Alma fragmentada

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Alma fragmentada Quase trinta dias se passaram sem que eu tivesse vontade ou voltasse a escrever, mas foi o tempo suficiente para que mais uma partícula de minha alma se fragmentasse e mais alguns valiosos aprendizados viessem acrescentar nesta minha jornada. Todos sem exceção passamos pelo deserto, o importante é saber tirar dele subsídios para que nossa história se perpetue e possamos deixar um legado de sabedoria para nossa posteridade. De todas as minhas narrativas talvez essa tenha sido a maior loucura que e cometi na vida e não obstante a última, quebrei todos os paradigmas e todas as convenções de uma sociedade hipócrita que nos julga por qualquer ato que cometamos, sem analisar a própria vida ou mesmo constatar que são escórias da humanidade, mas sei como é difícil admitir os nossos erros, porque nosso espelho apenas vê o exterior, o interior tem que ser olhado com o espelho da consciência e essa tem ligação com a alma e ninguém quer enxergar a sua própria alma, porque todos os resquícios de pecado estão inseridos nela. Com o tempo e de tanto lutar contra a nossa natureza corrupta talvez reconheçamos alguns erros, mas para isso é necessário o Espirito Santo, pois somente Ele nos convence do juízo e do pecado. Paulo em uma de suas cartas a igreja de Efésios diz que precisamos chegar à estatura de varão perfeito, mas quanto mais lutamos mais nos enrolamos nessa teia de decorrentes e sucessivos erros. Minha decisão já estava tomada, já tinha pensado repensado e chegado a um veredito. Iria sair de Itapeva de vez. Algumas considerações precisavam ser feitas, o tempo estava se esgotando. Eu sempre olhei a vida como um thriller de filme que assistimos sentados, mas que a história tem que ter um final decisivo, a minha sempre foi de muito suspense, como um filme de ação onde o bandido e o mocinho correm em uma busca desenfreada para a vitória, e claro que o mocinho sempre vence, pelo seu bom caráter e por lutar por algo que vale a pena. Nessa parte do meu filme fui meio mocinha e meio vilã, alias acho que todos nós temos um pouco dos dois. Faz parte de minha índole tentar sempre uma boa conversa tentando sempre ser a mais democrática possível e quando não há acordo eu saio de cena e me silencio, não por falta de argumento e sim para evitar o desgaste emocional e o estresse mental, essa característica é marcante em mim e quem me conhece já sabe e nem tenta o confronto, pois vai “malhar em ferro frio” se isso é bom um ruim eu não sei, mas foi à tática que escolhi para me proteger de todos os sinais que as cicatrizes de uma discussão pode deixar, tenho traumas terríveis que carrego desde minha infância por ter que assistir as brigas de meu pai que não admitia o silêncio como resposta e as vezes me batia por me manter calada, mas isso ele não tirou de mim, o direito de me calar. Aprendi que se ensina muito mais com as atitudes do que com os berros e que se aprende muito mais com as reflexões que com as articulações inúteis.


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