:ESTÚDIO 3

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A série Microplanos é composta de 6 peças: 1 lâmina de acetato; 3 lâminas de papel-cartão e 2 Lâminas de contraplacado (Figuras 1, 2 e 3). Sua aparência é de pintura monocromática, mas uma análise minuciosa revela que todas as faces do suporte recebem tratamento pictórico, com cores contrastantes, criando uma borda de delicado efeito plástico. A percepção visual dos Microplanos, é proporcional à espessura do suporte, podendo, em princípio, variar de frações de milímetros (mícrons) a centímetros, ou a metros, para ficarmos numa escala razoável para as dimensões de uma obra plástica. Excetuada a lâmina de acetato, as peças têm superfícies pintadas com cores saturadas numa composição cromática de 6 cores que determinam planos isolados, apenas perceptíveis através de determinado ângulo de visão. Essas obras habitam um território híbrido entre a pintura e o objeto, por questionarem a própria bidimensionalidade, enquadrando-se, pelo viés construtivo, na abordagem duchampiana de inframince. O próprio autor esclarece: Marcel Duchamp não inventou o inframince, apenas constatou sua existência em diferentes manifestações. O inframince pertence ao campo da física. A partir dele, faz alguns anos, desenvolvi o que chamo de Microplanos, ou seja, uma abordagem mais elástica e construtiva em relação aos planos bidimensionais que se contraem e se expandem na mesma superfície. Estes planos podem ser vistos e sentidos em superfícies milimétricas (chegando ao mícron) ou podem crescer e existir ilimitadamente no espaço em que se situar (Montez Magno, comunicação pessoal, Janeiro 2011). A visão construtiva de Magno desloca a noção de inframince como conceito

Revista :Estúdio. ISSN 1647-6158. Vol.2 (3): 292-297.

1. Considerações sobre os Microplanos

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Analisamos a série Microplanos, à luz do conceito duchampiano de inframince, procurando ramificações desse conceito na cena artística contemporânea e em outras esferas. Consideramos as peças da série Microplanos, o depoimento do autor e as fontes teóricas a eles relacionados. A conclusão dar-se-á em torno das contribuições desses conceitos à contemporaneidade, pois, refletir sobre a extrema sensibilidade, nos leva a questionar o seu lugar na atualidade. Montez Magno nasceu em Timbaúba, em 1934. Vive e trabalha no Recife, capital do Estado de Pernambuco. Autodidata, dono de obra vasta e heterogênea, tem uma trajetória de mais de 50 anos, com participações em mostras nacionais e internacionais, como as V, VIII e IX Bienais de São Paulo, a exposição coletiva Pernambuco Terra Brasilis na Fundação Júlio Resende (1998) no Porto, e a mostra individual Série Tantra, realizada no Museu do Estado de Pernambuco (2006).


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