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162 Grando, Angela & Cuquetto, Maria Carolina Soares (2014) “Vínculos entre arte, lugar e comunidade no projeto Temporal de Stephan Doitschinoff.”

Resumo: Este texto discute sobre as especi-

Abstract: This text investigates the site-spe-

ficidades de site e os vínculos estabelecidos entre obra, artista e comunidade a partir do projeto Temporal do artista paulistano Stephan Doitschinoff. O objetivo é questionar quais potências e relações são engendradas na prática da arte e na atuação direta do artista na comunidade. Palavras chave: Arte contemporânea / site-specificity / Temporal / Stephan Doitschnoff.

cificities and the links established between art work, community and artist in the Stephan Doitschinoff ’s project, Temporal. The objective is to discuss the relationships and potencies engendered by the practice and performance of this artist in the community. Keywords: Contemporary art / site-specificity / Temporal / Stephan Doitschnoff.

Introdução A tomada de posição em relação ao espaço habitado entre a arte e o seu público, seja como espaço físico seja nos aspectos sócio-políticos convergiram para que o produto artístico há muito não fosse mais definido pela produção de objetos estéticos colecionáveis. Nas observações de Nicolas Bourriaud, sobre esse alargamento de campo, se a “[...] arte tinha que preparar ou anunciar um mundo futuro: hoje modela universos possíveis” (Bourriaud, 2008). Sabemos que um ponto de partida que nos mostra como interpretar deslocamentos e significados históricos para realinhá-los às manifestações artísticas em nossa época, se inscreve em experiências que legaram a intervenção construtiva entre arte e vida, arte e política, arte e quotidiano. No importante estudo de Peter Bürger, Teoria da Vanguarda (1974), é enfatizado o eixo vanguardista que sustenta a instituição arte como um ataque ao status ordenado conforme a práxis do esteticismo da segunda metade do século XIX, da arte autônoma ou original, apreendida na sociedade burguesa. Para o teórico alemão, um dos protagonistas do debate sobre a vanguarda e a pós-modernidade, as vanguardas históricas têm uma reação e contestam a especialização da arte numa esfera apartada do todo social, negam a separação da arte em relação à práxis vital. Bürger discute que apesar das ações políticas das vanguardas terem conhecido impasses e resultarem em crises, o legado de seu efeito no plano artístico ao neutralizar a pretensão de um estilo ou forma artística colocar-se como ideal de um período, colocou à disposição dos artistas uma pluralidade de procedimentos artísticos. Hoje, a condição heterogênea da arte e do artista, livres do peso de uma ideologia como, entre outras, a condição de uma visão universal ou a ideia de progresso, parece enfatizar que “não foi a modernidade que morreu, mas sua versão idealista e teleológica” (Bourriaud, 2008). Segundo Hannah Arendt, as transformações ocorridas no século XX, como a corrida espacial, a engenharia genética e a automação forçaram a humanidade


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