabsolutogeométricoeagrandiloquência,comqueo-escul tornãosequerconfundir.Amargemdodesconhecido,deinesperado humor,apelaparaexperiênciasvividasepropõeumadescoberta-enca minhadaporpercursossensíveis.Dentrodessamesmalinhade-pesqui sa,QueirozRibeirorealizouassuasobrasgrácas,exercíciosemquese disciplinaparaprovocarlivresassociações,alterandoestados de 64 gens,edecoisas,detençãodemomentos,paragens,prolongamentos.

Nesse eixo de pensamento justica-se, então, compreenderna pró priaobradeQueirozRibeiroumsentidodeaproximaçãoaooutroque,sepor umladoécoerentecomoespíritodapopnodesfazerbarreirasentre high e low,poroutroladopareceanteciparumaoutravontadedecomunhãoque,

45 AZEVEDO,FernandodeT.)6 7 9exto 1( citado,p.. 74 46 Ibidem.

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Figura 17 Alfredo Queiroz Ribeiro. O Sr. M e eu éramos grandes amigos.Ferro .17 9 pintado,cm. 0 3x 8 ColeçãodaFundaçãoCalousteGulbenkian.

maistarde,oartistaassumediversamente,nomeadamentenoGrupoAcre.

Diversamente dos outros dois artistas do GrupoAcre que, até, 74 91 não apresentam obra escrita, Queiroz Ribeiro é autor de diversos textos, desenvolvendo alguma atividade jornalística. Durante a sua estadia em Inglaterra, publica esporadicamente na imprensa artística portuguesa en saioscentradosemacontecimentosdaatualidadedasartes,revelandouma culturamuitoatentaaoseutempo. Notexto de apresentação da sua exposição em,3atrás 7 91 referido, apontaofactodeoseutrabalhoseressentirdopercursodevidaumpouco ambulanteeinstávelÇ7 4 eexplicaanecessidadedeoutrosmodosdeexpres sãoparaládaescultura. NarevistaArtesPlásticas,tambémestápresenteemdiversos - núme roscomasuacrónicasobreexposiçõesemLondreseoutrosapontamentos,

47 RIBEIRO,Alfredo Queiroz.)1Considerações 79 ( sem propósitos nem princípiosÇ. dez. 01 AAVV. .17 .)37 91 ( Alfredo Queiroz Ribeiro. Exposições de Bolseiros. 7.Lisboa novembro / dezembro. Â Lisboa:FundaçãoCalousteGulbenkian,s/npágina. GRUPO ACRE FEZ

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atéjaneirode.Num 57 91 dostextosdepublicado 3( 7 narevistaemjaneiro de) faz 74 um relato sobre a suavisita à 8 aBienal de Paris, debatendo-se contra a ausência de uma representação portuguesa; também aí refere a obra da duplaAnne e PatrickPoirier. NaArtes Plásticas nº,4de junho de relata , 74 91 exposiçõesdeLondres. NaArtesPlásticasnºde ,5 setembro,jáescrevesobreoqueacontece no Porto, emboratambém apareça comtextos anteriores, de Londres. Discorre,então,emtombastantecrítico,sobrearesponsabilidadedeunse outros,artistasenãosó,noengajamentonumaartedeofertaparaopovo, 84 quandodopaineldede 01 junhodeno , 74 91 contextodoMDAP A . suaposi çãopoucocomplacenteenquadra-se,porumlado,numalinhadecoerência comassuasopçõespolíticasdaaltura,noâmbitodeumaalternativa - socia listae,poroutro,nointeresseporumprojetoartísticodiverso. AindaédasuaautoriaumtextonaArtesPlásticasnºde ,6 janeirode publicada ,57 91 jáapósoseufalecimento,denovocomnovasdoPortoede Londres,eaindaumoutroensaiocurtosobrecríticadearte. Num artigo seu um pouco anterioré esclarecedoro seu contributo conceptual eformal para o GrupoAcre durante afase em que este conta comasuaparticipação,aoarmarque é muito mais fácil ler através do esquema abstracto que existe por dentrodequalquerobradetipogurativo,esseiralémdaforma-visí vel,emqueatentativadecomunicaçãoautor-espectador,nãochega asertentativa,existedirectamenteporqueseligaaquantomaisnão seja a uma relação-identicação de objectos familiares ligado a um 94 viverquotidianodascoisasaindaquemuitasvezesmal percebido.

O seu papel no GrupoAcrevive bastante, pois, do seu interesse em formas depuradas, bem como da sua hábil movimentação entre oterreno daescritaeodamaterialidadeescultórica.Odesaparecimentoabruptod 05 QueirozRibeiro deixaemClaraMenéreseLimaCarvalho,alémdoimpacto emocional,umvaziodifícildecompensar,queseestendeaomeioartístico.

48 RIBEIRO,AlfredoQueirozArte .) 74 91 ( erevoluçãoQuem  colaborou?Quemteve coragem?Ç Artes Plásticas Dir. ( Egídiolvaro) Á .Nº,5setembro,p.e101 .,5Porto: 13 EditorialEngenharia. 49 RIBEIRO,Alfredo Queiroz.)1Considerações 79 ( sem propósitos nem princípiosÇ. dez. 01 InAAVV..)37 91 ( Alfredo Queiroz Ribeiro. Exposições de Bolseiros. 7.Lisboa/ novembrodezembro  Lisboa: .37 91 / FundaçãoCalousteGulbenkian,s/npágina. 50 MaisemAnexoh3 ElementoscurricularesadicionaisdosartistasdoGrupoAcre: AlfredoQueirozRibeiro.

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1. GRUPO ACRE: GÉNESE


Um dos traços comuns dos três artistas que constituem o Grupo Acre é a dimensão experimental: a necessidade permanente de experimentação e inovação conceptual, formal e material. Até na relação com o contexto issosevericaemcadaumdeles,nodiálogocomarealidademutante,na inserção na paisagem cultural urbana, na possibilidade de identicação Qualquerumdeles,nassuasdiferençaspessoaiseartísticas,exprimeuma parteparticulardotecidocomplexodaculturadoseutempo,narealidade portuguesaeinternacionalaotempodaditaduraedaépocarevolucionária queseseguelogoaseguiràsuaqueda. Podeimaginar-secomocenárioprovável,nafasecertamentefunda mentaldoseupercursoentreosanosequalquer 0,6 74 91 umdostrêsartis tasaouvirdiscosdevinil,porexemploMozartouStravinsky,JoséAfonsoou Beatles,escutandotambémocasionalmenteacordesdamúsicaapedidode QuandootelefonetocaÇprograma , radiofónicoque,emnaisdesessentas, simulaademocraciapossívelnarádio,dependendoapenasdafrase-publi citáriaadeclinar. Enquanto, no eco dos passos de Mary Quant e outros estilistas, a modadeLondresditaaparênciasquemuitasjovensportuguesas - reprodu zem,roubandoinuênciaàforteatraçãointelectualqueParisaindaexerce, emPortugalamudançaestánoarnasvésperasdeAbrildemesmo , 74 que ossinaissecamuemdiscretamente,testandodeváriasmaneiras - oslimi tesdopoderedacensura. Nesse contexto comum e na diversidade da experiência de cada um,quandoaditaduracai,qualquerumdostrêsartistas,LimaCarvalho ClaraMenéreseQueirozRibeiro,entendesertempoparaumforteenvol vimento no que está a acontecer, sertempo para, também eles, fazerem acontecerHistória. ApassagempeloGrupoAcreteráaltosebaixos,efeitosdiferentesnas suascarreirasindividuaisevidas.

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2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS

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2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS 197451

Portanto,é74 91oanoemquetudomudaemPortugalonde,repentinamen te,serecuperaaliberdadepolíticaparaprocurarumavozprópriaatravésdo queé,certamente,aúltimarevoluçãosignicativadoséculoXX. Depoisdaquelamadrugadadenaisdeabril,depois E Depois de do Adeus, a voz deJoséAfonso ecoa sucessivamente Grândola Vila Morena na rádio, na televisão e nas ruas, sobrepondo-se a grandes êxitos - popu lares comoShe, de Aznavour, ou Waterloo dos Abba. Nem de propósito, Eric Clapton canta I ShotThe Sheri3 nesse mesmo ano em que Lucy In The Sky With DiamondsbrilhacomEltonJohneemqueJoanBaezentoa Gracias A La Vida. Mas, entretantostítulos extraordinários que nesse ano passam nas emissõesderádioportuguesaemdiversasvozes,échegadaaaltura- dalín gua,daculturaedavidaportuguesaadquiriremnalmenteumespaço - pró priosignicativo. Depois do dia 25, os acontecimentos sucedem-se intensos- e ver tiginosos. A72 de abril, aJunta de Salvação Nacional emite o Programa 25 das ForçasArmadas , que estabelece medidas imediatas e a curto prazo: destituiçõesdegovernantesadiversosníveis,amnistiadospresospolíti m das organizações de suporte à ditadura como a PIDE/DGS, a Legião Portuguesa,aMocidadePortuguesa,mdacensura;sãotomadasdecisões tambémnosentidodocontroledaestruturaeconómicaeproclamadas - eta pas para a preparação da instalação do regime democrático e do m da guerranascolónias.

51 VerAnexosh1 Quadroscronológicosde. 74 91 52 O Programa do Movimento das Forças Armadas é apresentado na televisão e outros órgãos de informação, como o jornal Diário de Lisboa. MFA. Movimento das Forças Armadas .) 74 91 (Programa do Movimento das Forças Armadas.Ç Diário de Lisboa, 72 de abril. [em linha]. Disponível em: http:casacomum. // org/ cc/visualizador?pasta=090 .197 4 e http:www1 / / ci. . uc.pt/cd2a/ 5 wikka.php?wakka =estrut07 [Consult.out. 41 ]. 9102 GRUPO ACRE FEZ

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A 51 de maio, o General António de Spínola é nomeado Presidente daRepúblicae,porsua,vez,indicaváriosconselheirosdeEstadoentre ( os quaisestáAzeredoPerdigão,daFCG)eoPrimeiro-Ministro.Umº1 governo provisóriotomapossenodiaseguinteevaiestaremfunçõesdede 61 maio 35 ade 81 julho,comAdelinodaPalmaCarloscomoPrimeiro-Ministro . O período é de urgências diversas e as prioridades denem-se em funçãodoquepareceimprescindível.Noprogramadessegovernoprovisó rio45 ou, ( maisconcretamentenotextodeLinhasProgramáticas)acultura surgenoº8 eúltimoponto,enquadradanotópicogeralPolíticaeducativa, culturaledeinvestigaçãoÇdas ; novealíneasquealiconstam,seissão - volta dasparaaeducação,comprioridadeparaaerradicaçãodoanalfabetismo. Nastrês últimas alíneas, de modo muito genérico,vêm a política nacional de investigação, o fomento das actividades culturais e artísticas on referemtambémartesplásticase,nalmente,adifusãodalínguaecultura portuguesasnomundo.

Emboraadedicaçãoàsquestõesdaculturae,emespecial,dasartes, sejareduzida, averdade é que poucos parecem repararnisso,poisimpera umaespéciedeestadodeeuforia.Tudoexerceumfortechamamentopara aparticipaçãopolítica,bemcomoparaainiciativaeatividadecriativ paíscidades, ( fábricasecampos)nas , ruasdascidadeseaglomerações - ur banas, nas instituições, nas universidades, incluindo nas escolas Artesenomeioculturaleartísticoemgeral,portodaapartehávontadede melhoraroqueexistee,rapidamente,oquejáestáemcursosofrealteraçõesouinstala-sesimplesmenteumforteclimademudanças.

53 Na equipa ministerial entram os principais representantes dos partidos po comoMárioSoares,SáCarneiro,lvaro Á Cunhal,PereiradeMoura,MagalhãesMota, bemcomoRaúlRegonapastadaComunicaçãoSocial,VascoVieiradeAlmeidana Economia,EduardoCorreianaEducaçãoeCultura.NassecretariasdeestadoVítor ConstânciotemoPlaneamentoEconómico,NunoPortasaHabitaçãoeUrbanismo, GonçaloRibeiroTellesoAmbiente,MariadeLourdesPintasilgoaSegurançaSocial, Maria de Lurdes BelchiorosAssuntos Culturais e Investigação Cientíca, etc. ,É emresumo,umgovernodeamplacoligaçãoquetenta,decertomodo,contarcom todoseagradaratodos.UmafuturageringonçaÇserátímidacoligação,comparada comestemodelo. 54 ARQUIVOHISTÓRICO. Programa do I Governo Provisório.[emlinha].Disponível em: https:/www. / historico.portugal.gov.pt/ o-pt/ governo/arquivo-historico/gover nos-provisorios/gp0programa1/ do-governo/programa-do-i-governo-provisorio. aspx[Consult.10out.]. 2019

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Terminada aPerspectiva 74, a 20 de maio surge no Porto uma Declaração Aberta de um Grupo de Artistas Democráticos subscrita por 5 dezassete artistas . Funciona como um manifesto de princípios demo cráticos que pugna pela recusa do centralismo, da macrocefalia cultura da instituição museológica e política de monumentos até aí existente no país, defendendo diversas medidas de dinamização artística tais com a autonomia das instituições, a gestão pelos artistas, criação de com sões,bolsas,centrosdeinvestigação,etc.

Figura 18 Movimento Democrático dos Artistas Plásticos. A arte fascista faz mal à vista. de 82 maiodeCobertura . 74 91 daestátuadeSalazarnoexterior doPalácioFoz.Sãoidenticáveisna fotograaSáNogueira,JúlioPereira, LimaCarvalhoeJoãoAbelManta.

5

Abel Mendes, Alberto Carneiro, ngelo  de Sousa, Armando Alves, Dario Alves, Domingos Pinho, Joaquim Vieira, José Rodrigues, Queiroz Ribeiro, Zulmiro de Carvalho,JoãoDixo,AmândioSilva,MariaJoãoLiz,ManuelaBacelar,PedroRocha, HumbertoMesquitaeJoãoMachado.

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Uma semana depois, o slogan a A arte fascista faz mal à vistaÇ 56 (frase aparentemente da autoria de Vespeira ), acompanha no dia 28 de maio a ação em Lisboa do Movimento Democrático dos Artistas Plásticos, ainda informalmente constituído. Nesse dia, data his ca da implementação da ditadura, e ali, no Palácio Foz, lugar simbóli 57 co da cultura ocial declarada extinta, aquele grupo de artistas cobre de panos negros a estátua de Salazar existente no pátio interior Pelomeiodoentusiasmopúblicoedeclaraçõesquaseunânimesde adesão e demonstração de vontade em participarna construção do país renovado, entre revisões, reavaliações e até ajustes de contas, quando 58 alguns artistas mais velhos exibiam o seu passado neo, sur realistaÇ gem exposições que permitem conhecerobras que, notempo da ditadu ra, permanecem invisíveis porrazões diversas associadas à censur exemplo, nesse sentido, a Galeria S. Mamede mostra em maio a exposição coletiva Maias para o 25 de Abril, bem como individuais de Cruzeiro SeixaseLimadeFreitas. Nesse mesmo mês, o Movimento Democráticos dos Artistas Plásticos recentemente criado emite um comunicado no qual formula propostas para o sector das artes plásticas, que incluem a extinção estruturas remanescentes da ditadura, como o SNI/SPN e outros - ór gãos ou pessoas ligadas à censura, a remodelação da revista Panorama a vericação dos inventários artísticos do SEIT Secretaria ( de Estad da Informação e Turismo), deplora o estado do Museu Nacional de Arte Popular e sugere o uso do Palácio Foz e da Galeria Nacional de Arte Moderna(Belém,aoladodoMuseudeArtePopular). Nessa sequência, o mesmo MDAP apresenta numa conferência de imprensaade 6 junhoumprogramadefestasparaodiadePortugal,ade corrernaGaleriaNacionaldeArteModernadeBelém. Esse feriado de 01 de junho é pretexto para as primeiras atividades festivaspúblicasdosartistasplásticos.

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GONÇALVES,RuiMário;DIAS.FranciscodaSilva.)5891 ( Anos 01 deArtesPlásticas eArquitecturaemPortugale174 91 .489 Lisboa:EditorialCaminho,p.. 72 AliceJorge,AnaVieira,ArturRosa,JoséAurélio, Fernando Conduto, David Evans, EduardoNery,JoséEscada,EuricoGonçalves,FernandoAzevedo,HelenaAlmeida, JoãoAbel Manta,João Moniz Pereira,JorgeVieira,JoãoVieira, Lima de Carvalho, Nikias Skapinakis, Nuno San Payo, Júlio Pomar, Rogério Ribeiro, Sá Nogueira, Vespeira,VirgílioDomingues.VerA/AMovimento .) 74 91 ( DemocráticodosArtistas Plásticos.AartefascistafazmalàvistaÇRevista . Flama.Nºjunho, 7 , 0 731 p..1 4 , 04 GONÇALVES,RuiMário.)6891 ( História de Arte em Portugal. De 1945 à actualidade.Lisboa:PublicaçõesAlfa,p..251 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


EmLisboa,noespaçoconhecidoporMercadodoPovoem ( Belém,ao lado da Galeria Nacional deArte Moderna), de novo sob a organização do Movimento Democrático dosArtistas Plásticos, o mesmo dia de Portugal émarcadopelapinturadeumgrandepainelcoletivopor8artistas, 4 apar de outras ações artísticas simultâneas no local. É um grande dia defesta popular,comtransmissãonacionalpelatelevisão,lmesdeamadores - epro ssionais,muitasfotograaseinúmerosartigosnaimprensaescrita.

Figura 19 VistaparcialdopainelrealizadonoMercadodoPovodeBelém,ade 01 junho deDividido . 74 91 emquadradosdem 5,1 delado,quadrados 3 navertical ena 61 horizontal,perfazasdimensõestotaisdem. 42x5, Nestafotodapintura, jásemandaimes,podeidenticar-seofragmentopintadoporLimaCarvalho nocentro-esquerdadalasuperiorreconhecem( segurasinvertidasbem aoseuestiloderepresentaçãofragmentada).

95 Eurico Gonçalves é um dos que escreve sobre o acontecimento , também com destaque na ColóquioArtes. Rui Mário Gonçalves descreve maistardeoambientedefestaindicandoosartistasparticipantesnopa

95

GONÇALVES, Eurico.)Movimento 74 91 ( Democrático deArtistas Plásticos.Ain tervençãonecessáriaÇ Flama. . Nºagosto, 2 ,8731 p.e483 .1

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pintores  eescultores,bemcomoasintervençõesparalelas:asescultura efémerasdeJoséAurélioeClaraMenéres,ocorodeFernandoLopesGraça eosbaladeirosÇa , participaçãodascriançasedopúblicoemgeralem - pare 06 desconstruídasepintadasinformalmente Refere, . ainda,oqueconsidera oprimeiroatodecensuraapóso52deAbril:asuspensãodatransmissã 16 televisiva a , quinzeminutosdonal,duranteumaatuaçãosatíricasobreos governantesdepostos,peloatorJoãoMota,doteatroAComuna.E,nesse textoretrospetivo,nãopoupaumaconstataçãocrítica:

Opaineleratestemunhodeummomentoirrepetível.Porisso,foiindi gitadopararepresentarPortugalnaBienaldeVeneza,ondenãohavia representação nacional desde. 06Os 91 organizadores da Bienal to maram a iniciativa de guardarpara Portugal, nesse ano, um lugarn pavilhãocentral,destinadoaessepainel.Masporincúriada - direc geral, opainelnãofoienviado,comotambémonãofoi,depois,parao 26 SalondelaJeunePeinture,salãoartístico-políticodeParis.

QuerLimaCarvalhoquerClaraMenéresestãotambémpresentesnos festejos coletivos do 01 de junho deem 74 91 Belém, no Mercado do Povo também ( conhecido porMercado da Primavera). Lima Carvalho é um dos quarentaeoitoartistasquealipintamaliberdadeeomdofascismonod dePortugal,numaescolhaquedeixadeforamuitosnomesparasemanter el ao número de anos da ditadura. Clara realiza uma obratridimension paralela no mesmo local tal ( como o escultorJoséAurélio). E, além deles, outrosartistas,naqueledia,estãolá,comdiferentesgrausdepartici nafestacomum,naqualseevocatambémoescultorJoséDiasCoelho,as sassinadopelaPIDE. 36 Oobjetotridimensional aliconstruídoporClara,intitulado Homenagem às vítimas,exprimenasfrasesmanuscritasconteúdosmuitoaosa darevoluçãoemcurso:

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Odocumentário Pinturacolectiva.Movimentodemocráticodosartistasplást realizadoporManuelCostaeSilvaem,permite 74 91 umaperceçãodefestaedos intervenientes. [em linha]. Disponívelhttps: em: caminhosdamemoria. // wordpress. com/uma- 74 91/ 2 60/9 2 pintura-colectiva/ [Consult.mar. 01 ] 8102 Por ordem do delegado na RTP da Junta de Salvação Nacional, major Mariz Fernandes,raticadapeloministroRaúlRego.Issoprovocaenormeceleuma. GONÇALVES,RuiMário.)6891 ( História de Arte em Portugal. De 1945 à actualidade.Lisboa:PublicaçõesAlfa,p.e1431 .53 FraseslegíveisnafotograaincluídalogonoiníciodoartigodeErnestodeSousa SOUSA, Ernesto de.) O74 91 ( mural do 01 de Junho ou a passagem ao actoÇ . Colóquio Artes.Nºoutubro, , 91 p.e44 Lisboa: .7 FundaçãoCalousteGulbenkian.

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Oactodecriaréumactodeamor. um É actogratuito. Aartenãoéumabolsadevalores. Abaixoosartistasprostituídosaocapitalismo. Abaixoaartedeelites. Abaixoaarterecreativa. Abaixoaquelesquesepromovemacobertodeuma pseudo-democracia.

Figura 20 Clara Menéres.. 74 91 Homenagem às vítimas. MercadodoPovodeBelém,de 01 junho.

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NoPorto,umarecenteComissãoparaumaCulturaDinâmicapromo venessemesmodiao Funeral do Museu Soares dos Reis,funeralcomale griaÇintegradonoCicloNecrólodoPortoÇ46 Constitui . umaaçãodecon testaçãoquepartedaCooperativarvore Á paraaquelemuseuequecritica oseuestadodeatrasoeinoperância.Háfolhetos,umaespéciedeautode fé,umamanifestação/deslecomcartazeseumaconferênciadeimprensa, nelaparticipandomuitosartistasdacidadeeoutrosintervenientes artístico.EgitoGonçalveseCorreiaAlvesdiscursam.

Figuras 21 O Funeral do Museu Soares dos Reis,Porto.

Os jornais diários noticiam o acontecimento e na revista A Plásticas o auto simbólico dacomissão ” é explicado mais extensamente, incluindopartedotextodofolhetodistribuído,noqualsecontesta - oesta dodomuseu,desactualizadoÇeinsucienteÇsem , catálogos,sempostais e diapositivos, sem tabelas ou legendas informativas, em prol de - um mu seuvivo,umMuseudeArteModerna,sendonecessárioqueo5de 2 Abril chegue aqui tambémÇ 56 . Essa ação, a que se somam outras menos fúne bresaolongodemeses,teráinuêncianacriaçãodoCACCentro ( deArte

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Expressõesdeumfolhetodistribuído,segundoLAMBERT,FátimaBalanço .)10 2( do século XX h Arte Portuense AlephÇ. Texto do catálogo da exposição de 10 2 Mais à de0grupos 21 eepisódiosnoPortodoSéculoXX.Porto:GaleriadoPalácio. In FERNANDES,MariaLuísaGarcia;RODRIGUES,JoséCarlosMeneses;TEDIM, José Manuel Coord. ( ,) . 40 2( II Congresso Internacional de História de Arte. Portugal: .10 2 EncruzilhadadeCulturas,dasArtesedasSensibilidadesActas . Coimbra:LivrariaAlmedina,p..37 A/A O.) 74 91 funeral ( doMuseuSoaresdosReisÇ. Artes PlásticasDir. ( Egídiolvaro) Á . NºJunho, .4 p.Porto: . 73 EditorialEngenharia. 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


Contemporânea)que,sobiniciativadeFernandoPernes,vaidinamizarum projetodemuseuque,maistarde,fazgerminaranecessidadedeSerralves. Ainda em junho, é difundido na imprensa um comunicado subscrito 6 pormais de duas dezenas de escritores e artistas detodo o país, mani festando-se contra a presença deAzeredo Perdigão como Conselheiro de Estado do Presidente da República, numa crítica que envolve a ação da FundaçãoGulbenkianduranteoregimedeposto.

Por essa altura, Lima Carvalho tem estúdio em Lisboa na Rua de Tânger.Apósumafasedeintensaproduçãopictóricaentree17 9 par ,37 91 ticipanoSalãodeMarçodaSNBAeacabaderealizarumaexposiçãoindivi dualnaGaleriaOttolininoiníciodeexpõe ; 74 91 tambémem Seis Pintores da ESBAPGaleria ( AbelSalazar,Porto)enacoletivadaCooperativarvore. Á E estáagoratambémbastanteativoemduasorganizaçõesfortementeinter venientes:integraonúcleoinicialdoMovimentoDemocráticodosArtista Plásticos e, em breve,faz parte do ConselhoTécnico da SNBASociedade ( NacionaldeBelasArtes)onde , váriasatividadesestãoemgestação. No Chiado, na escola de Belas Artes de Lisboa, onde ele e Clara Menéres são docentes de desenho, não há aulas desde abril, embora se mantenhamemfuncionamentoatelierslivresum ( dosquaiséumasalade desenholivre,poriniciativadoPintorÇe,) sobretudo,alidecorraamplo tra balho conjunto de estudantes e professores que discutem e preparam os novosplanosdeestudosparafuncionardepoisdoVerão. QuantoaClara,apósobrasdeforteimpactocomoaspeçasdendole í eróticaemanosanteriores,oproblemáticosoldadomortoeme37 91 oauto móvelsinistradonoSalãodeMarçodaSNBA,procuranovosmodosdeinter vençãoplásticae,nosfestejosdode 01 junho,produza Escultura-Manifesto.

6

Gonçalo Couceiro indica os seguintes subscritores do comunicado: Baptist Bastos,Fda . Rosa,FernandoPiteiraSantos,HerbertoHélder,LuísSttauMonteiro, Luísa NetoJorge, Manuel de Azevedo, MariaJudite de Carvalho, Mário Vieira de Carvalho, Nelson de Matos, Nuno Bragança, Pedro Alvim, Torcato da Luz, Vítor Silva Tavares, Alice Jorge, lvaro Á Lapa, António Serra Nota ( da autora: provavel menteAntónioSenaenãoSerra)Clara , Semide,CostaPinheiro,EuricoGonçalves, EuclidesVaz,FátimaVaz,FernandoConduto,FláviadeMonsaraz,FranciscoRelógio, Gordillo,HelderBatista,HenriqueManuel,JoãoAbelManta,JoãoNascimento,João Vieira, Joaquim Rodrigo, Jorge Martins, Jorge Vieira, José Cândido, Júlio Pereira, JustinoAlves,LimaCarvalho,ManuelBaptista,ManuelPires,MonizPereira,Maria Barreira,Hogan,Pomar,QuerubimLapa,QuintinoSebastião,RenéBertholo,Rocha Correia,RodrigodeFreitas,RogérioRibeiro,RolandoSáNogueira,SérgioMartins, Teresa Magalhães, Vasco Conceição, Vespeira, Vítor Belém, Vítor Fortes, Adriano CorreiadeOliveira,JoséAfonsoeRuiMingas.COUCEIRO,Gonçalo.) 40 2( Artes e Revolução,e174 91 97 Lisboa: . LivrosHorizonte,p..31

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Queiroz Ribeiro, porsua vez, ensina no Departamento de Escultura daLiverpoolPolytechniceviajacomfrequênciaentrePortugaleInglaterra, acabando por regressar ao país; expõe na Cooperativarvore Á abril ( , 74 91 Porto)otrabalhovistonaGulbenkianemnovembroedezembrodoanoanterioreparticipaemagosto Encontro no Internacional de Arte organizado pelaGaleriaAlvarezemValadares. Nocatálogodaexposiçãonarvore, Á oescultorpublicaumtextoalgo inesperado principalmente ( se tivermos em conta a sua redação anterior ao52deAbril), intitulado De um discurso que ainda não foi lido em parte nenhuma garantido pelo Orador:

Orador  Quanto mais vejo, mais ouço, mais participo, mais me convenço duma necessidade premente, sem receios, fugas ou-sub terfúgios, de reconsiderar sobre o que até agora tem sido feito em matériadearteemPortugal.Interessadescobrirasverdadeiras r zes, a explicação até ao âmago para certas manifestações visuais em pintura, em escultura ou de um outro qualquerteorque não se podem chamarnem uma coisa nem outra, surgidas entre nós como que caídas do céu, e que não têm cabimento como manifestação própria,integradaeautomatizadanopanoramaculturaldopaís. Acredito profundamente que apesar de inuenciados por invasões culturais alheias trazidas até nós, buscadas em visitas ou em dias em diversos centros culturais, que há, que tem que haver, ra zõesdentrodasquelevamàproduçãodeumamanifestaçãoartí-sti ca,queseidentiquemcomumaculturaprópriaecaracterísticade um país, com uma determinada situação geográca, um clima, um povoeosseuscostumes. Nãoprocurotornar-melocalouregional,nestepaístodososomos. Procuro tomar consciência através de uma identicação que, no âmbitodafacilidadecomquenosdeixamosinuenciar,napresente conjuntura cultural cada vez mais se vai perdendo, por um lado, e cadaveznosémaisnecessária,poroutro.Ç 76 VozesMuito  bem,apoiado.Ç

Desde abril, quando otexto é publicado, a julho, o sentido das pala vrasdeQueirozRibeiroreatualiza-sesucessivamente.

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RIBEIRO,AlfredoQueiroz.) 74 91 ( Alfredo Queiroz Ribeiro.CatálogodaExposiçãona Cooperativarvore, Á abril.Porto:rvore. Á 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


Entretanto toma posse o II Governo Provisório, que está em fun ções durantetrês mesesde ( 81 de julho a 03 de setembro). Indicado pelo PresidentedaRepúblicaAntóniodeSpínola,oPrimeiro-ministroéagorao GeneralVascoGonçalves.Mantémumasoluçãodegovernoconstanteface ao anterior, ou seja, aposta numa junção de sectores diversos, partidários 86 ouindependentes . O programa96 cola-se ao do Programa do MFAe, no discurso datomadadeposse,oPrimeiro-ministroexortaospartidosaagirememprolda unidade populare da correção de erros em curso, resultantes da falta de experiênciaemdemocracia,mediantealgumsentidopedagógico. 07 Por essa altura , ou seja, no mês de julho, a SNBA entrega no MinistériodeEducaçãoeCulturaumtextocomrecomendaçõesparauma política cultural, documento para a elaboração do qual contam alguns só ciosemembrosdoMovimentoDemocráticodosArtistasPlásticos. Deummodoououtro,artistaseoutraspessoasenvolvidasnas - ativi dadesartísticasdesejamparticiparnarevoluçãoeajudararenovaropaís. Edifunde-seacrençadequeénecessárioromperoscircuitoshabituaiseir tercomaspopulações. ,Éassim, neste contexto excecional que, poressa altura, ou seja, no mêsseguinteàgrandefestapopulardo0de 1 junho,surgeoManifesto da “Anti-moderação”do Grupo Acre,documentodatadodede 62 julhode. 74 91

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São ministros sem pasta Vítor Alves, Melo Antunes, Magalhães Mota e lvaro Á Cunhal. Mário Soares continua nos Negócios Estrangeiros, Salgado Zenha na Justiça.NaEconomiaestáagoraRuiEmílioVilareJosédaSilvaLopesnasFinanças. MariadeLourdesPintasilgoéministradosAssuntosSociais.SanchesOsórioes na Comunicação Social e Vitorino Magalhães Godinho na Educação e Cultura, e Maria de Lourdes Belchior, como antes, na Secretaria de Estado dos Assuntos CulturaisedaInvestigaçãoCientíca. ARQUIVOHISTÓRICO. Programa do II Governo Provisório.[emlinha].Disponível em: https:/www. / historico.portugal.gov.pt/pt/o-governo/arquivo-historico/ go vernos-provisorios/gp02programa/ do-governo/programa-do-ii-governo- provi sorio.aspx [Consult. 1 out. 20]. 19 Nestapesquisanãoestáclaroqueessedocumentocoletivosejaentregueantesou depois de81de julho de, ou 74 91 seja, ainda noº1 ou já noº2 governo provisório. Noentanto,aresponsávelpelasuarecepçãoé,emambososcasos,aSecretáriade EstadodosAssuntosCulturaiseInvestigaçãoCientíca,MariadeLourdesBelchior.

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Figura 22 Grupo Acre. Manifesto da Anti-moderação. exemplar ( . 74 91 deLimaCarvalho).


Declaraçãoaindacomcontornosbastanteprovisórios,éjámuito re veladora de uma vontade peculiarface à realidade cultural e artística do país. De facto, uma espécie de rascunho alvo de sucessivas discussões e correçõesnuncaterminadas,podeserentendidocomoalgoemcujaauten ticidade perpassa alguma da emoção e certa ingenuidadetípica de época quesevivee,talvezacimadetudo,umaclaravontadedearmaçãoeação foradosparâmetrosdecontençãohabituaisditadospeloambientefechado, peloconservadorismoouespíritomornoÇcaracterísticosdacultura portu guesadurantedécadas,aquefazalusão. Arma como premente uma tomada de posição ativa dos artistas plásticosperanteasociedade,aqualdevebasear-senumaatitudecrítica, consciente dos seus direitos prossionais e sociais, nela se formand princípiosartísticosorientadoresparaasaçõesdogrupo. São,assim,tópicospositivosÇaapologiadoobjectoÇo , impacto - vi sualÇa , remuneraçãodotrabalhoÇa , humanizaçãodaarte,alutacontraos preconceitoseoapeloaumaexpressãoeróticamenosmoderada. Poroutro lado, são apresentados como realidades a contrariaros academismos ociaisÇ, aarte sistematizadaÇ, o mito do artista ocialÇ, a anestesiageneralizadaÇdacriaçãoedopúblicosobosinteresses comer ciaisdosintervenientes,aartequeapeteceterouquecabememcasaÇ, a inserção facilitista em esquemas alheiosÇ trazidos do exterior, a art 71 deprestígioÇ . Sãoideias,nogeral,muitodiscutidaseansiadasdepois - dolongoes trangulamentodaditadura,ideiasmarcadaspelodesejodeumademocra ciaprofundaaoníveldaprópriaculturaearte,conandogenuinamentena capacidadedaspopulaçõese,emespecial,dosartistas,deseautodetermi narematodososníveis.Pretendemassumireexprimirlivrementeamoder nidade,semrastosdecensuraa ( recentementeextintaincidiranãoapenas sobreaexpressãopolíticaeideológica,mastambémbastantesobreos - con teúdosdecarizsexual)e,aomesmotempo,háquesalvaguardaraidentida denacional.Poroutrolado,coloca-setambémanecessidadede,semdeixar defazeraapologiadoobjectoÇfugir , àsconvençõesdosobjetosartísticos mais formais, demasiado marcados porvícios do mercado das artes que, pouco antes da revolução, tivera a já referida curta fasealtaÇ reveladora das suas discutíveis e caprichosas assimetrias. Para o grupoAcre, es omodeloartísticodaburguesia,algoconsideradoestafado,cujafrequente futilidadeimpõeanecessidadedepráticasartísticasdotadas - deoutrapr fundidadeefunçãosocial.

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Todasasexpressõescitadasnestapáginasãodopróprio Manifesto da Anti-moderação.

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Em resumo, o grupo pretende seragente de um novo programa de ação artística, menos tradicionalmente objetual e mais participante grandesmudançasqueasociedadeportuguesaestáaviver.Eaguram-se comopossibilidadesprogramáticasusararuaeoespaçopúblico como ternativasaocavaleteeaoplinto,conceberapráticaartísticanumsenti deprojeto,nãocontraoobjeto,masapostandoemtipologiasmaisabertas, funcionarnumarelaçãocontracorrenteoudecríticaenegaçãodacultura instituída,criandotestemunhosalternativos.

A designaçãodogrupo,aindaentãoporxar,éconsideradaimpor tante e desejada com reveladora. Uma das anotações manuscritas - nes se primeiro documento sugere então como hipótese chamar-se Grupo VentoÇ, como atrás já foi dito, mas não está ainda nada assente em de nitivo pois, entre outros nomes possíveis, nenhum apresenta-a consi tência desejada. O nome deve ser portador de conotações de mudança, corrosivas e ácidas, deixando antever uma natureza de rutura contra instituído, classicado como demasiado conciliador, demasiado p guês-suaveÇ; e há que dara ideia de que a grandiosidade da arte, a mais sublimeeconsequentevisãodaarte,nãopodenuncadeixar-seregerpela contenção dos sentimentos e da expressão. Num comunicado do- gru po que surge já numa fase posterior, em 1795, depois de algumas obras 72 realizadas , a designação escolhida é pretexto para um jogo de palavras expressivodasintençõesquenorteiamasuaação: ACRE ACREDITAR ALACREIDADE ARTEACTO É

Acre, de facto, surge inevitavelmente também conotado como uma medida de território, o território real e simbólico que o gera, mas acre é, sobretudo,algocomoumsabore( saber)queaapropriaçãodoespaçopúblico e do património histórico e cultural, transversal em todas as o possibilita:algoquenãoénemsalgado,nemácidonemamargo,nãoédoce, não é ameno ou suave, como dizem seros portuguesessuaves ( etristes), masqueimplicaumaespéciedeusufrutotransgressor,deocupaçãoquase. Acre,pelaforçaduradoolharcrítico,signicaumacrençanosditamesde

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Desdobrável distribuído no Porto para divulgação da intervenção na Galeria Dois emfevereirode.57 91 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


umavisãocontemporâneadopaísedomundo,umavisãojovemerenasci 37 da,prontaaagir Nisso . étambémsintomadeumcertotipodeenergiada alegriaedafesta,nãoporqueafestafosseintençãodogrupo,masporque adinâmicafestivaestavanoarquesepretendiaocuparenoqualhaviaque deixarumamarca.

A constituição do grupo,porseulado,tambémnãosurgeaindadivul gadanessetextoinicial,acimadetudoapostadoemexprimirasintenções muitoaosabordotempodosseusmembros,apartirdoprópriosimplesato deagrupamento,dosentidodeencontro,dediscussãoconjuntaepotencial açãocoletiva,durantetantosanosinibidospeladitadurapolíticavigent curiosovericarque,defacto,éexplícitanessedocumentoumaclara-von tadeempromulgarumaidentidadecoletivaqueaindanãosedenesenão pelosentidodaaçãodeclarada,menorizandoaimportânciadoindivíduoe estando assim ausentes os nomes próprios e as assinaturas - comuns no trassituaçõesqueseprocuramconstituircomomanifesto. Aliás,sãoprincipalmenteostestemunhos4 7 verbais deClaraMenéres eLimaCarvalhoquepermitemreconstituirahistóriadaformaçãodogrupo que,segundoeles,resultaprincipalmentedasuadeterminaçãonumafase deintensoconvíviodiário. ParaClaraMenéres,essaideiadedarexistênciaaumgrupodepro duçãoeaçãoartísticajávemdetrás,antesdode 52 Abril,acontecendode factoporiniciativadaescultoracomLimaCarvalho,pintor.Amigosdelong data da mesma geração, oriundos do Porto, ambos são, desde há pouco tempo,professoresdedesenhonaESBAL,aconvitedeLagoaHenriques. Reconhecendoambososartistasavantagemdeumterceiroelemen to no grupo e após acordo mútuo, é Lima Carvalho que, numa das suas deslocaçõessemanaisaoPorto,onderesideapesardetrabalharemLisboa, convida Alfredo Queiroz Ribeiro. O escultor recentemente regressado da suaestadiaemLondreseque,paraalémdasuapráticaartística,tementão escrito regularmente crónicas com informações atuais sobre o que sefaz recentemente,aceitadeimediatointegraroprojeto.

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ParaClaraMenéres,onome denitivodogrupopretendianãoapenasumacono taçãoantiamável,mastambémevocaçõesmistasaS.JoãodeAcre,fortalezados cavaleiros templários, associadas à ideia de missão dos cruzados e um misto de remissõesàfundaçãodePortugalconversa ( comaautoradotexto,em.)6102 Os diversos encontros com Clara Menéres e Lima Carvalho foram preciosos, em entrevistasinformaiscomcadaumecomambos,realizadasentree01 2 .8102

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NaalturadaformaçãodoGrupoAcre,osseusmembrostêmentre03 eanos 3 e,talcomojáreferido,comungamavivêncianacidadedoPorto, emboraaaçãodocoletivonasçaesejacentradaemLisboa. Os motivos da constituição do grupo somam, pois, aforça - do con texto excecional às próprias razões mais pessoais. Os projetos são, sencialmente, ditados por uma pulsão própria para a ação muito moti vada pela época, com forte componente sensível e intuitiva depois alvo detrabalhoracional,enãodeixamdeecoaralgumasreferênciasteóricas ou artísticas recentes, marcadas por nomes como os de Umberto Eco, Joseph Beuys, ou Piero Manzoni, embora irregularmente conhecidas - pe losmembrosdogrupo. Destes,omaisinformadosobreopanoramainternacionalé,possivel mente,QueirozRibeiro,aavaliarpeloqueescreve.Porexemplo,numartigo 57 seupublicadoemjunhode,na 74 91 revistaArtesPlásticas faz , umrelato sobreváriasexposiçõesemLondres,entrevistaMichaelGraig-Martinsobre uma instalação conceptual daquele na Rowan Gallerye debruça-se sobre obrasdeYvesKleinePieroManzonimostradasnaTateGallery.Ilustradopor umafotodeumdoscilindroscomlinhasdeManzoni,otextoapresentauma panorâmicadaproduçãoartísticadeambos,salientandoassuas - anida 67 des com a arte-atitude ou atitudes-que-tomam-formaÇ, o que comprova oconhecimentodoautordotextosobrecertoscaminhosdaarteconcep 7 tual ” , em alusões claras à exposição comissariada porHarald Szeemann 87 em 96 1 . Refere também, de passagem, os Certicados de Zonas de Sensibilidade Pictórica ImaterialdeYvesKlein,deque , 0691 estetrocaraen tãoporfolhasdeouro,estandoocerticadosomenteautenticadoquando 97 eleeoouroestivessemdestruídosouperdidosÇ . Masosecosdeobrasartísticasproduzidasnoestrangeiro,-emcontex tosmaisvanguardistasouativosdoqueosdomeioculturalportugu são as razões mais determinantes daformação do grupo. Provavelmente o que tem mais inuência é mesmo o ambiente revolucionário que se

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Revista dirigida por Egídiolvaro, Á com Conselho de Redação constituído por ele próprio,LimadeFreitaseRochadeSousa,publicadanoPorto. RIBEIRO, Alfredo Queiroz.) Londres/ 74 91 ( GaleriasÇ. Artes Plásticas Dir. ( Egídio lvaro) Á Nº . junho, ,4 p.Porto: .3 EditorialEngenharia. Ibidem. When attitudes become form/ Quand les attitudes deviennent forme.Exposiçãona KunsthalledeBerna,Suiça,Março/Abril1,curador 96 HaraldSZEEMANN,depois montada de novo no ICAde Londres, no Museu Kolkwang de Essen e no Museu HausLangedeKrefeld. RIBEIRO,AlfredoQueirozT.) exto 74 91 ( járeferidona Artes Plásticasnºp. ,4 .3 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


vive,talcomoaamizadeecumplicidadeentreClaraeLimaCarvalho,que determinameunemprofundamenteasuavontadedeação.

O modus operandiadotadopeloGrupoAcreemcadaobradecorre, naturalmente,dasuanaturezaespecíca,mashácaracterísticasrecorren tes.JoaquimLimaCarvalho,oPintorÇé,segundotestemunhodeClara,o autorda maioria das ideias iniciais. Ela, também com grande intervenção no domínio conceptual, acrescenta um perlfeminino muito determinado e,sobretudo,dadooespíritomaispragmáticoassociadoàformação - eex periênciaemescultura,trataquasesempredapartelogísticadoprocesso criativo,dosmateriaisnecessários,doscontactosqueenvolvemmeiospar aconstruçãodosobjetosouações.em É suacasaquedecorreamaioriados encontrosdetrabalhodogrupo.EQueirozRibeiro,residentenoPorto,cons titui um apoio complementaravários níveis:tendovivido etrabalhado em Inglaterra,oquelheproporcionaacessoaumamaioratualizaçãoesentido internacional,temtambémalgumapráticadeescritaecabe-lhefrequente mentedactilografarasversõesnaisdostextosdiscutidosconjuntamen copiarmuitasdascartasnecessáriasecomunicados,chegandoafuncion comomediadorentreLimaeClaraque,frequentemente,constituempolos detensõesantagónicas. Partidariamente,ogrupopugnapelaindependência,emboraosenti dopolíticogeral,comumàgeneralidadedosartistasemembrosdaselites culturais,sejaodeumacertaesquerdaatípica.Emconsequênciadisso,o programabastanteabertodogrupoémarcadoporpreocupaçõessociaise naturalmentecríticasque,comojáatrásfoiarmado,pretendemmaiorou menorintervençãonarealidade,mesmoqueindiretamente. De um modo geral, ostrabalhos são realizados sem qualquerapoio, quernanceiro queroutro. Usam-se materiais de baixo custo, pagos pelo bolsodosmembrosdogrupo,semexigênciasocinaisdemaior.Naépoca nãoocorre,pordesnecessário,pedirautorizaçãoparausaroespaçopúblico. Enãohátambémpreparaçãomediáticaoupromocionalprossionalizada, tudoseresolvendodemodobastantecasual. As ações do grupo são, poroutro lado, participadas irregularmente poroutrosartistas,amigoseconhecidos,quecolaboramnarealização. Masasideias,essassão,sobretudo,discutidaspelostrêselementos mais ( tarde,doisapenas),deformaarticuladacomoquevaiacontecendo, nãodeformalógicaouilustrativa,masantesobedecendoaumaespéciede ltroatravésdeantenassensíveisquecaptamomundoeosacontecimen tosquechegam,pelomeiodaturbulênciadoquotidiano.

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2.1. Círculos

1 de agosto de 1974. Rua do Carmo, Lisboa

O primeiro projeto do Grupo Acre consiste numa ação de rua com forte impactovisual, a realizarumtanto à maneira do que acontece então com certasatividadesurbanasdospartidospolíticos,como,porexemplo, aspi turas murais que proliferam pelas cidades portuguesas e as colagens cartazes,executadasfrequentementedenoiteporgruposmobilizadospara oefeitoecomfortecomponenteanónimaoudeautoriasubvalorizada. O período revolucionário do momento, em que se multiplicam os cenários de discussão e reconstrução detodas as estruturas do país c o empenho, entusiasmo e otimismo de muitos, alheia-se de formalidades maistardeindispensáveiseque,nestaaltura,seocorremaalguém, - pare cem descabidas. Por isso, não é solicitada qualquer autorização ocial CâmaraouGovernoCivilparaaimaginadaaçãoderua.Tambémnãopassa pelacabeçadeninguémpedirqualquerapoionanceiroparaaconcretiza çãodoprojeto.Osmateriaissãoadquiridospelosartistasa-expensas priase,apesardoqueéarmadonotextodemanifestoprévio,quedefende comorequisitopositivoaremuneraçãodotrabalhodeartistasemgeral certoéque,ali,ninguémesperaserpagopelaparticipação. Noentanto,noquedizrespeitoàproduçãoconcreta,oprojetoépla neadocuidadosamente.Tudoédiscutidopreviamente,porvezescom-dife rençasdeopiniãodifíceisdesanar:osentidodasideiasdaação,-local,for mas,cores,materiais,organizaçãoedistribuiçãodetarefas,etc. Lisboaé,paraoefeito,olocalunanimementeacordado.Aescolhada ruaondeintervirdivideopiniões,mas,entreaRuadoCarmonoChiadoea TravessadeS.DomingosaoRossio,acabaporsereleitaaprimeira. São feitos esboços do local, particularmente do pavimento. Consideram-senaruaazonadetrânsitoemparalelosdegranitoeazona pedonal com os passeios laterais marcados pelo desenho que abstrat umamalhaderede emcalçadaàportuguesanocostumeiroclaroe-escu rodocalcárioedobasalto.Depoisdemediçõesdaruaemedianteesque masgrácoseensaiossobrefotocópias,acertam-seritmosdecolocação dos elementos geométricos gizados  um padrão em sequências - alter nadasdecírculosdeduasdimensõesdiferentesÂcompreocupaçõesde integraçãoformalmínima,querdecarácterproporcionalàlarguraderua quernarelaçãocomodesenhodosmotivosdacalçadalateral.

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Figura 23 Grupo Acre. Desenho esquemático do projeto para a Rua do Carmo, Lisboa.T. écnica 74 91 mistas/papel,formatoA3Neste . esquemaparece pretender-sealgumavariaçãodopadrãoemduaszonasdoespaço, comelementosestreladosadicionaisdoladodireitodestinados ( àzona maisaltadarua)na ; execução,contudo,prevaleceapenasasolução maissimples,doladoesquerdo.

Aescolhadascoresausarébastanteponderadaamdeevitarpossí veisconotaçõespartidárias,optando-seporrosaeamarelojáqueestassão, poragora,coresindependentesÇA . tintadeágua,poroutrolado,aliaobaixo custoàsecagemrápidaeaocarácterefémeroqueconvém. Cordascomnósaritmeticamenteespaçadosservemdebitolaparaa marcação, no local, dos pontos-chave. Nestes, moldes dos doistamanhos decírculos,cortadosemcontraplacado,facilitamodesenhonopavimento paraaimediataaplicaçãomanualdacor,feitacomtrinchasbaratas.Eesse mesmo contraplacado é utilizado também para construir um painel sina lizador, colocado porLima Carvalho aofundo da rua do Carmo, que então temtrânsitoqueconvémdesviarparaaRuadoOurodemodoapermitirum trabalhomenosinterrompidoatéàsecagemdatinta.

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Paraalémdosmembrosdogrupopropriamentedito,queconcebemo projeto,colaboramtambémnaaçãováriosintervenientes,necessáriospara uma rápida execução, indispensável ao carácter discreto, quase clandes tino, da sua produção:Teresa Cabrita, Isabel Gândara, Rodrigo e esposa, Cristinaaluna ( daESBAL)Luí , sJordãoeamigo,AliceSilva. Tudotemqueacontecerdenoite,alturaemquehámenorperturba ção detrânsito e peões, de modo que a intervenção esteja pronta logo de manhã,surpreendendoaspessoascomofactoconsumado.Assim,oencon 80 trodosparticipantesécombinadoparaameia-noitedodiade 13 julho no , LargodaBibliotecafronteiroàsBelasArtes,dondesepartedepoispara RuadoCarmo. Durantearealizaçãodostrabalhosháincidentesparalelos,hoje qua se anedóticos. Um ladrão rouba do carro de um dos participantes,Teresa Cabrita,umamalacomosalárioacabadodereceber,eéperseguidoruafora poralgunsdospresentes,semêxito. 81 E há um momento em que, numa das ruas mais acima, soamtiros aparentes,aosquaisQueirozRibeiro,marcadoporexperiênciamilitar, re ponde de imediato com a ordemDeitem-setodos no chão!. Fora Ç isso, as coisascorremcomoprevistoeaintervençãoérealizadacomopretendido. Abdica-seaindadeumavagaideiaparaumaintervençãocomplementarno pequeno largo no início da rua, entre a º1 de Dezembro e a rua do Ouro, localmaistardeempedradoeestritamentepedonal:essaintervençãoseria A Cadeira de Salazar, uma ideia entre inúmeras que chegam afazerparte de uma lista de possíveis obras do coletivo, mas que, como outras, nunca chegaaserrealizada. Porvoltadasda 4 madrugada,regressa-seacasa.

80 NafaltadeinformaçãoexatasobreestadataporLimaCarvalhoeClaraMenéres, chega-seaestadeduçãoatravésdareferênciaqueconstanoartigonãoassinado do Expressopublicadonomdesemanaseguinte,oqualdizterapinturasurgido namanhãdaquinta-feiraanterior:A/A Artistas .) 74 91 ( plásticosqueremintervirna cidadeÇJornal . Expresso,de 3 agostonote( se,contudo,queumraroerrodeimpres sãopublicouojornalcomodatadodede 5 agosto,conformeinformaçãoobtidano própriojornal). 81 RelatosdeLimaCarvalhoeClaraMenéres.

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Figuras 24 Grupo Acre. Intervenção na Rua do Carmo. Lisboa,agosto,Fotos . 74 91 deClaraMenéres.

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De manhã, a rua pintada surpreende logo quem passa no dia 1 de agosto,desdecedo,apéoudecarro,commaiorimpactoparaquemavêdo altodopassadiçodoelevadordeSantaJusta. Nochão,umainscriçãodeclara: Grupo Acre Fez.E,naimprensa,os ecos não tardam.Alguém escreve no jornal Expresso pouco depois sobre actosdeintervençãoÇporartistas,destacando,noChiado,oasfalto - pin 82 talgadodeamarelos,azuiserosasbrilhantesÇ .Naverdade,nãoháazuis, talvezportersidodispensadapelorepórterumaidaaolocal,masoartig remetecorretamenteaautoriadaobraparaumgrupodeintervençãoque assinaACREÇcitando , comotextojusticativodeste:

Asformasdeumaarteinstitucionalizadapeloregimeanteriorart  ocial,arteelitistaeram  demagógicas,importadasedesligadasda realidade nacional. É necessário chamara atenção das pessoas para oambienteurbanoquehabitam.Asensibilizaçãodenovassuperfícies através do impactovisual animaformas amolecidas pela rotina, par alémdoactoestético,aimportânciadestaacçãofoidemonstrarque 83 agoraépossíveltrabalharemgrupo,concretizarideiascolectivas.

Numoutroartigodaimprensaportuense,umautorironizasobre adi culdadedecompreensãodeumahipotéticatranseunte,quenãoestabe lecediferençasensívelentreosgatafunhosquevênasparedeseoscírculos policromadosquevênochão.48 Ç Excertosdocomunicadodogruposervemtambémdeapresentação no artigo deViale Moutinho, ilustrado com umafototirada do passad doelevadordeSantaJustaquepermitevisualizarbemoefeitoresultante Notexto, o autormostra-se muito renitente à intervenção, considerando a ação aceitável pois, enquantoesboço de gabinete, prova até a paciên 85 cia e o risco como arte de inutilidade imediata . Refere ()Ç as formas e as cores como geometria burguesa, convencionaisÇ, anunciando aind (isto em pleno agosto) que pode serque seja dependurada daTorre dos Clérigos,noPorto,umafaixaamarelaÇnumaaçãocujocarácteractuan teÇcomparanegativamenteaoarvorardeumabandeiravermelhadoPCP antes de Abril, em comemoração da Revolução de Outubro, terminando demodomuitocrítico:Agora,liberdadesinstitucionalizadas,eis

82 ExcertosentreaspasdomesmoartigoExpresso, do nãoassinado,járeferido,de3 deagosto. 83 Ibidem. 48 G.S.T.) 74 roca91 ( tintasÇ .JornalO Primeiro de Janeiro,de 8 agosto. 58 MOUTINHO,VialeArteÇ .) 74 91 ( . Jornal de Notícias,de 61 agosto,p..5

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grupo de artistas intervém com certa garridice demagógicaE - se repen sassemafunçãoquetêm?. ()Ç

Figura 25 Grupo Acre. Intervenção na Rua do Carmo. Lisboa,agosto,. 74 91 FotodeClaraMenéres. GRUPO ACRE FEZ

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Aobradogrupoé,ainda,referidabrevementenumoutroartigoque, demodoirónicoeassinando-secomoComunicadodoMetro, dáoexemplo deumadasruasdacapital,bemconhecidapelasuaimpenitênciaque) ( foi cosmetizada com bolinhas devárias coresÇ, apelando aos responsáveis, ao povoeaosartistasqueintervenhamnoMetroeodecoremdemodomais 68 convenienteedelicadoÇ . NaVidaMundial,ondeErnestodeSousaécolaboradorparaasartes, aparece, já no Outono, uma notícia pequena, mas objetiva, sobre a inter vençãoeasuaautoria,agoracomaindicaçãodoscomponentesdogrupoe 78 novafotograadarua,cujapintura,segundodiz,estáaindavisí . velÇ Algum tempo mais tarde, Eduardo Batarda, ao escrever sobre uma novaintervençãodogruponoSempreFixe,assumeumtombastantecríti co,declarandoesperar-sedogrupocoisasdiferentesdaquelaembaraçan te pintura de rua, que parecia mergulhara R. do Carmo nos restos de um 88 planocaritativoderecuperaçãodejovensdelinquentesÇ . Arteurbananosentidomaiscontemporâneodotermoefortemente distintivafaceàspinturasmuraisquesurgementãoportodaa-parte,defa to,paraapopulaçãoemgeral,apinturadopavimentodaruacomcírculos parecevirapenassomar-seaoutraspinturasderua,nestecasoumpouco maisabstratamentefestivaevagamenteintrigantepornãoapresentar, apa rentemente,qualquersloganmanifestamentepolítico. contudo, ,É umaobraexemplardaatitudedoGrupoAcre,emconso nância com propósitos diversamente partilhados porinúmeros arti então:trazeraarteparaocontactocomaspopulações.E,paraisso,usam formasecoressimples,cujosignicadoaparentementeneutronum-primei romomentopossaapelaraumacomunicaçãouniversal.

Nesse mesmo mês de agosto, decorre o I Encontro Internacional de Arte. É realizado em Valadares, na Casa da Carruagem, por ocasião dos 20 anos da GaleriaAlvarez, poriniciativa do GrupoAlvarez,-designa ção atribuída ao projetoÇ tutelado porJaime Isidoro. Artista -com gran de inuência no Norte, é proprietário desde 1963 da Casa da Carruagem

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O METRO )4. 1(97 Comunicado do metro lusitano à população portuguesaÇ. Expresso, 24 de agosto. 78 SOUSA,ErnestoArte .) 74 91 ( colectivaÇ. Vida Mundial.Nºde 3 , 9281 outubro,p..3 88 BATARDA, Eduardo.)5O7 91 ( Grupo ÃAcrena Galeria OpiniãoÇ Ã . Sempre Fixe, 51 defevereiro.TambémreferidoemBATARDA,Eduardo;MELO,Alexandre;AVILLEZ, Martim.)89 1 ( EduardoBatardaPinturase15691 89 Catálogo ( daExposiçãono CentrodeArteModernaJosédeAzeredoPerdigão,Lisboa,de 3 Marçoade 01 Maio deLisboa: .)89 1 FundaçãoCalousteGulbenkian,p.e2612 . 71

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um ( curioso projeto de atelier pessoal que se transforma numa espécie 89 de centro artístico ) e dirige a GaleriaAlvarez e a Galeria Dois, criada a partir daquela. Sob iniciativa de Isidoro, apoio da revista Artes Plás e a participação fundamental de Egídio Álvaro, o encontro conta com inúmeros artistas estrangeiros e nacionais, nortenhos na sua ma Miroslav Moucha, Serge III Oldenburg, Pierre Alain Hubert, Ângelo de Sousa, Aureliano Lima, Alfredo Queiroz Ribeiro, Carlos Barreira, Espiga Pinto,José Rodrigues,João Dixo, o CAPC Cí( rculo de Artes Plásticas de Coimbra), etc. Nesses encontros há esculturas, obras várias de carácter efémero e interventivo, ações de natureza mais conceptual, performan ces,debates,etc.AlisurgeManifesto o de Vigo,umdocumentoelaborado 90 pordiversos artistas participantes que, embora formulado nesseVerão de, apenas 174 9 tem forma impressa em janeiro de 1795.Algumas ideias norteadoras de iniciativas que vão mais tarde ganharforma com o apoi de Jaime Isidoro ali se denem, a par dos pressupostos revolucionários, subversivoseinterventivosqueasartesplásticasdevemassumir, po dousarcomosuportesoar,aágua,ofogo,aterra,asmassas/energia,as não substâncias (. ), a visualização de conceitos (. ), o tempo, os traços 91 (asmarcas)tudo , enãoimportaoquê,aarqueologiadaterraÇ . Desse encontro nasce a sequência de mais quatro encontros in ternacionais de arte que, nos meses de agosto dos anos seguintes, vai colmatarna 1ª Bienal de Vila Nova de Cerveira,coincidentecomoúltimo encontroem1798. Emagostodejá , 74 épercetívelque,seéumfactoquemuitosartis tasemigradosregressamaPortugal,tambémháumacrisegeneralizadado mercadodaarte,comreduçãodrásticadepreçosdeobraseencerramen 29 to de galerias privadas  o que contribui, no entusiasmo da altura, para

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Defacto,nolocalháentãoumacarruagemadquiridaporJaimeIsidoroàCPatroco deumapinturasuaquerepresentavaaestaçãodeSantaApolónia. DatadoemValadaresde9de 1 agostode,é74 91 subscritoporPierreAlainHubert, João Dixo, Miroslav Moucha, Carlos Barreira, Serge III Oldenburg, Egídiolvaro, Á DanAzoulay,TomekeZbigniewWarpechowski. AA.VV..) 74 91 ( Manifesto de Vigo”. In GONÇALVES, Cláudia; RAMOS, Maria Coord. ( . ) 1 0 2,() Porto:os 07/ 6 artistaseacidade. TextosdeVicenteTodolíJosé , Rodrigues,JoãoFernandes,FátimaLambert,FernandoPernes. Porto:AsarvoreÁ/ CooperativadeActividadesArtísticasMuseu / deSerralves,p.e2752 Ver .85 também FERREIRA,AntónioQuadros,obra )7102( citada,eaindaSILVA,Caroline.) 9102( A performance Arte como Intervenção nos Encontros Internacionais de Arte (19741977). DissertaçãodeMestradoemHistóriadeArteContemporânea.Universidade NovadeLisboa.[emlinha].Disponívelem: https:run. // unl.pt/handle/0 739/26 01 [Consult.ag. 2 ]. 02

AGaleriaJornaldeNotícias,quevaiabrirnoPorto,seráumaexceção.

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maiorempenhamentonosespaçosinstitucionaisepúblicos,bemcomon criaçãodefocosdedinâmicalocal.

Poroutrolado,oVerãotemdecorrido,entretanto,comdiversasperi 39 péciasnoplanopolítico . Desetembroemdiantehámudançasdenovonopodergovernativo, provocadaspelatentativadegolpedode 82 Setembro,depoisdeaparece rem cartazes portodo o país e panetos lançados poravião a apelarpara umamanifestaçãodamaioriasilenciosaÇseguindo, seaclamaçõesdesina contrarrevolucionárionumequívocoapoioaSpínola,piquetesdaextrema esquerda nosacessosaLisboa,fugaseapreensãodearmamento.António de Spínola demite-se da Presidência da República e aJunta de Salvação NacionaldesignaparaesselugaroutroGeneral,FranciscodaCostaGomes. Surge no discurso do MFA, a partirdaí, a declaração de uma via de tran sição para o socialismo e Vasco Gonçalves é novamente indicado para Primeiro-ministro. OIIIGovernoProvisórioestáemfunçõesdede 03 setembrode74 91 49 atéde 32 marçode57 91 . Ade 6 outubro,unsdiasapósentraremfunçõesetentandofazerface à grave crise nanceira, o º1 ministro propõe Um dia de trabalho para a NaçãoÇtendo , lugaraconversãodeumdomingoemdiaútildetrabalhoofe recido gratuitamente pelostrabalhadores ao país.Aadesão é signicati e o resultado é mais tarde estimado pelas entidades ociais em cerca de contos. 0 31 95 Entretanto, o programa deste governo é o primeiro digno des se nome após o 25 de Abril. Bastante mais extenso e minucioso do que os dos governos anteriores, designa-se como um Programa de Política Económica e Social e centra-se na identicação dos problemas

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NoquadroapresentadonoANEXOfacultam4 sealgunsdados. A equipa ministerial é parcialmente a mesma do anterior, mantendo-se Mário Soares, Salgado Zenha, Melo Antunes, VítorAlves, Almeida Santos, Magalhães Mota,Pintasilgo,VilareSilvaLopes.Tambémcontinuamcomosecretários - dees tadoNunoPortaseGonçaloRibeiroTellese,noministériodaEducaçãoeCultura, está agora Manuel Rodrigues de Carvalho, comAntónioAvelãs Nunes eJoão de Freitas Branco nas secretarias de Estado dosAssuntos Culturais e Invest Cientíca, e da Cultura e Educação Permanente. CorreiaJesuíno é Ministro da ComunicaçãoSocial. ARQUIVOHISTÓRICO. Programa do III Governo Provisório.[emlinha].Disponível em: https:/www. / historico.portugal.gov.pt/pt/o-governo/arquivo-historico/ go vernos- provisorios/gp0 3 programa/ do- governo/programa- do- iii- governopro visorio.aspx [Consult. 1 out. 20]. 19 Este programa só é aprovado em fevereiro de 1975, portanto diversos meses após atomada de posse do Governo. 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


económicos e em medidas de recuperação centradas no controle do - po dereconómicopeloestado,nasquestõesdotrabalhoedainação;inclui praticamentetodos os sectores da economiachega ( a discriminar medi das para uma Política doAmbienteÇ, no que é pioneiro), empenhando-se emmedidasbastanteconcretasquearmarequerem3anosparaimple mentação.Masogovernonãoduratanto. Aculturasurgemencionadanocapítuloreferenteàeducação,com7 pontos em que se estabelece prioridade para manifestações intelectuais e artísticas não elitárias de que possam beneciargrandes massas de in 69 teressadosÇ , mencionando ainda museus, bibliotecas e arquivos,teatros nacionais,acordosculturaiscomosnovospaísesdelínguaportuguesa, bol sas,apoioaosemigrantes.Nãoháaçõesconcretasparaáreascomoasde artesplásticas,cinema,teatrooumesmoliteratura. Contudo,apesardaescassaindicaçãoprogramáticadeumapolítica cultural,opaísvivenessecicloumanovidadesignicativa:oProgramade DinamizaçãoCulturaldoMFA. CoordenadopelaComissãoDinamizadoraCentralCODICE) ( integrada na ª 5 Divisão do Estado Maiordas ForçasArmadas e em colaboração com a Direcção Geral da Cultura e Espectáculos, esse programa parte da constataçãodadiculdadedepenetraçãodoregimedemocráticoemzonas dointeriorsobretudo ( nortenho)dopaíse,assumindocaracterísticas trans versais,dene-senoquadrodeobjetivossimultaneamentepedagógicos,de divulgação da cultura e propagandísticos. Na prática, as razões estratégi casmaisdecisivasdasaçõesdedinamizaçãoculturaleaçãocívica realiza dassãoadivulgaçãodoprogramadoMFA,aexpansãoaoâmbitonacional da importância da democracia e do 52 de Abril, do poder do voto, a luta contradiscursosepráticascontrarevolucionárias.Paraalguns,trata-s esclarecer,descentralizar,levaraculturaaopovo.Paraoutros,catequizar. Dasmaisdeações 02 desseprogramacomaª 5 Divisãoconstam sessõesdeesclarecimento,programasderádiodiáriosedetelevisão,spots publicitários,umboletimsemanáriocomnúmeros 52 etiragemdemil 021 exemplares,cartazes,desenhosebandasdesenhadasporartistasreconhe 79 cidos,apoioliterárioÇ sessões , depoesia,espetáculosdeteatro,projeções

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Verpáginado 1 4 mesmoprograma[emlinha].Disponívelem: https:www. / / historico.portugal.gov.pt/media/GP0 /87 046 pdf .3 [Consult.out. 1 ]. 9102 Termo algo equívoco que remete para textos de esclarecimento ou propaganda elaboradosporescritoresparticipantesnascampanhasModesto ( Navarro,Virgílio Martinho, Bernardo Santareno, Isabel da Nóbrega,AntónioTorrado, Luso Soares, Maria Carrilho). GONÇALVES, Ricardo Manuel dos Ramos .)8102( A cultura ao serviço da revolução: campanhas de dinamização cultural e acção cívica do MFA .

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delmes,conferênciasedebates,pinturasmurais,etc.Noentanto,deuma listagem de atividades por sectores no total dos 41 meses que duram as campanhasdoProgramadeDinamizaçãoCultural,rapidamenteseconclui que,àexceçãodoscartazesconcebidosporartistas,háumpredomínioda 89 produçãodeespetáculosdeteatro inúmeras , projeçõesdelmes.Asartes plásticassão,comojávemsendohábito,poucolembradas. AindanesseOutono,depoisdeuminterregnodemesescommuitas reuniões,voltam a funcionaros cursos de BelasArtes. No caso da escola deLisboa,ondelecionamClaraMenéreseLimaCarvalho,hánovosplanos deestudosemArtesPlásticaseDesignapóscriaçãodeumDepartamento separadodeArquitetura.

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Dissertação de mestrado. Lisboa: ISCTEeIUL, p. .5 [em linha]. Disponível em: http:hdl. // handle.net/30581/ 7 0 1 [Consult.out. 41 ]. 9102 As companhias teatrais convidadas nas Campanhas de Dinamização Cultural e AcçãoCívicadoMFAsão:CasadaComédia,TeatrodaCornucópia,TeatroNosso Tempo, Teatro Experimental de Cascais, Teatro Villaret, Teatro Estúdio de Lisboa, OsBonecreiros,aComuna,GrupoT,4 eatroMariaMatos,TeatroHoje,FeiraLadra, Cómicos,gua, Á Gáse Electricidade,BonecosdeSantoAleixo,GraçaLoboeManuel Crespo.GONÇ Ç ALVES,RicardoManueldosRamosObra .)8102( citada,p..15 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


2.2. Fita

25 de outubro de 1974, Torre dos Clérigos, Porto Quasecoincidentementecomolançamentodosprogramasdedinamização cultural do MFA e, de certo modo, tambémdescentralizandoÇ a cultura, o GrupoAcre aparece na sua intervenção seguinte a envolvera cidade do Porto,tãoimportanteparaosseustrêsmembros. Paraessesegundoprojetoolocaldaaçãosurgeparaogrupocomo óbvio e indiscutível  tem que ser naTorre do Clérigos. Com os seus 57 metrosdealtura,localizaçãoehistória,éumpontodecarácterfortemente emblemáticonaquelacidade.

Figura 26 Grupo Acre. Desenho de Lima Carvalho do sistema parapuxaratanaTorre dos Clérigos.. 74 91 Esferográcasobrepapel, formatoA4.

Aideiaescolhidaésuspenderalialgoqueconstituaumacontecimen tovisualsurpreendente. GRUPO ACRE FEZ

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Tudoépreparadometiculosamente,medianteestudopréviodaação, dosmateriais,dolocal.Sãorealizadasvisitaspagas ( comohabitualmen torre,demodoaconhecer-sebemolocaleasrotinasdosseushabitantes responsáveis, o padre e o sacristão, resolvendo-se que a ação tem de se feitaàhoradealmoçodestes. De novo, há esquemas grácos com dispositivos possivelmente - ne cessáriosàrealizaçãodaintervençãona ( imagemumdosúltimosesquiços posterioràrealização). Assim, perto do meio-dia, Lima e Clara compram bilhetes como se fossemvisitantesnormaisesobematorre,contandocomadistração habi tualdosacristãoesabendoqueeste,quandofechaaportaparairalmoçar, nãovericasecaalguémnoalto.Pordentrodaroupa,Limalevaenroladas umasdezenasdemetrosdecordaeumaroldana. Cáembaixo,QueirozRibeiroestaciona,entretanto,ocarro,deleretirando o pesado rolo de manga de plástico amarelo com dois metros de largura e mais de setenta de comprimento, comprado perto de Lisboa, na Amadora.Depois,éotrabalhodeiçaramanga,desenrolando-acomouma ta,puxadadebaixoparacima,comaajudadequatrocordaseumarolda na.Contudo,issoexigeumgrandeesforçoimprevisto,nãosópelopesodo material,mas,sobretudo,peloventoquesefazsentireagitaesselongoe incómodoobjeto,empurrando-ocontraasparedes,oquecriaanecessida dedehaverparticipantesaafastaremataÇdatorre,ondeemperracomo riscoderasgar. Ao mesmotempo, são distribuídosfolhetos previamente redigidos e impressosempapéisdecoresdiferentes,nosquaissãoexplicados ospr pósitosdaação. Num desses comunicados assinados pelo GrupoAcre, esclarece-se oteorpúblicodoprojetoatravésdaapropriaçãodoespaçourbanoa -Â ci dade e os seus monumentosÇ Â bem como o repúdio da arte formalista eelitistaque,sobaçãodofascismo,anestesiouapopulação.Aocontrário disso, a intervenção visa agitara rotina da cidade e conferir-nova cap dade de comunicação ao monumento apropriado, alertaras pessoas para os problemas estéticosÇ, bem como armara necessidadevital da arte e dosartistasparaosinteressesdacoletividade,apostandodeclarad ogruponuma arteinconformista,pobre,festiva,simplesnosprocessos anti-comercialÇ.

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Figura 27 Grupo Acre.Versãoprovisóriado comunicadoparaacompanharaintervenção naTorredosClérigos.Porto.. 74 91

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Figura 28 Grupo Acre. Comunicado nº1 da intervenção na Torre dos Clérigos. Porto. 91 . 74 91

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Maistarde,osartistasreferemtambémanecessidadedesechamar aatençãoparaomonumento,quesetornarainvisívelparaapopulaçãode satentaouanestesiadapelasrotinasepelosmedia. Destavez,alémdostrêsmembrosdogrupocolaboramtambémde novo na intervenção familiares e amigos, como Carmo Ulrich e Maria de LurdesRodriguesesposas ( deQueirozRibeiroeLimaCarvalho)António , Ferreira Gomes, Dario Alves, Pedro Rocha, lhos de participantes, al guns curiosos. Colocada a ta e identicada a ação escrevendo nela Grupo Acre fezÇedistribuídososcomunicados,oprojetocumpre-se,mascompercal ços.Aliás,quasesempre,nasintervençõesdoGrupoAcre,háimprevistos. Destavez,LimaCarvalhobatecomacabeçaquandosaiapressadamenteda

Figuras 29 NabasedaTorredosClérigos,AlfredoQueirozRibeiroePedro Rochapreparamataemrolo.Depois,emcima,nabalaustrada, ClaraMenéresedoisajudantessuspendem-na.Maistarde oescultorde ( costas)assinapeloGrupoAcreatajásuspensa, parasersubidaedeixarbemvisíveldelongeaidenticação.

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Figuras 30 Grupo Acre. Fita.TorredosClérigos,Porto,. 74 91

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torre.Eatasuspensaapresentaumrasgãoparcialnoplásticoqueameaça nãocarporalieabrirtotalmentesobaforçadovento.Ogrupoabandonao local,contudopoucosegurodosucesso. Depoisdeumcurativoeumalmoçotardio,devoltaaosClérigospara vericaroresultadoaindaporconrmar,sejaodesejadoimpactovisualou orasgãotemido,espantosamenteataaindaláestáeinteira,dandoazoa muitoscomentários!Ealica,paraadmiraçãodosportuenses,duranteum mês, até que os próprios elementos do grupo a retiram, depois de algum

Figura 31 Aimprensaportuensedáespaço signicativoàintervençãodoGrupoAcre naTorredosClérigosartigo  n O Primeiro de Janeiro.

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lucro da igreja graças ao aumento de entradas naTorre dos Clérigos e do sacristãomanifestarodesejodeguardarumbocadodata,plásticoparas útilnumcertoolival,comazeitonasparaapanharem9 breve . Evidentemente,oimpactodaaçãoprovocacomentários. Logo no dia seguinte, 62 de outubro, o jornal O Comércio do Porto mostra na primeira página uma fotograa da torre com a faixa suspensa e conta que esse insólito acontecimento ocorrera navéspera, poração de umgrupodeartistas,ogrupoAcre,queassimprotestavamcontraofacto daquelemonumentotersidotransformadonummaciçodepedrasemsigni cado,diluídonapaisagemenvolventeÇ100 . Também o Primeiro deJaneiro noticia o caso, nesse mesmo dia, da Torre dos Clérigos EngalanadaÇ, e o mesmo acontece com o Jornal de Notícias, no qual o títuloAs garridices da velha senhoraÇ acompanha a notíciatambémfotogracamente documentada, que compara a ação do grupoaumlaçarotedesfeitoecaídoatéaospésÇ,referindoasintenções do grupo comfrases respigadas do seu comunicado efazendo ainda alu são aos círculos pintados na Rua de Carmo em Lisboa uns meses atrás, 101 pelosmesmosautores . Uma breve notícia na Vida Mundial de 7 de novembro, sob ação de ErnestodeSousa,relatasucintamenteofeitocomumpequenoexcertodo comunicadodogrupo.Poucomaisdeummêsdepois,omesmoautorvolta areferirasobrasjárealizadaspelocoletivoapropósitodeumaabordagem sobreotrabalhodeDanielBurennopensamentodavanguarda,regressan doaogrupoemjaneiro,semprenamesmarevista,armandonãopretender realizarumaanálisesobreomesmo,masdandoaentenderosignicadoda suaexistência.Issoserve-lhedepretextoparareetirsobrearecentevida cultural portuguesa e a evolução dos acontecimentos artísticos, referi a ação quase nula do Movimento Democrático dosArtistas Plásticos num contextopejadodecontradiçõeseiniciativasdequalidadediscutívelemq apenasalgunsesforçosindividualistasmarcamarealdiferençadeníve coletivização davanguarda, para si essencial, énalmente o que defende comorazãodaimportânciadoGrupoAcre,armandoparabreveumdesenvolvimentodotema.

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Muitosanosdepois,outropedaçoévisívelnaexposição Porto.0Os 7/ 6 Artistas e a Cidade,realizadanaFundaçãodeSerralvesemcolaboraçãocomaCooperativa rvore Á dejaneiroaabrilde,mantendo10 2 seprovavelmenteatéhojenoespólio dessainstituição. 100 A/A.)Sem 74 91 ( títuloÇ. O Comércio do Porto, ano CXXI, nº,421sábado, 42 de outubro,p..1 101 A/A As .) 74 91 ( garridicesdavelhasenhoraÇ. Jornal de Notícias,de 62 outubro,p..3 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


Pouco tempo depois, cumpre essa promessa num artigo intitulado O Grupo Acre e aApropriação, em que refere principalmente a ação nos Clérigos,considerandoaatitudeconscienteeserenadogrupoeresumindo osseusobjetivosTÂ rabalharcolectivamenteedescartarosubjectivismo, intervir no espaço urbano e, empiricamente, acertar numa grande razão paraestarnomundo.102 Ç Maisadiante,referindoaépocaqueseviviaemtermosdecondições excepcionaiseraras,equasesemtemposem )( tempoparaesperarÇar , maogrupoAcreeasuaobracomoaquiloquelhepareceomaisimportante numaépocaderevoluçãocomoaquesevive,umprojectoestéticoÇ. O Grupo Acre é um projecto, e só os projectos têm consistência. Hoje.Comoarevolução.Tudoorestoécozinhapassadista.Ç Projectos-ideiasÇfrisa , eleaindanomesmotexto,convergênciaque conduz a resultados imparáveis: convergência com a modernidade, - avan guardaÇ. Poroutrolado,consideraaapropriaçãopraticadapelogrupocomo uma das estratégias recorrentes da vanguarda, operação estética - funda mentaldesdeascenasdecaçadeAltamiraaos ready-madesdeDuchamp. Depois de Duchamp e mais recentemente, a ideiatem sido clarica da, e têm chovido as assinaturas. Aarte como atitudeÇ, a arte-po breÇvêmdaíE(. maiselaboradamente,aarteconceptual,aartecomo arte)Lucidez, . porvezesfria,mdasilusõeshumanistas.Começover dadeiramentedomundoemqueohomemsefaráasipróprioÇe( não comonoshumanistasoitocentistasemqueohomemseiludiacomo umCentro,istoé,umoutroDeus)Enm, . modernamenteaapropria ção deixou de seruma descoberta um pouco ingénua e maravilhada de Duchamp.Transformou-se em processo. Ferramenta. O que per deuemnovidadea ( ideia)ganhouempossibilidadeoferta,imaginação abertaprojecto) ( Costumo . repetirumaideiadeMarcelMauss,queum lósofoviriaaresumirassim:Todaaferramentaéumprolongamento docorpoÇAs . ferramentas,asmáquinas,mesmooscomputadoressão onossocorpoprolongado.neste É sentidoquedigo:aapropriação - es téticaéonossocorpoprolongado.

102 SOUSA,ErnestodeO.)57 91 ( grupoAcreeaapropriaçãoÇA . versãocompletades tetextosurgenofolhetodistribuídonaGaleriaOpinião,semdata;háumaversão mais curta publicada Vida naMundial, nº,57pág. /1 3428 ;1e4 há ainda um excertoem Portoos :07/ 6 artistaseacidade Coord. ( CláudiaGonçalveseMaria Ramos)Porto: . Asa/MuseudeSerralves,pág. ,10 2 . 762 GRUPO ACRE FEZ

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QuandooGrupoAcredesenrolouatiradeplásticodoaltodaTorredos ClérigoseraobelocorpodaClaraSemidequeseprolongavaOdos outroscompanheiros.Eonossoanal,quandocompreendemosisto. Prolongadospela ( apropriaçãoinventada)àarquitecturadeNasoni,ao Porto,àCidade,aoPaís,aoSonho,àUtopia.Eistovaletanto,oumais, 103 doquepintarotectodaCapelaSistina.

Entretanto, também em 52 de outubro reúne no Ministério da Comunicação Social a primeira Comissão Nacional Consultiva de Arte Plásticas,queintegrarepresentantesdaSNBANuno ( SampaioeRuiMário Gonçalves),daAICASalette ( TavareseManuelRiodeCarvalho),daEscola SuperiordeBelasArtesdeLisboaLagoa ( HenriqueseRogérioRibeiro),da EscolaSuperiordeBelasArtesdoPortoAlberto ( CarneiroeJorgePinheiro), daCooperativaGravuraEduardo ( NeryeArturRosa)da , Cooperativarvore Á Joaquim ( Vieira e José Rodrigues), da Fundação Gulbenkian Fernando ( Azevedo e Sommer Ribeiro) e ainda representantes dos Ministérios da Educação,dosNegóciosEstrangeirosedoEquipamentoSocial.Naprática, estacomissãonãoapenasterápoderesmuitolimitados,querpornãolheser dadaescutasuciente,querpelaprópriaturbulênciadoprocessopolític comosofrerábastantecontestaçãonoanoseguinteporpartedomeio-artís tico,entretantodivididoou ( talveznuncaunidodefacto). Nomêsseguinte,FernandoPernesrepresentando ( aComissãoPara Uma Cultura Dinâmica) propõe num encontro-debate narvore Á a imple mentaçãodeumCentrodeArteContemporâneadoNortenoPorto,partede umafuturaCasadaCulturadoPorto,afuncionarnoMuseuNacionalSoares dosReis,dandosequênciaprodutivaaosecosdamanifestaçãorealizada de 01 junho,oenterroÇdaquelemuseu.Paratalnum ( grupodetrabalhopor siconstituídocomngelo  deSousa,JoséRodrigues,JorgePinheiro,Etheline Rosas eJoaquimVieira), propõe uma Exposição-Levantamento da Arte do Século XX no Porto, para arranque do Centro deArte Contemporânea do Norte. O núcleo fundadordesse centro seria constituído pordoações dos artistas a integraraquela exposição. Nessa proposta, Pernes avança logo comumconjuntodenormasbásicasparaocentroeumprimeiroprograma, numtextocomumadezenadepáginasquetemcomotópicosaçãopedagó gica,exposiçõesitinerantes,açõesartísticaseintervençõescom - ascomu nidades,conferênciasedebates,criaçãodeumabibliotecaedotalacervo artísticojáreferido.OCACterávidacurta,masprofícua,querparaacria ção de bases de um futuro Museu deArte Contemporânea no Porto, que

103 Nomesmotextoreferido,talcomotodosositálicosanteriores.

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aFundaçãodeSerralvesvaiinstituirmaistarde,querparaadivulgaçãoda fotograacomoprocessoartísticoatéaípoucoenaltecidoequeseráalvo dediversasiniciativasexpositivas. Dois outros acontecimentos contribuem também nesse ano para a conança no futuro e otimismo dos artistas plásticos. Com participação de SaletteTavares, presidente da secção portuguesa daAICAAssociação ( Internacional de Críticos de Arte), o Congresso desse ano, realizado na RepúblicaDemocráticadaAlemanha,decidequeoCongressoseguinte,de ,6 se 7 91 realizará em Portugal. E é publicado o livro Arte em Portugal do Século XX,deJosé-AugustoFrança.

1975104

Sei que estás em festa, pá, canta Ç em 5791 Chico Buarque de Holanda, em Tanto Mar, canção que olha Portugal do Brasil em ditadura, no outro ladodoAtlântico.também É oanode Bohemian Rhapsody,comosQueen. Nos cinemas portugueses, o desaparecimento da censura abre espaço a lmes como Emmanuelle — A Anti-Virgem, uma película banal mas cujo teorerótico esgota bilheteiras, o mesmo acontecendo porrazões diferen tescomTubarão, lmequefazdispararacarreira mainstreamdeSpielberg. Enquanto isso, Tarkovski termina O Espelho, que vai demorar a servisto em Portugal. O mesmo acontece com O Livro De Areia, de Jorge Luís Borges,texto que nos faz imaginarum livro cujas páginas impossíveis de relerpodemservirdeevocaçãodaespéciedemomentosfugidioseirrepe tíveiscomoosque,nesseano,sevivemnestepaísdaPenínsulaIbérica.Em Espanha,mesmoaolado,sónomdoanoéqueofalecimentodeFranco dáinícioaoprocessodesubstituiçãodaditaduraporumademocracia, em boraemquadrodemonarquia. Defacto,oanode57é91 emPortugaltãooumaisintensodoqueo anterior, fazendo com que diversos acontecimentos mundiais muito mar cantesexternamentetenhamnopaísmenosimpactomediáticodoquese riadeesperar. Depoisdeumatentativadegolpemilitarade 1 março,oIVGoverno Provisório tem, de 62 de março em diante, novamente a chea de Vasco Gonçalves por indicação do Presidente Costa Gomes. Desta vez, não é

401

VerAnexos1

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—Quadroscronológicosde.57 91

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conhecidoprogramae,apesardealgumasmudançasnacomposiçãodo - go 501 verno,hácontinuidadeparcial . Na sequência da revolução, as dinâmicas de profunda revisão e re construção estrutural do país instalam forte turbulência política do entusiasmo que persiste na consolidação e usufruto da democrac agudizam-se tensões entre as visões das esquerdas, dos moderados e dosconservadores. Em 52 de abril de,57 91um ano exato depois da revolução, decor remasprimeiraseleiçõeslivresparaaAssembleiaquevaielaboraranov Constituiçãopararegeropaís;e,nessediahistórico,osportugueses acor rem às urnas em massa  a abstenção não chega aos.%9Os socialistas ganhamcomquaseseguindo,%83 seoPPDcomo ,%62 PCPcomo ,%21 CDScome%7 oMDP/CDEcom.%4 Enquanto a constituição é elaborada, os efeitos da crise mundial d petróleo de37continuam 91 marcantes e somam-se àturbulência do país emmudançadepoisdeEntre . 74 91 e37o 9157 91 PIBproduto ( internobruto) dePortugalpassade%em 2,1 3para 7 %em ,1 1 e74 %em 3,4- ,criando 57 oquesechamauma “tempestadeperfeitaÇ quando  conuemumacrise económica,umaguerraouadesestabilizaçãodasestruturasdeprodução,e 601 umaclassepopularproletariado/ ( campesinatoetc.com ) poder . Defacto,enquanto cá dentroacasaÇandaemrearrumação, lá fora as coisas também continuam complicadas. Apesar de vitória milit cisões em Israel, onde a insegurança está instalada depois daquele Yom Kippur de .3791 Golda Meir, Primeira-ministra trabalhista, uma dos - fun dadores do estado de Israel, demite-se em 74 e91 a direita nacionalista

501

601

9

lvaro Á Cunhal, Magalhães Mota, Pereira de Moura e Mário Soares são mi nistros sem pasta. Almeida Santos continua na Coordenação Interterritori Melo Antunes nos Negócios Estrangeiros. Na Economia está Mário Murteira, nas Finanças José Joaquim Fragoso, João Cravinho na Indústria e Tecnologia e FranciscoSalgadoZenhanaJustiça.Ministro É daEducaçãoeCulturaJoséEmílio daSilvaeJorgeCorreiaJesuínoéMinistrodaComunicaçãoSocial.DavidMourão Ferreira é Secretário de Estado da Cultura eJoão de Freitas Branco Secretário de Estado da Cultura e Educação Permanente. O governo está em funções até agosto. ARQUIVO HISTÓRICO. Programa do IV Governo Provisório. [em linha]. Disponível em: https:www. / / historico.portugal.gov.pt/pt/o-governo/arquivo--his torico/governos-provisorios/gp0composicao. /4 [Consult. aspx out. 51 ]. 9102 A revolução e as inseguranças dos patrões e empresários face ao maior poder popularpor ( vezesdesgovernado)contribuemparaquefechemfábricasequeos camposrendammenos,masnãoésóporcausadisso,nemapenasporaautoges tãoouasubidadesaláriosprovocarembaixadeprodutividade,derendimentoe falências. Há também as consequências da recessão geral associadas à subida depreçosdematérias-primaseserviços,aindaporcimaagravadasporfugasde capitais.Muitasfábricassãoocupadascomoreaçãoàcrisejáexistente. 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


7 01 reforça-se, chegando ao governo em791com Menahem Begin A . crise dopetróleoqueestánabasedistovaideterminargrandevaivémdo-repre sentantedosinteressesamericanosHenryKissingeraolongodestesanos até, quando 97 1 nos acordos de Camp David o Egipto recupera o Sinai e reconheceIsrael. Pelocaminho,háLajesnoAçoresePortugal,umpequenopaísonde a tempestade perfeita decorre e precisa de amainar, depois da mudança imprescindível.

Assim,também no contexto cultural cresce atensão ao longo deste ano e as pessoas dividem-se.Apesarda importância pormuitos atribuída a iniciativas de alfabetização num país que apresenta ainda então dados inaceitáveis,acultura,emboraportodososquadrantesconsiderada essen cial,napráticanãotemocaráterprioritárioquedesejariamosseusagentes maisempenhados. As imprensas escritas, radiofónicas e televisivas são muito na dedicação aos acontecimentos políticos. Gradualmente o desporto, istoé,ofutebolmaisconcretamente,vairegressandoemforçae,nas - pá ginasoutemposdedicadosàcultura,omdacensuradáazoamaior - di vulgaçãodapornograaque,maisoumenos soft,integraagoraacultura populardemassas. Nos meios artísticos o entusiasmo continua, mas cada vez mais a pardesinaisdealerta,dedivisãoedealgumadeceção.Ademocratização acentuaumatendênciaparaagradarmaiorias,denirprioridadespolític menos eruditas; e a arte está longe de serconsiderada nas necessidades prementes,parecendoseromaisesquecidodossectoresdacultura. Os jornais evitavam publicarartigos de reexão crítica, e o próprio 108 noticiárioeradesastrosoÇ escreve , maistardeRuiMárioGonçalvesapro pósito, considerando ainda queO estatuto de luxo conferido às obras de 901 artecausouprejuízosnainformaçãoÇ . Algumas galerias, como a,1a Quadrum, a Bucholz, a S. Mamede, aInterior,aAlvarez,mantém-seabertas,masasuasustentabilidade - nan ceira, assente nasvendas, é irregular. Excecionalmente, abre no Porto um espaço novo, num projeto que persiste até hoje, a Módulo DifusordeArte de ( em , 97 1 Lisboa).

7 01

Na sequência da colonização da Cisjordânia pela extrema-direita religiosa de Israel,onovoconitocomospalestinianosvaiculminarnaIntifadade. 7891 108 GONÇALVES,RuiMário.)6891 ( História de Arte em Portugal. De 1945 à actualidade. Volume 13.Lisboa:PublicaçõesAlfa,p.. 731 901 Ibidem.

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Por outro lado, o sentido coletivo continua muito presente - nas di nâmicas artísticas e constata-se, porvezes, uma espécie de preconceito contraacriaçãomaissubjetiva.EmLisboa,aSociedadeNacionaldeBelas Artestemforteprotagonismonaprocuradeativaçãodemedidasculturai comimpactonosmeiosartísticos,participandonascomissõescons desdeoenvioaoMinistériodaEducação,noanoanterior,deumdocumento comumconjuntoderecomendações. AsdiversasexposiçõescoletivasemLisboaePortover ( quadrosnos anexos) apontam para apresentações panorâmicas, de amplos propósitos temáticosesentidodeconvíviodetendências,parecendosobretudorevere conrmarapresençaelegitimidadedasrevelaçõesanterioresjádetetadas pelacríticaespecializada.NoMuseuNacionaldeArteAntiga,aexposição Artistas Contemporâneos e as Tentações de Santo Antão junta em março inúmeros artistas com obras que evocam a pintura de Hieronymus Bosc aliexistente,poriniciativadoconservadordomuseu,JoséLuísPorfírio,num esforçoparaanimaraqueleespaçonumperíodoemqueosvisitantestinham diminuído.PoressaalturaépropostaaoMinistériodaComunicaçãoSocia uma exposição de arte portuguesa destinada ao Museu deArte Moderna deParis,queteriaumaitinerânciaempaísesdoLeste,comapoiodeMelo Antunes, Ministro dos Negócios Estrangeiros. Apesar de apoiada pe ComissãoConsultivaparaasArtesPlásticas,alistadosartistas d ção,deinauguraçãoprevistaparade 7 junho,nãoéunânimeecolhemesmo oposições,tantoporpartedeumarecenteFAPAPFrente ( deAcçãoPopular dosArtistas Plásticos) como de artistas excluídos, levando o Minist questionaraexposição,queacabaproibidapelaª 5 Divisão:ingerênciaque provoca protestos da SNBA, de membros da Comissão Consultiva,textos 110 naColóquioArtes sem , resultado.

110 AColóquioArtesnºde 24, outubrodededica 1 79 5 , bastanteespaçoàleiturados factos por Rui Mário Gonçalves e José-Augusto França. Rui Mário Gonçalves faculta uma panorâmica geral da vida cultural e artística portuguesa no te 4e1719 75.9 Agitação e desperdício. Lisboa. Paris. New York. London, Madrid. Paris (p. 32e3).9Além das responsabilidades e inépcias que imputa à falta de preparaçãodosgovernantes,RuiMárioGonçalvesrefereodeliberadoefaccio sodesvirtuamentopelatransmissãotelevisivadodiscursodo1ºMinist Gonçalves no Congresso dos Escritores, a que assiste no local, e não poupa a falta de coesão dos artistas e outros agentes da cultura no processo man pulativo que bloqueia a ação da Comissão Consultiva para as Artes Plástica Em seguida, sob autoria conjunta de Gonçalves e França, é facultada uma - se quênciaobjetivadosfactosassociadosàfalhadaexposição Elementos deParis: para a cronologia do “caso da exposição de Paris” (p. 40e41). E, porm, França escrevePréface pour l’exposition de Paris(p. 42e43),texto datado de maio que acompanhaessaexposição.

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NoPorto,aexposição Levantamento da Arte do Século XXnoPorto animaoMuseuSoaresdosReisemjulho,poriniciativadeFernandoPernes comoCentrodeArteContemporâneaalirecentementecriado.Emagosto, decorrememVianadoCasteloos II Encontros Internacionais de Arte,àse melhançadoencontrodoanoanterioremValadaressobiniciativadeJaime IsidoroeEgídiolvaro, Á entreoutros,aliapresentandooseuprimeiroritual AlbuquerqueMendes.EéescolhidaumarepresentaçãoportuguesaàBienal deS.Paulo,quedecorredede 71 outubroade 51 dezembro;constituídapor Júlio Pomar, Paula Rego,ngelo  de Sousa e Eduardo Batarda, sob organizaçãoconjuntadaFundaçãoGulbenkianSommer ( Ribeiroéoresponsável pelaescolha)dos , MinistériosdosNegóciosEstrangeirosedaComunicação Social,logra-sedestavezlevaracaboasaída,sempolémicas. QuantoacadaumdosartistasdoGrupoAcre,emtodos 57 91 estão bastante ativos. Lima Carvalho leciona desenho na ESBAL; é membro do ConselhoTécnicodaSNBAe,comotal,fazpartedojúrideseleçãodacole tiva Abstracção Hoje? SNBA) ( ;expõenascoletivasFiguração Hoje? SNBA) ( e Levantamento da Arte no séc. XX no PortoMuseu ( SoaresdosReis,Porto eLisboa,SNBA)nesta , comobras. 3

Figura 32 Clara Menéres. D(EU)S.. 74 91 Trípticoemchapametálica,pergaminho, cabeloepastadepapel. GRUPO ACRE FEZ

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Clara Menéres também ensina na ESBAL, escultura agora no seu caso, e faz parte do Conselho Técnico da SNBA; participa nas coletivas Figuração Hoje? SNBA) ( , A Nova Imagem Realista Portuguesa Galeria ( Gordillo, Lisboa) e, tal como Lima Carvalho, noLevantamento da Arte no séc. XX no PortonoMuseuSoaresdosReis,PortoenaSNBA,Lisboa,onde mostraasuapeçadeparede D(eu)s. Essasuaobraéumautorretratoqueremeteparaarquétiposmíticos e para a condição feminina, também expressivo do interesse permanente da autora pela experimentação de novas materialidades, e que ela própria apresentaassim: D(EU)Séumapeçadeesculturaqueexprimesimbolicamenteaminha relaçãocomotranscendente.Eu) ( estourepresentadapelopergami nho,apelequecobreocorpo,espalmadaepregadasobreacruz,sig nodemorte,sofrimentoerenúncia. Lateralmente,aparecemdoisoutrossímbolosdereligiõesqueguram 111 atotalidadedoterritóriohumano,doOrienteaoOcidente .

QueirozRibeiroaindaparticipanestaúltimaexposiçãocom3obras masoseufalecimentojáconstanasinopsecurriculardocatálogo. NoquedizrespeitopropriamenteaotrabalhoconjuntodoGrupoAcre, emas 57 91 suasapariçõesconcentram-senoiníciodoano,atéàPrimavera, oquenãoéalheioaoambientepolíticoquesevive.

111

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MENÉRES,ClaraD(.)6102( EU)SÇMENÉ . RES,Clara. Ver e dar a ver.Catálogoda exposição no Museu de Etnologia eArqueologia de Setúbal, de12de maio a42 de setembro de.6Setúbal: 102 Associação de Municípios da Região de Setúbal/ MuseudeEtnologiaeArqueologiadoDistritodeSetúbal,p..32 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


2.3. Gravuras de rua Janeiro de 1975, Lisboa

A terceira intervenção do Grupo Acre é a mais discreta de todas as suas ações. Consta, simplesmente, da impressão de gravuras pouco convencionais. Hápoucosounenhunsdocumentosdatadosequasenenhumamenção mediática. Para os próprios autores, confunde-se a memória exata quandoaosdiasderealizaçãodaobra,apesardehaverummanuscritode LimaCarvalhoemqueaponta,cominterrogações,ahipótesedemesesdo VerãodeContudo, .57 91 aavaliarpelasfotosexistentesepelostestemunhos oraisdeClaraMenéres,aaçãoemsidecorreemmaisdoqueumdiae,pela indumentáriadetodos,nãoénoVerão,masemtempofrio;sendovisívela colaboraçãodeestudantes,podepressupor-sequeseriaemperíodoletivo. Um artigo publicado no Comércio do Porto a propósito da interven ção seguinte do grupo  a segunda distribuição de diplomas, depois de Lisboa, na Galeria Dois no Porto, que ocorre entre 8 e 31 de Fevereiro de 5Â7refere 91 estaremexpostasnaparedenessaalturagravurasimpres sas emfolhas de papel branco, que são o produto datintagem das placas deferrodosaneamento,edastampasdascaixasdosserviçosdeágua,gás 112 e eletricidade, que conseguemterbeleza e expressão plásticaÇ . Poresta informaçãodepreende-sequeumaparte,pelomenos,doprojetoGravuras deRua,tenhasidorealizadaantesdosdiplomas,ouseja,alguresdepoisda intervençãonosClérigosemOutubrodee74 91oprincípiodeantes ,57 91 da novaaçãoedoartigoqueanoticia. Poroutrolado,narealizaçãodessasGravurasQueirozRibeirojánão estápresente,emboraaconceçãotenhatidoasuaparticipação;portanto, aconteceapósoseufalecimento,entredezembroeprincípiodefevereiro. De facto, quando, após a ação naTorre dos Clérigos, o Grupo Acre prepara as obras seguintes, dá-se a morte brutal de Queiroz Ribeiro num acidentedeviação.Ade 1 dezembrodecerca , 74 91 daumadamadrugada, oCitroencavalosÇ 2 emqueoescultorviajanumaestradanortenhacoma mulheredoislhoséabalroadoporumcamião,falecendooartistaealha.

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FERREIRA, Jaime.)57 91 Inacção ( de diplomas provocada pelo Grupo AcreÇ. Comércio do Porto,de 51 fevereiro.

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Figura 33 NotíciadofalecimentodeAlfredo QueirozRibeirono Jornal de Notícias dede 2 dezembrode. 74 91

Na sequência da morte de Alfredo Queiroz Ribeiro, devastadora do pontodevistaemocionalecomforteimpactonaestruturadopequeno - co letivo,osrestantesmembrosdoGrupoAcrehesitamquantoàcontinuação do projeto.Tal como Ernesto de Sousa refere, essefactoprecipitará pro 113 blemasdequalquermaneirainevitáveis,decrescimento,deidentidadeÇ . Assim,as Gravuras de Ruasurgemnumadurafasedequestionamen tointernoe,decertomodo,comoumtrabalhopossívelin progressqueme deiaoutrasapostasmaisdecisivasdogruposobrevivente.

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TextojáreferidodeErnestodeSousa.OgrupoAcreeaapropriaçãoÇ. 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


Figura 34 Grupo Acre.Fragmentodoesquema doprimeiromapadetampasdeesgotopara oprojetoGravuras de Rua,aindanazona daBaixalisboeta.. 74 91

O projeto consta da produção de impressões grácas, ou gravuras, a partirdetampas de esgotos urbanos, existentes no pavimento de quase todas as ruas da cidade. De novo assente no conceito de apropriação do espaço público, a intervenção encadeia-se de modo lógico com as ações naRuadoCarmoenaTorredosClérigos.Poroutrolado,oprocessográ coescolhidotrazlatenteapresençadeumavertenteexperimentaloriunda da Escola Superiorde BelasArtes, envolvida através de Clara e Lima por 41 viadaspráticasdedesenhoe,principalmente,degravura Um . usomenos convencional dos processos grácos parece oportuno aos dois artistas d GrupoAcre.

41

Convém referir que, na escola de Lisboa, a tradição do ensino de gravura é de longadata,fazendopartedocurrículos,havendoentãopraticantespremiadose existindoaindanasinstalaçõesdoConventodeS.FranciscoumCentroNacional deCalcograaeGravura,espaçopioneirodedicadoàinvestigaçãoartística,então encerrado, embora o espaço e equipamentos continuem lá disponíveis para um usocomooreferido.

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Figuras 35 Grupo Acre.Fotograasdarealizaçãodas Gravuras de Rua.Lisboae774 91 São .5 visíveisLima CarvalhoeoescultorMatosSimões comestudantesdaESBAL.AsfotossãodeClara Menéres,cujoautomóvelestáaofundo.


AaçãoépensadainicialmenteparaaBaixalisboetaeoChiadomas, paraimprimirospapéis,acabamporserescolhidasruascommenos trânsi to,noRestelo,umbairrodeeliteapropriadoàescolhadogrupoporconjugar otrabalho de rua, ali possível com alguma discrição, com o interesse pela desmisticaçãodaauraburguesadequeobairroérepresentativo. Alémdaapropriaçãodoespaçourbano,acargasimbólicadas-gravu ras,realizadasnaquelebairro,parecemaisexpressivadospropósitos polít cosemquestãoque,possivelmente,cruzamalgunsslogansdaépocacoma remotalembrançadaslatasdeManzoni. Asuaressonânciaintegraassimasupercialidadedeque-sãorevela doresoobjetoemsieasuaprópriaformauma  folhagravadacomapeleÇ dochãoe atramadesignicaçõesmaisprofundas,aremeterparaaab jeçãosubterrâneadacidadeetambémdaculturaedarealidadeemsi,sem esqueceroprópriocorpohumanoque,enquantoorganismovivoeindepen dentementedaclassesocial,colocaempalcooobsceno.Há,obviamente, umainexãoconceptualrelativamenteànaturezafestivadosprojetos - ante riores.Agora,aobraimplicaumposicionamentosocialmentecrítico.

Figura 36 Grupo Acre.Umadasgravuras,jáimpressa, suspensanointeriordoautomóvel deClaraMenéres,autoradafotograa.

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Figura 37 Grupo Acre. Gravura de Rua.Réplicaimpressa empara 8102 aexposição Pós-Pop. Um lugarForadoComum, naFundaçãoCalouste Gulbenkian.como ,É podevericar-se, ligeiramentediferentedafotografadanagura anterior,quenãotemamesmamarcana partesuperior.

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ComClaraeLimacolaboramouestãosimplesmentepresentesoes cultorMatosSimões,tambémprofessornaESBAL,TeresaSarseldCabral, amigadosartistas,eaindaumpequenogrupodealunosRosário  Rebello deAndrade,TeresaFerrand,LuísJordão. Osmeiosnecessáriossãoescassos,resumindo-seafolhasdepapel, tintaerolosdeimpressão,espátulas,aguarrás,escovas,etc.materiais , em parte cedidos por Matilde Marçal, professora nos ateliers de gravura das BelasArtes.Astampasdeesgotossãoescovadasantesdatintaseraplicada comrolos,sendoemseguidaaplicadospapéis,produzindoimpressõespor contactodiretodosrelevostintados. Apesardasfotosdoacontecimentoeatédaspáginasimpressas pen duradasasecardentrodocarrodeClara,osexemplaresdasgravuras - ori ginaisparecemtersumidodenitivamente.Ema ,8102 Exposição Pós-Pop Fora do Lugar ComumnaFundaçãoGulbenkianapresentaumaréplicapro duzidaexpressamenteparaessaexposição,mas,efetivamente,nãoéuma dasgravurasoriginaisdotempodaaçãoreal. NaalturaprópriadarealizaçãodasgravuraspeloGrupoAcre-nãosur gemecosmediáticos,anãoserabrevemençãoreferidaatráseoutras,já comcarácterretrospetivo,aofazer-seahistóriadocoletivo. Contudo,aaçãoeoquedelaresultanãodeixamdeevocarinúmeros conteúdoscruzados.Astampasdesaneamentoou,maispropriamente,de esgoto, sugerem como que moedas grandes ou medalhas no chão, como joiasnoalcatrão.São,aomesmotempo,aberturasparaummundoescon dido que remetetambém para a origem romana de muitas cidades portu guesas,fazendoaindaanteverburacosnochãoque,sedestapados,revelam escadasqueseafundam,tubosegaleriascomocorredores,ondenão-ape nascorreasujamatériadosintestinosdacidadecomosepodemimaginar animaisindesejadoseatésegredosvelados. Ouseja,asgravurasdoGrupoAcre,emsi,nãosignicamapenasuma apropriaçãoexpeditadeumaformaquerepresentadiretamenteumobjeto, masacabamporarrastartudooquerefereosubterrâneodacidade,octóni co,opróprioobsceno,comojásedisse,oqueosolhosnãoveem,segredos emistérios,ovisíveleoinvisível.

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2.4. Diplomas de artista

23 janeiro a 5 fevereiro 1975, Galeria Opinião, Lisboa 8 a 13 fevereiro 1975, Galeria Dois, Porto

EstaduplaaçãodoGrupoAcrenascidadesdeLisboaePortodecorremuito poucotempoapósamortedeAlfredoQueirozRibeiroque,comojásedisse, vemquebraraenergiadocoletivoeocolocaàbeiradacessaçãodeativida de.Apesardetudo,ClaraeLimaacabampordecidircontinuaroprojeto,de certomodofazendohomenagemàmemóriadodesaparecido,quepartici paranaconceção. Nestecaso,talcomoaconteceracomasGravuras de Rua,trata-sede agirforadoquadrogeraldefestaquecaracterizaasduasprimeiras in venções do grupo, exercendo umatomada de posição no próprio seio dos meiosartísticos,ouseja,reduzindoaesferadeaçãoecingindoas-implic çõesdaobra. Resumindo, pretende-se desta vez produzire distribuirdiplomas d artista,ouseja,documentoscerticadoresdasuaprossãoouhabilita paratrabalhar,independentementedaformaçãodecadaumoudequalquer trabalhoproduzido,dandoumsentidomaisparticularaosslogans qu fendemqueaarteéfeitaportodos,paratodosedetodos,queaarteestá emtudo. Nestecaso,aaçãonãoéprogramadaparaoespaçopúblicomais-tí picodacidade,arua,comotodasasoutrasintervençõesdoGrupoAcre,e simantesparaumlugaracessívelaopúblico,mascaracterísticodasar oespaçodeumagaleria. Oprojetoincluicomponentesfísicoseperformativosquepassampor reconstituirum contexto especíco e criaro que, na altura, ainda não se chamahabitualmenteinstalaçãoÇmas , antesambienteÇou environement. Naquelecaso,deseja-seumespaçoondeosdiplomaspossamseratribuí dosmediantetodaumaencenaçãoque,incluindoumacomponenteperfor mativapelosprópriosartistasnopapeldeamanuenses,perfaçaumevento logicamente completo, convincente. Note-se, não se trata meramente de satirizar, mas, sobretudo, de criaruma representação que, porbreves - ins tantesqueseja,seaproximedarealidadeapontodesuscitardúvidas,com no trompe l’oeil ounoteatroverista. Assim, para além do diploma propriamente dito, é antesforjado um Decreto-Lei que confere ao Grupo Acre o direito de passar diplomas o( Decreto-Lei 1/75). Emseguida,ogrupoelaboraumpanetocomcarácterdeedital,que édistribuídonagaleriaecolocadoemvárioslocaisdeLisboa:

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Aviso Faz-se saberque, a partirde 23 deJaneiro a 5 de Fevereiro do cor renteano,seencontraabertaaopúblicoaRepartiçãodosAssuntos Artísticos, sita à Rua Nova daTrindade, nº 24entrada ( pela Galeria Opinião), onde poderão ser requisitados, pelos interessados, os di plomas de Artista. Todas as pessoas poderão candidatar-se a este diploma mediante a apresentação do bilhete de identidade.-Porau torizaçãoespecialsãodispensadosoreconhecimentodeassinatur 15 eselosscais.

Depois, é axado um cartaz em Lisboa nos locais potencialmen te mais propícios para divulgarum acontecimento daquele tipo  SNBA, Gulbenkian,metropolitano,cafésdocentrodacidade,etc. Odiplomaemsiéumobjetocuidadosamenteestudado.Oprojeto-ba seia-seemdocumentosdogéneroeomodelodenidoapresentaumgras mocredível,quesimulaosdocumentosdoestilo,tornando-seumsimulacro convincente.Háumacomposiçãocomespectodegravuraantiga,habitada por sete guras alegóricas com disposição simétrica, que deixam espaço embaixoparaaassinaturadoGrupoAcreapósotextotípicocomreferência aodiplomado: Faz-se saber que . tendo satisfeito às prescrições estabelecidas no Estatuto do grupoAcre aprovado pelo art.º 2 do Decreto-Lei N.º 1/75de15deJaneiro,tornou-seartistaeobteveestediplomacoma classicaçãodeVINTEvalores(MuitoBomcomDistinçãoeLouvor). E para constar lhe foi mandado passar o presente diploma, que vai assinadopelaautoridadecompetente. Lisboa,em de.de1795.

Entre estas inscrições, existe uma moldura ovoide contornada pela frase em latim em maiúsculas SI CVPIS VT CELEBRISTET TVA FAMA LOCO PERVIGILES HABEAS OCVLOS ANIMVMO SAGACEMÇ Se ( dese jaresqueatuafamaestejaemlugarcélebretemosolhosmuitoatentose 61 ânimosagaz .)

51 61

BATARDA,EduardoO.)57 91 ( GrupoÃAcrenaGaleriaOpiniãoÇ. Sempre Fixe,de 51 fevereiro. LimaCarvalho,numadasentrevistasde 8 Â outubroede 01 dezembrode. 90 2

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Figura 38 Grupo Acre.Umdos Diplomas de Artista realizadospeloGrupoAcre,naGaleriaOpinião, Lisboa..57 91

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Figura 39 Jost Amman. Quibus eo sane Ordine Doctrina. Xilogravura. .2751 cm 7 ,12 xcm. 4,61

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Quantoàiconograa,rege-seporpadrõesbastanteclássicospor - den tro de umateia de elementos grácos decorativos, de expressão barroca. Aocentro,umagurafemininaalada,aFama,equilibra-sesobreomundo, soprandoumaduplatrompa,comumapaisagempordetrás,osolabrilhar baixo. Em redor, seis guras masculinas empunhando objetos e insígnias como livros, instrumentos geométricos e musicais, armas, etc., aludem váriosdomíniosdosaber. Emboraosartistasnãoespeciquemaorigemdaimagemusada, - al gumainvestigaçãopermite,entretanto,concluirquesetratadeuma - adap tação da gravura Quibus eo sane Ordine Doctrina, de,27da 51 autoria de JostAmmanou ( Jos,Joss,Ammon,e19351 que ,)195 fariapartedeumapu blicação de Sigmund Feierabend ou ( Hyeronimus Feierabend), cujas edi ções oriundas de Frankfurt atravessam diversos países europeus - e se en contram,porexemplo,naUniversidadedeBarcelonaenoBritishMuseum. ComoéqueissochegaàsmãosdosartistasdoGrupoAcrenãoé,contudo, esclarecido. Aimpressãoéencomendadaaumatipograapode ( atéserdaíaorigemdaimagemapropriada)sendo , impressascentenasdeexemplares.

Figuras 40 FolhetodaGaleriaOpiniãofrente ( everso)por , ocasiãodaaçãodosdiplomasdoGrupoAcre, comtextodeErnestodeSousa.

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Porm, a ação realizada pode caracterizar-se como acontecimento einstalação/ performance.Olocalescolhido,aGaleriaOpinião,dirigidapor Ernesto de Sousa, apoiante do grupo, situa-se na Rua Nova daTrindade, umas portas acima da conhecida cervejariaTrindade, com avantagem de seremLisboanumazonamuitocentralefrequentadaporpúblicosdiversos Norés-do-chão,aOpiniãoéentãolivraria;emcima,galeriadearte.Ogrupoconstrói,assim,noprimeiropiso,osimulacrodeumarepartição púb ca,combalcão,postigo,secretáriaecadeiraonde,acertashoras,durante vários dias da semana, os dois artistas se revezam e emitem diplomas d artistaaquemosdeseje,atrocodaquantiadevinteescudos. VisitantedessaintervençãonaGaleriaOpiniãodeLisboanumahora emqueosartistasnãoestãopresentes,EduardoBatardadescreve:

Arepartiçãoeradealgummodoissomesmouma  repartiçãoÇmais oumenostípica,altamentepuxadaàcaricaturapormeiodeumamon tagemburocrático-nostálgicaemqueoabusodepormenores,adere çosrealistasÇoumesmoreaisÇa , profusãodemarcasÇtipicadoras, conduziam o participante a uma presença que a si próprio-se ironi zavaÇ. ) ( O segundo andar da OpiniãoÇ é de reduzidas dimensões, e é, portanto, difícil perceberaté que ponto foram essas dimensões quedeterminaramaapresentaçãodareconstituiçãoÇburocrática;ela era-nos mostradaem corteÇ, dando-nosvista para o espaço exterior einteriordoescritórioÇe, permitindo-nosapassagemparaoladode dentroÇ.Láestavaumbalcãodemadeira,típiconasuavelhuscafalta decarácter,encimadopeloanteparodevidromartelado;nomeiodes te,opostigoredondo,encimadoporumdístico:cadadiploma. Ç0 $ 2 Outrosavisoscoladossobreovidro.LádentroÇa , secretáriaantiqua da, as penas, os mata-borrões aproveitados, decorados nos bordos, deantigos,aparafernáliahabitualdoamanuense,afolhinhade-expe rimentarcanetaseaparos,amediocridadedosriscosautomáticos papel ao lado, de passartempo.Acaligraa primorosa,antigaÇ e de talento, sobre os diplomas de artista, complicadamente ornamenta dos,ocasposocalendárionaparede,tudosãoreferênciasaummau gostoÇnostalgicamentereaplicado,queformamaindaumcomentário estéticoÇum , inventáriosociológicoÇem ) ( muitotransbordandoda 71 inicialfriezaÇideológicadaatuaçãodescrita noaviso.

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Batarda,obracitada. 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


Figuras 41 Grupo Acre.Editaisecartazesdedivulgação daação Diplomas de ArtistanoPorto. Fevereirode.57 91

No mês seguinte, de 8 a 31 de fevereiro de,57 91o Grupo Acre vai ao Porto reeditaresta intervenção na Galeria Dois, situada naAvenida da Boavista,mantendoidênticosrequisitosprocessuais:decreto, edital,f tosdedivulgaçãoecartazes,construçãodosimulacrodaRepartiçãodos AssuntosArtísticosÇatribuição , dediplomas.Comoelesprópriosdescrevem nessa reedição da ação,trata-se deabriruma repartição de assuntos - ar tísticosparafornecerdiplomasdeartistae( jogarcomomito/medo - doca 118 nudo). Ç Na imprensa, um pequeno artigo noutro jornal portuense remete aaçãonaGaleriaDoisParaquemsejulgueartistaÇreferindo , aligaçãodos artistasaumacertaA.E.U.Academia ( deEscrivãesUnidos).

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GRUPOACRE,textonumdosfolhetosdedivulgaçãodeidênticaintervençãona GaleriaDois,noPorto.

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Figura 42 Assinaturaeentrega Diplomas de de Artistapelo GrupoAcrenaGaleriaDois,Porto,numafotograano jornalOComérciodoPorto,de 51 fevereirode.57 91 Debruçadossobreamesa,àesquerda,ClaraMenéres eLimaCarvalho.

SegundoLimaCarvalho,sãoentreguesmuitosdiplomas,talvez - qui nhentos somando as duas intervenções de Lisboa e Porto, anotando-se numa relação manuscrita todos os nomes dos diplomadosÇ. Rui Mário Gonçalves, Nikias Skapinakis, Joaquim Rodrigo, Sam, João Dixo, Alberto Carneiro,Jaime Isidoro, DarioAlves, Pedro Rocha, Ferreira Gomes, Lagoa Henriques, Albuquerque Mendes, Justino Alves, Matos Simões, Egídio lvaro, Á LeviAntónio Malho eAgustina Bessa Luís são apenas alguns dos que,entremuitosoutrosnomesdediferentessectoresprossionais,soci eetários,passampeloguichetdasrepartiçõesÇdeLisboaePorto,aliob tendoosseuscerticados.

Serartistadoutrinam  oselementosdinamizadoresdoAcreé uma maneira de estarnavida, não uma prossão. O artista não é um ser privilegiado com capacidades especiais, pertencente à elite da cu tura detentora do monopólio da criatividade. O artista é uma pessoa comotodasasoutrasquetêm,comoele,odireitointegraldefalardo Mundo,doshomensedascoisas,defazerArteedeproduzirtambém 91 oseudiscursocultural .

91

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FERREIRA,Jaime.)57 91 ( “InaçãoÇ de diplomas provocada pelo grupo AcreÇ. O Comércio do Porto,AnoCXXXI,nºsábado ,52 de 51 fevereiro,p..61 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


Figuras 43 Grupo Acre.Algumasdaslistas dosdiplomadosnaaçãonaGaleriaDois, Porto..57 91

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Figura 44 Umdosartigossurgidos naimprensa,nestecaso nojornalOComércio doPorto.

Ofactodestaaçãonãodecorrernoespaçopúblicodacidade,masjá nocontextoespecícodasartes,noespaçodeumagaleria,nocasodaação em Lisboa, é razão possível para que não haja mais notícias na imprensa correntelisboeta,extremamenteocupadacomaintensidadepolítica - daal turaecomdimensõesdaculturamaisespetaculares. Contudo, um artigo saído logo no primeiro dia em queRepartição a abreemLisboaarmaqueoobjetivoaatingirpelogrupoéumarazãopara estarno mundoÇ120 e citavárias armações suas, não identicadas indivi dualmente,naconferênciadeimprensarealizada.Trabalharcolectivamen te, descartaro subjectivismo, intervirno espaço urbano e empiricamen 121 acertarnumagranderazãoparaestarnomundoÇ A . diferençadaobrado grupoemrelaçãoaoutraspráticasartísticasmaisconvencionaisécen nanotíciaeojornalistanãoidenticadoresumeasoutrasobrasrealiza pelogrupoAcre,efazjustiçaàsintençõesexpressasentão,numregistoque astestemunhademodoúnicoequepermiteenquadrá-lashojenasuareal dimensãoexpressivanarelaçãocomocontextodopaísedoseutempo.

120 A/A.)57Uma 91 ( grande razão para estar no mundo  objectivo a atingir pelo grupoacreÇ. Diário Popular,de 32 janeiro,p..21 121 Ibidem.

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Nesse sentido, os elementos do Grupo Acre consideram que nós temos que inventar novas ferramentas, experimentar e adaptar al gumas já inventadas por ínvios caminhos da cultura dita burgues que nos seus aspectos de vanguarda sempre foi contracultura, an tiarte,prolegómenodarevoluçãoÇ. Assimdizem  vamos  particularmenteestudaregozarasartesda comunicaçãosocial,osimultaneísmo,obrutalismo,oelementarismo, adestruiçãodoquadroe( dosquadros),asartesdaprovocaçãoe,de 122 ummodogeral,aalegria,queéacoisamaissériaquehánavida. Ç

Depois,surgenomesmoartigoumadasmaisparticularizadas apre sentaçõesdoprogramadeaçãoconcretadogrupo,tambémprovavelmente colhidanaconferênciadeimprensa: posições e exposições, seminários, manifestações e acontecimen tos, arte pobre, teatro de guerrilhas e outras guerrilhas, música ex perimental e da outra, envolvimentos, estudos muito sérios e outros muito mais sérios, ofertas,vendas etrocas, sessões de culinária, ex periências eróticas e quase pornográcas, revisões e recapitulações, fotograaecorrespondênciacomoarte,arte-como-artee,sobretudo, 123 participação,participação,participação,participação .

Os termos desta listagem de possibilidades permitem situar hoj multi-operatividadedosprojetosdoGrupoAcreeoseucarácterparticipa tivonaalmadasuaépocaetambémemgrandesintoniacomosobjetivos daobrapresente. Contudo,asopiniõessobreoacontecimentodivergem. Porumlado,háumaadesãosignicativaqueonúmerodediplomados atesta.Hánotíciasnosjornais,títulosdestacadosefotograasdosartist aassinarcerticadosàsecretária,rodeadosdeinteressados.Mas, - poroca sião da ação no Porto, um grupo dediscordantes reage contra a atitude considerada revolucionáriaÇ do GrupoAcre e, tal como conta o jornalista, rasgacartazesaxadosnasruasdaBaixataiscomooavisoeconvite,nos quaisselê:Vocêéartista.Vábuscaroseudiplomaàgaleriadois,etc.etc. , ; querumdiplomadeartista?VáàgaleriaDoisetc. (Ç etc. , . ) 421

122 Ibidem. 123 Ibidem. 421 Ferreira,obracitada. GRUPO ACRE FEZ

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Nosmeiosartísticoseacadémicosháquemaprecieainiciativa,ma também surgem vozes mais críticas, constando que terá havido mesmo pequenospuxõesdeorelhasÇnoChiadolisboetaporpartedeprofessores responsáveisdahierarquiaescolar,sobreofactodeseestarabrincarcom 521 coisassériasÇ . Osecosdestaobradogruposão,pois,maisvisíveisnaimprensa cul turalmaisespecializada,ondeapolémicasearrastapormaistempo. Ernesto de Sousa, responsável pela direção da Galeria Opinião e apoiante das ações do grupo, defende a intervenção recente e reage num artigopublicadoentão.Depoisdefazerumavisosobreamudançada - re partiçãoÇparaoPortoparadarcontinuidadeàsuahigiénicadistribu esgrime contra argumentos e ações de alguém, muito docente e outras pessoasÇ, que acusa de continuar a não ver nada, a não ler nada fora do casuloÇe, aquemsugereasleiturasdeUrsulaMeyersobreartepolíticaeo ensaiodeMarcusesobrealiberdade,citandodesteúltimoaideiade - dessu blimaçãodacultura:Agranderebeliãoartísticamanifesta-secontratodoe qualquerestilocontraaforma,contraosignicadoactual )( da621 arteÇ E. aconselhaaindaumarevisãodeDuchampedodadaísmo. Imediatamente no dia seguinte, no Diário de Notícias, Rocha de Sousacomoquecontra-ataca,acusandoErnestodeSousadearmação sensacionalista, gratuita, paradoxalÇ e de praticar uma forma prim de tratarvalores essenciais da cultura em nome de duas ou três graç (legítimas, bem entendido) adiantadas pordois ou três artistas que 127 curam equivocamente construir atitudes interventivasÇ . É evidente, logoaqui,aalusãotambémpoucofavorávelaotrabalhodoGrupoAcre,no que em seguida setorna uma crítica clara , ao armarqueos projectos do GrupoAcre não passaram, ainda, de uma tímida fase de provocaçãoÇ, ou que a experiência, de resto, é importadaÇ.Acontundência do tom no mesmo texto adquire, depois, um matiz pedagógico, quando Rocha de Sousacomentaaobradogrupo: ). ( admitindo-o como projecto legítimo dentro do vasto campo de possibilidadesdeactuaçãodoartista,temquesecolocara-suaexten sãonolugaraindalimitadoquelhecabe.OGrupoAcrerevela-seambi guamentecontraaclasseemqueseoriginou,pactuando,ainda,com

521 621 721

123

LimaCarvalho,emtestemunhooral. SOUSA,ErnestodeO.)57 91 ( diplomaeadessublimaçãoÇ. Vida Mundial.Nº,84 1 de 31 fevereiro,p.. 7 SOUSA,RochadeGRUPO .)57 91 ( ACRE.OdiscretodisfarcedaburguesiaÇ. Diário de Notícias,SuplementoArteseLetras,de 31 fevereiro,AnoXX,Nº.2401 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


salões colectivos e outros compromissos contraditórios: a sua acç envolveprojectosdepoucaperfuraçãojuntodascamadastrabalhado ras,ajudasobretudoàconfusãodessasclassessobreoobjectodearte enãoaoseuesclarecimento,manipulameiosesímbolosquesóanível 128 elitistasetornaminteligí veis.

Concedendo ainda que aatitude do grupo pode estarcerta na sua essência: um novo espírito de humore de crítica pode surgirdelaÇ, conclui 921 que,contudo,nosseusmeios,temquesermaisseriamentepensadaÇ . Convémfrisarque,alémdoevidenteabanãocríticoaotrabalhodo-co letivo,aacutilânciaimpiedosadeRochadeSousatemcomoalvoprincipal oseudiferendoprofundofaceaErnestodeSousaeasuaconceçãodevan guarda, que critica porconfundirum discursovanguardista com os mei artísticosdeformulação,nãosóaceitandodemodopoucocriteriosoobras pelosimplesfactodeseguiremviasinterventivas,comoaindaelegendo-as 130 comoaúnicaatituderevolucionáriapossí . velÇ Nãopareceterhavido,defacto,consequênciasinibidorasmotivadas pelasituaçãoacadémicadosdoismembrosdogrupo,ambosdocentesno ensinosuperiorartístico,eatétalvezocontrário,istoé,algumespíritode desaoescolar.Nessesentido,asalusõesdeErnestodeSousasão,acima detudo, demarcações suas de qualquersistema institucional - e, em espe cial, do ensino artístico, de modo coerente com a sua postura de crítica radical.Contudo,numoutroartigoquepublicaummêsmaistarde,-écurio samente clara a sua vontade de participar numa nova ordem do sistema artísticoem ( grandetransformaçãonaalturaealvodeinteressesdiversos), paraoque,nasuaopinião,háquefazermorreraarteelitistaeindividua listaquefoinecessáriaeveiodesdearenascença,espelhodeumhomem 131 desesperadoesolitárioÇ ,umamorteritualquecomparaaoserrarave 132 lhaÇ ,emqueoGrupoAcre,queandaaíatentardescobrirumcaminho 133 caminhoÇ é, umexemplo. Batarda, desta vez, escreve um extenso comentário com questões muitopertinenteseque,emboradeixealgumasreservasaosAcre,acabano geralporsoarfavoravelmente.NoatrásreferidoartigodoSempreFixeem

921

128 Ibidem. Ibidem. 130 Ibidem. 131 SOUSA,ErnestodePara .)57 91 ( sersinceroÇ. Vida Mundial.Nºde 6,158 março, p.. 04 , 93 132 ExpressãodeErnestodeSousanoartigoanterior. 133 Ibidem.

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quedescrevearepartiçãoÇalonga, senumaanálisecríticaemqueestabe lecereferênciaspossíveisparaestaobradogrupoeteceassuaspróprias re exões,revelandoempenhoemcompreenderecontextualizarteoricamen te,naHistóriaenotempocorrente,aobraeintençõesdoGrupoAcre.Não sósedebruçaatentamentesobreascaracterísticasmaisvisuaiseform da instalação, descrevendo pormenorizadamente o que, aparentemente, captaaatençãodeumvisitante,comodiscorretambémsobreossentidos possíveis da ação, estabelecendo conexões, porsemelhança ou contraste, comatradiçãosimbólicadosobjetosnapinturaecomobrasdeoutros au tores,especialmenteosfuturistas,Duchamp,osdadaseaanti-arte,Robert MorrisePieroManzoniestes ( últimosdoiscomgrandepertinência,umavez quejáantesQueirozRibeiroescrevesobreeles). Considera ainda, porexemplo, que a obra ultrapassa o sentido - apa rentementeestritoeliteraldaideiadediplomaqueoavisopropõe,-poisas sociaváriosníveissimultaneamenteestéticos,sociológicos - evisua rindoasserçõesextra-artísticasatravésdeumaviadeproposiçõesdasar plásticasque,anal,invocaassuasespecialidadestradicionais:Pin Esculturajustamenterecuperadas,jáquepelo  menosexpressão  sentimental de uma sociedade sentimental, depois cultivada431 e elitista. Isto Ç acontece, no seu entendimento, pelo cuidado com que os objetos são-es colhidosecolocadosnaencenação,tudoassumindoumacargasimbólica abrindo conotações culturais e possíveis acrescentos pelo público, pr tosounãopelogrupo.

Deummodonaïvizante,ematmosferaalgobarcelonesa,certamente comcoisasporpensarecontasporfazerquem ( asnãotem?)estapre sença do grupo nãocará como a mais antipática datemporada.) 4 ( OsAcreÇ têm, claro, outras coisas a fazer, das quais camos-à es pera, e não será esta a sua única mensagemÇ, o seu único projecto. Esperamos coisas diferentes daquela embaraçante pintura de ruaÇ, que parecia mergulhar a R. do Carmo nos restos de um plano ca ritativo de recuperação de jovens delinquentes. Do que zeram os ( doGrupoAcreÇ)naOpinião,umanotamais,quesequercompletamenteelogiosa:aoníveldamontagem,dosavisosedecretosÇestes ( últimos aliás dentro da mais puratradição dadaísta da substi pelasautoridadesÇfoi), nospossívelentenderalgumacoisamaisdo queoregistodeumaatmosferaouumacertavontadepolémica:uma

431

125

BATARDA,EduardoO.)57 91 ( GrupoÃAcrenaGaleriaOpiniãoÇ Ã . defevereiro.

SempreFixe,

51

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genuína apropriação de partes de uma (sub)cultura bem lusitana e pequeno-burguesa,parodicamenteapresentada/citada,e,claro, - l tradaÇdeformasubtilpelaarteÇqueoprocessoenvolvia:rero-me àsátiradogestocomogesto,aosseusparaleloscomae( referencias à)extinta(?)boémiaÇàmaneiracoimbrã,ouàsrapaziadasÇdealu nos das Belas-ArtesÇ. Em frente, por uma arte portuguesa.Trata-se dedeniracçãoÇ. 135

Mastambémesseartigopareceacabarporacrescentarapolémicae sermalcompreendidoe,constatandoofacto,poucotempodepoisBatarda vemesclarecerasuaposiçãocomoanaldesfavorávelquantoàacção,acçãocolectivaartística,eoutrascoisas)nas ( quaisoGrupoAcresemete 631 deummodoumpoucoinfelizpor  maisdespretensiosoquesejaÇ . Emresposta,ErnestodeSousaque,naVidaMundial,declaraEduardo 731 Batardao único crítico de jeito que anda por , desabafa aí Ç também no mesmotextosobreastentaçõesdoscríticosÇqueajuízam,têmamania da originalidadeÇ, usamcritérios de qualidadeÇ que, na verdade, são - aca démicos, abusam doculturalismoÇ e do maniqueísmo críticoÇ,terminan doporarmarqueexemploespantosofornece-oE.B.nassuasreferências ao GrupoAcre) (depois de terescrito uma crítica que era quase exemplarnajustapreocupaçãodeproblematizaraquiloqueparticipara eapró pria participação; vem, uma semana depois, o mesmo autorexplicar-nos, atenção,queaquiloqueeletinhaditonãoeraadizerbem,eraadizermal. Verdadeiramentenotável!Ç ErnestodeSousaé,provavelmente,omaiseldefensordosprojetos doGrupoAcreeasuaatençãoestende-seespecialmenteaClaraMenéres que, segundo diz, com frequência, parece ter uma intuição profunda e raradoseutempoÇ 138,evocandooseusoldadocomoexemploparaanova imagemqueéliberdade,lucidez,responsabilidade,anovaimagemrealista 931 portuguesaÇ .

531 631

Batarda,naldotextocitado. BATARDA,Eduardo.Soulages )57 91 ( naFundaçãoGulbenkianÇ. Sempre Fixe, 22 defevereirode.57 731 SOUSA,ErnestodeOs .)57 91 ( críticoseastentaçõesÇ. Vida Mundial.Nº32 , 581 demarço,p..64 ,5 138 SOUSA, Ernesto de 1(975A ). nova imagemÇ. Vida Mundial. Nº 185 , 3 de abril, p. 43. 931 Ibidem. GRUPO ACRE FEZ

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2.5. Museu de Arte Moderna

18 abril 1975, Casa da Rua Marquês da Fronteira, Lisboa

É comum, nesse período intenso pós-revolucionário que se inicia em abril dehaver , 74 grupospolíticosouindivíduosquelevamacaboocupaçõesde espaços que estão ou parecem estar abandonados pelos respetivos - pro prietários. Nuns casos são terras, instalações agrícolas ou industri biçadas para a reforma agrária ou recuperação de empresas, noutros são casasdevolutasoudesabitadasnascidades.Logoemmaiode,a74 Junta deSalvaçãoNacionallegalizaocupaçõesefetuadaseproíbequeissovoltea suceder,mas,defacto,ascoisasnãocamporali. Embora obviamente polémica,vigora uma certa noção de que é ne cessárioutilizarerentabilizaressesespaçosporquemdelesnecessit paranspessoais,sejaparacontribuirparaareconstruçãodesectores p dutivos em crise, atropelando-sefrequentemente o legítimo interesse dos donos. Muitas dessas situações de ocupação são, como se diz na época, selvagensÇ,istoé,totalmenteinformais;muitasacabamporsersanciona daslegalmente,alvodecontratosemqueseapaziguamaspartes;emuitas outrasvêmaserrevertidas,depoisdegrandesconfusõesjurídicas epolít cas,normalizando-seasituaçãocomotempo. OraaobraqueseseguedosAcre,equeésintomáticadaradicaliza ção crítica do projeto do grupo, consiste precisamente numa ação desse tipo:umaocupação. Figura 45 Fotograanojornal Sempre Fixe dacasaocupadapeloGrupoAcreparaMuseu deArteModerna.

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A ideia parte da constatação da ausência de um Museu de Arte Moderna ou Contemporânea em Portugal, reivindicação antiga que vem sendoinvocadanosmeiosculturaiseartísticosdesdeoiníciodaRevoluçã deAbrilaté ( hoje)Apesar . dasaçõesdosartistas,dosseusgrupos - depres são e de apoiantes mais ou menos inuentes, as políticas culturais man tém-seimpermeáveisenadadeconcretoacontece. AiniciativadeocupaçãoselvagemdoGrupoAcreparacriaroMuseu tão desejado toma como alvo, entre outras possibilidades descartadas o Palácio Mendonça, edifício no 91/8 da Rua Marquês da Fronteira em Lisboa,notopodoParqueEduardoVIIeaoladodoPaláciodaJustiça,perto daFundaçãoGulbenkian.TraçadopeloarquitetoVenturaTerra,ascaracte rísticasesituaçãodoedifíciodesocupadosãovantajosasetentadoras. Aação é agendada previamente para sexta-feira 81 de abril e divulgada,depoisdeproduzidoumcomunicadoparadistribuireumafaixacom umsloganpintado. Com a presença de muitos assistentes, o grupo parte da Fundação Gulbenkian.Pelomeio-dia,ClaraMenéres,LimaCarvalhoeumestudante partemumvidroparaentraremnacasaecolocaremodísticodepanonuma varandadoº1 piso,comainscrição:MuseudeArteModernaÇ. NocomunicadodistribuídopeloGrupoAcrearma-sequehá

vários anos que os artistas plásticos e pessoas interessadas na ar têmvindoadesenvolverumasériedeaçõesnosentidodesercriado umMuseudeArteModerna,masoregimefascista,commedodasartesedasformasdepensamentodevanguarda,sempreanuloutodasas iniciativas.AcoleçãodesteMuseuétotalmenteconstituídaporobras cedidasespontaneamentepelosartistasplásticosqueassimprovam oseudesejodeveraarteaoserviçodopovo.Tentamosporestemeio demonstrarque só porvia revolucionária se pode quebrara barreira de burocracias, eruditismos baentos e compadrios. Queremos um 041 Museuaberto,vivo,atuante,festivo,popularenãoelitista .

Paraqueapopulaçãotenhaoportunidadedecontactarcomasobras mais recentemente produzidas, num tempo em que muitas galerias - con tinuam encerradas, pretende-se uma coleção do novo museu constituída sem custos de aquisição de obras, a serem cedidas pelos artistas, como

041

GrupoAcre.Comunicadonº T. ambém Ç57 91.3 emnoA/AUma .)57 91 ( casapara aartemodernaÇ. Sempre Fixe,9de 1 abril.VertambémA/AArte .)57 91 ( Moderna empalaceteprivadoÇ. Sempre Fixe,de 52 abril.

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refereocomunicado,segundoexposiçãorotativaegestãoassegurada - tam bémpelosartistas.AindasegundoumadasnotíciasnoSempreFixe,vários artistassubscrevemaaçãodoGrupoAcre.

Figuras 46 Grupo Acre.Croquisdoacessoàcasaaocupar parainstalaroMuseudeArteContemporânea eComunicadonº.57 91 .3

Comopretendido,háalgumefeitomediático,oquetambéméprovo cadopelaresistênciademembrosdafamíliaMendonça,legítimosproprie tários que, embora não residentes no local, acorrem em peso e apoiados pela Polícia Militar, tal como acontece com outras ocupações do género, normalmenterodeadasdegrandealarde. 129

2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


Os boatos chiadosos asseveravam no sábado: correu sangueÇ - , es 14 creve ironicamente Batarda no Sempre Fixe , aludindo a Lima Carvalho que,àsemelhançadoquesucedenaTorredosClérigos,temnovoaciden te:destavezéumcortenamãoqueoobrigaacarinternadonohospital, o que assim o poupa à prisão poralgumas horas a que são sujeitas Clara Menéreseumaamiga. AvisãodeBatardasobreaocupaçãoprosseguenanotíciareferida: Dizia o jornal ainda: precisamos todos, o Povo precisa, o fascismo não consentiu um museu para a dita Arte Moderna. Que a Arte é RevolucionáriapordeniçãoÇ.Equefoiou ( foitambém,ouprincipalmente)oladinoGrupoAcre.Oactualduo,sempredinâmico,portanto, ocupando, ou tentando ocupar, alguns acres mais espaçosos que os patamaresdanotóriaOpiniãoÇonde , assuperfíciesreduzidas,comoé 241 doconhecimentopúblico,nãosignicavamvistascurtas. Bom.

Sem deixar de concordar com alguns dos princípios apontados, Batardaalonga-setambémemnotascríticasmaiscontundentes,arman do parecer-lhevislumbraruma certa precipitação no modo) (como são invocadasasmudançasacontecidasouaefectuar,arevoluçãoqueandana rua, as novas maneiras de mostrar, actuar, fazer, ou, se quisermos, agitar , considerando Ç) ( elecuriosoÇ o facto de terem sido os artistas, e não o povo,asentirnecessidadedeummuseuÇ,oqueachapoder-seassociara algumavontadedeautopromoçãoautopedestalismoÇ ( ,comodesigna) , estranhandotambém a escolha da casa apalaçada, plena de evocações luxuosas que remetem para a ideia de que talvez seja de pensarum pouco 341 sobre os reexos da ideologia dominante sobre os dominadosÇ , e ainda colocando já algumas reservas sobre o prometido sistema de autogestão pelosartistas.Nom,numaoutraalusãoaospossíveisrepresentantesde certasvanguardase,denovo,muitoironicamente,demarca-se:soueu-se nhordeumsólidomaugosto,antipatizocomasartesvisuaisepareceque preciso de lentes correctoras; sou defeitio maldizente e umatácita inveja pelosmeuscamaradasdeprossãovem-mecorroendoasentranhaseain 41 dahá-deseraminhadesgraçaÇ.

1 41 241 341 41

BATARDA,EduardoArte: .)57 91 ( OcupaçõesemLisboaÇ. Sempre Fixe,de 52 abril. Ibidem. Todasasexpressõesentreaspasconstituemexcertosdoartigoanterior. Ibidem.

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Figura 47 Grupo Acre. O Grupo “Acre”. Uma arte para toda a gente.RevistaVidaMundial, de 8 maiodeNa .57 91 foto,Lima CarvalhoeClaraMenéres.

Poucosdiasdepois,ErnestodeSousarefereaaçãodeocupaçãoda casapeloGrupoAcredemodobastantemaisbenigno,considerando, - con 541 tudo,tersidofeitadesastradamenteÇ Explica . aindaaimportânciadeum museutambémsobopontodevistadaconsolidaçãodaculturademocrá tica e da defesa contra o regresso da barbárie, dando o exemplo recente acontecidonoChileenoticiandoavindaaLisboadeMárioPedrosa,um - im portantecríticobrasileiroautordaapologiadaconceçãodeummuseuem termosparecidoscomosqueconduziramàquelatentativadesesperadade Clara Semide e de um grupo de artistas, aotentarocuparum palácio que 641 viesseaserasededetalcentrocultural tentativa , sódesesperada )( em 7 41 termosfactuaisÇ na , opiniãodomesmoautor.

541 641 7 41

131

SOUSA, Ernesto de.)57Lutar 91 ( por um museuÇ. maio,p..8 SOUSA,Ernestode)Museus, 57 91 ( arteBarbárieÇ. maio,p..24 Ibidem.

Vida Mundial. Nº, 9518 de Vida Mundial:Nº,1de 9581

2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


Um depoimento do Grupo Acre148 é publicado pouco depois num número extra da revistaVida Mundial dedicado inteiramente à ocupação de casas e à necessidade de revisão do enquadramento legal do-assun to.Nessetexto,oduoinsistenosobjetivosjádivulgados,nomeadamente dinamizar a classe dos artistas e a própria população no sentido de s fazerumaartepobreemmeios,simples,cativa,festiva,nãoelitistaÇ, ()Ç uma arte que não deve ser para um grupo restrito () mas para toda a genteÇem , quearuaéimportante,porquedepoisdode 25 Abrilsetornou lugarde encontro das pessoasÇ. Sem deixarde reconhecera urgência de muitosproblemasdegrandeprioridade,otextodestacaaimportânciada culturae,nesta,daartedeinvestigaçãoÇquenãoéviávelsemlocais - pró prioseapoiodoGoverno.E,dessemodo,éexplicadaadecisãodeocupar a casa da Marquês da Fronteira para instalar o Museu de Arte Moderna (), reiterando a necessidade de meios não convencionais para tal: só porvia revolucionária se pode quebrara barreira das burocracias, eru 149 tismosbaentosecompadriosÇ . A ação do grupo chega a parecervir a ter consequências credíveis. UmapequenanotícianoExpresso051 dámesmocomopossívelparabreveum museudeartemoderna,muitoemboraoinsucessoimediatodaocupação. Mas, de facto, isso não acontece, nem nesse local nem noutro, e a intervenção do GrupoAcre esvai-se no estardalhaço mediático, frustrada pelavitóriadoque,entretanto,éumfacto:oestadodedireitoqueestabili zaetravaoprocessorevolucionário.Apesardadivulgaçãoprovocadapelo ladomaispolémicodoacontecimentodaocupação,queconsegue,defacto, agitarasconsciênciaseopoderpolíticosobreanecessidadedeumgrande espaçoocialparaaartecontemporânea,oobjetivoprincipaldealiinstalar o desejado museu falha, seguindo-se um aborrecido processo de tribunal movido pelos proprietários aos ocupantes ilibados ( anos depois, sem ju gamento,quandoumjuizjusticaoatoporter-severicadoemperíodode legalidaderevolucionáriaÇ.)

841 941 051

GRUPOACREO.)57 91 ( GrupoAcre:umaarteparatodaagenteÇ. Vida Mundial: Nºde 8 , 0681 maio,p..3 ,23 As expressões entre aspas são respigadas do artigo anterior, e esta últimavem tambémdoComunicadonºjá ,3 referido,doGrupoAcre. A/APara .)57 91 ( breveummuseudeartemodernaÇ. Expresso,de 3 maio.

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Figura 48 Artigonojornal Expresso, de 3 maiode.57 91

15 Naaltura,ogrupodirigeaindaumalongacarta datadadede 91 maio de5ao 7 91 SecretáriodeEstadodaCultura,entãoJoãodeFreitasBranco, emqueépropostaacriaçãodeumMuseudeArteModerna.Anecessidade de uma casa para as artes é referida, são explicadas as razões da escolha doedifíciorecentementeocupadoeéatéapresentadoumprogramaparao museucomváriospontos. Vale a pena analisar esse texto, novamente bastante expressivo do contextodaépocaemuitoelucidativodasintençõesdogrupo,mais - medi tadasdoquealgunssupuseram.Porexemplo,justicamaescolhadacasa emquestãocomargumentosquepassampelasituaçãocentralnacidadee

15

133

GRUPO ACRE. Proposta para a criação de um museu de Arte Contemporânea carta ( aosecretáriodeEstadodaCultura,Dr.JoãodeFreitasBranco,de 91 maio deEm  )57 91 Anexo.2 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


proximidadedaGulbenkian,acessibilidadedetransportes,qualidade art ticaebelezadaarquiteturaedojardimenvolvente,adequadoaatividades escultóricas e outras, ou até a futuras expansões; e referem ainda razões mais especícas em relação aos proprietários e à casa, justicando com osfactosde,segundoarmam,acasaestarabandonadahámaisdecinco anos,odonotersidopolíticoaoserviçodeSalazarenãoterherdeiros - dire tos,eaindaterjáhavidoumatentativadeexpropriaçãoporpartedaCâmara MunicipaldeLisboasemefeitoimediatoapóspromessadoproprietáriode legara casa àquela para instalação de um museu, para o qual até játeria havidovisitaspreliminaresporconservadores,etc. Aurgênciadeumespaçoparaaartecontemporâneaédemonstrada simplesmente pelo facto de não existirnenhum sítio onde estudiosos, ar tistasevisitantespossamtomarconhecimentodoquesefaz,discutir p missasdaatualidadeeinteragir,depoisdoencerramentodemuitasgaleri queconstituem,atéaíos , únicoslocaisondeaproduçãoartísticaatualpode servista.Emcomparação,jáexisteapossibilidadedevisitaacoleções va riadasdearteantiga,decorativa,ououtras,nos6museus 3 existentesem Lisboa,semcontarcomorestodopaís.Invocamaindaoutrasrazõesmais gerais,comoocarácterindispensáveldaartenarevoluçãoeaconveniência deumpoloirradiantedeculturarevolucionáriaparaapopulaçãolisboetae daprovíncia. No programa sugere-se grande abertura e qualidades atuantes de popularidadeeausênciadeelitismo,horárioalargado,diálogocom - organi zaçõesrepresentativasdapopulação,rotaçãodaspeçasexpostas,coleção estritamente contemporânea através de dádivas de artistas e compartici pação de galerias privadas, acompanhamento das peças expostas por - ex plicações que contribuam para a sua compreensão. E, num museu dessa natureza, os proponentes não concebem a existência de sistemas-de se gurança, achando que o povoterá que compreenderque os objetosvalem peloseudiscursoenãopeloseuvalorcomercial,sendorecusadastécnicas deconservaçãoqueprolonguemarticialmenteavidadaobradearte,que 251 deveterumaexistênciaeumamortenaturaisÇ . Talvez o projeto do Museutenha estado à beira detersucesso, mas ocertoéqueoperíodonãoéfavorávelparaapretensãodogrupo.Oclima político está acarao rubro, oVerão quente aproxima-se e, com ele, uma fasepolíticabastanteturbulenta,comojáatrásserefere,acabandoas-preo cupaçõesdosartistasporser,comohabitualmente,secundárias.

251

Idem,p..6

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Depois do 52 de novembro, o mote é estabilizartudo, tanto quanto possível, num amadurecimento do processo revolucionário que permita a re-institucionalização do estado de direito. Para o GrupoAcre, está já em cursoumafasenovadoseuprojeto.

135

2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


1976153 Certamente diverso do extraordinário Trás-os-montes queAntónio Reis e MargaridaMartinsCordeirorealizamemum ,6 7 91 lmepanorâmicosobre essemesmoanoemPortugalquecomeçassesemimagenspoderiaterna bandasonoraaBohemian RapsodydosQueen,saídanoanoanterioreque, entretanto,édiscodeouro.Aestruturaoperáticadessacançãocariabem certamentecomasvozesclamandode 52 AbrilSempreÇmas , otomdeO PovoéserenoÇeasinterjeiçõestransmitidasemdiretodoTerreirodoPaço, navozdoentãochamadoAlmiranteSemMedo,quandodamanifestaçãoda maioriasilenciosaÇemnovembrodetalvez ,57 91 secoadunemmelhorcom agramáticatrocadaeoVirou-teafonéticaÇdaBandadoCasacoque,em canta ,6 7 91 MorgadinhaquemtedisseatiQue / atuaterraeraumjardim 451 / Cheirando a erva e alecrim?Ç . Arrefecendo pouco a pouco o fervor da defesadohomemnovoÇsobanovaliberdadequevulgarizaapornograa estalando overniz revolucionário, nasfestas populares ressoam já refrões dachamadamúsicapimbaÇque ( nosanosoitentasedivulgarámais - inten samente)ecamjánoouvidoasalusõespícarasd O Franguito da Maria, deQuimBarreiros.

Defacto,napaisagemhistóricadopaís,emestá 6 7 91 claramenteem cursoumaquebrarevolucionáriacujosefeitosultrapassamosespaçosmai estritamentepolíticos.Nocontextointernacional,apermanênciadoBrasil edoChileemregimesdeditaduraeogolpemilitarnaArgentinaemmarço deste anofazem dispararreceios dispersos sobre a possibilidade de hav umretrocessoemPortugal.Apósosacontecimentosdode 52 novembrode após ,57 91 osataquesbombistasdosradicaisdeextrema-direitaum ( deles destrói parte das instalações da Cooperativarvore, Á no Porto, em janeiro detenta,)6 7 91 seviveragoraoprocessodeestabilizaçãodemocrática,no qual pesa uma maiorinuência detendências políticas mais moderadas e conservadoras sob o esforço de conciliação entre os diferentes parceiros políticoseaspressõesexternas.Aomesmotempo,oamploprocessoeleito raldesseanoparaosdiversosórgãosdeGovernoconstituifortepolarizado dasdinâmicase,naturalmente,daatençãodetodos.Assume-secomoprio ritárioconsolidarademocracianumaviainstitucional. Antesdessaseleições,énovamenteultrapassadoummarcopolítico importante quando, a 2 de abril, a Constituição da República é aprovada

351 451

VerAnexosh1 Quadroscronológicosde.6 7 91 Letradacanção Morgadinha dos Canibais,dogrupoBandadoCasaco,.6 7 91

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pelaAssembleiaConstituinte.Entreoutrasdecisõesimprescindí - veise lidadesmuitoesperadasnessaleifundamental,consagra-seaigualdade direitosentrehomensemulheresedetermina-searevisãodediplomas le gaisnessesentido. Pouco depois, as eleições para a Assembleia Legislativa, em 52 de abril,dãoavitóriaaoPScompertodedos %53 votos.Emjunho,oGeneral RamalhoEaneséeleitoPresidentedaRepública.Emjulho,tomaposseoI 51 GovernoConstitucional,noqualMárioSoareséPrimeiro-ministro . No programa desse governo, texto bastante minucioso e coerente com uma ideologia socializante, as prioridades aprofundam-se - nos sec resnanceiroeorganizativoparaumapolíticadeestabilizaçãoinstituc da legalidade no pluralismo democrático. Nesse programa, Mário Soares apresentaoprojetodeintegraçãodePortugaldaCEE,quejátinhainiciado neste anocom a integração no Conselho da EuropaÇ,a renegociação do AcordodeComérciolivrePortugal-CEEdeeÇ27 91 aassinaturadealguns 651 protocolosadicionaisÇ . grande É odestaqueamedidasrelativasàComunicaçãoSociale,pela primeiravez,háatençãoàcondiçãofemininanumprogramadegoverno.Por sua,vez,aCulturaéautonomizadanumaSecretariadeEstadoquedepende diretamentedoPrimeiro-ministroesurgenoprogramaemconsideraçõese 751 tarefas explícitas em diversos âmbitos , que incluem objetivos e critérios gerais,bemcomomedidasconcretasparaquasetodosossectores,como teatro,cinema,livro,direitosdeautor,estatutodointelectual,recuperaç depatrimónio,bibliotecas,instituiçõesdeculturaerecreio,animação c turalÇeatéartesplásticas.Refere-semesmoaestruturaçãodeumconselho

51

156

751

137

SoaresacumulaapastadosNegóciosEstrangeiros.TemnoPlanoeCoordenação EconómicaAntónioSousaGomes,MedinaCarreiranasFinanças,AlmeidaSantos naJustiça,EmílioRuiVilarnosTransporteseComunicações,SottomayorCardiana EducaçãoeInvestigaçãoCientíca,JoaquimCruzeSilvaéSecretáriodeEstado do Ensino Superior e José Tiago Oliveira Secretário de Estado da Investigação Cientíca,DavidMourãoFerreiranaSecretariadeEstadodaCultura,etc. ARQUIVOHISTÓRICO. Programa do VI Governo Provisório.[emlinha].Disponível em: https:www. / / historico.portugal.gov.pt/media/GP0 /480 6 pdf .6 [Consult.51 out.]. 9102 ROLLO, Maria Fernanda (2)0.14 A democracia e a construção europeia. [em linha]. Disponível em:http:/www. / cvce.eu/content/publication/208/514 046d3e0e3c8e-4368e9d7f93- 61cb8aa8a3publishable_pt. / pdf [Consult.fev. 6 2015]. ProgramadoIGovernoConstitucional,páginase1201 ARQUIVO . 70 HISTÓRICO. Programa do I Governo Constitucional. [em linha]. Disponível em: https:www. // historico.portugal.gov.pt/pt/o-governo/arquivo-historico/governos- consti nais/gc0 1programa/ do- governo/programa- do- i- governo- constitucional. aspx [Consult.out. 51 ]. 9102 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


culturale,tambémdemodopioneiro,umpontodedica-seàElaboraçãode anteprojectos para instalação dofuturo Museu deArte Moderna, prevista paraaQuintadoMonteiro-MorÇ851 . Apesar de haver aqui, porventura, algum resultado aparente da ação do Grupo Acre no ano anterior e demais movimentação dos meios artísticos,olocalprevistoparaoMuseunãoéopalacetedaocupação fa lhada,massimumespaçopróximodofuturoMuseudoTrajeespaço ( esse que, maistarde, defactovem a serocupado pelofuturo Museu Nacional doTeatro e da Dança, de novo frustrando todas a expectativas do sector das artes plásticas, menos sonoro nas suas reivindicações do que os d artesdoespetáculo).

Portanto, do ponto de vista cultural o país continuara revelaruma evolução desigual e, apesardos desejos revolucionários ou mais insti cionais, já passatempo suciente depois de abril para se perceberque a democracia tem tornado mais visíveis desequilíbrios diversos, tant âmbitos económico e social, como entre níveis de preparação, erudição e qualidade patentes em contextos, obras e protagonistas, entre elites e culturademassas. Seguindoumatendênciajáemcontraciclorevolucionário,odesporto e a religião continuam a readquirircadavez maiorprotagonismo - e a liber dadedaimprensaacentuaadifusãodeeventosdepopularidadefácil, - fre quentemente com mais conteúdos eróticos.Ao mesmo tempo, os valores da sociedade de consumo recrudescem, não sendo poracaso que alguns artistas,comoEduardoNeryeEmíliaNadal,secentramnesseproblemaem exposiçõeseobrasqueproduzem.Nadal,porexemplo,sugerenasuaobra Skop Ideológico para Todos os Programas de Lavagem ao Cérebro umaespéciedealertanosentidodaconsciênciadossinaisderetornodosvalor da sociedade de consumo à mistura com uma manifesta rebeldia contra 159 os slogans de vida políticaÇ . E Nery apresenta a exposição itineranteO Museu Imaginário e a Sociedade de Consumo. Nocinema,passam,entretanto,lmesmarcantescomoFace To Face deBergman, 0 91 deBertolucciCasanova, e deFellini. Noâmbitoartístico,oanocomeçamalcomoataquebombistajáre feridoàCooperativarvore, Á tentativamalogradadaextrema-direitanãosó

851 951

Alíneae)dopontodo .2 3 mesmoProgramadeGoverno. Gonçalves,RuiMário.)6891 ( De 1945 à actualidade. HistóriadeArteemPortugal, obracitada,p.. 931

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061 de destruira velha casa dosAlbuquerquesÇ como, sobretudo, silenciar ou, no mínimo, desmoralizaros artistas interventivos. Os estragos avu dossãodepoispoucoapoucoreparados,eainiciativadoscooperantesd rvore Á nãoesmorece. Meses depois, em Lisboa, a Festa do Avante decorre na FIL pela primeira vez, trazendo ao país o modelo de festa partidária de grande abertura cultural explorado em França e Itália pelos respetivos parti comunistas.Ali, os espaços dedicados às artesvisuais, de - nature tante informal, dialogam com a popularidade dos espetáculos music de programa inovadorno país, antecipando o sucesso defuturos - concer tosefestivaisculturaisdeVerão. Apardisso, no meio artístico, mantém-se uma forte diversidade de posiçõesque,porvezes,denotamoretornodealgumconservadorismoouo simplesdesejodeimpactoouvisibilidade,mas,aomesmotempo,imperam aaberturarealeaprocuradesentidosdevanguarda,oqueevidencia-acon vivênciadeperplexidades,paradoxosecontradições. Por exemplo, no concurso público para o Monumento ao General Humberto Delgado, em CelaVelhaAlcobaça) ( , é preferida pelo povo e es colhidapelojúriumaobradeJoséAurélioeArturRochadeconceção - abs 16 tratizante ,revelandoqualidadesdeaceitaçãoegostopoucocomunsem situações dessa natureza. Mas, poroutro lado, a exposição Contra a Pena deMorte,aTorturaeaPrisãoPolítica primeiro , naSNBAedepoisitineran te,despoletacríticaspoliticamentepreconceituosassobreaintegraçã obrasdependorabstrato. FernandoCalhaueJuliãoSarmentojuntam-seaJoãoVieira,quetrabalhanaDirecção-GeraldaAcçãoCulturalo( diretor-geraléEduardoPrado Coelho)ecoordenaarea Á CulturaldeBelém,zonadeforteatraçãodepú blicosque,assim,vaiterdurantealgumtempoumaprogramaçãoqualica davoltadaparaasartesvisuais. Curiosamente,6é7 91 umanodemutaçãodaspráticasartísticasno espaçourbanoque,deummodogeralenasuamaioria,parecemdesvincu lar-se dos tópicos políticos típicos da revolução para propósitos esté maisamplos,poéticosouconceptuais.

061

16

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COOPERATIVA RVORE Á .)6 7 91Uma ( bombaÇ. Suplemento de rvoreÁ Boletim Cultural / Coop. rvore, Á nº ,4 julho. GONÇALVES, Cláudia; RAMOS, Maria Coord. ( , .) 1 0 2 ( Porto :07/ 6 os artistas e a cidade. Textos de Vicente Todolí, JoséRodrigues,JoãoFernandes,FátimaLambert,FernandoPernes. Porto:Asa/ rvoreÁ CooperativadeActividadesArtísticasMuseu / deSerralves,p..172 Gonçalves,RuiMário.)6891 ( HistóriadeArteemPortugal,Deà5491 actualidade , p..831 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


Talvez sob o exemplo e efeito das ações anteriores do Grupo Acre e do seu desejo de intervenção num quadro próximo do das vanguardas 162 dasutopiasartísticas,surgemoutrosprojetoscoletivos .Há deartis assim o Grupo Puzzle que, de facto, é criado em 1795, mas realiza a sua primeiraapariçãopúblicaemjaneirodesteano:umJantar/intervençãona GaleriaDois,noPorto.Estecoletivo,constituídopor9artistasnortenhos (Albuquerque Mendes, Armando Azevedo, Carlos Carreiro, Dario Alves, Graça Morais, Jaime Silva, João Dixo, Pedro Rocha e Fernando Pinto Coelho)realizadiversasobraseaçõesatéTambém .1980 doNortedopaís, o Grupo If (Ideia e Forma) aparece em 6,179 no seu caso centrando em fotograa a atividade dos seus membros António Drummond, Henrique Araújo,João Paulo Sottomayor,José Carlos PríncipeJosé Maratona, Luís Abrunhosa,ManuelMagalhães,ManuelSousa,MárioVilhena.Quantoao Grupo5+1,igualmentecriadonesteano,éformadoporartistassediados emLisboa,nomeadamenteGuilhermeParente,JoãoHogan,JúlioPereira, SérgioPombo,TeresaMagalhãeseVirgílioDomingues.Há,ainda,oGrupo Vermelho, formado também em 6179 por Abílio, Carlos Ferreira e Dias Santos.Eháoutros. Nos III Encontros Internacionais de Arte na Póvoa de Varzim, que acontecem entre 7 e 17 de agosto sob dinâmica deJaime Isidoro e Egídio Álvaro e( do Grupo Alvarez), o mote principal centra-se na arte de in tervenção e na arte de rua, com intervenções de coletivos como os gru pos estrangeiros Textruction(s) (formado em 179 na proximidade dos Support-Surfaces) e o Grupo de Arte Sociológica de ( Fred Forest), e um particulardestaque para o Grupo Puzzle.ARevistaArtes Plásticas, cuja direção coincide com a dos Encontros, dedica-lhes o seu número duplo /8, 7com informação bastante detalhada de obras e eventos, textos pro duzidos ali por diferentes artistas e autores, com comentários críti Nessa revista também colaboram artistas presentes nesse evento, um dosquais,Pierre-AlainHubert,republicacomoreferênciasuaumaversão emfrancês,semdata,dotextodeFernandoPessoa Notas para uma estética não-aristotélica163 . No Porto, Fernando Pernes vem constituindo no Centro de Arte Contemporânea do Museu Nacional Soares dos Reis o quevirá a seruma importante coleção, com obras de artistas portugueses, brasileiros e de outrasnacionalidadesAlmada, ( SousaCardoso,AugustoGomes.Armando

261 361

Nopontoapresenta2.3 semaisinformaçãosobrecoletivossurgidosnestafase. Essa versão surge publicada Artes na Plásticas. Nº,8/ dezembro/ 7 janeiro. 7 91 Porto:EditorialEngenharia,p..34

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Alves,CarlosBotelho,Bual,DordioGomes,JorgePinheiro,JoséRodrigues, Júlio Resende, NadirAfonso,João Hogan, Paula Rego, Vespeira, Vieira da SilvaeArpadSzenes,DiCavalcanti,CíceroDias,Djanira,CandidoPortinari, BenNicholson,KarelAppel,SergePoliako3Zao , WouKi,etc..) Ainda em,6 7há 91 a Semana da Arte (da) na Rua, sob iniciativa do CírculodeArtesPlásticasdeCoimbra. Um aspeto positivo deste ano é ainda alguma retoma de atividades nas galerias privadas, bem como o aparecimento de dinâmicas novas Galeria Quadrum renasce e a Galeria Leo inaugura em junho no Bairro Altolisboeta. Eminúmerasexposiçõescoletivas,efetuam-sepanoramastemáticos daarteportuguesa,comoosqueacontecemnaSNBA,bemcomonocaso daexposiçãocomemorativa Anos 02 deGravura na , FundaçãoGulbenkian, entre maio e junho, que valoriza o papel da Cooperativa de Gravadores Portugueses.Aesserespeito,escreveRochadeSousaqueno ,6 7 91 quadro dascatividadescriadoras,foientrenósoanoda461 gravuraÇ . Sãoaindaespecialmenteimportantesasmostrasnoestrangeiroqu nalmente,decorrememcapitaiseuropeias,emsinaldaaberturainterna cionaldopaís:naGaleriaNazionalleDArteModernaenoInstitutodiSanto AntoniodeiPortoguesi,ambasemRoma,emjunho-julho;noCentroCultural daFundaçãoCalousteGulbenkianemParis,umaexposiçãocomcercade 03 pintores, a Jeune Peinture Portugaise, em outubro, que despoleta al gunscomentárioscríticosnosmeiosartísticosenaimprensaespecia eapresentatextodeRochadeSousanocatálogo;eainda Arte Portuguesa Contemporânea, em Brasília, S. Paulo e Rio deJaneiro, acompanhando a visitadoPrimeiro-ministroaoBrasil. Com o Congresso da Associação Internacional de Críticos de Arte AICA) ( em Portugal, de 6 a1 de setembro, há exposições sob um doste masescolhidos, ArteNegro-africanaeArteModerna,RelaçõesRecíprocas, sendoexpressivasasqueacontecemnoMuseudeEtnologia,comobjetos etnológicoseobrasdePicasso,ModiglianieEmilNolde,enaSNBA,onde decorrem a exposiçãoContra a Tortura e a Pena de Mortecom ( ampla re presentaçãodeartistasnacionais)eamostra Os Pioneiros do Modernismo Português que ( apresenta Almada Negreiros, Santa-Rita, Amadeo Sousa CardosoeEduardoViana).UmoutroprojetotambémoriginadopelaAICA, de natureza prospectiva, entregue à orientação do crítico Ernesto de

461

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SOUSA, Rocha de.)6 7Sociedade 91 ( Cooperativa de Gravadores Portugueses. 02 anos de presençaÇ. Colóquio Artes. Nº, 9outubro, 2 p. .54 Lisboa: Fundação CalousteGulbenkian. 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


Sousa,nãoserealizaaindaentão,masserálevadoacabonoanoseguinte, vindoachamar-seAlternativa ZeroÇ 561 logo , jáem. 7 91

Quantoao Grupo Acre,oanodeé6 7 91 umperíodoemquenãosurge nenhuma obra artística propriamente dita assinada pelo coletivo. Os seus doismembrosestão,noentanto,bastanteativos. LimaCarvalhocontinuaalecionardesenhonaESBAL;émembrodo ConselhoTécnicodaSNBA,ondeparticipanojúri Salão do de Abrilde;6 7 91 como pintor desenvolve, como habitualmente, uma rotina diária intensa de produção pictórica, expondo nas coletivas Exposição de Arte Moderna Portuguesa SNBA ( eLund,Suécia), Pintores Contemporâneos de Portugal Caracas, ( Venezuela), Arte Portuguesa Contemporânea Brasí ( lia, S. Paulo, RiodeJaneiro,mantendo ,)6 7 91 asualinhadeexpressãopictóricaneogu rativa,fragmentada. ClaraMenéresensinadesenhoeesculturanaESBALeéigualmente membrodoConselhoTécnicodaSNBA.Noseutrabalhoartísticofervilham projetosnovosquevãoapareceremexposiçõesnoanoseguinte. Nesseano,nemLimaCarvalhonemClaraMenéresrealizamexposi çõesindividuais. De facto, há um hiato signicativo entre a ação anterior do Grupo Acre, de maio de 1795, projeto apologético do pretendido e frustrado Museu de Arte Moderna, e a seguinte, que acontece só em agosto de já 1797, quepassammaisdedoisanosdeintervaloentreambas,comtodo oanode617pelo 9 meio. Apardoquestionamentodosvaloresculturaisdaépoca,talvez - acur ta prisão de Clara em consequência da ocupação da casa da Marquês da Fronteiraeoarrastamentodoprocessodetribunaldaíresultante,quedura anos,bemcomoalgumadescrençanaliberdadecriativa,tenhamcontribuí doparafazerhesitaroprojetoartísticoemgrupo,trazendoreserva-cautelo saemaiorensimesmamentocriativoindividual.Há,também,apossibilidade deosdoismembrosdoGrupoAcremanteremalgumaexpectativaperante aspromessaspatentesnoProgramadoIGovernoConstitucional,quetodos esperamentãoquevenha,nalmente,construirnalegalidadeumasocieda demaisjustaecertacomoseutempo,inclusivedopontodevistacultural eartístico. Poroutrolado,épossívelqueoefeitocoletivoeasuaevoluçãonesse ano, quando outros grupos artísticos assumemvisibilidade - no país, sus temporpartededoisartistasalgumavontadedediferenciaçãodoquepode

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Idem,p.. 931

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tersidovistoporelescomoumabanalizaçãocrescentedessatendênciaou dinâmica,agoramenospolitizadaoucrítica. Narealidade,ambosestãobastanteocupadosematividadesdiversas e novos projetos. Não só nos meios artísticos surgem hipóteses de novos rumos,querdopontodevistacriativoindividualquernasfrentes org tivasdomeio,comoainda,nocontextoacadémicoemqueamboslecionam, devem sertidas em conta exigências novas com aformalização da gestão democráticaeaimplementaçãodenovoscurrículosdeestudos.

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2.6. Arte

Dezembro de 1976, Lisboa Mesmo assim, nesse ano de 6,179 Clara Menéres e Lima Carvalho ainda avançam na SNBASociedade ( Nacional de BelasArtes) com o projeto de edição de uma revista de arte que chega a serpublicada.Aedição surge assinada pelo Conselho Técnico da SNBA, de que fazem parte, embora grande parte se deva ao dinamismo da dupla de artistas e dos-colabora doresquecongrega.

Figura 49 Revista Arte.Capaecontracapa..6 7 91

Depois de reuniões etrabalhosvários com uma equipaformada por artistas, estudantes da ESBAL e amigos, com participações de Eurico Gonçalves,FernandoAnçã,HelenaAlmeida,MeloeCastro,RochadeSousa, MariadoCarmoUlrich,TeresaCabritaeVictorBeléme,nalmente,graças ao apoio enanciamento da SEC, é possível adquiriruma máquina de im pressão o3set para a SNBAque a redação da revista em projeto entende essencial para a sua concretização e que serve também, desejavelmente, GRUPO ACRE FEZ

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paraoutrosns.Assim,porláéconcebida,escrita,desenhada,paginadae, porm,impressaarevistaArte. Onúmerozeroúnico) ( saiemdezembrodepor ,6 7 91 alturadacome moraçãodosanos 57 daSNBA,dandoapúblicoumarevistadeeconómica impressão a preto e branco, com desenhos etextos ora entusiásticos ora críticos,muitoaosabordosanos0e7 doperíodopolíticoesocialque,-en tretanto,vaiacalmando. Aedição pretende seravoz da SNBA,fazendo eco da sua história e dasiniciativasquedecorremeestãoprojetadas,armando-senoeditoria ideiadedarcontinuidadeaumaoutrarevistajáantesexistenteemséries 3 agoranumaª 4 sériedequeestenúmeroéoensaio. Defacto,umaoutrarevistaÃArte.BoletimdaSociedadeNacionalde BelasArtestempublicaçãoinicialemsaindo ,159 nesseanoumaprimeira sérieconstituídaporquatronúmeroscomperiodicidadetrimestral( j abril,outubroedezembro)eumnovonúmeroisoladoementre ;5 91 agosto de2até 6 junhode4há 6 4números 1 deumasegundasérie;e,em,a 5691 terceirasérietemdoisnúmerosentrejaneiroeabril. Os editores de6 conhecem 7 91 essa existência, e a capa do número zero,talcomodizemtambémnoeditorial,sugereapossibilidadedecapas para números seguintes, já com temas fundamentais esboçados, como a comemoração do centenário deJosé Malhoa hipótese ( um pouco bizarra, dadasasdatasreaisdenascimentoemortedaquelepintor). Ograsmoirreverente,emgrandepartedaresponsabilidadedeLima Carvalhoque ( assinaalgumaspáginassobopseudónimoJoãoAlexandrino), temfortecomponenteilustrada,diferentestipologiasgrácas,páginasd pernasparaoar,etc. Entre muitas ilustrações e alguns textos, surge no interior - uma en trevista do ConselhoTécnico aoArquiteto SommerRibeiro, comissário d algumas exposições recentes de artistas portugueses no estrangeiro qualsequestionamcritériosdeexposiçõesdessetipo,propostasdaSNB edecisõesdaFundaçãoGulbenkian. Naspáginasduplasdomeio,éoferecidaumacoleçãoderetratosque identicam alguns dirigentes da SNBA Â artistas, arquitetos, crítico arte, de um modo geral notáveis do país, entre6ano 4 (9 1 da 1ª Exposição Geral de Artes Plásticas) e.6 E,7 91 na entrevista atrás mencionada,tam bémSommerRibeirosemanifestaemfavordaexistênciadeumMuseude Arte Moderna, armando que nele deveria haverobras de artistas portu gueseseestrangeiros.

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Figuras 50 Revista Arte.Algumaspáginasnointerior.

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ArevistaArte ultrapassa, pois, o âmbito mais habitual das obra grupo, mas acaba por ser consequência da sua ação num processo mais amplamente participativo, com colaboração devários artistas, estudan e amigostambém presentes noutras ocasiões, como já referido. De certo modo,émaisumaobradocoletivoe,emboradenaturezadiversadasante riores,tambémseinstauranoespaçopúblico. Nãohá,contudo,sequência,poisca-sepelonúmerozero. Nesse ano em que, como já se disse, se vive no país o princípio do regresso à normalidadeÇ depois do calor revolucionário, os membros do GrupoAcreestãopresentesevisíveis,mas,decertomodo,numprocesso quefuncionasobretudocomopontodasituaçãoeincubação,maisdoque comoexteriorização,comosevaiverdepois.

17 4

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761 Pordebaixodastrêsgarrasoridas,vireibailarÇ escreve , MariaGabriela LlansolnoseuOLivro das Comunidades,publicadoem As . 7 91 avelaneiras 861 foramsubstituídasporgarras,apaisageméviolenta.Adançacontinua. , Ç escreveporsuavezSilvinaRodriguesLopesparaumaediçãoposterior da quelelivrotãoenigmáticoeexpressivodotempodepassagememquesur ge:resistenteoumesmoavessoàsconvenções,aoimpériodoconsciente,à linearidadedasnarrativas,jogandocomovisívelparadriblarasaparênc emproldeumanecessidadedealgoquevemdosfundosdostempos,entre alendaeomito,entreomodernismoealgodiverso.Adançadegestoscris pados que substituem avelaneiras, se trocarmos estas porcravos verme lhos,podeestender-se,decertomodo,aessetempodemutaçõessociaise culturaisque,emPortugal,sucedeaAbril. Omundocontinuadesigual,écerto,comacontecimentosbons-eme nos bons. Em Paris o Pompidou abre em janeiro e em junho decorrem em Espanha as primeiras eleições democráticas após a queda dofranquismo. OVerãoamericanoémarcadoporumaviolentaondaextremistaeracista; duranteoapagãodejulhoemNovaIorque,sucedem-seassaltosevanda lismosnacidadeàsescuras.Diasdepoisaguerrainstala-seentreoEgitoe aLíbia.E,aindanessemês,BorisYeltsindestrói,sobordensdoPolitburo,a CasaIpatiev,ondeoCzarNicolauIIeamulhertinhamsidomortosem.819 Nessemesmoano,depoisdomêsdeagostoemque,emPortugal,nas CaldasdaRainha,sevivemos IV Encontros Internacionais de Arte,aconte cenoArtistsSpacedeNovaIorqueaexposição Pictures,comissariadapor DouglasCrimp.Aíseassumeaimagemcomopalimpsestoderepresenta çõescompredomíniodasubversãodaautoriaedaausênciadocaráterde objetoúnicooriginal,pelasviasdosregimes ready-made de eapropriação Foster, ( Krauss,BoiseBuchlohconsideramestaexposiçãoosinal-daintro 961 duçãodopós-modernismonasartes .)

61 761 861 961

VerAnexosh1 Quadroscronológicosde. 7 91 LLANSOL, Maria Gabriela [1]. 79 O Livro das Comunidades. Lisboa: Relógio DÁguaEditoreseMariaGabriela,Llansol,p. , 9 1 .6 7 LOPES, Silvina Rodrigues.)Comunidades 91( da ExcepçãoÇ. Posfácio do livro anteriordeLlansol,p.. 021 FOSTER,Hal;KRAUSS,Rosalind;BOIS,Yve-Alain;BUCHLOH,Benjamin.) 40 2( Art Since :0 91 Modernism, Antimodernism and Postmodernism . London: ThamesandHudsonLtd,p..85

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Étambém nesse ano que o mundo do pensamento enriquece ainda comapublicaçãodeFragmentos de um Discurso Amoroso Roland ( Barthes), com Delta de VénusAnaïs ( Nin)eaindacom Ce Sexe Qui N’En Est Pas Un Luce ( Irigaray)este , últimoaindahojeportraduziremPortugal. Noálbum Bicho,CaetanoVelosocanta GenteGente  viva,brilhan doestrelasna / noiteGente / quercomerGente / queserfelizGente / quer respirararpelonarizGente ). ( espelhodavidadoce / mistérioÇ. pois, ,É certamente,gentequequerserfelizquevêTravoltadançarem Febre de Sábado à Noite ouqueesgotasalasdecinemaparanãoperder 70 Agente Irresistível,ou Star Wars,ouaindaEncontrosImediatosdoº3 Grau, osgrandessucessoscinematográcosdo .Por ano cátambém,JoãoCésar Monteiroregressaàliteraturadoscontostradicionaisparalmaralen Branca-or:estreia Veredas.

Em Portugal, se o ano de6 7 9é1 considerado um ano de transição muitomarcadopelaslutaseleitoraispelopoder,surge 7 91 comooprimeiro deumanovafasedavidaportuguesaemconsequênciadamutaçãopolítica, socialecultural.Arevoluçãonda,depoisdegrandesconquistas. Após as eleições emtodos os órgãos de Governo no ano anterior, já com a nova Constituição aprovada, o exercício dos novos mandatos-deba te-secomacriseeconómicaeacentuam-seclivagenspolítico-partidárias principalmente do Partido Socialista e do Partido Popular Democráti / Partido Social Democrático contra o Partido Comunista e a esquerda mais radical.As questões nacionais centram-se na intervenção do Fund MonetárioInternacionalcomassuasmedidaseconómicas,notrabalho,na legislação sobre a reforma agrária e sobre a imprensa, no separatismo na MadeiraeAçores,apardacontinuaçãodasaçõesbombistasdosextremis tasdedireitaeesquerda.Apesardesemanterassenteemgrandesempre sasnacionalizadasapósarevolução,osistemaideológicoenanceiroevol sensivelmenteemdireçãoaoliberalismodemercadoquetantoasimposi çõesdoFMIcomoaadesãoeuropeiadeterminam:7é91 oanodaforma lizaçãodopedidodeadesãodePortugalàCEE,decididanoanoanterior. Nafrentesocial,osproblemasnahabitação,nasaúde,naeducação, no trabalho e relativamente aos direitos das mulheres estão longe de ser 0 71 resolvidos.OSAAL,serviçodeapoioaosproblemasdehabitação está , em extinçãoe,noseurescaldo,osarquitetosdoPortoarmam-seeconsolidam 17 asuaescoladearquiteturacomotendênciaÇ vindoura.

0 71 17

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Destaquenoponto.2 3 GOMES, Paulo Varela .)59Arquitectura, 1( Os ltimos Ú Vinte Cinco AnosÇ.

In

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UmsinalpositivoéarevisãodoCódigoCivil,quepromulganalmente medidasdemaiorjustiça:igualdadededeveresedireitosentrecônjuges, introduzidoodeverderespeitoecooperação,anuladoopodermarital; - reco nhecimentodasuniõesdefactocasais ( heterossexuais)commaisdeanos 2 271 nodireitoaalimentosdaherançadofalecidoÇ . Nos diversos contextos culturais, parece haveruma espécie - de nor malização do quotidiano na vivência democrática, com menor sentido de urgênciaparticipativaemaisespaçoparaoindividualismo,acentuand oquestionamentodevaloresjásensívelnoanoanterior. Quandonopaís,nalmente,jásepodebeberCoca-Cola,natelevisão, então decisiva como meio de informação e comunicação, Gabriela, Cravo e Canela,aprimeiratelenovelabrasileiraasertransmitidadiariamente, i troduzindoumnovohábitoquotidianonaculturademassaseintegramais aculturaelínguabrasileirasnonossopaí Visita s;eada Cornéliamarcaum novoestilodeconcursostelevisivos. No entanto, ainda não é desta que as emissões são a cores, pois o projeto para isso é chumbado pelo Conselho de Ministros do I Governo Constitucional,emnomedaausteridade. Dopontodevistadavidaartística,sente-seigualmenteamudançade sinaldostempos.

Apartirdeos , 7 91 murossãoapagados,osgovernantesrecolhem-se nos seus gabinetes, a intriga de bastidores sobrepõe-se à discussão franca,ascomissõesconsultivassãoafastadas.Deumlado,- ainde niçãodapolíticaculturaldosGovernos,dooutrolado,anovidadedas 371 propostasincessantesdosartistas.

Mas, na sequência do que jávem acontecendo nos anos anteriores, há sinais de mais concreta permeabilidade das fronteiras geográcas. De facto,depoisdaliberdadeconsignadapelarevoluçãodemocráticaque,tal como emtodos os campos, é privilégio para as artes plásticas, a abertura internacionaléooutrosinalmuitomarcantedanovafasedopaís.

271 371

PEREIRA,PauloDir. ( .)59 1 ( ,) História da Arte PortuguesaVol. ( III)Lisboa: . Círculo deLeitores,p.. 945 OFAPObservatório . dasFamíliasedasPolíticasdeFamíliadoICSeUL. Código Civil 1977. [em linha]. Disponível em: http:www. / / observatoriofamilias.ics.ul.pt/index. php/legislacao-nacional [Consult.dez. 81 ]. 5102 GONÇALVES, Rui Mário.) 0891 ( Pintura e Escultura em Portugal e10491 089 . Lisboa:MinistériodaCulturaedaCiênciaSecretaria / deEstadodaCultura,p.. 71

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Já existe tendência para progressiva internacionalização entre 74 91 , embora 7 91 acentuada na relação aos países europeus. Mas, apesar do contactocomospaísessocialistascomosquaishárecentesrelações dip máticas,ointercâmbioartísticoéescasso.Omesmoacontececompaíses africanos, incluindo antigas colónias portuguesas, onde a -guerra ou das ainda difíceis de sararlevam tempo a possibilitarmaioraproxim Quantoaoutrasgeograas,demoramasurgirsinaisnasparcerias art cas,aindapoucoprioritárias.Emtodoocaso,defacto,eme6 7 há 7 maior circulação,anunciandoquemelhorestemposvirão. Algumas exposições revelam uma sensível penetração de artistas portuguesesemcontextoseuropeus,nunscasosatravésdeexposições in dividuaisCarlos ( Carreiro eJustinoAlves) ou em conjuntoGrupo ( 1+5em Viena deustria) Á , noutros porhavergalerias portuguesas a começarem a participaremfeirasdearteMódulo ( emBasel,comngelo  deSousa,Helena Almeida,JorgePinheiroeAntónioSena,ena Cologne Art Faircomosmes mos artistas, Fernando Calhau e Julião Sarmento; Quadrum em junho, em Bolonha, na ArteFiera, comAntónio Sena, Noronha da Costa, Helena Almeida, Graça Pereira Coutinho, João Moniz, Fernando Calhau, Pires Vieira,JorgePinheiro,AlbertoCarneiro,AnaVieira,ngelo  deSousa,Julião Sarmentoe textodeapresentaçãobilinguedeErnestodeSousa,nope quenocatálogopublicado). Deperlmaisinstitucional,émuitosignicativa,logonoiníciodoan aduplamostrademulheresartistas,primeiroemLisboa,denais-dejanei ro afevereiroem ( três locais em simultâneo: artistas portuguesas de um 4 71 geração que atravessa o início do século XX e o modernismo no Museu 571 deArteContemporânea,artistasportuguesascontemporâneas eartistas americanasnaSNBA)edepoisemParis,noCentreCulturelPortugais,em marçoeabrilde,já 7 91 semasartistasamericanas.Artistas portuguesas noprimeirocaso,Artistes e portugaisesnosegundo,conformeopúblicoa 6 71 quesedestinam,merecemversõesdiferentesdocatálogo comamesma

4 71 571

6 71

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MariaAugustaBordaloPinheiro,AuréliadeSousa,EmíliaSantosBraga,Soade Sousa,MillyPossoz,EduardaLapa,EstreladeFariaeTeresaSousa. Alice Gentil Martins, Alice Jorge, Ana Hatherly, Ana Vieira, Assunção Venâncio, Clara Estrela, Clara Menéres, Clementina Carneiro de Moura, Dorita de CastelBranco, Emília Nadal, Maria Manuel Calado Estreia, Fernanda Nobre, Graça Morais,GracindaCandeias,InêsGuerreiro,IsabelLaginhas,IvoneBalette,Kukas, Lourdes Leite, Mariangela  Brito Pereira, MariaAntónio Magalhães Bastos de Azevedo,MariaBenamor,MariadoCarmoGalvãoTeles,MariaFláviadeMonsaraz, MariaGabriel,MariaKeil,MariaRolão,MariaVelez,MaríliaViegas,MatildeMarçal, Menez,PaulaRego,Pissarro,RosaFazenda,SaletteTavares,SarahA3onso,Teresa Ferrand,TeresaMagalhães,GrupoPuzzle. AversãodaexposiçãonaSNBAtem72páginaseimagensapretoebrancodos 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


linhagrácaediferentesextensões,oraapenasemportuguêsoracomas traduçõesnecessárias. ComEmíliaNadaleSílviaChicó,ClaraMenéreséumadasorganiza doras deArtistas Portuguesas, acompanhando as atividades e itinerância daexposição. Poroutro lado, nesse ano há em Lisboa diversas outras exposições importantesinternacionalmente,algumasdasquaisfrutodeum - bomapro veitamentoporpartedaGulbenkianderecentesmostrasapresentadasem museus estrangeiros que, oportunamente e a bom ritmo, a Fundação vai trazendoaLisboa. Entreelas,aexposiçãodaEquipoCrónica,coletivoartísticoespanhol fundadoemque, ( 4691 emconta ,7 aindacomosseustrêsmembrosvivos, emboraumdelesafastadodogrupo)mostra , noespaçonobredaGulbenkian obras realizadas em conjunto, na sua maioria pictóricas e grácas, com sentidopolíticoepopcertamente  vistapelosmembrosdoGrupoAcre. Na SNBA, diversas coletivas amplas, temáticas, como Mitologias Locais ou O Papel Como Suporte da Expressão Plástica, ambas sob se leção de júris que apreciam as candidaturas, dinamizam a atividade d dezenas de artistas consagrados e jovens. Há ainda A Fotograa naArte PortuguesanaSNBAenoCACCentro ( deArteContemporânea)doMuseu Soares dos Reis, e a exposiçãoO Erotismo na Arte Portuguesa, organiza da porEurico Gonçalves para a Galeria daJunta deTurismo da Costa do SolnoEstoril,ondesuscitaprotestos,acabandoporacontecercom ( apoio de David Mourão Ferreira, secretário de Estado da Cultura doº6 Governo Provisório)naSNBAenoMuseuSoaresdosReisaí ( apoiadaporFernando PerneseatravésdoCAC).Otemaé,naaltura,forte,masnãoconsensual. Criapolémica.Nessaexposição,suscitamprotestosobrasdePedroOom, Rosa Fazenda e Clara Menéres, dando conta da estreiteza de mentalida des que ainda vigora, apesarde tudo.Aliás, Clara parece estar, esse ano,

trabalhos expostos. Outraversão é uma simples brochura a preto e branco sem imagense( sem data, nem editora, nem local da exposição) que arma na capa, depoisdonomedaexposição:Etquecetteconfrontationdesdiversesmanières pourunefemmed êtreartisteauPortugalnousdonnelacertitudequeleschemins sontmultiplesettousvalables.Lorsquilssontauthentiques.um Â Ç fragmentodo textodaSaletteTavaresqueaparecenasdiversasversões;nointeriorconstam,em francês,assinopsescurricularesdasartistas.Eoutraversãoainda éamaiscom pleta;surgeprefaciadaporSílviaChicóeincluinãoapenasdocumentaçãovisuale textossobreasobrasdasartistas,comodiversascolaboraçõesrelacionadascom oamploprogramadeatividadesassociadasàexposição,envolvendomulheresde diferentes sectores da cultura artística, literária, musical e sociopolí tica par pantesemconferênciasemesasredondas,concertoseimprovisosmusicais, reci taisdepoesia,projeçõesdelmes. GRUPO ACRE FEZ

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na berlinda, participandotambém na exposição possivelmente com maior impactoposteriornopaís,nesseano: Alternativa a Zero, comissariadapor ErnestodeSousa. A Alternativa Zero | Tendências Polémicas na Arte Portuguesa 71 ContemporâneadecorreemLisboaentrede 82 fevereiroade 13 março no MercadodoPovodeBeléme,sobolemasemplintonemcavaleteÇ,foca se - empráticasmaisvanguardistascentradasnoabandonodosmeiosma convencionais das linguagens artísticas e numa certa desmaterial dosobjetos.Curiosamente,apesardeserumainiciativadevanguarda,tem algum apoio do Estado que resulta, sobretudo, das pressões concertadas noanoanteriorpeloCongressodaAICAepelaSNBA,nosentidodesefazer uma mostra com carácter prospetivo. Segundo a proposta do Congresso daAICAdea ,6 7 91 exposiçãodeveriateracontecidonesseOutono,direcio nada para tendências polémicasÇ da arte, mas atrasos relacionados com alibertaçãodeverbasnecessáriasrelega-aparaoanoseguinte.Depoisda designaçãoprovisória Polémica Zero nãoseconverternonomedecisivo,a 871 exposiçãovaifazer-secomcustosbaixos Manifesta, . noconceitocentral, a necessidade de partirdo zero novamente, mas não só na arte, incluindo umnovoAbril.IncluiartistascomoAlbertoCarneiro,ngelo  deSousa,Artur Varela, Carlos Barroco, Carlos Calvet, Clara Menéres, Fernando Calhau, Graça Pereira Coutinho, Jorge Peixinho, José Carvalho, José Conduto, Leonel Moura, Noronha da Costa, Vítor Belém, Vítor Pomar e o próprio ErnestodeSousa,entreoutros.E,apesardealgunscomentáriosdecríticos comoEgídiolvaro Á eJosé-AugustoFrança,osentidomaisinusitadoeaté alternativoÇdaspropostaseeventospatentesnaexposição,associadoao bomlocalondedecorre,aGaleriadeArteContemporâneadeBelém,con seguemaisdemil 01 visitantes.

71

871

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NOGUEIRA,IsabelAlternativa .)80 2( Zero:O)7 91 ( rearmardapossibilidade decriaçãoÇ. CadernosdoCEIS2.0 Coimbra:CentrodoEstudosInterdisciplinares doSéculoXX.[emlinha].Disponívelem: http:www. / / uc.pt/iii/ceis2Publicacoes/ /0 cadernos_do_ceis2cadernos_7 /0 [Consult.fev. 1 ]. 5102 Dados particulares em ALBUQUERQUE, Isabel .)10 2( Alternativa ZeroÇ. ArteTeorianºLisboa: .2 FBAUL,p. ,10 2 e827 .1 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


Figuras 51 Alternativa Zero, Tendências Polémicas na Arte Portuguesa Contemporânea.. 7 91 Imagensdainauguração,daobradeAlbertoCarneiro edeumaatuaçãodoLivingTheatre.Naimagemacores, ClaraMenérescuidadasuaobra Mulher-Terra-Vida, presentenaexposição.

Nesta exposição, Clara Menéres destaca-se com a sua nova obra Mulher-Terra-Vida que,comojáatráséreferido,refaznaBienaldeS.Paulo mesesmaistarde,numaversãodeexterioredemaiorescala . Operlfemi nista da autora associa-se neste caso a conotações míticas associadas terrae,dessemodo,assumetambémumsentidoecológico. Aomesmotempo,sendoaobra,defacto,umorganismovegetalvivo, issoremete-aparaassociaçõesnãoapenasàarteefémera, land-artearte processual,mastambém,alimite,paraumsentidoperformativo,tantopela mutaçãodiáriadasuamaterialidadecomoatépelamanutençãopermanen terequeridaelevadaacabopelaartista.

A internacionalização da arte produzida por artistas nacionais tinua com a representação portuguesaIXe no Festival de la Peinture, em Cagnes-Sur-Mer,França, em abril.Apresença deobrasdeJorgePinheiro, GRUPO ACRE FEZ

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ngelo  de Sousa e António Palolo é então apresentada por Rui Mário Gonçalves,queescreve:

Ces artistes ont réalisé des expériences que témoignent dun désir dinvestigation systématique di champ pictural lui-même - et de li pactprovoquéparlobject-peinturesurlespaceréel.Unautredomaine dexpériencesquepermetunrapprochemententrecesartistesest - ce 971 luiquicoexisteaveclescréationsetlanalysedes . signes

Em agosto, decorrem nas Caldas da Rainha os IV Encontros Internacionais de Arte, com presença de inúmeros artistas nacionais estrangeiros e programa bastante intenso. Umavez que o GrupoAcre ali reaparece, associado ao enorme impacto na imprensa de episódios vi lentosquealidecorrem,esteeventomerecedetalheacrescidoumpouco maisadiante. Tambémem entre , 7 91 outubroedezembro,oMuseudeArteModerna deBelgradorecebea Exposition Internationalle des Arts Plastiques,comre presentaçãodosartistasportuguesesMariaJoséAguiar,EduardoBatar PedroChorão,GraçaPereiraCoutinhoeFátimaVaz. Muitorelevanteéaindaarepresentaçãoportuguesa XIV naBienal de São Paulo,Brasil,igualmenteentreoutubroedezembro.Sobcomissariado deSommerRibeirocoadjuvado ( porAnaBaratapeloMNE,FernandoCalhau pela SEC, Rui Mário Gonçalves pela SNBA, Salette Tavares pela AICA e Fernando de Azevedo pela Gulbenkian) a delegação nacional apresenta se - emtorno detrêstemas coerentes com o novo espírito e regulamento 180 da bienal Arqueologia : do Urbano, Recuperação da Paisagem e Grandes Confrontos. No primeiro tema surgem duas ideias associadas- numa pr postaparaLisboadegrandecoerência,porGonçaloRibeiroTeleseSalette Tavares:APenetraçãodaMatadeMonsantoatéaocoraçãodeLisboaÇde , RibeiroTeles,ligariaoMonsantoeovaledeAlcântaraaosterrenos-frontei rosàCasaVenturaTerraaocimodoParqueEduardoVIIo( palacetedaação dedo 57 91 GrupoAcre)na , qualSaletteTavaresinstalariaumMuseudeArte Moderna,conformeexplicaemtexto.Osegundotemarefereaexperiência derecuperaçãodobairrodoBarredo,noPorto,porGomesFernandes.Eo terceirotemaapresentaobrasdedoisescultores,AlbertoCarneiroeClara

971

15

GONÇALVES, Rui Mário .)7 91 ( IXe Festival de la Peinture. Cagnes-Sur-Mer. France.Catálogo ( darepresentaçãoportuguesa)S/. npágina. 180 AAVV.)7 91 ( XIV Bienal Internacional de São Paulo.SãoPaulo:FundaçãoBienalde São Paulo. [em linha]. Disponível em: http:www. / / bienal.org.br/publicacoes/7312 [Consult.ag. 8 ]. 9102 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


Menéres,dedicandoaindaarepresentaçãoportuguesabastanteespaço,tal comoévisívelnocatálogo,apoesiaealmograaexperimentaldeAbílio, Alexandre ONeill,Ana Hatherly,AntónioAragão, E. M. De Melo e Castro, Herberto Helder,Jaime SalazarSampaio,JoséAlberto Marques,José Luís Luna,LibertoCruz,SaletteTavareseSilvestrePestana. Acomponenteescultóricatemfortepresença,comobrasrecentesde natureza instalativa deAlberto Carneiro, acompanhadas pelas Notas suas para um Manifesto de Arte Ecológica de ( algunsanosantes)e, aimpactante 181 esculturadeClaraMenéresnoespaçoexteriordopavilhãodoIbirapuera . Estaobradaescultoraconsistenumaversãonovadapeçaporelaconcebida paraaAlternativa Zero,queelamesmaapresentaassimagora: Umdiapassoosolhosàminhavoltaedescubroocorpo-paisagemda terra-mãe. Regadodeneblina,húmido,cobertodeumapelagemleveeverdeno ventrefeitodeouteiroenosseiosdecolinas,ondulatranquilo,curva apóssulco,repetidoemformas,desdobradoemtexturas. Foiverumarealidadequesemultiplicanatransformaçãoquesofreno tempoenoespaço,alongadanasuairrecusadaformadesedar,repro duzindoocírculogenéticocomumàsmulhereseàterra. Refazeroquejáestavafeito,torná-losómaisevidente,daremobjectolimitadooquesemprenosfoioferecidoemformaplenaeextensa, essecorpovivo,emmovimento,geradorefecundado. Deumanteriorprojectodejardim,integradoemoutraszonas-depas seioelazer,executeirecentementeumaoutraobradedimensõesmais pequenas,comoqueumblocodeumapaisagemarrancadaànature za, transportado para uma sala de exposições. Hoje executei a ideia inicial, na dimensão adaptada a um espaço exterior, integrando-a no terrenoetendoemcontatodososcondicionamentosdomeioemque 182 iriaviver.

Háaindanesseanoaexposição Cultura Portuguesa em Madrid,que revela naquela cidade, em novembro e dezembro, atividades que incluem umaexposiçãocomtrabalhosentreano ( 169 decisivoparaosartistas - emi grados)e. 7 91

181 Imagensem. .1 2 182 MENÉRES,ClaraT.)7 91 ( extosemtítuloÇ. InCASTRO,E.M.Meloeorg. ( .)7 91 ( ,) Representação portuguesa à XIV Bienal de São Paulo / XIV Bienal de São Paulo. Paulo:XIVBienaldeSãoPaulo,s/ndepágina. GRUPO ACRE FEZ

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OsdoismembrosdoGrupoAcrecontinuam,pois,entretanto,presen tesnomeioartístico.Recapitulando,emClara , 7 91 Menéresparticipanas exposiçõesArtistas PortuguesasSNBA, ( Lisboa e Paris), Alternativa Zero Belém, ( Lisboa), Cultura Portuguesa em Madrid Palácio ( dos Congressos, Madrid), O Erotismo na Arte Moderna Portuguesa Junta ( de Turismo da CostadoSol,SNBAeMuseuSoaresdosReis)bem , comona XIV Bienal de S. PauloBrasil) ( e,talcomoantes,lecionaDesenhoeEsculturanaESBALe émembrodoConselhoTécnicodaSNBA.TambémLimaCarvalhoémem bro desse conselho da SNBA, onde participa no júri Salão do de Abril de 6 7 91 e ensina Desenho na ESBAL; para além disso, expõe nas coletivas O Papel como Suporte SNBA) ( , Arte Portuguesa Contemporânea Lund, ( Suécia), Pintores Contemporâneos de PortugalCaracas, ( Venezuela), Arte Portuguesa ContemporâneaBrasí ( lia,S.Paulo,RiodeJaneiro).

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2.7. Monumento ao 16 de Março de 1974

1 a 12 de agosto 1977, IV Encontros Internacionais de Arte, Caldas da Rainha

Figuras 52 Emcima,ritualdeAlbuquerqueMendesnaPraça daRepúblicaduranteIV osEncontros Internacionais de Arte,CaldasdaRainha,emagostodeEm . 7 91 baixo: mapaaéreorecentedazonaondedecorremem7 91 osreferidosencontros,incluindoaPraçade 5 Outubro, aPraçadeRepúblicaeoJardim. GRUPO ACRE FEZ

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QuandosurgeoconviteparaoGrupoAcreparticipar IV nos Encontros Internacionais de Arte183dasCaldasdaRainha,queprometeserumaconteci mentomarcantenarealidadeartísticanacional,odesaoéaceitede - ime diato pelos artistas. Os encontros anteriores detém então forte prestíg comoiniciativasdegrandeaberturaesentidoexperimentaledevanguarda combastantedestaquenosmeiosartísticosenaimprensa,especialment emrevistascomoaColóquioArteseaArtesPlásticas.OGrupoPuzzle,bem comooutros,têmaígrandevisibilidade. À semelhança das três edições anterioresEncontros dos Internacionais de Arte, respetivamente emValadares,Viana do Castelo e Póvoa deVarzim,osIVEncontros,quedecorremnasCaldasdaRainhade1a12 deagosto,sãoorganizadospelarevistaArtesPlásticasepelo-GrupoAl rez,doPorto,comespecialaçãodeJaimeIsidoro(apoiantedogrupoAcre desde o início) e do crítico EgídioÁlvaro. Intervém naturalmente agora a autarquia caldense, bem como o MuseuJosé Malhoa, a Casa de Cultura e os serviços deTurismo, sob patrocínio da Direção Geral da Cultura. Os encontros visam estabelecer plataformas de diálogo no espaço públi entre a população e a produção artística sob diversas formas, inclui as menos convencionais e mais vanguardistas, fomentando a reexão, a abertura cultural e a colocação de Portugal nos mapas da arte -contem porânea. São divulgados antecipadamente com bastante empenho. No jornal regional Gazeta das Caldas da Rainha, um título anuncia mesmo: CaldasdaRainhaeKassel(AlemanhaFederal)capitaisdaArteContem 184 porânea durante o mês de AgostoÇ . Nos 12 dias que, após a Alternativa Zero, marcam o que acaba por ser o auge do movimento vanguar dista artístico dos anos, 07estão presentes artistas como Orlan, Gil Ayres, Nadir Afonso, Robert Filliou, Artur Bual, Egídio Álvaro, Serge III Oldenburg,ManoelBarbosa,AlbuquerqueMendes,MiguelYecoeoutros, bem como grupos como maiorou menorvisibilidade nessa altura e com rastro diverso posterior, tais como o Grupo Puzzle, o CAPC Cí( rculo de ArtesPlásticasdeCoimbra)eoseuGrupoCores,oGrupoMetz,oGrupo Greneta, LesToulousains, o Grupo Sueco Estrela Polar, o coletivofemini noEnfermement/Rupture.

183 HáinformaçãoedocumentaçãoexaustivassobreestesencontrosemGUÉNIOT, David-Alexandre; PINTO, Paula (Ed.), (2.019 Caldas 77 / IV Encontros InternacionaisdeArteemPortugal= 4èmesRencontresInternacionalesdArt - auPor tugal.Lisboa:GhostEditions. 481 A/A .)7 91 ( Caldas da Rainha e Kassel Alemanha ( Federal) capitais da Arte ContemporâneaduranteomêsdeAgostoÇ. Gazeta das Caldas,de 02 julho.

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OGrupoAcreparticipa,pois,nestaedição,entremuitosoutros - artis tas nacionais e estrangeiros. O programa para doze dias envolve diversas exposições,pinturasrealizadasaovivo,performances,açõesrituais, decla mações,concertose,noambientedeteorfestivomuitolivreedefortecon vivialidade,somam-seatividadesdeperltradicionalcomoutrascrítica conceptuais, àsvezes maistransgressoras, incluindo algumas com nud explícita,poucohabituaisnumacidadepequenaeconservadora.

Figura 53 IV Encontros Internacionais de Arte. IntervençãodeNadirAfonsoemfrente daBiblioteca,vendo-senaassistênciaLima CarvalhoeClaraMenéres.

Para este certame, o Grupo Acre concebe duas intervenções para doisespaçospúblicos.Umaérealizadaaolongodosencontrosemambien te de residência artística aovivo no espaço público, na Praça do Peixeou ( Praçade 5 Outubro)A . outra,deconcretizaçãomaissimples,vemadecorrer na Praça da Frutaou ( Praça da República) e está guardada apenas para o últimodia,de 21 agostoque,deresto,édecisivoemambasasobras. Assim, ao longo de vários dias quentes de agosto, decorrem nas Caldas das Rainhas atividades variadas no já referido ambiente de festa, emqueapresençadosartistasnapróprialocalidade,atrabalharemaovivo, trazumcoloridoinvulgareconstituiumacontecimentoprolongado. Noes paçopúblico,asobrassãodequalidadedesigual,umasapreciadas,outras GRUPO ACRE FEZ

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incompreendidas ou chocantes, originando alguma polémica nas - popul çõesmaisconservadoras.E,apesardoapoiodaedilidadeedeparteda - po pulaçãosemanterabertaàspropostas,nãoédoagradodetodosainvasão dacidadepelaartedevanguarda,comobrasmarcadamentepolíticasede crítica religiosa, happenings, objetos fálicos evocativos de certa tradição popularcaldense o( das CaldasÇ 581 , de Carlos Barroco, gera alguma polémica) e performances com nudez simulada ou integralcomo ( as de Orlan ou a de Chantal Guyot, que cobre o corpo com mousse de chocolate), por vezesvistascomoumasucessãodeacontecimentosbizarrosÇdehippiesÇ. Alguma imprensa local é, então, particularmente reacionária e moralist contraoevento,masarmam-setambémposiçõesmaistolerantes,inde pendentementedeseremoriundasdesectorespolíticosouculturais.

Nesse contexto, uma das intervenções do Grupo Acre consta de umapeçamontadanaPraçadoPeixeou ( Praçade 5 Outubro)Trata. sede um objeto escultórico ou, mais propriamente, uma escultura/instala de teorclaramente político, que pretende evocaro 16 de março de, 174 9 data em que os soldados do Regimento de Infantaria das Caldas-partic pam no levantamento militarque, apesarde falhado, assinala o prelúdi daRevoluçãodeAbril. Duplamente apelidadaEscultura ou Monumento ao61de Março de 1974,aobraéconstituídaporumaespéciedeestruturametálicageométrica quebrotadochão,rmadaemtijolosqueseriamposteriormentecobertos. Leve,preceptivamentetransparente,constitui-sepormaisdeumacentena devaretasverticais,subtilmenteritmadas,numaalusãoquasevegetal,q sãoencimadasporcaracteresxadosporsolda,cruzandoainformaçãodo factohistóricocomumasuadesconstruçãopoética: cerca de051hastes de ferrode ( m 08,1 am) 05,2 , pintadas deverde escuroquesimbolizavamasForçasArmadas.Alémdessas,haviasete hastesqueserviamdesuporteaumaplaca,tambémemferro,coma inscriçãodadata:e361 T. e74oda Ç estaconstruçãoestavaxadaemci mentosobretijolo.Aáreatotaldaesculturaerademetros. 3x Grupo ( 681 Acre,.)7 91

581 681

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ExpressãodeLuizPacheco,presentenolocal,nairónicaquepublicaçãosua,dias depois:PACHECO,LuizCaldas .)7 91 ( revisitadaÇ. Diário Popular,de 71 agosto. GRUPOACRE.)7 91 ( Descerramento de uma lápide. Montagem de uma escultura. Comunicado ( sobreasobrasnosIVEncontrosInternacionaisdeArte)Documento . policopiado, assinado manualmente Lima Carvalho. Caldas da Rainha, 21 de Agosto.Vergura.46 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


Figuras 54 Grupo Acre. Monumentoaode 61 Marçode. 74 91 . 7 91 IVEncontrosInternacionaisdeArte, CaldasdaRainha. visí É velaobraemprocesso,aindaporconcluir,comLima Carvalhoemtrabalhonasimagensdecima. FotosdeClaraMenéres.

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Longedali,tambémade 21 agosto,étestadonosEUAoSpaceShutle EnterprisepelaNasa.Porcá,noúltimodiadosEncontrosnasCaldas,com a maioria das obras já realizadas ou prestes a seremterminadas - no even to, um grupo de caceteiros atravessa os diferentes locais dos Encontr lançandoprovocações,vandalizandoumarmazémdearrumosedestruindo noseucaminhodiversasobrassobameaças,manifestaçõesdeviolênciae agressõescontraosartistas,numafúriaiconoclastainesperada. Nap gem,osdesordeirospoupam,contudo,umacrucicaçãopintadaporArtur Bual,tambémnoespaçopúblico,mas,entregritos,insultosepauladas,o monumentodoGrupoAcreédesmanteladodeliberadamente,oqueimpos sibilitaapermanênciaprevistadaobranolocalapósoevento.Porseruma homenagemaAbril,oupor,pelocontrário,pareceraosmaisdesatentosque a obra evoca umtempo anterior, ou ainda porteruma linguagem plástica menosconvencionalqueatraiafúriadestruidora,omonumentodoGrupo Acreestánumdosepicentrosdaviolência. ManoelBarbosa,umdosartistasparticipantesnessesencontros muitosanosdepois:

Alguns artistas estavam já dias antes sob a mira dos agressor Orlan,pelasuaperformancenointeriordoMuseu,naqualvendia - bei jos,literalmentebeijos,epelassuasperformancesnaPraçadaFruta enoParque,passeandocomoseucorponuemtamanhonatural,es tampadonumvestido.sobre . oseuvestido,maisavendadepedaços desse corpo, que transportava num carro-de-mão; a Clara Menéres eoGrupoAcre,porquezeramumaesculturahomenageadoraao61 demarçodetentativa ( 74 91 degolpedeEstadosurgidodoquarteldas Caldas)destruí , da,eporteremcolocadoumaplacanafachadadeum prédioanunciandoosupostonascimentoali,deD.Sebastião;oGiner, pelosseusrebentamentos( juntodoMuseuenoúltimodianaPraça), depequenasbombas,petardosemcartolinasondeseliacapitalismo à , fascismo à ,poder,etc.;oRolandMillereaShirleyCameronpelasdiá riasperformances,nadaofensivas;oSergeIIIOldenbourgpelosseus happenings,umdosquaisconvidavaopúblicoaerguer,juntoaosseus rostos um espelho para se verem, e que se partia ao meio; o Grupo Puzzle, pelos seus trajes, máscaras e ações incompreensí à veische (garam a chamara polícia porquetratava-se de possíveis assaltantes dumbanco.e). porterementerradopróximodoMuseuumsarcófago à comregistosdiáriosdassuasperformances;outrosartistasta foramperseguidos,eeu,porquenatural,artistaebastanteconhecido emRioMaioronde ( nascieresidia)vila , deondepartiramdezenasde tiposarruaceiroscomassuascélebresmocasparanosperseguirem

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espancarem,chamadospeladireitaparva,imbecil,dasCaldas.Foram 781 horasdifíceis,desesperantes,comalgumpânico .

De facto, não se trata de um ato único e isolado, pois a confusão dessatardetambém coloca as Caldas da Rainha no mapa das ações - ter roristasdaextrema-direitaque,emgruposdeantigosfascistas ecacet ros, reage basicamente contra o rumo político do país. Só entre maio de 75e6,7essesgruposrealizammaisdesessentaataquesasedesdepar tidos de esquerda e instituições culturais, com agressões, vandali incêndioseexplosõesapoiadasporumaredebombistadequeéexemplo a destruição parcial das vetustas instalações da Cooperativa Árvore, n Porto,talcomoreferidoatrás.

Figura 55 Umadasnotíciasqueexprimeotomgeralna imprensaescritaDiário ( deLisboa, de 61 agostode.)7 91

781

BARBOSA, Manoel.)8102Entrevista( conversaÇ por Caroline Silva, em 62 de outubro e 5 de dezembro. Lisboa. In SILVA, Caroline.) 9102( A performance Arte comoIntervençãonosEncontrosInternacionaisdeArtee174 91( .)7 9 Dissertação deMestradoemHistóriadeArteContemporânea,UniversidadeNovadeLisboa, p. e29 1 . 0 [em linha]. Disponível em: https:run. // unl.pt/handle/0 739/26 01 [Consult.ag. 2 ]. 02

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Nestecaso,nosdiasdeagostoqueseseguem,tabloidesdiárioscomo oJornaldeNotícias,ComérciodoPorto,DiáriodeNotícias,DiáriodeLisboa, ODiário,DiárioPopular,etc.noticiam , abundantementeosincidentes, - refe rindocomopossíveisautoresarruaceirosestranhosàcidade. Os diferentes textos referem com maior ou menos rigor: violência, destruição, golpes de picareta, pintores ameaçados de morte e agredidos Mário ( SilvaeSergeOldenburg)manifestações , inqualicáveisdeviolência aolongododia,ocercodosartistasnumrestaurantesobameaças,-oincên dio da obra do Grupo Puzzle, o desmantelamento da escultura sobre o61 deMarçoeremoçãodalápidedosAcre.Chegamafalaratéemtentativas delinchamentoeameaçadedestruiçãodoMuseuMalhoa,ondepartedos encontrosacontece.Asversõesoscilame,seumartigodizserogrupode caceteiros natural de Rio Maiore).o ( mesmo que durante o Encontro já agrediraalgunsartistasestrangeiroseturistascomaspeto menos 188 mistaÇ noutro , casoreferem-setentativasdeagressãoaartistas - estran 1 geiroseturistascomaspecto98hippieÇ ,armando-setambémnestetexto que as atividades dos encontro são repudiadas pela maioria da popula eatribuindoaEuricoGonçalves,artistapresentenolocal,adeclaraçãode queaqueletipoencontrosartísticosdotiposerveprecisamente-paraacr çãodechoquesanívelculturalesocialÇ. Oschoquessão,pois,evidentes,emdissensõesquesurgemnas - notí ciasenoprópriobalançodosfactos. Dividido quanto ao que pensar, porexemplo Luiz Pacheco descreve combastantehumoreironiaasuaperspetivacomoassistentedoúltimo nacompanhiadeCarlosBarroco,NadiaBaggiolieTeté,artistasconvidado Resumeoclimageral,ealgunsfactosmaisexpressivos.EcontaqueClara Semidezeraumaconstruçãosimbolizandoourecordandoode 61 MarçoÇ, que foidestruída porum grupelho,).e( quando Clara fotografou a des 091 truição,foi-lheexigidoorolodamáquinaouqueasovavamcomvalentiaÇ . Aomesmotempo,exprimeumpontodevistamaiscríticoaosentido geraldosEncontros.Apontaosincómodosdapopulação,queconsidera jus tamentechocadapeloquenãoevitacomentar,àlaiademoralidadeÇcomo , esbanjamento,quando,analnasCaldasenonossorectângulo,hágente desempregada,comfome,hágentequearriscaacadeiacomodesesperada

188 A/ANas .)7 91 ( CaldasdaRainhaArruaceirosperturbaramEncontrodeArtede VanguardaÇ. Diário de Lisboa,de 61 agosto,p..4 981 A/AArte .)7 91 ( nasCaldasdaRainha.EncontrosInternacionaisvisamcriar-cho quesÇ. Jornal Novo,de 61 agosto.PACHECO,LuizT.)7 91exto ( no Diário Popularde de 81 agosto,jáindicado. 091 PACHECO,LuizT.)7 91 exto ( no Diário Populardede 81 agosto,jáindicado.

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19 alternativadesobrevivênciaÇ Sobre . olugardaArte,questionaoseucabi mento,concluindoqueOdesperdício,numpaísdefome,éfascista.Ouleva 291 aofascismo.MaistardeoumaiscedoÇ . Egídiolvaro Á nãovaiperderaoportunidadederesponderaessa - po sição,opondo-seveementemente 391 Segundo . osjornaisainda,apolícia - in tervém e os artistas e outros participantes acabam porrefugiar-se até de madrugadanoColégioAgrícola. Mais tarde, é o próprio Eurico que relata detalhadamente o clima e produção artística nesses encontros, com destaquenal para a obra - des truídadoGrupoAcre,representativadarevolução:

No último dia dos Quartos Encontros Internacionais de Arte, o GrupoAcre, constituído pela escultora Clara Menéres e pelo pintor Lima de Carvalho, depois de muitas horas de trabalho não-remu nerado, viu destruída à picareta uma escultura que quis erguer no Mercado de Peixe, em alusão ao 16 de Março de, data 174 9 em que um movimento militardas Caldas tentou fazero que só foi possível um mês depois: o derrube do regimefascista em Portugal.Volvidos três anos e meio, a reacção ainda lá está e não só não permitiu tal tipodeevocação,comoperseguiuàpauladaalgunsartistas - partici pantes nestes Encontros e destruiu muitos objectos e símbolos de uma intensa actividade desenvolvida durante 12 dias, evidenciando assim um total desrespeito pelo trabalho não remunerado -o ( subli nhado é meu) dos artistas. Desfecho lamentável que não invalida o 194 quehouvedepositivonestesencontros.

Paramuitos,comoavereadoradaculturadaautarquia,asobrasea memóriaquecamsão,apesardetudo,umespóliograticanteparaasge raçõesfuturas,núcleoparaumpossívelmuseudeque,então,sefala.Mas, defacto,omonumentodogrupoAcreaode 61 Marçoacabanahoratotal mente destruído,tal como os autores registam no comunicado quefazem questãodeemitir.

19 291 391 491

Ibidem. Ibidem. LVARO, Á Egídio .)7 91 ( Resposta a Luiz Pacheco. Em nome do povo e da necessidadesetentadestruiraculturaealiberdadedeexpressãoÇ Diário Popular, . de 9 setembro. GONÇALVES,EuricoIV .)7 91 ( EncontrosInternacionaisdasCaldasdaRainhaÇ. Colóquio Artes. Nºoutubro, ,43 p.Lisboa: .37 FundaçãoCalousteGulbenkian.

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Figura 56 Osvestígiosdo Monumento aode 61 Março depois , dadestruição, noprópriodiade 21 agostode. 7 91 FotograadeClaraMenéres.

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Figura 57 Grupo Acre. Descerramento de uma lápide. Montagem de uma escultura.Comunicado ( sobreasobrasnosIVEncontros InternacionaisdeArte)de 21 . agostode. 7 91 GRUPO ACRE FEZ

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2.8. Lápide

12 de agosto 1977, IV Encontros Internacionais de Arte, Caldas da Rainha

Ainda nesse mesmo dia 12 de agosto, pouco antes dos incidentes - datar de, há outra intervenção do Grupo Acre que passa mais desapercebida. Depois de Clara e o PintorÇ, da sua perspetiva na calçada portuguesa do tabuleiro central da Praça da República ou ( Praça da Fruta), conrma rem a correção da posição e o efeito desejado, uma lápide de mármore encomendada num canteiro é axada sob as suas instruções na parede superior à varanda do 1º andar do prédio dos nºs 81e84, com anuência do advogado então proprietário do edifício.Aplacaca coberta, para ser destapadaapenasnahoracombinada. Conformeoprograma,alápidedoGrupoAcreédescerradanesseº21 eúltimodia,àsh3 51 . 0 No º1 andar desta casa nasceu, em eJaneiro02 ,45 1D. Sebastião ÂReidePortugalÇ,lê-senaspalavrasgravadasnapedraesubscritaspelo grupo. Notopodapraça,aermidadeS.Sebastiãopareceentãoestabelecer uma estranha coincidência toponímica com o nome que a placa esconde até aí, como quetornando sólido, naquele lugar, o nevoeiro simbólico que, desde martírios passados, envolve o mito deAlcácer-Quibir.Também- mo tivado pela história e pela sua desconstrução, no ano anterioro realizad JoséFonsecaeCostaconcluíraoseulme Os Demónios de Alcácer-Kibir, commúsicadeSérgioGodinho,cujaletraaindaecoafrescanamemória. Agora,também parecendotratar-se de levantara névoa, segundo o folhetodoGrupoAcre591 aintençãodaintervençãopassaporquestionara validadedeumahistóriacomlendastãooumaisdeterminantesquefacto e,sobretudo,remeteromitoparaaresponsabilidadeindividualecoletiva todososportugueses,jáque,comoarmamnessetexto,omitonasceem todasascasasportuguesasÇ. Nofundo,oqueosAcrepretendemédenunciarosebastianismoeo complexocomportamentalporesterepresentado,queconsideramperma necerncadosnosubconscientedopovoportuguêsaolongodahistóriae apesarda revolução recente. Com a sua placa alusiva a D. Sebastião, que inscreveohipotéticonascimentodoreiperdidosim, ( omesmodaestátua deCutileiro)emqualquerlado,emqualquercasa,osAcreestãopróximos,

591

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GrupoAcre.)7 91 ( Descerramento de uma lápide. Montagem de uma escultura. Textoatrásreferidoeincluídonagura.46 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


sem o saberem, do queJosé Gil virá a publicarquase trinta anos depois, debatendo-se, precisamente, contra aquilo a que este chamanão-inscri çãoÇparte , domedoportuguêsdeexistir,porqueasconsciênciasvivemno nevoeiroÇ691 E,. indiretamente,aplacaremete,ainda,paraoreimeninocujo lutonuncasefez,paraocolapsorecentedoimpérioqueopaísquisser,para odestinoporcumprirdessemesmopaísenrodilhadonasaudade,como - re 7 91 eteEduardoLourençonaobraquepublicapoucomaisdeumanodepois .

Figura85 Grupo Acre.A lápideaD.Sebastião, nafachadadacasa.de 21 agostode. 7 91 FotograadeClaraMenéres.

691 7 91

GIL,José.)50 2( Portugal Hoje. O Medo de Existir.Lisboa:RelógioDÁgua,p..81 LOURENÇO, Eduardo .)87 91 ( O Labirinto da Saudade. Psicanálise Mítica do Pensamento Português.Lisboa:PublicaçõesD.Quixote.

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Figura 59 Grupo Acre. Lápide.. 7 91 Fotograadaobrarecuperada naexposiçãoPós-Pop.Um LugarForadoComumÇFundação , CalousteGulbenkian,.8102

Contudo, se o desejo expresso é combatera passividade da espera tradicionalnosebastianismo,opúblico,meioindiferenteoualheado da dadehistórica,poucoreageali,nãoparecendocolocardúvidasaoque - apla carefere,comoquesancionandoamisticaçãonumaconrmaçãotácita, quasehonrosa,subservienteoucrente.Anal,quemsabeaocerto?Talvez D.Sebastiãotenhamesmonascidoali. E,depoisdaconfusãomaisagressivanaPraçadoPeixe,odestinoda lápideacabaporcar,tambémele,duranteanos,quasetãoincertocomoo mitoquemotivaasuacriação. 891 Entre as dúvidas sobre o seu real paradeiro, só recentemente são conrmadasassuposiçõessobreasuapossívelretiradadiscretaporJai Isidoronoprópriodia,aocontráriodoquechegaasernoticiadonosjorna ouseja,asuadestruiçãoduranteosincidentes.Antesdisso,porém,jáde noite).um ( homem que subiu àvaranda da asa onde estava a placa a D. Sebastião, destapou-a efez um discurso nacionalista não se apercebendo 91 daironiaqueelacontinhaÇ conta , aindaposteriormenteClaraMenéres. Enquantoisso,tambémnessemêsdeagostodePaula , 7 91 Regoes creve na Ericeira um raro pequeno texto que irá acompanhara exposição que,emoutubro,apresentaránaGaleriaMóduloCentro  DifusordeArte, noPorto:Hásempreumahistória,acontecimentooutítuloquedáinícioao

891 91

17

Porocasião da exposição da Gulbenkian Pós-Pop. Um LugarFora do ComumÇ, conrma-sequea LápideseencontranapossedeDanielIsidoro,lhodeJaime Isidoro;eaobraaparece,nalmente,visíveldenovonessaexposição. MENÉRES, Clara .)7102( Entrevista com Verónica MetelloÇ. Dezembro. In GUÉNIOT,D.A;PINTO,PObra .) 9102( . citada,p..873 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


quadroÇprincipia , pordizer,continuandomaisadiante:Comonãoseiaonde as minhas histórias me levarão, pintá-las é sempre uma surpresa e cada 200 quadromeparecesersempreoúltimo. Ç Naaltura,tambémoGrupoAcrenãosabeseahistóriadassuasduas últimasobrasrealizadas IV Encontros nos Internacionais de ArtedasCaldas daRainha,umadestruídaeoutrasumidaemparteincerta,serãoounãoo últimoquadrodasuaproduçãoenquantocoletivo. E,defacto,éissoqueacontece.

E assim se finda?

Depois do choque imediato, a ressaca dos acontecimentos nas Caldas da Rainha,comadestruiçãodeumaobraeodesaparecimentodeoutra,con juga-se com a evolução dos tempos e o sentimento geral de mudança de paradigmaspolíticos,culturaiseindividuais.Semdúvida,acumulams zõesdesobraparaosdoismembrosdoGruporeveremassuasprioridades pessoaisfaceaocontexto. Não é que faltassem ideias, pois, ao longo da existência do Grupo Acre,surgemmuitashipótesesparaaçõescoletivasparaalémdasquesão postas em prática. Eventualmente, muitas poderiam ter sido realizadas, comosugerealeituradeumdosartigossurgidosnaimprensa,ondevárias açõessãoenumeradas,quersobmarcaestritadaduplaAcre,quersob-ade claradaégidedaparticipaçãomaisalargada,numaprofusãodeideiasque ogrupotantopodeefetivamenteterdeclaradoaojornalistacomotereste confundido, o que parece mais plausível, pela referência a outros artistas:

Emboraconsiderandoquetodooseuprogramaéprovisório,porque sóháumasoluçãojusta:arevoluçãoÇo, GrupoAcreacentuaque,sem prequeforpossível,sairádasuaocinaexperimentalparaacçõesde agit-propÇ agitação ( e propaganda). Nesse sentido, fazem já parte: actuação e um colectivo, distribuição de certicados de artista, ac ções elementares de Da Rocha, envolvimento erótico deJoãoVieira, váriasacçõesgrácascolectivas,umestudosobrelibertação,envolvi mentoestruturalistaporPiresVieira,exposiçãodegravatasecamisas exposiçãodejornais,actividadeantiartedeArturVarela,mixedme diaÇ deJorge Peixinho e Ernesto de Sousa, arte ecológica deAlberto

200 REGO, Paula.)7 91 ( Paula RegoCatálogo ( de exposição). Porto: Módulo. Centro DifusordeArte,outubro. GRUPO ACRE FEZ

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Carneiro,cadeiras,mesaseeléctricosÇdeSenadaSilva,hiperrealis mo,osconceptuaisjugoslavos,omovimentouxusÇa , escoladeNice, 201 poesiavisual,artedovideo-tapeÇartesanato, , etc.

NumdosrelatossobreaaçãonaRuadeCarmoporLimaCarvalhoe ClaraMenéresàautoradestetexto,sãoreferidashipótesesdeoutrasobras como uma reconstituição da cadeira de Salazarou a realização de-pintu rasdefaixascommotivosaacrescentarnaszebrasÇparapeões.Eháentãoaindaaideiadesefazerumaenormeconstruçãocomlixonumapraça, constando até dacarteiraÇ de ideias hipotéticas agressões com pedras montras de galerias como denúncia radical do sistema comercial em q estas se inserem, uma vez que, imediatamente no pós-revolução, muitas delasencerramaopúblico.Estassãoapenaspartedeumextensoconjunto deideias,umasmelhoreseoutrasmenosfelizes,partedeumalistaperdida eque,narealidade,nuncasãopostasempráticapelocoletivo. Apesardas obras concretizadas não serem muitas e delas restarem poucos objetos materiais, as reações imediatas de que a imprensa - vai fa zendoeco,atravésdaescritadejornalistasecomentadorescríticos oua tistas,comoatrásreferidoemErnestodeSousa,EduardoBatarda,Rocha deSousa,EuricoGonçalves,etc.são , signicativasdairreverênciaesentid de intervenção das ações do grupoAcre e desencadeiam algum efeito de reexão,emboranemsempreconsensual. Batarda por exemplo, já atrás citado, que, entre novembro de e74 agostodemantém 57 noSempreFixeumacolunacomalgumaregularida de, revela nos seus artigos sobre o GrupoAcre uma posição criticamente hesitante,maisdistanciadonoquedizrespeitoaoscírculospintados doCarmoecomempenhomaisfavorávelapropósitodaaçãoeinstalação darepartiçãoÇdeconcessãodediplomas. Contudo, também não é pela falta de impacto crítico ou mediático queogrupocessaatividadee,seécertoqueosincidentesquerodeiama participaçãonos IV Encontros Internacionais de Arte dasCaldasdaRainha contribuem bastante para o desfalecimento do GrupoAcre, outras razões pesam,empara , 7 91 ummenormpeto í criativoemgrupo. ParaosdoismembrosdoGrupoAcre,adeceçãopelosacontecimen tosdecorridosnasCaldassoma-seaumaespéciedeanátemacaídosobre

201 A/AUma .)57 91 ( granderazãoparaestarnomundoartigo , Ç) ( do jácitado.

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Diário Popular

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o grupoÇ 202 que tem expressão em vários infortúnios: a morte de Queiroz Ribeiro logo no primeiro ano de atividade do grupo, os ferimentos - recor rentesdeLimaCarvalhoemdiversasações,aprisãodeClaraMenéresna ocupaçãodeo ,57 91 processodetribunaldaíresultante,aindaemcurso,e que dura anos. Os incómodos somam-se,tomando proporções ampliadas comosinaisadversosqueparecemdesaconselharacontinuação,-quebran dooentusiasmodogrupo,apesardestenãosedissolverlogo. Entretanto, no país estabiliza-se o estado de direito etudovai - acal mando, numa evolução que não deixa de implicar alguma deceção para muitos,pelosanosinesquecíveisdepaixãoeempenhamentoemmudanças muitotemperadaspelopesodopassadorecenteepelautopia;paraoutros, o período revolucionário é menos grato, a mutação dos centros de poder nanceironefasta,omdaguerracolonialtemcomoconsequênciaoretor noinsatisfeitooumesmorevoltadodemuitoshabitantesdosnovospaíses africanosresultantesdasindependências.Detudoissotambém - vivealgu ma instabilidade resultante de certos abusos e excessos revolucionário contrarrevolucionários,comoavagadeataquesbombistas,principalment nonortedopaís,járeferida. Assim, o contexto político e social vai-se alterando num rumo - libe ral cadavez mais marcado pela retração do sentido coletivo face ao - indi vidualismo, num processo que regulamenta as liberdades e repõe algum 203 conservadorismo . Arealidadedainstituiçãodalegalidadepareceapontar,também,para maiordistanciamentoentreautopiadaartecomopovoeparaeste,euma arte sediada nos meios especícos, mais sosticados e preparados para compreenderprojetosdequalidade.Atendênciaé,pois,paraumaconjun turademaiormoderação,bastanteaocontráriodosentidodoprimeiro ma nifestodogrupoAcre,quedefendiaprecisamenteumaanti-moderaçãoÇ. Esse ano de, em 7 91 que o Centro Pompidou está aberto em Paris ejáseplaneiaoCentrodeArteModernadaGulbenkian,trazfortesuces soindividualaClaraMenéresdepoisda Mulher-Terra-Viva sua mostradana Alternativa Zero,obracujaimagemapareceemcapanaColóquioArtesno Outono,quaseaomesmotempodaversãonaBienaldeS.Paulo.

202 CARVALHO,JoaquimLimas/ ( d). Arte e ActosPúblicosdoGrupoAcre. [S.l.s. : n.], manuscrito ( doautor)A . expressãoé,também,usadamaisdeumavezporClara Menéresemconversascomaautoradestetexto. 203 Nãoporacasoesintomaticamente,apeçaqueoGrupodeTeatroABarracaestreia emDezembrodena 7 91 SNBA,comotítulo Ao Qu’ isto Chegou,integraopequenodrama A Lei é a Lei,deLuizFranciscoRebello. GRUPO ACRE FEZ

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Assim,talcomodizLimaCarvalho,ainiciativadogrupoesmoreceÇ. Háoutrascoisasafazereadiam-seaçõesdoAcreemfavordeoutrasmais importantes e urgentesÇ pois, anal,o tempo não parouÇ. 402 Em breve, a partidadeClaraparaPariscomumabolsadeestudoacentuaatendência para a separação dos dois membros do grupo. Poroutro lado, é também 502 tempodeambosprepararemprovasacadémicas paraqueospróprios-lu garesdeensinonaESBALsejamestáveis. Dessemodo,oGrupoAcrecomoquecasuspensonotempo,sem, contudo, decretar o m, ainda mais quando, pouco depois, os sinais do alvordos anos oitenta nas artes vêm revalorizara produção artístic suportes e linguagens mais convencionais de novo e exacerbar - o indi dualismomítico,trazendoprogressivamentemenorinteresse- porati descoletivas. Para Clara Menéres, o projeto do GrupoAcre nunca se fecha, con tudo. E,tanto para ela como para Lima Carvalho, a história do grupo não chegaaserbemcontada.Demodosdiversos,aolongodasdécadasquese sucedem,mesmoquandoambosseguemviasseparadasapósaamizadee convívioseremcorroídospelassuasvisõesentretantodiferenciadass ensino,arteevida,une-osaarmaçãodoprojetoporencerrarformalmente, narealidadeque,anal,seencarregadeapagarmuitosrastrosedecretar naisquenuncaexistiram. Há,contudo,algumas reapariçõesdocoletivo,emboranãocomobras novasmasemepisódiosdeevocaçãodassuasintervençõeseaçãohistóri ca.Emdiversasocasiões,ClaraMenéreseLimaCarvalhofalam,separada mente,dotrabalhorealizadopeloGrupoAcre.Epelomenostrêsexposições apresentamobrassuas. É o caso de Porto .07/ 6 Os Artistas e a Cidade , exposição na FundaçãodeSerralvesemcolaboraçãocomaCooperativarvore Á dejaneiro aabrilde,na 10 2 qualsurgedocumentaçãosobreobrasdogrupoeére produzidanaprópriacapadocatálogoumafotograadatasuspensana TorredosClérigosem. 74 91 Em AnosAtravessar :07 fronteiras, exposição realizada em90no 2 CAMCentro ( deArteModernadaFCG)sob , curadoriadeRaquelHenriques daSilvaeinvestigaçãodeAnaFilipaCandeiaseAnaRuivo,aprimeiraação

402 502

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CARVALHO,JoaquimLimas/ ( d). Arte e ActosPúblicosdoGrupoAcre manuscri ( todoautorjáreferido). QuandoSáCarneirofalecenoacidentedeaviação,osdoisartistasestãoarealizar provasdeagregaçãonasrespetivascarreirasdocentesnaESBAL. 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


dogrupoAcre,naRuadoCarmo,vemaserreconstituídanaRuaNicolaude Bettencourt,fronteiriçaàentradadoCentrodeArteModerna. Essareconstituição,quecontacomoapoiodeClaraMenéreseLima deCarvalho,realiza-seagoraemcondiçõesmuitodiferentes.contratada É umaempresaque,combasenumacópiadoesquemadee74 91 munidade todasasautorizaçõesagorarequeridaspelaleiparaintervençõesnoespaço públicourbano,pintaaruarapidamente,compreocupaçõesmínimas-quan toaacertosdeescala,limitesdeformas,etc. Certamentemenoscuidado,oresultadoformalédiversodooriginal. Eaação,destavez,passadespercebida.Azonadacidadeédiferente,arua poucocentrale,sobretudo,ostempossãooutros. Figuras 60 Grupo Acre.Reconstituiçãoemda 90 2 obra daRuadoCarmo,deem , 74 91 frentedoCentro deArteModernadaFundaçãoGulbenkian, emLisboa,porocasiãodaexposição Anos:07 Atravessar fronteiras.


Aindaporcima,desacertosentreasinstânciascamarárias - eumaem presacontratadaparaobrasnaruafazemcomqueescavadorasemartelos pneumáticos,logonodiaseguinteàinauguração,destruamparte-dopavi mentopintado,transformandorapidamenteazonadeintervençãonum - es taleiroquepersistedurantesemanas,poucosobrandodaaçãoedoimpacto daruapintada. LongedaanimaçãodoChiadode,sem 74 91 oseuintensotrânsitoe uxopedonaldeturistaseportuguesesdetodasasidades,semavista aé readoelevadordeSantaJustae,acimadetudo,maisdetrintaanosdepois, num contexto social e político muito diverso e com uma experiência mais diversicadadeoutrasformasdeintervençãonoespaçopúblico,épossível que o ativismo urbano deste tipo se tenha tornado morno, senão mesmo frioebanal,ocontráriodoqueosartistasdogrupoAcredefendemnosidos anossetenta. Contudo,estahistóriadesaborpóstumoé-nosútilparacompreender que,sendoaobradoGrupoAcreumprojetocomo ( dizErnestodeSousa)e sobretudosendo,comosabemosmelhorhoje,umprojetoemcontexto,do mesmo modo que seria impossível repetiresse contexto e reativar - o am bientepós-revolucionárioemqueessaobraégeradaesetornaplenamente viva,fazê-laaparecernoutroenquadramentoglobalécondená-laaumesvaziamentoformalista,umapatéticae( aindaporcimaazarada)mesmo , que bemintencionada,operaçãoderecuperaçãovintage. Maisrecentemente,obrasdoGrupoAcreaparecem,agorademodo mais panorâmico da sua produção, na exposição Pós-Pop. Um Lugar Fora do Comum, na Fundação Calouste Gulbenkian, de abril a setembro de Ali, .8102 noespaçoamplodaexposição,umaespéciedecompartimentos deacessorelativamentemaisreservadofaceàsalaamplaalbergamobras ou com caráter mais intimista, ou sexualmente explícito, ou até de teor político-ativista. Numdessesespaçossemifechadoseobscurecidos,partedeuma - pa redeéentãodedicadaaumconjuntodedocumentossobreasintervenções doGrupoAcre.Vocacionadasparaespaçospúblicosealiforadecontexto, emgrandepartelimitadasaumregistodocumental,asobrassurgem con nadasaumacenograaÇexpositivaquenãoasvaloriza,perdendoquali 602 dadeseesvaziandoconteúdos No . entanto,concorde-sequenãoétarefa

602

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Clara Menéres manifesta à autora destetexto, poucos dias depois da inaugura ção,algumdesconfortofaceaopossíveldesvirtuamentodesentidodasobrasao seremexpostasdestemodo. 2. GRUPO ACRE: OS ANOS E AS OBRAS


fácil exporcom ecácia expressiva obras que, como estas, têm um perl poucoconsentâneocomsalasdeexposição.

Figura 61 Grupo Acre.Conjuntodedocumentossobre asintervençõesdogrupo,comalápidede, 7 91 naexposiçãoPós-Pop. Um Lugar Fora do Comum, naFundaçãoCalousteGulbenkian,em.8102

Algum tempo antes, em ,6102 Clara Menéres ainda mostra em 7 02 Setúbal entre , outrasobras,umprojetorecenteseuque,defacto,seali nha,noespíritoenaletra,comascriaçõesdoGrupoAcredoseusegundo ano de atividade. Na senda dos Diplomas de Artista do GrupoAcre, tam bém aqui a autora cria um objeto concreto, uma medalha de bronze, que é acompanhada porum diploma ou certicado da atribuição, sendo ainda expostosretratosfotográcosda ( suaautoria)doscondecorados.Essasua Condecoração da Ordem O Fazer do Saberé,aomesmotempo,umaobra muito coerente com a crença da autora na importância do saberfazerna criaçãoartística,cujoprocessoconceptualnãotemhipótesesde- desenvol vimento e investigação sem a dimensão operativa que o sustenta: crença, aliás,pelaqualClaraMenéresmuitosebatetambémaolongodetodaasua

7 02

MENÉRES, Clara.)6102( Ver e Dar a Ver. Exposição no Museu deArqueologia e EtnograadoDistritodeSetúbal,dede 12 maioade 42 setembro,emSetúbal.

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carreiraacadémica,atéfalecer,doisanosdepoisdestaobra,poucotempo depoisdainauguraçãoPós-Pop de e). ( comessaexposiçãoaindaadecor rernaGulbenkian. QuantoaLimaCarvalho,continuaainda,semprequeoportunoecom memóriaincansável,acontaremdetalheahistóriadoGrupoAcre.

Figura26 Clara Menéres. Condecoração da Ordem O Fazer do Saber..6102

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3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL

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OGrupoAcreéumcasoparadigmáticodotempoemqueexiste,comobras quesediferenciamentresiequediferenciamoprojetodogrupo.Masnão está solitário, nem surge de geração espontânea.Além da enorme impor tânciadocontextomaispróximonoseuaparecimento,tambémoutras - res sonânciasanterioresodeterminam. Grupo do Leão, artistas associados na Promotora, na SNBA, mais tarde narvore, Á na Gravura ou no Círculo deArtes Plásticas de Coimbra, Livres e Humoristas, futuristas do Orpheu, Independentes, Mais Além, Dimensionistas,grupossurrealistaseneorrealistasentreoscafésHermi eGelocompassagempelaBrasileiraacolhedoraderetratosdegruposde 5ou 291 de1e7 9 encontrosdebatismoeadjetivosvariáveis,coletivosno meadoscomletrasealgarismoscomoG7 12 KWY, , QuatroVintes,todoses tessãoantecessoresplausíveisdoGrupoAcrenoterritórionacional.Todos são,também,elosativosnumadinâmicaemquesedebatemaçõesindivi duaisesucessivasreaçõescomunitáriascomsinaisdiferentes.Talvezh comoqueumefeitodominóemquetodosparticipam,envolvendotambém contemporâneosesucessoresdosAcrecomooPuzzle,oo,1+5 Vermelho,o Phases,oIfouoGrupoCoresdoCAPC,entreoutrosmais. E,seampliarmosanomeaçãodelaçosreferenciaispossíveisdocaso doGrupoAcreparaespaçosforadefronteirasnacionais,àvizinhaEspanha, aoespaçoeuropeueaomundointeiroÂquerparaumarelaçãocausalda suaeclosãoquerdosefeitosquesuscita,o númerodecasosmultiplica se - atalponto,queparecehaverumaondageral,umaespéciedetendência coletivista,umasvezesmaisvisíveldoqueoutras. Essatemsidoasuspeitasubjacenteàinvestigaçãodestetexto,apar danoçãodaoriginalidadedoGrupoAcreedoseupapel.Assim,natentati vadeesclarecimentodessasuspeita,outrahipótesesurgeaquimaispert de constituir um estudo produtivo: a de haver uma ondaÇ coletivista no contexto nacional, diferenciada e particularmente expressiva na segunda metade do anos setenta, com elos e valores estéticos passíveis -de iden ticação autónoma, no fundo associada ao próprio processo político de aberturaqueopaísviveentão,tãoúnico.Oraapossibilidadedeexistência dessatendêncianaépocareferidanãonega,contudo,que,havendocasos anterioresaessaépoca,existaumeixocomumqueliguetemposdiversos, ou,pelomenos,coincidências. GRUPO ACRE FEZ

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Aliás,jáexplicadanaintrodução,apreferênciaassumidanestetexto peladesignaçãodinâmicascoletivasem ( hipóteseanterior:emmodo - cole tivoÇpermite ) perspetivarmaiscorretamenteaposiçãodeartistaseoutr pessoasqueassumemacriaçãoartísticaestendendoapresençaindivid doautor-artistaamaneirasconjuntasoucomunitáriasdeatuação, medi teaassociaçãoentreartistasenãosó.Nemsempre,aliás,setratadecole tivosartísticos,mastambémdeprocessosdeconjugaçãodeaçõesou - tare fas,decolaboração,oudeparticipação,termosquenoséculoXXItêmvindo a banalizar-se e cabem genericamente nas práticas coletivistas.Também nemsempreéacriaçãoartísticaopropósito,eantesalgoqueacontém:um ativismomaisamploqueseperspetivanarelaçãocomosmeiosartístico culturais,sociaisoupolíticos. Mas,independentementedoquestionamentosobreasnalidadesou dosmodosdecolaboraçãonotrabalhodacriaçãoartísticaoupara - ela,in teressaaquireterque,frequentemente,omovimentoquelevaosartistase outraspessoasatrabalharemsistematicamenteemconjuntoadvémnãos deinteressesdeterminados,mastambémdeumaespéciedevoragemque, em certos períodos, setorna como que contaminante e irresistível, sendo naturalquehajaoutrosqueoptempor modus operandiidênticos. E,evidentemente,ofactodehaverexemplosanterioreséestimulante. Ora,tal como acima se alinhava, certamente que o GrupoAcretem antecedentesecasosparalelosnasdinâmicasartísticascoletivas,ta arteportuguesacomonumâmbitomaislato.Porvezes,ocoletivismo - cor respondeaumadinâmicasocial,ummovimentoqueseenraízanumaten dênciaqueaprópriaHistóriamotivaequesurgetambémnoutrosexemplos decamposdiversos,grupos,ações,movimentose,porvezesaté,gerações, jánumaperspetivahistoricamentemaisampla. Interessa,pois,recordaralgunscasosquepermitam,denovo,-perce beragenealogiadoGrupoAcreeatramadeligaçõesaoseutempo,indagandoapossibilidadedeexistênciadeumatendênciadefundopersisten ouinterrompida,expressivaounão,emsuma,deumadinâmicacoletivaque, dealgummodo,acolhaejustiquemaisinteiramenteairrupçãodocoletivo. Emboraissoseja,certamente,maisprovávelnotempopróximodasua atividade,ouseja,nosanossetenta,sãoimportantesinuênciasanterio ÂporvezesatébastanteanterioresÂantecedentesque,dealgummodo, sefazemecoarnotempo.

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3.1. Ecos das vanguardas

Alimite,épossívelconceberquenagénesedoGrupoAcrejazemlatentes reminiscênciasremotascomoasdosateliersdosartistasmaneiris quais,quernoprocessocriativoquernosprimórdiosdoensinoartísti sediado, a defesa da individualidade do artista se debate com hábitos an terioresde ( temposmedievos)decolaboraçãoemcoletivo,ematelierÇou escoladeÇque,frequentemente,diluemouempalidecemnomeeapelidos próprios. Seguramente essa é uma fase expressiva na tensão entre uma tendênciamaisindividualistaeoutradesinalcoletivo.Masnãovamost longe, pois são certamente mais expressivas outras evocações um pouco menosdistantesque,sebemquenãocontemporâneasdosartistas-dogru po, fazem parte da sua formação e interesses entre Porto e Lisboa, sem contudofecharnessascidadesumapossívelgeograadeecos. Por exemplo, certamente terá sido eloquente para os membros do Grupo Acre um certogenius loci, ancestral habitante das imediações do Chiado lisboeta e da Rua do Carmo, zona que dois deles frequentam em como 74 91 professores nas Belas Artes e que, nesse ano, é palco da pri meira ação do grupo. Ali abundam desde o século XIX ecos de tertúlias, como a do Grupo do Leão, que associa artistas como José Vital Branco Malhoa,HenriquePinto,JoãoRibeiroCristino,JoãoVaz,SilvaPorto,António Ramalho, Moura Girão, Rafael Bordalo Pinheiro, Columbano Bordalo 208 Pinheiro,CiprianoMartinseJoséRodrigues Vieira Inevitável . érecordara pinturaque,comessenome,ColumbanoBordaloPinheiroretrataogrupo empresente ,58 1 noMuseudoChiadoe,emboraestemuseuestejafecha dooupoucoacessívelnotempodevidapréviaeativadoGrupoAcre,apin turaébemsuaconhecida.Inevitávelé,também,recordarnasproximidades damesmaRuadoCarmoacervejariaOLeão,queoriginaonomedogrupo, poiséaliqueseencontramemtertúliaaquelesartistas,contribuindopar suadecoraçãocompinturasporsicedidas.

208 Embora acabe por fazer parte do grupo menos visivelmente, a pintora Josefa Grenoraramenteéreferida.Trata-sedeumaandaluzacasadacomopintorAdolfo Greno,aparentementeretratadacomomaridoporColumbanonaassistênciado seuConcerto de AmadoresdeEla .86 1 ébiografadaporLuísVarelaAldemiraem ,159 com relato dosepisódiosÇ da sua dedicação à pintura e qualidades con quistadasnesseâmbito,aconsequenteemancipaçãonanceiraquandoomarido perdeprestígio,oqueculminacomoassassíniodomaridopelaartistapormaus tratos, e depois a sua prisão e a morte, bem como a polémica psiquiátrica que persistedepois. GRUPO ACRE FEZ

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Figura 63 Columbano Bordalo Pinheiro. O Grupo do Leão..58 1 leo Ó s/tela,cm. 6 73x102 MuseuNacional deArteContemporâneadoChiado.

Quandoacervejariasetransformouemcafé-restaurante,naPrimavera detodo ,58 1 o«Grupo»colaboroucomosseustrabalhosnadecoração gratuitadasparedesdessecélebrecafédaruadoPríncipehoje ( º1 de Dezembro)Lá . estavamo«PauldaOutraBanda»,deMalhôa;a«Ponte doFidalgo»,deRibeiroCristino;porcimadumadasportas,oretratode Monteiro,oproprietário,sobre umfundodecasariabrancade Lisboa, de Columbano; o «Interior do Curral», de Moura Girão; as «Rosas e Begónias»,deRodriguesVieira;as«CaricaturasdoGrupo»,porRafael BordaloPinheiro;a«VistadoTejo»,deJoãoVaz;o«Quinteiro»,deSilva Porto; as «Macieiras em Flor», deJosé Malhoa; e à entrada, do lado direito,océlebrequadrodeColumbanoqueeraaconsagraçãoparaa históriadoirreverenteevalioso«Grupodo902 Leão».

Apresençasimbólicadestegrupopermanecerelevantenosmeios - ar tísticosportuguesespoisse,porumlado,asualigaçãocomoartistasre

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QUEIROZ, Amilcar de Barros 1(95 ). Da Promotora de Belas-Artes e do Grémio Artístico à Sociedade Nacional de Belas-Artes, 1860e1951. [em linha]. Disponível em: https:/www. / snba.pt/index.php?article=34&rstrun=false [Consult.8out.]. 2019 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


sobretudonoencontrodeanidadesmaisdoquenacriaçãodeobras- con juntas,tambémnãodeixamdearmarprincípioscomunsqueestãosubja centesàvertentedeintervençãoporviadeumacertapressãoinstitucional. Aideiadeumacriaçãoartísticainovadoraparaalémdosparâmetros aca démicoslevaaquepreconizemqueosateliersseexpandamparaoarlivre, fazendo da paisagem um motivo com maiorliberdade de experimentação e expressão, na distância dos impressionistas que, em Paris, algunsterã observadocomreserva.Jáemé, 08 1 dasociabilizaçãodestesartistasque nasce o projeto do Salão deArte Moderna. E, desejosos de maiormodernizaçãoartística,sãodissidentesdaSociedadePromotoradeBelasArtes criando o movimento que leva à fundação da SNBA, nela ecoando o seu casoeexemplonoséculoXX.

A SNBA ( Sociedade Nacional de Belas Artes) torna-se assim, en tretanto,localdeencontrodosartistasecâmaraderessonânciadassuas açõesconjuntas.fundada É emapós 109 umprocessoquevemdemeados doséculoXIXequepassapelaexistênciaemLisboadeumaSociedadede BelasArtes,seguidanonaldoséculopelafusãoda SociedadePromotora deBelasArtesedoGrémioArtístico.Desdeasuaconstituiçãotrata-se,tal como o nome indica, de uma sociedadeque ( integra artistas e arquitetos, críticos,historiadoresousimplesmenteamantesdasartesplásticas),l assentenaexistênciadesóciosquepagamumaquota,oqueconferealguma autonomiamesmoquehaja,pontualeirregularmente,apoiosestatais.Com edifício próprio desde,3palco 19 de lutas importantes nos cruzamentos 210 daartecomapolíticaÇ ali , decorreminúmerosacontecimentosartísticos quecolocamestainstituiçãonumlugardestacadodaculturaartí - sticap tuguesa,pugnando democraticamentepeladefesadaarteedosartistas, promovendo o ensino artístico, realizando exposições e outras iniciativ 211 e colaborando com outras instituições culturais. No cumprimento Ç dos objetivos denidos nos Estatutos, a SNBAfaz porpromover e auxiliar o progressodaarteemtodasassuasmanifestações,defenderosinteresses dosartistase,emespecial,dosseusassociadoscooperar ;). ( comoEstado ecomasdemaisinstituiçõescompetentesemtudooqueinteresseàarte nacionaleaodesenvolvimentodaculturaartí212 sticaÇ .

210 TAVARES, Cristina Azevedo .)6102( 115 anos da Sociedade Nacional de Belas Artes. [em linha]. Disponível em: https:www. / / snba.pt/index.php?article=2&10 rstrun=false [Consult.out. 8 ]. 8102 211 Ibidem. 212 SNBA.SociedadeNacionaldeBelasArtes.) 9102( Estatutos.[emlinha].Disponível em: https:snba. // pt/a-snba/estatutos/ [Consult.fev. 82 ]. 120 GRUPO ACRE FEZ

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Nessaatividadedestacam-seossalões,logodesdeafundação, - inú meras exposições coletivas, algumas das quais de grande participaçã impacto,exposiçõesindividuais,encontrosdeartistaseoutros prot tasdopensamentoartístico,amadoreseamigos,conferênciasecolóquios participação em comissões consultivas e debates sobre políticas cult e artísticas, bem como uma aposta pedagógica marcada pela criação de cursosdeformaçãodestinadosapúblicosvariados. ,assim, É umainstituiçãoqueoperafundamentalmentenaprodução de eventos artísticos, por onde muitos grupos de artistas passam, on acontecemmuitosdebatesqueconsolidamocampodasideiasedaaçãoao longodetodooséculoXXe,frequentemente,temsidoportadoradavozdos artistasedosseussectoresnaspolíticasculturais. O Fado Alide semostra Malhoa,primeiropresidentedaSNBA,alisedesenvolvemaçõesdospaisa gistasdageraçãodeSilvaPorto,dosCincoIndependentes,aliacontecem asExposiçõesGerais,apartirdaª, 2 em,em 7 491 queaPIDEirrompea31 de maio apreendendo51pinturas.Alitêm espaço inúmeras exposições de artemodernadepoisdosanos,bem 05 comooutrasatividadesculturaise inclusivepedagógicas,debatescomartistas,arquitetoseoutros,enco decríticosdearte,etc. Defacto,aSociedadeNacionaldeBelasArtestemumahistóriatão expressiva na arte portuguesa modernista e contemporânea que - a inst tuição é condecorada em 1983 e em 204.Artistas como Lima Carvalho e Clara Menéres, membros do GrupoAcre, ali ocupam cargos de direção e expõem individualmente e em coletivas. E ali o próprio GrupoAcretem umespaçoespecial.

Nestepériplohistóricosobreatividadesdeartistasqueexprime algum modo, umatendência associativista ou coletivista,formalment não, no nosso país, destaque-se o ano de.A 19 Sociedade Silva Porto, grupo dedicado a um paisagismo naturalista existente entre0 9e1 ,219 abreentãoumaexposiçãopatrocinadaporCarlosReis. MasesseétambémoanoemquesetepintoresoriundosdaEscolade BelasArtesdeLisboaequetinhamestudadoemParisÂManuelBentes, Eduardo Viana, Emmerico Nunes, Alberto Cardoso, Francisco Smith, Domingos Rebelo, F.lvares Á Cabral e o brasileiro Roberto Colin  cam conhecidoscomo Os Livresnumaexposiçãonacapital,naqualmostramas suasinuênciasdiversas,ummistodopaisagismodeBarbizoncomMon ePuvisdeChavannes.213DizManuelBentes,opromotordaexposição:

213 FRANÇA,José-AugustoAnos .) 9 1 ( . O01 m de Oitocentos e osAnos. Ç01

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In

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Queremos serlivres! Fugimos aos dogmas do ensino, às imposições dos mestres e, quando possível, às inuências das escolas, porque cremosqueosartistastêmumasóescolaÂaNatureza;umdogma únicoo  Amor. 412

O programa é contraditório numa linha que tanto defende a Natureza, como se pretende anti-naturalista, na prática atestando o de sejo de afastamento dos antigosvalores e, poroutro lado, não aceitando uma aproximação ao impressionismo.Aexposição acaba criticada como medíocreoupoucoexpressiva(Amadeorecusaparticipareexprimeoseu desacordo) e surge como parca alternativa a exposições melhores - de ar tistastidoscomoconvencionaiseatédeViana,quesemostra - individ mentepoucomaistarde.Maséjáumsinaldomodernismonascenteque, embreve,surgemaisnítido. Se esta exposição de nalidades reativas acaba em fracasso, já I o Salão dos Humoristas no Grémio Literário é, no ano seguinte, um suces socomdireito vernissage a presidencialegrandeauênciaeaceitaçãodo público,emboratambémnestecasodos Humoristascontinueanãoexistir trabalhoquepossasertidocomocoletivo,esetrate,comoantes,deuma conjugação de interesses, neste caso em torno da homenagem a Rafael BordaloPinheiroeCelsoHermínio.ExpõemAlmada,CristianoCruz,Jorge Barradas, etc., sob presidência de Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro,lho de Rafael e como este caricaturista, revelando a exposição anidades no despojamentoformalenarrativo,sobretudocentradosnatradição - dodese nhodecaricaturaenohumor. Ema ,519 pardaIGrandeGuerraaindaàdistânciadePortugalnessa 512 altura,surgeoabalosísmicoÇ do Orpheu,artistaseescritoresassocia dosaomovimento modernista,ao futurismoeàrevistadenomeidêntico que,denovo,constituemumareferênciaqueecoaaolongodetodooséculo XXedepois.LuisdeMontalvôr,MáriodeSá-Carneiro,RonalddeCarvalho, Fernando Pessoa, Alfredo Pedro Guisado, José de Almada Negreiros,

412 512

PERNES,FernandoCoord. ( .) 9 1 (,) Panorama da Arte Portuguesa do Século XX. Porto:FundaçãodeSerralves/CampodasLetras,p..24 SILVA, Raquel Henriques.)59 1 Sinais ( de ruptura: livresÇ e humoristasÇ. In PEREIRA, Paulo Dir. ( . ) 5 ,9 1 ( História da Arte Portuguesa.Terceiro Volume. Do BarrocoàContemporaneidade.Lisboa:CírculodeLeitores,p.. 963 LISBOA, Eugénio.)7 91 ( O Segundo Modernismo em Portugal. Lisboa: Instituto daCulturaPortuguesaM./ E.I.C.Secretaria / deEstadodaCultura,p..31

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Armando Côrtes-Rodrigues, José Pacheco, Santa-Rita Pintor, Eduardo Guimarães,ngelo  deLima,RaulLeal,ViolantedeCysneroseAntónioFerro colaboramnarevista,candoassentequepretendemsubverterasituação socialecultural,darumabofetadanogostopúblicoÇsacudir , as-águas,es candalizar,criarumanovaformadeveromundo.AlmadaNegreiros,central nessalutairreverenteeatéporvezesquaseinsultuosaemproldarenovação edomodernismo,alinhanotomgeraldosmanifestosdequeosfuturistas lançammote,fazendosoaremo 519 seu Manifesto anti-Dantas e,em, 719 o Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XXque ( chegaa fazeraapologiadaguerra)entre , outrostextosdeclamados.Comas Notas para uma Estética Não-Aristotélica deFernandoPessoa-lvaro Á deCampos publicadas ( emca,) 4291 secientedeumaespéciedebrevecoronemsem 612 pre anado, de umavontade de épaterÇ que se sobrepõe aofuturismo, 712 estereveladomaispelostítulosdoquepelosistemaformalÇ . Nesse coroforça-se, ainda, a integração deAmadeo que, depois de Paris,seisolaemManhufe,frequentando,semencontros,ocírculosimulta neístadosDelauneyeque,emrealiza , 719 duasexposiçõesPorto ( eLisboa). Mas,comoarmaFrança,defuturistapoucotinhaÇ218E. permanecemain 912 daecosdeumSanta-Ritadeatmosferalendáriaou ( defumisterieÇ tal ,) vezomaisfuturistadefacto. Depressa há dissensões, tornando problemático o terceiro número da revista, mas otomacre, ( poderia dizermaistarde Clara Menéres) está achadoevaimanter-senaediçãodePortugalFuturista,doisanosdepois, claramenteassociadaaofuturismoecommaisnomesinternacionais. Para além da revista, mais do que a criação conjunta de obras, - de vemreferir-seanidadesdeperspetivadestesautoresfaceaoseutempo, marcadasnãoapenaspelavontadedeesqueceropassadonão ( olharpara trás,comoOrpheu)einovar,mastambémdeconstruiramodernidade.Esta assumediferentespersconformecadaautordogrupo,porvezesrecupe randoasanterioresviasdoimpressionismoedosimbolismo,mastam apostando, como no caso de Santa-Rita e Amadeo, na procura de novas espacialidadesessenciaisàrenovaçãodosdiscursosartísticos.

612

FRANÇA, José-Augusto s/ ( d..)A Lisboa,LivrosHorizonte,p.. 71 712 Idem,p..81 218 Idem,p..2 912 Idem,p.62 .

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Arte e a Sociedade Portuguesa no Século XX.

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Figura 64 Portugal Futurista.Capada revista.. 719

Enquantoestesartistasprocuramintensamenteviasinovadoras, o tros,maistradicionalistas,organizam-setambémemgruposde - estabili de casual. O paisagismo naturalista continua a ter adeptos e o chamado Grupo Ar-Livre II, ativo com Carlos Reis, Falcão Trigoso, António Saúde e Alves Cardoso entre 91 e ,3291 realiza as suas exposições no Salão Bobone, podendo ainda assinalar-se a presença na cena portuguesa do Grupo Silva Portoemtambém ,139 comCarlosReis,entreoutros,epro pósitosidênticos.

AdenominaçãoOs Independentesémarcantedurantedécadas,repetindo-secomorótulodegruposdiferentes,normalmentesemcongura çãofechada. Surge em Portugal em,3já 291 depois de, nos contextos internacio nais,serusadaparaarmarviasalternativasouinovadorasfaceapoderes instituídos nas artesveja( se o caso Salon dodes Indépendants anual, em Paris,realizadopelaassociaçãodeartistashomónimadesdeque, 48 1 por GRUPO ACRE FEZ

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suavez,estánahistóriadebasedacriaçãodaSocietyofIndependentArtists emcujoprimeirosalão,naNovaIorquedecerta , 719 Fountainérecusada.

Figura 65 Almada Negreiros. Auto-retrato num grupo. Café ( .5291 ABrasileiradoChiado). leo Ó s/tela,cm. 7 91x03 MuseuCalouste Gulbenkian.

Por cá, o nome começa por batizar a aparição conjunta de Dordio Gomes, Henrique Franco, Francisco Franco, Alfredo Miguéis e Diogo de Macedo, com os convidados Almada Negreiros, Eduardo Viana e Milly Possoz. São Os Cinco Independentes.Tal como nos casos anteriores, a designação não envolve qualquerprojeto comum, a não sertalvez, nova mente, uma certa comunidade de ideias enraizadas, neste caso, na - esta diaemParisdosartistas:édeclaradaavontadededemarcaçãoda - peque neznacionaledeapareceremconjunto,emostram-seobrasindividuais Aapariçãoemgrupoé,sobretudo,estratégica.Aliás,éexpressivo Auto-o retrato num grupo que Almada pinta para a Brasileira em 1925 e que lá permanece até 179 (hoje na coleção da Fundação Calouste Gulbenkian), sobre o qual o próprio artista refere mais tarde a falta de outros, d 19

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outros iguais a mim, de outros que venham tercomigo e eu com220 elesÇ. Noentanto,hánovidadesnosdiscursosenalinguagemartísticaque usam, pois quase todos procuram alguma sintonia com as expressões do seutempo, seja pelas sugestõestemáticas, seja pela aproximação à-frag mentação espacial do futurismo e do cubismo, ao colorido simultaneísta, porexemplo.E,aosabordotempo,publicam-semanifestosquedeclaram princípios,pornorma,distintivos,oupretendendosê-lo. Diversas exposições acontecem na SNBA, entre039e1 ,53sob 91 a égidedosIndependentes. Oº1 SalãodosIndependentes 221abreemmaiodena 0391 SNBAcom aparticipaçãodeartistas 94 deváriasgeraçõesecamposartísticos - pintu ( ra,escultura,arquitetura,desenho,gravura,ilustraçãoefotograa)depois , deestarprevistoparaojardimdeInvernodocinemaS.Luís. Aexposiçãoarma-sevoltadaparagentenova,europeia,visandouma renovaçãoculturalqueomanifesto,redigidoporAntónioPedro,explicita. Estão presentes nafotograa da inauguraçãoAbel Manta, Menezes Ferreira,RuiGameiro,ArlindoVicente,LuísCristinodaSilva,AntónioPedro, CarlosBotelho,DiogodeMacedo,JoséTagarro,OféliaMarques,Bernardo Marques,Jorge Barradas, António Duarte, LuísTeixeira, Olavo DEça leal, Luís Reis Santos, Carlos Queirós. E há também obras de Dordio Gomes, MárioEloy,CarlosRamos,FranciscoFranco,LinoAntónio,JorgeSegurado, Almada Negreiros, Sara Afonso, Mily Possoz, Júlio, Cottinelli Telmo, Raul Tojal, Mário Novais, etc., ou seja, uma parte muito signicativa dos - artis tasvivosembora ( estejamausentesdoisarquitetosqueentãodesenvolvem grandesobras:PardalMonteiroeCassianoBranco). Osalãoéassim,umacontecimento,queocatálogodocumentaamplamenteeestendeaoutrosdomíniosdareexão.Tambémsãoapresenta dosváriosprojetos,grandepartenuncarealizados,comoafundaçãodeuma Sociedade Portuguesa deArte Contemporânea, ideia jávinda detrás mas falhadadenovo,arevistaManifestoDiogo ( deMacedoeAntónioPedro)e umCancioneiro,nogeralcombastanteimpacto.

220 LEITE, SoaAuto.)6102( retrato num grupo, de Almada NegreirosÇ. RTP Arte num minuto.ProgramadaRTPemparceriacomaFCG.[emlinha].Disponívelem: https:www. / / rtp.pt/noticias/cultura/auto-retrato-num-grupo-de-almada-negrei ros_v96 74 43 [Consult.ag. 92 ]. 7102 221 FRANÇA,JoséAugustoHá.) 0891 ( cinquentaanos.OsIndependentesde. Ç0391 Colóquio Artes.Nºsetembro, ,64 p.e342 Lisboa: .5 FundaçãoCalousteGulbenkian. GRUPO ACRE FEZ

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Figura 66 António Pedro. Manifesto do 1º Salão dos Independentes. . 0391

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Mas,seexisteumespíritodotempoeumaideiademodernidadepa tente,asobrasnãodeixamdearmardiscursosindividuais. O mesmo nome surge maistarde numa exposição de estudantes na ESBAP, no Porto em abril de,3491a ª 1 de uma série de 9 exposições de Independentes até :05Júlio 91 Resende, NadirAfonso, Fernando Lanhas elemento ( maisdestacadoapartirdaª 2 exposição)Arlindo , Rocha,António Sampaioeoutrosqueconstituemaformaçãoinicial.Depois,juntam- sepou coapoucoArthurBarbosadaFonseca,MartinsdaCosta,VictorPalla,eRui PimentelArco) ( Após . aª 3 exposição,ogrupoperdeocarácterestudantil, comaadesãodeJoaquimLopes,DordioGomesIndependente ( jáde,)3291 AbelSalazar,CarlosCarneiro,GuilhermeCamarinha,AntónioAzevedo,Júlio Pomar,NeveseSousaeAntónioCruz,fazendoaindaparteAmândioSilva, AntónioLino,AníbalAlcino. Sob dinamismo portuense centrado em Fernando Lanhas, os locais variam,conformeascondições:Porto,Lisboa,Coimbra,LeiriaeBraga.No catálogodaexposiçãodediz,4 91 se:Estetítulo,ExposiçãoIndependente, nãoéumnomedeacaso.Signicaportaabertaatodasascorrentes,tribu na acessível às maisvariadíssimastendências plásticas, alheia a compr 222 missosestéticos. Ç Haveráainda,em,na 95 1 SNBA,aexposição 50 Artistas Independentes, que surge em concorrência com o salão dos Novíssimos, do SNI, assim conotando este com a dependência do regime. Os Independentes desão, 9( 5 1 defacto,1artistas 5 oriundos,muitosdeles,dasExposições 223 Gerais,nummomentoparticularmentecríticodavidapolíticanacionalÇ ) têmumacomissãoorganizadoraconstituídaapenasporartistas:Conceiçã Silva,João Abel Manta, Fernando de Azevedo,Jorge Vieira,Júlio Pomare MarcelinoVespeira,comapoiodeJosé-AugustoFrança. Tambémnestecaso,adesignaçãonãotraduzaexistênciadeumgru po de artistas com programa criativo que tenha como consequência uma obra de autoria comum. Há, sobretudo, elos de anidades, nuns casos de natureza política, noutros de ordem estética, formal, iconográca e até mesmoafetiva,queinvocamnaexposiçãoumaposiçãomaisoumenoscon junta,emquesepercebetantoodesejodemaiorsentidodemodernidade, porexemplodetendênciaabstrata,comoaspreocupaçõessociaismarca daspelarealidadeatravessadapelalutacontraaditadura,pelaliberdade.

222 GONÇALVES, Rui Mário.) 0891 ( Pintura e Escultura em Portugal e10491 089 . Lisboa:MinistériodaCulturaedaCiência/SecretariadeEstadodaCultura,p..43 223 FRANÇA,José-Augusto.) 74 91 ( Arte em Portugal no Século XX.Lisboa:Bertrand, p..384 GRUPO ACRE FEZ

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Ao contrário dos Independentes, cuja aparição se desdobra- duran te três décadas sob intenções nem sempre idênticas, o fulgordo Orpheu é breve, mas ecoa longamente, apesar de, no campo literário, ser uma geração seguinte, a daPresença, que melhor defende escritores mais velhos como Pessoa. A partir da revista assim designada, publicada Coimbraapartirdeaté 7291 e0491 assumidanocabeçalhocomoFolha à e Arte e Crítica, pontuamJosé Régio,João GasparSimões e Branquinho da Fonseca,sobumatendênciacríticageralparaalgunsdefensorade - esteti cismo, individualismo e psicologismo, nem sempre justamente. A revi é mais vocacionada para a literatura e surge no esteio da NRFNouvelle ( Revue Française, em que se destacaAndré Gide),tal como esta assumin do-se como um agrupamento deamigos sem doutrinafechada e, embora comoestavenhaaseracusadadecapelinhaÇtem , inuêncianopensamen toestéticoqueabrangeasartesplásticas,criandopontesentreestas literatura,comartistasquegravitamnasproximidades.Ali - sepubli tervençõesdosjáreferidosRégio,FonsecaeSimões,mastambémdeRaúl Leal,ManueldeOliveira,DiogodeMacedo,AntóniodeNavarro,Fernando LopesGraça,DelmSantos,JoséMarinho,MárioSaa,JoséBacelar,Adolfo CasaisMonteiro,AlbanoNogueira,GuilhermedeCasquilho,etc.e, até-pá ginasdosfuturistasPessoa/ ( lvaro Á deCampos,AlmadaNegreiroseMário deSá-Carneiro)fazendo , ligaçãoenteCoimbraeLisboa. Percebe-se nos textos mais inuentes deJosé Régio  aquele que entãomaisescrevesobreartee( cinema)enãoapenasliteraturao  ênfasedadoàsquestõesartísticasemsieàpaixãodoartistaque,nasuaobra, podefazertransparecerorealmasnãodeveserissoqueomove,massimo jogoexistentenaexpressãoartística.OidealdoArtistanadatemquever comodomoralista,dopatriota,docrente,oudocidadãoÇescreve , Régiona 42 Presençadefevereirode8291 Alguns . artistascolaboram,sobretudo gra camente: Almada,Júlio, Bernardo Marques, Arlindo Vicente, Mário Eloy, porexemplo.OprogramaideológicodaPresençaherdaalgumairreverência doOrpheu,masémaismoderado,construindohipótesesdeconciliação en trearealidadeeaexpressãoartística: Sem aTorre de Marm, não chegaria a haverexpressão conseguida, obradearterealizada.Semadescidaàvida,nemessaexpressãoseria

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RÉGIO,José.)Literatura 8291 ( Livresca e LiteraturaVivaÇ. Presença. Nº, 9 de fevereiro, p. .2 [em linha]. Disponível em: https:digitalis// dsp.uc.pt/bg4UCBG/ RPe1e5-s1_3/UCBGeRPe1e5-s1_3_master/UCBGeRPe1e5-s1/UCBGeRPe1e5-s1_ item1P6/ html .5 [Consult.ag. 1 ]. 02 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


expressãoartística:poisseriaocontinentesemconteúdo,aexpressão 52 semoexpressoexpressão  retóricaemseusentidopejorativo.

Nos seus 31 anos de existência, a Presença surge com sinal opos to, mais conservador, relativamente ao Orpheu, a cuja herança acaba por darcontinuidade.Sobretudo,tiraramaprimeirageração,elogoFernando 62 Pessoa, do parêntesis em que a vida nacional os fecharaÇ , atualizando premissasadquiridasdaapologiadofuturismo,sóquenumtomdistanciad ecrítico: Depois,entraafanfarrados ismos!OFuturismoexigealiberdadedas palavras!proclamaapinturasimultânea!Magnicaolirismodaforça, da saúde brutal, da alegria animal, davelocidade, do sol! O cubismo desenvolvenovasharmoniasdecores,novasarquitecturasdelinhas, novosjogosdevolumeÂrefazomundopelacabeçadoscubistas!O expressionismodesencadeiasobreanaturezatodosossonhos,febres, ânsiasetormentasdohomeminterior.ODadaísmodeclaradesprezar aArte,reduzindo-aàrevelaçãoespontâneadohomemprimitivo.Oul tra-realismoafastatodaarealidaderealista!Masteoriassucedem-se, combatem-se,negam-se,aniquilam-se,satirizam-seÂnascemnum dia, morrem num mês..T. odas as construções dogmáticas, todas as 72 armaçõesgeneralizadorasruem.

Aberta a diferentes colaboradores, defensora da arte pela arte e da liberdadeinterioreindependência,arevistaintegraaindaos-queserãofu turosdissidentesdalinhamaisformalistaeindividualista,carentes outroconceitodeenraizamentosocialdopensamentoestéticoque, - entre tanto, se desenha:JoãoJosé Cochofel, Mário Dionísio, Fernando Namora, MiguelTorgaeoutros.NessaalturaODiabo,semanáriodeLisboa,earevis taSolNascente, doPorto,vãoestarnalinhadafrentedaspolémicas,jáno contextodosdebatesdoneorrealismo.

52 62 72

RÉGIO,José.)7691 ( Três Ensaios Sobre Arte.Porto:BrasíliaEditora,p..34 FRANÇA,José-Augusto.Presença )7 91 ( e as artesÇ. Colóquio Artes. Nº,3ju nho,p.e515 Lisboa: .9 FundaçãoCalousteGulbenkian. RÉGIO,José.)Literatura 8291 ( Livresca e LiteraturaVivaÇ. Presença. Nº, 9 de fevereiro, p.. [em 7 linha]. Disponível em: https:digitalis// dsp.uc.pt/bg4UCBG/ RPe1e5-s1_3/UCBGeRPe1e5-s1_3_master/UCBGeRPe1e5-s1/UCBGeRPe1e5-s1_ item1P6/ html .5 [Consult.set. 1 ]. 02

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Retrocedendo no tempo e de novo no Porto, também se distingue em e38291 0 o Grupo Mais Além, com arquitetos e pintores: Guilherme Camarinha, Dominguez Alvarez, Adalberto Sampaio, Arménio Losa, Artur JustinoAlves,AugustoGomes,CruzLima,FernandoLeão,FortunatoCabral, JanuárioGodinho,LauraCosta,LuísdosReisTeixeira,MárioCândidoMorais Soares,MendesdaSilva,VenturaPorfírio.Numantagonismoimediatamen tediretoàhomenagemdacidadeaopintorMarquesdeOliveira,paradigma naturalista,ogrupoexpõeemno 92 1 SalãoSilvaPorto.Pretendeumadi ferenciação do ensino académico e da estética naturalista, armando no Manifestopróprio, Em Defesa da Arte,queaartedeveconstituir-secomo 228 qualquercoisa que grita, que nos contorce e nos abre a sensibilidadeÇ . Mas, além dessa obrigação emocional, defende-sea responsabilidade da arte na transformação da sociedade através do seu poderde interpelare emocionarcada indivíduotendo, porisso, a obrigação de iralém à da pura 92 mestriatécnica. Ç EsseiralémÇé,nofundo,asuapalavradeordemqueserefereàbus cadeumadimensãoexpressivae,sobretudo,deumarelaçãopróximacom oseutempo,queconsideraminexistenteouinsucientenosoutrosartist deentão,mesmoquesabedoresdoseuofício.

NumalinhadeoposiçãoàPresençapordiferendospolíticos - etam bém assentes na sua via mística, Cândido Costa Pinto, jovem pintor na turaldaFigueiradaFoz,fundaemCoimbra Grupo o dos Divergentesem 193 e32 com outros artistas: Manuel Filipe, Chorão Ramalho e Alcindo Madeiro. Não é então aindavisível a expressão surrealista que irá - carac terizá-lo após 194, quando expõe individualmente no Estúdio do SPN, depois de uma coletiva académica em Coimbra em 3 e de uma parti cipação no 5º Salão de Arte Moderna do SPN em Lisboa, no ano ante rior. Desse grupo, não parece haveroutros sinais, mas pode evocar-se a conferênciadaqueleartistaem1945,intitulada O Complexo Conceptual,

228 MELO,AnaVasconcelose;FERREIRA,Emília.)60 2( DominguezAlvarez,07 RuadaVigorosa, Porto . Exposição na Fundação Gulbenkian, 81de Maio a51de Outubro de.60 [em 2 linha]. Disponível em: https:gulbenkian. // pt/museu/past exhibit/ dominguez-alvarez-rua-0 7 da-vigorosa-porto/ [Consult.jul. 03 ]. 9102 92 SOARES, Maria LeonorBarbosa.)30 2( Pensando Sobre oTemaEm à Redordo SéculoXX.T. rajectos da Pintura e da Escultura.Apontamentos para um estudo conjunto, galego e português, sobre a prática artística com origem a norte do DouroÇ. Revista da Faculdade de Letras Ciências e Técnicas do Património.ISérie vol. ,2 p..816Porto: Universidade do Porto. [em linha]. Disponível em: http:ler. // letras.up.pt/uploads/cheiros/pdf .4392 [Consult.jan. 52 ]. 01 2

1 97

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quesobinuênciadoKrishnamurtipugnapordesembaraçaraperceção 230 detodos os preconceitosÇ .

Comosanosevolui, , 03 entretanto,oqueseráomaislongoeexpres sivo movimento sob sinal não exatamente coletivo, mas acentuadamente totalizante,caracterizando-seporenormepesoinstitucionalemlongodas décadasseguintes.o É que,semnomenemgruposdenidosoufechados, vaiestarsubjacenteàartedoEstadoNovoedosalazarismo,demodo-bas tantecomplexoecontraditório. Em 3 9António 1 Ferro, jornalista moderno da geração do Orpheu, propõe a Salazar, recente e jovem governante, a mobilização da arte, da literaturaedaciênciaparaaconstruçãodagrande à fachadadeuma - nacio 231 nalidadeda , nacionalidadequeSalazarsepropunharefazer. Ç Nãosetratadeumprogramaestético,mas,sobretudo,político,visan doamoldagemdeumaimagemdeidentidadecomum,comoexemplode Mussolinipresente,equeseestabelecenoacordoquedaíresulta,umcon 232 trato moral e políticoÇ. Bem posicionado e informado, Ferro é colega de liceudeMáriodeSá-Carneiro,dá-secomartistaseescritoresdesdejovem, assiste à exposição dos Livres de,1 dos 9 Humoristas, dos Modernistas; sidonista, é editordo jornal República e desenvolve uma carreira - jornalís ticaeliterária,viajandomuitoeentrevistandocelebridadespolí - ticasec turais internacionais. Ele é, assim, a alma do novo SPN Secretariado ( da Propaganda Nacional), o ideólogo central na modelação da nova imagem modernistadaidentidadelusanoEstadoNovo.Paraele,aartedeveterum efeitodecoesãohistóricaemítica,deintegraçãoeunicaçãodosterritó rios,dospovosdocontinenteecolónias,deharmonizaçãoconvenientesob aégidedoportuguesismoÇnuma , imagemdecomunicaçãoecazqueuna ossentidospopular,eruditoemoderno. E,paraesseefeito,concorreminiciativasdiversasdoseucunho,tais como, em 5391 a I Exposição de Arte Moderna do SPN, depois levada a Genebra,a II,III e IV Exposições de Arte Modernanosanosseguintescom os Prémios Columbano e Souza-Cardosoea Exposição de Arte Popularde a ,6391 participaçãoportuguesaemna 73 Exposição Internacional de Paris e em 93 na Exposição Internacional de Nova Iorque e na de S. Francisco, todas com ampla participação de artistas e arquitetos modernos como

230 GONÇALVES, Rui Mário.) 0891 ( Pintura e Escultura em Portugal e10491 089 . Lisboa:MinistériodaCulturaedaCiência/SecretariadeEstadodaCultura,p..2 231 PORTELA,Artur.)2891 ( Salazarismo e Artes Plásticas.Lisboa:InstitutodaCultura eLínguaPortuguesaMinistério / daEducaçãoeUniversidades,p.. 71 232 Ibidem. GRUPO ACRE FEZ

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Almada,EduardoMalta,GuilhermeCamarinha,JorgeSegurado,KeilAmaral, BernardoMarques,EmméricoNunes,CarlosBotelho,FredKradolfer,Abel Manta,DordioGomes,Tom,FranciscoFranco,AntónioDuarte,etc.

Figuras 67 esquerda: À Revista Portugal Colonial. direita, À .139 capado catálogoda Exposição de Arte Popular Portuguesa. .6391

A certo ponto, surge o rótulo Grupo do SPN233 aplicado a Botelho, Bernardo,Tom,SoareseBarradas,CantodaMaya,BréeeBarataFeio,em bora não corresponda defacto nem a uma associaçãoformal, nem a uma postura ideológica de cada um deles em adesão e coerência total com o Estado Novo. Calhavam-lhes bem as encomendas. Seja comofor, acabam porconsubstanciarumaestéticadoEstadoNovo. Poresses anostambém, de 53 em diante, Duarte Pacheco está por trás da renovação arquitetónica que dá novo rosto a locais um pouco por todo o país, com destaque para Lisboa e Porto patente ( porexemplo nos cinemasCapitólioeden, É doInstitutoSuperiorTécnicoedaCasadaMoeda, denovosbairroslisboetas,doplanodoMonsanto,entreinúmerosprojeto quediversosarquitetosconcebem).

233 Idem,p..5

19

3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Aindanalinhadavalorizaçãodalinhagemcatólicadopaís,em8391 inauguraaIgrejadeNossaSenhoradoRosáriodeFátima,emLisboa,obra denovoscompromissoscomomodernismoeartistasvisíveis:Almada,Lino António,FranciscoFranco,LeopoldodeAlmeida,AntóniodaCosta,Xavier deAlmeidaeAnjosTeixeira.PardalMonteiro,oarquiteto,identicamoder 432 nidadecomressurgimentonacionalÇ . Dois anos depois,Exposição a do Mundo Português em Lisboa culmina uma gigantesca ação de propaganda, nela colaborando dezenas de artistas. E o seu secretário-geral é Ferro, homem da conança de Salazar e diretordo SPN,também presidente da Emissora Nacional e membro da comissão portuguesa para oAcordo Cultural Luso-Brasileiro. Salazar, um homemdehorizontesrurais,governa,masprecisadosentidocosmopolita deFerroparaapolíticadoespíritoÇ:

ApolíticadoespíritoÇteráoOrpheuÇnasuagéneseeSalazaràsua ilharga, mas é uma criação de Ferro. Ferro herda, da sua experiência futurista, o sentido de integração, de articulação, dasvárias expres sõesculturais,etambémoimediatismo,oimpacto.OqueFerro-pro põeeaplicaé,simultaneamente,comoqueo reformismo do futurismo suspendendo ( a ruptura que ele exigia), aprossionalização política do futurismomuito ( maiscontinuadaqueastentativasmarinettianas do futuro-fascismo), o esboço datecnicização do futurismo mobili ( zando e articulando as diversas expressões culturais, já os meios de comunicaçãodemassas).Éumapolíticaglobal,integrada,depropa ganda, de já acção psico-social, de lição estética, de transformação sócio-cultural:ocinema,oteatro,ojornal,arádio,afesta,ocartaz,a montra,aexposição,adecoração,obom-gostoÇ,asartesgrácas,a publicidade, oturismo, a invenção do rosto cultural modernos do re gime, a mobilização de consideráveis sectores culturais e artístico 532 portugueses.

A ExposiçãodoMundoPortuguês,queinauguraemjunhonaPraçado Império , éacoroadeglóriadeFerroeummegaempreendimentonacional, meioabsurdoemplenaIIGuerra,afestejaroduplocentenáriodaindepen dênciadopaísedarestauração.Noanoanterior,debatespréviossãoprota gonizadosporRessanoGarcianaSNBA,queacentuamclivagenspolíticas comacusaçõesfeitasporaqueleapossíveisopositorescomocomunistasÇ

432 532

Idem,p..6 Idem,p.. 95

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einimigosdaNaçãoÇ,emboradaínãoresulteaexclusãodosmodernistas dos projetos do certame, pelo contrário. O estardalhaço provocado pela polémica centrada em Ressano Garciavai unirposteriormente os artis numatendênciadeoposiçãoaoregimeeincentivaratendêncianeorrealista

Figura 68 MapadesdobráveldaExposiçãodoMundo Português . . 0491

Mas,nãoobstante,durantemeses 41 sucedem-seconstruçõesdepa vilhões e preparam-se exposições, cortejos, objetos, pinturas e esculturas monumentais,quesãorealizadospormilharesdecolaboradores,dezenasde arquitetos,pintores,escultoreseajudantes,nasuamaioriaescolhido osmodernistas.Asdesignaçõesdosdiferentespavilhõesepolos - deacon tecimentos  Descobrimentos, Colonização, Vida Popular, Portugueses noMundoexprimem  bemaapostanaconstruçãodeumaimagemgeral degrandecomunidadeportuguesa,balançodanacionalidade,apoteosee 632 auto-retratodoregimeÇ conguradocomoequilibradoÇ,harmoniosoÇe atualÇmas , osentidomodernistadeFerroparecesairtoldado,aoancorar-se aexposiçãosobretudonopassadoenumaperspetivamítica,prevalecendo 732 nomonacional-historicismodeSalazar .

632 732

201

FRANÇA, José-Augusto s/ ( d..)A Lisboa,LivrosHorizonte,p..5 PORTELA,obracitada,p.. 7

Arte e a Sociedade Portuguesa no Século XX.

3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Figuras 69 Panorama.RevistaPortuguesadeArte eTurismo.Capasdosnºsde ,1 Junhode,1 49 edonº1e15 de ,6 Julhodeambas ,3491 deBernardoMarques.

Arevista Panorama, de1 49em diante, e o grupo de bailado Verde Gaiocontribuemtambémparaaconstruçãodeumaestéticaemqueahis tória e o folclore se cruzam com vocabulários modernistas, procurando a adesãopopular.FicamaindaobrasdeimpactocomooEstádioNacionalea FontedaAlameda,entreoutras,bemcomoprofusaesculturamonumental, mas o pós-guerravem agitaros meios artísticos. O SPN dá lugarao SNI. Em549ainda 1 há uma IX Exposição de Arte Moderna, já a cargo do SNI, naqualparticipammuitosartistas,masapartirdoanoEGAPs seguinteas ( Exposições Gerais de Artes Plásticas) na SNBA catalisam a oposição ao regime,oquetambémfragilizaaposiçãodeFerro. Aideiadeumaartequecongregueumaimagemharmónicadeuma comunidadeportuguesaperdeforçaperanteumacomunidadequevai-apre sentar-semaisdividida,fracassandoasuaauradesucessocoletivo. Aomes motempoquesemantémnaarteumafortetendênciaconservadoradevaloresnovecentistas,odesejodeexpressãodosartistaseacríticaàsformas eatitudesconvencionaisquealimentamomodernismovãoconsubstancia umpensamentoestruturalderuturacomaspetosjánãoapenasartísticose culturais,mas,sobretudo,institucionaisepolíticos. GRUPO ACRE FEZ

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SeadesejadaimagemdoEstadonaculturaeartenovoganhaalguma realidade,nemépacícanemunitáriadebaixodasaparênciasadocicadas. Asuacorrespondênciaaummovimentodefundotalveznuncatenhaacon tecido,emboranospossamosinterrogarsobreisso. Mas,comomissãodepropaganda,osefeitossãoforteseperduram.E oseuapogeuna Exposição do Mundo Portuguêséoicebergdecujointerior emerge,emgrandeparte,asuaprópriaoposiçãocomotendênciadefundo, marcadaporeixosquesevãodistinguir.

Figuras 70 António Pedro..5391 esquerda: À Poème ( dimensionnel)Abstractions géometriques.Guacheecartolinas/papel,cm. 5, 71 x 5,42 direita: À AparelhoMetasicodeMeditação cm 52x 81 . MuseuNacionaldeArteContemporâneadoChiado.

Pelo caminho desses anos e já sintomáticos das mudanças-em pro cesso há, ainda, osDimensionistas238 de,5391que centram em António Pedro,acabadoderegressardeParis,umafasepré-surrealistaqueintegra sintomasdasprimeirasvanguardasincluindo ( doabstracionism vimentodada). O Poème Dimensionnelda série de5391já explora a relação entre pintura e poesia e integra-se na tendência dimensionistaque se propõe apagara fronteira entre as artes através da introdução do espaço-tempo

238 Vermais em RIBEIRO, Patrícia M. F. Esquível.)69 1 ( Teoria e Crítica de Arte em Portugal e1129 ( .) 049 Dissertação de Mestrado em História de Arte. FCSH da UniversidadeNovadeLisboa.Cópiaparcial[emlinha].Disponível http: em:dited. // bn.pt/pdf .2 1/2 8 1 92 [Consult.jan. 62 ]. 01 2

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932 comoquartadimensãoÇ T. ambémdesseano, Anti-Isto: Manifesto-Poema, depublicado ( 5391 emno 6391 livro Primeiro Volume)revelaaposturavanguardistadePedroeasuaexpressãomúltipla,tambémporpalavras - eima gens.uma É sériedepáginas,umadasquaiscontendoum

poemavisualsatírico,emqueoautorsemanifestacontra«isto»,ou seja,aquiloqueilustraedeneporescritocomocertas«categorias» sociopopulares que o autor elege, nomeadamente, as domésticas «de parirefazermeias» ou as «velhas de rezaravida dosvizinhos», gruposenraizadossocialmentequenoseuentendimentominampor dentro a sociedade com o espírito mesquinho de pequenez intelec 240 tualeintriga.

Oshorizontesdoartistasão,poismaisamplos,ePedromantémentão encontroscomCalder,Huidobro,JoanMiró,Duchamp,Kandinsky,MoholyNagy e Picabia, num perl internacional pouco claro, mas que produz no anoseguinteummanifestoemParis,redigidoporCharlesSirato.Pedronão apenas subscreve esse manifesto em6391 1 42 , juntamente com Duchamp, Kandinsky,Miró,Picabia,Caldereoutros,comoresume-oporcánaescrita. OmanifestodimensionistadeParisavança,deresto,comaapologia deumaArteCósmicaVaporização ( daEscultura,TeatroSinestésico,deno 24 minaçõesprovisórias) e, Pedro Ç parecesituar-seentãonapreconizadavia operática,wagneriana,queapagalimitesdisciplinares. Poressaaltura,emAntónio ,6391 Dacostajáexpõeobrassurrealistas na Exposição de Artistas Independentes,nasquaisexploratambémalguma iconograasexualsobdesconstruçãoformal. Ummistodatendênciairreverentecoletivistaedatradição - dastertú liassediadasemcaféserestaurantes,quevemdosanos,é,01 entretanto, visível na pintura Grupo do Café Chiado, deArlindoVicente, de, que 93 1

932

042

1 42 24

Excerto do apontamento de Maria Jesúsvila Á no site do MNAC, onde consta tambémaimagemdaobradeAntónioPedro.VILA, Á MariaJesús.) 02 ( Poème ( dimensionnel) Abstractions géometriques, 1935. António Pedro. [em linha]. Disponível em: http:www. / / museuartecontemporanea.gov.pt/pt/pecas/ver//63 artist [Consult.jan. 91 ]. 02 GINGA,Adelaides/ ( d). Anti-Isto: Manifesto-Poema, António .6391 Pedro MNAC. . Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado. [em linha]. Disponível em: http:www. / / museuartecontemporanea.gov.pt/pt/pecas/ver/354 [Consult. 01 set. ]. 02 SIRATO,CharlesEd. ( .)6391 ( ,) Manifeste Dimensioniste.[emlinha].Disponívelem: https:www. / / artpool.hu/TamkoSirato/manifeste_dimensioniste.[Consult. pdf 2 set.]. 9102 Sirato, idem.

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representaAntónioPedro,CarloseAntónioLepierreTinoco,AdolfoCasais Monteiro e Barradas de Oliveira, grupo mais ou menos casual sem uma dominante estética denida. Nesse mesmo ano, uma edição de O Diabo publicanaª 1 página umtexto de KeilAmaralcontraapolémicaconferên ciadeRessanoGarciaque ( tambémAntónioPedrocontra-argumentara)e 243 complementarmente,nointerior vários , artistaseescritorescomoAdolfo Casais Monteiro,lvaro Á Cunhal,António Pedro,ArlindoVicente, Frederico George, João Gaspar Simões, Mário Dionísio, Almada Negreiros e outros escrevem sobre arte moderna em resposta às mesmas questões coloca dasatodos,enunciandodiscursosdeorientaçãoestéticadiversicad emquesurgemjápreocupaçõesporumaarteprogressistaÇenraizadana produçãomaterialÇCunhal) ( a , lutaÇquenãopodedeixardeexistirnaarte Dioní ( sio)sinais , movimento do neorrealista. Naprática,esteenraíza-senosanoscruza, 03 secomosurrealismo e,maistarde,tambémcomaabstração. A tendência neorrealista materializa o sentido de necessida uma arte que espelhe as realidades sociais, tomando-se por exemplo como referência os muralistas mexicanos nisso apostados divu ( num artigo em 35); também desse ano há sinais de uma teoria neorrea lista no texto de Álvaro Salema O antiburguesismo da cultura nova no semanárioGládio, embora a doutrina mais consistente da tendência s 24 desenvolva depois de 40 no campo literário , já após a publicação de GaibéusporAlvesRedol,em. 39 Certo é que ainda em nais dos anos 30 são inúmeras as decla rações de apoio a essa nova estética de fundo social no Diabo, no Sol Nascente e na Vértice, bem como na página de ATarde coordenada por Pomar e em outras publicações. Depois de diversos artigos expressiv em3nomeadamente 8, sobreaquereladorealismoemFrança,noanose guinteháosdebatescentradosnoDiabosobreaconferênciadeRessano Garcia, onde Mário Ramos escrevetambém sobre realismo humanistaÇ; também na Sol Nascente surgem então excertos deLa querelle du realisme.Nomêsseguinte,noDiabo,jáumartigodeRodrigoSoaresavança com a designação neorrealismoÇ aplicada à produção de artistas, não

243

42

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AA/VV 1(9)3. Depõem críticos e artistas. Acêrca da Génese e da Universa lidade da Arte ModernaÇO . Diabo, nº 2,40 Ano V, sábado 29 de abril, p. 4, 5 e 8. [em linha]. Disponível em: http:casacomum. // org/cc/visualizador?pas ta=06 05. 240#!1 [Consult. 3 set. 20]. Contra o zhdanovismo, segundo TORRES, Alexandre Pinheiro .)7 91 ( O movimento neo-realista em Portugal na sua 1ª fase.Lisboa:MinistériodaCulturaeda Ciência/SecretariadeEstadodaCultura. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


apenas de escritores. Essa fase é aquilo a que Rui Mário Gonçalves irá designarcomo fase teóricaÇ do neorrealismo, mais caracterizado então pela polémica nas revistas do que por obras plásticas. Mário Dionísio muitos anos depois, no seu prefácioPoemas aos Completos de Manuel da Fonseca, em,196refere o natural impulso de jovens para encontro e associaçãoemcafésecidadesqueestánabasedomovimentoequenão decorre deforças políticas mais ou menos tenebrosasÇ mas, sobretudo, deumatomadadeconsciênciadejovens,universitáriosounãoe( muitos não)ÇdecoraçãopulsandoportodososhumilhadoseofendidosÇ,surgin do da inquietação, da generosidade e da ingenuidadeÇ e de uma sanha contraastorresdemarmedesejodecertamesdeartemoderna. Em, 0da 491 relação deAntónio Pedro comAntónio Dacosta e ain da com presença da escultora Pamela Boden, surge a exposição na Casa Repedepois ( BarNina,noChiado),quefechanasvésperasdaaberturada 542 Exposição do Mundo Portuguêsde0491 econstituiumdosseusreversos possíveis, revelando também aí que nem tudo se coloca sob a égide dos favores do SPNembora ( Dacosta tenha sido premiado em.Ainda )24 não constituídoscomogrupo,ossurrealistassãovozesdesalinhadas docont togeral,umpoucoàreveliadetudo.Masvãoterpeso. Também em, acabam 04 a Presença e O Diabo, e são publicados os textosEm torno da expressão artísticaporJoséRégioe O que é a arte?por AbelSalazar.EsteúltimoabordaváriostópicosquentesÇcomoaartepela arte,aartesocial,aartehumana,vendonamodernidadeestigmasda - de 642 cadênciaÇ Artista . admiradoumpoucoportodos,éespecialmente-exem plarparaosneorrealistas.Emlvaro Á,1 4 Cunhalilustra Esteiros,deSoeiro PereiraGomes.Alémdosmexicanos,ecoaainuênciadapintura Café,de Portinarivista  noPavilhãodoBrasildaexposiçãodeque  0491 sesoma aoutrossintomasemtextos,ilustraçõesedebatesquecruzamnasmesmas preocupaçõesoscamposdasartes,deliteraturaedocinema. Apartirdeartistas ,2491 eestudantesdaEscoladeArtesDecorativas AntónioArroio encontram-se no café Herminius daAv.Almirante Reis de Lisboa, nascendo o chamadoGrupo do Herminius, que junta sem programa claro neorrealistas e surrealistas:Júlio Pomar, Mário Cezariny de Vasconcelos, Vespeira, Cruzeiro Seixas, Fernando de Azevedo, António Domingues, Pedro Oom,AntónioJosé Francisco eJosé Leonel Rodrigues.

542 642

PINHARANDA, João Lima.) 9Descoberto 1( um artista encoberto de 32 abril.[emlinha].Disponívelem: https:www. / / publico.pt/jornal/ /32 40/9 1 descoberto-um-artista-encoberto-295 31 [Consult.set. 3 ]. 8102 GONÇALVES,RuiMárioobra ,) 0891 ( citada,p..62

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”. Público,

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Asuaactividade,comogrupo,temporvezesumcarácterdadaístaÇ). ( 7 42 . Desse grupo nasce em 34 uma exposição na Rua das Flores e depois as Exposições Gerais,quesevãoconstituircomoalternativaàsexposiçõesdo SPN/SNI, entre 6491 e.65Ainda 91 em,3491no Porto, organiza-se uma novaExposição Independente,dasériejáatrásreferidaqueiráduraraté, 05 sobpropósitosesteticamentepluralistas. Emassinala5491 seuma IX Exposição de Arte ModernadoSPNain da expressiva, já organizada pelo SNI, decorre a Exposição de Arte Sacra Moderna e ganha expressão a pintura neorrealista.Exposição Na dos Independentes no Instituto SuperiorTécnico, organizada porVictorPalla JúlioPomar,estearmanumaconferênciaqueopintornãofechamaisos 842 olhos diante da realidadeÇ . Os seustextos e os dos seus convidados no jornalA Tardesãolidoscomavidezecomentados. Umdeles,Vespeira,nasua Carta Aberta aos Pintores Portugueses942 , defendeanecessidadedeumapinturaparatodoseatacaaprocuradas - be lasformaseoindividualismo.Dele,apintura Apertado Pela Fome,umóleo de649que 1 representa dramaticamente um menino magro e deformado, recordaimagensdaextremapobrezaruralouurbana,ouevocaoscampos de concentração, evai estarna ª 1 EGAP. Essa I Exposição Geral de Artes 052 Plásticas EGAP) ( , em,64marca 91 uma nova fase de união dos artistas em oposição ao regime, sob iniciativa anónima da subcomissão - dos art tas plásticos da Comissão dos Jornalistas, Escritores e Artistas Movimento ( deUnidadePopular).

7 42 842 942 052

720

Idem,p..3 GONÇALVES,RuiMárioobra ,) 0891 ( citada,p..34 VESPEIRA,MarcelinoCarta .)5491 ( AbertaaosPintoresPortugueses A . Tarde, 4 deagosto,p..6 Tem obras de Abel Manta, Abel Salazar, António Pedro, António Saúde, Arco, ArlindoVicente,AugustoGomes,CândidoCostaPinto,CarlosBotelho,Euclides Vaz,FalcãoTrigoso,FernandodeAzevedo,JorgedeOliveira,Júlio,LuísDourdil, Manuel Filipe, Manuel Ribeiro de Pavia, Maria Barreira, Maria Keil, Maurício Penha, Moniz Pereira, Pomar,Vasco da Conceição,Vespeira eVictorPalla, entre outros. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Figura 71 AprimeirapáginadojornalDiáriodaManhã , reveladoradosreceiosociaispordetrásdanecessidade deesmagaraexposição,acabapordivulgá-lamais, dandoaentenderapossibilidadedeummovimentopopular naarte.

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Uma Exposição da PrimaveranoAteneuComercialdoPortoapresenta AbelSalazar,Camarinha,AugustoGomes,bemcomoPomar,ManuelFilipe, MonizPereira,ArcoeJorgedeOliveira,comecosnacríticaquesalientamo alinhamentonaboatradiçãodePortinari,OrozcoeSiqueiros. Naª 2 Exposição Geral de Artes Plásticas,noanoseguinte,amaiorcoesãoemtornodeumprojetoneorrealistaeadireçãopolíticaquetudotoma fazemazedaroclima.Aliexpõem,alémdosartistaspresentesnaEGAP, ª 1 lvaro Á Perdigão,AvelinoCunhal,CarlosCalvet,FredericoGeorge,JoãoAbel Manta,João Hogan,José Chaves Mário ( Dionísio)José , Dias Coelho,José Viana,JorgeVieira,LimadeFreitas,MariaKeil,NunoTavares,SáNogueira, earquitetoscomoFranciscoKeilAmaraleFranciscoConceiçãoeSilva,etc. NacríticadeFernandodePamplonasobreaexposição,aª 1 páginado jornalocialDiáriodaManhãdede 9 maiodeé7 491 sintomáticaedemoli dora.AexposiçãoéconsideradanoartigocomopropagandarelesÇantina , cionalÇe, osartistascomorevoltadossociaisÇquepatenteiama-suamor 152 bidez,asuanevrose,oseuhorroratodaequalquerdisciplinaordenadoraÇ .

Figura 72 Aspetodaª 2 ExposiçãoGeraldeArtes Plásticas,naSNBA,commarcaçãodequadros apreendidospelaPIDE.visí É vel,doladodireito, aobra O Almoço do Trolha,deJúlioPomar. Fonte ( https:www. / / jornalmapa.pt//81 0/81 2 um-grande-comicio-sem-palavras/.)

152

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PAMPLONA,FernandoA .)7 491 ( Frente à PopulardaArteouaUnidade à noPessi mismoenaDesordemÇ. Diário da Manhã,Lisboa,NºAno ,4 74 5 XVII,sexta-feira,9 demaio.

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Dias, depois, a PIDE entra na SNBAe apreende quadros 25 , e diversosartistassãochamadosparadeporealvodeameaças.Peranteartistas enomesdacultura,bemcomonoseuprópriocampopolítico,aposiçãode Ferrofragiliza-se. 352 Pomar,consideradoofarolÇdomovimentoneorrealista destaca, se querpela obra, querpelo que escreve na imprensapor ( exemplo no suple mentodeartesdeATarde,desde,ou 5491 narevistaVértice).Identicamse também na mesma linha artística Rogério Ribeiro, Cipriano Dourado, AntónioAlfredoeAlvesRedol,entreinúmerosoutros.Oseuempenhosurge manifestamenterelacionadocomarealidadesocial,aopressãoeapobreza, numaviaantifascistaporvezescomapoiodoMUDMovimento ( deUnidade Democrática)edoPartidoComunistaPortuguês,entãomuitoativocontrao salazarismo.NostextosnaspublicaçõesjáreferidaseaindanaSearaNova, no Horizonte ÂJornal dasArtes ou no Mundo Literário, pontuam nomes comolvaro Á Cunhal,JúlioPomar,MárioDionísio,AbelSalazareoutros,que pugnamporexpressõesplurais,desdequesolidáriascomumaviapolítica alternativa.NoMundoLiterário,alinhaneorrealistaécompensada-porcon tribuiçõesdeAntónioPedroeAdolfoCasaisMonteiro,criandomaior diver sidade.Emmuitoscasos,arma-sesimplesmenteumdiscursohumanista maispróximodarealidadesocial,comoacontecenocasodeJúlioResende, artistaportuensequeestagianoestrangeiroeque,numalinhaneoexpres sionistaderaizgoyesca,conciliaessavertenteideológicacom -novosuniv sosformaiseexpressivosdegrandequalidadepictórica. Entretanto, sintonizado com uma certa ideia de realidade mais pró ximadosinteressesdoSPN,egranjeandooapoiodeste,Almadapinta - pri meiroentree34 e54 depoisentree64 os 84 frescosdasGaresMarítimas de Lisboa, respetivamente deAlcântara e da Rocha do Conde de bidos. Ó Sãoexpressivosdasuavisãomíticadaportugalidadehistóricaefolclór edeumfortesentidodecorativoque,nosegundocaso,integramais - clara mentetendênciasdomodernismo,comoocubismo.

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AexposiçãoUm grande comício sem palavras,naCasadaAchadaCentro  Mário Dionísio,realizadaentresetembrodee7102 abrildevem ,8102 recordaressaação dacensuraedarepressãodaditaduraportuguesa,mostrandodos 6 quadros 21 apreendidospelaPIDE: O menino da bandeira branca,deAvelinoCunhal, Ordem, deJoséVianaDionísio,Guerra,deLimadeFreitas, S/ título,deArnaldoLourode Almeida,Asilo, de Manuel Filipe e Pintura, deJosé Chaves Mário ( Dionísio)Ç . In FAGUNDES,Teólo.Um )8102( GrandeComíciosemPalavrasÇ. Mapa,Jornalde Informação Crítica.81de janeiro. [em linha]. Disponível em: https:www. / / jornal mapa.pt/um/81 0/81 2 grande-comicio-sem-palavras/ [Consult.set. 3 ]. 02 PorMárioDionísio,ErnestodeSousaeJosé-AugustoFrança,entreoutros.

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Também expressivamente, o convívio entre as duas tendências neorrealista e surrealista rompe-se a partir I Exposição da Geral de Artes Plásticas,principalmentecomaª 2 geraçãodesurrealistas,maisjovens.A parde O Almoço do Trolha, de Pomar,António Pedro tem destaque na ª 1 EGAPcomasuaobra Rapto na Paisagem Povoada,narrativahíbridanuma paisagemcomsintomasexpressionistasesurreais. Nesse ano, a publicação em Portugal de A Arte e a Sociedade, de Herbert Read, rapidamente esgotada, acicata algum apoio ao surrealis mo e à abstração relativamente ao neorrealismo, menos apreciado por aquele autor. Pedro, com Alexandre ONeill, Vespeira, Mário Cesariny, Moniz Pereira, Fernando de Azevedo e José-Augusto França fazem parte do Grupo Surrealista de Lisboa, que integra membros do já referidoGrupo do Herminius.Aliás, na ª 2 EGAPdesse ano, já 7 491 Vespeira está com os surrealistase,depoisdosencontrosnoCaféAMexicanaLisboa, ( Praçade Londres)eemcasadeAntónioPedro,formalizamconjuntamentepropósi tosquejáantespelo ( menosdesdeligam )6391 aosurrealismoaprodução individualdeváriosmembros.Ogrupoé,contudo,instável. Logoemhá 84 umarutura,quandoogovernoexigeumacensurapré via à EGAPe os surrealistas recusam essa submissão, mas esta também sedeveaprevisíveisdiferenças:uns,osneorrealistas,maisortodoxos, em penhados na relação e documentação da realidade social, na denúncia da pobreza e na representação dos dramas davida; e outros, os surrealistas, desejososdeimaginaçãolivre,expressãoeróticaedoinconsciente, - intere sadosnapsicanálisedeFreudedeJunge,aindaporcima,semqualquer -vín culoouapoiodeforçaspolíticas.Nesseano,Pedropublicauma Introdução a Uma História de Arte,háadissensãodeCesarinyeoGrupoSurrealistade Lisboadesfaz-se,emruturacomosneorrealistas. AntónioPedroescreveaindaumpequenotextonoqualsepercebem sintomasdasquebrasdeunidade,emconsiderandossobreaconquista liberdade inerente à experiência surrealista, armando ser). (pela total individualização,quesenostornaindispensávelumaactividadecolect 452 homemnãoébichosolitárionemmaquinismoderelojoariaÇ . O diferendo parece ser, sobretudo, artístico e social, pois no plano político há também nos surrealistas uma forte vertente oposicionist regime.

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PEDRO, António.)8491Postfácio ( a uma actuação colectivaÇ. Texto datado de abrilde.8491 Colóquio Artes.Nºmarço , 08 p. , 98 1 Lisboa: .51 FundaçãoCalouste Gulbenkian. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Figuras 73 Capaefolhaderostodocatálogodaexposição surrealistadejaneirodena , 94 1 Travessa daTrindade,Lisboa.

Asexposiçõessurrealistasdesão 94 1 reveladorasdaenergiacriativa que liga os artistas da corrente  em janeiro num antigo atelierde Pedro e Dacosta, e em julho na antiga Pathé-Baby. Publicam-se os Cadernos Surrealistaseháum cadavre-exquisbem-sucedido,criaçãocoletivaexem plar. A primeira exposição assume também, além dos ns artísticos li bertários, uma faceta claramente antifascista de apoio à candidatura à PresidênciadaRepúblicadoGeneralNortondeMatos,sintomadeabertura política, embora ainda muito limitada pelo contexto político repressor do país.Acapadocatálogoostentaumasimplescruzcomlápisazul,oque,de modossimpleseácido,aludeàcensura. Aliás, o papel dos intelectuais e dos artistas é muito importa nesseprocessodecontestaçãoelutapelaabertura,enãoapenasentão. Dasprimeirasvanguardasàrevoluçãodeos 4, 197 intelectuaismantém-se ambivalentesfaceaoEstadoNovo.AspolíticasdeFerroeanecessidade de sobrevivência dos artistas trazem alguma adesão a projetos ins cionais, mas depois o regime tem diculdade progressiva em - conquis tar intelectuais e artistas, que retomam uma quase tradicional at contraditória, manifestando graus de resistência variáveis, com m GRUPO ACRE FEZ

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assumindo-seemclaraoposiçãopolíticaaoregimeealvoderepresálias Apesardaditaduraque,evidentemente,nãofavoreceaformaçãode gruposdeaçãocriativacomousempropósitosdepressãosocial - oupolít ca,aindaassimvaihavendosinaisdeorganizaçõesartísticasoudeart compersbastantediversos,noqueaSNBAmantémumimportantepapel nalgumesforçopelaaberturapolíticaeestéticanopós-guerra. Pomar mantém-se muito ativo inclusive nas polémicas internas neorrealismo, de94em 1 diante, nas quais se cruzam argumentações de MárioDionísio,JoãoJoséCochofeleAntónioJoséSaraiva. Entreoutrostextosqueexprimemoseupensamentoeaapostaem projetoscomefeitossociais,deparamoscomPomarema 94 escreversobre oartistamexicanoLeopoldoMéndezesobreoTallerdeGrácaPopularde 52 que aquele é membrofundadorem7391 . Com base na entrevista reali zadanoaeroportodeLisboaduranteaescaladoartista,Pomardesenvol vetodaumaargumentaçãoemfavorda gravuracomomeiodedivulgação popular e participação na vida públicaÇ, referindo pintores em equipas usarem os meios grácos para as grandes massasÇ. E, dada a exigência instrumental para isso,faz a apologia da existência de ocinas equipa para uso coletivo, desaando:Tu,fechado noteu buraco: aprende a lição destehomem,queéadoentendimentoedacooperação,adaconançano 652 esforçocolectivo. Ç Em ,2591 Pomar escreve sobre Gretchen Wohlwill, artista alemã judia refugiada em Lisboa cujo trabalho conhece através de Maria Keil. Impressiona-o não apenas a história pessoal marcada pelo nazismo, mas 752 também a profunda maturidade revelada pelas suas gravurasÇ . A 7ª Exposição Geral de Artes Plásticastemnesseanoumasecçãodegravura e, no ano seguinte, Pomarvolta a insistirno processo, primeiro-a propós to de uma exposição naAssociaçãoAcadémica da Faculdade de Ciências deLisboaedepoissobreosClubesdeGravuradePortoAlegreedeBagé Brasil) ( a , propósitodacoletânea Gravuras GaúchasEditora ( Estampa,Rio deJaneiro,.)25Neste 91 caso, o artigo daVértice vem ilustrado com uma gravuradeDanúbioV.Gonçalves,emcujaapresentaçãoPomarmencionaa participaçãonoGrupoNovosdeBagé,depoisdedeixarapergunta:Eesta

52 652 752

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POMAR,JúlioEncontro .) 94 1 ( comMéndezÇ. Vértice.Coimbra,vol.nº , 7 mar , 76 ço. In POMAR,Júlio.) 4102( NotassobreumaArtetil, Ú ParteEscrita e12491 ( .) 069 1 Lisboa:Atelier-MuseuJúlioPomarSistema / Solar,CRLDocumenta) ( ,p.e1851 .46 Idem,p..461 POMAR,JúlioUma .)2591 ( grandeartistaalemãemLisboaÇ. Arquitectura.Lisboa, nºnovembro, ,54 s/p. InPOMAR,Júlioobra ,) 4102( citada,p.e23 2 . 73 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


outraliçãodosartistasgaúchosnãonostocarátambémmuito852 deperto?Ç Há,ainda,em,3os 5 Ciclos do Arroz,quesurgemnasequênciadas Missões Estéticas de Férias.Contributocuriosoparaaintegraçãodos ar tistasnarealidadeeparaalgumadinâmicacoletivainerenteaesse proces so, as Missões Estéticas de Férias são o que hoje poderíamos fazer-equi valer a residências artísticas ou estágios. Decorrem, desde a sua criação por decreto em 6391 e decorrente apoio estatal, sob ação da Academia NacionaldeBelasArtes.Visamconferirumadimensãomaisprática - aosfor madosemBelasArtes,levando-osatrabalharduranteosmesesdeagosto esetembroemlocaiscujahistória,monumentos,costumes,devemserpor eles conhecidos e representados. Recebem missões diversos locais, como Tomar,Guimarães,Alcobaça,VianadoCastelo,Coimbra,Leiria,Bragança, Santarém, vora, É Viseu, Sintra, Vila Viçosa, bidos, Ó Caldas da Rainha, Mafra,Setúbal,FigueiradaFoz,Almada,PenicheeBerlenga,etc.Apesarde algumaspretensõesnessesentido,nuncachegamaacontecernosterritó riosultramarinosnemnoestrangeiro. Acessíveis por concurso e pressupondo a direção por um -profes sorresponsávelcomo ( Raúl Lino,VarelaAldemira, Dordio Gomes,António Duarte,ArmandodeLucena,DomingosRebelo,etc.,)bemcomoarealiza 952 çãoderelatórioseexposiçõesdostrabalhos,asMissõesEstéticas prosseguem com resultadosvariáveis e diferentes consequências no percurso decadaartistaestagiáriosão ( muitososqueasfrequentam)até.3691 Ora,apartirdaIXMissãoEstéticadeFériasdeem ,5491 vora, É com participaçãodePomarjuntamentecomAntónioLino,NadirAfonso,Vasco PereiradaConceição,ArlindoRochaeJúlioResendeentreoutros,oclima geral de crescimento dos sinais de oposição faz pesara desconança do regimesobreasMissõesEstéticas.Assim,emdepois ,35 docancelamento daMissãoEstéticaprevistaparaBeja,éàsemelhançadasuarazãodeser quenascemoschamadosCiclos do Arroz,quandoAlvesRedoldesaaum grupodeartistasparaconheceremetrabalharemdurantealgumtemponos arrozaisdazonadeVilaFrancadeXira,nessecasosemavertentepatrimo nialdasmissões.AssimsecongregamAliceJorge,AntónioAlfredo,Cipriano Dourado, Júlio Pomar, Lima de Freitas e Rogério Ribeiro nessa iniciativa,

852 952

POMAR,JúlioGravuras .)3591 ( GaúchasÇ. Vértice.Coimbra,vol.nº ,31 maio. , 71 In POMAR,Júlioobra ,) 4102( citada,p.e2952 .16 Para mais informação, verCOSTA, Diogo Morais Leitão Freitas.)6102( Missões Estéticas de Férias. Estética, Academia e Política numa iniciativa - de forma ção artística do Estado Novo. Dissertação de Mestrado em Crítica, Curadoria e Crítica de Arte, FBAUL. [em linha]. Disponível em: https:repositorio. // ul.pt/-bits tream/ULFBA_TES_9 /2 86972/1540 pdf .7 [Consult.jun. 6 ]. 02

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produzindo obras individuais sob uma perspetiva neorrealista, a pa umaexperiênciacomum,fazendohistórianesseano. A dimensão pedagógica das missões estéticas relaciona-se com questionamentopermanentequeacompanhao ensino artístico,centrado sobretudonas Escolas de Belas Artes de Lisboa e do Porto que,herdeiras deumcomplexopassadoassociadoàsAcademiase,decertomodo,luga resprotegidosparaalgunsartistasqueenveredamporcarreirasdoce catalisamrecorrentementetensõesdiversasqueenvolvemosmeios - artís ticos.Vãosurgindo,apardisso,iniciativasalternativasdeensino quase sempre dirigidas a públicos possíveis que, de algum modo, - não ca bemnaquelasescolaseque,porvezes,funcionamcomoagrupamentosde artistas que exercem a pressão possível, com ou sem programa artístico. Em maio de4591surge assim no Porto a Academia Livre de Desenho e Pintura Dominguez Alvarez,sobiniciativadeJaimeIsidoro,edecorrentede umcontextoculturalcujadinâmicavemmarcadapelacriaçãodoCine-clube do Portofundado ( em)54e91 peloTeatro Experimental do Portodesde ( o iníciodosanoscom , 05 AntónioPedro)A . associaçãoaDominguezAlvarezé

umaescolhafeliz,eoportuna,deumnomequetransportavaumanatureza mítica, e até quase lendária, o que possibilitaria um-compro misso entre a memória e a invenção, a tradição e a modernidade, e quetinhaavantagemdedarsignicadoaumapersonalidadeartística, entretanto desaparecida, mas que urgia reabilitar, dando a conhecer àsnovasgeraçõesaobradeAlvarez.062

Na altura, discute-se bastante o que, poucos anos depois, result emreformasdoscursosdeBelasArtes,mas,sejaumprojetodealterna tiva ou um complemento face à ESBAP, essa academia aparece também ligada à fundação da Galeria Alvarez em ( outubro de 1)954 pelo mesmo Jaime Isidoro, galeria privada precursora em Portugal  ou seja, part de uma dinâmica cultural que não se esgota nos objetivos pedagógic que, de resto, poucotempo duram, nesse caso. O atelierda academia na RuadasFlores,lecionadoinicialmenteporIsidoroeAntónioSampaioq ( sai paratrabalharnoAlentejo quando a galeria abre), implica-um progr ma exível para estudantes de perl heterogéneo, produzindo obras que a galeria permite expor, havendo mostras em locais diferentes em 195, 1956e1958.Isidorovaicontinuarempenhadonaqueleespaçoexpositivo,

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FERREIRA,AntónioQuadros.)7102( Afrontamento,p..831

Jaime Isidoro. A Arte Sou Eu.Porto:Edições

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queassumedimensãoprossionalesetornaumsucessodepois - estendi donumsegundoespaço,aGaleriaDois,e,jánosanoscom , 07 umtercei roespaçoemLisboa,aGaleriaTempo.

Figura 74 AliceJorge,AlmadaNegreiros eJúlioPomarnoatelierda CooperativaGravura.

Nacapital,nasequênciadediversasaçõesdosneorrealistaseoutros, enumacontinuaçãodasExposiçõesGeraisnas ( quaisexporpressupõeuma certa atitude de oposição) bem como da procura de meios artísticos com maiorpotencialdedivulgação,aparece Gravura a (Sociedade Cooperativa dos Gravadores Portugueses). Fundada em 6591 por Pomar depois dos seusváriostextosapologéticossobregravura,juntamentecomAliceJorge, CiprianoDourado,JoséJúlioeRogérioRibeiro,perla-secomoumaorgani zaçãocoletivadepessoasapostadasnadivulgaçãoartística,artistasen só,comoaespanholaEstampaPopular,queapareceem. 95 1 Analidadeéparecida:usarosprocessosgrácosquepermitemcriar múltiplosdearteavaloresacessíveis,difundirimagens,democratizaraar Assim se imprimem e divulgam obras dos artistas acima referidos, be comoBartolomeuCid,NikiasSkapinakis,EspigaPinto,Charrua,Pavia,Sá 162 Nogueira,muitosoutros E. aomesmotempo,trata-sedeincentivaralgumadinâmicadeencontroentrepares,amigoseamadores.

162

Para mais informação,verSOUSA, Rocha de.)Sociedade 6 7 91 ( Cooperativa de GravadoresPortugueses.anos 02 depresençaÇ. Colóquio Artes.Nºoutubro, , 92 p. e554 Lisboa: .0 FundaçãoCalousteGulbenkian.

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Também em regime de cooperativa, em0691/ 5surge 91 no Porto umainiciativaparecida, Grupoo 21G7 ou Cooperativa 21G7,projetoigual mente apostado na produção de múltiplos em gravura, produção para a qualacidadedoPortotemaindapoucosrecursos,oquenãoaconteceem 26 Lisboa. NaESBAPé, entãodainiciativarecentedeAntónioQuadrosuma cadeira de gravura, e cabe a este artista estabelecerligação a outros que tratamdecriarumestúdioautónomodaescola. Com seis artistas  ngelo  de Sousa, António Bronze, António Quadros,ArmandoAlves,José Rodrigues, Manuel Pinto e um sétimopor 362 virÇ o grupotemcomonalidadeaproduçãodegravurasparaummer cado potencialvinte ( e um colecionadores, hipótese que motiva a própria designaçãodogrupo)Depois . deumaprimeiraediçãoacompanhadaporum catálogo,oprojetoacabapordesenvolveralgumaatividadenaproduçãode gravuras através de matrizes em chapa metálica, explorando técnicas de pontaseca,água-forteeáguastintas.Poucodurável,ogrupoextingue-se em.3691

Entretanto, sob erosões diversas a que o movimento neorrealista nãoéalheio,FerrojánãoestánadireçãodoSNIdesde.Na 0591 segunda metade dos anos 0vivera4 se sob as inuências dos realismos surreais e sociais,masrapidamenteseinstalaaquereladorealismo,com-questio mentosenraizadosnadicotomiaabstrato-gurativo,expressiva - dodesi resseprogressivoporvocabuláriosetemáticasrepetidossemnovidadee

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EmLisboa,háumatentativadecriaçãodeumaocinadegravuranaAcademia Real de História Portuguesa, em, 0onde 271 chegam a serproduzidas gravuras relevantes, antes da existência conjunta da Academia e Escola em 6381 incluir essavalênciademodopermanente.DepoisoensinodaGravuraésuprimidonas BelasArtes em10e9 retomado entre este1 e9 ,2data 391 em que a nova re formadeleprescindedenovo.Oplanodeestudosde7confere 591 aBelasArtes oestatutodeensinosuperior,aumentandoexigênciasartísticaseteóricas eala gandoolequedastecnologiaslecionadas,sendoGravurareintroduzida - esurgi doCerâmica,Vitral,etc.tudo , comsentidoteóricoeprático.Logo,osateliersde gravura da Escola Superior de Belas Artes permitem essa formação especíca desdeostemposdaAcademia,comdesenvolvimentomaisexpressivodepoisde . Para 7591 mais, existe ainda no mesmo edifício, desde,6o 91 Centro Nacional deCalcograaeGravura,sobalçadadoInstitutodeAltaCultura,naprática -opri meirocentrodeinvestigaçãoartísticaespecializadanopaís.Criadoporinici doEscultorJoaquimCorreia,diretordesdeasuaconstituiçãoatéesse , 74 Centro realizaaextensãodosestudosdeBelasArtesemGravuraeoincentivodagravura portuguesa,querpelaconservaçãodopatrimónioexistenteque ( provémdos - tem pos daAcademia), querpela investigação na prática e teoria porinvestigadores nacionais,comacolhimentodebolseirosestrangeiros. LAMBERT, Fátima; FERNANDES, João .)10 2( Porto :07/ 6 Os Artistas e a Cidade.Porto:MuseudeArteContemporâneadeSerralves,p..12 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


aparecimentodeumanovageraçãodeartistassensíveis abstração, à for malmentemaisdesaante.NasexposiçõesdosIndependentes,comartis tascomoLanhas,Nadireoutros,oabstracionismoganhaespaço,emborao neorrealismodomineeosurrealismoestejamuitopresente. Estátudoamudar,sucedendo-sefactosaparentementecontraditó rios.Osanossão 05 anosderenovaçãoeproliferaçãodetendências,ante cedidosempela 94 apologiadaabstraçãoporumAlmadaNegreirosrecém regressado deParis: Oabtraccionismoounão-gurativonãoimpõeumavisãoaoespecta dor,colaboracomavisão,opensar,osentir,oolhardeste,evitando-lhe a passividade da admiração pelo alheio.)Amanhã, ( a humanidade inteirasurpreender-se-ádevertudonitidamentepeloabstracionismo, como ontem pelo naturalismo. E então, o passado naturalismo será 462 exactamenteoqueé:documento,jánãovive.

Tambémlogoem0Pomar, 591 nasua Crítica à V Exposição Geral de Artes Plásticas,esclareceasuaposiçãoquandoarmanãoexistiremcrí - ti cosacima das correntesÇ, nem atividades desinteressadas, considerand quea crítica é sempre uma crítica de grupo, ou de correnteÇ562 Â o que, se porum lado é mais um sinal duma noção de pertença comunitária que inúmerosartistasdesejamepartilham,poroutrotambémsignica acons ciênciadeumarelativizaçãodeposições,antevendomudançasemcurso. Ema ,159 Exposição de Pintura FrancesanaAgênciaHavasRua ( do Ouro, Lisboa) mostra grandes nomes Renoir, ( Degas, Bonnard, Cézanne, Seurat, Rouault, Modigliani, Picasso, Dufy, Vlaminck, Chagall, Utrillo, Dérain,Laurencin,Brayer,etc.MárioDionísiopublica Encontros em Paris. Olme Saltimbancos,deManueldeGuimarães,antigoalunodepintura nas Belas Artes do Porto e ex-assistente de Manuel de Oliveira em Aniki Bobó, insere-se então na tendência neorrealista. Há movimentação decineastasemtornodarevistaImagem.MárioDionísiocomeçaaescrever A Paleta e o Mundoe62591 ( .)2 Nesse ano não há EGAP, com a SNBAencerrada depois de um inci dentecomaPIDE.

462 562

NEGREIROS,AlmadaEntrevistaÇ .) 94 1 ( . Diário de Lisboa,Junho. InGONÇALVES, RuiMárioobra ,) 0891 ( citada,p..65 POMAR, Júlio.) 0Crí 591 ( tica à V Exposição Geral de Artes PlásticasÇ. Vértice. Coimbra,Vol.IX,nºjunho, ,28 p.e3083 .18

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Mas a 5 de janeiro abre, na CasaJalco, uma exposição conjunta de FernandoAzevedo,FernandoLemoseVespeira. Estava-se em plena zona do Chiado, perto de ondeAntónio Pedro e Dacostatinham aberto, em, uma 0491 outra escandalosa exposição, pertotambémdolocalondeexactamentetrêsanosantesserealizara, comestesemaisdoisdosexpositoresdeagora,aexposiçãodoGrupo SurrealistadeLisboa,pertoaindadosvelhossalõesBobone,-ondeti nham exposto os modernistasÇ dos anose, 02 da galeria UPÇ, onde exibiramosseustrabalhososdeentre , 03 osquaisumaVieiradaSilva, antesdeoser.. 62

Com receção controversa, a exposição é fundamental para JoséAugusto França que, não apenas apoiante do grupo, mas também apolo gistadeumacríticadeartemaissériaeprossional,organizaemseguida GaleriadeMarçoe52591 ( ,com )4 tendênciamaisecléticaepapelvanguar distamuitorelevante.Noentanto,oseuprefáciodeumaexposiçãoésegui dodepolémica,comcríticadePomareartigodeLimadeFreitasnaVértice. Figura 75 JorgeVieira.Monumento ao Prisioneiro Político Desconhecido maqueta) ( Ca . .2591 Bronze,cm. 92 ×03 5,4 MuseuNacionaldeArte ContemporâneadoChiado.

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FRANÇA,José-Augusto.)3Vinte 7 91 ( e( um) anos depois de dez dias de janei ro de. Ç2591 Colóquio/Artes. Nº ,21 abril, p. e241 .5 Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

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NocontextodessagaleriaháumPrémioJovemPinturaemAlguns .35 surrealistas evoluem para a abstração. Nesse mesmo ano dos Ciclos do Arrozjáreferidosnocontextodoneorrealismo,JorgeVieiradistinguesein ternacionalmentecomoprémioaoseu Monumento ao Prisioneiro Político Desconhecido,deexpressãonãogurativa. 53e5marcam 4 aindaumafaseagudadacrisenoneorrealismocom as polémicas na Vértice, a questão Portinari e a discussão em torno do artigo A Ponte Abstracta deAntónioJosé Saraiva. Em 54 há na SNBA, a partirda Galeria de Março, o referido I Salão de Arte Abstracta com presença de artistas da abstração geométrica como Lanhas e Nadire ainda JoaquimRodrigo,JorgeVieira,Bértholo,Bual,Cargaleiro,etc.,salãoque merece pouco destaque na imprensa. Pomar escreve contra a arte- abs tracta e os surrealistas; na sua obra, continua numa linha neorreali tal como outros. NaSNBAabreuma II Exposição de Alunos da ESBAL:JoséCândido, LurdesCastro,RenéBértholo,RogérioRibeiro,JoãoCutileiro,KeilAmaral, Luís Filipe de Abreu, etc. E uma III idêntica surge no ano seguinte com ArturRosa,BartolomeuCid,KeilAmaral,JorgePinheiro,JoséCândido,José Escada,LeopoldoBatalha,LurdesCastro,RenéBértholoeRogérioRibeiro. ArevistaVere53591 ( também ,)5 deestudantesdeBelasArtes,assu mesentidoinconformistaedivulga Notes as sur la Peinture d’Aujourd’hui de JeanBazaine.PartedessegrupoestaráunsanosdepoisemParis,fundando aKWYe18591 ( .)369 EmAntónio ,65 ArealprocuraumrealismodivergenteÇ. Nessa altura, já são mal sucedidas astentativas do SNI para - acom panhar os tempos e as tendências que se revelam no seu salão bem comonoutros,comoo Salão dos Artistas de Hoje)e6591 ( o Salão de Arte Modernaque, ,)8591 ( entrediversasmostras,jápatenteiamumaª 3 geração modernista. Poroutrolado,desdemeadosdosanos05desmaiaoprotagonismo da tendência neorrealista, embora ecoe até muito depois, centrada numa espéciedeanti-individualismoeênfasenumafunçãosocialdaarte - enraiza daemaspetosmateriaise,obviamente,maispolíticos.

AstrêsúltimasGeraisÇseriamdepresençaesíntese.Sínteserealiza danaª 01 ema :6591 exposiçãodequadrosdosanosanteriorespermi tiuavaliardaimportânciadosúltimospassosdanossapintura.Nã ospintoresneo-realistastinhamprovocadoasmaisgravesperguntas sobreauniversalidadedaarteportuguesadepoisdofuturistas;como tinham dinamizadotodos os artistas independentes deste - país, dan do-lhesconançaemsipróprios,ajudandoaoporaumaapagadae GRUPO ACRE FEZ

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viltristezaÇaquelaoutrafórmuladeAlmada:Aalegriaéacoisamais seriaquehá. Ç 762

Portanto, as EGAPs duram até,65ano de balanço em, depois de, duranteanos, 01 alargaremogrupoinicialdeneorrealistasesurrealist tendências mais amplas, fomentarem experimentações técnicas, divulga rem a gravura e a tapeçaria, aumentarem os públicos auentes a exposi ções,bemcomoodebatedelasdecorrente. Talvez poucas obras se selecionem, posteriormente, mas o clima deste período deixa a sua marca emtoda uma geraçãoÇ 862 , dirá Rui Mário Gonçalves. Em , 75 muitos artistas emigram, beneciando alguns da imple mentação de bolsas de estudo para o estrangeiro pela recente Fundação Gulbenkian.HáumareformaexpressivadoscursosdeBelasArtes,embora nuncainteiramentepostaemprática,oquelheretiracoerênciaemaior - sen tidodeatualidade.

Figura 76 Júlio Pomar. Cegos de Madrid.. 7591 leo Ó s/tela,cm. 3,10 x5,18 MuseuCalousteGulbenkian.

762 862

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SOUSA,Ernestode.)5691 ( APinturaPortuguesaNeo-Realista.e13491 359 Artis,p..8 GONÇALVES,RuiMárioobra ,) 0891 ( citada,p.. 96

Lisboa: .

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Na I Exposição Gulbenkiandesseano,PomarmostraMaria da Fonte, ainda expressiva da sua visão neorrealista, mas dando sinais de abertu formal,sobclimagoyescotambémpatenteem Cegos de Madrid,igualmentedesseano.O Grupo de Artistas Portugueses organizanaSNBAumsa lão dos recusados.José-Augusto França inicia a sua atividade crítica co textospublicadosnoComérciodoPorto,maistardereunidos Situação em da Pintura Ocidental na ,) 95 1 ( qualdeneumaaçãovanguardistaqueen fatizaofuturismonaª 1 geraçãoeosurrealismonaª, 2 chamandoaatenção paraasnovasresponsabilidadesdaª 3 geração. EmLisboa,o Grupo do Café Geloconstituiumaespéciedenovagera çãosurrealistacompoetas,artistas,encenadores,queseencontra - emter túlianoCaféGelo,emLisboa,atésem ( 2691 nuncasedesfazerformalmen te): António Barahona, René Bértholo, Manuel de Castro, Mário Cesariny denovo,ManuelDAssumpção,GonçaloDuarte,JoséEscada,António-José Forte,AntónioGancho,HerbertoHelder,RaúlLeal,Mário-HenriqueLeiria, Manuel de Lima, HelderMacedo,Virgílio Martinho, Luiz Pacheco, Ernesto Sampaio,JoãoVieira. Alguns dos membros deste agrupamento têm atelier por cima do café,eissocontribuiparaosencontrosrotineirosdesdeosanosquando , 05 evocamasvanguardasdoiníciodoséculo.Apeça OComedordeFiambre, do poeta Garcia de Medeiros, é uma criação coletiva que junta Helderde Macedo,HerbertoHeldereJoséSebagcomilustraçõesdeJoãoVieira.No º1 demaiode2há 691 incidentesentreaPIDEemanifestantesnoRossio, queacabamporimplicarumtrabalhadordoCaféGeloeartistasdogrupo, acabandooproprietárioporcomprometer-seanãocontinuararecebê-los ali,peloquesemudamparaoCaféMontecarlo,noSaldanha.

Desde,8591o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra962 congrega a intervenção ativa nas dinâmicas culturais daquela cidade univers de artistas e outros intelectuais ou amigos, como Rui Vilare Mário Silva CriadoporumgrupodeestudantesdaUniversidadedeCoimbracomo - or ganismoautónomovoltadoparaaarteeculturamodernaecontemporânea,

962

Temcomoobjectivosnuclearesapromoçãoedifusãodasartesvisuais,cativando públicosparaaartecontemporânea,proporcionarumconhecimentoalargadodos panoramas artísticos contemporâneos, suas componentes e narrativas, fomen tando o gosto pelafruição artística e promoverexposições de arte contemporâ neaeatividadesdeanimaçãoculturalpluridisciplinares.ÇCAPC,CírculodeArtes PlásticasdeCoimbra.)6102( História.[emlinha].Disponívelem:http:capc. // com. pt/site/index.php/pt/sobre-nos/[Consult.mar. 32 ]. 8102

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0 72 denindo como nalidade a promoção e difusão das artes visuaisÇ , o CAPCsurgeinicialmentecomoorganismodaAssociaçãoAcadémicaevis adivulgaçãodasArtesPlásticas,queassumecomocomplementares àformaçãouniversitária.Vemaarmarfortedinamismoesentidoexperimental, organizando exposições, encontros, publicações, projeções delmes, ate liers,etc.Emali ,37 91 secriaráoGrupodeIntervençãodoCírculodeArtes PlásticasdeCoimbraGICAPC) ( ,maistardedesignadoGrupoCores,aque 172 voltaremosmaisadiante . Serátambémdasuainiciativa,porexemplo,aprogramaçãodoseven tos A Minha Nossa Coimbra Deles, em,37 91a celebração do º1 0 .0 .1 Aniversário da Arte,emdinamizado , 74 91 porErnestodeSousa,ea Semana de arte na (da) rua,emDepois, .6 7 91 oCAPCmantém-seumforteinterlocu tornasdinâmicasculturaiseartísticasdeCoimbra,eérecentementeumdos principais organizadores Bienalda Ano Zero, que decorre naquela cidade.

Aindaemsão 1958, sintomáticosdastendênciascontraditórias des sa época os textos dos artistas Nikias Skapinakis e NadirAfonso. N defende na sua conferência na SNBAInactualidade da Arte Moderna depois ( publicada pela Seara Nova, revista avessa à arte abstrata), que Cinquentaanosdeanti-realismodeixam-nosempureza,paraaaliciante 27 descobertadeumrealismonovoÇ Nadir . publica La Sensibilité Plastique, texto ilustrado com obras suas e de Herbin, Mondrian, Bloc e Vasarely, apologéticodaabstração. Em Paris, tem início a revista KWY, por ação do grupo homónimo, já referido. Ainda nesse ano há oI Salão de Arte Moderna da SNBAem ( cujo contexto decorre a conferência de Nikias) e em95o dos Artistas 05 Independentes,jáatrásreferido,comsinaisdenovosartistaseexpressões muitovariadas. Aliás,depoisdea,85 SNBAtemexposiçõesregularesdeartemoderna. Amodernidadevai-seinstalandonasartesplásticasdemodoassimétr Nãoexisteumpadrãoúnico,emboratalvezseacentuenonaldessadécadaapinturanãogurativaetambémhajasinaisdeumregressoà narrativa,especialmentejánadécadaseguintepor  exemplocomoSanta Maria273 deJoaquim Rodrigo)169que, ( a parda integração da oralidade

0 72 172 27

223

273

Ibidem. Ponto.2 3 NikiasSkapinakis. InGONÇALVESobra ,) 0891 ( citada,p..6 7 Até4 19apenas 7 designado como S.M., para evitar perante a censura a conotação imediata com o referente real, o ataque ao Santa Maria por Henrique Galvão, em 61. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


esta, ( alémdaaproximaçãoàculturapopular,conguraumapossívelresis tênciaàcensura)bem , comonoutroscasosquearmamaproximaçõespela viadaneo-guraçãoedapop,tambémpatentesnoNovoCinema. Doisgruposdeartistas,jáatrásapontados,têmentãogrande -visibili dade:OsKWYeOsQuatroVintes. Pelo meio, é fundada porum grupo de artistas no Porto em3691a Cooperativarvore, Á aquevoltamosadiante.

Figura 77 Lourdes Castro.Capadarevista KWYnº1.8591 ,

O KWY e18591 ( )869 junta Lurdes Castro, René Bertholo, Gonçalo Duarte,JoãoVieira,JoséEscada,CostaPinheiro,JanVoss,ChristoJavache3, quandoestesartistasresidememPariseMunique.Onomeescolhido - refe reletrasinexistentesentãonoalfabetoportuguês,numaalusãoàcensura e limitações nacionais, havendo quem leia informalmente as iniciais com KáWamosYndoÇA . principalcriaçãoconjuntaéarevistaKWYque,porser publicadaemFrançae,assim,isentadacensuraexistenteemPortugal, - as sume qualidades mais abertas etem inegável armação internacional em defesadoinformalismoedaabstraçãolírica,irracionalismoe-espontanei dade, conjugando colaborações de Manolo Millares, Saura, Klein, Arman, NikkideSaintPhalle,JacquesVilleglé,DanielSpoerri. GRUPO ACRE FEZ

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Nessa publicação surge informação sobre a produção artística mais contemporâneacomqueosmembrosdogruposevãofamiliarizando,como asobrasdeYvesKleinentãomostradasemParis.Ofactodearevistaser - pu blicadanestacidade,contudo,reduzumpoucooseuimpactoemPortugal, apesardaexposiçãodogruponaSNBAemNesta, . 0691 oKWYreintroduz a ideia de uma ação artística conjunta, embora essa possibilidade, no se caso,nãoultrapasseaexposiçãosimultâneadeobjetos,nuncachegandoa outrasobrasdeautoriacoletivaquenãoarevistaeaspublicaçõeso  que jáébastantesignicativonaalturaparaaevoluçãodoprocessodas - inic tivasdecriaçãocoletiva.

Nãoumgrupodeartistasparaefeitosdecriaçãoconjunta,massi umaorganizaçãovoltadaparaasuaassociação,ajáreferida Cooperativa 4 72 Árvore écriadaemabrilde196Lima 3. Carvalho,dofuturoGrupoAcre, é um dos fundadores, juntamente com Manuel Pinto, Ângelo de Sousa, Jorge Pinheiro, Carlos Martins, Augusto Carvalho, José wGrade, Maria Manuel Delgado dos Santos Nogueira, Laureano Guedes e Domingos Pinho. Localizada provisoriamente no atelier do Arquiteto José Pul Valente, que é um dinamizadorcentral da fundação da Cooperativa, tem comoprimeirodiretorHenriqueAlvesCostaetemembrevesedeprópria naantigacasadafamíliaAzevedodeAlbuquerque,ondesemantémdes de então,tornando-se defacto muito atuante navida da cidade do Porto enoespaçonacionalatéhoje.AÁrvoreinauguraemjaneirode196a 4 sua 1ª Exposição de Artes Plásticas,quejuntamaisdeduasdezenasdeartis tas,nosquaisseincluemosfundadores. CompropósitoscomparáveisàSNBA,arvore Á assumetambémum mododeorganizaçãoporsócios;eévoltadaparaaprodução,divulgaçãoe comercializaçãodeobrasartísticaseeditoriaisÇ,aformaçãoeinformação dossóciosedopúblicoemgeralnaáreadasartesvisuais,dosestudos arte e em outras áreas da criação e do saberÇ, ocontacto com outras or ganizações,nacionaisouestrangeiras,comvistaaointercâmbioartís culturalÇ,epretendecriar,organizaredirigirateliers,aulas,exposições equipasdetrabalhodentrodaatividadeartísticaepromoverquaisquer 572 trasatividadesnecessáriasàrealizaçãodoobjecto . socialÇ

4 72

25

572

ImagemdosEstatutosdafundaçãodaCooperativarvore Á em. .1 1 TodasascitaçõesentreaspasnaapresentaçãorecentedaCooperativarvore Á em: COOPERATIVARVORE. Á Sobre. [em linha]. Disponível em: http:www. / / arvore coop.pt/sobre[Consult.mar. 62 ]. 8102 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Cooperativa À rvore Á associa-se,ema ,37 91 criaçãodeumGrupode ComunicaçãoCriativa,emborasemgrandehistória,constituídoporAlberto Carneiro, Fernanda Flores, Carolina Negreiros,José Adriano Fernandes e Manuela Malpique.Após a instauração de democracia, arvore Á é a orga nização artística mais ativa no Porto,funcionando não apenas como local deexposições,ateliers,ensinoartísticoesimplespontodeencontro:é,de facto, um real polo de dinâmicas e debates político-culturais, detal modo que desperta a atenção dos movimentos de extrema-direita que acossam oNortedoPaísdepoisdoverãoquente,sofrendoojámencionadoataque bombistaemjaneirode.6 7 91 Talvez,comosugereBernardoPintodeAlmeida,oKWYmarqueoiní ciodeumanovaformadeestarnumcoletivo,desvinculadadeumaproposta ideológicaoudependência,talcomoacontececom Os Quatro Vintes,que vêmdepoissurgem ( anos 5 apósarvore) Á . Figura 78 Capaepormenordofolheto daexposiçãoOs Quatro Vintes, Cooperativarvore Á eGaleria Alvarez,Porto,.8691

OgrupoOsQuatroVintes e18691 ( formado ,)27 9 noPortoporArmando Alves,JorgePinheiro,JoséRodriguesengelo  deSousa,todosentãoartis tas naquela cidade, realiza quatro exposições próprias em Lisboa, Porto e 6 72 Pariseparticipaemexposiçõescoletivas,durandoquatro . anos

6 72

 8691

Os Quatros Vintes,GaleriaDominguesAlvarez,Porto;Os Quatros Vintes, Cooperativa rvore, Á Porto; 96 1 Â Os Quatros Vintes, SNBA, Lisboa; 0 7 91 Â Os Quatros Vintes, GalerieJacques Desbrière, Paris;17Â9 Os Quatros Vintes, GaleriaZen,Porto; Homenagem a JosefaColetiva) ( Galeria , Ogiva,bidos. Ó

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O nome do grupo alude à marca de cigarros Três VintesÇ, mas não existe propriamente um programa coletivo para os quatro artistas re zaremobrasforadoseupercursoindividual.ComoArmandoAlvesexplica posteriormente,sãorazõesdogrupo:

OPorto;oambientedaEscoladeBelas-Artes,naaltura;anossare lação pessoal, e a troca de experiências nos ateliers que partilháva mos; um certo marasmo na actividade das galerias que existiam; as tertúliasdoMajestic à do , Tijuca à edoPaladium; à aideiamuitosimples dequea à uniãofazaforçatudo  istolevouaonossoaparecimento 72 colectivoem.8691

Defacto,amotivaçãoartísticatemcontornosmaisprofundos.Como tambémdizmaistardeJorgePinheiro,OsQuatroVintesnãoeram,defac 872 to,umgrupoesteticamentecoesoÇ embora , sepossamreconhecerpreo cupações comunsÇ, poiso desejo de criarobjetos eratambém comum ao ArmandoAlves,aongelo  eaoRodriguesÇ,domesmomodoqueodesejo deutilizarmateriaisinéditos,plásticos,também,comooNoronhadaCost 972 fazia,comoosnossosalunostambémfaziam. Ç Aliás,aindaduranteoperíodoativodogrupo,FernandoPernes-refe revocabulárioscomunsnarelaçãoentreapinturaeatendênciaobjectual: formassimples,umjogoentreosvalorestradicionalmentedoforo - dapin 280 turaequetemaquimuitoquevercomaarmaçãodoobjetoedovolume.Ç 281 Assim,sejaporumaquestãodesobrevivênciaprossionalÇ outalvezalgomais,grupodefactonaaceçãoexigentedessetermoounão,estes artistasapostamnaexposiçãoconjuntadeobrasdecadaum,potenciando aarmaçãodoseutrabalhofaceaumaespéciedesentimentoperiféricoem relaçãoàcentralidadedacríticanacapital.

72

BARROSO,EduardoPazOs .)5891 ( QuatroVintesdeontem:àdistânciavêem-se melhor. . Ç . Jornal de Notícias,Porto,de 61 fevereiro,p.. 9 872 PINHEIRO,Jorge.)20 ( Jorge Pinheiro:e21 69 10 . Catálogo da exposição no CentrodeArteModernadaFCG.Org,deJosédeAzeredoPerdigão,textosJorge Molder,JoãoPinharanda,JorgePinheiro,NunoFaria.Lisboa:FundaçãoCalouste Gulbenkian,p.. 7 972 Expressõesentreaspasdamesmaproveniênciareferidananotaanterior. 280 PERNES, Fernando.)17 Os 9 ( Quatro Vintes: quatro anos, quatro exposiçõesÇ. Jornal de Notícias,Porto,de 52 abril,p..8 281 PINHEIRO, Sara .)3102( As Quatro Exposições dos “Quatro Vintes” e Outras Atividades. Escritos, Imagens e Testemunhos . Dissertação de Mestrado em Estudos Artsticos í Â Especialização em Estudos Museológicos e Curadoriais FBAUP[em . linha].Disponívelem: http:biblioteca. // fba.up.pt/docs/Sara_Pinheiro/ SaraPinheiro_Tese.pdf [Consult.mar. 62 ]. 8102

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Em 1968 realizam o que é um dos acontecimentos do ano  as ex posições simultâneas na Cooperativa Árvore e na Galeria Alvarez, que muito contribuem para a visibilidade e estratégias posteriores do mostrasquerepetemdepoisemLisboa,em,na 196 SNBA,combastan te sucesso. Há ainda os projetos nunca concretizados da revista Quatr 282 Vintes e de criação de um Gabinete de Pesquisa , muito possivelmente associadoàsfunçõespedagógicasdosmembrosdogrupoe( comcompo nentedeartesgrácas). Estiveram associados apenas quatro anos, mas mostraram à cidade trabalhos que emergem do Minimalismo Armando ( Alves), da Nova AbstracçãoJorge ( Pinheiro)dasgrandesquestõessobreoslimitesda esculturaem  estruturasdedimensõesvariáveis,susceptíveis dein teracção,cintilantesetitilantesngelo Â( deSousa)oudaobjectuali 283 dadedapinturaoudodesenhoJosé ( Rodrigues) .

Todasasobrasconstituemtestemunhoclarodaqualidadee-dosenti docontemporâneodotrabalhodecadaumdosartistas,cujaaçãoconjun tachega,demodobastantelaudatório,asercomparadaàdemovimentos espanhóisdosanoscomo 05 oElPaso,aEstampaPopularouaEquipo, 75 quederrubam os alicerces da vetusta arte ocialespanhola) ( desferindo 482 as primeiras brechas no colete de forças franquistaÇ . Mas, cumprida a nalidadedealgumimpactopretendido,ogrupoperderazãodeexistireé consideradoextintoem17 9 582 ainda É. desseanoaobracoletivaBolas para a Josefa,apresentadaemnovembronaGaleriaOgiva,embidos, Ó numaex posiçãodehomenagemaJosefadebidos. Ó

282 VerSara Pinheiro, obra citada, p.e2612 .53 O Gabinete de Pesquisa surge tam bém referido no artigo sobre Os Quatro Vintes, em: A/A.) 0 7 91 (No Porto, Grupo Catálise deArtes PlásticasÇ Gráca . 07 . Revista de Cultura eTécnicas de ComunicaçãoVisual,nºDiretor .1 eeditorVítorFrancoTavares,Lisboa,p.e22 .4 283 SOARES, Maria LeonorBarbosa.)30 2( Pensando Sobre oTemaEm à Redordo SéculoXX.T. rajectos da Pintura e da Escultura.Apontamentos para um estudo conjunto, galego e português, sobre a prática artística com origem a norte do DouroÇ. Revista da Faculdade de Letras Ciências e Técnicas do Património.ISérie vol.,2p..82Porto: 6 Universidade do Porto. [em linha]. Disponível em: http:ler. // letras.up.pt/uploads/cheiros/pdf .4392 [Consult.jan. 52 ]. 01 2 482 CERQUEIRA,JoãoArte .)10 2( devanguarda no Porto dos anos06e. Ç0 7 Arte Ibérica.NºLisboa, ,4 marçop. ,10 2 e131 7 . 285 PERNES, Fernando (20 1). Memórias ImprecisasÇ. GONÇALVES, Cláudia; RAMOS, Maria Coord. ( ), (20 1). Porto 60/7 : os artistas e a cidade. Textos deVicenteTodolíJosé , Rodrigues,João Fernandes, Fátima Lambert, Fernando Pernes. Porto:AsaÁrvore/ Cooperativa deActividadesArtísticas/Museu de Serralves, p. 42. GRUPO ACRE FEZ

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Figura 79 Os Quatro Vintes. Bolas para a Josefa. Objeto .17 9 instalativo,cm. 03x 1 052 ColeçãoArmazémdasArtes,Alcobaça.

Defacto,aindahásinaisdogrupoumanodepoisnessemesmolocal, quando é exposta umafotograa do grupo de86e91 jáváriasvezes mos trada,acompanhadaporumacartacominstruçõesparaasuaexposição,a 682 Certidãodebidos Ó ouComoDeveSerExpostaEstaFotograa espécie  deúltimodepoimentoconceptual. Cada um dos artistas já tem então obra bastante visível, e assim continuam. Emainda 5891 surgiráumaexposiçãonaCasadoInfantePorto) ( com , caráctersemi-antológico,deixandoumaediçãointeressanteque,emboas reproduçõesdeobrasetextossobrecadaartista,frisanovamenteotrabalho

682

29

VerPINHEIRO,SaraObra .)3102( citada,p.e1932 . 04 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


782 individual de cada um deles. Contudo, para Bernardo Pinto deAlmeida essaexposiçãoé,apesardasuavalidadecomemorativa,umtantodececio nante,querpelaexiguidadedaspeçaspresentes,querpelafaltadeumtexto deapresentaçãoquerealizeumtrabalhodeinterpretaçãoeatualizaçãoda obra do grupo, bem como de compreensão da evolução datransformação dopercursodecadaumdosartistas.

Retomandoaprocuradesinaisdedinâmicascoletivizastes anteces sorasdoGrupoAcre,podemaindaevocar-sealgunsdadossignicativosjá no contexto dos anos sessenta, para estabelecera ponte com otempo de atividadeprodutivadocoletivo. OpapeldaFundaçãoGulbenkian,comassuasiniciativasesistemas deapoio,reforçaosentidodemudançaculturaleartísticaqueacompanha acrisepolíticadeem ( 8591 tornodeHumbertoDelgado,masnãosó)eoseu agravamentopelaguerracolonial. Em, a 06 exposição dos KWYna SNBAtem ênfase nãogurativo e, ema ,16 II Exposição Gulbenkian fazsurgirPaulaRegocomorevelaçãocom obrasdeexpressãohíbrida,abstratizante.Aindanesseano,VieiradaSilva recebeograndeprémiodaBienaldeS.Paulo. Coletivamente, não há, pois, um tecido homogéneo, mas sobretudo sinaisdeumacorrentedefundoemtransformação,presenteeminúmeros 288 sintomas,comoatrásserefere . Ecoam,porexemplo,osretratoscoletivosdeNikiasSkapinakis, rea lizadosentree5 91retratos , 74 91 que,nassuascoreslisasbrilhantescom ressonâncias pop e imagética atual, carregam a melancólica presença de umaatmosferadetertúliasdiscretas,emcaféseresidênciasparticula lugarespossíveisdamodernidadeedoseupensamentoedebate. É especialmente expressivo oRetrato dos críticos, de ,17 9 para a BrasileiradoChiado,emqueusaumacomposiçãoidêntica Auto-retrato ao num grupodeAlmadaNegreirosdena (5291 guraali ,)37 expostoeagora emviasdesubstituição.NarepresentaçãodeNikiasestãooscríticos res ponsáveispelaseleçãodeartistasparasubstituíremaspinturas - aliexis tes desde:5da 291 esquerda para a direita, eles são Rui Mário Gonçalves, 982 FranciscoBronze,FernandoPerneseJosé-AugustoFrança .

782

ALMEIDA, Bernardo Pinto de.)5891Carta ( do porto. A exposição Os Quatro Vintes, quinze anos depoisÇ Colóquio . Artes. Nº ,56 junho, p. e796 . 0 Lisboa: FundaçãoCalousteGulbenkian. 288 Pontose. .1 1 .2 982 GONÇALVES,RuiMárioPinturas .)17 9 ( modernasnumcafédeLisboaÇ. Colóquio Artes.Nºjunho, ,53 p.e32 Lisboa: .3 FundaçãoCalousteGulbenkian. GRUPO ACRE FEZ

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Figura 80 Nikias Skapinakis. Retrato dos críticos.Coleção .17 9 docaféABrasileiradoChiado, Lisboa.

Nikias, artista português de origem grega surgido Exposições nas Gerais de Artes Plásticas,éumcasoqueatravessaasquerelassobreorea lismo, manifestando-se não apenas em pintura, mas também na escrita. Chega a serpreso noAljube, mas, ao contrário de outros, nunca chega a emigrar,armandomaistarde:

Creio que eles zeram bem em partir e eu terei feito bem em car. A minha actividade política, legal e subversiva, na época, empresta va-me uma motivação que inuenciou a minha capacidade de resis tência ao ambiente que defrontava. De resto, não creio que de outra maneirapudesseterpintadoosretratoscolectivosdosCaminhosd LiberdadeÇedaMelancoliaemPortugalÇ 092 .

OsretratosdegrupodeNikiasjásãosubtilmentereveladores - daero 192 são dos anos sessenta, onde atrás se começa o presentetexto , quando despertam os novos paradigmas coletivos dessetempo patentes na KWY, nOsQuatrosVinteseoutrosreferidos,antecedendomaisdepertooapare cimentodoGrupoAcre.

092 192

231

SKAPINAKIS, Nikias.) 90 2( Entrevista com Anabela Mota Ribeiro publicada ( originalmente no Público). [em linha]. Disponível https: em: anabelamotaribeiro. // pt/html . 9576 [Consult.set. 3 ]. 02 Pontosa.1 1 .3 1 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Na maiorou menorcontinuidade das correntes artísticas, há-frequente menteumfundocausalquesebaseianoefeitodereaçãoquecadagera ção procura, como se cada uma se armasse,tendencialmente, contra a anterior. De algum modo, todos estes casos que se evocam até aqui fazem partedaherançagenéticaÇdequebeneciaoGrupoAcre,oqueéainda mais certo quando qualquerum dos artistas daquele coletivo é detento deumaformaçãoacadémicaqueimplicaconhecimentohistórico - eartís tico mais do que suciente para saberda existência e do papel dos seus antecessoresnopaís. Decertomodo,pois,oGrupoAcretemgenesartísticosdoGrupodo Leão,dosLivres,dosIndependentes,edosMaisAlém,paramencionaral gunsapenas. Os casos possivelmente mais exemplares para o GrupoAcre, assu midamenteounão,terãosidoosquerevelammaiorconsciênciapolíticae estãomaisligadosaosmovimentosdevanguardamuitoprestigiados,com oOrpheueosFuturistas;talcomoestesou,  maisadiante,comooGrupo KWYa  publicaçãodeumarevistamaisoumenosabertageracionalmente é,comooGrupoAcrenonºzeroda Arte,emum ,6 7 91 meiodeexpressãoe armaçãodeideias,conjuntasouindividuais. Também como osfuturistas, oAcre procura um discursofrequente menteácido. Noentanto,podepensar-seque,relativamenteaoOrpheu,embora ainuênciapossaserpertinente,osartistasdoGrupoAcresecolocari numaposiçãoalgoantagónica.Senosbasearmosnotextopessoano Para uma Estética Não-Aristotélica292 (publicado em 1924 na Athena, dirigida porPessoa/Álvaro de Campos) e também na sua justa interpretação por 293 José-Augusto França , talvez possamos concluir que ao Grupo Acre, 294 certamenteconhecedordaposiçãopessoana interessa , maisumaforça

29 392 492

PESSOA, FernandoCAMPOS, / lvaro Á de.) 4291 ( Apontamentos para uma estética não aristotélica. .4291 [em linha]. Disponível em: http://arquivopessoa.net/ textos/276 [Consult.set. 41 ]. 02 FRANÇA, José-Augusto .) 97 1 ( O Modernismo na Arte Portuguesa. Lisboa: MinistériodaCulturaedaCiência/SecretariadeEstadodaCultura,p..52 Quanto mais não seja para Lima Carvalho e Clara Menéres, já que o texto de Pessoaérepublicadonamuitovisívelrevista Artes Plásticasnºem ,8/ 7 janeirode por , 7 91 Pierre-Alain Hubert,artistaqueousaracomoreferênciaIII nos Encontros Internacionais de ArtedaPóvoadeVarzim,noVerãoanterior.

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assentenacaptaçãogregáriaÇenainteligênciadoqueabelezasensível. AinuênciadosLivreseIndependentespoderátersidomaisdiscreta mas não irrelevante, havendo uma possível anidade na tentativa de-ar mação em grupo de modo alternativo aos meios e poderes instituídos, o quetambémcaracterizaaaçãodosAcre.Unsemtempodaª 1 Repúblicae outrosduranteaditaduradoEstadoNovo,hánelesumaespéciededesejo de oposição mais ou menos consequente como tal, que osAcre veiculam também,empartedoseudiscursoeobras,jáemtempodeliberdade. Como o Grupo Mais Além, o Acre procura algoque grita, que nos 592 contorceenosabreasensibilidadeÇ Com . esseeoutrosgruposdiversos, hátambémemcomumavontadedediferenciaçãodosmeiosacadémicos, queosAcreexploramnaaçãoemque,apesardedocentesemBelasArtes, emitemdiplomasdeartistasapessoasqueosdesejemo  quecriaalguns dissaboresnomeioacadémicoemqueseinseremosmembrosdeentão. Dos antecedentes Dimensionistas pode ter persistido a noção d aberturadisciplinareespacial,emboranesseinteressedevatertido impactodiretoadinâmicainternacionaljápresentenonaldesessent einíciosdesetenta,testemunhadaporQueirozRibeironassuasestadi londrinas e pelos outros membros do GrupoAcre em viagens pontuais e noprópriopaís. QuantoaoGrupoSurrealistadeLisboaeGrupodoCaféGelo,émais difícil procurarsintonias, embora Lima Carvalho e Clara Menérestenham referido que, em inúmeras reuniões do Grupo Acre, o processo criativo era de frequente brainstorming, quase mesmo cadavre exquis, princípios eventualmente presentes do ponto de vista metodológico ou processual. Dos surrealistasterácado,também, uma certa atitude libertária, - a rele vânciadoerotismoedasexualidadenaexpressãoplásticamais ( evidentes nas obras individuais de Clara e Lima Carvalho, uma vez que projetos do gruponessesentidoacabamporcarnagaveta)bem , comoaconsciência daimportânciadoinconscienteedapsicanálisenela ( confessadamente,d ndole í junguiana)Ecos . davertentealgodadaístadeAntónioPedroedasua inuênciateatralpodemserefetivosoudistantesnarepartiçãopara osas suntosartísticosÇdoGrupoAcre,mas,noutrotrabalhoseu,asressonânci dosurrealismosãopoucoevidentes,anãosernosentidodepartilhadeuma posiçãoantiEstadoNovo.

592

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MELO,AnaVasconcelose;FERREIRA,Emília.)60 2( DominguezAlvarez,07 RuadaVigorosa, Porto . Exposição na Fundação Gulbenkian, 81de Maio a51de Outubro de.60 [em 2 linha]. Disponível em: https:gulbenkian. // pt/museu/past exhibit/ dominguez-alvarez-rua-0 7 da-vigorosa-porto/ [Consult.jul. 03 ]. 9102 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Pensarnumarelaçãocomosneorrealistasémaiscomplexo:qualquer umdosmembrosdoGrupoAcreéaindacriançanafasedecisivado-movi mentoneorrealista,logodicilmentepoderiamterparticipadonasEGAPs, anoemqueomaisvelhodostrêsartistasnãotemmaisdoquedezassete anos.Recorde-sequeQueirozRibeironasceemano 9 (3 daspolémicasde RessanoGarcia)Lima , CarvalhonoanodeExposição do Mundo Português e Claraemainda ,34 duranteaIIGrandeGuerra;expressivasaindasãoasda tasemquefrequentamasBelasArtesdoPorto,queseevocampelamesma ordemdeidades:Limadea 8591 Alfredo ;36 dea 95 1 e;46 Clarade3691 aNenhum .86 delesésequeralunoduranteasExposiçõesGerais,terminadas em,65embora nesse ano Lima Carvalho se aproxime da convivência deAntónioCruz,opintornolmedeManoelOliveira OPintoreaCidade, e a sua pintura se revele numa linha próxima de um certo expressionismo neorrealista.Dostrês,talvezsejaeleoquemaisinuênciasintegradaquele movimento, embora, em conversa com a autora deste texto, Clara tenha assumidocomopossívelessaaproximaçãoinicialcomoefeitocontextualna suajuventude,depoistransformada. Deresto,tambémépossívelpensareventualmentesobrealgumadi ferenciaçãogeracionaldoGrupoAcrefaceaartistastãopróximoscomoa geraçãoneorrealista.Certamentequepesamecos,mesmoquecontraditó rios,aolongodosanos0da 5 suaformação,dosdebatessobreorealismo e do esteio de neorrealistas quedeixamÇ de o ser, comoAugusto Gomes, Dourdil,Charrua.MasaexperiênciacentraldostrêsartistasdoAcrenãoé nessalinhaquesedesenha. Independentementedeaspetoscríticoscomunssobreocontexto - po líticoedoempenhoassociativo,especialmentedeLimaCarvalhopatente  nasuaexperiência,porexemplo,noGrupoRaíz,nafrequênciadosFenianos e,nosanossessenta,quandoestáligadoaoaparecimentodarvore, Á ede poisÂpareceterpesadomaisnostrêsartistasumacertaherança - dare lação da abstração com uma certa neo-guração que os afasta do neorrealismo, pelo menos na procura de vocabulários formais e processuais inovadores. Recorde-se que Lima Carvalho é discípulo de Júlio Resende, revelandoalgumasanidadesnolirismogestual,emdeterminaçõesdeum certo expressionismo e no modo de bemformar, mas na sua preocupação defundosocial,comumaosneorrealistas,aproxima-seemnaisde0de 6 umavisãoporvezesjápop,queseevidencianosanosDesde . 07 aprimeira individualemClara , 76 empenha-senorigorenadiversidadedaexperimen tação técnica das ( linguagens tradicionais ready-made) ao e oscila entre umaguraçãodesínteseformalqueecoaomodernismo,acríticasociale oapeloerótico.Ambosarmamumaperspetivacentradamentehumanista,

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num caso mais existencial, noutro mais crítica e rebelde. Queiroz Ribeir porseuturno,aliaacuriosidadedaexperimentaçãoformaltambémcomum certoclimapopoucomaprocuradaformacertadaabstraçãogeométrica, e ainda com a propensão conceptual,também aí se afastando da geração anterior, empenhado na questão de fundo do realismo de um modo mais politicamentecomprometido. Aliás,odiscursodoGrupoAcreépolíticoecertamenteque,comoos neorrealistas,abraçaprofundamenteumaestéticaantiEstadoNovo.Está sobretudocontraosaboradocicadodaarteproduzidaporeste,masnãose empenhaemquestõescomoadesigualdadesocial,apobrezaouotrabalho que,paraartistascomoPomareResende,sãocentraisaseutempo. E,quandoosAcrerepescamastécnicasdegravuranastampas-desa neamento,emplenarua,nãodeixamdeestarpresentesmemóriastalvez  demodoirónicodo  papeldedemocratizaçãodaCooperativaGravuraedo GrupoG7 12 com ( ecosdosespanhóisdaEstampaPopulareoutros)à, mis turacomainvestigaçãográcaentretantosuspensanoCentroNacionalde CalcograaeGravura,naESBAL,queambosconhecem.Masnãoparecem, poroutrolado,referênciasabsolutamentedeterminantes,sebemque - late ralmentepresentes. Quanto ao peso que possatertido o caso de Os QuatroVintes, é já certamenteinuenteosimplesfactodesetratardeumgrupodeartistas,de novo,deumageraçãomuitopróxima,etodossediadosnoPorto,quelogram grandevisibilidade,credibilidadeesucessocomasapariçõesconjun Há,ainda,instituiçõesquenãosãoapenastutelaresouexemplicati vasdeaçõesconcertadasemconjuntoequeacolheminiciativas,delas ema nando também um potencial de atuação menos individual, mais coletiva. NãoparecehaverligaçõesdoGrupoAcrecomoCírculodeArtesPlásticas deCoimbraquepossamtomar-secomoantecedentesdiretos,emborate nhahavidocontactoseconvivênciacomartistascomoJoãoDixo,umavez queLimaCarvalhoduranteanosfazasuavidaentrePortoeLisboa.Dixo, aliás,publicaemjunhodeuma 74 91 sériedeaforismos692 cujosentidogeral temgrandesanidadescomdiscursosdeoutrosartistasdaépoca,inclu doGrupoAcre.Essaligaçãoevidenteexistenos IV Encontros Internacionais de Arte,masaídepoisdee74 comosAcreemação.JáaCooperativarvore Á faz parte indiscutivelmente do passado artístico de qualquerum dos t membrosdoGrupoAcre,talcomoaSNBAque,porvezes,équaseumase gundacasaparaClaraMenéreseLimaCarvalho.

692

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DIXO,JoãoO.) 74 91 ( oráculocomoartistaÇ. junho, ,4 p.e161 Porto: .9 EditorialEngenharia.

Artes Plásticas Dir. ( Egídiolvaro) Á Nº .

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Certamente que, além dos grupos já aorados que, no seu tem po próprio, cumprem propósitos variados, desaparecendo naturalmente quandoseesgotaadinâmicaquelhesdáorigemouvindoatornar- seins tituiçõesqueresistemeperduram,hátambéminstituiçõespropriament ditas à partida que funcionam como agregadores dos artistas, dos s projetos e das suas carreiras. Nesse âmbito mais lato, não deve - ser es quecidoopapeldasescolasdeartedenívelavançadoouespecíco,como asEscolasAntónioArroioeSoaresdoReis,asantigasEscolasSuperior de Belas Artes de Lisboa e do Porto, escolas privadas como o IADE e o ArCo, e, claro, a Fundação Calouste Gulbenkian. No corredor do tempo que medeia até à democracia, todas elas cimentam, ao seu modo, liga çõesentreartistasquecontribuemparaasdinâmicascoletivasque,ap ,se 174 9 tornammuitoexplícitas. De facto, todos estes antecedentes determinam direta ou -indire tamente a conguração do GrupoAcre e, acima detudo, mostram que o seu aparecimento como coletivo artístico não é um caso isolado e deve serlidopordentrodeumaespéciededinâmicacoletivairregular notem po. Nesta pesa, indiscutivelmente, a inuência estética do discurso a tístico e cultural do Estado Novo e a pressão para uma espécie estereó tipo construído, sedimentado e contrariado desde o início do século XX, principalmenteaolongodequasemeioséculodeditadura,umapretensa identidade nacional, em parte bem sucedida ou, apesardetudo,falhada, apostada em equilíbrios precários entre a modernidade e o mítico, com muitascedênciasàhistóriaeaofolclore,eondeosebastianismoéumdos lugares comuns. Contra esse longo e óbvio espírito português suaveÇ, aliadodoprovincianismo,damediocridadeedaditadura,sealinha,ana uma tradição de contestação, irreverência e inovação em que aposta o GrupoAcre,acidamenteporvezes.

Certamentetambémquechegamdoscontextosinternacionaisecos deatividadesartísticascoletivasouemgrupo.OsCobraexistemdesde,84 porexemplo.DogrupoEstampaPopularedaEquipofala75 seapropósito daGravura,etambémoElPasoexistedesdenaisdosanostal , 05 como os artistas da Internacional Situacionista, ou ainda os Gutai ou Chri Jeanne-Claude que trabalham juntos desde 06 e de 26 em diante. Há o Fluxus. Desde ,6 deixam registos os BMTPBuren, ( Maisset, Parmentier eToroni).OsAntFarmestãoativosnosEUAdesdetal ,8691 comoosBAG Black ( ArtistsGroup)no , mesmoanodosArtLanguage & emInglaterra.Os ArtWorkers Coalition existem desde96também 1 nos EUAe em França identicam-se os Support-Surfaces. Os Textruction(s), que vão merecer

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atençãoescritanumaColóquioArtesdeestão ,6 7 91 ativosdesdeanos ,17 9 depois de outra Colóquio Artes se referir em37 91à EquipeTriângulo, do Brasil.Eestaenumeraçãopoderiaestender-se. Basta,poragora,quequeahipóteserazoáveldemuitosnomeschegaremaPortugalouaosouvidosdosartistasdoGrupoAcre,alémdossina concretosquearevistaArtesPlásticasoferecenasuaediçãodeJunhode 7 92 sobre 74 91 oGrupoGevind a , EquipoCrónica892 eoutros92 comooGrupo Cobra,oGrupoNucleareoGrupoZero. Conta muito, ainda, a sensibilidade e inteligência individuai gramática dos artistas e do GrupoAcre ao que, de mais ou menos longe, vaichegando:ideiasnovas,atitudesnovas,formasabertasdeagir - artis menteque,principalmentedesdeosanossessenta,entramnopaíseque, emse , 74 91 somamaoclimaderevolução,inventandoumanovavanguarda. Ventosvindosdefora,subtisouevidentes,nuncatinhamdeixadodesoprar Nãoporacaso,tantasvezes,nasvozesdeClaraeLima,surgeemcon versasafraseAsideiasandavamnoarÇ.

Outros, naqueles anos (pós 1974)

Comojáestáditoatrás,entree74 o 7 processodetransformaçãopolítica vividoemPortugalédecisivoedegrandeprofundidade.Bastapensarmos que,quandodeumaditaduralongasepassaparaumregimedemocrático progressivamentemaisestável,tudoimplicamudançassúbitas - deint nientes,discursos,revisãoereorganizaçãodeestruturasdiversass nanceiras,meandroslegais,etc.Debatem-sedesdelogodiferentesproje tos político-económicos para um país que, embora situado numa posição estrategicamentedecisivanaEuropa,estáatéaíconvenientementeesque cido internacionalmente. Trata-se, por outro lado, de uma transformação comfortecomponentenãoprogramada,ouseja,efetivamenteumarevolução,nãoapenasimediata,deumdiaparaooutro,mastambémcomefeitos acurto,médioelongoprazo,numprocessoemdevirnoqualinicialmente, comojáfoidito,muitacoisaaconteceaomesmotempo.

7 92 892 92

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HJORT,OystenPanorama .) 74 91 ( dinamarquês.OGrupoGevinddeCopenhagueÇ. Artes Plásticas Dir. ( Egídiolvaro) Á Nº . junho, ,4 p.Porto: .21 EditorialEngenharia. SOUSA, Rocha de.) 74 Lisboa/ 91 ( Galerias. Equipo Cronica, Canogar, Feito / GaleriaS.FranciscoÇ Artes . Plásticas Dir. ( Egídiolvaro) Á Nº . junho, ,4 p.Porto: .82 EditorialEngenharia. RIBEIRO,Alfredo Queiroz.) Londres/ 74 91 ( GaleriasÇ. Artes Plásticas Dir. ( Egídio lvaro) Á Nº . junho, ,4 p.e33 Porto: .6 EditorialEngenharia. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


O período maisvertiginoso da revolução é, indubitavelmente, - mar cadoporumaconsciênciapolíticaconfusaqueseexprimenavontadede muitos de participar, pensar e agir, colocando em prática a mudança da sociedade atodos os níveis.Tendo em conta os longos anos de repressão individual e coletiva, é compreensível que a liberdade recente tenha ex pressão nesses mesmos dois níveis individual e coletivo e, nos primei tempos,ademocraciaexpludanasuaversãomaisespontâneae,decerto modo,libertária,utópicaeingénua. Écertoque,napolíticaemsiÇ,persisteumaprimeiralinhatransfor madoraquetomaentãocomointervenientesprincipaisosmilitares, ospar tidos e organizações políticas, mesmo quando, nos bastidores, outros po deres,queincluemaeconomiaglobalegeoestratégicaeinuênciaeação exterioresdoestrangeiro,vãoadquirindocadavezmaiorpesonotecido in teriordasdecisões. Mas,enquantoisso,emtodosossectoresdarealidade,empequenase grandesinstituições,emlugaresdeprodução,ensino,culturaearte,aideia dedemocraciaevoluirapidamentepordentrodastípicaserecentes - assem bleiasdedecisõesdemocráticas,livresoumaisoumenosmanipuladaspor grupos previamente organizados, que são os que conseguem as maiorias necessárias nas votações. De facto, se as assembleias democráticas são, noinício,espontâneasemgrandeparte,rapidamentesecompreendeque, mesmoqueumavozisoladafaçadiferençanelas,opodercoletivotemmais ecáciae,porisso,háquepensaremmodosdeorganizaçãoconjuntapara conseguir maior capacidade de escuta, de persuasão e legitimação  ou seja,resultados.desse É modoque,portodoolado,nascemeorganizam-se gruposdepressão.E,naculturaenasartes,issoéigualmentevisí-vel,ape sardotradicionalindividualismodosintelectuaiseartistas.Com José-AugustoFrança,Certoé,nestePortugaldehoje,que,naliberdadede afazer, a arte é o social . Ç 300 Osocial,aomesmotempoograndeassuntoeoinstrumento,irrompe assimemtodasascriaçõesartísticas:noteatro,nocinema,namúsica,no bailado.pois, ,É maisdoquenaturalque,narecentedemocraciaportuguesa enoscontextosdasartesplásticas,talcomoacontececomoGrupoAcre, também seformem e atuem outros novos grupos de artistas, comtipolo gias, projetos e característicasvariadas, quersob umatendência comum

300 FRANÇA, José-Augusto .)7 91 ( Exposição Arte Portuguesa Contemporânea, Brasília São Paulo Rio deJaneiro,77. 91/67 91 Org. Ministério dos Negócios Estrangeiros, Secretaria de Estado da Cultura, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa:Neogravura. GRUPO ACRE FEZ

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quersobidentidadesparticularesemcadacaso.Algunspassam - desper bidos,jáqueasdinâmicaspolíticasesociaisseerguemcomoprioritár nasartesplásticas,nãoabundammeiosderegistoepublicaçãodemuitas 301 atividades Aliás, . aténasdiversasescolasdearteváriosgruposemergem commaioroumenorvisibilidadeesequênciafutura,mas,poragora, - debru cemo-nossobreosmaisrelevantes.

3.2.1. Movimento Democrático dos Artistas Plásticos

Entreeles,oMovimentoDemocráticodosArtistasPlásticosnãoépropria menteumcoletivodecriaçãoartística,mas,comoonomeindica,um-mo vimento de pressão e ação político-artística. Existe, desde maio de, 74 91 302 sobaçãodeartistasdediferentesformações enasuamaioriaaindasem alinhamento político que, inicialmente, se encontram na Galeria-1 e de pois na SNBA; formulam de imediato reivindicações no sentido-da aboli ção de estruturas e responsáveis fascistas do SNI e outras comissões Estado Novo, da remodelação da revista Panorama, da realização de uma inventárioartísticodaSEITSecretaria ( deEstadodaIndústriaeTurismo)d , cancelamentodasexposiçõesprevistasnoPalácioFozenaGaleriadeArte Modernaeelaboraçãodenovosprogramas,etc. Lima Carvalho participa desde o princípio de modo muito ativo; a suaposiçãonoConselhoTécnicodaSNBAeassuasconstantesidas - evin das entre Lisboa e Porto, cidades onde a suavida se divide, conferem-lhe

301 Por exemplo, Rui rfão Ó terá estado ligado a um Grupo Fila K. Arma-se num currículo seu de ,5891 ser um grupo de Coimbra para pesquisas e armação de uma nova estética interventivaÇ, existente em. 0Dado 7 91 que o artista teria então 21 anos e não nos foi possível encontrarmais informação relevante, aqui ca apenas a referência: AGUIAR, Fernando; BARBOSA, Manoel Dir. ( ., ) 5 8 9 1 ( PERFORM’ARTE. I Encontro Nacional de Performance.Catálogodasexposições, performances,conferências,vídeoeconcertoentre3e1 8de 2 abrilde,em 5891 TorresVedrasnaGaleriaNova,ClaustrosdoConventodaGraça,GaleriaMunicipal eSalãodosBombeirosVoluntários.TorresVedras:CooperativadeComunicaçãoe CulturadeTorresVedras,p.87 302 Ana Vieira, António Palolo, AliceJorge, A. Mendes, Armando Alves, Artur Rosa, Clara Menéres, David Evans, Eduardo Nery, Eurico Gonçalves, Espiga Pinto, Fátima Vaz, Fernando Conduto, Guilherme Parente, Helder Baptista, Helena Almeida,HelenaLapas,HenriqueManuel,HenriqueRuivo,JoãoAbelManta,João Nascimento,João Cutileiro,João Hogan,João Vieira,J. Moniz Pereira,Joaquim Rodrigo,JorgeMartins,JorgeVieira,JoséAurélio,JoséRodrigues,JoséJoãoBrito, Júlio Pomar,Júlio Pereira,JustinoAlves, Kukas, Lima de Freitas, Lima Carvalho, Luís Dourdil, Manuel Baptista, M. A. Dias, Menez, Nikias Skapinakis, Quinino Sebastião, René Bértholo, Rogério Ribeiro, Sá Nogueira, Romualdo, Sérgio Pombo,TeresaMagalhães,VirgílioDomingues,Vespeira,etc.

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qualidades convenientes ao movimento para ligação dos artistas e dos meiosdasduascidades. UmadasprimeirasiniciativasdoMDAPéarealizaçãodopainelcoletivo comemorativo no01de junho, já atrás referido, que concretiza uma ideia-ba seada numa obra coletiva pouco antes realizada em CubaAlentejo) ( , naquele casoemestruturaespiral.Agora,onúmeroobviamentesimbólicodosanos 84 daditaduraextintaconduzàelaboraçãodeumalistadeartistas, 84 queexclui inúmerosnomes,apesardeconsagrados.JosédeGuimarães,porexemplo,resi denessaalturaemAngola,dondesóregressaemnovembro,peloquenãoparticipa.Enemtodosaceitam,comoacontececomAbelMantapai) ( para , quem otrabalhonosprevisíveisandaimesnãoseadequaaosseus6anos 8 deidade. Além da organização da festa do 01 de junho com a pintura deste painel que, ( depois de uma representação falhada por culpas ociais na Bienal deVeneza acaba nas cinzas de um incêndio já nos anos oitenta), o MovimentoDemocráticodosArtistasPlásticostemoutrasintervenções an tesdeseextinguir,emdataincerta. Podem identicar-se, por exemplo, a já referida intervenção A Arte Fascista Faz Mal à VistaemfrentedoPalácioFoz 303o, cartaz FlorLiberdade, Fogo Imaginação, Força Unidade, dee74 91 a pintura de um outro painel coletivoemViseu. TambémédaorganizaçãodoMDAPacomemoraçãodoDiaMundial 403 da Criança, que um programa de televisão transmite como decorrendo nas instalações do próprio movimento, incluindo diversas atividades criançascomohistóriascontadas,realizaçãodepinturas,máscaras etea tro,sobapoiodeestudantesdeBelasArtes. Há ainda, nafrente mais concretamente política, a colaboração nas CampanhasdeDinamizaçãoCulturaldaª 5 Divisão,odiálogocominstitui ções,gruposeartistassobrenecessidadessentidas,aintervenção emco missõesconsultivassobreassuntosartísticos. No entanto, embora exista no movimento forte potencial associati vo,goram-setentativasdeorganizaçõesformaismaiscorporativasquevão surgindo,comoMovimento o Pró-Associativo dos Artistas Plásticosno ( ticiadonarevistaArtesPlásticasdejunhodede ,) 74 91 quedecorre FAPAP a (Frente de Acção Popular dos Artistas Plásticos),cujacriaçãoéanuncia danumpequenoartigonoDiáriodeLisboadeoutubrode: 74 91

403

303 Ver. .1 2. CINEQUIPADia .) 74 91 ( MundialdaCriançanasededoMovimentoDemocrático dosArtistasPlásticosÇ Ver e Pensar, . programadetelevisão.e174 91 e10 [em .3 linha]. Disponível em: https:arquivos. // rtp.pt/conteudos/dia-mundial-da-infancia/ #s thash.8L7rG8ys.dpbs [Consult.6abr.2018].

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). (de acordo com o estabelecido no programa do movimento PróAssociativodosmesmos.AFA. . PA. . Pterácomofunçãoaparticipação política,napolitizaçãodemassasenaregulamentaçãodetrabalhode artistasplásticoseseuempregoefetivonareconstruçãodo-país,pas sando a sero órgão representativo da classe e daAssociação juntos 503 dospartidosedoGoverno.

Essegruposeria,aparentemente,umaderivaçãodaAPAPAssociação ( deArtistasPlásticos)que,comooutrastentativasdeorganização - mais porativa de artistas, também não consegue grande sucesso, catalisan tensões diversas e sectarismos partidários.AFAPAPtem propósitos radicaisemtornodadenúnciadocaráctercapitalistaeburguêsÇdasar 603 plásticasemPortugaledofascismoÇ deintervenientesnomeioartístico que então logram maisvisibilidade, nomeadamente do MDAP, pouco ativo nasuaopinião,esobretudovisandoaCCAPComissão ( Consultivaparaas ArtesPlásticas),em,quando 57 91 daorganizaçãoporestadeumaexposi çãodepinturaportuguesaquesepretendelevaraParis. Narealidade,aFAPAPpoucomaisacabaporfazerdoquecriarcon testaçãoemtornodessaexposição,acusandoaseleçãodeincidirnos - mes mosartistasdesempre,nãoserrepresentativadaarterevolucionáriaÇcuj existênciaéduvidosa,questionandoParisemvezdePortugalcomodestino etc.Osprotestos,tambémsubscritosporprofessoresdaESBAPeporum grupode21artistasindependentesentre ( osquaisdoisdos83escolhidos para a referida exposição), acabam pordesanimarmuitos dos envolvidos, combastanteestardalhaçonaimprensanormalenaColóquioArtes.JoséAugustoFrançachegaareferirmanobrasdeinuêncianaSNBAporparte daFAPAPsegundo , elecomapoiodaª 5 divisãodoMFA 7 03 o( que,nãosendo forçosamenteverdadeiroealinheemacusaçõesdisseminadassobreouso de iniciativas artísticas para instrumentalização política, colhe a no facto de haver na FAPAPartistas próximos de partidos de esquerda e extremaesquerda)Mas, . naépoca,oassuntotorna-sedemasiadopolémico, desiste-sedaexposiçãoque ( aconteceapenasmaisdeumanodepois)E. a APAPtambémnãotemvidalonga.

503 603 7 03

1 24

A/ACriada .) 74 91 ( umaFrentedeArtistasPlásticosÇ. Diário de Lisboa,de 81 outu bro. [em linha]. Disponível em: https:www. / / arquivopintasilgo.pt/arquivopintasil go/Documentos/pdf .690 .830 [Consult.set. 91 ]. 02 Expressõesnomesmoartigo. FRANÇA,José-AugustoA .) 0 2( Arte e a Sociedade Portuguesa no Século XX e2019 0 Lisboa: . LivrosHorizonte,p.e636 .4 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Há ainda uma Associação Nacional de Artistas Plásticos mais re cente,mastambémdecurtapermanênciaememóriapoucoregistada.

3.2.2. Grupo Puzzle Mais plenamente do que a maioria dos grupos de artistas e efetivamente assumindo-se como um coletivo artístico na década de setenta, o Grupo Puzzleforma-sejáapósoimpactodasprimeirasaçõesdoGrupoAcreeestá bastantepresentenocenárioartísticodademocraciarecente,disputando comaquelegrupoosprimeirosplanosdevisibilidade. OPuzzleéomaiorcoletivoportuguêsdessaépoca,obviamentemaior do que o GrupoAcre e maisvariado etariamente, com artistas da mesma geração,mastambémmaisnovosdoqueaquele. 308 Segundo Egídiolvaro Á , o Puzzle nasce em57 9em 1 Paris, no bar RosebudMontparnasse) ( noencontrodeleprópriocomGraçaMorais-8491 ( Jaime ,) Silvae-) João 7 491 ( Dixoe21 49 ( na ,)210 suposiçãodesecriarassim o primeiro coletivo em Portugal  o que, como sabemos, não correspon deaosfactos,poisháintervençõesdoGrupoAcredesdeagostodeA . 74 91 esse núcleo juntam-se em seguida, já em Portugal,Albuquerque Mendes Armando , -) 3591 ( Azevedoe27 491 ( Carlos ,) 02 CarreiroDario , -) 6491 ( Alves e, -) 0Pedro 491 ( RochaEm . -) 5491 ( adere 6 7 91 FernandoPintoCoelho-159 ( tal ,) comoosoutrosartistasoriundodoNortedePortugal:sumariamente Porto,GuimarãeseCoimbra.Nestacidade,ainiciativacentra-semuitoem JoãoDixo,quearrastaoutrosartistaspresentesnoCAPCCí( rculodeArtes Plásticas de Coimbra), sendo no Porto que decorrem os encontros entre todos, nos quais discutem os projetos.Ainda em,6 7o 91 Puzzle muda de elenco,quandoseafastamPedroRocha,DarioAlveseCarlosCarreiro;em 903 entra 7 91 GerardoBurmester saindo , -) 3591 ( JaimeSilvaeGraçaMorais ; e,porvezes,oempenhodeEgídiolvaro Á e27391 (crí ,) 02 ticodearteeartis ta,étãoexpressivoqueécomosezessetambémpartedocoletivo.

308 Em texto não localizado, referido porGUÉNIOT, David-Alexandre; PINTO, Paula ed. ( .) 9102( ,) Caldas 77 / IVEncontrosInternacionaisdeArteemPortugal= èmes 4 Rencontres Internacionales d’Art au Portugal.Lisboa:GhostEditions,p..482 903 Segundo GONÇALVES, Cláudia; RAMOS, Maria Coord. ( ., ) 1 0 2 ( Porto:07/ 6 os artistas e a cidade.Textos deVicenteTodolíJosé , Rodrigues,João Fernandes, FátimaLambert,FernandoPernes. Porto:AsarvoreÁ/ CooperativadeActividades ArtísticasMuseu / deSerralves,p..192 GRUPO ACRE FEZ

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A primeira obra do coletivo é de carácter performativo: Jantaro 310 intervenção, em janeiro de,6 7 9na 1 Galeria Alvarez-Dois ; e a última é, possivelmente, a mala que o grupo apresenta na ARC do Museu de Arte ModernadeParis,em. 0891

Formado com o intuito de retratar a instabilidade política vivid rescaldo do Processo revolucionário em Curso PREC) ( e como ree xão de uma geometria variável entre asconvenções colectivas e as consciências individuaisÇ, o nome do Grupo representava tanto um metáforaformal como uma estratégia performativa. Era simultanea menteliteraleexperimental,interessando-seporjogarcomoslimites da consciência e das suasformas de expressão.Ademocraciatrazia consigo a liberdade individual, representada naforma de um desao colectivo. O Grupo Puzzle assume a gestão desse equilíbrio instável 311 entreointeresseindividualecolectivo.

Noentanto,aintervençãonarealidadeeutopiapolíticasnãosão - fo cosúnicosdestegrupo,quetambémtrabalhatópicospessoais-oufamil 312 res,equotidianos,daarte,dosmitoscorrentes,dostabus . Ç). (

310 A datação exata é contraditória. Na revista Artes Plásticas8/ um 7 dos artigos de Egídiolvaro Á a) ( situa o jantarem dezembro de57e91 outrob)( ,também do mesmoautor,emjaneirodeenquanto ,6 7 91 FernandodeAzevedoc) ( no , catálogo daexposiçãoCultura Portuguesa em Madridem,refere 7 91 omêsdejaneirode .Parece 57 91 maiscredível,contudo,adataapresentadanotextodocatálogodo Salon de la Jeune Peintureemquenosbaseamosd) ( ,equeassinalacomoativi dadessuas: Jantar,emjaneirode,6na 7 91 GaleriaAlvarezDois; TroisPanneaux, naGaleriaAlvarezDoisedepoisSalon no de la Jeune peinturedeParis,ambasem marçode;6 7 91 Dix-huit+Trois Panneaux,naSNBA,emjulhode.6 7 91 a) ( LVARO, Á Egídio.)7 91 Portugal ( .6 7 Vanguardas alternativas. Albuquerque / Da RochaDixo / Graça / MoraisGrupo / PuzzleVí/ torFortesÇ. Artes Plásticas. Nº,8/ 7 Dir.Egídiolvaro, Á dezembro/janeiro,p.Porto: .82 EditorialEngenharia. b)( LVARO, Á Egídio .)7 91 ( Grupo Puzzle: Albuquerque. Armando Azevedo. Carlos Carreiro. DarioAlves. Graça Morais.Jaime Silva.João Dixo. Pedro Rocha. Pinto CoelhoÇ. Artes Plásticas nº,Dir. 8/ 7 Egídiolvaro, Á dezembro/janeiro,p..Porto: 81 EditorialEngenharia. c) ( AZEVEDO,Fernandode.)7 91 ( Cultura Portuguesa em Madrid.Madrid:Secretaria deEstadodaCultura. d) ( SOUSA,Rochade.)6 7 91 ( Jeune peinture portugaise.CatálogodeExposição. Paris: FondationCalousteGulbenkian/CentreCulturelPortugais. 311 PINTO, Paula.)1 02( Grupo Puzzlee167 91( .)189 Pintura colectiva = Pintura in dividual. Catálogo da exposição Grupo Puzzlee16 7 91 ( .)189 Pintura colectiva = Pintura individual. Curadoria de Paula Pinto. Figueira da Foz: Câmara Municipal daFigueiradaFoz/CentrodeArteseEspetáculos. 312 LVARO, Á Egídio.)7 91Grupo ( Puzzle: Albuquerque. Armando Azevedo. Carlos Carreiro. DarioAlves. Graça Morais.Jaime Silva.João Dixo. Pedro Rocha. Pinto

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3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Figura 81 Grupo Puzzle. Bandeira Nacional..6 7 91 Técnicamistas/tela. cm. 692x7 02 ColeçãoMuseu CalousteGulbenkian.

Issoécoerente,aliás,comaevoluçãodocontextohistórico,setiver mosemcontaqueoPuzzlesurgejánumafasedoclimarevolucionárioem que,depoisdofulgoreintensidadeinicialquaseunânimes,setoma, entre tanto,umrumodemaiorprimadodasdiferençasdeperspetivaqueademo craciafazporintegrar,comcrescenteinstitucionalizaçãodestanumano legalidadeque,agora,vaidetendoopoder.Essefactocontextualé,também, expressivonoperleprojetodestecoletivoque,porumlado,apostanuma gestão das diferenças dos papéis criativos individuais em - proposta juntase,dopontodevistaplástico,oraarmacentralmenteaviapictórica, oraabre-seaumadimensãoperformativa,maispúblicaeteatral,comforte debateinterno. No catálogo de O Puzzle joga com o Porto, uma das exposições do grupoemé,6 7 91 possívelrever,emfotograasquetestemunhamumaes pécie de ação ritual, a montagem de uma tela conjunta com pinturas - di versas; descortina-se a estrutura de campo seccionada segundo diversas formasdemosaicooupuzzle,emarticulaçãocomumaguraçãoalgotar do-popmarcadaporcones í dasociedadeeculturaportuguesaeinternacio nal,comoporexemploaPontedeD.LuíseaTorredosClérigosdoPorto,a ondadeHokusaiaservirdefundoàameaçadetiroaummilitardaMarinha, ouaindaaprópriabandeiranacionalcomrecortesdelogótiposdediversos partidospolíticoseatéformasdendole í abstrata.

CoelhoÇ. Artes Plásticas nºdezembro/ ,8/ 7 janeiro,pPorto: . 91 EditorialEngenharia. GRUPO ACRE FEZ

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Egídiolvaro, Á emtextodejulhode,6refere 7 que,naexperiênciado grupodeexposições 5 nosúltimosmeses, 8 aª 2 repetidaemParis,háuma qualidadenotável:

Polémica é a posição destes nove artistas desde o princípio,). (ao acreditarem e ao projectarem-se numtrabalho colectivo para o qual nenhumou ( poucos) estava realmente preparado, que só lhes anunciava canseiras e preocupações, que sacudia o conforto do trabalho e individual e indiscutido, que os obrigava a dialogar - permanen mente, e que os lançava numa aventura, num desao, de resultados 313 imprevisíveis.

Defacto,aproduçãointensadogruporevelaumdispositivo mo-ou dus operandi recorrente de natureza pictórica na maioria das obras, que aliaumamargemdecriaçãoindividualaoespíritocoletivo.SegundoJaime 413 Silva procuram , normalmentequehajaumareferênciainicial,porexemplo um postal, umafoto, um pretexto que sirva de mote conceptual e modelo visual, alvo de troca de ideais e interpretação livre. Uma imagem daTorre dosClérigospodeserrecortadaemnovepartesdivididasporcadamembro do grupo e, mais tarde, unidas de novo após trabalho de cada um, indivi dualmente513 Assumem . assim,umaespéciedeprocessode cadavre exquis, umavezquecadaumdesconheceotrabalhodosoutros,associadoauma naturezaperformativa. Na coletiva deVerão de6 7da 91 SNBA, duas pinturas revelam esse processodecomposiçãosimultaneamenteconjuntaeindividual, - quecon siste na decisão de apostarnuma superfícienal do quadrofragmentada, já atrás referida como um puzzle, destinando cada um dos fragmentos a cadaartista.Noentanto,emborasejaumpoucoaquiloqueéfeitoantesno paineldode 01 junhodeagora ( 74 comrecortesparciaisdiversos)no , caso doPuzzlenãopareceexistirumsuporteinicialsujeitoadivisões,masa umconjuntoderealidadesindividuaisque,posteriormente,sãocompos maiscomoumpatchworkou  seja,háumaimagemsujeitaafragmentação

313 LVARO, Á Egídio.)7 91Grupo ( Puzzle: Albuquerque. Armando Azevedo. Carlos Carreiro. Dario Alves. Graça Morais. Jaime Silva. João Dixo. Pedro Rocha. Pinto CoelhoÇ. Artes Plásticas. Nº,8/ 7dezembro/janeiro, p .81 Porto: Editorial Engenharia. 413 Conversainformalcomaautora,eme081 e29 . 02 513 VertextodePaulaPintonocatálogodoGrupoPuzzlenaexposiçãonaFigueirada Foz,em.1 02

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e uma imagemnal resultado de uma construção. Logo, desconstrução e construçãoestãopresentesnoprocesso. Em A Colecionadora,também nessa exposição da SNBA, opuzzleÇ pictórico é igualmente de ndole í gurativa e tratamento diferenciado por zonas,permitindoler-seaguradeumamulherdeaparentemeia-idade,de posefrontaleatitudevagamentedistanciada,queapresentaquadros,num dos quais surge uma espécie de Mona Lisa entre uma desguração baco nianaeumadesconstruçãopicassiana.Nessecatálogoháaindamençãoa uma terceira obra do grupo, não reproduzida em imagem, indicada como 613 Maispintura 1 paraaExposiçãodeJovemPinturaPortuguesaemParisÇ . 713 A pintura referida surge no catálogo dessa outra exposição : Em Renoir, de novo a construção do espaço como que agregafragmentos de umpuzzle,quedeterminamotratamentopictóricoporcadaartistadeum conjuntodeimagenscomnaturezasdiversas,masqueperfazemumacena 318 geral.CuriosamenteetalvezàsemelhançadaEquipoCrónica nesta , pin tura é evidente a estratégia de apropriação ou citação de outros artistas emqueépossívelreconhecernãoapenasRenoir,designadonotítulo,mas tambémumafreiraesculpidaporRosaFazendae,porventura,alusõesa - ar tistasgurativoscomoChagall,EgonSchielleouKirchner,intercaladoscom zonasmaisabstratas. Em resumo, esse método curioso assume como resultadonal uma coleçãodeelementoscomcertadescontinuidade: Assim,otodoéasomadaspartes.Destamaneiraintroduz-seasingu laridadedecadaumde ( cadaparte)napluralidadedogrupodo ( todo). Nãohápropriamenteumaatitudedesíntese,pelomenos,deummodo deliberado,háantesumaatitudedeanálise,sistemática,quese-esgo ta,quesedilui,quesesedimentaemacçãoemprestadaaumjogode 913 incontornávelconvicção.

MasoPuzzlenãorealizaapenaspinturasnaconjugaçãodesinergias individuais que Quadros Ferreira refere; elabora também outras obras de

613

No catálogo Exposição de arte modernaportuguesa: salão deverão-67 . Lisboa: SociedadeNacionaldeBelasArtes,.6 7 91 713 CatálogoAA.VV..)6 7 91 ( Jeune peinture portugaise.TexteparRochadeSousa. Paris: FondationCalousteGulbenkian.CentreCulturelPortugais. 318 Cujaobrasurgedivulgadanaimprensaespecializadaportuguesaem-,é37 91 pa tenteemLisboaemna 74 91 GaleriaS.Francisco,eestánaFCGemLisboaeno CACnoPortoemver ( 7 91 ponto.)3 913 FERREIRA, António Quadros .)7102( Jaime Isidoro. O Artista Sou Eu. Porto: EdiçõesAfrontamento,p..27 GRUPO ACRE FEZ

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naturezaperformativaqueassumempropósitosdeintervenção,não -neces sariamente política. OJantar-intervenção já é sinal disso. E há recolhas e apropriação de obras de outros artistas que servem de mote para ações, nemsemprecompropósitostãodiscretoscomoalgunsdesejamassumir Omelhorexemplodissoocorreemquando ,6 7 91 osPuzzletêmdesta quenosIII Encontros Internacionais de Arte daPóvoadeVarzim,sendo-lhes atribuídonãosóumespaçodeexposiçãoparapinturasconcluídas,comohá declaradarecetividadeparaintervençõesmenoscanónicas.Correspondendo aisso,ogruponãosóexpõepintura,comoapresentaperformancesnoespaço público,paraasquaisconcebeumaestratégiadecomunicaçãoqueconsis nousoderoupasbrancascomainscriçãoemcadaartistadeumadasletras do nome do grupo. As diversas atuações ali desenvolvidas têm qualidad desigual. Há algum sentido de improviso e de ritual que,frequentemente, implicaaçõesrepetitivas,explorando,sobretudooladoteatralpúblico,aid deintervençãoemobraseespaços,compessoaspresentes. Os relatos sobre isso não são inteiramente coincidentes. Euri Gonçalves,naColóquioArtes,apenasrefereoJantar-debatenaleconfes sa que as intervenções do Grupo Puzzle pareceram-me pouco signica 320 tivasÇ . Egídiolvaro, Á pelo contrário, responsável comJaime Isidoro pelo convite ao grupo, considera o Puzzle num eixo devanguarda alternativaÇ no Portugal de6 7e,91 no número duplo da revista que sai meses depois, conferegrandeprotagonismoàparticipaçãodogruponesses III Encontros Internacionais de Arte.Aí, o Puzzle surge muito expressivo; os seus membrosestão,comojáreferido,vestidosdebranco,corderestodecisivanos própriostextosqueanunciamasintervençõesdecarácterperformativo, ri tual,objetualoufrancamenteefémero,emobrasprópriaseoutrasemarti culaçãocomoutrosartistasparticipantesoferta ( deores,jogodepalavra espetáculodepintura,subversãonodebate,etc..) Na mesma revistaArtes Plásticas, o Grupo Puzzle aparecetambém comocolaborador,publicandoummanuscritocomdoismomentos, Texto 1 e Texto 2,quereferemdoistiposdeactuaçãoÇdiferentemente , caracteriza dascomonumachatécnica: em diferido, MATERIAL UTILIZADO Suporte-pigmento, TÉCNICA leoÓ acrílico-colagem, FORMA Puzzles-rectangulares, ACÇOÃ Es tática individual( colectiva), COR Branco decompostoÇ; e ao vivo

320 GONÇALVES,EuricoT.)6 7 91 erceiros ( EncontrosInternacionaisdeArtenaPóvoa de VarzimÇ. Colóquio Artes. Nº ,43 outubro, p. .27 Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

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MATERIAL UTILIZADO III, Encontros Internacionais de Arte  PÓ VOADEVARZIM,TÉCNICAActuaçãosobreintervençõesRituais-Ex posições-Debates, FORMA Presença física  gesto, ACÇOà Teatral 321 individual( colectivo)COR , Branca .

-

Nesses resumos, compreende-se a dupla formulação que lhes in teressa: em objetos mais tradicionalmente pictóricos, bidimensiona em sistemas mistos performativos, teatrais. E nas duas páginas segui tes há imagens a preto e branco de doze actuaçõesÇ nos encontros da PóvoadeVarzim,todasenquadradasnomodoprevistoereferidoTexto no 2: Inauguração da Inauguração da exposiçãoTextruction(s);ÇEspetáculo de Pintura sobre o espetáculo Miller e CameronÇ; Subversão no deba teArte ( Subversiva);ÇOferta deores ao oradordaSaudação à à Póvoae aosArtistasÇJogo ; dasPalavrasnaexposiçãodeJoãoDixoÇRitual ; sobre Ritual deAlbuquerque MendesÇ; Espetáculo-igneo sobre piro-espetáculo de HubertÇActuação ; terrestre sobreActuação aérea deTobasÇApoio ; a Construção Destruição de Gerardo BurmesterÇAbertura ; sobre abertura de Armando AzevedoÇApropriação; contradição criativa permanente - so bretextospolémicosÇ. Figura 82 Grupo Puzzle. Jogo das palavras na exposição de João Dixo..6 7 91 IIIEncontrosInternacionaisdeArte daPóvoadeVarzim.

321 GRUPO PUZZLE.)7 9T1 ( exto 1 eTexto. Ç2 Artes Plásticas. Nº,8/ dezembro/ 7 janeiro,p.Porto: .23 EditorialEngenharia. GRUPO ACRE FEZ

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O Grupo Puzzle realiza ainda nesses encontros uma outra perfor mancetambémdocumentada:umnovojantar,nanoitedainauguraçãoda suaprópriaexposição,masapenascomelementos 6 dogrupoos ( restantes decidem não participar). Nessa atuação, sempre que alguém se aproxima damesaparasentar-se,umdosmembrosdoPuzzlelevanta-se,sai,ede pois regressa com outra roupavestida. Ofacto de aí não estaremtodos é sintomático da ideia comum de respeitare integrardiferenças. Porout lado, a experimentação de processos de atuação coletiva consta também doseuprogramamaisoumenosdenido,sendofrequenteassumiremum comportamentodeatençãoeescutaaobrasdeoutros.Assimseapropriam obras,formasouações,tambémaofazê-loseoferecemaumcertojogode apropriaçãoporpartedaqueles,numaestratégiadeinterdependênciaque, nasuaperspetiva,fazpartedaexperiênciasóciopolítica. Egídiolvaro Á frisa:

A prática do Grupo Puzzle  que culminou, nestes Encontros, com a intervenção permanente, sem criação de objectos vendáveis, sem preocupação alguma de rentabilidade económica  situa-se num campopolémicona ( escolhadostemas,narecusadaexaltaçãocega dasideiasdamoda,namaneiracomoseauto-critica,naarmaçãoda actualidadedecertostemasbanidospelodiscursodasclasses d nantes,nacontestaçãodosacademismosinvasores,nasubversãode valores) e num plano de acção directa de que são já pontosfortes o JantarinauguraletodasasintervençõestidasduranteosEncontro desdeosRestosatéaoConcertoFluxus. Entre a prática individual não destruída antes ( reforçada, num - enri quecimentosólimitadopelascapacidadesdecadaum)eaprática co lectiva, tão desejada e tão aparentemente) ( utópica, o Grupo Puzzle vemproporumaproblemáticanova,coerente,ecaz,atravésdaqual podemosvislumbrarumasoluçãoaodivórcioexistenteentreoartist 322 eoartista,entreoartistaeacolectividade.

Apesardeestarlongedeserumgrupofemininona ( realidadeaúnica mulhernestecoletivoéGraçaMorais)em , o 7 91 Puzzleparticipatambém nasduasexposiçõesdeartistasportuguesasorganizadasporClaraMenér

322 LVARO, Á Egídio.)Portugal 7 91 ( .Vanguardas 67 alternativas.AlbuquerqueDa / RochaDixo / Graça / MoraisGrupo / PuzzleVí/ torFortesÇ. Artes Plásticas. Nº,8/ 7 dezembro/janeiro,p.Porto: .82 , 72 EditorialEngenharia.

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Emília Nadal e Sílvia Chicó, na SNBAe no Centre Culturel Portugais, que centramfortedebatesobreacondiçãofeminina. Nocatálogo 323évisívelaimagemapretoebrancode Sans titre,uma pinturadogrupoPuzzlealisemdataesemreferênciasdetécnicaoudimen sões423 . De novo, evidencia-se o processo estruturante habitual: o espaço decompostoemmóduloscomrecortedepeçasdepuzzle.Aguração,nes tecaso,incluiumhomememplanoamericano,muitoaosabordosanos - se tenta,detronconu,cabelolongo,bigode,calçõesoujeans.Olhaparabaixo e,comasmãosasegurarocintoouabraguilha,todaasuaatituderemete paraumapossívelrepresentaçãocríticadomachismo,hipótesedeassocia çãoacontradiçõeslatentesnaexposição,umamostradearteportuguesa demulheres,quenãoéumaexposiçãofeministaÇ,segundoaspalavrasde SaletteTavaresnoprefáciodoscatálogos . Aindaemnos , 7 91 IV Encontros InternacionaisdasCaldasdaRainha, oGrupoPuzzlerealizaumaintervençãoqueintitula O Calendário.Comca rácterde ritual diário para os 21 dias dos encontros, parte das açõesvive da recolha de vestígios e testemunhos das outras intervenções que vão acontecendoou ( seja, põe em campo um espírito apropriativo comum às intervençõesrealizadasnaPóvoadeVarzim)Depois, . todasasnoites,os - ele mentosdogrupo,demáscaraseluvasbrancas,apresentamessesmateriais nasalagrandedoMuseuMalhoa,depositando-osnumcofre-caixa,dando o mesmo destino atiras detela resultantes do corte ritual de uma - pintu 523 ra coletiva que realizamtambém. Depois, a caixa é enterrada Armando . Azevedo, um dos artistas do coletivo, regista detalhes dessa ação no seu Livro de Actas623 ,ummistodemanuscritospessoaisedesenhosque - tam bém contém outros apontamentos sobre os encontros. Eurico Gonçalves resumeassimessaintervençãodoPuzzle:

323 AA.VV..)7 91 ( Artistas portugueses.Texto de SaletteTavares. Lisboa: Sociedade NacionaldeBelasArtes;eAA.VV..)7 91 ( Artistes portugaises.PréfaceparSalette Tavares. Lisbonne:FondationCalousteGulbenkian. 423 Numaoutraversãodocatálogoaobra,comnºapresenta ,37 apenascomomedi dascm. 052x 1 325 Esta ideia recorda Time o Boxes Project, de , 174 9 da iniciativa de Stephen Antonakos,emquecolaboramRichardArtschwager,DanielBuren,SolLeWitte RobertRyman:AconvitedeAntonakosem,no 74 anoseguintecadaumcoloca narespetivacaixaoqueentende,concordandoquesóem20 sedesvendao conteúdo,comovemaacontecer. 623 AZEVEDO,ArmandoLivro .)7 91 ( deactasÇ.GUÉNIOT,David-Alexandre;PINTO, Paulaed. ( .) 9102( Caldas 77 / IV Encontros Internacionais de Arte em Portugal = èmes 4 RencontresInternacionalesdArtauPortugal Lisboa: . GhostEditions,p. e1421 . 72 GRUPO ACRE FEZ

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um ritual repetitivo intituladoOÃ Calendário, que consistiu em reco tarumatiradetela,correspondentea21de / umapinturacolectiva, e guardá-la religiosamente num relicário, juntamente com as- diver sasoferendasrecolhidasduranteodiaporcadaumdoscomponentes do grupo. Nonal dos Encontros, o relicário foi enterrado no jardim anexo do Museu José Malhoa e, posteriormente, foi desenterrado e 723 destruído .

DenovoseconrmaqueanaturezadasobrasdoPuzzlenãoé,pois, exclusivamentepictóricaeodispositivoformaleconceptual - difere.E,e boraaspinturassejamtalvezasmaisdivulgadaseimpliquemmaiors deconciliaçãodamarcaindividualcomoprocessocoletivocomo ( valo EgídioÁlvaro)são , asdenaturezaperformativaquecolhemmaiorimpacto vanguardista,decertomododandorazãoaosargumentosquecriticam sentido fechado e até preconceituoso do próprio conceito de vanguard nalgunsdosseusdefensores. Egídiolvaro, Á grandeapoiantedosPuzzlenasiniciativasem-cujaor ganizaçãocolaboraeaquemdedicaemdiversostextos,caracterizaassim asuaprática:

Oprimadodaideiasobreatécnicatomada ( estacomoummeioenão comoumm)esobreaanálisedaintervençãoplásticadoscomponentesmateriaisdapintura. Aelaboraçãodeumtrabalhocolectivoquenãosónãodestróiaespeci cidadeeascaracterísticasdotrabalhoindividualcomoainda,mui vezes,oreforçaevaloriza. Oabordartemasquetinhamsidoexcluídosdovocabulárioplásticoem curso. Amaneiracomotrataestestemasuma ( imagemdebasecomum,recortada pornove rectângulos que serão pintados individualmente), a percepçãodaimagemglobaleatentativadejogar,norectângulo - in dividual,comoestilopróprioaosartistasaquemforamatribuídos rectânguloscontíguos. Afacilidadecomoqueaproveitamoinsólitoeotornamacessí-vel,plau sível,quasebanal. Odesejoveementedeinstaurarumdiálogoabertocomoscomponen tesdanossaculturaecomasmassasarredadasdaarte,eavontade

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GONÇALVES,EuricoIV .)7 91 ( EncontrosInternacionaisdasCaldasdaRainhaÇ. Colóquio Artes.Nºoutubro, ,43 pág.Lisboa: .27 FundaçãoCalousteGulbenkian. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


desairdosquadrosestreitosquenosforamimpostospeloisolamento 328 geográcoepelaincapacidadedosburocratas.

Em , 179 o próprio coletivo dene assim o seu projeto: O Grupo Puzzle tem procurado a livre criação coletiva que considere, respeite e explore as potencialidades da criação individual, criação individu que passará a tomar em linha de conta as descobertas do permanente 329 trabalhocoletivoÇ . Contudo, o clima de violência em que terminam os IV Encontros Internacionais de Arteéexpressivodasmudançaspolíticasemcurso,bem comodealgumespíritoretrógradoeatrasoculturalpresentesnas - popula ções,oquenãosótornadesmotivantesiniciativasinterventivas compúb cos,comodeixaumrastroeventualmentetraumatizante. Poroutrolado,PedroRocha,CarlosCarreiroeDarioAlvesafastam-se ainda em,6 dando 7 prioridade ao seutrabalho pictórico individual, pouco interessadosnalinhaperformativaqueganhamaiorênfasenoGrupoPuzzle quandoGerardoBurmesterseintegranogrupoemE,. tal 7 comoacontece comoGrupoAcreeoutros,tambémoPuzzleacabaporperderentusiasmo easpresençasemexposiçõesoueventosartísticostornam-semenos-assí duas,emborapersistamapariçõesdemaiorpendorperformativo. Assim, apesar de ser um grupo com um projeto sólido e conseguir umapresençamuitovisívelnoseutempoeatéumadimensãointernacional superioràdosoutrosgruposportugueses,apesardasqualidadespresent nasobrasdepersdiversos,tambémoPuzzleseextingue.Avidapolíticae socialdopaíseamovimentaçãodastendênciasartísticasdosanossetenta paraosanosoitentaparecemaconselhardinâmicascriativasdesinalm individualista, hedonista e pragmático, tornando os modos coletivos a emgeral,menospertinente,poragora.

328 LVARO, Á Egídio.)7 91Grupo ( Puzzle: Albuquerque. Armando Azevedo. Carlos Carreiro. Dario Alves. Graça Morais. Jaime Silva. João Dixo. Pedro Rocha. Pinto Coelho.Ç Artes Plásticas. Nº,8/ dezembro/ 7 janeiro, p.. 91Porto: Editorial Engenharia. 923 GRUPOPUZZLE T.) 9exto 71( paraoISymposiumInternationaldArtPerformance deLyonÇPINTO, . Paula.)1 02( GrupoPuzzlee167 91( Pintura )189 Coletiva=Pintura Individual. Catálogo de Exposição.Texto e Curadoria de Paula Pinto. Figueira da Foz:CentrodeArteseEspectáculos,p..4 GRUPO ACRE FEZ

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Figura 83 Grupo Puzzle. Mala.Obra . 0891 apresentada noARC,Paris.ColeçãoGrupoPuzzle.

Dissolve-senoiníciodosanoscom 08 oesgotamentododebatepolíticonoespaçopúblicoeareanimaçãodomercadodaarte.Arteepo líticavoltam a constituir-se comofóruns autónomos. O Puzzle surge como uma crítica à utopia massicadora da política que a revolução deencarna, 74 91 evidenciandoodireitoàconsciênciaindividual,mas, paradoxalmente, a sua dissolução é um sintoma da perda da função 330 socialepolíticadaarteedaperdadesentidodotrabalhocoletivo .

330 PINTO, Paula .)1 02( Grupo Puzzle e167 91( )189 Pintura Coletiva = Pintura Individual. Catálogo de Exposição.Texto e Curadoria de Paula Pinto. Figueira da Foz:CentrodeArteseEspectáculos,p..2

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Entree6 7 91 o ,189 grupoestápresenteemmaisdeumadezenade 331 momentosexpositivos o , últimodosquaisapenasemreferênciadecatá logo,pois,defacto,jánãochegaaparticipar.

3.2.3. Cooperativa Ara

Devisibilidadediscretafaceaospalcosdasartesvisuaisdaépoca,umav que apostada na criaçãotêxtil que, embora considerada, não deixa de ser estigmatizadacomoproduçãoalgomenor,aCooperativaAraexisteapartir deCentra.57 91 senainiciativaetrabalhodasartistasFláviadeMonsaraze GiselaSanti,quearmamnogrupoapenasobraindividual,persistenteapós aextinçãodaAradoisanosdepoisdasuacriação.

331 SegundoPaulaPinto,asseguintes: Janeiro :6 7 91 Jantar/Intervenção, Galeria Alvarez-Dois, Porto; Março :6 7 91 Nascimento de um Puzzle Fisiológico com Pretensões a Grupo e O Puzzle Joga Com o Porto, Galeria Alvarez-Dois, Porto; Abril :6 7 91 27e Salon de la Jeune Peinture,Paris;Julho:6 7 91 O Puzzle vai a Lisboa,SNBA,Lisboa;Agosto:6 7 91 III Encontros Internacionais de Arte,PóvoadeVarzim;Setembro:6 7 91 Arte Moderna Portuguesa,SNBA,Lisboa;Outubro:6 7 91 Jeune Peinture Portugaise,Fundação CalousteGulbenkian,Paris;Novembro:6 7 91 Exposition d’Art Moderne Portugais, Museu de Lund, Suécia; Dezembro :6 7 91 Arte Portuguesa Contemporânea, Brasília,RiodeJaneiroeS.Paulo,BrasilPintura e e Debate,GaleriaDois,Porto; Janeiro :7 91 Artistas Portuguesas, SNBA, Lisboa e Exposition d’Art Moderne Portugais,MuseudeS ödert älje,Suécia;Abril:7 91 e82 SalondelaJeunePeinture, Paris;Agosto:7 91 IVEncontrosInternacionaisdeArte,CaldasdaRainha ; Artistes Portugaises,CentreCulturelPortugais,Paris;Outubro:7 91 Identidade Cultural e Massicação, SNBA, Lisboa; Novembro:7 91 Cultura Portuguesa em Madrid, PaláciodosCongressos,Madrid:Maio:87 91 TendencegurativeCentre , Culturel Communel.Bretigny e 29e Salon de la Jeune Peinture,Paris;Janeiro:97 1 Ciclo de 5 individuais e 1 colectiva, Fundação Engenheiro António de Almeida, Porto; Fevereiro :97 1 E xposição de Arte Moderna Contemporânea, Universidade de Toulouse, Toulouse; Abril: 1e Symposium International d’Art Performance, Lyon; Junho:97 1 O Puzzle convida os ex-Puzzle,SindicatodeSegurosdoNorte,Porto; Os pintores e as crianças, GaleriaJornal de Notícias, Porto;JaneiroArte :0891 PortuguesaHoje,SNBA,Lisboae ARCArt, ( Recherce,Confrontation), Museude Arte Moderna, Paris; Maio:0891 Nova Sensibilidade: Figurações / Intervenções, SNBA,Lisboa;Agosto:0891 Semana Internacional de Arte Actual,ViladoConde; Junho :189 Paisagem de Gerardo Burmester na Actual Paisagem Portuguesa, Fundação Engenheiro António de Almeida, Porto; Agosto :189 I Festival Internacional de Arte Viva, Almada Menção ( no catálogo, mas já não partici pam). PINTO, Paula.)1 02( Grupo Puzzlee167 91( )18Pintura 9 Coletiva= Pintura Individual. Catálogo de Exposição.Texto e Curadoria de Paula Pinto. Figueira da Foz:CentrodeArteseEspectáculos,p.e262 . 7 GRUPO ACRE FEZ

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3.2.4. Grupo 5+1 Comboadinâmicaconjunta,oGrupo1+está 5 ativoemLisboaapartirde .6 7 91 É formado por João Hogan e1419 ( ,)8 9 Júlio Pereira e12 91 ( ,)39 TeresaMagalhãesGuilherme , -) 4 91 ( ParenteSérgio , -) 0491 ( Pombo-) 7 491 ( eVirgílioDomingues,artistas -) 2391 ( dediferentesgeraçõesnascidos ( -en tree419 e)7 491 todoslisboetas.EntreosateliersdoAntigoConventodos Marianos na rua dasJanelasVerdes e a Brasileira do Chiado, é sobretudo a amizade que liga este cinco homens e uma mulher, cinco pintores e um escultor,cincocomunistaseumindependenteÇ,comocostumamentãoe( ainda)dizer,comironia.

Figura 84 Grupo 5+1.Capadocatálogoda exposiçãonaSNBA.Desdobrada, .6 7 91 criaumcartaz.

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Narealidade,assuasapariçõesrevelamsobretudotrabalhoindividua decadaumdosartistas,ligadosporanidadespessoaiseconvívio,algum inconformismo e, principalmente, avalorização e respeito da liberdade na vontadedeexposiçãoemconjunto. O que os une, além da amizade, é a pulsão da arte, o serem artistas quedispensamadjectivos,opercepcionaremqueoseutrabalho - indi vidualadquiriadensidadeesingularidadeemcadaumdesses encon tros.Paradoxalmenteenquantoentreeles,nessasexposiçõescolecti vas,écadavezmenospossíveldenirumatendênciamaisgeralqueos relacione,tornava-secadavezmaisimpressivoqueotrabalhodecada umampliava,emuito,oquesepodiafazercomasartesvisuais.Esseé 332 ograndeimpactodosno 1+5 panoramadasartesnacionais.

Embora, pois, o projeto conjunto não formule linhas programáticas comuns e salvaguarde as saudáveis características individuais, aca serpossíveldescortinarsubtisanidadesnotrabalhoquecadaumproduz, nomeadamenteumtompoéticoqueperpassaemtodosnaqueletempotão marcadamentepolitizado. Mesmo o caso das esculturas de Virgílio Domingues conrma tal dimensão lírica, nos interstícios da sua expressão satírica, assim c emtodos, o desejo generoso de uma espécie de desdramatização afetiva daobranoseuespaçoexpositivo.NamostrarealizadanosalãodaSNBA emmarçode6,17a 9 apresentaçãodasobrasincluivinhotinto,joaquinzi nhosfritos e um estendal com roupa pendurada, conferindo atodo - o es paço um tom menos convencional, mais popular, descontraído, convivial ebem-humoradoquedessacralizaumacertaauraeruditadaexposiçãoe torna as obras mais acessíveis a qualquerpúblico, ao mesmotempo que maispróximasdarealidade. No texto de apresentação 333 dessa mostra, arma-se, aliás, não se pretenderuma denição estilística conjunta, nem sequerno planoformal:

332 ARAÚJO, Manuel Augusto.) 9102( 5+1: Uma constelação nas artes visuais. [em linha].Disponívelem:https:www. / / abrilabril.pt/cultura/uma-15 constelacao-nas artesvisuais [Consult.dez. 13 ]. 9102 333 GRUPO.1+5)6 7 91 (+5 JoãoHogan. JúlioPereira. TeresaMagalhães. Guilherme Parente. Sérgio Pombo. Virgílio Domingues. Texto de apresentação no catálogo da exposição. Lisboa: Sociedade Nacional de BelasArtes, março, p. .1 Não sen doumtextoassinado,asuaautoriaéprovavelmenteconjunta.Nocatálogo, - en quanto Hogan eTeresa Magalhães recorrem a textos escritos porJúlio Pomare SílviaChicó,osrestanteselementosdogrupo,ouseja,Pereira,Parente,Pomboe Dominguesapresentamtextospessoaissobreoseutrabalho. GRUPO ACRE FEZ

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seexisterelaçãoentreasobrasexpostas,essarelaçãosópodeserencon tradanosníveisprofundosdotrabalhoplásticoní  veisideológicoseétic 43 condicionantessociaisdo artistaÇ Há,. noentanto,umavontadedeclara dadeaproximaçãoaopúblicoatravésdedebatesafomentar,umavezque os problemas estéticos, o trabalho artístico, o objecto de arte só podem serentendidosquandoinseridosnocontextorealediversicadodasvári 53 actividadescriadorasconcretas. Ç Issoé,deresto,coerentecomaformadeestardosartistas,especial mente quando os discursos das suas obras se diversicam sob diferen modosderelaçãocomaguraçãodarealidade. Doisdelesseguem,nessaaltura,viasabstratas. É o caso de Teresa Magalhães, cuja pintura dá conta do interesse numarelaçãocomaluzeacorque,depoisdalinhagurativadetipologia pop, a artistavem entãotrabalhando a partirde gestos e pinceladas la gas na tela, sugerindo eventuais alusões distantes a paisagens de chaslíricas.Aprimeiratelanessalinhaabstrata,deaparece 1 79 3 , exposta namostrados5+1naSNBA.NotextodaapresentaçãodeSílviaChicóao trabalho deTeresa Magalhães nessa exposição, é destacado o percurso sereno,alheioamudanças,asúbitas à necessidadesgurativasÇ - frisan , -seavontadedapintoradeexplicaraopúblicoqueapinturaabstracta umvalorquesedeverecebertalqual,semoesforçoinútildeumaprocura 36 identicativadeimagensÇ . TambémJúlioPereiraexpõenessaalturapinturassemsintomas - de guração,noseucasocomcamposessencialmentegeométricosdecor - ges tual.Emtextopróprionessecatálogo,oartistaalonga-seemconsiderações diversassobreasuarelaçãocomapinturaeasociedade,armandoaideo logiaparalelaÇdopintorperanteosdemaisseresÇeoproletariadoÇe, dese jandoverodiaemqueoquadroperderátodoovaloremblemáticoeideoló gico,mesmomítico,atécomoobjectodecultodemuseus,paraserapenas umapartedaparedequesemoveÂeistoporinteiravontadedosfuturos 73 homenstornadosinteiramentelivresdeconceitosestéticos . caducos

43 53 63 73

257

Ibidem. Ibidem. CHICÓ, Sílvia .)6 7 91 ( Teresa MagalhãesÇ. In GRUPO 1+5 .)6 7 91 ( .1+5 João Hogan. JúlioPereira. TeresaMagalhães. GuilhermeParente. SérgioPombo. Virgílio Domingues.P.1 PEREIRA,JúlioJúlio .)6 7 91 ( PereiraÇ. In GRUPO.1+5 )6 7 91 ( +5 JoãoHogan. Júlio Pereira. TeresaMagalhães. GuilhermeParente. SérgioPombo. VirgílioDomingues . P.8 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Já num registo pictórico que, tal como os anteriores, assume a expressividade do gesto, Sérgio Pombo mantém-se ligado a uma linha neo-gurativa com sinais porvezes ainda pop, mas numavia detensão e descontinuidade do espaço que antecipa alguma pintura dos-anos oiten ta. Em texto pessoal, ele mesmo traça, então, um mapa do seu próprio sistemaempintura: aIDEIAé odesejoa  memóriao  sentido.. oOBJECTOsão  ascoresa  imagema  bandeira,obarco,orio.. Procuro  nosmeusquadrosaSÍNTESEentreestesdoisvalores. ). (   Pintaré o esforço de libertação e de crítica, a descoberta de uma novarealidade.). ( 338

Sobre Hogan, cuja pintura dá averpaisagens desérticas, sem- habi tantes,emtonalidadestérreasqueimplicamumatranscendência - danatu rezaouopresságiodafalênciadesta,dizJúlioPomar: Pinturaacre,deumainteligênciantima í queéocontráriodobrilhan tismo;subtil,àforçadecrua;etãoterra-a-terraqueexigedoespecta dorumdespojamentonadafácil.Voz ). ( lenta,semadjectivos,verdadequenãocondescende. 93 Frutamadura,massemalarde.

Tambémnoseucaso,emanaumsentidolíricoepoéticodapaisagem essencial,quevoltamosaencontrar,comumaexpressãoaindamais-eviden te,nasobrasdeGuilhermeParentedeentãoeatéhoje,queecoadistantes narrativasmíticasdispersasnoespaçoenotemponassuaspaisagens ten dencialmentemediterrânicas.Oseutextopessoalnocatálogodessa - expo 043 sição émuitoinventivoecheiodeoriginalidade.como É umdiálogo-enig máticoentreopróprioartistaetrêsseresdiferenciadosdosdaterraÇque , selheapresentamquandoopintorsepreparaparapintarcomaguarelasÇ,

338 POMBO, Sérgio .)6 7 91 ( Sérgio PomboÇ. In GRUPO 1+5 .)6 7 91 ( .1+5 João Hogan. JúlioPereira. TeresaMagalhães. GuilhermeParente. SérgioPombo. Virgílio Domingues.P.81 93 POMAR,JúlioJoão .)7691 ( HoganÇ. In GRUPO.1+5)6 7 91 (+5 JoãoHogan. Júlio Pereira. TeresaMagalhães. GuilhermeParente. SérgioPombo. VirgílioDomingues. P.4 043 PARENTE,GuilhermeGuilherme .)6 7 91 ( ParenteÇ. In GRUPO .1+5 .)6 7 91 ( 1+5 João Hogan. JúlioPereira. TeresaMagalhães. GuilhermeParente. SérgioPombo. Virgílio Domingues.P.51 ,4 . GRUPO ACRE FEZ

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comoeleconta.Notextoconstruídoporfrasescurtasepequenosdiagra mascomcírculoseretângulos,essesseressãodesignadossegundoformas circulares, e a sua parte no diálogo com o artista aparece sob aforma de desenhosdomesmotipo,sempalavras.Nofundo,sóascriançasÇescreve , laconicamenteoartistaquasenonal,dandoaentenderquesóelasperce bemoqueestáemjogosemnecessidadedetradução. QuantoaVirgílioDomingues,oescultordogrupo,jáentãosãoreco nhecidas facilmente as suas esculturas de médio formato, resultantes processos de modelação em barro e moldagem em gesso ou poliéster, em que surgemguras de simplicação distorcida, críticas e sarcásticas vezescomalgocaricatoefrequentementeassociadasajogosdepoderou comportamentos sociais. Também ele apresenta um depoimento próprio, noqualprincipiaporarmarquetodooartistaestácomprometidoÇdesse , modoampliandoosentidopartidárioquelheseriamaisdiretamente imp tadonaaltura.E,demodomaispessoal,arma: Queria ser capaz, na escultura, de abrir caminho para um realismo, sempredifícildedenir,responsávelporreectidoeactuante;masem queopensamentoteóricoquedeterminasseaobra,sepudesse-har monizarcom os aspectos mais ocultos e mágicos que a arte sempre 1 43 apresentouemtodasasformasdoseudesenvolvimento.

Ainda nessa exposição, ca memorável o quadro acompanhado por umanotaescritaqueMárioCesarinydeixanaentradadaSNBA: Nãovejopartidarite,nemdemagogia,nemfraqueza.VejoLIBERDADE nesta exposição. Por isso gostaria de estar com ela, mesmo extra catálogo, mesmo pendurado á porta; ondevos deixo este quadro O RegressodeUlissesÇda , liberdadequenuncadeixoudeestarnos - poe tas, mesmo quando rodeados de cães portodos os lados. ?1+5 1+5 milhão! Kantensinou-nosquenãohánúmerosequeéprecisopensarosnú meros de cadavez que há quefazê-losAllain, ( citado porAlmada no gratodaGulbenkian)243 .

1 43 243

259

DOMINGUES,VirgílioVirgí .)6 7 91 ( lioDominguesÇ. In GRUPO .1+5 .)6 7 91 ( 1+5 João Hogan. JúlioPereira. TeresaMagalhães. GuilhermeParente. SérgioPombo. Virgílio Domingues.P.12 SÃO MARCOS,JoséAlexandre.) Exposição 9102( OÃ Tempo Construído, Grupo de 1+5 a 6 7 91 SetúbalÇ , 9102 .) In GRUPO.) 9102( +5 O Tempo Construído. Grupo 1de + 5 6a 7 91 9102 .CatálogodaexposiçãonaGaleriaMunicipaldo,curadoria 1 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


De facto, o que é interessante neste grupo é, precisamente, o que parececontrariarapróprianoçãodecoletivo,poisnarealidadeé,comojá se disse, um caso em que da vivência comum não decorre um programa artístico que não seja de formulação individual. Essa será, sempre, a sua linha de atuação. E, contudo, há constantes na sua diversidade das obras que decorrem daforma de estardos artistas, do contexto e, porvezes, se repararmosbem,háiconograasmaisoumenostransversais,comdiferen ciadosníveisdeabstração. Emo , 7 91 Grupodesloca1+5 seaVienadeustria Á paraexporacon 34 vitedomaestroAntónioVictorinodeAlmeida então , adidoculturalnaque la cidade. Os próprios artistasexceto ( Hogan que, de idade mais avança da,vai de avião) levam as obras numa carrinha das bibliotecas itinerantes daGulbenkian,numaviagemcheiadeperipéciasenumaestadiamarcada porimprovisosdepoisdagaleriaprevistaestarfechada,oquesetornauma aventurainesquecívelparatodos. Figura 85 Grupo 5+1.Da .6 7 91 esquerda paraadireita:GuilhermeParente e( lho)T, eresaMagalhães e( lho)Júlio , Pereira,JoãoHogan, SérgioPomboeVirgílioDomingues.

34

José Alexandre de São Marcos, organização Câmara Municipal de Setúbal. Setúbal:CâmaraMunicipaldeSetúbal. Essaposiçãoéocupadapelomaestroentree74 9.18

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Entre6 7 9e1 , 97os 1 1+5 apresentam os seus trabalhos em várias cidades portuguesas, como porexemplo no Museu devora, É em.8Na 7 91 prática,ogrupoaparececomotalduranteessesquatrosanos,enfatizando nassuasmostrasacomponentesocialqueenvolvediversosamigos efamí liase,talcomooutroscoletivos,cessandoaapresentaçãoconjuntaentreo naldosanossetentaeoitenta,emboraosartistascontinuemematividad individualmente. Sóvoltaahaverreapariçõesemgrupoemprimeiro , 9102 emSetúbale depoisnaAmadora,jásempresençadeHoganeJúlioPereira,falecidosem 8e91 .No 39 1 textodocatálogodaexposiçãomaisrecente,Victorinode 43 Almeidaarma:Agrandeaventuradoestá 1+5 longedeterterminado.Ç Noentanto,seésobretudoumaexposiçãodesentidoevocativoe,de certomodo,comemorativodaexistênciadogrupo,ouseédefactoumnovo projetodinâmico,sóafuturo,parajá,podeesclarecer.

3.2.5. Grupo Vermelho Hánessesanosmuitasformaçõescoletivas,comtempodeduraçãoeimpac 543 tosvariáveis Em . surgem 6 7 91 nonortedopaíssinaisdo Grupo Vermelho, constituídoporAbílioJoséSantose16291 ( ,)catalisador 29 dogrupo,tam bémcomCarlosFerreiraeDiasSantos. DeAbílio, já então é conhecida a obra O Bigode no Espelho,) 0 7 91 ( alusivaaopapeldacríticadearteevisandoalgunscríticosdearte.

43

543

261

ALMEIDA, António Victorino de.) A 9102( Propósito da Exposição do 1+5 na AmadoraÇ. In GRUPO.) 9102+(5 OTempoTransformado, Grupo.1O+5 tempo e aCidadedea 67 91 9102 Catálogo . daexposiçãonaGaleriaMunicipalArturBual, CasaAprígioGomes,Amadora,curadoriaJoséAlexandredeSãoMarcos,organi zação Câmara Municipal daAmadora, DEDS/DIC/Galeria MunicipalArturBual. Amadora:CâmaraMunicipaldeAmadora,p..4 Podemencionar-se,numbrevíssimoapontamento,oGrupoContastoria,sobreo qualnãoseacharamelementosconcretosquantoàsuaconstituição,origem - epro jeto,masquepareceterestadoenvolvidonumaexposiçãosobrepinturaepolítica, nasequênciados II Encontros Internacionais de Arte,emexposição ,57 91 naqual participaram tambémJoão Dixo, Ivan Messac eJoan Rabascall. SILVA, Caroline .) 9102( A performance Arte como Intervenção nos Encontros Internacionais de Artee174 91( .)7 9 DissertaçãodeMestradoemHistóriadeArteContemporânea. UniversidadeNovadeLisboa,p..[em 3 linha].Disponívelem: https:run. // unl.pt/ handle/0 739/26301 [Consult.ag. 2 ]. 02 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Figuras 86 Grupo Vermelho. (Colage) Manifesto Vermelho.de ( 4 .6 7 91 colagens )8 detextosmanuscritos edactilografadoss/placasemcartãocm. 52x 3

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Noº1 demaiodeAbí , 74 lioétambémautordo Manifesto à cidade de um trabalhador fabril-técnico de desenho artista autodidacta amador dadaísta — considerações justas desconsiderações inevitáveis programa643 . Aliinterpretaosistemadeartedemodoradicalmentecrítico,incidind breomercado,osestatutos,oscomportamentos,ateoriahistórica,etc. EmnomedoGrupoVermelho,sãoapresentadasobrasconjuntasnos III Encontros Internacionais de Arte emPortugal,naPóvoadeVarzim,expon do-senoGrandeHotelumconjuntodeobrasbaseadasemexcertosdeleitu rasdeMichaelGold,mostraintitulada AmRiCaCOLAGEMAUDIOeVISUAL . 734 Desse acontecimento subsistem hoje imagens de documentos como a (COLAGE) Manifesto Vermelho, obra que consta de 8 placas em cartão com colagens, textos escritos à mão, à máquina, caneta, marca doretinta. Aíépossívelperceberumaestratégiavisualqueexpressaumdiscurso antimercadodaarte,quedefendeasubversãodesteedosvalorestradicio naisdaarteemproldeumapráticaartísticademocráticaerevolucionári ogurinoéassumidamentepós-dadaísta,articulandoescassaiconogra comforte profusão detextos em colagem, ora com a aparência detítulos curtos cruzados de carácter panetário, ora manuscritos, ora ainda com evidentespropósitosmaisreexivosouassociadosaumavertente - dapoe siavisualdequeAbílioéumrepresentanteativojáantesdessaexposiçãoe atéaosanos09 843 .

3.2.6. Grupo If

DenovonoPorto,oGrupoIfIdeia ( eForma) édetetávelentrejunhode6 7 91 até.489Distingue1 se em trabalho fotográco que aposta na escolha de temascomunsquesãotratadosindividualmentecomgrandeliberdaded experimentação de géneros e processos fotográcos, assumindo registos

643

7 43 843

263

LAMBERT,FátimaBalanço .)10 2( doséculoXXhArtePortuenseAlephÇT. exto docatálogodaexposiçãoMais à degrupos 021 eepisódiosnoPortodoSéculoXX. In FERNANDES,MariaLuísaGarcia;RODRIGUES,JoséCarlosMeneses;TEDIM, José Manuel Coord. ( , .) 4 0 2 ( II Congresso Internacional de História de Arte. Portugal: .10 2 EncruzilhadadeCulturas,dasArtesedasSensibilidadesActas . Coimbra:LivrariaAlmedina,p..87 Revista Artes Plásticas. Nº,8/Dir. 7 Egídiolvaro, Á dezembro/janeiro. Porto: 7 91 EditorialEngenharia,p.e1 4 inserts/npáginaentreae1 4 a.24 Vertambém imagens da POeEX. Arquivo Digital da Po-Ex. Poesia Experimental Portuguesa. [em linha]. Disponível em: https:po/ / ex.net/taxonomia/materialida des/planogracas/abilio-jose-santos-colagem-manifesto-vermelho/more# 5 74 2 . [Consult.mai. 42 ]. 8102 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


que remetem para diferentes perspetivas do quotidiano etemporalidades. OgrupointegraAntónioDrummondn.1( ,)Henrique 639 Araújo,JoãoPaulo SottoMayorn.1( José ,)249 CarlosPríncipen.1( José ,)259 Maratonan.1( ,)259 LuísAbrunhosan.1( Manuel ,)839 Magalhãesn.1( Manuel ,)549 Sousan.1( )139 eMárioVilhenan.1( .)5 9 Sobreasexposiçõesintituladas VilarinhodasFurnas, de,6 7 91 Gustavo Ei3el e as Pontes Ferroviárias em Portugal, de7 91e Exercício, de,87 91 podemevocar-secomentáriossobreaspetosplásticosetemáticoscontras tantes observados nas fotos das duas primeiras séries, colocadas na e posiçãoladoalado;destaque-seapoderosademonstraçãodatecnologia humana,umobjectoindestrutíveldeferroquesesobrepõeaoselementos da NaturezaÇ contra asdesoladoras ruínas à mercê da erosão impiedosa dos ventos e das chuvas denunciando a fragilidade humana no confronto 943 comasforçasvitaisdaNaturezaÇ . Além destas exposições do grupo há outras, porvezes com nomes idênticos,frequentementerodandoobrasjávistaseintegrandooutrasnovas

3.2.7. Grupo de Intervenção do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra / Grupo Cores

O Círculo de Artes Plásticas de Coimbra , instituição coimbrã existente desde 1958 e já atrás referida 350 , está no início dos anos setenta a fun cionarcomo uma espécie do sociedade artística e laboratório criativ experimentação com atelier, no qual se convive também.Já aliArmando Azevedo, do futuro Grupo Puzzle, é um dos artistas intervenientes em obras coletivas como Prenda para Josefa de Óbidos, enviada para a ex posição comemorativa do 1º aniversário da Galeria Ogiva, em Óbidos, em novembro de 179, e em Nossa Coimbra Deles, de 1792Ainda . não há então indicação do Grupo de Intervenção do Círculo de Artes Plásticas 351 de Coimbra, assinalado apenas a partir de 1793 , com ação no evento 352 01 Aniversário . daArte, em janeiro de 174 9 e em março na obra

943 053

352

351

CERQUEIRA,JoãoArte .)10 2( devanguarda no Porto dos anos06e. Ç0 7 Arte Ibérica.NºLisboa, .4 março,p.. 7 ,1 61 Verponto. .1 3 BRANDÃO, Mariana Viterbo (2016). Passos em volta: dança versus performance. Um cenário concetual e artístico para o contexto português. Tese de Doutoramento,FaculdadedeBelasArtesdaUniversidadedeLisboa.NoAnexo, s/n. [em linha]. Disponível em: https:repositorio. // ul.pt/handle/1045 /3 05 [Consult. 1 nov. 20]. 19 OrganizadoporErnestodeSousaapartirdeumaideiadeRobertFillioude1963.

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NossaCoimbradeles, umtrabalhoinstalativo(ambiente)decriação - cole tivanacavedoCAPC. AdesignaçãocomoGrupo Coresaparecedepoisde6associada 7 91 ao Grupo de Intervenção do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, sem aparentedistinçãoquenãoadolequeabertodeartistasparticipantes cadaação.possí É velqueseidentiquecomoGrupoCoressobretudo,como 35 sugereAntónioOlaio com , aatuaçãodoGICAPCna Alternativa Zero,em início de, dadas 7 91 as características cromáticas que sobressaem - viva menteecamnamemória. Entre0de 3 maioe0de 1 junhode6o 7 91 GICAPCestápresentena Semana de Arte (da) na Rua que se realiza em Coimbra, entre a Praça da RepúblicaeoJardimdaSereia,umainiciativacomfortecomponente - per formativa sob ns associados à tendência de aproximação ou mesmo - fu são entre arte evida, na qual o uso do espaço públicovem sendo central. ColaboramentãoArmandoAzevedo,TúliaSaldanha,Ruirfão, Ó TeresaLo3e 453 AntónioBarros Nessa . semanaÇhámaisperformances,comoadeRocha Pinto;éaindaapresentadaaobra Luiz Vaz 73,umacolaboraçãodeErnesto de Sousa comJorge Peixinho, um com diapositivos e outro na parte- mu 53 sical, eletrónica . Ernesto de Sousa louva também o papel do CAPC e o seuespaçoabertonãosóparaoconvíviocomoparaareexãoerealização depropostasartísticasdevanguardaqueincluemasrarasintervenções body art.Numoutrotexto,aindaomesmoautorcaracterizaeelogiaassim oCírculodeArtesPlásticasdeCoimbra:

Trata-sedaúnicasociedadeartísticaÇdestepaísquemantémum - es píritodework-shopÇo , quenãofoipossívelconseguirnememLisboa, com, porexemplo, a S. N. B.A.; nem no Porto, com, porexemplo, a Cooperativa rvoreÇ Á . Seria necessário historiar as muitas- activid des passadas deste Círculo, desde a exposição colectiva Coimbra Nossa DelesÇ ao Aniversário da ArteÇ; os cursos livres, orientados

35

453 53

265

SOUSA, Ernesto de). 74 19( Projectos Aniversário da Arte. [em linha]. Disponível em: http:ernestodesousa. // com/projectos/aniversario-[Consult. da-arte 19 out. ]. 20 OLAIO,AntónioAs .)3102( Cores do Círculo deArtes Plásticas.Aambiguidade como ideologiaÇ Biblos, . n. s. XI, p. e351 .8 [em linha]. Disponível em: https:di // gitalis-dsp.uc.pt/bitstream/BIBLOS% /3 54 /2.6130 XI_cap2 02 pdf?ln=pt. pt [Consult.nov. 1 ]. 9102 Ibidem. ErnestodeSousaeJorgePeixinhoemcolaboraçãotomam Os LusíadasdeCamões como referência.VerSOUSA, Ernesto.)6 7 91 ( Luiz Vaz 73. [em linha]. Disponível em: http:www. / / ernestodesousa.com/ projectos/luiz-vaz-.37 [Consult. 2 jun. ]. 9102 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


principalmenteporprofessoresdaE.S.B.A.doPorto,ngelo  deSousa, JoãoDixo,AlbertoCarneiro,etc. 653

AntónioBarros,membromuitoativo,denemaistardeosnsdesse coletivonosentidodeusarcomomatériaocorpocondicionadoÇatualizado , no espaço urbano enquantosuporte comunicacionalÇ pararedesenharo gestoÇreeditá, loÇerequalicá-loÇou , seja,esculturasocialÇ 753 obviamentenasendadeBeuys.Aomesmotempo,seédesejadoalgocomoumcorpo social,comunitário,háumanoçãosingulardeúnicoqueanulaasua - realida deparaseassumir,sobretudo,comosignoemsituaçãodinâmica,noquese evocatambémumarelaçãocomaspropostasdeGuyDebordeaindacom omovimentoFluxus:

Na moldura do CORES havia, nessa época e navegação, uma anu lação da visibilidade do corpo sensorial. Teríamos agora - um corpo -símbolo. Uma negação de proxémica gregária. Um cortejo icónico da fragmentação. A de um tecido social proliferativo de quereres antagonizantes. Um cenário explosivo e niilista mas timidament desaadorde novas condições semânticas. E assim,toda essa per formatividadedesaavaumcomportamentocontido.Espasmódico. GeometrizanteÇ. Procurando so(l)tura capaz. Uma escrita de cami nho. Andando. Sempre na solidez do chão-lugar-suporte. Sobre o chão.Naterra. 358

Artistaque,aolongodosanos,desenvolveprincipalmentetrabalhono âmbitodousodapalavranumjogoaojeitodapoesiavisual,AntónioBarros traz experiência de participação no Movimento Fluxus, comWolfWostell, RobertFillioueSergeIIIOldenburgtodos ( presentesemeventosartísticos em Portugal nos anos.) Barros 07 subsiste,também, como um dos mem brosdoGICAPC/GrupoCoresmaisaptoseprodutivosnacaracterizaçãoda açãodogrupoedosrestantesintegrantes,eéelequeconta:

653 357

853

SOUSA, Ernesto deArte .)6 7 91 ( na ruaÇ. Colóquio Artes. Nº, outubro, 92 p.. 0 7 Lisboa:FundaçãoCalousteGulbenkian. BARROS, António (20)1. IdadeÇ. Arquivo Digital da POeEX. Poesia Experimental Portuguesa.[emlinha].Disponívelem: https:po/ / ex.net/taxono mia/ transtextualidades/metatextualidades-autografas/antonio-barros-idad [Consult. 14 dez. 2018]. Ibidem.

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Azevedo,semmordomias,foiumsingulareempenhadodefensordes ta tipologia de arte laboratorialmente ensaiada no CAPC dos anos setenta. Saldanha era uma alma entusiástica e lúdica da actividad grupal. Hospitaleira. Contaminante. Sonhadora. Uma catarse - fun damental das operações. Lo3, interveniente constante e lúcida,- for mulava novos ensaios semânticos. Ganhava para ostextos e os - ges tos a sua condição hermenêutica. Nada era gratuito, mas gracioso. Buscando ecácia. Sempre a fazer surgir uma epistemologia para o processoemqueoconhecimentoeraaquiprocurado.Cadaumtrazia oseusabereexperiênciapluridisciplinar.Umaartedavidaparauma vidaemarte.Partilhada.Fluxista.TodaumacontaminaçãoÇtransver sal. Proliferativa. Sem legenda de propriedade nem referente autoral dequemgerouaideiaouvontade.OautoreraoCírculo.Oentegal vanizador.Ocorpoúnico.Colegial.Edisso,dessaassinaturadeentão, 953 obrigafazerjus.

Figura 87 Grupo Cores / Grupo de Intervenção do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra naAlternativaZero,em. 7 91

953

267

Ibidem. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Noverãode,o 6 7 91 CAPCsurgepresentenos III Encontros Internacionais de ArtedaPóvoadeVarzimsobadesignaçãoGrupodeIntervenção do Círculo deArtes Plásticas de Coimbra. É então representado porTúlia Saldanha,SãoCordeiroeJoséAlfredo 063 . Entretanto, outros artistasvãotendo ligações ao CAPC, comoJoão Dixo,ArlindoVicente,alémdosjáreferidos. Em,é7 91 comoGrupoCores,comojásedisse,queoCAPCganha visibilidade Alternativa na Zero, a convite de Ernesto de Sousa, realizando trabalhoperformativoque,apartirdacorimplicadadesdelogonovestuário monocromáticodecadaartistadocoletivoenumadefesaquaseideológica dessacor,podeserlidocomoumaampliaçãodanoçãodepintura. Depois,nosIV Encontros Internacionais de ArtenasCaldasdaRainha, ambiguamentecomoGrupoCoresouGICAPCousimplesmenteCAPC,os artistas aparecem de novo trajados e maquilhados de modo monocromá tico,cadaumcomumacoratribuída,realizandoseparadamenteumitine rárioapé,decajadonamãoeacarregarobjetostambémdacorrespetiva: TúliaSaldanhadenegro,TeresaLo3deamarelo,ArmandoAzevedodeazul, Ruirfão Ó deverde,AssunçãoSão) ( Pestana de laranja,António Barros de 163 vermelho,ManuelaFortunadevioleta .Nolocaldeencontro,retiramdos sacososobjetos,quealicam.AntónioBarrosdescreve: Acção-tipo :1# Uma cascata, repetitiva e minimal, formulada para cadaumadasmaissimbólicasperformatividadesdogrupo, - desenhou se - emdiferentessituaçõesurbanasegeograaspróprias,mas - sem precumprindoasuacondiçãodebeuysianaesculturasocial.Aquiloa quehojepoderíamosreferir,semesforço,deumaatitudeuxista.). ( acadaentearazãoconvoca:aruacor) (o , sacodetransportecor) (o , livrocor) (a , escritacor) (o, mundoserádecorÇcor) (o, cartazcor) (, imagenscor) (epalavrascor) (,osjornaiscor) (,recolhadeassinatu rascor) (Comida . cor) (bebida , cor) (oração , cor) (a , bandeiracor) (, 263 aleituradopapelcor) (a , artecor) (fazer , umlhocor) (.

063 361

263

LVARO, Á Egídio.)7Presença 91 ( Exposição EncontroÇ. Artes Plásticas. Nº,8/ 7 dezembro/janeiro,p.Porto: .42 EditorialEngenharia. BARROS,AntónioIdadeÇ )( .2 0 1 . ArquivoDigitaldaPOeEX.PoesiaExperimental Portuguesa. [em linha]. Disponível em: https:po/ / ex.net/taxonomia/transtextualidades/metatextualidades-autografas/antonio-barros[Consult. idade/ 15 out.]. 20 BARROS,AntónioCores .) 01 2( ouotrabalhodoconceitoÇ. InGUÉNIOT,DavidAlexandre;PINTO,Paulaed. ( . ) 9 1 0 )2 ( Caldas 77 / IV Encontros Internacionais de ArteemPortugal= èmes 4 RencontresInternacionalesdArtauPortugal Lisboa: . GhostEditions,p.e1581 .68

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EEuricoGonçalvescomenta: “Para cada um a sua verdade” poderia ser o título do ritual que o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra efectuouemsilêncio,naPraça daRepública,atravésdalinguagemsimbólicadascores:para - operso nagemenvolvidoemverde,tudoéverde,eomundoseráverde;para opersonagemenvolvidoemvermelho,tudoserávermelho,eomundo serávermelho;paraoamarelo,omundoseráamarelo,eassim,suces 36 sivamente,paracadaumadascores.

Asalusõespolíticasaocontextodemaiorsectarizaçãoentão - emcur sosãoevidenteseacaracterizaçãodesteprojetoperformativoacentuano grupoadesignaçãoCoresÇ. Mas é de novo como Grupo de Intervenção do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra que é exposta em dezembro, na mostra Mitologias Locais,naSNBA,uma assemblageque ( integraumaestantecomconjun 6 tosidênticosdeobjetosobre naperons,taiscomoumafotodaprotagonista darecentetelenovelaGabriela,CravoeCanela um , bibelot,umafotodeuma santa, umterço,velas, etc..)Depois de,8o 7 91 Grupo Cores/GICAPC ain daparticipacomperformancesnumciclodeartemodernaorganizadopelo IADEemLisboa,masdepoisdesaparecedomapa,candoassinaladocomo umdosparticipantesemeventosmaisvanguardistasdosanossetent seusartistascontinuammaisoumenosligadosaoCPACevão,entretanto, evoluirem projetos diversos, em grupo e individualmente. Muitos env vem-se em iniciativas no âmbito da poesia experimental, outros - da per formance,nasdécadasseguintes.OCAPCcontinuacomocentrocriativo e dinamizador, no qual há também um projeto pedagógico que integra AlbertoCarneiroem179e8uma ,0 OcinadeInteraçãoCriativa,associa daaumadisciplinadeIntercriatividadecriadanoatelier,efunda-s um Centro de Documentação Artística que tem em vista um centro de ArteContemporânea,quetemlogoobrascedidasporartistas. A experiência do grupo Cores é revisitada em 01 2 na exposição Mono, em torno da ideia de monocromia, comissariada porAntónio Olaio noCírculoSereia,integradanainiciativacomumdoCAPCeBienal da Ano Zero,commaisdeartistas. 06

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GONÇALVES,EuricoIV .)7 91 ( EncontrosInternacionaisdasCaldasdaRainhaÇ. Colóquio Artes. Nºoutubro, ,43 p.Lisboa: .27 FundaçãoCalousteGulbenkian. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


3.2.8. Grupo 8 Aindanosanossetenta,emborajánumcertodesmaiodatendênciacoleti vistadoperíodopós-revolucionárioou ( seja,porpoucocontemporâneodo grupoAcre)há , aindaemPortugaloGrupoativo ,8 entree7 91 . 97 1 É constituído porAntónio Paloloe27 491 ( ,) Nelson 0 Dimas-6591 ( Joaquim ,)80 2 CarapinhaJoaquim , -) 94 1 ( TavaresJosé , -) 0591 ( Conduto e1159 ( ,)8José 09 Carvalhoe194 1 ( ,)19 Madeira da Rochae27 491 ( )210 e NelsonFerreiraAlves. -) 159 ( Todos naturais doAlentejo, excetoAlves, nascido no Porto, o grupo nasce um pouco na sequência da Alternativa Zero, na qual participam a convite de Ernesto de Sousa três artistas já então com anidades de experiências anteriores, Palolo, Carvalho e Conduto, que ali apresentam a obra AKasha Escolar que ( depois dá origem ao lme VTR,, p& 20 b). A xaçãodogrupoemEvoramonte,numespaçoisoladoesemenergiaelé tricaondedesenvolvemosseusprojetos,reforçaainuênciadaorigeme escolhaalentejana.

Figura 88 Grupo 8. Cartaz. .87 91

Emboranãotenhapropriamenteumprogramaformalconjuntoeviva sobretudodasobrasindividuaisdecadaartista,ogrupoapresentaalgu características comuns nas suas escolhas, que denunciam uma postur antiacadémicaresultantetantodaformaçãoautodidatadetodoscomodo desejovanguardistaquetemdefensoresmuitointervenientes.Háassimum desejodeconvívioepartilhadeexperimentaçãoquetomafrequentemente GRUPO ACRE FEZ

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Figura 89 Grupo 8. Cartaz. .87 91

comopontosassentesarecusadeconvençõeseespartilhostécnicos, sen do possível recorreratodos os meios: pinturas em suportes atípicos co tintasemeiosindustriais,fotograa,vídeoeperformance. Anos mais tarde, arma um dos membros ainda sobreviventes do grupo,JoaquimTavares,numaexposiçãoposteriorquevivemuitodasua - ex periênciadiretaeregistos:

Nãoeraumgrupoartísticoortodoxonemseria,certamente,umgru ponosentidomodernistadotermo.Eraumconjuntodeartistasque, trabalhandoindividualmente,sereuniacomregularidadeemcasade Joaquim Carapinha parafalardotrabalho de cada um. Não existiam motivaçõesdeordempolítica,programasouteoriascomunsque - ca racterizassem os elementos do Grupo,8para lá da urgência de pro duzir, discutir e desenvolver o seu trabalho. A estas tertúlias es sempre ligado um carácterde experimentação que, não se limitando aodomínioartístico,extravasavaparaapráticaderituaissociais priosdeumageraçãoquedescobriaumanovadimensãodeliberdade edelafaziauso.Estaexperimentaçãopautavanãosóotrabalhoartí -s tico,mastambémavidadestesartistasque,semqualquerinstruçã académicaassumidamente  rejeitadaera ,  naexperimentaçãoque

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3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


criavamosseustrabalhos,empenhadosemfazerumaarteautêntica, 463 genuínaÇpromovida , pelosseusinteresseseimpulsosinteriores.

3.2.9. Dinâmicas coletivas contíguas

Acriatividadeassumidaemgrupoémaisabundanteemterrenosquenão osdasartesplásticas.Emmúsica,aimportânciadocompositorreparte-s frequentementecomogrupo, ensemble,bandaouorquestra.Issotambém aconteceemdança,ondeumgrupodebailadoarticulaospapéiscriativos doperformeredocoreógrafo.Emteatro,acriaçãocoletivaoferecenãosó nomesdeautoresconjuntos,comoassumeaimportânciadoprocesso - cole tivocomometodologiadetrabalho. No tempo do GrupoAcre, surgem também, em contextos da cultu raexterioresetransversaisàsartesplásticascadavezmaispresentesn locais expositivos, outros sinais de organização de autores em coleti criativosoudeproduçãodeobras,frequentementecomcomponentesdas artes. Um breve apontamento sobre alguns dosvisíveis permite,também, entendernumadimensãomaislataocontextodasdinâmicascoletivasem queseintegraoGrupoAcreeoutrosdoseutempo,numagenealogiaaberta compersistência. É o caso do Ballet Gulbenkian, que atravessa um espaço que esta belece pontes entre expressões artísticas, desde a sua criação emA .169 sua importância não se resume, assim, ao trajeto criativo de bailarinos coreógrafosque,comoJorgeSalavisa,aliexercemeexperimentamoquede melhorsefaznopaísemdança,levandotambémàfundaçãodaCompanhia NacionaldeBailadoemum É . 7 91 forteeexpressivointerlocutornaabertu raediálogodosprocessoscriativosemcoletivo,atépelasuapresençaem inúmerosnúmerosdarevistaColóquioArtes. Podetambémevocar-sea Anar Band,queé,fundamentalmente,um grupo musical existente entre96 1e,289com 1 diferentes formações ao longodosanosedesenvolvendoporvezesaproximaçõesentreojazz,apop easartesvisuais. JorgeLimaBarretoe294 1 ( é)1 0 centralnaprimeiraformaçãoquan do,comCarlosZíngaro,fundaumaAssociaçãoparaaMúsicaConceptual,

463

A/A.)8102( Grupo 8.BrochuradaexposiçãonoCentrodeArteeCultura,Fundação EugéniodeAlmeida,vora, É e131 e20 a 801 e013 e23 vora. É. 9 1 0 FundaçãoEugénio deAlmeida,s/n.[emlinha].Disponívelem: https:www. / / fea.pt/centrodearteecul tura/grupo-681 8 [Consult.fev. 01 ]. 9102

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da qual emergem os Anarband ou, inicialmente, Anarjazz. Estão com ele Paco Linhares, Pedro Proença, Sérgio Ribeiro, David Sá, Delmiro Santos e FernandoSemedo,todosmúsicos.Emo,6 7 grupotemBarreto,RuiReininho, Jorge Chaminé, Luís Carlos e Jorge Pacheco, e em 87 são três: Barreto, ReininhoeDomLino.Entrediversasatuações,contam-seadaGaleriaDois, em,o 17 Festival Internacional de Cascaisdee74 de,a 67 Alternativa Zero em, etc. 7 Em diversas aparições, há cruzamentos com obras de perfor manceeartesvisuaisdeartistascomquemestabelecemcolaboração. Para Lima Barreto, a proposta musical da Anar Band empre 74 91 tende-selibertadeconstrangimentosburgueses,recorrendoadiversas fo masdamúsicacontemporâneacomoojazz,apopeamúsicaetnográca, e acompanha os movimentos da contracultura, que as gerações actuais opõemaotradicionalismoacadémico,edarevoluçãoquesetêmvericado e,todososramosdaArteÇ563 E. terminaomesmotexto,dizendo:Aartenão podeserseparadadavida.Ç de É o7 91 álbum Anar Band,editadopelaAlvorada,cujaspautassão objetos grácos com qualidade plástica muito ( provavelmente da autoria deSilvestrePestana,querealiza21pautaspoético-grácasmusicaispara JorgeLimaBarreto)aquenãoéalheioumcertosentidopop.Notextopublicadonointeriordessedisco,oAnarBanddeclara-secomoumaarmação estéticanamúsicadevanguardaÇ. Há também o Grupo Zero Cooperativa de Produção de ( nome ho mónimo ao que, na Alemanha, existe desde,)8591entre nós designando umacooperativadeproduçãofílmicacomexistênciaentree74 que 9, 13 8 resultadafragmentaçãodoCPCCentro ( PortuguêsdeCinema)Junta . ci neastascomoAlbertoSeixasSantos,SolveigNordlundeJorgeSilvaMelo,e ésobasuaégidequeseproduzemerealizam: Luta do Povo: Alfabetização em Santa CatarinaGrupo ( Zero,;)6 7 91 ALeidaTerraAlentejo67 Alberto ( Seixas Santos, ;)7 91 Nem Pássaro Nem Peixe Solveig ( Nordlung,;)87 91 Passagem — ou A Meio CaminhoJorge ( SilvaMelo,;etc. ) 0891 Emborano terreno do cinema, constitui um caso pouco comum na altura, que deixa sinaisparaofuturo. Os IV Encontros Internacionais de ArtedasCaldasdaRainhade7 91 integramtambém,alémdoGrupoAcreedeartistasplásticosjáreferidos, atividades Grupo do Ânima de Poesia Visual ouTeatro Ânima.Cercadeum

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BARRETO, Jorge Lima.) Manifesto 74 91 ( AnarbandÇ. In GONÇALVES, Cláudia; RAMOS, MariaCoord. ( . ), 1 0 2 ( Porto:07/ 6os artistas e a cidade. Textos de Vicente Todolí, José Rodrigues, João Fernandes, Fátima Lambert, Fernando Pernes. Porto: Asa rvore/Á Cooperativa de Actividades Artísticas / Museu de Serralves,p.. 952 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


mêsantesdisso,emjulho,essegrupoapresentanaSociedadePortuguesa deAutores,emLisboa,sobdireçãodoencenadorbrasileiroSemeLutede RuiFrati,umespetáculodeanimaçãodetextosvisuaisdeAlbertoPimenta, AntónioAragão,AnaHatherly,E.M.DeMeloeCastro,LibertoCruz,Salette TavareseSilvestrePestana.uma É reposiçãodesseespetáculo,organizado segundomoldesteatraisdistribuindo ( ogrupopelaconceção,elenco, dire ção,gurinosemúsica)queélevadoàsCaldas,denindo-secomoteatro63 ação detextosvisuais Diversos . membrossão,desdedécadasanteriores, autoresdapoesiavisualoupoesiaconcreta,eessemovimentomantém-se presenteatéhoje. Com uma relevância extraordinária nos anos setenta e igualmente paraleloàobradoGrupoAcre,presenteindiretamentenasmotivaçõesda suaaçãoeclaramentemuitomaisvisíveldoqueestegrupo,há,nahistória portuguesa dos anos seguintes à Revolução dee74 muito concretamente daarquiteturaemPortugal, SAAL. o OSAALé,defacto,umextraordinárioindicadordostempos,umavez que,talcomooGrupoAcre,atravessaosanosquentesdarevolução,noseu caso podendo serlido como uma charneira na qual se cruza e congrega a relaçãoentreaevoluçãodapolítica,dasensibilidadesocialedacriação cul turale( artísticaincluída)O. ProcessoSAALServiço ( deApoioAmbulatório Local),ocializadopordecretoa6deagostode,junta 74 91 arquitetos,en genheiros,juristas,geógrafosemoradores,evaidecorreratéembora , 7 91 asindicânciadecom ,6 7 91 publicaçãodo Livro Branco do SAAL,jáindique oseum. Asquestõesemtornodapropriedadesãocentraisnoprocesso polí ticopósde 52 abril,nomovimentodasesquerdasemtornodaideiadobem edosbenscomuns,movimentoessequetemumafasedecrescendoede recuo.Poroutrolado,afaltadecasasparahabitarconstituiumproblema extremamentecrítico. O SAALvemtentardarresposta a problemas crónicos na habitação nos meios urbanos carência ( de casa, bairros da lata disseminados, etc.) pré-existentesàRevoluçãoemuitoagudosentãoeque,apósode 52 Abril, setornamaindamaissensíveiscomasocupaçõesselvagensÇquese-suce demlogoemabrilemaiode. 74 Primeiro são ocupadas casas camarárias por atribuir em Lisbo Monsanto ( e Boavista) e PortoBoavista ( eValfundão), seguindo-se outras situações idênticas um pouco portodo o país, onde haja casas de renda

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VerapontamentosdetextosemGUÉNIOT,D.A.PINTO, ; PObra .) 9102( . citada,p. e3803 .51

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económica.Ao mesmo tempo, vão decorrendo consecutivas ações reivin dicativas porsectores e grupos diferenciados, cujatónica é coerente aideiadeassumirresponsabilidadespúblicasnacrisedahabitaç o congelamento de rendas, a legalização de ocupações, a construção de casas de rendas baratas, etc. Porexemplo, logo a 1 maio demorado 74 91 res do bairro camarário de S.João de Deus Porto) ( entregam no QuartelGeneral da Região Norte um caderno reivindicativo sobre necessidades e políticasdehabitaçãoe,aindanessemês,épublicadooregulamentopara atribuição das habitações sociais, tema polémico. Segue-se a elaboração porMagalhãesMotano ( MinistériodaAdministraçãoInterna)deum-diplo ma quefacilita decisões da Câmara Municipal do Porto na legalização de ocupaçõesnessacidadepublicado ( emjunho),alturaemqueNunoPortas Secretário ( deEstadodaHabitaçãoeUrbanismodoº1 GovernoProvisório) fala numa entrevista na criação de brigadas à de urbanismo763 activoÇ , já preparandooSAALnasequênciadosencontrosque,tambémemjunhode entre , 74 91 a 61 decorrem ,81 noTeatroS.Luís,Lisboa,comarquitetosetéc nicosdoFundodeFomentodeHabitação. Já no 2º Governo Provisório, Nuno Teotónio Pereira apresenta em julho o plano do SAAL, que é criado ocialmente no m desse mês num despacho conjunto do MAI (Ministério da Administração Interna) e d MESA (Ministério do Equipamento Social e do Ambiente), publicado em 6deagosto. OprocessodoSAALarrancaembairrosdeLisboaemde 3 setembro deSão . 74 escolhidosrapidamenteosprimeiroslocais,realizadosacord com associações de moradores, elaborados projetos em tempo recorde. E avançam logo construções. Com a sua existência em curso, faz-se por travar novas ocupações e o próprio primeiro-ministro Vasco Gonçalv (3º Governo Provisório) critica-as em fevereiro de 1795, pouco depois de MeloAntunesomitiroSAALnoProgramadePolíticaEconómicaeSocial. Contudo, até ao Verão QuenteÇ de 1795, o movimento de ocupação de propriedades continua de modo mais radical (sobretudo sob-ação da ex trema-esquerda), agora já não apenas para efeitos de habitação, mas tambémdeinstalaçãodeequipamentosdeaçãosocialedegrupos-políti cos, como escolas e comissões de moradores, postos médicos, sedes de partidos,ouaindaparaefeitosdacriaçãodeespaçosverdescomunitár ouparaexploraçãoagrícolaeindustrial.

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BANDEIRINHA,JoséAntónio.)1 02( O Processo SAAL e a arquitectura no 25 de abril de 1974.Coimbra:ImprensadaUniversidade,p.. 762 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


OSAALé,então,aferramentaÇmaisativanasoluçãodeproblemas dahabitação,emboraosproblemasdeaquisiçãoouexpropriaçãodeterre nos,bemtodaapartelegalassociadaeaconstruçãoemsidasobrassejam frequentementelentasepolémicas,conformeasvisõespolíticasdeNorte aSul,asvontadesdasautarquiasedosgruposenvolvidos,daspróprias po pulações e, certamente, da intervenção dos inúmeros arquitetos que são chamados.Apesardoprogramasertidocomonecessário,nemsemprehá consenso político sobretudo, desde os pressupostos políticos e legais, às verbasexigidaseaosmodosdeaplicação,oqueemperraoseuandamento. No Norte do país, especialmente no Porto, o serviço é alvo de ten sõesmuitomarcadas,bastandorecordarcomoexpressivososincidentesd envolvidos ,6 7 91 nummistodeaçõesdeextremistas:umabombaqueexplo denasinstalaçõesdoSAALa4janeiro, 1 a4marçooutrabombadetonada noautomóveldeAlvesCosta,arquitetoportuenseempenhadonoSAALe, emabril,abuscapolicialnasededoSAAL. Comainstitucionalizaçãodopoderedasregrasdemocráticasnuma via denormalizaçãoÇ dosmpetos í revolucionários, em outubro de,6a 7 91 gestão do SAALpassa para as autarquias, precipitando o m do serviço. Estãoentãoemcursoobras, 961 iniciadasdesdee74 nenhuma 91 aindacon cluída.Emnovembro,oº6 ConselhoNacionaldoSAALfazfaceaoclimade fortesuspeiçãodequeoprogramaéalvocomadecisãodeelaborarLivro o Branco do SAALe174 91 67 9 , historiandotodo o processo desses dois anos de atividade. Segue-se um despacho do MHUC Ministério ( da Habitação, UrbanismoeConstrução)quedeterminaumasindicânciaaoSAALea-cria çãopordecretodosServiçosMunicipaisdeHabitaçãoSocial. Muitos dos projetos já não são concluídos, e muitos nem sequer começados. Apesardas diculdades, os números do SAALsão expressivos, - con formeregistaoLivroBranco:operações 0 71 iniciadasatéoutubrode,6 7 91 famí 56 1 4 liasenvolvidas,fogos 952 iniciadosemaisaté 5213 aonalde dezembro,totaldefogosemprojetopessoal , 953 1 envolvido:técnicos, 604 estudantes, 6 71 desenhadores, 82 assistentes 512 técnicosedactilógrafos. 863 Embora muito que por construir , subsiste na história como um processo que tem, sobretudo, muito de coletivo e cultural, pelo grau

863

Destaque-se ainda como fonte de referências: BURMESTER, Maria Coord. ( ,) .) 4102( O Processo Saal:Arquitecturae Participaçãoe174 91 67 9 . Exposição com concepção de Delm Sardo; textos de Alexandre Alves Costa.. [Et Al.]. Porto: FundaçãodeSerralves. Verespecialmente os campos referentes a Portugal e à arquitetura, nos - qua droscronológicosemAnexos.

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altamenteparticipativodamobilizaçãodaspopulaçõesediferentestipo técnicos,políticoseagentessociais.Sãoenvolvidosmaisde0arquitet 8 detodo o país, que concebem, quase sempre emtrabalho de equipa, pro jetosquetentamassociaraleituradasnecessidadesefunções,ocustod construçãoe,bementendido,oensaiodenovasexperiênciasnalinguagem arquitetónica. Aqualidadedotrabalhorealizadotemresultadosirregulares,mas,d modogeral,cumpreosobjetivos.Aexperiênciaemsidoprogramaservi ( çoÇa , designaçãoescolhidanãoporacaso,assimreveladoradoseusentido deprestaçãopúblicadetrabalhodearquiteturaÂnassuascomponentes técnica, social, humanista, artística e política) vem a ultrapassar fro ras, conferindo aos arquitetos maiorvisibilidade e reconhecimento nocasodeSizaVieira,cujoenvolvimentonoSAALdeterminapartedoseu prestígiointernacionalinicial. O processo SAALca assim, na história, como uma das mais - rele vantes ações coletivas do período revolucionário, como um extraordiná rioexemplodopotencialdacriatividadeedosresultadosdosesforços modoparticipativo.

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Aintensidade das dinâmicas sociais, culturais e artísticas do per tree74 91 a77, 91 documentação porvezes escassa sobre acontecimentos frequentementeinformaisousemregisto,catálogosououtraspublicações formalizadas,têmcolocadolimitaçõesàhistoriograasobreaépoca,que sóaomdebastantetempovaicompletandoumquadromaisexato.Air regularidade e a diversidade programática e plástica que se detetam na produçãoartísticadosgruposportuguesesnahistóriamoderna econtem porâneatambémnãofacilitamqueseencontremeixoscomunsdeatuação. Contudo,evidencia-sequeadinâmicacoletivistaemqueseintegrao GrupoAcreequesepropagademodomuitoexpressivonosanosdepois 07 deAbrilapresentacaracterísticasnasquaisocontextoédeterminante. Porum lado, não é certamente poracaso que muitos dos coletivos artísticosportuguesesdessaépocasecentramnoPortoouserelacionam muito intensamente com esta cidade, como o Grupo Acre. Ali, porvárias razões relacionadas com a escala e conguração da cidade, com algum proverbial regionalismo bairrista ou até necessidade de armação face a Lisboa, talvez perdure maiorgrau de interação comunitária também - rela cionadacomaprópriahistóriadefactosquetestemunhammaiorativism asexposiçõesdoIndependentesdepoisde34com 91 asuacapacidadede congregaçãodeartistasedacomunidadeportuense,omovimentoem - tor nodoTeatroExperimentaldoPortoqueenvolvecolaboraçãoentreartistas e encenadores, o Cineclube do Porto, oTeatro de Bolso, a constituição da Cooperativarvore Á em3e691 acentralidadedestanosmovimentosartísticosdacidade,oprópriopapeldaESBAPprincipalmentesobaação-dodi retorCarlosRamos,semesquecerasexposiçõesnoAteneu,osfenianos,os 963 debatesemtornodaRenascençaPortuguesaeme76 86 as , tertúlias,os 0 73 caféstradicionaiscomopontodeencontro O. Portoé,emváriossentidos, uma cidade cheia devida e energia criativa, comforte sentido de unidade nasuaarmação. NocenárioigualmenteativodeLisboapesaobviamenteacentralida dedopoderpolíticoedeinstituiçõesrelevantes,mascontamuitotambém

963 0 73

Movimentoartístico-literário,comTeixeiradePascoais,AntónioCarneiro, - Cristia noCruz,etc. GONÇALVES, Cláudia e RAMOS, MariaCoord. ( . ) 1 0, 2 ( Porto:07os / 6 artis tas e a cidade.Textos deVicenteTodoli,José Rodrigues,João Fernandes, Fátima Lambert, Fernando Pernes. Porto: Asa: rvoreÁ Cooperativa de Actividades Artísticas:MuseudeSerralves.

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amaiorescaladacidadeeaberturainternacionalecrítica,acirculação agentes,peloqueétambémolocalondeaconteceminúmerasiniciativasno âmbitoartísticoeatuamgruposdeartistas,jáatrásreferidos. Coimbra desempenha ainda um papel importante, principalmente sobaçãodoCAPCenumalinhadeatuaçãoquepretendefrequentemente vanguardista,masnemessacidadenemoutras,comoporexemplovora É (numa zona de forte organização das esquerdas comunitárias), acabam porterpesonoâmbitodasdinâmicascoletivasdoque,defacto,assumem algumaspessoas,maisdoqueoslugares.Oprojetoetrabalhodamaiori dosgruposreferidosprovavelmentenuncateriasidooquefoisemaaçã de personalidades comoJaime Isidoro, EgídioÁlvaro e Ernesto de Sousa quecatalisammuitosoutros,tornandoadinâmicadacriaçãocoleti rastilho que incendeia iniciativas ditadas pelas diferentes per alternativaevanguarda,emdiversoslocaisque,acadamomento,surgem comopropícios. CentrosurbanoscomoLisboa,Porto,Coimbra,comojáseviu,estão nahistóriadessasdinâmicasaoladodeValadares,PóvoadeVarzim,Caldas da Rainha, porexemplo, ou até do Guincho 173 , locais onde a inuência de pessoasdeterminadasémaisatuante. Dopontodevistatemporal,noinícioasintençõesprincipais - dosgr posdeartistasnosanos0centram7 seemideaispolíticos,utópicoseaté românticos,aqueseassociamporvezesvertentesfortementepragmáticas relacionadas com a necessidade de obtermaiorpoderde pressão. No - en tanto,talcomojáatrássereferiu,emprocessa6 7 91 seumacertaviragem naspráticasartísticasdesentidocoletivonoespaçourbano,afastand progressivamentedostópicosideológicosrelacionadosdiretament revolução,parapropósitosestéticosmaisamplos,poéticosouconceptu possí É velqueoGrupoAcretenhatidoumacertaaçãopioneirarela tivamenteaoutrosprojetos,comoosdoGrupoPuzzle,criadojádepois,em

173

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Encontro organizado por Ernesto de Sousa, em colaboração com Noronha da CostaecomaOcinaExperimental,naPraiadoGuinchoeRinchoa,emde 3 Abril deem , 96 1 quedefendeaideiadeencontrocomoarte,numaperspectivadeam pliaçãoconceptualdoobjetoartístico.ContacomparticipaçõesdeAnaHatherly, AntónioPedroVasconcelos,ArturRosa,CarlosCalvetregisto ( emlme)Clotilde , Rosa,E.M.MeloeCastro,ErnestodeSousa,FernandoPernes,HelenaAlmeida, Jorge Peixinho, Manuel Baptista, Noronha da Costa e Ocina Experimental Carlos ( Gentil-Homem,Joaquim Barata, ManuelTorres  registo emlme;João LuísGomesdestruição  doobjecto;IsabelAlves,FilomenaFernandes,Francisco Bronze,LyaFreireeMariaManuelTorres). SOUSA, Ernesto de ). 196( Projectos Encontro do Guincho e Programa do encontro do Guincho.[emlinha].Disponívelem: http:ernestodesousa. // com/pro jectos/encontro-do-guincho (20e10e1).[Consult. 9 19out.]. 20 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


,57 9do 1 Grupo 1+5 ou do Grupo Vermelho, ambos constituídos em.6 7 91 TalveztantooGrupoAcreeoimpactoqueconsegue,comoaprópriadinâmi cadotempoqueseviveentão,marquemnesseanoofactodos III Encontros Internacionais de Arte na Póvoa deVarzim, organizados porJaime Isidoro e Egídiolvaro, Á terem como mote principal a arte de intervenção, a arte de rua e as práticas mais conceptuaisembora ( também com presença de pintura,escultura,etc.através ) deaçõesdediversosgruposatrásreferidos, comparticulardestaqueparaoPuzzle,paraalémdecoletivosestrangeiros. Talvezaindaadinâmicavanguardistana ( qualseintegraatendência coletivista)emartetenhavividonesseanoeprovocadoumefeitomáximo umanodepois,emprimeiro , 7 91 na Alternativa Zeroedepois,maisdrama ticamente,nos IV Encontros Internacionais de Arte dasCaldasdaRainha. Defacto,nessesdias 21 domêsdeagosto,oaugedoclimavanguardistafaz conuiraaçãodeinúmerosartistaseaexpressãodediversasformaçõese grupos,alimaispresentesdoquenunca,emboracomomaioroumenor - vi sibilidadeentãoedepois,encontrando-seecosderegistosdegruposcomo oCírculodeArtesPlásticasdeCoimbra,oGrupoMetz,LesToulousains,o Grupo Puzzle, o Grupo Sueco Estrela Polar, o Gruponima, Â o Grupo,1+5 GrupoAcre,ocoletivofemininoEnfermement/RuptureeoGrupoAcre. Dessaexperiênciaextremaparaalgunspodecompreender-sequete nha resultado um paroxismo anticlímax, de efeitos diversos nos artistas naspopulações,acentuandoemClaraMenéreseLimaCarvalhoaperceção nãoapenasdecansaçoedesinteresse,masatéoquepodetersidovistopor elescomoumsentimentodebanalizaçãoeperdadeecáciadaspróprias práticasartísticascoletivas,gerandoalgumavontadedediferenciação. Sendocerto,contudo,queesseperíodoéparticularmenteintensoe peculiarnoqueserefereadinâmicascoletivas,nãosefechaaíaprodução dessetipo,nemanecessidadedeosartistasseorganizaremconjuntamen teparapotenciaremosseusprojetos.Asvozeseosseusecoscruzam-se, emPortugal,atravésdapermeabilidadecrescentedassuasfronteiras, en treessaépocaeasvindouras.

3.3. Ressonâncias

Portanto,apesardealgunscoletivosdeartistasnosanossetenta,talcomo o GrupoAcre, irem desaparecendo, alguns porperderem o entusiasmo ou razãodeserparacontinuarematrabalharjuntosquandoseaproxima o naldadécadaousimplesmentequandoseesmaeceofulgorrevolucionário, nemtudocaporaí.

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Asdinâmicasdecriação,produçãoouorganizaçãocoletivasemarte, comdiferentesnseestratégias,nãosefechamnoespaçoportuguêsentre já e, 74 791 antesaquicaracterizadocomoperíodomuitointenso.Porum lado,hásemprepassagensqueenvolvemoquesefazemterritórionacio nalporartistasportuguesescomideiaseexemplosque,demuitosmodos atravessamfronteiras. E,mesmoporcá,odesaodocoletivismonãoseesgota,continuando aexerceroseuapelodosnaisdosanossetentaemdiante.Asdinâmicas coletivasressoam,pois,paraalémdolapsotemporaldoGrupoAcreepara além das fronteiras estritas do país, integrando os casos portugues entãonumacorrentegeralmaisampla,queseráinteressantemapear.

3.3.1. Entre cá e lá, por então (coletivos estrangeiros em Portugal)

Comotemsidoassinalado,arelaçãocomcasosestrangeirosvaiacontecen domesmoaindaantesdeapesar , 74 daslimitaçõesdainformaçãoecircu laçãoduranteaditadura,nãofaltandoexemplos,termosdecomparaçãoou simplesmente casos curiosos cuja inuência é plausível. Convémtambém recordarquePortugalnãoéentãoapenasocontinentee,tantoaícomonas ilhas adjacentes ou nas ainda colónias, osterritórios envolvem - cara ticas diferentes caso a caso, com diferentes tipos de circulação, quer informação,querdepessoasebens.,pois, É possívelque,porexemploem Moçambique, possa ter havido jogos de inuência marcados pelos meios artísticos dos paísesvizinhos, como africa Á do Sul ou o Zimbabué, sendo pertinente pesquisaremtodos osterritórios ultramarinos e ilhas c comportamento criativo coletivo ou simplesmente associativo de art antesedepoisdaRevoluçãodemocrática. Ora, como neste estudo atentativa de assinalarcasos de coletiv 372 na diáspora portuguesa, não é, até ao momento, bem-sucedida , resta comosolução,poragora,alinhavaralgunsexemploscentradosnoterritór

273

281

Possivelmente,osmeiosartísticosnospaísesque,entretanto,setornam - autóno mosdasoberaniaportuguesadepoisdenão 57 logram,antesdecondições , 74 91 paraaeclosãodegruposdeartistasidenticadoscomotal,emespecial - nosúlti mostempos,comaguerracolonialadecorrereoaparelhorepressivomaisatento. E,depoisdasindependências,seguem-senormalmenteperíodosdereconstrução quepermitemcaracterizargenericamenteosanosimediatosdepoisdecomo 74 anos cuja instabilidade acaba pornão propiciarambiente para a eclosão de co letivos artísticos nesses novos países. Fica, contudo, dúvida sobre esta poss realidade,aaprofundarnoutraocasião. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


continentalportuguês,quejásãodemonstrativos,nolapsotemporal deli mitadoenassuasimediaçõespróximas,denãofaltaremnemasnotícias nem as interações com casos de outros países ou com participação de artistasdeoutrospaíses.Paísperiféricocertamentefaceaos-centroseu ropeuseamericanosnasegundametadedoséculoXX,aviverumalonga ditadura bastante anquilosante das mentalidades e da cultura, Portu nãodeixa,contudo,deserpenetrávelporsinaisdamodernidadeeda - con temporaneidade em curso, mesmo que esparsa e discretamente até aos anossetenta. Sem regressarmuito atrás notempo em busca de sinais dessetipo, talvezsejaexpressivorecordarque,quandoartistaseintelectuais emig dosporrazõesdiversasvãodesenvolvendooseutrabalhoforadePortugal principalmente ao longo dos anos sessenta, é inevitável o contacto deles comoquevaisurgindonascidadesquehabitam.Aliás,éissotambémque procuram. Assim presenciam diretamente acontecimentos como - apari ções do Grupo Cobra ou do Grupo Gutai, da Internacional Situacionista e doLetrismoInternacional,dosSupportSurfaces,domovimentoFluxus,do trabalho colaborativo deJoseph Beuys, apenas atítulo de exemplo. Sobre isso se escreve e publica, e o mesmo clima que leva à notoriedade destes casosexpande-seemcontextosdiversos,numarederaramentefechadaem obras, reexões e derivações. E, poroutro lado,volta nãovolta, apesarde tudotambémháemPortugalexposiçõesquetrazemlufadasdearfresco, comoatrássereferedepassagem37 . Talvezaténão 74 91 sejafortementedecisivaagénesemarxistadepar tesubstancialdapropostaestéticadaInternacionalSituacionista, nem datotalmente compreendidas as implicações da sociedade do espetáculo teorizada porGuyDebord como base de alienação do sistema capitalista, embora houvesse artistas e estudiosos já a par.João Vieira, porexemplo, conheceemParisosletristasmas,naaltura,nãopareceserapropostamais evidentemente política o que lhe interessa mais, embora acabe porhaver dela ressonâncias poéticas no seu trabalho, integrado ou não no projeto KWY.Acrençanopoderdaarteparadesfazertalalienaçãosósetornauma palavradeordemmaisgeneralizadanosartistasdepoisdainstauraçãod democracia, mas, de facto, muitos já antes, em Coimbra, Porto e Lisboa, porexemplo, se sintonizam com hipóteses de intervenção nessa linha, de modo informado e consciente, com ou sem leitura direta do Manifesto Situacionista de. 0Egí 691 diolvaro, Á também porexemplo, escreve sobre astendências devanguarda mais recentes no nº 2 da ColóquioArtes, em

37

Ponto.1

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17e,9 como sabemos, mantém-seel a essa determinação nos anos que seseguemevaiterpapelderelevonessesentido. Quanto mais não seja, já desde o séculoXVI, pelo menos, que mui tosartistasviajamsemprequepodemembuscadeoutrasexperiênciase, sobretudo, paravisitarpolos artísticos, museus e exposições,-para con guiremestarapardomelhorquesevaifazendo.PrimeiroRomaeFlorença, depois Paris e Londres, os centros europeuse( outros, mas estes são os maisrecorrentes)são,hámuito,pontosdeatração.Nemduranteaditadura noséculoXXissodeixadeacontecer,sejaaexpensaspróprias,sejagraças abolsasdeviagem,estudoeinvestigação. Assim,emboraaindapoucoseescrevanopaís,porexemploem, 96 1 sobre a exposiçãoWhen Attitudes Become Form, na Kunsthalle Bern, ela não passa despercebida,tal como acontece com outras, divulgando-se as suas premissasfundamentais nos diversos meios de contacto soci comoemtextos,porvezescomtítulosdiscretos,nasrevistasdearte - ecul turaetambémemrevistasilustradasnãoespecícas,escapandoàcensura.

É desse modo que, sobre as Bienais de Paris,Veneza e S. Paulo, há amiúdenotíciasnasrevistascomoaColóquio-Artesdeem 17 9 diante,com correspondentes no local que dão sinais do que sevai ali mostrando, que em artigos de fundo, quersob a forma de Cartas de cidades como Paris, Londres, Nova Iorque, Barcelona, Madrid, S. Paulo, escritas por relatores 4 73 noslocais.Assiméreferida,emfevereirode,a 37 91 EquipeTriângulo ,do Brasil, e outros sinais como esse edicam, pouco a pouco, uma forma de pensaraartecontemporâneacadavezmaisampla,quernosprocessosquer nasprópriasinstânciasautorais. De37em 91 diante, a nova revistaArtes Plásticas passa a contribuir tambémdemodoativoparaadivulgaçãodepropostasartísticas-apresen tadas fora do país. Depois de noticiar Documenta a de Kassel num jornal 573 diárioemfevereirodesseano,Egídiolvaro Á voltaainsistirnessamostra em outubro, no nº 1 daquela revista, dando relevo àsformulações devanguardaeaoseusentidorevolucionário,queincluioquestionamento dano çãodeartista.Nonúmeroseguintedamesmarevista,omesmoautorfala deobrasetendênciasna Feira de Dusseldorfena Bienal de Paris,eAlfredo QueirozRibeiro,dofuturoGrupoAcre,traztambémnotíciasdeexposições

4 73 573

283

BARATA,MárioCarta .)37 91 ( doRiodeJaneiroÇ. Colóquio Artes.Nºfevereiro, ,1 p.e626 Lisboa: .3 FundaçãoCalousteGulbenkian. LVARO, Á Egídio.)Carta 37 91 ( de Kassel. Quinta Documenta III) ( : o desmoronar dasfronteirasÇ Diário . de Notícias,de 1 fevereiro,Lisboa. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


deesculturaemLondres.Emfevereirode,no 74 91 nº3daArtesPlásticas, lvaro Á noticiaaProspect 73deDusseldorf,escrevendosobreartistas - con temporâneos como Baldessari, Broodthaers, Kosuth e a dupla Gilbert & George,noticiandotambémoutrasexposiçõesemParis.Nessamesma-edi ção,nãoescapaaQueirozRibeiro,queéentãoalicorrespondentehabitual para o que acontece em Londres, uma exposição de patchworks/quilts na FelicitySamuelsGallery,obrasqueenvolvemcriaçãocoletiva,entreoutras patentesemLondres,querelata. Nonúmeroseguinte,dejunho,sãoaindamaisconcretosossintomas deteorcoletivizantedequearevistaArtesPlásticasoferecenotícia,jáem ambientedefestaecercadeummêsantesdaprimeiraformulaçãoescrita deprincípiosdoGrupoAcre( julho)Há. umanotíciaemfortedestaquesobre 6 73 oGrupoGevind,dinamarquês que , revelatrabalhoalgosurrealista - apos tado numa reorganização do espaço pictural e, de novo, Queiroz Ribeiro 73 publica outro texto seu sobre exposições em Londres em que, a parde mençõescentradasemMichaelGraig-Martin,YvesKleinePieroManzoni, referecoletivoscomooGrupoCobra,oGrupoNucleareoGrupoZero. TambémJosé-Augusto França, Rui Mário Gonçalves e outros publi camemrevistasjáreferidasdiversasnotíciasereexõessobregrandes ex posiçõeseeventosartísticosinternacionaisnosquaissãoexpressivas dadesdegruposartísticos,queelescomentamedifundem.

Antes e depois de, há 74 91 inúmeras exposições expressivas de arte estrangeiraemPortugal,querindividuaisemespaçosdegaleriasprivad quercoletivasnoâmbitodaaçãodopróprioSNIeque,principalmente,sob papeldaGulbenkian,setornamespecialmentepersuasivasdaimportância dosprocessosdecriaçãocoletiva,comoporexemploaGrupo do Cobra em na ,37 91 FundaçãoCalousteGulbenkian. Em janeiro de, a 74 91 Equipo Crónica é capa daArtes Plásticas. O 873 grupo está presente depois com outros artistas espanhóis na lisboeta GaleriadeS.FranciscoRua ( Ivens,quaseaoladodaESBALondesãoprofessoresClaraMenéreseLimaCarvalho)em , meadosdesseano,eteráuma enormeexposiçãonaFundaçãoGulbenkianem. 7 91

6 73 73 873

HJORT,OystenPanorama .) 74 91 ( dinamarquês.OGrupoGevinddeCopenhagueÇ. Artes Plásticas Dir. ( Egídiolvaro) Á Nº . junho, ,4 p.Porto: .21 EditorialEngenharia. RIBEIRO,Alfredo Queiroz.) Londres/ 74 91 ( GaleriasÇ. Artes Plásticas Dir. ( Egídio lvaro) Á Nº . junho, ,4 p.e33 Porto: .6 EditorialEngenharia. SOUSA, Rocha de.) 74 9Lisboa/ 1( galerias. Equipo Crónica, Canogar, Feito / GaleriaS.FranciscoÇ Artes . Plásticas Dir. ( Egídiolvaro) Á Nº . junho, ,4 p.Porto: .82 EditorialEngenharia.

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Também ainda em fevereiro de , 74 91 um conjunto de artigos na Colóquio Artes destaca Fred Forest, artista multimédia e membro do Colectivo de Arte Sociológica,ilustrandocomimagensdeobraseinstala çõesostextosdopróprio,deEdgarMorin,JeanDuvignaud,PierreRestanye RenéBerger.ComessecoletivotrabalhamtambémosartistasHervéFischer eJeanPaulThenot.EmForest ,6 7 91 estános III Encontros Internacionais de Arte daPóvoadeVarzim,cominquéritos-vídeoÇaosbombeirosportugue seseoutrasobrasemqueusaovídeocomomeioderegistoeapresentação. Eurico Gonçalves refere, notexto que explica mais detalhadamente essas obras,queocoletivojáemtem 37 91 obradendole í conceptualna Bienal de S. Paulo,tendo organizado nessa cidade uma manifestação com cartazes brancos, sem quaisquerdizeres, alvo de repressão policial no contexto d ditaduraaliemvigor;refereaindaasuadesistência,porfaltadeapoio nan 973 ceiro,daapariçãoprevistanoanocorrentede6na 7 91 Bienal de Veneza . FredForestcolaboratambémnarevistaArtesPlásticas,8publicada /7 em janeiro de, com 7 textos e imagens alusivos ao esse trabalho nos encon tros da Póvoa de Varzim380. Mais de uma década depois, Fred Foreste( o 381 CollectifdArtSociologiqueimplícito)regressamàColóquio salien , Artes tando a autora do texto o seu papel pioneiro na videoarte e nos sistemas visuais eletrónicos os projetos de intervenção e investigação que cru arteecomunicação. Jádepoisdeabrilde,multiplicam74 seosdestaquesaartistascuja produçãodeenquadraemgrupos.EmoutubrodeJosé, 74 91 AugustoFrança noticia na ColóquioArtes, com texto e ilustração, Computer o Technique Group,umgrupojaponêspresentenumaexposiçãodeartecomputorizada no InstitutoAlemão. E, ao longo dosEncontros Internacionais de Arte de Valadares,PóvoadeVarzimeCaldasdaRainha,ahospitalidadeaotrabalho de coletivos artísticos é muitovisível, podendo recordar-se, além-dos gru posportuguesesjáreferidos,oGrupoGreneta,oColectivodeMulhereseo Textruction(s)entre , outros. O Textruction(s) é um grupo francês formado em 17 9 por George Badin,GérardDuchêne,JeanMazeaufroid,GervaisJassaudeMichelVachey. Emtrês 67 membrosdogrupoestãonos III Encontros Internacionais de Arte

973

285

GONÇALVES,Euricotexto ,)6 7 91 ( citadoatrás,p..27 380 FOREST, Fred .)7 91 ( Arte SociológicaÇ, Un artiste de la communicationÇ, Projecto Proposto por Fred Forest nos III Encontros Internacionais de Arte na PóvoadeVarzimÇArt , Sociologique.ProblemesetmethodesÇ. Artes Plásticas Dir. ( Egídiolvaro) Á Nº . dezembro/ ,8/ 7 janeiro,p.e505 Porto: .3 EditorialEngenharia. 381 PAPENBURG,Liselotte.Fred ) 98 1 ( ForestnousfaitcourirÇ. Colóquio Artes. Nº setembro, ,28 p.e32 Lisboa: .1 FundaçãoCalousteGulbenkian. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


naPóvoadeVarzimaconvitedeEgídiolvaro, Á quedestacaasuaparticipa çãonarevistaArtesPlásticas dedicadaaoevento,comdiversasimagensde obrasapretoebrancodosmembrosdogrupoqueesclarecemsobreasua pesquisacruzadadeelementospictóricosetextuais. Oqueimportaéqueumanovaformadeexpressãoedecomunicação setornouvisívelÇ e que, no processo quevai da escrita à leitura, da obliteração à explosão, da letra à cor, o leitorsevê a exigirum papel cativo.LeréproduzirÇarma , umtextodeTextruction. 382

Na Colóquio Artes, Eurico Gonçalves descreve as suas obras como textossobrepapelepano,embandasebandeiras,deummodoquearma aqualidadevisualdotodosuporte, ( formadaletra,dapalavraedafrase)sob fragmentação,cruzandonoçõesdetexto,texturaetêxtilnaobjetualidadee 383 naleitura . Oprogramadogrupoincide,defacto,comoonomesugere,nocru zamentodanoçãodetextocomasuadesconstrução,pretendendoassociar aindaoerotismodaescritaàpolítica. Também nos encontros na Póvoa de Varzim, em 6,179 e nos de 77, nas Caldas, está oGrupo Greneta, fundado em 6179 e cujo nome tem origem na morada onde acontece a sua primeira intervenção (36 Rue de Greneta, Paris). O grupo é constituído porartistas devárias nacionalid des, nomeadamente os franceses Jean Loup Septier e Jean Roualdès, a turcaNilYalter,eosportuguesesLuizDaRochaeManuelAlvesse( por - ve zes também Paul-Armand Genette e Présence Panchounette). Está em penhadonatransformaçãodohomemÇpara , EuricoGonçalvesnãomuito 384 convincentemente , em intervenções e performances que são realiza das em parte individualmente, frequentemente com vídeo ou elementos de registo complementar. As suas exposições, que acontecem num - úni co dia, durante apenas uma ou duas horas e sem lugar xo, por vezes coincidentemente com a criação das obras, evocam algumas estratégias dos situacionistas. Nos IV Encontros, YalterMensagem realiza ade um

382 LVARO, Á Egídio .)7 91 ( Textruction(s). Badin. Duchêne. MazeaufroidÇ. Artes Plásticas Dir. ( Egídiolvaro) Á . Nº,8/dezembro/ 7 janeiro, p.e131 .6Porto: Editorial Engenharia. 383 GONÇALVES,EuricoT.)6 7 91 erceiros ( EncontrosInternacionaisdeArtenaPóvoa do VarzimÇ. Colóquio Artes. Nº , 92 outubro, p. .17 Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 483 GONÇALVES,EuricoIV .)7 91 ( EncontrosInternacionaisdasCaldasdaRainhaÇ. Colóquio Artes. Nºoutubro. ,43 Lisboa:FundaçãoCalousteGulbenkian,p..37 GRUPO ACRE FEZ

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emigrante português segundo regras matemáticas do acaso de Alvess. Ainda por cá, aparece o Colectivo Femmes/Art (Enfermement/ Rupture)583 , que integra Françoise Janicot, Claudette Brun, Isabelle Le Vigan,FrançoiseEliet,LeaLublin,TantaMonraud,GrettaGrywacz,Monique Frymann,ElisaTaneColetteDeblé.Questionamanaturezadotrabalhofe mininonos IV Encontros Internacionais de ArtedasCaldasdaRainha,sendo assimresponsáveiscom ( OrlaneChantalGuyot)porintroduzirquestõesde géneroecorpofemininonaquelecontexto,continuandoatrabalhardepois nessalinhasocial.Ogrupomantém-seativoemParisaté683 0891 . DenovonosIIIeIVEncontrosépossíveldetetarobrasperformativase participativas duplas de de artistas quetrabalhamjuntos,comoMarianne eRobertFilliou,ouRolandMillereShirleyCameron,ouaindaAlainPeclard e Sarah Wiane 783 , entre outros, o que revela, sobretudo, a ação de Egídio lvaro, Á responsávelporquasetodososconvitesaartistasqueconhece,na maioria,dasuaestadiaemParis. Aindaem,há 7 91 notíciado Grupo Phasesque,numaexposiçãona JuntadeTurismodaCostadoSolemnovembro,reúneCruzeiroSeixas,Mário Cesarinye Raúl Perez a inúmeros artistas estrangeiros. Defacto,trata-s de um movimento internacional que já tem atividade nos anos 05 e essa exposição no Estoril é a primeira do movimento em Portugal, com 63 ar tistas,comoJean-LouisBeaudonet,EugenioGranell,IsabelMeyrelles,Guy Roussile,ClaudeSarthou,PhilipWest,YoYoshime,LudvigZeller,etc.,além dosportuguesesreferidos.ComcolaboraçõescomoBureaudeRecherche SurréalistedaHolandaemas ,17 9 exposiçõesdomovimentochegamater maisdeumacentenadeparticipantes. 388 No catálogo desta exposição em Portugal, EdouardJaguerarma tersidomaisdifícilaomovimentopenetraremterritórioluso-durante tadura do que nos países da cortina de ferro, onde alguma abertura terá permitido ao movimento ter a colaboração de artistas polacos, checos, e húngarosdepoisdeCitando.5 91 seemtextodeadmite ,37 91 quesónesse anocompreendeaimportânciadapesquisaplásticadossurrealistas p gueses,nomeadamenteacomponentedejogoÇederiscosdeperdiçãoÇ emAntónioMariaLisboa,MárioHenriqueLeiria,AlexandreONeilleMário

583 683 783

287

Idem,p..27 MaisinformaçãoemGUÉNIOT,D.A.PINTO, ; PObra .) 9102( . citada,p.e3613 .32 GONÇALVES,EuricoIV .)7 91 ( EncontrosInternacionaisdasCaldasdaRainhaÇ. Colóquio Artes. Nºoutubro, ,43 p.Lisboa: .27 FundaçãoCalousteGulbenkian. 388 A/A.)7 91 ( 1ª Exposição “Phases” em Portugal.Catálogodeexposição,novembro. Estoril:JuntadeTurismodaCostadoSol.Háumoutrocatálogodaexposiçãona SNBA,idênticonoconteúdo. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Cesariny, assinalando ainda o aparecimento de um nome português, o de José-Augusto França, nas revistas Phases de, e7691 reconhecendo tam bémotrabalhodeCruzeiroSeixasePedroOom.Refereaindaaparticipação maisintensadosportuguesesnarevistade ,4 nas , 74 91 exposiçõesde57 91 emBruxelasedeem 7 91 Portugal. Inúmerosfragmentosdetextosdediferentesautoresassinalam ali gaçãoevidenteaideiasdosurrealismoeatédodadaísmoque,aliás,as - ima gensdasobrasevidenciam. Dá-se,também,algumacirculaçãonoestrangeirodetrabalhodeco letivosportuguesesdessetempo,percetívelnasínteseatrásrealizadasobre cada um. Se é certo que essa circulação não acontece com o GrupoAcre embora ( simcomotrabalhodecadaumdosartistasqueoconstituem),o Puzzleapresenta-seváriasvezesforadopaís,otem 1+5 aépicaexposição deViena e o GrupoVermelho évisível em certames de poesiavisual, pelo que,emboraessafacetanãosejamuitodeterminantenascarreiras - epres tígiodestescoletivos,nãoéausente.

3.3.2. E depois, por cá ainda (coletivos em Portugal, após 1977)

Jáaescapardolapsotemporaldesteestudomaisdelimitadoentree74 91 , aparecem 7 91 em Portugal outros coletivos de criação e grupos de produçãoartísticacomcaracterísticasdiferenciadas.Semqualquerpretensã deexaustividade,algunsapontamentossobrecadacasopermitemesboçar umbrevemapeamentoqueajudaaterumanoçãomaisadequadadomovi mentocoletivistaquecontinuaintenso,mesmoquecomvisibilidadediver conformearegiãodopaíseotempoemquesurgeme,certamente,colo candoquestõesdiferentes.Demuitosmodos,engrossamoeixodedinâmi cascoletivasquevemdetrásesão,também,consequênciadainuênciada açãoeprestígiodecoletivosdadécadadecomo , 07 ogrupoAcre. Háassimosqueaparecemaindanos anos 70. Em,87na 91 ESBALvão ganhando visibilidade formas diferentes da tendênciacoletivista,porumladocomaconstituiçãodecoletivosdejovens artistashá ( diversosque,semnome,surgemcomexposições,porexemplo naSNBA)ecomacriaçãodaRevistaArteOpinião,emdezembrode.87 91 Foradessecontexto,surgenesseanoo Grupo 3.4.5.apartirdoatelier da artista de origem italiana Gisela Santi.Anteriormente especializad restaurodetêxteis,estaartistadedica-se,entretanto,àtapeçaria - contem porânea,estandoligadadepassagemaoIADE,criandoemcom 57 91 Flávia GRUPO ACRE FEZ

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deMonsarazaCooperativaAra,jáatrásreferida,eensinandodeem 87 dian te na EscolaAntónioArroio. Neste grupo integram-se várias artistas q trabalhamemtêxteis.Em2o 891 grupoorganizaa 1ª Exposição Minitêxtil, queagregaosmembrosdegrupodeentãoAna ( IsabelRodrigues,Colette Vilatte,GiselaSanti,LenaLobo,AltinaMartins,CândidaMarques,Delna Macedo,CarmoPortela,MariaJoséRisquesPereiraeRégineTeyssonière)e convidados.Haveráváriasiniciativassimilares,comelencovariável. Há também em Lisboa a Cooperativa Diferença, criada em 1.97 Fundada por Helena Almeida, Irene Buarque, José Carvalho, José Conduto, Monteiro Gil, António Palolo, Fernanda Pissarro, Maria Rolão, Ernesto de Sousa e Marília Viegas, o próprio elenco destes dez artis tas permite descortinar alguns dos objetivos que conciliam pr de vanguarda com a necessidade de abrir um espaço expositivo, - de en contro e debate de novas tendências, jovens artistas incluídos. Nã despropositado evocaro facto de Carvalho e Conduto fazerem parte do Grupo 8, bem como ecos vindos de trás que então se concretizam nes te projeto, como por exemplo o Encontro do Guincho, de 19,6 atrás já mencionado, por iniciativa de Ernesto de Sousa. A Diferença signic pois, encontro, vontade de encontro e, por isso, assume como central um espaço de galeria, mais tarde ampliado e modernizado (sob projeto dos arquitetos NunoTeotónio Pereira e Artur Rosa e engenheiro Câncio Martins, em 1mediante 987, apoios da Secretaria de Estado da Cultura e da Fundação Calouste Gulbenkian), ateliers de gravura, serigraa, li tograa e fotograa onde funcionam também cursos. Ali têm aconteci do muitas exposições e debates, lançamento de livros, edições grácas, etc., e ali se têm estreado inúmeros artistas cujas carreiras dep 389 quirem notoriedade . Tambémemsurge 97 1 emCoimbrao Grupo Artitude:01apartirdo Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, fundado porAntónio Barros - e in tegrando Isabel Carlos, Isabel Pinto,JoãoTorres,José Louro e Rui rfão. Ó Ocoletivovaiserdecisivonolançamento Projectos de e Progestos, Novas Tendências nas Linguagens Artísticas Contemporâneas, ciclo muito dedi cado aformas experimentais de arte ligadas à poesiavisual, que dura at .58Destaque91 se ainda a revista que lançam em189Â ARTITUDE: 10 , uma revista experimental com características instalativas ou, como s naépoca,ambienteouenvironmentÇ,oquedecorrenaGaleriaDiferença,

389

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Mais informação em COOPERATIVA DIFERENÇA. Historial. Blog disponível em: http:diferencagaleria. // blogspot.com/p/historial-cooperativa-diferenca.html [Consult.out. 81 ]. 02 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


emLisboa,aconvitedeErnestodeSousa.Apartirdaíogrupodesenvolve esseformatoderevista/instalação,podendoresumir-seassimosnúmeros resultantes:189hArtitude:, revista 0 objeto, projeto de difusão;2891 Artitude:revista ,10 ambientena ( G.Diferença,Lisboa)h3891 ; Artitude:,10 revistaoperação(TeatroEstúdioCITAC)h4891; Artitude:revista ,10 multi médiaIV 8 Bienal deVila Nova de Cerveira)5;89h1 Artitude:,10interven 093 ção,revistacomportamento . Entree97 1 um , 0891 doscoletivossaídosESBAL( grupo sem nome formado porAdão Contreiras, Ambrósio Ferreira e José Assis) apresenta numacoletivadaSNBAumaobraconjunta,umobjetoinstalativoalusivoà deserticação,escassezefome,intitulado Gaibéus,quemereceumprémio derevelação. Sobre o Grupo Pukta, aparece em97 1uma pequena notícia com uma declaração de princípios, sem indicar nomes de membros do grupo. Ainda não somos propriamente um grupo de arte/intervençãoÇ é a frase queabreessedepoimentoinaugural,queadotaumdiscursocauteloso, he sitando entre na necessidade de reconverteroassociativo à nocolectivo à , umcolectivo em permanente metamorfoseÇ que assume aqualidade de 193 produtores de arteÇ . Na edição seguinte da mesma revista, de julho, o Puktavoltaaterdestaquemaior,agoranumartigodeautoriaconjunta,no qualsearmaagéneseautodidatadaformaçãodosseusmembroseanecessidadedehavermaiorligaçãoentreartistasautodidataseartistas Belas-ArtesÇEm . trêsimagensapretoebrancodepinturasqueoscilam - en treumaguraçãoalusivaeaabstração,épossívelidenticarnaformação osnomesdeVítorMarques,AntónioPachecoeCarlosMagalhães293 . OPuktaexpõeaindanaGaleriaAlvarezDoisem0e,891 depois,pa recesumir. Também em 1,97 Carlos Barroco e Nádia Baggioli publicam em nome do Grupo-2, constituído por ambos, um texto sobre uma reco lha de bonecos portugueses, que podemos integrar numa via trabalha da principalmente por Barroco, entre a pop e o sentido etnográco, na qual há quase sempre uma ponta de ironia e humor: Encontrámos em

093

193 293

ARTITUDE:Artitude: .)5891 ( 10 intervenção ,10 revista Ã( comportamento . Ç)5891 , In AGUIAR,Fernando;BARBOSA,ManoelDir. ( .)5891 ( ,) PERFORM’ARTE. I Encontro Nacional de Performance.TorresVedras:CooperativadeComunicaçãoeCultura deTorresVedras,p..1 4 , 04 Excertos de A/A.) 97PuktaÇ Ç1 ( . Arte Opinião. Revista da Associação de Artes PlásticaseDesign.Nºmaio, ,6 p.Lisboa: .82 ESBAL. GRUPOPUKTA O.) 97 1 ( artistaautodidactaÇ. Arte Opinião. RevistadaAssociação deArtesPlásticaseDesign.Nºjulho, ,7 p.e252 Lisboa, .6 ESBAL.

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PortugalBonecosfeitosemPASTADEPAPEL,BARRO,PANO,CHUMBO, CERÂMICA,MADEIRA,LATA,CERA,SABÃO,VIDRO,CORTIÇA,DOCES, 39 CONCHAS, PLÁSTICO.. e alguns de CARNE E OSSO.Ç No ano seguinte, de 1980 em diante, estes mesmos artistas em ( breveresponsáveispeloprojetodaGaleriaNovoSéculo,emLisboa),cons tituem comJosé Fabião o Grupo Néon, que surge em performances em Lisboa.Estãodepoisemno 189 PortonaGaleriaAlvarezenaESBAPe, em na 2891 GaleriaMetrópole,Lisboa,bemcomona III Bienal Internacional de Vila Nova de Cerveira.Aindaaparecemdepoisna IV Bienal de Vila Nova de Cerveira) 48e91 ( na quinzena multimédia dos encontros Acarte nov( dez CAMeFCG) ,5891 Neste . caso,aobraapresentada, Performática,éumes petáculomultimédiarealizadoporCarlosBarrocoeJoséFabiãocom - cola borações de Carlos Zíngaro, Rui Reininho, Natércia Rocha,José Casimiro, BertHendrickeNádiaBaggioli,deambientevisualesonoromuitoaosabor dosanosoitenta,noqualhumanos/autómatosreagemaestímulosvisuaise sonsemambientedelaboratório. Também o Grupo Diaspositivos, formado por Adelaide Colher, GracindaCandeias,JoãoDÁvila,JoséFabiãoeMichelRoubaix,játinharea lizado performances na Galeria Quadrum Lisboa) ( em, 0891aparecendo tambémna III Bienal emCerveira. Aliás,oiníciodosanosrevela 08 sucessivamentediversasformações coletivas, embora nem sempre sejam grupos de artistas estritamente vi suaiseatravessemfrequentementecamposdacriaçãoartística,estenden do-seaolongodessadécadaedasseguintesdemodoirregular,nemsem precomestabilidade. Em,quando 189 estudantesdaESBAPAlzira , Relvas,AntónioOlaio, António Melo, Lúcia Viana, Nuno Santacruz e Pedro Tudela são oGrupo Missionário. O nome do grupo, explicitando uma pretensa atitude mis 493 sionária, procurava criaruma imagem despudoradamente moralizanteÇ , emboranemsempreasperformancesozessem,comonocasodarealiza daemplenaESBAPquando , pintamdebrancoosmodelosdegessousados nasaulasnaintervençãodesignada Intervenção Zero do Grupo Missionário.

39 394

291

GRUPOe2Bonecos .) 97 1 ( portuguesesÇ. Arte Opinião. RevistadaAssociaçãode ArtesPlásticaseDesign.Nºjulho, ,7 p.Lisboa: .53 ESBAL. LAMBERT,Fátima(201Balanço ). doséculoXXhArtePortuenseAlephÇT. exto do catálogo da exposição de 201 ÃMais de 120 grupos e episódios no Porto do Século XX. Porto: Galeria do Palácio. In FERNANDES, Maria Luísa Garcia; RODRIGUES, José Carlos Meneses; TEDIM, José Manuel Coord. ( ) , ( 2)0. 4 II Congresso Internacional de História de Arte. 201. Portugal: Encruzilhada de Culturas, dasArtes e das Sensibilidades . Coimbra: ActasLivrariaAlmedina, p.82. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Ocoletivoexisteaté. 7891 Tambémnamesmacidade,o Grupo Videoporto é umoutrocoletivo ouassociaçãodearteformadoemdezembrodepor 189 SilvestrePestana. Fazempartedele,alémdePestana,osartistasHenriqueSilva,AbelMendes, AdrianoRangel,AntónioBarros,JorgeBrinquinho,ão Ç Pestana,Fernando Ribeiro,JorgeLopes,Ruirfão Ó eMineoAayamaguchi.Tomacomomeiofun damentaldeexpressãoovídeo,namaioriadasvezesemcriaçõessobretudo 593 individuais Em . continuam 5891 ativos. O TelectuécriadoemLisboaempor 2891 JorgeLimaBarretoeVítor Rua.Apesardaatividadedoduoserfundamentalmentemusicaleletroacús tica,misturandoominimalismorepetitivocomelementosdorock,dojazz e do improviso da música contemporânea, frequentemente assume-tam bémdimensõesperformativascomexpressãomista.Éocasodascolabo rações com os artistas António Palolo por ( exemplo em,3891na ESBAL, numa performance audiovisual) e Manoel Barbosaconcerto/ ( performance na Perform’arte,T,5891 orresVedras)ou , comocineastaRuiSimões,oac 693 torJoãoPerry,opoetaE.M.MeloeCastroÇ . Em1982écriadaemAlmadaa Imargem — Associação de Artistas Plásticos do Concelho de Almada, que continua ativa sob as forma lidades inerentes a uma associação que apoia a produção artística, ou seja, estipulando objetivos diversos, regulamentando estatutos, quo mantendo uma sede, etc. São sóciosfundadoresÂngela Luzia, Francisco Bronze,JorgePéCurto,PedrodeSousa,LouroArtur,JoséZagallo,Carlos Canhão, Lurdes Sério, e Victor Ferreira. Hoje tem mais de 60 membros. Realiza exposições coletivas com bastante frequência em locais - diferen tesdoconcelhoeforadele,incluindoumaanualmuitoparticipada,etem colaborado com a Câmara Municipal de Almada em decisões relaciona das com o património artístico e concursos para os espaços públic Organizadesde2016uma Bienal de Desenho de Almadae,desde2015,o eventoanualArte em Festa397. Maispropriamentenocampodacriaçãonasartesplásticas, - hátam bémde28em 91 diante Os Homeostéticosoua Homeostéticaincluindo (

593

693

73 9

Ver AGUIAR, Fernando; BARBOSA, Manoel Dir. ( ,) .)5891 ( PERFORM’ARTE. I Encontro Nacional de Performance. Catálogo das exposições, performances, conferencias,vídeo e concerto entre 31 e 82 de abril de589em 1 TorresVedras, naGaleriaNova,ClaustrosdoConventodaGraça,GaleriaMunicipaleSalãodos BombeirosVoluntários.TorresVedras:CooperativadeComunicaçãoeCulturade TorresVedras,p..45 Idem,p..18 IMARGEM. Página web disponível em: https:/imargem8 / wordpress. 2. com [Consult. 1fev. 20 1].

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o seu derivado Ases da Paleta), designação quetutela a atividade de um grupooumovimentodejovensartistasdalisboetaESBALnumprojeto mui to ao sabordos anos oitenta que irá perduraraté8 91com forte visibili dadeconjuntaeindividualdosseusmembros:FernandoBrito,Ivo,Manuel JoãoVieira,PedroPortugal,PedroProença,Xana.Numacuriosaentrevista aVandaMadureira893 Pedro , Proençaexplicaasuaperceçãosobreagénese dogruponaescoladesdeumaprimeiraformaçãoaqueestáligado,osNeoCanibal( jáfazendoantevercertaposturadadaísta)destaca ; oambiente - in formal,aproximidadedesdecriançacomManuelJoãoVieiraeomodocomo foramsendoconscadosÇoutrosjovensartistasparaogrupo,opapelde cadaumdeles,aevoluçãoaolongodasdiversasexposições.Aprodução-ho meostéticaassumeumperldefortediversidade,incluindoprincipalme pintura,desenhoeobjetos,masnãosó:

uma impressionante actividade que se desdobrou pela produção de textosemanifestosteóricos,porperformancescomumgraudevisibi lidadepúblicamuitodiferenciado,pelaproduçãodelmes,deregistos fotográcosdecaráctermemorialista,deincursõesnouniverso - musi cal e editorial,caram gravados na época em questão eventos estri tamenteplásticosqueacabariampormarcardeformapermanentea 93 paisagemcriativadadécada.

Aindadeaté 2891 existe 5891 noPortoo Espaço Lusitano,umaassociaçãoegaleriadeartedinamizadaporGerardoBurmestereAlbuquerque Mendes, membros do Grupo Puzzle nafasenal daquele grupo. Funciona comoumespaçodeencontroelançamentodedinâmicas,começandocom um festival de performance, em novembro, no qual atuam, entre outros, Miguel Yeco, Manoel Barbosa, Daniel Nave, Armando Azevedo, Silvestre Pestana,AntónioOlaio,BurmestereMendes.Vãodarvisibilidadeàgeração de artistas emergentes no Porto então, expondotambém alguns mais - ve lhos,comoDixoePedroRocha,tambémex-Puzzle. Em 3891 detetam-se em Lisboa sinais de A Barca. Trata-se de um projeto emtorno de umafragata comprada em conjunto para recuperare

893

93

293

PROENÇA,Pedro;MADUREIRA,Vanda.) 0 2( Conversa de Vanda Madureira com Pedro Proença acerca da Homeostética.de 61 fevereiro.[emlinha].Disponívelem: http:colectivosemportugal. // blogspot.com/conversa20 9/ de-vanda-madu reira-com-pedro.html[Consult.fev. 9 201]. ALMEIDA,MartaMoreiradeCoord. ( . ) 4 0 ,2 )( Homeostética=06 .Porto:Museu deArteContemporâneadeSerralves.[emlinha].Disponívelem: http:homeoste // tica.blogspot.com/ [Consult.jan. 12 ]. 120 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


destinar a ns diversos, que surge organizado em cooperativa. Inclui vá rios artistas oriundos da ESBAL, entre os quais Dora Iva Rita, Ilda David, Ilídio Salteiro, Luís França, Manuel Rosa, ManuelVilarinho, Pedro Saraiva. ChegamarealizarumaexposiçãonoPalácioAnjos,emAlgés. Novamente no Porto, há o Grupo de Acção de Graças, constituí do por Augusto Canedo, Isabel Cabral, José Paiva, Mavilde Gonçalves, RodrigoCabraleRuiPimentel,combasenumateliercomumcomocina de serigraa. De uma exposição em 1986 nasce a Gesto — Cooperativa Cultural, da iniciativa de José Paiva e com sede no mesmo atelier, que estánaorigemdediversosprojetosdecooperaçãoculturalcomaESBAP/ FBAUPeosPALOPs. A formação em 4891 do duo D. W. Art, constituído em Lisboa por AntónioDuarte,violinistaejornalista ManuelaDuarte, e engenheiraagrónoma,ofereceatividademusicaleperformativa.Interessa-lhesumprocesso decolagemnumaviapopexperimentalista,comecosassumidosdo-traba lhodeLaurieAnderson,segundoassumemnasuaapresentaçãobiográca 04 doanoseguintena Perform’arteemTorresVedras,5891 . Em 1985, os Felizes da Fé fundem ações teatrais e performativas. O grupo é constituído porRui Zink, Gilberto Gouveia e Ricardo Gouveia (Rigo). Happenings de rua, não autorizados ocialmente, revelam uma faceta algo irreverente ou contestatária, que se prolonga mais tarde a S. Francisco (EUA) com a deslocação de Rigo para aquele país, arman do uma via assumidamente devedora do dadaísmo que ecoa ainda em 2008401 . O trabalho dos FF era obviamente circense, mas era também um trabalho político, através de paródia a acontecimentos políticos e às 402 convençõesdoactopolítico. Ç Écuriosoconstatarquenos anos 90,atendênciacoletivistatem - vi sibilidade em diversos agrupamentos principalmente na cidade do Port Durante essa década, os artistas de Lisboa e de outras cidades do país parecem menos interessados em modos coletivos de funcionamento, embora haja exceções. É o caso do Grupo Anverso/Reverso-Medalha Contemporânea,quedesdeessadécadajuntaescultoresquefazemmeda lhísticaapartirdaFBAUL.SãoosprofessoresHélderBatistaeJoãoDuarte comosentãoestudantesVítorSantos,JoséSimãoePaulaLourenço,aque

04 104 204

AGUIAR,Fernando;BARBOSA,ManoelDir. ( Obra .)5891 ( ,) citada,p..64 FELIZESDAFÉ.Páginawebdogrupodisponívelem: http:felizes. // planetaclix.pt [Consult.jan. 32 ]. 120 MADUREIRA,Vandas/ ( d). Sinopse e resumo do documentário Geração Feliz de Leonor Areal.[emlinha].Disponívelem: http:felizesdafe. // blogspot.com/ [Consult. jan. 12 ]. 120

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sejuntamdepoisosescultoresPauloPerreViana,MariaJoãoFerreira,José Teixeira,JoséJoão Brito eAntónio Canau. Pugnam pela renovação da lin guagememeiosoperativosnamedalhaeconseguemsignicativoreconhe 304 cimentonacionaleinternacional . No Porto, o coletivo Mute Life Dpt surge em29como 1 projeto de PedroTudela,Alex Fernandes e Paulo Almeida, por ( vezes colaboração de NunoTudela)Mute. . Life . foiotítulodainstalaçãodePedroTudelanagale riaAtlânticanoPorto,emdezembrodeCom .29 1 osamigos PedroAlmeida eAlexFernandes, gravoueproduziuabandasonoraemCDnon( stopde45 minutos)surgindoassimpelaprimeiravezo coletivo doprojeto mult Mute Life Dept.Ç 40 PauloAlmeida referetratar-se de algoonde arte,tecnologia,informação,improvisaçãoesomsemisturavamcomotrabalhode 504 estúdio,nosentidodecriarpeloprazerÇ . Onome Grupo Artitude aparecenovamenteemmas ,39 1 comperl bastantediferentedogrupoanteriorse ( oscoletivospatenteassemnomes comomarcas,issonãoaconteceria),nestecasoconstituídopelospintor GustavoFernandes,VictorLageseVieira-Baptista,quesomamobras - indi viduaisdefeiçãoautodidataesurrealizante,combasenazonadeSintra. De natureza muito híbrida plasticamente, essencialmente - insta tiva e performativa, embora com oteatro como horizonte mais imediato o Projecto Teatral surge em Lisboa em 19 4 com a representação As Troianas, a que se seguem diversas produções em vários locais - e, de pois de 20 1, a sua constituição como Associação Cultural  Projecto 406 Teatral . Em 2015, a sua apresentação na Culturgeste de Nenhuma Entrada Entrem No Way In Go In estabelece um trabalho de síntese de obrasanteriores,quesãoevocadaserepostasparcialmente,aliando no menteadimensãoinstalativaaodispositivocénicoquesecomplet a componente performativa. Constituem então o grupo HelenaTavares, João Rodrigues, Maria Duarte, André Maranha que ( também regista mos em parceria com Tomás Maia noutros projetos) e Gonçalo Ferreira

304

40 504 604

295

Maisinformaçãodisponívelemlinhaem:AA.VVs/ ( d). Anverso-Reverso.Catálogo de exposição [em linha]. Disponível em https:www. / / dem-medals.org/pdf/exhi bitions%int/ 02 Obverse%Reverse% 02% Contemporary% 02%Medal. 02 pdf [Consult.fev. 9 ]. 120 AA.VV.) 90 2( Anverso Reverso.Catálogodaexposiçãona CasadaMoeda.TextodeJoséTeixeira.[emlinha].Disponívelem https:www. / / mu seucasadamoeda.pt/storage/previousExhibit/le/pdf .51 [Consult.fev. 9 ]. 120 VIROSE. Mute Life Dept.[emlinha].Disponívelem http:www. / / virose.pt/mld/indi ce/indice.html [Consult.jan. 42 ]. 120 LAMBERT,FátimaBalanço .)10 2( doséculoXXhArtePortuenseAlephÇ.Obra citada,p..8 Associação Cultural  ProjectoTeatral. Página web disponível em: http:www. // projectoteatral. [Consult. pt/ dez. 01 ]. 8102 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


de Almeida, e na publicação a colaboração em texto de Tomás Maia. EmLagos,Algarve,existedesdeo 59 1 LAC — Laboratório de Artes Criativas7 04 , resultante do agrupamento de pessoas ativas e interessadas em artes plásticas, música, arquitetura, cinema, museologia e defesa do património.Assume como objetivos a dinamização da criação artística n regiãoeespecialmentenoSudoesteAlgarvio,apartirdosespaços-daanti ga cadeia de Lagos.Tem um Programa de ResidênciasArtísticas,fomenta e aloja exposições, performances, concertos e debates nos seus espaços, mantendoatividadebastantevisívelcompassagemporsideváriasdezenas deartistas. TambémnesseanohásinaisdeAutores em Movimentocoletivo ( ou projeto, conforme a apresentação de cada artista, constituinte, - identi cados comoJosé Quaresma, Paulo Carmona, Pedro Cabral Santo eTiago Batista.Desenvolvemumdiálogodirigidoparaaproduçãodeprojetos esté ticoseartísticos,podendoreferir-seasexposiçõescoletivasem-queparti cipameintegramoutrosartistasnacionaiseestrangeiros,nomeadamen Greenhouse Display, Jetlag e X.Rated.Extingue-seem. 7 9 1 Virose partedenovodoPorto,noseucasoparaociberespaçoeassocia desde7 9 Fernando 1 José Pereira a Cristina Mateus e Miguel Leal. É um projeto criado sob desao do Ministério da Cultura assumido como associaçãoecaracterizadoporumquadrodeatividadesmultimédiaeforte dimensãodigital,articulandoumaplataformaonlineeo5inecomumsite organizadoemdiferentessectoresqueremetemparaobrasemdesign, - ví deo, som, etc. Há um certo carácterde arena comum com margem para discussãolivre,temasquecruzamouniversodosmuseuseespaços - darea lidade,sociológicosepolíticos,bemcomoobrasmaispessoaisdecadaum 804 dosartistas . AindanoPorto,deem 89 1 diante,a Fundação RadarjuntaAntónio Caló,BernardoPintodeAlmeida,CláudiaAmandi,IreneGonçalves,Isabel Padrão,Joana Pimentel, Kid, NazaréAlvares, Paulo Freire deAlmeida, Rui Santos,RuteRosaseTeresaGil. A exposição Universos Paralelos, em abril-maio de ,89 1 na Cooperativarvore, Á tomacomopretextoamissãodasondaespacialrobó ticaMarsPathnder,cruzandodiversasreferênciasassociadasaoespaço

7 04 804

LACeLaboratório de Artes Criativas. Página web disponível http: em: www. / / lac. org.pt [Consult.fev. 21 ]. 120 Ibidem.Ocoletivomudadeconguraçãoaolongodosanos,acolhendodiferentes artistas convidados em participações mais ou menos esporádicas. Vertambém VIROSE. Página web: http:www. / / virose.pt/mld/indice/indice.html [Consult. ( 42 jan.]. 120

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904 atradiçãopopeasnovastecnologias.Umavisãoretrofuturista . daarteÇ Tambémnesseanosurge Kiding,projetoportuensedeempresacultu ralquejuntaBrunoBaldaia,CristinaPimentel,EdgarSilva,JoanaPimentel, João Coelho,João Sousa Cardoso,Jorge Marques, KidJoão ( Fernandes) e RuiT. Oliveira. É voltado para projetos de caráctercoletivo que envolvam meios comofotograa,vídeo, música etexto, essencialmente detipologia multidisciplinarearmandopropósitosnoâmbitodaexploração - dosesp çospolíticosdacultura,comalgumaproximidadecom01 4 apop . E,aindadesdee89 1 tambémnoPorto,aassociação Sentidos Grátis nãoestabeleceumelencoxodeartistascolaboradores;demodoidêntico, sustenta a ideia de um programa totalmente aberto e funções de produ çãoemediaçãocultural,chegandoarealizarumaapresentaçãoconjuntade 14 cercadejovens 07 artistaseumaoutraaçãoemjardinsdacidade . ZOINA, por sua vez, é um grupo feminista de intervenção artística voltadoparaquestõesdegénero,constituídodesdepor 91 AnaMadeira, 21 4 CatarinaCarneirodeSousa,IsabelCarvalhoeCarlaCruz eativoaté.40 2 AT-C ou @C são Pedro Almeida mr. ( A, designer e músico), Pedro Tudela mr. ( T, artista plástico, professor, dj e músico) e Miguel Carvalhais mr. ( C,designer,professoremúsico)com , obrasmostradasapartirde0 2 31 4 emSerralves,GaleriaPedroOliveira,FBAUPeAniki-bobó O. seutrabalho éfundamentalmentemusicalemultimédia. Também desse ano em diante e novamente na mesma cidade, a Associação Caldeira 213éconstituídaporartistasjovens:AnaGama,Ana LuísaMadeira,AndréAmorim,ngelo  FerreiradeSousa,CarlaCruz,Carlos Barros, Catarina Carneiro de Sousa, Catarina Falcão, Emanuel Matos, Fernando Rocha, Hugo Almeida, Isabel Carvalho, Luís Eustáquio, Ruben 41 4 Freitas, Grupo Zoina e Grupo Nós . A partir de um espaço próximo da

904 01 4 14 21 4

31 4 41 4

2 97

Fátima Lambert cita o texto de apresentação por Bernardo Pinto de Almeida. LAMBERT,FátimaBalanço .)10 2( doséculoXXhArtePortuense AlephÇ.Obra citada,p.. 98 LAMBERTObra .)10 2( citada,p.. 09 Idem,p..19 Ver: CRUZ, Carla. Colectivos. Zoina. [em linha]. Disponível em: http:carlacruz. // net/collective/ /1 02 collective-two#0/ [Consult. 12 jan. ]. 120 ZOINA. Página web disponível em: http:zoinac. // blogspot.com/[Consult. 12 jan. ]. 120 E tam bém:MADUREIRA,Vanda. CAP 2ªXX. Colectivos Artísticos em Portugal desde a 2ª metade do Séc. XX.Blogdisponívelem: http:colectivosemportugal. // blogspot. com/ [Consult.jan. 12 ]. 120 Agraavaria;nositedogrupoéaprimeiraacimaapresentada:ATeC.Páginaweb disponível em: http:www. / / at-c.org/@c-pt.pdf [Consult. 2 jan.]. 120 Verainda LAMBERTobra ,)50 2( citada,p..19 CALDEIRAPágina .312 webdisponívelem: http:www. / / caldeira2net/ .31 [Consult. jan. 2 ]. 120 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


Cordoariaportuense,estaassociaçãointegraartistasecoletivos,evolta principalmente para atividades de produção artística e cultural, assum do alguns projetos curatoriais que retomam o sentido de intervenção dos anos.São 0 7 dissoexemplo:umamostraemqueprocuramoapagamento desinaisdeautoriaindividual;arevisãodeumprojetodeErnestodeSousa emconversascomconvidadoscomoIsabelAlves,AlbertoCarneiro,Leonel Moura,EduardaDionísioeAntónioBarros;aaçãoparticipativasobprojeto das Zoina, o envio de objetos porcorreio que pudessem serconsiderados inviáveisÇ na sociedade politicamente correcta dos escritórios de luz uorescentesÇ51 4 . João Maria Gusmão e Pedro Paiva éumadupladeartistasque-tra balhamjuntosdesdeestudantesdePinturanaFBAUL,apartirdere,10 2 velando,entretanto,umpercursodefortevisibilidadecomobras-eminsta lação,fotograa,lmeexperimentaldee61 mm 53 etextos.Aduplaobtém oprémioEDP Novos Artistasem4e0 2 representaPortugalna Bienal de S. Pauloemestando ,60 2 tambémpresentena Bienal de Mercosul Porto ( Alegre, Brasil) Manifest7 , Kassel, ( ) 8 0 2e PhtoEspaña Madrid, ( também e,)80 2 aindana Bienal de Venezadeentre , 90 2 outrasdistinçõesesinais dereconhecimento.Nestecaso,diversamentedamaioriadosgrupos - dear tistas até aqui, há efetivamente um corpo detrabalho em que se desfaz a individualidadeautoral,nãoseidenticandoobrasdeumououtro. Oseutrabalhoapresenta-secomoumvastolaboratóriodeexperiên cias impossíveis que questionam o conhecimento empírico e toda a metafísicaexistencial.Combasenumacríticamordazaopositivismo cientícoenasuperaçãodaantíteseentretecnociênciaepoesia,- in tegramnoseudiscursoartísticoaspectoscomoaPatafísicadeAlfred JarryouaciênciadassoluçõesimagináveisÇo , nonsenseeaobsoles cênciatecnológica.Autilizaçãodeprocessosobsoletosdereprodução daimagem,comoolmeemmm 61 ouasprojeçõesdeslides,ajudam acorroborarumvocabulárioestéticoassenteemreferências - losó 61 4 cascomoNietzscheoualiteraturafantásticaedecçãocientí ca.

CRUZ, Carla. 51 4 61 4

Colectivos. Caldeira 213. [em linha]. Disponível em: http:carla // cruz.net/collective/ /0 2 caldeira-0/#312 [Consult.jan. 2 ]. 120 LAMBERTObra .)10 2( citada,p..39 TAVARES,Emílias/ ( d)Pedro . Paiva.JoãoMariaGusmãoÇ. MNAC Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado. Coleção. [em linha]. Disponível em: http:/ / www.museuartecontemporanea.gov.pt/pt/artistas/ver/artists /21 [Consult. 2 fev.]. 120

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A partir de30 2na Rua Miguel Bombarda do Porto e até,50 2a designação Salão OlímpicobatizaumgrupodeartistasestudantesCarla ( Filipe,EduardoMatos,IsabelRibeiro,RenatoFerrãoeRuiRibeiro)queocu pa a sala de bilharda cave do café com o mesmo nome para apresentar exposiçõeseoutrosprojetos.Odinamismoquerevelamconstitui-seentão comoalternativamovida na daruadasgaleriaseogrupograngeiavisibil dadeparaalémdolocal.DaexposiçãonoCentroCulturalVilaFloredepois emSerralveséeditadoempor 60 2 estasinstituições,comacolaboração deJoséMaiaManuel ( SantosMaia)um , catálogosobreaatividadedoSalão 71 4 Olímpico,jáapósadissoluçãodoprojetoconjunto. Também no Porto, Atelier Mentol é um coletivo constituído em - se tembrodepor 30 2 CarlaCruz,IsabelCarvalhoePedroNora:Atentosao contexto que nos rodeia deparamo-nos com a crescente deserticação e mutaçãodabaixaportuense.Decidimosnãoserapenasobservadoresdeste 81 4 processoÇdeclaram. , O coletivoSenhorio da mesma cidadetem comofoco, de40em 2 diante,acriaçãoepublicaçãodefanzinescomdesenho,bandadesenhada eilustração. Fazemparte AnaTorrie,CarlosPinheiro,InêsAzevedo,Marta Ribeiro,ElizabeteMónicaFariaeNunodeSousa.Umapartamentoamplo, com inúmeras divisões, é o espaço comum onde muitos projetos de ação produtivaparecemtercadonagaveta,funcionandomaiscomoespaçode 91 4 transiçãoeconvívioentreaescolaeavidaprossionalÇdepois . dela NasCaldasdaRainhatambémemJoão ,40 2 Alves,RicardoPimentel eVandaMadureirasãoosCospe na Cobra.Aorigemdogrupoterásidonuma residência no CENTACentro ( de Estudos de NovasTendênciasArtísticas,

71 4

Ver: JÜRGENS, Sandra Vieira. Salão Olímpico — Estudo de caso. .)60 2( [em linha]. Disponívelem:https:sandravieirajurgens. // wordpress.com/category/textos- em-ca talogos/serralves/[Consult.jan. 13 ]. 20 RIBEIRO, Rui Azevedo.)210 ( Salão Olímpico... [em linha]. Disponível em: http:edi // coes5kg. 0 blogspot.com/salao/50 21 olimpico.html,[Consult.jan. 13 ] 20 MENDES,Paulo.) 90 2( José Maiaentrevista, ( marçode[em .) 90 2 linha].Disponível em:https:www. / / artecapital.net/entrevista-jose- 7 01 maia[Consult.jan. 13 ]. 20 Alémdo Salão Olímpico,RicardoNicolaufaztambémmençãoaoutrosespaçospor tuensescomprojetoscoletivosnosanos,nomeadamente 02 Pêssegos prá semana, Mad Woman in the Attic, A Sala, Projecto Apêndice e Uma Certa Falta de Coerênciaeainda,em, 7 0 2 Navio Vazio.NICOLAU,Ricardo.)8102( Fazer escola. Crónicas de arte / Art chronicles. [emlinha].Disponívelem:https:contemporanea. // pt/edicoes/e220 fazer/810 escola[Consult.jan. 13 ]. 20 81 4 ATELIERMENTOL.Páginawebdisponívelem: http:ateliermentol. // blogspot.com/ [Consult.fev. 6 ]. 120 91 4 O SENHORIO. O Senhorio. Ao monte. [em linha]. Disponível em: https:www. // maushabitos.com/events/senhorio/ [Consult.fev. 5 ]. 120

29

3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


VilaVelhadoRódão)atravessando , osseuspropósitosaideiadebanda - mu 024 sicalegrupoteatral,parecendodestacar-seasaçõesperformativas em moldederesidênciaaberta,ondeserãoconvidadospeloselementos-cus à pianosvárias , pessoasquetrabalharãoemresidência,tendocomofocode 124 trabalhoosomeamaquinariacuspiaÇ . Desde ,50 2 o Colectivo Embankment, novamente com base no Porto,juntaMariaMire,JonathanSaldanhaeAidaCastroefrequentemen tedesdobraarealidadecontextualnaqualseinsere.Estesdesdobramentos sãomotivadospelasintersecçõesdasadesõesindividuaisdecadaumdo 24 elementosdestecolectivo. Mais Ç especicamente,operasobresituações contextuais especícas, recriando modus operandi baseados em metodo324 logiasccionadas, através da manipulação de arquivos e espóliosÇ . Tem realizadodiversosprojetosquepretendemarmar,cadaumdeles,os - pro pósitosdogruponumprogramaconceptualabertoqueacumula,depoisde algunsanos,textos,imagens,lmes,desenho,objetos.MariaMireexplica numa entrevista em210que nãotemos uma prática de atelier, ou seja, 42 não somos um colectivo que existe porsi, ele é convocadoÇ . Portanto, a materializaçãodeobradependerádoprogramaconceptualqueforestabe lecido em cada caso. O grupo participa então num projetoGuimarães em Capital da Cultura em colaboração com o arquitetoJoão Mendes Ribeiro, umaaçãoperformativaapartirdeumaestruturaemformadetorrepatente 524 nafábricaAsa.Umblogdocoletivo facultainformaçãosobreváriasações EmbankmentsÇdesde , oiníciodoseuprojeto. Nas Caldas da Rainha,Pizz Buin junta, também em ,50 2 Rosa Baptista,IreneLoureiro,VandaMadureiraeSaraSantos,apartirdaESAD local.Projetoaberto,assuasaçõestomamumandole í paródica,comalgu ma componente cínica em processos de apropriação e descontextualiza ção que elegem como questão central o próprio mundo da arte e o objeto

024 124 24 324 42

524

COSPE NA COBRA. Página web disponível em: http:cospenacobra. // blogspot. com/ [Consult.fev. 5 ]. 120 MADUREIRA,Vanda. Cospe na cobra. [em linha]. Disponível em: http:cospena// cobra.blogspot.com/[Consult.fev. 5 ]. 120 EMBANKMENT. No blog disponível em: http:embankmentact. // blogspot.com/ [Consult.fev. 3 ]. 01 2 EMBANKMENT. Embankment #7.[No . 01 2 mesmobloganterior,consult.fev. 8 ]. 120 NUNES,Luís;TOLENTINO,Valdívia;PINHO,LuísAlbuquerqueConversa )210 ( com o coletivo Embankment, 52 julho / .h0 21 Ç 1 4 901/ In VAZePINHEIRO, Gabriela;AFONSO, Lígia; SEIXAS, Luísa. Laboratório de Curadoria. Guimarães: GuimarãesCapital 21 EuropeiadaCultura,p. ,3102 . 961 EMBANKMENT. Blog disponível em: http:embankmentarch. // blogspot.com/ 2narrativa0/ 8 7 ccionada.html [Consult. 8fev. 20 1].

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artístico.AgrandedinâmicaPizzBuinresidenovivo,nacomunicação/ des 624 comunicaçãodespoletadospelocombateàarteaborrecidaÇ declaram. , Parcerias artísticas sem aparente decisão programática nem nom juntam,apartirde,50 2 Tomás Maia e André Maranha ou Rita Roberto. No caso deTomás Maia, parece denir-se um perl artístico empenhado numaespéciedediluiçãoautoralqueintegranumprojetoacentuadamente losócoepoético,cujafortecomponenteescritadialogacommeiosopera tivosvisuaiseespaciais.Assim,MaiaeMaranhaapresentamnesseano,n galeriadaEscolaAntónioArroiodeLisboa,ainstalação Lacrimosa.Noano seguinte Maia realiza com PedroTropa os doislmes Mnemósina. Depois dissovoltaasurgircomAndréMaranhaemem ,80 2 Scena (para duas vozes), emem 1 02 De lá,comRitaRoberto,quereeditamem( 3102 Clamor), ou com Maranha em den É o( lme destaterra) , em,2e10 Parlatório, em São, .8102 habitualmente, projetosquealiamaspetostextuais,visuais ein talativos,porvezescomlme,cruzandoreexõesexistenciaiscomreferên cias literárias,losócas,fílmicas e pictóricas, deixando publicados d soslivrosdeediçãomuitocuidada.AndréMaranhasurge,também,ligado aoProjectoTeatral,jáatrásreferido.

Ainda no nal de 50 2 surge o Zaat Zona ( de Autonomia Artística Temporária), sediado em Lisboa.Apresenta-se como coletivo vocacionado paraadisseminaçãodaculturacontemporânea,declarandovisaraproxim aartedasatividadesepercursosquotidianosdospúblicos.Funcio associaçãosujeitaaquotasanuaise,emboraapresenteiniciativas em çosfísicos,comunica-seprincipalmentepelasredessociais.Tem-nocurríc loarealizaçãodeMostras de Artes Visuais e Sonorasdesdea 60 2 e90 2 atividadesdendole í socialdiversas. O MIO (Movimento Independente do Oeste) é um coletivo forma do em novembro de 60 2 também nas Caldas da Rainha e no contex to da ESAD, de onde provém a maioria dos membros do grupoAna ( Rosa Abreu,AntóniaLabaredas,IreneLoureiro,IsabelFerreira,LilianaResende, Liliana,MariaPereira,NadineRodrigues,Raquel,SaraCarvalho,Susanae Vanda Madureira). Neste caso, arma-se uma vocação algo regionalista, umavez que o grupo incide especialmente sobretemáticas caldenses, da sua história e do presente, com sentido de celebração do local, da arte e da vida, acolhida por espaços que se mostrem icónicos e ideais para ta

624

301

PIZZ BUIN. Blog disponível em: ]. 120

http:pizz// buin.blogspot.com/[Consult. 8 fev.

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724 acontecimentoÇ .Noanode7usam 02 oátriodoquarteldosBombeiros VoluntáriosdasCaldasdaRainhae,noanoseguinte,oInfernodaAzenha, localemblemáticodeencontroedebateentrediversasgurasrelevantesdo panoramaartísticonacionalnosanose06 . 0 7 Sara & André,casaldeartistascomformaçãonaEscolaSuperiorde Teatro e Cinema do IPLLisboa) ( e na ESAD das Caldas,tem intervenções desdea 60 2 partirdeLisboa.Oseutrabalhoconstadeummistodepro jetoartísticoedecuradoriaqueassumeumprocessosobretudocitaciona apropriativoedearquivodeoutrosobjetosediscursosartísticosdeaut alheias.Em,o 210 seuprojetoem Guimarães Capital da Cultura824 éuma espéciedearquivodecitaçõesquedenemdiferentestermoseconceitos artísticos,sobreoqualdeclaram:

ascitaçõesquecolecionamostornam-se,decertaforma,nomomen to em que as transcrevemos, nas nossas próprias palavras. Ou seja, apesardeporvezesutilizarmosmatériamenosconvencionalnonosso trabalho,talcomoaobraeescritosdeoutraspessoaseautores,não acreditamosqueonossotrabalhodeixeporissodeserumtrabalhode 924 artista à plástico .

uma É dupladeartistasquetemobtidobastantevisibilidade - emexpo siçõescoletivasinstitucionais. Também a partir desse mesmo ano, no Porto, a dupla Von Calhau! junta Martangela  Baptista eJoãoAlves. Desenvolvem trabalho de cola boração em artes visuais e música, concertos e performances, edição de discos,lmes,desenhoseobragráca.Apostadosnocruzamentodemeios ereferências,têmcriadoumimaginárioeumacosmogoniamuitopróprios, esotéricosesincréticos,apartirdosquaisinterrogamanossacondi mundo,aomesmotempoqueaveriguamosentidodacolaboraçãoinerente atudo aquilo quefazemÇ034 . Numa entrevista de,81a 02 dupla de artistas

724

824 924

034

MADUREIRA, Vanda. MIO movimento ( independente do oeste). MADUREIRA, Ç Vanda. CAP 2ªXX. Colectivos Artísticos em Portugal desde a 2ª metade do Séc. XX. [em linha]. Disponível em: http:quebacas. // blogspot.com/[Consult. 82 jan. ]. 120 Sara & André.)210 (GlossárioÇ. In VAZePINHEIRO, Gabriela; AFONSO, Lígia; SEIXAS, Luísa. Laboratório de Curadoria. Guimarães: Guimarães 21 Capital EuropeiadaCultura,p. ,3102 e17 41 .16 NUNES,Luís;PINHO,LuísAlbuquerque;TOLENTINO,ValdíviaConversa )210 ( por e-mail com Sara & AndréÇ. In VAZePINHEIRO, Gabriela; AFONSO, Lígia; SEIXAS, Luísa. Laboratório de Curadoria. Guimarães: Guimarães 21 Capital EuropeiadaCultura,p. ,3102 .381 BOCAs/ ( d). Von Calhau! [em linha]. Disponível em: http:www. / / bocabienal.org/

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134 explicaagénesedoseuprojetoecomentaalgumasdassuasintervenções . Os EspacialistasDiogo ( Castro,JoãoCerdeira,LuísBaptista,Sérgio Serol)armam-sedesde80como 2 coletivoqueoperaapartirdeLisboa 234 numterritóriohíbridoentreartecontemporâneaearquitetura ,centrando-senacompreensãodasrelaçõesespaciais,natransguraçãoename 34 tamorfosedoespaçocorporalmenteesimbolicamentehabitadoÇ . Asua atividade tem cruzado ações performativas de ndole í algo si tuacionista com registos fotográcos determinantes no discurso sando o espaço natural e construído.Tomam como auxílio o seuDiário do Espacialista, Kit Espacialista Por/táctil, 01 Mandamentos Espacialistas , ouseja,conjuntosdeorientaçõesdaautoriadocoletivo.Têmtidobastant visibilidade em espaços do CCB, Gulbenkian, MAAT, Colégio dasArtes da UniversidadedeCoimbra,entreoutroslocais,ecolaboraramcomoescritor GonçaloM.Tavaresnoseu Atlas do Corpo e da Imaginação. Tambémemsurge 80 2 emLisboao Colectivo Tempos de Vista,ini cialmenteapenasOà Colectivoum É . grupodecincodiplomadasempintura pelaFBAULhInêsTeles,JoanaGomes,MargaridaMateiro,MariaSassetti eXanaSousaque  compreendemanecessidadedeassumirasuaprópria carreiraatravésdeumprocessodeassociaçãoparausodeespaçoscomuns eparageraçãodedinâmicasconjuntas.

A premissa global é a conuência de diversas perspectivas de um mesmo Lugar, sob um olhar artístico, consciente da importância histórica e cultural que os espaços tomam na comunidade. Neste sentido, procuramos espaços com um valor histórico que suscit interesse investigativo e posterior intervenção artística, por fugindo ao típico espaço museológico e ingressando por um - circui to mais alternativo. No nal de diversas edições teremos um leque alargado de manifestações efémeras sobre diversos edifícios - da ci dade de Lisboa, pelo resto do país e experiências internacionais. Pretendemos uma abordagem holística do projecto, que se constrói através da interdisciplinaridade dos médios e transversalid

134 234 34

303

von-calhau/ [Consult.jan. 82 ]. 120 PÉREZ,Miguel vonHafe.Entrevista )8102( aVonCalhau!Ç Contemporânea.Ed. e220 .8[em 10 linha].Disponívelem: https:contemporanea. // pt/edicoes/e220 /810 entrevista-von-calhau [Consult.fev. 9 ]. 120 OS ESPACIALISTAS. Sobre. [em linha]. Disponível em: https:www. / / facebook. com/espacialistas/about [Consult.fev. 8 ]. 120 SARDO, Delm s/ ( d). Os espacialistas. Excerto de texto [em linha]. Disponível em: http:cargocollective. // com/Lusiada3anosArquitectura/ 0 OSeESPACIALISTAS [Consult.fev. 8 ]. 120 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


referências e conteúdos conceptuais moldando-se às condições do Lugar,aosquehabitamasuaperiferiaeàprópriacolectividade. O projecto de intervenção artística sugere estabelecera ponte entre o passado e presente do lugar permitindo a sua revisitação perante um público mais especíco  aqueles que habitam e fruem a zona circundantedosedifíciosescolhidoseumpúblicomaisabrangente 43 artísticoegeneralista.

Apartirde,5elementos 102 deste grupo derivam para um outro es paçoemLisboa,claricandooprojetoconjuntosobumanovadesignação, Atelier Contencioso,quepassaaserconstituídopelasartistasAnaVelez, 534 JoanaGomes,MariaSassettieXanaSousa . Em 90 2 surgem sinais de existência de um Grupo U, remetendo a prática dos seus membros para projetos de pintura, sem outros sinais 634 caracterizadores . Musa Paradisíaca é, novamente, uma dupla de artistas  Eduardo GuerraeMiguelFerrão.SediadosemLisboa,colaboramdesdedepois , 01 2 de estudos em pintura na FBAULe em estética na FCSH da Universidade NovadeLisboa.Sãonesseanonalistasno Prémio BES Revelação,eauto resdeações,objetosetextosquecriamouapropriamereelaboramoutros 734 antecedentes . No seu percurso, oscilam entre obras de natureza mais conceptual,bastanteassentesemproposiçõestextuais,eoutrasdendole í performativaouobjetosgrácosepictóricosquetrabalhamquer-alingua gemquerumaprocessualidadeplásticaqueecoaalgumapop.Para Á mim, oqueverdadeiramenteimportaéumcertoregimedeprospeçãoeprevisão. Issoquerdizerquesóvemosaquiloparaondeestamosviramos?Não  ). (

43 534 634

734

COLECTIVOTEMPOSDEVISTA. Projecto. [emlinha].Disponívelem: https:car // gocollective.com/temposdevista/Projecto [Consult.fev. 9 ]. 120 ATELIER CONTENCIOSO. Páginas do grupo disponíveis em linha em: https:/ / www.facebook.com/ateliercontencioso/ e https:ateliercontencioso. // cargo.site [Consult.fev. 5 ]. 120 Encontra-se atualmente indisponível a antiga página web do grupo e não foi possível obterquaisqueroutros elementos. Era, a 03 de março de:90 2 http:/ / www.grupou.com/main/index.php?option=com_contact&view=category&catid= Itemid=5 &21 lang=pt&5 MUSAPARADISÍACA.Páginawebdisponívelem: https:www. / / musaparadisiaca. net/objects [Consult.fev. 9 ]. 120

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834 como É ahistóriadoburroedoinglêsÇ . Estadupladeartistasdetémum currículocomassinalávelvisibilidade. Ativo desde 201, o coletivo Osso é um projetovoltado para diver sasatividadescriativastransdisciplinaresedereexão,queincl e investigadores para além das artes visuais, da música e artes s performance,dança,cinema,designearquitetura.Mantémumprograma de residências nas Caldas da Rainha, sendo artistas e investigado sociados à Osso: DiogoAlvim, GonçaloAlmeida, Matilde Meireles, Nuno Morão, Nono Torres, Pedro Tropa, Ricardo Jacinto, Rita Thomaz, Sara 439 MoraiseSuseRibeiro. Com base em Guimarães em 201e2013, identica-se o grupo in formalRastilho,quederivadogrupoanterior Tecer Outras Coisas,muito protagonizadoporCarlaCruz,etemcomomembrosAdelaideGuimarães, AdrianaPrazeres,AlexandreMoreira,AmandaMidori,CarlaCosta,Carla Cruz, Eduarda Costa, Fernanda Assunção, Margarida Moreira, Maria Albina Leite, Maria Elisa ferreira, Maria Fernanda Freitas, Maria Goret Esteves, Maria de Lurdes Oliveira, Maria José Novais, Max Fernandes e Tomás Lemos. De índole declaradamente experimental, não restam muitostraçosdaatividadedestecoletivobastanteamplo,embora - surjam naisdeaçõesindividuais.Éaliás, , atravésdeCarlaCruz,tambémligadaa 40 outroscoletivos,queoprojetodoRastilhoparecetermaiordivulgaçã . Aindafundadoemem 3102 Lisboa,o Colectivo Warehousedeclara se - umcoletivodearquiteturaearte,emboraoseuprogramasecentremais emarquitetura.SãomembrosRúbenTeodoro,SebastiãodeBotton,Ricardo Morais, Monica di Eugenio, Raquel Santos, Romain Deboulle e Guenièvre 14 Chartier . Note-se que este coletivo destaca o trabalho colaborativo como um dos seus princípios,fenómeno que remonta aos ateliers de arquitetu ra do próprio contexto modernista, mesmo quando sob autoria individu Evitandodescentramentodofocotemáticodestetexto,aquicaapenasa mençãodogrupo,dadaasuadeniçãodeclaradatambémemartes.Mas,

834

934 04 14

305

FERRÃO, Miguel. Visões do mal-entendido. Musa Paradisíaca nº .5 Auto da Emulação.Abril. Ç3102 InVAZePINHEIRO,Gabriela;AFONSO,Lígia;SEIXAS,Luísa .)3102( Laboratório de Curadoria. Guimarães: Guimarães21Capital Europeia da Cultura,p..38 OSSO. Página web disponível em https:www. / / osso.pt/sobre/ [Consult. 32 fev. ]. 120 RASTILHO.Páginawebdisponívelem: http:carlacruz. // net/collective/ /3102 rasti lho-0/#2 [Consult.fev. 9 ]. 120 COLECTIVOWAREHOUSE. About. Páginaweb disponível em http:warehouse. // pt/about/?lang=pt-pt[Consult.fev. 8 ]. 120 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


talcomoeste,outrostêmsurgidonoâmbitodosprojetosdearquiteturae urbanismo,estendendotambémporvezesasuaaçãoaoutrostiposde - in tervençãonoespaçopúblicoemzonasdeinterseçãocomaarte.

Entretanto,emLisboa,masnãosó,pareceassistir-seaumanova - ex pansão dos modos de associaçãoformal e informal de artistas, com - dinâ micasconjuntasvoltadasprincipalmenteparaacriaçãoderedesdeapoioà produção.Obviamente,nãoéumasituaçãonovanemsequeréexclusivolis boeta,talcomoatrásnestetextosetemconstatado.Porexemplo,o Atelier Concordeéumespaçodeateliereexposiçãoquefuncionadesdena 01 2 zonaentreaGraçaeSantaApolónia.Sobapoiosdiversoseparcerias,têm poralipassadodezenasdeartistas,masnãoéumcoletivonempareceter 24 pretendidosê-lo,emboraainiciativadeartistasseja . central TambémemLisboanazonadaGraça,existeo Hangar — Centro de Investigação Artística.Desdesem ,5102 elencoformaldiscriminadodear tistas, apresenta-se como projeto da associação culturalXerem,quetem porobjectivos:conceber,organizar,desenvolver,implementaredifundir pro jectosculturais,sociais,artísticosepedagógicos,deâmbitotransdis einterculturalÇApoiando. seemdiversasparceriasnacionais - einternac 34 nais, o Hangar oferece um centro de exposições, residências artísticas ecuratoriais,estúdios paraartistasealojamentos,incluindoativ formação, conferências e encontros. Há espaços em co-working, laboratóriofotográco e estúdio de som.Visa-se o desenvolvimento de projetos artísticostransdisciplinaresemartesvisuais,nosquaisacidad possafuncionarcomofocoeplataformaparaartistasemergentes-eestabe lecidosnumaperspetivadeaberturainternacionalemulticultural. Desde9102e poriniciativa da artista Susana Rocha,Duplex a AIR 4 (Artists In Residence) funciona também por perto, ainda na Graça/ Sapadores,comoespaçovocacionadoparaaprática,ainvestigação-eadi vulgaçãoartística.Tematelierspartilhados,lojaspop-up) efémeras eorga ( niza exposições, workshops, eventos de diversas naturezas e residências artísticas,congregandomaisdeumadezenadeartistastodososanos.

24

34 4

VAHIA, Liz s/ ( d). Atelier ConcordeÇ. Arte Capital, Magazine de Arte . [em li nha]. Disponível em: https:www. / / artecapital.net/snapshot-atelier-41 concorde [Consult.fev. 01 ]. 120 ATELIERCONCORDE.Páginawebdisponívelem: https:/ / www.atelierconcorde.org[Consult.fev. 01 ]. 120 HANGAR.Páginawebdisponívelem: https:hangar. // com.pt[Consult.fev. 1 ]. 120 DUPLEXeAIR.Páginawebdisponívelem: https:www. / / duplexair.com/expposicoes [Consult.fev. 1 ]. 120

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Persistem, ainda assim, sinais de formações com sentido menos pragmático, como porexemplo o Humor Líquido. Com base em Lisboa e existentedesdeé, 7102constituídopelasartistasAnabelaMota,AnaMata, Catarina Domingues, Marta Castelo, Nádia Duvall, Sara Belo e Teresa Projectoedene-secomolugardeencontrodegestoscriativosÇquenas 54 cemdeumaconversauenteecontínuaÇfrisando , auênciadodiálogoÇ . Poroutraspalavras,cadaartistatemasuaprópriaobrapessoal, - masapr ximam-nas anidades sensíveis, nas quais se revelam centrais o olhare o papeldointeriordavisãoÇeumsentidopoéticodeimpermanência. O Coletivo FACA, formado em 9102 por Andreia Coutinho, Laura Sequeira Falé e Maribel Mendes Sobreira, opera na zona de Lisboa, apre 446 sentando-secomoprojetodecidadaniaativabaseadonaideiade corte . dirigido É paraoativismocuratorialsobre queer, questões feminismoecolonialismoemespaçosexpositivoseculturais.

Também mais ou menos recentemente,frequentemente com apoios municipais,têmsurgidoartistasegruposdeartistasmotivados p lizaçãodeintervençõesnoespaçourbano,queseintegramsobaégidedas chamadasstreet art, grafitti ou arte urbana. Na prática, realizam prin cipalmente pinturas murais de escala quase sempre grande.As Câmaras Municipaisdediversascidades,comoporexemploLisboa,Porto,Amadora, etc.já , apresentaminclusivegabinetesdeapoioaessasações,funcionando assim como retaguarda legitimadora do que inicialmente surgia co racterísticas clandestinas, informais, frequentemente transgresso Lisboahámesmoumagaleriamunicipalvocacionadaparaestaárea - criati va,aGAU.Assim,épossíveldescortinarumnúmerojásignicativode - artis tasquefuncionamdemodomaisoumenosprossionalnesseâmbito,quer individualmentequeremgrupos. Noquerespeitaacoletivos,caamençãoaalgunscasosapenas,dado parecerumuniversoemexpansãoe,aomesmotempo,marcadoporalguma instabilidade.Porexemplo,desdeou ,30 2 seja,jácomcarreiraconsolidada dequasevinteanos,sinaliza-ARMCollective, seo noqualcolaboramMiguel Caeiroaka ( RAM)eGonçaloRibeiroaka ( MAR). Sãodasuaautoriamurais degrandeescalaemLisboapor ( exemplonasOlaias,realizadoaconvitedo Clube Intercultural Europeu,Mural o dos Lusíadas, comemorativo dos 02

54 64

730

Todasasexpressões sãodocoletivo,naapresentaçãoexistentenosite.HUMOR LÍQUIDO. Página web disponível em: https:/humorliquido. / com/o-colectivo [Consult.fev. 1 201]. FACA. Página web disponível em: https:www. / / facebook.com/colectivofaca/ https:www. / / instagram.com/colectivofaca/[Consult.fev. 32 ]. 120 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


anos da revistaVisão), bem como oTour Paris 13, organizado pela Galerie Itinerrance,eomuralnobairrodaBiquinhaMatosinhos) ( entre , outros na cionais e internacionais. Em02pode registar-se uma exposição sua no espaçodoColectivo482 7 4 .

Semcoordenadastemporais,ativonazonadeLisboa,háainda,a-tí tulo de exemplo também, o coletivo Cabidela Ninjas84 , grupo que explo ranoçõesdeabsurdo,enigmaehumornegro,relacionadocomumacerta UniãoArtística doTrancão rio ( na zona de Sacavém a Loures). Há no trabalho conhecido umaforte dimensãoformal associada àtatuagem. Neste coletivo parece central o artista The Caver. Já o projeto A Lata Delas94 arma intervenções de arte urbana no feminino, indicando numa primei ra fase da sua atuação lisboeta, em Entrecampos, as artistas Margarida Fleming, Maria Imaginário, Tamara Alves e Patrícia Mariano e depois, na EstradadaLuz,Krus,MarianaPTKSeMariellaMariokyGentile.NoPorto, os Arte Sem Dono atuamtendocomolemasAArteemEspaçosPúblicosÇ eDemocratizaraArteÇconforme , armamnasuapáginado facebook.Têm intervençõesplásticasemcaixastécnicasdaEDPem , ruasdoPorto. A par destes e outros, é ainda possível assinalar obras de coletivos 054 deartistasestrangeiros aatuarformalmentenasparedesdeLisboa,tais comoLasMedianeras,constituídoporartistasargentinas,Licuado, deori gemuruguaia,ePichi&Avo,duoespanhol. Estefenómeno daarte urbanaÇtão em moda, emboratardiamente chegadoaPortugal,nãoé,noentanto,exclusivodasgrandescidades.Tem vindo a espalhar-se um pouco portodo o lado, queratravés dos mesmos artistas e grupos, que circulam bastante, querde criadores locais, com a atençãopolíticaoportuna. Contudo,oqueparecemaisrelevanteconsideraréodesvioquepare ceestaraprocessar-sedacentralidadedaaçãodosartistasemprocessos

74

84 94

054

RAMOS,Gonçalo.ARMCollective:Nãoqueremserosreis à daruasó , queremfa zerarteÇJornal . Público,fevereiro 91 [em . 02 linha].Disponívelem: https:www. // publico.pt/p3 /9120 reportagem/ / arm-collective-nao-querem-reis-rua-so queremarte-587 4091 [Consult.fev. 1 ]. 120 BRANCO,Miguel;SILVA,RaquelDiasRoteiro .) 01 2( dearteurbanaemMarvilaÇ. TimeOut,agosto. 42 [emlinha].Disponívelem: https:www. / / timeout.pt/lisboa/pt/ coisas-para-fazer/um-roteiro-de-arte-urbana-em-marvila [Consult.fev. 21 ]. 120 REAL,FranciscaDias;LOBO,RenataLimaSiga .) 02 ( esteroteirodearteurba naemLisboaÇTimeout, . maio. 92 [emlinha].Disponívelem: https:/www. / timeout. pt/lisboa/pt/coisas-para-fazer/roteiro-da-arte-urbana-em-lisboa [Consult. 12 fev.201]. Ibidem.

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autorais conjuntos. Gradualmente, a pardestes há, cadavez mais, grupos organizados semnalidades diretas de concretização, mas que assumem osprojetos,ouasuacuradoriaeagestão.Nãosãobemoscasosjáenume radosdoAtelierConcorde,doHangaroudaDuplex-AIRque,anal,aindase armamnoterrenoautoral,emboraincluamcomponentesdeorganizaçãoe apoioàprodução.Porexemplo,emboraaquisemmuitainformaçãodetalhada,temhavidoprojetosatribuídosaocoletivo Estúdio Altura154 , queécom postoporarquitetosedesignerseque,alémdetrabalhoeminteriores, brandingeilustração,apostatambémemintervençõesurbanasdepinturaaovivo emural,sendo-lhesatribuídaaautoriaÇda BallerinaqueexistenaAmadora, napráticarealizadaporPedroPeixeÂoquecolocacuriosasquestões - en quadradasprecisamentenoconceitodeautor.Nestecaso,trata-sejádeum outrotipodefuncionamentoprojetual,noqualosartistassãoeventualmen te chamados para cumpriremtarefas mais práticas, de concretização. Ou seja,oartistaé,porventura,umameroexecutantedeumprojetodeoutrem. Tambémjásobumenquadramentobastantediverso,podemosain datomarcomoexemploo Colectivo 284.SediadoemLisboa(Amoreiras) desde ,2019 é fundamentalmente um projeto empresarial de Adriana Scartaris e Paulo André que atua numa área mista de arte, arquitetura design, design de interiores, fotograa, comunicação, moda e gastrono mia, incluindo atividades deformação e projetos curatoriais para çõesnosprópriosespaços,comalgumenfoquenarelaçãoentreascultu 452 rasportuguesaebrasileira . um É exemplodeumdeslocamentoque,gradualmente,sevaiobser vandonosmeiosartísticos,progressivamentemiscigenadoscomasn realidadesdomercadonanceirodassociedadesneoliberais,ávidasdoqu pudersereconomicamenteviável e até lucrativo, mas que acaba porcriar alternativasdesustentabilidadeparaosartistas.

Resumindo,desdemuita 7 91 coisatemmudado,eestranhoseriase assimnãofosse.Nadécadade,o0 7 GrupoAcreeosoutrosgruposdear tistasagitamexposições,encontrosdearteeoespaçopúblico,constitu dointerlocutoresmuitovisíveisdasdinâmicascoletivas.Mas,depoi élegívelumamudançaprofundadesinalnastendênciasartísticas,coma estabilizaçãoeviragemdocontextopolíticoeoressurgimentodomercado

154 452

309

SILVA,RaquelDiasRoteiro .) 01 2( dearteurbananaAmadoraÇ. TimeOut,junho. 3 [emlinha].Disponívelem: https:www. / / timeout.pt/lisboa/pt/coisas-para-fazer/ro teiro-de-arte-urbana-na-amadora[Consult.fev. 21 ]. 120 COLECTIVO 284. Página web disponível em: https:/www. / coletivo284.com [Consult. 12fev. 20 1]. 3. GRUPO ACRE, ARTE E DINÂMICAS COLETIVAS EM PORTUGAL


dasartes.NãoécertoqueoexemploconcretodoGrupoAcreedeoutros tenham consequências diretas na formação e projeto de outros coletivos depoisdadécadadeembora , 08 asuamemóriaperduree,decertomodo, persista algum efeito coletivo no ardotempo.Analisando casos um a um, detetam-seanidades,pelosentidopolítico,emrarosprojetosemergentes, no tempo mais próximo, mas em geral esvaem-se ou sofrem rapidamentemutaçõesadaptadasaoespíritodasdécadasvindouras.Osquesurgem depoisassumemdiscursosmaispessoais,artísticosemeta--artísticos ticos,ouaindanoquadrodeumarelaçãocomatecnologiaqueparece-tor nar-semaisvital.Frequentemente,umarazãodeaproximaçãoéapressão do mercado imobiliário, que leva à necessidade de partilharespaços onde os projetos individuais possam serrealizados. O espaço público, porou lado,vaisendoassumidoeminteraçõesmaisformaisou,quandocom - moti vaçõesdecausassociais,nota-semaiortendênciaparaumcertodesviodo maisobviamentepolítico. Depois,vive-senumasociedadecadavezmaispermeávelàstessitu rasdaeconomiademercadoeàspressõesdarealidade,quandoascarrei ras criativas artísticas têm, ano após ano, cada vez mais formados pelas escolaseuniversidades,maisartistasestrangeirosresidentesemPor e maiornúmero de interessados em desenvolvertrabalho prossional.Ao mesmo tempo, perdem-se postos tradicionais de atividades nas áreas de ensinoartístico,quealbergavamartistas,emproldeformadosemciências daeducação.Écompreensívelquesemultipliquemosesforçosdeorgani zaçãodosartistasnosentidodeviabilizaremcarreirasou,quantomais seja,momentospontuaisdeatividadeartística,sejamtarefasesporádica ouprojetosintermitentes. Talvezporisso,osmotivosdeaproximaçãoeencontrodosartistasse revelemhojemenoscentradosnaaçãopolíticaouemtópicossociais, - em boraoshajaaindaassim,sejaporcrençaou,quantomaisnãoseja,poressa opção, conforme a sua formulação, poder apresentar alguma justicação plausívelemtermosdeutilidadesocialcomvantagensemnanciamentos alternativosnasplataformasculturaisinstitucionais.Tambémhá,porv questõeseminentementeartísticasquelevamaotrabalhoconjunto - eàas sunção,aindamaisdifícil,deumaidentidadecoletiva. Mas,namaioriadoscasos,édecrerqueosartistasseaproximamuns dosoutrosparaaçãoconjuntaprincipalmentepelanecessidadedefazerem facedemodomaisapoiadoàsdiculdadesdecriaçãodecondições,ouseja para,simplesmente,poderemtrabalhar. Ouseja,asdinâmicascoletivaspersistem,masmudam. Anotemos,nalmente,algumasreexõesnais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Deste mundo quase se podia dizercomo o cronista - sá bioepessimistadaIdadeMédia: mundus senescit.Mas havia os projectos e os jovens, os jovens projectos. O GrupoAcreéumprojecto,esóosprojectostêmconsis tência. Hoje. Como a Revolução.Tudo o resto é cozinha 354 passadista.

Emquase , 74 91 coincidentementecomaprimeiraaçãodoGrupoAcreque enchealisboetaruadoCarmocomcírculosfestivospintadospelacaladada noite,acidadedeNovaIorqueassisteade 7 agostodea74 91 umainusitada performancedeumfunambulistafrancêsdeanos, 42 PhilippePetit.Numa açãoplaneadaaolongodemeses 6 comumapequenaequipa,oartistaes tendeentãoumcaboentreasTwinTowerse,aumaalturademaisde0 4 metrosdochão,caminhaentreelassemqualquerproteçãodaquedapossí veleàreveliadapolícia. Essaaçãoperformativa,deimpactopopularealgumsentido show de bizz, consegue espaço de notícia curiosa em jornais etelevisões da altura 45 sendo ( até realizado posteriormente um documentário sobre ,) mas ela ca mais como performance circense, não penetrando signicativamente nosmeiospropriamenteartísticosnemnasuahistóriaeteoria - maisd minantes.Hoje,imaginaralguémacaminharsobreumcaboaligara-gran de altura as duas torres gémeas desaparecidas parece fazerparte de um guião romanceado que acozinha passadistaÇ, com otempo, se encarrega frequentementededourar,comoumapílulanemsemprebem-vinda. TambémasaçõesdoGrupoAcretêmacolhimentoeimpactoirregu lares e, na sua compreensão,valorização e legitimação, é determinante o papel de Ernesto de Sousa, que lhes dá atenção e espaço. Embora outros críticos e comentadores tenham notado o coletivo desde o início, entre a maior ou menor aceitação ou até declarado incómodo, sem Ernesto de Sousatalvez a história do GrupoAcre não passasse de uma ação mais ou menosfunambulista,guradamentefalandoesalvaguardandoobviamente

354 45

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SOUSA,ErnestodeO.)57 91 ( GrupoAcreeaapropriaçãoÇ. Vida Mundial.Nº,5481 de 32 janeiro,p..1 4 Olme Man on Wire,derealizado ,80 2 porJamesMarsh,retomaesseaconteci mentocomregistosdearquivoeentrevistas,obtendoumprémiodosBAFTApara melhordocumentário. CONSIDERAÇÕES FINAIS


asdiferençasentre,nestecaso,ascélebrestorresnova-iorquinaseatorre dosClérigosdaobradoGrupoAcrequeocríticoportuguêsreferenoartigo daepígrafe,distanciando-odasmoengaspassadistas. Nessetexto,ErnestodeSousaoferece-nospistasparaoentendimen todotrabalhodogruponumsentidoconceptual.Aideiadeprojeto,maisdo que de criação de objetos, já antesvem sendo porele desenvolvida como cerneparaumaaçãodevanguarda.Agora,elecentra-senaimportânciada noção de apropriação,terminando com uma comparação com o corpo de ClaraMenéresque,naaltura,provocaalgunscomentáriosirónicos.Maso certo é que a ideia que nosfacultavai para além desse sentido episódico, pois entende e explica a apropriaçãode ( processo e ferramenta a prolon gamentodocorpo,decorpoindividualacorpocoletivo)noseusignicado sociológicoecultural,remetendooseusentidoparaoterritório - dopensa mentoedacriaçãocoletiva. OGrupoAcreé,pois,exemplarnavisãodevanguardadeErnestode Sousa,quecontextualizaemelhordeneaidentidadeeaaçãodogrupo: Falemosagoradevanguarda,arteeessascoisas.Falemosdeagora,de aquidepois ( do5de 2 AbrilÇ,revoluçãoerevolução,asclassestraba lhadoras,emaisdetudoisso)para , sersincero EmBerlim,Já. 0291 tinhamassassinadoRosaLuxemburgo,haviaain dagrandeesperançaeferozalegria.Aprova,essecartazquesegurava GroszeHearteld,naFeiraInternacionalDada.Nocartazpodialer-se. AARTEMORREU.VivaaNovaartedasmáquinasdeTatlin!A ) ( Ç arte morreu,aindamorree( hámorteslentas)mas , algumacoisanovaestá a nascer: é aserração da velhaÇ um rito de passagem, tanto alarde paraanunciaraPrimavera,ecomodisseumheróicomunistaje - meu rspourdeslendemainsquichantentÇeu ( morroporumamanhãque cantaÇ.Sim, ) umautopia.Nóseu) ( acreditamosnautopia,veemente mente, ferozmente, com o coração. É assim que deveis ler a nossa minha) ( defesadavanguarda.Umautopia:apoesiadeveserfeitapor todos:todooespectadoréumcobardeeumtraidor;todossomos - ge niais;caminhamosparaumfalanstério,ondetudoseráharmónicoeo 54 amor,aindústria,aartea ( nova)umacriaçãocolectiva. ). (

RevendoasobrasrealizadaspeloGrupoAcre,éhojepossívelrelacio ná-lascomquestõesdefundoenraizadasnessepensamento,atravessando

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SOUSA,ErnestodePara .)57 91 ( sersinceroÇ. p.e493 . 0

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Vida Mundial.Nºde 6,158 março,

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aproduçãoartísticacomoessenciaisnamutaçãodosparadigmasdaar contemporânea.Vejamos,casoacaso,algunstópicosquepodemajudara caracterizarcadaumadessasobras: Círculoso espaçopúblicourbano,arua;oefeitosurpresaegrande espetacularidade;osentidoefémerodaação;ocarácterpoucoespecializa dodoprocessooperativoeconstrutivo;oobjetoartísticodesmateriali aomáximo;ageometriaminimalista;acorisentadeconotaçõespolíticas;a participaçãoabertanaação;odesejodepoder. Fita  características espaciais, formais e nalidades idêntica obra anterior; contudo, neste caso, a participação na ação não é aberta, poisemboraopúblicosejaalvo,eleéremetidoparaopapeldeespectador. Gravuras  também no espaço urbano, ação discreta com colabo radores limitados; técnica acessível a qualquer pessoa; sentido de crít socialeinstitucional;provas/objetosresultantesparaoferecer. Diplomas  num espaço característico do meio artístico, concre tamenteumagaleriaque,pelassuascaracterísticas,limita-opúblic ticipante aos mais ou menos habitués desse tipo de meio; apropriação, ironia, citação de Manzoni e Beuys; depoimento sobre a democratização emortedoautor/artistacom ( possibilidadesdecríticadoensinoart esuanulicação)quepodetertambémaleituraoposta:aimpossibilidad dademocratização,aanti-arte;autoriaexpandida. Museua  açãopolítica,agit-prop;sentidodeutilidadepública, - ne cessidadecultural/institucional. Monumento a  históriadePortugal;apologiadademocracia. Lápide sentido  deironia;apropriaçãodeumlugare( suadesvalori zação)edahistóriaemitosinstituídos. distância À dedécadas,hojetalvezfaçasentidoagruparessasobras essesseteprojetosomitindo ( arevistaArte,porserumprojetolateral) s , gundotrês fases fundamentais com sentidos diversos: Uma primeira fase pode situar-se em 174 9e envolver duas ações, ambas realizadas pelo grupo na sua formação integral, ou seja, quando QueirozRibeiroévivo.Asobrasproduzidasindiscutivelmentepelo constituído pelos três artistas, ou seja, os círculos pintados na CarmoeafaixasuspensanaTorredosClérigotêmqualidadesque-sedis tinguemdasseguintes. A faixa amarela, designada num jornal como a garridice da velha senhoraÇ, e as bolas coloridas com que é habitado o pavimento da Rua do Carmo,sãoevidentessinaisdefesta,deconviteaumainteraçãolúdicacom oslocais,paraalémdoseucarácterdeapariçãointempestivaeimprevist comalgodeprovocatórioou,nomínimo,demonstrativo,queumatoforado contexto habitual e da rotina acarreta. Nestes casos, aparições plástic 313

CONSIDERAÇÕES FINAIS


de grande impactovisual numatorre de uma igreja debruçada no espaço público,ounaprópriarua,impõemaotranseunteapercepçãodaobraea fruição grátis, mas inevitável dofacto artístico. Nesse sentido, estas dua ações são testemunhos claros de uma vontade de poder do grupo e dos seus membros sobre as massas mais ou menos amorfas das populações urbanas,paraalémdodesejodepartilhadeumaideiadefestaemquesão crentes,devontadedeenvolvimentonumatodecomunicação,mesmoque sobaégidedeumasimplesfruiçãodovisívelo quenãodeixadefuncionar comoumaposiçãopolíticainerenteaestaobraeaogrupo. Assim, ambas inscrevem no espaço público um acontecimento que comemoraAbrilmuitorecente,veiculandoumsentido festivo,celebratório, apologético. Nelasépatenteavontadedeumarelaçãode proximidade com a população emgeral,assumindoagrandeaberturaformalediscursiva - propi ciadapela linguagem visual depurada,dendole í abstrata.Aíserevê,pos sivelmente, setivermos em conta otrabalho pessoal de cada um dostrês artistas,apresençadocunhodeQueirozRibeiroque,comomaisatrásse apresenta,produzobraescultóricadelinhagemminimalistaejátinha escri tosobreoseuinteressena síntese e universalidade das formas. No entanto se, porum lado, isso poderia signicarum alinhamento com a utopia modernista pela via dessa universalidade, já as qualidade de acontecimentoparecemdeslocaresseeixoparaumanovaehipotética fronteirahistórica,aindatenuementeteorizadaentão,masquejáinstaura 654 riaaobradogruponumnovoregressoaoreal claramente ( paraalémda nova guração, numa revitalização vanguardista), um real distanciado do modernismopelaconsciênciadateatralizaçãodalinguagemque,mesmono recursoàssuasunidadesmínimas,exigeumamaterialidadeobjetualeum sistemaderelaçõeseparticipantes. Note-se que os termos événement e happening estão então entre ( e74 9na 1)7 ordemdodiadosvocabuláriosartísticosdevanguardapara classicaraçõescomsentidoperformativo.E,apesardehaveressa-perce çãoeissointeresseaogrupo,hámaisalgoainda:avontadedeumaespécie de obra que nasça como que degeração espontâneaÇ, que simplesmente apareçaÇ, como se dispensando uma autoria identicada ou não. Porque, mesmotendoemcontaaadrenalinadatransgressãosubjacenteàclandes tinidade ou ausência de autorização ocial para a pintura dos círculos na ruaduranteanoiteouparaasuspensãodafaixanatorre,quesãorequisitos

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FOSTER,Hal.)69 1 ( The Return of The Real. The Avant-Garde at The End of the Century.CambridgeLondon: / TheMITPress.

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doprocesso,acabaporsersignicativaaideiadeobrasque,repentinamen te,aparecemnoespaçopúblico. Essaapariçãoé,paraogrupo,essencial,peloefeitodesurpresa,de quebraderotinas,dedes-alienaçãodarelaçãocomacidade. Oraaideiadeaparição,selevadaàsúltimasconsequências, - implic riatalvezumaobraquenuncaviesseaserreclamadaautoralmente,ouseja, cujaidenticaçãofosseremetidaparaoanonimato,ouseja,paraopovoÇ. Contudo,oGrupoAcreassinaasobrasatravésdecomunicadosou-porou trosmeios:nocasodaRuadoCarmo,assinanochão;e,nocasodafaixana TorredosClérigos,assinaata,colocaumcartazetambémemiteavisos. Comoumgrupoterroristaautordeumatentado,oGrupoAcrequerquese saibaquemfezaquilo,assumeoacontecimentoeaautoria,querquehaja impactoequeelerevertaparaoprestígiodogrupo. 754 Maistarde ,ClaraMenérescontaque,nasdiscussõesdosprojetos pelo grupo, a hipótese de anonimato chega a ser considerada e, coeren tecomumasuapredileçãojunguiana,aartistaexplicaentãoavontadede darformaaumaobrareexodiretodeumtempoúnico,criadanumregime extraordinário de autoria, estabelecendo como termo de comparação um acheiropoieta  termobizantinoquerefereimagenscriadassemmão - hu manaquase ( sempreimagensquerepresentamJesusouaVirgem,comoos casosdoSantoSudário,ovéudaVerónica,etc..) Essaobra,simplesmentecapazdeaparecercomoimpressãodotem po,dopovo,docontextooudomundo,simplesmenteconsequênciadaprópriarealidade,obradoreal,pode,assim,tambémservistacomumaprova da fusão entre arte e vida. Mas, se num primeiro instante de surpresa a obra surge na cidade quando ainda não identicada, anónima, como uma imagem sem modelo, comoquesemmãodeautorou,nofundocomoquefeitapelaprópriacidade e issointeressamuitoaogrupocomoconceitomuitoprópriode-aconte cimentoÂessahipóteseacabaporserdescartada,optando-sepelaiden ticação. Logo, num segundo instante da leitura sabe-se que há alguém quefezaquilo:nãoumartista,masumgrupo,umpequenocoletivoquese assumedemiurgicamenterepresentantedopovoÇoudahumanidadeÇ. Uma segunda fase do trabalho do grupo pode abarcaras interven ções produzidas em 7519 e que, embora possam ainda ter contado com ressonâncias conceptuais de alguma participação anterior do es falecido, correspondem já à autoria efetiva da dupla que permanece  Clara Menéres e Lima Carvalho. Nestafase, as obras perdem a natureza

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Numadasconversascomaautoradestetexto. CONSIDERAÇÕES FINAIS


celebrativa anteriore são também, de certo modo, mais radicais no seu sentido de vanguarda, na sua qualidade apropriativa e citacional, assumindo agora uma vocação mais crítica do próprio sistema artístico e dimensões mais polémicas social e culturalmente. Se evocarmos as três açõesdesenvolvidaspeloGrupoAcrenesseanoou  seja,asgravuras - fei tasapartirdastampasdesaneamento,osdiplomasdeartistaeaocupação do palacete  constata-se que as obras se referem, agora,fundamental menteao sistema das artes,dosseusmeiosdedivulgaçãoelegitimação, doseuensino,doseumercado,doseuquadrogeral.Masreferem-se,também, num sentido mais geral, à sociedade em si, à sua estrutura-institu cionalizadaquearevoluçãonãoconseguemodicar.Sintomáticas - datur bulênciasocialepolíticaqueocorreemelas 75,19 epitemotizam,também, umsentimentoderevoltafaceaocursodosacontecimentos,umaespécie de deceção zangada sobre a revolução especialmente na cultura, que requerumaaçãomaisradical.Se,nasaçõesdeo , 74 19 GrupoAcremostra estar a favordoqueacontece,em75está 19 contra. Osdiplomasprincipiamporparecerreferirdiretamenteopróprio con textodedocênciadedoisdosmembrosdogrupoeaspreocupaçõesrela cionadascomessefacto,paraalémde,novamente,umaânsiaaparentede democratização.Aintervençãoérodeadademomentos,deetapasproces suaiseobjetuaisquevisam,naaltura,conferir-lhecredibilidadeereforça aautoridadedeGrupo,detentordopoderdepassarÇdiplomasdeartista, assimseparandoqueméartistadequemnãooéatravésdeumsimplesato devontadeque,naprática,apagaadistinção. evidente É queacerticaçãocomoartistadequemsoliciteos-diplo mas invoca o princípio de que qualquerpessoa pode serum artista, como Beuysdefende,assimdemocratizandoprimariamenteoacessoàobrapela simples abolição de limites da própria autoria: se todos somos autores artistasempotência,paratalbastandoumadeclaraçãoouumcerticado meramenteburocrático,entãotudooquefazemosésuscetíveldesercon siderado arte, logo a obra estátotalmente ao nosso alcance, dependendo apenasdecadaumdeterminá-la. Seguramente,contudo,estapremissaconceptualnãoregeaqualida deeovalordareferidaobra,sejamestesquaisforem,emuitomenosregula onivelamentodavelhaquestãodapropriedade,oquesugerenovotropeço numademocratizaçãoreal,assimapenasacessívelsenãoestiveremcausa nenhumsistemacrítico,valorativoouatéeconómico,entreoutros, - umsis temadaordemdoestéticoounão,masqueultrapasseomero “statement” queatribui,simplesmente,umaidentidadeartísticaaumaaçãocomum. Em última instância, a questão que os diplomas colocam é, mais do queadaprópriaautoriaa  declaraçãoqueidenticaoartistasemdenir GRUPO ACRE FEZ

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asuaidentidadeÂumadúvidadecisivasobreapossibilidade - dedelim çãoontológicadaobradearte,cujaúnicacertezaresultariadofactodeser consequência da ação de um artista e, mais longe ainda, sobre a própria existênciadaobradearte. Nesse sentido, os diplomas são provavelmente o trabalho do Acre com implicações mais profundas no cerne do próprio conceito de art da atividade artística e do seu entendimento, bem como na evolução - fu tura do trajeto dos membros do grupo que sobrevivem. E o dispositi espacial que implicam, sob aforma de instalação com sentido imersi performativo, causticamente nostálgico, antecipa formulações kaba vianas na linha de uma obra de arte total que critica a sociedade, ain mergulhadanopassado. Asgravurasderua,denovosobosignodeumademocratizaçãomais espetaculardoqueefetiva,têmaqualidadede,eventualmente,secoloca remnoplanohipotéticodeumcomentárioirónicoouatémesmoambiental. Nãoporacaso,assuperfíciesescolhidascomomatrizesparaasgravuras realizarnoespaçourbanonãosãonemparedesnemportasdeprédiosou casas, portões, caixas de água ou de eletricidade, motivos prosaicos po tencialmente comuns, mas sim tampas de esgoto, numa altura em que a rede de esgotos, como outras infraestruturas do país, é precária depois ( recebe melhoramentos profundos). Logo, isso pode funcionar como vaga alusãoecológica,eevocatãoindiretamenteamerdadeartistaÇcelebrada porManzonicomoasmatériasquecirculamnossubterrâneosdasgrande aglomeraçõesurbanas,oprópriocontrasteentreasuperfícieeaprofundi dadepossível,numaleituradasociedadeurbanapoucoedicantena - rela çãoconsigoprópriaou ( dobairroburguêsemqueaaçãodecorre,lisboeta, português,ousimplesmenteurbano). Poroutrolado,oefeitorealistadatécnicaésuscetíveldeser-conse guidocomummínimodemeiosporqualquerpessoa,independentemente da sua preparação artística, assim ironizando sobre a necessidade def maçãoespecícanumaaproximaçãoaumaideiadearteparatodosefei ta portodos, oportunatanto ao espírito de democratização revolucionári comonumaaproximaçãoaoartistaqueBeuyspreconizaemcadahomem comum.E,acrescente-se,asgravurasresultantesdestinam-seaser-ofere cidasposteriormente,possivelmenteemolduradas. Quantoàocupaçãodomuseu,poucomaispareceserdoqueumincidente com forte componente política e social, mais do que de natureza intrinsecamente artística. É certamente a intervenção do GrupoAcre que maisselimitaaoâmbito agit-prop, da peseemboraasuafortedeterminaçãobem-intencionadasobexaltadaexasperaçãofaceaosadiamentosdas 317

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decisõesdosresponsáveispelaspolíticasdaculturae,emespecial, daar tística.Mas,bemvistasascoisas,serecordarmosoprojetodemuseu apre sentadonaBienal de S. Paulo,conjugandocontribuiçõesdeSaletteTavares edeGonçaloRibeiroTelles,tambémacabatambémporpoderarticular-se demodomaisconsequentecomarealidadepossívelentão,desfazendo-se osseuscontornosdefaltaderazoabilidade. Se,porumlado,asobrasdestafasedoGrupoAcresecingemtemati camenteaouniversomaisrestritodosistemaartístico,apagandoomundo quefervilha ao rubro na revolução, poroutro ladotambém ganham corpo segundomeios operativos transversais que mais dicilmente se enqua dramemcategoriastradicionaisdepinturaeescultura.Noanomaisquent darevoluçãodeAbril,aaçãodogrupoextrema-senosmeiosenodiscurso, emboraselimiteaumcontextohistórico-socialque,nosmediaenavidade todososdias,andaabafadosoboutrasurgênciaseprioridades.o É tempo de um maiorestardalhaçoÇ das ações, porvia da sua decisão, da prepa ração mediática e escolha dos locais públicos, com polémicas, adesões e dissensões,commenosoumaisimpactonacríticaenaimprensa.Nom, alémdadetençãoeprocessodetribunaldeClara,oimpactoresultaessen cialmentenosmeiosartísticose,foradestes,dilui-seentreoutros aconte cimentosmaissonoroseurgentes. Poroutrolado,ocaráctercríticocontemplaaindaumacertadimensão satírica, mas a teatralidade inerente implica um distanciamento reduzi entre a representação e o público, numa estratégia de maioraproximação entrearte e vida,detendêncianão ( totalmenteefetivada)deapagamento doslimitesquedistinguem ficção e realidade. Novamente,noanodea 6 7 91 açãodocoletivopareceacertar-secom as dinâmicas sociais e políticas do país; depois das obras críticas de é6 7 91 umanodeinterregnoemqueotrabalhodoGrupoAcrenãoaparece, digerindomudançasemcursoeexplorandooutraspossibilidades deatua çãoconjuntaeindividual.Seguem-seemas 7 91 duasaçõesnasCaldasda Rainharealizadaspelosseusdoismembros,ambasemagosto,terminando mal na sua relação com o tecido social e cultural, ditando depois disso o tempodasuspensão sine die. Destavez,asobrastêmum eixo fundamental histórico,jáqueam bas lidam com acontecimentos da História de Portugal, incluindo uma di mensãomítica. Aliás,talvezseja,precisamente,noslimitesdoccionaledomito maisdoquenadimensãoapropriativaqueErnestodeSousaenalteceque  a ação do grupo se exerce sempre, nos seus diferentes momentos, a isso nãoescapandoasduasúltimasobrasdeem , 7 91 queaHistóriadePortugal fundamenta claramente propósitos míticos. Nesse sentido, estas obras GRUPO ACRE FEZ

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poderiamcorresponderaumafasedemaiormaturidadedopequenocoleti vo,aquepoderiamseguir-seoutrasobrascertamentesurpreendentes,seo seudesfechonosEncontrosdasCaldasnãotivessesidotãodesmotivado Assim,comoqueantecipandonumcurtoespaçodetempoahistória deAbrilousimplesmentecatalisandoasuaperceção,aatividadedoGrupo Acre pode, pois, resumir-se em etapas: primeiro uma fase comemorativa, esta secundada depois por uma fase que destaca uma operacionalidade muitocríticae,apósesta,otrabalhonoterrenodomito.

Nassuasmotivaçõeseemmuitasdassuasobras,oGrupoAcre-assu meumcertocarácterreativoalém ( dosentidodearmaçãodistintiva)face aomeioqueorodeiaemdiferentesvertentesartí Â stica,cultural,académi ca,nacional.Revelaumaposturarmadanacontestação,naoposição,na criaçãodealternativas. Convémnãoesquecerqueosseusmembrosatravessamevivemamarginalizaçãoculturaleisolamentodoscriadoresquecaracterizamosreg autoritáriosdeSalazareCaetano,tantonoâmbitonacionalcomoseuquadro generalizadodetacanhez,repressãoecensura,comopelomodocomoaculturaportuguesaévistaporpartedospaíseseuropeusenoutroscontextos internacionais,queavotamaoostracismo.Etambéméfactoque,mesmo apósarevoluçãodee74 91apesardapaixão,dosdiversosentusiasmoseini ciativasquejásãopossíveisequeacontecem,sãotomadaspoucasmedidas concretasecomconsequênciasmateriaisefetivasporpartedosresponsáv culturaisedosgovernos.Naturbulentadinâmicapolíticaquevaidea74 91 a , 7 91 culturaartísticanuncaéumaprioridade,emboracertasáreas,comoo teatro,meiotradicionalmentemuitoativoecapazdemobilizaçãoeimpacto consigamalgumavisibilidadeeapoios.Paraasartesplásticas, - osna mentossãomínimosepoucasdecisõessurgem.Nemotãodesejadomuseu deartemodernaserealizaentão,nemnessadécadanemnasseguintes.Por outrolado,porpartedegruposprivadospoucointeresseháaindanacriaçã de oportunidades para ( além da Fundação Gulbenkian, que vem de trás). Daíquehajaaperceçãodeque,paraaconteceralgo,têmqueser os artistas a agir. Evidentemente,osartistasescolhemdiferentesmodosdeação-erea ção.Ospróprioscoletivosconstituem-secomnalidadesdiversasapar de personalidades e experiências variadas, armando programas - diferen ciadoserealizandoobrasexpressivasdassuasideologiasplástica casprópriaseidiossincrasias. modus-operandi O decadagrupo,raramente tipicado,tambémimplica,igualmente,aferimentoedecisõescasoacaso, emcontextospoucoprevisíveis,atodosseaplicando,nofundo,ocomentá riodeEgídiolvaro Á relativoaoGrupoPuzzle: 319

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Polémicaéaposiçãodestesnoveartistasdesdeoinício).ao ( acre ditaremeprojectarem-senumtrabalhocolectivoparaoqualnenhum ou ( muitopoucos)estavarealmentepreparado,quesólhesanunciava canseirasepreocupações,quesacudiaoconfortodotrabalho - indivi dualeindiscutido,queosobrigavaadialogarpermanentemente,eque 854 oslançavanumaaventura,numdesao,deresultadosimprováveis.

Por outro lado, rapidamente se criam relações sequenciais entre obras realizadas e pers de grupos, possibilitando-se leituras em que antes e o depois, o aqui e o além marcam aproximações possíveis e dife renças,principalmenteentregruposcommaiorvisibilidade,comooAcr oPuzzleouo5+1. Porexemplo, paraAntónio Quadros Ferreira o GrupoAcre pretende 954 agitaras consciências através de acções-provocaçõesÇ desmisticar , o objecto convencional da arteÇ,construir atitudesÇ, estando ligado ao mo vimento que integra queraos Encontros Internacionais de Arte quera de sejadacriaçãodeummuseudeartemoderna.Porsuavez,paraomesmo autoroPuzzlecomoqueratica,noutrascondiçõesenoutroscontexto,a 064 rupturasuscitadapeloGrupo AcreÇ. Mas, se para oAcre o sentido de grupo é fundamental, tal como é essencial uma formulação objetual transversal, relegando a criação in dividual para o foro estrito do trabalho de cada artista, para o Puzzle o projeto de grupo integra tanto a criação individual como a prática ma especicamente pictórica que mantém em grupo, paralelamente à obra pessoal maioritariamente pictórica que cada um dos artistas vai zindo.Defacto,oGrupoAcretem,àpartida,doisescultoreseumpintor, enquanto o Puzzle é constituído fundamentalmente porpintores, - embo ra alguns dos quaistambém interessados em práticas expandidas e per formance. E, se em ambos o meio do Porto é determinante na génese e formaçãodosrespetivosgrupos,nãosópelacargahistórico-socialqu cidade envolvecom ( algum bairrismo catalisadorde um certo espírito de unidade marcado poruma espécie de permanente e nem sempre salubre sentido de comparação com Lisboa),também em ambos é determinante

854

954 064

LVARO, Á Egídio.)7 91Grupo ( Puzzle: Albuquerque. Armando Azevedo. Carlos Carreiro. Dario Alves. Graça Morais. Jaime Silva. João Dixo. Pedro Rocha. Pinto CoelhoÇ. Artes Plásticas. Nº,8/ 7dezembro/janeiro, p.. Porto: 71 Editorial Engenharia. FERREIRA,AntónioQuadros.)7102( Jaime Isidoro. A Arte Sou Eu.Porto:Edições Afrontamento,p..27 Ibidem.

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o papel concertado de Egídio Álvaro eJaime Isidoro, tão marcantes das dinâmicas coletivas artísticas no Porto e na zona Encontros norte, nos Internacionais e na revista Artes Plásticas. Certamente não pela sua lo calização,oAcretematençãoprivilegiadaporpartedeErnestodeSousa. Ainda numa perspetiva geográca, António Quadros Ferreira frisa queo grupoAcre assumiu um carácternitidamente nacional,fazendo do PortoumlugardepartidaÇ,enquantocomogrupoPuzzleaconteceuuma naturezageográcamaislocalizada,oumaisregional,e,sembemquete nham existido participações em Paris, nomeadamente, o grupo Puzzlefez doPortooseulugardepartidaedechegada.Ç164 Defacto,LisboatambémémarcanteparaoAcrecomobase. Todo o Chiado e Baixa lisboeta, onde o GrupoAcre surge com Clara Menéres e Lima Carvalho ainda recentes como professores na ESBAL, emanamsugestõesdeencontroedissensõespossíveis,históriaehipótes de projetos quetecem ressonâncias coincidentes nos locais. -Estas co çam no Convento de S. Francisco que se reparte pela escola, a academia, oMuseuNacionaldeArteContemporâneaentão ( namaiorpartedotempo fechadoetãopoucoassociadoàartecontemporâneaquemaistardevem acabar porcar conhecido por Museu do Chiado), mas também a polícia demámemóriaantesde;isso 74 continuamaisadiante,nasededaPIDE, logodesmanteladamasdurantemuitotempoirresolvida;destilam-seeco porcafés como a Brasileirageração ( do Orpheu, pinturas em52e91 )17 9 eoCaféGelosurrealistas) ( mas , talvezcommaiorparagemdeartistasdos anos0na 7 PastelariaMarquesenaLeitariaGarrett,semofensaàBénard ououtras;pontosfortessãoobviamente,asLivrariasSádaCosta,Bertrand, Lello,PortugaleFerin;eháasruasatravessadaspelosfantasmasdePessoa eEça,comoaRuadoCarmocomChiadoeGrandella,eoElevadordeSanta JustaondeAntónioAlfredo,RaúlHestnesFerreiraeMargaridaTengarrinha suspendem emfevereiro de25cartazes 91 com os dizeresFora a NatoÇ e LutapelaPazÇ,espalhandogravurasdeLimadeFreitas,JoséDiasCoelho eJúlioPomarduranteaCimeiradaNatonoIST,emfevereiro,numacampa nhadoMNDPMovimento ( NacionaldeDefesadaPaz)associadoaoPCP. Lisboamarcaoprojetoeaçãodogrupo,masnãodeterminaestesem exclusivo. Se noAcre se compreende uma dimensão nacional nos seus proje tos,oPuzzleé,porumlado,mais regional,poroutroladoestegrupocon segue maiorinternacionalização, o que também acontece com o .1+5 É nissodeterminanteaconstituiçãodecadacoletivo,aexperiênciaindiv

164

321

FERREIRA,AntónioQuadrosObra .)7102( citada,p..372 CONSIDERAÇÕES FINAIS


e contactos dos seus diversos elementos, mas pesa também a tendência paramaiorinternacionalizaçãodaarteportuguesaapartirdeperí ,6 7 91 odo bastanteativodosrecentementesurgidosPuzzleemas, 1+5 pelocontrário, anodemenoratividadedosAcre. Nestes e noutros manifesta-se, efetivamente, umavontade pautada porduasconstantes:otrabalharjuntosmesmo ( quediversamente) - eoen foquenoespaçopúblico. Decertomodo,todoselesdecidemtrabalharemgrupo,ouseja,as sumir uma prática assente colaboração, na pelas mesmas razões, independentemente da sua prioridade: porque ganham força e capacidade de armação;porquepodemfazercoisasforadoperlartísticoindividual; - por queachamnecessáriofazeralgopolíticoquepossasersocialmenteútil;ou, simplesmente,porqueéentãotempodisso. OcontextoemPortugalé,efetivamente,poderosoeme74 9nos 1 anos imediatos.Oindividualismocedeentãolugaraocomunitário,numa - tendên ciageraldefundodependorsocializantequesubstituioregimefechadoe ditatorial longamente instalado neste país, enquanto noutros já se vivia maioraberturaque ( aqui passara ao lado) da ideologia neoliberal - do pós guerra, assentenaliberdadeindividual,napropriedadeprivada, - nomerca dolivre,tambémconsequênciadoliberalismoacentuadoduranteaGuerra Fria. Como bem aponta Claire Bishop,tendências que enfatizam a impor tânciadacoletividadesurgemmuitasvezesentreosartistasdadécadad sessentacomohipótesesdereaçãoesubversãodocapitalismoedassuas políticasneoliberais,peloqueaspráticascolaborativassãofrequentement vistascomo,porsi,portadorasdemaiorsentidodedemocraticidadeecomo modelosdeunidadesocialcapazesdecanalizarocapitalsimbólicodaarte 264 para uma mudança social construtivaÇ T. ambém aí se pode rever, ainda, com profusos exemplos na criação artística,viragem uma social sobre a qual aquela autora discorre muito lucidamente, adaptando possivelment de modo longínquo a viragem cultural que, mais atrás, Fredric Jameson 364 analisa enraizado , nomarxismoenasuaatualização. Possivelmente,dadaaexperiênciaúnicanopaísemcontextorevolu cionário,apressãodautilidadesocial,maissentidanosanos - sessentan trospaíses,tememPortugalmaiorpesodepoisdeatualizando , 74 91 algum espírito ainda remanescente do movimento neorrealista, mas procurando

264 463

BISHOP, Claire .)210 ( Articial Hells. Participatory Art and The Politics of Spectatorship.LondonNew & York:VersoBooks,p..31 JAMESON, Fredric [19 8]. The Cultural Turn. Selected Writings on the Postmodern, 1983e19 8 . London & NewYork:Verso Books, 20. 9

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o sentido devanguarda sob aforma de modalidades criativas mais tra versais,instalativas,situacionistasouperformativas,descentr disciplinasartísticasmaistradicionais. Aturbulênciadaépocanãomanifestacolisõesviolentasdeideias factos,masevidentementequehásinaisdetendênciasdiversas-edisse sõesqueconvivememespaçosparalelos,tolerandodemocraticamenteas respetivasviasdearmação.Nessesentido,napaisagemmaisampladas práticascolaborativaseparticipativasemque,nomundoocidental,osa 06 são muito expressivos, merece uma observação particular o contexto português,quantomaisnãosejaparasecompreendermelhororecrudesci mentogeraldessaspráticasapósosanosmarcando , 09 umeixoatualmen 46 tebastantesignicativodaartecontemporânea . Quesignicaoaparecimento,naactualsituaçãoartística,nãosóde 564 tendênciasmastambémdegruposorganizadosdepesquisa Tal ?Ç). ( per gunta,formuladaporGiulioCarloArgannumtextopublicadonumjornalde Romaemsetembrodeé,3691 idênticaàquepairaentrenósdesdeoinício desteestudoporseraplicávelaoGrupoAcre,aoscoletivosportuguesesdos anossetentaeatéàsmaisdecentenasdegruposartísticosquesurgira pelomundointeiroespecialmentedepoisdosanos. 09 Éevidenteque,talcomoArganrecorda,ofenómenodapesquisade grupotemexemplosanteriores.Seohistoriadorenfatizaplanejadores ur banosÇearquitetoscomoMoholy-Nagy,GropiuseFrankLloydWright,bem como escolas americanas de artesvisuais, a academia de Ulm ou ainda o que designa comogrupos deGestaltÇ, com particular destaque para-es tesúltimos,anósocorre-nosoexemplomaiordapróprianaturezaanónima demuitotrabalhoartísticocoletivocomooqueergueucatedrais.Não ( por acaso,o Manifesto da Bauhaus,decontém , 91 nacapaumalitograapre cisamentecomocone í deumacatedral,sobdesenhodeLyonelFeininger). Mas, seArgan enaltece osgrupos de pesquisa gestaltÇ, sem exem plicarcasos, como paradigma da integração do indivíduo no coletivo na concretizaçãodeprocedimentosoperativospautadospelorigor - metodol gicodentrodequadrosideológicosprecisoso  queeventualmente - pode mosassociardemodoremotoaotrabalhodoGrupoAcrenassuasprimeiras duasobras,deele  74 91 nãodeixa,noentanto,deconstatarqueafunção doindivíduodentrodogrupoémarcadatambémporumaoutrarazão.

46 564

323

BISHOPBILLING, , FERNIE,GREEN,FRIELING,KESTER,McCABE,STIMSONe SHOLETTE,STILINGER,WRIGHT,serãoalgunsautoresaconsideraratentamen tenessademanda,aarticularcomaatual. ARGAN, Giulio CarloAs .)3691 ( razões do grupoÇ. In CHIPP, H. B. Ed. ( . ) 9 , )1 ( T eorias da Arte Moderna.S.Paulo:MartinsFontes,p..50

-

CONSIDERAÇÕES FINAIS


Talcomodiz,aconsciênciadogrupoexcluiapesquisaeadescoberta individuaispelasimplesrazãodequenãonostornamospartedeumgrupo 64 parafazeroquequeremosougostaríamosdefazersozinhosÇ . Logo,adinâmicadocoletivoprende-secomofactodenummomen to em que o ritmo do deplorável processo de massicação se acelera de maneiraalarmante,édegrandeimportânciasaberseaexperiênciaea-acti vidadeestéticanão-individuaissão764 possíveis.Ç então É aíque,paraArgan,naviolentaoudelicadanegociaçãodospesossociaisnasexigênciasestéticasenaproduçãoartística, grupootermo tomaolugardotermoindivíduoÇconcluindo, , nasuacoerênciamarxista,que aqualidadefundamentaldoserhumanoéacapacidade,avontadede colocar-seemrelaçãocomeassociar-seaoutrosnacomunidade,de coordenarosseusatoscomosatosdosoutros,detornar-seumgrupo, edicarumasociedadequeencontranoseuprópriodinamismo - inter 864 nooimpulsoparasuperar-seaavançar.

OsAcre, os Puzzle, os,1+5mas também o Grupo Cores/GICAPC e outrosjáabordadosatrás,concretizamemPortugalarevitalização - daten dência social em arte sob formas colaborativas e participativas. Impor 964 sobretudo, participação, participação, participação, participação Âéa indicaçãodadapelosartistasdoGrupoAcreaumjornalistaem.57 91 Aquestãopassa,comojásedisse,pelaapetênciaportrabalhar - jun tosÇou, , nomínimo,emrelaçãodeproximidade.Masestabelece-sedepois, sobretudo,nodesejodeentrosamentocomoespaçopúblico,emespecial envolvendoopúblicoemsi,estecomousemconsciênciadasuacolaboração criativa mas, porvezes, desfazendofronteiras autorais  o que, aliás, não semanifestaapenasnaaçãodecoletivosouduplasdeartistas,pois tam bémartistassingleÇem , nomeindividual,queentãorealizamobras-partici pativasnovamente ( abundamcasosnos III e IV Encontros,comoArmando Azevedo,FredForest,RobertFilliou,SergeIIIOldenburg,etc..) E, em, com 7 91 a institucionalização do estado democrático numa viademaiormoderaçãopolítica,peranteaacentuaçãodesinaisdoregime deeconomialiberalmaiscapitalista,otrabalhodenaturezacolaborativa participativaassumeumacertafeiçãoderesistência.

64 764 864 964

Idem,p.. 7 05 Ibidem. Ibidem. A/A.)57Uma 91 ( grande razão para estar no mundo  objectivo a atingir pelo grupoacreÇ. Diário Popular,de 32 janeiro,p..21

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Relativamente a outros coletivos do seutempo, quetomam a rua e oespaçopúblicocomolugaresprioritáriosdassuasaçõesconjunta sumempropósitosemquepreponderaadimensãosocialimplicando mo dalidades de articulação da criação artística individual na ação c talvez o GrupoAcre se distinga pelo modo como arma uma identidade artística de grupo. Não se trata de uma identidade de carácter corporativo ou similar assente num programa de ação, que é declaradamente aberto à partida, embora a própria designação escolhida no início para o grupo seja, como atrássediz,expressivadasuaformadeestar.Acriaçãoartística,asobras queproduzem,oseurastro,sãoacres.Odiscursoassumidonuncaédoce, amenooucontemporizador. AexistênciaeprojetodoGrupoAcreidenticam-senumespaçoque funcionaentãonoquadrorevolucionárioepós-revolucionáriocomo - umlu gar/tempo efémero, ancorado no real rapidamente mutante, sob as energias do desejo e do sonho, de uma propensão mítica: o que, brevemente, podedizer-secomo o lugar da utopia. Aí, um dostraços caracterizadores consiste, precisamente, na idei de encontro. Não poracaso, Ernesto de Sousa refere a importância des sa ideia, ou seja, arma o papel da conuência do lugar com as pessoas nasoperaçõesdoprocessoestético,situandocomomomentodegéneseo EncontrodoGuincho.

Na prática e de uma maneira deliberada e progressivamente mais conscienteprocuramosdestruiradiferençaentreacrítica - eaopera çãoestética,pelomenosnosectordasartesÇ,atéaquimaisou - me nos discretas.Ainformação-discussão dos novos meios operatór doprocessoestéticomodernovalência ( doconceptualsobre-oobjec tual,doprojectosobreoobjecto)tomamaquelaconuênciamais - ur genteeútil.Umcertonúmerodeoperaçõesquevamosidenticando com o nosso próprio projecto criativo são exemplo disso e doutra conuências (passado-futuro, o mesmo e o outro, etc.). Nomearei o encontrocomoartemeeting ( as art)eopassadocomoarte( past as art).Aprimeira destas operações começou em, 196num Encontro noGuincho.074

074

325

SOUSA, Ernesto de 1(978). Imaginar PortugalÇ. Abril. Nº 4, maio. [em linha]. Disponível em: http:ernestodesousa. // com/projectos/encontro-do-guincho [Consult. 12fev. 20 1] CONSIDERAÇÕES FINAIS


Oraoencontrocomoperspetivautópicaéalgomaisaindaque, - pos sivelmente, aquele crítico e artista tinha em mente, mas que não desen volvemuitomaisali.Seconsideramosasolidãoexistencialque - caracte za a vocação criativa, esta surge sempre como modo de aproximação ao outroÇ. Mesmo atorre de marm será, simbolicamente, nesse caso, uma necessidade operativa, uma condenação de danados obrigados-ao isola mentopara,nele,encontraremoseuoutroÇ.Ésempre,pois,deencontro quesetrata. Eé,também,deumencontroemque,paradoxalmente,umautorvisa prescindir mais ou menos temporariamente dos seus limites ontológi individuais, para se fundir, ou emergir, numa espécie de solução possível paraaperdainicialque,anal,ditaaprópriacondiçãodaexistência huma na.Oencontrocomoarte,acriaçãoartísticaemcontextodeencontroou atéacriaçãoartísticaemsi,emgeral,seriam,assim,sempretentativasde reencontro. A participação desejada do outro é, assim, um requisito para o encontro. também É porissoqueoeixoqueporventurasepodeanalisarcomo mais profundamente determinante no trabalho do GrupoAcre é o da sua dimensão utópica. Esta decorre, sobretudo, do período em que o grupo está ativo, em que o ambiente revolucionário impera, mas no qual existe obviamenteumprocessocomplexodecruzamentoderealidadesculturais eartísticas. Porum lado, pode considerar-se que a sua ação não se insere pro priamente num contexto pós-pop, pois não deriva fundamentalmente da perceçãoereleituradaiconograadasociedadedeconsumo,masdeuma coisacomsentidooposto,pormuitoquepartilhedaambiçãoprofundada comunicaçãodemassas. Trata-setambém,remotamente,deumaevoluçãoda utopia da abstração,naqualominimalismoparticipacomoetaparadical.Defacto, tal vezsepossaconsiderarqueexistealgumaresidualidadedapop - naprimei rafase das obras do GrupoAcreos ( círculos na Rua do Carmo e ata na TorredosClérigos,ambasdemas ), 74 19 podetambémler-seaíalinhagem do pensamento bauhausiano, nomeadamente uma hipotética crença nas potencialidades gestalt da presente emformas básicas,fundamentais na abstração.Círculos,triângulos,quadrados,etc.desde  Proun a Roomde El Lissitzky, a ópera Vitória sobre o Sol com Malevich, ou as procuras de umalinguagemelementardeKandinsky,KleeoumesmoMirósão  bases de esboços tendentes a uma linguagem visual universal que, na-sua for mulação ideal, permitiriafuncionarem comunidade de pensamento, num esperantoÇ visual que ultrapassaria as limitações das línguas de ca GRUPO ACRE FEZ

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povo, a pardelas ou mesmo prescindindo delas, num misto de expressão ecomunicaçãoquevalorizariaaexpressãonãoverbalearticuladaaonível doinconsciente. Do mesmo modo, as obras seguintes do GrupoAcre, não poracaso apósodesaparecimentodeQueirozRibeiroeaacentuaçãodastensões - po líticas do contexto em Portugal, abandonam a sua formulação abstracio nista,festivaemaisindiretapoliticamente,passandodepoisdiss maioria,aassumirumdiscursomaisradical,aexprimirummaisdeli sentidodecríticainstitucionaleareger-sepelodispositivodaapro a ( únicaexceçãoéo Monumentoaode 61 Março de , sentidocomemorativo, mas que não deixa de se inscrevernum quadro conceptual politicamente muito determinado). Mas mantém, contudo, o ideal performativo da arte urbananotempoda utopia da cidade participada,muitoantesdosclichés daartepúblicaeurbanadopós-media. E,nasevidências,nasentrelinhasenasextrapolaçõesdosdiplomas subjaz certamenteutopia a da criação artística, quando o artista é ou pode ser cada um e qualquer homem ou ( mulher), mesmo que o slogan o poderà imaginaçãoÇ de Beuys não seja uma novidade absoluta do seu tempoejáfossemaisoumenosfamiliardesdeoromantismonovecentist 17 4 tal como apontaThierryde Duve . O modo como isso se articula com a ideia de fazerfaber) ( , ou seja, com o trabalho e, assim, com a própria noçãoinerentedeproletariado,remeteinevitavelmenteparaMarx.Avisão deBeuyscomoumpossívelúltimoproletárioporaquelecríticoexplica-se por ele deslocar o sentido do conceito de trabalho, ou melhor, de poder do trabalho, para o de criatividade, ou, mais especicamente, poder da criatividade. A criatividade é para o campo cultural o que o poder trabalhoéparaocampodaeconomiapolíticaÇ,armaDuve274 . Tal como o poder do trabalho, mas diversamente do talento  uma noçãosobreaqualestáassenteaestéticaclássicaa  criatividadeé opoderdecadaumedetodos,eprecedeadivisãodotrabalho:sendo acapacidadedeproduzir,emgeral.Todaaatividadeprodutiva,sejade bens ou serviços, pode serchamada arte; a criatividade éverdadeiro capital, e atroca de bens está para ouxo da criatividade dentro do corposocialcomoosistemadecirculaçãoestáparaouxodeforças

17 4 27 4

327

DUVE,ThierrydeJoseph .)8 91 ( Beuys,orthelastofproletariansÇ. p. ,54 g67 4 .2 [emlinha].Disponívelem:www.jstor.org/stable/[Consult. 34097 91 fev.] 120 Idem,p.. 75

October.Vol.

CONSIDERAÇÕES FINAIS


vitaisdentrodocorpoindividual.Para ). ( queestautopiasetorne rea lidadeeacriatividadequedesalienadaÇos , bens,incluindo-odinhei ro,nãopodemserprodutos.37 4

Duvecritica,pois,aingenuidadedeBeuys,nãonoseuprograma-artís tico,masnoseuideáriopolítico-económico,queacabaporfragilizar - apers petivada utopia do poder da arte.Atéquechegueanovaordem,dinheiro écapital,nãocriatividade.Nemtodossetornaramartistas,eomercadoda artecontinuaetratarcomoprodutosaproduçãoexsudadapalacriatividad 4 74 daquelesquereconhececomoartistasprossionais. Ç Raros,também,ounenhuns,seriamjáproletários,fossemhomensou atéartistas,mesmoassumindoperscríticosdadaístas,conceptuaisouem especial os situacionistas que, segundoThomas McEvilley, merecem ata 57 4 queporpartedosmarxistas.Segundoele,ocasodaexpulsãodoGrupo SPUR,umcoletivodepintoresdeMunique,pelossituacionistasem-0691 ,16exemplica a existência de um forte sentido anti-arte e anti-artista, já que seriam potenciais aliados do espetáculo a evitar para desalienar a sociedade.Talcomoosdadaístasempara , 91 quemaclassicaçãocomo artistaéinsultuosa,tambémparaDebordaarteéumaatividadepouco ho norável.Aliás,umaposiçãoextremanessalinhaéaabdicaçãototaldequal 674 queratividadeartísticaquechegaaserdefendidaapósoMaio greveÇ , 86 criativaqueacaba,tambémporserconsideradaumgestoartístico. Assim, ao concederem uma hipotética certicação como artista a qualquerpessoaqueodesejasse,osdiplomasdoGrupoAcreimplicam,pois, não apenas o que pode servisto inicialmente como uma medida simplista dedemocratizaçãoeumavontadenaïfdeproletarização,mastambém,de certomodo,umanegaçãodaecáciadopoderassimconseguido.Ouseja, preguramumambíguo statementanti-artequeacabaporturvarosentido utópicoque,àpartida,parececaracterizaraação. Talvez também por isso tenha sido difícil a Clara Menéres e Lima Carvalho otraçado das ações seguintes a essa. Nesse percurso datam-se confusamenteasgravurasderua,açãodiscretaededataincertae,nesse sentido,desentidoopostoaoimpactopúblicodaocupaçãodopalacetepara

37 4 4 74

754

674

Ibidem. Idem,p.. 95 McEVILLEY, Thomas (20 5). The Triumph of Anti-Art. Conceptual and Performance Art in the Formation of Post-Modernism. NewYork: McPherson & CompanyPublishers, p. 3 7. AlainJoufroy,segundoMcEvilleynaobracitada,p.e93 notadap..35

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instalarum museu de arte modernanão ( de arte contemporânea, note-se adiferença)E,. depoisdisso,ogrupocanumaespéciedeletargiadurante maisdeumano,atéreaparecercomnovidadesnasCaldas. O projeto do museu é paradoxal de intenções louváveis, nomeadamente no sentido da materialização não da utopia da cidade partilhada mas,maisparticularmente, utopia da de um lugar em comumparaosartis tasembora ( talveznãoparatodos,convenha-se).Masse,obviamente,não éexemplardopontodevistautópiconumaalturaemqueoprópriosentido dessemuseu,apesardemuitobadalado,estáinsucientementeamadure cidoeserevelacontraditório,embrevesurgemaisdesenvolvidoecumpre possíveisrequisitosparatal.NotextodeSaletteTavarespublicado - nodest cáveldarepresentaçãoportuguesaXIV à Bienal de S. Paulo,háaspetoscon vincentesajusticaroprojeto,nomeadamente:objetivos;perldomuseu; implementaçãonoespaçocomnalidadesecológicasÂarmaçãodeum corredorverde que daria continuidade aovale deAlcântara, defendido por Gonçalo RibeiroTelles no mesmo documento, ligando ao Parque Eduardo VII,quedeveriarecuperaronomeParquedaLiberdade,previstoeme1019 2 quandodoadoàCML;compromissospatrimoniaisÂusodaCasaVentura Terra na rua Marquês da Fronteira, propriedade da família Mendonça e já proposta para classicação pela AICA, e afetação da Penitenciária, cuja planta em estrela poderia adequar-se a uma casa da Liberdade; tópicos programáticos com inclusão de uma zona atenta ao Design; necessidade decriaçãodeumaequipaparaumprogramademaiorpormenor;omodelo possíveldoMuseuKröller-MüllerdeVanderVelde 7 4 etc. , Por diversas razões, não da ordem da utopia, mas da realidade, o GrupoAcreacabaporpersonicare,decertomodo,assumirofalhançoda consubstanciaçãodedecisõesaquente,precipitadas.Tambémécertoque, emcontextosrevolucionários,sãoaçõesassimque,muitasvezes,marcam ahistóriacomavançoserecuos. Poderiaterresultado?Talveznão,outalvezsim. Ora se, neste caso de pragmatismo questionável parecia principal idealdeumespaçocomumparaosartistas,asaçõesseguintespodem - im plicaras utopias da memória e da História.

74

329

TAVARES,SaletteCarência .)7 91 ( deumMuseudaArteModernaemPortugalÇ. In CASTRO, E.M. Melo e org) ( . ), 7 9 1 ( Representação portuguesa à XIV Bienal de São Paulo / XIV Bienal de São Paulo. S. Paulo: MNE/SEC/SNBA/AICA/FCG Ministério ( doNegóciosEstrangeiros/SecretariadeEstadodaCultura/Sociedade NacionaldeBelasArtes/AssociaçãoInternacionaldeCríticosdeArte/Fundação CalousteGulbenkian)s/ , n. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Nos Encontros Internacionais de Arte de, ambas 7 91 as obras do Grupoalirealizadasaspiramaumcarácterpermanente,enquantoas - ante rioressãoassumidamenteefémeras. O Monumentoaode 61 Março implicasobretudoamemória,pois - ob viamenterendehomenagemaumdosfactosqueantecedemarevoluçãoe apreparam,tentandoxá-lonoespaço.Aformadeumaespéciedejardim vislumbra-senasvaretasférreasqueserepetem,ascendendodosolocomo caulesagerminarem.Quandosustentamcaracteresadizerapenase061 -3 sugerem , Ç 74 aescritademaistextopossível. EapeçadevolveopresenteaumantesÇdarevoluçãopropriamente dita,comoquearmandoqueestaaindanãoteriacomeçado.Anal,ecoam aindaaspalavrasdeSérgioGodinhonacançãodea : 74 91 paz,opão,habi tação,saúde,educação,sóháliberdadeasérioquandohouver. .Ç. Porcoincidênciacuriosa,éumjardimquepermitenoséculoXIImanter aesperançaaJoachimdeFlore,mongebeneditinoquedesenvolvenochamadojoaquinismoÇumarepresentaçãodotempoquealudeaofuturocujos 87 4 contornos são antecipadamente desenhados por homens espirituais . E em quase todas as cosmogonias o jardim associa-se simbolicamente a ideiasdeparaíso,fecundidade,poderhumano,sonhoerenascimentoreal, 97 4 metafísicoemístico . Adestruição da obra do GrupoAcre pelo grupo de vândalos revela, dapartedestes,nãoapenasadesvalorizaçãodaquela,mastambém,muito provavelmente,asuaintuiçãoprofundadessesignicadodepromessa,daí asuanecessidadedeespezinhar,comonumjardim,opotencialfuturo. TambémaplacaaD.Sebastiãoassumeumaobjetualidadequerevela desejodepermanência,segundoconvençõesformaisemateriaismuito tra dicionais.Mas,desaparecidamalfoicriadaeme7 91 sómuitosanosdepois recuperadaem ( ,810como 2 atrás se conta), a lápide como objeto parece destinadaatornar-se,talcomoalendaquerepresenta,igualmentefantas mática,emboraomitotantasvezesprecariamentematerializadopossadela e da sua presença interrompida evolar-se a partir da parede da casa das CaldasdaRainha,fazendoahistóriavoltar. Peçadiscretacujosentidovaialémdameraironia,constitui,defacto umainteligentealegoria,tambémassimtomandocontornosdeobjeto me diadordeumautopiahistórica.Éorei-menino,oguerreiroderrotadoque,

87 4 97 4

RIOTeSARCEY,Michèle;BOUCHET,Thomas;PICON,Antoine.)7 0 2( Dictionnaire des Utopies.Paris:Larousse,p.. 921 CHEVALIER,Jean;GHEERBRANT,Alain.)2891 ( Dictionnaire des Symboles.Paris: ditions É Jupiter,p.e5135 .43

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anal,nãomorrenumabatalhalongínquaafricana, ( ultramarina),masque também não regressa são e salvo para, porsua vez, acudirao destino de umpovocondenadoàperdadaindependênciaedagrandiosidadeimperial. Resta,comohipótesedesalvação,apossibilidadederenasceremqualquer casa,emtodooladoquesequeira,porexemplonaterra-berçodeumfuturo Zé-PovinhoÇ.Umaplacaqueassinalaalioseunascimentoéquantobasta paraqueaHistóriaserefaçaouseesconjure. O toposé,deresto,umaquestãonãopoucoessencialnestaobrapois ela,seporumladopodesertidacomosite-specic por , outroimplicaacon dição nómada, a indeterminação do lugarque a obra dene e caracteriza quandoalicolocada,oquenãoéforçosoqueaconteça.Estemito,estenos somito,diz-nosessaplaca,nasceondequisermos,comoumautopia - invo cávelaqualquermomento. Aodizê-lo,nãosetrata,contudo,apenasdeumareiteradarimanos tálgica sobre um passado perdido, mas da rearmação de uma disjunção denitivadosujeitoaqui ( individualecoletivo)peranteasuaimagemrevi numcorpocomunitárioemquesedeixadeacreditarouquesetorna-me nosdesejável.Ouseja,estaobraelaborasobreaperdaetrabalhaolutotão longamentequeoconverteemmelancoliaprofunda,mesmoqueestapossa ganharexpressão, sem sintomas de depressão convencional, em diversas estratégiasdesobrevivênciaontológica. Defacto,noquadrodoregressoànormalidadeÇÂouseja,doanti clímaxutópicode  umpaís,dasuasociedadecivile,nesta,dasfrágeis-co munidadesartísticas,tudopareceaconselharcontençãodosfeitosdesi revolucionário,dasaçõesvanguardistasedasapostascentradas emhi tesescomunitárias,cansativas,menosconvenientesemenosmotivador Mesmoasobrevivênciadoartistapareceemrisco,anãoserque - re tomeposturasmaisconsolidadasereassumaasuavocaçãoindividua litária.isso É quefazem,apartirdeentão,ClaraMenéreseLimaCarvalho, mesmo que com recaídas noutras tentativas posteriores de projetos com perscoletivos. Porexemplonessaaltura,ErnestodeSousaexplicaamáreceçãopelo público em Lisboa no ( Museu Nacional de Arte Antiga) do LivingTheatre como retoma do provincianismo baseada na incompreensão ocidental do excesso de proximidade corpo-a-corpo em sociedades que se esforçam por esquecer o corpo ou, na impossibilidade, por ocultá-lo e reprimi-lo o 084 maispossívelÇ De . facto,emPortugaltinhahavidodepoisdeuma 74 vaga

084

331

DESOUSA,ErnestoThe .)7 91 ( LivingTheatresempre  inadequadoÇ. Artes.Nºjunho, ,3 p.Lisboa: .3 FundaçãoCalousteGulbenkian.

Colóquio

CONSIDERAÇÕES FINAIS


de libertaçãoe( até algum sentido libertino), mas até isso parece estar a entrarnos eixosÇ, pelo menos em alguns aspetos davida pública. Quando as ações do grupo liderado porJulian Becksão criticadas como- ultrapas sadas, Ernesto de Sousa, responsável pelo seu aparecimento anterior na Alternativa Zero,insurge-se.Erefere-se,obviamente,àdimensãocorporal valorizadanosanossessentanaculturaocidental,comalibertação docor poearevoluçãosexual,masextrapolaaideiaparaarelaçãocomooutroÇ, sendoesteumhipotéticocorposimbólicocomum,noqualtambéma - par ticipação, como estratégia artística, deixa de fazer sentido a não ser que teoricamente,ouseja,melancolicamente. Há,certamente,muitosoutrossintomasexpressivosdaperda - doim pulso e sentido comunitário nessa fase do processo pós-revolucionário e, nessesentido,podefalar-sedeumprocesso distópicoagoraemcurso. Eaícabe, , possivelmente,aúltimaobradoGrupoAcre,sintomatica mente uma lápide toponímica, vagamente tumular.Aqui nasceuÇ, arma, assimalinhandonainverdadefactualumasucessãodeconsequências pos síveisdeeminentereverberaçãocontrautópica. Emboraalápidelátenhaestadoporpoucomaisdoqueumashorasa sugeriraxaçãodeumahistória,aconjurarumapresença,odesejadonunca regressa.Aplacadesaparecee,mesmoqueissonãoacontecesse,ofantas macontinuaaperder-seali,napraçadasCaldasdaRainha,ouemqualquer outrolugarporventura,incluindonaneblinamatinaldaqueleolivaldoNort queseinventanoiníciodestetexto.Edevolve-se,pois,atodososnevoeiros futuros em Portugal, onde continua a permanecerescondido. Permanece enubladaaverdadedahistória,entreacçãoeodesejo.Subsisteconfuso oquefoi,oquepoderiatersido,oquedeveriaser,tornandoocorpodomito associadoaocorpoporreaverdoreiperdidoe,comocorpodeumaderrota, irresolvido,velado,comose,anal,nuncativesseacontecido. OutraequaçãopossíveldostraçosutópicosnaidentidadedoGrupo Acreéomodocomocessaassuasatividades,semseparaçãodosmembros dogrupo,suspendendoprojetos, sem conclusão. Depois de, os 7 91 tempos são, rapidamente, outros, com ou sem Kissingerporali.Vêmosanoso , 08 impériodabolsa,os yuppieseoliberalismoeconómico.Segue-seMaastrichteafundaçãodaUniãoEuropeiaem e,39 1 poucosanosdepois,umanovaguerrasangrentaaoladodoAdriático Kosovo/ ( Bósnia)rasgacicatrizessuspeitasnaEuropaenquantoaprofunda mudançadeparadigmasimplicadospelainformatizaçãoepelainternet mo delamomundodoséculoXXI. O GrupoAcrefaz parte da última utopia do séculoXX, a Revolução dos Cravos em Portugal em. É resultado 74 91 dotempo devárias utopias GRUPO ACRE FEZ

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associadasàideiadeliberdade:daparticipaçãodemocrática;daiguald darazãodopovo;dautopiasocial;dopoderdaimaginação. Certamentequeéumgrupoqueresultadoperlepapeldecadaum dostrêsartistas,umcoletivocujaidentidadenãoprescindedos pers renciadosdecadaum.ApassagembrevedeQueirozRibeiromarcaprofun damenteasaçõesemqueparticipaeasuapresençafazfaltaquandode saparece,massubjazresidualmentenadeterminaçãoconceptualdogrupo enadepuraçãoformalqueasobrasdasCaldasrecuperam.Opercursode ClaraMenéres,vincadoporumacertatensãoentreodesejodearmação individual como mulhere artista e o sentido de pertença em comunidade, sobacrençadequeoseupapeldeintervençãopodeseratuanteedistintivo, nãopodeextirparasuaparticipaçãonogrupoque,porsuavez,éimpensável sem ela. E, se Lima Carvalho é um dos mais criativos inventores de ideias paraaçõesdoGrupoAcreeassumedepoisumaviapictóricamaiseróticae vigorosa,tambémintegranaexplosãodosesquemasformaisumcerto - pen samentodesconstrutivoassociadoàsuapassagempelogrupo,ecolabor emlmesdeRochadeSousa,quedeclaramvocaçãoperformativa. Masaidentidadeprofundadogrupoemmuitoadvém,semqualquer dúvida,dotempoemqueestáoperativo,queofaznascerequelhedárazão deser.Depoisdisso,nãoparecefazersentido. O Grupo Acre dura pouco, de facto: pouco mais de um ano na sua constituiçãoinicial,menosdetrêsanosdepoisdamortedeAlfredoQueir Ribeiro. Em parte, poressa perda, mas também pela intensa voragem do seutempodevidacomogrupo,subsistemsemnuncaterempartidoacara unsaosoutros,semsedividiremempequenosgruposdeesquerda-edirei ta, semterem durante essetempo nomeado entre si um presidente e um 184 secretário perpétuoÇ, como diz Eça sobre o grupo dosVencidos daVida . Defacto, o GrupoAcretalvez nãotenhatido destino idêntico àquele, pois se, como eles, não logra salvaro país, apesardisso da sua ação resultam obrasconjuntasqueultrapassamdelongeomeroprazerdoconvívio, - ques tionando a possibilidade de uma arte revolucionária com sinal contr

184

333

EçadeQueiróssobre Os Vencidos da VidaConde ( deFicalho,CondedeSabugosa, Bernardo Pindela, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Luís Soveral, Carlos Lobo devila, Á António Cândido, Carlos de Lima Mayer, e honorários como Antero de Quental, D. Carlos, Maria Amália Vaz de Carvalho). O Tempo. 92 de março de,Ano 98 1 I, nº.48 Apud ORTIGÃO, Maria João.)Eça 01 2( de Queirós e Ramalho Ortigão entre a Geração de Setenta e osVencidosdaVidaÇIn . DIAS,FernandoRosa;QUARESMA,JoséCoord. ( .) 01 2(,) Chiado. Efervescência Urbana Artística e Literária de um Lugar. Lisboa:FBAUL/ CIEBA,p.e665 .1 CONSIDERAÇÕES FINAIS


hipótese de uma arte salazarista indagada ( porArtur Portela) ou mesmo correspondenteaofascismoportuguês. Etalveztenhamestadomaispertoderealizaralgumaintervenção - so cial,políticaeutópica. Noseucasosão,enm,vencidospelotempoqueseencarregadefa zeredesfazerutopiasedistopias. Otempo e o grupo desmaiam a par, na estabilidade e institucionali zação do processo revolucionário e, com eles, suspende-se o pensamento utópicoeabafa-seapaixãomaisarrebatadapelacrençanummundome lhor.Daquiemdiante,éotempodetodasasmudançasdentrodoquadrodo realismo,dopragmatismodes/empenhado,docinismovindouro. Ese,depoisdosanosse , 09 constatanomundoumacentuadomovimento coletivista dos artistas etambém em Portugal há recrudescimento dessatendência,elaarma-sediversamentedalinhautópicadoscoletivos do período revolucionário. NaBienal de Veneza de ,59 1 uma exposição mostramesmoretratosdegruposdeartistas,comalgumenfoquehistórico queincluiexpressionistas,surrealistas,etc.uma É curiosidade,talvezpo maisdoqueisso. Mas,na II BIACS (II Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Sevilha) em,80 2o ênfase conferido à ação de coletivos artísticos já é, sobretudo,desinalpolitizadonumalinhamulticulturalista - edecrític colonial. Maisrecentemente,aproliferaçãodosformadosemartepelas - es colaséacompanhadapeloqueparececonstituirumaexpansãodosmodos deassociaçãoformaleinformaldeartistas.Contudo,maisdoquecoletivos decriaçãoartísticaembora ( existamtambémcompropósitosativistas)as , dinâmicas conjuntasvoltam-se agora principalmente para a incubação de redes de apoio à produção, independentes ou institucionalizadas, que in cluem a gestão de espaços de ateliere exposição comuns ou partilhados, aimplementaçãoderesidênciasmaisoumenostemporáriasqueapoiama uidez da circulação nacional e internacional dos jovens, a construção de projetoscomâncorasmaisoumenoslocaisoucomteorpolíticocapazde obterapoiosenanciamentosinstitucionais.Emresumo,oempreendedo rismotomalugarecrescenosmeiosartísticos,aproximando-seosateliers dasincubadorasÇcriativasvoltadasparaasmaisvaliasdo - mundoempr sarial,cruzando-sediferentesgrausdeingenuidadeefriezacalculista. Em, ano 7 91 da última obra do grupoAcre, podeterhavido nos so nhos de um antigo sacristão um automóvel amarelo como afaixa daTorre dosClérigosque,depois,desuspensa,jazempedaçosnumolivalalgures. Por coincidência, um outro automóvel circula então na nossa memória e imaginário,umanfíbiobrancoqueemergedomaremplenapraiacheiade banhistas,depoisdelançarumacortinadefumosobreosinimigos;aolado GRUPO ACRE FEZ

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dasuabelacompanheira,Agente 70 Irresistívelsacodeáguaecaranguejosaoafastar-sedali,paraexercermaisadianteoseuheroísmoplasticado. 7 91 é, também, o ano em que morre Charlie Chaplin, a 52 de de zembro. Com a morte daquele autorem6391de Modern Times,nda-se simbolicamente,porventura,aépocamodernaemPortugal.Depoisdomo dernismoque,nonossopaís,podeterculminadocomarevoluçãode, 74 91 fecha-se em 7 o intermezzo utópico se ( quisermos pensar com Fredric Jameson 284 .) Verdadeiramenteheroico,éintensoedurapouco. Masdeixafactos.Eecos.

284

35

JAMESON, Fredric.) 40The 2( Utopian EnclaveÇ. Utopia.Cambridge/London:MIT/Whitechapel,p.e796 .5

In NOBLE, Richard.) 40 2(

CONSIDERAÇÕES FINAIS



EPÍLOGO

Portanto, talvez tenha existido o olival ccionado no início deste texto. E talvez,porventura,aindaexista. Ou talvez, entretanto, esse olival tenha sido incluído numa área de exploraçãoagrícolamaisamplaemodernizada,porventurabiológica,como umdosprojetosemque,foradocampoartístico,ClaraMenérestambémse empenhanosúltimosanosdasuavida.Longedaalçadadoantigoproprie tárioourendeirodoolivalondesevislumbraoplásticoamarelorestanted ta naTorre dos Clérigos, o sacristão de então provavelmente já falecido, quiçá produz-se agora de modo racional um certo azeitevendido em em balagensrevivalistasnuma gourmet loja nocentrodoPorto,ondelaivosde amareloimpressosnorótulo vintageevocamosoldesejável. Ouentãooolivalfoi-see,noterrenodele,existeumnovobairrodaci dadequeinvadeosarredores,oujazoasfaltodeumadasnovasviasrápidas que provocam celeuma porque implicam pagarportagem. Ou talvez tudo tenhaardidonalgumVerão. A névoa, essa surge certamente, de tempos a tempos, onde quer queseja. Possivelmente,comasgeraçõesmaisnovas,omitodeD.Sebastião eosseusfantasmassucedâneos,dequetalvezosmilitaresdeabriltenham sido uma encarnação benfazeja, deixarão de se esconderno nevoeiro, po dendocomumsimplescliquesairdoavessodalisatranslucidez - dareal dedigital. Emtudoissoe,também,nanossamemória,talvezoespíritodoGrupo Acreassimpersista,noardotempoemqueasutopiasresistemeemque, entretanto,germinamnovasmudanças. Noventoquequaselhesdeunome,ounumaténuebrisa,couescrito comeles,paratodososefeitos: GrupoAcrefez.

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EPÍLOGO


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358


ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Cooperativarvore. Á Estatutos na ( fundaçãodacooperativa)Capa . epágina.1

P. 27

Figura 2 JoãoCutileiro. D. Sebastião. .37 91 Fotograadaautoradotexto.

P. 35

Figura 3 ClaraMenéres. Jaz morto e arrefece o menino da sua mãe. Gesso .37 91 policromadoebasedeaçorebitado, cm. 56x012 9

P. 36

Figuras 4 e 5 LimaCarvalho,pinturasde.3691 esquerda, À óleos/tela,coleçãoparticular. direita, À fresconoCafédeS.Lázaro, Portodestruí ( do).

P. 43

Figuras 6 e 7 LimaCarvalho,pinturasdosanos. 0 7 esquerda: À Sociedade de Consumo. leo Ó .27/1 9 s/tela,cm. 5,2 1x5, 7 41 ColeçãodaFundaçãoCalouste Gulbenkian;àdireita:Pinturade.17 9

P. 44

Figura 8 LimaCarvalho.Des-enlace. leo Ó .6891 s/tela,cm. 571x09 Coleção FundaçãoCalousteGulbenkian.

Figura 13 AlfredoQueirozRibeiro. Pessoas Que Eu Sei.N.d.ColeçãoFundaçãoGulbenkian.

P. 53

Figura 14 AlfredoQueirozRibeiro.Cartaz daexposiçãonaBluecoatGallery, Liverpool,.37 91

P. 54

Figura 15 AlfredoQueirozRibeiro.Cartazda exposiçãonaCooperativarvore. Á . 74 91

P. 54

Figura 16 P. 55 AlfredoQueirozRibeiro. Numa semana só, ou ( .17 9 Fitas cor de rosa nela,segundo ocatálogodaexposiçãodaFCGde.)37 91 m. 7 ,2x5 Ferro.ColeçãodoMuseu NacionaldeSoaresdosReis,emdepósito naFundaçãodeSerralvesMuseu  deArteContemporânea. Figura 17 AlfredoQueirozRibeiro. O Sr. M e eu éramos grandes amigos..17 9 Ferropintado,cm. 0 3x 8 Coleçãoda FundaçãoCalousteGulbenkian.

P. 56

P. 46

Figura 18 MovimentoDemocráticodosArtistas Plásticos. A arte fascista faz mal à vista.de 82 maiode. 74 91

P. 62

Figura 9 ClaraMenéres. Relicário.. 96 1 Poliésterecaixademadeira.

P. 47

Figura 10 ClaraMenéres. Pelashoras 42 deontem, na estrada de Sintra.. 74 91 Ready-made.

P. 48

Figura 19 P. 64 Vistaparcialdopainelrealizadopor iniciativadoMovimentoDemocráticodos ArtistasPlásticosnoMercadodoPovo deBelém,ade 01 junhode. 74 91

Figura 11 ClaraMenéres. Concha de Vénus.. 7 91 Gessopolicromado,cm. 05x 6 8 Figuras 12 ClaraMenéres. Mulher-Terra-Viva.. 7 91 Emcima,primeiraversãonaexposição Alternativa Zero,GaleriaNacionaldeArte Moderna,Lisboa;acrílicoemadeira,terra erelva,cm. 061x 72 08 Embaixo,versão deexterioremgrandesdimensõesna BienaldeS.Paulo.

359

P. 66

P. 50

Figura 20 ClaraMenéres.. 74 91 Homenagem às vítimas.MercadodoPovodeBelém, de 01 junho.

P. 67

P. 51

Figuras 21 O Funeral do Museu Soares dos Reis,Porto. Figura 22 GrupoAcre. Manifesto da Anti-moderação.. 74 91

P. 71

ÍNDICE DE FIGURAS


Figura 23 GrupoAcre. Desenho esquemático do projeto para a Rua do Carmo, Lisboa.. 74 91 Técnicamistas/papel,formatoA3.

P. 78

Figura 34 GrupoAcre.Esquemadoprimeiromapa detampasdeesgotoparaoprojeto Gravuras de Rua.. 74 91

Figuras 24 GrupoAcre. Intervenção na Rua do Carmo. Lisboa,agosto,. 74 91

P. 80

Figuras 35 P. 107 GrupoAcre.Fotograasdarealizaçãodas Gravuras de Rua.Lisboae774 91 .5

Figura 25 GrupoAcre. Intervenção na Rua do Carmo. Lisboa,agosto,. 74 91

P. 82

Figura 36 P. 108 GrupoAcre.Umadasgravurasnointerior doautomóveldeClaraMenéres.

Figura 26 GrupoAcre. Desenho de Lima Carvalho dosistemaparapuxaratanaTorredos Clérigos.Esferográca . 74 91 sobrepapel, formatoA4.

P. 88

Figura 37 GrupoAcre. Gravura de Rua.Réplica impressaem.8102

P. 109

P. 113

Figura 27 GrupoAcre.Versãoprovisória docomunicadoparaacompanhar aintervençãonaTorredosClérigos. Porto.. 74 91

P. 90

Figura 38 GrupoAcre.Umdos Diplomas de Artista realizadospeloGrupoAcre,naGaleria Opinião,Lisboa..57 91

P. 114

Figura 28 GrupoAcre. Comunicado nº1 da intervenção na Torre dos Clérigos. Porto.. 74 91

P. 91

Figura 39 JostAmman. Quibus eo sane Ordine Doctrina. Xilogravura. .2751 cm. 4,61x7 ,12

Figuras 29 P. 92 NabasedaTorredosClérigos,Alfredo QueirozRibeiroePedroRocha.Na balaustrada,ClaraMenéresedois ajudantessuspendem-na.Maistarde oescultorde ( costas)assinapeloGrupo Acreatajásuspensa. Figuras 30 GrupoAcre. Fita.TorredosClérigos, Porto,. 74 91

P. 93

Figura 31 P. 94 AintervençãodoGrupoAcrenaTorredos ClérigosnoartigonOPrimeirodeJaneiro. Figura 32 ClaraMenéres. D(EU)S.e774 91T.5 ríptico emchapametálica,pergaminho,cabelo epastadepapel.

P. 102

Figura 33 P. 105 NotíciadofalecimentodeAlfredoQueiroz RibeironoJornaldeNotícias.

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P. 106

Figuras 40 P. 115 FolhetodaGaleriaOpiniãofrente ( everso)por , ocasiãodaaçãodosdiplomas doGrupoAcre,comtextodeErnesto deSousa. Figuras 41 GrupoAcre.Editaisecartazes dedivulgaçãodaaçãoDiplomas de Artista noPorto.Fevereirode.57 91

P. 118

Figura 42 Assinaturaeentrega Diplomas de de ArtistapeloGrupoAcrenaGaleria Dois,Porto.

P. 119

Figuras 43 GrupoAcre.Algumasdaslistas dosdiplomados..57 91

P. 120

Figura 44 P. 121 Umdosartigossurgidosnaimprensa, nestecasonojornalOComérciodoPorto. Figura 45 Fotograanojornal Sempre Fixedacasa ocupadapeloGrupoAcre.

P. 127

360


Figuras 46 GrupoAcre.Croquisdoacessoàcasa aocuparecomunicadonº57 91 .3

P. 129

Figura 47 GrupoAcre. O Grupo “Acre”. Uma arte para toda a gente.

P. 131

Figura 48 Artigonojornal Expresso,de 3 maio de.57 91

P. 133

Figura 49 RevistaArte.Capaecontracapa..6 7 91

P. 144

Figuras 50 P. 146 RevistaArte.Algumaspáginasnointerior. Figuras 51 P. 154 AlternativaZero,TendênciasPolémicas na Arte Portuguesa Contemporânea. Imagens . 7 91 dainauguração,daobrade AlbertoCarneiro,deumaatuação doLivingTheatreeClaraMenéresque cuidadasuaobra Mulher-Terra-Vida. Figuras 52 P. 158 IV Encontros Internacionais de Arte, CaldasdaRainha:ritualdeAlbuquerque Mendesemapaaéreorecentedazona incluindoaPraçade 5 Outubro,aPraçade RepúblicaeoJardim. Figura 53 P. 160 IV Encontros Internacionais de Arte. IntervençãodeNadirAfonsoemfrenteda Biblioteca,vendo-senaassistênciaLima CarvalhoeClaraMenéres. Figuras 54 GrupoAcre. Monumentoaode 61 Março de 1974.A . 7 91 obraemprocesso,ainda porconcluir,comLimaCarvalhoem trabalhonasimagensdecima.

P. 162

Figura 55 P. 164 Umadasnotíciasqueexprimeotomgeral naimprensaescritaDiário ( deLisboa, de 61 agostode.)7 91 Figura 56 Osvestígiosdo Monumentoaode 61 Março,depoisdadestruição.

361

P. 167

Figura 57 GrupoAcre. Descerramento de uma lápide. Montagem de uma escultura. Comunicado ( sobreasobrasnosIV EncontrosInternacionaisdeArte).

P. 168

Figura 58 GrupoAcre.A lápideaD.Sebastião,na fachadadacasa.de 21 agostode. 7 91

P. 170

Figura 59 GrupoAcre. Lápide.. 7 91

P. 171

Figuras 60 GrupoAcre.Reconstituiçãoemda 90 2 obradaRuadoCarmo,deem , 74 91 frente doCentrodeArteModernadaFundação Gulbenkian .

P. 176

Figura 61 GrupoAcre.Conjuntodedocumentos sobreasintervençõesdogrupo,com alápidedena , 7 91 exposição Pós-Pop. Um Lugar Fora do Comum,.8102

P. 178

Figura 62 ClaraMenéres. Condecoração da Ordem O Fazer do Saber..6102

P. 179

Figura 63 ColumbanoBordaloPinheiro. O Grupo do Leão.leo Ó .58 1 s/tela,cm. 6 73x102 MuseuNacionaldeArteContemporânea doChiado.

P. 185

Figura 64 Portugal Futurista.Capadarevista.. 719

P. 190

Figura 65 AlmadaNegreiros. Auto-retrato num grupo.Café ( .5291 ABrasileiradoChiado). leo Ó s/tela,cm. 7 91x03 MuseuCalouste Gulbenkian.

P. 191

Figura 66 AntónioPedro . Manifesto do 1º Salão dos Independentes. . 0391

P. 193

Figuras 67 esquerda: À RevistaPortugalColonial . direita, À .139 capadocatálogoda Exposição de Arte Popular Portuguesa. .6391

P. 199

Figura 68 MapadesdobráveldaExposiçãodoMundo Português . . 0491

P. 201

ÍNDICE DE FIGURAS


dee,1 49 donº1e15 de ,6 Julhode,3491

Objeto .17 9 instalativo,cm. 03x 1 052 ColeçãoArmazémdasArtes,Alcobaça.

AntónioPedro..5391

NikiasSkapinakis. Coleção .17 9 docaféABrasileirado

cartolinas/papel,cm. 5, 71 x 5,42 direita: À cm. 52x 81 MuseuNacionaldeArte

GrupoPuzzle. T. écnica mistas/tela.cm. 692x7 02 ColeçãoMuseu CalousteGulbenkian.

AprimeirapáginadojornalDiário

GrupoPuzzle.

III .6 7 91 . Encontros InternacionaisdeArtedaPóvoadeVarzim. Aspetodaª 2 ExposiçãoGeraldeArtes Plásticas,naSNBA,commarcação dequadrosapreendidospelaPIDE. visí É vel,doladodireito,aobra de , JúlioPomar.Fonte ( https:www. / / jornalmapa.pt//81 0/81 2 um-grande-comicio-sem-palavras/.)

Capaefolhaderostodocatálogoda exposiçãosurrealistadejaneirode. 94 1

GrupoPuzzle. Obra . 0891 . apresentadanoARC,Paris.Coleção GrupoPuzzle.

GrupoCapa .1+5 docatálogodaexposição naSNBA..6 7 91

GrupoFoto .6 7 91 . +5 degrupo. AliceJorge,AlmadaNegreiroseJúlio PomarnoatelierdaCooperativaGravura.

maqueta) ( Ca . Bronze, .2591 cm. 92 × 03 5,4 Museu NacionaldeArteContemporâneado

JúlioPomar. s/tela,cm. 3,10 x5,18 MuseuCalouste Gulbenkian.

GrupoVermelho. de ( 4 .6 7 91 colagens )8 detextosmanuscritosedactilografadoss/ placasemcartãocm. 52x 3

GrupoCoresGrupo / deIntervenção doCírculodeArtesPlásticasdeCoimbra naAlternativaZero,em. 7 91

leo Ó . 7591 .87 91

.87 91

Capaepormenordofolhetodaexposição eGaleriaAlvarez,Porto,.8691

GRUPO ACRE FEZ

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362


ANEXOS

1. Quadros cronológicos 1974 1975 1976 1977 2. Grupo Acre. Proposta para a criação de um Museu de Arte Moderna. 1975 3. Elementos curriculares adicionais dos artistas do Grupo Acre Lima Carvalho Clara Menéres Alfredo Queiroz Ribeiro 36


194 7 No mundo

a J neri o

Uma greev dos minrie os obrg i a o govre no n i glês a tse able rec a m es ana de 3 dias de trabalho.

Ferev rie o

Granada C ( araía b )s torna-es n i den ep dente. O Paqutsi o ã reo c nhec a n i den ep dêna ic do Banglade.hs O Partido Trabalhtsi a n ev ec as le seõçi no Ren i o Unido.

-

Março

a H rold liW o s n é 1º Mintsi ro n i glê;s dias deo p si é reo p ts a a es mana de 5 dias de trabalho no Ren i o Unido. Ernets o Gelesi é Pred is n e te do Brasli .

-

Abrli

Georges Pompd i ou morre m e França no u es gabn i te .e Golda Meri demti .es- Golpe de tse ado na Nigré a i . Reo v luço ã demo cráticaemPortugalpõemàditadura.

Maio

liW ly Brandt demti es- de Chancle re na Alemanha Fedre al. A Índia a f z os rp m i rie os n e a s o i s nucla e res m eb u s- d ec d i os. São abatidos memrb os do Exré tic o Simo ib nês de Lireb taço ã , rapto res de Patria ic a eH rst, n e tretanto rerc utada lep o grupo. a W lter Scleh é Pred is n e te da R. F. Alemã e no dia g es uinte leH mut Scm h d i t é Chancle re . Tito é Pred is n e te tiv alío ic da u J gosla iv á . Gia cs rd D’Ets aing n ev ec as le seõçi a p ra Pred is n e te da França, derrotando Françosi Mitterrand. Léo Tindemans é 1º Mintsi ro da Bélgia c .

-

-

u J nho

ti Y a hz k Rabn i é 1º Mintsi ro de Israel. Pinocteh torna-es Pred is n e te do Chli ,e deo p si de res Pred is n e te da u J nta Milti ar. Isaleb Peron é Pred is n e te da Argentina.

u J lho

Fim da ditadura milti ar na Gréa ic .

Agosto

Nio x n é o f rçado a demti ri ,es- na u qes n ê a ic do rp oco se a W tergate. Gerald Ford é Pred is n e te dos EUA. A Turqua i n i a v de oChipredepoisdosconitosapósogolpemilitarquedepõeo Arco psibe P / red is n e te Makariu.s

Setm e rb o

Somoza é rele tie o na Nia c rágua. Os EUA tse able m ec relaçseõ dilp omáta ci s o c m a Alemanha de Lets .e Ford n i dulta Nio x n de todos os rc m i se u q eo p a s ter o c metd i o nos u es s mandatos. HaileSelassie,imperadordaEtiópia,édeposto.

Outubro

Inia ic a m ic rie a rá abe m e Rabat u q e reo c nhec a OLP o c mo n ú i a c rerp n es tante do o p o v a p lets n i o.

Novm e rb o

As Naçseõ Unidas reo c nhm ec a n i den ep dêna ic do Chrpi .e A rf Á a ci do Sul é u s n eps a s das Naçseõ Unidas m e riv tude da u s a políticaracista.OsEUAreconhecemodireitodaPalestina àso reb ania deo p si de Yasres Arafat diu cs rsar na ONU no dia 13.

Dem ez rb o

Léo Tindeman, 1º Mintsi ro leb ga, é deg is nado lep a CEE a p ra estudar a unicação política da Europa. Malta torna-se uma relbúp a ci .

-

Política

NOTA

GRUPO ACRE FEZ

1974–77

364


Abre o aeroporto de Dallas, o maior do mundo.

Março

Um DC10 turco a c i rep to de Paris rp ovoa c ndo mais de 300 mor tos. É n i augurada a o p nte u q e liga o Rio de a J neri o a Nitre .ió Abre o aeroporto Charles de Gaulle, o maior da Europa.

-

Maio

Sim s o na Chn i aa c usa 20 mil mortos. Ttse se nucla e res no deres to do Nea v da o p r amera ci nos e n i gle.se Morre Duke Ellington.

-

u J nho

A mio ãs da Soyuz 14, nave a pse a ic l rusa s ,ém eb u s- d ec d i a. usado nos EUA o rp m i rie o d óc g i o de a b rras. A Igrea j Epo csi a p l tem, nos EUA, a rp m i rie a a s rec dotia s . Mia hk l Baryn hcs o ki v abandona a URSS.

É

u J lho

Eddy Merxkc n ev ec a Volta à França m e lci b te a.

Agosto

Inundaçseõ no Bangladehs a f m ez mais de 200 mortos.

Setm e rb o

Furaco ã arrasa as o H nduras o c m mais de 10 mil mortos.

Outubro

Dmitri Shots akohciv tse rea i m e Lenn i g e rado o u es 15º u Q arteto de o c rdas.

Novm e rb o

o J n h Lennon atua m e a p lco lep a lú tima .zev É deo cs reb ta Lucy n ( ome dados aos rets os u h manos o c m mila h res de anos) na Etia ipó o p ra p leontólogos.

Dem ez rb o

Os Beatles a pes ram-es legalmente. É o c mera ic lia z do o Altair .08

Le Carré;) A ( gatha Chrtsi ;) ei G ( abrlei Garca i Máru q ;)ze P ( ablo Neruda);

n ieH( rihc Böll); u J ( lio Cortazar); V ( ladimri Naboo k ;) v G ( o e rges Per.)ce

Múa cis :

No mundo , um o J( n h

Cultura e outros factos

I ShotThe Sheri3

-

São rp m é o i Noble da Paz Eia s o k Satoa J( o ãp ) e Sean MacBride I( rlanda) ,e m e litre atura, os u s o ce s Eyn iv d o J n h o s nea H rry Martino s n. Sten ehp a H n ikw g rp o eõp a nova teoria dos u b racos negros. Ttse se nucla e re,s ao longo de ráv o i s me,se m e ráv o i s locasi do mundo, lep os EUA, URSS, França, te .c Invn e o ãç do o c nvre o s r de n e re gia de ondas marítm i as.

194 7

a J neri o

365

ANEXOS


u J nior

The a eH rt Of Saturday Nigth You’re The Firts , The Last, My Evre ty n ih g Apots ropeh

Todos Somos Ladrõse ; O FantasmaDaLireb dade

Balbrú dia No Oets e

Frankn e ts n ie

Garganta Funda II O Medo Come A Alma Frankn e ts n ie / O Monstro Do Infre no Torre Do Infre no ;O Enigma De a K a ps r a H usre Emmanuelle As Mil E Uma Noitse O Fantasma Do Paraío s Chn i atown Peru f me De Mulhre áJ Não Mora Aqui As Nove Vidas Do Gato Fritz Paio ãx

Cultura e outros factos

No mundo

194 7

The Colours Of Chloë Can’t Get Enough Of Your Love You a H n ev t’ Done Nothn i g

GRUPO ACRE FEZ

1974–77

36


194 7

A Bin e al de Vena ze , o s b diro ãçe de Carlo Ria p di Meana, não aprn es ta a a h tib ual Exo p o ãçis Internaco i nal de Arte, mas abre m e outubro de 194 7 ráv a i s manitsef açseõ artíts a ci ,s teatro e n ic m e a deda ci das ao Chli ,e o c mo gets o de o s lidarid e ade o c ntra o a f m sic o do Golpe Milti ar de tes m e rb o do ano antero i r.

Chris ( Burden); e Howard ( Hodgkin); Richard ( Long); Maria,e774 91 ;)7

Artes visuais

Paris); / Giuseppe ( Penone);

: Vito ( Acconci); William ( Anastasi); Carl ( Andre); Joseph ( Beuys); e James ( LeeByars); Dan ( Graham); Raoul ( Hausmann); Anselm ( Kiefer); Hayward ( Gallery, Londres); Walter ( De Musée ( DArtModerneDeLaVilleDeParis); Hayward ( Gallery,Londres;MuséeNationaldArtModerne, Nam ( JunePaik); Gina ( Pane); Hannah ( Wilke,e874 91 .)2

No mundo

Aarte da performance mais centrada nasicalidade da bodyarteexemplicada ( em Carolee Scn h m e an) atinge o auge e n i a ic es- um rp oco se de abandono de alguns artits as: é o ano de Chris ( Burden), de Hans ( Haacke), de Judy ( Chicago, até) e97 1 decorre Mary ( Kelly,e737 91 .) 9

367

ANEXOS


194 7 Portugal Política

25 abrli

Golpe milti ar — Reo v luço ã d “ os Cravo.” s O aeroporto e os a b ncos o ãs n e rec rados.

26 abrli

Rendio ãç da PIDE/DGS. Aprn es taço ã da u J nta de Salvao ãç Naco i nal ao a p sí atravsé da telo ãsive . Marcle o Caetano, Améro ci Tomás e outros le m e n e tos afte os ao antigo regm i eo ãs n e a iv dos a p ra a Maderi a o p r ordem do MFA. Lireb taço ã dos rp o se s o p líto ci s de Caxa i s e Pen.ehci

27 abrli

Aprn es taço ã do Programa do Movm i n e to das Forças Armadas.

28 a 30 abrli

Regreo s dos lídre se do Partido Soca i lits a M ( rá o i Soare)s e do Partido Comunits a Português lÁ( a v ro Cunhal). Os a b ncos e o aero o p rto rearb m e a 29.

Maio

Fundaço ã do PPD P ( artido Popular Democrtá o ci , u f turo PSDPartido Soca i l Democrtá o ci .)

1 maio

Manitsef aço ã do 1º de Maio, m e Lio bs a, o c m rec a c de .05 0 o sep as. Outras grandes manitsef açseõ deo c rrem nas rp n i a pic si d ic ades do a p .sí

4 maio

Manitsef aço ã de o b o ci te ao m e a b rque de o s ldados a p ra as o c lóna i s o ( rgania z da lep o MRPP), o c ntra a manuteno ãç de milti ares m e terri tóriosafricanosaténaldasnegociaçõescomvistaàindependência dos mem s os.

6 maio

Propots a de a sec r-o f go o p r Portugal aos movm i n e tos naco i nalits as das o c lóna i s afra ci nas.

15 Maio

Pred is n e te da Relbúp a ci o Genre al Antóno i Spn í ola, le tie o lep au J nta de Salvao ãç Naco i nal. 1º Govre no Provrósi o i : 1º Mintsi ro, Adeln i o da Palma Carlos.

20 maio

Améro ci Tomás e Marcle o Caetano a p rtem a p ra o líxe o i no Brasli .

25 maio

Inío ic das o c nvre a s seõç o c m o PAIGC a p ra a a p z na GuinB -é a si u.

27 maio

Primrie o Saláro i Mínm i o Naco i nal: 330.0$

Maiou j- nho

ConitoslaboraisemgrandesempresasportuguesascomoLisnave, Tim,xe CTT. Inío ic do movm i n e to o p u p lar de ocua p seõç de a c a s s dea s tib adas u q e dura ráv o i s me.se A u J nta de Salvao ãç Naco i nal legaliza, em 91 de Maio, ocupações já vericadas e proíbe novas ocua p .seõç

6u j nho

ConversaçõespreliminarescomaFrelimo,emLusaka,comvistaà n i den ep dêna ic de Moçambu qi .e

12 e 22 u j nho

Abertura às mulheres das carreiras de magistratura- judicial, mi nits ré o i lbúp o ci e u f nco i náro i s da u J ts a çi e a c rreri a admintsi ratia v local.

7u j lho

Aberturaàsmulheresdacarreiradiplomática.

8u j lho

Criado o COPCON, dirg i d i oo p r Otelo Saraia v de Carvalho.

18 u j lho

2º Govre no Provrósi o i : 1º Mintsi ro, Vaso c Gonçalv.se

19 u j lho

Éu f ndado o CDS.

-

27 u j lho

Spínolareconheceodireitoàindependênciadascolóniasafricanas.

u J lhoa - gosto

Gresev da Mabor, Tap, Sogantal e o J rnal do Coméro ic .

8 agosto

Motim de a - xe gentes da PIDE/DGS rp o se s na Penti n e ráic a i de Lio bs a.

11 agosto

Golpe m e Timor-Ltse .e

GRUPO ACRE FEZ

1974–77

368


Promulgaço ã da Lei da Gre.ev

7 tes m e rb o

Acordo de Lusaa k a p ra a n i den ep dêna ic de Moçambu qi .e Tn e tatia v de tomada de o p der lep as o f rças neoo c lonialits as m e Loureno ç Marquse / Maputo.

10 tes m e rb o

Reo c nhm ice n e to o p r Portugal da n i den ep dêna ic da GuinB -é a si u, delc arada unilateralmente o p r tse a m e 24 de tes m e rb o de 193 7 e áj reo c nhd ice a o p r 48 a p se í m e maio de.74

28 tes m e rb o

Tn e tatia v de golpe d “ a maioria lis n e o ic a s ,” de n í dole o c nsre a v dora.

30 tes m e rb o

Em u s tsb ti uio ãç do Genre al Antóno i de Spn í ola, é Pred is n e te da Relbúp a ci o Genre al Franco csi da Costa Gome,s le tie o lep a u J nta de Salvao ãç Naco i nal.

30 tes m e rb o

3º Govre no Provrósi o i : 1º Mintsi ro, Vaso c Gonçalv.se

6 outubro

Perante a grave crise nanceira, o º1 Ministro propõe Um dia de trabalho a p ra a Naço ã .”

15 novm e rb o

Abolidas restrições baseadas no género quanto à capacidade elei toral dos d ic adão.s

7 dem ez rb o

O Govre no n i ts ti ui o a p gamento do 13º mês aos n ep o is nits as do Estado.

9 dem ez rb o

Recenseamentoeleitoralparaasprimeiraseleiçõeslivres.

13 dem ez rb o

OsEUAconcedemaPortugalumimportanteempréstimonancei ro no m â tib o de um lp ano de ajuda o ce nóma ci a Portugal.

Abrli d - .ze

Aumento genre alia z do de a s láro i s e apoo i so s a ic ,si dirtie os no tra a b lho e réf a i ,s u s d ísb o i de réf a i s e de Natal; dimn i uio ãç das diref n e çassalariaisedasdiscriminações.

Portugal

194 7

28 agosto

-

Política

-

369

ANEXOS


Reunio ã na Fundaço ã Gulbn e a ik n organia z da lep a Socd ei ade Portuguea s de Autores a p ra dea b te da tis uaço ã do teatro o p rtuguê.s É o c nstti uída uma Comio ãs u q e gera a CCAT — Comio ãs Consultia v a p ra as Actd iv ades Ta e traistixe ( e de tes . de 194 7 a nov. de 1957 na Diro ãçce G - re al da Cultura Popular e Estcep u cá los do Mintsi ré o i da Comunia c o ãç Soca i l).

2u j lho

Fernando Mamede a b te o reo c rd mundial dos 10 mil metros.

6 agosto

É rc a i do o SAAL S ( re o çiv Ambulatóro i de Apoo i Local) nha a p ra a rá a e da a h tib aço ã o s a ic l, u q eo c ngrega n i m ú re os arquti te os o p rtuguese o c mo Sia z Virie a e Alvse Costa, n iv do a dets acar-es as n i tern ev seõç no Barredo P ( orto), Évora e Seta bú l.

27 outubro

Campanhas de Dinamia z o ãç Cultural n i( a ic tia v do Govre no e aço ã da ª5 Dio ãsiv do EMGFA), a siv ndo o c locar as Forças Armadas ao res o çiv de um rp ojte o de den es o v lvm i n e to u c ltural do a p .sí

11 novm e rb o

O Sero çiv Cío civ Estudantil é tse able d ice o lep o Mintsi ré o i da Educao ãç e Cultura o c mo ano antero i r ao n e n is o u s rep o i r, iv a s ndo o apoo i an i a ic tia v s de alfateb a zi o ãç e d e ucao ãç a s nitrá a i das o p u p laç.seõ

Portugal

194 7

6 maio

a c mpa -

-

: O Sporting n ev ec o Campo e nato Naco i nal de Futeo b l e a Taça de Portugal. tcéH orYazalde é o melo h r marcador. Escrita da Terra e Outros Epitáos E ( ugéno i de Andrade;) M ( rá o i Cláudio;) N ( atála i Correa i ;) D ( avd i Mourão Ferreri a); M ( aria Tre a se o H rta); F ( re nando Namora); U ( rbano Tavares Rodrigue;)s o J ( rge de Sena). o J ( és Afonso;) e A ( ntóno i Vitc orino de Almed i a); F ( austo); À u Q m ie a-Roupa S ( ré gio Godino h ;) F ( re nando Lopse Graça;) l, , , o J ( rge Pen ix o h .) F ( li epi Pir;)se o J ( ly Braga Santos.)

Ta e tro/dança

48

Cultura e outros factos

 SonataBu3aOp 04 Carvalho;)

GRUPO ACRE FEZ

P ( aulo de ,

:

4e1719 984 1974–77

307


A Bonea c Noite sÀ 11

Lireb dade, Lireb dade

III Rehci

Fulgor e Morte de o J aqum i u Q u xie me Exre o icí s Ecológo ci ,s Patológo ci s e Talvze Lógo ci s

Do

194 7

de Idade Colonialim s o ao Fasm sic o

Frou-Frou: Esta A Pedra no Sapato A Sea vi Conta Catarina na Luta do Povo Lisboae7427

o H mo-Dramatiu c s Uma no Cravo, Outra na Ditadura

Terror E Mirés a i No Autos Sacramentais

Portugal

Cinema: Falamos de Rio de OnorAntónio ( Campos); Cartas na MesaRogério ( Ceitil); DerrapagemConstantino ( Esteves)Júlio ; de Matos... Hospital?José ( CarlosMarques); Eusébio,APanteraNegraJuan ( deOrduña); JaimeAntónio ( Reis);Brandos Costumes Alberto ( Seixas Santos)Meus ; AmigosAntónio ( da CunhaTelles); Adeus,AtéAo Meu RegressoAntónio( PedrodeVasconcelos). Arquitte ura:

Serviço ( de Apoio Ambulatório Local) é ocializado por decreto

371

Cultura e outros factos

, Oliveira de Azeméis, casa em Azeitão e galeria de arte no Porto Siza ( Vieira); conclusão da e196 1 ( ,Manuel 74 9 Vicente)edaconstruçãoparcialdoblocode e740 7 91 ( , Manuel Vicente e Vicente Bravo Ferreira); projeto do Porto,SAAL/NorteCarlos ( Guimarães,JoséManuelGigante,CarlosPrataeHenrique Sintra, SAAL/Lisboa e Centro Sul Lisboa, SAAL/Lisboa e Centro SulJustino ( de Morais); projeto do SAAL/Norte Manuel ( Correia Fernandes); projeto do Porto,SAAL/NorteMário ( Trindade)projeto ; do com a Escola Básica doº1 Ciclo nº45eJardim de Infância de Marvila nº 3Antónia ( Pimenta,MadalenaPeres,TomásTaveira,VictorConsiglierieFerreiradosSantos)de ; e827 91 ( ,)Guimarães 5 e237 91 ( ,)3Covilhã 0 Bartolomeu ( daCostaCabral).

zembrooDecreto-LeinºeA/ 73 . 74

ANEXOS


194 7 Portugal

Maio

Criao ãç do Movm i n e to Democrtá o ci dos Artits as Pláts o ci .s Exo p o ãçis de Gravura Internaco i nal na SNBA — na Galera i S. Mamed.e

28 Maio

Invao ãs do Paláo ic Foz o p r artits as do Movm i n e to Democrtá o ci dos Artits as Pláts o ci s e o c reb tura da tse tá ua de Salazar.

10 u J nho

Fets a o p u p lar m e Lio bs a, no Mera c do do Povo, o c mn ip tura de a p n i le o p r 84 artits as e açseõ a p ralelas. E “ nterro” do Musu e Soares dos Resi no Porto.

u J lho

Entrega lep a SNBA no Mintsi ré o i de Educao ãç e Cultura d ( ou q al de n ep de a Serc te aria de Estado dos Asu s ntos Culturais e Invtse g i aço ã CientícaacargodeMariadeLurdesBelchior)deumtextocomre o c mendaçseõ a p ra a o p líta ci u c ltural

Agosto

O Manitsef o de Vigo é u s rcsb ti o o p rn i m ú re os artits as norteno h .s Valadares) ( organizado por Jaime IsidoroGrupo ( Alvarez)eEgídiolvaro Á earevistaArtesPlásticasna Casa da Carruagem.

Outubro

Tm ê n i o icí as Campanhas de Dinamia z o ãç Cultural organia z das lep o MFA, o c m a p rtia pic o ãç de artits as. Reareb tura dos u c rsos nas Eso c las Supre o i res de Belas Artes o c m novos lp anos de tse u dos m e Artes Pláts a ci s e Deg is n, no a c o s de Lio bs a apsó rc a i o ãç de Dea p rtamento a pes rado de Arquti te ura. Primrie a Comio ãs Naco i nal Consultia v de Artes Pláts a ci s no Mintsi ré o i da Comunia c o ãç Soca i l.

Novm e rb o

ü

-

Propots a de Fernando Pernes de m i lp m e n e taço ã de um Centro de Arte Contemo p râna e no Porto.

Ainda tse e ano: Muitos artits as regrea s m a Portugal. Cries do mera c do da arte, o c m n e rec ramento de galera i s rp a vi das. Salette Tavares é Pred is n e te da AICA Portuguea s . O Congresso da AICA Associação ( Internacional dos Críticos de Arte), realizado na Relbúp a ci Democrtá a ci da Alemanha, ded ic e u q e o Congreo s de 196 7 es realia z rá m e Portugal. É u p lb a ci do o lirv o , de o J és Augusto França.

Artes visuais

Algumas xpo e siçõe 1845e1924João , Paulo, XIII Prémio Internacional De DesenhoJoan Miró JorgeMartins,Lindström,NikiasSkapinakis João Dixo NadirAfonso:Aesthetic Synthesis, DomingosPinho Henrique Manuel, Jorge Vasconcelos Albino Mendes Moura 9 Pintores da Escola de Paris, Barros, C. Calvet, Cargaleiro/Lemos/Nikias/Sena: Cinco Pintores Portugueses em Paris/Barcelona/Lisboa/Porto, J. Nascimento Álvaro Lapa: O RéseauTeórico e o Castelo de Bragança, MariaJoséAguiar Patrick Cauleld: Imagens Para 12 Poemas deJules Laforgue e Outras Serigraas, Paula Rego Equipo Cónica/Canogar/FeitoIsabel Laginhas, TeresaMagalhães:Pinturas LuísCamacho Hatherly:PinturaeDesenho,DavidHockney/PeterBlake/PatrickProcktor:Gravuras e Serigraas, George dAlmeida, José Vaz Vieira Botelho: Óleos Recentes, Charters deAlmeida, Cícero Dias, Isabel Meireles, Maias Parao 25 DeAbril, MariaFernanda, Pinturas de PatrickSwift Ana Hatherly Maria Gabriel Guilherme Parente, Karel Appel, Vasarely, Vasco Costa: Pintura, Vieira da Silva: Gravuras e Litograas Henrique Ruivo, Manuel de Oliveira DAssumpção: Obras Desconhecidas, Lima Carvalho, Man: Desestruturas Anotações Plásticas do Meu Dia a Dia por Hein Semke Desenho e Serigraade Rogério Ribeiro, NadirAfonso Pintura DesenhosdeJoséCândido,GarizodoCarmo,GouachesdeAlbanoPortocarrero 189e1Gravura 952, Contemporânea,PinturasdeInácioMatsinhe,PinturasdeVictor Palla AICA4, 7 Desastres e Misérias da Guerra:

GRUPO ACRE FEZ

1974–77

372


Artes visuais

Portugal

194 7

De Dürer a Picaso — Gravura, Desenho e Pintura de Arlindo Vicente, Exposição de Gravura, Exposição de Pintura Ard Janssen, Leal da Câmara: Panetário Republicano, Manuel Casimiro, Matos Cardoso: Colagem, Salão de Março

37

ANEXOS


1975 No mundo

Margaret Thatcreh é a rp m i rie a mulhre le tie a lídre dos o c nsre a v dores m e Inglaterra. Poléma ci m e Itála i o s rb e o dirtie o ao aborto.

Abrli

O rp d ise n e te Lon Nol do Camboa j o f ge dos m hK re Vermelo h ,s u q e ocua p m Phnom Pen.h Inío ic da rp m i rie a a f es a ( té )7 da guerra no Líbanoapósconitosentrefalangistascristãosepalestinos.Nguyen VanThieu,últimopresidentedoVietnamedoSul,demite-seaomde 01anos. O Presidente Ford anuncia om da intervenção americana na guerra do Vite name.

Maio

IsraelassinaacordocomercialcomaCEE.AFrançadenunciaa- exis têna ic de reu f giados m e masa s no Camboa j . Inío ic m e Stuttgart do u j lgamento dos BaaderM - n ie o h f t( re mina m e agosto).

u J nho

JamesA. Healyé o primeiro negro eleito Bispo católico. Reabertura lep o Pred is n e te g e o icpí Anwar Al Sadat do Canal do Sue,z n e rec rado desdeA . 7691 InglaterravotaaadesãoàCEE.Éestabelecidoumgo rev no rp ovrósi o i no Vite name do Sul. O Partido Comunits a n ev ec as eleiçõesemItália.Aº1 MinistraindianaIndiraGandhideclaraoestado de m e re gêna ic .

u J lho

Fordéoº1 presidenteamericanoavisitaroantigocampodeconcen traçãodeAuschwitz.

Agosto

AcordosdeHelsínquiaentrepaí 53 sesincluindo ( aURSS)paraaPaz, centrados no direito à soberania e autodeterminação, inviolabilidade das rf onteri as, retieps o lep a lireb dade e dirtie os u h manos, u c lturais ereligiosos.GolpesmilitaresnoPaquistãoenoBangladesh.OsEUA alia iv m o m e a b rgo o c mera ic l a Cuba.

Setm e rb o

APapuaNovaGuinétorna-seindependentedaAustrália.Diplomalegal possibilitaoacessodasmulheresàsacademiasmilitaresamericana

Outubro

A Inglaterra reo c nhec a n i den ep dêna ic das Selehci le.s

Novm e rb o

O lídre da OLP Yasres Arafat diu cs rsa na ONU. A monarqua i é rets au rada na Austrála i . Esa p nha, Marrocos e Mauritn â a i asn is am acordo sobreoSaara.MorreoGeneralFrancoeJuanCarloséReideEspanha. Ao H landa reo c nhec a n i den ep dêna ic do Suriname.

Dezembro

Fundação da República do Laos. Massacre de centenas de civis em Beri ute, deg is nado o c mo marca a guerra do Lía b no, queduraatéAtaque . 09 1 bombistanoaeroportodeLaGuardia,Nova Iorqu.e

Política

Ferev rie o

GRUPO ACRE FEZ

1974–77

4 73

-


Abrli

Éu f ndada a Mirc osotf M ( rci o Soft) o p r Bill Gates e Paul Índia lança o rp m i rie o a s télti e o c m apoo i o s téiv o ci .

Allen. A

Maio

Éu f ndada a Agêna ic Esa p a ic l Europa ie E ( SA Agen.) yc

u J nho

O uso de n ic tos de g es urança nos automósiev torna-es obrg i ató rio na o H landa.

u J lho

Deo cs reb tas na Chn i a 08 u cse lturas de guerreri os m e terra cota.MissãoApolloh81 Soyuza , 91 primeiraaçãoespacialcon juntaEUAeURSS.

Setm e rb o

Aa c mpãe de ténsi a ceh Martina Navratilova o s litic a asli o o p líti o c aos EUA. A ,pinturadeRembrandt,évandali zadaemAmsterdão.

Novm e rb o

1º o c ncre to dos Sex Pits ols. Erupo ãç do u v lco ã liK auea no a H a w .i

Dezembro

PrémioNobel:daPaz,AndreiD.SakharovUSSR) ( ;daLiteratura, Eugeno i Montale o p( a ise .)

1975

Europa e n Spaa ic l

No mundo

-

W.(Allen); R.( Altman); Antonioni); B. ( Edwards); M.( Forman); F( Giacobetti) . ; (T.Gilliam;T.Jones); J.Jaeckin) ( ; S.( Lumet); L.( Malle); Pasolini); S.( Pollack); H.( Ross); S.( Spielberg); A. ( Tarkovski); A. ( Wajda); W.( Wenders).

Bresson);

Woody ( Allen); Jorge ( LuísBorges);

Gilles ( Deleuze); Michel ( Foucault); Fritjov ( Kapra); Stephen ( King); Gustave Le Clézio); Norman ( Mailer); Greil ( Marcus); Georges ( Perec); Sylvia ( Plath); Joanna ( Russ); Weiss); (TomWolfe).

375

M ( . S.( Kubrick); P ( . P. K.( Russell); .F( Tru3aut);

Saul ( Bellow); Agatha ( Christie); Rubem ( Fonseca); Carlos ( Fuentes); G ( abrlei Garca í

Robert (

a eJ ( n-Marie Márquez); P ( te re

Cultura e outros factos

Abba) ( ; Aerosmith) ( ; David ( Bowie); Joe ( Dassin); Natalie ( Cole); (TheCarpenters); cc) 01 ( ; Hot ( Chocolate); Bob ( Dylan); Eagles) ( ; Nino ( Ferrer); / Pink ( Floyd); Earth, ( WindFire) & ; Gilberto ( Gil); Bee ( Gees); Johnny ( Hallyday); Chico ( BuarquedeHolanda); AoVivoChico ( BuarquedeHolandaeMariaBethânia); Kiss) ( ; John ( Lennon); Fleetwood ( Mac); B ( arry Manilow); Roxy ( Music); Van ( Mccoy); E ( lvsi Presley); Queen) ( ; Chaka ( KhanRufus); P ( atti Smith); Bruce ( Springsteen); D ( onna Summer); Neil ( Sekada); Caetano ( Veloso); Led ( Zeppelin).

: Benoît Mandelrb ot u c nha o termo rf“ actal” a p ra deg is nar rec tas reep tiçõesgeométricasbaseadasnasruturasvericadasnastransformações - emestrutu ras.Descobertadasendornas.ImportantesdescobertasporCesarMilstein- ecolabo radores no a c mpo da genté a ci .

ANEXOS


1975

Laura Mulvye u p lb a ci : e157 91 ;)59 Marcel ( Broodthaers); Burden); James ( Lee Byars); Staatliche ( Museen, Berlin); Musée ( delOrangeriedesTuileries,Paris); (TateGallery,Londres); Arts ( Council,Londres);

B ( re nd & liH la Bere kc ,

C ( rh si

Dan ( Flavin);

Lubliana) ( ; P ( lih pi Robert ( Irwin); R.( B.Kitaj); Janis ( Kounellis); S ( g ih o ke u K o b ta, e757 91 ;)6 Gordon ( Matta-Clark); Paul ( Mccarthy); Nam ( June Paik); Linda ( Montano); Bruce ( Nauman); (Tate Galler,y Londres); Anne ( E Patrick Poirier); U ( lrie k Rosenbach); Carolee ( Schneemann); (TateGallery,Londres); Galerie ( Maeght,Paris); M ( useé Cantonal des BeauxA - rts, Palais de Rumine, Lausana); M ( useé des Arts Deo c rati,sf Paris); Neuer ( BerlinerKunstverein). Guston);

David ( Hockney); Mary ( Kelly);

Artes visuais

No mundo

e Andy a W rhol u p lb a ci

GRUPO ACRE FEZ

1974–77

6 37


15 a j neri o

Acordos de Alvor a p ra a n i den ep dêna ic de Angola, n e tre o Govre no Português e os Movm i n e tos de Lireb taço ã Angolanos.

2 rev f rie o

A ocua p o ãç da reh dade do Pio c te marca o n i o icí da Reo f rma Agrára i .

7 rev f rie o

Grande manitsef aço ã m e Lio bs a o c ntra o dem es rp g e o e a NATO.

21 rev f rie o

Programa de transo ãçi a p ra a reu c rep aço ã o ce nóma ci o p r Melo Antune.s

11 março

Tn e tatia v de golpe milti ar o c nsre a v dor m e o c nsu qe n ê a ic de diseõiv entreociaisdoMFA.SpínolafogeparaEspanha.

12 março

Criao ãç do Consle o h da Reo v luço ã m e u s tsb ti uio ãç da u J nta de SalvaçãoNacional,queéextinta.Iníciodasnacionalizaçõesdabanca, g es uros, transo p rte.s

26 março

º4 Govre no Provrósi o i : 1º Mintsi ro Vaso c Gonçalv.se

11 abrli

AcordoentreospartidosPS, ( PPD,PCP,CDS,MDP/CDEeFSP)eo MFAreconhecendoaintervençãodosmilitaresnopoderduranteum rep o í do de 3 a 5 anos.

16 abrli :

Decreto-Lei promulga a nacionalização das principais empresas na n i dúts ria, transo p rtes e o c munia c .seõç

25 abrli

EleiçõesparaaAssembleiaConstituintever ( resultadosnoQuadroA)

19 maio

Caso República: os trabalhadores insurgem-se contra a direção do jornalporRaúlRego,queconsideramdemasiadopróximadoPS. Ocua p o ãç da Rádo i Renasn ec a ç lep os trabalhadore.s

6u j nho

PrimeiraManifestaçãodaFLAFrente ( deLibertaçãodosAçores)em PontaDelgada.

u J nho

Portugal regressa à UNESCO através da recém-criada Missão Permanente.

25 u j nho

IndependênciadeMoçambique.

29 u j nho

Fugadeagentes 98 daex-PIDE/DGSdaprisãodeAlcoentre.

5u j lho

IndependênciadeCaboVerde.

8u j lho

Documento

12 u j lho

IndependênciadeS.ToméePríncipe.

13 u j lho

AssaltoàsededoPCPemRioMaioriniciaumasériedeataques - con trapartidosdeesquerdanoqueviráaserchamadoVerãoQuente.

16 u j lho

AbandonodoPSdogoverno,apósmanifestaçõesdeprotestoconvo cadaspelopartidoepeloPPD.

7 agosto

DocumentoMeloAntunesapoiadopelogrupodosNove,militaresde a f o ãç moderada.

684

Antóno i Barreto tse m i au q ,e m e o c nsu qe n ê a ic dela, a p a s ram a p ra oo c ntrole de unidades o c leta vi s de rp oduço ã rec a c de 1 milo ãh e 200 mil tceh ares de terras, o o c rreo ps ndente a 14% do a p sí ou 25% da rá a e agrío c la tú li . BARRETO, António .)6891 ( PublicaçõesEuropaAmérica.

37

. Lio bs a:

Política

25 maio

Portugal

1975

684

ANEXOS


º5 Govre no Provrósi o i : 1º Mintsi ro Vaso c Gonçalv.se

10 agosto

Afats amento de Melo Antunes e outros milti ares moderados do Consle o h da Reo v luço ã .

12 agosto

Documento do COPCON, apologits a de uma democraca i de a b .es

20 agosto

AssaltoàsededoMDPeCDEnoPorto

Agosto

Autodenominado Exército de Libertação doArquipélago da Madeira reclama a Madeira para os madeirenses. Ataque a Timor pela Indonésia e luta armada pela FRETILIN. Confrontos violentos em AngolaLobito) ( entreoMPLA,aFNLAeaUNITA.ChegamaLisboa maisde0refugiados 3 deTimoreaponteaéreatrazcentenasde refugiadosdeAngoladiariamente,ondeosconitosseacentuam.A frica Á doSulinvadeoSudoestedeAngola.Háataquesedestruição desedesdepartidosdeesquerdanocontinenteeilhas.

784

.

10 tes m e rb o

Deo ivs de mil armas G3 do detisóp o de Beri olas.

11 tes m e rb o

ManifestaçãodosSUVesquerda ( radical).

19 tes m e rb o

º6 GovernoProvisório:º1 MinistroAlmirantePinheirodeAzevedo.

21 e 22 tes .

NacionalizaçõesdaSetenaveedosestaleirosdeVianadoCastelo.

Setm e rb o a novm e rb o

Crise política e militar, com inúmeras ocupações, manifestações e novas medidasSUV ( de novo, perda de poderdo COPCON, assalto à Embaixada de Espanha contra a execução de nacionalista bascos peladitaduradeFranco,explosãodoemissordaRádioRenascença, deo s u c a p o ãç dets a, o c nfrontos de Rio Maior n e tre a CAP e rerp n es tantesdascooperativasagrícolas,etc.)

10 nov.

Inden ep dêna ic de Angola.

12 nov.

CercodoPaláciodeS.Bentoesequestrodosdeputadosportrabalha dores da o c nstruço ã livc .

20 nov.

Substituição de Otelo Saraiva de Carvalho por Vasco Lourenço no Consle o h da Reo v luço ã .

Política

Portugal

1975

8 agosto

GRUPO ACRE FEZ

487

1974–77

Artigo da imprensa não especicado em EPHEMERA Biblioteca e Arquivo deJosé Pacheco Pereira: [em linha]. Disponível em: http:/ / e p h m e raj p . c o m/ 2 0 1 5 / 0 1 / 1 5a / s a lto- a- s e d e - d o- m dp - c d e - n o -porto-20-de-agosto-de-1759/ [Consult. 12 fev. 2015]. Vídeo em http:/videos. / sapo.pt/bKGA59SHJYD9zRglIZ99 [Consult. 12 fev. 2015].

378


28 novm e rb o

Fim do tse ado de tís o i e retoma de u f nçseõ do Govre no, u q e rp omete o dirtie o de reres a v a rp oprtei rá o i s de terras ocua p das.

7 dem ez rb o

A Indonéa is n i a v de e ocua p Timor-Ltse .e

Partidos mais o v tados

4 5

1

PS

2 3

Pern ec tagem

1975

Tre minam as Campanhas de Dinamia z o ãç Cultural, deo p si da lei u q e asm is detre mina ter d is o asn is ada m e Agosto lep o PR. áH uma rc esi o p líto ci m - li ti ar o c m ocua p o ãç de a b se milti ares u c a j gravd i ade detre mina a n i ts auraço ã do tse ado de tís o i lep o Pred is n e te da Relbúp a ci , Genre al Costa Gome.s Ocua p o ãç de a b se milti ares aéra e s e do Monsanto o p ra p raqud e tsi as de Tancos na repsév a a p s a s dos à reres a v ,ou q eéo c nsd i re ado n i dío ic de rp a pe raço ã de golpe milti ar da u qse re da radia c l; aço ã milti ar meda i da lep o Pred is n e te da Relbúp a ci , u q e rp omulga o tse ado de tís o i ; rp o ãsi dos reo v ltosos o c m algumas tív m i as mortai;s Carlos Fabo ãi e Otelo Saraia v de Carvalho o ãs dets ti uídos dos o p ts os u q e ocua p m e Ramalho Eanes é Chef do Estado Maior das o f rças Armadas. A Rádo i Renasn ec a ç , ainda ocua p da lep os trabalhadore,s é deo v lvd i a à Igrea j Católa ci . -

-

Portugal

25 a 27 novm e rb o

Deu p tados

2 162 2 79

37,8%7

PPD

1 7 05 282

26,39%

1 8

PCP

1 7 13 9 5

12,4%6

30

CDS

3 4 4 978

7,61%

16

,4 14%

5

MDP/CDE

236 318

,8 34%

Política

Abts n e o ãç

116

379

ANEXOS


1975

4 rba il

e J na luaP Sartre visita o P rtulag e rp ofere amu o c e fn rêicn a an inU verside da e d o C imrb .a

27 iam o

O id vóric o, o p ssível em o P rtulag e d sde a imtnalp o ãça ad Repilbú ac e interdito e d sde 190 4 rap a e uq m tivesse sac o da e p al igreja tac iló ,ac é vla o e d reneo g ic o ãça ad o C o cn rdta a entre o P rtulag e o Vatico na , seno d ilbup adc a Lei o d Divóric o.

30 iam o

É Instituo dí o Serviço víC ico Estutnad il.

22 e d e z rbm o

Oo j rnla

28 e d e z rbm o

A Ráid o Rensa e c açn é entrege u à Igrej.a

Relbúp a ci

é ene c rrao d .

Portugal

o P rtu.lag In Memoriam Béla Bartók u Q e Nunca Mais A ( rd iao n Epo fi nia Op 14 , 3 Cançseõ de ip É ro Op 2 4 o s rb e reH reb to léH der Sonata nº5 Op 3 4 Dilá ogos .. E tsi o é ós on i o icí , n ieh ,? Madrigal I , Luís Vaz 3 7 , Mariana Pind e a 2 Motets o J ( yl Antologia Educao ãç Sentimn e tal A Nave De Pedra O Ano De 193 9

Poemas A Rea b te As Peo s as Felsezi Dirá o i Da Ausn ê a ic

,

A ( sug tina

Cultura e outros factos

A C.I.A. Dos Cardeasi / Pedro E O Lobo Me A Tua... Pin ics a! Den ev s turas Dos reH sió Castrados

MostraAvn e turas E As Esn ip gardas Da Mãe Carrar A Noite Do 28 De Setm e rb o / O Soldado Raso/ As Duas Caras Do Patrão / Lux In Tenrbe si / O Sr. Puntilla E O Seu Criado Matti Era Uma Ve.z .. Como O Sr. Mòm ik tòp e Se Lireb tou Dos Seus Tormentos A Invtse g i aço ã Galilu e Galilie Mariana Pind e a Seara De Vento / Legn e da Do Cidadão Miguel Lino / Sckiewh Na Segunda Guerra Mundial O Ovo tsiH ró a i Exm e lp ar De Um E Campo ãe Da Ordem Nova O ( s Bonerc eiros, saC a ad tluC ru a Da Vida reH a ció Da Burguea is : As Cuea c s A Noite Dos Asa s n is os / A Mandrágora / Via v O Ciro c Garotas No Estep o P’ra Trás Mia j A Burra / Lio bs a Acordou S ( eiva O Palhrie o A Maratona Peu q n e os Burguese Trapos E Rendas Cerm i onial Para Um Combate Brethc 2 / O Soldado E O Genre al / Opre a Mundi Greev Dos Choref se / O Instce d ic a Teatro Negro De Praga Gente Da Praia Da Virie a / A Fets a Lera p r O Funeral Do Patrão / Lio bs a, O Dirtie o À Cidade E ( raud o d Cântio c Final Fátm i a Story / O Rio c , O Camelo E O Ren i o Ou O Prino ipíc Da Sabd e oria u Q e Farei Eu Com Esta Esa p da? Benli de Ou A Virgem Mãe Deu,s Pátria, Autoridade Coopre atia v Agrío c la Torre Bela / Lireb dade Para o J és Diogo As Armas E O Povo Emigr/Ante.s .. E Deo p ? si

idnÍ a

GRUPO ACRE FEZ

1974–77

380


P ( orto), remodelaço ã da , Funca h l lÁ( a v ro Sia z Virie a);

P ( orto) e rp o

-

1975

Arqiu tetur:a tej o do

Porto,

Bea j ,

Portimo ã ,

Portugal

Portimo ã ,

Bea j ,

Cultura e outros factos

do

Porto,

381

ANEXOS


1975 Portugal

e naJ iro

rC iao ãç o d rG o pu e lz uP : o J o ã Dixo, raC o l s raC reiro, Ale uqb rqe u Mene d s, Dario Alves, Armo dna Alves, rG aç Morais, iaJ e m Silv,a e P rd o Roc,ah eF rno dna iP tn o o C elo h ee G raro d Bure m ster.

e naJ iro-Outrbu o

Ernesto e d Sousa id rige o e bulC -Eno c tn ro an e laG ria Opiin o ã em Lisbo,a one d orgina az várias exo p siçe õ so c m rp ogram e d teor varaugn id sta.

e naJ iro

Sao ãl iné uq rito an SNBA

Maio

Exo p siço ã

o hlu J

Sao ãl iné uq rito an SNBA Colagem E Montagem. Exo p siço ã Lea v ntamento Da Arte Do Séu c lo XX No Porto,Museu icaN onla Soares o d s Reis.

Agosto

e G stão o d s sum eus sap sa a e d e p e dn r ad Direco ãç -Geral o d taP riminó o tluC ru la S ( EC,) ró o ãg tutelo da e p o l Ministério ad o C inum o ãçac Soci.la II Encontros Internaco i nais de Arte o d saC telo.

Figuraço ã o H- ? ej

Novas Pinturas m e França: Práta ci T /s o e ria

Outrbu o

A III Bin e al de São Paulo rba e e a represento ãça o p rtue ug sa tem ilúJ o o P ram , aluP Rego, e gn o l e d Sousa e Edrau o d Batra ad eF rne dna s.

o N vemrb o

Exo p siço ã

Lea v ntamento da Arte Do Séu c lo XX No

an .GC F

, Viaan

Porto,SNBA.

:o C tn inmau sa sahnpmC e d Dinima o ãçaz tluC ru la o c m rap ticiap o ãç e d ra tistas. Suse p sn o ã e p al ª5 Divisão E ( MGA) F ad Exo p o ãçis de Arte Moderna Portuguea s a reail raz -se o n Musée Art ’d Moderne e d al Vile l e d raP is. Renovao ãç o d rp ogram o d Museu icaN onla Soares o d s Reis, o P rto, a rac o g e d eF rno dna e P rnes, nad o d e d o p is origem o a A C Ce C ( tn ro e d Arte o C tn emo p râe n .)a A e laG ria Móo lud rba e o n o P rto iam( s tare d , em 19,97 em Lisbo.)a Lima e d rF eitas ilbup ac O Labri n i to . Reo v luço ã

,

: 300 Anos Do Cartaz Em Portugal B ( ibil oteca icaN on;)la Rerp n es taço ã Portuguea s À XIII Bin e al De São Paulo Com lúJ o i Pomar, Paula Rego, Ângelo De Sousa E Eduardo Batarda B ( ienla e d S. o luaP , Brasil;) Gravure Portugaies e C ( tn re tluC ru el o P rtuiag s, raP is); Nova Pintura Em França: Práta ci T -s o e ria,s Exo p o ãçis De Pintura E Gravura Contemo p râna e Romena, Luís Dourdil e laG ( ria ad ESBAL); e laG ( ria rdauQ ;)mu

Antóno i Araúo j :

Alea x ndre O’Nlie l e laG ( ria e d S. Mae m e d ;) D’Asu s mpo ãç e laG ( ria Ottoliin ;) a J nos Aba k rovti s e laG ( ria Buo hc ;)zl Antóno i Leti :e Pintura e laG ( ria o G rdio l ;) Pirse Virie a e laG ( ria Opiin o ã ;) Bos:hc Artits as Contemo p râno e s E As Tentaçseõ De S. Antão M ( su eu icaN onla e d Arte Antig;)a Exo p siçe õ s Retrospetc ivas e d o J és Dias Coelo h ,o J o ã Bapttsi a Rodrigues e Arlindo Vin ec te, Pirse Virie a, Fernando Fernande,s Guilreh me Parente, Exo p o ãçis De Colagen:s Eduardo Nery S ( B N A).

Artes visuais

Batarda Fernandes o ãçadnu F( o laC su te e bluG ikn ;)na o J és de Guimarãse e laG ( ria Dinsa tia;)

GRUPO ACRE FEZ

1974–77

382


eF vereiro

Mauac rpa ova amu o c sn tituio ãç , a Lei Orginâ ac e d Ma.uac Leonid Breze nh v rba e o 25º o C rgn esso o d raP tido o C inum sta Soviético. Eno c tn ro e d iN o x n e Mao se T . gn Tu A Espahn o dnab an e C tu a e Meli,al Marrocos.

Maro ç

e uQ ad e ca tn adu ad Libra ine lg sa. As tropsa su-l rfa icsan e d ixma Ano g .al O 1º Ministro insêlg , raH dla iW sl on, e d im te-se. Isae b le P rón é e d stituadí o p r mu o g e pl im il tar an Argetn in,a iniic o dna -se amu id taud ra ta é 1983 an lauq áh iam s e d 30 im l rp esos o p tíl icos e d sarap ecio d s.

Abril

O rP esidetn e ihc sên Deng iX o a ip gn é e d im tido e p o l o C im té e C tn ral o d rap tido. e maJ s nahgl C é 1º Ministro insêlg .

Maio

rlU ike Meino h fée d scoe b rta eno f rcad an e c .al

o hnu J

A Intalg erra e a Irladn termiman a e ug rra rf ia. Revolta e d Soweto an rf Á ica o d Su,l o c tn ra o e d rc eto e uq institui o Afriksna o c o m augníl

1976

A Venee uz al ican onila az os o pmac s e d e p tróe l o. O o bmaC ajd adum e d o n e m rap a e hcupmaK a Demorc tá ic.a o G e pl im il tar o n Eqo dau r.

-

o d raP tido o C inum sta, vene c sa eleiçe õ s em Itáil .a Ine d e p icnêd a sad Seice h e l se caf o a Reino inU o d . o hlu J

Ministro e d Esp.ahn A e dac im a im il tar e d eW stpoint imda te e hlum res e p al 1ª vez e insrc evem-se 119. Os EUA o c e ulcn m a retiraad sad sab es é a reas ia n idTnâl ,a o p ssibiil tao dn rele õça s id o lp tám icsa o c mo Vietne ma . Morte e d Maose-Tu T . gn

Outrbu o

rP isão o d Bao dn o d s tauQ ro em e P iuq ,m iniulc o dn a viúva e d Mao. auH o uG e f gn sue c e d a Maose T gn Tu o n raP tido o C inum sta ihC sên rin . T ida eobT o ga torn-ma se repilbú sac .

o N vemrb o

O exército sírio o c iuqn sta Beirute. O raP e mal tn o espo hna l estae b e l e c ae d o m rc ica a sópa 37 o na s e d id tarud .a

Dezerbm o

iF e d l saC tro é rP esidetn e e d ,abuC em susb tituio ãç e d Osvao dl Dorticsó orra T o d . iY tzkah Raib ,n 1º Ministro israeil ta, e d im te-se. iW in e Mae dn al é inab ad ad rf Á ica o d Su.l

Política

Setemrb o

-

No mundo

e naJ iro

383

ANEXOS


Ttse se nucla e res amera ci nos no Deres to do Nea v da. Ttse se nu lc a e res n ihc se m e Lop Nor. Ttse se nucla e res ruso s .s Foguete reH mes lançado lep a Agêna ic Esa p a ic l Europa ie . Primrie a a iv gem do avo ãi Concorde A ( ri France e Brithsi Aira w .)sy

No mundo

1976

a J neri o

-

Março

M ( li oš Forman) ganha o scar Ó daAcademiaAmericanaparaomelhorlme.

Abrli

Steevo J sb e Steeo vW n z ki u f ndam a Aplp e Computer Company. TestesnuclearesdaFrançaemMururoa.AcordoEUAeURSSso breousodaenergianuclearparaefeitospacícos.comercia É lia z do o o c mputador Aplp e I.

Maio

Exlp oso ã do tep roleri o Urqui Ola ao largo de Esa p nha. A Nasa lançaoveículoespacialSe1. 97

u J nho

(Teh u Q n e ,) é dio cs de ouro.

u J lho

A U.S. Naval Academy abre o rp m i rie o u c rso a mulhre .se Sea p raço ã dos Depe Purpl.e A o s nda a iceps l Amera ci na aterraemMartedepoisdemeses 1 denavegaçãoeenviafo tos a p ra a Tre ra. Tre ramoto m e Tangsa h n, Chn i a, o c m grau .8 2 Richter,matamaisdemil 042 pessoas. -

Setm e rb o

A Igrea j Epo csi a p l Amera ci na aprova a ordenaço ã de mulhe res o c mo a s rec dotes e o psib .s A rf Á a ci do Sul rep mite u qe a pi s multirraca i .si

-

Set.-outubro

Identicado o vírus do bola É nas epidemias hemorrágicas no Zaire e no Sudão.

XXIJogosOlímpicosemMontréal,Canadá.Criaçãodoprimeirogenes articial. São comercializados os gravadores Betamax eVHS. Prémio Nobel: da Paz, Maira e d Corrigan e Betty liW liams a ( mbos da Irlanda do Norte;) da Litre atura, Saul Bellow; da Economia, Milton Frid e man. (To h mas Bernhard); o J ( rge Luís / C ( amilo o J és Cela); A ( gatha Chrtsi ;) ei o J( n h M, Coet;) ez G ( raham Gren e ;) e A ( lain Robbe-Grillet); M ( li an u K ndera); G ( abrlei Garca í Márquez); A ( lbre to Morava i ;) V.( SNaipul); G ( o e rges Per;)ce (Tom Sharp;) e Gore ( Vidal).

Borge;)s

A ( a b ;)

Cultura e outros factos

Betn âh a i ;) E ( agle;)s B ( e Ge;)se Ft. ikK De;) e B ( oney M.); S ( antana);

E ( lvsi Prels ;) ye Elis ( Regina); Rod ( Stewart); A ( rt Sullia v n);

McCartney & n iW gs.)

GRUPO ACRE FEZ

C ( a cih go);

C K( & The Sunsn ih e Band); G ( o e rges Brasn es ;)s G ( al Costa);

1974–77

A ( C/DC);

M ( aria (Tn i a Charle;)s D ( alida); a eJ ( n Ferrat); C ( o cih Buarque de o H landa); (Tom o J m ib ;) E ( lton o J n h ;)s iK( rK( aftrew ;)k S ( xe Pits ols;) u Q( n e ;) (The Ramones); Bay ( City Rollers); L ( o e Sayre ;) / (The Rolling Stones); o J( n h nyTaylor); (Teh Tramp;)s Sylvie ( Vartan); P ( aul

384


Cultura e outros factos

No mundo

Bu3aloBillEOsndios Í Rocky FaceToFace 0 91 Altima Ú LoucuraDeMelBrooks Assaltoª 31 À Esquadra AMorteDeUmBookmakerChinês Loucuras Burguesas A Pantera Volta A Atacar Casanova Intriga Em Família Oltimo Ú Magnate ACicatriz AFlechaEARosa Network  Escândalo NaTV Paragem No Bairro Boémio Uma Questão De Tempo Carrie OImpérioDosSentidos OsHomensDoPresidente Bugsy Malone A Star Is Born O Inquilino A Marquesa De O O Homem Da Maratona TaxiDriver AIdadeDaInocência O Inocente AoCorrerDoTempo

1976

Filme:s

385

ANEXOS


Algumas o px e seõçi e obras rela ve ntes

1976

George Grosze13981 :859

Artes visuais

No mundo

Eduardo Paolozzi: Sculpture Drawings Stanley Spencer e1198 95

GRUPO ACRE FEZ

1974–77

386


Prio ãs de Otelo Saraia v de Carvalho na u qes n ê a ic do relatóro i o s rb e o 25 de novm e rb o é ( lireb tado o p ra f lta de rp ovas a 3 de março.)

22 a j neri o

o J rnal A Relbúp a ci é deo v lvd i o à antero i r diro ãçe .

23 a j neri o

Loco - k ut na Tim.xe

26 a j neri o

Reo ãsiv do a p tc o n e tre os a p rtidos e o MFA P ( S, PPD, CDS e MDP/CDE).

a J neri o

Ataquse o b mbtsi as ren iv dia c dos lep a txe rema-dri tie a E ( ré x tic o de Lireb taço ã Português e Movm i n e to Democrtá o ci de Lireb taço ã de Portugal).

7 rev f rie o

Ampla i o ãç do rep o í do de lin ec a ç de maternidade a p ra 09 dia.s

16 março

Criao ãç das o c nsultas de lp aneamento a f mila i r nos n ec tros de a s d ú .e

2 abrli

Constti uio ãç da Relbúp a ci aprovadalep aAsm es lb a ie Constti uinte.

25 abrli

Eleseõçi leglsi atia v s rev ( u q adros B, C e D)

16 u j nho

Abolio ãç do dirtie o do marido de abrri a o c rreo ps ndêna ic da mulhre .

27 u j nho

Eleseõçi rp d ise n e a ic si — Ramalho Eanes é le tie o democratia c mente Pred is n e te da Relbúp a ci .

23 u j lho

1º Govre no Constti uco i nal. 1º Mintsi ro: Máro i Soare.s

Agosto

Máro i Soares aprn es ta na Asm es lb a ie Naco i nal, o c m o rp o grama do 1º govre no o c nstti uco i nal, o rp ojte o de n i tegraço ã de Portugal da CEE.

Novm e rb o

O PPD P ( artido Popular Democrtá o ci ) muda de nome a p ra PSD P ( artido Soca i l Democrtá o ci .)

1976

19 a j neri o

-

Portugal

Am i rp n e a s rf anca se o c ntabli a zi rec a c de 06 mil timorense mor tos ded s ean i a v o ãs de Timor-Ltse e lep a Indonéa is .

-

-

Política

3a j neri o

387

ANEXOS


1976

Resultados das eleições A UQ DRO B

Portugal

Eleseõçi a p ra a Asm es lb a ie Leglsi atia v 25 de abrli de 1967

A UQ DRO C

Eleseõçi a p ra a Pred is n ê a ic da Relbúp a ci 27 de u j nho de 1967

A UQ DRO D

Política

Eleseõçi Autáru q a ci s 12 de dem ez rb o de 1967

GRUPO ACRE FEZ

1974–77

388


e242 setembro 6 ª 1 Â FestadoAvante,naFIL,comexcelenteprogramamusical. Outubroextinto ÉÂ oSAALServiço ( AmbulatóriodeApoioLocal)depois , derealizados cercadeprojetos 0 71 dearquiteturaqueenvolvemmaisdemil 04 famíliasnosdistritos deAveiro,CasteloBranco,Coimbra,vora, É Faro,Lisboa,Santarém,SetúbalePorto.

Lirv os: de Andrade); Correia); Luís);

Jorge ( Peixinho). Mário ( Cláudio);

Maria ( Velho da Costa); Maria ( TeresaHorta); Carlos ( deOliveira);

António ( VictorinodeAlmeida; Carlos ( doCarmo); Sérgio ( Godinho); , , , , , Eugénio ( Natália ( David ( Mourão Ferreira); Agustina ( Bessa Jorge ( deSena).

Ta e tro:

A ( Barraca); A ( Barraca, IncrívelAlmadense); Não EncheABarriga!A / GrandeCegadaOs / OperáriosDoNatal Adóque, ( TeatroAdóque); / Casa ( DaComédia); Cena (  EspectáculosTeatrais,Teatro MariaVitória); / Centro ( Culturaldevora, É TeatroGarciaDeResende); Comuna) ( ; Cooperativa ( de Comediantes Rafael de Oliveira, Teatro da Trindade); Cooperativa ( deTeatro Popular,AcademiaAlmadense); Grupo ( deCampolide,CampolideAtléticoClube); / Grupo ( Proposta); Grupo ( TeatrodaTrindade); Grupo ( T,4 eatroAberto); O( Bando); Ocina ( deTeatroeComunicação, CinemaNimas); Os ( Bonecreiros, Casa da Cultura da Zona Oriental de Lisboa  Moscavide); Prod. ( Sérgio de Azevedo, Teatro Abc); Prod. ( VascoMorgado,TeatroVariedades); Prod. ( VascoMorgado,TeatroVillaret); Prod. ( VascoMorgado, Teatro Monumental); Prod. ( Vasco Morgado,Teatro Laura Alves); Repertório (  Cooperativa Portuguesa deTeatro,Teatro MariaMatos); Seiva ( Tupe,OsModestos); (TAShTeatro deAnimaçãodeSetúbal); (TeatrodaCornucópia,InstitutoAlemão); (Teatro da Cornucópia,Teatro do Bairro Alto); / (Teatro Estúdio de Lisboa, Teatro VascoSantana); (TeatroExperimentaldeCascais,TeatroGil Vicente); (TeatroExperimentaldeCascais,Sociedade PenicheirosBarreiro)  ; (TeatroExperimentaldo Porto,TeatroAntónioPedro). Cinm e a:

Noémia ( Delgado); José ( Fonseca e Costa);

José ( de Sá Caetano); António ( Faria);

Ou António ( de Macedo); José ( lvaro Á Morais); António ( ReiseMargaridaMartinsCordeiro); Luí ( sFilipeRocha); João ( MatosSilva); António ( daCunhaTelles); Colectivo ( GrupoZero

389

Portugal

,5

Quim ( Barreiros); Banda ( doCasaco); Adriano ( Correia de Oliveira);

,

José ( Afonso);

Cultura e outros factos

Múa cis :

1976

O Benca vence o Campeonato Nacional de Futebol. O Boavista ganha a Taça de Portugal.

ANEXOS


1976 Portugal Cultura e outros factos

Arquti te ura: janeiro 41 h6 7 91 BombanasinstalaçõesdoSAALnoPorto;março 4 6 7 91 Bomba  noautomóveldeAlvesCosta,arquitetoportuenseempenhadonoSAAL;abril debusca  6 7 91 policialnasededoSAALdoPorto;de 82 outubrodea Â6 7 91 gestão do SAALpassa para as autarquias, precipitando om do serviço; novembro  pordecisãodoseuº6 ConselhoNacional,despachodoMHUC quedeterminasindicânciaaoSAALecriaçãopordecretodosServiçosMunicipaisde HabitaçãoSocial. Obras: SAAL/ ( Porto, Matos Ferreira); , Beja, e Raúl ( Hestnes Ferreira); conclusão da , Póvoa doVarzimlvaro Á( SizaVieira); reconstrução de ,noPorto,e emVilaNovade Gaialvaro Á( SizaVieira). Construções iniciadas: , Santo Tirso lvaro Á( Siza Vieira); Lisboa , Raúl ( HestnesFerreira)reabilitação ; do e86 7 91 ( ,)5Guimarães Fernando ( Távora); e76 7 91 ( e82891/ Macau ,)3 Manuel ( Vicente); Oeiras,SAAL/ LisboaeCentroSulFrancisco ( SilvaDias); Faro,SAAL/AlgarveJosé ( Veloso); Vila Franca de Xira,SAAL/Lisboa e Centro Sul Anton ( FranzSchneider); Matosinhos, SAAL/NorteAdalberto ( Gonçalves eAntónio R. Gonçalves Dias); Seixal, SAAL/Lisboa e Centro Sul Fernando ( Bagulho); Lagos,SAAL/AlgarveJosé ( Veloso); Tavira,SAAL/Algarve João ( Moitinho); SAAL/ LisboaeCentroSulGonçalo ( Byrne); Loures,SAAL/LisboaeCentro SulFrancisco ( KeilAmaral); Olhão,SAAL/Algarve Manuel ( Dias); Lagos, SAAL/AlgarveJosé ( Veloso); Porto, SAAL/NorteManuel ( Lessa); Ovar, SAAL/Norte António ( Moura); Matosinhos, SAAL/Norte Maria ( Fernanda Seixas); Lisboa,SAAL/LisboaeCentroSulJosé ( AntónioParadelaeLuísGravataFilipe); Silves, SAAL/AlgarveJosé ( Veloso); Lagos, SAAL/Algarve José ( Veloso); Lagoa,SAAL/AlgarveJosé ( Veloso); Almeirim, SAAL/ Lisboa e Centro Sul Manuel ( A. Lameira, Carlos A. Ribeiro e Artur S. Costa); Albufeira, SAAL/Algarve(ManuelDias); Porto,SAAL/ NorteRolando ( Tordo); Porto,SAAL/NorteBeatriz ( Madureira); Porto,SAAL/NorteSérgio ( Fernandez); Lisboa,SAAL/Lisboa e Centro Sul José ( Manuel Norberto e José Luís Zuquete); Oeiras, SAAL/Lisboa e Centro SulJosé ( Silva Carvalho); Loures, SAAL/LisboaeCentroSulFrancisco ( KeilAmaral Lagoa, SAAL/AlgarveJosé ( Veloso); Lagos, SAAL/Algarve José ( Veloso); SAAL/AlgarveJoão ( Moitinho); Olhão,SAAL/Algarve José ( MariaLopesdaCosta); VilaFranca deXira,SAAL/LisboaeCentroSulMargarida ( MFNiedercorn); Lisboa, SAAL/LisboaeCentroSulManuel ( PardalMonteiroMagalhães); SAAL/LisboaeCentroSul Julio ( Saint-Maurice); Ovar, SAAL/NorteDomingos ( TavareseFranciscoMelo); Oeiras, SAAL/Lisboa e Centro SulJosé ( Silva Carvalho); Portimão, SAAL/ AlgarveJosé ( Veloso); Loulé,SAAL/Algarve Manuel ( Dias); , Lisboa, SAAL/Lisboa e Centro SulManuel ( Guilherme); Lisboa,SAAL/LisboaeCentroSulArtur ( Rosa); Lisboa,SAAL/LisboaeCentroSulRaúl ( Hestnes Ferreira); Tavira, SAAL/AlgarveJoão ( Moitinho); Setúbal, SAAL/Lisboa e Centro Sul Rui ( F. Pimentel); Grândola, SAAL/Lisboa e Centro Sul Manuel ( Taínha); SAAL/AlgarveJoão ( Moitinho). Projetosnãoconstruídos:do Loures,SAAL/Lisboae CentroSulFrancisco ( KeilAmaral)do ; Lisboa,SAAL/Lisboae CentroSulJosé ( DanielSanta-RitaeMariadoRosárioVenade).

GRUPO ACRE FEZ

1974–77

390


Atentado à o b mba à d es e da Coopre atia v rÁ o v re.

a J neri o

a J ntar/n i tern ev o ãç do Grupo Puzlz e na Galera i Doi,s Porto.

Ferev rie o

Inío ic da atid iv ade do Centro de Arte Contemo p râna e , dirg i d i oo p r Fernando Perne,s no Musu e Naco i nal Soares dos Re.si

u J nho

Criao ãç do Grupo If — Idea i e Forma. gania z da lep o Círu c lo de Artes Pláts a ci s de Coimrb a.

u J lho

Monumento ao Genre al u H mbre to Delgado, m e Cela a Vela h , de o v a c u b láro i abts rato, de o J és Aurélo i e Artur Roca h .

Setm e rb o

or-

P ( o vó a de Varzm i .) Congreo s da AICA m e Lio bs a, deda ci do ao tema rc uzado da Arte Moderna e Arte Negro-Arf a ci na.

Criao ãç do Grupo 1 +5 . Implm e n e taço ã de um u c rso de g -sóp raduaço ã m ( ais tarde mes trado) m e tsiH ró a i de Arte na Unirev d is ade Nova de Lio bs a, dirg i d i oo p ro J és Augusto França. :

-

o p( r m e x lp o a obra na Rerp n es taço ã Portuguea s X ( XXVII C ( n e tre Culturel C ( n e tro de Artes

Bin e al Internaco i nal de Arte de Vena ze ;) Portugai;)s Pláts a ci s dos Corucu éh ,s Lio bs a); C ( n e tro de Arte Moderna, Musu e Naco i nal Soares dos Re,si Porto); S ( sie Exo p seõçi na Bélgia c ;) / / F ( undaço ã Calouste Gulbn e a ik n); NewYorke757 91 6 G ( alera i Alvare,z Porto); Arte Nova;) G ( alerei de Lo ’ lie , Pari;)s

Portugal

Agosto

1976

7a j neri o

G ( alera i G ( alera i M ( usu e

u Q adrum); Carlos Maca h do, Ponta Delgada); I( nstti uto Alemo ã , Lio bs a); Centro Diu f o s r de Arte, Porto); / ORetratoEmFrançaDee101 6 987

M ( d ó ulo, M ( usu e Naco i nal de Arte Antiga);

S ( NBA);

Artes visuais

S ( NBA, deo p si m e Lund, Suéa ic .)

/

391

ANEXOS


197 No mundo

A Delc araço ã dos Dirtie os u H manos é n i ts ti uída m e Praga, Cho ce ls ová u q a i .m iJ my Carter é Pred is n e te dos EUA. Em Esa p nha ocorre o masa s rc e da Atoca h M ( adrid) e é tse able d ice a a transo ãçi a p ra a democraca i .

-

Ferev rie o

Ósa c r Romero torna-es arco psibe de S. Salvador. Mengits u toma o o p der na Eita ipó . Pela 1º ,zev a URSS negoca ie o c m a CEE um acordo de a csep .s França, URSS e EUA alargam as reteps a vi s g á uas territoriasi a p ra 200 mila h .s Royn eJ n ik ,s n i glê,s rp d ise e à Comio ãs Europa ie .

-

Março

Bio ps s a c tólo ci s acua s m o ditador Somoza N ( a ci rágua) de tortura, rap to e u ce x seõç u s mára i s li g e ais de guerrilrieh os de u qse re da. É o c nsti tuída a Relbúp a ci Soca i lits a Síra i do Povo rÁ ab.e Os o s a ic lits as e os o c munits as o c ligados n ev m ec as le seõçi autáru q a ci s m e França. Indira Ghandi lea v nta o tse ado de m e re gêna ic u q e rep dura ded s e rv f rie o de 1957 e demti es- de 1ª Mintsi ra da Índia. A FRETILIN aprova a guerra de guerrila h lep a n i den ep dêna ic de Timor-Ets e o c ntra a ocua p o ãç lep a Indonéa is .

-

-

-

Abrli

Demo ãsi do 1º Mintsi ro rsi aelti ati Y a hz k Rabn i . Legalia z o ãç do Partido Comunits a m e Esa p nha, deo p si de 04 anos de lc andets n i d i ade. Morte de n ec tenas de tse udantes o p r milti ares m e Adis Aba be . O Comando Ulrie k Men i o h f do Exré tic o Vermelo h asa s n is a um u j zi e o motorits a m e a K rlsruh.e O triu b nal de Estugarda o c ndena três memrb os dos BaaderM - n ie o h f a rp o ãsi rep tép ua. O Vite name e o Cambodja n e tram m e guerra.

Maio

Dolores Ibarruri, , regrea s a Esa p nha. O a p rtido de Menacm eh Begn i ganha as le seõçi m e Israel. áH uma tentatia v de gol ep m e Angola.

u J nho

Primeiras eleições democráticas em Espanha após m da ditadura rf anqutsi a; n ev ec o UCD de Adolfo Suare.z Leonid Bren z ve é Pred is n e te da URSS. Dju bi ti torna-es n i den ep dente de França.

u J lho

Os BaaderM - n ie o h f asa s n is am o rp d ise n e te do Banco de Dred s n e . ZulkarAliButho,º1 MinistroeleitodoPaquistão,édepostopor- milita re.s A Somála i delc ara guerra à Etia ipó . Comea ç tambm é guerra n e tre o Egito e a Lía ib . Deng Xiaopn i g é reo p ts o no o p der na Chn i a 9 mese deo p si da u pxe lso ã do Bando dos u Q atro. A Esa p nha d ep e a adeo ãs à CEE.

Setm e rb o

Tratado n e tre os EUA e o Panamá o s rb e a transref n ê a ic do o c ntrole do Canal do Panamá para aquele país nonal do séculoXX.Aexecução o p r guilo h tina m e França termina. Somoza lea v nta o tse ado de tís o i na Nia c rágua o s b rp o ãse amera ci na.

Outubro

O deo ivs de um avo ãi da Luftansa lep o grupo terrorits a alemo ã Exré tic o Vermelo h a ( u q e rep tenec o o c mando dos BaaderM - n ie o h f,) a siv ndo a lireb taço ã do grupo rp o se , acaa b o c m a morte dos terrorits as; o grupo detd i ou s d ic a-es na rp o ãsi . O Pred is n e te da Catalunhao J T pes arradellas regrea s do líxe o i a Barcle ona e é rets aurado o govre no autónomo. Os EUA reo c nhm ec a n i tegraço ã de Timor-Ltse e lep a Indonéa is .

Novm e rb o

O rp d ise n e te g e o icpí Anwar Sadat é o rp m i rie o dirg i n e te rá abe a isv tarocialmenteIsrael,ondeseencontracomMenachemBegin.EmS. Franco csi , a H rvye Milk é o rp m i rie o o h mosu xes al le tie o a p ra a Câmara. A ONU o c ndena a Indonéa is lep a n i a v o ãs de Timor-Ltse .e

Dem ez rb o

a eJ n-Bd è le Bokaa s autoproclama-es m i rep ador da Relbúp a ci CentroAfra ci na. A rf Á a ci do Sul dá n i den ep dêna ic ao Bopu h thatsa w na. O Vite name e Dju bi ti aderm e sà Naçseõ Unidas.

Política

a J neri o

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-

392


IdenticadaabactériadaDoençadoLegionário.ALeidoAborto é aprovada em Itália. É registada aApple Computer. OVulcão Nyiragongo entra em erupção no Zaire oriental República ( Democrática do Congo). Cai neve em Miami pela primeiravez naHistória.

Fevereiro

OsrussoslançamaSoyuz4e2 estaçãoorbitalSoyuz4incen deia-se. Forteterramoto abala S. Francisco. Os sociais-- demo cratasvencem as eleições para o parlamento dinamarquês.º1 voodoSpaceShutle.

Março

O Banco da América adota o nome VISA para os cartões de crédito. Bette Davis é a primeira mulher a receber o prémio de carreira da Academia Americana. Descoberta dos Anéis de Saturno. Luciano Pavarotti atua pela primeiravez nos EUA numamegaproduçãoda dePuccini.Quedadeumavião emTenerifecommaisdemortos. 05

Abril

Sãoestreadoscabosdebraóticaemligaçõestelefónicas.

Maio

DoisaviõescolidemnasCanáriascomcentenasdemortos.

Junho

ComercializaçãodocomputadorAppleII.

Julho

Primeira ressonância magnética para mapearo cérebro - e ou traszonasdocorpo.UmapagãodeeletricidadeemNovaIorque durantehoras 52 provocasaques,violênciaecaos.

Agosto

MorreElvisPresley.NoJapãoentraemerupçãoomonteUsu. OnaviosoviéticoArktikachegaaoPoloNorte.OsEUAlançam aVoyager.2

Setembro

AInterpolemiteregulamentaçãosobreo degravações musicais.AAtariInc.lançaumsistemadevídeocomputorizado.

Outubro

É identicada a última epidemia de varíola na Somália e declaradaextintaadoença.

Novembro

, 0o 6 2 primeiro asteroide das Centauros, já fora do sistema Solar,éidenticado.ABritishAirwaysiniciaosvoos - supersóni cosdoConcordeentreLondreseNovaIorque.

Dezembro

Primeirocanaldetelevisãoporcabodedicadoàscriançasnos EUA:PinwheelNetwork,maistardeNickleodeon.

No mundo

197

a J neri o

Cultura e outros factos

Inicia-se onanciamento da bomba de neutrões  uma arma cujas radiaçõesmatampessoas,deixandointactasasconstruções.sequenciado É oprimeiro genomacompleto.comercializada É aprimeiraconsoladejogosAtariA . 0 62 Amnistia InternacionalobtémoPrémioNobeldaPazeodaLiteraturacabeaopoetaespanhol VicenteAleixandre.ÉcoroadaaprimeiraMissUniversonegra.CharlieChaplinmorre nodiadeNatal.considerado 7 91 oanodo com , bandascomoosSexPistolseos Ramones. Philippe ( Ariès); Roland ( Barthes); Jorge ( LuísBorges); Charles ( Bukowsky); Bruce ( Chatwin); Marguerite ( Duras); Alain ( FinkielkrautePascalBruckner ; Peter ( Handke); Luce ( Irigaray); Stephen ( King); John ( LeCarré); Mario ( Vargas Llosa); Alice ( Munro); Anaïs ( Nin); Philip ( Roth); Carl ( Sagan)A ; Françoise ( Sagan); J.( R.R.Tolkien); Marguerite ( Yourcenar).

39

ANEXOS


Filme:s

Cultura e outros factos

No mundo

197

Múa cis :

GRUPO ACRE FEZ

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394


Inauguraço ã do Centre National d’Art te de Culture Georges Pompd i ou lep o rp d ise n e te rf ancsê Gia cs rd d’Ets aing.

maio

Pero f rmance Los Angel.se

24 tes .-29 out.

Exo p o ãçis

, de Susanne Lac,y m e

197

31 a j neri o

Artes visuais

: a 21 Bienale Grake Moderna Galerija Ljubljana L ( ubla i na); IXe Festival International De La Peinture C ( agneS -s ur-Mre , França;) ImpoderabiliaLight/ / DarkRelation / InMovementRelation / InTime M ( arina Abramovci e Ulay) The Play Of DeathThe / Perfect Kiss a J ( mes Lee Byars) ; Combs OfTheWind E ( duardo Chli lida); OeuvresDeRaoulDufy:PeinturesAquarellesDessins M ( useé d’Art Moderne, Pari;)s ModelWithUnnishedSelf-PortraitMy / ParentsSelf/ PortraitWithBlueGuitarLooking / AtPicturesOnAScreen D ( avd i o H n kc ) ye PaulKlee F ( ondation Maegth , Saint-Paul, França;) NewYook Earth Room a W( lter De Maria;) Splitting / O4ce Baroque G ( ordon Matta-Clarc)k ObservatoryR ( obre t Morri;)s Robert RauschenbergN ( ational Colletc o i n of Fine Arts, a W n ihs gton); Vieira Da Silva0Têmperas 8 M ( useé D’Art Moderne, Pari;)s Fonte De Carnaval a eJ ( n Tinguel) y ; Reecting Pool B ( li l Viola, até 19.) 97

No mundo

, no Artits s Spaec de Nova Iorqu.e

395

ANEXOS


Medn i a Carreri a, Mintsi ro das Finança,s aprn es ta na telo ãsiv e um u q adro negro a p ra a o ce nomia o p rtuguea s . A diu v lgaço ã do ren ec a es mento n i dia c mais de 04 mil dea s lojados das o c- xe ló nias m e Portugal.

Política

Portugal

197

7a j neri o

-

20 a j neri o

Protets os dos a pes ratits as no Açore.s

27 a j neri o

Congreo s da Intern is dia c l aprova rp ograma de aço ã e muda nome a p ra CGTP.

1 rev f rie o

As aso s a ic seõç de a p si e n e a c rregados de d e ucao ãç a p a s ma ter o p der no tsi m e a naco i nal de n e n is o. São rc a i dos o Sits m e a Púlb o ci de Educao ãç Préo cse- lar e as Eso c las Normais de Educadores de Infn â a ic .

28 rev f rie o

Comunia c o ãç do 1º mintsi ro Máro i Soares ao a p ,sí anunca i ndo o rp m i rie o a p o c te de medd i as o ce nóma ci s o c ntra a rc ,esi u q en i lc uem a dea vs loria z o ãç do u cse do m e 15.%

1 março

O Govre no rc a i o cujospreçossãoxos.

25 março

Remodelaço ã do Govre no.

28 março

Aprn es taço ã o f rmal do d ep d i o de adeo ãs de Portugal à CEE ao Pred is n e te das Comunidades Europa ie .s

22 abrli

Éo c nstti uída uma o c mio ãs a p ra o Lirv o Negro o s rb e o Fasm sic o.

28 abrli

No Funca h l, deo c rre o I Congreo s da Aso s a ic o ãç Políta ci da Madeira,comobjetivosseparatistas.Nonalamultidãono - exte rior apua p os a p rtia pic nte.s

9 maio

O Pred is n e te Ramalho Eanes rp d ise e m e Londres à Asm es lb a ie da Nato.

15 maio

Comunia c do do Pred is n e te Ramalho Eanes rc ti a ci o Govre no Rego i nal dos Açores lep a n i aço ã a f ec aos n i d ic n e tes rp ovoa c dos lep os a pes ratits as da FLA.

31 maio

O Govre no diu v lga o lp ano de Médo i Prazo, o u q eég es uido de opoo ãçis o c ncre tada lep o PSD e CDS.

22 agosto

Reunio ã de Ramalho Eane,s Máro i Soares e Sá Carneri o o s rb e os rp oblm e as nas regseõi autónomas da Maderi a e Açore.s

26 agosto

Regulamentaço ã do Dirtie o à Gre.ev

17 tes m e rb o

Lei das Basse Gerais da Reo f rma Agrára i , Lei do Arrendamento Rural e Lei das Indemnia z seõç d ( e Antóno i Barreto).

10 outubro

São n i a ic das negoca i seõç o c m o FMI a p ra apoo i ao a p .sí Em re u s ltado, o FMI a v in e trar m e Portugal a p ra um reg s ate o ce nómi o c ,ad ep d i o de Máro i Soare.s

12 outubro

Apsó demo ãsi de Medrie os Ferreri a, o 1º Mintsi ro Máro i Soares asu s me a a p ts a dos Nego icó s Estrangeri os.

17 outubro

VisitaocialdoMarechalTitoaPortugal.

25 outubro

Lei u q e regulamenta o o p der das autarqua i seu es s ró gão.s

26 outubro

Aprovadas n i demnia z seõç a t- xe ti ulares de dirtie os de rp oprd ei a de o s rb e n eb s naco i nalia z dos ou rpxe opra i dos.

7 novm e rb o

Sá Carneri o demti es- de Pred is n e te do PSD tse ( á m e o j go a u s a opoo ãçis a Ramalho Eane.)s

GRUPO ACRE FEZ

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-

, um o c njunto de rp odutos

-

-

396


AmoçãodeconançaapresentadapeloGovernoàAssembleiade RepúblicaérejeitadaeoIGovernoConstitucionalcai.

28 dem ez rb o

OPresidenteRamalhoEanesencarregaMárioSoaresdeformar umnovoGoverno.

197

7 dem ez rb o

Política

Portugal

Ainda este ano: Revisão do Código Civil. Reforma do Abono de Família ampliando direitosdacriança.

3 97

ANEXOS


197 Portugal

4u j lho

A

12 rev f rie o

Ú ltima d e o ãçi e n e rec ramento do o J rnal

16 maio

é a rp m i rie a teln e ovle a rb asli rie a a res transmti d i a lep a telo ãsiv e o p rtuguea s .

8u j nho

O Consle o h de Mintsi ros, m e nome da austre d i ade, tev a a n i tro duço ã da telo ãsiv e a o c re.s

17 u j nho

O Sero çiv Cío civ Estudantil é txe n i to.

1 agosto

Morre o Cardeal Manuel Gonçalvse Cerriej a, Patriarca de Lio bs a durante 2 4 anos.

.

-

3 tes m e rb o

estabelecido É oregimedo

2 outubro

Anable a Chasev reebc o 1º Prémo i Internaco i nal de Exu ce o ãç m e Genrbe a e Natála i Correa i o rp m é o i litre rá o i rf ancsê La Fleur de Laure.

4 outubro

São tse able d ice as Normas de Aco se ao Ensn i o Supre o i r( .)

18 outubro

Olme , de Antóno i Resi e Margarida Corderi o, reebc o Grande Prémo i da Semana Internaco i nal de Cinm e a de a H nnhm ie .

19 novm e rb o

Oo v o2 4 5 da TAP den eps a h es- no aeroporto da Maderi a 1( 31 mortos e 33 o s rb n evi te.)s

23 novm e rb o

O Ano Propd e u ê tio c én i ts ti uído o c mo uma rp m i rie a n i a ic tia v de n e n is o à dits n â a ic , atravsé da telo ãsiv e .

18 dem ez rb o

Avo ãi n iv do de Zuriu q ea c i ao a f lhar a aterragem no Funca h l3 ( 6 mortos e 21 o s rb n evi te.)s

nasUniversidades.

Ainda tse e ano: marca um novo tse li o de o c ncursos telo vis e .s O PrimeiroCampeonatoNacionaldeSurfdecorredaRibeiraDIlhas,Ericeira.OBenca n ev ec o Campo e nato Naco i nal de Futeo b l. O Futeo b l Clube do Porto ganha a Taça de Portugal. Portugal ganha o Campo e nato da Europa de u qó H ie m e Patin.s S ( opa ih de Mello Bren y re Andren es ;) M ( rá o i Cláudio;) M ( aria Velo h da Costa); reH( reb to leH der;) M ( aria Gabrlei a Llansol); A ( gustn i a Bea s Luí;)s F ( re nando Namora); C ( arlos de Oliriev a); o J ( és Saramago); o J ( rge de Sena).

N ( uno

Bragança;)

Pir;)se

Cultura e outros factos

o c mea ç a res n ev dida m e Portugal.

de Almed i a); o J ( rge Pen ix o h ;)

GRUPO ACRE FEZ

1974–77

F ( austo); o J ( ly Braga Santos;)

,

o J ( és Cardoso

A ( ntóno i Vitc orino (Trovante.)

398


Portugal

197

Ta e tro/dança:

(TEPhTeatro Experimental do Porto,Teatro (TILhTeatroInfantildeLisboa).

Arquti te ura:

, Lisboa e

39

e87 91 ( ,)5 Macau Manuel ( Vicente);

Cultura e outros factos

Cinm e a:

ANEXOS


25 a j neri o

o px e o ãçis na SNBA. ,o c mia s riada o p r Ernets o de Sousa, na Galera i de Arte Moderna de Belm é , Lio bs a.

197

Fe.v m - arço Marçoa - rb li

no Centre Culturel Portugai,s Pari.s

Agosto

, Caldas da Raina h .

Portugal

Out.-dm ez rb o

a s na XIV Bin e al de São Paulo, Brasli .

o ãs rerp n es taço ã o p rtugue

-

Ainda tse e ano: A 2ª Fets a do Avante deo c rre no a J mor o c ma pse o ç autónomo a p ra Artes Pláts a ci ,s a Inío ic do rp ojte o do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkiandenição ( do programa e localização). Carlos Duarte preside à secção portuguesa daAICA. Ernesto de Sousalma . , de Ana a H thre ly. :

Fundação ( CalousteGulbenkian); Galeria ( Alvarez); Galeria ( deArtedoCasinodoEstoril); G ( alera i Dinastia); Galerie ( Documenta, Paris); Galeria ( Dois); Galerie ( Diagonale,Paris); G ( alera i o J rnal de Notícias); Galeria ( Quadrum); Galeria ( S.Francisco); Galeria ( S. Mamede); Galeria ( ;)1 u J ( nta de Turim s o da CostaDoSol,Estoril); Módulo, ( Porto na Basel Art Fair, Basileia); M ( d ó ulo, Porto);

Artes visuais

M ( usu e Naco i nal Soares dos Reis); S ( EC Serc te aria de Estado da Cultura — CAPC Círu c lo de Artes Pláts a ci s de Coimrb a — SNBA Socd ei ade Naco i nal de BelasArtes); / / SNBA) ( ; Viena ( deustria) Á .

GRUPO ACRE FEZ

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40


401

ANEXOS


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403

ANEXOS


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405

ANEXOS


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740

ANEXOS


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ELEMENTOS CURRICULARES ADICIONAIS DOS ARTISTAS DO GRUPO ACRE

409

ANEXOS


Lima Carvalho: elementos adicionais

NaturaldeAldoar,Portoem ( de 3 setembrodeJoaquim ,) 0491 ManuelLima Carvalho élho de um casal de pintores amadores e convive desde cedo comartistascomoAntónioCruz,presenciandooseuprotagonismocentral na realização deO Pintor e a Cidade ,)lme 6591 ( de Manoel de Oliveira, entãovizinhodacasadospais.Nessaaltura,orealizadorter-lhe-áditoque gostariadetersidopintorsegundo ( LimaCarvalho,emconversaem8de 1 julhodecom 9102 aautoradestetexto). Aalcunha pela qual é conhecido, Pintor,tem uma razão quevem de trás. Questionado no início de um certo ano letivo, aos 1 ou 21 anos, na EscolaGomesTeixeiraPorto) ( sobre , oquequeriavirasererespondendoele quequeriaserpintornumaalturaemque,naturma,ninguémseconhecia pelonome,aquelaidenticaçãoacabaporcarparaoscolegaseparaesse mesmo professor, Júlio Resende que, mais tarde reencontrado nas Belas Artes,continuaausaressanomeação. Quando estuda na ESBAP, tem como professores novamente Júlio Resende, e também Lagoa Henriques, Augusto Gomes, Pais da Silva, HeitorCramez,GuilhermeCamarinha,GustavoBastos,LuísDemée,Sousa Felgueiras, FlóridoVasconcelos,António Brito,Amândio Silva engelo  de Sousa. Conclui o curso eme64691 ,5 ano em que é bolseiro da Fundação CalousteGulbenkian,emboraapenasrealizeoexamedesaídaindispensá velaodiplomanalem.37 91 Na ESBAL, inicialmente leciona desenho de estátua ao curso de Arquiteturaeoutrasdisciplinasdedesenhoaté1798e7Após .9 novabolsa daGulbenkianem179paraumainvestigaçãosobrearelaçãodalingua gemdapinturacomalinguagemliterária,realizaprovasdeagregaçãoao 5º grupo de Pintura em 198equiparadas 0( a doutoramento para carreira docente).MantémentãoatelierconjuntocomMaríliaViegase,embreve, ensinatambém pintura, com uma passagem breve pelo mestrado de - de senhodepoisde201.Paralelamente,émuitoativonoprocessodeinte gração universitária e integravários órgãos de gestão ao longo dos ano 80 e 90 (Presidente do Conselho Diretivo durante sete anos, Conselho Pedagógico, Assembleia de Representantes e Comissão Cientíca do SenadodaUniversidadedeLisboa). Em matéria de atividades conjuntas diversas, por exemplo, Lima Carvalho obtém em, com 97 1 o escultorMatos Simões, umº1 prémio no concurso para um Monumento ao 25 de Abril da Câmara Municipal de OeirasparaaavenidamarginalemAlgés;e,emtambém , 0891 comMatos Simões e Rocha de Sousa, consegue novo º1 prémio no concurso para o Monumento a Gonçalo Mendes da Maia,paraaMaia,Porto. GRUPO ACRE FEZ

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TambémédiretorartísticodeAGaleria,emCascais,eme84891 e,5 da GaleriaPousão,noPorto,dezanosdepois.Comoartista,integrainúmeros júrisdeseleçãoeatribuiçãodeprémiosnaSNBAenaCooperativarvore, Á maistardenaBienaldeVilaNovadeCerveira,naAcademiadaMarinha,na GaleriadeArtedoCasinoEstoril,entreoutros.Quandoassumeadireçãoda FBAUL,perantedesaosnessagestãoqueincluemaatribuladaintegração universitáriaeobrasdeconstruçãodeumanovaalacomumnovoantea tro,sóentãoviveumperíododemenorproduçãocriativaentree7891 ,39 1 masnãochegaainterromperessafacetacriativa. MembroCorrespondentedaAcademiaNacionaldeBelasArtesdesde ,89colabora 1 como coautorcomAntónio Pedro Marques num Léxico do Desenho,eaposenta-sedasfunçõesdocentesnaFaculdadedeBelasArtes deLisboaem0como 12 professorcatedrático,depoisde5anos 4 decar reiranoensino. Lima Carvalho está representado em diversas instituições, como a SecretariadeEstadodaCultura/MinistériodaCultura,aFundaçãoCalouste Gulbenkian,aCaixaGeraldeDepósitos,oBancodePortugal,aFundação CupertinodeMiranda,asUniversidadesdeLisboaedoPorto,aFundação Orada em Monsaraz, a Câmara Municipal de Almada, os extintos Banco Português do Atlântico e Banco do Fomento, a Companhia de Seguros Cosec,aIntersindical,etc. Asuaproduçãopictóricainsiste,aolongodosanos,navia - deuma guraçãodescomprometidaqueoscila,conformeasfases,semsecontradi zer,entreumamaiormusculaçãogeométricadoscorposeumcertolirismo gestual.Aemoçãonasguras,asensualidadedasformasorgânicas, - omo vimentodoscorpos,associamavisualidadepictóricaatítuloscuja indicativa apoia a forte intensidade expressiva, com o erotismo frequ após os anos 08 muitasvezes aveicularumaaura de assombro e alhea mentoÇ nas guras-amantesÇ, como arma Fernanda Gil Costa no texto queacompanhaasuaindividualnaGulbenkian.

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ANEXOS


Clara Menéres: elementos adicionais

MariaClaraRebelodeCarvalhoMenéresénaturaldeS.Vítor,Braga,onde nascea2deagostodeAos .3491 4anos 1 jáéestudantedeEsculturana ESBAP. Frequenta o curso entre8591e,469mas 1 só o conclui em,8691 depois do nascimento dos doislhos em36e.5Quando, 6 casada e mãe, regressa aos estudosonde ( é aluna de Barata Feyo, Heitor Cramez,Júlio ResendeeLagoaHenriquesque,maistarde,ema , 0 7 91 convidaparaensi narnaEscolaSuperiordeBelasArtesdeLisboa)já , Claraexpôstrabalhoseu a ( primeiraindividualédeapesar ,)7691 desermuitojovem. Assim, Clara assume precocemente uma posição muito armati va como escultora, como mulhere num plano político mais lato. Podemos destacarespecialmente duas esculturas de linguagem moderna-com sen tido crítico e erótico, ainda notempo da ditadura, quando a sexualidade é tema censurado:A Menina Maria Amélia que vive na Rua do Almada, tese demdecursodeBelasArtes,deexposta ,8691 noMuseudeAmarantee hojepartedoseuespólio;eRelicário,deque, , 96 1 apresentadanoMuseu SoaresdosReis,motivaumabaixo-assinadocontraapresençanummuseu deumaobraquenemseadmitianumbordelÇ 84 . Quantoàsuafacetaacadémica,Claracomeçaacarreiraem6 /5 91 na Escola Comercial e Industrial de Aveiro. De 0 7 91 em diante está na ESBALaensinardesenho,eapartirdeleciona 74 91 esculturaeoutrasmatérias.Entree97 prepara 1 891 doutoramentonaUniversidadeParisVIIcom orientação de Serge Moscovici, residindo em Paris e obtendo o Diplôme dEtudesApprofondies de Ethnologie em. Conclui 97 1 atese em,38já 91 depoisde,emrealizar , 0891 provasdeAgregaçãoemEsculturanaESBAL. Maistarde, continua a revelara sua inquietação e interesse por-novos co nhecimentosemformaçõesdiversasquefrequenta:cursosdetecnologias informáticas,desenhoassistidoporcomputadoredeluminotécnica resp tivamentenaESBALenoMIT,naFaculdadedeArquiteturadaUniversidade TécnicadeLisboaenoINETI,ocursodeTeologiadaUniversidadeCatólica Portuguesa,sãoexemplos. DepoisdoGrupoAcrecessarasuaatividade,ClaraMenéresrenovao empenhocoletivoapardasuaproduçãoartísticaindividual,sobretudoem projetosartísticoscomcolaboraçãopontualdeoutrosartistas.o É casoda criação do CAICentro ( deArte e Investigação), em,29com 1 José Nuno CâmaraPereira,PedroMorais,FernandesDiaseJoãoRegueira,queobtém apoios da CML, FCG e LNEC. É também o caso, em,39 1do Centro de

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ClaraMenéres,testemunhooral,de 13 marçode.6102

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Escultura em Pedra de Pêro Pinheiro, nos anos, bem 08 como da sua es tadianoCenterforAdvancedVisualStudiesdoMassachusettsInstitu TechnologyMIT) ( entre , e8 91 que , 09 1 lhepermiteaprofundarperspeti vascruzadasdastecnologiasnainvestigaçãoartística. Isso decorre paralelamente e intercalado com a sua carreira - acadé mica e respetivas etapas na Faculdade de BelasArtes de Lisboa, na qual assumetambémresponsabilidadesdedireçãoegestãoentre3e9 1 .69 1 DepoisdissoécontratadapelaUniversidadedevora, É ondeleciona-primei ronoCursodeArquiteturaPaisagistade ( novodesenho)ao , mesmotempo que ensina também na Universidade da Beira Interiorestética) ( .-Em bre ve dinamiza emvora É o lançamento do novo projeto pedagógico do curso deArtesPlásticas,ondeprogrideparaProfessoraAssociadae,maistar Catedrática.Comoartista,docenteeinvestigadora,realizainúmeras conf rências,integrajúrisecomissõesartísticaseacadémicas,publica duasdezenastextos. São,ainda,expressivasdoseuinteressenaaçãosocial,cultural epo lítica,asparticipaçõesnoMICMovimento ( deIntervençãoeCidadania)em ,no 60 2 ProgramaCulturaldoCongressoFeministade,a 80 2 suacan didatura em 90 2 às Eleições Europeias pelo MPTPartido ( daTerra) e à AssembleiadaRepúblicapelacoligaçãoFrenteEcologiaeHumanismo.Após aposentadanaUniversidadedevora É desdeé, 7Professora 02 Catedrática Eméritadessauniversidade,mantendoligaçãoacadémicas,integrando j risecomissõesdeavaliaçãonoensinosuperior,atéfaleceremainda ,8102 cheiadeprojetos. Delacaumaproduçãoextraordinariamentemultifacetada:desenho, escultura de diversas dimensões e materialidades, comguração - ou abs trata,monumentospúblicosemPortugalenoestrangeiro,obrasem - cola boração,efémerasouempedra,metal,novosmateriais, ready-made,néon, medalhística,esculturareligiosaeprofana. AobradeClaraMenéresestáintegradaemdiversascoleçõesdeins tituições,tais como: Secretaria de Estado da Cultura, Fundação Calouste Gulbenkian, Museu de Amarante, a Caixa Geral de Depósitos, Fundação da Casa de Serralves, Massachussetts Institut of Technology, Câmara MunicipaldeVilaNovadeCerveira,EmbaixadadePortugalemWashington eEmbaixadadePortugalnaONU.

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ANEXOS


Alfredo Queiroz Ribeiro: elementos adicionais

NascidonaBeira,Moçambique,em81dejulhodeAlfredo , 93 1 VazPinto deQueirozRibeiroxa-semuitojovemnoPortoeestudaaliesculturanas BelasArtesdesdeConquista . 95 1 oPrémioMestreManuelPereiradoSNI noanode,quando 4691 terminaoc ursoerealizaasuaprimeiraindividual naGaleriaDivulgaçãoPorto) ( .Noanoseguinteparticipaemnovasexposi çõesLisboa ( ePorto)eintegraaCooperativarvore Á antesdoserviçomilitar obrigatório,queoafastadurantequatroanos. Após o regresso em 96 1 e novas exposições promissoras Galeria ( Alvarez, Galeria Quadrante), obtém uma bolsa da Gulbenkian e continua estudosdeEsculturanoCentralSaintMartinsCollegeofArtdeLondres en tresetembrodea 0 7 91 julhodeRegressa .27 91 emPortugalemmas, ,37 91 embrevedenovoemInglaterra,lecionaesculturanaLiverpoolPolythecnic. Nasuaobra,háinicialmentepinturaecerâmica,seguidas assemde blagescommateriaispré-fabricados objects e trouvés, mas,principalmente, podemevocar-seasesculturasabstratasgeométricasdeformasrigorosas realizadasfrequentemente com recurso a processos industriais.Aestad emInglaterraeoensinonaLiverpoolPolytechnicterãosidodeterminantes certamente, pois nessa escola anos ( antes frequentada porJohn Lennon) arma-seentãoumaaproximaçãovocacionalcentradanaciênciaenatec 984 nologiaQueiroz . Ribeirorealizaaindadesenho,bemcomoserigraa-eli tograa,obrasnasquaisseevidenciaumareexãosobreoespaçoquenem sempre concretiza nos objetos escultóricos, porrazões plausíveis. Mas há aspetoscomuns,comomaistarderefereFernandodeAzevedoapropósito dessasobras:Assuasserigraassão,comoasuaesculturaoé,também, umaatençãosensívelàplanicaçãodostemposdeleituradoqueorodeia, doquevê,doqueviveÇ 094 . Entre outras mostras de trabalho, Queiroz Ribeiro expõe ainda em Liverpool porduas vezes, em37Liverpool 9(1 AcademyGallerye Bluecoat Gallery),naFundaçãoCalousteGulbenkian,emnaisdomesmoano,ena rvore, Á em. 74 91

984

094

O Liverpool Polytechnic resulta dafusão, em, de 0 7 91 quatro escolas: Regional CollegeofTechnology,CollegeofArtantes ( aMechanicsSchoolofArt,criadaem uma ,5281 dasescolasdeartemaisantigasdeInglaterraforadeLondres)College , ofBuildingeCollegeofCommerce.HojeoLiverpoolPolytechnicéaLiverpoolJohn MooresUniversity. AZEVEDO,FernandodeQueiroz .)6 7 91 ( RibeiroÇ. Colóquio Artes.Nºfevereiro, ,61 p.Lisboa: . 74 FundaçãoCalousteGulbenkian.

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Sobreoseutrabalho194 Egí , diolvaro Á frisanotextodocatálogodasua exposiçãonaGulbenkianaideiadeexperimentaçãopermanentecomouma dascaracterísticasprincipaisdoescultor,escrevendo:

Asimplicidadedasformasnãoésenãoaparente.Senaprimeirafase abundamasformasobtidaspelorecortedeumasópeçametálica,a referênciaaoorgânico,aosseresvivos,recobre-asdeumaredede-su gestões e obriga a um recurso ao imaginário e à memória que exclui asimplicidade.Seogostopelosmateriaispré-fabricadosdasegund fasesecções ( tubulares,chapas,volumes)epelosmateriaispobrese poucobelosos ( plásticossãoporsidemasiadoexpressivos,eobronze está ligado atoda umatradição estética do imperecível e do eterno) fazempensarnumarecusadelirismosedetransbordamentos-expres sionistas,logoanecessidadesensualdemanipulaçãofísica - edaemo ção,talcomoaarmaçãodeumaespontaneidadeinstintivaapontam paraodiálogocomonão-racional / nemracionalizável,indicama-recu sadomanifestoconceptualemfavordapráticainformadora. Enaterceirafase,quejulgoserumasíntesefecundaefecundante,vericamosainserçãodaobranapaisagemculturalurbana,aapropria ção da realidade ou supra-realidade confeccionada industrialmen pelohomem,emdetrimentodessaoutrarealidadenaturalque,lenta 294 masseguramente,entranodomíniodalendaimpossível.

AlfredoQueirozRibeirotemobraemcoleçõesdiversas,destacando se - aFundaçãoCalousteGulbenkianeaFundaçãodeSerralves. Jánumcontextorecente,RicardoNicolauenquadraaobradoartista naabstração,contudofrisandoquelheinteressavaqueaexperiênciavisua traduzisseapassagemdotempo,queatotalidadedaexperiêncianãofosse dada de imediato, de uma sóvez  razão pela qual lhes atribuitítulos, às vezes longos, quase sempre crípticos, que também visam dilataro tempo dareceçãoÇ 394 .

194 294 394

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Cronologia de exposições individuais e coletivas em GONÇALVES, Cláudia; RAMOS,MariaCoord. ( .)10 2(,) Portoos :07/ 6 artistaseacidade. Porto:Asa/ rvoreÁ CooperativadeActividadesArtísticasMuseu / deSerralves,p..592 LVARO, Á Egídio.)3A 7 91 ( escultura de Alfredo Queiroz RibeiroÇ. AA.VV.)37 91 ( Alfredo Queiroz Ribeiro. Exposições de Bolseiros. 7.Lisboanovembro / dezem  broLisboa: .37 91 / FundaçãoCalousteGulbenkian,s/npágina. NICOLAU, Ricardo .) 90Alfredo 2( Queiroz RibeiroÇ. In AGUIAR, Maria João .) 90 2( Artistas Portugueses na Colecção da Fundação de Serralves. Porto: FundaçãodeSerralves,p.. 0 72 ANEXOS


ISBN 978-989-8944-50-4


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