33. FORMAR EM CONJUNTO PARA TRABALHAR EM CONJUNTO MARIA DA CONCEIÇÃO BENTO
Professora. Ex-Presidente da ESEnfC Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Há mais de trinta anos atrás fui desafiada pelo Professor Nuno Grande (1932-2012) a refletir sobre a pertinência de virmos a ter, em Portugal, um modelo de formação na área da saúde que garantisse que os profissionais das várias profissões da saúde se formavam em conjunto para virem, de forma verdadeiramente efetiva e colaborativa, a trabalhar em conjunto. A convicção com que o Professor Nuno Grande defendia esta ideia, e os argumentos que aduzia, faziam-nos acreditar que esse era o caminho e que, dada a bondade da visão, fazer o caminho era possível. Nas últimas duas décadas, publicaram-se muitos relatórios internacionais e nacionais que recomendam a educação interprofissional como estratégia promotora da aprendizagem transformadora, com a finalidade de formar profissionais capazes de operar as mudanças necessárias para se alcançar a universalidade e equidade no acesso aos cuidados de saúde e a disponibilidade de cuidados de qualidade para todo(a)s. Estas recomendações alicerçam-se no pressuposto de que a socialização e aprendizagem em conjunto dos diferentes profissionais que trabalham na equipa permitirá que na vida profissional desenvolvam um verdadeiro trabalho de colaboração, com ganhos para a saúde das pessoas e aumento da satisfação dos profissionais. Mas, em Portugal, esta não é ainda a realidade. Educação e trabalho interprofissional em saúde
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