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Oliveira – Detecção de espinha bífida aberta Introdução As doenças do trato biliar afetam Desde o início da década de 1990, quando se observou que o aumento da espessura da translucência nucal, no primeiro trimestre, estava associada a fetos com aneuploidias e cardiopatias, o papel da ultrasonografia morfológica do primeiro trimestre (11 – 13 semanas + seis dias) vem se revestindo, cada vez mais, de maior importância na detecção precoce de malformações fetais 1. A cada dia, são identificados marcadores específicos que dirigem a atenção dos ultrasonografistas para anomalias fetais específicas. Um grande desafio do primeiro trimestre continua sendo o diagnóstico da espinha bífida aberta, sobremaneira diante da possibilidade de tratamento intra útero, que permite um prognóstico mais otimista, em longo prazo, das crianças com essa patologia. A espinha bífida aberta está associada com a síndrome de ArnoldChiari II e apresenta marcadores cranianos resultantes do escoamento do líquor na cavidade amniótica e hipotensão no espaço subaracnóideo, levando à herniação parcial do cerebelo através do forame magno e obliteração da cisterna magna. Tal seqüência de eventos imprime no cerebelo o formato de uma banana, tratado como sinal da banana. O achatamento bilateral anterior dos ossos parietais dá ao crânio formato de limão. O sinal da banana e o sinal do limão são sinais cranianos característicos de espinha bífida, bem identificados no segundo trimestre da gestação. Contudo, começam a existir evidências de que a espinha bífida aberta manifesta-se no primeiro trimestre, pela compressão do quarto ventrículo, denominado translucência intracraniana, e alterações nos diâmetros obtidos através da medição de espaços na fossa posterior do cérebro. Tais alterações podem ser visualizadas no mesmo corte sagital da face fetal, usado rotineiramente para avaliação da translucência nucal e osso nasal, sem excessivos esforços adicionais 1. Medida da translucência intracraniana A translucência intracraniana é avaliada através do mesmo corte sagital estrito da face fetal, e mesma idade gestacional (11 – 13 + 6 dias), usado para medida da translucência nucal e visualização do osso nasal. Com 11 a 13 semanas e seis dias, o tronco cerebral aparece hipoecóico, enquanto que a translucência intracraniana (TCI) é anecóica e possui uma aparência levemente curvada. Posteriormente a TCI encontra-se a futura Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives

cisterna magna. O quarto ventrículo, que é reconhecido como a translucência intracraniana, encontra-se paralelo à translucência nucal e é delimitado por duas bordas ecogênicas, sejam elas a borda inferior do tronco cerebral, anteriormente, e o plexo coróide do quarto ventrículo, posteriormente. Entre o quarto ventrículo e o osso occipital, existe uma tênue translucência, ocasionada pelo desenvolvimento da cisterna cerebelo medular (futura cisterna magna). Para medição da TCI, similarmente à TN, é recomendado selecionar o local de maior diâmetro, colocando o caliper sobre as linhas ecogênicas anterior e posterior 2. Valores de referência da translucência intracraniana Chaoui et al. 3 analisaram, retrospectivamente, 200 fetos normais, de 11 a 13 semanas, com imagens no plano médio sagital da face fetal, com medição do diâmetro ântero posterior do quarto ventrículo, por dois observadores. Foi constatado que esse diâmetro aumenta linearmente com a progressão da gestação, de uma média de 1,5 mm para CCN de 45 mm até 2,5 mm para CCN de 84 mm. Nos fetos normais, ambos operadores facilmente identificaram quarto ventrículo em todos os casos. Em quatro casos de espinha bífida, o quarto ventrículo cerebral não foi visualizado e o diagnóstico de espinha bífida foi realizado no segundo trimestre, em todos os casos, com a presença do sinal do limão e da banana. Esses achados sugerem que, na espinha bífida aberta, o deslocamento caudal do tronco cerebral pode ser evidenciado, desde o primeiro trimestre, representado pela compressão do quarto ventrículo e perda da translucência intracraniana normal. Portanto, se o quarto ventrículo não é visualizado no screening do primeiro trimestre, o ultrassonografista deverá ficar alerta para a possibilidade de uma malformação do tubo neural e um exame detalhado da coluna fetal deverá ser realizado. Achados ultrasonográficos na fossa posterior do cérebro em fetos com espinha bífida aberta Através de um corte sagital estrito da face fetal, na idade gestacional de 11 a 13 semanas, podemos identificar, na parte mais baixa do cérebro fetal, entre o osso esfenóide, anteriormente, e o occipital, posteriormente, duas regiões: o tronco cerebral, na frente, e, posteriormente, a região resultante do quarto ventrículo e cisterna magna. EURP 2012; 4(2): 54-56


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