Poemas Obsolescentes

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Fabio EmecĂŞ

As palavras assumem formas de descarte quando não estamos dispostos a refletir o suficiente aquilo que nos é dito. O que é lido, então, tá além de qualquer consideração, se não passar o tempo do intervalo, onde tal produto será vendido a preço tal e nossas supostas preferências são na verdade , induções de momentos onde é melhor seguir determinadas lógicas do que ser propriamente subversivo.

As ideias se tornam obsoletas, é real , só pelo momento da apreciação e a proposta é ler uns poemas, refletir minimamente e depois descartar, por que não? Os estímulos são tantos e não tem sentido ficar preso a umas ideias de uns poemas qualquer, sem contar o fato de quem escreve não ter tanta relevância na gigantesca fila do pão da internet.

Poemas obsolescentes: a vida é mais e antes de tudo se tornar obsoleto, leia! *Todos os poemas foram escritos por Fabio Emecê .

Produção autônoma da Cafofo Editorial ...

Poemas obsolescentes

Fabio EmecĂŞ

A rua é dura quentura no quengo não é candura nossa atração perdura e não adianta virem com a varredura a brecha é nossa com envergadura a pecha de corpos libertários iluminados pela lua onde calcinhas são jogadas de lado flua o estabelecido que não dilua somos a crase na dissonância do verbo nossa química evolua nossa ideia conflua nosso atestado de toda nossa

andança nossos olhos bateram relevância nossas bocas se encontram consonância nossa pele encaixar preponderância nossa energia sem misturar concomitância nega nossa última instância vai ser o lar onde teremos água frutas legumes ervas sem cessar a intolerância no nosso endereço nunca vai passar…

Dedos amarelos por conta do surto padrão tragicômico não há espaço pro homem lacônico disfarce do susto leva de pessoas sem carisma querendo decidir sobre um futuro sem entender logaritmo o ritmo é um pouco apressado porque precisa queimar rápido ponto ônibus não param fumaça paira o cheiro forte é uma navalha pros moralistas pista

pro abuso são histórias pautadas em mentiras não dá compactuar é errar se embebedar a reserva moral afrouxar perceber numa grande de uma enganação eu a amo com paixão fazer amor contigo é bem bom mesmo que estejamos em apuros…

No mundo da insignificância sou semideus

não me dá privilégios convivo no meio de ateus que disfarçam estraçalham objetos daninhos matam a fome questionam a vida alheia duvidam da sua própria busca na minha vida quase sórdida vejo um cara sempre concertando coisas na esquina no quarteirão reparo num homem sem expressão uma vida sem combustão um universo sem choque pressão dilatação de signos alguns ímpios prontos pra ser usados ao menor ataque a nossa tranquilidade curiosidade vasculhar nos sacos de lixo

algum material não nocivo são esses que jogam fora aqueles são colocadas a prova reduzir encaixotar dentro de um cubículo a resposta o tempo o glamour se constrói com digital influencers trabalhadores escravos sigo sendo supostamente difamado minha parte Deus ainda não se manifestou…

Entre as restrições da expressividade detona-se a psicomotricidade prisão de conceitos poucos rompem pra depois realizar o resgate inverdade a rede social o rosto sorrindo um comentário surgindo tudo caindo até o momento da linha perdida simetria é uma saída limitada as cores em harmonia não se considera piada cálculo de Deus sem consulta desenhe na comanda precisamos de liberdade precisamos de destreza precisamos mesmo de liberdade queria beijá-la queria abraçá-la queria fodê-la eu a amo isso continua

a minha discrição implica lisura as vezes sou kamikaze na cara dura vida dura quando o bicho pegar alguém lembra do meu nome alguém lembra do preceito sou alguém com habilidades sou sujeito escrevo direito amo direito se der ruim endireito alguma coisa há de dar jeito sem jeito continuo no submundo…

Existe somente um fato a se considerar

diante de tudo que fazemos só temos o que temos se ainda sim insistimos e por mais que quase sempre faremos ninguém considera os dividendos por conta de nunca ter privilégio nos orçamentos poucos leem meus documentos aqueles que fazem juramentos acredito em poucos porque realmente são poucos prestadores de atenção serviços querem que eu faça um milhão deslocamento

de corpo de retina de função to na minha esperando a sublimação do líquido precioso a vida é uso desuso absurdo desgosto gosto de possíveis probabilidades de serem reconhecidos por fazer alguma coisa decente ou apenas mais um filão de sobrevivência no mundo falso calço tropeço calo quase sempre quando incomodado bomba com destroços afiados…

Ando pelas ruas

sem pedir permissão uma encarada uma entendida um quase aceno de mão caminho como mensageiro espírito imberbe espírito faceiro dá dicas de se movimentar junto com os filhos do sol cumprimentando os filhos do vento desejando os filhos do mar sou rebelde discreto a queimar no ponto de ônibus com ar de insignificante ninguém pergunta ou espera um ar petulante mesmo sendo beligerante ainda sim negocia com uma frieza assustadora encantadora argumentação faz arriscar colocar no crivo a reputação espectadora da desgraça tem muitas pois temos

somas glosas produções sigilosas psicossoma feitos capazes de restaurar biomas continuo insignificante diminuo o passo pois ainda queima gratificante seria uma adesão a um clube de cultivo chocante abrigo…

Amor

antes do nascer do dia poderia preparar cantigas sobre tomada de poder de uma casta que nos olha como insignificantes afinal muitos estão entre o mijo estanques entre o álcool gritantes não existe força suficiente quando se é um errante ainda sim preparo seu café lhe chupo pro líquido sagrado regar a terra conserva a consciência paciência não reserva temos que provar a todo instante não somos culpados não pensamos errados dif ícil conseguimos a chave pra ser reprogramados amor ando pelas ruas pensando em nossa ascensão

transitamos por entre os ventos controlamos o trovão num gesto abrupto você mergulha região abissal sussurra precisamos de mais somos brilho saliva reais rejeitando a conta até a última ponta continuamos entre nossos planos amar como política de redução de danos anos gozamos…

Dramaticidade

enquanto separo o lençol você se despe a vontade o cheiro impregna a mordida na minha carne reverbera banhos ganhos projeteis de saliva me fazem questionar onde poderia estar sobressaltos ativam memórias sobre fluidez de barulhos decorrentes da penetração trepamos como ratos esperando o apocalipse perdemos o horário ceia o revide nunca vão acreditar entre fumar transar

comer uma manga cochilar ainda há tempo de alguém investigar todo direito de gozar na rua no banheiro na praia em solo lunar eu acredito pouco a ponta solta provoca uma limitação na episteme seu corpo treme tá molhada esqueceu a toalha meu coração é brasa a intenção extravasa …

Disparate vida

contraste desvia o olhar pra mão ir fundo no tesouro sociedade de tolos guias palavras incitam mau agouro entrega o cheque em branco é pouco versos brandos não são aplicáveis aos tempos que virão felicidade em fração projéteis invadem o cérebro perfuram o coração poucos sabem a função em breve substituídos pela inteligência artificial automação não importa o sentido

da argumentação querem ser conduzidos pela besta não analisam os eventos em cadeia vetores não percebe titubeia porque não se meneia não se abre a possibilidade de ao menos não se ter o controle nem da sua alimentação virarei herói serei um corpo em eterna combustão…

Acordo

sem gosto amargo um café um ritmo alguns tragos denunciam dias tensos pra babilônia ainda não dá pra se livrar da amônia por falta de recursos ignorância medíocres são medíocres mas tem a ganância a incrível capacidade de deixar um coletivo na merda porrada virá com certeza tenho um sorriso sentarei contigo contigo e contigo na mesa beberemos suco tramaremos noites poéticas contra paisagens

caquéticas o padrão é uma forma sem cor vazão desde que não desmate as margens erosão dos conceitos seculares paixão que irrompa nos ciclos lunares só mais um dia em que bancaria um terreno pra gente mandar se foder o mundo…

Contigo

flertaria até o fim do mundo poço de águas cristalinas sem fundo mergulharíamos pra nos refrescar da mediocridade alheia pouca coisa semeia além de estarmos anestesiados pelos métodos transgênicos ultraprocessamentos de argumentos as pessoas salivam com os toques conservados o contexto é um sentimento desmatado a libido destilada a felicidade tá intrínseca na cápsula contigo plantaria algo fecundo algo não anestésico psicotrópico profundo

cavamos pra comer nos encostamos pra acalmar a pedagogia da dor tem dia e hora pra chegar nosso encontro não é alucinógeno não é delírio muito menos óbvio sem ação de algo exógeno uma solução que nosso fim tenha uma pitada de esperança o resto é erógeno...