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28 ABR. a 12 MAI. 2011

Fotografia Pedro Escobar

Vida de Plรกstico


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opinião

Estão aí os Encontros Filosóficos

Tiago Silva - aluno da ESMA Os Encontros Filosóficos, organizados pelo grupo de filosofia da Escola Secundária Manuel de Arriaga, surgiram há dezoito anos, com o objectivo de fazer os alunos do 12º ano questionarem-se acerca do mundo que os rodeia e que os recebe depois de saírem da escola. Com o passar do tempo, e com o surgimento da disciplina de Área de Projecto (AP), este passou a ser um espaço de apresentação dos trabalhos práticos desenvolvidos ao longo do ano lectivo, contando ainda com uma série de outras acções que se desenrolam paralelamente, entre workshops, palestras e debates, que pretendem envolver toda a comunidade na reflexão filosófica e na construção da sociedade, não apenas as pessoas directamente relacionadas com o meio escolar. Este ano subordinam-se ao tema “Educar pelas Artes”, pelo que teremos ao longo de uma semana actividades relacionadas com cinema, teatro, literatura, fotografia, desenho, música e dança.

No que toca a AP, cujas apresentações serão feitas entre os dias 2 e 5, este ano vamos assistir a trinta trabalhos, divididos pelas quatro turmas do 12º ano e somando a participação de cerca de uma centena de alunos, trabalhando individualmente ou em grupos. Sobre os trabalhos podemos mencionar que contam com os mais variados temas. Enquanto alguns se questionaram sobre o que fazer “depois do 12º ano?”, outros preferiram debater “os problemas da adolescência”; enquanto uns reflectem se afinal “aqui há crise?” ou não, outros optaram pela “cerveja” ou pela “Atlântida”. Olhando o mundo que (n)os rodeia surgiram trabalhos de âmbito social, como “um invisual na sociedade”, “a interacção das crianças com Síndrome de Asperger”, “os deficientes motores e a sua qualidade de vida”, ou “peso certo em quilos” e “viver com a Diabetes”. Por alguns dos alunos de Ciências foram elaboradas investigações de carácter mais técnico, como sejam a “linguagem

corporal e as microexpressões faciais”, “genética: transmissão de características e mutações?”, “clonagem de plantas” e “holografia e vanguarda tecnológica”, com especial destaque para este último por contar com a presença do Professor Pedro Pombo, da Universidade de Aveiro, que fará uma palestra sobre o tema.

visite, o “turismo no Faial” e “uma ilha bestial por um preço especial” serão outros dois trabalhos apresentados. E porque o património e o passado também são importantes teremos uma pesquisa sobre “as térmitas” e outra sobre “história e urbanismo” na nossa cidade.

No âmbito da ecologia iremos assistir à “criação de uma estufa e prática de agricultura biológica”, assim como a três projectos relacionados com as “energias renováveis”, sendo um deles sobre embarcações movidas a estas energias e outro acerca de “o automóvel e o biodiesel”. Recordando mais uma vez o tema deste ano, quatro apresentações debruçar-se-ão sobre a Música, abrangendo as temáticas da sua “influência no Homem” e “na Educação e na Saúde”, dos “Blues” e de “qual a sua realidade” no Faial; haverá ainda um trabalho sobre o “cinema”, um sobre a “publicidade” e o “renascer da cor”, um desfile de moda. Tendo em conta a nossa realidade ímpar e a importância de termos quem nos

Qualquer um deles pretende incutir nos estudantes um espírito crítico para com o mundo à sua volta, para que cada um possa ser um cidadão atento e consciente, possuidor de valores que permitam desenvolver a nossa sociedade e fazer o nosso país sair da letargia e da crise em que se encontra. Esperemos também poder contar com a maior audiência possível e com a presença de todos quantos queiram assistir a este evento, pois se a escola tem o dever de formar a comunidade, também a comunidade deve ter um papel activo na escola, e se a escola tem o dever de preparar os alunos para a sua entrada na sociedade, também a sociedade deve estar apta a recebê-los.

capa

A lgures na C osta N orte André N. de Melo

Este mesmo monte, foi palco de batalhas e n t r e A t e n a s e Te b a s , e Herácles caçou aq ui o Leão. Pier Paolo Pasolini, no f ilme E d i p o r e ( R e i É d i p o) u t i l i z a u m i nóspito monte Marroq uino pa ra g rava r a cena em q ue o Pastor encont ra Éd ipo. Sem posses para cuidar do

m e s m o , o pastor, decide entregá-lo a Polibo, Rei de Corinto. Na minha passagem pela Ilha do Faial, foi me mostrado o local, onde só um estóico terá coragem de fotografar tão bem como Pedro Escobar.

Fotograma de Edipo Re Pier Paolo Pasolini

No Monte de Citerão, perto de Ática, Grécia, foi abandonado Édipo, bebé de Jocasta e Laois, rei de Tebas.

A capa desta edição é um anúncio, uma antecipação, ao arquivo que em breve será revelado.

FICHA TÉCNICA: FAZENDO - Isento de registo na ERC ao abrigo da Lei de Imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2 - DIRECÇÃO GERAL: Jácome Armas - DIRECÇÃO EDITORIAL: Pedro Lucas - COORDENAÇÃO GERAL: Aurora Ribeiro COORDENADORES TEMÁTICOS: Albino, Anabela Morais, Carla Cook, Filipe Porteiro, Helena Krug, Luís Menezes, Miguel Valente, Pedro Gaspar, Pedro Afonso, Rosa Dart - COLABORADORES: André Nogueira de Melo, Lia Goulart, PNF, Sara Soares, Tiago SIlva, Tomás Melo - PROJECTO GRÁFICO: Nuno Brito e Cunha - PROPRIEDADE: Associação Cultural Fazendo SEDE: Rua Rogério Gonçalves nº 18 9900 Horta - PERIODICIDADE: Quinzenal TIRAGEM: 400 exemplares IMPRESSÃO: Gráfica o Telégrapho CONTACTOS: vai.se.fazendo@gmail.com

APOIO: DIRECÇÃO REGIONAL DA CULTURA


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música

entrevista

Dentro de poucos dias teremos o prazer da tua visita aqui nas ilhas, onde vens efectuar um trabalho de recolha para o teu novo projecto-filme. Em traços gerais, em que consiste este projecto? Mais do que um Giacometti do século XXI eu sou um caçador de ritmos, de canções, de loops imateriais… podia dizer que estou entre o arquivismo e o remix. Entre a amostra e a desconstrução dessa amostra. Este filme que ainda não tem um nome definido é uma produção da Fundação Inatel e visa a procura de um património imaterial musical em vias de desaparecimento, tendo como ponto de partida os ritmos populares, esta coisa muita portuguesa do povo conseguir tirar som de qualquer coisa. Como é que um país tão pequeno tem tanta variedade… adufes, sarroncas, violas de arame diversas, cavaquinhos, tracanholas, reco recos, trava línguas, cantes polifónicos, desgarradas, tamborileiros, gaiteiros, pauliteiros, ocarinas, cartaxo, genebrês e por aí. No fundo quero mostrar o poder sinfónico desta musicalidade popular, a verdadeira música popular portuguesa, que não é de mau gosto e que originou tanta coisa diversa. É uma sequência do teu projecto a “Música Portuguesa a Gostar Dela Própria”? Tudo está ligado com tudo ou será antes a “Música Portuguesa a Gostar Dela Própria” uma continuação do “Significado - se a Música Portuguesa gostasse Dela Própria”? Acho que é uma forma de legado, mostrar que não temos só fado ou rock, Xutos e Deolinda. Mostrar que o caminho ainda não começou, que ainda está no princípio pois a paisagem sonora Portuguesa é tão rica que ainda está tudo por remisturar e recriar. Est ivemos sempre at rasados 30 a nos em relação à ident idade e i novação musica l de out ros pa íses da Eu ropa. Podemos ver o caso da Fi n lâ nd ia, I rla nda e da Fra nça, e perceber q ue

http://vimeo.com/channels/musicaportuguesa

Tiago Pereira Um caçador de sons do séc. XXI

eles explora ra m a sua música até ao l i m ite, mu ito a ntes. Porquê os Açores? Há esta tendência continental de excluir as ilhas do resto do país. Penso que quando se começa este tipo de levantamento se tem de incluir as ilhas, pois a cultura é ainda mais misturada que no Continente. Se a cultura Portuguesa é uma amálgama total de outras culturas, as ilhas são disso um exemplo máximo. Até agora já fizeste alguns trabalhos de recolha pelo país. Podes já partilhar algumas conclusões? Apesar de estar tudo a morrer e muitas das nossas rodagens terem sido alteradas pela morte de algumas pessoas, ainda hoje há muita riqueza musical imaterial. Tem é de se ver essa cultura como uma mutação permanente e não se pensar em autenticidade ou pureza. Não é o que o Giacometti recolheu, é claramente outra coisa. Mas ainda assim é rica e variada e tem características únicas! Que diagnóstico fazes da música portuguesa actual? A coisa está a mudar, agora podemos ter a certeza que os nosso filhos vão crescer a ouvir música cantada em Português ao contrário de nós. Deixou de haver essa vergonha, percebeuse que a métrica resulta, e que não é parolo nem revolucionário cantar assim. E a influência da música de cariz tradicional, vinda do trabalho no campo é cada vez maior e isso vê-se, começam a abrir-se novas correntes e assiste-se a algo magnífico que é a criação de projectos musicais que não são parametrizáveis, que não se podem catalogar no jazz, rock ou na fusão, sendo tudo isso e ainda mais, e isso é uma evolução gigante. Mas ainda assim está muito por fazer… Na tua perspectiva, qual a influência directa da música tradicional na música que se faz hoje em Portugal? E na do futuro? Cada vez é mais e espero que ainda seja mais. As novas gerações já não tem nada a ver com o PREC ou com o 25 de Abril e isso é uma bênção, não têm o peso emocional e social que daí vinha, são

muito mais livres, não têm vergonha da ruralidade ou fascínio. Têm apenas curiosidade e isso abre o caminho para se explorarem as sonoridades e se fazer trabalho de estúdio de laboratório (que nunca foi feito), e para isso precisam de amostras, samplers, arquivos. E aí reside o problema, esse trabalho em Portugal nunca foi feito. Não há um arquivo sonoro, o visual é da RTP e está cheio de restrições quanto ao seu uso. Por outro lado, fazer recolhas não é fácil e é preciso muito trabalho, e o universo das paisagens sonoras e da ecologia acústica é quase inexistente, as escolas não formam indivíduos para ouvir, nem os sensibilizam para isso. Portanto o que vai acontecendo é um constante voltar às recolhas conhecidas já efectuadas. O Sardinha, o Giacometti, o Ernesto Veiga de Oliveira e as suas recolhas representam um tempo e um estar próprios e nem sempre serão a melhor amostra, pois incidem muito num Portugal moribundo e triste o que não corresponde à realidade actual. E como vês o impacto das novas tecnologias na música contemporânea, incluindo a tradicional? O maravilhoso mundo da globalização… Tenho um canal de vídeos de música portuguesa na internet, a “música portuguesa a gostar dela própria”. Esse canal documenta o que se faz hoje em 2011 em Portugal e terá sempre que ser visto como um canal para o futuro, para um estudo da música portuguesa daqui a 10 ou 20 anos. Hoje um disco grava-se em casa e isso permite aos músicos um trabalho de laboratório exaustivo, coisa que não era possível há 15 ou 20 anos atrás. Tudo isso mais as possibilidades dos softwares fazem com que hoje seja possível explorar ao máximo as potencialidades do acto de fazer música e de produzir música, o que pode torná-la mais rica, e paralelamente permitir a preservação de arquivos e coisas do passado, permitindo remisturá-los e refazê-los. Das tradições que vão morrendo e das que vão nascendo dá-se uma renovação fundada na memória colectiva do passado. É isto que se verifica na música? Identificas alguns momentos na história recente portuguesa em que, por falta de

Tiago Pereira

Fausto e Pedro Afonso Tiago Pereira é realizador, visualista e arquivista. Venceu em 2010 o prémio “João Aguardela” na categoria missão, pelo seu trabalho na promoção e divulgação da música portuguesa, onde se destaca o projecto que realizou para a associação D’Orfeu de Águeda - “Significado - A música portuguesa se gostasse dela própria” - um testemunho visual de contextualização contemporânea das tradições musicais portuguesas. É o criador e o actual coordenador do canal de vídeos “a música portuguesa a gostar dela própria” (http://vimeo.com/ tiagopereira), onde divulga uma série de recolhas efectuadas por todo o país de todo o tipo de performance musical, das raízes tradicionais mais profundas ao experimental mais urbano. Apesar de só ser publicada agora, o Fazendo fez uma entrevista ao Tiago antes da sua vinda à cidade da Horta na semana passada.

registo, se tenham perdido temas, instrumentos ou formas de tocar e cantar? Estaremos nós numa dessas fases? O que se passa hoje especialmente na música folk de cariz tradicional em Portugal é incrível, há cada vez mais projectos que não repetem fórmulas e que inovam e estudam e recriam. Começa agora a renascer em pequenos núcleos, como acontecia em França há 30 anos, o facto de teres uma data de loucos a estudarem os instrumentos tradicionais e a refazê-los, adaptando-os às necessidades musicais de hoje, conseguindo-se por exemplo tocar todas as cromáticas numa flauta de tamborileiro ou puxar uma viola campaniça para execuções distintas da forma convencional de ser tocada (como se pode ver aqui - http://www. vimeo.com/22120815). A questão é que Portugal é um país musicalmente muito conservador e está muito agarrado ao sentido tradicionalista da autenticidade e da pureza e estas práticas não são vistas com bons olhos por muitas pessoas. E isso dificulta as coisas pois agora é preciso chegar aos construtores e aplicar estas novas descobertas na construção dos instrumentos e isso não é fácil. Então o que acaba por acontecer é haverem muitos músicos que começam a experimentar construir os seus próprios instrumentos e a transformá-los conforme as suas necessidades. O aparente regresso ao português e até alguma recuperação da música tradicional portuguesa por diversos grupos, que se vive hoje, é uma moda do mercado da dita ‘música do mundo’ ou um genuíno olhar para dentro de nós, por hipótese como resposta a uma crise? A crise identitária já existe há muito tempo, ainda antes da crise económica. A música portuguesa nunca teve auto-estima, nunca se explorou nem auto estudou o suficiente para sair das fronteiras e ir pelo mundo fora, salvo em raras excepções. Vivemos num país em que a única pessoa que conseguiu agradar ao povo e aos intelectuais foi a Amália Rodrigues e isto diz muito! Portugal sempre parametrizou a música. Ou fazias algo parametrizável ou não existias, e isso fez danos graves! Portugal é dos únicos sítios no mundo onde quando dizes que és músico te perguntam logo de que género? Ser músico nunca foi visto como uma profissão mas sim como um hobby. Mais uma vez todo o período histórico a seguir ao 25 de Abril teve aqui uma grande influência, como toda aquela política municipal que surge nessa altura de dar música gratuita ao povo, e de habituar as pessoas a não pagarem para ouvir música. Portanto a crise de auto-estima já existe há muito tempo. O que acontece agora é que se começa lentamente a redescobrir as coisas mas o pensamento na cultura é hoje muito mais economicista e isso é assustador.


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arquitectura e artes plásticas Porque é que uma mancha na parede não pode ser um peixe? Um gato? Ou um animal com cabeça de gato, rabo de peixe e patas de cavalo? (E a mesma mancha ser tudo isto, dependendo que quem a observa!)

A criatividade mora aqui ao lado Lia Goulart

Alegou-se que estas estranhas figuras tinham desaparecido, que povoavam apenas fotografias antigas e as memórias dos que por elas passaram. Encontrou-se inclusive, a data que lapidou a última aparição. Pois venho aqui dizer-vos que não é bem verdade. Conheço uma que o Tempo não apagou. Pelo contrário, é criação dele! Ela anda aí. Dá é menos nas vistas que as suas irmãs negras gigantes. E para além dela, há outra série de personagens a viver nas ruas: um gigante, um gato das botas, animais oníricos...

Porque é que uma mancha na parede não pode ser um peixe? Um gato? Ou um animal com cabeça de gato, rabo de peixe e patas de cavalo? (E a mesma mancha ser tudo isto, dependendo que quem a observa!) Porque insistimos em olhar o mundo da mesma maneira, seguindo o mesmo caminho, usando os mesmos meios? Como é que se ensina esta coisa chamada “criatividade” pelos livros? Parece-me que é tão bizarro como ensinar a prática de um qualquer desporto através da teoria escrita. Sinto que há uma urgência em criar uma reforma profunda no modo como este tema é abordado e estimulado nas escolas.

Comecei a olhar para as coisas à minha volta com “olhos de ver”. O caminho rotineiro transformou-se e com ele vieram todas aquelas personagens.

Apela-se cada vez mais ao domínio da técnica e esquece-se que o que nos diferencia, acima de tudo, é a forma como interpretamos e expressamos o Mundo. Preservar essa individualidade deveria ser uma máxima curricular. Proponho que se alarguem as paredes dos estabelecimentos de ensino. Não temos museus, nem muitas das coisas que há “lá fora”, mas isso não é razão para nos fecharmos em quatro. “Somos uns coitadinhos, não podemos sair, não há nada para ver...”

Elas não apareceram do nada, confesso. Foi preciso relembrar-me de velhos exercícios, procurar novas formas de olhar o Mundo à volta para estimular a dita “criatividade”.

Pelos vistos, “cá dentro”, há “salas” com quilómetros e quilómetros de parede para se explorar! A Natureza é também uma fonte inesgotável de inspiração. E tantas outras coisas.

Um amigo passou-me um texto (de um autor desconhecido) que entre muitas coisas dizia:

Podia ser que assim, se assumirmos que a Escola é tudo o que nos rodeia, nos mantivéssemos mais perto da nossa criatividade genuína de criança e talvez um dia começássemos de facto a desenvolvê-la.

Apesar de passar por eles todos os dias, só dei conta da sua existência há duas semanas atrás, quando decidi deixar o carro em casa para passar a andar mais a pé.

“Picasso disse que todas as crianças nascem artistas. O difícil é continuar artista enquanto se cresce. Eu acredito apaixonadamente nisso, que não crescemos rumo à criatividade, mas para longe dela”. Ficou a dúvida: Porque fugimos? Parece que enquanto crescemos, caminhamos rumo a uma só resposta, a uma só solução. O erro está em acreditar numa única verdade e persistir na abolição do “erro”. Como se este não fizesse parte do processo.

Fotografias e Ilustrações Lia Goulart

Há alguns Fazendos atrás, a cidade da Horta acordou com uma nova cara. Uma não, várias. Todas escondidas por detrás do capote.


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Os Açores na Política Internacional

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literatura

de José Medeiros Ferreira

Carla Cook O papel que os Açores desempenharam na política internacional não se resume a uma resenha histórica desde os finais do séc. XIX até aos nossos dias, neste livro de José Medeiros Ferreira. Pelo contrário. A análise lúcida dos acontecimentos, a revelação de alguns documentos, as comparações inteligentes incluindo afirmações ousadas e o desfazer de mitos estão felizmente muito para além do coleccionismo eventual que caracteriza outros trabalhos e autores de História Contemporânea e Relações Internacionais, cuja perspectiva tende, por vezes, a inibir-se perante o ainda protagonismo vivencial dos que lá são referidos. Não é, pois, exagero dizer que José Medeiros Ferreira adopta efectivamente “uma nova forma de pensar a região e de conceber a sua articulação com o mundo”, como se lê na contracapa. Determinar a importância dos Açores no panorama geoestratégico mundial é uma questão tão antiga quanto falada, porém raras vezes apreendida pelos próprios açorianos dada a sua complexidade e intensidade dos diversos jogos de influências. Como bem afirma e demonstra o autor nestas páginas, os Açores não foram sujeitos dos acontecimentos, apesar da sua importância posicional; foram, isso sim, objecto usado por outros sendo o seu relevo absolutamente determinado por circunstâncias históricas e eventos políticos que em muito os ultrapassaram. Cronologicamente, a obra inicia-se com o estabelecimento da rede de Cabos Submarinos e, quase simultaneamente e em estreita conexão, do Observatório Meteorológico no Faial. Tratavam-se, à luz da época, de meios de transmissão tecnológicos avançados e de equipamentos científicos cuja importância foi amplamente usada, mas também cujo cobiçado serviço chegou a ser – como seria de esperar em questões políticas – motivo para neutralização e sonegação de informações. Assim, as ilhas, e nomeadamente o Faial, mercê da sua localização geográfica ímpar entre continentes, começaram por ser encarados como plataformas logísticas ideais para a implementação de inovações científicas e tecnológicas. José Medeiros Ferreira aliás, nunca abandona a ideia de que esta ainda é e será sempre a principal mais valia dos Açores no quadro internacional, oferecendo também como exemplos mais recentes a Estação Iternacional de infra-sons e detecção de ensaios nucleares da Graciosa, a estação da Agência Espacial Europeia (ESA)

Assim, e na opinião de José Medeiros Ferreira, o maior bem dos Açores é a sua unidade insular enquanto Região Autonóma. Porém, esta unidade entre ilhas “não é um dado adquirido tendo em conta a evolução mundial” que poderá levar a uma infeliz desagregação da coesão açoriana (?).

em Santa Maria – o mais avançado que Portugal possui no âmbito da tecnologia espacial - e mesmo a Região de Informação de Voo desta ilha (que em conjunto com a de Lisboa tem uma área 51 vezes superior à do Continente português) e, finalmente, o Departamento de Oceanografia e Pescas e o Instituto do Mar no Faial que, segundo o autor, é uma instituição ímpar que ocupa o 14º lugar a nível mundial na sua área de investigação, constituindo, portanto, um dos principais pilares da excelência oceanográfica actual. Esta distinção é tanto mais importante quanto José Medeiros Ferreira crê que os Açores estão em plena mudança de paradigma quanto às suas relações com a política europeia, nomeadamente em termos contributivos e decisivos, nos quais se destaca indubitavelmente a área da Política Marítima. Naturalmente que aqui entramos num campo prospectivo, mas considerando os eixos à volta dos quais esta política se organiza a nível europeu, fácil é verificar que os Açores acrescentam algo e não são apenas a fonte de despesas nacionais que tantas vezes nos fazem crer; vistos por esse prisma, os Açores são uma mais valia para Portugal no âmbito da União Europeia.

“A geografia é um vaso várias vezes modelado pelo Homem” Orlando Ribeiro José Medeiros Ferreira não deixa de passar em revista a importante situação dos Açores nas duas Guerras Mundiais e no tempo que mediou entre estas, considerando certas jogadas portuguesas (como a importância política que o Governo de Salazar quis atribuir ao acordo francês para a estação de telemetria das Flores que, afinal, não tinha nem tanta utilidade nem tanta pompa como aquela com que a enfeitámos, ou os pedidos portugueses de licença a Londres para aceitar os acordos com os americanos, nomeadamente na época das Grandes Guerras). É também dado destaque a algumas situações que desmistificam certas feridas antigas entre as ilhas, considerando-se umas ainda hoje “roubadas” por outras de um prestígio que anteriormente possuíam. Assim, e reportando-me ao mais localista, o porto do Faial não perdeu a sua importância para S. Miguel porque isso tenha sido ditado pelo poder local mas sim porque a Marinha americana necessitava urgentemente de um porto

de maior dimensão na Primeira Grande Guerra; foi a Eastern Telegraph que retirou ao Faial a centralidade das comunicações via rádio no arquipélago, referindo que a montanha do Pico era um impasse a certas transmissões; quando a Marinha deu lugar à Aviação como força primordial, as Lajes da Terceira e a sua grande pista, à época de terra batida, passou a ser o centro dos interesses internacionais nos Açores (sendo, aliás, uma pista melhorada por fundos estrangeiros para seu próprio uso),… e a lista continua, numa óbvia conclusão: as ilhas não se “retiraram” vantagens inter pares; foram utilizadas conforme os interesses momentâneos de outros. Daqui, advêm duas conclusões fundamentais. A primeira é que algumas ilhas são claramente mais pró-europeias e outras fundamentalmente pró-americanas, mercê de influências e contactos estabelecidos ao longo dos tempos. Isto talvez não tenha tido importância até agora, mas poderá ser crucial no futuro em tomadas de posição nas relações entre “correntes mais continentalistas e outras mais atlantistas”. A segunda conclusão é delicada e analítica: José Medeiros Ferreira expõe, em quadro, os fundos que os Açores receberam de 1990 a 97 do Acordo feito entre as ilhas e os EUA e também os fundos vindos da UE. Numa perspectiva propositadamente comparativa, fácil é verificar porque incentivaram tanto os americanos a nossa entrada na UE: é que quanto mais recebemos da UE, menos recebemos dos EUA. Nesta obra, estão também analisados os movimentos autonomistas nos Açores à luz da visão internacional sobre os mesmos e ainda a posição que os Açores têm na UE , enquanto região autónoma e ultraperiférica, mas sem o estatuto particular pelo qual optaram as Canárias, nem a excentricidade dos departamentos franceses ultramarinos; ainda assim, mais arquipelágica e oceânica que a Madeira.

Esta obra de José Medeiros Ferreira é, sem dúvida, muito animadora. Em época de crise geral, o livro contradiz o pessimismismo, dando-nos provas históricas de que os Açores foram uma espécie de joguete num campeonato no qual não tinham voz, mas também apresentando a convicção de que nunca estivemos tão conscientes do nosso poder estratégico e enquanto possível centro de pesquisa como hoje e que nunca tivemos tanto capital humano capaz de o utilizar.

“...algumas ilhas são claramente mais próeuropeias e outras fundamentalmente pró-americanas...” Assim, saibamos nós dar valor às pessoas que poderão fazer a diferença nuns Açores, numa Europa e num Mundo em mudança. No entanto, também se adverte que as influências que se movem à volta dos Açores e dos quais as ilhas, pelo seu próprio tamanho e geografia, dependem e interseccionam, não são forças estáticas: hoje, a Europa e a América são continentes cooperantes, mas o futuro poderá ser diferente… Fundamentalmente, para que não se repitam erros do passado e para que os Açores continuem a ter uma palavra a dizer, há que apostar fortemente na coesão inter-ilhas, no desenvolvimento de todas e na sua representação equitativa em termos de representação política. É, sem dúvida, um papel que cabe ao Governo. Mas o Governo só faz aquilo que lhe for exigido pelos cidadãos. P.S.: Este livro iria também ser lançado na Horta este mês de Abril no âmbito do Colóquio Internacional “Os Açores, a I Guerra Mundial e a República Portuguesa no Contexto Internacional”, que decorreu na Biblioteca Pública João José da Graça. Infelizmente, a nossa condição insular ainda condiciona a tecnologia aeronáutica disponível e o apresentador do livro, Doutor Carlos Riley, viu-se impedido de chegar a tempo devido ao cancelamento de avião. No entanto, o livro está por cá e foi discutido, embora não oficialmente lançado. Como disse José Medeiros Ferreira, no término do mesmo: “Por muito que a geografia impere, é o espírito humano que a compreende e utiliza”.


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28 ABR. a 12 MAI. 2011

cinema e teatro entrevista

Era Uma Vez Teatro de Marionetas

Aurora Ribeiro

diferente abordagem dos diversos trabalhos marca também a escolha que fazemos de cenógrafos, músicos ou outros artistas com quem trabalhamos em cada um dos espectáculos.

Quase todos os alentejanos da minha geração (anos 80), os das geração seguinte (e os das anteriores também), viram espectáculos de marionetas montados e interpretados pelas mãos do José Carlos Alegria. Até o nome dele prometia boa disposição. O teatro de marionetas é uma arte que tem em Évora (terra Natal do marionetista) a tradição dos quase lendários Bonecos de Santo Aleixo (que ele também já manipulou) e da incontornável Bienal Internacional de Marionetas (BIME).

O que é que vão apresentar na Horta? Os espectáculos que trazemos este ano são “O Auto da Índia” de Gil Vicente, com bonecos de varão e sombras, estreado em Dezembro de 2010 e “A Formiga e o Coelho” com marionetas e estreado em Março de 2011. Este último foi feito a partir de dois contos que há mais de duzentos anos viajam pelo imaginário popular português, “O Coelhinho Branco” e “A Formiga e a Neve”. É uma oportunidade que nos dá a Biblioteca Pública da Horta de ver esta arte tão mágica quanto antiga, e que não costuma aparecer nas ilhas assim tão frequentemente.

Agora, com a companhia “Era Uma Vez, Teatro de Marionetas”, temos não só um Alegria, mas três, pois os filhos (da minha geração) juntaram-se ao pai na produção e interpretação dos espectáculos. Em terras continentais, têm uma autocaravana que os leva a todo o lado (bem além dos Pirinéus), onde viajam, dormem, e montam os seus espectáculos.

Vocês são uma família de marionetistas. Quando é que tudo começou? Vai fazer este ano vinte anos que deixei o teatro de actores e comecei a minha companhia de teatro de bonecos. Passados alguns anos juntou-se-me o meu filho Carlos Miguel e depois a minha filha Ana Margarida. Os três somos hoje em dia o Era Uma Vez, teatro de marionetas.

Qual é o vosso processo de trabalho? Os processos de trabalho dos diversos espectáculos que temos em cena, variam de produção para produção. Alguns são textos nossos, outros são adaptações de contos tradicionais portugueses ou de outros autores como é o caso do “Auto da Índia” de Gil Vicente que agora trazemos aos Açores. As técnicas que usamos variam entre os fantoches, os bonecos de varão, os “muppets”, as sombras, as marionetas propriamente ditas, etc., consoante o que pretendemos mostrar com os diversos espectáculos. Essa

Fotografias Era Uma Vez (C)

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Se a vossa carrinha nadasse vinham mais vezes aos Açores? Se a nossa carrinha nadasse com certeza que viríamos mais vezes aos Açores. Trabalhar e encher os nossos olhos com este mar e com esta gente que soube fazer destas ilhas um lindíssimo jardim.

Black Swan - Cisne Negro Miguel Valente A finalizar as comemorações do Dia Mundial da Dança será exibido, em sessão dupla, o filme “Black Swan – Cisne Negro” de Darren Aronofsky. “Cisne Negro” é um thriller psicológico que, tendo como pano de fundo o competitivo mundo da companhia de ballet clássico de Nova Iorque, explora de forma perturbante a clássica luta entre o lado bom e o lado mau da mente humana. Não é segredo para ninguém que “Cisne Negro” causou muita polémica, devido à imagem negativa que dá do mundo da dança e que, para muitos dos profissionais desta área, está totalmente desactualizada. Polémicas à parte, a verdade é que este é um filme de ficção, de modo que, para que o mesmo faça sentido, é essencial que os ambientes e competitividade entre profissionais do ballet clássico sejam tal como demonstrados na história, independentemente de representar a realidade ou não.

Nina é eleita prima ballerina da Companhia de Ballet de Nova Iorque, conseguindo o almejado duplo papel de Cisne Branco e Cisne Negro do clássico “Lago dos Cisnes”. Nina é igualmente filha de uma bailarina reformada que projecta nela o seu desejo de triunfar no mundo da dança a todo o custo. O controlo emocional exercido pela mãe sobre Nina, juntamente com a obsessão de ser a melhor num mundo altamente competitivo, aliados à pressão psicológica do director artístico e à chegada de uma brilhante bailarina à companhia, que ajuda a aumentar essa mesma pressão, são os ingredientes necessários para que o frágil equilíbrio mental de Nina seja posto à prova. Aronofsky faznos acompanhar o drama pessoal da personagem e viver de forma intensa e particularmente perturbadora o desequilíbrio emocional dela, roçando por vezes a esquizofrenia.

dia 30 de Abril e dia 1 de Maio no Teatro Faialense VER AGENDA

“Cisne Negro” não é um filme indicado para pessoas facilmente impressionáveis e, não tendo situações de grande violência física, tem de facto situações de uma intensidade psicológica brutal. Sendo este um filme de suspense e que nos coloca como espectadores passivos mas emocionalmente sujeitos aos dramas da protagonista, o resultado é muito bom. Mas não só de emoções fortes vive este filme. A prestação de Natalie Portman como Nina é excepcional, tendo merecido um Óscar de melhor actriz, e os momentos coreográficos, em particular a dança de Odile (Cisne Negro), estão ao nível dos melhores filmes de dancevideo actuais. Não sendo, talvez, o melhor filme de Darren Aronosky, nem tão pouco o filme do ano, “Cisne Negro” não deixa de ser bom cinema e, sem sombra de dúvida, um filme a não perder, principalmente no grande ecrã.


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28 ABR. a 12 MAI. 2011

trilhos pedestres do parque natural do faial

Fotografia Nuno Rodrigues

Descida à Caldeira

PNF A Caldeira do Faial é tida como um dos melhores locais dos Açores para encontrar a floresta Laurissilva, constituindo um dos mais preciosos redutos da flora natural do arquipélago. Numa descida de cerca 400 m, encontramos a vegetação que cobria a ilha antes do seu povoamento. Com início no miradouro da Caldeira, este deverá ser sempre realizado na presença de um Guia credenciado pelo Parque Natural do Faial. No princípio tem-se um vista sobre toda a área deste vulcão com aproximadamente 320 ha. Trata-se de uma caldeira gerada por explosão e abatimento, cujo último evento terá ocorrido há cerca de 1 200 anos. Realça-se, no seu interior, o domo do Altar, de composição traquítica, possível observar na vertente esquerda e um pequeno cone vulcânico, com cerca de 40 metros de altura, instalado praticamente no centro. A Caldeira apresenta elevado valor ecológico contando com a presença de diversos tipos de habitats, dos quais se salientam charnecas macaronésicas e turfeiras de Sphagnum spp.. À medida que se avança, podemos apreciar a riquíssima variedade de vegetação composta por ericáceas como a uva-da-serra (Vaccinium cylindraceum), o queiró (Daboecia azorica), e a urze (Erica azorica), ou outras como o cedro-do-mato (Juniperus breviflolia) e o sanguinho (Frangula azorica). Encontram-se ainda vários fetos, como o feto-pente (Blechnum spicant) e o feto-do-botão (Woodardia radicans). Na realidade, concentram-se aqui cerca de 50 das 74 espécies de plantas superiores (plantas vasculares) endémicas dos Açores, o que torna esta Reserva Natural uma das mais ricas da Europa. No que se refere à fauna, é possível identificar aves como a estrelinha (Regulus regulus), o tentilhão (Fringilla coelebs morelleti) e a alvéola (Motacilla cinerea patriciae). No fundo da caldeira, praticamente plano, onde se encontra uma lagoa intermitente, temos associadas aves aquáticas como a galinhola (Scolopax rusticola), e a narceja (Gallinago galllinago). O trilho de regresso é efectuado pelo mesmo caminho da descida.

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ciência e ambiente

Encontros Filosóficos


TeatroFaialense Faialense- -17h 17h Teatro

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28 ABR. a 12 MAI. 2011

http://fazendofazendo.blogspot.com

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O jornal Fazendo vem por este meio induzir os caros leitores a hipoteticamente fazerem o exercício 33

de pensar na eventualidade de, quem sabe, poderem de forma livre e espontânea vir a ponderar uma possível

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colaboração com o jornal, tomando o mesmo a liberdade de, num cenário

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previsível de algumas interrogações,

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adiantar que esta colaboração poderá ser materializada através de artigos de opinião, textos literários de fino ou grosso recorte, pequenos apontamentos,

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devaneios ficcionais, emocionais, etc, que poderão corajosamente e para

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bem desta república, ser remetidos à

Horta

a sessões espíritas, experiências com animais, e por fim à impiedosa jurisdição do lápis azul. Obrigado

Ourivesaria Olímpio Ourivesaria Olímpio Lg. Dq. D’Ávila e Bolama, 11 9900-141 Horta Lg. Dq. e Bolama, 11 9900-141 Horta Tel.D’Ávila 292 292 311. oolimpio@gmail.com Tel. 292 292 311. oolimpio@gmail.com

Calçada Santo António 1 9900-135 Horta Calçada Santo António 1 9900-135 Horta Tel. 292 943 003 info@edatlantico.com www.edatlantico.com Tel. 292 943 003 info@edatlantico.com www.edatlantico.com

Agenda Gatafunhos SEX. 29 de ABR. encontro COMUNIDADE DE LEITORES Biblioteca Pública - 18h SÁB. e DOM. 30 ABR. e 1 MAI. cinema CISNE NEGRO de Darren Aronofsky Teatro Faialense - 21h30

DOM. 1 MAI. comemorações 1.º DE MAIO Oferta de Sardinhas e Pão entre as 13h00 e as 17h00 Parque da Alagoa - 13h

Legenda Legenda ServiçosPúblicos Públicos Serviços 1 Cais deEmbarque Embarque 1 - Cais de

PercursosPedonais Pedonais Percursos 1 Sra. da Guia 1 - Sra. da Guia

Museu 55- - Museu 6 CâmaraMunicipal Municipal 6 - Câmara 7 Correios 7 - Correios

Daribeira ribeiraààTorre Torredo doRelógio Relógio 55- - Da 6 Parque da Alagoa 6 - Parque da Alagoa

Hospital 22- - Hospital 3 Postode deTurismo Turismo 3 - Posto 4 Biblioteca 4 - Biblioteca

Miradourodos dosDabney Dabney 22- - Miradouro 3 Praia de Porto Pim 3 - Praia de Porto Pim MonteQueimado Queimado 44- - Monte

Comércio Comércio OurivesariaOlímpio Olímpio 11- - Ourivesaria

ZONAçores Açores 2-2- ZON 3Alberg. Estrelado doAtlântico Atlântico 3- Alberg. Estrela

MercadoMunicipal Municipal 88- - Mercado 9 Piscinas Municipais 9 - Piscinas Municipais

Loja ZON Açores ZON Açores Rua deLoja Jesus, Matriz, 9900 Horta de Jesus, 9900 Horta SegundaRua a Sexta, das Matriz, 9h00-13h00 e 14h00-17h30 Segunda a Sexta, das 9h00-13h00 e 14h00-17h30

Abril / Maio

faial faial

ANIMAÇÃO INFANTIL 11h00 - Abertura da Animação Infantil - insufláveis e kartsTomás a pedalMelo Tomás Melo 15h00 - Atelier Pinturas faciais 16h00 - Caça ao Tesouro 17h00 - Atelier Aguarela SEG. a SÁB. 2 a 7 MAI. ENCONTROS FILOSÓFICOS Educar pela Artes Escola Secundária Manuel de Arriaga (ver programa completo no interior) SEX. 6 MAI. Conferência AÇORES:100 ANOS DE REPÚBLICA Arte e República. Entre o cosmopolitismo e o comemorialismo da I República nos Açores Conferencista: Isabel Albergaria Museu da Horta - 21h SÁB. 7 MAI. reunião GRUPO DE APOIO AO ALEITAMENTO MATERNO SOS Amamentação Hospital da Horta - 15h

Gatafunhos

Tomás Melo

SÁB. 7 MAI. teatro O CANTINHO DO JACINTO Encenação e Texto: Victor Rui Dores Interpretação: Grupo de Teatro da Unisénior do Faial Teatro Faialense - 21h30 baile TURMA DO RODEIO Polivalente dos Flamengos - 22h DOM. 8 de MAI. ANIMAÇÃO INFANTIL Insufláveis e karts a Pedal Corrida de sacos - 15h Parque da Alagoa - 11h às 20h música SONATA AO LUAR Coral de Santa Catarina e o Fadista Armando Meireles Lg. Duque de Ávila e Bolama - 18h30 cinema RANGO de Gore Verbinski Teatro Faialense - 17h

cinema RÉDEA SOLTA de Bobby Farrelly e Peter Farrelly Teatro Faialense - 21h30 SEG. 9 MAI. teatro de marionetas A FORMIGA E O COELHINHO com o grupo Era uma Vez Biblioteca Pública - 10h30 e 14h30

TER. 10 MAI. teatro de marionetas AUTO DA ÍNDIA de Gil Vicente com o grupo Era uma Vez Biblioteca Pública - 10h30 e 14h30 QUI. 12 MAI. lançamento de livro TESTEMUNHOS DO VULCÃO DOS CAPELINHOS Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos

Ilustração Tomás Silva Ilustração Tomás Silva

nossa redacção, onde serão submetidos


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