Voz de Esperança Jan/Fev 2023

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RESPOSTA À CHAMADA

“O amor criador de Deus é o início de cada vocação. Deus toma a iniciativa, mas não fará nada sem nós; e quando chama para uma missão dá as condições para a realizar.”

SEMEAR SORRISOS…-

Laurinda Faria Págs. 2 e 3

“Devemos ser nós, pessoas de bem, a promover a justiça e a fraternidade, a procurar ajudar aqueles que sofrem a vencer as suas feridas, a dar-lhes esperança e a semear sorrisos onde, aparentemente, só existe dor e violência.”

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EDITORIAL

O INÍCIO DE UM GRANDE SONHO…

“Sou o início de um grande sonho que espera ser realizado.” – Esta interpelação, presente no texto da secção Visão, que nos recorda que a vocação implica uma resposta atenta e alegre ao chamamento que Deus dirige a cada um de nós, aconchega-nos na renovada certeza de que o Senhor tem para nós e para a Sua Igreja os sonhos mais belos, capazes de nos proporcionar uma felicidade muito superior àquela que poderíamos supor ou augurar!

A festa do Natal, que recentemente celebrámos, assim como o início de um novo ano, constituem, precisamente, tempos que nos convidam a sonhar. Na verdade, a incarnação do Verbo, Deus que nos visita no Menino Jesus nascido de Maria, é um importante passo na concretização do sonho de Deus de Se fazer próximo, de Se manifestar por via do Amor sem fim, de ser para nós Salvação e Vida abundante e perene! É com a alegria de sabermos que o Senhor acampou entre nós que renovamos a esperança e reinventamos sonhos na abertura de um novo ano civil.

Neste ano de 2023, a realização da Jornada Mundial da Juventude é também a vivência de um sonho, um sonho iniciado há algumas décadas por S. João Paulo II, de encontro do Papa com os jovens, de colocar os jovens no caminho do serviço, partindo ‘apressadamente’ rumo ao encontro com o Senhor Jesus e com todos os irmãos!

Ora, este é também um acontecimento que procurará, certamente, contribuir para a realização de um outro grande sonho, o da Igreja sinodal samaritana, onde, juntos, todos têm voz e vez, onde se vive na graça da comunhão fraterna, a exemplo das primeiras comunidades cristãs, onde a Caridade, o Amor verdadeiro, é a grande missão de todos e para todos! Também o Seminário, enquanto tempo e espaço de discernimento vocacional, de fortalecer a relação de amizade íntima com Jesus Cristo, como o comprovam as notícias aqui publicadas, é tempo e espaço de Amor, tempo e espaço onde Deus habita, tempo e espaço de sonhos, do início de um grande sonho…

Diretor: Pe. Mário Martins Chaves Rodrigues Ano XXIV - 6ª Série | Nº 92 | Bimestral
1,00 €
JAN - FEV / 2023

RESPOSTA À CHAMADA

Entramos no terreno da vocação sabendo que somos responsáveis pela própria felicidade e, em alguma medida, pela dos outros.

Quando Deus chama, espera que respondamos «presente!».

A cultura da distração fecha os nossos ouvidos e sufoca as interrogações acerca do sentido da vida. Contemplando o ambiente

Uma grande história

Ouvidos moucos

Às vezes ouvimos chamar por nós e fazemos «ouvidos moucos». Desconfiamos do que nos possam pedir, tememos sair da zona de conforto, sentimo-nos possuídos pela apatia e o comodismo, vivemos estacionados como um carro velho abandonado à beira do caminho. Enfim, fingimos não ouvir porque ainda não descobrimos a beleza e a ternura de pertencer a Alguém que ama demais e tem uma missão para cada um de nós.

social ferido por guerras, exploração, desigualdade, ignorância, sofrimento… há pessoas que experimentam inquietação, responsabilidade, desejo de colaborar na sua transformação. Não sabem como fazê-lo, mas intuem que são chamadas a comprometer-se efetivamente com a causa de Jesus no serviço aos irmãos mais débeis e necessitados, e põem-se a jeito para descobrir como chegar lá. Esta abertura, levantar-se e pôr-se a caminho são já um eco do chamamento de Deus.

A experiência de estar no mundo «porque sim», sem ter feito nada para isso, diz que eu sou o começo de uma grande história: antes não existia, agora vivo; não sou necessário nem devido, mas um ser inexplicável e valioso; tenho um nome, sou o início de um grande sonho que espera ser realizado. Ter nascido tem algo de surpreendente e desafia-nos a pensar: se estou aqui é para alguma coisa, tenho um papel a desempenhar. O chamamento à vida traz consigo uma missão.

A vocação é o encontro com Alguém, não com uma coisa ou uma doutrina. O encontro com Jesus abre um novo horizonte e imprime um rumo decisivo à vida, dá origem a uma existência nova em comunhão com Cristo e com os outros. Esta aventura vai-se construindo aqui e agora, através das pequenas e grandes escolhas. Se

VISÃO 2
Ir. Laurinda Faria - Congregação das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus

passarmos o tempo à espera de ver o que acontece para depois reagir, sairemos derrotados pela certa. Precisamos de abrir o coração aos sonhos e a inteligência às decisões.

O amor criador de Deus é o início de cada vocação. Deus toma a iniciativa, mas não fará nada sem nós; e quando chama para uma missão dá as condições para a realizar. A nós pertence, como fez Zaqueu, acolher o convite com alegria (Lc 19,1-10). Toda a vocação é para uma missão, «para que deis fruto» (Jo 15,16) através da irradiação da fé, do amor samaritano e de gestos de amor para com todos.

Caminhar juntos

Responder à vocação exige capacidade de arriscar. O Papa Francisco convida os jovens a ousar decisões corajosas, mesmo sujeitos a errar, certos que Jesus Cristo nos dará o seu Espírito para encontrarmos a direção certa. O medo e a dúvida calada paralisam os nossos pés. Presos ao chão da mediocridade e da monotonia descomprometida, reféns de uma cultura da indecisão, perderemos a ocasião de apreciar a beleza do que está para além da fronteira do individualismo e das nossas possibilidades. Confiar e caminhar juntos, em grupo, em família, em igreja, livra-nos da inação e infunde ânimo para chegar mais longe.

A fé cristã vive-se em comunidade, e é na comunidade dos batizados que se descobrem os diversos modos de viver a única vocação à santidade. A adesão amorosa a Jesus há de ser amparada pelo acompanhamento pessoal e alimentada pelo testemunho da comunidade cristã.

A jovem Maria de Nazaré, ao escutar o convite de Deus para ser mãe do Salvador, declarou-se servidora do Senhor. Invadida pelo Espírito e com o Filho de Deus no ventre, «saiu apressadamente» ao encontro de Isabel que precisava de ajuda (Lc 1,39-45). No serviço hospitaleiro, exultou de alegria bendizendo ao Deus que levanta os fracos, fortalece os débeis e liberta os oprimidos. Responder à vocação é pôr-se ao serviço deste projeto de Deus, em qualquer estado de vida e lugar do mundo.

A família, a catequese, a escola, os grupos de reflexão e partilha, a liturgia eclesial, o estudo da palavra de Deus, etc. são dinamismos ótimos para criar cultura vocacional e favorecer a abertura ao chamamento de Deus. A experiência de serviço solidário às pessoas mais vulneráveis, proporcionada por imensas iniciativas, é uma ajuda qualificada para despertar a atenção, especialmente dos adolescentes e jovens, para a voz de Deus.

Podemos perguntar-nos: Diante do sofrimento no mundo, que sinto, que penso, que desejo? Que têm a ver comigo essas situações?

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DOUTOR SANTO ANTÓNIO

Os santos são os nossos irmãos mais velhos e os nossos modelos. Ninguém como eles soube concretizar os gestos sublimes que nascem do amor. Mais antigamente, sobretudo, além de protetores dos múltiplos ofícios, eram também os médicos a quem recorríamos nas doenças e outras aflições.

Por essa razão se exigia que, nas igrejas, as imagens fossem imediatamente identificáveis, mesmo por quem não soubesse ler, como era o caso da maioria das pessoas. Por isso, os artistas inventaram o que, em iconografia, chamamos atributos, os quais permitiam uma identificação imediata. Referem-se eles a qualquer acontecimento importante na vida dos santos. Assim, se a imgem tem umas chaves na mão, sabemos imediatamente que representa S. Pedro; se aponta para um cordeiro, será S. João Batista; se apresenta uns olhos numa bandeja, estamos perante Santa Luzia; e se segurar uma torre, será Santa Bárbara que nos protege das trovoadas. Antes conhecia-se a vida dos santos como hoje conhecemos a dos cantores famosos ou dos artistas de cinema. Por essa razão era fácil identificar a imagem do santo a que pretendíamos recorrer.

Naturalmente, quanto mais popular fosse um santo, maior variedade de representações assumia,

até porque melhor se conhecia a sua vida. É o caso de Santo António, do qual existe uma grande variedade de iconografias, algumas delas mais eruditas, outras mais populares. Quase todas, porém, apresentam dois elementos comuns: o Menino e um livro, sobre o qual ele se senta ou está de pé, a quem o santo umas vezes adora, outras acaricia, recordando as visões com que foi agraciado. Também se pode ver segurando uma cruz ou então um ramo de açucenas, símbolo da sua pureza.

Sobretudo na pintura, encontramos ainda representações do santo pregando aos peixes, levando uma mula a ajoelhar-se diante de uma hóstia, ou outros milagres que lhe são atribuídos na biografia, como o de levar uma criança recém-nascida a identificar o pai, livrando assim a mãe da fama de adúltera. Mais populares são as atribuições de casamenteiro ou de advogado das coisas perdidas, atribuições que não se fundamentam em nenhum episódio da sua biografia.

O pormenor de segurar um livro, aberto ou fechado, significa que o santo é doutor da Igreja. O livro é também atributo dos apóstolos, dos fundadores de ordens religiosas, como S. Bento ou Santo Inácio de Loiola, ou dos santos diáconos porque também exerciam a

função de leitores, como Santo Estêvão ou São Vicente.

Há iconografias raras de Santo António, como as representações de cónego regrante de Santo Agostinho, ordem religiosa de que ele fez parte antes de entrar nos fanciscanos. Há também exemplos muito raros de Santo António com traje militar, resultado da decisão de D. Pedro II, em 1668, de alistá-lo como soldado raso no Regimento de Infantaria de Lagos, em virtude de a ele se atribuirem as vitórias militares dos portugueses sobre os castelhanos, na Guerra da Restauração.

Existe, no entanto, uma iconografia que consideramos única. Não se conhece outra igual. Por isso decidimos dá-la a conhecer nas fotos da página ao lado. Representa Santo António envergando as vestes de doutor da universidade de Coimbra por cima do seu hábito e manto de franciscano. É uma escultura do século XVIII que se encontra na igreja de S. Francisco, em Lamego.

Como podemos ver, a escultura mantém o atributo iconográfico do livro na mão esquerda, para nos informar de que estamos perante um doutor da Igreja. Sobre o livro deveria sentar-se o Menino, que se perdeu, assim como também se perdeu a cruz que a mão direita deveria empunhar.

ARTE
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Figura 1

Figura 3

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Figura 2

3º ENCONTRO DE FORMAÇÃO HUMANA: CARIDADE E SOLIDARIEDADE

No passado dia 3 de dezembro, a comunidade do Seminário Menor de Braga realizou o seu terceiro encontro de formação humana do ano letivo, marcado pela visita ao Colégio São Caetano em conjunto com as famílias dos seminaristas.

A temática da caridade e da solidariedade deu o mote a este encontro, desenvolvido primariamente pelo testemunho da Sílvia, educadora no mesmo centro que visa acolher adolescentes e jovens entre os 12 e os 18 anos em situações de fragilidade e exclusão social. Nesta partilha tocaram-se aspetos como o estilo e ritmo de

vida daqueles jovens, os desafios e oportunidades na sua educação e a forma como se consegue conciliar um trabalho tão exigente e repleto de responsabilidade com a própria família.

Já numa segunda parte, foi a própria curiosidade de cada um que guiou o rumo do encontro, por meio de um momento de perguntas e respostas, ainda com a colaboração da Sílvia, e uma breve visita guiada pelos espaços da casa. Questões como a problemática da educação dos filhos nos tempos hodiernos, dos quais brotam novos e desafiantes dilemas para cada pai e mãe, a gestão familiar

de problemas e a forma de proceder, como sociedade e como indivíduo, de modo a melhor ajudar os mais diversos jovens em situações de fragilidade social, ganharam destaque, tendo elas gerado pertinentes reflexões e discussões no grupo.

No final do dia, tendo-nos sido partilhado um pouco da realidade com que diversos jovens se vão deparando e pela gratificação que nasce naqueles em que a caridade tomou parte do seu quotidiano, cada um de nós saiu, certamente, com uma visão renovada e uma mente aberta para novos horizontes.

SEMINÁRIO MENOR
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Simão

TEMPO DE PROXIMIDADE ENCONTRO DOS 11º E 12º ANOS

Nos dias 20, 21 e 22 de dezembro, os seminaristas mais velhos (11º e 12º anos) da comunidade do Seminário de Nossa Senhora da Conceição reuniram-se com a equipa formadora, com o principal objetivo de fortalecer as relações e de gerar um momento de lazer, de proximidade e também de aprendizagem.

Assim sendo, a bordo da carrinha do Seminário, partiram para Cinfães, um Arciprestado da Diocese de Lamego, onde se encontraram com o Pe. Luís Rafael, que procurou, através de uma conversa informal, mostrar a sua experiência e a sua história de vida, dando-lhes como exemplo e testemunho o seu caminho vocacional, declarando, ao longo da conversa, as necessidades que sentiu.

Após esta partilha, dirigiram-se para Gouveia, onde pernoitaram na Casa da Rainha do Mundo, um recolhimento de Irmãs de São João Batista e de Maria Rainha.

No dia seguinte, logo após o momento de Laudes, subsequente do pequeno-almoço, juntos com a equipa formadora, tiveram um momento de exposição sobre o que suscitava, a cada um,

a carta do Papa Francisco para as JMJ’2023, e também sobre o discernimento pessoal, as dificuldades e os progressos.

A tarde foi composta por um momento de visita ao Museu do Pão em Gouveia, um museu que, para além dos instrumentos para o fabrico do pão, tem uma exibição sobre cada época da história em que o pão está presente, bem desde os primórdios. A tarde contou também com uma visita à Serra da Estrela, embora por pouco tempo, dado o vento e a chuva que se faziam sentir. Ao descer a serra encaminharam-se para a ci -

dade da Covilhã, na qual, depois de uma visita, celebraram a Eucaristia na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que outrora fizera parte de um convento franciscano, junto com o pároco local, o Pe. Fernando Brito dos Santos.

No dia que se seguiu, ao amanhecer, após a oração de Laudes, dirigiram-se a Aveiro, onde, num momento de lazer, provaram os ovos moles e fizeram uma breve visita à cidade. O encontro veio a terminar em Matosinhos, local em que almoçaram, com a certeza de que se colheram os frutos do seu objetivo.

SEMINÁRIO MENOR
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Marco Magalhães, 11º Ano

A ALEGRIA DA

PARTILHA…

O SONHO DA CARIDADE MAGUSTO E CONSAGRAÇÃO A NOSSA SENHORA

No dia 10 de novembro, realizou-se o tradicional magusto dos Seminários Arquidiocesanos de Braga. Neste dia, as comunidades do Seminário Menor e do Seminário Maior reúnem-se para um momento de convívio fraterno e de Consagração a Maria.

Quando nos referirmos à palavra magusto, vem-nos à memória S. Martinho que, pela sua atitude de compaixão e de caridade para com os mais necessitados, é um grande exemplo para toda a Igreja.

Este dia é vivido de modo muito especial por todos, pois, pela forma peculiar como é preparado e pela enorme diversidade de atividades realizadas (nomeadamente a Eucaristia, os jogos tradicionais, o jantar e outras atividades lúdicas muito diferentes das habituais) proporciona aos presentes a redescoberta de uma espiritualidade renovada, que floresce em cada pessoa que se dá e se faz presente nesta festividade. De facto, do programa do encontro constou uma pluralidade de atividades desportivas e de momentos de grande diversão que nos permitiram afastar das nossas mentes as preocupações que vão ocupando o nosso quotidiano. Após estes momentos de diversão, as duas comunidades reuniram-se para um pequeno lanche, que serviu para preencher o vazio que já se sentia no estômago.

Posteriormente, teve lugar a celebração da Eucaristia, na Igreja de

Nossa Senhora da Penha [Colégio D. Pedro V], em Braga, que contou com a presença dos membros das equipas formadoras e de alguns diretores espirituais dos dois Seminários, tendo como presidente o Pe. Pedro Antunes, diretor espiritual do Seminário Menor. Nesta celebração eucarística procedeu-se à Consagração dos Seminários Arquidiocesanos de Braga a Nossa Senhora. Importa realçar que a Eucaristia é o momento mais importante deste dia, pois é a oportunidade de darmos graças pelo dom da vida e é também o momento em que nos colocamos no colo de Maria e, nela, contemplamos Cristo que nos fez irmãos.

Para terminar esta iniciativa, mais um momento de reunião fraterna,

propiciada pelo tradicional jantar, onde não faltaram as castanhas assadas. Este lugar de convívio, em que foi manifestamente visível o espírito de partilha e de confraternização entre os seminaristas, contribuiu para fortalecer, ainda mais, os laços de amizade existentes entre todo os presentes. Para animar o jantar, contou-se, como não poderia deixar de ser, com a presença do Grupo de Cantares do Seminário Conciliar que a todos encantou com o seu talento e alegria.

Verdadeiramente, não foi o dia em si que o tornou tão especial, mas sim as pessoas que nele participaram e a vida e a alegria que depuseram em cada um dos momentos que se vivenciaram.

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Adélio Moreira, 2º Ano SEMINÁRIO MAIOR

FESTA DAS FAMÍLIAS: PELA GRAÇA, REUNIDOS COM MARIA

Além de desafiados pela liturgia da Igreja a celebrarmos a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, também a terra visitada pela chuva nos introduz na salutar contemplação da abundância da graça em Maria.

Sob a lucerna do seu olhar atento e maternal, os Seminários Arquidiocesanos de Braga cumpriram a bela e alegre tradição de reunir todos os seus familiares e amigos, bem como os seus formadores e colaboradores, a fim de realizarem a tradicional Festa das Famílias.

O programa iniciou com a celebração da Eucaristia, na Capela da Imaculada, tendo sido celebrante principal o Cón. Vítor Novais, Reitor do Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo. Na sua homilia, o Reitor interpelou os presentes, frisando a importância do papel assumido por Maria na história da salvação e recordando que, pela resposta humilde ao anjo na anuncia-

ção, Maria não apenas transformou a sua história pessoal como também – e sobretudo - a história de toda a humanidade.

Após o intervalo para o almoço, teve lugar no Auditório Vita a apresentação de uma Tarde Cultural preparada pelas comunidades de ambos os Seminários (Seminário Conciliar de S. Pedro e São Paulo e Seminário de Nossa Senhora da Conceição).

Coube a D. Delfim Gomes, Bispo Auxiliar, uma primeira palavra de saudação e apreço, pela qual também garantiu a sua oração e o desejo de fazer caminho, com proximidade e disponibilidade. O período da tarde contou ainda com a atuação dos coros dos dois Seminários e dos alunos de piano, bem como com a atuação do Grupo de Cantares do Seminário Conciliar e com a antestreia da nova peça do Grupo de Teatro de S. João Bosco, este ano sob o signo da “Escuta”. Não

faltou também a característica e sempre inesperada intervenção de “quebra-gelo” que, conforme pretendido, propiciou bons momentos de descontração e fino humor. De há uns anos a esta parte, é neste momento que os alunos mais novos se revelam capazes de arrancar largos risos do público em geral.

O dia festivo terminou com um breve discurso de sentida gratidão por parte do Reitor, o Cón. Vítor Novais, precedida do já habitual momento de confraternização no Espaço Ágora, marcado pela partilha do bolo e pelo são convívio.

Pela abundância da graça, qual terra visitada pela chuva, fizemo-nos reunir com Maria e por Maria, a Imaculada e Senhora da Humildade, para mais um ano celebrarmos esta Família de Famílias: as comunidades dos nossos Seminários Arquidiocesanos de Braga.

9 SEMINÁRIO MAIOR

SEMINÁRIO

SEMEAR SORRISOS… FIM DE SEMANA DE RECOLEÇÃO

coração, entoaram, nas suas orações, o cântico do compositor bracarense Manuel Faria, que tem acompanhado várias gerações e chega até aos nossos dias com a mesma mensagem e apelo à paz: “Ó Senhora do Sameiro, Nossa Senhora da Paz, é o amor agradecido que a rezar aqui nos traz…”.

Nos dias nove, dez e onze do mês de dezembro, a comunidade do Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo esteve em recoleção em várias casas de espiritualidade. O retiro do primeiro e segundo anos, subordinado ao tema as “Feridas do Mundo”, foi orientado pelo Frei Luís, padre franciscano, e decorreu no Sameiro, na casa das Irmãs da Divina Providência e da Sagrada Família, constituindo um claro convite a lançar mãos à sementeira dos sorrisos.

Este tema serviu para refletir sobre as fraquezas do nosso próximo e sobre a forma de o ajudar a vencer os diferentes tipos de medos decorrentes dessas fraquezas, nomeadamente a rejeição, o abandono e a injustiça. Esta reflexão sobre as debilidades daqueles que nos rodeiam, fez-nos, inevitavelmente, considerar as dores e angústias que nos habitam.

Na verdade, para construirmos uma sociedade cada vez mais justa e fraterna, é fundamental que tenhamos consciência dos nossos medos e que nos apercebamos dos medos daqueles que sofrem em silêncio e cujo sofrimento é de tal forma profundo que os pode, inclusive, levar à morte.

Devemos ser nós, pessoas de bem, a promover a justiça e a fraternidade, a procurar ajudar aqueles que sofrem a vencer as suas feridas, a dar-lhes esperança e a semear sorrisos onde, aparentemente, só existe dor e violência.

Podemos considerar como uma bênção o local escolhido, junto ao Santuário do Sameiro, um lugar que apela à oração e à tranquilidade, à comunhão e à paz. E a devoção que se sente neste Santuário não foi esquecida pelos seminaristas presentes neste retiro que, com muita esperança no

Neste retiro, ficamos também a conhecer a história da fundação da Congregação que reside naquela casa, uma verdadeira família que esteve, desde sempre, ligada aos Seminários. Foi muito bom saber que, durante muito tempo, estas religiosas viveram no Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo, dedicando as suas vidas para que nada faltasse aos futuros sacerdotes da tão grande “seara de Deus”.

A oportunidade de passarmos um fim de semana, num lugar afastado da confusão quotidiana, vivido num ambiente de paz e oração é, de facto, uma mais-valia para a formação e espiritualidade dos nossos seminaristas.

Verdadeiramente, é preciso ter homens fortes à frente das comunidades, mas também é importante que estes saibam ser verdadeiros pastores, com o coração sempre aberto para acolher as feridas de quem sofre.

Sem dúvida que Deus e a Virgem Maria darão aconchego a quem sofre e necessita de paz e de esperança.

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A CAMINHO DA JMJ’23…

A caminho da JMJ’23, partilhamos o testemunho da Adriana Gonçalves, uma jovem da paróquia de Santa Maria de Turiz, Arciprestado de Vila Verde. A Adriana, que se está a preparar para a vivência deste grande acontecimento que congregará jovens do mundo inteiro, defende que, hoje, “um jovem pode abraçar a Cruz de diversas maneiras”, sobretudo por meio da vivência da Caridade e do serviço aos irmãos.

1. Neste caminho de preparação para a JMJ’23, o que tem despertado mais a tua atenção?

Neste caminho de preparação, o que tem despertado mais a minha atenção é o facto de haver muitos jovens interessados e entusiasmados com a vinda do Papa Francisco a Portugal e de conseguirmos fazer parte dessa história. Falo por experiência própria, pois quando fui à Polónia para participar na JMJ, receber o Papa, acreditar na fé e no amor que pairavam sobre nós, enche o coração de alegria e conforta a nossa esperança. Conseguir presenciar a ajuda celestial, num dia chuvoso, desde o

momento em que começou a eucaristia campal, ao fim do dia, depois a dormida a céu aberto, até ao fim da eucaristia do dia seguinte, com o céu a transformar-se e a ficar limpo, como se algo superior criasse condições para continuarmos tranquilos nas nossas orações, aumentando a nossa fé.

2. Um dos símbolos da JMJ é a Cruz, sinal da entrega total de Jesus Cristo, do seu amor por nós e da vida nova a que nos chama. Como pode hoje um jovem abraçar a Cruz, oferecendo-se por amor aos outros?

Atualmente, um jovem pode abraçar a cruz de diversas maneiras, sendo estas algumas: o voluntariado; ser catequista; ajudar os sem-abrigo; doar roupa e calçado; ajudar instituições (ex.: CAFJEC –Centro de Acolhimento e Formação Jovens em Caminhada); ajudar um vizinho que não tenha as mesmas possibilidades que nós; convidar alguém, que esteja sozinho, para passar algum tempo connosco; ser membro de um grupo de jovens em caminhada; entre outras.

3. Como jovem, sentes-te acolhida e escutada no seio da Igreja, com um papel ativo e determinante? Quais as maiores dificuldades

e desafios?

Neste momento, queria ser mais ativa e ter um papel mais determinante no seio da Igreja. No entanto, sei que muitos jovens têm um papel bastante ativo e sentem-se acolhidos, o que acho que é fundamental, porque nós somos o futuro e temos de começar desde pequenos a participar nas atividades da Igreja.

Umas das maiores dificuldades que os jovens atualmente sentem é ter uma voz assertiva, uma escuta ativa e serem efetivamente ouvidos. É desafiante sermos ouvidos, porque há muita gente que não tem capacidade para perceber a nossa perspetiva.

4. Como é que o Grupo de Jovens da tua paróquia, do qual fazes parte, está a preparar a vivência da JMJ’23?

O grupo de jovens, do qual faço parte, participou nalgumas atividades promovidas pelo Pe. Sandro. Porém, no momento presente, o grupo não está a fazer qualquer preparação específica para a vivência da JMJ’23.

Contudo, faço parte de uma associação e vamos preparando em conjunto a vivência da JMJ’23, promovendo momentos de oração, entre outras iniciativas.

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PASTORAL DE JOVENS

SÍMBOLOS DA JMJ NA ARQUIDIOCESE – UMA PEREGRINAÇÃO PELOS ARCIPRESTADOS

Departamento Arquidiocesano da Pastoral de Jovens

A Cruz Peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani circularão pelos Arciprestados da Arquidiocese no próximo mês de fevereiro. Este será um tempo privilegiado de encontro com Cristo, de evangelização e de vivência do sentido mais profundo das Jornadas no concreto da nossa realidade arquidiocesana. Deste modo, à itinerância dos símbolos, juntar-se-á a itinerância dos jovens que, levando ou acolhendo os símbolos fora das ‘estruturas eclesiais’ (nas escolas, nas prisões, nos centros de saúde, etc.), serão chamados a fazer um caminho missionário: por um lado, sentir-se testemunhas que levam Cristo a todas as realidades humanas; por outro lado, reconhecer que Cristo já se encontra nestas realidades.

Ao longo desta experiência única de encontro e itinerância, os jovens são chamados a refletir no modo como podem fazer presentes, na JMJ, estas realidades particulares que caraterizam os diferentes Arciprestados. Após a passagem dos símbolos, através de criações representativas destes encontros (realidade particular - símbolos da JMJ), os jovens poderão partilhar a realidade daquilo que viveram já na celebração final dos Dias na Diocese (que precedem a partida para Lisboa). Isto possibilitará rezar a ‘realidade vivida’ e ir ao encontro do quotidiano con-

creto dos jovens, respondendo ao apelo de não permanecer instalado no próprio comodismo; mas, antes, “dirigir-se apressadamente”, fazendo-se próximo das realidades humanas que muitas vezes ficam à margem da vivência da fé. A certeza que Cristo age e se manifesta em todas as situações da vida dos jovens, potenciará uma maior consciência de fé, de comunidade e de verdadeira vida eclesial.

Tendo em conta as realidades, tomando como lema “Deus ama-te, Cristo Salva-te, Ele Vive” e tendo mais ou menos a ideia de que os símbolos estarão 2 dias por Arciprestado, a sugestão seria encetar um caminho onde:

• Cada Arciprestado selecione 4 locais/ realidades mais representativos das suas especificidades;

• Criar momentos mais curtos, mas mais intensos, onde o lema da JMJ e a realidade concreta possam ‘dialogar’ num caminho conjunto de crescimento de fé;

• Cada Arciprestado terá, ainda, o desafio de criar um ícone que represente a passagem destes símbolos e trazer para a cerimónia final a realizar, em princípio, no Sameiro, no último dia dos Dias na Diocese.

Com esta proposta, a itinerância dos símbolos, tornar-nos-á a todos itinerantes no caminho conjunto em direção a Cristo.

Os artigos publicados no “Voz de Esperança” seguem, ou não, o novo acordo ortográfico consoante a escolha dos autores.

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